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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Flaviano dos Santos Martins
Efeito de dois probióticos, Saccharomyces
boulardii e Saccharomyces cerevisiae linhagem
UFMG 905, na resposta inflamatória induzida
por Salmonella enterica subsp. enterica
sorovar. Typhimurium
Belo Horizonte
2008
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ii
Flaviano dos Santos Martins
Tese
Efeito de dois probióticos, Saccharomyces boulardii e
Saccharomyces cerevisiae linhagem UFMG 905, na
resposta inflamatória induzida por Salmonella enterica
subsp. enterica sorovar. Typhimurium
Tese apresentada ao Colegiado do Programa de s-
Graduação em Ciências da Saúde, área de
concentração Saúde da Criança e do Adolescente, da
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de
Minas Gerais, como requisito parcial para a
obtenção do grau de Doutor em Ciências da Saúde.
Orientador:
Prof. Dr. Jacques Robert Nicoli (Departamento de Microbiologia/ICB/UFMG)
Co-orientadores:
Dra. Dorota Czerucka (Faculté de Médecine, Université de Nice-Sophia Antipolis, Nice/France)
Prof. Dr. Francisco José Penna (Departamento de Pediatria, Faculdade de Medicina/UFMG)
Belo Horizonte
2008
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iii
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde
Área de Concentração em Saúde da Criança e do Adolescente
Reitor: Prof. Ronaldo Tadêu Pena
Vice-Reitora: Profa. Heloisa Maria Murgel Starling
Pró-Reitor de Pós-Graduação: Prof. Jaime Arturo Ramirez
Pró-Reitor de Pesquisa: Prof. Carlos Alberto Pereira Tavares
Diretor da Faculdade de Medicina: Prof. Francisco José Penna
Vice-Diretor da Faculdade de Medicina: Prof. Tarcizo Afonso Nunes
Coordenador do Centro de Pós-Graduação: Prof. Carlos Faria Santos Amaral
Subcoordenador do Centro de Pós-Graduação: João Lúcio dos Santos Jr.
Chefe do Departamento de Pediatria: Profa. Cleonice de Carvalho Coelho Mota
Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde Área de
Concentração em Saúde da Criança e do Adolescente:
Coordenador: Prof. Joel Alves Lamounier
Sub-coordenador: Prof. Eduardo Araújo de Oliveira
Profª Ana Cristina Simões e Silva
Prof. Francisco José Penna
Profª Ivani Novato Silva
Prof. Lincoln Marcelo Silveira Freire
Prof. Marco Antônio Duarte
Profª Regina Lunardi Rocha
Ludmila Teixeira Fazito (Rep. Disc. Titular)
Dorotéa Starling Malheiros (Rep. Disc. Suplente)
iv
v
vi
Dedico este trabalho a meus pais, Geraldo e Neuza,
pelo apoio sempre constante e pela contribuição
para o meu crescimento pessoal e profissional. Aos
meus orientadores Jacques Robert Nicoli, Dorota
Czerucka e Francisco José Penna.
vii
“A confiança é a forma mais elevada de motivação
humana. Ela traz à tona o que de melhor nos
seres humanos. Mas exige tempo e paciência, e não
elimina a necessidade de treinar e aprimorar as
pessoas, de forma que sua competência possa fazer
jus à confiança depositada”. Stephen R. Covey.
viii
AGRADECIMENTOS
ix
Ao meu orientador, Prof. Dr. Jacques Robert Nicoli, que me recebeu em seu
laboratório e, desde 2002, vem me orientando, sempre mostrando o melhor caminho a
seguir, pela confiança depositada no meu trabalho, pela incontestável orientação ao
longo de todo este trabalho e pela presença sempre constante. Pela grande pessoa e
pesquisador que é, e por depositar em mim a confiança de uma parceria com um dos
principais nomes na área de mecanismos de ação de probióticos, a Dra. Dorota
Czerucka, e, também por sua presença e ajuda constantes, mesmo durante a realização
do estágio de doutorado no exterior.
À minha co-orientadora, Dra. Dorota Czerucka, que me recebeu em seu
laboratório, mesmo sem me conhecer, atendendo a um pedido do meu orientador.
Também pela presença constante durante toda a realização dos experimentos e pelo
acompanhamento pessoal e profissional durante minha estada na França. Enfim, por ter
sido minha orientadora, amiga e parte da minha família no exterior. Por toda ajuda e
conselhos, mesmo nos momentos mais complicados. Também pela confiança sempre
depositada em mim e no meu trabalho.
Ao meu co-orientador, Prof. Dr. Francisco José Penna, pelo convite em realizar
essa tese pela Faculdade de Medicina. Também pelos conselhos, sugestões e toda ajuda
ao longo deste trabalho e pela confiança depositada. E que este trabalho seja apenas o
início de futuras colaborações.
À Profa. Dra. Regina Maria Nardi Drummond, do Laboratório de Microbiologia
Oral e Anaeróbios, pela colaboração e ajuda prestada ao longo deste trabalho e pela sua
disponibilidade em partilhar sua experiência profissional.
Ao Prof. Dr. Carlos Augusto Rosa, do Laboratório de Ecologia e Biotecnologia
de Leveduras, por gentilmente ceder a levedura Saccharomyces cerevisiae linhagem
UFMG 905, utilizada neste trabalho.
À Profa. Dra. Rosa Maria Esteves Arantes, do Laboratório de Neuro-Imuno-
Patologia Experimental, que executou todos os exames histológicos deste trabalho,
pelas sugestões e sua disponibilidade, experiência e paciência na execução do mesmo.
x
À Profa. Dra. Ana Cristina Persichini Rodrigues, da Faculdade de Medicina da
UNIFENAS, pelo auxílio durante a realização dos experimentos de translocação e de
dosagem de imunoglobulinas, além de todas as sugestões e pela paciência e
disponibilidade em sempre ajudar.
À Dra. Maria José Neves, do Laboratório de Radiobiologia (CNEN/CDTN) que
vem me acompanhando desde a graduação e por ter me iniciado nesta área de pesquisa.
Também pela confiança sempre depositada em mim e no meu trabalho, e por sempre
disponibilizar seu laboratório.
Ao Dr. Emmanuel Lemichez, chefe do INSERM U627 Toxines Bactériennes
dans la relation hôte pathogènes, Faculté de Médecine, Université de Nice-Sophia
Antipolis, Nice, France, e seus colaboradores, em especial Anne Doye e Marc
Lemonnier, pelo auxílio e incontestável experiência na área de proteínas Rho e
microscopia confocal. E, também, por facilitarem a utilização de técnicas de
microscopia eletrônica do Centro de Microscopia da Université de Nice-Sophia
Antipolis.
Aos Drs. Jean-François Peyron (chefe da equipe), Veronique Imbert e Patricia
Lagadec, do INSERM U526 Activation des Cellules matopoïétiques, IFR50, Faculté
de Médecine, Université de Nice-Sophia Antipolis, Nice, France, e seus colaboradores,
pela facilidade e disponibilidade do laboratório em realizar todos os experimentos de
fatores de transcrição. Também, pelas discussões e sugestões realizadas nos seminários
semanais do laboratório.
Ao Guillaume Dalmasso, aluno de doutorado da Dra. Dorota Czerucka, à época
do meu estágio no exterior, por todo o auxílio nos experimentos, todas as sugestões,
pela amizade, companhia e presença constantes.
Aos amigos do Laboratoire de Gastroentérologie et Nutrition, IFR50, Faculté de
Médecine, Université de Nice-Sophia Antipolis, Nice, France, Prof. Dr. Jean-Claude
Poirée (diretor do laboratório), Mme. Françoise Balas, Virginie, Nathalie, Celine e
Rodolphe.
xi
A Virginie por toda a sua amizade e companhia dentro e fora do local de
trabalho, durante minha estadia na França.
A Maria Gorete Barbosa Ribas, que além de toda a ajuda técnica, nos
acompanhou com sua agradável presença, amizade e alegria constante.
A Maria Helena Alves de Oliveira, Antônio Mesquita Vaz e Bernardo Barbosa,
pelo inestimável auxílio técnico.
À banca do exame de qualificação, professores Ieso de Miranda Castro, Maria
Auxiliadora Roque de Carvalho e Márcia Regina Fantoni Torres, pelas correções e
sugestões.
Aos amigos e colegas do Laboratório de Ecologia e Fisiologia de
Microrganismos: Ariane, Bernardo, Cristiane, Danielle, Fabiana, Fábio, Felipe, Flávia,
Flávio, Luiz, Gil, Glauciane, Ilana, Kátia, Leandro, Lorena, Luciano, Nely, Tainá,
Tássia, Samir, Silvana, Sílvia, Vânia, e, também, àqueles que não estão mais no
laboratório, mas que acompanharam parte dessa tese: Aline, Ana Carolina, Ana Helena,
Luciana, Rinaldo e Simone.
À professora Sílvia Beleza de Moura, pelas sugestões, pelas conversas e pela
companhia.
Ao professor Luiz Simeão do Carmo.
A Fabiana, que me acompanhou e ajudou na execução de uma parte dos
experimentos.
Ao Luciano, pelo auxílio na parte experimental do trabalho realizado para a
MERCK.
Aos amigos do CDTN/CNEN: Maria José, Raquel, Antero, Luciana, Frederico,
Marcela, Estefânia, Marina e Tanius Mansur.
xii
A todos os professores do Departamento de Microbiologia e da Faculdade de
Medicina, pelos valiosos ensinamentos.
Aos órgãos financiadores deste trabalho: CAPES, CNPq, FAPEMIG, MERCK
S.A., Laboratoires Biocodex (Paris, França), Région Provence-Alpes Côte d’Azur,
Conseil Général des Alpes Maritimes, Faculté de Médecine de l’Université de Nice-
Sophia Antipolis, e Centre Hospitalier Regional de Nice.
Aos meus pais.
A todos os amigos que sempre me apoiaram.
A todos os meus colegas de curso.
A todos aqueles que não citei mas que, direta e indiretamente, sempre me
apoiaram.
Finalmente, agradeço a Deus.
xiii
SUMÁRIO
xiv
SUMÁRIO p
Lista de figuras........................................................................................................... xix
Lista de tabelas........................................................................................................... xxv
Lista de abreviaturas...................................................................................................
xxvi
Resumo.......................................................................................................................
xxx
Abstract.......................................................................................................................
xxxiii
I - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................. 001
I.1 Epitélio intestinal............................................................................................
002
I.2 Microbiota gastrintestinal...............................................................................
005
I.3 Probióticos......................................................................................................
008
I.3.1 Efeitos benéficos dos probióticos...................................................................
011
I.3.2 Probióticos na dieta animal.............................................................................
012
I.3.3 Probióticos na dieta humana...........................................................................
013
I.3.4 Mecanismos de ação dos probióticos..............................................................
014
I.3.5 A levedura Saccharomyces boulardii.............................................................
015
I.3.5.1 Usos da levedura S. boulardii na medicina humana.......................................
017
I.3.5.2 Mecanismos de ação da levedura S. boulardii................................................
018
I.3.5.2.1 Ações no nível celular.................................................................................
018
I.3.5.2.2 Ações no nível bacteriano........................................................................... 019
I.3.5.2.3 Efeito anti-inflamatório...............................................................................
022
I.3.5.2.4 Outros efeitos.............................................................................................. 023
I.3.5.3 Vantagens e desvantagens da utilização da levedura......................................
023
I.3.6 A levedura Saccharomyces cerevisiae linhagem UFMG 905........................ 024
I.3.7 Utilização de outras leveduras como probióticos........................................... 029
I.4 Diarréias..........................................................................................................
029
I.5 O gênero Salmonella.......................................................................................
031
I.6 Probióticos e Salmonella.................................................................................
041
I.7 As vias de sinalização celular.........................................................................
043
I.7.1 O fator de transcrição NF-κB.........................................................................
043
I.7.2 As MAP quinases............................................................................................
046
xv
I.7.2.1 ERK.................................................................................................................
048
I.7.2.2 p38...................................................................................................................
048
I.7.2.3 JNK.................................................................................................................
049
I.8 Interleucina-8..................................................................................................
050
I.9 O modelo animal gnotobiótico........................................................................
053
I.10 O modelo de células T84................................................................................ 055
II - RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA...................................................................
057
III - OBJETIVOS........................................................................................................
061
III.1 Objetivo geral..................................................................................................
062
III.2 Objetivos específicos......................................................................................
062
IV - MATERIAIS E MÉTODOS...............................................................................
064
Parte I: Efeitos de S. cerevisiae UFMG 905 no sistema imune de camundongos
NIH, isentos de germes e convencionais....................................................................
065
IV.1 Animais...........................................................................................................
065
IV.1.1 Animais isentos de germes (IG)......................................................................
065
IV.1.2 Animais convencionais (CV)..........................................................................
065
IV.1.3 Manejo dos animais........................................................................................ 065
IV.2. Microrganismos..............................................................................................
066
IV.2.1 Linhagens bacterianas.....................................................................................
066
IV.2.2 Leveduras........................................................................................................
066
IV.3 Tratamento e desafio dos animais...................................................................
067
IV.3.1 Tratamento......................................................................................................
067
IV.3.2 Desafio............................................................................................................
068
IV.4 Determinação da translocação de S. cerevisiae UFMG 905 para as placas
de Peyer (PP), linfonodos mesentéricos (LM), baço e fígado de camundongos
gnotobióticos e convencionais....................................................................................
068
IV.5 Determinação do efeito de S. cerevisiae UFMG 905 na translocação de
Salm. Typhimurium em camundongos gnotobióticos e convencionais......................
069
IV.6 Efeito de S. cerevisiae UFMG 905 na quantidade de células de Küpffer em
camundongos gnotobióticos.......................................................................................
069
xvi
IV.7 Determinação do efeito de S. cerevisiae UFMG 905 no clareamento de E.
coli B
41
em camundongos gnotobióticos....................................................................
070
IV.8 Determinação do efeito de S. cerevisiae UFMG 905 no nível de
imunoglobulina secretada do tipo A (sIgA) total no conteúdo intestinal de
camundongos gnotobióticos e convencionais.............................................................
070
IV.9 Determinação do efeito de S. cerevisiae UFMG 905 nos níveis de IgA, IgG
e IgM totais no conteúdo intestinal e no soro de camundongos gnotobióticos e
convencionais.............................................................................................................
071
IV.10 Exame anatomopatológico..............................................................................
072
Parte II: Efeitos de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 na sinalização celular
induzida, em células T84, após infecção pelo enteropatógeno Salm. Typhimurium
14028..........................................................................................................................
072
IV.11 Culturas celulares............................................................................................
072
IV.12 Tratamento das monocamadas de lulas T84 com as leveduras S.
boulardii ou S. cerevisiae UFMG 905 e infecção com Salm. Typhimurium 14028..
073
IV.13 Medidas da resistência elétrica transepitelial (RTE), em células T84,
infectadas com Salm. Typhimurium 14028, pré- e co-incubadas (ou não), com S.
boulardii ou S. cerevisiae UFMG 905........................................................................
073
IV.14 Efeito de S. boulardii ou S. cerevisiae UFMG 905 na resposta inflamatória,
em células T84, após infecção por Salm. Typhimurium 14028.................................
074
IV.14.1 Dosagem de IL-8.................................................................................
074
IV.14.2 Expressão de IL-8 por PCR em tempo real (“real time PCR”)...........
074
IV.15 Efeito de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 nas vias de sinalização
celular induzidas, em células T84, infectadas por Salm. Typhimurium 14028..........
075
IV.16 Efeito de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 na ativação de NF-κB,
induzido por Salm. Typhimurium 14028....................................................................
076
IV.17 Efeito de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 no crescimento, adesão e
invasão celular induzidos, em células T84, infectadas por Salm. Typhimurium
14028..........................................................................................................................
077
IV.18 Efeito de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 nas vias Rac e Cdc42
induzidas, em células T84, infectadas por Salm. Typhimurium 14028......................
078
IV.19 Análise da capacidade de Salm. Typhimurium 14028 de se ligar às células
de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905.................................................................
079
xvii
IV.20 Análise estatística............................................................................................
080
V - RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................... 081
Parte I: Efeitos de S. cerevisiae UFMG 905 no sistema imune de camundongos
NIH isentos de germes e convencionais.....................................................................
082
V.1 Determinação da translocação da levedura S. cerevisiae UFMG 905 para as
placas de Peyer, linfonodos mesentéricos, fígado e baço de camundongos NIH,
gnotobióticos e convencionais....................................................................................
082
V.2 Determinação da translocação de Salm. Typhimurium para os linfonodos
mesentéricos, fígado e baço de camundongos NIH, gnotobióticos e convencionais,
na presença e na ausência da levedura S. cerevisiae UFMG 905...............................
085
V.3 Efeito da levedura S. cerevisiae UFMG 905, nas células de Küpffer, em
animais gnotobióticos.................................................................................................
089
V.4 Efeito da levedura S. cerevisiae UFMG 905 no sistema fagocítico de
camundongos NIH gnotobióticos, controles e experimentais, quando do desafio
endovenoso com E. coli B
41
........................................................................................
092
V.5 Níveis de imunoglobulinas secretadas do tipo A (sIgA), IgG e IgM no
conteúdo intestinal e no soro de camundongos NIH, gnotobióticos e
convencionais, controles e experimentais, monoassociados ou tratados com a
levedura S. cerevisiae UFMG 905, respectivamente..................................................
094
Parte II: Efeitos de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 na sinalização celular
induzida, em células T84, após infecção pelo enteropatógeno Salm. Typhimurium
14028..........................................................................................................................
100
V.6 Efeito de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 na integridade epitelial de
células T84, após infecção por Salm. Typhimurium 14028.......................................
100
V.7 Efeito de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 na resposta inflamatória,
em células T84, após infecção por Salm. Typhimurium 14028.................................
104
V.8 Efeito de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 nas vias de sinalização
celular, induzidas em células T84, por Salm. Typhimurium 14028...........................
110
V.9 Efeito de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 na invasão celular, em
células T84, infectadas por Salm. Typhimurium 14028.............................................
127
VI - SÍNTESE DOS RESULTADOS.........................................................................
141
xviii
VII - CONCLUSÕES.................................................................................................
144
VIII - PERSPECTIVAS............................................................................................. 146
IX - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................
148
X - ANEXOS..............................................................................................................
211
X.1 Artigos publicados..........................................................................................
212
X.2 Artigos aceitos para publicação......................................................................
213
X.3 Artigos a publicar............................................................................................
214
X.4 Participação em eventos..................................................................................
215
X.5 Trabalhos apresentados em eventos................................................................
216
X.6 Prêmios recebidos...........................................................................................
220
X.7 Autorização do Comitê de Ética para Experimentação Animal da
Universidade Federal de Minas Gerais (CETEA/UFMG)..........................................
221
X.8 Certificado de realização de estágio na Université de Nice, França...............
222
xix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Sobrevivência de camundongos NIH convencionais tratados () ou não
() com S. cerevisiae UFMG 905 e desafiados com 10
4
células de Salm.
Typhimurium no tempo 1. N = 20 (em cada grupo). * Estatisticamente diferente,
segundo o teste Mann-Whitney Rank, (P = 0,00326). (MARTINS, 2004)................
025
Figura 2. Aspecto histológico do cólon (A e C) e do ceco (B e D) de
camundongos NIH gnotobióticos monoassociados (C e D) ou não (A e B) com a
levedura S. cerevisiae UFMG 905 durante dez dias e desafiados com 10
4
células
de C. difficile durante 6 dias. Coloração H-E (40X). As setas mostram as áreas de
edema. (MARTINS, 2004).........................................................................................
026
Figura 3. Aspecto histológico do fígado de camundongos NIH convencionais
controle (A) ou tratados com a levedura S. cerevisiae UFMG 905 durante dez dias
(B) e desafiados com 10
4
células de Salm. Typhimurium por 28 dias. Coloração H-
E (100X). As setas indicam as áreas de focos inflamatórios. (MARTINS, 2004).....
027
Figura 4. Sinalização celular induzida pela Salmonella logo após o seu
reconhecimento pelos receptores TLR-4 e TLR-5. (SALEZ & MALO, 2004).........
037
Figura 5. Interação da Salmonella com as células epiteliais. (a) Em contato com a
célula hospedeira, a Salmonella libera várias proteínas efetoras que manipulam o
citoesqueleto celular e induz a entrada da bactéria. SopE, SopE2 e SopB ativam
Cdc42 e Rac, levando ao remodelamento do citoesqueleto. SipA e SipC
estabilizam a actina e induzem nucleação e polimerização da actina. (b) Após a
internalização da bactéria, SptP reverte a função de SopE, SopE2 e SopB. (c)
Após a internalização, o SCV interage, seletivamente, com a maquinaria
endocítica do hospedeiro. (d) Assim que a infecção progride, SPI2-TTSS libera
outras proteínas efetoras e a replicação bacteriana é iniciada. (PATEL et al.,
2005)...........................................................................................................................
040
Figura 6. Ativação do fator de transcrição NF-κB. O NF-κB é mantido no
citoplasma pelas proteínas inibidoras IκBs. Sob determinados estímulos, IκB é
fosforilado, ubiquitinado e degradado, e o NF-κB fica livre para migrar para o
núcleo, onde induz a transcrição de diversos genes dependentes de κB. NF-κB é,
depois, inativado por novas proteínas IκBs sintetizadas. (JOBIN & SARTOR,
2000)...........................................................................................................................
045
xx
Figura 7. Esquema mostrando a sinalização celular via cascata das MAP quinases
ERK, JNK e p38. (KATSOULIDIS et al., 2005).......................................................
047
Figura 8. Esquema mostrando as vias de transdução do sinal essenciais para a
regulação do gene para IL-8. Após ativadas por diversos estímulos, as proteínas
adaptadoras, TRAF 6 e TRAF 2, ativam as vias das MAPKs, assim como fosforila
IκB. O NF-κB transloca-se para o núcleo onde, junto com a proteína AP-1, ativada
pela MAPK JNK, ativam a transcrição do gene para IL-8. O mRNA sintetizado é
rapidamente estabilizado pela MAPK p38. (HOFFMANN et al., 2002)...................
052
Figura 9. Translocação de S. cerevisiae UFMG 905 para o fígado, baço,
linfonodos mesentéricos (LM) e placas de Peyer (PP) em animais monoassociados
(A) e convencionais (B). N = 5...................................................................................
084
Figura 10. Translocação de Salm. Typhimurium, para o fígado, baço e linfonodos
mesentéricos (LM), em camundongos gnotobióticos, previamente monoassociados
com S. cerevisiae UFMG 905 (experimental), ou não (controle). N = 5...................
087
Figura 11. Translocação de Salm. Typhimurium, para o fígado, baço e linfonodos
mesentéricos (LM), em camundongos convencionais, previamente tratados com S.
cerevisiae UFMG 905 (experimental), ou não (controle), após 5 (A) e 10 (B) dias
de desafio. N = 5.........................................................................................................
088
Figure 12. Aspecto histológico do fígado de camundongos corados por HE,
mostrando o número de células de Küpffer em animais isentos de germes (A) e
animais monoassociados com a levedura (B). Observe o aumento do número de
células de Küpffer (setas) no fígado de animais monoassociados com S. cerevisiae
UFMG 905. Aumento: objetiva de 20X.....................................................................
090
Figura 13. Clareamento de E. coli B
41
do sangue de camundongos isentos de
germes (
) ou monoassociados com S. cerevisiae UFMG 905 (
). Os resultados
são expressos como porcentagem de bactérias viáveis em relação ao tempo 0
(100%) por ml de sangue. Cada ponto representa a média de 11 animais, de dois
experimentos independentes. As barras verticais representam os desvios-padrão
das médias. *Indica diferença estatisticamente significativa entre os grupos
controle e experimental, avaliados pelo teste t de Student (P < 0,05)........................
093
Figura 14. Níveis de IgA (A), sIgA (B), IgG (C-D) e IgM (E-F) produzidas no
conteúdo intestinal (B, D e F) e soro (A, C e E) de camundongos isentos de
germes (controle) e camundongos monoassociados com S. cerevisiae UFMG 905
xxi
(experimental). Os resultados estão expressos como média das concentrações de
imunoglobulinas (ηg) g
-1
de conteúdo intestinal ou ml
-1
de soro. As barras
verticais representam os desvios-padrão das médias. *Indica diferença
estatisticamente significativa entre os grupos controle e experimental, avaliados
pelo teste t de Student (P < 0,05). N = 5....................................................................
098
Figura 15. Níveis de IgG (A) e IgM (B) produzidos no conteúdo intestinal de
camundongos convencionais tratados (experimental) ou não (controle) com a
levedura S. cerevisiae UFMG 905. Os resultados são expressos como média da
concentração de imunoglobulinas (ηg) g
-1
no conteúdo intestinal. As barras
verticais representam os desvios-padrão das médias. Não houve diferença entre os
outros grupos. N = 5...................................................................................................
099
Figura 16. Efeito de S. boulardii (Sb) na diminuição da Resistência Trans-
Epitelial (RTE) induzida por Salm. Typhimurium 14028 (ST), em células T84. A
RTE diminui progressivamente em células infectadas com Salm. Typhimurium
14028 (), quando comparadas com o controle () ou em células infectadas na
presença simultânea de S. boulardii (), ou em células pré-incubadas com S.
boulardii e infectadas com Salm. Typhimurium 14028 (). A presença de S.
boulardii, apenas, não interfere na RTE (). ON, “overnight”.................................
102
Figura 17. Efeito de S. cerevisiae UFMG 905 (905) na diminuição da Resistência
Trans-Epitelial (RTE) induzida por Salm. Typhimurium 14028 (ST), em células
T84. A RTE diminui progressivamente em células infectadas com Salm.
Typhimurium 14028 (), quando comparadas com o controle () ou em células
infectadas na presença simultânea de S. cerevisiae UFMG 905 (), ou em células
pré-incubadas com S. cerevisiae UFMG 905 e infectadas com Salm. Typhimurium
14028 (). A presença de S. cerevisiae UFMG 905, apenas, não interfere na RTE
(). ON, “overnight”.................................................................................................
103
Figura 18. Efeito de S. boulardii (Sb) nos níveis de IL-8, induzidos por Salm.
Typhimurium 14028 (ST), em células T84. A IL-8 foi analisada no sobrenadante
de células T84, por ELISA, após 3 horas de infecção com Salm. Typhimurium
14028, na presença de S. boulardii pré- ou co-incubada. *Diferença
estatisticamente significativa entre as células infectadas por Salm. Typhimurium
14028 e células infectadas por Salm. Typhimurium 14028, na presença de S.
boulardii. **Diferença estatisticamente significativa entre as células infectadas
xxii
por Salm. Typhimurium 14028 e o controle (P < 0,05, n = 8). C, controle; ON,
“overnight”.................................................................................................................
107
Figura 19. Efeito de S. boulardii (Sb) nos veis de IL-8 mRNA, induzidos por
Salm. Typhimurium 14028 (ST), em células T84. IL-8 mRNA foi analisado nas
células T84, por PCR quantitativo após 1h, 2h e 3h de infecção com Salm.
Typhimurium 14028, na presença de S. boulardii pré- ou co-incubada. *Diferença
estatisticamente significativa entre as células infectadas por Salm. Typhimurium
14028 e células infectadas por Salm. Typhimurium 14028, na presença de S.
boulardii. (P < 0,05, n = 6). C, controle; ON, “overnight”........................................
108
Figura 20. Efeito de S. cerevisiae UFMG 905 (Sc-905), nos níveis de IL-8,
induzidos por Salm. Typhimurium 14028 (ST), em células T84. IL-8 foi analisado
no sobrenadante de células T84, por ELISA, após 3 horas de infecção com Salm.
Typhimurium 14028, na presença de S. cerevisiae UFMG 905 pré- ou co-
incubada. *Diferença estatisticamente significativa entre as células infectadas por
Salm. Typhimurium 14028 e células infectadas por Salm. Typhimurium 14028, na
presença de S. cerevisiae UFMG 905. **Diferença estatisticamente significativa
entre as células infectadas por Salm. Typhimurium 14028 e o controle (P < 0,05, n
= 8). C, controle; ON, “overnight”.............................................................................
109
Figura 21. Efeito de S. boulardii (Sb) na indução da fosforilação de MAP
quinases (p38, ERK1/2 e JNK) pela Salm. Typhimurium 14028 (ST), em células
T84. As células foram lisadas após 1h, 2h e 3h de infecção com Salm.
Typhimurium 14028 e as amostras foram corridas em SDS-PAGE e analisadas,
por “imunoblotting”, com anticorpos anti-fosfo-p38 (A), anti-fosfo-ERK1/2 (B)
ou anti-fosfo-JNK (C). C, controle; ON, “overnight”................................................
118
Figura 22. Efeito de S. cerevisiae UFMG 905 (905) na indução da fosforilação de
MAP quinases (p38, ERK1/2 e JNK) pela Salm. Typhimurium 14028 (ST), em
células T84. As células foram lisadas após 1h, 2h e 3h de infecção com Salm.
Typhimurium 14028 e as amostras foram corridas em SDS-PAGE e analisadas,
por “imunoblotting”, com anticorpos anti-fosfo-p38 (A), anti-fosfo-ERK1/2 (B)
ou anti-fosfo-JNK (C). C, controle; ON, “overnight”................................................
119
Figura 23. Saccharomyces cerevisiae W303 (W303) não diminui a fosforilação de
MAP quinases (p38 e ERK1/2), induzidas por Salm. Typhimurium 14028 (ST),
em células T84. As células foram lisadas após 1h, 2h e 3h de infecção com Salm.
xxiii
Typhimurium 14028 e as amostras foram corridas em SDS-PAGE e analisadas,
por “imunoblotting”, com anticorpos anti-fosfo-p38 (A) ou anti-fosfo-ERK1/2
(B). C, controle; ON, “overnight”..............................................................................
120
Figura 24. Salmonella Typhimurium 14028 (ST), na presença ou ausência de S.
boulardii (Sb), não ativa a apoptose em células T84. As células foram lisadas após
1h, 2h e 3h de infecção com Salm. Typhimurium 14028 e as amostras foram
corridas em SDS-PAGE e analisadas, por “imunoblotting” com anticorpo anti-
caspase-3. C, controle; ON, “overnight”....................................................................
121
Figura 25. Salmonella Typhimurium ATCC 14028 (ST), na presença ou ausência
de S. cerevisiae UFMG 905 (905), não ativa a apoptose em células T84. As células
foram lisadas após 1h, 2h e 3h de infecção com Salm. Typhimurium 14028 e as
amostras foram corridas em SDS-PAGE e analisadas, por “imunoblotting” com
anticorpo anti-caspase-3. C, controle; ON, “overnight”.............................................
122
Figura 26. Efeito de S. boulardii (Sb) na fosforilação de IκB-α (A) e na ativação
do fator NF-κB (B), induzidas por Salm. Typhimurium 14028 (ST), em células
T84. As células foram lisadas após 1h, 2h e 3h de infecção com Salm.
Typhimurium 14028 e as amostras foram corridas em SDS-PAGE e analisadas,
por “imunoblotting”, com anticorpo anti-fosfo-IκB-α. A ligação do fator NF-κB
ao DNA foi examinada pela técnica de EMSA. C, controle; TNF-α (controle
positivo); ON, “overnight”.........................................................................................
123
Figura 27. Efeito de S. cerevisiae UFMG 905 (905) na fosforilação de IκB-α (A)
e na ativação do fator NF-κB (B), induzidas por Salm. Typhimurium 14028 (ST),
em células T84. As células foram lisadas após 1h, 2h e 3h de infecção com Salm.
Typhimurium 14028 e as amostras foram corridas em SDS-PAGE e analisadas,
por “imunoblotting”, com anticorpo anti-fosfo-IκB-α. A ligação do fator NF-κB
ao DNA foi examinada pela técnica de EMSA. C, controle; TNF-α (controle
positivo); ON, “overnight”.........................................................................................
124
Figura 28. Efeito de S. boulardii (Sb) e do sobrenadante de S. boulardii (SbS) na
indução da fosforilação de MAP quinases (p38 e ERK1/2) pela Salm.
Typhimurium 14028 (ST), em células T84. As células foram lisadas após 3h de
infecção com Salm. Typhimurium 14028 e as amostras foram corridas em SDS-
PAGE e analisadas, por “imunoblotting”, com anticorpos anti-fosfo-p38 (A) e
anti-fosfo-ERK1/2 (B)................................................................................................
125
xxiv
Figura 29. Efeito de S. cerevisiae UFMG 905 (905) e do sobrenadante de S.
cerevisiae UFMG 905 (905S) na indução da fosforilação de MAP quinases (p38 e
ERK1/2) pela Salm. Typhimurium 14028 (ST), em células T84. As células foram
lisadas após 3h de infecção com Salm. Typhimurium 14028 e as amostras foram
corridas em SDS-PAGE e analisadas, por “imunoblotting”, com anticorpos anti-
fosfo-p38 (A) e anti-fosfo-ERK1/2 (B)......................................................................
126
Figura 30. Efeito de S. boulardii (Sb) na ativação das vias Rac e Cdc42 induzidas
pela Salm. Typhimurium 14028 (ST), em células T84. As células foram lisadas,
após 3h de infecção com Salm. Typhimurium 14028, e as amostras foram corridas
em SDS-PAGE e analisadas, por “imunoblotting” com anticorpos anti-Rac (A) ou
anti-Cdc42 (B). ON, “overnight”................................................................................
135
Figura 31. Microscopia eletrônica de varredura mostrando a ligação de Salm.
Typhimurium 14028 em células de S. boulardii. (A) Controle (apenas células
T84); (B) Células contendo apenas S. boulardii; (C) Células contendo Salm.
Typhimurium 14028; (D, E, F) Células mostrando ligação de Salm. Typhimurium
14028 em S. boulardii.................................................................................................
136
Figura 32. Microscopia eletrônica de varredura mostrando a ligação de Salm.
Typhimurium 14028 em células de S. cerevisiae UFMG 905. (A) Controle (apenas
células T84); (B) Células contendo apenas S. cerevisiae UFMG 905; (C) Células
contendo Salm. Typhimurium 14028; (D, E, F) Células mostrando ligação de
Salm. Typhimurium 14028 em S. cerevisiae UFMG 905..........................................
137
Figura 33. Microscopia confocal mostrando a ligação de Salm. Typhimurium
14028 (vermelho) em células de S. boulardii (azul)...................................................
138
Figura 34. Efeito de S. boulardii (Sb), na indução da via PI3K-Akt (phosphatidyl-
inositol-3-kinase) pela Salm. Typhimurium 14028 (ST), em células T84. As
células foram lisadas após 1h, 2h e 3h de infecção com Salm. Typhimurium 14028
e as amostras foram corridas em SDS-PAGE e analisadas, por “imunoblotting”
com anticorpo anti-fosfo-Akt. C, controle; ON, “overnight”.....................................
139
Figura 35. Efeito de S. cerevisiae UFMG 905 (905) , na indução da via PI3K-Akt
(phosphatidyl-inositol-3-kinase) pela Salm. Typhimurium 14028 (ST), em células
T84. As células foram lisadas após 1h, 2h e 3h de infecção com Salm.
Typhimurium 14028 e as amostras foram corridas em SDS-PAGE e analisadas,
por “imunoblotting” com anticorpo anti-fosfo-Akt. C, controle; ON, “overnight”...
140
xxv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Número de focos inflamatórios por unidades de área presentes nos
fígados de camundongos NIH convencionais tratados ou não com a levedura S.
cerevisiae UFMG 905 durante dez dias, e desafiados com 10
4
células de Salm.
Typhimurium, por 28 dias. (MARTINS, 2004)..........................................................
028
Tabela 2. Número de células de Küpffer (por 100 hepatócitos) em camundongos
sem germes (controle) e camundongos monoassociados, durante 10 dias, com a
levedura S. cerevisiae UFMG 905 (experimental). (P = 0,013; N = 12)....................
091
Tabela 3. Efeito de S. boulardii na adesão e invasão de Salm. Typhimurium
14028, em células T84................................................................................................
133
Tabela 4. Efeito de S. cerevisiae UFMG 905 na adesão e invasão de Salm.
Typhimurium 14028, em células T84.........................................................................
134
xxvi
LISTA DE ABREVIATURAS
AEBSF = 4-(2-aminoetil) benzenosulfonil fluoreto hidroclorido
AMPc = adenosina monofosfato cíclica
AP-1 = proteína adaptadora 1
ARE = elementos cis ricos em AU
ATCC = coleção americana de culturas típicas
BAL = bactérias do ácido láctico
BHI = infuso de cérebro e coração
BSA = soro albumina bovina
C/EBPβ = proteína β ligadora da região “CCAAT/enhancer”
Cadeia J = cadeia “joining”
CV = convencional
DMEM-F12 = “Dulbecco-Vogt modified Eagle” e “Ham’s F-12”
DSS = dextran sulfato de sódio
EGF = fator de crescimento epidérmico
EHEC = E. coli enterohemorrágica
EMSA = ensaio de mudança de mobilidade eletroforética
EPEC = E. coli enteropatogênica
ERK1/2 = quinase regulada por sinal extracelular 1/2
FAO/WHO = “Food and Agricultural Organization / World Health Organization”
FDA = “Food and Drug Administration”
FOS = frutooligossacarídeos
GAP = proteína ativadora de GTPase
GCK = quinase centro germinal
GF = “germ-free”
GM-CSF = fator estimulante de colônias de macrófagos e monócitos
GN = gnotobiótico
GPI = fosfosil-fosfatidil-inositol
GTPases = guanidina tri-fosfatases
HDL = lipoproteínas de alta densidade
HE = hematoxilina-eosina
HSP = proteína de choque térmico
xxvii
IκB = proteína inibidora κB
IFN-β = interferon β
Ig = imunoglobulina
IG = isento de germes
IgA = imunoglobulina do tipo A
IgG = imunoglobulina do tipo G
IgM = imunoglobulina do tipo M
IKK =quinase inibidora de κB
IL = interleucina
INCQS = Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde
IP-10 = proteína 10 induzida por interferon
IRAK4 = quinase associada ao receptor para interleucina 1
IRF-3 =fator 3 regulador de interferon
JNK = quinase c-Jun NH
2
terminal
kDa = quilo Dalton
LB = Luria Bertani
LBP = proteína de ligação ao LPS
LDL = lipoproteínas de baixa densidade
Lgps = glicoproteínas lisossômicas
LM = linfonodos mesentéricos
LPS = lipopolissacáride
MAP = proteína ativada por mitógeno
MAPK = proteína quinase ativada por mitógeno
MAPKAP-K2 = proteína quinase 2 ativada por MAPK
MAPKK = MAP quinase quinase
MAPKKK = MAP quinase quinase quinase
MCP-1 = proteína 1 quimioatrativa de monócitos
MIP1α = proteína 1α inflamatória de macrófagos
MLC = cadeia leve da miosina
MLCK = MLC quinase
MyD88 = fator 88 de diferenciação mielóide
NADL = “National Animal Disease Laboratory”
NEMO = modificador essencial do fator nuclear κB
xxviii
NF-κB = fator nuclear kappa B
NIH = “National Institute of Health”
NLRs = receptores “parecidos” com o domínio de oligomerização ligado ao nucleotídeo
NOD = domínio de oligomerização ligado ao nucleotídeo
NOS2 = óxido nítrico sintase 2
NRF = fator de repressão do NF-κB
OMS = Organização Mundial de Saúde
ON = “overnight”
PAF = fator ativador de plaquetas
PAMP = motivos moleculares associados a patógenos
PBS = tampão fosfato
PCR = reação em cadeia da polimerase
PEEC = quimioatrativo epitelial extraído de patógeno
PFGE eletroforese em gel de campo pulsado
PI3K-AKT = fosfatidil-inositol-3-quinase
PKC = proteína quinase C
PMN = leucócitos polimorfonucleares
PP = placas de Peyer
PPAR-gamma = receptor gama ativado pelo proliferador de peroxisomo
PtdIns(4,5)P
2
= fosfatidilinositol 4,5-bifosfato
RAPD-PCR = Amplificação aleatória de genomas polimórficos pela reação em cadeia
da polimerase
RES = sistema reticulo-endotelial
RFLP análise do polimorfismo dos fragmentos de restrição
Rpm = rotações por minuto
RTE = resistência trans-epitelial
SAPK = proteína quinase ativada por estresse
Sb = Saccharomyces boulardii
SbS = sobrenadante de S. boulardii
SC = componente secretado
Sc 905 = Saccharomyces cerevisiae linhagem UFMG 905
SCID = imunodeficiência combinada com imunoincompetência singênica grave
SCV = vacúolo contendo a Salmonella
SDS-PAGE = eletroforese em gel de poliacrilamida e dodecil sulfato de sódio
xxix
Sifs = filamentos induzidos pela Salmonella
sIgA = imunoglobulina do tipo A secretada
SPI = ilha de patogenicidade de Salmonella
ST = Salmonella enterica subsp. enterica sorovar. Typhimurium
TAB1 = proteína ligadora à proteína quinase ativada por fator de crescimento e
diferenciação β
TAK1 = quinase associada a fator de crescimento e diferenciação β
TGF-β = fator de crescimento e diferenciação β
TIRAP = proteína adaptadora contendo o domínio do receptor toll para interleucina 1
TLR = receptores semelhantes ao toll
TNF-α = fator de necrose tumoral-α
TRAF6 = fator associado ao receptor de fator de necrose tumoral
TRAM = molécula adaptadora relacionada à TRIF
TRIF = proteína adaptadora indutora de interferon β contendo o domínio do receptor
toll para interleucina 1
TTSS = sistema de secreção do tipo três
UFC = unidade formadora de colônia
YPG = extrato de levedura, peptona e glicose
ZO = “zonula occludens”
xxx
RESUMO
xxxi
Probióticos são definidos como microrganismos viáveis que exibem um efeito
benéfico na saúde do hospedeiro, quando ingeridos em quantidades suficientes. Muitas
espécies de bactérias são usadas para esse fim e a única levedura utilizada como
probióticos em seres humanos é Saccharomyces boulardii. Resultados anteriores
obtidos em nosso laboratório mostraram que a levedura Saccharomyces cerevisiae
linhagem UFMG 905, isolada da produção de cachaça, foi capaz de colonizar e
sobreviver no trato gastrintestinal de camundongos, isentos de germes e convencionais,
respectivamente, além de proteger esses animais contra um desafio oral com Salmonella
enterica subsp. enterica sorovar Typhimurium e Clostridium difficile. Na primeira parte
desse trabalho, os efeitos de S. cerevisiae UFMG 905 na translocação de Salm.
Typhimurium para os linfonodos mesentéricos, placas de Peyer, baço e fígado, assim
como o efeito no sistema imune, pela contagem de células de Küpffer, produção de
imunoglobulinas e clareamento de Escherichia coli B
41
da corrente sanguínea, foram
avaliados em camundongos gnotobióticos e/ou convencionais. O tratamento com a
levedura reduziu significantemente a translocação de Salm. Typhimurium para o fígado
de animais gnotobióticos e, para todos os órgãos testados, em animais convencionais. O
número de células de Küpffer (por 100 hepatócitos) foi significantemente maior (P <
0,05) em camundongos monoassociados com a levedura (52,9 ± 15,7) que em
camundongos isentos de germes (38,1 ± 9,0). Provavelmente, como uma consequência
do aumento do número de lulas de Küpffer, o clareamento de E. coli B
41
da corrente
sanguínea foi mais eficiente nos animais monoassociados com a levedura, quando
comparado com os animais controle isentos de germes. Foram observados maiores
níveis de sIgA no conteúdo intestinal e de IgA e IgM no soro (P < 0,05) nos
camundongos monoassociados com a levedura que no grupo isento de germes.
Concluindo, a proteção observada contra a bactéria enteropatogênica em nosso estudo
anterior foi, provavelmente, devida à modulação local e sistêmica do sistema imune de
camundongos tratados com S. cerevisiae UFMG 905.
Na segunda parte desse trabalho, estudou-se os efeitos de S. boulardii e S.
cerevisiae UFMG 905 na inflamação e na sinalização celular induzidos pela Salm.
Typhimurium 14028, em células T84. Observou-se que os dois probióticos mantiveram
a resistência elétrica transepitelial e diminuiram, significativamente, a secreção de IL-8
em células T84 infectadas por Salm. Typhimurium 14028 (P < 0,05). Saccharomyces
cerevisiae UFMG 905 e S. boulardii diminuiram, significativamente, os níveis de
invasão pela Salm. Typhimurium 14028 (P < 0,05), mas nenhum efeito das leveduras no
xxxii
crescimento ou adesão bacteriana em células T84 foi observado. Diferentemente de S.
boulardii, S. cerevisiae UFMG 905 não foi capaz de diminuir a ativação de Rac1 e
Cdc42 em células infectadas por Salm. Typhimurium 14028. Essas duas proteínas são
Rho-GTPases ativadas pela bactéria e estão envolvidas na internalização de bactérias
invasivas. A ligação de Salm. Typhimurium 14028 à superfície de S. cerevisiae UFMG
905 e S. boulardii, e não às células epiteliais do intestino, pode ser responsável pela
diminuição da invasão e ativação de MAPKs (mitogen-activated protein kinases) e,
conseqüentemente, pela diminuição dos níveis de IL-8, uma vez que esse processo
diminui o número de bactérias ligadas às células T84. Entretanto, a diminuição dos
níveis de IL-8 também pode ser explicada por uma imunomodulação, via secreção de
citocinas anti-inflamatórias, como a IL-10, mas essa hipótese não foi testada nesse
trabalho. A presença das leveduras em células infectadas com Salm. Typhimurium
14028 também reduziu e/ou inibiu a fosforilação das MAPKs ERK1/2, p38 e JNK, mas
não diminuiu a ligação do fator de transcrição para IL-8 (NF-κB) ao DNA, sugerindo
que a diminuição dos níveis de IL-8 não foi devido à inibição do fator de transcrição
para IL-8, mas, provavelmente, ao efeito das leveduras na inibição da MAPK p38, que é
a proteína responsável pela estabilização do mRNA para IL-8. Uma outra explicação é o
fato de as duas leveduras inibirem a MAPK JNK, uma vez que AP-1 (outro fator de
transcrição para IL-8) é dependente da fosforilação dessa proteína. Finalmente, S.
cerevisiae UFMG 905 e S. boulardii inibem, também, a ativação de mecanismos anti-
inflamatórios (a via PI3K/Akt) induzidos por Salm. Typhimurium 14028 em células
T84. Concluindo, S. cerevisiae UFMG 905 e S. boulardii apresentaram um efeito
protetor e modulador na função de barreira e na sinalização celular induzida em células
T84 pela Salm. Typhimurium 14028.
xxxiii
ABSTRACT
xxxiv
Probiotics are defined as viable microorganisms that exhibit a beneficial effect
on the host health when ingested in adequate amounts. Many species of bacteria are
used for this purpose and the only one yeast used as probiotic in humans is
Saccharomyces boulardii. Previous results in our laboratory showed that
Saccharomyces cerevisiae strain UFMG 905, isolated from cachaça” production, was
able to colonize and survive in the gastrointestinal tract of germ-free and conventional
mice, respectively, and to protect these animals against oral challenge with Salmonella
enterica subsp. enterica serovar Typhimurium and Clostridium difficile. In the first part
of this work, the effects of S. cerevisiae UFMG 905 on the translocation of Salm.
Typhimurium to mesenteric lymph nodes, Peyer’s patches, spleen and liver, as well as
on the immune system by number of Küpffer cells, immunoglobulin production and
clearance of Escherichia coli B
41
, were evaluated in gnotobiotic and/or conventional
mice. The treatment with the yeast reduced significantly the translocation of Salm.
Typhimurium to liver in gnotobiotic animals and to all the organs tested in conventional
mice. The number of Küpffer cells per 100 hepatocytes in liver was significantly higher
(P < 0.05) in yeast mono-associated mice (52.9 ± 15.7) than in germ-free controls (38.1
± 9.0). Probably, as a consequence, clearance of E. coli B
41
from the bloodstream was
more efficient in yeast mono-associated animals when compared to germ-free mice.
Higher levels (P < 0.05) of sIgA in intestinal content and of IgA and IgM in serum were
observed in yeast mono-associated mice when compared to germ-free group.
Concluding, the protection against pathogenic bacteria observed in a previous study was
probably due to a modulation of both local and systemic immunity of mice treated with
S. cerevisiae UFMG 905.
In a second part of this work, we have studied the effects of S. boulardii and S.
cerevisiae UFMG 905 on the inflammation and signal transduction induced by Salm.
Typhimurium ATCC 14028 in T84 cells. We have observed that both probiotics
maintained the transmonolayer electrical resistance and significantly diminished IL-8
secretion in Salm. Typhimurium 14028-infected T84 cells (P < 0.05). Saccharomyces
cerevisiae UFMG 905 and S. boulardii also decreased significantly the levels of Salm.
Typhimurium 14028 invasion (P < 0.05), but had no effect on Salm. Typhimurium
14028 growth or adhesion to T84 cells. Differently from S. boulardii, S. cerevisiae
UFMG 905 was not implicated in the diminution of the activation of Rac1 and Cdc42 in
Salm. Typhimurium 14028-infected cells, which are Rho-GTPases activated by the
bacteria involved in the internalization of invasive bacteria. The binding of Salm.
xxxv
Typhimurium 14028 to S. cerevisiae UFMG 905 and S. boulardii surface instead of T84
cells may be responsible for the diminution of invasion and activation of MAPKs
(mitogen-activated protein kinases) and consequently by the diminution of IL-8 levels,
since this process diminishes the number of bacteria bound to T84 cells. However, the
diminution of IL-8 may also be explained by an immunomodulation through secretion
of anti-inflammatory cytokines, such as IL-10, but this hypothesis was not tested in this
work. The presence of the yeasts in Salm. Typhimurium 14028-infected cells also
reduced and/or inhibited the phosphorylation of ERK1/2, p38 and JNK MAPKs, but did
not inhibit NF-κB DNA binding activity, suggesting that the diminution of IL-8 levels
was not due to inhibition of the IL-8 transcription factor but more probably to the
effects of the yeasts on the p38 MAPK inhibition, which is responsible for the
stabilization of IL-8 mRNA. The inhibition of JNK by the yeasts may be another
explanation, once AP-1, another IL-8 transcription factor, is dependent on the
phosphorylation of this protein. Finally, S. cerevisiae UFMG 905 and S. boulardii
inhibited the activation of anti-inflammatory mechanism (PI3K/Akt pathway) induced
by Salm. Typhimurium 14028 in T84 cells. Concluding, S. cerevisiae UFMG 905 and S.
boulardii showed a protective and modulating effect on barrier function and signal
transduction pathway in T84 cells when infected by Salm. Typhimurium 14028.
1
I - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2
I.1 Epitélio intestinal
A superfície mucosa do trato gastrintestinal é a maior superfície corporal em
contato com o meio externo (200 a 300 m
2
). Ela representa um ecossitema complexo
que combina epitélio gastrintestinal, células imunes e microbiota residente
(MCCRACKEN & LORENZ, 2001). A mucosa do trato intestinal está constantemente
exposta a vários microrganismos patogênicos, e uma barreira física e química contra
esses patógenos é criada pelo epitélio intestinal (LIEVIN-LE MOAL & SERVIN,
2006). A superfície do intestino é delineada por um epitélio simples colunar que forma
diversas invaginações, ou criptas, que são embebidas no tecido conectivo. As células
epiteliais intestinais formam uma barreira física que protege o hospedeiro contra uma
infecção patogênica (LOUVARD et al., 1992; KEDINGER et al., 1998;
MONTGOMERY et al., 1999). O epitélio intestinal representa um modelo de
renovação tissular, uma vez que as células intestinais são constantemente geradas de
células tronco multipotentes localizadas nas criptas de Lieberkühn, o que gera novas
células precursoras permitindo uma alta taxa de renovação (“turnover”) celular. Nas
vilosidades intestinais, as células epiteliais polarizadas que formam o epitélio separam
dois diferentes compartimentos. Essa barreira epitelial é formada por quatro linhagens
de células epiteliais diferentes, incluindo (i) os enterócitos, que expressam na parte
apical uma densa e ordenada borda em escova, que consiste de microvilosidades
organizadas na membrana; (ii) as células enteroendócrinas, contendo pequenos grânulos
com diversos peptídeos hormonais; (iii) as células caliciformes, responsáveis pela
produção de muco; e (iv) as células de Paneth, com grânulos apicais contendo peptídeos
e proteínas antimicrobianos. Somado a isso, ainda existem as células M (“microfold”) -
que são células epiteliais especializadas, localizadas no epitélio folicular associado, que
estão sobre o tecido linfóide - presentes no epitélio associado ao folículo (LIEVIN-LE
MOAL & SERVIN, 2006).
Em camundongos, o desenvolvimento do epitélio gastrintestinal começa a partir
da primeira semana de gestação e se estende até o dia 21 pós-natal. Entretanto, em seres
humanos, o desenvolvimento ocorre, principalmente, durante o primeiro trimestre de
gestação, mas segue um programa de desenvolvimento similar àquele observado em
roedores (MONTGOMERY et al., 1999). A morfogênese e a diferenciação do intestino
requerem um “cross-talkentre o epitélio e as células mesenquimais. Inicialmente, uma
onda de diferenciação proximal-distal muda o epitélio pseudoestratificado para uma
3
camada colunar simples de células epiteliais indiferenciadas. Logo após, a diferenciação
celular ocorre como células epiteliais originadas de células tronco multipotentes na base
das criptas de Lieberkühn, que são os locais de proliferação de células epiteliais. Após
essa etapa, as células primas começam a se diferenciar em quatro tipos celulares
(CHENG & LEBLOND, 1974; FALK et al., 1998). As células de Paneth migram para a
base da cripta do intestino delgado, enquanto os outros tipos celulares migram da cripta
para as vilosidades do intestino delgado. As células colunares, também conhecidas
como enterócitos, no intestino delgado, ou colonócitos, no intestino grosso,
compreendem mais de 80% de todos os tipos celulares. As células caliciformes estão
presentes em todo o intestino, mas aumentam em densidade da porção proximal para a
distal. As células enteroendócrinas, com o sistema nervoso sistêmico, estão dispersas
em todo o intestino (FURNESS et al., 1999). As células epiteliais intestinais possuem
um ciclo de vida de, aproximadamente, 2-5 dias e, durante a morte, são exfoliadas, junto
com as bactérias aderentes, o que auxilia na eliminação de patógenos. As células de
Paneth possuem uma vida maior, sobrevivendo por mais de 20 dias, ao final dos quais
são fagocitadas.
A integridade da camada de lulas epiteliais é mantida por complexas junções
intercelulares compostas por junções serreadas, junções aderentes e desmossomas. As
junções serreadas, componentes mais apicais do complexo juncional, criam uma
barreira semipermeável entre células individuais, que podem ser reguladas e servem
como barreira de permeabilidade (ANDERSON et al., 1993; SCHNEEBERGER &
LYNCH, 2004). Quarenta diferentes proteínas estão envolvidas nas junções serreadas,
tais como: ZO (zonula occludens)-1, ZO-2, ZO-3, membros da família de proteínas
guanilato quinases associadas à membrana, ocludina, claudinas, cingulina, 7H6 e várias
fosfoproteínas ainda não identificadas (CITI & CORDENONSI, 1998; MITIC &
ANDERSON 1998). rios patógenos exploram as junções serreadas para modular a
permeabilidade intestinal e facilitar a própria entrada no tecido (HOFMAN, 2003;
FASANO & NATARO, 2004). Outros patógenos utilizam as células M, que circulam o
sistema linfóide associado à mucosa (KRAEHENBUHL & NEUTRA, 2000; NEUTRA
et al., 2001), como rota de entrada e, após atravessar essas células, encontram as células
fagocíticas, em especial os macrófagos, que estão presentes no folículo (JEPSON &
CLARK, 1998; SANSONETTI & PHALIPON, 1999; CLARK & JEPSON, 2003).
As células epiteliais do intestino protegem o hospedeiro fornecendo uma forte
barreira física e, também, pela produção de uma variedade de substâncias
4
antimicrobianas. Essa barreira física é, inicialmente, estabelecida, em seres humanos,
dentro de 48 horas após o nascimento, pelo fechamento de membranas, o que limita a
exposição sistêmica a antígenos (BINES & WALKER, 1991). As células epiteliais
secretam diversas substâncias como muco, defensinas e substâncias antimicrobianas,
que inibem o crescimento bacteriano e protegem o epitélio, prevenindo a adesão
microbiana e mantendo as substâncias antimicrobianas e os anticorpos secretados na
superfície epitelial (MAGNUSSON & STJERNSTROM, 1982; OUELLETTE, 1999).
Somado a isso, as células epiteliais secretam diversas citocinas e quimiocinas, incluindo
IL (interleucina)-1α, IL-1β, IL-6, IL-8, IL-10, MCP-1 (“monocyte chemoattractant
protein 1”), GM-CSF (“granulocyte-macrophage colony-stimulating factor”), TNF-α
(“tumor necrosis factor α”) e TGF-β (“transforming growth factor β”) (MCCRACKEN
& GASKINS, 1999).
O sistema de defesa do hospedeiro contra patógenos entéricos inclui imunidade
adaptativa e imunidade inata. A resposta imune adaptativa é observada 4 a 7 dias após a
infecção, e esse mecanismo envolve a geração de memória imunológica e a expansão de
receptores com especificidade relevante. Em contraste, o sistema imune inato é
mobilizado nos primeiros dias para controlar a infecção (MEDZHITOV, 2001). O
epitélio intestinal fornece uma superfície onde o hospedeiro pode “sentir” o ambiente
microbiano e ativar uma resposta potente pela liberação de moléculas sinalizadoras,
como as citocinas e as quimiocinas, e essas recrutam leucócitos e iniciam a atração de
células imunes. Entretanto, o epitélio intestinal, ao contrário do epitélio pulmonar, tolera
a colonização bacteriana e, embora exposto a bactérias comensais, a mucosa intestinal
exibe apenas uma inflamação mínima em resposta aos componentes da microbiota
normal, incluindo bactérias Gram-positivo e Gram-negativo. Esses produtos incluem
componentes celulares, como o lipopolissacáride (LPS) de bactérias Gram-negativo e
lipoproteínas e peptideoglicanos de bactérias Gram-positivo. O intestino do hospedeiro
distingue a microbiota normal dos microrganismos enterovirulentos, utilizando sistemas
altamente sofisticados de detecção de antígenos (DIDIERLAURENT et al., 2002;
ATHMAN & PHILPOTT, 2004; ALDRIDGE et al., 2005). As bactérias indígenas da
microbiota compartilham moléculas “self” (ou próprias), conhecidas como motivos
moleculares associados a micróbios. Em contraste, após uma infecção, a resposta imune
inata da mucosa do hospedeiro é ativada como um resultado do reconhecimento
específico por receptores de reconhecimento padrão de estruturas moleculares “non-
5
self” encontradas em vários grupos de patógenos, conhecidas como motivos
moleculares associados a patógenos, PAMP (“pathogen-associated molecular pattern”)
(JANEWAY & MEDZHITOV, 2002). Por exemplo, as células epiteliais “sentem” o
ambiente dentro do intestino, via receptores de reconhecimento, que incluem os
receptores Toll-like (TLRs) e as proteínas NOD (“nucleotide-binding oligomerization
domain”) (JANSSENS & BEYAERT, 2003; NETEA et al., 2004; PHILPOTT &
GIRARDIN, 2004; ECKMANN, 2005; KAWAI & AKIRA, 2005).
Em síntese, o epitélio intestinal não é apenas uma barreira física que previne os
patógenos de ganharem acesso aos órgãos, ele também fornece uma superfície coberta
de células especializadas na produção de muco, de peptídeos antimicrobianos e
moléculas, como a lisozima que, juntos com a microbiota residente e o sistema imune,
fornecem uma linha de defesa contra microrganismos patogênicos (LIEVIN-LE MOAL
& SERVIN, 2006).
I.2 Microbiota gastrintestinal
O termo microbiota tem sido usado para descrever a coleção de bactérias
abrigadas nas mucosas de um indivíduo (SAVAGE, 1977). O trato gastrintestinal dos
mamíferos abriga uma comunidade microbiana que é extremamente densa e diversa,
composta por 10
14
unidades formadoras de colônias (UFCs), número dez vezes maior
que o de células do hospedeiro (SAVAGE, 1977; BERG, 1996). Estima-se que o
número de espécies bacterianas do trato gastrintestinal gire em torno de 400, embora
estudos mais recentes indiquem que esse número varie entre 500-1000 espécies
(SONNENBURG et al., 2004; SUZUKI et al., 2007). Entretanto, estudos sugerem que
somente 30 a 40 destas espécies chegam a atingir níveis dominantes, necessários para
exercer funções no ecossistema do hospedeiro que as alojam (MOORE &
HOLDEMAN, 1974; VAUGHAN et al., 2000). Toda esta comunidade microbiana pode
se localizar no lúmen, nas criptas de Lieberkühn, na superfície do epitélio intestinal e
em qualquer parte do trato digestivo (SAVAGE, 1987). O estabelecimento e a
manutenção dessa microbiota constituem um processo complexo, que pode ser
influenciado por vários fatores, como dieta, idade, utilização de antibióticos, utilização
de probióticos e prebióticos, ambiente, microbiota materna, via do parto, interações
microbianas, interações microrganismo-hospedeiro, presença de certos genes (ou
6
produtos gênicos ou expressão de certos genes) e receptores (MACKIE et al., 1999;
SAVAGE, 1999; BOURLIOUX et al., 2003), além de sua sucessão ecológica, demanda
nutricional e tolerância oral (VAN DER WAAIJ, 1989).
A maioria dos microrganismos do trato digestivo é anaeróbia, como é o caso das
bifidobactérias, ou microaerófila, e estes podem interagir antagonisticamente ou
sinergisticamente (MOORE & HOLDEMAN, 1974; FULLER, 1992). Como
conseqüência, os gêneros envolvidos na sucessão ecológica darão origem a uma
comunidade clímax, que pode ser observada em adultos, nos quais as condições
ambientais e nutricionais não influenciam, de maneira significativa, a população dos
microrganismos dominantes. São encontradas diferenças na composição dessa
comunidade microbiana entre as diferentes espécies de mamíferos - por exemplo, entre
ruminantes e não ruminantes e entre carnívoros e onívoros (SMITH & CRABB, 1961).
Essa microbiota gastrintestinal varia qualitativamente, quantitativamente e
metabolicamente, dependendo do local colonizado, da espécie e da idade do hospedeiro,
além da localização longitudinal e transversal do trato gastrintestinal (NICOLI, 1995).
Os mamíferos nascem completamente estéreis. A colonização das superfícies
corporais expostas, incluindo a pele, o trato respiratório, o sistema genito-urinário e o
tubo digestivo, começa logo após o nascimento. Inicialmente, quando o espaço e a
disponibilidade de nutrientes são abundantes, as bactérias com altas taxas de
multiplicação começam a dominar. A partir do momento em que o número bacteriano
aumenta, esses dois fatores - disponibilidade de nutrientes e espaço - ficam escassos, os
“habitats” ficam ocupados por microrganismos mais especializados e a complexidade da
biota aumenta (FALK et al., 1998). As primeiras bactérias a colonizarem o trato
gastrintestinal são derivadas da microbiota presente no canal do parto. Em recém-
nascidos predominam Escherichia coli, Clostridium spp., Streptococcus spp.,
Lactobacillus spp., Bacteroides spp. e Bifidobacterium spp. (ROTIMI & DUERDEN,
1981). As bifidobactérias formam o grupo mais numeroso enquanto os recém-nascidos
são alimentados no peito (BULLEN et al., 1976). A composição da microbiota fecal de
crianças de diferentes áreas geográficas apresenta diferenças (ADLERBERTH et al.,
1991), que refletem, em parte, o impacto das condições ambientais, por exemplo, das
condições sanitárias. A via do parto (NEUT et al., 1987), o tipo de alimentação
(ÖRSKOV & BIERING-SÖRENSEN, 1975; STARK & LEE, 1982; BALMER &
WHARTON, 1989), hospitalização (LEFROCK et al., 1979) e uso de antibióticos
7
(BENNET et al., 1986) são outros fatores conhecidos que afetam a composição da
microbiota gastrintestinal de crianças.
Comparações entre linhagens congênitas de ratos criados sob condições
convencionais (com uma microbiota residente), sob condições isentas de germes e sob
condições inicialmente isentas de germes e depois colonizados com certos componentes
da microbiota (“ex-germ-free”) mostraram que as bactérias são responsáveis por um
grande número de funções bioquímicas (MIDTVEDT, 1986; MIDTVEDT et al., 1987).
Essas incluem a desconjugação e desidroxilação de ácidos biliares por E. coli, Bacillus
cereus, Enterococcus faecalis, Bacteroides spp., Eubacterium spp e Clostridium spp.
(MIDTVEDT, 1974), a conversão de bilirrubina a urobilinogênio por Clostridium
ramosum (MIDTVEDT & GUSTAFSSON, 1981) e o metabolismo de colesterol a
coprostanol por linhagens pertencentes ao gênero Eubacterium (SADZIKOWSKI et al.,
1977). Menadiona (vitamina K) é produzida por uma grande variedade de bactérias
intestinais, incluindo espécies de Bacteroides, Eubacterium, Propionibacterium,
Fusobacterium, Bifidobacterium, Lactobacillus, Clostridium, Enterobacterium,
Veillonella, Enterococcus, Enterobacter e Streptococcus (GUSTAFSSON, 1959; HILL,
1997). Além da produção de vitamina K, a microbiota intestinal está envolvida na
produção de ácido pantotênico, biotina, piridoxina e outras vitaminas que não são
absorvidas no cólon, como as vitaminas B
12
, niacina, riboflavina e tiamina (ROLFE,
1984; NAIDU et al., 1999; SILVERMAN et al., 1999). A geração de ácidos graxos de
cadeia curta é, também, uma característica comum da população clímax, embora as
espécies responsáveis por isso ainda permaneçam indefinidas (HØVERSTAD, 1989).
Além das funções bioquímicas e digestivas no seu hospedeiro, a microbiota
indígena desempenha outros papéis extremamente importantes. A resistência à
colonização é a primeira linha de defesa contra a invasão por patógenos alóctones e por
autóctones oportunistas, pela produção de bacteriocinas, peróxido de hidrogênio e
ácidos orgânicos, competição por nutrientes e por sítios de adesão. A presença da
microbiota também estimula o peristaltismo, o sistema imune e a maturação e
renovação das células epiteliais do cólon (MCFARLAND, 2000b).
Estudos moleculares utilizando B. thetaiotaomicron - um comensal componente
da microbiota normal de seres humanos e de camundongos - em camundongos isentos
de germes, mostrou que esta bactéria modula a expressão de genes envolvidos em
importantes funções intestinais, incluindo a absorção de nutrientes, efeito barreira,
8
metabolismo de xenobióticos, angiogênese e maturação intestinal pós-natal (HOOPER
et al., 2001).
A comunidade clímax de micróbios nunca é estática. Estudos de enumeração
microbiológica e DNA “fingerprinting” têm revelado diferenças marcantes no número e
tipo de subpopulações de Lactobacillus e Bifidobacterium entre e dentre indivíduos
adultos (MCCARTNEY et al., 1996). Um “habitat” no trato gastrintestinal será, em um
dado momento, colonizado por espécies nativas (residentes ou autóctones) e um
conjunto variável de espécies transientes (alóctones) que irão ocupar, apenas
temporariamente, um espaço vago (SAVAGE, 1977). Bactérias alóctones podem
representar linhagens cujo “habitat” está localizado em uma região mais proximal do
trato gastrintestinal ou microrganismos que foram ingeridos. É difícil definir a
composição da microbiota normal em uma dada região do trato gastrintestinal, mesmo
dentro de um indivíduo; não por causa do problema para se distingüir residente de
transiente, mas, também, devido à dificuldade de cultivo de muitos componentes ex
vivo. A microbiota dominante raramente apresentará grandes diferenças entre os
indivíduos adultos; entretanto, a microbiota sub-dominante e, principalmente, a residual,
podem sofrer alterações devido à idade, à distribuição geográfica, à dieta, ao estresse, às
mudanças hormonais, ao comportamento sexual e ao uso de antibióticos (SALMINEN
et al., 1995; MARSHALL, 1999; MCFARLAND, 2000b). De todos esses fatores, os
antibióticos são os responsáveis pelas mudanças mais rápidas e drásticas na microbiota
normal (NICOLI, 1995).
I.3 Probióticos
A microbiota normal possui microrganismos com efeitos benéficos
(Bifidobacterium, Eubacterium e Lactobacillus) e microrganismos com efeitos
deletérios (Clostridium e Veillonella) para o hospedeiro (ROBERFROID, 2001). Nos
últimos anos, vem aumentando o interesse no uso de microrganismos que exercem os
efeitos benéficos com o propósito de beneficiar a saúde do hospedeiro e de prevenir ou
tratar doenças. Esses organismos recebem o nome genérico de probióticos e vêm sendo
propostos como medicamentos para prevenção e tratamento de um grande número de
desordens gastrintestinais.
9
Relatos dos efeitos benéficos das bactérias na alimentação datam desde a versão
Persa do Velho Testamento (Gênesis 18:8), que relata que “Abraão atribuiu sua
longevidade ao consumo de leite azedo”. Plínio, um historiador romano, em 76 a.C.,
recomendou o uso de leite fermentado para o tratamento de gastroenterites
(TEITELBAUM & WALKER, 2002). O termo probiótico foi criado como um antônimo
ao termo antibiótico e, originalmente, foi proposto por LILLEY & STILLWELL
(1965), significando aquele que favorece o crescimento de microrganismos. Mais de 20
anos depois, FULLER (1989) definiu probiótico como “um suplemento microbiano
vivo que afeta beneficamente o animal hospedeiro graças à melhoria no balanço
microbiano intestinal”, embora, hoje, os probióticos tenham, também, aplicações em
outros ecossistemas (BENGMARK, 1998; REID, 2000). Esta definição pode ser
estendida ao hospedeiro humano como “microrganismos não-patogênicos que, quando
ingeridos, exercem uma influência positiva na saúde ou fisiologia do hospedeiro”
(MARTEAU et al., 2001) ou, como “uma preparação ou produto contendo
microrganismos viáveis, em número suficiente, para alterar a microbiota em um
compartimento do hospedeiro ou para exercer efeitos benéficos no hospedeiro”
(SCHREZENMEIR & DE VRESE, 2001). Esta definição enfatiza que outros
compartimentos do corpo podem ser alvos dos probióticos, além do intestino, onde uma
alteração da microbiota pode exercer um efeito benéfico. Existem alguns trabalhos
mostrando a eficácia dos probióticos nas infecções do trato urogenital (HALLEN et al.,
1992; HILTON et al., 1992; REID & BRUCE, 1995; PARENT et al., 1996;
ASAHARA et al., 2001; REID, 2001; REID et al., 2001), nas infecções causadas pelo
Helicobacter pylori (KABIR et al., 1997), infecções na boca e dentes (BAYONA
GONZALES et al., 1990; BUSSCHER et al., 1999), infecções do trato respiratório
(CANGEMI DE GUTIERREZ et al., 2000; GRANGETTE et al., 2001) e outras
(BAUTISTA-GARFIAS et al., 1999). Atualmente, a definição mais aceita para
probióticos é aquela estipulada pela FAO/WHO (“Food and Agricultural Organization /
World Health Organization”), que diz que probiótico é “um microrganismo vivo que,
quando ingerido em quantidades suficientes, confere um benefício à saúde do
hospedeiro” (FAO/WHO, 2002).
Apesar de a definição de probióticos focar a importância de sua viabilidade,
alguns trabalhos sugerem que microrganismos probióticos não-viáveis podem exercer
algum efeito benéfico (OUWEHAND & SALMINEN, 1998). KAILA et al. (1995),
utilizando microrganismos não-viáveis, observaram uma diminuição na duração de
10
diarréia por rotavirus e, VESA et al. (2000) observaram uma melhor tolerância à
lactose.
Metchnikoff (1845-1916) foi o primeiro microbiologista a sugerir que o uso de
bactérias poderia influenciar positivamente a microbiota do trato intestinal e prolongar a
vida (METCHNIKOFF, 1907). Ele observou que a população da Bulgária tinha uma
média de vida superior à do restante da Europa e correlacionou esta observação com a
grande ingestão de coalhada pelos búlgaros. A partir deste dado, ele supôs que os
lactobacilos eram importantes para a saúde humana e passou a defender o uso de
iogurtes e alimentos fermentados.
O conceito de probiótico implica que o microrganismo empregado esteja viável,
ou tenha condições de ser reativado, para que possa exercer seu efeito benéfico. Esta
exigência reduz o número de microrganismos que podem atuar como medicamento,
que o intestino humano apresenta uma microbiota extremamente competitiva, que
funciona como uma barreira física e química, conhecida como “barreira intestinal”,
possuindo mecanismos poderosos de combate a microrganismos não autóctones
(SAAVEDRA, 1995; CHANDAN, 1999). Embora não sejam mencionados meros
específicos na definição de probióticos, considera-se que, pelo menos, 10
9
unidades
formadoras de colônias (UFCs)/dia de microrganismos devam ser ingeridos para chegar
ao intestino em níveis iguais aos da microbiota dominante (OUWEHAND et al. 2002).
Os probióticos têm sido referidos, também, como agentes bioterapêuticos e
alimentos funcionais (“functional foods”); porém, alguns autores preferem se referir a
eles com termos distintos, definindo probióticos como “um suplemento microbiano
vivo, que afeta beneficamente o animal hospedeiro graças à melhoria no balanço
microbiano intestinal”, e alimentos funcionais como “agentes (vivos ou não) que
possuem outras funções além de seu papel nutricional”, e reservam o termo “agentes
bioterapêuticos” para “microrganismos vivos que possuem eficácia comprovada na
prevenção ou tratamento de alguma doença pela interação com a microecologia natural
do hospedeiro”. Neste último caso, vários autores consideram a levedura
Saccharomyces boulardii e a bactéria Lactobacillus rhamnosus GG como os principais
agentes bioterapêuticos atualmente estudados e comercializados, conforme revisado por
ELMER et al. (1996), MCFARLAND (2000a) e ELMER & MCFARLAND (2001).
Além dos probióticos, também são estudados os prebióticos e os simbióticos. Os
prebióticos são ingredientes alimentares não-digeríveis, que promovem a saúde do
hospedeiro ao estimular a multiplicação ou a ação de uma espécie bacteriana - ou um
11
grupo delas - benéfica no trato digestivo. A lactulose, os frutooligossacarídeos (FOS) e
a inulina são os prebióticos mais estudados e comercializados (ROBERFROID, 2001).
O primeiro aumenta a atividade lactofermentativa de populações de Lactobacillus, e os
FOS estimulam o crescimento de Bifidobacterium. É interessante salientar que o
desenvolvimento dos prebióticos veio da descoberta dos fatores “bifidus”, grupo de
oligossacarídeos presentes em maior quantidade no leite humano e que favorecem a
multiplicação de Bifidobacterium de recém-nascidos amamentados no seio. Alimentos
como alcachofra, cebola, banana, aspargo e chicória contêm, naturalmente,
componentes com propriedades prebióticas. os simbióticos são combinações de
probióticos e prebióticos (NICOLI & VIEIRA, 2000).
Entre os probióticos mais estudados, tanto experimentalmente quanto
clinicamente, estão as bactérias e as leveduras. Alguns são comercializados sob a
forma de suplemento alimentar ou preparações farmacêuticas, contendo um ou vários
microrganismos. Entre os principais probióticos estão as bactérias do ácido láctico
(BAL), que incluem os lactobacilos (Lactobacillus lactis, L. acidophilus, L. plantarum,
L. brevis, L. fermentum, L. casei, L. bulgaricus, L. rhamnosus, L paracasei, L. jensenii,
L reuteri, L. johnsonii, L. helveticus, L. gasseri), Enterococcus faecium SF68 e E.
faecalis, Streptococcus salivarius e S. thermophilus, Pediococcus acidilactici e espécies
de Leuconostoc e Lactococcus. Além das BAL, temos também as bifidobactérias
(Bifidobacterium bifidum, B. longum, B. breve, B. infantis, B. animalis, B. adolescentis),
Escherichia coli EMO e E. coli Nissle, Bacillus subtilis e B. toyoi, e as leveduras S.
boulardii e S. cerevisiae. Esta última, geralmente, é utilizada apenas na medicina
veterinária.
I.3.1 Efeitos benéficos dos probióticos
Entre os possíveis efeitos benéficos dos probióticos estão a modulação da
resposta imune (SCHIFFRIN et al., 1997; NEUMANN et al., 1998; TEJADA-SIMON
et al., 1999; ISOLAURI et al., 2001; HE et al., 2002), o balanço da microbiota normal
(PERDIGON et al., 1998), a redução de enzimas fecais responsáveis pelo início do
desenvolvimento de alguns tipos de cânceres (HIRAYAMA & RAFTER, 2000),
prevenção de doenças atópicas (ISOLAURI et al., 2000; KALLIOMAKI et al., 2001;
KALLIOMAKI et al., 2003; KIRJAVAINEN et al., 2003; ARVOLA et al., 2004) e
12
alérgicas (HOPPU et al., 2001; ISOLAURI, 2001; KIRJAVAINEN et al., 2001;
LAIHO et al., 2002; RAUTAVA & ISOLAURI, 2002; KALLIOMAKI & ISOLAURI,
2003), tratamento da diarréia do viajante (SCARPIGNATO & RAMPAL, 1995),
tratamento da diarréia associada ao uso de antibióticos (BARTLETT, 1992) e da
diarréia infecciosa (KAILA et al., 1992; FIGUEIREDO et al., 2001), o controle da
infecção por rotavírus e Clostridium difficile (MCFARLAND et al., 1994), proteção
contra a ação de patógenos (SILVA et al., 1999), o papel de coadjuvante no tratamento
com antibióticos no combate às úlceras causadas pelo H. pylori (AIBA et al., 1998), a
redução do colesterol do soro (EYSSEN, 1973; LIN et al., 1989; FUKUSHIMA &
NAKANO, 1996; BEENA & PRASAD, 1997), o antagonismo in vitro e in vivo contra
enteropatógenos (NICOLI & RAIBAUD, 1990; VANDENBERG, 1993; LIMA FILHO
et al., 2000; SILVA et al., 2001), alívio da constipação intestinal (GOLDIN, 1998) e o
auxílio na absorção da lactose em pessoas com intolerância a este açúcar (SANDERS et
al., 1996; VESA et al., 2000). Devemos observar que estes efeitos, além dos possíveis
mecanismos de ação, o os mesmos propostos para os componentes da microbiota
intestinal.
Para que um microrganismo utilizado como probiótico exerça o seu efeito
benéfico desejado, além de permanecer viável durante sua passagem pelo sistema
gastrintestinal, o seu vel populacional deve ser igual ou maior que 10 milhões de
células por grama de conteúdo fecal (NICOLI & VIEIRA, 2000). Para isso, ele deve ser
ingerido diariamente, para manter seus níveis artificialmente elevados no ecossistema
digestivo. À exceção dos L. rhamnosus GG e Lcr35, não se conhecem probióticos
capazes de persistir por um longo período no trato digestivo do adulto (ALANDER et
al., 1999; DE CHAMPS et al., 2003).
I.3.2 Probióticos na dieta animal
Existem vários trabalhos mostrando os benefícios do uso de probióticos na dieta
animal. FERREIRA & KUSSAKAWA (1999) relataram que a administração do
probiótico B. subtilis em granjas de frangos de corte acarretava um aumento da
musculatura e uma diminuição da quantidade de gordura, além de uma diminuição na
porcentagem de isolamento da Salmonella de 60 para 20%. Ainda com este probiótico,
observou-se um aumento na atividade das enzimas tripsina, amilase e lipase nos
13
frangos. Foi obtida uma diminuição no número de coliformes fecais, em frangos de
corte, utilizando o probiótico Bacillus natto (FERREIRA & KUSSAKAWA, 1999).
NADER DE MACIAS et al. (1993) observaram que Lactobacillus spp. competia com
microrganismos indesejáveis do intestino, aumentando, desde modo, a saúde do animal.
MAIA et al. (2001) observaram o efeito protetor da bactéria E. faecium, um
componente de um produto comercial (Vitacanis) composto por L. acidophilus, E.
faecium e S. cerevisiae, durante desafio experimental com o enteropatógeno Salmonella
enterica subsp. enterica sorovar. Typhimurium.
Na dieta de ruminantes usa-se muito a levedura S. cerevisiae. Ela estimula a
atividade dos microrganismos benéficos do trato gastrintestinal, aumentando, deste
modo, a digestibilidade de nutrientes e o potencial de produção dos animais
(NEWBOLD et al., 1995; SINGH et al., 1995; WOHLT et al., 1998).
I.3.3 Probióticos na dieta humana
O uso de probióticos na dieta humana vem sendo amplamente difundido, tanto
como suplemento alimentar (leite, leites acidófilos, iogurtes, coalhadas, etc), como na
forma de medicamento, como é o caso da levedura S. boulardii, do Lactobacillus GG e,
mais recentemente, o L. casei Shirota. O uso de probiótico como suplemento alimentar
é devido, principalmente, à capacidade de várias bactérias diminuírem o colesterol
circulante no soro, principalmente as bactérias do ácido láctico. Essas bactérias
probióticas promovem um aumento notável no HDL (lipoproteínas de alta densidade) e
diminuem a quantidade de LDL (lipoproteínas de baixa densidade) (BEENA &
PRASAD, 1997). Um outro modo pelo qual estas bactérias conseguem diminuir o
colesterol é acelerando a conversão desta substância em ácidos biliares, o que diminui a
concentração de colesterol no soro (EYSSEN, 1973; FUKUSHIMA & NAKANO,
1996).
Várias bactérias podem auxiliar na prevenção do câncer de cólon (LIDBECK et
al., 1992; LING et al., 1992; LING et al., 1994; WOLLOWSKI et al., 1999), na
absorção da lactose em pessoas que não conseguem digerir este açúcar (SANDERS et
al., 1996), na produção de certas vitaminas, principalmente a vitamina K e vitaminas do
complexo B, no aumento populacional de certas bactérias desejáveis (BENNO et al.,
1996; MATTILA-SANDHOLM et al., 1999), além de outros benefícios adquiridos com
14
a ingestão destas bactérias (HANSON & YOLKEN, 1999). Adiciona-se a todos estes
benefícios citados, o sabor agradável dos alimentos preparados a partir da fermentação
realizada por estas bactérias, como os iogurtes e os leites fermentados.
Quanto ao efeito medicamentoso exercido por estes microrganismos, cita-se,
principalmente, o uso na recomposição da microbiota após tratamentos com antibióticos
de amplo espectro, durante o curso de vários tipos de diarréias e outros usos (conforme
citado no item I.3.1), por vários mecanismos de ação (item I.3.4).
I.3.4 Mecanismos de ação dos probióticos
Existem vários mecanismos propostos para explicar os efeitos benéficos dos
probióticos:
Produção de substâncias inibidoras de outros microrganismos. Os
microrganismos produzem substâncias que inibem o crescimento de vários patógenos
(SILVA et al., 1987; VANDENBERG, 1993). Essas substâncias incluem os ácidos
orgânicos, peróxido de hidrogênio, bacteriocinas, dentre outras. Estes compostos, além
de reduzirem o número de células bacterianas viáveis, afetam o metabolismo bacteriano
ou a produção de toxinas (ROLFE, 2000). PONGPECH & HENTGES (1989)
constataram que as bactérias do ácido lático são capazes de produzir ácidos graxos
voláteis, que são responsáveis pelo controle da colonização do intestino pela Shigella
sonnei e E. coli enteropatogênica.
Competição por sítios de adesão e por nutrientes. Vários microrganismos
usados como probióticos competem por sítios de adesão na superfície do epitélio
intestinal e, por nutrientes, inibindo, deste modo, a fixação e a sobrevivência de
patógenos (BERNET et al., 1994; COCONNIER et al., 1998). Um exemplo disso é o
patógeno intestinal Vibrio cholerae, que precisa aderir à parede intestinal para colonizá-
la e produzir a doença. Conseqüentemente, alguns probióticos são escolhidos devido à
capacidade de adesão ao epitélio e competição pelos receptores, conforme demonstrado
por TANNOCK (1986). Em 1988, WILSON & PERINI observaram, in vitro, que os
microrganismos do intestino competem mais efetivamente pela glicose, pela N-acetil-
glicosamina e pelo ácido silíaco, que o patógeno C. difficile.
Inibição da produção ou ação de toxinas. A levedura S. boulardii pode
proteger os animais contra a ação do C. difficile pela liberação de uma protease que
15
cliva as toxinas A e B, inibindo, deste modo, os efeitos na mucosa do cólon
(CASTAGLIUOLO et al., 1999). Um outro mecanismo proposto é a ligação da toxina
do cólera em sítios específicos desta levedura (BRANDÃO et al., 1998).
Modulação do sistema imune. Evidências sugerem que a modulação da
resposta imune específica e não-específica pode ser um outro mecanismo pelo qual os
probióticos protegem o hospedeiro contra as desordens gastrintestinais (KAILA et al.,
1992; PERDIGON et al., 1995; MATSUZAKI & CHIN, 2000). Um exemplo é a
administração de Lactobacillus GG durante a diarréia aguda, causada por rotavírus, que
está associada ao aumento da resposta imune ao rotavírus (KAILA et al., 1995).
I.3.5 A levedura Saccharomyces boulardii
Em meados de 1920, na Indochina, um microbiologista francês, Henri Boulard,
estava à procura de uma linhagem de levedura que fosse capaz de suportar altas
temperaturas, a fim de produzir um bom vinho. Durante esta época houve uma epidemia
de cólera em uma das vilas e o pesquisador foi informado que a população local
preparava um chá da casca de uma fruta local (lichia) para aliviar e até mesmo curar a
diarréia. Posteriormente, verificou-se que a fruta, na verdade, estava recoberta por uma
levedura, e a eficácia contra a diarréia se devia a esta levedura, que foi chamada de
Saccharomyces boulardii (FLORASTOR, 2003). Saccharomyces boulardii é uma
levedura não patogênica, termotolerante (cresce na temperatura de 37ºC) e de uso muito
difundido na medicina humana (MCFARLAND & BERNASCONI, 1993).
A partir de 1960 iniciou-se a comercialização da levedura liofilizada, pelo
“Laboratoires Biocodex (Paris, França). Assim, seu uso como medicamento para
combate às diarréias foi difundido em toda Europa e está disponível no mercado sob
diversos nomes comerciais, tais como: Ultra-Levure (França), Florastor (Estados
Unidos), Precosa (Dinamarca), Levucell (Lallemand, Canadá), Perenterol
(Alemanha), Perenteryl (Chile), Codex (Itália), Floratil (Brasil). Atualmente, a
levedura é amplamente comercializada na Europa, Américas do Sul e do Norte, Ásia e
África (MCFARLAND & BERNASCONI, 1993) e recentemente seu uso foi liberado
pela FDA (Food and Drug Administration) nos Estados Unidos (FLORASTOR, 2007).
Os direitos de comercialização para a América do Sul foram adquiridos pelas Indústrias
16
Químicas da MERCK S.A. Além disso, outras preparações contendo S. boulardii estão
disponíveis no Brasil (MARTINS et al., 2005b).
Saccharomyces boulardii foi, inicialmente, identificada como uma espécie
distinta do gênero hemiascomiceto Saccharomyces (MCFARLAND, 1996).
Atualmente, a taxonomia do gênero Saccharomyces é baseada em métodos genotípicos.
Vários pesquisadores afirmam que a S. boulardii é uma linhagem de S. cerevisiae, uma
vez que os métodos convencionais não podem ser utilizados para separar linhagens de S.
cerevisiae. Devido ao seu valor terapêutico, à sua deficiência em utilizar galactose e
produzir ascósporos, MCFARLAND (1996) sugeriu que esta levedura deveria ser
considerada como uma espécie à parte. Uma série de estudos de reassociação de DNA
[(nDNA)–nDNA] sugerem a divisão do gênero Saccharomyces sensu stricto em quatro
espécies relacionadas: S. bayanus, S. cerevisiae, S. paradoxus e S. pastorianus
(CARDINALI & MARTINI, 1994). Cariotipagem eletroforética comparativa e análise
multivariada do polimorfismo observado em gel de eletroforese de campo pulsado
confirmam a existência de quatro “clusters”, cada um correspondente a um “taxon”, que
foram distinguidas com base na comparação do DNA, utilizando a cnica de
reassociação (nDNA)–nDNA, e corroboram a classificação de S. boulardii fora da
espécie S. cerevisiae e também fora das outras três espécies (CARDINALI &
MARTINI, 1994). Por outro lado, MALLIÉ et al. (2001) relataram que a tipagem por
isoenzimas e estudo de polimorfismo de restrição do DNA mitocondrial permite a
inclusão de S. boulardii no complexo sensu stricto. Saccharomyces boulardii está muito
relacionado com S. cerevisiae e, por este motivo, propôs-se a denominação de S.
cerevisiae var. boulardii. Um método utilizando polimorfismo de microsatélite,
identificou uma seqüência específica 9 (CAG) no lócus 4, presente apenas em S.
boulardii e, deste modo, conferindo uma possível identifidade à espécie S. boulardii,
que não a de uma linhagem da espécie S. cerevisiae (HENNEQUIN et al., 2001). VAN
DER AA KUHLE & JESPERSEN (2003), analisando seqüências do domínio D1/D2 da
região 26S do rDNA, a região ITS1-5.8S rDNA-ITS2 e o gene da subunidade 2 da
citocromo oxidase c mitocondrial, mostraram uma relação muito íntima entre S.
boulardii e S. cerevisiae e defenderam a identificação de S. boulardii como um membro
da espécie S. cerevisiae, e não como uma espécie separada. Além do mais, a utilização
de galactose não pode ser considerada como critério para classificar S. boulardii como
uma espécie diferente de S. cerevisiae uma vez que esta capacidade é muito variável
dentro da espécie (BARNETT et al., 2000), assim como a capacidade de produção de
17
ascósporos (NAUMOVA et al., 2003). MITTERDORFER et al. (2002), utilizando
quatro técnicas moleculares diferentes [PCR (“polymerase chain reaction”) espécie-
específico, RAPD-PCR (“randomly amplified polymorphic DNA-PCR”), análise do
rDNA por RFLP (“rectriction fragment lenght polymorphic”) e PFGE (“pulse-field gel
eletrophoresis”)] classificaram S. boulardii como uma espécie de S. cerevisiae.
Recentemente, EDWARDS-INGRAM et al. (2007), utilizando hibridização genômica
comparativa para análise do genoma inteiro, também concluíram que S. boulardii e S.
cerevisiae são membros da mesma espécie.
Entretanto, apesar da semelhança genética entre S. boulardii e S. cerevisiae, elas
apresentam algumas diferenças genéticas e fisiológicas. FIETTO et al. (2004)
observaram que S. boulardii é geneticamente muito semelhante a S. cerevisiae,
entretanto, metabolicamente e fisiologicamente diferente, particularmente no que se
refere ao crescimento e à resistência à temperatura de 37°C e estresse ácido, que são
importantes características de um microrganismo usado como probiótico. Alguns
autores sugerem que a superexpressão de genes relacionados à ntese de proteínas e
respostas a estresses poderiam contribuir para o aumento da taxa de crescimento e
melhor sobrevivência de S. boulardii ao pH ácido (EDWARDS-INGRAM et al. 2007).
I.3.5.1 Usos da levedura S. boulardii na medicina humana
Este probiótico é usado no combate a vários tipos de distúrbios gastrintestinais,
como diarréia associada ao uso de antibióticos (SURAWICZ et al., 1989a;
BARTLETT, 1992; MCFARLAND et al., 1995; SURAWICZ, 2003), no tratamento da
diarréia causada pelo C. difficile (ELMER & MCFARLAND, 2001; SURAWICZ,
2003), tanto nos casos de prevenção (SURAWICZ et al., 1989a; MCFARLAND et al.,
1994; CASTAGLIUOLO et al., 1999), quanto nos casos de recorrência da doença
(SURAWICZ et al., 1989b; KIMMEY et al., 1990; ELMER et al., 1999; SURAWICZ
et al., 2000), na prevenção e tratamento da diarréia do viajante (SCARPIGNATO &
RAMPAL, 1995) e da diarréia em pacientes infectados pelo HIV (SAINT-MARC et al.,
1991; BORN et al., 1993). O uso de S. boulardii tem sido sugerido na manutenção do
tratamento da doença de Crohn (GUSLANDI et al., 2000) e na prevenção de diarréia
em pacientes recebendo alimentação por sonda (BLEICHNER et al., 1997). Além
destes, existem ensaios clínicos mostrando o seu efeito na microbiota de prematuros
18
(COSTALOS et al., 2003) e na diminuição da diarréia em pacientes com amebíase
aguda (MANSOUR-GHANAEI et al., 2003). Apesar de todos estes trabalhos
mostrando os efeitos benéficos de S. boulardii, poucos trabalhos se referem a uma
relação entre a dose e o efeito de sua ingestão (PERET FILHO et al., 1998; GIRARD et
al., 2003).
Existem relatos clínicos demonstrando que a levedura apresenta eficácia sob
vários parâmetros clínicos analisados, tais como: incidência, tempo de duração,
freqüência, consistência e quantidade dos episódios diarréicos. A possibilidade de
translocação de S. boulardii no interior do intestino é, praticamente, inexistente, uma
vez que a levedura não coloniza o cólon (MCFARLAND & BERNASCONI, 1993).
A ingestão ocorre por via oral e, nestas condições, a levedura é insensível à ação
dos sucos digestivos e de antibacterianos (BLÉHAUT et al., 1989; BODDY et al.,
1991). A administração da levedura deve ser realizada de maneira repetida e regular,
pois ela não se implanta no tubo digestivo, embora seja capaz de atingir, rapidamente,
altas concentrações no cólon (FULLER, 1992). Dois a cinco dias após a descontinuação
do seu uso, ela não é mais encontrada nas fezes (BLÉHAUT et al., 1989). Em um
estudo realizado com voluntários humanos, após o tratamento com a levedura, não
foram observadas alterações nos níveis populacionais de anaeróbios estritos e
facultativos da microbiota normal (KLEIN et al., 1993).
I.3.5.2 Mecanismos de ação da levedura S. boulardii
Vários mecanismos de ação da levedura em infecções experimentais foram
extensivamente estudados. Ensaios em animais e seres humanos, assim como estudos in
vitro, mostraram que S. boulardii pode ter um papel protetor e atividades específicas
contra rios patógenos entéricos, conforme revisado por CZERUCKA & RAMPAL
(2002) e CZERUCKA et al. (2007).
I.3.5.2.1 Ações no nível celular
(i) Efeito na mucosa intestinal. A análise microscópica de mucosas duodenais e
jejunais de camundongos, ratos e seres humanos mostrou que, mesmo em doses
19
elevadas, S. boulardii não provocou alterações morfológicas e/ou morfométricas, tanto
no nível das vilosidades quanto nas criptas, assim como não foram observadas
alterações na lâmina própria (BUTS et al., 1986; CORTHIER et al., 1992; JAHN et al.,
1996). Entretanto, a levedura promove um aumento da atividade de diversas
dissacaridases na mucosa intestinal, tais como lactase, sacarase e maltase (BUTS et al.,
1986; JAHN et al., 1996) graças a um aumento de poliaminas, como a espermidina e a
espermina, que regulam a expressão gênica e a síntese protéica (BUTS et al., 1994).
Também já foi descrito o efeito da levedura na liberação de aminopeptidases na mucosa
e fluido endoluminal de camundongos (BUTS et al., 2002). Foi observada a liberação
de proteínas e fatores tróficos durante o trânsito intestinal, que aumentam as defesas
imunes, a digestão e a absorção de nutrientes. Existem, ainda, mais de 1500 proteínas
não estudadas, que poderiam ser liberadas pela levedura durante seu trânsito intestinal
(BUTS & DE KEYSER, 2006).
(ii) Resposta imunológica. Existem diversos trabalhos mostrando o efeito da
levedura no sistema imune (CAETANO et al., 1986; BUTS et al., 1990; RODRIGUES
et al., 2000). Estudos em ratos e camundongos permitiram demonstrar que a levedura
induz um aumento significativo nos níveis de IgA (Imunoglobulina do tipo A)
secretados (BUTS et al., 1990; QAMAR et al., 2001); entretanto, em um estudo com 12
voluntários humanos, recebendo a levedura durante 3 semanas, esse aumento de IgA
não foi observado (JAHN et al., 1996). Em camundongos desafiados com a toxina A de
C. difficile, a levedura provocou um aumento de 4 vezes nos níveis de IgA dirigidos
contra a toxina A (QAMAR et al., 2001), o que mostra que a levedura possui um efeito
modulador da resposta imune. Trabalhando com animais isentos de germes,
RODRIGUES et al. (2000) também observaram um aumento nos níveis de IgA.
I.3.5.2.2 Ações no nível bacteriano
(i) Um primeiro mecanismo de ação da levedura seria a inibição total ou parcial
de vários microrganismos patogênicos (BRUGIER & PATTE, 1975). Este efeito de
inibição total é observado apenas in vitro, pois existem trabalhos mostrando que esta
inibição não ocorre in vivo, sendo observada apenas uma proteção (RODRIGUES et al.,
1996) e um trabalho que mostra uma diminuição nos níveis populacionais de algumas
espécies de Candida (DUCLUZEAU & BENSAADA, 1982).
20
(ii) Efeito sobre a microbiota. Um estudo com voluntários sadios mostrou que a
levedura não induz qualquer mudança significativa na microbiota, ainda que se observe
um aumento no número de bactérias aeróbias e de coliformes (KLEIN et al., 1993). Em
um estudo com prematuros, COSTALOS et al. (2003) observaram uma diminuição nos
níveis intestinais de E. coli e Enterococcus e um aumento de Bifidobacterium e
Staphylococcus no grupo tratado com a levedura.
(iii) Saccharomyces boulardii e C. difficile. De todos os efeitos benéficos da
levedura, os mais extensivamente estudados e relatados na literatura são o seu efeito nas
diarréias associadas ao uso de antibióticos e nas diarréias associadas ao C. difficile. Em
um primeiro estudo realizado por TOOTHAKER & ELMER (1984), com hamsters,
mostrou-se que a mortalidade associada ao C. difficile foi de 51% em animais tratados
com a levedura, contra 80% dos animais controle. Como a diarréia associada ao C.
difficile está diretamente ligada à produção das toxinas A e B, CORTHIER et al. (1992)
observaram que nos animais tratados com a levedura, o título de toxinas diminuiu 1000
vezes, quando comparado com os animais controle. Trabalhando com as toxinas A e B
de C. difficile, CZERUCKA et al. (1991) observaram um efeito protetor da levedura
utilizando um modelo de células intestinais. Em um modelo utilizando alças intestinais
de ratos, observou-se que a levedura bloqueia a atividade secretória da toxina A
(POTHOULAKIS et al., 1993). Esses autores observaram que essa atividade anti-
secretória também foi encontrada no meio condicionado da levedura, sugerindo que esse
efeito era devido a substância(s) secretada(s) pela levedura e, posteriormente,
verificaram que essa inibição da ação das toxinas do C. difficile era devida à produção
de uma serino-protease de 54 kDa, que clivava as toxinas A e B e seus respectivos
receptores na mucosa intestinal (CASTAGLIUOLO et al., 1996; CASTAGLIUOLO et
al., 1999). Além disso, em um trabalho com camundongos BALB/c, QAMAR et al.
(2001) observaram um aumento na resposta imune contra a toxina A. Também foi
demonstrado, in vitro, que a levedura inibe a adesão do C. difficile em células VERO
devido a uma serino-protease (TASTEYRE et al., 2002).
(iv) Saccharomyces boulardii e V. cholerae. Em ratos tratados com a levedura
durante 5 dias, foi observado um efeito protetor contra V. cholerae (DIAS et al., 1995).
Utilizando linhagens celulares, CZERUCKA et al. (1989a, 1989b) observaram que a
levedura diminui em 50% o aumento de AMPc (adenosine monophosphate cyclic)
intracelular induzido pela toxina do cólera, limitando, assim, a secreção de cloro. Como
o sobrenadante da levedura foi suficiente para proteger as células da ão da toxina,
21
observou-se uma diminuição dos níveis de AMPc induzidos pela toxina do cólera
devido à ação de uma proteína extracelular de 120 kDa (CZERUCKA et al., 1994;
CZERUCKA & RAMPAL, 1999). Também observou-se a inibição de perdas de água,
sódio e potássio induzida pelas toxinas de V. cholerae (CZERUCKA et al., 1994).
Outros estudos mostraram que a inibição da ação da toxina do cólera era devida à
ligação da toxina em sítios específicos da levedura, diminuindo, assim, a quantidade de
toxina livre capaz de se ligar aos receptores intestinais (BRANDÃO et al., 1998;
NEVES et al., 2002).
(v) Saccharomyces boulardii e EPEC (E. coli enteropatogênica) e EHEC (E. coli
entero-hemorrágica). MASSOT et al. (1983) observaram a inibição de perdas de água,
sódio e potássio induzidas por E. coli, em células epiteliais intestinais, pela S. boulardii.
Estudos in vitro com células do cólon, infectadas por EPEC, permitiram demonstrar que
a levedura é capaz de preservar a integridade da barreira epitelial, mantendo as junções
serreadas, assim como sua intervenção na modulação da sinalização celular induzida
durante a infecção por esta mesma bactéria (CZERUCKA et al., 2000). DAHAN et al.
(2003) observaram que a levedura exerce um efeito protetor nas infecções por EHEC,
mantendo a integridade epitelial e interferindo em vias de transdução do sinal, assim
como diminuindo os níveis de citocinas pró-inflamatórias via inibição de NF-κB
(“nuclear factor kappa B”) e MAPK (“mitogen activated protein kinase”) ativadas pela
bactéria. DALMASSO et al. (2006b) demonstraram que S. boulardii induz uma
diminuição nos níveis de TNF-α e na apoptose relacionados à infecção em células com
EHEC.
(vi) Saccharomyces boulardii e outros microrganismos. A levedura também é
capaz de exercer um efeito protetor em animais infectados com Salm. Typhimurium e S.
flexneri (RODRIGUES et al., 1996) e, no caso de Salm. Typhimurium, esse efeito pode
estar relacionado a uma imunomodulação pela levedura (RODRIGUES et al., 2000).
MUMY et al. (2007) demonstraram que S. boulardii interfere na sinalização induzida
por S. flexneri em células T84, além de diminuir a secreção de IL-8 e a migração
transepitelial de leucócitos polimorfonucleares, sugerindo que o uso da levedura poderia
aliviar os sintomas associados à resposta inflamatória do hospedeiro. Em um modelo de
colite in vivo, WU et al. (2007) observaram que S. boulardii mantém a integridade
epitelial e diminui os efeitos inflamatórios associados à infecção por Citrobacter
redentium. Em outro modelo de colite, in vivo, induzida quimicamente por DSS
(“d
extran-sulfate-sodium”), JAWHARA & POULAIN (2007) mostraram que S.
22
boulardii diminui a inflamação causada no intestino, assim como a colonização por C.
albicans nesse modelo de colite.
I.3.5.2.3 Efeito anti-inflamatório
SOUGIOULTZIS et al. (2006) mostraram que S. boulardii secreta substâncias
anti-inflamatórias. Trabalhando com células HT-29 e THP-1, esses autores observaram
que a levedura secreta um fator anti-inflamatório (<1 kDa) termo-estável, que inibe a
produção de IL-8, a degradação de IκB-α (“inhibitory protein κB α”) e reduz a ativação
de NF-κB em células tratadas com IL-1β ou LPS. Observou-se, também, um efeito anti-
inflamatório, pela produção de fatores solúveis de baixo peso molecular, que bloqueiam
a ativação de NF-κB e a expressão de IL-8. Segundo os autores, essas substâncias
podem mediar, pelo menos em parte, os efeitos benéficos da levedura S. boulardii
observados nas infecções intestinais. CHEN et al. (2006), também trabalhando com o
sobrenadante da levedura (SbS), observaram que o SbS inibe a produção de IL-8
induzida pela toxina A do C. difficile ou IL-1β, assim como a ativação de algumas MAP
quinases. In vivo, demonstraram que SbS normaliza a secreção de fluidos mediada pela
toxina A.
LEE et al. (2005) observaram que S. boulardii possui um efeito anti-inflamatório
via PPAR-gamma (“peroxisome proliferator-activated receptor-gamma”), uma molécula
que regula a inflamação no epitélio intestinal. Eles observaram que a levedura aumenta
a expressão de PPAR-gamma nos níveis de mRNA e proteína, e que ela inibe o efeito
de TNF-α, IL-1β ou LPS na diminuição da expressão de PPAR-gamma. Trabalhos
recentes sugerem um novo mecanismo de ação da levedura, envolvendo uma possível
inibição da produção de óxido nítrico pela levedura (GIRARD et al., 2003; GIRARD et
al., 2005a).
Utilizando animais SCID (“immunoincompetent syngenic severe combined
immunodeficiency”), DALMASSO et al. (2006a) demonstraram que S. boulardii
interfere no processo inflamatório, devido a uma alteração específica no comportamento
de migração de células T que se acumulam nos linfonodos mesentéricos, e que o
tratamento com essa levedura limita a infiltração de células Th1 no cólon inflamado e a
amplificação da inflamação induzida pela produção de citocinas pró-inflamatórias.
23
I.3.5.2.4 Outros efeitos
Além de todos o efeitos listados, exitem trabalhos mostrando a ligação de
alguns microrganismos na superfície da levedura (GEDEK, 1999), assim como a
presença de receptores para toxinas bacterianas (BRANDÃO et al., 1998; NEVES et al.,
2002). GIRARD et al. (2005b) mostraram que a levedura minimiza o desequilíbrio
eletrolítico induzido por óleo de castor no cólon de ratos.
I.3.5.3 Vantagens e desvantagens da utilização da levedura
A maior parte dos probióticos comercializados é representada por bactérias.
Apenas duas leveduras são usadas, a S. boulardii na medicina humana e a S. cerevisiae
na medicina veterinária. A vantagem de se trabalhar com levedura é que ela pode ser
liofilizada, é rapidamente eliminada após interrupção da terapia e não é afetada pelo uso
de antibacterianos (BLEHAUT et al., 1989; BODDY et al., 1991). Esta última
propriedade é importante, pois algumas terapias associam a administração de
probióticos com antibacterianos durante infecções gastrintestinais como, por exemplo,
no caso de pacientes infectados por H. pylori, cuja terapia é uma combinação de drogas
(ARMUZZI et al., 2001).
O uso da levedura não acarreta mudanças nas populações normais da microbiota
do cólon após exposição por 4-5 dias. Porém, após este tempo, nota-se um aumento nas
populações de aeróbios (1,4 x 10
6
/g para 2,1 x 10
8
/g de conteúdo intestinal) e de
coliformes totais (1,8 x 10
6
/g para 1,9 x 10
7
/g de conteúdo intestinal) (MCFARLAND
& BERNASCONI, 1993).
Em todo o mundo, foram descritos 27 casos de fungemia devido ao uso da S.
boulardii (ZUNIC et al., 1991; PLETINCX et al., 1995; VIGGIANO et al., 1995;
BASSETTI et al., 1998; FREDENUCCI et al., 1998; NIAULT et al., 1999; CESARO et
al., 2000; HENNEQUIN et al., 2000; PERAPOCH et al., 2000; RIJNDERS et al., 2000;
LHERM et al., 2002; CASSONE et al., 2003; LESTIN et al., 2003; RIQUELME et al.,
2003). Ultimamente, infecções fúngicas invasivas devido a agentes novos ou raros têm
sido, freqüentemente, descritos em todo o mundo. Esses casos são considerados como
uma conseqüência do aumento da população de risco para doenças crônicas ou
debilitantes, aumento no uso de drogas imunossupressivas e de antibióticos de amplo
24
espectro, nutrição parental e uso de catéter venoso central. Devido a tudo isso, o uso da
levedura não é recomendado em pacientes imunossuprimidos ou muito debilitados,
como no caso de tratamentos radioterápicos ou quimioterápicos (CESARO et al., 2000),
que alguns casos de fungemia têm sido descritos na literatura nesses pacientes após
tratamento enteral com S. boulardii, embora nenhum deles tenha levado o paciente a
óbito devido à levedura e, foram, na maioria dos casos, resolvidos após interrupção do
probiótico e utilização de fluconazol ou anfotericina B (CASSONE et al., 2003).
Assim como ocorre com a levedura, existem casos descritos de bacteremia
devido à utilização de bactérias usadas como probióticos (OGGIONI et al., 1998;
RICHARD et al., 1988; MACKAY et al., 1999; RAUTIO et al., 1999). Entretanto,
essas correlações entre infecções sistêmicas e consumo de probióticos são raras e
sempre ocorrem em pacientes sob condições médicas extremamente debilitantes.
I.3.6 A levedura Saccharomyces cerevisiae linhagem UFMG 905
A levedura S. cerevisiae linhagem UFMG 905 foi isolada da destilaria de
cachaça de Germana, na cidade de Nova União, em Minas Gerais, na região da zona
metalúrgica (VIANNA, 2003). A linhagem foi identificada e classificada como S.
cerevisiae, segundo métodos descritos em KURTZMAN & FELL (1998) e YARROW
et al. (1998). A identidade da levedura foi confirmada utilizando o programa
YEASTCOMPARE (CIRIELLO & LACHANCE, 2001).
MARTINS (2004) mostrou que a S. cerevisiae UFMG 905 foi capaz de reduzir a
ação de alguns enteropatógenos. Os resultados mostraram que a levedura foi capaz de
diminuir a mortalidade (15% de sobrevivência no grupo controle contra 55% no grupo
tratado com a levedura) de animais desafiados com Salm. Typhimurium durante 28 dias
(Figura 1) e os dados histopatológicos mostraram que a levedura apresentou proteção
contra o desafio oral com C. difficile, em camundongos gnotobióticos (Figura 2) e
preservação do fígado de animais convencionais tratados com a levedura e desafiados
com Salm. Typhimurium (Figura 3). O menor número de focos inflamatórios no fígado
de animais previamente tratados com a S. cerevisiae UFMG 905 sugeriu que a levedura
diminuiu, in vivo, a translocação da Salm. Typhimurium (Tabela 1) (MARTINS et al.,
2005a).
25
0
50
100
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28
Tempo (dias)
Sobrevivência (%)
*
Figura 1. Sobrevivência de camundongos NIH convencionais tratados () ou não ()
com S. cerevisiae UFMG 905 e desafiados com 10
4
células de Salm. Typhimurium no
tempo 1. N = 20 (em cada grupo). * Estatisticamente diferente, segundo o teste Mann-
Whitney Rank, (P = 0,00326). (MARTINS, 2004).
26
Figura 2. Aspecto histológico do cólon (A e C) e do ceco (B e D) de camundongos NIH
gnotobióticos monoassociados (C e D) ou não (A e B) com a levedura S. cerevisiae
UFMG 905 durante dez dias e desafiados com 10
4
células de C. difficile durante 6 dias.
Coloração H-E (40X). As setas mostram as áreas de edema. (MARTINS, 2004).
A
C
B
D
27
Figura 3. Aspecto histológico do gado de camundongos NIH convencionais controle
(A) ou tratados com a levedura S. cerevisiae UFMG 905 durante dez dias (B) e
desafiados com 10
4
células de Salm. Typhimurium por 28 dias. Coloração H-E (100X).
As setas indicam as áreas de focos inflamatórios. (MARTINS, 2004).
A
B
28
Tabela 1. Número de focos inflamatórios por unidades de área presentes nos fígados de
camundongos NIH convencionais tratados ou não com a levedura S. cerevisiae UFMG
905 durante dez dias e desafiados com 10
4
células de Salm. Typhimurium por 28 dias.
Grupo
Número de focos
inflamatórios
1
Área medida (em
unidades de área)
2
Focos/unidades de área
25
8,7 x 10
6
µm
2
25
20
8,7 x 10
6
µm
2
20
Controle
31
8,7 x 10
6
µm
2
31
Média
25,3 ± 5,5*
9
8,7 x 10
6
µm
2
9
17
8,7 x 10
6
µm
2
12
Experimental
2
8,7 x 10
6
µm
2
3
Média
8,0 ± 4,6*
1
Foco inflamatório define-se por acúmulo de células inflamatórias em número maior
que 10 células, acompanhadas de alterações necróticas do parênquima associado.
2
A unidade de área medida em todos os animais foi a somatória da área de 10 campos
em aumento de 10X. Cada medida anotada corresponde a um corte (3 cortes medidos,
um de cada animal).
* Estatisticamente significativo. Teste “t” de Student (P = 0,014). (MARTINS, 2004).
29
I.3.7 Utilização de outras leveduras como probióticos
Devido ao grande interesse na utilização de probióticos hoje em dia e, também,
pelo estímulo da Organização Mundial da Saúde (OMS) na utilização dessa alternativa
ao uso dos antibióticos, grandes laboratórios e centros de pesquisas vêm investindo
nesta área. Dados bem preliminares do nosso laboratório, e ainda não publicados, vêm
mostrando que outras leveduras não pertencentes ao gênero Saccharomyces, isoladas de
diversos ambientes e da indústria agro-alimentar, são capazes de colonizar o trato
digestivo de animais experimentais e, também, de produzirem substâncias, ainda não
identificadas, responsáveis pela inibição in vitro de enteropatógenos (TIAGO, 2008).
Trabalhando com leveduras isoladas de laticínios, KUMURA et al. (2004)
testaram 8 espécies diferentes de leveduras (Candida humilis, Debaryomyces hansenii,
Debaryomyces occidentalis, Kluyveromyces lactis, Kluyveromyces lodderae,
Kluyveromyces marxianus, S. cerevisiae e Yarrowia lipolytica) quanto à capacidade de
aderir em culturas celulares, resistência a ácidos, temperatura corporal humana e sais
biliares, além da capacidade de não causar inflamação, e selecionaram uma levedura (K.
lactis) para testes posteriores para uso como probiótico.
Outros trabalhos (SCHELLENBERG et al., 1994; CHIA et al., 1995; IZADNIA
et al., 1998; KOVACS & BERK, 2000) mostram a eficácia de leveduras de cervejaria e
panificação, tanto em ensaios laboratoriais quanto em pacientes humanos, no combate
às diarréias.
I.4 Diarréias
De acordo com dados da OMS, mais de 75% dos antibióticos são prescritos de
forma inapropriada, fato corrente mesmo em hospitais de ensino de países considerados
desenvolvidos (WHO, 2002). Além da prescrição e do uso irracional dos antibióticos,
apenas uma média de 50% dos pacientes tomam seus medicamentos corretamente.
Conseqüentemente, a resistência de microrganismos responsáveis por muitas doenças
infecciosas, incluindo diarréia bacteriana, gonorréia, pneumonia e tuberculose, está
crescendo.
A diarréia é definida como a passagem de fezes, em três ou mais episódios, num
período de 24 horas, suficientemente líquida para ocupar a forma do “container” no qual
30
ela é colocada (KEUSCH et al., 2006). Ela pode ser causada por microrganismos
infecciosos, incluindo vírus, bactérias, protozoários e helmintos, que são transmitidos
das fezes de um indivíduo para a boca de outro, a chamada transmissão fecal-oral, ou
por outros fatores etiológicos, não-infecciosos, como a diarréia alimentar, diarréia
alérgica, causada por estresse e diarréias sem causa aparente (KEUSCH et al., 2006).
As diarréias agudas são responsáveis por altas taxas de mortalidade e morbidade
em todo o mundo. Essas taxas estão relacionadas a um aumento na secreção intestinal,
resultado de infecções por bactérias produtoras de enterotoxinas (E. coli
enterotoxigênica, V. cholerae, C. difficile) ou de uma diminuição da absorção intestinal
pela infecção com microrganismos que causam danos ao epitélio intestinal (E. coli
enteropatogênica, Shigella sp., Salmonella sp.) (KAUR & GANGULY, 2003).
Dentre as diarréias bacterianas, a habilidade em sobreviver no estômago é um
fator determinante do tamanho do inóculo necessário para causar doença. Por exemplo,
Shigella, que é resistente ao pH ácido, em torno de alguns milhares de UFCs são
necessários para causar a doença. Ao contrário, bactérias que são rapidamente
inativadas pelo baixo pH, como o V. cholerae, requerem um inóculo bem maior
(milhões de UFCs) para causar a doença e, assim, precisam, primeiramente, se
multiplicar no alimento ou na água para atingir números suficientes para causar a
doença (KEUSCH et al., 2006). Dentre as espécies de Salmonella, alguns sorotipos são
adaptados para infectar animais e, desse modo, o causam doenças em seres humanos.
Outros sorotipos são bem adaptados aos seres humanos e não causam doenças em
animais. A maioria, entretanto, não é adaptada a um hospedeiro específico e podem,
dessa maneira, infectar seres humanos e animais domésticos, facilitando a transmissão.
Pouco mais de 10 sorortipos, dos mais de 2500 de Salmonella, causam a maioria das
infecções humanas, refletindo a necessidade de genes que codificam fatores de
virulência essenciais (KEUSCH et al., 2006).
Nas diarréias bacterianas o tratamento corrente é não permitir a desidratação do
paciente e, somente em casos mais graves, fazer uso de antibióticos. Esta terapia com
antibióticos é eficaz, mas apresenta três grandes inconvenientes: a seleção de bactérias
cada vez mais resistentes, a destruição de parte da microbiota intestinal, acarretando
diarréias secundárias, o alto custo dos novos antibióticos, uma vez que os antibióticos
de primeira geração o são mais eficazes para as possíveis bactérias resistentes,
previamente selecionadas (WHO, 2002).
31
As características socio-econômicas do Brasil, e da maioria dos países no
mundo, propiciam o aparecimento de várias infecções bacterianas, principalmente as
que atingem o intestino. Diarréias são um sério problema de saúde pública no Brasil,
sendo que os índices de mortalidade e morbidade, devido às diarréias, em crianças do
Nordeste são significantemente mais elevados (RIBEIRO, 2000).
I.5 O gênero Salmonella
Salmonella, o quarto microrganismo patogênico em importância, após Yersinia,
Escherichia e Shigella, dentro do grupo das enterobactérias, é um agente infeccioso
intracelular facultativo, constituído por espécies de bacilos anaeróbios facultativos,
Gram-negativo, que incluem agentes etiológicos de doenças coletivamente chamadas de
salmoneloses (BERGEY, 1994). Estas bactérias pertencem à família
Enterobacteriaceae e fermentam a glicose, reduzem nitrato a nitrito e possuem flagelos
peritríquios (exceção da Salm. pullorum). A Salmonella foi isolada em 1885, por Daniel
Salmon, um veterinário americano e, desde então, mais de 2463 sorotipos diferentes
foram descritos (BRENNER et al., 2000). Dados da OMS, de 2004, listam 2501
diferentes sorotipos (WHO, 2007). Salmonella enterica subsp. enterica sorovar Typhi e
S. enterica subsp. enterica sorovar Paratyphi são os agentes da febre tifóide nos seres
humanos, infecções que se tornam um problema de saúde pública, principalmente em
regiões onde pouco ou nenhum acesso a água potável e onde o tratamento de águas é
insastifatório. Salmonella enterica subsp. enterica sorovar Typhimurium e S. enterica
subsp. enterica sorovar Enteritidis, outros sorotipos da espécie S. enterica, podem
infectar diversos hospedeiros (aves, homem, camundongos, répteis, anfíbios) e causam
uma gastroenterite que, na maioria das vezes, se resolve sem uso de antibióticos
(SALEZ & MALO, 2004).
Enquanto todos os sorotipos podem causar doenças em seres humanos, eles são
classificados de acordo com sua adaptação aos hospedeiros. Alguns sorotipos possuem
um limitado espectro de hospedeiro, por exemplo, Salm. Typhi em primatas, Salm.
enterica subsp. enterica sorovar Dublin em gado e Salm. enterica subsp. enterica
sorovar Choleraesuis em suínos. Quando esses sorotipos causam doença em seres
humanos, costuma ser de forma invasiva. A maioria dos sorotipos, entretanto, possui
um amplo espectro de hospedeiros. Classicamente eles causam gastroenterite, que
32
precisam de tratamento específico apenas em crianças, idosos e indivíduos
imunodebilitados. Esse grupo compreende Salm. Enteriditis e Salm. Typhimurium, os
dois principais sorotipos transmitidos do animal para o homem (WHO, 2007).
Os sorotipos de Salm. enterica estão entre as causas mais comuns de infecções
alimentares e causam uma infecção alimentar que resulta em gastroenterite. Os sintomas
aparecem dentro de 6 a 24 horas após a ingestão da água ou do alimento contaminado,
podendo durar até uma semana. Os sintomas iniciais incluem náusea e vômito, que
diminuem após algumas horas. Estes sintomas são seguidos de dores abdominais e
diarréia, podendo, também, haver febre. A gravidade da dor e da diarréia varia bastante
de pessoa para pessoa, desde dor branda e diarréia quase imperceptível até uma dor que
lembra uma apendicite grave e diarréia sanguinolenta. Após o final dos sintomas, a
pessoa continua a excretar a bactéria por mais de 3 meses. Em 1 a 3% dos casos, a
pessoa se torna um carreador crônico da bactéria por mais de um ano. Muitos casos de
gastroenterite ocorrem em crianças com menos de 10 anos de idade, e os sintomas
costumam ser mais graves neste grupo de pessoas (MEADOW et al., 1985). A infecção
pode se tornar sistêmica, o que é mais comum em crianças e pacientes imunodeprimidos
(pacientes com câncer e AIDS) (SALYERS & WHITT, 1994).
Os surtos de salmoneloses envolvem diferentes tipos de alimentos, mas os
derivados de leite e de aves domésticas são os mais comuns. Os produtos derivados de
aves domésticas são uma fonte comum de infecção porque estes animais carregam,
normalmente, estas bactérias em seus tratos intestinais e, também, devido à alimentação
rica em proteínas destes animais, o que assegura que eles serão colonizados pela Salm.
Typhimurium e outros sorotipos de Salm. enterica. A bactéria contamina a carcaça após
o abate e a superfície de ovos. Foi demonstrado que as aves também transmitem a Salm.
enterica pela via transovariana. A gastroenterite resulta do cozimento inadequado dos
ovos e carne de aves domésticas, mas ela pode resultar de contaminação cruzada de
outros alimentos e pela carne crua das aves, por exemplo, quando se utiliza a mesma
faca para cortar a carne e fatiar os ingredientes de uma salada (SALYERS & WHITT,
1994).
As infecções por Salmonella acometem, geralmente, o trato digestivo. Em
camundongos, a Salm. Typhimurium causa uma doença sistêmica acompanhada de
sintomas semelhantes à febre tifóide causada pela Salm. Typhi em seres humanos,
independente da via de infecção. Classicamente, a cinética de infecção em
camundongos se caracteriza por quatro fases. A primeira se traduz pela rápida
33
eliminação de bactérias séricas. Durante a semana seguinte à infecção, a Salmonella se
replica ativamente dentro de células fagocitárias. Essa fase precede uma fase de platô,
caracterizada pelo reconhecimento de certos patógenos, por motivos moleculares
específicos, pelas células mononucleadas da linhagem fagocitária. Isso resulta na
produção de várias citocinas (TNF-α, IL-1, IL-6, IL-12, IFN-γ) e uma infiltração
massiva de monócitos e de neutrófilos polinucleares nos locais de inflamação. Na quarta
fase da infecção se instala a defesa inflamatória adquirida, fazendo intervir as células B
e T, assim como os fatores humorais que dela decorrem (SALEZ & MALO, 2004).
Os mecanismos de enteropatogenicidade nas salmoneloses são bastante
complexos, não sendo, ainda, completamente compreendidos. Sabe-se que a bactéria
possui diversos fatores de virulência, como adesinas, exoenzimas, enterotoxinas e
endototoxina (MAKELA et al., 1973; FRETER, 1981; KOO et al., 1984), além da
capacidade de invadir a mucosa gastrintestinal, multiplicar-se, disseminar-se e
sobreviver nas células do sistema retículo-endotelial (CARTER & COLLINS, 1974). A
Salm. Typhimurium adere e invade diferentes linhagens celulares de mamíferos,
incluindo células HeLa (GIANELLA et al., 1973), células Hep-2 (SNALL et al., 1987)
e células Henle (ALTMEYER et al., 1993).
Após sua ingestão e passagem pelo estômago, a Salmonella coloniza o intestino,
interagindo com e translocando através do epitélio intestinal, via três rotas: (i) invasão
ativa dos enterócitos, (ii) invasão das células M e, (iii) pelas células dentríticas que
intercalam as células epiteliais (TAKEUCHI, 1967; GRASSL & FINLAY, 2008). As
bactérias, aderidas à superfície das células epiteliais, induzem degeneração nas
microvilosidades do enterócito. Posteriormente, projeções citoplasmáticas das células
do hospedeiro circundam as bactérias até que elas fiquem contidas em vacúolos
envoltos por membrana. Ocorre, então, a reconstituição da borda em escova dos
enterócitos. A Salm. Typhimurium induz rearranjos na membrana celular como parte do
processo de internalização (FINLAY & FALKOW, 1990; FINLAY et al., 1992;
FRANCIS et al., 1992).
Em camundongos inoculados intragastricamente, observou-se que o sítio
primário de colonização por Salm. enterica é o íleo terminal (CARTER & COLLINS,
1974). Também foi observado que a Salmonella interagia, preferencialmente, com as
células das placas de Peyer (tecido linfóide associado ao intestino), como é o caso da
Salm. Typhimurium que, seguindo a rota oral de colonização, associa-se rapidamente
com o tecido das placas de Peyer (HOHMANN et al., 1978). A bactéria entra,
34
seletivamente, pelas células M do epitélio associado aos folículos linfóides (JONES et
al., 1994). A entrada bacteriana é seguida pela morte destas células M e, após a
eliminação destas células, os microrganismos movem-se lateralmente ao longo da
lâmina própria ou invadem os folículos, onde se multiplicam. Com o tempo, a infecção
progride para os linfonodos que drenam a região, chegando ao fígado e ao baço
(CARTER & COLLINS, 1974; NARDI et al., 1991). Em camundongos, a Salmonella
cresce em macrófagos residentes do fígado e do baço.
Os receptores de reconhecimento de patógenos, como os TLRs e NLRs
[nucleotide binding and oligomerization domain (NOD)-like receptors], são estimulados
pelos PAMPs (DELBRIDGE & O’RIORDAN, 2007). Os TLRs estão localizados nas
membranas plasmática e do fagossomo, e podem ser ativados por PAMPs como o LPS e
a flagelina. Os NLRs estão localizados no citoplasma, onde podem reconhecer PAMPs,
como o peptideoglicano. A ligação de PAMPs a esses receptores leva à ativação e
transcrição de fatores de transcrição e à subsequente produção de citocinas e
quimiocinas (GRASSL & FINLAY, 2008). A Salmonella possui, pelo menos, 4
ativadores de TLRs: LPS, lipoproteínas bacterianas, flagelina e DNA CpG, que ativam,
respectivamente, TLR4, TLR2, TLR5 e TLR9. Está claramente descrito que, in vitro,
células como macrófagos e células dendríticas podem “sentir” a Salmonella via TLRs e
induzir a produção de citocinas que também são relevantes nas respostas, in vitro,
contra a Salmonella (GEROLD et al., 2007).
Por ser uma bactéria Gram-negativo, a Salmonella exprime em sua parede
externa o LPS, uma molécula extremamente imunogênica. A LBP (LPS-binding
protein), proteína de ligação ao LPS, é uma proteína sérica cuja principal característica é
apresentar o LPS sob a forma monomérica ao receptor CD14, sua forma livre em
solução sendo micelar. Os primeiros trabalhos que colocaram em evidência o papel da
LBP, quando da infecção por Salm. Typhimurium, o descreveram como sendo
necessário para uma reação inflamatória eficaz para eliminar o patógeno invasivo
(JACK et al., 1997). O receptor CD14, presente majoritariamente nos monócitos e
macrófagos, é o receptor, por excelência, do LPS. Presente nos organismos sob a forma
membranar (mCD14) e solúvel (sCD14), ele possui em seu domínio carboxi-terminal,
um sítio de ligação para um grupamento GPI (fosfosil-fosfatidil-inositol), que favorece
a ancoragem à membrana celular, mas sem a atravessar, impedindo qualquer contato
com o meio citoplasmático e, assim, toda interação molecular permite a transdução do
sinal (SALEZ & MALO, 2004) (Figura 4).
35
A fixação do LPS à célula não provoca a ativação celular de imediato. O
intervalo de tempo necessário à ativação (15 a 30 minutos) se explica pela necessidade
de internalizar o complexo LPS/CD14. Alguns estudos mostram que o bloqueio da
fusão endossômica ou da internalização provocam uma ruptura na sinalização induzida
pelo LPS (TRIANTAFILOU & TRIANTAFILOU, 2002).
O complexo LPS/LBP pode gerar uma mensagem intracelular via o receptor
CD14, por intermédio de uma proteína dotada de um domínio transmembranar, o
receptor TLR-4, que reconhece especificamente o LPS. Esse receptor possui um
domínio extracelular, rico em leucina, e um domínio intracelular, homólogo ao domínio
intracelular do receptor de IL-1 (domínio TIR) (TAKEDA et al., 2003). A fixação do
complexo LPS/LBP ao complexo CD14/TLR-4 (em cooperação com MD2, uma
proteína perimembranar) produz a ativação de duas vias de sinalização distintas e
parcialmente reduntantes. Uma primeira via faz intervir duas proteínas adaptadoras,
MyD88 (“myeloid differentiation factor 88”) e TIRAP (“toll-interleukin 1 receptor
domain-containing adapter protein”) (BEUTLER et al., 2003), capazes de mobilizar a
via de sinalização dependente das proteínas IRAK4 (“interleukin 1 receptor-associated
kinase”), TRAF6 (“tumor necrosis factor receptor associated factor”), TAB1
(“transforming growth factor β-activated protein kinase-binding protein”) e TAK1
(“transforming growth factor β-associated kinase”), mas também as MAP quinases
(“MAPKK, MAP kinase kinase”) e a proteína p38. Essa cascata de ativações
moleculares, principalmente pela ubiquidade do complexo molecular NEMO (“nuclear
factor κB essential modifier”) / IKKα (“inhibitor of κB kinase α”) / IKKβ (“inhibitor of
κB kinase β”), induz a degradação de IκB, a translocação de NF-κB para o núcleo e a
ativação de AP-1 (“adaptor protein 1”) levando à ativação transcripcional de certos
genes que codificam as citocinas inflamatórias, tais como TNF-α, IL-1, IL-6, IL-8, IL-
12 ou ainda MIP1α (“macrophage inflammatory protein 1 α”). Independentemente de
TRAF6, o fator de transcrição C/EBPβ (“CCAAT/enhancer-binding protein β”) (ou NF-
IL-6) parece ser mobilizado desde a ativação dessa via (MyD88), por uma via de
sinalização ainda pouco descrita, e permite a produção de prostaglandina E
2
(UEMATSU et al., 2002). A outra via ativada após a ativação do receptor TLR-4 faz
intervenir uma via independente de MyD88, onde duas outras proteínas adaptadoras
intervêm, TRAM (“TRIF-related adapter molecule”) e TRIF (“Toll/interleukin-1
receptor domain-containing adaptor protein inducing interferon β”) (YAMAMOTO et
36
al., 2002). Essas proteíns adaptadoras, assim como MyD88/TIRAP, ativam não apenas
a via de MAP quinases e a proteína p38, mas também uma via que lhes é própria e que
permite a síntese de IFN-β (“interferon β”), NOS2 (“nitric oxide sintase 2”) e de IP-10
(“interferon inducible protein 10”) após a ativação do fator de transcrição IRF-3
(“interferon regulatory factor 3”) (BEUTLER et al., 2003). Todo esse processo de
sinalização pode ser visualizado, esquematicamente, na Figura 4.
O TLR-4 não exerce apenas um papel de reconhecimento do patógeno, ele
intervém, também, na fagocitose de bactérias Gram-negativo e Gram-positivo. Esse
efeito é regulado pela cascata de sinalização MyD88/IRAK-4/p38 (DOYLE et al.,
2004).
A Salmonella é, também, reconhecida pelo TLR-5. Contrariamente ao TLR-4,
que possui vários ligantes diferentes, o TLR-5 apresenta uma afinidade exclusiva pela
flagelina. Essa proteína, expressa nos flagelos bacterianos, possui uma capacidade
extremamente imunogênica, como sua capacidade de ativação do sistema fagocitário
mononuclear (HAYASHI et al., 2001) e de células epiteliais da mucosa intestinal
(GEWIRTZ et al., 2001). TLR-5 induz uma mensagem similar à do TLR-4, uma vez
que a via ativada mobiliza NF-κB e induz a produção de citocinas pro-inflamatórias
como TNF-α e IL-6 (HAYASHI et al., 2001) (Figura 4).
Em contato com a célula hospedeira, a Salmonella estimula sua própria captura
pelas células epiteliais. A habilidade dessa bactéria em entrar na célula hospedeira é
central para o sucesso da infecção. Para isso ela faz uso de um aparato, conhecido como
secreção do tipo 3 (TTSS, “type three secretion system”), onde ela introduz na célula
hospedeira um conjunto de proteínas efetoras que são capazes de mimetizar as funções
de várias proteínas da célula hospedeira (GALÁN, 2001). O mecanismo de entrada na
célula é caracterizado por um profundo rearranjo do citoesqueleto de actina no local
onde a bactéria entra em contato com a célula hospedeira (PATEL & GALÁN, 2005).
Esse remodelamento do citoesqueleto da célula induz a membrana a formar extensões
celulares que envelopam a bactéria, conduzindo à entrada da bactéria em vacúolos
ligados à membrana. Essa entrada em células não fagocíticas é absolutamente
dependente da liberação de proteínas efetoras específicas introduzidas na célula
hospedeira via TTSS codificadas pela ilha de patogenicidade 1 da Salmonella (SPI-1,
Salmonella pathogenicity island 1”). Esses fatores de virulência funcionam em
37
conjunto para empregar as proteínas da célula hospedeira e orquestrar uma série de
eventos que culminam na entrada da bactéria (PATEL et al., 2005).
Figura 4. Sinalização celular induzida pela Salmonella logo após o seu reconhecimento
pelos receptores TLR-4 e TLR-5. (SALEZ & MALO, 2004).
38
Um alvo celular chave é a família de proteínas Rho, que são pequenas GTPases
(“Guanidine Tri-Phosphatases”) reguladoras centrais do citoesqueleto eucarioto
(ETIENNE-MANNEVILLE & HALL, 2002). As RhoGTPases funcionam como
“ativadores/desativadores” moleculares, alternando entre a forma GTP-ligada ativa e a
forma GDP-ligada inativa. Essa troca binária de nucleotídeos induz mudanças
estruturais definidas (VETTER & WITTINGHOFER, 2001). A Salmonella possui uma
estratégia sofisticada para modular reversivelmente essa função ativadora/desativadora
das RhoGTPases. Ela codifica três proteínas efetoras do tipo III, SopE, SopE2 (que são
intimamente relacionadas) e SopB, que diretamente engajam e ativam dois importantes
membros da família Rho: Cdc42 e Rac (HARDT et al., 1998; STENDER et al., 2000),
levando ao remodelamento de actina. SopE e SopE2 catalizam diretamente a ativação
de GTPase, enquanto SopB funciona indiretamente, via manipulação de
fosfoinositídeos. A membrana plasmática está intimamente associada com o
citoesqueleto de actina, e essa interação depende de fosfatidilinositol 4,5-bifosfato
[PtdIns(4,5)P
2
]. SopB/SigD é uma inositol fosfatase, que induz um rápido
desaparecimento de PtdIns(4,5)P
2
pela invaginação de regiões da membrana durante a
invasão pela Salmonella. Isso aumenta a elasticidade para facilitar o remodelamento da
membrana plasmática associada à entrada da bactéria (RAUCHER et al., 2000;
TEREBIZNIK et al., 2002).
Além das 3 proteínas efetoras citadas anteriormente, duas outras proteínas são
translocadas, SipA, que se liga a e estabiliza a actina, e SipC, que induz nucleação e
polimerização da actina (ZHOU & GALÁN, 2001). Após a invasão, uma proteína
efetora do tipo III, SptP, age como uma proteína ativadora de GTPase (GAP, “GTPase-
activating protein”) para Cdc42 e Rac, inativando essas proteínas G e retornando a
morfologia celular a um estado relativamente normal (FU & GALÁN, 1999) e as
bactérias internalizadas ocupam o vacúolo gerado pela fusão das vesículas induzidas por
SopB.
Após a internalização, o vacúolo contendo a Salmonella (SCV, Salmonella-
containing vacuole”) interage, seletivamente, com a maquinaria endocítica do
hospedeiro. Inicialmente, o SCV adquire os marcadores endossômicos precoces, EEA1
e Rab5, que são sequencialmente substituídos pelo endossomo tardio, e marcadores
lisossômicos Rab 7 e glicoproteínas lisossômicas (Lgps, lysosomal glycoproteins).
Entretanto, o SCV não se funde diretamente com os endosomos e lisossomos, em parte
devido à atividade fosfatase fosfoinositídica de SopB (PATEL et al., 2005). À medida
39
que a infecção progride, as proteínas do TTSS contidas na ilha de patogenicidade 2 da
Salmonella (SPI-2, Salmonella pathogenicity island 2”) (SPI2-TTSS) libera proteínas
efetoras adicionais e a replicação bacteriana é iniciada. A proteína SifA é essencial para
a formação de filamentos induzidos pela Salmonella (Sifs, Salmonella-induced
filaments”), túbulos da membrana alongados que emanam do SCV. SifA, SopD2, SseF,
SseG e SseJ se localizam no SCV e em Sifs, e participam da formação da membrana
(BEUZÓN et al., 2000; BRUMELL et al., 2001; BRUMELL et al., 2002; KUHLE &
HENSEL, 2002; RUIZ-ALBERT et al. 2002; BRUMELL et al., 2003; FREEMAN et
al., 2003). Todo esse processo de internalização da Salmonella pela célula hospedeira
pode ser visualizado, esquematicamente, na Figura 5, adaptada a partir de PATEL et al.
(2005).
Somado às modificações pós-transducionais transitórias ocorridas devido à
entrada da Salmonella, ela induz mudanças drásticas nos níveis transcricionais e
transducionais das células infectadas, em especial nas células epiteliais que, após a
infecção, se comportam como sentinelas pela indução de um programa transcricional,
cuja principal função é regular os mecanismos da defesa imune inata (COSSART &
SANSONETTI, 2004). Isso ocorre, principalmente, em resposta à indução de NF-κB,
que regula uma boa parte dos genes pró-inflamatórios. Esse programa pró-inflamatório
das células epiteliais - em contraste com a sinalização extracelular, que é mediada pelos
TLRs em células fagocíticas, na presença de PAMPs bacterianos - parece ser mediado
por um sistema sensor intracelular envolvendo proteínas citosólicas da família Nod
(GIRARDIN et al., 2001). Nod1 é prevalente nas células epiteliais do intestino e
reconhece muropeptídeos presentes no peptideoglicano de bactérias Gram-negativo.
Uma outra proteína citosólica, Nod2, reconhece peptideoglicanos de qualquer bactéria,
essencialmente porque ela é capaz de reconhecer o muramil-dipeptídeo, uma estrutura
comum a todos os peptideoglicanos (GIRARDIN et al., 2003).
Pela sua capacidade de regular a transcrição gênica e por outras vias, a
Salmonella pode controlar o destino da célula hospedeira. Dentre os mais intrigantes
paradigmas está a capacidade dessa bactéria de controlar os processos apoptóticos da
célula. A proteína SipB, liberada pelo TTSS, ativa a caspase-1 (uma cisteíno-protease
pró apoptótica), que ativa apoptose em macrófagos infectados enquanto inicia, também,
uma resposta inflamatória, via processamento ou maturação de duas potentes citócinas
pró-inflamatórias, IL-1β e IL-18 (HERSH et al., 1999; HILBI et al., 1998).
40
Figura 5. Interação da Salmonella com as células epiteliais. (a) Em contato com a
célula hospedeira, a Salmonella libera várias proteínas efetoras que manipulam o
citoesqueleto celular e induz a entrada da bactéria. SopE, SopE2 e SopB ativam Cdc42 e
Rac, levando ao remodelamento do citoesqueleto. SipA e SipC estabilizam a actina e
induzem nucleação e polimerização da actina. (b) Após a internalização da bactéria,
SptP reverte a função de SopE, SopE2 e SopB. (c) Após a internalização, o SCV
interage, seletivamente, com a maquinaria endocítica do hospedeiro. (d) Assim que a
infecção progride, SPI2-TTSS libera outras proteínas efetoras e a replicação bacteriana
é iniciada. (PATEL et al., 2005).
41
A interação da Salmonella com as células epiteliais polarizadas induz a liberação
de potentes quimiocinas que direcionam a migração de células polimorfonucleares
(PMN, “polymorphonuclear leukocytes”) (MCCORMICK et al., 1993; MCCORMICK
et al., 1995; MCCORMICK et al., 1998). Por exemplo, IL-8 é secretada
basolateralmente nas células epiteliais e funciona atraindo PMN do espaço
intravascular, via lâmina própria, para dentro da mucosa infeccionada (MCCORMICK
et al., 1995). PEEC (“pathogen-elicited-epithelial-chemoattractant”) é secretado na
parte apical das células epiteliais e direciona a migração de PMN através da camada
epitelial pelas junções serreadas (MCCORMICK et al., 1998). A secreção contínua e
polarizada de IL-8 e PEEC pelas células epiteliais é responsável por direcionar a
movimentação de PMN, no lúmen intestinal, em resposta a infecções por Salmonella
não-tifóide em seres humanos. A ativação do promotor de IL-8 durante a invasão de
células epiteliais é, primariamente, dependente de NF-κB pela ativação do TLR-5
(GEWIRTZ et al., 2001).
O estudo de salmoneloses em camundongos utilizando a Salm. Typhimurium é
um excelente modelo, pois os sintomas provocados por esta bactéria e pela Salm.
Choleraesuis são muito semelhantes aos sintomas da febre tifóide causada pela Salm.
Typhi em seres humanos (SALYERS & WHITT, 1994). Os resultados obtidos nestes
estudos têm sido extrapolados para a compreensão de vários aspectos da infecção
causada pela Salm. Typhi. Em condições experimentais normais, este último sorotipo
não é virulento para o camundongos, sendo incapaz de induzir uma doença progressiva
neste animal (CARTER & COLLINS, 1974).
I.6 Probióticos e Salmonella
O efeito de probióticos em casos de salmoneloses vem sendo demonstrado
alguns anos. Estudando o efeito protetor de diversos microrganismos em ensaios
laboratoriais, relatou-se, utilizando um modelo animal, que probióticos como S.
boulardii, S. cerevisiae, E. coli EMO, B. longum, B. bifidum, E. faecium e L.
acidophilus (RODRIGUES et al., 1996; SILVA et al., 1999; LIMA FILHO et al., 2000;
MAIA et al., 2001; MOURA et al., 2001; SILVA et al., 2002; MARTINS et al., 2005a)
conferem um efeito protetor aos animais desafiados com Salm. Typhimurium e, que na
maioria desses casos, o efeito benéfico é devido, pelo menos em parte, a um aumento da
42
resposta imune do hospedeiro devido ao tratamento com o probiótico (NEUMANN et
al., 1998; RODRIGUES et al., 2000; GILL et al., 2001; LIMA FILHO et al., 2004;
SILVA et al., 2004).
Trabalhando com uma mistura de probióticos (duas linhagens de L. murinus, L.
salivarius subsp. salivarius, L. pentosus e Pediococcus
pentosaceous) para suínos,
CASEY et al. (2007) observaram que os animais tratados e desafiados com Salm.
Typhimurium apresentaram um número menor de episódios de diarréia, com uma
menor gravidade e duração, além de maior ganho de peso, quando comparados com
animais controle. Ao contrário do que havia sido observado em outros trabalhos, eles
observaram que essa associação de probióticos possibilitou uma diminuição nos níveis
fecais da Salmonella, em relação ao controle, após 15 dias de infecção, demonstrando
que o tratamento possibilitou uma melhora clínica e microbiológica. Vários autores
hipotetizam que o efeito benéfico dos probióticos contra desafios patogênicos com
Salmonella pode ser explicado pela inibição do crescimento dos patógenos pela
diminuição do pH, produção de bacteriocinas e outras substâncias inibidoras de
crescimento de patógenos (FAYOL-MESSAOUDI et al., 2005; MAKRAS et al., 2006;
THEPPANGNA et al., 2006); entretanto, vários trabalhos in vivo sugerem que o efeito
benéfico é, na grande maioria das vezes, explicado por outros mecanismos como a
imunomodulação (NEUMANN et al., 1998; RODRIGUES et al., 2000; LIMA FILHO
et al., 2004; SILVA et al., 2004).
Também utilizando um sistema in vivo, WATERS et al. (2005) observaram que
em pássaros tratados com uma cultura contendo microrganismos do ceco e com uma
cultura comercial, a contagem de Salm. Typhimurium diminuía significantemente,
sendo que a cultura comercial proporcionou uma melhor proteção contra o patógeno.
Análises do ceco dos animais experimentais não acusaram diferenças entre os grupos,
no que se referia ao pH ou concentrações de acetato ou propionato. Entretanto, um
aumento nos níveis de butirato foi observado no ceco dos animais tratados com as duas
culturas, em relação ao controle. PROMSOPONE et al. (1998) também observaram
uma diminuição nos níveis de Salm. Typhimurium em aves tratadas com L. acidophilus,
E. faecium e anticorpos anti- Salm. Typhimurium. Essa diminuição nos níveis de Salm.
Typhimurium em animais tratados com L. acidophilus e lactose não foi observada por
JOHANNSEN et al. (2004), o que demonstra que o efeito benéfico não é oferecido por
todos os microrganismos e que, na grande maioria das vezes, esse efeito é espécie-
específico.
43
Trabalhando com uma associação de probióticos para cães, contendo L.
acidophilus, E. faecium e S. cerevisiae, MAIA et al. (2001), utilizando o modelo de
camundongos isentos de germes, observou que apenas o E. faecium promovia uma
proteção intestinal e uma menor mortalidade significativa, e que essa proteção não foi
devido a uma diminuição dos veis intestinais de Salm. Typhimurium. Também
utilizando o mesmo enteropatógeno, RODRIGUES et al. (1996) observaram uma
proteção em camundongos isentos de germes e convencionais tratados com S. boulardii,
e que essa proteção estava intimamente relacionada com a imunomodulação promovida
pela levedura (RODRIGUES et al., 2000). SILVA et al. (1999) observaram um efeito
protetor de B. bifidum contra Salm. Typhimurium e correlacionaram esse efeito a uma
capacidade imunomoduladora desse probiótico e uma diminuição da resposta
inflamatória (SILVA et al., 2004). Resultados semelhantes, no que diz respeito a
proteção e efeito imunomodulador, foram encontrados por LIMA FILHO et al. (2004),
utilizando E. coli EMO em animais isentos de germes desafiados com Salmonella.
I.7 As vias de sinalização celular
Os diferentes estímulos externos são integrados, internamente, por vias de
sinalização celular. Desse modo, no nível dos enterócitos, duas grandes vias de
sinalização celular se distinguem: o fator de transcrição NF-κB e a via das MAP
quinases.
I.7.1 O fator de transcrição NF-κ
κκ
κB
O fator nuclear κB é um fator de transcrição que desempenha um papel crítico
na coordenação das respostas imune, inata e adaptativa, regulando a expressão gênica de
vários mediadores celulares (ZINGARELLI et al., 2003). Este fator foi descrito, pela
primeira vez, em 1986, por Sen e Baltimore, como um fator nuclear capaz de se ligar à
cadeia leve kappa (κ) de imunoglobulinas de linfócitos B, onde ele regula a transcrição
(SEN & BALTIMORE, 1986). Sabe-se, atualmente, que o NF-κB é um fator ubíquo,
expresso na maioria dos tipos celulares, e que é um dímero composto de membros da
44
família Relish (Rel). Este fator reconhece a sequência consenso 5’GGGRNNYYCC3’,
onde R é uma purina, Y, uma pirimidina e, N, qualquer base.
Nos vertebrados a família NF-κB/Rel engloba cinco sub-unidades, chamadas
p50, p52, p65 (RelA), c-Rel e RelB. Essas sub-unidades podem formar homodímeros ou
heterodímeros em várias combinações. A mais comum consiste de dois polipeptídeos de
50 kDa (p50) e 65 kDa (p65). Normalmente, o NF-κB se encontra no citoplasma, numa
forma fisicamente inativa, devido à associação a proteínas inibidoras conhecidas como
IκBs (Inhibitor κB proteins). Sete formas diferentes de IκBs são conhecidas: IκB-α,
IκB-β, IκB-γ, IκB-ε, Bcl-3, p100 e p105, sendo a IκB-α a mais conhecida e mais bem
estudada (ZINGARELLI, 2005). O NF-κB pode ser ativado por diversos sinais, como:
bactérias Gram-positivo e Gram-negativo, produtos bacterianos (endotoxinas,
peptideoglicanos, ácido lipoteicoico), vírus e componentes virais, protozoários,
citocinas (como TNF-α e IL-1β), radicais livres e agentes oxidantes (CAAMANO &
HUNTER, 2002).
Estudos in vitro, utilizando culturas celulares e, também, estudos in vivo,
utilizando modelos animais para estudo de sepse, mostraram que a ativação do NF-κB é
rápida e ocorre poucos minutos após o desafio microbiano (CAAMANO & HUNTER,
2002; SHEEHAN et al., 2002; SHEEHAN et al., 2003; ZINGARELLI et al., 2003). A
ativação desse fator de transcrição requer a fosforilação de seus inibidores fisiológicos,
isto é, as IκBs, em especial a IκB-α, em resíduos específicos de serina. Este evento de
fosforilação é mediado por um complexo de três proteínas quinases de IκB (IKKs):
IKK-α, IKK-β e IKK-γ, estas ativam a degradação subsequente de IκBs pelo
proteasoma 26S (ZINGARELLI et al., 2003). A degradação proteolítica das IκBs
permite que o NF-κB se transloque para o núcleo, onde ele regula a expressão de
centenas de genes que são importantes nas respostas imune e inflamatória
(ZINGARELLI et al., 2003) (Figura 6). Esses incluem genes para citocinas, moléculas
de adesão e quimioquinas, receptores requeridos para a adesão de neutrófilos e sua
transmigração nas paredes dos vasos sanguíneos, receptores envolvidos no
reconhecimento imune (como membros do complexo principal de histocompatibilidade)
e proteínas envolvidas na apresentação de antígenos. Ativando a expressão de vários
genes que interagem no processo de apoptose e regulam a sobrevivência e proliferação
celular, o NF-κB também modula a sobrevivência de neutrófilos e a proliferação e
diferenciação de linfócitos B e T no local de infecção, permitindo que essas células
45
desempenhem suas funções imunológicas e antimicrobianas (SEN & BALTIMORE,
1986; CAAMANO & HUNTER, 2002; ZINGARELLI et al., 2003).
Figura 6. Ativação do fator de transcrição NF-κB. O NF-κB é mantido no citoplasma
pelas proteínas inibidoras IκBs. Sob determinados estímulos, IκB é fosforilado,
ubiquitinado e degradado, e o NF-κB fica livre para migrar para o núcleo, onde induz a
transcrição de diversos genes dependentes de κB. NF-κB é, depois, inativado por novas
proteínas IκBs sintetizadas. (JOBIN & SARTOR, 2000).
46
Além do controle da resposta imune, o NF-κB estimula, também, a expressão de
enzimas cujos produtos contribuem para a patogênese da resposta inflamatória,
incluindo a ciclo-oxigenase-2, a forma induzível da óxido nítrico sintase, e uma
variedade de citocinas pro-inflamatórias. Vários desses mediadores inflamatórios, que
são regulados pelo NF-κB (como TNF-α e IL-1β) podem, por sua vez, ativar este fator
de transcrição, criando, dessa forma, um ciclo inflamatório que se auto-mantém, o que
aumenta a gravidade e a duração da resposta inflamatória (CAAMANO & HUNTER,
2002; ZINGARELLI et al., 2003). Do mesmo modo, como parte de um controle de
“feedback” negativo do processo inflamatório, o NF-κB induz a transcrição de seu
próprio inibidor (IκB-α), ativando um mecanismo que limita sua própria ativação.
Desse modo, é possível que exista um balanço dinâmico entre o mecanismo de defesa e
o papel inflamatório do NF-κB durante a infecção. Entretanto, esse balanço pode ser
desligado quando a infecção ativa uma resposta inflamatória sistêmica exagerada,
levando a uma ativação prolongada do NF-κB e inapropriada expressão de moléculas
tóxicas (CAAMANO & HUNTER, 2002; ZINGARELLI et al., 2003).
I.7.2 As MAP quinases
As MAP quinases são vias de sinalização fortemente conservadas ao longo da
evolução. As vias envolvendo as MAP quinases constituem as vias mais importantes da
transdução do sinal, da superfície celular ao núcleo. Elas estão implicadas na
proliferação, diferenciação e morte celular. São uma cascata onde cada membro ativa
outro por fosforilação dos resíduos treonina e/ou tirosina. Na extremidade da cadeia
encontramos as MAP quinases controle. A cascata clássica de MAP quinase consiste da
ativação de três proteínas quinases intracelulares, que se inicia quando o primeiro
membro, MAP quinase quinase quinase (MAPKKK), é ativada. MAPKKK é uma
proteína quinase que fosforila e ativa MAP quinase quinase (MAPKK), e essa ativação
é seguida pela ativação de uma MAP quinase específica (Figura 7). Dessa maneira, as
MAPKs ativam numerosas proteínas quinases, proteínas nucleares e fatores de
transcrição, levando a uma transdução do sinal. A ativação da cascata de MAPK é
rápida e possibilita às células responder a mudanças ambientais de uma maneira
regulada. Três grandes grupos de MAP quinases são reconhecidas em células de
47
mamíferos: ERK1/2 (extracellular signal regulated kinase), p38 e JNK (c-Jun NH
2
terminal kinase) (WAETZIG & SCHREIBER, 2003; CUSCHIERI & MAIER, 2005)
que, junto com NF-κB, controlam a resposta celular ao estresse e à inflamação.
Figura 7. Esquema mostrando a sinalização celular via cascata das MAP quinases
ERK, JNK e p38. (KATSOULIDIS et al., 2005).
48
I.7.2.1 ERK
ERK foi a primeira proteína da família das MAPKs identificada, apresentando-
se sob duas isoformas, ERK1 e ERK2, também conhecidas por p44 e p42 MAPK e,
normalmente, referida como ERK1/2 (p44/42). Esta proteína es envolvida,
primariamente, na proliferação, transformação e diferenciação (COWLEY et al., 1994;
HILL & TREISMAN, 1995; HUNTER, 1995; MARSHALL, 1995). Sua ativação é
iniciada pela fosforilação e ativação de Raf (MAPKKK), seguida da fosforilação e
ativação de MKK1/2 (MAPKK), que leva à ativação de ERK1/2 (MAPK) (KOLCH,
2000) (Figura 7). A ativação da MAPK ocorre pela fosforilação de treonina e tirosina
(202 e 204 da MAPK humana - ERK1 - ou 183 e 185 de rato - ERK2) na sequência
T*EY* de MEK (STURGILL et al., 1988; PAYNE et al., 1991). Raf é uma quinase
altamente conservada que é ativada pela proteína G, Ras. Ras é ativada pela interação
com o complexo Grb2-SOS, onde SOS catalisa a formação do complexo Ras-guanosina
trifosfato (GTP). Esse complexo se liga a Raf e o ativa de um modo dependente de
cálcio (CUSCHIERI et al., 2002). Essa cascata é ativada por diversos mitógenos,
incluindo EGF (fator de crescimento epidérmico, epidermal growth factor), fator de
crescimento derivado de plaquetas, tromboxano A, angiotensina II, TGF-β, insulina,
citocinas, hormônios e neurotransmissores (COBB et al., 1994). Adicionalmente, ERK
é ativado em resposta à endotoxina, estresse oxidativo, fator ativador de plaquetas
(PAF, “platelet activating factor”) e aderência por células do sistema imune inato como
monócitos e macrófagos.
I.7.2.2 p38
p38 MAPK, também conhecida como RH (ROUSE et al., 1994) ou CSBP (HAN
et al., 1994), é ativada em resposta a estresses fisiológicos, endotoxina, estresse
osmótico, exposição a raios ultravioleta, citocinas inflamatórias, LPS e fatores de
crescimento (FRESHNEY et al., 1994; HAN et al., 1994; LEE et al., 1994; ROUSE et
al., 1994; RAINGEAUD et al., 1995) e participa na cascata de sinalização, controlando
as respostas celulares a citocinas e estresses (FRESHNEY et al., 1994; HAN et al.,
1994; LEE et al., 1994; ROUSE et al., 1994). Cinco isoformas do grupo p38 foram
identificadas: p38-α (SAPK2), p38-β, p38-β2, p38-γ (SAPK3) e p38-δ (CHEN et al.,
49
2001). A expressão dessas isoformas varia entre os tecidos. p38-α é altamente expressa
em leucócitos e médula óssea, p38-β é expresso no coração e no cérebro, e p38-γ é
expresso, predominantemente, nos músculos esqueléticos. A ativação de p38 é iniciada
pela fosforilação e ativação de MEKK4, TAK1, ASK-1, MLK3 (MAPKKK), seguida
da fosforilação e ativação de MKK 3,4,6 (MAPKK), que fosforila p38 (MAPK) nos
resíduos treonina 180 e tirosina 182 (CUSCHIERI & MAIER, 2005) (Figura 7).
Os principais substratos para p38 incluem proteína quinase 2 ativada por MAPK
(MAPKAP-K2) e MAPKAP-K3, que são serino-proteínas quinases conhecidas por
ativarem a proteína de choque térmico p27 (HSP-27, heat shock protein-27) (LARSEN
et al., 1997), que é uma proteína ligadora de actina que ajuda a reparar o citoesqueleto
de actina e inibe a apoptose, além de possuir algumas propriedades anti-inflamatórias.
p38 também fosforila e ativa os fatores de transcrição ATF-2 e SP1. ATF-2 é crítico na
ativação de várias proteínas inflamatórias (RAINGEAUD et al., 1995), enquanto SP1
parece ser crítico na transcrição da citocina anti-inflamatória IL-10 (MA et al., 2001).
I.7.2.3 JNK
A MAPK JNK foi originalmente identificada como uma proteína quinase de 54
kDa ativada por estresse e, por isso, é também conhecida por SAPK (stress-activated
protein kinase). Ela é ativada por vários estímulos que ativam p38, como LPS, TNF-α,
IL-1, estresse osmótico e radiação ultravioleta (DAVIS, 1999; ICHIJO, 1999; CHEN et
al., 2001; KYRIAKIS & AVARUCK, 2001). As proteínas quinases JNK são
codificadas por três genes: JNK1, JNK2 e JNK3. JNK 1 e 2 são expressos de forma
ubíqua, enquanto JNK3 é expresso apenas no cérebro, coração e testículos. Quando
ativada como um dímero, JNK se transloca para o núcleo onde regula a transcrição, via
seus efeitos no c-Jun, ATF-2 e outros fatores de transcrição. A ativação de JNK é
iniciada pela fosforilação e ativação de MEKK1-5, TAK1, ASK1 e MLK1-4
(MAPKKK), seguida da fosforilação e ativação de MKK4 e MKK7 (MAPKK), que
fosforila JNK (MAPK) na treonina 183 e tirosina 185 (CUSCHIERI & MAIER, 2005)
(Figura 7).
O JNK ativado fosforila ATF-2, Elk-1 e c-Jun. Desse modo, JNK desempenha
um importante papel na ativação do fator de transcrição AP-1, que é constituído de um
50
homodímero c-Jun ou um complexo c-Jun-c-Fos. Embora os efeitos de JNK não sejam
tão bem compreendidos como aqueles de ERK e p38, este desempenha um importante
papel na expressão de TNF e óxido nítrico sintase induzível em macrófagos e monócitos
(LAHTI et al., 2003). Adicionalmente, JNK desempenha um papel na proliferação de
células T, diferenciação e produção de IL-2.
Os sinais de estresse são transmitidos a essa cascata pelas pequenas proteínas
GTPases da família Rho (Rac, Rho, Cdc42). Rac1 e Cdc42 medeiam a estimulação de
MEKKs e MLKs. Alternativamente, MKK4-7 podem ser ativadas por uma via
independente de GTPases, via estimulação de um membro da família quinase centro
germinal (GCK, germinal center kinase) (KYRIAKIS, 1999).
I.8 Interleucina-8
Uma infecção ou um dano no organismo sempre resulta em inflamação, cuja
principal característica é o recrutamento de neutrófilos do sangue para o tecido onde
ocorreu o dano. Esse processo é direcionado por polipeptídeos quimiotáticos de 8 a 14
kDa, conhecidos como quimiocinas. Aproximadamente, 40 quimiocinas são conhecidas
hoje em dia (ZLOTNIK & YOSHIE, 2000). A IL-8 foi identificada em 1987 como um
novo tipo de citocina ativadora de neutrófilos e muitas de suas propriedades, incluindo
sua estrutura tri-dimensional, receptores, mecanismos de sinalização e funções
adicionais na angiogênese, progressão de tumores, mitose e remodelamento tissular, são
bem conhecidas (BAGGIOLINI & CLARK-LEWIS, 1992). Uma de suas principais
propriedades é a variação nos níveis de expressão. Normalmente, a IL-8 é fracamente
secretada em células não-induzidas, mas sua produção é rapidamente induzida por uma
grande variedade de estímulos, que abragem as citocinas pró-inflamatórias, como TNF-
α ou IL-1 (KASAHARA et al., 1992; BRASIER et al., 1998), bactérias (AIHARA et
al., 1997; HOBBIE et al., 1997), produtos virais (MURAYAMA et al., 1997;
MASTRONARDE et al., 1998) e estresse celular (DEFORGE et al., 1993; SHAPIRO
& DINARELLO, 1995; LEE et al., 1997; SONODA et al., 1997). Entretanto, alguns
estímulos, como IL-1 e TNF-α, aumentam a expressão de IL-8 em mais de 100 vezes
(KASAHARA et al., 1992; MURAYAMA et al., 1997; SONODA et al., 1997;
BRASIER et al., 1998), enquanto outros, como certas bactérias ou o EGF, causam um
aumento mais moderado, de 5 a 10 vezes, na secreção de IL-8 (AIHARA et al., 1997;
51
HOBBIE et al., 1997; HOLTMANN et al., 1999). Os níveis máximos de IL-8 são
gerados pela combinação de três diferentes mecanismos: (i) a desrepressão do fator de
transcrição, (ii) a ativação transcricional do gene pelo NF-κB e pela proteína quinase
JNK e, (iii) pela estabilização do mRNA pela MAPK p38 (HOFFMANN et al., 2002)
(Figura 8).
Em células não estimuladas, o fator de repressão do NF-κB (NRF, NF-κB
repressing factor) previne a transcrição de IL-8 (NOURBAKHSH et al., 2001). A
ligação de IL-1 ou TNF-α à superfície celular resulta na formação de complexos
receptores multiméricos que recrutam as proteínas adaptadoras TRAF6 e TRAF2,
respectivamente (MALININ et al., 1997; BAUD et al., 1999; NINOMIYA-TSUJI et al.,
1999). A oligomerização de TRAF provoca a ativação de MAPKKK, assim como
TAK1, NIK1 ou MEKK1, por mecanismos ainda desconhecidos (MALININ et al.,
1997; BAUD et al., 1999; NINOMIYA-TSUJI et al., 1999). TAK1 ou MEKK1 ativa
MKK7-JNK e a via IKK-β/-γ (CHU et al., 1999; HOLTMANN et al., 1999;
SCHMIDT-SUPPRIAN et al., 2000; HOLTMANN et al., 2001; NOURBAKHSH et al.,
2001). Os alvos diretos de JNK, assim como as proteínas ligadoras para o local de AP-
1, ainda não foram identificadas, enquanto IKK fosforila IκB, permitindo a liberação de
NF-κB (ZANDI & KARIN, 1999). A subunidade p65 do NF-κB transloca para o núcleo
e se liga ao local do promotor de IL-8 (CHEN et al., 1998; NOURBAKHSH et al.,
2001), onde interage com NRF e fatores de transcrição de AP-1 (HOLTMANN et al.,
1999; NOURBAKHSH et al., 2001). Modificações pós-transducionais, como
fosforilação dos domínios de transativação de AP-1 (WHITMARSH & DAVIS, 1996) e
NF-κB (SCHMITZ et al., 2001), recrutamento do coativador (CBP/p300) (VANDEN
BERGHE et al., 1999) e fosforilação ou acetilação de histonas (VANDEN BERGHE et
al., 1999; ASHBURNER et al., 2001; WEN & WU, 2001), resultam na remodelagem
da cromatina e numa forte transcrição de IL-8. Os elementos cis para AP-1, NF-κB e
NRF não podem ser alterados sem diminuírem JNK ou a transcrição de IL-8 mediada
por NF-κB (HOLTMANN et al., 1999; NOURBAKHSH et al., 2001), favorecendo um
modelo onde todas as proteínas envolvidas na transcrição interajam para formar um
complexo multi-protéico. Essa estrutura favorece um contato máximo com a RNA
polimerase II, que se auto-fosforila (NISSEN & YAMAMOTO, 2000). Os novos
transcritos sintetizados são rapidamente estabilizados pela MAPK p38, que tem como
alvo elementos ARE (elementos cis ricos em unidades de absorbância, “absorbance unit
52
(AU)-rich cis-elements”) no mRNA para IL-8, por um mecanismo ainda desconhecido
que pode envolver proteínas que se ligam ao ARE (WINZEN et al., 1999).
Figura 8. Esquema mostrando as vias de transdução do sinal essenciais para a regulação
do gene para IL-8. Após ativadas por diversos estímulos, as proteínas adaptadoras,
TRAF 6 e TRAF 2, ativam as vias das MAPKs, assim como fosforila IκB. O NF-κB
transloca-se para o núcleo onde, junto com a proteína AP-1, ativada pela MAPK JNK,
ativam a transcrição do gene para IL-8. O mRNA sintetizado é rapidamente estabilizado
pela MAPK p38. (HOFFMANN et al., 2002).
53
I.9 O modelo animal gnotobiótico
Uma importante estratégia experimental para estudar as relações que ocorrem
entre os microrganismos e seus hospedeiros é a utilização de um modelo animal isento
de germes (IG). Neste caso, deve-se, primeiro, definir as funções celulares na ausência
de microrganismos e, depois, avaliar os efeitos da adição de um único microrganismo
ou de uma população definida de microrganismos. A criação de animais sob condições
isentas de germes tem desenvolvido um campo científico para este propósito, a
gnotobiologia. O termo gnotobiótico foi proposto para designar o campo de
investigação interessado na criação de animais e plantas que estão livres de todos os
microrganismos, ou associados somente a espécies conhecidas (TREXLER, 1978). A
palavra gnotobiologia é derivada do grego onde “gnotos” e “biota” significam,
respectivamente, conhecida e vida (GUSTAFSSON, 1948). Os animais IG são, de um
certo modo, uma extensão do conceito de cultura pura, permitindo o estudo das
interações do hospedeiro com os microrganismos, sem a interferência dos organismos
associados (GORDON & PESTI, 1971; TREXLER, 1978).
A tecnologia da gnotobiologia depende da habilidade de controlar a composição
do ambiente no qual o organismo se desenvolve e funciona. O uso combinado de
organismos geneticamente manipulados e gnotobióticos têm o potencial de fornecer
novas e importantes informações sobre como uma bactéria afeta o desenvolvimento
normal, o estabelecimento e a manutenção do sistema imune associado à mucosa e as
funções célula-epitélio. Além do mais, a gnotobiologia pode ajudar no estudo sobre as
etiologias de doenças infecciosas, condições inflamatórias agudas e crônicas
(FEDORAK, 1995; SARTOR, 1995) e, possivelmente, em tumorigênese (GORBACH
& GOLDIN, 1990).
Desde a década de 1950, quando a produção de ratos e camundongos isentos de
germes foi estabelecida, o uso desse modelo animal nas ciências biomédicas vem se
expandindo. Entretanto, o estado IG origem a uma variedade de aspectos
fisiológicos, morfológicos e imunológicos diferentes daqueles encontrados na presença
da microbiota normal. Esses animais possuem um grande aumento do ceco, devido, em
grande parte, ao acúmulo de muco, que não é degradado na ausência dessas bactérias
(GUSTAFSSON et al., 1970). As vilosidades do intestino delgado são maiores e as
criptas são mais curtas e contêm menos células (ALAM et al., 1994). As diferenças
entre os animais convencionais e os animais isentos de germes são maiores nas regiões
54
do trato digestivo onde as densidades microbianas são normalmente maiores (FALK et
al., 1998).
Além das diferenças na arquitetura geral do trato digestivo, os animais IG
apresentam diferenças na motilidade intestinal, na diferenciação epitelial e na
imunologia. A distribuição espacial e temporal dos complexos motores que migram no
intestino delgado desses animais é mais restrita e mais lenta que em animais
convencionais (STRANDBERG et al., 1966). Estudos em camundongos IG mostraram
que a morfogênese de unidades de vilosidades da cripta pode ser completada na
ausência de microrganismos. Entretanto, comparações entre esses animais e os
convencionais revelaram que componentes da microbiota podem diferenciar linhagens
intestinais epiteliais durante a morfogênese (FALK et al., 1998).
Os camundongos IG representam um sistema experimental para simplificar o
fenômeno de resistência à colonização e os mecanismos envolvidos nesse fenômeno e,
também, para testar a capacidade de uma terapia à base de probióticos, para prevenir ou
impedir a colonização por patógenos. Muitos estudos mostram que os animais IG,
quando infectados por patógenos, podem, em alguns casos, se mostrar mais resistentes
e, em outros, mais susceptíveis àquele patógeno (VIEIRA et al., 1998).
O experimento gnotobiótico oferece considerável potencial como uma
ferramenta no estudo das relações hospedeiro-microrganismo porque: retrata o
hospedeiro quando livre de germes, ou quando modificado por microrganismos
conhecidos ou outras associações; permite o estudo da relação inter-microbiana dentro
do organismo do hospedeiro; pode ser usado no estudo de algum fator exógeno ou
endógeno, em que as ações isoladas de tais fatores, afetadas ou não pela microbiota
associada ao hospedeiro, seja de interesse (GORDON & PESTI, 1971). Esses modelos
são necessários, pois o estudo das interações entre linhagens bacterianas in vitro nem
sempre pode ser extrapolado para o que realmente ocorre, in vivo, no tubo digestivo de
animais gnotoxênicos (DUCLUZEAU, 1989). Esses animais são, também, uma
excelente ferramenta para avaliar as mudanças anatômicas, fisiológicas e imunológicas
induzidas pela microbiota autóctone e alóctone na mucosa intestinal (NICOLI, 1995).
Inúmeras tentativas vêm sendo feitas para sistematizar a terminologia usada em
gnotobiologia, mas nenhum sistema é universalmente aceito. A nomenclatura usada é
limitada a termos que, por uso geral, é familiar e compreendida pela maioria dos
pesquisadores da área. Animal isento de germes (IG), axênico ou germ-free” (GF) é
um animal livre de toda forma demonstrável de vida, sendo criado e mantido
55
continuamente em isoladores. O animal gnotobiótico (GN) ou gnotoxênico é aquele
inicialmente axênico, mantido em isoladores, em associação intencional com um ou
mais tipos microbianos conhecidos. Animal heteroxênico é um animal inicialmente
isento de germes, mantido em isoladores, em associação com uma microbiota complexa
conhecida ou não e que não é da própria espécie. O animal holoxênico ou convencional
(CV) apresenta uma microbiota complexa e desconhecida na sua totalidade e é criado
sem precauções especiais desde o nascimento. O animal convencionalizado é o animal
ex-isento de germes que foi associado com uma microbiota normal de animais CV
(GORDON & PESTI, 1971; GUSTAFSSON, 1984; ANDREMONT et al., 1985).
Os equipamentos e procedimentos correntemente em uso que permitem a
manutenção do “status” gnotobiótico de animais experimentais incluem, em essência,
equipamentos para transferência do feto maduro do útero para o interior de isoladores
de plástico, estéreis, supridos com filtros de ar e luvas de borracha. Procedimentos de
rotina incluem criação e manutenção de animais gnotobióticos em isoladores,
esterilização de dietas, água, cama e outros utensílios, por autoclavação, irradiação ou
filtração, quando aplicável (DUCLUZEAU, 1989).
Como os animais gnotobióticos permitem o estudo e reprodução de mecanismos
de interação entre microrganismos e hospedeiro, que não observados por meio de
experimentos in vitro (GORDON & PESTI, 1971), eles constituem um excelente
modelo na avaliação do potencial probiótico de certos microrganismos (NICOLI &
RAIBAUD, 1990; NARDI et al., 1991; RODRIGUES et al., 1996; NEUMANN et al.,
1998; PERET FILHO et al., 1998; SILVA et al., 1999; LIMA FILHO et al., 2000;
RODRIGUES et al., 2000; MAIA et al., 2001).
I.10 O modelo de células T84
A linhagem celular epitelial T84 é derivada de um adenocarcinoma do cólon
humano e foi extensivamente estudada, tanto morfologicamente quanto
funcionalmente (DHARMSATHAPHORN et al., 1984). Essas células crescem
confluentemente como uma monocamada, com a membrana basolateral atachada à
superfície da placa de cultura e, a membrana apical, com todas as suas microvilosidades,
em contato com o meio. As junções serreadas e os desmossomos já foram demonstrados
entre as células adjacentes, tornando este um excelente modelo, também, para o estudo
56
dessas junções. As monocamadas confluentes conduzem a um transporte vetorial de
eletrólitos, similar a um tecido epitelial do intestino. Isso faz dessa célula um excelente
modelo de estudo em processos de transporte de eletrólitos e sua regulação por
hormônios, peptídeos e neurotransmissores (DHARMSATHAPHORN et al., 1984).
Essa linhagem apresenta as características de enterócitos maduros, quando
cultivada sobre filtros: a formação de uma monocamada de células polarizadas que
exprimem as junções celulares. A infecção desta célula por EPEC induz uma
diminuição das funções de barreira, seguida do desaparecimento da proteína ZO-1
(PHILPOTT et al., 1996), a formação de lesões do tipo A/E e a indução de certas vias
de sinalização, como a ativação de PKC e a fosforilação de MLCK (ROBERT et al.,
1997). Este modelo é, também, extremamente utilizado em infecções por Salm.
Typhimurium (MCCORMICK et al., 1993; MCCORMICK et al., 1995; MCCORMICK
et al., 1998; MA et al., 2004; HUANG et al., 2005; RAFFATELLU et al., 2005), E. coli
(CZERUCKA et al., 2000; CZERUCKA et al., 2001; DAHAN et al., 2002; DAHAN et
al., 2003; DALMASSO et al., 2006), Salm. dublin, Shigella dysenteriae, Yersinia
enterocolitica, Listeria monocytogenes (JUNG et al., 1995).
57
II - RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA
58
A salmonelose é um dos principais problemas de saúde pública e representa um
custo significativo para a sociedade em muitos países, em especial naqueles sub-
desenvolvidos e em desenvolvimento. Milhões de casos são relatados a cada ano, em
todo o mundo, e a doença resulta em milhares de mortes. Atualmente, mais de 2500
sorotipos de Salmonella são conhecidos e, os problemas relacionados a essa bactéria,
aumentaram significativamente, tanto em termos de incidência, quanto em termos de
gravidade da doença. Desde o começo da década de 1990, linhagens de Salmonella
resistentes a diversos antimicrobianos vêm aumentando e um dos grandes problemas
atuais da medicina é a alta resistência bacteriana aos antibióticos disponíveis no
mercado (WHO, 2007).
Poucos países relatam os gastos com essa doença. Nos Estados Unidos, uma
estimativa de 1,4 milhões de infecções por Salmonella não tifóide resulta em 168.000
consultas a hospitais, 15.000 internações e 580 mortes anuais. O custo associado com
salmoneloses é estimado em $ 3 bilhões anuais nos Estados Unidos. Na Dinamarca esse
custo é de $ 15,5 milhões por ano (WHO, 2007).
Nas últimas décadas, muita atenção tem sido dada à modulação da microbiota
intestinal normal por adjuvantes microbianos vivos, conhecidos como probióticos. O
interesse no uso destes agentes microbianos vivos com o propósito de beneficiar a saúde
do hospedeiro e prevenir ou tratar doenças tem sido explorado nesses últimos anos.
Esses organismos vêm sendo propostos como medicamentos para prevenção ou
tratamento de um grande número de desordens gastrintestinais. A grande vantagem da
terapia com os probióticos é a ausência de efeitos secundários, como a seleção de
bactérias resistentes. Os efeitos benéficos destes microrganismos são basicamente os
mesmos da microbiota normal do corpo humano. O que se faz, neste caso, é a
utilização, em grande quantidade, daqueles que possuem eficácia comprovada, podendo
ser constituintes normais da microbiota, como é o caso das bifidobactérias e dos
lactobacilos, ou não, como da levedura S. boulardii.
Atualmente, a única levedura disponível no mercado para uso como probiótico
em seres humanos, e com eficácia comprovada, é a S. boulardii (nome comercial
Floratil). Como é um medicamento patenteado pelos Laboratoires Biocodex (Paris,
França), e comercializado no Brasil pela MERCK S.A. (Rio de Janeiro, RJ), por um
valor elevado e, levando-se em consideração que os principais casos de diarréia ocorrem
em pessoas de baixa renda, seria de grande interesse a seleção de uma nova levedura de
origem nacional, a custos mais acessíveis. Além do mais, uma das principais
59
preocupações da Organização Mundial da Saúde é a implementação de novas terapias
que não atuem como uma forte pressão seletiva, propiciando a geração de patógenos
cada vez mais agressivos e resistentes.
Resultados prévios em nosso laboratório mostraram que a S. cerevisiae linhagem
UFMG 905 foi capaz de reduzir a ação de alguns enteropatógenos. Os resultados
mostraram que a levedura foi capaz de diminuir a mortalidade associada a um desafio
com Salm. Typhimurium (15% de sobrevivência no grupo controle contra 55% no
grupo tratado com a levedura) e os dados histopatológicos mostraram que a levedura
apresentou proteção contra o desafio oral com C. difficile em camundongos
gnotobióticos e preservação do fígado de animais convencionais tratados com a
levedura e desafiados com Salm. Typhimurium, sugerindo que a levedura diminui, in
vivo, a translocação deste patógeno (MARTINS et al., 2005a).
Uma vez evidenciada a proteção conferida pela levedura, testada em alguns
casos, é interesse do grupo prosseguir com os estudos, verificando os mecanismos pelos
quais a levedura exerceu seu efeito benéfico, comparar os resultados com aqueles
descritos para a S. boulardii, e tentar esclarecer se os mecanismos descritos são os
mesmos para as duas leveduras ou se existem outros mecanismos de ação ainda não
descritos para os efeitos protetores das leveduras contra a ação de alguns patógenos.
Além do mais, para que possa ser liberada a utilização de um microrganismo para uso
como probiótico, são necessários dados científicos mostrando a proteção e os
mecanismos de ação, além de testes, in vivo, em cobaias, e ensaios clínicos.
Espera-se, com essa tese, dar mais um importante passo nesta linha de trabalho,
num projeto que integra a competência e a infra-estrutura da UFMG com aquelas de
uma reconhecida instituição estrangeira. Numa primeira etapa de experimentos,
realizada no Laboratório de Ecologia e Fisiologia de Microrganismos do Departamento
de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas
Gerais, mostrou-se o efeito, in vivo, da levedura no sistema imune do hospedeiro, pela
dosagem de imunoglobulinas, além da capacidade da levedura de proteger um ambiente
conturbado pelo enteropatógeno Salm. Typhimurium.
Na segunda etapa dos experimentos, realizados no laboratório da Dra. Dorota
Czerucka (Laboratoire de Gastroentérologie et Nutrition, Faculté de Médecine,
Université de Nice-Sophia Antipolis, Nice, France), mostrou-se alguns sinais
intracelulares induzidos pelo enteropatógeno, em cultura de células do cólon humano, e
o efeito de duas leveduras (S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905) nos diferentes sinais
60
induzidos pela ação da bactéria, como a indução de IL-8, NF-κB, ativação de proteínas
quinases ativadas por mitógenos (ERK1/2, p38, JNK), além do efeito na invasão celular
pela bactéria.
61
III - OBJETIVOS
62
III.1 Objetivo geral
Estudar os efeitos da levedura S. cerevisiae UFMG 905 no sistema imune de
camundongos NIH, isentos de germes e convencionais, e os efeitos de S. boulardii e S.
cerevisiae UFMG 905 na sinalização celular induzida em células T84, após infecção
pelo enteropatógeno S. Typhimurium.
III.2 Objetivos específicos
III.2.01 Determinar a translocação da levedura S. cerevisiae UFMG 905 para as
placas de Peyer, linfonodos mesentéricos, fígado e baço de camundongos NIH,
gnotobióticos e convencionais.
III.2.02 Determinar a translocação de Salm. Typhimurium para as placas de
Peyer, linfonodos mesentéricos, fígado e baço de camundongos NIH, gnotobióticos e
convencionais, na presença e na ausência da levedura S. cerevisiae UFMG 905.
III.2.03 Determinar e comparar o efeito da levedura S. cerevisiae UFMG 905 nas
células de Küpffer em camundongos NIH, gnotobióticos e convencionais, controles e
experimentais.
III.2.04 Determinar e comparar o efeito da levedura S. cerevisiae UFMG 905 no
sistema fagocítico de camundongos NIH, gnotobióticos e convencionais, controles e
experimentais, quando do desafio endovenoso com E. coli B
41
.
III.2.05 Determinar e comparar os níveis de imunoglobulinas secretadas do tipo
A (sIgA) total, IgA, IgG e IgM, no conteúdo intestinal e no soro de camundongos NIH,
gnotobióticos e convencionais, controles e experimentais, monoassociados ou tratados
com a levedura S. cerevisiae UFMG 905, respectivamente.
III.2.06 Verificar o efeito de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 na
integridade epitelial de células T84, após infecção pelo enteropatógeno Salm.
Typhimurium ATCC 14028.
63
III.2.07 Verificar o efeito de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 sobre a
resposta inflamatória (produção de IL-8), em células T84, após infecção pelo
enteropatógeno Salm. Typhimurium 14028.
III.2.08 Mostrar o efeito de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 nas vias de
sinalização celular (fosforilação de MAPKs), fosforilação de IκB e ativação de NF-κB,
envolvidas na indução de IL-8, em células T84, pela Salm. Typhimurium 14028.
III.2.09 Mostrar o efeito do sobrenadante de cultura de S. boulardii e S.
cerevisiae UFMG 905 nas vias de sinalização celular (fosforilação de MAPKs),
induzidas em células T84, pela Salm. Typhimurium 14028.
III.2.10 Verificar o efeito de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 no
crescimento, adesão e invasão celular, em células T84, pelo enteropatógeno Salm.
Typhimurium 14028.
III.2.11 Verificar o efeito de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 nas vias
Rac1 e Cdc42, envolvidas na invasão celular pela Salm. Typhimurium 14028
III.2.12 Verificar, utilizando técnicas de microscopia eletrônica e confocal, a
capacidade de Salm. Typhimurium 14028 de se ligar a S. boulardii e S. cerevisiae
UFMG 905.
III.2.13 Verificar o efeito de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 na ativação
da via AKT pela Salm. Typhimurium 14028.
64
IV - MATERIAIS E MÉTODOS
65
Parte I: Efeitos de S. cerevisiae UFMG 905 no sistema imune de camundongos
NIH, isentos de germes e convencionais
IV.1 Animais
IV.1.1 Animais isentos de germes (IG)
Foram utilizados camundongos IG de 21-23 dias de idade, de ambos os sexos, da
linhagem NIH (Taconic, Germantown, USA). Os animais foram propagados no biotério
de Gnotobiologia do Departamento de Bioquímica e Imunologia do Instituto de
Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, mantidos em isoladores
flexíveis do tipo Trexler (Standard Safety Equipment Company, McHenry, USA) e
manuseados de acordo com técnicas estabelecidas (PLEASANTS, 1974) e adaptadas
às nossas condições (SILVA, 1986). Os animais receberam uma ração sólida (Nuvilab
Nuvital, Curitiba, PR) e água, esterilizados por calor úmido, ad libitum. Para os
experimentos, os camundongos foram mantidos em microisoladores (UNO
Roestvaststaal B.V., Zevenaar, The Netherlands), no biotério do Departamento de
Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas
Gerais. Um ciclo diurno/noturno de 12 h foi mantido no biotério.
IV.1.2 Animais convencionais (CV)
Foram utilizados animais CV da linhagem NIH, de 21-23 dias de idade, de
ambos os sexos. Estes animais foram obtidos a partir da segunda geração de animais
derivados por convencionalização dos animais IG e mantidos em biotério aberto, onde
receberam a mesma ração comercial (Nuvilab Nuvital, Curitiba, PR) e água ad libitum.
IV.1.3 Manejo dos animais
A manutenção e o uso dos animais nos experimentos foram conduzidos
respeitando o “Guide for the care and use of experimental animal”, da Canadian Council
66
on Animal Care, vol. 1, 1993. O projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética para
Experimentação Animal da Universidade Federal de Minas Gerais (CETEA/UFMG) e
aprovado com a referência 075/04 em 03/11/2004. Os experimentos foram iniciados
somente após a autorização do CETEA.
IV.2. Microrganismos
IV.2.1 Linhagens bacterianas
A linhagem de Salmonella enterica subsp. enterica sorovar Typhimurium, de
origem humana, que foi utilizada nos experimentos, pertence ao Laboratório de
Ecologia e Fisiologia de Microrganismos do Departamento de Microbiologia do
Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte, MG, Brasil.
A linhagem de Salmonella enterica subsp. enterica sorovar Typhimurium ATCC
14028 foi cedida pelo Laboratório de Materiais de Referência, do Instituto Nacional de
Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ),
Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
A linhagem de Escherichia coli B
41
(K99
+
, F41), de origem humana, cedida pelo
Dr. Moon, é proveniente do National Animal Disease Laboratory (NADL), Iowa,
Estados Unidos.
As linhagens bacterianas foram conservadas em 0,2 ml de glicerina, esterilizada
por calor seco, com 1ml da cultura de 18h, crescida em caldo BHI (Brain Heart
Infusion, DIFCO, Detroit, USA), a 37ºC e estocadas a -86ºC.
Para todos os experimentos, as bactérias foram crescidas em caldo BHI ou LB
(Luria Bertani), a 37°C, durante 18 horas, sem agitação.
IV.2.2 Leveduras
A levedura S. cerevisiae linhagem UFMG 905, isolada da fermentação artesanal
de cachaça, foi gentilmente cedida pelo Prof. Dr. Carlos Augusto Rosa, do Laboratório
de Ecologia e Biotecnologia de Leveduras do Departamento de Microbiologia do
67
Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte, MG, Brasil. A linhagem foi identificada e classificada como S. cerevisiae,
segundo métodos descritos em KURTZMAN & FELL (1998) e YARROW et al.
(1998). A identidade da levedura foi confirmada utilizando o programa
YEASTCOMPARE (CIRIELLO & LACHANCE, 2001).
O probiótico S. boulardii foi gentilmente cedido por Laboratoires Biocodex,
Paris, França (Ultra-levure) e pelo Laboratório MERCK, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
(Floratil).
A levedura S. cerevisiae “wild type” W303 (MATa/α trp1 ade2 his3 leu2 ura3)
foi gentilmente cedida pelo Prof. Dr. Ieso de Miranda Castro, do Laboratório de
Biologia Celular e Molecular, do Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas do
Departamento de Farmácia da Escola de Farmácia da Universidade Federal de Ouro
Preto.
As linhagens foram mantidas em meio contendo 1% de extrato de levedura, 2%
de peptona e 25% de glicerol e conservadas a -86°C, em tubos criogênicos de 2 ml.
Para todos os experimentos, as leveduras foram crescidas em meio YPG (1% de
extrato de levedura, 2% de peptona e 2% de glicose), a 37°C, por 24 h, sob agitação
constante (150 rpm) e concentradas para obter uma quantidade de 10
9
UFC/ml.
IV.3 Tratamento e desafio dos animais
IV.3.1 Tratamento
Quando tratados com a levedura (grupos experimentais), os camundongos dos
grupos IG receberam um inóculo único (monoassociação) de 10
8
células (0,1 ml de uma
cultura contendo 10
9
UFC/ml), por inoculação intragástrica, dez dias antes do desafio
com a bactéria patogênica. Os animais experimentais, dos grupos CV, receberam um
inóculo diário de 10
8
células por inoculação intragástrica, dez dias antes do desafio com
a bactéria patogênica. Os animais IG e CV, dos grupos controle, receberam inóculos de
água destilada estéril, de acordo com o esquema descrito para os respectivos grupos
experimentais, conforme descrito por RODRIGUES et al. (1996). Após o desafio com a
68
bactéria patogênica, apenas os animais CV do grupo experimental continuaram a
receber inóculos diários da levedura.
IV.3.2 Desafio
Os inóculos de Salm. Typhimurium foram preparados a partir da seleção de uma
colônia lisa crescida em ágar MacConkey (DIFCO, Detroit, USA) e, posteriormente
repicada para caldo BHI (ou LB) e mantida a 37ºC, por 18-24h. A cultura pura foi
submetida a diluições sucessivas em PBS (Phosphate Buffer Saline) esterilizado, para
obtenção da concentração de células desejada. A confirmação da viabilidade do inóculo
e as contagens bacterianas foram feitas em ágar MacConkey, após 24h, de incubação, a
37ºC. Os camundongos GN (controle e experimental) receberam inóculos de 0,1 ml,
contendo 10
2
UFC, por via oral, utilizando uma agulha de inoculação intragástrica. Para
os animais CV, foram realizados inóculos de 0,1 ml contendo 10
4
UFC.
Para determinação do experimento de clareamento, foram inoculados 0,2 ml de
uma suspensão contendo 10
8
UFC/ml em PBS de E. coli B
41
, crescida em caldo BHI, a
37ºC, por 18-24 h, por injeção, na veia da cauda do camundongo.
IV.4 Determinação da translocação de S. cerevisiae UFMG 905 para as placas de
Peyer (PP), linfonodos mesentéricos (LM), baço e fígado de camundongos
gnotobióticos e convencionais
Para determinação da translocação da levedura S. cerevisiae UFMG 905 para as
placas de Peyer, linfonodos mesentéricos, baço e gado, grupos de cinco camundongos
GN e CV foram monoassociados, ou tratados, durante 10 dias, com a levedura. Ao final
desse período, eles foram sacrificados, por deslocamento cervical, e as PP, os LM, o
baço e o fígado foram coletados sob condições assépticas em uma capela de fluxo
laminar (VECCO, Campinas, SP). Após a coleta, os órgãos foram imediatamente
pesados, triturados com maceradores, homogeneizados e submetidos a diluições
decimais em PBS estéril. Alíquotas de 100 µl das diluições adequadas foram
incorporadas em ágar Sabouraud (DIFCO, Detroit, USA) para os grupos GN, ou ágar
69
Sabouraud contendo 0,1% de cloranfenicol, para os grupos CV, e incubadas a 37ºC, por
48h, para enumeração das leveduras.
IV.5 Determinação do efeito de S. cerevisiae UFMG 905 na translocação de Salm.
Typhimurium em camundongos gnotobióticos e convencionais
Para determinação do efeito de S. cerevisiae UFMG 905 na translocação de
Salm. Typhimurium para as PP, LM, baço e fígado, grupos de três a cinco camundongos
GN e CV foram monoassociados, ou tratados, durante 10 dias, com a levedura, ao final
dos quais foram desafiados com Salm. Typhimurium (3 dias para os animais GN e 5 e
10 dias para os animais CV). Ao fim do período de desafio, os animais foram
sacrificados por deslocamento cervical e as PP, os LM, o baço e o fígado foram
coletados sob condições assépticas em uma capela de fluxo laminar (VECCO). Após a
coleta, os órgãos foram imediatamente pesados, triturados com maceradores,
homogeneizados e submetidos a diluições decimais em PBS estéril. Alíquotas de 100 µl
das diluições foram semeadas em ágar MacConkey (DIFCO) e incubadas a 37ºC, por
24h, para a enumeração bacteriana.
IV.6 Efeito de S. cerevisiae UFMG 905 na quantidade de células de Küpffer em
camundongos gnotobióticos
Para determinar a quantidade de células de Küpffer em camundongos, grupos de
12 camundognos GN foi monoassociado, durante 10 dias, com a levedura. Um grupo de
12 animais IG foi utilizado como controle. Ao final do período, os animais foram
sacrificados por deslocamento cervical. Os fígados foram retirados e fixados em
formaldeído a 4%, durante 24h, e processados para a inclusão e microtomia em
parafina. Foram executados cortes de 3 a 5 micrômetros de espessura, posteriormente
corados pela Hematoxilina-Eosina (HE). Para o exame morfométrico, foram obtidas
imagens utilizando uma microcâmera JVC TK-1270/RGB e o programa analisador de
imagens KS 300 Software da Kontron Elektronick/Carl Zeiss image analyzer
(Oberkohen, Germany). As células de Küpffer foram contadas e expressas por cem
hepatócitos, em 12 campos diferentes.
70
IV.7 Determinação do efeito de S. cerevisiae UFMG 905 no clareamento de E.
coli B
41
em camundongos gnotobióticos
Para determinação do efeito de S. cerevisiae UFMG 905 no clareamento de E.
coli B
41
da circulação sistêmica de camundongos GN e IG, grupos de 11 animais foram
monoassociados com a levedura ou receberam o mesmo inóculo de água estéril,
respectivamente. Ao final de dez dias, os animais dos grupos controle e experimental
foram inoculados com 200 µl da bactéria (E. coli B
41
), diluída em PBS (10
8
UFC/ml),
pela veia caudal, conforme descrito por NEUMANN et al. (1998). Nos tempos 0, 15,
30, 60 e 90 min, após a injeção, amostras de sangue foram coletadas pelo plexo retro-
orbital, submetidas a diluições seriadas em PBS estéril, plaqueadas em ágar MacConkey
(DIFCO) e incubadas a 37ºC, por 24h. Os resultados foram expressos como
porcentagem do número de células bacterianas viáveis por ml de sangue em relação ao
tempo 0 (100%).
IV.8 Determinação do efeito de S. cerevisiae UFMG 905 no nível de
imunoglobulina secretada do tipo A (sIgA) total no conteúdo intestinal de
camundongos gnotobióticos e convencionais
Para determinação do efeito de S. cerevisiae UFMG 905 no nível de
imunoglobulina secretada do tipo A (sIgA) total, no conteúdo intestinal dos
camundongos GN e CV dos grupos controle e experimental, um grupo de cinco
camundongos controles e um grupo de cinco camundongos experimentais GN e CV
foram sacrificados, por deslocamento cervical, 10 dias após a monoassociação ou
tratamento com a levedura, e o intestino delgado foi removido, pelo corte nas junções
gastroduodenal e ileocecal. O conteúdo foi retirado, pesado e lavado com salina
fosfatada, pH 7,2, na proporção de 500 mg do conteúdo / 2,0 ml de PBS. Depois de
centrifugado a 2000 g, por 30 min, a 4°C, o sobrenadante foi recolhido e congelado a -
86°C, para posterior dosagem de imunoglobulinas. A determinação dos vel de sIgA
total foi realizada pelo método de ELISA. O procedimento de coleta do conteúdo
intestinal foi uma modificação do método descrito por NADER DE MACIAS et al.
(1992) e modificado por RODRIGUES (1995). As amostras de fluido intestinal foram
inicialmente diluídas 1:10 em PBS e, em seguida, diluições foram realizadas e
71
adicionadas, em triplicata, nos poços das placas de ELISA. A sIgA total do fluido
intestinal foi determinada utilizando anticorpos anti-IgA de camundongos
desenvolvidos em cabra (M-8769, SIGMA Chemical Co., St. Louis, USA), para
revestimento das placas e, anticorpos desenvolvidos em cabra, anti-IgA de
camundongo, conjugados com peroxidase (A-4789, SIGMA Chemical Co., St. Louis,
USA) para detecção. A concentração de sIgA total foi determinada utilizando um
padrão de IgA purificado (0106-01, Southern Biotechnology Associates, Birmingham,
USA). A leitura foi feita, a 492 nm, em um leitor de placas (ELISA READER, 2550,
BioRad Laboratories, Hercules, USA).
IV.9 Determinação do efeito de S. cerevisiae UFMG 905 nos níveis de IgA, IgG e
IgM totais no conteúdo intestinal e no soro de camundongos gnotobióticos e
convencionais
Para determinação do efeito de S. cerevisiae UFMG 905 nos veis de IgA, IgG
e IgM totais no conteúdo intestinal e no soro de camundongos GN e CV dos grupos
controle e experimental, um grupo de cinco camundongos controles e um grupo de
cinco camundongos experimentais, GN e CV, foram monoassociados ou tratados com a
levedura. Ao final de 10 dias, os animais foram anestesiados com éter e o sangue
retirado do plexo axilar e, a seguir, centrifugado. O soro foi recuperado e congelado a -
86°C para posterior dosagem das imunoglobulinas. Ao final da coleta de sangue, os
animais foram sacrificados por deslocamento cervical e o intestino delgado foi
removido pelo corte nas junções gastroduodenal e ileocecal e o conteúdo foi retirado,
processado e armazenado conforme descrito no item IV.8. A determinação dos níveis de
IgA, IgG e IgM totais foi realizada pelo método de ELISA de captura. Para
revestimento das placas, foram utilizados anticorpos anti-IgA (M-8769, SIGMA
Chemical Co., St. Louis, USA), anti-IgG (M-5899, SIGMA Chemical Co., St. Louis,
USA) e anti-IgM (M-6274, SIGMA Chemical Co., St. Louis, USA) de camundongo,
desenvolvidos em cabra. Utilizou-se os anticorpos, desenvolvidos em cabra, conjugados
com a peroxidase, anti-IgA (A-4789, SIGMA Chemical Co., St. Louis, USA), anti-IgG
(A-3673, SIGMA Chemical Co., St. Louis, MO, USA) e anti-IgM (A-8786, SIGMA
Chemical Co., St. Louis, USA) de camundongo para detecção das IgA, IgG e IgM. As
72
unidades de densidade óptica foram determinadas, a 492 nm, em um leitor de placas
(ELISA READER, 2550, BioRad Laboratories, Hercules, USA).
IV.10 Exame anatomopatológico
Amostras das vísceras (baço e fígado) e de porções do trato digestivo (íleo, ceco
e cólon) dos camundongos GN e CV, controles e experimentais, sacrificados no final
dos experimentos, foram submetidos a exame anatomopatológico. As amostras foram
fixadas em formaldeído 4% e processadas para a inclusão e microtomia em parafina.
Foram executados cortes de 3 a 5 micrômetros de espessura, posteriormente corados
pela Hematoxilina-Eosina HE. Para o exame morfométrico, foram obtidas imagens
utilizando uma microcâmera JVC TK-1270/RGB e o programa analisador de imagens
KS 300 Software da Kontron Elektronick/Carl Zeiss image analyzer (Oberkohen,
Germany). Os fragmentos das amostras codificadas foram observados seqüencialmente,
por uma mesma patologista (Profa. Dra. Rosa Maria Esteve Arantes, do Laboratório de
Neuro-Imuno Patologia Experimental, NIPE, do Departamento de Patologia Geral do
Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais), que o
teve acesso ao significado dos códigos. As amostras foram decodificadas somente após
o laudo ter sido emitido pela patologista.
Parte II: Efeitos de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 na sinalização celular
induzida, em células T84, após infecção pelo enteropatógeno Salm. Typhimurium
14028
IV.11 Culturas celulares
A linhagem celular T84, do cólon humano, foi obtida da European Collection of
Animal Cell Culture (Salisbury, England) e cultivada em frascos de 75 cm
2
, a 37°C, em
atmosfera úmida contendo 5% de CO
2
, em meio completo, constituído dos meios
Dulbecco-Vogt modified Eagle e Ham’s F-12 (DMEM-F12) (SIGMA, Saint Quentin
73
Fallavier, France), na proporção de 1:1, suplementado com glutamina, 5% de soro fetal
bovino (HYCLONE, Bezons, France), 50 µg/ml de penicilina e 50 µg/ml de
estreptomicina (SIGMA, Saint Quentin Fallavier, France), conforme descrito por
CZERUCKA et al. (2000). O meio foi trocado a cada 48 horas e, após confluência de
aproxidamente 80-90%, as células foram tripsinizadas com uma solução de 0,2% de
tripsina (SIGMA) contendo 0,5 mM de EDTA e, cultivadas em placas de 6 poços para
os experimentos de infecção.
IV.12 Tratamento das monocamadas de células T84 com as leveduras S. boulardii
ou S. cerevisiae UFMG 905 e infecção com Salm. Typhimurium 14028
As células cultivadas nas placas de 6 poços, após atingirem 80-90% de
confluência, foram lavadas três vezes, com PBS estéril, a 37°C, e o meio foi trocado por
DMEM-F12, contendo glutamina e 0,1% de soro albumina bovina (BSA), desprovido
de antibióticos e soro fetal bovino, antes da infecção (“overnight”). Para as células pré-
tratadas “overnight” com S. boulardii ou S. cerevisiae UFMG 905, uma alíquota
contendo 10
7
UFC/poço (aproximadamente 10 leveduras por célula) de levedura foi
adicionada à superfície apical da monocamada de células T84 e incubadas a 37ºC, em
uma atmosfera de 5% de CO
2
. No momento da infecção, 10
8
UFC de Salm.
Typhimurium 14028/poço (aproximadamente 100 bactérias por célula) foi adicionada à
superfície apical da monocamada de células T84 e incubadas a 37ºC, em uma atmosfera
de 5% de CO
2
. Quando o tratamento foi feito no mesmo momento da infecção, a mesma
quantidade de leveduras (10
7
UFC/poço) e de bactérias (10
8
UFC/poço) foi adicionada,
conforme descrito acima. Esta proporção de leveduras não modifica a viabilidade das
células intestinais (CZERUCKA et al., 1989b).
IV.13 Medidas da resistência elétrica transepitelial (RTE), em células T84,
infectadas com Salm. Typhimurium 14028, pré- e co-incubadas (ou não), com S.
boulardii ou S. cerevisiae UFMG 905
Para o experimento de RTE, as células foram crescidas em membranas de filtro
porosas de 4,6 cm
2
(poros de 0.4 µm; Nunc, Poly Labo Paul Block & Cia, Strasbourg,
74
France). Nessas condições, uma elevada RTE é alcançada ao fim de 20-30 dias. As
membranas foram divididas em 8 grupos: grupo 1 (somente as células T84), grupo 2
(células infectadas com Salm. Typhimurium 14028, por 8 h), grupo 3 (células infectadas
com Salm. Typhimurium 14028 e S. boulardii ao mesmo tempo, durante 8 h), grupo 4
(células pré-tratadas com S. boulardii, “overnight”, e infectadas com Salm.
Typhimurium 14028, por 8 h), grupo 5 (células apenas tratadas com S. boulardii), grupo
6 (células infectadas com Salm. Typhimurium 14028 e S. cerevisiae UFMG 905 ao
mesmo tempo, durante 8 h), grupo 7 (células pré-tratadas com S. cerevisiae UFMG 905,
“overnight”, e infectadas com Salm. Typhimurium 14028, por 8 h) e grupo 8 (células
apenas tratadas com S. cerevisiae UFMG 905). A RTE foi medida com o equipamento
Millicell-ERS (Millipore, Molsheim,
France), conforme o método descrito por FINLAY
& FALKOW (1990), durante um período de 8h, com intervalos de 2h, conforme
descrito por CZERUCKA et al. (2000).
IV.14 Efeito de S. boulardii ou S. cerevisiae UFMG 905 na resposta inflamatória,
em células T84, após infecção por Salm. Typhimurium 14028
IV.14.1 Dosagem de IL-8
Para avaliar a expressão da citocina pró-inflamatória IL-8, foram utilizadas
células com 80-90% de confluência, em placas de 6 poços. Após infecção com Salm.
Typhimurium 14028, durante 3 horas, na presença ou na ausência de S. boulardii ou S.
cerevisiae UFMG 905, pré- ou co-incubadas, o sobrenadante foi recuperado,
centrifugado por 10 minutos, a 10.000 g, a 4°C, e a citocina foi dosada, pelo método
ELISA, no sobrenadante da cultura celular utilizando-se o kit Quantikine human IL-8
immunoassay (R&D System, Abington, United Kingdom), conforme descrito em
DAHAN et al., 2003.
IV.14.2 Expressão de IL-8 por PCR em tempo real (“real time PCR”)
Para avaliar a expressão do mRNA para IL-8, foram utilizadas células com 80-
90% de confluência em placas de 6 poços. Após infecção com Salm. Typhimurium
75
14028, durante 1h, 2h e 3h, na presença, ou não, de S. boulardii, pré- ou co-incubada, o
sobrenadante foi retirado e as células lavadas três vezes com PBS estéril, a 4°C. As
células foram rapidamente congeladas em nitrogênio líquido e mantidas a -86°C até o
momento de extração do RNA total. A extração do RNA total foi realizada nas células
T84 pelo método do tiocianato de guanidina-fenol-clorofórmio (CHOMCZYNSKI &
SACCHI, 1987). O RNA foi convertido em cDNA, utilizando-se oligo (dT)
18
em 20 µl
de solução de reação para transcrição reversa (Fermentas) e depois usada para a reação
em cadeia da polimerase. O cDNA foi amplificado utilizando-se o kit SYBR Green para
PCR (Eurogentec), em placas ópticas de microtitulação de 96 poços (Applied
Biosystems, Courtaboeuf, France), em um sistema de detecção ABI PRISM 7000
Sequence Detection System (Applied Biosystems), de acordo com as instruções do
fabricante. Os sinais de fluorescência foram gerados a cada ciclo de PCR, pela
incorporação direta do SYBR Green na dupla fita de DNA, para gerar as informações
do PCR quantitativo em tempo real. As condições do PCR foram: 10 min a 94°C e 40
ciclos de 30s a 94°C, 30s a 60°C e 30s a 72°C para cada amplificação, num volume
final de 20 µl. Os primers usados foram: IL-8 senso, 5’-
AAGGAACCATCTCACTGTGTGTAAAC-3’; IL-8 antisenso, 5’-
ATCAGGAAGGCTGCCAAGAC-3’. O gene de referência RPLP0 (que codifica a
fosfoproteína ribossomal ácida humana P0) foi usado para todos os cálculos, uma vez
que ele não apresenta mudança na sua expressão durante o tratamento das células. Os
valores foram expressos como “fold increased” em relação ao controle negativo.
IV.15 Efeito de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 nas vias de sinalização
celular induzidas, em células T84, infectadas por Salm. Typhimurium 14028
Para avaliar os diferentes sinais induzidos nas células T84 infectadas pela Salm.
Typhimurium 14028 e os possíveis efeitos das leveduras S. boulardii ou S. cerevisiae
UFMG 905 nesses sinais, utilizou-se a técnica de “Western Blotting”. As células foram
tratadas e/ou infectadas conforme descrito no item IV.12 e foi avaliado o efeito das
leveduras pré- e co-incubadas em células infectadas por Salm. Typhimurium 14028. Em
tempos pré-determinados (1h, 2h e 3h após a infecção), as células infectadas foram
lavadas com PBS estéril e solubilizadas em tampão de lise (50 mM de Tris-HCl, pH 7,5;
150 mM de NaCl; 1% de Nonidet P-40 [NP-40]; 2 mM de Na
3
VO
4
; 1 mM de EDTA; 1
76
µM de aprotinina; 25 µM de leupeptina; 1 µM de pepstatina; 1 mM de AEBSF; 10 mM
de NaF; 5 mM de sódio PP
i
; 10 mM de β-glicerofosfato). O lisado foi solubilizado por
30 min, a 4ºC, e depois centrifugado a 14.000 g, por 20 min, a 4ºC. O conteúdo de
proteína presente no sobrenadante foi determinado utilizando-se reagentes da Bio-Rad
DC (“Detergent Compatible”). O “Western Blotting” foi realizado de acordo com o
método descrito por BOCCIARDI et al. (1997). Cinqüenta µg de cada amostra foram
aplicados e corridos em SDS-PAGE (eletroforese em gel de poliacrilamida e dodecil
sulfato de sódio), utilizando 12% de poliacrilamida. As proteínas foram transferidas
para uma membrana de difluorido de polivinilideno (PVPD) (Hybond-P; Amersham) e
incubadas, “overnight”, a 4ºC, com anticorpos anti-cpp32 (Caspase-3/CPP32, BD
Transduction Laboratories), anti-fosfo-ERK1/2 [Phospho-p44/42 Map Kinase
(Thr202/Tyr204) Antibody, Cell Signaling Technology, Inc.], anti-fosfo-p38 [Phospho-
p38 MAP Kinase (Thr180/Tyr182) Antibody, Cell Signaling Technology, Inc.], anti-
fosfo-JNK [Phospho-SAPK/JNK (Thr183/Tyr185) Antibody, Cell Signaling
Technology, Inc.],
ou anti-fosfo-IκB-α [Phospho-IκB-α (Ser32/36) (5A5) Mouse mAb,
Cell Signaling Technology, Inc.], anti-fosfo-Akt [Phospho-Akt (Ser473) Antibody, Cell
Signaling Technology, Inc.]; anti-ERK2 (Santa Cruz Biotechnology, Santa Cruz,
Califórnia, USA),
anti-p38 (Santa Cruz Biotechnology, Santa Cruz, Califórnia, USA),
anti-JNK (Santa Cruz Biotechnology, Santa Cruz, Califórnia, USA), anti-IκB-α (Santa
Cruz Biotechnology, Santa Cruz, Califórnia, USA), seguidos de uma incubação com o
anticorpo secundário conjugado com peroxidase apropriado (Anti-rabbit IgG, HRP-
linked Antibody, Cell Signaling Technology, Inc. / Anti-mouse IgG, HRP-linked
Antibody, Cell Signaling Technology, Inc.). A presença de anticorpos foi revelada
utilizando-se um sistema de detecção por quimioluminescência ECL (Amersham
Hyperfilms, Orsay, France), conforme recomendações do fabricante, como descrito por
DAHAN et al. (2003).
IV.16 Efeito de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 na ativação de NF-κ
κκ
κB,
induzido por Salm. Typhimurium 14028
Para avaliar a ativação de NF-κB induzido nas células T84 pela Salm.
Typhimurium 14028, e os possíveis efeitos das leveduras S. boulardii ou S. cerevisiae
77
UFMG 905 nessa ativação, utilizou-se a técnica de Ensaio de Mudança de Mobilidade
Eletroforética (“Electrophoretic Mobility Shift Assay” - EMSA). As células foram
tratadas e/ou infectadas conforme descrito no item IV.12 e foi avaliado o efeito das
leveduras pré- e co-incubadas com células infectadas com Salm. Typhimurium 14028.
Em tempos pré-determinados (1h, 2h e 3h após a infecção), as células infectadas foram
lavadas com PBS estéril e suspendidas em 25 µl de tampão TOTEX (20 mM de HEPES
pH 7,9, 350 mM de NaCl, 20% de glicerol, 1% de NP40, 1 mM de MgCl
2
, 0,5 mM de
EDTA, 0,1 mM de EGTA, 1 mM de DTT, 1 mM de PMSF e 2 µg/ml de aprotinina),
para preparação dos extratos celulares totais. Amostras de 10 µg de proteínas foram
incubadas por 10 min, a 4°C, com 2 µl de poli-dIdC 15 µg/ml, 5 µl do tampão de
ligação (NF5X) e 12 µl de H
2
O. Logo após, adicionou-se a sonda marcada e as amostras
foram incubadas por 25 min, a 25ºC, com oligonucleotídeos de dupla fita (marcados
com
32
P) contendo os sítios de ligação para κB (5’-GATCCAAGGGGACTTTCCATG-
3’). A especificidade do complexo foi analisada pela incubação com excesso de
oligonucleotídeos de κB não marcados. Os complexos foram separados por eletroforese
em gel de poliacrilamida não desnaturante a 6%, em TBE 0,5X. Os géis foram secos e
radiografados (Amersham Hyperfilms, Orsay, France).
IV.17 Efeito de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 no crescimento, adesão e
invasão celular induzidos, em células T84, infectadas por Salm. Typhimurium
14028
Para avaliar o efeito de S. boulardii ou S. cerevisiae UFMG 905 na adesão e
invasão celular, as células T84 foram tratadas e/ou infectadas conforme descrito no item
IV.12 e foi avaliado o efeito das leveduras pré- e co-incubadas em células infectadas
com Salm. Typhimurium 14028, após 3h. A adesão bacteriana às células T84 foi
quantificada usando-se o método de diluição em placa (ROSENSHINE et al., 1992). Ao
final da infecção, as células foram tripsinizadas e lisadas em água contendo 0,1% de
BSA. Os lisados celulares, contendo bactérias associadas às células, correspondem às
bactérias aderentes e intracelulares. Para a determinação da invasão, após as lavagens
com PBS, as monocamadas foram incubadas, por 1h, em meio novo (DMEM-F12)
contendo 100 µg/ml de gentamicina. Uma vez que a gentamicina não se concentra nas
78
células epiteliais, as bactérias intracelulares sobreviveram à incubação, enquanto as
bactérias aderidas e dispersas no meio foram mortas (FALKOW et al., 1987). As
monocamadas foram lavadas com PBS estéril e as células epiteliais com as bactérias
intracelulares foram separadas, utilizando-se tripsina, e lisadas, conforme descrito por
ROSENSHINE et al. (1992). As células foram diluídas, plaqueadas e as contagens
bacterianas foram realizadas em ágar MacConkey, após 24h, a 37°C. A porcentagem de
invasão celular foi calculada do seguinte modo: porcentagem de invasão = (numero de
bactérias intracelulares) / [número de bactérias associadas às células (aderentes e
intracelulares)], conforme descrito por CZERUCKA et al. (2000).
IV.18 Efeito de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 nas vias Rac e Cdc42
induzidas, em células T84, infectadas por Salm. Typhimurium 14028
O método de “Pull-Down” para ativação de proteínas Rho, utilizando GST-
PAK
70–106
, foi previamente descrito por MANSER et al. (1998) e REN et al. (1999). As
células cultivadas nas placas de 60 mm, após atingirem 80-90% de confluência, foram
lavadas três vezes com PBS estéril, a 37°C, e o meio trocado por DMEM-F12 contendo
glutamina e 0,1% de BSA, desprovido de antibióticos e soro fetal bovino, antes da
infecção (“overnight”). As infecções com Salm. Typhimurium 14028 foram conduzidas,
nesse meio, com 3 x 10
8
bactérias, na presença (ou não) de 3 x 10
7
leveduras (S.
boulardii ou S. cerevisiae UFMG 905), “overnight”. Em tempos indicados, as
monocamadas foram lavadas com PBS estéril, a 4°C, e lisadas com tampão de lise (25
mM de Tris-HCl, pH 7.5; 150 mM de NaCl; 5 mM de MgCl
2
; 0,5% de Triton X100; 4%
de glicerol; 10 mM de NaF) suplementado, no momento de extração, com 1 mM de
PMSF, 2 mM de Na
3
VO
4
, 2 mM de DTT e 20 mM β- glicerofosfato. Os lisados foram
centrifugados, durante 10 min, a 10.000 g, a 4°C. Uma alíquota de 50 µg foi coletada
(proteína Rho total) e misturada com o tampão de Laemmli. O restante de cada lisado
foi incubado com 30 µg de GST-PAK
70–106
ligados a pérolas de vidro de agarose-
glutationa (Sigma-Aldrich), durante 45 min, a C, sob agitação. As pérolas de vidro
foram lavadas duas vezes com 1 ml de tampão de lise. As pérolas foram misturadas com
30 µl do tampão de Laemmli e as proteínas foram aplicadas em SDS-PAGE utilizando-
se 12% de poliacrilamida e transferidas para uma membrana de PVPD (Hybond-P;
79
Amersham Biosciences). Os “imunoblottings” foram realizados utilizando-se anticorpos
monoclonais, incubados a 4°C, “overnight”, na diluição de 1:250 para o anticorpo anti-
Cdc42 (clone 44; Transduction Laboratories), ou 1h à temperatura ambiente, na diluição
de 1:1000, para anti-Rac1 (clone 102; Transduction Laboratories), seguidos de uma
incubação com o anticorpo secundário conjugado com peroxidase apropriado
(Amersham Biosciences) (DOYE et al., 2006). Os imunocomplexos foram visualizados
utilizando-se o sistema de ECL, conforme descrito anteriormente (IV.15).
IV.19 Análise da capacidade de Salm. Typhimurium 14028 de se ligar às células
de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905
Para avaliar a capacidade de Salm. Typhimurium 14028 de se ligar às células de
S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905, as células T84 foram cultivadas em placas de
35 mm, tratadas “overnight” e/ou infectadas, conforme descrito no item IV.12 e, após
3h de infecção, as células foram fixadas em glutaraldeído à temperatura ambiente, por
1h, enviadas ao Centro de Microscopia da Université de Nice-Sophia Antipolis, Nice,
França, para fotografia em microscopia de varredura (6340F; Jeol), utilizando-se técnica
padrão (ARNOLD & BOOR, 1986). As amostras foram fotografadas e retornadas para
análise.
Para o experimento de microscopia confocal, às placas de 6 poços, foram
adicionadas lamínulas, previamente esterilizadas e tratadas, por 30min, com 1ml de uma
solução de gelatina (Sigma-Aldrich) a 0,2%. Após o excesso de gelatina ser retirado, as
células foram cultivadas até se obter 50% de confluência. As células foram tratadas e/ou
infectadas, conforme descrito no item IV.12, e foi avaliado o efeito da pré-incubação da
levedura em células infectadas com Salm. Typhimurium 14028 transformada com o
plasmídeo pMW221 - Ds-Red (que deixa a bactéria corada de vermelho).
Para a transformação da Salm. Typhimurium 14028, utilizou-se o mesmo
protocolo para marcação de E. coli, conforme descrito por HANAHAN et al. (1991). A
inserção do plasmídeo na bactéria foi feita por método químico utilizando o CaCl
2
. A
Salm. Typhimurium 14028 DsRed marcada foi obtida pela transformação da bactéria
com o plasmídeo pMW221 (gentilmente cedido pelo Dr. Artur Altenhoefer, University
of Wuerzburg), um derivado do plasmídeo colE1, que expressa uma proteína DsRed
variante e confere resistência a ampicilina. A presença do plasmídeo foi determinada
80
pela contagem de UFCs em ágar LB suplementado com 75 µg/ml de ampicilina,
conforme descrito por LEMONNIER et al. (2008).
Para marcação da levedura, utilizou-se um anticorpo anti-S. boulardii (anti-Sb2),
obtido a partir da fração F2, desenvolvido em coelho, conforme descrito por
CZERUCKA et al. (1994), na diluição de 1/100.
Após 3h de infecção, as células foram lavadas com PBS, fixadas com
paraformaldeído a 4%, por 30min, e permeabilizadas com Triton X-100 a 0,1%, por
5min, e depois lavadas novamente com PBS. Logo após, utilizou-se um anticorpo
(cyan-5) anti-coelho, na diluição de 1/500, para corar a levedura em azul. A lamínula foi
retirada da placa e fixada, “overnight”, a 37°C, em uma caixa escura. As lâminas foram
observadas em microcópio confocal (TCS-SP; Leica), em um aumento de 63X, e as
imagens foram analisadas utilizando-se o software para análises de imagens MetaMorph
2.0 (Invitrogen).
IV.20 Análise estatística
Os significados estatísticos dos resultados obtidos foram avaliados com a
utilização do teste tde Student. Na realização dos testes descritos, foi utilizado o
programa SIGMASTAT (Jandel Scientific Software, versão 1.0, San Rafael, USA),
utilizando-se 0,05 como limiar de confiança.
81
V - RESULTADOS E DISCUSSÃO
82
Parte I: Efeitos de S. cerevisiae UFMG 905 no sistema imune de camundongos NIH
isentos de germes e convencionais
V.1 Determinação da translocação da levedura S. cerevisiae UFMG 905 para as
placas de Peyer, linfonodos mesentéricos, fígado e baço de camundongos NIH,
gnotobióticos e convencionais
Resultados prévios obtidos em nosso laboratório mostraram que uma linhagem
de S. cerevisiae, isolada da fermentação de cana de açúcar, foi capaz de reduzir a ação
de alguns enteropatógenos. Os resultados mostraram que a levedura foi capaz de
diminuir a mortalidade de animais desafiados com Salm. Typhimurium (15% de
sobrevivência no grupo controle, contra 55% no grupo tratado com a levedura) e os
dados histológicos mostraram que a levedura conferiu uma proteção contra o desafio
oral com C. difficile, em camundongos gnotobióticos e, também, preservação do fígado
de animais convencionais tratados com a levedura e desafiados com Salm.
Typhimurium (MARTINS, 2004). O menor número de focos inflamatórios no fígado de
animais previamente tratados com a S. cerevisiae UFMG 905 sugeriu que a levedura
diminui, in vivo, a translocação da Salm. Typhimurium.
A translocação de um microrganismo é definida como a passagem de
microrganismos viáveis através da barreira mucosa para locais extra-intestinais, como
linfonodos mesentéricos, fígado, baço, rim e sangue (BERG & GARLINGTON, 1979).
Como primeiro experimento, avaliou-se a capacidade de S. cerevisiae UFMG 905 se
translocar do intestino. Para isso, após 10 dias de monoassociação ou tratamento com a
levedura, placas de Peyer, linfonodos mesentéricos, baço e fígado foram assepticamente
retirados, macerados, diluídos em PBS e plaqueados em ágar Sabouraud, durante 48
horas, a 37°C. A Figura 9A mostra que, nos camundongos monoassociados, a levedura
foi detectada apenas nas placas de Peyer. Em animais convencionais (Figura 9B), a
levedura foi detectada também nos linfonodos mesentéricos, além das placas de Peyer.
Nas placas de Peyer, foi observado que os níveis da levedura variavam entre 10
4
e 10
5
UFC por grama de órgão, nos animais monoassociados (Figura 9A) e, entre 10
3
e 10
6
UFC por grama de órgão, nos animais convencionais tratados (Figura 9B). Nos
linfonodos mesentéricos, os níveis populacionais da levedura flutuaram entre 10
2
e 10
3
UFC por grama de órgão, nos animais convencionais tratados (Figura 9B) e não houve
83
translocação para este órgão, nos animais monoassociados (Figura 9A). A presença da
levedura nestes órgãos não resultou em um aumento da relação do peso do órgão / peso
corporal nos animais monoassociados ou tratados (dados não mostrados).
Resultados prévios (MARTINS et al., 2005a) mostraram que nem a
monoassociação nem o tratamento dos animais com a levedura acarreta qualquer tipo de
alteração morfológica considerada patológica, nos órgãos analisados (estômago,
intestino delgado, intestino grosso, baço e fígado).
Trabalhando com S. boulardii, RODRIGUES et al. (2000) observaram que, em
animais monoassociados, os níveis populacionais dessa levedura flutuaram entre 10
4
e
10
6
UFC por grama de placas de Peyer e entre 10
2
e 10
4
UFC por grama de linfonodos
mesentéricos. Uma possível explicação para a levedura S. cerevisiae UFMG 905 não
translocar para os linfonodos mesentéricos em animais GN pode ser a alta capacidade
de floculação apresentada por ela, o que dificulta a passagem das placas de Peyer para
os linfonodos, fenônemo que não ocorre com a levedura S. boulardii.
O processo de translocação está envolvido na patogênese de infecções
bacterianas intestinais tanto endógenas (infecções oportunísticas) quanto exógenas
(BERG & GARLINGTON, 1979). BERG (1995) propôs que, normalmente, ocorre uma
translocação fisiológica e esta seria responsável pela modulação da resposta imune do
hospedeiro pela microbiota indígena. A translocação de um probiótico para órgãos
linfóides, como as placas de Peyer e linfonodos mesentéricos, poderia ativar eventos de
apresentação de antígenos, respostas imunes in situ e sistemáticas. Somado a isso, antes
do desenvolvimento de respostas mediadas por células T, eventos de imunidade inata
poderiam ser ativados na presença do probiótico em tecidos linfóides associados ao
trato digestivo, como os efeitos locais e sistêmicos observados em animais
monoassociados com S. boulardii (RODRIGUES et al., 2000). Consequentemente, os
baixos níveis de translocação observados para S. cerevisiae UFMG 905 poderiam ser
benéficos, no sentido de preparar a resposta imune do hospedeiro na defesa contra um
patógeno.
84
A
0
2
4
6
8
Fígado Baço LM PP
Órgão
Log
10
UFC g
-1
B
0
2
4
6
8
Fígado Baço LM PP
Órgão
Log
10
UFC g
-1
Figura 9. Translocação de S. cerevisiae UFMG 905 para o fígado, baço, linfonodos
mesentéricos (LM) e placas de Peyer (PP) em animais monoassociados (A) e
convencionais (B). N = 5.
85
V.2 Determinação da translocação de Salm. Typhimurium para os linfonodos
mesentéricos, fígado e baço de camundongos NIH, gnotobióticos e convencionais,
na presença e na ausência da levedura S. cerevisiae UFMG 905
Para avaliar o efeito da levedura S. cerevisiae UFMG 905 na translocação de
Salm. Typhimurium em camundongos gnotobióticos, os animais foram monoassociados
com a levedura, durante 10 dias, e desafiados com Salm. Typhimurium. Ao final de três
dias de desafio, os animais foram sacrificados e os linfonodos mesentéricos, baço e
fígado foram assepticamente retirados, macerados, diluídos em PBS estéril e plaqueados
em ágar MacConkey, durante 24h, a 37°C. A Figura 10 mostra que os níveis
populacionais de Salm. Typhimurium nos linfonodos mesentéricos e no baço foram os
mesmos nos camundongos monoassociados ou não com a levedura. Entretanto, a Salm.
Typhimurium foi detectada apenas no fígado de animais que não foram previamente
monoassociados com a levedura S. cerevisiae UFMG 905. Este fato sugere que essa
levedura retarda a translocação de Salm. Typhimurium, e esse fato pode ser explicado
pela capacidade da levedura em estimular o aumento das células de Küpffer (Figura 12
e Tabela 2).
Para avaliar o efeito da levedura S. cerevisiae UFMG 905 na translocação de
Salm. Typhimurium em camundongos convencionais, os animais foram tratados,
durante 10 dias, com a levedura e desafiados com Salm. Typhimurium (10
4
UFC). Ao
final de 5 e 10 dias de desafio, os animais foram sacrificados e os linfonodos
mesentéricos, baço e fígado foram assepticamente retirados, macerados, diluídos em
PBS estéril e plaqueados em ágar MacConkey, durante 24 h, a 37°C. A Figura 11
mostra que o tratamento com a levedura impede a translocação da Salm. Typhimurium
para todos os órgãos analisados, após 5 (Figura 11A) e 10 dias (Figura 11B) de desafio.
Estes resultados sugerem que a levedura, em presença da microbiota normal, impede a
translocação da Salm. Typhimurium, o que pode ser explicado pelo efeito barreira ou
pela resposta imune da mucosa. Um resultado muito parecido foi observado por
RODRIGUES (2000) com o probiótico S. boulardii, quando do desafio com uma dose
10 vezes menor da mesma bactéria. Entretanto, trabalhando com a mesma dose de
patógeno, não foi observada uma diminuição na translocação entre os dois grupos,
sugerindo que o probiótico testado pela autora não impediu, com a dose testada, a
translocação da Salm. Typhimurium em animais.
86
A redução da translocação de Salm. Typhimurium observada nos animais
tratados com S. cerevisiae UFMG 905 poderia explicar o baixo número de focos
inflamatórios hepáticos nesses animais, após 28 dias de desafio enteropatogênico, como
observado em nossos resultados prévios (MARTINS et al., 2005a). A translocação de
Salm. Typhimurium para o fígado e baço de animais controle, sem detecção do
patógeno nos linfonodos (Figura 11A) poderia ser explicada por um maior dano físico
no epitélio intestinal desse grupo. Como descrito por BERG (1995), a translocação para
o fígado poderia ser feita por passagem intracelular (rota linfática, via linfonodos) ou
passagem extracelular (rota vascular, devido a danos físicos no epitélio intestinal). Uma
diminuição na translocação também foi observada em vários modelos animais
submetidos a queimaduras, danos hepáticos, imunossupressão experimental e infecção
abdominal, usando probióticos bacterianos (CHIVA et al., 2002; GUN et al., 2005) e
leveduras (BERG et al., 1993; PERET FILHO et al., 1998; HEREK et al., 2004).
Parece que todos os componentes da resposta imune - incluindo imunidades
mucosa, mediada por células, e humoral - estão envolvidos no controle da translocação
bacteriana. Acredita-se que a sIgA iniba a associação íntima do patógeno com a mucosa
epitelial, reduzindo, desse modo, a penetração bacteriana. A imunidade mediada por
células na lâmina própria e em órgãos linfóides exerce uma segunda linha de defesa
contra a translocação bacteriana. As imunoglobulinas séricas agem, provavelmente,
como opsoninas para aumentar a efetividade de fagocitose por macrófagos e leucócitos
polimorfonucleares e, subsequentemente, matam as bactérias que translocaram. No caso
de uma translocação efetiva, o sistema reticuloendotelial (RES, “reticuloendothelial
system”) desempenha um papel importante na remoção de microrganismos da
circulação. A fagocitose hepática pelas células de Küppfer é responsável por mais de
80% da função do RES (SABA, 1970). Glicanos e outros produtos de Saccharomyces
são importantes estimuladores do RES. A proliferação de células tronco
hematopoiéticas pluripotentes (células formadoras de colônia de macrófagos e
granulócitos e as células formadoras de colônia de eritrócitos), na medula óssea de
murinos, foi demonstrada após administração de glicanos (PATCHEN & MCVITTIE,
1982). Além do mais, após a administração de glicano, um aumento na produção de
interleucina-1, por um efeito direto nos macrófagos, ou indireto, por um aumento na
produção de fatores estimulantes do cólon de células T estimuladas por glicano
(HAMURO et al., 1982).
87
0
2
4
6
8
Fígado Baço LM Fígado Baço LM
Controle Experimental
Órgão
Log
10
UFC g
-1
0
2
4
6
8
Fígado Baço LM Fígado Baço LM
Controle Experimental
Órgão
Log
10
UFC g
-1
Figura 10. Translocação de Salm. Typhimurium, para o fígado, baço e linfonodos
mesentéricos (LM), em camundongos gnotobióticos, previamente monoassociados com
S. cerevisiae UFMG 905 (experimental), ou não (controle). N = 5.
88
A
0
2
4
6
8
Fígado Baço LM Fígado Baço LM
Controle Experimental
Órgão
Log
10
UFC g
-1
A
0
2
4
6
8
Fígado Baço LM Fígado Baço LM
Controle Experimental
Órgão
Log
10
UFC g
-1
B
0
2
4
6
8
Fígado Baço LM Fígado Baço LM
Controle Experimental
Órgão
Log
10
UFC g
-1
B
0
2
4
6
8
Fígado Baço LM Fígado Baço LM
Controle Experimental
Órgão
Log
10
UFC g
-1
Figura 11. Translocação de Salm. Typhimurium, para o fígado, baço e linfonodos
mesentéricos (LM), em camundongos convencionais, previamente tratados com S.
cerevisiae UFMG 905 (experimental), ou não (controle), após 5 (A) e 10 (B) dias de
desafio. N = 5.
89
V.3 Efeito da levedura S. cerevisiae UFMG 905, nas células de Küpffer, em
animais gnotobióticos
A contagem do número de células de Küpffer foi feita em 12 campos aleatórios.
A Figura 12 mostra o aspecto histológico do fígado de camundongos, corado por HE,
mostrando o número de células de Küpffer em animais sem germes (Figura 12A) e
animais monoassociados com a levedura (Figura 12B). A Tabela 2 mostra o número de
células de Küpffer (por 100 hepatócitos) em camundongos sem germes (controle) e
camundongos monoassociados, durante 10 dias, com a levedura. O número de células
de Küpffer foi significantemente maior (P = 0,013) no grupo experimental (animais
monoassociados) (52,9 ± 15,7 células de Küpffer por 100 hepatócitos) em relação ao
grupo de animais isentos de germes (controle) (38,1 ± 9,0 células de pffer por 100
hepatócitos). No grupo experimental, o material mostrou raros mononucleares intra-
parenquimatosos e aumento da relação núcleo citoplasmática das células de Küpffer,
além de maior hipertrofia e hiperplasia das células de Küpffer, em relação ao controle.
O aumento do número de células de Küpffer não resultou em um aumento da relação do
peso do órgão / peso corporal nos animais monoassociados (dados não mostrados).
Os mononucleares não são freqüentes no parênquima hepático normal; em geral,
aparecem em pequeno numero nos espaços porta, ou no conjuntivo peri veia central.
Destaca-se que, nos resultados encontrados, a presença de mononucleares intra-
parenquimatosos, mesmo em pequenas quantidades, entre as fileiras de hepatócitos,
refletem um aumento da migração destas células, e são um indício de que resposta
inflamatória e aumento de fenômenos migratórios. A hipertrofia (aumento do tamanho
das células, que indica, em geral, um aumento da atividade metabólica, de
processamento de antígenos) vem acompanhada de um aumento da taxa de divisão
celular e aumento do número de células (hiperplasia) (BOGLIOLO & BRASILEIRO
FILHO, 2004).
O aumento do número de células de Küpffer, em animais gnotobióticos, também
já foi observado em animais monoassociados com Lactobacillus delbrueckii UFV-
H2B20 (NEUMANN et al., 1998) e S. boulardii (RODRIGUES et al., 2000).
90
Figure 12. Aspecto histológico do fígado de camundongos corados por HE, mostrando
o número de células de Küpffer em animais isentos de germes (A) e animais
monoassociados com a levedura (B). Observe o aumento do número de células de
Küpffer (setas) no fígado de animais monoassociados com S. cerevisiae UFMG 905.
Aumento: objetiva de 20X.
91
Tabela 2. Número de células de Küpffer (por 100 hepatócitos) em camundongos sem
germes (controle) e camundongos monoassociados, durante 10 dias, com a levedura S.
cerevisiae UFMG 905 (experimental). (P = 0,013; N = 12).
Controle Experimental
Número de células de
Küpffer (por 100
hepatócitos)
38,1 ± 9,0
52,9 ± 15,7*
*Indica diferença significativa.
92
V.4 Efeito da levedura S. cerevisiae UFMG 905 no sistema fagocítico de
camundongos NIH gnotobióticos, controles e experimentais, quando do desafio
endovenoso com E. coli B
41
Como os macrófagos desempenham um papel importante na resposta imune do
hospedeiro, e devido ao aumento observado do número dessas células nos fígados dos
animais monoassociados, foi avaliada a influência da associação com a levedura no
clareamento sistêmico de uma bactéria na corrente sanguínea. Para isso, um grupo de
animais IG foi monoassociado com a levedura e um outro grupo, inoculado com uma
dose única de PBS estéril. Após 10 dias, os dois grupos de animais foram inoculados, na
veia da cauda, com uma dose de 200 µl contendo 10
8
UFC/ml de E. coli B
41
e, nos
tempos 0, 15, 30, 60 e 90 min após a injeção, amostras de sangue foram coletadas pelo
plexo retro-orbital, plaqueadas, em ágar MacConkey, e incubadas, durante 24 h, a 37°C.
A porcentagem de bactérias encontradas em cada grupo de camundongos, em relação ao
tempo zero, determinada por diluições decimais, está representada na Figura 13. A
capacidade de clareamento (clearance) no grupo experimental foi maior que a observada
em animais do grupo controle (P < 0,05). Este aumento na capacidade de clareamento
não foi devido a um aumento no tamanho do fígado dos animais experimentais, uma vez
que não foi observada hepatomegalia (dados não mostrados).
Após 30 minutos de desafio endovenoso, o grupo de animais monoassociados
apresentou um clareamento mais rápido em relação ao grupo controle e, após 75
minutos, um clareamento total foi observado apenas no grupo experimental (Figura 13).
É bem conhecido que as células de Küppfer representam uma das maiores
populações de macrófagos em tecidos e, junto com os neutrófilos, têm sido implicadas
como responsáveis pelo clareamento de patógenos (Listeria monocytogenes, E. coli,
Klebsiella pneumoniae e Trypanosoma musculi) na corrente sanguínea (KONGSHAVN
et al., 1990; HIRAKATA et al., 1991; GREGORY et al., 1996).
O aumento das células de Küppfer (Tabela 2) foi simultâneo com um aumento
do clareamento de uma bactéria patogênica injetada sistemicamente (Figura 13). Nossos
resultados mostram que a capacidade de clareamento de E. coli B
41
da corrente
sanguínea em animais gnotobióticos experimentais foi maior que aquela observada no
grupo controle. Juntos, esses resultados sugerem que, neste modelo experimental, um
maior número de células de Küppfer em animais experimentais foi responsável por um
melhor clareamento observado, quando comparado com animais controle.
93
Tempo (minutos)
0 15 30 45 60 75 90
Porcentagem de E. coli B
41
viáveis
0,001
0,01
0,1
1
10
100
Figura 13. Clareamento de E. coli B
41
do sangue de camundongos isentos de germes
(
) ou monoassociados com S. cerevisiae UFMG 905 (
). Os resultados são expressos
como porcentagem de bactérias viáveis em relação ao tempo 0 (100%) por ml de
sangue. Cada ponto representa a média de 11 animais, de dois experimentos
independentes. As barras verticais representam os desvios-padrão das médias. *Indica
diferença estatisticamente significativa entre os grupos controle e experimental,
avaliados pelo teste t de Student (P < 0,05).
*
94
V.5 Níveis de imunoglobulinas secretadas do tipo A (sIgA), IgG e IgM no
conteúdo intestinal e no soro de camundongos NIH, gnotobióticos e convencionais,
controles e experimentais, monoassociados ou tratados com a levedura S. cerevisiae
UFMG 905, respectivamente
A superfície mucosa do trato gastrintestinal forma um importante órgão de
defesa do hospedeiro. Somado às suas principais funções fisiológicas - digestão e
absorção de nutrientes - a mucosa intestinal serve como uma interface protetora entre o
ambiente interno e os antígenos presentes nos alimentos e microrganismos vindos do
ambiente externo. O hospedeiro é protegido contra esses agentes nocivos por diversos
fatores não imunológicos, incluindo saliva, ácido gástrico, peristaltismo, muco,
proteólise intestinal, microbiota indígena e a membrana celular com suas junções
intercelulares (ISOLAURI, 1999). O sistema imune de mucosas apresenta duas armas
de defesa: (i) exclusão imune, desempenhada pelo sistema de imunoglobulinas
secretadas (sIg) e, (ii) regulação imune, que é o estado de hiporesposta induzida por
uma administração oral de antígenos (BRANDTZAEG, 1995).
A Figura 14 mostra a influência de S. cerevisiae UFMG 905 nos níveis de IgA,
IgG e IgM produzidas no conteúdo intestinal e soro de camundongos IG (controle) e
camundongos monoassociados com S. cerevisiae UFMG 905 (experimental). Uma
diferença estatisticamente significativa (P < 0,05) entre os grupos controle e
experimental foi observada apenas nos níveis de IgA total no soro (24 ± 3 ηg ml
-1
de
soro de animais IG contra 295 ± 164 ηg ml
-1
de soro de animais monoassociados com S.
cerevisiae UFMG 905. P = 0,002. N = 8 animais em cada grupo) (Figura 14A); sIgA
(52 ± 41 ηg g
-1
de conteúdo intestinal de animais IG contra 168 ± 42 ηg g
-1
de conteúdo
intestinal de animais monoassociados com S. cerevisiae UFMG 905. P = 0,0002. N = 8
animais em cada grupo) (Figura 14B) e IgM no soro (5973 ± 1342 ηg ml
-1
de soro de
animais IG contra 10457 ± 666 ηg ml
-1
de soro de animais monoassociados com S.
cerevisiae UFMG 905. P = 0,014. N = 4 animais em cada grupo) (Figura 14E). Nas
outras dosagens, apenas uma discreta diferença foi observada, mas que não foi
estatisticamente significativa: IgG sérica (16633 ± 6060 ηg ml
-1
de soro de animais IG
contra 20278 ± 8670 ηg ml
-1
de soro de animais monoassociados com S. cerevisiae
UFMG 905. P = 0,32. N = 9 animais em cada grupo) (Figura 14C); IgG intestinal (225
± 86 ηg g
-1
de fluido intestinal de animais IG contra 268 ± 48 ηg g
-1
de fluido intestinal
95
de animais monoassociados com S. cerevisiae UFMG 905. P = 0,32. N = 6 animais em
cada grupo) (Figura 14D) e IgM intestinal (56 ± 16 ηg g
-1
de fluido intestinal de animais
IG contra 69 ± 3 ηg g
-1
de conteúdo intestinal de animais monoassociados com S.
cerevisiae UFMG 905. P = 0,21. N = 4 animais em cada grupo) (Figura 14F).
Em animais CV (Figura 15), um aumento nos níveis de IgG (Figura 15A) e IgM
(Figura 15B) foi observado apenas no fluido intestinal [IgG (123 ± 6 ηg g
-1
de fluido
intestinal de animais CV contra 181 ± 23 ηg g
-1
de fluido intestinal de animais CV
tratados com S. cerevisiae UFMG 905. P = 0,16. N = 4 animais em cada grupo); IgM
(12 ± 2 ηg g
-1
de fluido intestinal de animais CV contra 21 ± 9 ηg g
-1
de fluido
intestinal de animais CV tratados com S. cerevisiae UFMG 905. P = 0,38. N = 4
animais em cada grupo)], mas essa diferença não foi estatisticamente significativa.
Nenhuma alteração foi observada nos níveis de imunoglobulinas séricas nos animais
convencionais (dados não mostrados).
Assim como S. boulardii (RODRIGUES et al., 2000), S. cerevisiae UFMG 905
aumenta tanto a produção local de IgA (no fluido intestinal) como a sua produção
sistêmica (no soro). sIgA representa uma barreira imunológica contra a adesão de
patógenos à mucosa intestinal, ligando-se à superfície bacteriana e prendendo-a na
camada mucosa do epitélio intestinal, ou às moléculas da superfície bacteriana que
medeiam a adesão às células epiteliais, prevenindo, assim, a translocação para órgãos
internos (HAJISHENGALLIS et al., 1992). Essa habilidade de estimular a produção de
sIgA não é a mesma para os diferentes microrganismos e, em camundongos GN,
bactérias Gram-negativo e leveduras, geralmente, induzem uma maior estimulação que
bactérias Gram-positivo (MOREAU et al., 1982; NEUMANN et al., 1998;
RODRIGUES et al., 2000).
O complicado papel da mucosa intestinal em absorver nutrientes e, ao mesmo
tempo, proteger contra agentes infecciosos está refletido no tamanho de seu sistema
imune. Existem mais células linfóides no trato digestivo que no baço, glândulas
linfáticas periféricas e sangue juntos. Isso pode, também, refletir o fato que a mucosa
intestinal, com sua superfície de 200-300 m
2
, separa as 10
13
células eucarióticas
humanas das 10
14
bactérias residentes no trato digestivo (HANSON et al., 1999).
O sistema linfóide associado ao intestino pode ser dividido em dois
compartimentos funcionais: um indutor e um efetor, interligados pelas vias hemo-
linfáticas. Podemos distinguir, em primeiro lugar, os órgãos linfóides organizados (as
96
placas de Peyer e os gânglios mesentéricos), cujo papel é organizar uma resposta imune
específica. O compartimento efetor é formado por um tecido linfóide difuso, constituído
de linfócitos T e de plasmócitos (CELLIER et al., 2000). A indução da resposta imune é
efetuada mais particularmente nas placas de Peyer. Elas contêm as células M que
asseguram o transporte, por pinocitose, de microrganismos e de macromoléculas até as
células apresentadoras de antígenos e os linfócitos B e T. Após estimulação por um
antígeno, os linfócitos das placas de Peyer migram, através dos gânglios mesentéricos,
onde se diferenciam e se multiplicam e, em seguida, encontram a mucosa, após um
trânsito pela circulação geral. Essa domiciliação específica é assegurada pelas
moléculas de adesão expressas na superfície de certas células endoteliais e dos
linfócitos. O sistema linfóide difuso participa igualmente da defesa do intestino,
notavelmente via linfócitos T intra-epiteliais, que são células diferenciadas, ricas em
perforina e granzima. Estes linfócitos exercem uma potente atividade citotóxica contra
alvos infectados por vírus ou parasitas. Enfim, os linfócitos T secretam linfocinas, como
IL-5 e IL-6, que favorecem a diferenciação de plasmócitos a IgA e, estes, participam da
indução local de produção de anticorpos protetores contra diversos patógenos
(CELLIER et al., 2000).
O sistema linfóide do trato digestivo é bem diferente daquele de outros tecidos.
Enquanto na imunidade sérica e imunidade tecidual há uma predominância de IgG sobre
IgA e IgM, na lâmina própria do trato digestivo existem mais de 20 imunócitos
produtores de IgA para cada célula produtora de IgG (GOLDBLUM et al., 1996). Além
do mais, as moléculas de IgA e IgG séricas são monômeros, mas os anticorpos IgA
produzidos na mucosa intestinal são dímeros de IgA, com uma cadeia J (“joining”)
extra. Essa cadeia permite a sua ligação a um receptor especial, o componente secretado
(SC, “secretory component”), também chamado receptor poli Ig, na porção basal do
epitélio intestinal. A ligação ao SC é seguida pelo transporte através da célula epitelial
pelo complexo dímero J de IgA-SC, que é chamado de anticorpo IgA secretada (sIgA).
A sIgA, que é mais estável a mudanças de pH e enzimas proteolíticas que anticorpos
séricos, aparece na superfície da mucosa intestinal em concentrações relativamente
altas. A sIgA funciona neutralizando vírus e toxinas, mas também pode se ligar a
bactérias, prevenindo a aderência bacteriana às células intestinais (HANSON et al.,
1999).
sIgA está envolvida, principalmente, na proteção imune específica da superfície
da mucosa intestinal. Ela é resistente à proteólise intraluminal e não ativa o sistema de
97
complemento ou a resposta inflamatória. Isso a faz ideal para desempenhar sua função
na primeira linha de defesa, em combinação com os mecanismos de defesa não
imunológicos. Um homem adulto saudável, com peso de 70 kg, produz
aproximadamente 3 g de anticorpos diariamente. Quase dois terços desta quantidade são
formados por IgA, produzida pelas células B, nas paredes dos tratos gastrintestinal e
respiratório, e transportada ativamente para a luz. A grande quantidade de IgA
produzida reflete a grande área de superfície desses órgãos. Após a exposição ao
antígeno, a maior parte da resposta dos anticorpos ocorre nos tecidos linfóides,
principalmente no baço, nos linfonodos e no tecido linfóide associado às mucosas, mas
células produtoras de anticorpos de longa duração podem persistir em outros tecidos,
especialmente na medula óssea (ABBAS & LICHTMAN, 2005).
98
A
0
100
200
300
400
500
Controle Experimental
*
IgA ( g ml
-1
de soro)
B
0
50
100
150
200
250
Controle Experimental
*
sIgA total ( g g
-1
de conteúdo
intestinal
C
0
10000
20000
30000
40000
Controle Experimental
IgG ( g ml
-1
de soro)
D
0
100
200
300
400
Controle Experimental
IgG ( g g
-1
de conteúdo intestinal)
E
0
3000
6000
9000
12000
Controle Experimental
*
IgM ( g ml
-1
de soro)
F
0
20
40
60
80
Controle Experimental
IgM ( g g
-1
de contdo intestinal)
Figura 14.
Níveis de IgA (A), sIgA (B), IgG (C-D) e IgM (E-F) produzidas no
conteúdo intestinal (B, D e F) e soro (A, C e E) de camundongos isentos de germes
(controle) e camundongos monoassociados com
S. cerevisiae
UFMG 905
(experimental). Os resultados estão expressos como média das concentrações de
imunoglobulinas (
η
g) g
-1
de conteúdo intestinal ou ml
-1
de soro. As barras verticais
representam os desvios-padrão das médias. *Indica diferença estatisticamente
significativa entre os grupos controle e experimental, avaliados pelo teste
t
de Student
(
P
< 0,05). N = 5.
99
A
0
50
100
150
200
250
Controle Experimental
IgG ( g g
-1
de conteúdo intestinal)
B
0
10
20
30
40
Controle Experimental
IgM ( g g
-1
de conteúdo intestinal)
Figura 15. Níveis de IgG (A) e IgM (B) produzidos no conteúdo intestinal de
camundongos convencionais tratados (experimental) ou não (controle) com a levedura
S. cerevisiae UFMG 905. Os resultados são expressos como média da concentração de
imunoglobulinas (ηg) g
-1
no conteúdo intestinal. As barras verticais representam os
desvios-padrão das médias. Não houve diferença entre os outros grupos. N = 5.
100
Parte II: Efeitos de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 na sinalização celular
induzida, em células T84, após infecção pelo enteropatógeno Salm. Typhimurium
14028
V.6 Efeito de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 na integridade epitelial de
células T84, após infecção por Salm. Typhimurium 14028
Para determinar o efeito das duas leveduras (S. boulardii e S. cerevisiae UFMG
905) na diminuição da resistência transepitelial (RTE) induzida por Salm. Typhimurium
14028, as células T84 foram cultivadas sobre filtros, o que permite delimitar um
compartimento superior (apical) e um compartimento inferior (basal), e infectadas na
porção apical com a bactéria, na presença e na ausência de uma das duas leveduras. A
RTE foi acompanhada durante 8 horas e os resultados são mostrados nas Figuras 16 e
17.
A Figura 16 mostra que S. boulardii impede a queda da RTE induzida por Salm.
Typhimurium 14028. Ao final de 8 horas, a RTE caiu 50% nas células infectadas
apenas com Salm. Typhimurium 14028, enquanto nas células pré-incubadas com S.
boulardii e infectadas com Salm. Typhimurium 14028, a RTE se assemelha à das
células controle (sem infecção). Em células infectadas com Salm. Typhimurium 14028 e
S. boulardii ao mesmo tempo, a RTE permanece semelhante à das células controle até 7
horas, quando, ao final de 8 horas, a RTE começa a cair. A presença isolada de S.
boulardii não interferiu na RTE, conforme observado na Figura 16. Os resultados
encontrados com S. cerevisiae UFMG 905 (Figura 17) são muito semelhantes àqueles
encontrados para S. boulardii (Figura 16). Entretanto, ao contrário do que aconteceu
com S. boulardii, quando S. cerevisiae UFMG 905 é incubada ao mesmo tempo com
Salm. Typhimurium 14028, a RTE cai a níveis próximos aos das células infectadas
apenas com Salm. Typhimurium 14028, mostrando que o efeito preventivo de S.
cerevisiae UFMG 905 é melhor que o efeito curativo, no que se refere à RTE (Figura
17).
Essa queda na RTE de enterócitos induzida por Salm. Typhimurium, havia
sido observada (BERTELSEN et al., 2004); entretanto, o efeito de S. boulardii e S.
cerevisiae UFMG 905 nessa queda da RTE, induzida por Salm. Typhimurium, não
havia sido, ainda, demonstrado. CZERUCKA et al. (2000) e DAHAN et al. (2003)
101
haviam observado o efeito protetor de S. boulardii na queda da RTE em infecções por
EPEC e EHEC.
As células epiteliais servem de barreira seletiva entre dois ambientes distintos.
Para isso, existem as junções serreadas, situadas no pólo apical, que limitam o fluxo
paracelular. Essas junções são compostas de diversas proteínas e o fechamento dos
espaços paracelulares é feito por proteínas associadas às membranas, as ocludinas e as
claudinas, que interagem com seus homólogos entre as células vizinhas. Ao lado,
encontramos as proteínas periféricas, não membranárias, em especial ZO-1, ZO-2 e ZO-
3, que são as mais bem estudadas e caracterizadas. Associado a essas proteínas, o
citoesqueleto de actina tem um papel importante no controle da permeabilidade das
junções serreadas. De fato, a contração do citoesqueleto possibilita a abertura dessas
junções. Essa contração está intimamente ligada à fosforilação da MLC (cadeia leve de
miosina, “myosin light chain”), fosforilação esta que é feita por duas quinases: a MLCK
(MLC quinase) e a PKC (proteína quinase C, “protein kinase C”) (NISHIKAWA et al.,
1983). A ruptura das junções serreadas está implicada em diversas doenças, uma vez
que ela aumenta a permeabilidade intestinal, favorecendo a passagem de substâncias
tóxicas presentes na luz intestinal. Essa desestabilização pode ser verificada, in vitro,
medindo-se a resistência transepitelial de células cultivadas em monocamadas. A
ativação de MLCK está diretamente implicada na queda da RTE, após infecções com E.
coli enteropatogênicas e enterohemorrágicas (YUHAN et al., 1997; PHILPOTT et al.,
1998; CZERUCKA et al., 2001), assim como em infecções por Salm. Typhimurium
(BERTELSEN et al., 2004).
102
40
60
80
100
120
0 2 4 6 8
Tempo (horas após a infecção)
RTE (%)...
Figura 16. Efeito de S. boulardii (Sb) na diminuição da Resistência Trans-Epitelial
(RTE) induzida por Salm. Typhimurium 14028 (ST), em células T84. A RTE diminui
progressivamente em células infectadas com Salm. Typhimurium 14028 (), quando
comparadas com o controle () ou em células infectadas na presença simultânea de S.
boulardii (), ou em células pré-incubadas com S. boulardii e infectadas com Salm.
Typhimurium 14028 (). A presença de S. boulardii, apenas, não interfere na RTE
(). ON, “overnight”.
Controle
SbON
ST
Sb + ST
SbON + ST
103
40
60
80
100
120
0 2 4 6 8
Tempo (horas após a infecção)
RTE (%)...
Figura 17. Efeito de S. cerevisiae UFMG 905 (905) na diminuição da Resistência
Trans-Epitelial (RTE) induzida por Salm. Typhimurium 14028 (ST), em células T84. A
RTE diminui progressivamente em células infectadas com Salm. Typhimurium 14028
(), quando comparadas com o controle () ou em células infectadas na presença
simultânea de S. cerevisiae UFMG 905 (), ou em células pré-incubadas com S.
cerevisiae UFMG 905 e infectadas com Salm. Typhimurium 14028 (). A presença de
S. cerevisiae UFMG 905, apenas, não interfere na RTE (). ON, “overnight”.
Controle
905ON
ST
905 + ST
905ON + ST
104
V.7 Efeito de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 na resposta inflamatória, em
células T84, após infecção por Salm. Typhimurium 14028
Em resposta à infecção por Salm. Typhimurium, as células secretam IL-8
(HOBBIE et al., 1997). Para verificar o efeito de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905
na secreção de IL-8, induzida por Salm. Typhimurium, as células foram infectadas,
durante 3 horas, com Salm. Typhimurium 14028, na presença ou não de uma das duas
leveduras, e a concentração de IL-8 presente no sobrenadante das culturas celulares foi
analisada pelo método de ELISA (Figuras 18 e 20). A presença de Salm. Typhimurium
14028 induz um aumento de, aproximadamente, 50 vezes nos níveis de IL-8, em relação
às células controle (de 5,6 ± 4,5 pg/ml para 266 ± 41,3 pg/ml). Na Figura 18, podemos
observar que a presença da levedura S. boulardii diminui drasticamente os níveis de IL-
8 induzidos por Salm. Typhimurium 14028. Quando pré-incubada, S. boulardii provoca
uma diminuição de mais de nove vezes nos níveis de IL-8 e, quando co-incubada, uma
diminuição de três vezes. A presença da levedura S. boulardii, apenas, não acarretou um
aumento significativo nos níveis de IL-8. Essa diminuição foi, também, observada na
expressão do mRNA para IL-8 (Figura 19), pela técnica de PCR em tempo real. Nesse
caso, em que foi realizada uma cinética de infecção, avaliou-se o efeito de S. boulardii
nos níveis de IL-8 mRNA, induzidos por Salm. Typhimurium 14028, em células T84,
por PCR quantitativo, após 1h, 2h e 3h de infecção com a bactéria, na presença da
levedura pré- e co-incubada. Foi observado que, tanto pré- quanto co-incubada, a
levedura diminui os níveis do mRNA para IL-8, mas diferenças estatisticamente
significativas foram encontradas apenas durante a pré-incubação com a levedura,
independentemente do tempo de infecção.
A Figura 20 mostra os mesmos resultados utilizando a levedura S. cerevisiae
UFMG 905 como probiótico. Assim como S. boulardii, ela foi capaz de diminuir os
níveis de IL-8 induzidos por Salm. Typhimurium 14028. Tanto pré- quanto co-
incubada, foi, também, capaz de promover uma diminuição significativa nos níveis de
IL-8 (9,3 e 3,2 vezes menos, respectivamente). Esses resultados mostram que as duas
leveduras (S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905) exercem um efeito preventivo na
secreção de IL-8 durante a infecção por Salm. Typhimurium 14028, em células do
cólon.
DAHAN et al. (2003) já haviam observado o efeito anti-inflamatório de S.
boulardii em infecções por EHEC. Trabalhando com culturas de lactobacilos,
105
NEMETH et al. (2006) mostraram um efeito anti-inflamatório do probiótico mediado
diretamente pela cultura probiótica ou via secreção de produtos anti-microbianos.
Trabalhando com bifidobactérias, RIEDEL et al. (2006) observaram um efeito anti-
inflamatório devido à inibição da ativação de NF-κB induzida pelo LPS bacteriano.
O'HARA et al. (2006) demonstraram que B. infantis e L. salivarius diminuíam a
secreção de IL-8 em células infectadas com Salm. Typhimurium e que B. infantis
também limitava a secreção de IL-8 induzida pela flagelina de Salm. Typhimurium.
Trabalhando com uma E. coli enterotoxigênica, ROSELLI et al. (2006) observaram que
B. animalis MB5 e L. rhamnosus GG diminuíam a resposta inflamatória causada pelo
patógeno, devido a uma diminuição da adesão da bactéria e pela regulação da expressão
de quimiocinas e citocinas.
MA et al. (2004) também observaram uma inibição da síntese de IL-8 induzida
por Salm. Typhimurium, em culturas celulares pré-incubadas com L. reuteri, e esse
efeito foi atribuído à inibição da translocação de NF-κB para o núcleo, assim como a
prevenção da degradação de IκB.
Todo enteropatógeno, após atingir seu local de ação no hospedeiro, precisa
competir com a microbiota presente no trato digestivo para poder se estabelecer e causar
infecção. A maioria destes patógenos, como é o caso de Salmonella e algumas linhagens
de E. coli, causa infecção em um processo que envolve três estágios: adesão, indução de
sinais nas células do hospedeiro e entrada da bactéria (ou de suas toxinas) na célula
(SCALETSKY et al., 1984). Todo este processo leva à indução de várias respostas,
dentre elas a resposta imune, via produção de imunoglobulinas e citocinas. Estudos
prévios, utilizando ensaios in vitro e in vivo, mostraram que uma linhagem de EHEC
induzia uma potente resposta pró-inflamatória via liberação de IL-8 em células T84
infectadas (DAHAN et al., 2002), que é um dos principais produtos secretados por
células epiteliais infectadas (ECKMANN et al., 1993).
A expressão do gene que codifica a IL-8 é regulada por várias vias. A região
promotora do gene para IL-8 contem seqüências às quais se ligam vários fatores de
transcrição, incluindo NF-IL-6, NF-κB e AP-1 (MUKAIDA et al., 1994). ELEWAUT
et al. (1999) mostraram que NF-κB é o regulador central da resposta imune inata
epitélio-célula a infecções por bactérias enteroinvasivas, como é o caso do gênero
Salmonella e algumas linhagens de Escherichia. Além do mais, respostas imunes e
inflamatórias no intestino envolvem a transcrição do fator NF-κB (NEURATH et al.,
106
1998). Na maioria das células, o NF-κB se encontra no citoplasma na sua forma inativa
pela ligação de uma proteína inibitória, a IκB, que oculta o sinal para localização
nuclear no NF-κB e impede a sua translocação para o núcleo. A translocação do NF-κB
requer a fosforilação de IκB e, uma vez fosforilado, IκB é ubiquitinilado e, depois,
degradado pela subunidade 26S do proteasoma (BROWN et al., 1995).
A ativação de AP-1 é dependente de MAPKs que desempenham um papel
central em muitas respostas do hospedeiro, incluindo resposta a citocinas, respostas a
estresses e reorganização do citoesqueleto (DAVIS, 1993; DAVIS, 2000). As vias de
MAP quinases formam um grupo de proteínas quinases reguladas por sinal extracelular
(ERK1/2) e duas proteínas quinases ativadas por estresse chamadas p38 e JNK. Muitos
receptores de superfície de eucariotos utilizam, pelo menos, uma dessas cascatas de
MAPK, altamente conservadas para sinalização intracelular (ROBINSON & COBB,
1997).
DAHAN et al. (2002), utilizando EHEC como modelo, demonstraram a
habilidade desta bactéria em induzir uma resposta pró-inflamatória em células T84 e
viram que esta resposta envolvia vias sinalizadoras de NF-κB, AP-1 e MAPK. Este tipo
de infecção é capaz de alterar, também, a permeabilidade intestinal (PHILPOTT et al.,
1998).
107
0
100
200
300
400
C ST 3h Sb + ST 3h SbON + ST 3h SbON
IL-8 (pg/ml)...
Figura 18. Efeito de S. boulardii (Sb) nos níveis de IL-8, induzidos por Salm.
Typhimurium 14028 (ST), em células T84. A IL-8 foi analisada no sobrenadante de
células T84, por ELISA, após 3 horas de infecção com Salm. Typhimurium 14028, na
presença de S. boulardii pré- ou co-incubada. *Diferença estatisticamente significativa
entre as células infectadas por Salm. Typhimurium 14028 e células infectadas por Salm.
Typhimurium 14028, na presença de S. boulardii. **Diferença estatisticamente
significativa entre as células infectadas por Salm. Typhimurium 14028 e o controle (P <
0,05, n = 8). C, controle; ON, “overnight”.
*
*
*
*
108
Figura 19. Efeito de S. boulardii (Sb) nos níveis de IL-8 mRNA, induzidos por Salm.
Typhimurium 14028 (ST), em células T84. IL-8 mRNA foi analisado nas células T84,
por PCR quantitativo após 1h, 2h e 3h de infecção com Salm. Typhimurium 14028, na
presença de S. boulardii pré- ou co-incubada. *Diferença estatisticamente significativa
entre as células infectadas por Salm. Typhimurium 14028 e células infectadas por Salm.
Typhimurium 14028, na presença de S. boulardii. (P < 0,05, n = 6). C, controle; ON,
“overnight”.
0
400
800
1200
1600
C 1h 2h 3h 1h 2h 3h 1h 2h 3h
ST Sb + ST Sb(ON) + ST
IL-8 mRNA (fold increase)
* * *
0
400
800
1200
1600
C 1h 2h 3h 1h 2h 3h 1h 2h 3h
ST Sb + ST Sb(ON) + ST
IL-8 mRNA (fold increase)
* * *
109
0
100
200
300
400
C ST 3h Sc-905 + ST 3h Sc-905ON + ST
3h
Sc-905ON
IL-8 (pg/ml)...
Figura 20. Efeito de S. cerevisiae UFMG 905 (Sc-905), nos níveis de IL-8, induzidos
por Salm. Typhimurium 14028 (ST), em células T84. IL-8 foi analisado no
sobrenadante de células T84, por ELISA, após 3 horas de infecção com Salm.
Typhimurium 14028, na presença de S. cerevisiae UFMG 905 pré- ou co-incubada.
*Diferença estatisticamente significativa entre as células infectadas por Salm.
Typhimurium 14028 e células infectadas por Salm. Typhimurium 14028, na presença de
S. cerevisiae UFMG 905. **Diferença estatisticamente significativa entre as células
infectadas por Salm. Typhimurium 14028 e o controle (P < 0,05, n = 8). C, controle;
ON, “overnight”.
*
*
*
*
110
V.8 Efeito de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 nas vias de sinalização
celular, induzidas em células T84, por Salm. Typhimurium 14028
Diversos trabalhos mostraram que a secreção de IL-8 é dependente de fatores
de transcrição, como NF-κB e AP-1, assim como das MAP quinases (p38, ERK1/2 e
JNK) (HOBBIE et al., 1997; CZERUCKA et al., 2000; GEWIRTZ et al., 2000;
CZERUCKA et al., 2001; DAHAN et al., 2002; HOFFMANN et al., 2002; DAHAN et
al., 2003). Para avaliar o efeito de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 na indução da
fosforilação de MAP quinases (p38, ERK 1/2 e JNK) pela Salm. Typhimurium, as
células foram cultivadas em placas de 6 poços, infectadas com Salm. Typhimurium
14028, na presença ou não de S. boulardii ou S. cerevisiae UFMG 905 e, ao final da
infecção, as proteínas foram extraídas, corridas em SDS-PAGE e analisadas por
“imunoblotting” com anticorpos anti-fosfo-p38, anti-fosfo-ERK1/2 ou anti-fosfo-JNK.
A Figura 21 mostra o efeito de S. boulardii na indução de fosforilação de MAP
quinases induzidas pela Salm. Typhimurium 14028, após 1h, 2h e 3h de infecção com a
bactéria. A Salm. Typhimurium 14028 ativa a fosforilação de todas as três MAP
quinases, em todos os tempos, sendo a ativação maior após 3 horas de infecção. A
levedura S. boulardii, quando incubada ao mesmo tempo com Salm. Typhimurium
14028, não inibe as MAPKs ativadas pela Salm. Typhimurium 14028; entretanto,
quando pré-incubada toda a noite, ela diminui a fosforilação de p38, após 1h e 2h de
infecção e bloqueia após 3h de infecção com Salm. Typhimurium 14028 (Figura 21A).
Além disto, bloqueia completamente a fosforilação de ERK1/2 e JNK, em todos os
tempos (Figuras 21B e 21C). Um resultado idêntico foi encontrado com a levedura S.
cerevisiae UFMG 905 (Figura 22). A presença de S. boulardii (Figura 21) ou de S.
cerevisiae UFMG 905 (Figura 22) apenas, não ativa a fosforilação de nenhuma das
MAPKs.
Para avaliar o efeito de uma S. cerevisiae de laboratório (S. cerevisiae W303)
nessa inibição de fosforilação de MAPKs, induzidas por Salm. Typhimurium 14028, o
mesmo experimento foi realizado com a S. cerevisiae W303, no lugar de S. boulardii ou
S. cerevisiae UFMG 905, e, observou-se que, ao contrário das outras duas leveduras, S.
cerevisiae W303 não foi capaz de inibir o efeito da Salm. Typhimurium 14028, mesmo
quando pré-incubada, mostrando que o efeito benéfico não foi devido simplesmente à
presença de uma levedura (Figura 23). Todos esses resultados mostram que as leveduras
111
S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 previnem a ativação de MAPKs, induzidas por
Salm. Typhimurium 14028, em enterócitos.
Muitas vezes a infecção por enteropatógenos leva à morte programada celular ou
apoptose. As caspases são proteases que desempenham um papel-chave na iniciação e
execução da apoptose. Entre elas, a caspase-3 (cpp-32) é a mais bem estudada. Esta é
sintetizada como uma pró-enzima inativa de 32 kDa, que é clivada em células em
processo de apoptose em duas formas ativas, uma de 12 kDa e outra de 20 kDa
(ZYCHLINSKY & SANSONETTI, 1997).
Para mostrar que nenhuma das células estava em apoptose, avaliou-se, também
por “imunoblotting”, a clivagem da caspase-3. Salmonella Typhimurium 14028, na
presença ou na ausência de S. boulardii (Figura 24) ou S. cerevisiae UFMG 905 (Figura
25), não ativa a apoptose em células T84. É sabido, pela literatura, que Salm.
Typhimurium ativa a apoptose; entretanto, quando o fator NF-κB é ativado, ele inibe a
apoptose celular. A Salm. Typhimurium é uma bactéria que, ao mesmo tempo em que
ativa vias que levam à morte celular, também ativa vias que impedem a apoptose
celular, como a via PI3K/Akt (phosphatidyl-inositol-3-kinase) e o fator de transcrição
NF-κB (ZYCHLINSKY & SANSONETTI, 1997).
Trabalhando com EHEC, DAHAN et al. (2003) também observaram o efeito
protetor de S. boulardii na ativação de vias sinalizadoras induzidas por essa bactéria.
Este tipo de mecanismo de proteção foi, também, descrito para um probiótico
bacteriano. Estudos utilizando a linhagem celular Caco-2/TC7 mostrou que L.
acidophilus LB possui um efeito antimicrobiano em infecções causadas por Salm.
Typhimurium (COCONNIER et al., 2000). Este probiótico induziu uma diminuição do
rearranjo dos filamentos de actina nos sítios de adesão da Salm. Typhimurium e uma
diminuição do número de bactérias aderentes, induzindo uma menor resposta pro-
inflamatória pela secreção de IL-8. Além disso, o L. acidophilus permitiu, igualmente, a
diminuição do número de células de Salm. Typhimurium intracelulares e do número de
bactérias translocadas.
Estudos recentes mostraram que probióticos de origem bacteriana podem,
igualmente, intervir em etapas posteriores à adesão de Salmonella e modificar a resposta
dos enterócitos à infecção (OTTE & PODOLSKI, 2004).
Como descrito para os colibacilos enteropatogênicos, o processo infeccioso da
Salmonella é composto de três etapas: 1) adesão das bactérias às células (M,
enterócitos); 2) formação de um sistema de secreção do tipo III, que permite a
112
translocação de proteínas dentro do citoplasma da célula hospedeira, e 3) indução, por
fosforilação, de vias de sinalizações intracelulares (GRASSL & FINLAY, 2008). Nos
enterócitos, a translocação de proteínas bacterianas pela célula do hospedeiro tem, por
conseqüência, um acúmulo de actina nos sítios de adesão bacteriana, com formação de
vacúolos de macropinocitose e internalização de bactérias. Estas modificações do
citoesqueleto da célula hospedeira estão intimamente relacionadas às modificações do
metabolismo de fosfo-inositol induzidas pelas bactérias (HOBBIE et al., 1997).
As MAPKs já foram associadas à patogenia de bactérias enteroinvasivas, como a
Salm. Typhimurium e a Listeria monocytogenes. No caso da Salm. Typhimurium, a
ativação de MAP quinases do tipo ERK 1/2, p38 e JNK, e do fator NF-kB, estão
implicados na síntese de IL-8, em resposta à infecção (HOBBIE et al., 1998). A MAP
quinase p38 está envolvida na estabilização do mRNA para IL-8, ERK1/2, na invasão e
na indução de respostas inflamatórias e, JNK e os fatores NF-κB e AP-1 estão
envolvidos na síntese de IL-8, em resposta à infecção (HOFFMANN et al., 2002).
Como o fator de transcrição NF-κB é um dos principais responsáveis pela
síntese de IL-8, em resposta a diversos fatores, dentre eles uma resposta à infecção,
avaliou-se a ativação desse fator, assim como a fosforilação de sua proteína inibidora
(IκB). Para se avaliar o efeito de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 na indução da
fosforilação da proteína inibidora pela Salm. Typhimurium, as células T84 foram
cultivadas em placas de 6 poços, infectadas com Salm. Typhimurium 14028, na
presença ou não de S. boulardii ou S. cerevisiae UFMG 905 e, ao final da infecção, as
proteínas foram extraídas, corridas em SDS-PAGE e analisadas, por “imunoblotting”,
com anticorpo anti-fosfo-IκB-α. Para se avaliar o efeito de S. boulardii e S. cerevisiae
UFMG 905 na ativação do fator NF-κB pela Salm. Typhimurium, as células foram
cultivadas em placas de 6 poços, infectadas com Salm. Typhimurium 14028, na
presença ou não de S. boulardii ou S. cerevisiae UFMG 905 e, ao final da infecção, as
proteínas totais foram extraídas, incubadas com oligonucleotídeos, marcados
radioativamente, que reconhecem o sítio κB. Os complexos foram separados por
eletroforese em gel de retardamento, analisados e os resultados estão apresentados nas
Figuras 26 e 27.
A Figura 26 mostra o efeito de S. boulardii na fosforilação de IκB-α (Figura
26A) e na ativação do fator NF-κB (Figura 26B) induzidas por Salm. Typhimurium
14028. Salmonella Typhimurium promove a ativação de IκB-α, que é a proteína
113
inibidora que impede que o fator NF-κB transloque para o núcleo e ative os genes
responsáveis pela ativação de diversas citocinas pró-inflamatórias, como a IL-8. A
presença de S. boulardii, incubada ao mesmo tempo com Salm. Typhimurium 14028,
não promove uma diminuição da ativação de IκB-α. Quando pré-incubada, S. boulardii
promove uma pequena diminuição na fosforilação de IκB-α (Figura 26A) e essa
diminuição não é responsável por uma diminuição da ativação do fator NF-κB,
conforme pode ser observado na Figura 26B. Um resultado muito parecido foi
encontrado quando se utilizou S. cerevisiae UFMG 905, no lugar de S. boulardii (Figura
27).
Uma vez que foi observada uma grande diminuição dos níveis de IL-8, induzida
por Salm. Typhimurium 14028, na presença de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905
(Figuras 18, 19 e 20), e não tendo sido observada uma diminuição da ativação do fator
NF-κB (Figuras 26 e 27), uma explicação plausível para essa diminuição de IL-8 se
encontra no fato de as duas leveduras diminuírem a fosforilação de p38 (Figuras 21A e
22A), que é a MAPK responsável pela estabilização do mRNA para IL-8, induzida pela
Salm. Typhimurium, e também pelo fato de as duas leveduras terem bloqueado a
fosforilação de JNK (Figuras 21C e 22C), que junto com o fator NF-κB, é responsável
pela indução de IL-8. Assim, o gene para IL-8 é induzido pelo NF-κB, mas o mRNA
não é estável, uma vez que p38 não é fosforilado na presença das leveduras. Uma outra
explicação é o fato de as leveduras inibirem a fosforilação da MAPK JNK, uma vez que
AP-1, um outro fator de transcrição para IL-8, é dependente da fosforilação dessa
proteína. Como as duas leveduras inibem a fosforilação dessa MAPK, essa poderia ser
uma outra explicação para a diminuição dos níveis de IL-8 observados. A dimunição
dessa citocina pró-inflamatória também poderia estar relacionada a uma
imunomodulação, como a produção de IL-10, uma citocina anti-inflamatória; entretanto,
essa hipótese não foi testada nesse trabalho.
A interação de proteínas com o DNA é um ponto-chave no controle de diversos
processos celulares, incluindo a replicação, recombinação e reparo do DNA e a
transcrição. Uma técnica extremamente útil no estudo da regulação gênica e da
interação proteína-DNA é o EMSA (“electrophoretic mobility shift assay”). Essa
técnica é baseada na observação de que o complexo proteína-DNA migra mais
lentamente que moléculas de DNA livres, quando submetidos a géis de poliacrilamida
não desnaturantes. Como a taxa de migração de DNA é mudada ou retardada quando
114
este aparece ligado a complexos de proteínas, o ensaio é também referido como ensaio
de mudança em gel ou ensaio de retardamento (FRIED & CROTHERS, 1981;
GARNER & REVZIN, 1981). No EMSA, um oligonucleotídeo de DNA, dupla fita, que
contém sítios específicos de ligação de NF-κB é marcado radioativamente e incubado
com células ou extratos nucleares de tecidos. À reação de ligação adiciona-se poli-dIdC
para prevenir ligações inespecíficas de proteínas ao oligonucleotídeo marcado e,
também, para reduzir o “background”. Essa incubação resulta na ligação de NF-κB ao
nucleotídeo e em uma mudança da mobilidade eletroforética do nucleotídeo no gel de
poliacrilamida, sendo que, após separação das amostras, as bandas podem ser
visualizadas por fosfo-imagem ou radiografia (VAN DEN BERG et al., 2001).
O método mais amplamente utilizado para determinar a ativação de NF-κB é o
EMSA. Com essa técnica molecular, é possível detectar diferenças nas concentrações de
NF-κB que se translocaram para o núcleo. Essa técnica possibilitou o uso de NF-κB
como um biomarcador funcional de estresse inflamatório em diversos estudos, in vitro e
in vivo. O EMSA é, também, amplamente aplicado em ensaios clínicos, uma vez que
pode ser usado em células sanguíneas humanas, fluídos biológicos, biópsias de tecidos,
etc (ZINGARELLI, 2005).
Vários estímulos e agentes patogênicos provocam a secreção basolateral de IL-8
pelos enterócitos (JUNG et al., 1995; YANG et al., 1997). A expressão de IL-8 está sob
o controle de NF-κB, assim como das proteínas da família das MAPKs. Foi
demonstrado que essas intervêm na expressão de IL-8 em diversos níveis como, por
exemplo, na estabilização dos mRNAs (HOFFMANN et al., 2002). Além disso, o
emprego de inibidores farmacológicos de MAPKs, em infecções, in vitro, por diversas
bactérias patogênicas, se traduz em uma importante diminuição da secreção de IL-8,
confirmando a importância dessas quinases na produção dessa citocina em condições
patológicas (SAVKOVIC et al., 2001; BERIN et al., 2002; DAHAN et al., 2002).
A ativação da via NF-κB já foi observada por diversos autores, em várias
infecções bacterianas, envolvendo, por exemplo: Salm. Typhimurium (HOBBIE et al.,
1997; GEWIRTZ et al., 2000), E. coli enteropatogênica (SAVKOVIC et al., 1997) e E.
coli enterohemorrágica (DAHAN et al., 2002). Uma relação entre a ativação da via NF-
κB e a produção de IL-8 foi estabelecida para todas essas bactérias. De fato, as
linhagens celulares epiteliais de origem intestinal, transfectadas com o potente repressor
IKKβ ou IκB-α impedem toda a ativação de NF-κB, não secretando mais IL-8 em
115
resposta às infecções bacterianas (ELEWAUT et al., 1999). A IL-8 secretada pelos
enterócitos desempenha um papel importante na defesa do organismo contra as
bactérias patogênicas, uma vez que permite o recrutamento e a transmigração de
neutrófilos polimorfonucleares (PMN) através do epitélio, que se encarregam da
destruição dos patógenos (SAVKOVIC et al., 1996). Em diversas bactérias patogênicas,
um dos principais fatores responsáveis pela ativação de NF-κB e da potente resposta
inflamatória é uma proteína derivada dos flagelos: a flagelina (BERIN et al., 2002;
TALLANT et al., 2004).
De uma maneira interessante, a ativação de NF-κB por EPEC e EHEC é
transitória. A inibição de NF-κB foi atribuída à proteína bacteriana EspB. De fato,
linhagens deficientes para EspB são incapazes de inibir NF-κB (HAUF &
CHAKRABORTY, 2003). Esses autores avançaram na hipótese de que essa inibição
poderia ser um meio de defesa das bactérias para diminuir a quantidade de IL-8
secretada, limitando, assim, a eliminação bacteriana.
O epitélio está em contato direto com a microbiota intestinal e vários
mecanismos de controle são encontrados para evitar um processo patogênico. O
glicocálice, que cobre todo o epitélio, limita o contato entre as células e as bactérias; as
células de Paneth, no fundo das criptas, secretam as defensinas. Mas o controle da
inflamação é feito, também, pelas células epiteliais. Por exemplo, Bacteroides
thetaiotaomicron, uma bactéria da microbiota normal, exerce um papel anti-
inflamatório sobre as células epiteliais intestinais, impedindo a ativação do fator de
transcrição NF-κB. Esta bactéria induz a relocalização citoplasmática da sub-unidade
p65 do NF-κB, impedindo a sua ativação (KELLY et al., 2004). Uma outra alternativa
para manter a tolerância enterocitária consiste em interferir na via de ubiquitinação que
conduz à degradação das proteínas pelo proteasoma. A exposição dos enterócitos a uma
espécie não virulenta de salmonela (Salm. pullorum) previne a ubiquitinação de IκB,
impedindo, assim, a ativação do fator de transcrição NF-κB (NEISH et al., 2000).
Algumas bactérias comensais, como E. coli MG1655, são capazes de induzir uma
resposta inflamatória nas células intestinais (BAMBOU et al., 2004) e, nesses casos, o
glicocálice limita o contato entre as células intestinais e as bactérias da microbiota, o
que previne a resposta inflamatória provocada pela bactéria ou por alguns de seus
constituintes.
116
Uma vez que o efeito de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 sobre as
MAPKs é verificado somente quando as leveduras são pré-incubadas toda a noite
(Figuras 21 e 22), foi hipotetizado que as leveduras secretam alguma(s) substância(s)
que impede(m) a fosforilação das MAPKs pela Salm. Typhimurium 14028. Para avaliar
isso, as leveduras foram crescidas no mesmo meio de crescimento das células T84
(DMEM/F12), na presença e na ausência das células. Após crescimento por toda a noite,
o meio foi centrifugado e filtrado em membranas de 0,22 µm, para eliminar as leveduras
e, então, incubado com as células intestinais, na presença ou não de Salm. Typhimurium
14028. Após 3h de infecção com o patógeno, as células foram lavadas, congeladas,
lisadas e as proteínas extraídas foram corridas em SDS-PAGE e analisadas, por
“imunoblotting”, com anticorpos anti-fosfo-p38 e anti-fosfo-ERK1/2. Os resultados são
mostrados nas Figuras 28 e 29.
A Figura 28 mostra o efeito do sobrenadante de S. boulardii (SbS) na indução da
fosforilação de MAPKs (p38 e ERK1/2) pela Salm. Typhimurium 14028. Assim como
S. boulardii pré-incubada inibe a fosforilação das MAPKs, SbS também apresenta um
efeito similar. A presença da levedura aderida às células (representada pelas células pré-
incubadas com S. boulardii e lavadas três vezes para retirar o SbS e S. boulardii
presente no sobrenadante) por si não é suficiente para inibir os efeitos da S.
Typhimurium, indicando que a levedura secreta alguma(s) substância(s) que inibe(m) a
ativação das MAPKs. Esse efeito é verificado independentemente de a levedura estar
em contato com as células intestinais, uma vez que esse efeito foi observado mesmo
quando S. boulardii foi crescida em meio na ausência das células T84, indicando que
a(s) substância(s) é secretada pela levedura, e não pela célula, em resposta ao contato
com a levedura. Um efeito semelhante foi observado quando se trabalhou com a
levedura S. cerevisiae UFMG 905 (Figura 29).
Trabalhando com o SbS, CHEN et al. (2006) observaram que este era capaz de
inibir a produção de IL-8 induzida por IL-1β e pela toxina A de C. difficile, e, que essa ,
era dose dependente. Observaram, também, que o SbS inibia as MAPKs ERK1/2 e JNK
induzidas por IL-1β e pela toxina A de C. difficile, mas não p38. Nesse mesmo trabalho,
observaram que, in vivo, SbS inibiu, significantemente, ERK1/2, assim como diminuiu
a secreção de fluidos e os danos histológicos causados pela toxina A do C. difficile.
SOUGIOULTZIS et al. (2006) também observaram que SbS era capaz de inibir a
produção de IL-8, assim como prevenir a degradação de IκB e reduzir a ativação de
117
NK-κB induzidas por IL-1β e TNF-α. Análises mais detalhadas mostraram que esse
efeito era devido a um fator anti-inflamatório de menos de 1 kDa, termoestável e
solúvel em água.
Outros autores mostraram a capacidade de S. boulardii em liberar substâncias
anti-inflamatórias. BUTS et al. (2006) observaram que S. boulardii libera uma fosfatase
de 63 kDa, que é capaz de inibir os efeitos de endotoxinas de E. coli, devido a uma
grande capacidade de defosforilação. CASTAGLIUOLO et al. (1996 e 1999)
demonstraram que S. boulardii libera uma protease de 54 kDa, que cliva as toxinas A e
B de C. difficile, assim como o receptor intestinal da toxina A. CZERUCKA et al.
(1994) e CZERUCKA & RAMPAL (1999) demonstraram que S. boulardii libera uma
proteína de 120 kDa, que reduz os níveis intestinais de AMPc induzidos pela toxina do
cólera.
118
ST Sb + ST Sb (ON) + ST
C Sb 1h 2h 3h 1h 2h 3h 1h 2h 3h
A
Fosfo-p38
Total p38
B
Fosfo-ERK1/2
Total ERK2
C
Fosfo-JNK
Total JNK
Figura 21. Efeito de S. boulardii (Sb) na indução da fosforilação de MAP quinases
(p38, ERK1/2 e JNK) pela Salm. Typhimurium 14028 (ST), em células T84. As células
foram lisadas após 1h, 2h e 3h de infecção com Salm. Typhimurium 14028 e as
amostras foram corridas em SDS-PAGE e analisadas, por “imunoblotting”, com
anticorpos anti-fosfo-p38 (A), anti-fosfo-ERK1/2 (B) ou anti-fosfo-JNK (C). C,
controle; ON, “overnight”.
119
ST 905 + ST 905 (ON) + ST
C 905 1h 2h 3h 1h 2h 3h 1h 2h 3h
A
Fosfo-p38
Total p38
B
Fosfo-ERK1/2
Total ERK2
C
Fosfo-JNK
Total JNK
Figura 22. Efeito de S. cerevisiae UFMG 905 (905) na indução da fosforilação de MAP
quinases (p38, ERK1/2 e JNK) pela Salm. Typhimurium 14028 (ST), em células T84.
As células foram lisadas após 1h, 2h e 3h de infecção com Salm. Typhimurium 14028 e
as amostras foram corridas em SDS-PAGE e analisadas, por “imunoblotting”, com
anticorpos anti-fosfo-p38 (A), anti-fosfo-ERK1/2 (B) ou anti-fosfo-JNK (C). C,
controle; ON, “overnight”.
120
ST W303 + ST W303 (ON) + ST
C W303 1h 2h 3h 1h 2h 3h 1h 2h 3h
A
Fosfo-p38
B
Fosfo-ERK1/2
Figura 23. Saccharomyces cerevisiae W303 (W303) não diminui a fosforilação de
MAP quinases (p38 e ERK1/2), induzidas por Salm. Typhimurium 14028 (ST), em
células T84. As células foram lisadas após 1h, 2h e 3h de infecção com Salm.
Typhimurium 14028 e as amostras foram corridas em SDS-PAGE e analisadas, por
“imunoblotting”, com anticorpos anti-fosfo-p38 (A) ou anti-fosfo-ERK1/2 (B). C,
controle; ON, “overnight”.
121
ST Sb + ST Sb (ON) + ST
C Sb 1h 2h 3h 1h 2h 3h 1h 2h 3h
Caspase-3
Figura 24. Salmonella Typhimurium 14028 (ST), na presença ou ausência de S.
boulardii (Sb), não ativa a apoptose em células T84. As células foram lisadas após 1h,
2h e 3h de infecção com Salm. Typhimurium 14028 e as amostras foram corridas em
SDS-PAGE e analisadas, por “imunoblotting” com anticorpo anti-caspase-3. C,
controle; ON, “overnight”.
122
ST 905 + ST 905 (ON) + ST
C 905 1h 2h 3h 1h 2h 3h 1h 2h 3h
Caspase-3
Figura 25. Salmonella Typhimurium ATCC 14028 (ST), na presença ou ausência de S.
cerevisiae UFMG 905 (905), não ativa a apoptose em células T84. As células foram
lisadas após 1h, 2h e 3h de infecção com Salm. Typhimurium 14028 e as amostras
foram corridas em SDS-PAGE e analisadas, por “imunoblotting” com anticorpo anti-
caspase-3. C, controle; ON, “overnight”.
123
A
ST Sb + ST Sb (ON) + ST
C Sb 1h 2h 3h 1h 2h 3h 1h 2h 3h
Fosfo-IκB-α
Total IκB-α
B
ST Sb + ST Sb (ON) + ST
C
TNFα
Sb 1h 2h 3h 1h 2h 3h 1h 2h 3h
NF-κB
Figura 26. Efeito de S. boulardii (Sb) na fosforilação de IκB-α (A) e na ativação do
fator NF-κB (B), induzidas por Salm. Typhimurium 14028 (ST), em células T84. As
células foram lisadas após 1h, 2h e 3h de infecção com Salm. Typhimurium 14028 e as
amostras foram corridas em SDS-PAGE e analisadas, por “imunoblotting”, com
anticorpo anti-fosfo-IκB-α. A ligação do fator NF-κB ao DNA foi examinado pela
técnica de EMSA. C, controle; TNF-α (controle positivo); ON, “overnight”.
124
A
ST 905 + ST 905 (ON) + ST
C 905 1h 2h 3h 1h 2h 3h 1h 2h 3h
Fosfo-IκB-α
Total IκB-α
B
ST 905 + ST 905 (ON) + ST
C
TNFα
905 1h 2h 3h 1h 2h 3h 1h 2h 3h
NF-κB
Figura 27. Efeito de S. cerevisiae UFMG 905 (905) na fosforilação de IκB-α (A) e na
ativação do fator NF-κB (B), induzidas por Salm. Typhimurium 14028 (ST), em células
T84. As células foram lisadas após 1h, 2h e 3h de infecção com Salm. Typhimurium
14028 e as amostras foram corridas em SDS-PAGE e analisadas, por “imunoblotting”,
com anticorpo anti-fosfo-IκB-α. A ligação do fator NF-κB ao DNA foi examinado pela
técnica de EMSA. C, controle; TNF-α (controle positivo); ON, “overnight”.
125
Controle
ST 3h
SbON + ST 3h
SbS + ST 3h
SbS(
T84
) + ST 3h
Sb(3X PBS) + ST 3h
A
Fosfo-p38
B
Fosfo-ERK1/2
Figura 28. Efeito de S. boulardii (Sb) e do sobrenadante de S. boulardii (SbS) na
indução da fosforilação de MAP quinases (p38 e ERK1/2) pela Salm. Typhimurium
14028 (ST), em células T84. As células foram lisadas após 3h de infecção com Salm.
Typhimurium 14028 e as amostras foram corridas em SDS-PAGE e analisadas, por
“imunoblotting”, com anticorpos anti-fosfo-p38 (A) e anti-fosfo-ERK1/2 (B). ON:
“overnight”. Controle: células sem infecção; ST 3h: células infectadas com Salm.
Typhimurium 14028 por 3h; SbON + ST 3h: células pré-incubadas com S. boulardii e
infectadas, por 3 h, com Salm. Typhimurium 14028; SbS + ST 3h: meio de S. boulardii
crescida em DMEM/F12, durante 12 horas, centrifugado, filtrado e colocado nas células
na proporção de 1:1 (1 de DMEM/F12 e 1 de SbS) e infectadas com Salm.
Typhimurium 14028, por 3h; SbS (T84) + ST 3h: SbS de S. boulardii crescida em
presença de células T84, durante 12 horas, centrifugado, filtrado e colocado nas células
na proporção de 1:1 (1 de DMEM/F12 e 1 de SbS-T84) e infectadas com Salm.
Typhimurium 14028 por 3h; Sb (3X PBS) + ST 3h: células pré-incubadas com S.
boulardii e lavadas 3X com PBS a 37°C, antes da infecção, para eliminar todas as
leveduras no sobrenadante e, também, qualquer possível substância secretada pela
levedura, e infectadas com Salm. Typhimurium 14028, por 3h. Obs: após lavagem com
PBS, restam 9 (± 3,17) x 10
5
UFC/poço de S. boulardii.
126
Controle
ST 3h
905ON + ST 3h
905S + ST 3h
905S(
T84
) + ST 3h
905(3X PBS) + ST 3h
A
Fosfo-p38
B
Fosfo-ERK1/2
Figura 29. Efeito de S. cerevisiae UFMG 905 (905) e do sobrenadante de S. cerevisiae
UFMG 905 (905S) na indução da fosforilação de MAP quinases (p38 e ERK1/2) pela
Salm. Typhimurium 14028 (ST), em células T84. As células foram lisadas após 3h de
infecção com Salm. Typhimurium 14028 e as amostras foram corridas em SDS-PAGE e
analisadas, por imunoblotting”, com anticorpos anti-fosfo-p38 (A) e anti-fosfo-
ERK1/2 (B). ON: “overnight”. Controle: células sem infecção; ST 3h: células infectadas
com Salm. Typhimurium 14028 por 3h; 905ON + ST 3h: células pré-incubadas com S.
cerevisiae UFMG 905 e infectadas, por 3 h, com Salm. Typhimurium 14028; 905S + ST
3h: meio de S. cerevisiae UFMG 905 crescida em DMEM/F12, durante 12 horas,
centrifugado, filtrado e colocado nas células na proporção de 1:1 (1 de DMEM/F12 e 1
de SbS) e infectadas com Salm. Typhimurium 14028, por 3h; 905S (T84) + ST 3h: 905S
de S. cerevisiae UFMG 905 crescida em presença de células T84, durante 12 horas,
centrifugado, filtrado e colocado nas células na proporção de 1:1 (1 de DMEM/F12 e 1
de 905S-T84) e infectadas com Salm. Typhimurium 14028 por 3h; Sb (3X PBS) + ST
3h: células pré-incubadas com S. cerevisiae UFMG 905 e lavadas 3X com PBS a 37°C,
antes da infecção, para eliminar todas as leveduras no sobrenadante e, também, qualquer
possível substância secretada pela levedura, e infectadas com Salm. Typhimurium
14028, por 3h. Obs: após lavagem com PBS, restam 8,63 (± 1,37) x 10
5
UFC/poço de S.
cerevisiae UFMG 905.
127
V.9 Efeito de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 na invasão celular, em
células T84, infectadas por Salm. Typhimurium 14028
Para explicar o modo de ão das leveduras S. boulardii e S. cerevisiae UFMG
905, levantou-se a hipótese de que elas poderiam modificar o crescimento bacteriano de
Salm. Typhimurium durante a infecção. Para verificar essa hipótese, as células foram
infectadas na presença ou não de uma das duas leveduras, co- e pré-incubadas e, ao final
de 3 horas de infecção, uma alíquota do sobrenadante foi retirada, diluída e plaqueada
em ágar MacConkey (Tabelas 3 e 4). O resultado da contagem de bactérias totais no
sobrenadante permite descartar-se a hipótese levantada, uma vez que o número de
bactérias não foi modificado de uma maneira estatisticamente significativa, tanto na
presença de S. boulardii (Tabela 3), quanto na presença de S. cerevisiae UFMG 905
(Tabela 4), independentemente de a levedura ter sido pré-incubada ou incubada no
momento da infecção bacteriana.
Ao contrário do que foi observado nos resultados com as MAPKs (Figuras 28 e
29), as substâncias secretadas pelas leveduras não são eficazes a ponto de impedir um
crescimento bacteriano. Trabalhando com S. boulardii e EHEC, e utilizando o mesmo
modelo celular, DAHAN et al. (2003) encontraram resultados semelhantes aos nossos,
mostrando que a levedura S. boulardii não é capaz de influenciar o crescimento
bacteriano. Nossos resultados vão ao encontro daqueles descritos por RODRIGUES et
al. (1996). Trabalhando com animais isentos de germes, esses autores mostraram que a
levedura S. boulardii não é capaz de inibir o crescimento de Salm. Typhimurium, S.
flexneri e nem de E. coli. MARTINS (2004), trabalhando com S. cerevisiae UFMG 905
e 6 diferentes bactérias patogênicas (Salm. Typhimurium, S. flexneri, E. coli, V.
cholerae, C. difficile e C. perfringens) demonstrou que essa levedura não era capaz de
inibir, in vivo, o crescimento de patógenos.
PECQUET et al. (1991), também trabalhando com S. cerevisiae, observaram
que a levedura não era capaz de inibir o crescimento de E. coli, Staphylococcus aureus,
V. parahaemolyticus, V. cholerae e C. difficile, em camundongos GN. Apesar de ser
muito bem descrito na literatura que a levedura S. boulardii não exibe, como
mecanismo de ação, a inibição do crescimento de patógenos, in vivo, SCEVOLA et al.
(2003) demonstraram que uma linhagem de S. cerevisiae conseguia diminuir a
população de Candida spp. em alguns voluntários humanos. DUCLUZEAU &
BENSAADA (1982) observaram que S. boulardii foi capaz de diminuir os níveis
128
populacionais de algumas espécies de Candida, tanto curativa quanto preventivamente
e, que este antagonismo desaparecia quando a levedura era inativada por calor.
Uma vez que a adesão celular é a primeira etapa da patogenia de bactérias
entero-aderentes, como é o caso da Salm. Typhimurium e das EHEC, avaliou-se o efeito
das leveduras S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 na adesão e na invasão bacteriana.
Para isso, utilizou-se o método de proteção pela gentamicina. Após 3 horas de infecção,
metade das células foram lavadas com PBS, para eliminar todas as bactérias não
aderidas, lisadas, vortexadas, diluídas e plaqueadas em ágar MacConkey. A outra
metade foi tratada com meio contendo gentamicina (um antibiótico que não entra nas
células), durante uma hora, para eliminar todas as bactérias exteriores, deixando as
bactérias intracelulares vivas. Após esse tempo, as células foram lavadas
extensivamente com PBS, para eliminar todo o antibiótico residual, lisadas com
tripsina, vortexadas, diluídas e plaqueadas em ágar MacConkey. A porcentagem de
invasão celular foi calculada do seguinte modo: porcentagem de invasão = número de
bactérias intracelulares / número de bactérias associadas às células (aderentes e
intracelulares), conforme descrito por FALKOW et al. (1987). Os resultados estão
mostrados nas Tabelas 3 e 4.
A Tabela 3 mostra que não houve uma diferença estatisticamente significativa
no número de bactérias aderidas às células, na presença ou não de S. boulardii;
entretanto, o número de bactérias intracelulares foi, aproximadamente, 19 vezes menor
e, a porcentagem de invasão, 32 vezes menor, no grupo pré-tratado com S. boulardii e
infectado com Salm. Typhimurium 14028, em relação ao grupo que continha apenas
Salm. Typhimurium 14028. A Tabela 4 mostra que também não houve uma diferença
estatística no número de bactérias aderidas às células, na presença ou não de S.
cerevisiae UFMG 905. O número de bactérias intracelulares foi, aproximadamente, 21
vezes menor e a porcentagem de invasão foi 8,4 vezes menor, no grupo pré-tratado com
S. cerevisiae UFMG 905 e infectado com Salm. Typhimurium 14028, em relação ao
grupo que continha apenas a bactéria.
A porcentagem de invasão de Salm. Typhimurium encontrada em nossos
resultados vão ao encontro daqueles descritos por RAFFATELLU et al. (2005).
RODRIGUES (2000) havia mostrado o efeito de S. boulardii na invasão de Salm.
Typhimurium em camundongos. Resultados encontrados na primeira parte do nosso
trabalho mostraram que S. cerevisiae UFMG 905 é capaz de diminuir ou inibir a
translocação de Salm. Typhimurium, em camundongos gnotobióticos e convencionais.
129
Para tentar explicar a modulação exercida pelas duas leveduras nas vias de
sinalização celular, RTE, níveis de IL-8 e demais resultados encontrados, várias
hipóteses podem ser levantadas. Uma primeira explicação poderia ser o efeito das
leveduras no crescimento bacteriano, o que, pelos resultados obtidos, foi descartada.
Entretanto, como as leveduras influenciam a quantidade de bactérias intracelulares, duas
hipóteses foram, a princípio, levantadas. Uma primeira hipótese, é que a levedura
influenciaria nos mecanismos de invasão bacteriana e, uma segunda hipótese, é que, ao
se ligarem às células intestinais, as leveduras diminuiriam a quantidade de receptores
livres para as bactérias e, parte dessas bactérias se ligaria às leveduras, e não às células,
o que diminuiria o número de bactérias internalizadas nas células intestinais.
Para testar a primeira hipótese, avaliou-se a influência das leveduras na ativação
de duas proteínas regulatórias (Rac1 e Cdc42), que são responsáveis pelos rearranjos
dos filamentos de actina que possibilitam a internalização bacteriana. Para isso, as
células foram infectadas, na presença ou não de uma das leveduras. Ao final da
infecção, as células foram lisadas, as proteínas separadas por SDS-PAGE, transferidas
para as membranas e incubadas com anticorpos, anti-fosfo-Cdc42 e anti-fosfo-Rac1, e
reveladas. A Figura 30 mostra o efeito de S. boulardii na ativação das vias Rac e Cdc42
induzidas pela Salm. Typhimurium 14028. Pelos resultados, podemos observar que S.
boulardii foi eficaz ao inibir a fosforilação da proteína Rac pela Salm. Typhimurium
14028. Entretanto, o mesmo resultado não foi observado para Cdc42. Quando se
utilizou a levedura S. cerevisiae UFMG 905 no lugar de S. boulardii, não foi observada
a inibição da fosforilação de nenhuma das duas proteínas (dados não mostrados). Os
resultados sugerem que o mecanismo de diminuição de invasão da Salm. Typhimurium
14028 pela levedura S. boulardii pode estar relacionado com a inibição da ativação de
Rac pela S. boulardii. Para a levedura S. cerevisiae UFMG 905, um outro mecanismo
pode estar implicado na diminuição da invasão de Salm. Typhimurium 14028,
sugerindo que os mecanismos de ação das duas leveduras, nesse caso, sejam distintos.
A infecção por Salm. Typhimurium envolve invasão das células epiteliais
intestinais, indução de um infiltrado inflamatório e uma eventual erosão da arquitetura
da mucosa (SANTOS et al., 2001). Análises genéticas mostraram que a expressão de
SPI1-TTSS e a translocação de proteínas efetoras são requeridas para o processo de
invasão bacteriana de celulas epiteliais, assim como a produção de enterite em modelos
animais (GALÁN, 2001; ZHANG et al., 2002). A retirada da Salmonella pelas células
não fagocíticas do epitélio intestinal envolve uma série de mudanças complexas no
130
citoesqueleto de actina, que é induzida pelas proteínas efetoras translocadas. Três
processos bioquímicos podem ser citados: (1) a ativação de pequenas proteínas
regulatórias do citoesqueleto: Cdc42 e Rac1; (2) a interação dos efetores bacterianos
com a actina promovendo a polimerização e empacotamento de filamentos de actina; e
(3) a restauração do citoesqueleto, após a invasão bacteriana.
A invasão pela Salmonella é caracterizada pela formação de “ruffles” na
membrana, levando à macropinocitose e engolfamento da bactéria, numa espécie de
vacúolo conhecido como SVC. Os efetores SopB, SopE e SopE2 estão envolvidos na
ativação das GTPases da família Rho, Cdc42 e Rac1 (HARDT et al., 1998; ZHOU et
al., 2001). As proteínas G específicas requeridas para a invasão da Salmonella parecem
se diferenciar, dependendo do tipo e da orientação. SopB é uma inositol 3-fosfato que
aumenta os níveis de (1,4,5,6)P4, levando à ativação de Cdc42 (ZHOU et al., 2001).
SopE e SopE2 são fatores de troca de nucleotídeos guanina para Cdc42 e Rac1
(HARDT et al., 1998; STENDER et al., 2000). SopE é codificado em um fago
lisogênico e está presente apenas em algumas amostras de serovar Typhimurium,
enquanto SopE2 está presente em todo o gênero Salmonella (STENDER et al., 2000). A
ativação de Cdc42 e Rac1 leva ao recrutamento e ativação das famílias de proteínas
WASP e Scar/WAVE, que, juntas com o complexo Arp2/3, estão envolvidas no início
da polimerização de actina (CRISS & CASANOVA, 2003). A perda das funções
combinadas de SopB e SopE/E2 resulta em danos no processo de invasão. Junto com a
ativação da proteína G, a Salmonella transloca duas proteínas ligadoras de actina, SipA
e SipC (MCGHIE et al., 2001; HAYWARD & KORONAKISS, 2002). SipC é também
requerido para a função de translocação de SPI1-TTSS e é inserido na membrana da
célula alvo. Sua localização na membrana pode direcionar a formação de filamentos de
actina, em locais apropriados, em posição adjacente à bactéria invasora (HAYWARD &
KORONAKIS, 1999; MCGHIE et al., 2001). O papel exato da atividade de ligação de
SipC à actina ainda não foi descoberto geneticamente, uma vez que mutantes para SipC
não conseguem transportar todo o aparato efetor de SPI1-TTSS. Estudos mostraram que
SipA se liga a subunidades de actina, formando filamentos estáveis (LILIC et al., 2003).
Tudo indica que SipA e SipC agem em parceria, promovendo a polimerização de actina
e o empacotamento de F-actina, nos locais de invasão bacteriana. Dessa maneira, o
recrutamento da maquinaria Arp2/3, mediado pela proteína G, junto com a ligação de
actina localizada mediada por SipA e SipC, resulta na polimerização de actina, que
conduz ao engolfamento da bactéria.
131
A Salmonella também transporta a proteína SptP, que é responsável em reverter
os rearranjos do citoesqueleto induzidos durante a invasão (GALÁN, 2001). SptP é uma
proteína bi-funcional com um domínio ativador de GTPase (GAP), na região N-
terminal, e atividade tirosina fosfatase na região C-terminal (FU & GALÁN, 1999;
MURLI et al., 2001). A função GAP reverte a ativação das proteínas G, Cdc42 e Rac, e
é responsável por restaurar a arquitetura normal do citoesqueleto, logo após a invasão da
Salmonella (FU & GALÁN, 1999). A fosforilação de tirosina das proteínas do
hospedeiro também parece estar envolvida na invasão, assim como a transdução de
sinais nucleares na expressão de genes inflamatórios (MURLI et al., 2001). Todos esses
processos são revertidos pela atividade tirosina fosfatase presente na região C-terminal
do SptP (KUBORI & GALÁN, 2003).
Para testar a segunda hipótese, de ligação da Salmonella em sítios das leveduras
S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905, foram utilizadas técnicas de microscopia
confocal e microscopia eletrônica. Os resultados são mostrados nas Figuras 31, 32 e 33.
As Figuras 31 e 32 apresentam fotos de microscopia eletrônica de varredura
mostrando a ligação de Salm. Typhimurium 14028 em células de S. boulardii e S.
cerevisiae UFMG 905, respectivamente. A Figura 33 mostra uma foto de microscopia
confocal, onde podemos observar a ligação de Salm. Typhimurium 14028 em S.
boulardii.
GEDEK & AMSELGRUBER (1990) e GEDEK (1999) haviam mostrado a
adesão de E. coli O157 e de Salm. Typhimurium DT 104 à superfície de S. boulardii.
PEREZ-SOTELO et al. (2005) mostraram que bactérias patogênicas, como E. coli e
Salmonella spp., foram capazes de se ligar a uma linhagem de S. cerevisiae utilizada em
nutrição animal, sugerindo que esse pode ser um provável mecanismo pelo qual os
animais tratados com essa levedura se tornem mais resistentes às infecções por essas
bactérias.
Resultados de outros autores (BRANDÃO et al., 1998, NEVES et al., 2002)
sugerem que S. boulardii também possui receptores para toxinas bacterianas. OATLEY
et al. (2000) e GRATZ et al. (2005) mostraram que a aflatoxina B1 foi capaz de se ligar
em bifidobacteria e em Lactobacillus e Propionibacterium.
Bactérias do gênero Salmonella desenvolveram diversos mecanismos anti-
inflamatórios, como a via PI3K/Akt (phosphatidyl-inositol-3-kinase), que podem
contribuir para a manutenção da infecção, uma vez que a bactéria foi englobada pela
132
célula, via TTSS (HUANG et al., 2005). As Figuras 34 e 35 mostram que as duas
leveduras são capazes de inibir essa via ativada pela Salmonella.
Akt, também conhecido como PKB ou Rac, desempenha um importante papel
no controle do balanço entre a sobrevivência e a apoptose. Essa proteína quinase é
ativada por insulina e por diversos fatores de crescimento e sobrevivência e, promove a
sobrevivência celular, inibindo a apoptose, devido à sua habilidade em fosforilar e
inativar diversos alvos, incluindo caspase-9, c-Raf e Bad. Uma vez estimulado, Akt é
recrutado do citosol, em uma conformação inativa, para as membranas celulares.
Entretanto, sua atividade não é estimulada apenas por sua translocação, mas sim,
dependente, também, da fosforilação em dois resíduos (Thr308 e Ser473). A
fosforilação e ativação de Akt por Salm. Typhimurium é absolutamente dependente da
secreção de SopB (também conhecido por SipD) pelo SPI1-TTSS (STEELE-
MORTIMER et al., 2000). Essa proteína efetora desfosfoforila uma variedade de
inositol-fosfatos soluvéis, assim como inositol-fosfolipideos, e converte inositol
1,3,4,5,6-pentafosfato [Ins(1,3,4,5,6)P
5
] em inositol 1,4,5,6-tetrafosfato [Ins(1,4,5,6)P
4
].
KNODLER et al. (2005) observaram que, em células epiteliais infectadas por
Salmonella, a apoptose foi bloqueada, e demonstraram que SopB possui uma atividade
anti-apoptótica dependente da atividade fosfatase de SopB e da presença de Akt.
HUANG et al. (2005) observaram que a inibição da via PI3K/Akt, em células T84,
resultava em um aumento dos níveis de IL-8, em células infectadas por Salm.
Typhimurium, indicando que a ativação dessa via, como um sinal anti-inflamatório,
pode contribuir para o estabelecimento da Salmonella no intestino.
133
Tabela 3. Efeito de S. boulardii na adesão e invasão de Salm. Typhimurium 14028, em células T84.
Média ± Desvio-padrão
Tratamento celular
Bactérias associadas
às células
(x 10
6
UFC/poço)
Bactérias
intracelulares
(x 10
5
UFC/poço)
Bactérias totais no
sobrenadante
(x 10
8
UFC/poço)
% Invasão
Salm. Typhimurium 14028
2,25 ± 0,21 3,00 ± 0,30 1,62 ± 0,79 11,78 ± 0,90
S. boulardii + Salm. Typhimurium 14028
3,80 ± 0,52 2,00 ± 0,13 1,88 ± 0,51 5,12 ± 0,64*
S. boulardii (ON) + Salm. Typhimurium 14028
4,56 ± 0,10 0,16 ± 0,07 1,85 ± 0,42 0,37 ± 0,20*
As células foram infectadas durante 3h, com a Salm. Typhimurium 14028 (~100 bactérias/célula), na presença ou ausência de S. boulardii (~10
leveduras/célula), co- e pré incubada. O teste de invasão foi realizado pelo método de proteção pela gentamicina. * P < 0,05. ON, “overnight”.
134
Tabela 4. Efeito de S. cerevisiae UFMG 905 na adesão e invasão de Salm. Typhimurium 14028, em células T84.
Média ± Desvio-padrão
Tratamento celular
Bactérias associadas
às células
(x 10
7
UFC/poço)
Bactérias
intracelulares
(x 10
5
UFC/poço)
Bactérias totais no
sobrenadante
(x 10
8
UFC/poço)
% Invasão
Salm. Typhimurium 14028
2,61 ± 0,32 5,70 ± 0,10 1,62 ± 0,79 2,16 ± 0,46
S. cerevisiae 905 + Salm. Typhimurium 14028
2,30 ± 0,21 3,85 ± 0,75 1,79 ± 0,40 1,68 ± 0,51
S. cerevisiae 905 (ON) + Salm. Typhimurium 14028
1,15 ± 0,25 0,27 ± 0,11 1,81 ± 0,18 0,26 ± 0,18*
As células foram infectadas durante 3h, com a Salm. Typhimurium 14028 (~100 bactérias/célula), na presença ou ausência de S. cerevisiae
UFMG 905 (~10 leveduras/célula), co- e pré incubada. O teste de invasão foi realizado pelo método de proteção pela gentamicina. * P < 0,05.
ON, overnight.
135
Controle
SbON
ST 3h
SbON + ST 3h
A
Rac-GTP
Rac total
B
Cdc42-GTP
Cdc42 total
Figura 30. Efeito de S. boulardii (Sb) na ativação das vias Rac e Cdc42 induzidas pela
Salm. Typhimurium 14028 (ST), em células T84. As células foram lisadas, após 3h de
infecção com Salm. Typhimurium 14028, e as amostras foram corridas em SDS-PAGE
e analisadas, por “imunoblotting” com anticorpos anti-Rac (A) ou anti-Cdc42 (B). ON,
“overnight”.
136
Figura 31. Microscopia eletrônica de varredura mostrando a ligação de Salm.
Typhimurium 14028 em células de S. boulardii. (A) Controle (apenas células T84); (B)
Células contendo apenas S. boulardii; (C) Células contendo Salm. Typhimurium 14028;
(D, E, F) Células mostrando ligação de Salm. Typhimurium 14028 em S. boulardii.
A
B
C
D
E
F
137
Figura 32. Microscopia eletrônica de varredura mostrando a ligação de Salm.
Typhimurium 14028 em células de S. cerevisiae UFMG 905. (A) Controle (apenas
células T84); (B) Células contendo apenas S. cerevisiae UFMG 905; (C) Células
contendo Salm. Typhimurium 14028; (D, E, F) Células mostrando ligação de Salm.
Typhimurium 14028 em S. cerevisiae UFMG 905.
A B
C
E
D
F
138
Figura 33. Microscopia confocal mostrando a ligação de Salm. Typhimurium 14028
(vermelho) em células de S. boulardii (azul).
139
ST Sb + ST Sb (ON) + ST
C Sb 1h 2h 3h 1h 2h 3h 1h 2h 3h
Fosfo-Akt
Figura 34. Efeito de S. boulardii (Sb), na indução da via PI3K-Akt (phosphatidyl-
inositol-3-kinase) pela Salm. Typhimurium 14028 (ST), em células T84. As células
foram lisadas após 1h, 2h e 3h de infecção com Salm. Typhimurium 14028 e as
amostras foram corridas em SDS-PAGE e analisadas, por imunoblotting” com
anticorpo anti-fosfo-Akt. C, controle; ON, “overnight”.
140
ST 905 + ST 905 (ON) + ST
C 905 1h 2h 3h 1h 2h 3h 1h 2h 3h
Phospho-Akt
Figura 35. Efeito de S. cerevisiae UFMG 905 (905) , na indução da via PI3K-Akt
(phosphatidyl-inositol-3-kinase) pela Salm. Typhimurium 14028 (ST), em células T84.
As células foram lisadas após 1h, 2h e 3h de infecção com Salm. Typhimurium 14028 e
as amostras foram corridas em SDS-PAGE e analisadas, por “imunoblotting” com
anticorpo anti-fosfo-Akt. C, controle; ON, “overnight”.
141
VI - SÍNTESE DOS RESULTADOS
142
Os resultados obtidos podem ser resumidos como a seguir:
VI.01 A levedura S. cerevisiae UFMG 905 é capaz de translocar, em níveis baixos,
para as placas de Peyer, em animais GN, e para as placas de Peyer e linfonodos
mesentéricos, em animais CV, após 10 dias de monoassociação ou tratamento,
respectivamente.
VI.02 Saccharomyces cerevisiae UFMG 905 diminui a translocação de Salm.
Typhimurium para o baço e linfonodos mesentéricos e retarda a translocação dessa
bactéria para o fígado, em animais GN, e inibe a translocação para os linfonodos
mesentéricos, baço e fígado, em animais CV, após 5 e 10 dias de desafio.
VI.03 Saccharomyces cerevisiae UFMG 905 estimula o aumento de células de
Küpffer, em animais GN, após 10 dias de monoassociação.
VI.04 Saccharomyces cerevisiae UFMG 905 estimula o sistema fagocítico de
camundongos GN, o que é comprovado pelo aumento da capacidade de clareamento do
sangue, quando do desafio endovenoso com uma bactéria Gram-negativo.
VI.05 Saccharomyces cerevisiae UFMG 905 estimula o aumento dos níveis de sIgA,
no fluido intestinal, e de IgA e IgM, no soro de animais GN, após 10 dias de
monoassociação.
VI.06 Saccharomyces boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 mantêm a integridade das
células do epitélio intestinal, após infecção com Salm. Typhimurium 14028.
VI.07 Saccharomyces boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 exercem um efeito
preventivo na produção de IL-8, durante uma infecção por Salm. Typhimurium 14028,
em células do cólon.
VI.08 Saccharomyces boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 diminuem e/ou bloqueiam
as MAPKs ativadas em células epiteliais, após infecção por Salm. Typhimurium 14028,
sendo esse efeito das duas leveduras, uma vez que a linhagem de laboratório, S.
cerevisiae W303, não foi capaz de exercer esse mesmo efeito.
143
VI.09 Saccharomyces boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 não diminuem a ativação
do principal fator de transcrição para IL-8, o NF-κB.
VI.10 O efeito benéfico de S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 pode ser devido à
produção de substância(s) anti-inflamatória(s), uma vez que o sobrenadante das
leveduras foi capaz de bloquear a ativação das MAPKs p38 e ERK1/2.
VI.11 Saccharomyces boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 diminuem a porcentagem
de invasão celular pela Salm. Typhimurium 14028 e essa diminuição está relacionada à
diminuição da via Rac-1 (para S. boulardii) ativada pela Salm. Typhimurium 14028 e à
capacidade da bactéria em se ligar às leveduras (para S. boulardii e S. cerevisiae UFMG
905), ao invés de se ligar à célula epitelial.
VI.12 Saccharomyces boulardii e S. cerevisiae UFMG 905 inibem a ativação da via
PI3K/Akt, que é uma via ativada pela Salm. Typhimurium 14028, após a sua
internalização e que contribui para a manutenção da infecção.
144
VII - CONCLUSÕES
145
Sustentado pelos resultados encontrados, podemos concluir que:
VII.1 Tanto S. boulardii quanto S. cerevisiae UFMG UFMG 905 são capazes de
reduzir os efeitos patogênicos de Salm. Typhimurium, durante infecções experimentais,
em camundongos e em culturas celulares.
VII.2 Essa redução dos efeitos patogênicos da Salm. Typhimurium parece resultar de
uma estimulação do sistema imune e supressão de sinais intracelulares gerados pela
infecção.
146
VIII - PERSPECTIVAS
147
Após todos os resultados obtidos, temos como perspectivas:
VIII.1 Uma vez que a levedura S. cerevisiae UFMG 905 possui um efeito
imunomodulador e um efeito benéfico em camundongos desafiados com Salm.
Typhimurium, seria interessante verificar esse efeito em outras infecções bacterianas,
além de estudar os outros mecanismos de ação para, posteriormente, passarmos para
ensaios clínicos.
VIII.2 Como as duas leveduras (S. boulardii e S. cerevisiae UFMG 905) possuem um
efeito na inflamação e nas vias envolvidas nessa inflamação desencadeada pela Salm.
Typhimurium em células do epitélio intestinal, seria interessante verificar se todos esses
mecanismos se repetem num modelo in vivo.
VIII.3 Uma vez que a levedura S. boulardii está envolvida na inibição da via Rac
ativada pela Salm. Typhimurium, é de interesse verificar se a levedura está implicada
em outros mecanismos de invasão utilizados pela bactéria.
VIII.4 Evidenciado o efeito anti-inflamatório das duas leveduras pela produção de
substâncias que inibem a ativação de MAPKs pela Salm. Typhimurium, pode-se estudar
o efeito desse sobrenadante das leveduras, na inflamação e na invasão, além de
identificar quais são as substâncias responsáveis por esse efeito.
VIII.5 Além de todas as perpectivas citadas, também será importante verificar outros
mecanismos de ação das leveduras responsáveis pela diminuição da inflamação, como
uma imunomodulação, via produção de citocinas anti-inflamatórias, como a IL-10.
VIII.6 Após o estudo dos mecanismos de ação da levedura S. cerevisiae UFMG 905,
realizar ensaios clínicos.
148
IX - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
149
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virulence factors. Am. J. Physiol. Gastrointest. Liver. Physiol., 2007. [Epub ahead of
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YAMAMOTO, M.; SATO, S.; MORI, K.; HOSHINO, K.; TAKEUCHI, O.; TAKEDA,
K.; AKIRA, S. Cutting edge: A novel Toll/IL-1 receptor domain-containing adapter that
preferentially activates the IFN-beta promoter in the Toll-like receptor signaling. J.
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regulated expression of C-X-C, C-C, and C-chemokines by human colon epithelial cells.
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secreted effector proteins. Microbes Infect., v. 3, p. 1293-1298, 2001.
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promote host cell actin cytoskeleton rearrangements and bacterial internalization. Mol.
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target in critical care medicine. Crit. Care Med., v. 31, p. S105-S111, 2003.
210
ZLOTNIK, A.; YOSHIE, O. Chemokines: a new classification system and their role in
immunity. Immunity, v. 12, p. 121-127, 2000.
ZUNIC, P.; LACOTTE, J.; PEGOIX, M.; BUTEUX, G.; LEROY, G.; MOSQUET, B.;
MOULIN, M. Saccharomyces boulardii fungemia. A propos d’un cas. Therapie, v. 46,
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ZYCHLINSKY, A.; SANSONETTI, P. Apoptosis in bacterial pathogenesis. J. Clin.
Investig., v. 100, p. 493-496, 1997.
211
X - ANEXOS
212
X.1 Artigos publicados
MARTINS, F.S.; CARA, D.C.; ROSA, C.A.; NEVES, M.J.; PENNA, F.J. & NICOLI,
J.R. Efeito do método de conservação na viabilidade, reativação, colonização intestinal
e efeito imunomodulador de dois produtos probióticos à base de leveduras. Revista
Brasileira de Medicina, v. 62, n. 1/2, p. 36-41, 2006.
MARTINS, F.S.; RODRIGUES, A.C.P.; TIAGO, F.C.P.; PENNA, F.J.; ROSA, C.A.;
ARANTES, R.M.E.; NARDI, R.M.D.; NEVES, M.J.; NICOLI, J.R. Saccharomyces
cerevisiae strain 905 reduces the translocation of Salmonella enterica serotype
Typhimurium and stimulates the immune system in gnotobiotic and conventional mice.
Journal of Medical Microbiology, v. 56, n. 3, p. 352-359, 2007.
213
X.2 Artigos aceitos para publicação
MARTINS, F.S.; MIRANDA, I.C.; ROSA, C.A.; NICOLI, J.R.; NEVES, M.J. Effect
of the trehalose levels on the screening of yeast as probiotic by in vivo and in vitro
assays. (Artigo submetido à revista “Brazilian Journal of Microbiology” e aceito para
publicação).
214
X.3 Artigos a publicar
MARTINS, F.S.; LAGADEC, P. PEYRON, J-F; NICOLI, J.R.; RAMPAL, P.;
CZERUCKA, D. The probiotic yeast Saccharomyces boulardii prevents Salmonella
Typhimurium infection of T84 cells. (Este artigo será submetido à revista “Infection and
Immunity”).
MARTINS, F.S.; DALMASSO, G.; IMBERT, V.; PEYRON, J-F; NEVES, M.J.;
ROSA, C.A.; PENNA, F.J.; NICOLI, J.R. Effects of Saccharomyces cerevisiae strain
905 on barrier function and signal transduction pathway in T84 cells infected by
Salmonella enterica serovar Typhimurium. (Este artigo será submetido à revista
“Journal of Medical Microbiology”).
MARTINS, F.S.; DALMASSO, G.; DOYE, A.; LEMICHEZ, E.; IMBERT, V.;
PEYRON, J-F; RAMPAL, P.; NICOLI, J.R.; CZERUCKA, D. Epithelial integrity,
inflammation and involvement of MAP Kinases of T84 intestinal cells infected with
Salmonella enterica serovar Typhimurium. (Este artigo será submetido à revista
“Journal of Medical Microbiology”).
MARTINS, F.S.; VELOSO, L.C.; ARANTES, R.M.E.; NICOLI, J.R. Comparação de
cinco preparações comerciais contendo Saccharomyces boulardii, na forma liofilizada,
ou Saccharomyces cerevisiae, em suspensão, em termos de proteção contra a infecção
experimental por Salmonella enterica subsp. enterica sorovar Typhimurium em
camundongos convencionais.
215
X.4 Participação em eventos
III Fórum de Microbiologia do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia do
Instituto de Ciências Biológicas da UFMG. Departamento de Microbiologia, Instituto
de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais.. Belo Horizonte/MG,
11 de Abril de 2007.
WORKSHOP: BIOQUÍMICA E FISIOLOGIA DE MICRORGANISMOS:
ASPECTOS BÁSICOS E APLICADOS. Programa de Pós-Graduação em Ciências
Biológicas, Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Ouro
Preto. Ouro Preto, 30 de Abril a 02 de Maio de 2007.
X INTERNATIONAL UNION OF BIOCHEMISTRY AND MOLECULAR
BIOLOGY CONFERENCE & XXXVI ANNUAL MEETING OF SBBq
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE BIOQUÍMICA E BIOLOGIA MOLECULAR).
Salvador/BA, Brasil, 21 a 25 de Maio de 2007.
216
X.5 Trabalhos apresentados em eventos
MARTINS, A.K.S.; MARTINS, F.S.; TIAGO, F.C.P.; CARA, D.C.; ROSA, C.A.;
PENNA, F.J.; NEVES, M.J.; NARDI, R.M.D.; NICOLI, J.R. Efeito do método de
conservação na viabilidade, reativação, colonização intestinal e efeito imunomodulador
de dois produtos probióticos à base de leveduras. II Fórum do Programa de Pós-
Graduação em Microbiologia. Belo Horizonte/MG, 15 de Março de 2006.
MARTINS, F.S.; DALMASSO, G.; VELOSO, L.C.; DOYE, A.; LEMICHEZ, E.;
IMBERT, V.; PEYRON, J-F; RAMPAL, P.; NICOLI, J.R.; CZERUCKA, D. Efeitos de
Saccharomyces boulardii na invasão, integridade epitelial e sinalização celular
induzidas em células intestinais infectadas por Salmonella enterica serovar
Typhimurium. III Fórum de Microbiologia do Programa de Pós-Graduação em
Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG. Belo Horizonte/MG, 11
de Abril de 2007.
VELOSO, L.C.; MARTINS, F.S.; NICOLI, J.R. Comparação de cinco preparações
comerciais contendo Saccharomyces boulardii ou S. cerevisiae em termos de proteção
contra a infecção experimental por Salmonella enterica subsp. enterica sorovar
Typhimurium em camundongos convencionais. III Fórum de Microbiologia do
Programa de Pós-Graduação em Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas da
UFMG. Belo Horizonte/MG, 11 de Abril de 2007.
MARTINS, A.K.S.; MARTINS, F.S.; VELOSO, L.C.; CARA, D.C.; NICOLI, J.R.
NARDI, R.M.D. Estudo de antagonismo in vitro, ex vivo e in vivo do probiótico
biovicerin® contra microorganismos patogênicos. III Fórum de Microbiologia do
Programa de Pós-Graduação em Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas da
UFMG. Belo Horizonte/MG, 11 de Abril de 2007.
TIAGO, F.C.P.; MARTINS, F.S.; VELOSO, L.C.; CARA, D.C.; ROSA, C.A.;
NICOLI, J.R. Estudo de leveduras de origem ambiental para uso como probiótico. III
Fórum de Microbiologia do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia do Instituto
de Ciências Biológicas da UFMG. Belo Horizonte/MG, 11 de Abril de 2007.
217
MARTINS, F.S.; DALMASSO, G.; DOYE, A.; LEMICHEZ, E.; IMBERT, V.;
PEYRON, J-F; RAMPAL, P.; NICOLI, J.R.; CZERUCKA, D. Efeitos de
Saccharomyces boulardii na invasão, integridade epitelial e sinalização celular
induzidas em células intestinais infectadas por Salmonella enterica serovar
Typhimurium. WORKSHOP: BIOQUÍMICA E FISIOLOGIA DE
MICRORGANISMOS: ASPECTOS BÁSICOS E APLICADOS. Programa de Pós-
Graduação em Ciências Biológicas, Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas,
Universidade Federal de Ouro Preto. Ouro Preto, 30 de Abril a 02 de Maio de 2007.
TIAGO, F.C.P.; MARTINS, F.S.; VELOSO, L.C.; CARA, D.C.; ROSA, C.A.;
NICOLI, J.R. Estudo de leveduras de origem ambiental para uso como probiótico.
WORKSHOP: BIOQUÍMICA E FISIOLOGIA DE MICRORGANISMOS:
ASPECTOS BÁSICOS E APLICADOS. Programa de Pós-Graduação em Ciências
Biológicas, Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Ouro
Preto. Ouro Preto, 30 de Abril a 02 de Maio de 2007.
MARTINS, F.S.; BARBOSA, F.H.F.; CARA, D.C.; ROSA, C.A.; PENNA, F.J.;
NEVES, M.J.; NICOLI, J.R. Efeito do método de conservação na viabilidade,
reativação, colonização intestinal e efeito imunomodulador de dois produtos probióticos
contendo Saccharomyces boulardii ou Saccharomyces cerevisiae. III CONGRESSO
LATINO AMERICANO DE HIGIENISTAS DE ALIMENTOS / IX CONGRESSO
BRASILEIRO DE HIGIENISTAS DE ALIMENTOS / II ENCONTRO NACIONAL
DE CENTROS DE CONTROLE DE ZOONOSES. Porto Seguro/BA. 01 a 04 de Maio
de 2007.
TIAGO, F.C.P.; MARTINS, F.S.; SOUZA, T.C.; CARA, D.C.; ROSA, C.A.; NICOLI,
J.R. Seleção de leveduras do gênero Pichia para uso como probiótico. III CONGRESSO
LATINO AMERICANO DE HIGIENISTAS DE ALIMENTOS / IX CONGRESSO
BRASILEIRO DE HIGIENISTAS DE ALIMENTOS / II ENCONTRO NACIONAL
DE CENTROS DE CONTROLE DE ZOONOSES. Porto Seguro/BA. 01 a 04 de Maio
de 2007.
LIMA, L.P.J.; BARBOSA, F.H.F.; BAMBIRRA, F.H.S.; BAMBIRRA, L.H.S.;
MARTINS, F.S. Produção de proteínas unicelulares (Candida utilis) a partir de vinhoto
218
de cana-de-açúcar suplementado com fontes de carbono alternativas para a alimentação
animal. III CONGRESSO LATINO AMERICANO DE HIGIENISTAS DE
ALIMENTOS / IX CONGRESSO BRASILEIRO DE HIGIENISTAS DE
ALIMENTOS / II ENCONTRO NACIONAL DE CENTROS DE CONTROLE DE
ZOONOSES. Porto Seguro/BA. 01 a 04 de Maio de 2007.
MARTINS, F.S.; DALMASSO, G.; DOYE, A.; LEMICHEZ, E.; IMBERT, V.;
PEYRON, J-F.; RAMPAL, P.; NICOLI, J.R.; CZERUCKA, D. Effects of
Saccharomyces boulardii on the invasion, barrier function and signal transduction
pathway induced in Salmonella enterica serovar Typhimurium-infected T84 cells. X
INTERNATIONAL UNION OF BIOCHEMISTRY AND MOLECULAR BIOLOGY
CONFERENCE & XXXVI ANNUAL MEETING OF SBBq (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE BIOQUÍMICA E BIOLOGIA MOLECULAR). Programas e
Resumos da X IUBMB Conference 2007 & XXXVI Annual Meeting of SBBq.
Salvador/BA, Brasil, 21 a 25 de Maio de 2007.
MARTINS, F.S.; MARTINS, A.K.S.; DALMASSO, G.; DOYE, A.; LEMICHEZ, E.;
IMBERT, V.; PEYRON, J-F.; RAMPAL, P.; NICOLI, J.R.; CZERUCKA, D. Effects of
Salmonella enterica serovar Typhimurium infection in the epithelial integrity,
inflammation and implication of MAP kinases in response to the infection in cells. X
INTERNATIONAL UNION OF BIOCHEMISTRY AND MOLECULAR BIOLOGY
CONFERENCE & XXXVI ANNUAL MEETING OF SBBq (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE BIOQUÍMICA E BIOLOGIA MOLECULAR). Programas e
Resumos da X IUBMB Conference 2007 & XXXVI Annual Meeting of SBBq.
Salvador/BA, Brasil, 21 a 25 de Maio de 2007.
MARTINS, F.S.; TIAGO, F.C.P.; DALMASSO, G.; IMBERT, V.; PEYRON, J-F.;
ROSA, C.A.; NEVES, M.J.; PENNA, F.J.; NICOLI, J.R. Effects of Saccharomyces
cerevisiae strain 905 in the barrier function and signal transduction pathway induced in
Salmonella enterica serovar Typhimurium-infected T84 cells. X INTERNATIONAL
UNION OF BIOCHEMISTRY AND MOLECULAR BIOLOGY CONFERENCE &
XXXVI ANNUAL MEETING OF SBBq (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
BIOQUÍMICA E BIOLOGIA MOLECULAR). Programas e Resumos da X IUBMB
219
Conference 2007 & XXXVI Annual Meeting of SBBq. Salvador/BA, Brasil, 21 a 25 de
Maio de 2007.
ELIAN, S.D.A.; MARTINS, F.S.; VELOSO, L.C.; ARANTES, R.M.E.; NARDI,
R.M.D.; NICOLI, J.R. Comparação de cinco preparações comerciais contendo
Saccharomyces boulardii ou S. cerevisiae em termos de viabilidade, velocidade de
reativação e proteção contra a infecção experimental por Salmonella enterica subsp.
enterica sorovar Typhimurium em camundongos convencionais. XVI Semana de
Iniciação Científica da UFMG. Belo Horizonte/MG, 01 a 05 de Outubro de 2007.
MARTINS, F.S.; LAGADEC, P. PEYRON, J-F; NICOLI, J.R.; RAMPAL, P.;
CZERUCKA, D. The probiotic yeast Saccharomyces boulardii prevents Salmonella
Typhimurium infection of T84 cells. 15th United European Gastroenterology Week. Le
Palais des Congrès de Paris, Paris, France. 27-31 de Outubro de 2007.
220
X.6 Prêmios recebidos
Trabalho selecionado para apresentação oral: Saccharomyces cerevisiae strain 905
reduces the translocation of Salmonella enterica serovar Typhimurium in mice,
XXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE MICROBIOLOGIA, 2005. Santos/SP, 22 a 25
de Novembro de 2005.
221
X.7 Autorização do Comitê de Ética para Experimentação Animal da
Universidade Federal de Minas Gerais (CETEA/UFMG)
222
X.8 Certificado de realização de estágio na Université de Nice, França
Livros Grátis
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Milhares de Livros para Download:
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