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Esse panorama pode ser esclarecido por Hasui (1990), pois o autor comenta que o
desenvolvimento de estruturas neotectônicas depende do quadro estrutural preexistente de uma
região (orientação e geometria) e o tipo de regime tectônico envolvido. Outra menção pode ser
obtida por Mörner
8
apud Cavalcante (2000), pois enfatiza que a neotectônica atua em locais e
regimes diferentes não havendo necessidade de utilizar um termo que vincule a ação tectônica ao
tempo (e.g. Tectônica Holocênica).
Segundo a Comissão de Estudos Neotectônicos da INQUA, a neotectônica é qualquer
movimento ou deformação do nível geodésico de referência, seus mecanismos, sua origem
geológica, suas aplicações para vários propósitos e suas futuras extrapolações, não existindo um
marco temporal que indique o início da neotectônica (Saadí
9
apud Cavalcante, 2000).
No Brasil, Hasui (1990) destaca as duas possibilidades para o tempo de duração da
neotectônica. O primeiro considerando como origem todos os processos ligados à abertura do
Oceano Atlântico e seu posterior retrabalhamento até o Triássico ou Permiano. E para o segundo
caso, considera-a a partir dos processos pós-clímax dessa abertura a começar do Mioceno ou
Oligoceno-Mioceno. Mas, pesquisas recentes na área da geofísica, sedimentologia e
geomorfologia, apontaram como sendo esta última consideração a mais correta para o território
brasileiro, pois existem movimentações ainda presentes com manifestações de ambiente
intraplaca.
Para o caso da Amazônia, Campos & Teixeira
10
apud Costa et al. (2001), através de
estudos sismológicos, observaram a presença de quatro fases principais de evolução tectônica da
Bacia do Amazonas durante as Eras Mesosóica e Cenozóica: (1) corte extensional em forma de
cunha E-W durante o Jurássico-Triássico, acompanhado por magmatismo máfico; (2) um regime
compressivo E-W no final do Cretáceo e seguido por uma elevação de larga escala; (3)
subsidência flexural no fim do Cretáceo com o relaxamento da compressão; e (4) retrabalhamento
no Terciário após os efeitos transpressivos e transtensivos da área.
Costa et al. (1996) enfatizam de forma mais clara dois eventos tectônicos na Amazônia. O
primeiro é representado por manifestações do Evento Sul-Atlanticano (Formação do Oceano
8
MÖRNER, N. A. 1990. Neotectonics and structural geology: general introduction. Bull Int Quat. Ass. Neotect. Comm. 13, 87 p.
9
SAADI, A. 1991. Ensaios sobre morfotectônica de Minas Gerais., IGC/UFMG, 300 p., 06 mapas morfotectônicos. (Tese para
admissão a cargo de professor titular)
10
CAMPOS, J. N. P. & TEIXEIRA, L. B. 1988. Estilo tectônico da bacia do baixo Amazonas. In: CONGRESSO BRASILEIRO
DE GEOLOGIA 35., Belém, 1988. Anais... Belém, SBG. v.2, p 2161-2172.