15
1. INTRODUÇÃO
1.1 Aspectos históricos e e pidemiológicos
O termo Autismo, provém da palavra grega, Autos que significa Próprio/Eu e
Ismo que traduz uma orientação ou estado. Daqui resulta o termo autismo que, em
sentido lato, pode ser definido como uma condição ou estado de alguém que
aparenta estar invulgarmente absorvido em si próprio (MARQUES, 2000).
Os primeiros escritos clínicos aceitos como descritores de autismo, foram
publicados por Leo Kanner em 1943, que em seu primeiro estudo descreveu um
grupo de 11 crianças que apresentavam um quadro clínico único, por ele
considerado raro, no qual o problema fundamental era a incapacidade de
relacionamento com pessoas e situações desde o início da vida. Observou neste
grupo características distintas, como comprometimentos comportamentais e de
linguagem. Os comprometimentos comportamentais eram exemplificados pelo
isolamento extremo; pelas atividades repetitivas e estereotipadas; pela intolerância
às mudanças e por uma incapacidade aparentemente inata de relacionar-se com as
pessoas, já os comprometimentos de linguagem foram demonstrados pela ecolalia;
pela inversão pronominal e pelo concretismo. Este grupo ainda mostrava indícios de
bom potencial intelectual, e os pais destas crianças foram descritos com
extremamente intelectualizados, revelando-se “frios e pouco afetuosos”
(ARAÚJO,2000 ; SCHWARTZMAN, 2003).
A denominação de “distúrbio autístico do contato afetivo” realizado pelo autor,
posteriormente substituído por “autismo infantil precoce”, trouxe modificações nos
critérios até então utilizados para diagnosticar as severas desordens mentais das
crianças, caracterizadas por uma distorção marcante nos processos de
desenvolvimento. Ao invés de referenciais baseados na psicose de adulto, os
critérios de diagnóstico foram reformulados em termos das alterações
comportamentais específicas da criança (ARAÚJO,2000).
Em 1944, um ano após a descrição de Kanner, um médico austríaco, Hans
Asperger, descreveu um trabalho sobre a “psicopatologia autista”, expressão que
usava para se referir ao autismo, porém a sua definição era mais completa, já que
os estudos contemplavam indivíduos com lesões orgânicas significativas e
indivíduos que se aproximavam da realidade (GONZALES, 1992).
Tratava-se de um estudo sobre crianças que apresentavam características
muito similares às descritas por Kanner. Porém, em razão da segunda guerra