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Quando retornaram para suas salas de aula, alguns professores se diziam
“perdidos, sem saber direito o que fazer”. O que mais se ouvia era: “E agora, o
que fazer?”, “Eu não sei dar aulas como eles querem”. A impressão que tive, na
época, foi a de que o curso, além de contribuir para discussões acerca do ensino,
serviu também para criar nos professores de Língua Portuguesa um sentimento de
impotência. Essas questões apresentadas acima e outras foram, ao longo dos
anos, gerando polêmicas e fazendo com que as discussões e os debates
provocassem, nas escolas, uma divisão dos professores em dois grupos, em
alguns casos dentro da mesma escola: o grupo dos “gramatiqueiros” ou
“tradicionais”, que defendiam a tradição do ensino gramatical, e o grupo dos
“progressistas”, aqueles que, por diferentes razões, defendiam a modificação na
forma de se ensinar gramática de uma maneira contextualizada, ou o abandono
definitivo do seu ensino.
Batista (1997, p.145) afirma que, quando se ensina Língua Portuguesa na
escola, "ensina-se, fundamentalmente, a disciplina gramatical". Embora os
professores trabalhem com diversos saberes (conteúdos gramaticais, elementos
da teoria da comunicação, leitura, escrita, vocabulário, linguagem oral, valores
morais e ideológicos), o que é priorizado é o ensino da gramática tradicional.
Porém, considerando o nosso convívio com os professores, nós nos
perguntávamos: não estaria ocorrendo talvez devido ao impacto provocado pelas
polêmicas acerca das novas tendências sobre o ensino da disciplina, uma