74
Nuno Rolando, Manezinho Araújo,Nelson Gonçalves e
Orlando Silva.
Líder absoluta em audiência nos anos 40 e 50,a Nacional
chegou a ter, sob contrato, 15 maestros, mantendo, ainda, no
seu elenco, dois conjuntos regionais e grande orquestra for-
mada por 144 membros. De quebra, empregava solistas da
qualidade de Jacob do Bandolim, Abel Ferreira, Luperce
Miranda, Luiz Americano, Dilermando Reis, Garoto e
Chiquinho do Acordeon. Não satisfeita com tanto, ainda
atropelou o nosso regime presidencialista ao fazer de
Marlene, Dalva de Oliveira,Emilinha Borba, Ângela Maria e
Dóris Monteiro,as Rainhas do Rádio, vozes de ouro na trilha
sonora dos anos românticos da metade do século vinte.
A partir de 1950, a disputa pela audiência aumentou,
ainda mais, com o advento da televisão no Brasil.
Nasceram as tevês Tupi, Nacional, Rio, Paulista,
Continental, Excelsior e Record, as mais importantes desta
fase de implantação. Esse novo veículo de comunicação
ganhou os lares brasileiros usando como atrações os mes-
mos grandes nomes do rádio. E, se a programação era ver-
dadeiramente diversificada, com novelas, notícias, filmes,
era inegável a liderança dos programas musicais. Dessa
forma, também a tevê nasceu, aprendeu a andar, cresceu
ancorada na música brasileira: não só a vigente mas, tam-
bém,a resultante dos novos movimentos que balançaram o
país entre os anos cinquenta e sessenta: Bossa Nova, Jovem
Guarda e Tropicalismo.
Havia espaço para todos na telinha quando os Festivais de
MPB (iniciados pela TV Excelsior em 1965, imitados pela
Record e, depois,pela TV Globo) selecionavam o repertório a
ser cantado pela nação.Tom Jobim,Vinícius de Morais,Baden
Powe ll, G er aldo Vandré,Jair Rodrigues, Chico Buarque,MPB
4, Nara Leão, Wilson Simonal, Roberto Carlos, Edu Lobo,
Elis Regina, Caetano Velloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Os
Mutantes, Tom Zé, Sérgio Ricardo, Dori Caymmi, Nelson
Mota, Luiz Bonfá, Antonio Adolfo, Milton Nascimento,
Guarabira, Paulinho da Viola, Marcos Valle, Sueli Costa, Ivan
Lins, Beth Carvalho, Antonio Carlos e Jocafi, Gonzaguinha,
Egberto Gismonti e Jorge Benjor foram alguns dos grandes
nomes que surgiram nessa época.
Os programas musicais, a exemplo de “O Fino da Bossa”
(Tv Record),“Um Instante Maestro” (Tv Tupi),“A Grande
Chance” (Tv Tupi), “Vamos S’imbora” (Tv Record), “Esta
Noite Se Improvisa”(Tv Record),“Rio Hit Parade”(Tv Rio)
dominavam o horário nobre. A juventude podia escolher
entre “Todos os Jovens do Mundo” (Tv Record),“Os Brotos
Comandam”(Tv Continental),“Festa do Bolinha” (Tv Rio),
“Jovem Guarda” (Tv Record), “Jovem Urgente” (Tv
Cultura),“Poder Jovem” (Tv Tupi),“Brasa 4”(Tv Itacolomi-
BH), e outros mais.
Esta ebulição continuou até, pelo menos, o final dos anos
setenta, saindo de cena ao tempo em que desapareciam as
tevês Paulista,Tupi, Excelsior, Continental, emissoras engoli-
das pelas grandes redes, que têm na Globo o seu paradigma.
O processo de desmanche passou, obviamente, pela
demissão de conjuntos regionais, orquestras inteiras, regen-
tes, em resumo, todas as cabeças musicais que não se ren-
dessem aos ditames do mais novo diretor artístico das emis-
soras: o mercado. Para a vaga deixada pelos reis e rainhas do
rádio, os donos da mídia elegeram os seus astros ideais: