Capítulo 2
catanduva, cipó, cuia, cupim, guariroba, igarapé, ingá,
ipecacuanha, itaimbé, jabuti, taquara... E centenas de
outras.
Sem o samba, a capoeira e o maracatu, a cultura
brasileira não seria tão rica como é. E essa é uma parte
da contribuição negra para o grande caldeirão étni-
co-cultural chamado Brasil. O mesmo pode ser dito
do lundu, da congada e do acalanto, que em outras
épocas, ou regiões do país, contribuíram para a for-
mação musical e poética do povo brasileiro.
Nas artes plásticas e visuais, a contribuição do
negro foi importantíssima, tanto no período colonial
- com os pintores Manoel da Cunha, Jesuíno do Monte
Carmelo, Leandro Joaquim e Raimundo da Costa e
Silva -, quanto no Império, com Francisco Pedro do
Amaral. E não é preciso pensar muito. Basta lembrar
que o Aleijadinho era filho de escrava e que Macha-
do de Assis era mulato, para notar a extraordinária
vinculação do negro com as artes e com a literatura
no Brasil.
Essa longa tradição chegou aos séculos 19 e 20
com muita força, no jornalismo, na música, na escul-
tura, no teatro, no romance, na dança, na poesia, no
ensaísmo, no cinema: Cruz e Sousa, Gonçalves Cres-
po, José do Patrocínio, Luis Gama, Lima Barreto,
Teodoro Sampaio, Edison Carneiro, Abdias Nascimen-
to, Ruth de Sousa, Sílvio Caldas, Ataúlfo Alves,
Clementina de Jesus, Cartola, Lupicínio Rodrigues,
Rubem Valentim, Zezé Mota, Milton Nascimento, Gil-
berto Gil, Ivone Lara, Emanoel Araújo e dezenas de
outros artistas ilustres, que o Brasil todo admira, têm
uma origem africana, mais ou menos remota.
Usamos a língua portuguesa de forma tão livre e sol-
ta, que a cultura brasileira só podia ser antropofágica e
sintetizadora, como de fato é. Os brasileiros são tão cria-
tivos e inventivos no falar que a palavra vernáculo - lin-