DISCUSSÃO –
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maiores que o grupo controle na linha base; no entanto, ao final da pesquisa, a situação se
inverteu e o grupo que sofreu a intervenção passou a ter valores de fluorescência menores que
o controle, demonstrando o sucesso do selamento sobre lesões cariosas em dentina (Figura
08).
Outra diferença observada entre os grupos experimental e controle foi o tempo de
acompanhamento. No presente estudo, os grupos de investigação iriam ser acompanhados por
um ano, por se acreditar ser este o tempo suficiente para a observação da progressão clínica e
radiográfica da cárie na ausência de intervenção. Deste modo, a avaliação dos grupos de
investigação por esse período de tempo nos permitiria constatar uma diferença entre os
grupos, e assim, fazer inferências quanto à escolha do selamento com cimento de ionômero de
vidro como terapia para a cárie em dentina. De fato, o tempo de pesquisa foi suficiente para
verificar mudanças na situação dos dentes estudados em relação à cárie.
O grupo experimental pôde ser acompanhado durante um ano de pesquisa. Já para o
grupo controle, a pesquisa foi interrompida após o 8º mês, pois observou-se o avanço da lesão
cariosa por meio do exame clínico, radiográfico ou pela fluorescência a laser
(DIAGNOdent
®
) em 91,7% dos casos estudados (22 molares) neste grupo, sendo que 67%
receberam tratamento restaurador e os demais foram selados. Em contrapartida, no grupo
experimental após um ano de acompanhamento, apenas 5 molares tiveram que ser restaurados
e nos outros 22 dentes foi feita apenas a manutenção do selante.
Para o selamento das superfícies oclusais no grupo experimental, o cimento de
ionômero de vidro se constituiu no material de escolha neste estudo devido às suas
propriedades favoráveis ao tratamento de lesões cariosas
26, 11, 8, 20, 62, 63, 35, 97
. Este material
tem sido bastante estudado por suas propriedades físico-químicas, fácil manipulação,
disponibilidade no serviço público e seu baixo custo
26, 11, 8, 20, 62, 63, 35, 97
. Além disso, o
cimento de ionômero de vidro tem se difundido bastante na clínica odontológica por
apresentar presa química, dispensando, portanto, o uso de tecnologia dura para tal fim, o que
eleva o custo do tratamento.
A presa química, a adesão direta aos tecidos do esmalte e da dentina e o baixo custo do
material são propriedades que fazem do cimento de ionômero de vidro o material de escolha
para o selamento de superfícies dentárias no serviço público brasileiro. Desta forma, a
utilização deste material neste estudo foi uma tentativa de simular a situação no serviço
público, de modo a possibilitar o uso da terapêutica aqui pesquisada nas mais diferentes
condições de trabalho.