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me dava, eu colocava assim, o quadro era grande, aí quando foi, eu ia para a igreja
dos crente, lá eles me deram os cartãozinho com o menino Jesus, com Nossa Senhora,
São José e o menino Jesus. Aí eu fiz o meu presepe, pequenininho, só se tu vê! Desse
tamanhozinho, lá no canto, coloquei meu menino Jesus no cartão assim, aí os reiseiro
vieram e cantaram. Quando os reiseiro cantou, aí eu me entusiasmei, ali, eu digo, não,
mãe, eu vou ficar armano meu presepe. Mãe: “menina, isso é complicança, vai ser
complicança pra você, você não pode pegar esse peso”. Eu digo: eu vou mãe, eu vou
pegar, eu vou fazer meu presepe. Ele era tão grande que a minha fia vinha e fazia pra
mim, e de caixão, fazia, botava os caixão assim, e fazia, enchia tudo de planta, quando
os reiseiro chegava era aquele esntusiasmo, cantava, e eu ficava naquele entusiasmo;
no primeiro dia que recebi o meu reis foi de joelho, e de joelho eu recebo até hoje. Aí
eu fui cresceno. Na idade de 15 ano tinha um rapaz aqui, e nós não conhecia dessas
doença né? Aí chegou e pediu a minha mãe pra lavar uma roupa dele. Aí mãe disse: “ô
Louro, seu Louro, eu não tenho tempo de lavar pro que eu tou costurando, mas o senhor
traz que Alicinha lava”. Ele trouxe a roupa. Eu fui pra o rio e lavei uma calça e uma
camisa, quando cheguei fui sentindo uma dor aqui. Digo: mãe, minha mão tá doeno, ó
como tá isso aqui! Já tava umas manchinha roxa aqui, assim. Ela disse: “é porque a
mão fina machucou”. Ah menino, com 15 dia esse couro saiu todo, arrancou todo, ficou
somente nos osso, aquela coisa mais feia do mundo. Aí chegou uns turco, e toda vida só
chegava turco e cigano, eu digo eu vou lá nos turco. Mãe: “não vai pro sol!”. Botei a
mão na tipóia e fui. Até essa data eu não tinha coragem, de forma nenhuma, de ir no
hospital. Quando eu cheguei lá, conversando mais a turca, ela foi assim olhando pra
mim e disse: “baiana bonita, o que é que você tem nessa mão? Ai, ai, quando eu tirei a
mão e mostrei a ela, ela: “vixe que guarda sua mão, guarda! E cuida pra você não ficar,
ou morrer ou ficar aleijada, você tão bonita e ficar aleijada, minha baiana! Você vai
cuidar de você.” Aí eu me assombrei, cheguei em casa, falei pra minha mãe. Digo: oh
mãe, a turca disse que eu vou ficar aleijada se eu não tomar uma providência e ir no
médico! Mãe disse: “já lhe falei, você não quer ir! Aí nesse dia mesmo eu fui. Aí tinha
um médico aqui com o nome de Dr. Armindo, assim, muito bom, esse médico tava no
hospital. Aí eu cheguei, ele disse: “que tu veio fazer menina?” Aí eu mostrei a mão.
“Vixe, menina, aonde tu achou essa doença? Aí eu falei pra ele que tinha sido daquela
roupa que eu tinha lavado, e a minha mãe disse que foi machucado, que a mão fina
machucou. Ele disse:”Não minha filha, de quem foi a roupa?” Aí eu falei: de Louro
vida triste. Ele disse: “Ave Maria! Louro tá arrancando os pedaço a doença de Louro é