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Outros aspectos relevantes desse período são a consolidação das instituições
financeiras (bancos), como o de Amsterdã, da Inglaterra, Suécia etc., e a acumulação
primitiva de capitais, mediante a expansão ultramarina e o colonialismo
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A terceira revolução logística está diretamente relacionada ao avanço dos
transportes na Inglaterra, criando as bases, dentre vários aspectos, para o advento da primeira
revolução industrial, ocorrida na segunda metade do século XVIII, inicialmente na Inglaterra.
Há a expansão do sistema técnico e tem início a fase positiva do primeiro ciclo de Kondratieff
(longo), entre 1790-1815. Inicialmente, destaca-se a máquina ferramenta e, posteriormente,
surgem as primeiras máquinas movidas a vapor, atribuindo-se destaque para o tear mecânico e
o descaroçador de algodão. Assim, ocorre uma aceleração e intensificação da produção, ou
seja, maior produção em menos tempo (NIVEAU, 1969).
Tem-se a difusão do trabalho assalariado (a força de trabalho se torna uma
mercadoria, ou seja, é vendida), intensificação da divisão social do trabalho, necessidade de
matérias-primas, surgimento de centros industriais próximos aos espaços em que se
encontram os recursos minerais (carvão mineral, por exemplo), como os casos de Manchester,
Liverpool e Londres, crescimento das cidades industriais, êxodo rural, altas jornadas de
trabalho, ambientes insalubres, utilização do transporte ferroviário e hidroviário, entre outros
(SILVEIRA, 2009).
A divisão internacional do trabalho (DIT) ganha maior destaque e
intensidade. Por um lado, os países industrializados fornecem produtos industriais e, por
outro, os não-industrializados fornecem bens agropecuários e minerais, de baixo valor
agregado, resultando numa balança comercial extremamente desigual. Vale destacar que tal
fato contribuía sobremaneira para o fortalecimento da relação centro-periferia (MARX, 2005).
Soma-se ainda, que diante do capitalismo industrial (substituiu o comercial) há um
predomínio do liberalismo político e econômico.
A terceira revolução logística
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se apresenta num contexto de revolução
agrícola, com a modernização dos processos produtivos a partir da aquisição de novas
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O exemplo do Brasil é emblemático e, dessa maneira, cabe citar a contribuição de Ignácio Rangel acerca do
período colonial brasileiro, visto que o autor destaca a presença de uma dualidade em que há dois pólos
principais (um interno e outro externo). O interno se estrutura na produção do tipo escravista, mediante a relação
entre o senhor de terras e os escravos, e
outro externo, organizado a partir do sistema feudal, com a relação entre
vassalo e suserano, isto é, diretamente da fazenda (representada pelo senhor de terras) com o rei. Além disso, o
poder na metrópole portuguesa se baseava na terra e no trabalho, sendo as grandes navegações concessões
realizadas pela Coroa à burguesia mercantil da época na busca de novas colônias de exploração. Não havia um
contingente satisfatório de mão-de-obra excedente em Portugal, portanto, foram utilizados como trabalhadores
os índios e, posteriormente, os negros vindos da África. O tráfico e o comércio de escravos (tidos como objetos),
por sua vez, eram extremamente lucrativos, tanto para os comerciantes (burgueses) quanto para a Coroa
portuguesa (RANGEL, 2005).