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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
MESTRADO EM GESTÃO E POLÍTICAS AMBIENTAIS
A GESTÃO AMBIENTAL DO RESERVATÓRIO DELMIRO GOUVEIA
DAS USINAS HIDRELÉTRICAS PAULO AFONSO I-II-III DA
COMPANHIA HIDRO ELÉTRICA DO SÃO FRANCISCO - CHESF
ROSA LÚCIA LIMA REIS
Recife
2007
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ii
ROSA LÚCIA LIMA REIS
A GESTÃO AMBIENTAL DO RESERVATÓRIO DELMIRO GOUVEIA
DAS USINAS HIDRELÉTRICAS PAULO AFONSO I-II-III DA
COMPANHIA HIDRO ELÉTRICA DO SÃO FRANCISCO - CHESF
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Gestão e Políticas Ambientais
da Universidade Federal de Pernambuco,
como parte dos requisitos necessários para a
obtenção do Grau de Mestre.
Orientador – Prof. Dr. Jaime Joaquim da Silva Pereira Cabral
Recife
2007
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iii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
MESTRADO EM GESTÃO E POLÍTICAS AMBIENTAIS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
A GESTÃO AMBIENTAL DO RESERVATÓRIO DELMIRO GOUVEIA DAS
USINAS HIDRELÉTRICAS PAULO AFONSO I-II-III DA COMPANHIA HIDRO
ELÉTRICA DO SÃO FRANCISCO – Chesf
ROSA LÚCIA LIMA REIS
Dissertação apresentada para obtenção do grau de Mestre em Gestão e Políticas Ambientais
Aprovada por:
__________________________________________________________________
Prof. Dr. Jaime Joaquim da Silva Pereira Cabral – UFPE
Professor do Programa de Pós-Graduação em Gestão e Políticas Ambientais
__________________________________________________
Profª. Drª. Suzana Maria G. Lima Montenegro – UFPE
Professora(s) do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil
________________________________________________
Prof. Dr. José Roberto Gonçalves Azevedo - UFPE
Professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil
__________________________________________________
Dr. Mêuser Jorge Silva Valença - CHESF
Companhia Hidro Elétrica do São Francisco - Chesf
Recife
Abril - 2007
iv
Eu e o Rio
Nas águas claras do rio.
Deixei meus pés afagar,
Sem mais temer minha sina
Olhar distante e traquina,
A ouvir o ruído do seixo.
De alma leve e sem frio
Atenta namorava uma flor
Sentindo na brisa seu beijo!
Segue seu curso vadio
Entre musgos e açucenas
E eu pescador da vida,
Que a mim tanto fascina
Vejo que assim como o rio.
Também misteriosa ela passa,
Mas lega àquele que crê,
O amor quem viveu sem temor!
Nas águas claras do rio,
Todo o pensamento a vagar,
Sou criatura e sou criador,
A ele meu destino confio.
Entregue a navegar sem pena,
Meu riso tal vento a soprar,
Com o sal de minhas lágrimas,
Poder sim inventar o meu mar.
Lídia Meireles, 2007.
v
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Humberto Lopes dos Reis
e Maria Edith Lima dos Reis,
minha gratidão e meu amor filial.
Ao meu filho, André Luís
por me ensinar a ser mãe
e continuar ensinando.
Aos meus irmãos e a minha família de existência
.
.
vi
AGRADECIMENTOS
A Deus, primeiramente pelo dom da vida, pelas oportunidades e possibilidades que me dá, e
pela felicidade de poder compartilhar nesta terra querida a conquista de mais uma etapa
importante da minha vida;
À Universidade Federal de Pernambuco – UFPE pela oportunidade oferecida de participar
deste programa;
Ao professor Dr. Jaime Prof. Dr. Jaime Joaquim da Silva Pereira Cabral por ter aceito e
acreditado no meu trabalho sendo orientador;
À Companhia Hidro Elétrica do São Francisco – Chesf, em especial ao gerente do
Departamento de Meio Ambiente – DMA, o Sr. Francisco José Maciel Lyra pela
oportunidade de crescimento profissional e pessoal, viabilizando este mestrado e à Gerente da
Divisão de Meio Ambiente de Geração – DEMG, a Sra. Valéria Vanda Gomes Brasil pelo
apoio e a colaboração na realização desta pesquisa;
Aos Colegas e amigos da Chesf em especial à Clara Célia do Núcleo de Geoprocessamento do
Departamento de Meio Ambiente – NGEO - DMA pelo fundamental trabalho na composição
dos mapas e com as sugestões valiosas, à Mosânia Felix da Gerência Regional de Paulo –
GRP, pelo coleguismo que muito ajudou nos trabalhos de campo e na realização da pesquisa,
à Edneide Santana pela amizade;
Aos professores do mestrado, pelos ensinamentos e orientação que tanto contribuíram para
minha formação acadêmica, em especial, a Profª Drª. Ana Cristina Salibe nos primeiros
passos da pesquisa;
Aos professores integrantes da Banca Examinadora que tão gentilmente aceitaram participar
da defesa Prof. Dr. José Roberto Azevedo, Dr. Mêuser Jorge Silva Valença e Profª. Drª
Suzana Maria G. Lima Montenegro.
Aos meus amigos, em especial a Henry, Gorete, Flávia, José Roberto, Isabel, Damásio pela
alegria das horas de descontração e apoio nos momentos mais difíceis;
vii
Aos colegas do MGPA, pelo companheirismo e bons momentos partilhados, em especial a
Claudia L. Bem Cirilo, Fernanda Pinho, Francicleide Palhano pelo incentivo e amizade;
Aos funcionários do mestrado em Gestão e Políticas Ambientais, em especial, à Solange, pela
atenção e apoio durante esses anos;
Aos autores cujos trabalhos serviram como referência para minha pesquisa;
Aos meus pais Humberto e Edith, meu filho André Luís, aos meus irmãos, à Tia Lígia e a
família, por tudo;
Por fim, agradeço, a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a conclusão deste
projeto.
viii
RESUMO
Esta pesquisa tem como objeto de estudo o Reservatório Delmiro Gouveia, inserido no rio
São Francisco que abastece as usinas Paulo Afonso I-II-III de propriedade da Companhia
Hidro Elétrica do São Francisco – Chesf. No estudo é feita uma análise da situação atual do
ponto de vista ambiental e sugerir a gestão ambiental. A expansão das atividades urbanas e
industriais no entorno do reservatório gerou diversos impactos, que acarretaram perdas
significativas às funções e valores sociais e ambientais associados ao ecossistema local. A
Gestão Ambiental dos reservatórios contempla ações corretivas e preventivas no sentido de
conservar os ambientes naturais e valorizar a cultura da população envolvida, bem como
programas de incentivo a atividades econômicas, de lazer, etc, compatíveis com a capacidade
de suporte dos recursos naturais renováveis. Permite também, definir uma articulação
político-institucional de gestão integrada entre os diversos agentes envolvidos. As várias
atividades humanas desenvolvidas nos reservatórios contribuem para a deterioração dos
recursos hídricos, devido à deposição inadequada de resíduos (nutrientes e poluentes)
provenientes de despejos domésticos e industriais e resíduos de diversos tipos de culturas
agrícolas. Estes fatores podem ocasionar a eutrofização dos reservatórios e o aumento da
carga de sedimentos depositados, comprometendo a conservação dos reservatórios e a geração
de energia elétrica. Durante a realização do trabalho de campo no reservatório foram
observados e registrados os pontos mais significativos. Os locais registrados em sua maioria
apresentaram o uso inadequado do reservatório e de seu entorno pelos próprios proprietários
da área. Desta forma as ocorrências registradas e identificadas foram agrupadas pelas
seguintes temáticas: uso inadequado dos recursos hídricos, problemas na APP, poluição
urbana e industrial e desequilíbrio na atividade rural. Na gestão ambiental dos reservatórios
são utilizados instrumentos que objetivam melhorar a qualidade ambiental e o processo
decisório. Após construir uma base de dados dos impactos decorrentes das atividades
antrópicas, o uso sustentável dos recursos naturais ainda disponíveis é estimulado para que
seja possível uma adequada gestão ambiental para o reservatório.
Palavras-chave: gestão ambiental, recursos hídricos, reservatórios, usos múltiplos.
ix
ABSTRACT
This research has as study object the Reservoir Delmiro Gouveia, inserted in São Francisco
river that supplies the plants Paulo Afonso I-II-III of property of the Companhia Hidro
Elétrica de São Francisco – Chesf. This study intend to analyze the current situation on the
point of view of environmental conditions and to propose the environment management. The
urban expansion and industrial activities had generated diverse impacts, that caused
significant loses for the social functions and environment values of associated ecosystem. The
Environment Management of the reservoirs contemplates corrective and preventive actions in
the direction to conserve natural resources and to value the culture of the involved population,
as well as to generate programs of incentive of the economic activities, leisure, etc,
compatible with the capacity of support of the renewed natural resources. Also allowing, to
define an institucional politician integrated with diverse involved agents. The several human
activities developed in the reservoirs contribute for the hydric resources deterioration due the
inadequate disposal of residues (nutrient and pollutant) proceeding from domestic and
industrial oustings and residues of diverse types of agricultural cultures. These factors can
cause to the eutrophisation of the reservoirs thus increasing the load of deposited sediments,
compromising the conservation of the reservoir and the generation of electric energy. During
the accomplishment of the field work in the reservoir had been observed and registered the
most significant points. The places registered in its majority had presented the inadequate use
of the reservoir and it´saround by the proprietors of the areas. In such a way the registered and
identified occurrences had been grouped in the following areas: inadequate use of the hydrics
resources, problems in the APP, urban and industrial pollution and disequilibrium in the
agricultural business. For the management of the reservoirs are used instruments of
environment management, that objectify to improve the environmental quality and the power
to decide process. With this, aiming to construct a database of the decurrent impacts of the
human activities, and to stimulate the sustainable use of still available natural resources,
becaming possible presenting an environmental management for the reservoir.
Key-words: environment management, hydric resources, reservoirs, multiple uses.
x
SUMÁRIO
RESUMO
viii
ABSTRACT
ix
LISTA DE FIGURAS
xiv
LISTA DE FOTOS
xiv
LISTA DE GRÁFICO
xvi
LISTA DE QUADROS
xvi
LISTA DE TABELAS
xvii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
xix
1 – INTRODUÇÃO
24
1.1 - IMPORTÂNCIA DO TEMA 24
1.2 – JUSTIFICATIVA 31
1.3 – OBJETIVOS 35
1.3.1 - Objetivo Geral 35
1.3.2 - Objetivos Específicos 35
1.4 - ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
35
2 – METODOLOGIA
37
2.1 - NATUREZA DA PESQUISA 37
2.2 - ESCOLHA DO MÉTODO DA PESQUISA 40
2.3 - OS INSTRUMENTOS DE PESQUISA 41
2.3.1 - Planejamento da Pesquisa 43
2.3.2 - Descrição Metodológica do estudo de caso 44
3 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
47
3.1 - A EVOLUÇÃO DA QUESTÃO AMBIENTAL 47
xi
3.2 - A QUESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL 55
3.3 - A GESTÃO AMBIENTAL NO SETOR ELÉTRICO 64
3.4 - A GESTÃO AMBIENTAL E RESERVATÓRIOS 74
3.5 - ASPECTOS LEGAIS E INSTITUCIONAIS 84
3.5.1 - Política Nacional de Meio Ambiente - PNMA 86
3.5.2 - Política Nacional dos Recursos Hídricos - PNRH 91
3.5.3 - Outros Instrumentos Legais 100
4 - CARACTERIZAÇÃO FÍSICA
102
4.1 – O RIO SÃO FRANCISCO 102
4.2 – A EMPRESA Chesf 112
4.3 - RESUMO HISTÓRICO DO COMPLEXO HIDRELÉTRICO DE PAULO
AFONSO
115
4.4 - CARACTERIZAÇÃO DAS USINAS PAULO AFONSO I-II-III E O
RESERVATÓRIO DELMIRO GOUVEIA.
120
4.4.1 - Usinas Hidrelétricas de Paulo Afonso I-II-III 121
5 - CARACTERIZAÇÃO SÓCIOAMBIENTAL
125
5.1 - IDENTIFICAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 125
5.1.1 - Localização da Área de Estudo 127
5.2 - CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO 127
5.2.1 - Climatologia/Meteorologia 127
5.2.2 – Geomorfologia 128
5.2.3 – Geologia 128
5.2.3.1 -Província Sedimentar
128
5.2.3.2 - Província Cristalina
129
5.2.4 - Solos / Erosão 129
5.2.4.1 - Informações sobre os solos da região
129
xii
5.2.4.2 - Suscetibilidade à erosão/degradação dos solos na região
130
5.2.4.3 - Erosão/degradação devido a efeitos indiretos da construção das barragens
130
5.2.5 - Recursos Hídricos 131
5.2.5.1 - Parâmetros Hidroclimatológicos
132
5.2.5.2 - Vazões Afluentes aos Reservatórios e Defluentes
132
5.2.6 - Qualidade e Usos da Água dos Reservatórios 136
5.3 - CARACTERIZAÇÃO DO MEIO BIÓTICO 138
5.3.1 - Flora 138
5.3.1.1 - Caatinga Arbórea
139
5.3.1.2 - Caatinga Arbustiva Arbórea
139
5.3.1.3 - Mata Ciliar
139
5.3.1.4 - Macrófitas aquáticas
140
5.3.2 - Fauna 143
5.4 - CARACTERIZAÇÃO SÓCIOECONÔMICA 145
5.4.1 - Município de Paulo Afonso/BA 145
5.4.1.1 - Aspectos Demográficos
146
5.4.1.2 - Nível de Vida
147
5.4.1.3 – Educação
148
5.4.1.4 – Saúde
150
5.4.1.5 - Renda da População
151
5.4.1.6 - Infra-Estrutura
151
5.4.1.7 - Estrutura Produtiva e de Serviços
156
5.4.1.8 - Controle Social
158
5.4.2 - Município de Delmiro Gouveia / AL 159
5.4.2.1 - História da Cidade
160
5.4.2.2 - Aspectos Demográficos
160
xiii
5.4.2.3 - Nível de Vida
162
5.4.2.4 – Educação
162
5.4.2.5 – Saúde
164
5.4.2.6 - Renda da População
265
5.4.2.7 - Infra-estrutura
166
5.4.2.8 - Segurança
168
5.4.2.9 - Estrutura Econômica
168
5.4.2.10 - Patrimônio Natural, Histórico e Cultural
169
6 – ÁREA DE ESTUDO E ANÁLISE DOS DADOS
170
6.1 - ÁREA DE ESTUDO 170
6.2 – ANÁLISE DOS DADOS 172
6.2.1 - Análise dos Estudos Ambientais anteriores 172
6.2.2 - Análise do Programa de Monitoramento Limnológico e Avaliação da
Qualidade da Água
174
6.2.3 – Potenciais Poluidores do Reservatório Delmiro Gouveia 182
6.3 - BANCO DE DADOS GEOREFERENCIADOS 183
7 - COMENTÁRIOS FINAIS
199
7.1 - CONCLUSÕES 199
7.2 - RECOMENDAÇÕES 204
7.3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS 210
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 212
NOME E ENDEREÇOS 225
xiv
LISTA DE FIGURAS
Figura Página
FIGURA 1 Nova divisão fisiográfica da Bacia do Rio São Francisco
103
FIGURA 2
Reservatório Delmiro Gouveia e as Usinas Hidrelétricas Paulo
Afonso I-II-III
120
FIGURA 3
Localização das UHE´s Paulo Afonso I-II-III e a indicação da área
de pesquisa com o reservatório Delmiro Gouveia, seta em azul.
126
FIGURA 4
Localização e área do Reservatório Delmiro Gouveia
126
FIGURA 5
Formas biológicas das plantas aquáticas: 1. anfíbia, 2. emergente,
3. flutuante fixa, 4. flutuante livre, 5. submersa fixa, 6. submersa
livre, 7. epífita (extraído de Pott & Pott, 2000).
141
FIGURA 6 Cascata dos reservatórios no rio São Francisco
171
FIGURA 7 Área de Estudo – Reservatório Delmiro Gouveia
172
FIGURA 8 Mapa Político da Área de Estudo e o Reservatório Delmiro
Gouveia
196
FIGURA 9 Mapa Recursos Hídricos da área de estudo onde está inserido o
Reservatório Delmiro Gouveia e os locais com as ocorrências de
degradação ambiental em vermelho pela COHIDRO e em amarelo
pela CHESF
197
FIGURA 10 Mapa de Usos Múltiplos do Reservatório Delmiro Gouveia
298
FIGURA 11 Reservatório Delmiro Gouveia situação atual (01/04/2007)
200
xv
LISTA DE FOTOS
Figura Página
FOTO 1 P12 (AAT) - Detalhe da comporta quebrada causando o deságüe
do efluente sem tratamento no reservatório Delmiro Gouveia.
Fonte: CHESF/COHIDRO, 2004
176
FOTO 2
P12 (AAT) - Deságüe do efluente no reservatório de Delmiro
Gouveia. Fonte: CHESF/COHIDRO, 2004.
176
FOTO 3 P12e - Ponto de despejo dos efluentes AAT no reservatório
Delmiro Gouveia. Fonte: CHESF/COHIDRO, 2004.
177
FOTO 4 P20 - Plantas aquáticas próximas da garagem da Viação Aratu.
Fonte: CHESF/COHIDRO, 2004.
178
FOTO 5 P20 - próximo à garagem da Viação Aratu, reservatório Delmiro
Gouveia. Fonte: CHESF/COHIDRO, 2004.
179
FOTO 6 P14 - Captação da CHESF próximo a Usina Apolônio Salles.
Fonte: CHESF/COHIDRO, 2004.
180
FOTO 7 P18 - Captação da Empresa de abastecimento de Alagoas,
CASAL, na barragem Leste e Jardim Cordeiro. Fonte:
CHESF/COHIDRO, 2004.
181
FOTO 8 P2 - Reservatório Delmiro Gouveia, em frente a Praça do
Belvedere (margem esquerda) apresentando plantas aquáticas em
todo Belvedere (local de lazer). Fonte: CHESF, 2004.
187
FOTO 9
P5 - Em frente à ilha dos Coqueiros, capim taboa. Fonte: CHESF,
2004.
187
FOTO 10
P6 - Ilha dos Coqueiros, queimadas nas margens, plantas
aquáticas. Fonte: CHESF, 2004
188
FOTO 11
P7 - Estação de Piscicultura da AAT, aumento da poluição no
reservatório, queimada na margem, a saída das águas residuárias.
Fonte: CHESF, 2004.
188
FOTO 12
P8 - A jusante da Barragem móvel (início da margem esquerda),
plantas aquáticas e presença de garças. Fonte: CHESF, 2004.
188
FOTO 13
P9 - Local próximo à jusante da UHE Apolônio Sales à esquerda,
plantas aquáticas, capim taboa. Fonte: CHESF, 2004.
189
FOTO 14
P10 - Vista da Barragem da UHE Apolônio Sales e presença de
plantas aquáticas, Fonte: CHESF, 2004.
189
FOTO 15
P11 - Próximo ao povoado de Moxotó/AL, Abastecimento d´água
para o povoado pela CASAL/AL. Fonte: CHESF, 2004.
189
FOTO 16
P12 – Local a jusante da UHE Apolônio Sales margem esquerda,
plantas aquáticas. Fonte: Chesf, 2004.
190
FOTO 17
P13 - Local próximo da captação da CASAL/AL para
abastecimento d´água e presença de plantas aquáticas. Fonte:
CHESF, 2004.
190
FOTO 18
P15 - Local próximo à captação da CASAL/AL para
abastecimento d´água para os povoados da Barragem Leste e
Jardim Cordeiro. Fonte: CHESF, 2004.
190
xvi
FOTO 19
P16 - Local Ilha do Quebra - Barragem Leste, plantas aquáticas
no entorno das ilhotas, a ilhotas unidas por meio das plantas
aquáticas. Fonte: CHESF, 2004
191
FOTO 20
P17 - Local - Ilha do Taquari (comporta) - Barragem leste –
margem, CASAL/AL, plantas aquáticas na barragem leste. Fonte:
CHESF, 2004.
191
FOTO 21
P4 - Reservatório Delmiro Gouveia, em frente ao matadouro
antigo da Chesf, hoje desativado (margem esquerda) apresentando
no local planta aquáticas e queimadas próximo ao Almoxarifado
da Chesf. Fonte: CHESF, 2004.
192
FOTO 22
P3 - Reservatório Delmiro Gouveia, em frente à Garagem de
ônibus da Empresa Aratu (margem esquerda) apresentando no
local contaminação pelo descarte dos óleos, graxas, etc. Macrófitas
aquáticas margeando o local. E queimada margeando o local.
Fonte: CHESF, 2004.
192
FOTO 23
P14 - Local próximo à captação desativada próxima da captação
da CASA/AL, Abastecimento desativado, sistema de irrigação,
presença de plantação de coqueiros, captação desativada. Fonte:
CHESF, 2004.
193
FOTO 24
P20 - próximo à garagem da Viação Aratu, reservatório Delmiro
Gouveia. Fonte: CHESF/COHIDRO, 2004.
201
FOTO 25
P2 - Reservatório Delmiro Gouveia, em frente a Praça do
Belvedere (margem esquerda) apresentando plantas aquáticas em
todo Belvedere. Fonte: CHESF, 2004.
202
FOTO 26
P12 (AAT) - Detalhe da comporta quebrada causando o deságüe
do efluente sem tratamento no reservatório Delmiro Gouveia da
Empresa AAT – Piscicultura por meio de Raceway. Fonte:
CHESF/COHIDRO, 2004
203
FOTO 27
P3 - Reservatório Delmiro Gouveia, em frente à Garagem de
ônibus da Empresa Aratu (margem esquerda) apresentando no
local contaminação pelo descarte dos óleos, graxas, etc. Macrófitas
aquáticas margeando o local. E queimada margeando o local.
Fonte: CHESF, 2004.
203
LISTA DE GRÁFICO
Gráfico Página
GRÁFICO 1
133
xvii
LISTA DE QUADROS
Quadro Página
QUADRO 1 Área, população e número de município, por unidade
federada, na Bacia do Rio São Francisco.
105
QUADRO 2 Características físicas da Bacia do Rio São Francisco por
região fisiográfica.
107
QUADRO 3 Características socioeconômicas da Bacia do Rio São
Francisco por região fisiográfica.
108
QUADRO 4 Reservatórios que alimentam as hidrelétricas da CHESF.
113
QUADRO 5 Perfil da empresa CHESF.
113
QUADRO 6 Dados Técnicos das Usinas Hidrelétricas de Paulo Afonso I-
II-III
123
QUADRO 7 Precipitação média em Paulo Afonso.
127
QUADRO 8 Correspondência entre a classificação de solos utilizada
anteriormente com relação ao novo Sistema Brasileiro de
Classificação de solos.
130
QUADRO 9 Volume de água acumulada pelas barragens, na Área de
Influência de Paulo Afonso.
131
QUADRO 10 Afluência média mensal do Rio São Francisco, 1937 a 1949.
133
QUADRO 11 Reservatórios e afluências e defluências médias anuais (m
3
/s)
no rio São Francisco em Paulo Afonso no período de 1950 a
2005
.
135
QUADRO 12 Valores dos parâmetros analisados nos diferentes tipos de
esgoto para localidades no entorno do reservatório Delmiro
Gouveia.
137
QUADRO 13 Quantificação geral de cargas poluidoras existentes para o
reservatório Delmiro Gouveia
.
138
QUADRO 14 Indicadores de Qualidade de vida em Paulo Afonso/BA
148
QUADRO 15 Patrimônio Natural, Histórico e Cultural do município Paulo
Afonso/BA
159
QUADRO 16 Patrimônio Natural, Histórico e Cultural do município
Delmiro Gouveia/AL.
169
QUADRO 17 Estações de Monitoramento da COHIDRO
175
QUADRO 18 Valores absolutos de óleos e graxas encontrados no
Reservatório Delmiro Gouveia em 2004
179
QUADRO 19 Composição da comunidade fitoplantônica do Ponto P14,
Reservatório Delmiro Gouveia
180
xviii
QUADRO 20 Composição da comunidade fitoplantônica do Ponto P18,
Reservatório Delmiro Gouveia
181
QUADRO 21 Número de ocorrências registradas pelo uso e ocupação do
entorno e nos reservatório de Delmiro Gouveia
186
LISTA DE TABELAS
Tabela Página
TABELA 1 População residente, por gênero, nos anos de 1991,1996 e 2000.
146
TABELA 2 População residente, por situação de domicílio e densidade
demográfica, nos anos de 1991, 1996 e 2000.
146
TABELA 3 Distribuição etária da população residente – 2000.
147
TABELA 4 Desempenho do Índice de Desenvolvimento Humano do Município.
147
TABELA 5 Número de Estabelecimentos: Federal, Estadual, Municipal e
Particular, por Nível de Ensino – 2000.
148
TABELA 6 Número de matrículas nas escolas da rede: Federal, Estadual,
Municipal e Particular, por nível de ensino – 2000.
149
TABELA 7 Número de docentes das escolas da rede: Federal, Estadual,
Municipal e Particular, por níveis de ensino – 2000.
149
TABELA 8 Índice de Mortalidade Infantil – 1989/1990/1994 e 1998.
151
TABELA 9 Pessoas de 10 ou mais anos de idade, por classes de rendimento
nominal mensal – 2000.
152
TABELA 10 Desempenho do Abastecimento D’água – 2000.
152
TABELA 11 Domicílios particulares permanentes com infra-estrutura sanitária –
2000.
153
TABELA 12 Domicílios particulares permanentes com esgotamento sanitário –
2000.
154
TABELA 13 Quantitativo de Resíduos Sólidos em 2003.
154
TABELA 14 Consumo de energia elétrica, por classes –2003.
155
TABELA 15 Pessoas de 10 ou mais anos de idade ocupadas, por atividade do
trabalho principal – 2000.
157
TABELA 16 População residente por situação do domicilio, segundo o município
de Delmiro Gouveia – 1991, 1996 e 2000.
161
TABELA 17 População Residente por gênero, grau de urbanização e densidade
demográfica, segundo os municípios – 2000.
161
xix
TABELA 18 Distribuição etária da população residente em 2000.
161
TABELA 19 Índice de Desenvolvimento Humano nos Municípios (IDH-M) –
1991 e 2000.
162
TABELA 20 População Residente, maior de cinco anos de idade, alfabetizada e
não alfabetizada, segundo o município – 2000.
162
TABELA 21 Número de estabelecimentos de ensino e matrículas, segundo os
municípios – 2000.
163
TABELA 22 Número de docentes, por nível de ensino, segundo os municípios –
2000.
163
TABELA 23 Rede de Saúde - Número de Unidades e Leitos de Saúde – SUS
(1999-2000).
164
TABELA 24 Pessoas de 10 ou mais anos de idade, por classes de rendimento
nominal mensal – 2000.
165
TABELA 25 Rendimento nominal médio segundo os municípios – 2000.
165
TABELA 26 Número de domicílios particulares permanentes, por abastecimento
d’agua, segundo os municípios - 2000/2003.
166
TABELA 27 Número de domicílios particulares permanentes, com infra-estrutura
sanitária, segundo o município – 2003.
167
TABELA 28 Número de domicílios particulares permanentes com esgotamento
sanitário, segundo os municípios –2003.
167
TABELA 29 Produção de resíduos sólidos por município – 2002.
167
TABELA 30 Consumo de energia elétrica, por classes, segundo os municípios –
2003.
168
TABELA 31 Produção dos Principais Produtos de Origem Animal nos Anos de
1994, 1995, 1998, 2000 e 2001.
168
xx
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AA Agências de Água
AGAPAN Associação Gaúcha de proteção do Ambiente Natural
ANA Agência Nacional de Águas
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
APP Área de Preservação Permanente
BID Banco Interamericano de Desenvolvimento.
BM Banco Mundial
CASAL Companhia de Saneamento de Alagoas
CBH Comitês de Bacias Hidrográficas
CEEE Companhia Estadual de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul
CEPEL Centro de Pesquisa de Energia Elétrica
CESP Companhia Energética de São Paulo
CF Constituição Federal
CCMA Conselho Consultivo de Meio Ambiente
CCPE Comitê Coordenador de expansão do Setor Elétrico
Chesf Companhia Hidro Elétrica do São Francisco
CIASE Comitê de Integração da Administração do Sistema Eletrobrás
CICOF Comitê de Integração Corporativa e Financeira do Sistema Eletrobrás
CIPEM Comitê de Integração de Planejamento, Engenharia e Meio Ambiente
CMMAD Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento
CO2 Dióxido de Carbono
COESE Comitê de Operação e Comercialização de Energia das Empresas do
Sistema Eletrobrás
COGE Comitê de Gestão Empresarial
COHIDRO Consultoria de Estudos e Projetos
COMAGE Comitê de Meio Ambiente do Grupo Eletrobrás
COMASE Comitê Coordenador das Atividades do Meio Ambiente do Setor Elétrico
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CONSISE Conselho Superior do Sistema Eletrobrás
CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos
xxi
COPEL Companhia Paranaense de Energia
CRAB Comissão de Atingidos por Barragens
CTEE Comitê para Estudos Elétricos
CTEM Comitê para Estudos de Mercado
CTSA Comitê Técnico para Estudos Sócio-Ambientais
CTST Comitê para Estudos dos Sistemas de Transmissão
CVSF Comissão do Vale do São Francisco
DEPESCA Laboratório de Limnologia do Departamento de Pesca da Universidade
Federal Rural de Pernambuco - UFRPE
DNAEE Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica
DNOS Departamento Nacional de Obras de Saneamento
DNOCS Departamento Nacional de Obras contra a Seca
DOU Diário Oficial da União
DPA Departamento de Planejamento e Meio Ambiente na ELETROBRÁS
EIA Estudo de Impacto Ambiental
EPE Empresa de Pesquisa Energética
ELETROBRÁS Centrais Elétricas Brasileiras S.A
ETA Estação de Tratamento de Água
FADE Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal de
Pernambuco – UFPE
FADURPE Fundação Apolônio Salles de Desenvolvimento Educacional
FNDCT Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
GCOI Grupo Coordenador para Operação Interligada
GCPS Grupo Coordenador do Planejamento dos Sistemas Elétrico
GRIDIS Órgão de assessoria para assuntos de Engenharia, Segurança e Medicina
do Trabalho
Ibama Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
IBDF Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal
IDH-M Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
LP Licença Prévia
LI Licença de Instalação
xxii
LO Licença de Operação
MAB Movimento dos Atingidos por Barragens
MEEASE Manual de Estudos de Efeitos Ambientais dos Sistemas Elétricos
MMA Ministério do Meio Ambiente
MME Ministério de Minas e Energia
NUCLEN Eletronuclear Eletrobrás Termonuclear S/A. (hoje, Nuclear Engenharia)
ONG Organização Não Governamental
ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico
PIB Produto Interno Bruto
PDMA Plano Diretor para Conservação e Recuperação Ambiental as Obras e
Serviços do Setor Elétrico
PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
PNMA Política Nacional de Meio Ambiente
PNRH Política Nacional de Recursos Hídricos
PROCEL Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica.
PROINE Programa de Irrigação do Nordeste
RIMA Relatório de Impacto Ambiental
SCC Subcomitê de Comunicações
SCEL Subcomitê de Estudos Elétricos
SCEN Subcomitê de Estudos Elétricos
SCO Subcomitê de Operação
SIN Sistema Interligado Nacional
SMA Subcomitê de Manutenção
SNGRH Sistema de Gerenciamento dos Recursos Hídricos.
SNRH Sistema Nacional de Recursos Hídricos
SEMA Secretaria Especial do Meio Ambiente
SEMAM Secretaria do Meio Ambiente da Presidência
SESP Serviço Especial de Saúde Pública
SINIMA Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação
SUDENE Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (hoje, ADENE
Agência de Desenvolvimento do Nordeste)
xxiii
SUDEPE Superintendência da Pesca
SUDHEVEA Superintendência da Borracha
ONG Organização Não Governamental
ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico
ONU Organização das Nações Unidas
TELEBRAS Telecomunicações Brasileiras S. A.
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
UFPE Universidade Federal de Pernambuco
UFRPE Universidade Federal Rural de Pernambuco
UHE Usina Hidrelétrica
Capítulo 1 – Introdução
24
1 - INTRODUÇÃO
Este capítulo apresenta à introdução objeto desta dissertação, destacando sua
importância e justificativa do trabalho desenvolvido. Também mostra os objetivos gerais e
específicos e a estrutura da dissertação.
1.1 - IMPORTÂNCIA DO TEMA
Desde o momento em que o homem surgiu na Terra, provocou um conflito com a
natureza em decorrência da sua atuação para adequar o meio ambiente às suas necessidades.
Para se manter vivo, o homem precisava retirar da natureza o essencial à sua sobrevivência.
Por isso, o grau de transformação dos recursos naturais sempre esteve relacionado ao grau das
necessidades humanas (Oliveira e Guimarães, 2004).
Na sociedade primitiva, a propriedade da terra e dos meios de produção era comum.
Não havia divisão social do trabalho. As ferramentas utilizadas pelo homem primitivo eram
bastante rudimentares, permitindo-lhe retirar da natureza apenas o essencial à sua
sobrevivência. Não havia produção de excedente, podendo-se afirmar que o impacto causado
pelo homem sobre a natureza era pequeno (Oliveira e Guimarães, 2004).
No entanto, com o passar do tempo ocorreu um aperfeiçoamento dos meios de
produção. Novas ferramentas são fabricadas com a utilização de metais, como o bronze, o
cobre e o estanho, conferindo ao homem maior capacidade de produção, que vai servir não só
para a sua sobrevivência, como também lhe propiciar um excedente que será convertido em
capital para aquisição de mão-de-obra. Isso faz com que o homem tenha maior capacidade
interventiva sobre a natureza. Ele passa a acumular sob a forma de produtos os recursos
naturais e a converter esses produtos em capital (Oliveira e Guimarães, 2004).
Como se observa, o conflito do homem com a natureza agrava-se ainda mais quando o
homem, além do indispensável à sua sobrevivência, passa a produzir um excedente, uma vez
que, a partir daí, ocorreu maior transformação da natureza com a sua acumulação sob a forma
de produtos. Não se pode, entretanto, imputar a crise ambiental, exclusivamente, ao
desenvolvimento tecnológico, porquanto este deve ser encarado dentro de um sistema político
e econômico (Oliveira e Guimarães, 2004).
Nesse sentido, é correto afirmar que não é a tecnologia que gera a crise ambiental, mas
sim o modo pelo qual ela é utilizada (Campanella, 1978).
Capítulo 1 – Introdução
25
Por crise ambiental entende-se a escassez dos recursos naturais e as diversas
catástrofes planetárias, surgidas a partir das ações degradadoras do homem sobre a natureza
(Leite, 2000).
Essa crise existe a muito, desde que o homem começou a intervir na natureza para
adaptá-la às suas necessidades.
Todavia, a partir de meados do século XX, os que se preocupavam com a degradação
ambiental deixaram de se interessar apenas com o seu enfoque científico ou técnico e
passaram a se preocupar, também, com o seu aspecto social e político, tendo em vista o
processo de industrialização, o crescimento da exploração dos recursos naturais e o uso da
energia nuclear. Começou-se a perceber que os ecossistemas não se reconstituíam
automaticamente, mas levavam milhões de anos para se recompor, numa seqüência
interdependente de processos evolutivos, colocando em risco a própria sobrevivência da
espécie humana (Carvalho, 2000).
A tomada de consciência, porém só ocorreu quando se constatou que as condições
tecnológicas e industriais e as formas de organização e gestão econômica da sociedade
estavam em conflito com a qualidade de vida (Leite, 2000).
A primeira manifestação mais importante de que a sustentabilidade do planeta estava
em perigo, de que a produção como um todo estava aumentando de tal maneira que o planeta
Terra não resistiria ao impacto dos resíduos dessa produção, bem como a reposição dos
recursos naturais seria exaurida pelo aumento geométrico vertiginoso da produção industrial,
ocorreu na década de 60 (IBPS, 1996).
Reunindo chefes de estado, economistas, pedagogos, humanistas, industriais,
banqueiros, lideres políticos, cientistas, entre outros membros de diversos países, o Clube de
Roma nasceu na década de 60, sendo marcado por uma série de encontros, visando analisar a
situação mundial e oferecer previsões e soluções para o futuro da humanidade (IBPS, 1996).
Na primeira reunião significativa, em 1968, o Clube de Roma chegou à conclusão que
o mundo teria que diminuir a produção, de forma que os recursos naturais fossem menos
solicitados, e que houvesse uma redução gradual dos resíduos, fundamentalmente do lixo
industrial. "Então, a primeira proposta do Clube de Roma foi essa: vamos diminuir a
produção" (IBPS, 1996).
Capítulo 1 – Introdução
26
Acontece que a grande impossibilidade, na época, era exatamente conseguir modificar,
de maneira tão radical, aquele modelo de crescimento, de civilização que o mundo havia
adotado. "Como convencer as pessoas de que devam consumir menos, ou que não devam
consumir determinados produtos? Isso é muito difícil, porque isso é a tal cultura consumista
que tomou conta do mundo, e isso leva muito tempo para que mude. Então, aquela primeira
proposta, aquele primeiro entendimento do Clube de Roma não vingou, foi tida logo como
inviável” (IBPS, 1996).
A partir daí, o Clube de Roma produziu uma série de relatórios de grande impacto,
entre eles, "Os Limites do Crescimento", publicado em 1972, trazendo uma análise do que
poderia acontecer se a Humanidade não mudasse seus métodos econômicos e políticos (IBPS,
1996).
Apesar da proposta do Clube de Roma não ter sido aceita, ela serviu como um alerta,
para que o mundo começasse a se preocupar em encontrar outras soluções neste sentido.
Assim, os últimos 30 anos que se seguiram, até o fim do século XX, foram marcados por um
crescimento acelerado dos problemas ambientais, bem como pela conseqüente preocupação
em relação à diminuição da qualidade de vida e aos riscos oferecidos à saúde e à
sobrevivência humana (IBPS, 1996).
Diante da previsão do relatório do Clube de Roma e das movimentações dos anos 60,
a Organização das Nações Unidas - ONU realizou, em junho de 1972, a Conferência das
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, congregando mais de 110 países, entre eles,
o Brasil (IBPS, 1996).
Pelo fato de ter sido realizada em Estocolmo, o evento ficou conhecido popularmente
como A Conferência de Estocolmo, quando então se chegou à conclusão de que a solução não
era diminuir a produção, como propôs o Clube de Roma, a solução era começar a pensar em
produzir melhor. Produzir aproveitando melhor a matéria – prima e os recursos naturais do
planeta, para que estes tivessem uma duração maior. Era preciso também racionalizar os
processos produtivos, para eles gerassem menos resíduos (IBPS, 1996).
A conclusão da reunião de Estocolmo já foi muito mais sensata muito mais viável. Ao
invés de produzirmos indiscriminadamente, com grandes desperdícios, gerando uma grande
quantidade de resíduos; tanto em forma de emissões gasosas, quanto efluentes líquidas e
resíduos sólidos, vamos pensar em produzir melhor, isto é, produzir de forma mais limpa. Foi
Capítulo 1 – Introdução
27
consolidado, então, o conceito de Desenvolvimento Sustentável, que veio emergir apenas em
1992, e representa aquele desenvolvimento que consegue atender às demandas do momento,
visando poder atendê-las também no futuro; garantindo às futuras gerações os recursos
naturais planetários, sem os quais ninguém vive. Ninguém vive sem água, ninguém vive sem
minérios; e, no momento em que começamos a comprometer esses recursos naturais do
planeta, então, naturalmente, as gerações da época também estarão seriamente
comprometidas, e com graves problemas de subsistência (IBPS, 1996).
No ano de 1987, a Comissão Mundial da ONU sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento (CMMAD), presidida por Gro Harlem Brundtland e Mansour Khalid,
apresentou um documento chamado Our Common Future, mais conhecido por relatório
Brundtland. O relatório diz que "Desenvolvimento sustentável é desenvolvimento que satisfaz
as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações
satisfazerem suas próprias necessidades". O relatório não apresenta as críticas à sociedade
industrial que caracterizaram os documentos anteriores; demanda crescimento tanto em países
industrializados como em subdesenvolvidos, inclusive ligando a superação da pobreza nos
países subdesenvolvidos, ao crescimento contínuo para os países industrializados. Assim, foi
bem aceito pela comunidade internacional (Ambientebrasil, 2007).
A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada
no Rio de Janeiro, em 1992, mostrou um crescimento do interesse mundial pelo futuro do
planeta; muitos países deixaram de ignorar as relações entre desenvolvimento sócio-
econômico e modificações no meio ambiente. Entretanto, as discussões foram ofuscadas pela
delegação dos Estados Unidos, que forçou a retirada dos cronogramas para a eliminação da
emissão de CO
2
(que constavam do acordo sobre o clima), dióxido de carbono, e não assinou
a convenção sobre a biodiversidade (Ambientebrasil, 2007).
As preocupações ambientais, crescentes desde a Conferência de Estocolmo, em 1972,
vêm experimentando convergência de diferentes setores do conhecimento, preocupados em
assegurar a melhoria da qualidade de vida no planeta. A Agenda 21, apresentada pelos países
participantes da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(ECO - 92), representou um avanço nesse sentido, ao propor atingir essa melhoria por meio da
operacionalização do conceito de desenvolvimento sustentável, na forma de uma pauta
comum aos diferentes países do planeta (Bezerra e Munhoz, 2000).
Capítulo 1 – Introdução
28
O conceito de desenvolvimento sustentável surge como contraponto aos tradicionais
modelos de desenvolvimento econômico, caracterizados pelos fortes impactos negativos na
sociedade e no meio ambiente. As sociedades modernas vêm gradualmente reconhecendo, em
todas as suas dimensões, os problemas inerentes à contínua busca de crescimento econômico.
Esse crescimento, por sua vez, passa a considerar, cada vez mais, suas repercussões e seus
impactos negativos nos grupos sociais e no meio ambiente, identificando custos econômicos
expressivos anteriormente desprezados. A tarefa de reconhecer e minimizar esses custos
representa uma excelente oportunidade de transformar as práticas de desenvolvimento
econômico em todo o mundo, criando as condições para a implementação do
desenvolvimento sustentável (Bezerra e Munhoz, 2000).
Nesse sentido, a Agenda 21 traduz, em proposta concreta, a idéia segundo a qual
desenvolvimento e meio ambiente constituem um binômio central e indissolúvel e, como tal,
deve ser incorporado às políticas públicas e às práticas sociais de todos os países do planeta.
A principal contribuição desse conceito foi a de tornar compatíveis duas grandes aspirações
desse final de século: o direito ao desenvolvimento, sobretudo para os países em patamares
insatisfatórios de renda e riqueza, e o direito à vida ambientalmente saudável, para esta e para
as futuras gerações (Bezerra e Munhoz, 2000).
Com a Agenda 21, criou-se um instrumento aprovado internacionalmente que tornou
possível repensar o planejamento, integrando efetivamente todos os atores sociais que
participam do processo de desenvolvimento. Abriu-se, assim, caminho para a construção
política das bases de um plano de ação estratégico fundamentado em, um planejamento:
participativo, global, nacional e local (Bezerra e Munhoz, 2000).
No atual contexto, o crescimento populacional e a busca da melhoria de vida
pressionam a base de recursos naturais. Assegurar o acesso e o uso sustentável desses recursos
no processo de evolução do homem constitui desafio a ser enfrentado. A redução dos
desperdícios e dos impactos ambientais e a utilização apropriada dos recursos naturais
garantirão reverter os processos de esgotamento atualmente observados, permitindo sua
disponibilidade para as gerações futuras (Bezerra e Munhoz, 2000).
Os Planos de Ação da Agenda 21, elaborados e adotados por consenso internacional
na ECO-92, podem ser considerados uma resposta abrangente para os desafios encontrados
pela humanidade na busca do desenvolvimento. É, fundamentalmente, um compromisso
político com base no princípio das responsabilidades comuns, que respeita as diferenças, as
Capítulo 1 – Introdução
29
idiossincrasias e as particularidades dos países e que tem como objetivo promover mudanças
em uma escala planetária, de forma a permitir o desenvolvimento das mais diversas
sociedades, em bases de sustentabilidade e de cooperação entre as nações (Bezerra e Munhoz,
2000).
A gestão dos recursos naturais, entendida como uma particularidade da gestão
ambiental preocupa-se em especial com o conjunto de princípios, estratégias e diretrizes de
ações determinadas e conceituadas pelos agentes socioeconômicos, públicos e privados, que
interagem no processo de uso dos recursos naturais, garantindo-lhes sustentabilidade (Bezerra
e Munhoz, 2000).
A gestão ambiental surge como ferramenta que pode contribuir com a transformação
de cenário. Isto implica na mudança comportamental com tomada de decisão e o
desenvolvimento de mecanismos, a fim de garantir a sustentabilidade nos processos
produtivos e, sobretudo, reservar às gerações futuras um ambiente planetário que lhes propicie
qualidade de vida e perspectiva de futuro. A consciência individual é o ponto de partida às
transformações que garantirão um ambiente mais equilibrado e harmonioso a todos.
Neste contexto se faz necessário desenvolver metodologias que direcionem a atenção
das empresas para as questões ambientais. Não será possível resolver todos os problemas ao
mesmo tempo, mas o princípio do desenvolvimento sustentável deve ser o limite para este
comportamento. A solução vem de metodologias que priorizem e incorporem ações
sistemáticas voltadas à melhoria contínua do desempenho ambiental das organizações.
Em qualquer processo de desenvolvimento, a energia desempenha papel de
fundamental importância para a satisfação das necessidades humanas, estando presente em
todas as atividades, quer seja como um serviço essencial à qualidade de vida, quer seja como
fator de produção que dinamiza o desenvolvimento econômico (Soares, 2005).
Das diversas formas de energia, a eletricidade, surgida no final do século XIX, tem se
mostrado como tremendamente vantajosa pela limpeza, facilidade de controle e eficiência, e
por permitir um fácil transporte, via linhas de transmissão, viabilizando sua utilização a
grandes distancias (La Rovere, 2001).
No Brasil, cerca de 90% da energia elétrica é proveniente de usinas hidrelétricas que
utilizam como fonte primária de energia, a água acumulada nos reservatórios. A implantação
e operação de usinas hidrelétricas causam diversas alterações no meio ambiente. Os impactos
Capítulo 1 – Introdução
30
ambientais decorrentes dessas usinas afetam as comunidades que vivem nas suas vizinhanças,
suas colheitas, a flora e a fauna, além de patrimônios naturais, sociais, culturais e
arqueológicos (Soares, 2005).
Por se utilizar um recurso renovável, o setor elétrico tem a responsabilidade de
proteger e melhorar o meio ambiente em suas áreas de atuação. É necessário, portanto, uma
atualização permanente dos critérios de planejamento, implantação e operação dos
empreendimentos do setor, de modo a minimizar os impactos ambientais provocados (Soares,
2005).
Neste sentido, a conservação dos recursos hídricos, em qualidade e quantidade e o
incentivo aos usos múltiplos proporcionados pelos reservatórios, agregando oportunidades de
desenvolvimento na região onde são inseridos, são fundamentais para o desempenho da
atividade do setor, com qualidade e responsabilidade (Soares, 2005).
Considerando que o uso e ocupação das margens e da água armazenada nos
reservatórios influenciam, diretamente, na qualidade e quantidade dos recursos hídricos, bem
como nos usos múltiplos que a barragem possa proporcionar, a gestão ambiental dessas áreas
se reveste de fundamental importância (Soares, 2005).
Dessa forma, a gestão ambiental do reservatório e de suas áreas adjacentes permitirá
identificar ações corretivas e preventivas no sentido de conservar o ambiente natural e
valorizar a cultura da população envolvida, bem como programas de incentivo as atividades
econômicas, de lazer, sempre considerando a capacidade de suporte dos recursos naturais
renováveis. Permitirá, tamm, definir uma articulação político-institucional de gestão
integrada entre os diversos agentes envolvidos.
Neste trabalho procura-se identificar as formas de uso e ocupação e os processos de
degradação associados ao reservatório Delmiro Gouveia e suas margens. Como também se
apresenta uma proposição de gestão ambiental para o mesmo.
1.2 - JUSTIFICATIVA
A disponibilidade de água, bem comum, social e estratégico, já se apresenta frágil
diante dos diversos usos requeridos. Esta situação é uma conseqüência direta dos efeitos
adversos do crescimento e adensamento populacional, do aumento da produção e da
diversificação de bens e serviços (Assunção e Bursztyn, 2001).
Capítulo 1 – Introdução
31
O problema de alocação da água entre os diversos usos e usuários de uma bacia
hidrográfica pode ser minimizado quando prevalecem os seguintes atributos: o recurso é
abundante, sua qualidade é compatível com os usos requeridos, a oferta do bem é garantida no
espaço e no tempo e o recurso é utilizado de forma sustentável. Além disso, deve haver um
equilíbrio relativo entre os atributos para que o problema de alocação não se torne complexo
(Roberto e Porto, 1999).
A Constituição Federal - CF prescreve que todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida
e que, o meio ambiente é patrimônio público, ao qual, todos devem ter acesso. No sentido de
garantir um meio ambiente ecologicamente equilibrado para gerações presentes e futuras.
No que se refere aos diferentes usos da água, predomina hoje, no Brasil, o princípio de
“bem coletivo”. A CF - 1988 estabelece que, praticamente, todas as águas são públicas, sendo
que, em função da localização do manancial, elas são consideradas bens de domínio da União
ou dos estados. Deixam de existir, desse modo, as águas comuns, municipais e particulares,
cuja existência era prevista no Código de Águas de 1934.
De acordo com a Lei Nº 6.938/81 que dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente - PNMA, a água torna-se poluída quando houver: “... degradação da qualidade
ambiental resultante de atividade que direta ou indiretamente: a) prejudique a saúde, a
segurança e o bem-estar da população; b) crie condições adversas às atividades sociais e
econômicas; c) afete desfavoravelmente a biota; d) afete as condições estéticas ou sanitárias
do meio ambiente; e) lance matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos”.
Com a evolução da consciência ecológica, as normas ambientais vêm sendo
constantemente adequadas no sentido de regular às mudanças por que passa o meio ambiente
no contato direto com a sociedade.
No meio dessa crise, surge o desenvolvimento sustentável, como uma nova forma de
desenvolvimento, agregando três vertentes: crescimento econômico, equidade social e
equilíbrio ecológico.
A legislação Ambiental brasileira vem ampliando de forma progressiva as exigências a
serem cumpridas pelas empresas no processo de implantação e operação de seus
Capítulo 1 – Introdução
32
empreendimentos. Estas exigências estão fazendo com que as empresas mudem sua cultura e
evitem a formação de passivos ambientais.
A legislação vigente apresenta um volume de exigências muito amplo, tornando as
ações de Gestão Ambiental bastante complexa e exigindo uma postura preventiva das
empresas com a incorporação dos aspectos ambientais em seu ciclo de planejamento e
projeto.
Inúmeros fatores interagem no processo de gestão dos recursos naturais. O processo de
gestão, portanto, necessita considerar, além das relações intrínsecas entre os recursos naturais,
as relações de interdependência existentes com as dinâmicas econômica, social e política
(Bezerra e Munhoz, 2000).
Em geral, pode-se afirmar que a ação antrópica é o primeiro passo na geração de
efeitos em cascata sobre os recursos naturais. A forma como a ação de desmatamento
influencia na regulamentação hídrica provocando a degradação das bacias hidrográficas,
erosão, perda de fertilidade dos solos; contribui para a desertificação e interfere no processo
de mudanças climáticas (Bezerra e Munhoz, 2000).
Os fatores naturais – água, solo, ar, vegetação, fauna – interagem entre si de modo
sistêmico, fazendo com que uma alteração sobre qualquer um desses fatores tenha repercussão
imediata sobre todos. Portanto, ao se tratar da gestão dos recursos naturais em um
determinado espaço físico – uma bacia hidrográfica, uma região, uma localidade –, é
indispensável considerar a sinergia que existe entre eles e buscar orientar seus respectivos
usos, de modo a respeitar essa interação (Bezerra e Munhoz, 2000).
A água é um bem precioso e insubstituível. Além de ser um elemento vital para a
existência da própria vida na Terra, a água é um recurso natural que pode propiciar saúde,
conforto e riqueza ao homem, por meio de seus incontáveis usos, dos quais se destacam o
abastecimento das populações, a irrigação, a produção de energia, a navegação e mesmo a
veiculação e o afastamento de esgotos e águas servidas (Bezerra e Munhoz, 2000).
Os conflitos de interesse com relação ao uso da água, representados pelo setor
hidrelétrico, pelos complexos industriais, pelas necessidades de abastecimento urbano,
irrigação e o adensamento urbano e industrial, evidenciam a necessidade de articulação
interinstitucional para a adoção de uma política de gestão integrada de recursos hídricos
(Bezerra e Munhoz, 2000).
Capítulo 1 – Introdução
33
São inúmeros os setores que utilizam os recursos hídricos como insumo básico para
suas atividades. Há desse modo, necessidade de que os critérios e as normas setoriais sejam
consistentes com a legislação de recursos hídricos, para permitir o disciplinamento desses
diferentes usos. Entre eles destacam-se: o saneamento, a irrigação, a produção de
hidroeletricidade, o transporte hidroviário, o uso industrial da água, a pesca e a aqüicultura
(Bezerra e Munhoz, 2000).
Uma das principais tarefas da gestão ambiental dos reservatórios é compatibilizar os
seus usos múltiplos, potenciais ou efetivos, sobretudo as atividades socioeconômicas atraídas
pelo reservatório. Os usos múltiplos não podem, contudo, comprometer a conservação do
reservatório e as suas finalidades principais, que no caso em estudo, é a geração de energia
elétrica.
Às empresas geradoras de energia elétrica no cumprimento dos requisitos legais,
compete identificar e analisar problemas ambientais que estão comprometendo a qualidade e
quantidade da água afluente aos reservatórios das usinas hidrelétricas quer seja pelo uso
inadequado de suas margens, ou pelo uso da água represada.
Considerando a Política Ambiental da CHESF, a Gestão Ambiental dessas ações
assume uma dimensão significativa. A complexidade dos procedimentos de Gestão Ambiental
requer sua compatibilização com as exigências legais, com a dinâmica do ecossistema e do
comportamento da sociedade.
A Gestão Ambiental dos reservatórios contempla ações corretivas e preventivas no
sentido de conservar os ambientes naturais e valorizar a cultura da população envolvida, bem
como programas de incentivo a atividades econômicas, de lazer, etc, compatíveis com a
capacidade de suporte dos recursos naturais renováveis. Permitindo também, definir uma
articulação político-institucional de gestão integrada entre os diversos agentes envolvidos.
A gestão ambiental dos reservatórios se constitui, assim, em ferramenta essencial à
proteção dos recursos naturais, com ênfase nos recursos hídricos, e à manutenção da atividade
econômica das empresas geradoras. Adicionalmente, destaca-se que a gestão ambiental dos
reservatórios é benéfica, não apenas para o empreendedor, mas também para as comunidades
ribeirinhas, para os órgãos ambientais, entre outros.
Capítulo 1 – Introdução
34
O Setor Elétrico possui dificuldades para realizar a fiscalização e conservação das
áreas marginais dos seus reservatórios, pois se verifica que, os proprietários ou posseiros,
confrontantes não têm nenhum compromisso com a proteção dessas áreas.
Um outro aspecto que necessita de ordenamento é a crescente pressão sobre uso
múltiplo de grandes reservatórios do Setor Elétrico, sobretudo para produção aqüícola, através
do cultivo de peixes em gaiolas ou tanques-rede.
Essa atividade produtiva representa uma fonte potencial de impacto ambiental com
risco de comprometimento da qualidade da água, pois seu caráter de exploração intensiva faz
uso maciço de insumos alimentares (rações) para produção de biomassa de peixes, em
reduzido espaço de cultivo, e com lançamento de resíduos diretamente no ambiente sem
possibilidade de controle. De modo geral, os problemas mais graves na área de poluição dos
sistemas hídricos no país podem ser assim descritos: poluição por esgotos domésticos;
poluição industrial; disposição dos resíduos sólidos; poluição difusa de origem agrícola;
poluição acidental; eutrofização de lagos e represas; salinização de rios e açudes; poluição por
mineração; falta de proteção dos mananciais superficiais e subterrâneos. (Bezerra e Munhoz,
2000).
A questão dos usos irregulares ou ocupações inadequadas dos reservatórios e suas
margens tem sido uma grande preocupação do Setor Elétrico, em razão dos problemas que
podem causar a manutenção, a operação e a preservação de seus patrimônios, bem como a
segurança das pessoas (Soares, 2005).
O estabelecimento de regras amplas e racionais para o uso da área de entorno dos
reservatórios, observada a necessidade de preservação ambiental, garante a harmonização
entre preservação ambiental e desenvolvimento socioeconômico.
Uma proposta de gestão ambiental para um dos reservatórios das usinas hidroelétricas
da CHESF é plenamente justificável, pois poderá ser replicada para os demais reservatórios
acrescendo-se as devidas particularidades locais.
Considera-se que, a realização dessa dissertação além de contribuir para a gestão
ambiental do reservatório Delmiro Gouveia possa servir como material de consulta para
trabalhos que venham a ser desenvolvido em áreas similares.
Capítulo 1 – Introdução
35
1.3 - OBJETIVOS
1.3.1 – Objetivo Geral
Analisar a situação atual no ponto de vista ambiental e propor a Gestão Ambiental do
Reservatório Delmiro Gouveia das Usinas Hidrelétricas – UHE´s Paulo Afonso I-II-III da
CHESF.
1.3.2 – Objetivos Específicos
Sistematização de informações georreferenciados para o Reservatório Delmiro Gouveia
das UHE´s Paulo Afonso I-II-III da CHESF;
Identificar e observar e registrar as ações antrópicas no Reservatório Delmiro Gouveia no
que diz respeito aos impactos ambientais;
Sugerir uma Gestão Ambiental do Reservatório Delmiro Gouveia das UHE´s Paulo Afonso
I-II-III da CHESF.
1.4 - ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
A natureza da pesquisa é considerada como sendo exploratório-descritiva, qualitativa.
Foi adotada, revisão bibliográfica do tema e pesquisa documental. O trabalho de campo foi
realizado por meio de excursões ao local, por via fluvial e terrestre em 23/09/2004 e em
16/09/2005, para identificação dos problemas ambientais existentes.
O trabalho está organizado em sete capítulos: Introdução, Metodologia,
Fundamentação Teórica, Caracterização Física, Caracterização Sócioambiental, Discussão
dos Dados, Conclusões e Recomendações.
A introdução aborda a contextualização do tema da dissertação apresentando sua
importância, a justificativa do trabalho, e seus objetivos gerais e específicos.
O segundo capítulo se refere à concepção metodológica que orientou o
desenvolvimento desta pesquisa, considerando a natureza da pesquisa, passando pela escolha
do método adotado na pesquisa, elencando os instrumentos da pesquisa, seu planejamento e
ainda a descrição metodológica do estudo de caso.
O terceiro capítulo aborda sobre a fundamentação teórica passando pelos temas da
questão ambiental, a questão ambiental no Brasil, a gestão ambiental no Setor Elétrico e em
seus reservatórios, cataloga os requisitos legais de âmbito federal objeto da pesquisa, de forma
Capítulo 1 – Introdução
36
a oferecer o cenário para a abordagem específica do objeto da pesquisa em termos do
reservatório Delmiro Gouveia da CHESF nos capítulos seguintes.
O quarto capítulo apresenta de forma seqüencial, a caracterização física por meio de
um breve resumo sobre o rio São Francisco, em seqüência apresenta de forma sucinta a
empresa CHESF continuando abordagem, sobre o Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso,
em seguida as UHE´s Paulo Afonso I-II-III e o reservatório Delmiro Gouveia.
Seqüencialmente o quinto capítulo apresenta a identificação e a caracterização
sócioambiental da área de estudo por meio de pesquisa bibliográfica.
O sexto capítulo apresenta a discussão dos resultados contendo: uma breve descrição
da área de estudo, uma discussão dos dados no tocante aos estudos anteriores e a identificação
dos potenciais poluidores do reservatório e mais o embasamento dos dados georeferenciados.
O sétimo capítulo apresenta os comentários finais contendo: as conclusões sobre os
problemas ambientais; os prováveis causadores da degradação ambiental do reservatório
Delmiro Gouveia; os instrumentos de gestão ambiental que objetivam melhorar a qualidade
ambiental do reservatório Delmiro Gouveia; considerações gerais referentes ao trabalho de
pesquisa realizado; sugestões e recomendações para trabalhos futuros.
Capítulo 2 – Metodologia
37
2 - METODOLOGIA
Sendo esta pesquisa considerada de natureza exploratório-descritiva, qualitativa. Os
métodos adotados foram os seguintes: levantamento bibliográfico para a caracterização e
entendimento da área de estudo, levantamento de dados primários, secundários e
georeferenciados do Reservatório Delmiro Gouveia, revisão bibliográfica do tema e pesquisa
documental. O trabalho de campo foi realizado para reconhecimento da área, e com o objetivo
de verificar os problemas ambientais existentes, com a identificação de impactos pontuais e
registro dos mesmos por intermédio de fotografias e com a elaboração de mapa para facilitar a
visualização geral das informações obtidas e melhor direcionar as ações de gestão dos
recursos hídricos.
2.1 – NATUREZA DA PESQUISA
De acordo com Cervo & Bervian (2005), a pesquisa é uma atividade voltada para a
solução de problemas teóricos ou práticos com o emprego de processos científicos. A
pesquisa se inicia por meio de uma dúvida ou problema, e, com o uso do método cientifico, se
busca uma resposta ou solução.
Conforme Gil (2002), pesquisa é um procedimento racional e sistemático que tem com
objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é solicitada
quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então quando
a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser
adequadamente relacionada ao problema. A pesquisa se desenvolve por meio dos
conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros
procedimentos científicos.
A pesquisa com base em seus objetivos gerais pode ser classificada em três grupos:
exploratórias, descritivas e explicativas (Gil, 2002).
Conforme o autor, as pesquisas exploratórias têm como objetivo proporcionar maior
familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito. Tendo como objetivo
principal, o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições. Na maioria dos casos, essas
pesquisas envolvem: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram
Capítulo 2 – Metodologia
38
experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que “estimulem a
compreensão” (Selltiz et al., 1967).
Embora o desenvolvimento da pesquisa exploratória seja bastante flexível, em geral
assume o formato de pesquisa bibliográfica ou de estudo de caso.
As pesquisas descritivas têm como objetivo a descrição das características de
determinada população ou fenômeno ou estabelecimento de relações variáveis. Existem vários
estudos que podem ser classificados como pesquisas descritivas e uma de suas características
mais significativas são na utilização de técnicas padronizadas de coletas de dados, tais como o
questionário e a observação sistemática.
Algumas pesquisas descritivas vão além da simples identificação da existência de
relações entre variáveis, e pretendem determinar a natureza dessa relação. Nesse caso, tem-se
uma pesquisa descritiva que se aproxima da explicativa. A pesquisa descritiva está interessada
em descobrir e observar fenômenos, procurando descrevê-los, classificá-los e interpretá-los e,
a pesquisa explicativa preocupa-se em verificar a relação entre causa e efeito, fazendo uso de
experimentos (Rudio, 2004).
A pesquisa explicativa possui objetivo central na identificação de fatores que
determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Esse tipo de pesquisa é o
que mais se aprofunda no conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das
coisas. Por isso mesmo é o tipo mais complexo e delicado, já que o risco de cometer erros
aumenta consideravelmente.
Conforme Silva e Menezes (2002), do ponto de vista da forma de abordagem do
problema uma pesquisa pode ser classificada como quantitativa ou qualitativa. Desta forma o
trabalho em questão possui mais as características de uma pesquisa qualitativa.
Godoy (1995a), enumera um conjunto de características essenciais capazes de
identificar uma pesquisa qualitativa: (1) o ambiente natural como fonte direta de dados e o
pesquisador como instrumento fundamental; (2) o caráter descritivo; (3) o significado que as
pessoas dão as coisas e a sua vida como preocupação do investigador; (4) o enfoque indutivo.
Segundo Neves (1996), a ausência de exploração de um determinado tema da
literatura disponível, o caráter descritivo que se pretende empreender ou a intenção de
Capítulo 2 – Metodologia
39
compreender determinado fenômeno em sua totalidade e complexidade, são fatores que
justificam o emprego de métodos qualitativos.
De acordo com Bogdan e Biklen (1982), a pesquisa qualitativa envolve a obtenção de
dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza
mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes.
Entre as várias formas que se pode assumir uma pesquisa qualitativa, destaca - se a do tipo
estudo de caso.
A pesquisa qualitativa é uma designação que engloba correntes de pesquisa que se
fundamentam em pressupostos diferentes daqueles adotados no modelo experimental
(Chizzotti, 1998). De acordo com Minayo (2003), a pesquisa qualitativa nas ciências sociais
se preocupa com uma realidade que não pode ser quantificada, trabalhando assim com “o
universo dos significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde
a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser
reduzidos à operacionalização de variáveis” (Minayo, 2003).
Segundo Chizzotti (1998), a pesquisa objetiva, em geral, procura o esclarecimento de
uma situação para uma tomada de consciência pelos próprios pesquisados dos seus problemas,
e das condições que os geram, a fim de elaborar os meios e estratégias de resolvê-los. Uma
característica da pesquisa qualitativa é a forma como apreende e legitima os conhecimentos,
partindo do fundamento “de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma
interdependência viva entre o sujeito e o objeto” (Chizzotti, 1998).
O papel do pesquisador nesse tipo de pesquisa assume fundamental importância. Ele é
obrigado a despojar-se de preconceitos e deve ter uma atitude aberta em relação a tudo que é
observado, ciente de que todos os atores envolvidos na pesquisa são “reconhecidos como
sujeitos que elaboram o conhecimento e produzem práticas adequadas para intervir nos
problemas que identificam” (Chizzotti, 1998). Segundo Minayo (2003) “não é apenas o
investigador que dá sentido ao seu trabalho intelectual, mas os seres humanos, os grupos e as
sociedades dão significado e intencionalidade às suas ações e construções”.
A presente pesquisa pode ser classificada com exploratória, já que visa proporcionar
um maior conhecimento para o pesquisador acerca do assunto proposto. Envolve
levantamento bibliográfico, análise de exemplos que estimulem a sua compreensão. Tem por
Capítulo 2 – Metodologia
40
finalidade básica desenvolver, esclarecer e propor idéias para que possam ser pesquisadas em
estudos futuros.
Com base na literatura consultada, nas características desta pesquisa, dos seus
objetivos gerais e específicos, trata-se de uma pesquisa exploratório-descritiva, qualitativa.
2.2 - ESCOLHA DO MÉTODO DA PESQUISA
O termo metodologia vem do grego método, meta que significa ao longo de: hodós
igual à via, caminho, organização do pensamento. Isto é, os passos ou etapas para se chegar
ao conhecimento.
Em geral, método é a ordem que se deve impor aos diferentes processos necessários
para atingir certo fim ou um resultado desejado. O método concretiza-se como o conjunto das
diversas etapas ou passos que devem ser dados para a realização da pesquisa (Cervo &
Bervian, 2005). Pode-se definir metodologia como o caminho que segue o pensamento e a
prática exercida na abordagem da realidade, ou seja, o conjunto de técnicas que possibilitam a
construção desta realidade (Deslandes, 2000).
Segundo Stubbs e Delamont (1976), a natureza do problema é que determina o
método, isto é, a escolha do método se faz em função do tipo de problema estudado.
Método em pesquisa pode ser entendido como a escolha de procedimentos
sistemáticos utilizados para descrever e explicar os fenômenos (Seabra, 2001), enquanto
técnicas são procedimentos que operacionalizam os métodos (Severino, 2002).
Todavia, para analisar os fatos do ponto de vista empírico, para confrontar a visão
teórica com os dados da realidade, torna-se necessário traçar um modelo conceitual e
operativo da pesquisa. O elemento mais importante para a identificação de um delineamento
da pesquisa é o procedimento adotado para a coleta de dados. Assim, podem ser definidos
dois grandes grupos de delineamentos; aqueles que se valem das chamadas fontes de “papel”
e aqueles cujos dados são fornecidos por pessoas. No primeiro grupo, estão à pesquisa
bibliográfica e a pesquisa documental. No segundo, estão à pesquisa experimental, a pesquisa
ex-post facto, o levantamento e o estudo de caso. No segundo grupo podem ser incluídas a
pesquisa-ação e a pesquisa participante.
Os métodos diferenciam-se pela forma de abordagem do problema e pela sistemática
própria de cada um deles, cabendo ao pesquisador, a depender da natureza da pesquisa e do
Capítulo 2 – Metodologia
41
nível de aprofundamento desejado, selecionar o mais indicado (Seabra, 2001). Essa visão
também é compartilhada por Marconi e Lakatos (2002), que ainda incluem neste grupo
fatores condicionantes outros, como o objeto da pesquisa, os recursos financeiros, os recursos
humanos e outros elementos que possam surgir no campo da investigação. Reforçam ainda
que, de uma forma geral, as investigações nunca se valem de um único método ou técnica,
havendo, na maioria das vezes, a combinação de mais de um método, concomitantemente.
A escolha da metodologia e das técnicas apropriadas de pesquisa é fundamental para o
alcance dos objetivos do trabalho em questão.
Quanto à forma de abordagem do problema desse estudo, classifica-se como
qualitativo. A pesquisa qualitativa caracteriza-se por responder a questões particulares e
trabalha com nível de realidade que não pode ser totalmente quantificado, ou seja, com
motivos, crenças, valores, comportamentos e percepções individuais (Deslandes, 2000).
Quanto aos objetivos do presente estudo, classifica-se em exploratório descritivo. A
pesquisa exploratória realiza descrições precisas da situação e quer descobrir relações
existentes entre os elementos componentes da mesma. É recomendada quando há pouco
conhecimento sobre o problema estudado (Cervo & Berbian, 1996).
A pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlacionam fatos e variáveis e
procura descobrir, com a precisão possível, a freqüência com que os fenômenos ocorrem, sua
relação e conexão com os outros, sua natureza e característica (Cervo & Bervian, 1996; Gil,
1996).
Assim, para o desenvolvimento deste trabalho de dissertação optou-se por utilizar, de
acordo com o objetivo exploratório da pesquisa, tanto a pesquisa bibliográfica que se
caracteriza como um estudo teórico, quanto à pesquisa de campo – que se caracteriza por um
estudo de caso.
2.3 – OS INSTRUMENTOS DE PESQUISA
De acordo com Cervo & Bervian (2005), a pesquisa bibliográfica procura explicar um
problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos. Pode ser realizada
independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental. A pesquisa
descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem
manipulá-los. A pesquisa descritiva pode assumir diversas formas dentre elas destacamos:
Capítulo 2 – Metodologia
42
Estudo de caso que é a pesquisa sobre um determinado indivíduo, família, grupo ou
comunidade que seja representativo do seu universo, para examinar aspectos variados de sua
vida. E a pesquisa documental em que são investigados documentos a fim de se poder
descrever e comparar usos e costumes, tendências, diferenças e outras características. Em
síntese, a pesquisa descritiva, em suas diversas formas, trabalha sobre dados ou fatos colhidos
da própria realidade.
Segundo Gil (2002), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material
já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase
todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas
desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográfica. Boa parte dos estudos
exploratórios pode ser definida com pesquisas bibliográficas. A principal vantagem da
pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigado a cobertura de uma gama de
fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Essa
vantagem torna-se particularmente importante quando o problema de pesquisa requer dados
muito dispersos pelo espaço.
A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A diferença
essencial entre ambas está natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza
fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre o determinado assunto, a
pesquisa documental vale-se de materiais que não recebem ainda um tratamento analítico, ou
que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa.
O desenvolvimento da pesquisa documental segue os mesmos passos da pesquisa
bibliográfica. Apenas cabe considerar que, enquanto na pesquisa bibliográficas fontes são
constituídas, sobretudo por material impresso localizado nas bibliotecas, na pesquisa
documental, as fontes são muito mais diversificadas e dispersas. A pesquisa documental
apresenta uma série de vantagens, primeiramente, há que se considerar que os documentos
constituem fonte rica e estável de dados. Como os documentos resistem ao longo do tempo,
torna-se a mais importante fonte de dados em qualquer pesquisa de natureza histórica.
O levantamento bibliográfico desta pesquisa foi realizado a nível nacional e
internacional, com o objetivo de fornecer um embasamento teórico sobre o tema.
Capítulo 2 – Metodologia
43
A pesquisa bibliográfica e documental envolveu as seguintes fontes: livros,
publicações periódicas, relatórios e notas técnicas de diversas instituições, dissertações de
mestrados, teses de doutorados, papers e trabalhos apresentados em congressos e seminários.
Foram consultados os seguintes locais: bibliotecas públicas, internet, periódicos da
CAPES, legislação ambiental aplicada ao setor elétrico.
O levantamento de campo foi realizado para reconhecimento da área (entorno do
reservatório Delmiro Gouveia nos municípios de Paulo Afonso/BA e Delmiro Gouveia/SE), e
com o objetivo de verificar os problemas ambientais existentes, identificando os impactos
pontuais e registrando os mesmos por intermédio de fotografias e com a elaboração de mapa
para melhor gerir os recursos hídricos.
2.3.1 – Planejamento da Pesquisa
Na caracterização da pesquisa é importante que seja seguido um planejamento. Desta
forma, segundo Silva & Menezes (2002), para o desenvolvimento cientifico de um estudo de
caso o pesquisador deve estar atento a critérios de coerência, consistência, originalidade e
objetivação. O planejamento de uma pesquisa pode ser disposto basicamente em três fases
distintas, a saber:
Fase decisória: é na fase decisória que o tema é escolhido, assim como a definição do
problema de pesquisa, sendo que este último deve ser bastante significativo para merecer
uma investigação. De outra forma, o problema de pesquisa deve permitir, por
aproximação, a generalização para situações ou então, autorizar inferências com relação
ao contexto da situação analisada;
Fase construtiva: é na fase construtiva que se elabora o plano de pesquisa e executa-se a
pesquisa propriamente dita, a fim de reunir e organizar o conjunto de dados e informes
necessários ao trabalho. Nesse sentido deve haver uma negociação prévia ao acesso de
documentos e dados que serão utilizados especificamente no estudo de caso;
Fase de organização e redação do relatório: é a fase da escrita que os dados e as
informações obtidas na fase construtiva são analisados. Organizam-se as idéias de forma
sistematizada visando à elaboração do relatório final, que poderá ter um estilo narrativo e
descritivo.
Capítulo 2 – Metodologia
44
2.3.2 - Descrição Metodológica do estudo de caso
A revisão da literatura das áreas de interesse deste trabalho foi realizada por meio de
pesquisa bibliográfica e documental, visando aprofundar os conhecimentos sobre o estado da
arte da evolução dos modelos de gestão ambiental mais representativos e presentes na
literatura.
Pesquisa bibliográfica é a que se efetua na tentativa de resolver um problema ou
adquirir conhecimentos (Barros & Lehfeld, 2000), que alcança uma bibliografia já publicada
em relação ao tema de estudo, informações advindas de outras fontes. Não se deve ser mera
repetição do que já foi dito ou escrito sobre o assunto, mas propicia o exame de um tema sob
um novo enfoque ou abordagem, levando as conclusões inovadoras (Marconi & Lakatos,
1999).
As bases teóricas pesquisadas devem fornecer subsídios para a construção de um novo
modelo de gestão ambiental para o reservatório e seu entorno que é objeto de estudo desta
pesquisa.
A pesquisa desenvolvida foi aplicada numa empresa do setor elétrico a fim de buscar a
validação do mesmo, utilizando-se o método do estudo de caso. Este setor foi escolhido por
tratar-se de uma atividade industrial potencialmente impactante e que, portanto, necessita
buscar alternativas de sustentabilidade para seus reservatórios.
O estudo de caso constitui-se de um tipo de pesquisa qualitativa para análise
minuciosa de um caso individual. Que se volta à coleta e ao registro de informações sobre um
ou mais casos particularizados. Elaboram-se relatórios críticos organizados e avaliados, dando
margem a decisões e intervenções sobre o objeto escolhido para a investigação (Barros &
Lehfeld, 2000), permitindo o seu amplo e detalhado conhecimento. É amplamente utilizado
nos casos em que se necessita realizar uma análise detalhada de uma organização ou
fenômeno, principalmente em pesquisas exploratórias (Gil, 1996). Quando se trata de uma
instituição que se deseja examinar, o estudo de caso pode ser ainda classificado com histórico
organizacional (Triviños, 1987).
Por se tratar da proposição de gestão ambiental em reservatório e suas áreas
adjacentes, o método do estudo do caso é adequado neste trabalho, oferecendo informações
que possibilitam a validação e adequação à realidade empresarial.
Capítulo 2 – Metodologia
45
A pesquisa é realizada por meio da análise de documentos bibliográficos e/ou legais
buscando classificar o conteúdo do texto dentro do tema que se está analisando. Essa técnica
foi utilizada para analisar parte das varáveis descritas no modelo proposto, uma vez que este
trabalho caracteriza-se por ter partes de pesquisa qualitativa, onde as soluções não são únicas.
Portanto, uma análise de conteúdo das observações, registros fotográficos, anotações, etc, in
loco serviram para analisar os resultados da aplicação do modelo e posteriormente, a
confirmação ou sua negação.
Inicialmente a pesquisa utilizou por metodologia a revisão bibliográfica, onde se
procurou verificou-se o estado da arte do universo compreendido e relacionado ao tema em
assunto. Em seguida fundamentou-se a pesquisa relativa à questão ambiental propriamente
dita para então se selecionarem os sistemas e métodos que poderiam vir a sustentar o modelo
a ser proposto.
Na seqüência foi desenvolvido o modelo da pesquisa, onde foram planejadas e
estruturadas todas as suas etapas, para então se partir para a pesquisa de campo, em uma
empresa de hidroeletricidade, a CHESF.
De início determinou-se o objeto de estudo, onde, neste caso o reservatório da CHESF,
o Reservatório Delmiro Gouveia - formado por barramento no Rio São Francisco situado na
Bacia Hidrográfica de mesmo nome e utilizado para gerar energia elétrica desde 1955 nas
usinas PA I-II-III de propriedade da CHESF e serve de abastecimento para o município de
Paulo Afonso/BA e Delmiro Gouveia/AL, e das atividades antrópicas estão incluídas a pesca
e recreação, como também é receptor de efluentes urbano e industrial.
Dentre os trabalhos bibliográficos consultados, têm-se os Estudos Ambientais
elaborados pela FADE/UFPE e os Estudos Ambientais Complementares elaborados pela
FADURPE/UFRPE destacaram-se como base para a Caracterização Ambiental da região.
O reconhecimento da área de estudo foi realizado por meio de investigações “in loco”
a fim de coletar dados. A coleta dos dados foi realizada por meio de amostragem e os dados
registrados foram os mais significativos, apresentando as fontes de poluição no reservatório.
Nas investigações de campo foram utilizados: transporte terrestre e fluvial, binóculo, máquina
fotográfica e para registro dos locais de ocorrência de degradação ambiental foi utilizado GPS
eTrex Vista GARMIN.
Capítulo 2 – Metodologia
46
Com objetivo de coletar outras informações para melhor análise do reservatório
Delmiro Gouveia e de seus problemas ambientais, outros dados de campo foram obtidos do
Relatório Técnico emitido pela COHIDRO na execução do Programa de Limnologia e
Qualidade da Água. No qual a COHIDRO utilizou GPS – Modelo GPS II plus – Garmin.
As informações obtidas, tanto conceituais como as observações em campo, serviram
para construção do mapa que representa a situação atual da área de estudo. O material da base
cartográfica foi adquirido no Núcleo de Geoprocessamento - NGEO do Departamento de
Meio Ambiente – DMA da CHESF. Os mapas foram gerados no ambiente ArcGis 9. X e
depois transformados em figura e os mesmos foram elaborados em escala 1:100.000 e
impressos em escala maior para facilitar a visualização.
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
47
3 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A fundamentação teórica do tema desta dissertação está dividido nas seguintes seções:
a evolução da questão ambiental, a questão ambiental no Brasil, a gestão ambiental no setor
elétrico, a gestão ambiental e reservatórios e os aspectos legais e institucionais pertinentes ao
tema tema em estudo.
A primeira seção apresenta a evolução histórica das questões ambientais no mundo
até os tempos atuais com os marcos internacionais. A segunda seção faz um resgate histórico
das questões ambientais dando ênfase aos marcos históricos até os dias atuais, no Brasil. Na
terceira seção apresenta-se o tratamento dado pelo setor elétrico a respeito das questões
ambientais. Na quarta seção trata-se da questão ambiental em reservatórios. Na quinta seção
é apresentada a questão legal e institucional destacando a Política Nacional de Meio Ambiente
– PNMA, a Política Nacional dos Recursos Hídricos - PNRH, a legislação ambiental e outros
instrumentos legais relativos ao tema.
3.1 – A EVOLUÇÃO DA QUESTÃO AMBIENTAL
As buscas do conhecimento e do entendimento acerca da Terra e do Universo são
premissas que norteiam e acompanham a humanidade desde os antigos filósofos gregos até a
ciência moderna.
A sociedade contemporânea tem vivenciado uma série de problemas que envolvem o
seu modo de relacionar-se com a natureza no processo de produção e reprodução do espaço
geográfico, colocando em questão o conceito de natureza em vigor, o qual perpassa pelo
modo de vida dessa sociedade, as sensações, o pensamento e as ações. Portanto, pensar a
natureza hoje, e a forma como o homem se relaciona com ela no contexto do modo de
produção capitalista, nos remete ao passado, na ânsia de compreender as mudanças que se
processaram no modo da sociedade pensar, interagir e produzir na natureza.
A natureza está no homem e o homem está na natureza, porque o homem é produto da
história natural e a natureza é condição concreta, então, da existência humana (Moreira,
1985).
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
48
Desde seus primórdios, a humanidade vem provocando modificações no meio natural
em que vive. Pode-se dizer que há mais de 100 mil anos, época em que o homem conseguiu
dominar o fogo, as atividades por ele desenvolvidas vêm transformando o meio ambiente.
A preocupação com a degradação humana e ambiental não é nova. Muito antes de a
problemática sócioambiental configurar-se como uma das crises globais, já havia alertas a
respeito disso ao longo da História da Humanidade. Alguns exemplos esparsos encontrados na
literatura oferecem indicações a esse respeito.
Na antiguidade, Platão, por exemplo, já denunciava problemas de erosão dos solos e
desmatamento nas colinas de Ática. Posteriormente, no primeiro século da Era Cristã, em
Roma, Columela e Plínio, o Velho, indicavam em seus escritos que a inadequação da ação do
homem ameaçava produzir quebra de safra e erosão do solo (McCormick, 1992 e
Ponting,1995).
Se de início as transformações na terra eram de pequena monta ou mesmo
desprezíveis, elas se acentuaram ao longo do tempo, a partir da chamada Revolução Agrícola
(8 mil anos A . C.) e se tornaram mais intensas a partir do século XIX, quando o homem
passou a utilizar, cada vez mais, a eletricidade e os combustíveis fósseis.
A partir daí, vem crescendo de forma acentuada a preocupação com o meio ambiente,
sobretudo nas últimas décadas, após a sociedade ter tomado consciência do impacto das
atividades humanas, que provocam degradação.
O processo de gestão ambiental inicia-se quando se promovem adaptações ou
modificações no ambiente natural, de forma a adequá-lo às necessidades individuais ou
coletivas. Nesse aspecto, o homem é o grande transformador do ambiente natural e vem, pelo
menos há doze milênios, promovendo essas adaptações nas mais variadas localizações
climáticas, geográficas e topográficas.
No final do século XIX e primórdios do século XX, a questão ambiental ganhou peso
após a segunda guerra mundial (1939 – 1945), quando a humanidade se deu conta de que os
recursos naturais são finitos e que seu mau uso poderia representar o fim de sua própria
existência (Bernardes e Ferreira, 2003).
Porém outra questão veio agravar o processo de adaptação do ambiente natural: a
escala de aglomeração e concentração populacional. Quanto maior for essa escala, maiores
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
49
serão as adaptações e transformações do ambiente natural, maior será a diversidade e a
velocidade de recursos extraídos, maior será a quantidade e a diversidade dos resíduos
gerados e menor será a velocidade de reposição desses recursos. Mais ainda, a tendência pela
procura e escolha para viver em ambientes urbanos, aprofundada e consolidada nas últimas
décadas do século XX, tende a se manter neste início do século XXI.
A crise ecológica requer um repensar sobre a forma como está estruturada e como
funciona a sociedade contemporânea. O modo como é gerida a natureza, o modo de produção
e de consumo, os meios de produção, o modo de vida, as técnicas aplicadas, a tecnologia
utilizada e a ciência a seu serviço, no sentido de reaproximar o homem da natureza (Bihr,
1999). Dito de outro modo, a crise ecológica ou ambiental evidenciada por meio de dois
elementos característicos da sociedade contemporânea: tecnologia e crescimento nos incitam
ao questionamento de um estilo de desenvolvimento internacionalizado, que se revela
enquanto modelo de desenvolvimento predatório e socialmente injusto, manifestado,
principalmente nos processos de modernização da agricultura, de urbanização e de exploração
desenfreada dos recursos naturais (Oliveira, 2002).
Na década de 1960 o conceito de desenvolvimento significava crescimento
econômico. A conservação ambiental e a manutenção das qualidades de vida e ambiental
eram consideradas incompatíveis com o desenvolvimento. A poluição e a degradação do meio
ambiente eram conseqüências inevitáveis dos desenvolvimentos industrial e econômico.
Nesse período, os problemas ambientais eram entendidos como sendo localizados e
atribuídos ao dolo ou à ignorância dos agentes ativos. As ações para coibir esses problemas
ambientais eram de natureza corretiva e repressiva, por meio de proibições, multas e
atividades de controle pontual de poluição.
A primeira manifestação mais importante de que a sustentabilidade do planeta estava
em perigo, de que a produção como um todo estava aumentando de tal maneira que o planeta
Terra não resistiria ao impacto dos resíduos dessa produção, bem como a reposição dos
recursos naturais seria exaurida pelo aumento geométrico vertiginoso da produção industrial,
ocorreu na década de 60 (IBPS, 2007).
Em meados de 1960, profissionais de diferentes países se reuniram em Roma, quando
e foi feita uma análise que constatou que a sustentabilidade do planeta estava gravemente
abalada, pois a demanda por matérias-primas, por recursos naturais, bem como a geração de
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
50
resíduos proveniente do imenso sistema de produção estariam incompatíveis com a
capacidade de reposição de recursos naturais e de absorção dos resíduos dessa produção pelo
planeta. Este grupo de pessoas ficou conhecido como o Clube de Roma (IBPS, 2007).
Reunindo chefes de estado, economistas, pedagogos, humanistas, industriais,
banqueiros, líderes políticos, cientistas, entre outros membros de diversos países, o Clube de
Roma nasceu na década de 60, sendo marcado por uma série de encontros, visando analisar a
situação mundial e oferecer previsões e soluções para o futuro da humanidade (IBPS, 2007).
Na primeira reunião significativa, em 1968, o Clube de Roma chegou à conclusão que
o mundo teria que diminuir a produção, de forma que os recursos naturais fossem menos
solicitados, e que houvesse uma redução gradual dos resíduos, fundamentalmente do lixo
industrial. "Então, a primeira proposta do Clube de Roma foi essa: vamos diminuir a
produção" (IBPS, 2007).
Acontece que a grande impossibilidade, na época, era exatamente conseguir modificar,
de maneira tão radical, aquele modelo de crescimento, de civilização que o mundo havia
adotado. "Como convencer as pessoas de que devam consumir menos, ou que não devam
consumir determinados produtos? Isso é muito difícil, porque isso é a tal cultura consumista
que tomou conta do mundo, e isso leva muito tempo para que mude. Então, aquela primeira
proposta, aquele primeiro entendimento do Clube de Roma não vingou, foi tida logo como
inviável" (IBPS, 2007).
A partir daí, o Clube de Roma produziu uma série de relatórios de grande impacto,
entre eles, "Os Limites do Crescimento", publicado em 1972, trazendo uma análise do que
poderia acontecer se a Humanidade não mudasse seus métodos econômicos e políticos (IBPS,
2007).
Apesar da proposta do Clube de Roma não ter sido aceita, ela serviu como um alerta,
para que o mundo começasse a se preocupar em encontrar outras soluções neste sentido.
Assim, os últimos 30 anos que se seguiram, até o fim do século XX, foram marcados por um
crescimento acelerado dos problemas ambientais, bem como pela conseqüente preocupação
em relação à diminuição da qualidade de vida e aos riscos oferecidos à saúde e à
sobrevivência humana (IBPS, 2007).
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
51
No final da década de 1960 e início da década de 1970, começaram a surgir novas e
decisivas propostas com posturas inovadoras, oriundas da comunidade internacional, no que
diz respeito à proteção ambiental, que segundo Elliot (1994), as mudanças começaram a
surgir no tocante ao desenvolvimento sustentável.
De forma gradativa, começou a ser revista à posição de incompatibilidade entre
crescimento econômico e qualidade ambiental. Esse período também foi marcado por uma
grande recessão econômica mundial devido à Crise do Petróleo, o que contribuiu para que se
observasse à necessidade de incorporar a questão ambiental – no caso, a escassez de recursos
– aos processos de desenvolvimento.
Para Elliot (1994), dentre os trabalhos preparatórios para a realização da Conferência
de Estocolmo em 1972, destaca-se o Seminário sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de
Founex, Suíça em 1971, promovido pela Organização das Nações Unidas - ONU.
De acordo com Sachs (1986), de Founex a Estocolmo, passou-se a dar ênfase à
necessidade de considerar a gestão racional do meio ambiente e dos recursos naturais como
uma dimensão adicional do desenvolvimento.
Para Sachs (1994), os primeiros passos em direção a essa nova visão de
desenvolvimento foram dados, de maneira mais acentuada, a partir de 1972, com a
Conferência de Estocolmo, que transmitiu uma mensagem de esperança em relação à
necessidade e à possibilidade de projetar e implementar estratégias ambientalmente adequadas
para promover um desenvolvimento social e econômico eqüitativo.
A Conferência de Estocolmo, segundo Diegues (1989), pode ser considerada um
marco não somente por dar forma a crescente consciência global sobre os problemas
ambientais, mas principalmente, por introduzir uma discussão crítica em esfera mundial sobre
os modelos de desenvolvimento.
Destaca-se, então a Assembléia Geral da ONU em 1972, enunciou princípios que
serviriam como orientação à humanidade para o estabelecimento de uma visão global e de
princípios comuns para a preservação e a melhoria do meio ambiente.
Após 1972, planos e programas foram elaborados, inclusive com a iniciativa da ONU,
visando à integração das políticas internacionais ambientais. Muitos países participaram desse
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
52
processo, que culminou com a realização de uma segunda conferência mundial de meio
ambiente, denominada Rio-92.
Em 1977, realizou-se em Tblisi (Geórgia, antiga União Soviética) a Conferência
Intergovernamental sobre Educação Ambiental organizada pela UNESCO em colaboração
com o Programa das Organizações das Nações Unidas – ONU para o Meio Ambiente. Em
Tblisi, apresentaram-se algumas experiências de trabalho e estruturam-se princípios diretores,
conteúdos, estratégias de abordagem e recomendações para sua implementação, enfatizando a
necessidade da interdisciplinaridade para se resgatar a percepção do todo, muitas vezes
fragmentado em diversas áreas do conhecimento (Ibama, 1997). As recomendações
provenientes de Tblisi constituem ainda hoje um importante referencial para os programas
educativos.
Na década de 1980, o conceito de desenvolvimento passou a adquirir um caráter
multidimensional em que as sociedades deveriam melhorar como um todo, respeitando suas
especificidades. Buscava-se formular políticas para ação que integrassem o meio ambiente às
práticas de desenvolvimento. Houve também um estímulo à substituição de processos
poluidores ou consumidores de insumos – que geravam comprometimentos ambientais – por
outros mais eficientes e ambientalmente adequados.
Assim, em decorrência da Conferência de Estocolmo (1972), foi criado o Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA); o Programa Observação da Terra,
Earthwatch, para monitorar as diversas formas de poluição, e a Comissão Mundial para o
Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), esta última composta por alguns países
membros da ONU e presidida por Gro Harelm Brundtland, então primeira-ministra da
Noruega.
Durante o período de 1983 a 1987, a CMMAD pesquisou a situação de degradação
ambiental e econômica da Terra. Em 1987, foi produzido o relatório desse trabalho, que ficou
conhecido como “Relatório de Brundtland” ou Our commom future (Bernardes e Ferreira,
2003). Ou, de outra forma, a Comissão Mundial da ONU sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento (CMMAD), presidida por Gro Harlem Brundtland e Mansour Khalid,
apresentou um documento chamado Our Common Future, mais conhecido por relatório
Brundtland. O relatório diz que "Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que
satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações
satisfazerem suas próprias necessidades". O relatório não apresenta as críticas à sociedade
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
53
industrial que caracterizaram os documentos anteriores; demanda crescimento tanto em países
industrializados como em subdesenvolvidos, inclusive ligando a superação da pobreza nestes
últimos ao crescimento contínuo dos primeiros. Assim, foi bem aceito pela comunidade
internacional (Ambientebrasil, 2007).
Durante todo esse processo de amadurecimento e reconhecimento da interdependência
entre meio ambiente, crescimento econômico e desenvolvimento, observou-se à amplitude
global que os problemas originados por um mau relacionamento entre esses fatores poderiam
ocasionar.
A destruição do habitat, a questão da biodiversidade e o efeito estufa são exemplos de
não–observância da interdependência entre o meio ambiente e desenvolvimento e também da
amplitude global que os problemas atingem.
As diversas comissões que antecederam a Conferência do Rio (1992) moldaram de
maneira progressiva, o que hoje é conhecido como os desafios do desenvolvimento
sustentável.
Expressando a dificuldade de implementação do desenvolvimento sustentável,
Andrade (1994) menciona que a origem da degradação ambiental está diretamente ligada aos
interesses políticos e econômicos que determinam a ocupação, que é formulada pelo governo
e pelos interesses do modo de produção.
Do mesmo modo, Viola et al. (1995) afirmam que “a crise ecológica global resulta da
anarquia na exploração e gestão dos bens comuns da humanidade por parte de atores políticos
e econômicos orientados por uma racionalidade individualista e instrumental”.
Em 1992, uma nova conferência sobre o meio ambiente for realizada no Rio de
Janeiro com intuito de debater e procurar maneiras de efetivar as estratégias mundiais de
desenvolvimento sustentável por meio de acordos políticos com base nos tópicos da Agenda
21 – que, por sua abrangência e alcance, é entendido pela ONU como Programa 21, o que lhe
atribui uma conotação de maior importância.
Cabe notar que os tratados internacionais, as declarações de princípios e mesmo
agenda 21 – aprovados antes e durante a Conferência do Rio – apontam para a necessidade de
uma revisão das ações antrópicas a fim de que estas considerem as especificidades do meio
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
54
ambiente para sua implementação, trazendo recomendações de novas práticas econômicas,
sociais e de implementação política.
De acordo com Soares (2005), a Agenda 21 ou Programa 21 é um compromisso
voluntário dos países, sendo considerada um plano de Ações para alcançar os objetivos do
desenvolvimento sustentável, consolidando diversos relatórios, tratados, protocolos, e outros
documentos elaborados durante décadas na esfera da ONU.
Segundo Barbieri (1997, p. 65), a Agenda 21 é uma espécie de manual para orientar as
nações e as suas comunidades nos seus processos de transição para uma nova concepção de
sociedade. A Agenda 21 não é um tratado ou uma convenção capaz de impor vínculos
obrigatórios aos estados signatários, na realidade é um plano de intenções mandatório cuja
implementação depende da vontade política dos governantes e da mobilização da sociedade.
Segundo Santilli (2005), a Eco-92 se constituiu um marco na história do
ambientalismo internacional e nacional, e foi a maior conferência até então realizada pela
ONU. Os documentos internacionais assinados durante a Eco-92 são referências fundamentais
para o Direito Ambiental Internacional e pautaram a formulação de políticas sociais e
ambientais em todo mundo.
Dando continuidade ao processo de desenvolvimento sustentável foi realizada em
1997 no Japão, a 3ª Conferência das partes com a comunidade internacional para tratar das
mudanças climáticas como um problema ambiental, onde foi elaborado o Protocolo de Kyoto,
com o objetivo de alcançar metas específicas de redução de emissões de seis dos gases que
provocam o efeito estufa. O Protocolo de Kyoto, para entrar em vigor, precisava ser ratificado
por países que representassem pelo menos 55% das emissões totais de Dióxido de Carbono –
CO
2
. O Brasil, a União Européia e o Japão já ratificaram o Protocolo de Kyoto e os Estados
Unidos, apesar de serem responsáveis por cerca de 35% das emissões, não assinaram o
protocolo. A Rússia ratificou o protocolo em 2004, permitindo, assim, a sua entrada em vigor
(Santilli, 2005).
Dez anos após a realização da Eco-92, as Nações Unidas realizaram em
Johannesburgo, na África do Sul, de 26 de agosto a 4 de setembro de 2002, a Cúpula Mundial
sobre o Desenvolvimento Sustentável (mais conhecida como Rio+10). Os resultados formais
foram a Declaração de Johannesburgo referência para o desenvolvimento sustentável e o
Plano de Implementação referencias, com metas genéricas relacionadas ao acesso a água
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
55
tratada, saneamento, recuperação de estoques pesqueiros, gerenciamento de resíduos e uso de
fontes alternativas de energia (Santilli, 2005).
3.2 – A QUESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL
Viola et al. (1995) afirmam que “a crise ecológica global resulta da anarquia na
exploração e gestão dos bens comuns da humanidade por parte de atores políticos e
econômicos orientados por uma racionalidade individualista e instrumental”.
Em relação à administração desses conflitos, a história do Brasil apresenta
peculiaridade que são relevantes e determinantes no atual quadro ambiental e no
entendimento do seu envolvimento com os diversos atores sociais.
O reconhecimento da importância dos recursos ambientais brasileiros remonta ao
período do descobrimento, quando em carta datada de 1º de maio de 1500, enviada ao Rei de
Portugal, Pero Vaz de Caminha relata as belezas naturais e o patrimônio existente neste país
(Ibama, 2007).
O conceito de meio ambiente é, contudo, bem novo, assim como a gestão do meio
ambiente constitui uma atividade também recente. Até há pouco tempo, os recursos
ambientais eram tratados de forma isolada no Brasil, razão pela qual os instrumentos e os
mecanismos necessários à gestão do meio ambiente ainda não estavam desenvolvidos e
aperfeiçoados em sua plenitude. Por outro lado, as estruturas de Governo que foram sendo
desenvolvidas ao longo do tempo para atender às demandas da sociedade, no que se refere à
conservação e a preservação dos recursos naturais, estavam mais voltadas para o incentivo do
desenvolvimento econômico, no qual a exploração desses recursos era apenas mais um
elemento (Ibama, 2007).
A Carta Régia de 27 de abril de 1442 é a primeira disposição governamental
conhecida de proteção à árvore no direito português, à exceção dos casos de incêndio. Seguia-
se ao período de notáveis vitórias portuguesas, no reinado de D. João I, em que a conquista de
Ceuta, a descoberta da ilha da Madeira, da ilha de Santa Maria incorporaram à Coroa
territórios nos quais a riqueza mais visível eram matas frondosas. Simultaneamente, a nação
se encontrava empenhada em aumentar, cada vez, mais a sua já respeitável esquadra, sem o
que seria impossível conservar a soberania sobre as novas terras. Ora, para isto não havia
madeiras que bastassem. As disponibilidades européias eram reduzidas e tornava-se, pois,
imprescindível estabelecer normas para o corte e punir todo desperdício (Ibama, 2007).
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
56
Com a vinda da Família Real para o Brasil foi criado o Jardim Botânico do Rio de
Janeiro, em 13 de junho de 1808. Atualmente, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro é uma
fundação vinculada ao Ministério do Meio Ambiente - MMA (Ibama, 2007).
Em 1815, José Bonifácio de Andrada e Silva fazia a seguinte reflexão: “Se a
navegação aviventa o comércio e a lavoura, não pode haver navegação sem rios, não pode
haver rios sem fontes, não há fontes sem chuvas, não há chuva sem umidade, não há umidade
sem floresta..... sem umidade não existirão prados, sem prados não há gado, sem gado não há
agricultura, assim tudo está ligado na imensa cadeia do Universo e os bárbaros que cortam as
suas partes pecam contra Deus e a natureza e são os próprios autores de seus males” (Pádua,
1997).
Segundo Moraes (1994), o Brasil apresenta como característica determinante sua
formação colonial, que determinou uma grande motivação para a conquista de espaço.
Apropriação de novos lugares, com suas populações, riquezas e recursos naturais, sempre foi
mola propulsora da colonização brasileira.
Joaquim Nabuco em 1883 fazia um diagnóstico desalentador da situação ambiental
brasileira, falando do esgotamento da fertilidade dos solos no Rio de Janeiro, da decadência
das antigas monoculturas no Nordeste, do aumento do flagelo da seca e da ganância da
indústria extrativista da Amazônia (Pádua, 1997).
Estudos como de Pádua (2002) demonstraram, por meio de textos de autores como
José Bonifácio de Andrada e Silva (primeiro ministro do Brasil independente a partir de 1822)
e Joaquim Nabuco (abolicionista, 1849-1910), que a critica ambiental nasceu, no Brasil nos
séculos XVIII e XIX, especialmente entre 1786 e 1888, como reação contra o modelo de
exploração colonial – caracterizada pelo latifúndio, pelo escravismo, pela monocultura e pelos
maus-tratos a terra – e a intensa devastação ambiental provocada por esse modelo.
Na década de 1930, o jurista Carlos Alberto Torres inspirou a criação da sociedade
Amigos de Alberto Torres que, entre outras atividades pregava o uso racional dos recursos
naturais. A Sociedade contribuiu muito para a formulação do primeiro Código de Águas e
Minas e do primeiro Código Florestal Brasileiro, ambos em 1934, os quais foram
influenciados por políticas públicas norte-americanas, que tinham por objetivo controlar o uso
dos recursos minerais e florestais (Drummond, 1997).
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
57
O historiador norte-americano Warren Pear chama a atenção para o ano de 1934,
quando ocorreu no Brasil “uma verdadeira revolução em termos de gestão ambiental”
(Drummond, 1997), pois foram feitas diversas propostas quanto à gestão dos recursos naturais
existentes no país. No entanto, com a instalação da ditadura do Estado Novo houve
desmobilização generalizada, inclusive no que se refere à proteção ambiental.
O período compreendido entre 1930 a 1950 caracterizou-se pela industrialização com
base na substituição de importações. Nesse período o país foi dotado de instrumentos legais e
de órgãos públicos que refletiam as áreas de interesse da época e que, de alguma forma,
estavam relacionados à área do meio ambiente, tais como: o Código de Águas - Decreto nº
24.643, de 10 de julho de 1934; o Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS);
o Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOCS); a Patrulha Costeira e o Serviço
Especial de Saúde Pública (SESP), (Ibama, 2007).
As medidas de conservação e preservação dos patrimônios naturais, históricos e
artísticos mais significativos, no período acima referido, foram: a criação de parques
nacionais e de florestas protegidas nas regiões Nordeste, Sul e Sudeste; o estabelecimento de
normas de proteção dos animais; a promulgação dos códigos de floresta, de águas e de minas;
a organização do patrimônio histórico e artístico; a disposição sobre a proteção de depósitos
fossilíferos, e a criação, em 1948, da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza
(Ibama, 2007).
Até a década de 50, não havia no Brasil uma preocupação precípua com os aspectos
ambientais; as normas existentes limitavam-se aos aspectos relacionados com o saneamento, a
conservação e a preservação do patrimônio natural, histórico e artístico, e à solução de
problemas provocados por secas e enchentes. (Ibama, 2007).
No Brasil durante a década de 1960 foram produzidas novas leis voltadas à proteção
ambiental, como o novo Código Florestal e a nova Lei de Proteção aos Animais; além disso,
foram criados alguns parques nacionais e estaduais (Pelicioni, 2004).
Ainda na década de 60, o Governo brasileiro se compromete com a conservação e a
preservação do meio ambiente, efetivadas por meio de sua participação em convenções e
reuniões internacionais como, por exemplo, a Conferência Internacional promovida pela
UNESCO, em 1968, sobre a Utilização Racional e a Conservação dos Recursos da Biosfera.
Nessa ocasião foram definidas as bases para a criação de um programa internacional dedicado
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
58
ao Homem e à Biosfera (MAB - Man and Biosphere), que foi efetivamente criado em 1970. O
Brasil, como membro das Nações Unidas, também assinou acordos, pactos e termos de
responsabilidade entre países, no âmbito da Declaração de Soberania dos Recursos Naturais
(Ibama, 2007).
A década de 70 foi marcada pelo agravamento dos problemas ambientais, e,
conseqüentemente, pela maior conscientização desses problemas em todo o mundo. No
período de 21 a 27 de agosto de 1971, foi realizado, em Brasília, o I Simpósio sobre Poluição
Ambiental, por iniciativa da Comissão Especial sobre Poluição Ambiental da Câmara dos
Deputados. Deste Simpósio participaram pesquisadores e técnicos do País e do exterior, com
o objetivo de colher subsídios para um estudo global do problema da poluição ambiental no
Brasil (Ibama, 2007).
De acordo com Santilli (2005), em 1971 foi criada uma das mais importantes
organizações ambientalistas brasileira: a Associação Gaúcha de proteção do Ambiente
Natural (AGAPAN), liderada por José Lutzenberger, ambientalista de fama internacional, que
apresentou denúncias contra os riscos para o meio ambiente e a saúde humana da utilização
excessiva de agrotóxicos na agricultura, que culminaram com a aprovação no Rio Grande do
Sul, em 1983, da primeira lei estadual que regulamenta o uso de agrotóxicos.
No entanto, somente após a participação da delegação brasileira na Conferência das
Nações Unidas para o Ambiente Humano, realizada em 1972, em Estocolmo, Suécia, é que
medidas efetivas foram tomadas com relação ao meio ambiente no Brasil. Participaram do
evento representantes de aproximadamente 113 nações, 90% dos quais pertenciam ao grupo
dos países em desenvolvimento. Nessa época, apenas 16 deles possuíam entidades de
proteção ambiental. Os delegados dos países em desenvolvimento, liderados pela delegação
brasileira, defendiam seu direito às oportunidades de crescimento econômico a qualquer
custo. Ao final, foi proclamada, como forma ideal de planejamento ambiental, aquela que
associasse a prudência ecológica às ações pró-desenvolvimento, isto é, o ecodesenvolvimento
(Ibama, 2007).
Esses países conseguiram ainda aprovar a declaração de que o subdesenvolvimento é
uma das mais freqüentes causas da poluição no mundo atual, devendo, portanto, o controle da
poluição ambiental ser considerado um subprograma de desenvolvimento, e a ação conjunta
de todos os governos e organismos supranacionais convergir para a erradicação da miséria no
mundo (Ibama, 2007).
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
59
Nessa Conferência foram aprovados 25 princípios fundamentais que orientam as ações
internacionais na área ambiental, tais como: a valorização do homem dentro do ambiente
como ser que o transforma, mas que depende dele para sobreviver, e que o homem é o ser
mais importante do mundo, pois promove o progresso social, cria riquezas e desenvolve a
ciência e a tecnologia (Ibama, 2007).
Ainda na década de 70, foi criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA,
pelo Decreto nº 73.030, de 30 de outubro de 1973, que se propôs a discutir junto à opinião
pública a questão ambiental, fazendo com que as pessoas se preocupassem mais com o meio
ambiente e evitassem atitudes predatórias. No entanto, a SEMA não contava com nenhum
poder policial para atuar na defesa do meio ambiente (Ibama, 2007).
Várias medidas legais foram tomadas posteriormente com o objetivo de preservar e
conservar os recursos ambientais e de controlar as diversas formas de poluição. A SEMA
dedicou-se a defender dois grandes objetivos: estar atenta à poluição, principalmente a de
caráter industrial, mais visível, e proteger a natureza (Ibama, 2007).
Segundo Pelicioni (2004), o governo brasileiro acompanhando a tendência mundial ao
implantar em 1973 a Secretaria Especial do Meio Ambiente – Sema, vinculou a Presidência
da República e com atribuições principais recaídas para o controle da poluição , o uso racional
dos recursos naturais e a preservação do estoque genético.
Em 1977, a UNESCO-PNUMA promoveu a Conferência Intergovernamental sobre
Educação Ambiental, que influenciou a adoção dessa disciplina nas universidades brasileiras
(Ibama, 2007).
O Governo Federal, por intermédio da SEMA, instituiu em 1981 a Política Nacional
do Meio Ambiente, pela qual foi criado o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e
instituído o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental. Por
esse Cadastro foram definidos os instrumentos para a implementação da Política Nacional,
dentre os quais o Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente (SINIMA). Foi
criado, também, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) que tem poderes
regulamentadores e estabelece padrões de meio ambiente (Ibama, 2007).
A SEMA propôs o que seria de fato a primeira lei ambiental, no País, destinada à
proteção da natureza: a Lei nº 6.902, de 1981, dispõe sobre a criação de Estações Ecológicas,
Áreas de Proteção Ambiental e dá outras providências, ou Lei do SNUC (Sistema Nacional de
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
60
Unidades de Conservação) – ano-chave em relação ao meio ambiente brasileiro (Ibama,
2007).
Segundo Soares (2005), a mais importante lei ambiental do país, a Lei nº 6.938, foi
criada em 31 de agosto de 1981, instituindo a Política Nacional de Meio Ambiente – PNMA.
Com a promulgação desta lei e sua regulamentação dada pela Resolução nº 001/86 do
Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, a elaboração do Estudo de Impacto
Ambiental – EIA e do Relatório de Impacto Ambiental – RIMA se tornou obrigatória no país
antes da implantação de atividades econômicas que afetem significativamente o meio
ambiente, tais como estradas, industrias, usinas hidrelétricas, entre outras. O EIA/RIMA
também passou a ser condicionante para obtenção de financiamento junto aos organismos
multilaterais, como o Banco Mundial - BM e o Banco Interamericano de Desenvolvimento -
BID.
A partir de 1986 a Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA ampliou seu campo
de atuação. Além das questões referentes ao controle da poluição, aos impactos ambientais
resultantes de grandes empreendimentos e à preservação de ecossistemas, a SEMA promoveu
a disseminação da problemática ambiental dentro da estrutura estatal e a interação das
agências ambientais entre si e entre a comunidade científica (Pelicioni, 2004).
A Constituição Federal de 5 de outubro de 1988 foi um passo decisivo para a
formulação da nossa política ambiental. Pela primeira vez na história de uma nação, uma
constituição dedicou um capítulo inteiro ao meio ambiente, dividindo entre o governo e a
sociedade a responsabilidade pela sua preservação e conservação (Ibama, 2007).
A partir daí, foi criado o programa Nossa Natureza, que estabeleceu diretrizes para a
execução de uma política ampla de proteção ambiental (Ibama, 2007).
De acordo com Santilli (2005), o socioambientalismo brasileiro – tal como o
reconhecemos e identificamos – nasceu na segunda metade da década de 1980, a partir de
articulações políticas entre movimentos sociais e o movimento ambientalista. O surgimento
do socioambientalismo pode ser identificado com o processo histórico de redemocratização
do país, iniciado com o fim do regime militar, em 1984, e consolidado com a promulgação da
nova Constituição, em 1988, e a realização de eleições presidenciais diretas, em 1980.
Fortaleceu-se – como o ambientalismo em geral – na década de 1990, principalmente depois
da realização da Conferência das Nações Unidade sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
61
no Rio de Janeiro, em 1992 (Eco-92), quando os conceitos socioambientais passaram
claramente a influenciar a edição de normas legais.
A consolidação democrática no país passou a dar a sociedade civil um amplo espaço
de mobilização e articulação, que resultou em alianças políticas estratégicas entre o
movimento social e ambientalista. Na Amazônia brasileira, a articulação entre povos
indígenas e populações tradicionais, com o apoio de aliados nacionais e internacionais, levou
ao surgimento da Aliança dos Povos da Floresta, um dos marcos do socioambientalismo.
Em 1988, Chico Mendes recebeu o prêmio Global 500, concedido pelas Nações
Unidas a pessoas que se destacam na defesa do meio ambiente. O movimento dos povos da
floresta ganha ampla visibilidade pública, peso político e social, e conquista o apoio de
organizações ambientalistas importantes, tanto internacionais como nacionais, e de
organizações de apoio aos índios e de defesa dos direitos humanos, bem como dos cientistas e
da mídia nacional e internacional.
Segundo Pelicioni (2004), o ano de 1988 constitui um ponto de inflexão na política
ambiental brasileira ao assegurar na Constituição Federal uma moderna legislação ambiental,
e um capítulo dedicado ao meio ambiente, onde se lê: “Art. 225. Todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Conforme Santilli (2005), a articulação entre organizações indígenas e de apoio aos
índios e os ambientalistas produziu também um bem sucedido movimento de resistência à
construção da primeira barragem do Complexo Hidrelétrico do Xingu, chamada de Kararaô,
que resultou no histórico Encontro dos Povos Indígenas do Xingu (mais conhecido como
Encontro de Altamira), realizado em 24 de fevereiro de 1989, na cidade de Altamira, no
Estado do Pará. O encontro de Altamira consolidou a aliança entre os movimentos
ambientalistas, contrários a hidrelétrica em virtude de seus graves impactos ambientais, e os
povos indígenas, cujas terras tradicionais seriam inundadas, e pode-se dizer que também foi
um marco na história do socioambientalismo.
Outro marco importante na defesa do meio ambiente foi à criação do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, pela Lei nº 7.735
de 22 de fevereiro de 1989, tendo sido formado peal fusão de quatro entidades brasileiras que
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
62
trabalhavam na área ambiental: Secretaria do Meio Ambiente – SEMA, Superintendência da
Borracha – SUDHEVEA, Superintendência da Pesca – SUDEPE, e o instituto Brasileiro de
Desenvolvimento Florestal – IBDF (Ibama, 2007).
Em 1990, foi criada a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República –
SEMAM, ligada a Presidência da República, que tinha no Ibama seu órgão gerenciador da
questão ambiental, responsável por formular, coordenar, executar e fazer executar a PNMA.
O Ibama tinha, entre suas atribuições, a da preservação, conservação e fiscalização dos
recursos naturais renováveis (Ibama, 2007).
Segundo Vianna (1990), outro movimento social que soube incorporar a componente
ambiental às suas lutas sociopolíticas foi o Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB.
Trata-se de um movimento social historicamente voltado para a luta pela terra, de base rural, e
de resistência contra a inundação das terras usada por camponeses, que se aliou ao movimento
ambiental, em defesa dos rios e ecossistemas atingidos pela construção de barragens.
A história dos atingidos por barragens no Brasil tem sido marcada pela resistência na
terra, luta pela natureza preservada e pela construção de um Projeto Popular para o Brasil que
contemple uma nova Política Energética justa, participativa, democrática e que atenda os
anseios das populações atingidas, de forma que estas tenham participação nas decisões sobre
o processo de construção de barragens, seu destino e o do meio ambiente (MAB, 2007).
Assim, em abril de 1989 é realizado o Primeiro Encontro Nacional de Trabalhadores
Atingidos por Barragens, com a participação de representantes de várias regiões do País. Foi
um momento onde se realizou um levantamento global das lutas e experiências dos atingidos
em todo o país, foi então decidido constituir uma organização mais forte a nível nacional para
fazer frente aos planos de construção de grandes barragens (MAB, 2007).
Dois anos após é realizado o I Congresso dos atingidos de todo o Brasil - em março de
1991-, onde se decide que o MAB - Movimento dos Atingidos por Barragens, deve ser um
movimento nacional, popular e autônomo, que deve se organizar e articular as ações contra as
barragens a partir das realidades locais a luz dos princípios deliberados pelo Congresso. O
dia 14 de Março é instituído como o Dia Nacional de Luta Contra as Barragens, sendo
celebrado desde então em todo o país (MAB, 2007).
Segundo Santilli (2005), quatro anos após a promulgação da Constituição de 1988 foi
realizada a 2ª Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, em
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
63
junho de 1992 (conhecida com Eco-92), no Rio de Janeiro que trouxe grande visibilidade
pública e força política para a questão ambiental entre os grandes temas da agenda nacional e
global. Em 1990, com objetivo de acompanhar a conferência, foi criado o Fórum Brasileiro de
Organizações Não Governamentais e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento. Esse fórum teve papel fundamental na articulação de centenas de
organizações durante o período preparatório da Eco-92, voltada para a participação da
sociedade civil brasileira. O fórum de ONGs constituiu um espaço privilegiado para novas
articulações e parcerias entre movimentos sociais e o movimento ambientalista, e foi
responsável pela elaboração do Tratado das ONGs e Organizações Sociais, durante a Eco-92,
paralelamente ao relatório oficial.
A Eco-92 constituiu um marco na história do ambientalismo internacional e nacional.
Os documentos internacionais aprovados na Eco-92 já refletem a incorporação de conceitos
socioambientais, e a concepção de que o novo paradigma do desenvolvimento sustentável
deveria incorporar não só a sustentabilidade ambiental, como também a sustentabilidade
social.
A Agenda 21 é um plano de Ações dirigido para o desenvolvimento sustentável, com
quatro macro seções, quarenta capítulos, 115 programas e aproximadamente 2500 ações a
serem implementadas. As quatro seções abrangem os seguintes temas:
dimensões econômicas e sociais: trata das relações entre meio ambiente e pobreza, saúde,
comércio, dívida externa, consumo e população;
conservação e administração de recursos;
fortalecimento dos grupos sociais;
meios de implementação: financiamentos e papel das instituições governamentais e não-
governamentais.
A agenda 21 global já reconhecia que o desenvolvimento sustentável só seria viável
com o apoio das comunidades locais e recomendava que se iniciasse o processo de construção
das agendas 21 locais.
A pressão da sociedade que vinha se organizando nas últimas décadas pela proteção ao
meio ambiente, junto com a preocupação quanto à repercussão internacional das teses
discutidas na Rio-92 (Eco-92), levou as autoridades brasileiras, a criarem, em outubro de
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
64
1992, o Ministério do Meio Ambiente – MMA, órgão de hierarquia superior, com objetivo de
estruturar a política do meio ambiente no Brasil (Ibama,2007).
Relata Novaes (2003), o processo de elaboração da Agenda 21 Brasileira começou em
1997, e até sua conclusão, em 2002, envolveu cerca de 40.000 pessoas nas discussões nos
Estados, nas macrorregiões e em Brasília, tendo sido o mais amplo processo de participação
para definir políticas públicas no país. Foi construída com base em seis áreas básicas: gestão
de recursos naturais, agricultura sustentável, cidades sustentáveis, redução das desigualdades
sociais, infra-estrutura e integração regional e ciência e tecnologia para o desenvolvimento
sustentável.
Com objetivo de avaliar os avanços na área ambiental desde a Eco-92, realizou-se no
período de 13 a 19 de março de 1997, na cidade do Rio de Janeiro, o Fórum Rio+5.
Infelizmente ficou demonstrado que os remédios até então propostos não funcionaram ou
sequer foram adotados. Entre os dados negativos, destacaram-se os aumentos populacionais
em 450 milhões de pessoas, a perda de 2 milhões de hectares por ano na Floresta Amazônica,
o aumento de 10% na emissão dos gases pelos países industrializados e o aumento do
desemprego (Oliveira e Guimarães, 2004).
Para o alcance do estabelecimento do desenvolvimento sustentável, de um estilo de
desenvolvimento que seja capaz de promover a solidariedade com base na conservação dos
recursos naturais, trata-se na prática, de um desafio monumental.
3.3 – A GESTÃO AMBIENTAL NO SETOR ELÉTRICO
Segundo Soares (2005), a inserção das questões ambientais no planejamento do setor
elétrico brasileiro tem crescido gradualmente nos últimos anos podendo-se identificar três
grandes fases de evolução: a primeira fase, que vai do início da atuação do setor elétrico até a
publicação da Lei nº 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente -
PNMA, onde a proteção do meio ambiente era focada na proteção dos recursos naturais; uma
segunda fase, que compreende o período entre a Lei nº 6.938/81 e a Lei nº 9.605/98, também
conhecida como Lei dos Crimes Ambientais, onde surgiram as bases para a gestão ambiental;
e uma terceira fase que se iniciou após essa última lei e perdura até os dias atuais, onde há
predominância de uma gestão ambiental pressionada por uma base jurídica.
Nas décadas de 1960 e 1970, algumas empresas de geração de energia elétrica
desenvolveram estudos ambientais particularmente relacionados com a proteção da ictiofauna.
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
65
Entre as empresas, a Companhia Energética de São Paulo – CESP e a Companhia Estadual de
Energia Elétrica – CEEE do Rio Grande do Sul conduziram importantes estudos ecológicos
sobre a ictiofauna e instalaram estações de piscicultura em vários de seus projetos.
Subseqüentemente, essas experiências foram transmitidas por outras empresas brasileiras de
energia (ELETROBRÁS, 1990).
Na década de 1970, com surgimento de reservatórios de porte progressivamente
maiores ou em regiões pouco alteradas, começou a crescer a preocupação com a cobertura
vegetal das áreas a serem inundadas. Neste sentido, destacam-se os trabalhos desenvolvidos
pela Companhia Paranaense de Energia – COPEL, voltados para a reprodução de essências
nativas com o objetivo de utilização no reflorestamento das margens dos reservatórios e para
a recuperação de áreas degradadas. Dessa época, remontam os primeiros programas de
salvamento da fauna terrestre voltados para soltura de mamíferos nas margens dos
reservatórios e encaminhamento de animais aos zoológicos e instituições especializadas, para
extração de peçonha das serpentes (ELETROBRÁS, 1990).
Nos meados da década de 1970, os organismos financiadores internacionais passaram
a exigir que, juntamente com a viabilidade técnica, econômica e financeira, fosse apresentada
a viabilidade ambiental dos programas e projetos de desenvolvimento. Desde então, a
construção de usinas hidrelétricas passou a ser precedida por estudos de impacto ambiental
que eram, inicialmente, incluídos no projeto da usina. Posteriormente, o Departamento
Nacional de Águas e Energia Elétrica – DNAEE passou a exigir a inclusão dos aspectos
ambientais como requisito indispensável para aprovação dos projetos das usinas hidrelétricas,
exigência que vigora até hoje. Com a extinção do DNAEE, esse papel passou a ser exercido
pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL (Eletrobrás, 1986b).
Em 1978, a CESP (1978) emitiu o documento Modelo Piloto de Projeto Integral que
sistematizou e consolidou os requisitos do Banco Mundial no que concerne à elaboração do
Estudo de Impacto Ambiental e do Relatório de Impacto Ambiental – EIA/RIMA antes da
implantação de usinas hidrelétricas. Baseado nessa publicação, em 1984, o antigo DNAEE
incluiu instruções sobre o meio ambiente em suas linhas de ação para a apresentação e
aprovação de exploração de água e projetos de energia.
De acordo com Soares (2005), a partir do estabelecimento da PNMA, no início da
década de 1980, e da publicação, nos anos seguintes, de diversas resoluções do CONAMA,
regulamentando a elaboração dos estudos ambientais e dos processos de licenciamento
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
66
ambiental das atividades de geração e transmissão de energia elétrica, o setor elétrico passou a
incorporar as questões ambientais em sua estrutura de planejamento e projeto.
A partir da segunda metade da década de 80, quando a questão ambiental começou a
ser referência para o planejamento das políticas públicas, observaram-se algumas alterações
na estrutura institucional do Setor Elétrico. Dentre elas, destacou-se a criação, pela
ELETROBRÁS, em 1986, do Conselho Consultivo de Meio Ambiente – CCMA, composto
por especialistas de fora do setor elétrico, com as funções de discutir o tratamento dado pelo
setor às questões socioambientais e assessorar os gerentes das empresas do setor, e a edição
de dois documentos:
o Manual de Estudos de Efeitos Ambientais dos Sistemas Elétricos – MEEASE, que servia
como guia abrangente para tratamento dos aspectos sociais e ambientais que deveriam ser
levados em conta nas diversas etapas de planejamento, construção e operação dos
empreendimentos do setor elétrico. Esse documento teve o propósito de iniciar uma linha
de ação para orientar as empresas de energia na definição e desenvolvimento de estudos
socioambientais. Os estágios a serem considerados no desenvolvimento do EIA/RIMA
foram também detalhados nesse documento (ELETROBRÁS, 1986a);
e o Plano Diretor para Conservação e Recuperação Ambiental as Obras e Serviços do
Setor Elétrico – I PDMA, que definiu a política ambiental do setor e estabeleceu um novo
enfoque no trato da questão ambiental. As ações planejadas foram integradas com relação
a quatro temas básicos: viabilidade ambiental, inserção regional, articulação
interinstitucional e com a sociedade, e eficiência gerencial (ELETROBRÁS, 1986b).
As bases para o planejamento e a implantação de ações e programas socioambientais
no setor elétrico, entretanto, só foram criadas a partir de 1986, quando o setor passou a
incorporar, de uma forma sistematizada, as questões ambientais em sua estrutura de
planejamento, projeto e operação dos empreendimentos. Vários fatores contribuíram para essa
mudança e concepção de planejamento, sendo que os mais significantes deles foram: a
legislação ambiental, o contexto mundial e conseqüente pressão da população, em especial
daquela diretamente atingida pelos reservatórios hidrelétricos, a pressão das agências
multilaterais como o Bando Mundial, por exemplo, e das organizações não–governamentais
(ELETROBRÁS, 1990).
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
67
No período de 1987 a 1989, dando continuidade a essa tendência em 1987, foi criada
no Departamento de Estudos Elétricos, a divisão de Meio Ambiente, que posteriormente foi
transformado em Departamento de Meio Ambiente, com a responsabilidade de definir
diretrizes e metodologias capazes de orientar o planejamento das políticas ambientais do Setor
Elétrico. No ano seguinte, o Ministério de Minas e Energia criou o COMASE - Comitê
Coordenador das Atividades do Meio Ambiente do Setor Elétrico, com objetivo de
estabelecer linhas de ações, estratégias e recomendações para o trato dos impactos causados
aos recursos naturais pelo setor elétrico, entidade deliberativa integrada pelas concessionárias
do setor elétrico e da qual participavam a Eletrobrás, o DNAEE e representantes das
empresas concessionárias federais e estaduais (ELETROBRÁS, 1990).
Outros documentos foram elaborados nos anos seguintes, são eles: o Plano Nacional
de Energia Elétrica 1987/2010 (Eletrobrás, 1987), o Plano Diretor de Meio Ambiente do Setor
Elétrico 1990/92 e o Plano Diretor do Meio Ambiente do Setor Elétrico 1991/1993
(ELETROBRÁS, 1990).
Segundo Barbosa (2001), começava, desse modo, a ser montado o suporte
institucional da estrutura estatal, responsável pela orientação e gestão da questão ambiental no
âmbito das políticas de geração, distribuição e transmissão de energia que, em setembro de
1987, passou a contar com um suporte jurídico nos termos dos preceitos legais para o
licenciamento ambiental dos empreendimentos do setor - a Resolução CONAMA Nº 006/87
(além de definir exigências para a concessão de licença, compatibilizou as etapas especificas
da realização de projetos elétricos com as etapas do licenciamento).
Continuando com Barbosa (2001), a estrutura organizacional do Setor Elétrico
Brasileiro, nesse momento, pode ser observada nos seguintes termos:
1) Ministério de Minas e Energia - MME - com a responsabilidade de delinear a política de
energia elétrica no País; aqui se destacam as Secretarias Executivas e de Energia;
2) DNAEE - Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica, hoje transformado na
Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel - com as atribuições de concessão, supervisão,
fiscalização, controle, normalização e orientação (poder concendente);
3) Sistema Eletrobrás:
3.1) ELETROBRÁS Centrais Elétricas Brasileiras S.A. - com as atribuições de coordenação,
orientação, financiamento, pesquisa e participação acionária.
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
68
3.2) Empresas Concessionárias supridoras, supridoras e distribuidoras e só distribuidoras, que
atuavam em consonância com as diretrizes federais da política de energia elétrica.
No âmbito do Sistema ELETROBRÁS destacavam-se ainda as seguintes instâncias:
1) CONSISE - Conselho Superior do Sistema Eletrobrás - constituído pelas empresas
controladas pela Eletrobrás e o Centro de Pesquisa de Energia Elétrica – CEPEL - e
internamente dividido em 4 comitês: CIPEM - Comitê de Integração de Planejamento,
Engenharia e Meio Ambiente; COESE - Comitê de Operação e Comercialização de Energia
das Empresas do Sistema Eletrobrás; CIASE - Comitê de Integração da Administração do
Sistema Eletrobrás; e CICOF - Comitê de Integração Corporativa e Financeira do Sistema
Eletrobrás.
2) GCPS - Grupo Coordenador do Planejamento dos Sistemas Elétricos - formado pelo
Comitê Diretor; Secretaria Executiva - dividida em 3 comitês técnicos: CTEM, Comitê para
Estudos de Mercado; CTEE, Comitê para Estudos Elétricos e CTST, Comitê para Estudos dos
Sistemas de Transmissão; Comissões: Comissão do Programa de Investimentos na
Distribuição, Comissão de Planejamento da Transmissão da Amazônia e Comissão
Permanente para Planejamento da Expansão dos Sistemas Elétricos Isolados na Região Norte
- e Grupos de Trabalho constituídos segundo a demanda dos Comitês.
3) GCOI - Grupo Coordenador para Operação Interligada que tem em sua estrutura: Conselho
Deliberativo, Comitê Executivo, 5 Subcomitês - SCEL, de Estudos Elétricos; SCEN, de
Estudos Elétricos; SCO, de Operação; SMA, de Manutenção e SCC, de Comunicações - e a
Secretaria de Supervisão e Coordenação.
4) COGE - Comitê de Gestão Empresarial - fórum constituído por Conselho Deliberativo,
Secretaria Executiva, Subcomitês, Conselho Executivo e Grupos de Trabalho e que possui um
órgão de assessoria (GRIDIS) para assuntos de Engenharia, Segurança e Medicina do
Trabalho.
5) COMASE - Comitê Coordenador das Atividades de Meio Ambiente do Setor Elétrico -
formado por Conselho Diretor, Secretaria Executiva, Câmara Técnica e Grupos de Trabalho.
6) CCMA - Comitê Consultivo de Meio Ambiente da Eletrobrás - órgão de aconselhamento
da Diretoria Executiva da Eletrobrás e do COMASE.
7) PROCEL - Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica - que desenvolve ações
que objetivam o uso racional da energia elétrica.
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
69
Além da estrutura organizacional do Setor Elétrico, os tipos de estudos que orientaram
o planejamento institucional e as diferentes etapas de seus projetos, especialmente os projetos
hidrelétricos eram:
1) Tipos de estudos:
1.1) Curto Prazo - que correspondiam aos estudos previstos para um período de 10 anos, nos
quais eram detalhados os planos de obras dos primeiros cinco anos e definidos os orçamentos
plurianuais de investimentos e as fontes de recursos a serem utilizadas;
1.2) Médio Prazo - que cobriam um período de cerca de 15 anos e definiam os planos de
expansão das empresas regionais e estaduais;
1.3) Longo Prazo - que abrangiam um período de até 30 anos e estavam centrados nas
principais questões estratégicas associadas ao suprimento de energia elétrica.
2) Etapas de Projeto:
2.1) Estudos de Inventário - voltados para a análise das alternativas locacionais de um
empreendimento em uma mesma bacia hidrográfica. No âmbito das mudanças
experimentadas no planejamento, face à introdução das questões ambientais, tem-se que,
nesse momento, começa a se definir o custo real do empreendimento (econômico e
ambiental):
2.2) Estudos de Viabilidade – nessa etapa, estudam-se as alternativas identificadas na etapa
anterior como as que apresentam melhores condições técnicas e financeiras:
2.3) Projeto Básico – que detalhava o anteprojeto da etapa anterior, de modo a elaborar as
especificações de construção e de equipamentos, bem como os planos e programas
necessários para as etapas posteriores:
2.4) Projeto Executivo / Construção - nessa etapa, eram implementados os planos e programas
previstos.
2.5) Operação - que correspondia à fase de monitoramento dos planos e programas
executados durante a operação do empreendimento.
Continuando com Barbosa (2001), é importante destacar que o licenciamento dos
empreendimentos do Setor Elétrico foi objeto de detalhamento especifico no âmbito do
CONAMA (Resolução 006/1987), o que resultou no estabelecimento de correspondência
entre as diferentes etapas do desenvolvimento dos projetos elétricos e as etapas do processo
de licenciamento ambiental. Esse detalhamento foi resultado do trabalho conjunto das
empresas do Setor, dos órgãos licenciadores e do DNAEE. Desse modo, a partir da etapa de
viabilidade, foram definidas três licenças: Licença Previa (LP), para possibilitar o inicio da
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
70
etapa do projeto básico; Licença de Instalação (LI), como condição para o inicio das obras; e
Licença de Operação (LO), que corresponde ao enchimento do reservatório, no caso das
hidrelétricas, e à operação comercial.
De acordo com Barbosa (2001), a observação do conjunto de mudanças ocorridas no
Setor Elétrico no sentido de introduzir a questão ambiental como uma das variáveis a serem
contempladas no processo de tomada de decisão e planejamento de seus empreendimentos,
deve, necessariamente, considerar as repercussões do processo de organização de alguns
setores da sociedade civil, tais como o movimento de organização das comunidades rurais que
questionavam os procedimentos adotados pelo Setor Elétrico, quando do reassentamento da
população para a implantação da Usina Hidrelétrica de Itaipu (1978); a consolidação da
Comissão de Atingidos por Barragens – CAB (1979), organizada para acompanhar a intenção
da ELETROSUL de construir cerca de 22 usinas hidrelétricas no rio Uruguai; e o acentuado
processo de democratização da sociedade brasileira, marcado, principalmente, pela
emergência e consolidação de inúmeros movimentos sociais.
ELETROBRÁS (1990), nesse contexto, o Setor Elétrico para a atender as novas
demandas destacou-se os seguintes marcos:
1) A elaboração do Manual de Estudos de Efeitos Ambientais dos Sistemas Elétricos –
MEEASE – julho 1986. Este manual tinha como objetivo oferecer diretrizes gerais para o
estudo dos aspectos ambientais dos sistemas elétricos nas etapas de planejamento e operação.
Segundo informações obtidas ao longo das entrevistas realizadas, na prática, este manual
orientou as concessionárias do Setor Elétrico, principalmente quando da elaboração dos
Estudos de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental - EIA/RIMA (sendo uma
das etapas do licenciamento ambiental e tornado obrigatória pela Resolução CONAMA Nº
001/86);
2) I Plano Diretor para Conservação e Recuperação do Meio Ambiente nas Obras e Serviços
do Setor Elétrico – I PDMA – novembro/1986. Este plano pode ser considerado como a
primeira tentativa do Setor Elétrico de sistematizar as diretrizes a serem adotadas para o
tratamento da questão ambiental. Um ano após a sua elaboração, este plano foi revisado
(dezembro de 1987) e complementado com indicações para a implantação e operação de um
sistema de planejamento e gestão ambiental para a expansão do Setor Elétrico em longo
prazo. Esse documento definiu como fundamental a introdução da questão ambiental como
referencia básica para o planejamento do Setor Elétrico e sugeriu alguns temas prioritários:
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
71
reassentamento de população; comunidades indígenas; manutenção da informação e da
participação comunitária; preservação e manejo da fauna e flora das áreas afetadas por
empreendimentos do Setor Elétrico; metodologia integrada de identificação de impactos e
seus desdobramentos; inserção regional; procedimentos e diretrizes para as usinas
termelétricas; usos múltiplos dos reservatórios; e qualidade da água dos reservatórios das
hidrelétricas. Logo após a elaboração do I PDMA, foi constituído (dezembro de 1986) o
Comitê Consultivo do Meio Ambiente – CCMA -, um grupo de pessoas de diferentes áreas do
conhecimento, indicadas pelo Presidente da ELETROBRÁS. O CCMA foi a primeira
iniciativa do Setor Elétrico realizada pela ELETROBRÁS, de incorporar às discussões sobre o
processo de tomada de decisão e planejamento do Setor, especialistas que não faziam parte de
seu quadro técnico. A primeira tarefa deste grupo consistiu na análise do I PDMA. Dentre os
resultados daí advindos, destacam-se algumas crticas – a prioridade dada às hidrelétricas e a
ausência de estudos de viabilidade de outras modalidades de geração de energia; a perspectiva
de exploração da Região Amazônica para a produção da energia elétrica a ser usada em outras
regiões do País – e a sugestão de adoção pelo Setor Elétrico de mecanismos institucionais
capazes de tornar público o processo de tomada de decisão, garantindo, desse modo, sua
maior transparência;
3) Criação, em 1987, na ELETROBRÁS, do Departamento do Planejamento de Meio
Ambiente - DPA, estimulando, a partir do ano seguinte, a criação, nas concessionárias, de
áreas destinadas ao meio ambiente. Em 1989, o quadro de técnicos do Setor Elétrico
(Eletrobrás e empresas concessionárias) alocados na área de meio ambiente era de 1.400
profissionais. Um dos principais desdobramentos deste fato pode ser observado na
constituição, em abril de 1988, do Comitê Coordenador das Atividades do Meio Ambiente –
COMASE -, que tinha como objetivo constituir um Fórum de discussão para a formulação e
coordenação da política ambiental do Setor. O COMASE era composto por representantes da
Eletrobrás, das concessionárias, do DNAEE, da Nuclear Engenharia (NUCLEN), e sua
estrutura era composta de Conselho Diretor, Secretaria Executiva e quatro Comitês técnicos
(Institucional, de Hidrelétricas, de Termelétricas e de Sistemas de Transmissão) e de diversos
grupos de trabalho;
4) Elaboração, no início da década de 90, do II Plano Diretor de Meio Ambiente – II PDMA
que deu continuidade às propostas presentes no I PDMA, se constituindo no principal
documento do setor elétrico brasileiro no trato com questão ambiental. Teve, como principais
objetivos, a definição de diretrizes e o estabelecimento de princípios para a política de
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
72
tratamento das questões ambientais pelo Setor Elétrico, no âmbito do planejamento, e das
diferentes etapas de implantação e operação dos empreendimentos. Esse plano foi elaborado
tendo como base três princípios: a viabilidade sócioambiental, que induz os estudos
ambientais nas fases de inventário e viabilidade dos empreendimentos; a inserção regional
que requer um equilíbrio entre os objetivos nacionais ou setoriais e da região, ou de interesse
local; e um amplo processo de decisão, que implica na participação de outras instituições e da
sociedade. Dentre os princípios no II PDMA para a Política Ambiental do Setor Elétrico,
destacam-se a inserção regional e a participação da sociedade. Esses princípios refletem uma
mudança de paradigma no trato com as populações diretamente afetadas pelos
empreendimentos hidrelétricos.
Além disso, o II PDMA apontava para a necessidade de uma articulação institucional
que viabilizasse o relacionamento contínuo com a sociedade e para o financiamento de
programas sócioambientais que, simultaneamente, atendessem à legislação ambiental e
objetivassem a redução de impactos (Eletrobrás, 1990). Apesar das mudanças institucionais
ocorridas nos últimos anos no setor elétrico, os fundamentos e diretrizes estabelecidas para o
tratamento das questões ambientais permanecem até os dias de hoje (Soares, 2005).
A influência do II PDMA no processo de planejamento de longo prazo do setor
elétrico pode ser percebida quando se compara a modalidade de concepção do Plano 2010,
elaborado em 1988, e a do Plano de 2015, elaborado em 1994. Enquanto no primeiro havia
uma perspectiva centralizadora, típica do governo militar autoritário, e oriunda pela
predominância dos critérios econômico-financeiros e da engenharia, no segundo, as questões
sócioambientais foram introduzidas como as principais referências orientadoras do
planejamento, que foi elaborado numa estreita interação com diferentes setores da sociedade,
cuja atuação ou interesse tangenciava o planejamento do setor elétrico (Barbosa, 2001).
Segundo Soares (2005), as transformações de ordem política, social, legal e
institucional ocorridas no país nas últimas três décadas, dentre as quais se destaca a
promulgação da nova Carta Constitucional, levaram o setor elétrico a realizar avanços
significativos no trato das questões sócioambientais de seus empreendimentos.
Apesar das atividades do COMASE ainda terem continuado na primeira metade da
década de 1990, com o desenvolvimento de alguns estudos temáticos, as iniciativas do setor
elétrico, no sentido de definir uma política ambiental, passaram a ocorrer de forma pontual e
não sistemática. Para Barbosa (2001), uma provável justificativa para o arrefecimento da
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
73
questão ambiental seria o início da discussão em torno da reestruturação do setor elétrico,
iniciada na década de 1990. A partir daí, iniciou-se o processo de privatização de algumas
empresas do setor elétrico, expressando o significativo afastamento do Estado das atividades
econômicas (Soares, 2005).
Com a mudança do modelo do setor elétrico, foi criado em 1999, o Comitê
Coordenador de expansão do Setor Elétrico – CCPE tendo, na sua estrutura, o Comitê
Técnico para Estudos Sócio-Ambientais – CTSA, que trata da questão ambiental nos
empreendimentos setoriais (Soares, 2005).
Em 2003, foi criado o Comitê de Meio Ambiente do Grupo EELETROBRÁS –
COMAGE como fórum de discussão das questões ambientais do grupo. Atualmente, o
COMAGE vem atuando em quatro grupos de trabalho: Política Ambiental, Licenciamento,
Clima e Custos Ambientais (Soares, 2005).
Como órgão integrante da nova estrutura do setor elétrico, foi criada, em março de
2004, a Empresa de Pesquisa Energética – EPE com a finalidade de prestar serviços na área
de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do setor energético, tais como,
energia elétrica, petróleo e gás natural e seus derivados, carvão mineral, fontes energéticas
renováveis e eficiência energética, dentre outras. Dentre as atribuições da EPE estão: obter a
licença prévia ambiental dos empreendimentos do setor elétrico e desenvolver estudos de
impacto social, viabilidade técnico-econômica e sócioambiental (Soares, 2005)
3.4 – A GESTÃO AMBIENTAL E RESERVATÓRIOS
De acordo com Prado (2002), o Brasil é um país cujo potencial hídrico é favorável à
implementação de reservatórios. Desta forma, tem-se procurado suprir as necessidades de
abastecimento de água, irrigação, fornecimento de energia elétrica, entre outras, por meio
dessa alternativa. O consumo de energia tem aumentado de forma acelerada nas últimas
décadas podendo-se afirmar que 95% da energia elétrica consumida no País provém de
hidroelétricas.
Reservatório é uma construção formada pelo barramento artificial de um vale ou pela
formação artificial de lagos (Cruz e Fabrizy, 1995).
Independente do tamanho do reservatório, da finalidade da água nele acumulada ou do
volume livre para atenuação de enchentes, sua principal função é a de regulador da vazão ou
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
74
dos níveis dos cursos de água, para o atendimento das variações da demanda dos usuários,
compatibilizando-as com a aleatoriedade natural da oferta de água (Silva, 2002).
Um reservatório impõe significativas mudanças na escala temporal e espacial dos
fenômenos que ocorrem em curso d´água, o que altera, sensivelmente, não só os processos
físicos, químicos e biológicos dos ecossistemas de uma região, como, também, as condições
os usuários e beneficiários dessa água (Silva, 2002).
Há diversos interesses de natureza socioeconômica que podem determinar a
implementação de reservatórios: irrigação, geração de energia hidrelétrica, abastecimento
humano, lazer, navegação, paisagismo, pesca, proteção contra enchentes, regularização de
vazões para diversas atividades econômicas, valorização de terras, geração de empregos,
surgimento de novas atividades econômicas, etc (Silva, 2002).
Desse conjunto de efeitos e interesses, surgem problemas de gestão dessses
empreendimentos, tais como: apropriação privada dos investimentos públicos, uso setorial da
água, sustentabilidade econômica deficiente (normalmente, com exceção para o setor
elétrico), controle ineficiente ou inexistente dos usos das águas, conflito entre usuários,
descontinuidade dos programas de governo, falhas no processo de reassentamento e no
ressarcimento de prejuízos a terceiros, processo de concentração de renda, entre outros (Silva,
2002).
Conforme Silva (2002), no Brasil, há uma série de reservatórios que passam por
diversos problemas de ordem técnica, administrativa, política, ambiental, e, principalmente,
financeira no que se refere a sua implantação, operação e manutenção. Destacam-se:
problemas de ordem ambiental decorrente da própria implantação ou da operação
ineficiente dos reservatórios, bem como do dimensionamento inadequado de suas
estruturas;
problemas pela falta de adoção de recursos financeiros para contratação de técnicos e
fiscais, operação e manutenção dos equipamentos e das estruturas hidráulicas e para
controle dos usos;
conflitos com outros usuários da água e com outros reservatórios localizados em trecho de
jusante;
problemas com indenizações de terras e reassentamento de famílias, entre outros.
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
75
Esses percalços terminam por prejudicar o desenvolvimento das regiões em que os
reservatórios são implantados, não justificando, muitas vezes, os investimentos públicos ou
privados realizados.
A implantação de um reservatório é um evento transformador significativo, em que
primeira instância, possui o poder de atrair novos investimentos, de alterar o regime do
manancial, atenuando cheias e estiagens, além de provocar, amiúde, impactos sociais e
ambientais.
Trata-se, portanto, de uma obra cuja abordagem multi-setorial para a sua concepção,
planejamento, e principalmente, operação e manutenção torna-se cada vez mais necessária,
em virtude do seu amplo espectro de influência social, política, econômica e ambiental.
Conforme Prado (2002), os reservatórios são sistemas aquáticos modificados,
extremamente complexos e dinâmicos pelo fato de o ciclo natural de funcionamento do rio
sendo acoplado ao ciclo controlado pelas necessidades ditadas pelo uso da água. Dessa forma,
ocorrem impactos ambientais tanto durante a construção dos reservatórios quanto após o
início da operação, devido à modificação do uso do solo e em seu entorno. Esses impactos
não só alteram o funcionamento natural do sistema como geram conflitos relativos ao uso da
água.
Segundo Kelman (1999), desde a década de 1950, os grandes rios do Brasil,
praticamente “pertenceram” ao setor elétrico, o qual decidia sozinho onde, quando e como
construir as grandes barragens e como operar os reservatórios. O setor elétrico sempre
realizava uma análise de viabilidade econômica e social de um projeto específico, sem levar
em conta as eventuais externalidades causadas a outros setores usuários da água e ao meio
ambiente.
Tendo sido concebidos com um fim único, os reservatórios hidrelétricos constituem
um exemplo de centralização do controle dos recursos hídricos. O conjunto de reservatórios
do setor elétrico do Brasil foi planejado e construído quase que exclusivamente para
manutenção de volumes e vazões mínima para geração de energia (Silva, 2002).
O domínio do setor elétrico sobre a gestão de recursos hídricos teve amparo legal dado
pelo Código das Águas, instituído pelo Decreto nº 24. 643, de 10 de julho de 1934, cuja
ênfase foi dada a promoção do desenvolvimento econômico do País, calcada na geração
hidrelétrica (Silva, 2002).
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
76
O Código de Águas teve entre suas finalidade permitir ao Poder Público controlar e
incentivar os aproveitamentos industriais das águas, possibilitando também a adoção de
medidas que facilitassem e garantissem o aproveitamento racional da energia hidráulica
(Caput do Decreto nº 24. 643, de 1934). Essa atitude desconsiderou o potencial de conflito
pelo uso da água causado pelas ações unilaterais, os problemas de desconforto hídrico e os
problemas de poluição das águas. Há todo um contexto reinante na época que contribuiu para
essas decisões, mas a verdade é que os reflexos negativos já estão sendo percebidos há alguns
anos (Silva, 2002).
Da forma com se apresenta os reservatórios da CHESF no rio São Francisco, como
palco de vários conflitos discutidos no País: irrigação, urbanização, saneamento básico,
efluentes industriais, eutrofização, etc. versus geração de energia elétrica.
A qualidade da água sofre alterações como conseqüência direta do represamento ou do
uso que se faz da água represada. O impacto sobre o meio ambiente nos aspectos físicos,
químicos e biológicos, no reservatório e a jusante do barramento, depende, principalmente, do
modo como o reservatório é operado em relação à freqüência e a quantidade da água liberada
(Medeiros et al., 1999).
Quando ocorrem diferentes finalidades concorrendo pelo uso da água em um
reservatório, sempre haverá possibilidade de se estabelecerem restrições de uso, o que limita o
máximo aproveitamento possível para cada uma das finalidades isoladamente. A
compatibilização de todo sistema surge quando são estabelecidas curvas de compromisso
entre os diversos usuários interessados, cada qual abdicando de parte de seus benefícios
(Silva, 2002).
Segundo Prado (2002), a interferência antrópica provoca a aceleração de processo
natural como a eutrofização, a erosão, o assoreamento, dentre outros. Estes, por sua vez, são
fatores determinantes do processo de deterioração da qualidade da água e da disponibilidade
de água, tornando-se fonte de conflitos relacionados aos usos múltiplos dos reservatórios.
Para atender aos usuários de um reservatório sem conflitos e manter ou recuperar as
condições da água em níveis aceitáveis ambientalmente, é preciso esforço conjunto. Isso
implica gestão participativa, com objetivo comum de efetuar manejo integrado do
reservatório. O manejo integrado dos recursos hídricos permite amenizar os problemas
negativos provindos da degradação da água e atender às expectativas dos usuários, dentro do
contexto de sustentabilidade.
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
77
Os usos múltiplos de reservatórios, segundo Cruz e Fabrizy (1995), são planos de
aproveitamento de recursos hídricos projetados e operados para atender dois ou mais
propósitos. Que segundo Boas (2007), trata-se de uma alternativa para o melhor
aproveitamento dos recursos hídricos.
A maior parte dos usos de represas é diretamente influenciada pelo nível de
desenvolvimento econômico e social e pelas possibilidades tecnológicas do país. Geralmente,
dependem também dos usos tradicionais do sistema na bacia hidrográfica (Tundisi, 1987).
Na escolha dos usos a serem adotados em reservatórios, deve-se examinar o caráter
quantitativo e qualitativo de cada um, tendo, deste modo, um indicativo da tendência de como
vai ser solicitado o volume disponível de água no reservatório (Oliveira, et al, 1999).
É importante ressaltar que qualquer plano racional de uso de reservatório e de seu
entorno implicará, essencialmente, na conceituação da multiplicidade de usos da água. Para
tanto, são necessárias ações eficazes de manejo ambiental de todos os fatores que possam
influenciar tanto na qualidade do recurso como condicionar suas disponibilidade aos
diferentes usuários. Não obstante, é preciso tentar solucionar eventuais conflitos decorrentes
dos diferentes interesses da apropriação e usos dos recursos hídricos (Link e Rosa, 2000).
Quaisquer outros usos requeridos ou desejados de um reservatório e do sistema hídrico
regional a ele associado deverão atender aos requisitos do uso prioritário do reservatório. No
caso de aproveitamento hidroelétrico ou outros usos precisam condicionar-se aos níveis
operacionais e às vazões demandadas para produção de energia ou para suprimento de água,
no caso de um aproveitamento para abastecimento público ou para irrigação (Link e Rosa,
2000).
Torna-se necessário ainda que os usos do reservatório se adequem a condições de
segurança do empreendimento. Isto implica segundo Link e Rosa (2000), em restrições de
acesso a determinados locais, como proximidades de tomadas de água, canais de
aproximação, vertedouros, canais de restituição, aberturas de escadas de peixes, dentre outros,
bem como aos aspectos legais relativos à proteção ciliar do lago.
De forma concomitante a esse conjunto de medidas, o conceito de aproveitamento do
reservatório abrange a exploração econômica racional de parte do conjunto representado pelo
lago e seu entorno, com implantação de unidades de conservação, áreas de reflorestamento,
projetos de piscicultura, ou outras atividades. São estimuladas, por conseguinte, parcerias com
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
78
investidores interessados em usos também conservacionistas de recursos naturais, porém com
retorno econômico e financeiro (Link e Rosa, 2000).
Alguns benefícios sócio-econômicos gerados a partir do uso múltiplo de reservatórios
podem ser expressos quantitativamente pelas receitas líquidas anuais obtidas pelos usos
implementados e pelos empregos diretos e indiretos, que poderão ser gerados a partir dos
projetos implantados (Oliveira, et al, 1999). Outros exemplos de benefícios tangíveis e
intangíveis podem ser destacados: melhoria da alimentação, micro clima, dentre outros (Boas
2007).
Na visão de Mendes (2006), a gestão ambiental é o processo de articulação das ações
dos diferentes agentes sociais que interagem em um dado espaço com vistas a garantir a
adequação dos meios de exploração dos recursos ambientais-naturais, econômicos e sócio-
culturais – as especificidades do meio ambiente, com base em princípios e diretrizes
previamente acordados ou definidos. Isto torna a Gestão Ambiental uma atividade política
voltada à formulação de princípios e diretrizes, à estruturação de sistemas gerenciais e à
tomada de decisões que têm por objetivo final promover, de forma coordenada, o inventário,
uso, controle, proteção e conservação do ambiente visando atingir o objetivo estratégico do
desenvolvimento sustentável. Segundo o autor fazem parte da gestão ambiental:
a política ambiental: trata-se do conjunto consistente de princípios doutrinários que
conforma as aspirações sociais e/ou governamentais no que concerne à regulamentação ou
modificação no uso, controle, proteção e conservação do ambiente;
planejamento ambiental: estudo prospectivo que visa a adequação do uso, controle e
proteção do ambiente as aspirações sociais e/ou governamentais expressas formal ou
informalmente em uma Política Ambiental, através da coordenação, compatibilização,
articulação e implementação de projetos de intervenções estruturais e não-estruturais. De
forma mais resumida, o Planejamento Ambiental visa à promoção da harmonização da
oferta e do uso dos recursos ambientais-naturais no espaço e no tempo;
gerenciamento ambiental: conjunto de ações destinadas a regular na prática operacional o
uso, controle proteção e conservação ambiental, e a avaliar a conformidade da situação
corrente com os princípios doutrinários estabelecidos pela Política Ambiental. Estas ações
de caráter prático e operativo devem ter origem e coordenação na esfera governamental,
devendo, porém prever e dar espaço a participação dos usuários do ambiente e do público
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
79
em geral. As ações de caráter governamentais são refletidas e orientadas por leis, decretos,
normas e regulamentos vigentes. Como resultado destas ações ficará estabelecido o
modelo de gerenciamento ambiental;
modelo de gerenciamento ambiental: referencial teórico que orienta os procedimentos, os
papéis e as participações dos diversos agentes sociais envolvidos no Gerenciamento
Ambiental;
sistema de gerenciamento ambiental: conjunto de organismos, agências e instalações
governamentais e privadas, estabelecidas com o objetivo de executar a Política Ambiental
através do Método de Gerenciamento Ambiental adotado e tendo por instrumento o
Planejamento Ambiental.
Para Souza (2000), a gestão ambiental pode ser entendida, como o conjunto de
procedimentos que visam à conciliação entre desenvolvimento e qualidade ambiental. Essa
conciliação acontece a partir da observância da capacidade de suporte do meio ambiente e das
necessidades identificadas pela sociedade civil ou pelo governo (situação mais comum) ou
ainda por ambos (situação mais desejável). A gestão ambiental encontra na legislação, na
política ambiental e em seus instrumentos e na participação da sociedade suas ferramentas de
ação. Essa abordagem sistêmica do meio ambiente, por meio da gestão ambiental, propicia a
criação de canais de comunicação nos quais os fatores ambientais são identificados,
analisados e ponderados, observando-se todas as áreas do conhecimento e permitindo, assim,
a compreensão global dos problemas e a aplicação de soluções ambientalmente mais
adequadas.
Segundo Moraes (1994), o termo “gestão ambiental” qualifica a ação institucional do
poder público no sentido de implementar a política de meio ambiente. Assim, a gestão
ambiental deve ser entendida como uma ação pública, empreendida por um conjunto de
agentes na estrutura do aparelho do Estado, que tem por objetivo precípuo aplicar a política
ambiental do país.
Ainda para Moraes (1994), a gestão ambiental passa pela exigência de um modelo
institucional descentralizado, pelo motivo de ser ineficaz o gerenciamento do espaço sem
sólidas interfaces entre a sociedade civil e os governos locais. Nesse contexto, o autor frisa
que a utilização de fóruns institucionais de interlocução – canais de discussão política – é uma
iniciativa básica para o bom êxito de qualquer proposta de gestão ambiental (Souza, 2000).
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
80
Segundo Lanna (1995), gestão ambiental é o “processo de articulação das ações dos
diferentes agentes sociais que interagem em um dado espaço, visando garantir, com base em
princípios e diretrizes previamente acordados/definidos, a adequação dos meios de exploração
dos recursos ambiental-naturais, econômicos e sócio-culturais às especificidades do meio
ambiente”.
A gestão pode ser pública ou privada. Na primeira, a responsabilidade recai no próprio
estado como gestor do meio ambiente, que adota instrumentos e mecanismos para gerenciais a
questão ambiental. A segunda está relacionada como gerenciamento da questão pelas
empresas, sejam elas públicas ou privadas, e se baseiam em princípios e diretrizes definida
pela própria organização (Malheiros, 1996).
De acordo com Alvarenga e Souza (1997), enquanto o conjunto de práticas que busca
definir diretrizes para o uso e ocupação de determinado espaço, só pode ser interpretado com
o ambiental se tiver explicitado o compromisso da proteção ambiental conjugada à promoção
do desenvolvimento.
O planejamento elaborado em consonância com o desenvolvimento sustentável deve
considerar um sistema de gestão ambiental, com vistas à conservação do meio ambiente,
entendida como a compatibilização e a otimização dos múltiplos usos do meio ambiente, de
forma harmônica com as vocações naturais dos ecossistemas (Leal, 1998).
A sutentabilidade, na visão de Sachs (1993), considera as seguintes dimensões:
a econômica: defende o gerenciamento e uma alocação mais eficiente dos recursos. Neste
sentido, prevê a superação de algumas dificuldades externas, entre elas as relações
adversas de troca do sul para o norte, as barreiras protecionistas dos países industrializados
e as limitações de acesso à ciência e à tecnologia;
a social: pressupõe um processo de desenvolvimento sustentado por outro paradigma de
crescimento e outra visão de sociedade, tendo como meta uma distribuição eqüitativa de
bens, de maneira a diminuir a defasagem entre o padrão de vida das pessoas;
a ecológica: inclui o respeito à capacidade de suporte e regeneração dos ecossistemas, a
redução dos processos poluentes e a procura por tecnologias mais eficientes que
possibilitem menos desperdício de recursos;
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
81
a espacial: busca uma distribuição territorial mais balanceada entre populações rurais e
urbanas e a descentralização das áreas industriais ou agrícolas;
a cultural: indica uma preocupação em evitar a desestruturação cultural da comunidade,
além de estimular padrões de consumo e comportamentos que venham ao encontro do
novo paradigma do desenvolvimento; e;
a política como muito importante, pois, através dela, as populações devem ser envolvidas
na elaboração e execução dos planos de gerenciamento ambiental com umas participações
democráticas, promovidas por meio das organizações sócio políticas e institucionais.
Adicionalmente, é necessária uma integração maior entre os diversos setores
intervenientes e as instituições que atuam na área ambiental, interagindo com as das áreas
de planejamento e econômica.
Para Vieira (1995), no desenvolvimento sustentável, há necessidade de se
compatibilizar, simultaneamente, a viabilidade econômica, equidade social e autonomia
política, assegurando o direito à cidadania plena, que só pode ser obtido pela participação
democrática em processos decisórios. Considera tamm que a participação da população se
constitui num pressuposto fundamental para o fortalecimento da gestão dos recursos naturais,
defendendo que ela deveria começar pela identificação de problemas e necessidade. Na
análise de Soares (2005), o autor entende que o grande desafio é buscar o envolvimento
popular de forma contínua e não pautado numa participação em eventos pontuais.
Cunha e Coelho (2003) também comungam da mesma opinião quando afirmam que,
“na formulação e execução das políticas ambientais tem-se enfatizado a ampliação dos
mecanismos de participação dos diversos atores sociais envolvidos com a gestão dos recursos
naturais”. Segundo Soares (2005) as décadas de 80 e 90 foram marcadas por uma crescente
participação da sociedade civil nos processo de tomada de decisão de políticas e
implementação de programas e projetos na área ambiental.
Segundo Lanna (2000) para a gestão ambiental das águas é necessária à adoção da
bacia hidrográfica com unidade geográfica de planejamento e intervenção, ao contrário de se
utilizarem unidades de caráter politico-administrativo como o Estado ou o Município. A
vantagem de sua utilização “é que a rede de drenagem de uma bacia consiste num dos
caminhos preferências de boa parte das relações causa-efeito, particularmente aquelas que
envolvem o meio hídrico” (Lanna, 1995). Uma das desvantagens de tal utilização é que nem
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
82
sempre os limites municipais e estaduais respeitam os divisores da bacia hidrográfica e
algumas relações de causa-efeito podem ter caráter econômico e político. Adicionalmente, a
depender da bacia hidrográfica, poderá ocorrer da unidade de intervenção se tornar muito
grande, recomendando-se, nesses casos, que se trabalhe com sub-bacias hidrográficas (Lanna,
1995).
Segundo Mendes (2006), uma gestão ambiental eficiente deve ser constituída por uma
Política Ambiental, que estabelece as diretrizes gerais, por um Modelo de Gerenciamento
Ambiental que orienta as ações gerenciais, e por um Sistema de Gerenciamento Ambiental,
que articula instituições e aplica os instrumentos legais e metodológicos para o preparo e
execução do Planejamento Ambiental.
Desta forma, a gestão ambiental dos reservatórios pode ser definida como um conjunto
de medidas e ações destinadas a: preservar os recursos naturais, essenciais para a manutenção
da atividade de geração de energia elétrica; atender as exigências legais estabelecidas nas
diversas etapas do licenciamento ambiental, com vistas à sustentabilidade do negócio; manter
as condições ambientais em níveis sociais aceitáveis (TRACTBEL, 2002).
Para Mendes (2006), alguns recursos ambientais, como água, solo, flora, fauna, etc.,
têm caráter multifuncional, ou seja, presta-se a atender demandas de múltiplas funções
sociais, econômicas e ambientais. Estas funções podem ser classificadas em:
função produção: quando os recursos naturais-ambientais são usados como bens de
consumo final ou intermediário; por exemplo, minérios, água para consumo humano,
irrigação;
função suporte: quando os recursos naturais-ambientais criam condições para a vida e as
atividades produtivas; por exemplo, a água, ar e o solo como habitat natural, o solo na
atividade agrícola e a água como meio de transporte;
função informação: quando os recursos naturais-ambientais servem de indicadores sobre
“estados ambientais”.
Manejar um sistema aquático de forma integrada é tarefa complexa, pois significa
utilizá-lo de maneira apropriada para que se possa obter o melhor proveito a curto prazo,
preservando-o ao longo do tempo. Para isso, é indispensável conhecer a capacidade de suporte
do sistema, ou seja, saber quanto o ambiente aquático tolera ou estimula alterações nos
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
83
processo físico, químico e biológico, sem perda de qualidade da água. (Calijuti & Oliveira,
2000).
Para Sachs (1997), a gestão ambiental racional é fundamental para prevenir o
esgotamento dos recursos naturais, entendendo-se essa racionalidade como a adoção de um
sistema que integre os diversos setores e propicie a atuação das comunidades regionais. Em
síntese de planejamento descentralizado, sistêmico e participativo.
Nesse sentido, é preciso estabelecer um objetivo comum, com base em principio de
ação coletiva que reflita a visão e as opiniões dos diversos grupos de interesse envolvidos no
processo de tomada de decisões (sociedade civil, científica, organizações governamentais e
não-governamentais, empreendedores, entre outros), garantindo, dessa forma, os usos
múltiplo a que o reservatório está destinado e justificando os recursos financeiros e naturais
despendidos no empreendimento. No entanto, essa não é uma tarefa simples, pois, conforme
os objetivos de determinados grupos de interesses se alteram, torna-se extremamente
complicado definir um princípio de ação unificada e satisfatória a todos os membros da
sociedade (Prado, 2002).
Nakami (1995) destaca que o uso adequado de recursos naturais em uma bacia
hidrográfica, a partir do ponto de vista sócio-econômico, pode ser concebido a partir da
conscientização dos diversos grupos sociais. Para tanto, isso requer a institucionalização de
mecanismos de consulta social que coordene as diferentes visões na tomada de decisão
pública. Em adição, um instrumento interessante e complementar seria a educação ambiental,
que visa conscientizar todos os níveis da comunidade no sentido de preservação dos recursos
naturais ou na busca de alternativas para mitigação dos problemas relacionados à exploração
destes.
3.5 – ASPECTOS LEGAIS E INSTITUCIONAIS
O homem é considerado, desde Aristóteles, como animal político (zoon politikon). O
homem só se “torna” realmente homem dentro da sociedade. Fora dela é uma abstração. Por
impulso natural, o homem acorreu sempre à sociedade. Sua natureza social o impele
inelutavelmetne a viver em comum com seus semelhantes. Por conseqüência, perde parte de
sua liberdade, sendo necessário que os caprichos de uns encontrem barreira que proteja os
legítimos interesses de outros......... Desde que o homem passe a conviver com seu
semelhante, nascem regras de direito que são regras de convivência social......... A sociedade é
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
84
o meio em surge os fenômenos jurídicos, que possibilita a eclosão do direito. O direito existe
porque o homem é um animal social e moral. É um atributo exclusivo da espécie humana
(Paupério, 1981).
A segurança ambiental do planeta é hoje fundamental para garantir a sobrevivência da
espécie humana e, portanto, a sobrevivência da sociedade, e sua segurança – uma das
finalidades do direito. Assim, só o desenvolvimento sustentável poderá tornar realidade os
direitos fundamentais do homem (Castro, 1992).
Afonso da Silva (1994) ensina que o problema da tutela jurídica do meio ambiente se
manifesta a partir do momento em que sua degradação passa a ameaçar, não só o bem-estar,
mas a qualidade de vida humana, se não a própria sobrevivência do ser humano. O
agravamento da questão ambiental despertou a consciência ambientalista ou a consciência
ecológica por toda parte. Castro (1992) ressalta que a questão ambiental erigiu-se em
categoria universal e definitiva na antivéspera do terceiro milênio, com a premissa de que o
homem é parte integrante e insuprimível da natureza e que sua vida depende do solo, das
águas e do ar que a todos cercam: é o novo humanismo ecológico.
Malheiros (1996), desse cenário proveio à necessidade da proteção jurídica do meio
ambiente. Os valores da convivência harmônica do homem com a natureza começaram a ser
transfundido em normas pelos legisladores. Em todos os países foi surgindo uma legislação
ambiental, com leis que combatiam todas as formas de pertubação da qualidade do meio
ambiente e do equilíbrio ecológico, ensejando o aparecimento de uma nova disciplina jurídica
– o Direito Ambiental.
Para Carvalho (1991) o Direito Ambiental nasce com uma dupla função: estabelecer a
predominância do interesse coletivo sobre o indivíduo, e, simultaneamente, ser a afirmação de
um novo conceito entre o Homem e a Natureza.
Segundo Malheiros (1996), o Direito Ambiental caracteriza-se por sua
multidisciplinariedade, interdisciplinariedade e transdisciplinariedade com as outras áreas do
conhecimento, outras ciências, bem como com os diversos ramos do Direito. É importante
ressaltar que o enfoque multi, inter e transdisciplinar é característica importante para as
ciências engajadas nas estratégias de transição para o desenvolviemto sustentável.
A legislação ambiental é de fundamental importância no estudo do Direito Ambiental,
ao lado da doutrina emanada pelos juristas dedicados à matéria e da jurisprudência
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
85
proveniente das decisões do Judiciário nas ações ambientais. A consciência ambientalista ou
ecológica propiciou o surgimento e o desenvolviemtno da legislação ambiental em todos os
países. A evolução dessa legislação foi acelerada após a Conferência de Estocolmo que tece
como um de seus frutos importantes e inovadores, a intensificação da elaboração das
legislações nacionais e internacionais sobre o meio ambiente, além, da proliferação dos
órgãos de controle ambiental nos países, para proceder a sua aplicação nos respectivos
territórios (Malheiros, 1996).
Nesse sentido pode-se citar a CF - 1988 que dedicou um Capítulo ao meio ambiente,
além dos diversos dispositivos sobre a matéria que permeiam todo o texto constitucional. O
Capítulo VI está inserido no Título VIII que trata da Ordem Social, sendo composto
unicamente pelo artigo 225. Este Artigo contém os pressupostos para os fundamentos do
próprio Estado Brasileiro, no que concerne à dignidade da pessoa a humana e à cidadania,
bem como para os objetivos do Estado quanto à construção de uma sociedade livre, justa e
solidária, a garantia do desenvolvimento nacional e, a erradicação da pobreza e da
marginalização, e redução das desigualdades sociais e regionais. (artigo 1º e 3º da CF -
1988), o meio ambiente ecologicamente equilibrado e a sadia qualidade de vida são
pressupostos necessários ao exercício do primeiro e absoluto direito que é o direito a vida,
bem como ao exercício de outros direitos fundamentais, sociais e coletivos. A CF - 1988
estabeleceu ainda que a defesa do meio ambiente é fundamento para a Ordem Econômica,
Política Urbana, Política Agrícola e Fundiária (Artigos 170, 182, 184, e 186) (Franco, 1991).
3.5.1 - Política Nacional de Meio Ambiente - PNMA
Com advento da revolução de 1930, teve início o período da industrialização no
Brasil, com a criação de pólos industriais que requereram a implantação de grandes projetos
de infra-estrutura. Aliado a isso, o crescimento demográfico nos grandes centros urbanos e o
aumento na exploração dos recursos minerais e agropecuários levaram a um processo de
degradação ambiental. Surgiram então os primeiro mecanismos legais de regulação dos usos
dos recursos naturais (água, caça e pesca, florestas e minas) e uma legislação sanitária e de
saúde pública (qualidade do ar, da água e uso do solo) (Soares, 2005).
É importante destacar que as normas ambientais que precederam ao surgimento do
Direito Ambiental, a preocupação maior residia na proteção dos recursos naturais,
fundamentada numa visão econômica, na deles do interesse estatal e no dano ao bem público.
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
86
O que se objetivava proteger não era o meio ambiente como um todo, mas sim a saúde
pública, a propriedade e determinados recursos naturais (Soares, 2005).
Para Benjamin (2001), a proteção do meio ambiente se dava sob a tutela do ser
humano, significando que se protegia o meio ambiente porque isso representava, em última
instância, assegurar a existência dos próprios indivíduos ou daquilo que lhes era muito caro,
no sentido estético, turísitico, paisagístico, ou mesmo econômico.
Havia, na época, uma visão distorcida da natureza, onde os bens ambientais deveriam
ser usados e conservados para servir o ser humano e fomentar o desenvolvimento econômico,
e não pelo seu valor intrínsico, enquanto recurso natural. Essa visão era conhecida como
antropogênca e individualista, de dominação do homem sobre a natureza, havendo assim uma
separação da sociedade com a natureza (Guimarães, 2003).
Para Soares (2005), nesse período surgiram alguns instrumentos legais que se
destacam com maior relevo no cenário jurídico, sendo também de interesse do setor elétrico:
Código de Águas – criado pelo Decreto nº 24.643/34 que estabelece os princípios do
aproveitamento e utilização das águas de domínio público ou particular, criando direitos e
obrigações aos usuários;
Código Florestal – criado pelo Decreto nº 23.793/34 que estabelece como de preservação
permanente as florestas e demais formas de vegetação situadas no entorno dos cursos de
água e ao redor dos reservatórios;
Proteção à Fauna – criada pela Lei nº 5.197/67 que estabelece e regulamenta a proteção de
animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem
naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos,
abrigos e criadouros naturais são propriedades do Estado, sendo proibida a sua utilização,
perseguição, destruição, caça ou apanha. E estabelecem em seu Artigo 27 penalidades para
os crimes praticados;
Código de Pesca – criado pelo Decreto-Lei nº 221/67 que dispôs sobre a proteção e
estímulo à pesca.
Somente na Conferência de Estocolmo em 1972, começou a haver o entendimento e a
preocupação no sentido de reconhecer que há uma interdependência entre os principais
recursos naturais e o meio ambiente. A utilização de uma legislação com uma simples
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
87
dimensão setorial a tutela para a água, ar, ruído e solo, revelou-se insuficiente, passando a
exigir uma visão global da questão ambiental, numa ação conjunta de todos os fatores
degradantes do patrimônio ambiental (Silva, J., 2002).
É nesse contexto que surge o Direito Ambiental, tendo como um de seus objetivos
protegerem a biodiversidade (fauna, flora e ecossistema) sob uma nova dimensão, a natureza
com titular de valor jurídico ela própria, independente de sua utilidade econômico-sanitária
para o homem (Benjamin, 2001).
A primeira legislação ambiental a considerar o meio ambiente de forma integrada foi a
Lei nº 6.938/81 (Brasil, 2003). Ela estabeleceu a Política Nacional de Meio ambiente –
PNMA dispõe sobre a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à
vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos
interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana; constituiu o
Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, composto pelos órgãos e entidades da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as
fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade
ambiental; e estabeleceu instrumentos da PNMA, entre outros: avaliação de impactos
ambientais; o licenciamento ambiental e a revisão de atividades, efetiva ou potencialmente
poluidoras ou capazes de causar degradação ambiental; o zoneamento; e a criação de reservas
e estações ecológicas, áreas de proteção ambiental e as de relevante interesse ecológico, pelo
Poder Público Federal, Estadual e Municipal.
Essa lei veio a ser regulamentada quase dez anos depois, pelo Decreto nº 99.274/90
(Brasil, 2003) que, em seu Artigo 3º, alterou a estrutura do SISNAMA para a seguinte
composição:
I - Órgão Superior: o Conselho do Governo;
II – Órgão Consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente -
CONAMA,
III - Órgão Central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência – SEMAM/PR;
IV – Órgão Executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis - IBAMA
V – Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades integrantes da Administração Pública
Federal, direta ou indireta, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público,
cujas entidades estejam associadas às de proteção da qualidade ambiental ou àquelas
de disciplinamento do uso de recursos ambientais, bem assim os órgãos e entidade
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
88
estaduais responsáveis pela execução de programas e projetos e pelo controle e
fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental;
VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais responsáveis pelo controle e
fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições.
Até o advento da Lei nº 6.938/81 não se tinha uma definição legal ou regular de meio
ambiente, tendo sido conceituado por esse instrumento legal, em seu Artigo nº 3º, Inciso I,
como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as formas”. Este conceito de meio
ambiente mereceu críticas, pois seu conteúdo não estava voltado para um aspecto essencial do
problema, que é o aspecto humano. A adequação desse conceito veio a ocorrer com a
Constituição Federal que modificou inteiramente a compreensão que se deve ter do assunto,
pois inseriu, de forma incisiva, o conteúdo humano e social no conceito (Antunes, 2002).
Destaca-se que a PNMA introduziu a responsabilidade criminal das ações que
provocam degradação ao meio ambiente, regulamentada pela Lei nº 7.347/85. Ficaram assim
estabelecidos os mecanismos da Ação Civil Pública de responsabilidade por danos causados
ao meio ambiente. Tal fato veio inaugurar a participação pública no processo de tomada de
decisão no que diz respeito às diretrizes e políticas ambientais do país, ampliando, a partir da
década seguinte, o papel do Ministério Público como instância defensora dos interesses da
sociedade, impondo ao poluidor a obrigação de recuperar e/ou indenizar prejuízos causados
(Barbosa, 2001).
Na década de 1980, merecem atenção especial do setor elétrico as seguintes
Resoluções do CONAMA:
Resolução nº 004/85 que define critérios, normas e procedimentos gerais para a
caracterização e o estabelecimento de reservas ecológicas. Revogada pela Lei 9.985/2000
(18/07/200, DOU 19/07/2000) e Resolução nº 303/2002 (20/03/2002, DOU 13/05/2002);
Resolução nº 001/86 que determina os critérios básicos e define diretrizes gerais para uso
e implementação da avaliação de impacto ambiental;
Resolução nº 020/86 que dispõe sobre a classificação das águas doces, salobras e salinas
do território nacional. Revogada pela Resolução nº 357/2005 de 17/032005, DOU
18/03/2005;
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
89
Resolução nº 006/87 que especifica o licenciamento ambiental para exploração, geração e
distribuição de energia elétrica;
Resolução nº 009/87 que regulamenta a audiência pública, permitindo a participação da
comunidade na discussão sobre os aspectos positivos e negativos do projeto para concluir
sobre sua conveniência ou não;
Resolução nº 010/87 que estabelece como pré-requisito ao licenciamento de
empreendimentos de grande porte, a aplicação de, no mínimo, 0,5% dos custos totais do
empreendimento na implantação e manutenção de estação ecológica. Revogada pela
Resolução nº 02/96 de 18/04/96, DOU 25/04/96.
Um grande impulso à questão ambiental no Brasil veio a ser dado com a promulgação
da Constituição Federal de 1988 (Brasil, 2003) que se constitui em lei fundamental, com a
missão de traçar os conteúdos e os limites da ordem jurídica do país.
Soares (2005) indica que, as Constituições que precederam a de 1988 nada traziam
especificamente sobre a proteção do meio ambiente. Por muito, prevaleceu à visão privatiza
do direito de propriedade que constituía forte barreira à atuação do Poder Público na proteção
do meio ambiente. Milaré (2001) afirma que: “Do confronto entre as várias Constituições
Brasileiras, é possível extrair alguns traços comuns, entre eles que o legislador constitucional
jamais se preocupou em proteger o meio ambiente de forma global e especifica, mas sim dele
cuidou de maneira diluída e mesmo casual, referindo-se separadamente a alguns de seus
elementos integrantes (florestas, caça, pesca), ou então disciplinando matérias com ele
indiretamente relacionadas (mortalidade infantil, saúde, propriedade)”.
A Constituição Federal de 1988 (Brasil, 2003) reflete uma sintonia entre o legislador
constituinte e as questões ambientais no contexto mundial, na medida em que sua elaboração
foi influenciada por dois documentos internacionais de grande relevância, oriundos de
momentos históricos diversos: a Declaração de Estocolmo, também conhecida como
Declaração do Meio Ambiente, adotada pela Convenção das Nações Unidas, em 1972, e o
“Relatório Nosso Futuro Comum” ou “Relatório Brundtland”, produto dos trabalhos da
Comissão Brundtland, de 1987, ambos citados nas seções anteriores.
Assimilando os conteúdos desses dois documentos, o legislador constituinte situou o
meio ambiente, dentro da Constituição, em dois Títulos de fundamental importância: o Título
VII, referente à ordem Econômica e Financeira e o Título VIII, referente à Ordem Social; o
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
90
primeiro inspirado pelo “Relatório Nosso Futuro Comum” e o segundo, pela Declaração do
Meio Ambiente (Soares, 2005).
O meio ambiente encontra sua base normativa no Capítulo VI do Título VIII,
consubstanciada nos parágrafos e incisos do Artigo 225, muito embora a temática ambiental
também seja mencionada em outros artigos da carta magna. O Artigo 225 se apresenta da
seguinte maneira: “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (Soares,
2005).
Soares (2005) faz a seguinte síntese, pode-se dizer que a Constituição Federal deu o
seguinte entendimento às questões ambientais:
reconheceu com direito fundamental de todas as presentes e futuras gerações, o direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado;
atribuiu ao Poder Público e à coletividade o dever de defender e preservar o meio
ambiente;
reconheceu o meio ambiente como bem difuso; e
atribuiu a titularidade do bem jurídico meio ambiente as presentes e as futuras gerações.
Com o advento da Constituição Federal de 1988, a propriedade passou a ter uso
condicionado ao bem estar social e a ter assim uma função social e ambiental, conforme
consta dos seus Artigos 5º, XXII, 170º, III e 186º, II. Para o Direito Ambiental, o uso da
propriedade só pode ser concebido se respeitada sua função sócioambiental, tornando-se
assim mais um dos seus princípios orientadores. Quando se diz que a propriedade privada tem
uma função social, na verdade está se afirmando que, ao proprietário se impõe o dever de
exercer o seu direito de propriedade, não unicamente em seu próprio e exclusivo interesse,
mas em benefício da coletividade. É preciso o cumprimento da função social que legitima o
exercício do direito de propriedade pelo titular, conforme preceitua a regra constitucional
(Moraes, 2001; Silva, J.; 2002).
No plano jurídico, a admissão do princípio da função social (e ambiental) da
propriedade tem como conseqüência básica fazer com que a propriedade seja efetivamente
exercida para beneficiar a coletividade e o meio ambiente, não bastando apenas que não seja
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
91
exercida em prejuízo de terceiros ou da qualidade ambiental. Em outras palavras, sempre
deverá haver benefício, nunca uma passividade (Soares, 2005).
Com a promulgação da Constituição Federal, houve uma produção legislativa intensa
a respeito da proteção ao meio ambiente.
3.5.2 – Política Nacional dos Recursos Hídricos - PNRH
A Constituição do Império de 25/03/1824, não tratou especificamente dos recursos
hídricos. Mas de acordo com o direito vigente à época, na propriedade do solo está implícita a
do subsolo, ou seja, as águas subterrâneas (Pompeu, 2001). Portanto, se nas terras privadas
existissem mananciais de água subterrânea, estes pertenciam aos proprietários do solo. Neste
sentido, o Artigo 179, da citada Constituição assegurava “o direito de propriedade em toda
sua plenitude”. Não obstante, também era previsto constitucionalmente o direito de
desapropriação do patrimônio privado, mediante prévia indenização, quando o poder público
julgasse necessária sua utilização. Desta forma, os mananciais hídricos existentes nas
propriedades privadas poderiam ser desapropriados pelo poder público, quando este julgasse
necessário. A citada constituição não faz referência às águas superficiais (Pompeu, 2001).
A Constituição Republicana de 24/02/1981, não disciplinou o domínio hídrico, ou
seja, a quem pertencia à propriedade dos rios. Mas, definiu as competências para legislar
sobre a navegação dos mesmos. Ao Congresso Nacional, foi delegada a competência para
legislar sobre “a navegação dos rios que banhassem mais de um Estado ou se estendessem a
territórios estrangeiros”, conforme dispõe o artigo 34, § 6º. À União e aos Estados institui-se a
competência para legislar sobre a navegação interior, ao teor do artigo 13 (Henkes, 2002).
Segundo Henkes (2002), a Constituição Republicana de 16/07/1934, ao contrário das
constituições anteriores, disciplinou o domínio dos recursos hídricos, concedendo-os à União
e aos Estados. De acordo com o Artigo 20, II pertenciam à União: “os lagos e quaisquer
correntes em terrenos de seu domínio, ou que banhassem mais de um Estado, servissem de
limite com outros países ou estendessem a território estrangeiro, assim com as ilhas fluviais e
lacustres nas zonas fronteiriças”. Aos Estados pertenciam “as margens dos rios e lagos
navegáveis, destinadas ao uso público, se por algum título não fossem de domínio federal,
municipal ou particular” de acordo com o Artigo 21, II. A União foi delegada a competência
para legislar sobre águas, energia elétrica pesca regime de portos e navegação de cabotagem
entre outros, conforme estatui o Artigo 5°, XIX.
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
92
Esta constituição alterou as regras vigentes sobre a propriedade das riquezas do
subsolo, estabelecendo que a partir de então, estas constituiriam propriedade distinta do solo
para efeitos de exploração ou aproveitamento industrial. Instituiu também a necessidade de
autorização ou concessão federal, para a exploração e aproveitamento industrial das águas e
energia hidráulica, ao teor do Artigo 119 (Pompeu, 2001).
Acrescenta Henkes (2002) que, esta Constituição foi à precursora na elaboração de
políticas públicas voltadas para o setor hídrico, instituindo no seu Artigo 5°, XV, como
competência privativa da União “organizar a defesa permanente contra os efeitos da seca nos
Estados do Norte”. Neste sentido, o Artigo 177, declarava a necessidade de um plano
sistemático e permanente para a defesa contra os efeitos da seca. Para a execução deste mister,
definiu-se que a União disponibilizaria quantia nunca inferior a 4% de sua receita tributária
sem aplicação especial, às obras e serviços de assistência.
O Código de Águas foi objeto de Decreto, em 10/07/1934. Posteriormente, em
11/11/1938, houve sua adaptação às normas da Constituição de 1937 (Pompeu, 2001).
O Código de Águas é o marco legal do gerenciamento dos recursos hídricos no Brasil,
considerando-se que as constituições anteriores normatizaram sobre outros aspectos, tais
como: domínio, propriedade e competências legislativas. O Código estabeleceu uma política
hídrica bastante moderna e complexa para a época, abrangendo vários aspectos, tais como:
aplicação de penalidades, propriedade, domínio, aproveitamento das águas, navegação, regras
sob águas nocivas, força hidráulica e seu aproveitamento, concessões e autorizações,
fiscalização, relações com o solo e sua propriedade, desapropriação, derivações e
desobstrução (Granzieira, 2001).
Embora, previstas medidas de conservação, proteção e recuperação das águas estas
não foram implementadas, ao contrário da política energética (Munõz, 2000). A primazia do
aproveitamento dos recursos hídricos para geração de energia elétrica deu-se pelo fato de que
na época o país buscava seu crescimento econômico, deixando de ser um país essencialmente
agrícola para se tornar um país industrializado (Granzieira, 2001).
Afirma Henkes (2002) que, muitos dos instrumentos de proteção, conservação e
recuperação das águas previstas pelo Código de Águas e não implementados, foram adotados
décadas mais tarde, por outras legislações brasileiras. É o caso da responsabilidade penal,
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
93
civil e administrativa, quando aplicada de forma conjunta e independentemente ao mesmo
crime, princípios do poluidor-pagador e usuário-pagador.
A Constituição Republicana de 10/11/1937 repetiu no tocante ao domínio hídrico, as
disposições da constituição anterior. A inovação ocorrida foi à delegação aos Estados da
competência para legislar sobre águas, energia elétrica, pesca, entre outros e nos caos de
lacuna da lei federal ou ainda para atender as peculiaridades locais (Henkes, 2002).
A Constituição Republicana de 18/09/1946 foi considerada a constituição mais
moderna e liberal que o país teve (Granzieira, 2001). No setor hídrico ela efetuou mudanças
significativas a começar pela alteração do domínio hídrico. Os corpos de água que até então
pertenciam aos Municípios, Estados e à União passaram ao domínio da União (Artigo 34) e
dos Estados (Artigo 35).
Esta Constituição estabeleceu como obrigação do Governo Federal executar um plano
de aproveitamento total das possibilidades econômicas do rio São Francisco e seus afluentes.
A execução dar-se-ia pelo período de 20 anos. Verifica-se novamente, na esfera constitucional
a instituição de uma política pública voltada para o setor hídrico, desta vez, em nível de bacia
hidrográfica (Henkes, 2002).
O Código Florestal foi instituído pela Lei nº 4.771, de 15/09/1965 e alterado
posteriormente por sucessivas leis ordinárias e medidas provisórias. Este Código, em seu
Artigo 2º, qualificou como de preservação permanente as matas ciliares, sendo estas: as
florestas e demais formas de vegetações naturais, situadas ao longo dos rios ou de qualquer
curso de água a partir do seu nível mais alto, em faixa marginal, com larguras variáveis,
dependendo da largura do rio (Henkes, 2002).
A instituição das matas ciliares como Áreas de Preservação Permanente – APP foi um
importante instrumento adotado para a conservação, preservação e recuperação dos recursos
hídricos, posto que estas atuem com escoadouros, filtros, prevenindo-se a erosão do solo e o
assoreamento dos corpos de água (Henkes, 2002).
A Constituição Republicana de 24/01/1967 não alterou o domínio hídrico pertencente
à União e aos estados. Mas, ao tratar da defesa contra os efeitos nocivos da água avançou,
instituindo como competência da União “organizar a defesa permanente contra as
calamidades públicas, especialmente a seca e as inundações” além de “estabelecer e executar
planos regionais de desenvolvimento”. Não havendo previsão legal de alocação de recursos
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
94
financeiros para esta finalidade. Em 17/10/1969, esta Constituição foi emendada, por meio da
Emenda n° 1 que seguiu as diretrizes da Carta emendada.
A Política Nacional de Saneamento, instituída por meio da Lei n° 5.318, de
26/09/1967, normatizou o saneamento básico, especialmente sobre o sistema de esgoto e de
drenagem de águas pluviais, o controle das modificações artificiais das massas de água e o
controle das inundações e da erosão. Deste modo, sua edição contribuiu de modo formal para
a gestão qualitativa dos recursos hídricos (Henkes, 2002).
O ponto central da legislação ambiental e da Política Nacional de Recursos Hídricos –
PNRH é o Código de Águas de 1934 (Brasil, 2003), que, durante muitos anos, foi o único
instrumento jurídico sobre o tema no país. Alguns dos conceitos nele estabelecidos estão entre
os mais atuais para o gerenciamento dos recursos hídricos. A ênfase dada na sua
regulamentação foi o aproveitamento dos potenciais hidráulicos que, na época, representava
fator condicionante para o progresso industrial e crescimento econômico do Brasil.
A Constituição Republicana de 24/02/1981, não disciplinou o domínio hídrico, ou
seja, a quem pertencia à propriedade dos rios. Mas, definiu as competências para legislar
sobre a navegação dos mesmos. Ao Congresso Nacional, foi delegada a competência para
legislar sobre “a navegação dos rios que banhassem mais de um Estado ou se estendessem a
territórios estrangeiros”, conforme dispõe o Artigo 34, §6º. À União e aos Estados instituísse
a competência para legislar sobre a navegação interior, ao teor do Artigo 13.
A Constituição Republicana de 24/02/1981, não disciplinou o domínio hídrico, ou
seja, a quem pertencia à propriedade dos rios. Mas, definiu as competências para legislar
sobre a navegação dos mesmos. Ao Congresso Nacional, foi delegada a competência para
legislar sobre “a navegação dos rios que banhassem mais de um Estado ou se estendessem a
territórios estrangeiros”, conforme dispõe o Artigo 34, §6º. À União e aos Estados instituísse
a competência para legislar sobre a navegação interior, ao teor do Artigo 13.
A Constituição Federal de 1988 modificou o texto de Águas (Brasil, 2003). Uma das
alterações foi à extinção do domínio privado das águas, previsto naquele antigo instrumento
legal, que passaram a ser de domínio público, seja da União, seja dos estados. Os rios ou lagos
que banham mais de um estado, que servem de limite com outros países, se estendem ao
território estrangeiro ou dele provêm, são de domínio da União. Estabelece também, no seu
Artigo 21, inciso XIX, que compete à União “instituir o sistema nacional de recursos hídricos
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
95
e definir critérios de outorga de direitos de seu uso”. Essa determinação constitucional veio a
ser atendida pela promulgação da Lei Federal 9.433/97 (Brasil, 2003) que institui a Política
Nacional de Recursos Hídricos – PNRH e criou o Sistema de Gerenciamento dos Recursos
Hídricos – SNGRH.
A Lei nº 9.433/97 (Brasil, 2003), referenciada também com a Lei das Águas,
constituiu-se num marco importante para a construção de um estilo de desenvolvimento
sustentável no Brasil. Entre os seus fundamentos, definidos no Artigo 1º. Sobre os quais se
baseia a PNRH e o respectivo SNGRH, e que se constituem em princípios que devem nortear
as atividades dos diferentes usuários dos recursos hídricos, destacam-se: a água é um bem de
domínio público, limitado, dotado de valor econômico, cuja gestão deverá sempre
proporcionar seu uso múltiplo; estabelece também que a bacia hidrográfica é a unidade
territorial para implantação da Política Nacional de Recursos Hídricos - PNRH e atuação do
Sistema Nacional de Recursos Hídricos - SNRH, devendo a gestão ser descentralizada e
contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.
Indica Soares (2005) que, por meio dessa lei, estabeleceu-se um arcabouço
institucional baseado em novos tipos de organização para a gestão compartilhada,
descentralizada e participativa do uso da água, reconhecida como bem público, finito,
vulnerável e de valor econômico, com destaque para:
o Conselho Nacional de Recursos Hídricos - CNRH – órgão mais elevado na hierarquia do
SNRH em termos administrativos, ao qual cabe decidir sobre as grandes questões
relacionadas aos recursos hídricos;
os Comitês de Bacias Hidrográficas - CBH - organização inteiramente nova na realidade
institucional brasileira, contando com a participação dos usuários, das Prefeituras, da
sociedade civil organizada, dos níveis estadual e federal do governo, destinados a atuar
como “parlamento das águas”, uma vez que são os fóruns de decisão no âmbito de cada
bacia hidrográfica;
as Agências de Água – AA – mais uma inovação trazida pela lei, para atuarem como
secretarias executivas de seu(s) correspondente(s) comitê(s) e destinadas a gerir os
recursos oriundos da cobrança pelo uso da água, exercitando a administração do sistema.
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
96
Um aspecto importante dessa legislação, explicado em seu Artigo 3º e que consta nas
diretrizes gerais de ação para implementar a PNRH, é a integração da gestão de recursos
hídricos com a gestão ambiental e com a gestão do uso do solo na bacia (Soares, 2005)
Como instrumentos da PNRH, estabelecidos no Artigo 5º, destacam-se: o
enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos predominantes da água; os
Planos de Recursos Hídricos, a serem estabelecidos em nível de bacias, estados e país; a
outorga dos direitos de uso e a cobrança pelo uso dos recursos hídricos (Soares, 2005).
O enquadramento dos corpos de água em classes visa assegurar às águas qualidade
compatível com os usos mais exigentes a que forem destinados e a diminuir os custos de
combate à poluição das águas, mediante ações preventivas (Brasil, 2003).
Para implementação da PNRH e coordenação do SNGRH foi criada, pela Lei nº
9.984/00 (Brasil, 2003), a Agência Nacional de Águas - ANA, que, conforme estabelecido
em seu Artigo 4º tem, entre outras, as seguintes atribuições: supervisionar, controlar e avaliar
as ações e atividades decorrentes do cumprimento da legislação federal pertinente aos
recursos hídricos; outorgar o direito de uso e fiscalizar os usos de recursos hídricos nos corpos
de água de domínio da União; estimular e apoiar as iniciativas voltadas para a criação de
Comitês de Bacia Hidrográfica; arrecadar, distribuir e aplicar receitas auferidas por
intermédio da cobrança pelo uso dos recursos hídricos de domínio da União e definir e
fiscalizar as condições de operação dos reservatórios por agentes públicos e privados, visando
a garantir o uso múltiplo dos recursos hídricos, conforme estabelecido nos planos de recursos
hídricos das respectivas bacias hidrográficas.
Com relação à cobrança pelo uso dos recursos hídricos, o artigo 28 da Lei nº 9.984/00
(Brasil, 2003), veio alterar o valor da compensação financeira paga pelos concessionários aos
estados e municípios pela exploração de recursos hídricos em seus respectivos territórios, para
fins de geração de energia elétrica, conforme havia sido estabelecido pelas Leis nº 7.990/89 e
nº 8.001/90. Ao percentual de 6% sobre o valor da energia produzida foi acrescentado 0,75%
a ser pago pelo uso dos recursos hídricos. Após a promulgação da lei de criação da ANA, a
compensação financeira ficou assim distribuída:
6% do valor da energia produzida são distribuídos entre os estados, municípios e órgãos
da administração direta da União. Desse total, 45% vão para os estados e 45% para os
municípios em cujos territórios se localizarem instalações destinadas à produção de
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
97
energia elétrica, ou que tiveram áreas invadidas por águas dos respectivos reservatórios.
Os outros 10% são distribuídos entre o MMA (3%), o MME (3%) e o Fundo Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FNDCT (4%);
0,75% do valor da energia produzida é destinado ao MMA, para aplicação da PNRH e do
SNRH, a título de cobrança pelo uso da água.
Quanto ao destino dos recursos oriundos da compensação financeira Art. 8º da Lei nº
7.990/89 veda sua aplicação em pagamento de dívidas e no quadro permanente de pessoal
(CHESF, 2005a), não havendo nenhuma obrigatoriedade de aplicação específica.
Já os valores arrecadados pela cobrança do uso da água serão aplicados,
prioritariamente, na bacia hidrográfica em que forem gerados, para financiamento de estudos,
programas, projetos e obras incluídas nos Planos de Recursos Hídricos. Serão utilizados,
também, no pagamento de despesas de implantação e custeio administrativo dos órgãos e
entidades integrantes do SNGRH, limitando esta aplicação em até 7,5% do total arrecadado.
Conforme disposto em decreto, os recursos financeiros advindos deste pagamento pelo uso
dos recursos hídricos constituirão parte das receitas da ANA (Soares, 2005).
As Leis nº 9.433/97 e nº 9.984/00 organizam o setor de planejamento e gestão dos
recursos hídricos em âmbito nacional. Papel fundamental compete também aos estados por
meio da definição de suas políticas e implementação dos correspondentes sistemas de
gerenciamento dos recursos hídricos de seu domínio (Soares, 2005).
Na busca da sustenbilidade dos corpos de água, e na manutenção da qualidade dos
mesmos, encontra-se um forte aliado no instrumento legal, a Resolução CONAMA Nº 357, de
17 de março de 2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes
ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de
lançamento de efluentes, regulamentação e dá outras providências.
De acordo com a Resolução CONAMA Nº 357/2005, no seu CAPÍTULO II: Da
Classificação dos Corpos de Água, Art. 3º As águas doces, salobras e salinas do Território
Nacional são classificadas, segundo a qualidade requerida para os seus usos preponderantes,
em treze classes de qualidade. Parágrafo único - As águas de melhor qualidade podem ser
aproveitadas em uso menos exigente, desde que este não prejudique a qualidade da água,
atendidos outros requisitos pertinentes. Na SEÇÃO I: Das Águas Doces em seu Art. 4º: As
águas doces são classificadas em:
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
98
I - classe especial: águas destinadas:
o ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção;
o à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e,
o à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de
proteção integral.
II - classe 1: águas que podem ser destinadas:
o a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado;
o b) à proteção das comunidades aquáticas;
o c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e
mergulho, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000;
o d) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se
desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de
película; e
o e) à proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.
III - classe 2: águas que podem ser destinadas:
o a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;
o b) à proteção das comunidades aquáticas;
o c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e
mergulho, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000;
o d) à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de
esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto; e
o e) à aqüicultura e à atividade de pesca.
IV - classe 3: águas que podem ser destinadas:
o a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou
avançado;
o b) à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;
o c) à pesca amadora;
o d) à recreação de contato secundário; e
o e) a dessedentação de animais.
V - classe 4: águas que podem ser destinadas:
o a) à navegação; e
o b) à harmonia paisagística.
Essa resolução estabelece ainda que não poderá haver lançamentos de efluentes em
águas classificadas como, Classe Especial e dita alguns valores básicos dos indicadores de
qualidade de água a serem obedecidos pelos lançamentos de efluentes em corpos de água das
demais quatro classes para águas doces.
O controle do lançamento de efluentes deve ser feito de maneira que os corpos de água
mantenham-se dentro das condições estabelecidas pelas respectivas classes. Esse é um
instrumento de planejamento bastante interessante por permitir e estabelecer a qualidade que
cada corpo de água deverá manter, de forma a atender seus usos específicos.
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
99
3.5.3 – Outros Instrumentos Legais
O ordenamento do uso e ocupação do solo nas margens dos reservatórios e os usos
múltiplos das águas do lago devem estar em consonância com a legislação pertinente, muitas
vezes não considerada como legislação ambiental. Neste sentido se enquadram alguns
instrumentos legais que regem sobre os seguintes temas: navegação e pesca direito urbano,
reassentamento rural, patrimônio arqueológico, parcelamento do solo, produção agrícola,
saneamento, entre outros (Soares, 2005).
Com relação aos aspectos de competência do Direito Marítimo e do Ministério da
Marinha devem ser cumpridas as seguintes determinações: Decreto nº 87.648/82 que
regulamenta as atividades com fins desportivos e de esportes nos lagos artificiais das usinas
hidrelétricas; as Leis nº 1.988/88 e 9.774/98 que dispõem sobre o registro de propriedade
marítima e de embarcações; e Portarias do DPC nº 04/02 e nº 016/02 do Ministério da
Marinha que aprovam as normas da autoridade marítima, respectivamente, para operação de
embarcações empregadas na navegação interior e para amadores, embarcações de esporte e/ou
recreio e para cadastramento e funcionamento das marinas, clubes e entidades desportivas
(TRACTEBEL, 2003).
Segundo Soares (2005), dentre os aspectos legais relacionados com o parcelamento do
uso do solo são importantes os seguintes instrumentos legais:
o Estatuto da Terra – criado pela Lei Nº 4.504/64 e regulamentado pelo Decreto Nº
59.566/66 que dispõe, entre outros temas, sobre uso e parcelamento do solo rural,
fornecendo os critérios mínimos que deverão ser observados na regulamentação do uso e
ocupação do solo em áreas rurais;
Lei nº 6.766/79 que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano, sendo alterada pela Lei
nº 9.785/99;
Instrução Normativa do INCRA nº 17-b/80 que dispõe sobre formas de parcelamento do
solo nas áreas rurais sob a forma de sítios de recreio;
O Estatuto da Cidade – definido pela Lei nº 10.257/01 que disciplina o uso e ocupação do
solo urbano.
Continua Soares (2005), apresentando outros instrumentos legais de interesse do tema
da dissertação:
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica
100
Lei nº 3.924/61 que dispõe sobre a proteção aos monumentos arqueológicos e pré-
históricos;
Lei nº 5.318/67 que institui a Política Nacional de Saneamento e cria o Conselho Nacional
de Saneamento;
Lei nº 6.513/77 que dispõe sobre a criação de áreas especiais e locais de interesse turístico;
Lei nº 7.679/88 que dispõe sobre a proibição da pesca de espécies em período de
reprodução; e
Lei nº 8.171/97 que coloca, entre os objetivos da política agrícola, a proteção do meio
ambiente.
Capítulo 4 - Caracterização Física
101
4 – CARACTERIZAÇÃO FÍSICA
Este capítulo foi elaborado por meio de pesquisa bibliográfica, tendo como base os
Estudos Ambientais do Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso, e informações da internet e
está estruturado em quatro seções. A primeira seção apresenta um breve resumo sobre o Rio
São Francisco, a segunda, aborda a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco – CHESF,
empresa proprietária do Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso, a terceira, apresenta um
resumo histórico do Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso e, por fim, a quarta seção
contém a caracterização das Usinas Paulo Afonso I-II-III e o Reservatório Delmiro Gouveia.
4.1 – O RIO SÃO FRANCISCO
Segundo os historiadores, a Foz do Rio São Francisco foi encontrada pelos
navegadores europeus André Gonçalves e Américo Vespúcio no dia 4 de outubro de 1501.
Cumprindo uma tradição cristã, na época da descoberta do Brasil, o rio foi batizado com o
nome do santo do dia. O rio foi o caminho natural de acesso para ocupação dos 270Km entre
a Foz e a Cachoeira, que recebeu o nome do primeiro europeu que chegou até ela - Paulo
Afonso (CHESF, 2007).
Por outros caminhos, o homem europeu chegou a outros trechos do São Francisco:
quase cinqüenta anos após, em 29 de março de 1549, chegou ao Brasil à comitiva do primeiro
governador geral (Tomé de Souza) e, a partir desse ano, iniciou-se a penetração dos
desbravadores dos quais no Nordeste, o mais importante foi Garcia D'Ávila, fundador da Casa
de mesmo nome, e de cujo imóvel sede foi encontrado vestígios quando do início da
construção do aproveitamento hidrelétrico de Sobradinho, na década de 1970 (CHESF, 2007).
Garcia D'Ávila deslocou-se do litoral baiano até o Piauí, e, entre esses dois pontos
extremos, chegou ao médio São Francisco, passando a praticar nas suas margens a pecuária
extensiva (CHESF, 2007).
O gado trazido nas caravelas era instalado em currais nos quais eram deixados dez
novilhas, um touro e um casal de escravos. Foi assim que surgiram as primeiras vilas nas
margens do Rio São Francisco, e, daí, tamm se originou a denominação de Rio dos Currais,
hoje substituída pelo apelido carinhoso dos barranqueiros - O Velho Chico (CHESF, 2007).
Neste início de Século XXI, os 636.920Km² da bacia do Rio São Francisco abrigam
503 municípios e uma população de mais de treze milhões de brasileiros (CHESF, 2007).
Capítulo 4 - Caracterização Física
102
Rio da integração nacional, o São Francisco, descoberto em 1501, tem esse título por
ser o caminho de ligação das regiões Sudeste e Centro-Oeste com o Nordeste. Desde as suas
nascentes, na Serra da Canastra, em Minas Gerais, até sua foz, na divisa de Sergipe e Alagoas,
ele percorre 2.863Km. Ao longo desse percurso, abrangendo cincos estados brasileiros, o rio
se divide em quatro trechos: o Alto São Francisco, que vai de suas cabeceiras até Pirapora, em
Minas Gerais; o Médio, de Pirapora, onde começa o trecho navegável, até Remanso, na
Bahia; o Submédio, de Remanso até Paulo Afonso, tamm na Bahia; e o Baixo, de Paulo
Afonso até a foz, conforme apresentado na FIGURA 1.
FIGURA 1: Nova divisão fisiográfica da Bacia do Rio São Francisco
Fonte: Projeto ANA/GEF/PNUMA/OEA. e http://www.ana.gov.br/gefsf em 22/02/2007
O rio São Francisco recebe água de 168 afluentes, dos quais 99 são perenes. E 69 são
intermitentes. A produção de água de sua bacia concentra-se nos cerrados do Brasil Central e
Capítulo 4 - Caracterização Física
103
em Minas Gerais e a grande variação do porte dos seus afluentes é conseqüência das
diferenças climáticas entre as regiões drenadas.
A bacia do São Francisco é vasta e complexa, drena regiões de precipitações
pluviométricas superiores a 2000mm/ano nas suas cabeceiras, em Minas Gerais, até a zona
semi-árida/árida da Bahia e Pernambuco, com menos de 350mm/ano, aumentando, daí em
direção a foz onde os valores médios anuais são em torno de 1300mm/ano.
Embora o maior volume de água do rio seja ofertado pelos cerrados do Brasil Central
e pelo Estado de Minas Gerais, é a represa de Sobradinho que garante a regularidade de vazão
do São Francisco, mesmo durante a estação seca, de maio a outubro. Essa barragem, que é
considerada o pulmão do rio, foi planejada para garantir o fluxo de água regular e contínuo à
geração de energia elétrica em cascata das usinas operadas pela CHESF: Sobradinho, Luiz
Gonzaga (Itaparica), Apolônio Sales (Moxotó), Paulo Afonso I-II-III-IV e Xingó.
O Programa de Revitalização do São Francisco, cujas ações já se iniciaram, contempla
no curto prazo, a melhoria da navegação no rio, providência que permitirá a otimização do
transporte de grãos (soja e milho, essencialmente) e algodão do oeste da Bahia para o porto de
Juazeiro (BA) e daí, por ferrovia, para os principais portos nordestinos.
A bacia do rio São Francisco é extensa e complexa, abrangendo um número
significativo de unidades federadas que, pela organização político-administrativa do país,
compreende a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios, todos autônomos, o que
lhe confere um modelo que exige interação, integração e negociação para se criar sinergias em
sua gestão, capazes de contribuírem para um desenvolvimento sustentável do Brasil. O
QUADRO 1 mostra as unidades estaduais, suas áreas, população e número de municípios que
integram a Bacia (ANA/GEF/PNUMA/OEA, 2004).
QUADRO 1: Área, população e número de município, por unidade federada, na Bacia do Rio
São Francisco.
Capítulo 4 - Caracterização Física
104
Unidade Área População Municípios
Federada Km
2
% Habitantes % Nº. %
Minas Gerais 234.684 36,8 7.595.274 57,2 240 47,7
Goiás 3.041 0,5 107.858 0,8 3 0,6
Distrito
Federal
1.355 0,2 22.000 - 1 0,2
Bahia 305.866 48,0 2.663.527 20,1 114 22,7
Pernambuco 69.607 10,9 1.614.565 12,2 69 13,7
Alagoas 14.321 2,3 1.002.900 7,5 49 9,7
Sergipe 8.046 1,3 291.831 2,2 27 5,4
TOTAL 636.920 100 13.297.955 100 503 100
Fonte: IBGE-Censo 2000/ANA/GEF/PNUMA/OEA.
Nessa bacia, existem todos os tipos de usos hídricos possíveis, o que lhe confere uma
particularidade importante para o desenvolvimento de estudos; compatibilização e otimização
desses usos, destacando-se geração de energia, navegação, irrigação, pesca, turismo, lazer,
diluição efluentes, abastecimento doméstico e industrial, mineração, entre outros.
A nova divisão fisiográfica da bacia hidrográfica do rio São Francisco está baseada em
critérios geológicos, geomoforlógicos, hidrográficos e climáticos mantendo-se a existência de
quatro subdivisões (Alto, Médio, Submédio e Baixo), apresentada na FIGURA 1.
O Alto São Francisco – das nascentes à confluência do rio Jequitiaí-MG;
O Médio São Francisco – da confluência com o rio Jequitiá-MG à barragem de
Sobradinho-PE/BA;
O Submédio São Francisco – da barragem de Sobradinho a Belo Monte-AL;
O Baixo São Francisco – de Belo Monte à Foz-AL/SE.
Segundo o Relatório Final, ANA/GEF/PNUA/OEA (2004), a nova geografia da Bacia
do rio São Francisco foi publicada em novembro de 2002 por meio do Relatório Final da
Comissão do Senado Federal de Acompanhamento do Projeto de Revitalização do Rio São
Francisco, onde apresenta a seguinte recomendação em relação às regiões fisiográficas da
Bacia, intitulada nova geografia. Em virtude da progressiva diferenciação socioeconômica e
ambiental que vem ocorrendo ao longo do rio São Francisco, deflagrada principalmente a
partir da formação do lago de Sobradinho e da construção da barragem de Xingó, a Comissão
acredita estarem ultrapassados os limites atuais do Médio, do Submédio e do Baixo São
Francisco. Com base na observação, julga que seria muito proveitosa uma ampla discussão
pelos meios acadêmicos e administrativos com vistas a atualizar esses limites, considerando
principalmente:
Capítulo 4 - Caracterização Física
105
a) a nova realidade criada com a formação do lago de Sobradinho, com sua extensão de 300
Km, como uma nova e específica unidade ao longo do rio, que, por suas características e
dimensões, requer uma abordagem particular;
b) a integração do trecho Paulo Afonso – Xingó ao Submédio São Francisco, em face do
enchimento do canyon, dando uma nova configuração a essa área e pelo fato de a realidade do
Baixo São Francisco ter ficado bastante diferenciada após a construção da barragem de
Xingó.
Tendo em vista que a primeira subdivisão dos limites das grandes regiões fisiográficas
da Bacia foi apresentada em 1967 pelo United States Bureau of Reclamation – USBR, o
Projeto GEF São Francisco, com apoio da Universidade Federal de Alagoas – UFAL, realizou
uma análise das regiões fisiográficas apresentadas em 1967, estabeleceu as novas divisões das
regiões fisiográficas em consonância com a recomendação do Senado Federal.
Os QUADROS 2 e 3 apresentam uma síntese das principais características físicas e
socioeconômicas da bacia do Rio São Francisco por região fisiográfica, com destaque para a
região do Submédio, onde está inserida a área objeto de estudo dessa dissertação, em negrito.
Capítulo 4 - Caracterização Física
106
QUADRO 2: Características físicas da Bacia do Rio São Francisco por região fisiográfica.
Características
Total ou média
Alto Médio Submédio Baixo e zona
costeira
adjacente
Área, Km
2
,
636.920
99.387 401.559
115.987
19.987
Área, %,100 15,6% 63,15%
18,20%
3,1%
Comprimento do
trecho principal,
Km, 2.863.
1.003 1.152
568
140
Altitude, m 1.600 a 600 1.400 a 500
800 a 200
480 (nível do mar)
Declividade do rio
principal, m/Km
0,70 a 0,20 0,10
0,10 a 3,10
0,10
Clima
predominante
Tropical úmido e
temperado de altitude
Tropical semi-
árido e subúmido
seco
Semi-árido e
árido
Subúmido
Disponibilidade,
m
3
/hab./ano, 7.024
6.003 15.167
899
1.172
Precipitação média
anual, mm, 1.036.
2.000 a 1.100
(1.372)
1.400 a 600
(1.052)
800 a 350
(693)
350 a 1500
(957)
Temperatura
média, ºC, 18 a 27.
23 24
27
25
Insolação média
anual, horas.
2.400 2.600 a 3.300
2.800
2.800
Evapotranspiração
média anual, mm,
896.
1.000 1.300
1.550
1.500
Contribuição da
vazão, %, 100.
41,7 54,6
1,9
1,8
Vazão média
máxima, m
3
/s.
Pirapora, 1303 em
fevereiro.
Juazeiro, 4.393
em fevereiro.
Pão de Açúcar,
4660 em
fevereiro.
Foz, 4680 em março.
Vazão média
mensal mínima,
m
3
/s.
Pirapora, 637 em
agosto.
Juazeiro, 1419
em setembro.
Pão de Açúcar,
1507 em
setembro.
Foz, 1.536 em
setembro.
Sedimentos,
10
6
t/ano e área,
Km
2
, 9,8
(636.920).
Pirapora
8,3
(61.880 Km
2
)
Morpará
21,5
(344.800Km
2
)
Juazeiro
12,9
(510.800Km
2
)
Propiá
0,41
(620.170Km
2
)
Cobertura vegetal
predominante
Cerrados e fragmento
de floresta
Cerrado, caatinga
e pequenas matas
de serra.
Caatinga
Floresta estacional
semidecidual,
mangue e vegetação
litorânea.
Fonte: Projeto ANA/GEF/PNUMA/OEA. Relatório Final, março2004
Capítulo 4 - Caracterização Física
107
QUADRO 3: Características socioeconômicas da Bacia do Rio São Francisco por região
fisiográfica.
Características
Total ou média
Alto Médio Submédio Baixo e zona
costeira
adjacente
Estados Inclusos MG MG, Distrito
Federal, GO e
BA.
BA, PE, AL e
SE.
PE, AL e SE.
Nº. de municípios,
503 (*)
194 173
93
78
População, hab. E
%, 13.297.955
(100)
6.489.402
(48,8%)
3.364.383
(25,3%)
2.021.289
(15,2%)
1.422.881
(10,7%)
Urbanização (%) 93 57
54
51
Densidade
demográfica,
hab/Km
2
, 20,1.
62,9 8,0
16,8
68,7
Principais
barragens
hidrelétricas
(potencial de
produção de
energia, MV).
Três Marias (396)
Rio das Pedras (9,3)
Cajuru (7,2)
Queimados (10,5)
Paraúna (4,1)
Sobradinho
(1.050)
Panderos (4,2)
Correntina (9,0)
Rio das Fêmeas
(10,0)
Luiz Gonzaga
(Itaparica)
(1.500)
Apolônio Sales
(Moxotó) (440)
Paulo Afonso I,
II, III e IV
(3.986) e
Xingó (3.000)
Área irrigada
342.712 (100%)
44.091
(12,9)
170.760
(49,8)
93.180
(27,2)
34.681
(10,1)
Principais
atividades
econômicas
Indústria, mineração,
pecuária,
geração de energia.
Agricultura,
pecuária,
indústria,
aqüicultura,
geração de
energia.
Agricultura,
pecuária,
agroindústria,
geração de
energia.
Agricultura,
pecuária, pesca e
aqüicultura.
IDH 0,549 a 0,802 0,343 a 0, 724
0,438 a 0,664
0,364 a 0,534
(*): Esse total soma 538 municípios em vez de 503, pois alguns estão computados duas vezes por
estarem em duas regiões fisiográficas.
Fonte: Projeto ANA/GEF/PNUMA/OEA. Relatório Final, março2004
A exploração econômica da bacia hidrográfica do São Francisco começou no século
XVI com a plantação de cana-de-açúcar no Baixo São Francisco, a pecuária no Agreste e
Sertão e a extração mineral, no Alto São Francisco (CHESF, 2007).
No século XIX, com a ocorrência de diversos fatores econômicos, tais como o
desenvolvimento da produção cafeeira no Sudeste, o esgotamento dos depósitos aluvionais de
ouro, a queda do preço internacional do açúcar e o início das obras de infra-estrutura no litoral
brasileiro, a economia da bacia passou por uma fase de involução (CHESF, 2007).
No início do século XX, o Alto São Francisco procurou se integrar à economia do
sudeste brasileiro, baseada na produção cafeeira e na industrialização ainda incipiente. As
áreas do Médio e do Submédio São Francisco foram, então, fortemente afetadas, uma vez que
Capítulo 4 - Caracterização Física
108
ficaram isoladas, vivendo da agricultura de subsistência. Na região do Baixo São Francisco,
procurou-se ampliar a área de produção de cana-de-açúcar (CHESF, 2007).
A zona semi-árida que, com o Agreste, compreende 50% da área total da bacia
hidrográfica do São Francisco, teve como principais atividades econômicas à pecuária, o
algodão e as culturas de subsistência. A produção de algodão existiu até o final da década de
1970 a meados dos anos 80 do século passado. Após esse período, as pequenas e médias
cidades da bacia começaram a receber contingentes populacionais sem qualificação
profissional para atuarem nas fracas economias urbanas que não têm, até hoje, infra-estrutura
e atividades econômicas capazes de absorvê-los (CHESF, 2007).
Os estudos para conhecimento da bacia do São Francisco tiveram início no Brasil
Império e prosseguiram até o presente, executados por várias entidades, representando hoje,
um grande e importante número de dados sócio-econômicos e de informações técnicas e
científicas sobre os seus recursos naturais (CHESF, 2007).
Em 1945, o Governo Federal autorizou a criação da Companhia Hidro Elétrica do São
Francisco - CHESF, para o aproveitamento do rio na geração de energia elétrica. Três anos
depois foi criada a Comissão do Vale do São Francisco - CVSF, nos moldes da Tennessee
Valley Authority – TVA, dos Estados Unidos destinada a promover a valorização econômica
da bacia do São Francisco (CHESF, 2007).
A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco – CHESF, aproveitando as
excepcionais condições naturais proporcionadas pelo desnível de Paulo Afonso, construiu as
Usinas de Paulo Afonso I, II e III. Em 1955 foram inauguradas as três primeiras unidades da
Usina Paulo Afonso I. Posteriormente a Comissão do Vale do São Francisco - CVSF
construiu em trecho mineiro do São Francisco, a Barragem de Três Marias cuja Usina foi
inaugurada em 1961. A partir da década de 1970, objetivando regularizar as vazões do São
Francisco e aumentar a geração de energia elétrica, a CHESF construiu a Barragem e a
Hidrelétrica Apolônio Sales (Moxotó) e, posteriormente, as Barragens e Hidrelétricas de
Sobradinho, Paulo Afonso IV, Luiz Gonzaga (Itaparica) e Xingó (CHESF, 2007).
Além dos benefícios gerados pela produção de energia elétrica na bacia do São
Francisco, a injeção de recursos na economia local durante a construção das usinas,
proporcionou o surgimento e desenvolvimento de cidades na região dos aproveitamentos
Capítulo 4 - Caracterização Física
109
hidrelétricos, as quais têm desempenhado um papel de pólo regional, a exemplo da cidade de
Paulo Afonso, na Bahia (CHESF, 2007).
Os anos de 1970 foram também, de grandes mudanças no que tange ao aproveitamento
agrícola das zonas dos cerrados da bacia, com a chegada de milhares de agricultores do sul do
país, atraídos pela grande disponibilidade de terras, a preços baixos. Em especial, no oeste
baiano, a agricultura vem crescendo a taxas extremamente altas, produzindo arroz, milho,
soja, algodão e frutas, com o uso de tecnologias avançadas. Essa produção fez surgirem
agroindústrias na região. Tais fronteiras econômicas vêm se deslocando para o Médio São
Francisco, inclusive com organização cooperativa, tornando a economia mais dinâmica
(CHESF, 2007).
A agricultura irrigada teve um crescimento significativo a partir dos anos 80, em
especial após a criação do Programa de Irrigação do Nordeste - PROINE. Na bacia, estão
identificados cerca de 3.000.000 ha potencialmente irrigáveis dos quais cerca de 800.000ha já
foram estudados, projetados ou estão em operação. De acordo com estudos do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA (1995), considerando o PIB por subáreas do Nordeste,
as áreas metropolitanas e as de irrigação foram as que mais cresceram no período de
1970/1992. O Pólo Petrolina/Juazeiro é o melhor exemplo desse crescimento (CHESF, 2007).
Neste início do Século XXI identificam-se dois destaques: a industrialização na
Região Metropolitana de Belo Horizonte (Alto São Francisco) e a agricultura irrigada no
Submédio e Baixo São Francisco (CHESF, 2007).
No tocante à revitalização e conservação, mais de quatro séculos de exploração, em
geral desordenada, da bacia do Velho Chico levaram os ambientalistas a considerá-lo
atualmente um "rio doente" (CHESF, 2007).
Para isto, contribuíram o desmatamento, a poluição e a alteração do regime hídrico
natural, decorrente da construção de barragens (CHESF, 2007).
O desmatamento indiscriminado realizado para obter a lenha que serviu como
combustível e para "liberar" terras para agricultura e pecuária, provoca carreamento de terras
férteis, assoreamento e regime torrencial nos períodos de alta pluviosidade (CHESF, 2007).
A poluição das águas tem origem nos esgotos não tratados, resíduos industriais,
mineração, adubos químicos e defensivos agrícolas (CHESF, 2007).
Capítulo 4 - Caracterização Física
110
Finalmente, as barragens alteraram o regime hídrico natural, e as necessidades de
energia elétrica do Nordeste aumentaram as vazões mínimas naturais e reduziram os picos de
cheias. Além disso, as barragens provocam retenção de sedimentos no interior dos
reservatórios (CHESF, 2007).
Em CHESF (2007), tratando sobre Turismo, a CHESF em mais de meio século de
convivência com esses trechos do Velho Chico adquiriu um profundo conhecimento de suas
riquezas e belezas naturais, que podem ser uma importante fonte de geração de Trabalho e
Renda para os Nordestinos, com uma exploração do potencial turístico. Na exploração desse
potencial turístico tem-se:
Turismo Técnico: As usinas hidrelétricas da CHESF entre Luiz Gonzaga (Itaparica) e
Xingó compõem um conjunto único no mundo, seja do ponto de vista da diversidade de
barramentos, seja numa verdadeira aula da evolução dos equipamentos elétricos e
mecânicos ao longo de meio século.
Turismo de Aventura: O rapel, as trilhas e as escaladas, são atrações disponíveis em
larga escala.
Lazer: Os passeios de barco e a pesca podem ser praticados intensivamente nos lagos das
usinas hidrelétricas.
Turismo Ecológico: A caatinga e o Raso da Catarina são atrações de grande impacto.
Turismo Histórico: A cidade de Piranhas, a usina de Angiquinho implantada por Delmiro
Gouveia no início do Século XX e a Fábrica de Tecidos da Pedra (na atual cidade de
Delmiro Gouveia) merecem serem conhecidas. Os achados arqueológicos que integram o
Museu Arqueológico de Xingó contam a pré-história da região do canyon e são
complementadas por dezenas de áreas com registros gráficos, em ambas as margens do
canyon.
Para que todo este potencial seja transformado em fonte de trabalho e renda em
benefício das comunidades da microrregião, são necessários vultosos e persistentes
investimentos em infra-estrutura: estradas, aeroportos, hotéis, restaurantes, saúde e segurança
(CHESF, 2007).
Capítulo 4 - Caracterização Física
111
4.2 – A EMPRESA CHESF
A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco – CHESF, subsidiária das Centrais
Elétricas Brasileiras S/A – Eletrobrás, foi criada pelo Decreto-Lei nº 8.031, de 03 de outubro
de 1945, e constituída na primeira assembléia geral de acionistas, realizada em 15 de março
de 1948, com a missão de produzir, transmitir e comercializar energia elétrica para a Região
Nordeste do Brasil. Além de atender tradicionalmente aos estados da Bahia, de Sergipe, de
Alagoas, de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte, do Ceará e do Piauí, com a
abertura permitida pelo novo modelo do Setor Elétrico Brasileiro, a CHESF tem contratos de
venda de energia em todos os submercados do sistema interligado nacional (CHESF, 2007).
A Empresa CHESF é uma sociedade de economia mista, aberta, sendo seu maior
acionista o Governo Federal, através da Eletrobrás que detém 100 % do seu capital votante. É
uma empresa de serviços públicos com contas a prestar à sociedade brasileira (CHESF, 2007).
A CHESF possui um sistema de geração hidrotérmico, com predominância de usinas
hidráulicas, que são responsáveis por percentual superior a 95% da produção total. O sistema
de transmissão abrange os Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio
Grande do Norte e Sergipe, com mais 18.000 Km de linhas de transmissão, em alta e extra
alta tensão – 69, 138, 230 e 500 mil volts e 97 subestações. Integrante do Sistema Elétrico
Brasileiro Interligado. A CHESF faz intercâmbio de energia com todos os demais sistemas -
Norte, Sul e Sudeste / Centro-Oeste, e é hoje a maior geradora e transmissora de energia
elétrica do país (CHESF, 2007).
O Sistema de Geração da CHESF, atualmente, é composto de 14 usinas hidrelétricas e
1 termelétrica, com uma potência nominal disponível de 10.737,80 MW, a maior entre as
empresas nacionais do Setor Elétrico. Incorporadas a esse sistema, existem 870 MVAr de
potência reativa instalada, em 9 plantas de Compensadores Síncronos com unidades entre 20
MVAr e 150 MVAr (CHESF, 2007).
O despacho das usinas da CHESF é realizado pelo Operador Nacional do Sistema
Elétrico – ONS, que faz a otimização dos recursos energéticos disponíveis, intercambiando
energia entre as diversas regiões do País (CHESF, 2007).
Os reservatórios que alimentam as hidrelétricas da CHESF armazenam mais de 50
bilhões de metros cúbicos nas barragens das usinas de Sobradinho, Luiz Gonzaga (Itaparica),
Apolônio Sales (Moxotó), Usinas Paulo Afonso I, II, III e IV, e Xingó no Rio São Francisco
Capítulo 4 - Caracterização Física
112
e Boa Esperança no Rio Parnaíba. Apenas o reservatório de Sobradinho, na Bahia, com 4 mil
Km2 e 34 bilhões de m3 de capacidade de acumulação tem a área 10 vezes maior que a Baía
da Guanabara (CHESF, 2007).
O QUADRO 4 apresenta os reservatórios que alimentam as hidrelétricas da CHESF,
os estados em que estão localizados bem como, os dados de volume, volume útil e área de
cada um. E o QUADRO 5 a seguir, apresenta o perfil da empresa CHESF.
QUADRO 4: Reservatórios que alimentam as hidrelétricas da CHESF.
Reservatórios Estado Volume Volume Útil
Área
Sobradinho BA 34,1 bilhões de m³ 28,6 bilhões de m³ 4.214 Km
2
Itaparica PE / BA 10,7 bilhões de m³ 3,5 bilhões de 828 Km
2
P. Afonso IV e Moxotó BA / PE / AL 1,2 bilhões de m³ 0,2 bilhões de m³ 110,9 Km
2
Delmiro Gouveia BA 0,02 bilhões de m³ 0,009 bilhões de m³ 4,8 Km
2
Xingo AL / SE 3,8 bilhões de m³ 0,04 bilhões de m³ 60 Km
2
Boa Esperança PI / MA 5,0 bilhões de m³ 1,9 bilhões de m³ 352,2 Km
2
Fonte: www.CHESF.gov.br em 14/01/2007.
QUADRO 5: Perfil da empresa CHESF.
Número de empregados
5.626 (mar 2006)
Área principal de atendimento (NE)
Mais de 1 milhão de Km², cerca de 15 %
do Brasil.
População atendida (NE)
50 milhões de habitantes
Capacidade instalada
10.737,80 MW
Produção de energia
49.480,375 GWh (2005)
Energia comercializada
49.911 GWh (2005)
Total de venda de energia por região (2005)
Nordeste - 62,8 %
Sudeste - 23,6 %
Sul - 7,4 %
Centro-Oeste - 4,0 %
Norte - 2,1 %
Clientes/Empresas Distribuidoras de Energia
16
Clientes/Empresas Consumidoras Industriais de Energia
25
Clientes/Empresas Comercializadoras de Energia
8
Linhas de transmissão
Mais de 18 mil Km em 500, 230, 138 e
69 kV
Patrimônio líquido
R$ 11 bilhões e 236 milhões (dez/2005)
Receita Operacional Bruta
R$ 3 bilhões e 949 milhões (dez/2005)
Receita Operacional líquida
R$ 3 bilhões e 299 milhões (dez/ 2005)
Fonte: www.CHESF.gov.br em 14/01/2007.
Capítulo 4 - Caracterização Física
113
Em CHESF (2007), a Constituição Brasileira estabelece que "todos têm direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem comum de uso do povo e essencial a sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações". No desempenho de sua missão, a empresa
CHESF utiliza os recursos naturais e desenvolve atividades que afetam o meio ambiente onde
estão os seus empreendimentos. Tornando-se necessário, então, nortear as ações da Empresa,
no sentido de executar sua missão, cumprindo o dever constitucional de respeito à Natureza
como patrimônio público a ser protegido.
A Política Ambiental da CHESF é constituída de princípios e diretrizes que orientam
as ações de planejamento, implantação e operação de empreendimentos de geração e
transmissão de energia elétrica.
A definição de uma Política Ambiental para a CHESF tem como objetivos:
Apresentar ao corpo técnico e gerencial os princípios e diretrizes que irão
orientar a postura da empresa no tratamento das questões ambientais;
Tornar pública a responsabilidade da Empresa com a melhoria da qualidade
ambiental na execução das suas atividades contribuindo para o
desenvolvimento regional em sua área de atuação.
A seguir são apresentados os nove princípios que norteiam a Política Ambiental da
CHESF:
1. "Executar as atividades de acordo com os princípios estabelecidos pela Política,
Nacional do Meio Ambiente cumprindo a legislação ambiental e complementando-a com
normas internas, quando necessário".
2. "Incluir as variáveis socioambientais no ciclo de planejamento dos empreendimentos da
Empresa".
3. "Conciliar o uso dos recursos naturais com o desenvolvimento regional, buscando
melhorar a qualidade de vida das comunidades atingidas por seus empreendimentos".
4. "Atuar preventivamente no tratamento das questões ambientais, mitigando os impactos
negativos, ampliando os benefícios e promovendo a inserção regional de seus
empreendimentos".
Capítulo 4 - Caracterização Física
114
5. "Promover um efetivo relacionamento com os diversos segmentos da sociedade, através
da participação das comunidades interessadas no processo decisório para implantação de
seus empreendimentos".
6. "Executar programas de monitoramento e de controle ambiental, dos impactos
significativos causados pelos seus empreendimentos, buscando também minimizar os
impactos ambientais sofridos por suas instalações, pela ação de terceiros".
7. "Divulgar, junto à sociedade, as questões socioambientais relacionadas com seus
empreendimentos".
8. "Desenvolver uma ação contínua de educação ambiental, conscientizando seus
empregados, parceiros, empresas contratadas e representantes da sociedade civil das suas
responsabilidades para com a proteção do meio ambiente".
9. "Incentivar estudos e pesquisas desenvolvidas por instituições técnicas - científicas,
contribuindo assim para aumentar o conhecimento do meio ambiente da área dos
empreendimentos".
A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco - CHESF, em sua história de atuação
na Região Nordeste na área de geração e transmissão de energia, tem a constante preocupação
de compatibilizar a expansão, implantação e operação do seu sistema com a preservação e
conservação do meio ambiente, e o uso sustentável dos recursos naturais.
Nas áreas de influência de suas obras, a CHESF promove ações de incentivo à
realização de pesquisas e implantação de programas ambientais, não se limitando às
exigências legais, realizando o compromisso da empresa com a conservação do nosso
patrimônio ecológico.
4.3 - RESUMO HISTÓRICO DO COMPLEXO HIDRELÉTRICO DE PAULO AFONSO
Segundo os estudos ambientais CHESF (2000 e 2005), o Complexo Paulo Afonso
representa hoje um papel da maior importância para o desenvolvimento do Nordeste. No final
da década de 40, iniciava-se a era da energia na região, com a construção da Usina Piloto. Seu
objetivo era produzir energia para o futuro canteiro de obras dos empreendimentos, que se
iniciou logo em seguida.
Dessa forma até meados da década de 50, quando a CHESF iniciou a operação da
Usina de Paulo Afonso I, alimentando de imediato as duas principais cidades da Região -
Capítulo 4 - Caracterização Física
115
Recife e Salvador. O abastecimento de energia elétrica de todo o Nordeste era extremamente
precário, constituindo-se em fator decisivamente restritivo ao desenvolvimento regional. Em
quinze de janeiro de 1955, entrou em operação a primeira turbina da Usina Paulo Afonso I,
estabelecendo um marco inicial da geração de energia, em grande escala, na Região Nordeste.
Naquela época, apenas as capitais dos estados e algumas cidades vizinhas possuíam
serviços públicos de energia elétrica, em geral explorada por empresas estrangeiras. Na
maioria dos casos, a energia era produzida por Usinas Térmicas que queimavam derivados de
petróleo e até mesmo lenha. Em alguns casos, inicialmente fora usado o carvão mineral
importado, depois substituído pelos derivados de petróleo. Apenas na área de Salvador, em
torno de 1920, registra-se a construção da Hidrelétrica de Bananeiras, no rio Paraguassu, com
9.000 KW de potência, que funcionou até 1981, operada pela CHESF, quando foi inundada
compulsoriamente pelo enchimento da barragem de Pedra do Cavalo.
As cidades do interior do Nordeste possuíam apenas pequenos grupos geradores
explorados pelas próprias Prefeituras, ou mesmo por particulares, cujos serviços se
restringiam praticamente a "iluminação", pois a sua maioria operava apenas no período
noturno. Um número muito reduzido de cidades possuía serviços de eletricidade durante o
horário comercial, isto é, durante o dia.
Fora das capitais, não se podia pensar na implantação de indústrias que não tivessem,
elas próprias, os seus sistemas de geração de energia elétrica. Exemplo marcante é o caso da
indústria açucareira, cujas usinas sempre possuíram seus geradores movidos a máquinas a
vapor, este obtido da queima do próprio bagaço da cana, algumas vezes complementado por
lenha. Diversas outras indústrias espalhavam-se pelo Nordeste produzindo a energia elétrica
de que precisavam para o seu consumo, destacando-se entre elas a indústria têxtil. Não raro,
estas empresas, tanto quanto as usinas de açúcar distribuíam energia, para fins de iluminação,
às comunidades ou "vilas" que se formavam em torno delas.
Entretanto, o que de mais problemático se apresentava para o Nordeste já na década de
40 era que, mesmo nas capitais, as concessionárias não demonstravam maior interesse em
ampliar adequadamente as suas instalações de geração para atender o crescimento do
consumo que apresentava razoáveis perspectivas, sobretudo em decorrência da expansão da
atividade econômica observada durante e após a segunda guerra mundial. Naquela época, as
crises eram quase constantes.
Capítulo 4 - Caracterização Física
116
Assim, se no interior inexistiam serviços públicos de eletricidade capazes de funcionar
como alavanca para o desenvolvimento, nas capitais era patente o estrangulamento dos
incipientes serviços existentes.
Em tais circunstâncias, não se podia pensar em Plano de Desenvolvimento para o
Nordeste sem se equacionar definitivamente o problema do seu abastecimento de energia
elétrica. Naturalmente, a solução desse problema exigiria a aplicação de pesados
investimentos que, para alguns, não se justificavam, tendo em vista a suposta inexistência de
mercado. Assim, praticamente a Região ficava presa a um círculo vicioso.
Diante desse verdadeiro impasse, e inspirado no exemplo do pioneiro Delmiro
Gouveia, que em 1913 instalara uma pequena usina de 1.500 HP junto à Cachoeira de Paulo
Afonso, o agrônomo pernambucano Apolônio Sales desencadeou uma campanha de âmbito
nacional visando à criação de uma entidade vinculada ao Governo Federal, tendo por
finalidade promover o aproveitamento do potencial do Rio São Francisco para a produção da
energia elétrica de que tanto necessitava o Nordeste.
A campanha foi difícil e demorada, mas acabou conquistando a opinião pública e as
forças políticas da Região, tornando-se finalmente vitoriosa. Com se sabe, em 03 de outubro
de 1945 o então Presidente Getúlio Vargas assinou o decreto, autorizando a criação da
Companhia Hidro Elétrica do São Francisco - CHESF, como uma sociedade de economia
mista vinculada ao então Ministério da Agricultura. Todavia, em virtude das transformações
políticas ocorridas logo a seguir, com a queda de Vargas e a chamada redemocratização, o
Nordeste teve de esperar mais um pouco e a CHESF somente veio a ser efetivamente
constituída dois anos e meio depois, em 15 de março de 1948, quando foi realizada a sua 1ª
Assembléia Geral dos Acionistas (Governos dos Estados de Pernambuco, Bahia, Alagoas e
Sergipe, diversas Prefeituras da Região e pelo Governo Federal os Institutos de Previdência e
Caixa Econômica, além de particulares).
Ainda em 1948 foram iniciadas as obras em Paulo Afonso para a construção de uma
usina a fio d'água com casa de máquinas subterrânea com 3 x 60.000 KW de capacidade e
logo a seguir o sistema de transmissão com linhas de 230 kV para Salvador e Recife,
respectivas subestações e sistema de subtransmissão em 69 kV. Em janeiro de 1955 entrava
em operação a primeira máquina da Usina de Paulo Afonso I, alimentando de imediato as
cidades do Recife e Salvador. Foi só expansão, quase sempre de forma acelerada. Expansão
da área geográfica coberta, chegando a ser responsável legal, mediante concessão, pela
Capítulo 4 - Caracterização Física
117
produção de energia para toda a Região. Expansão da capacidade instalada, que dos 180 MW
iniciais passou para os mais de 10.000 MW atuais, bem como do sistema de transmissão que
somente de linhas de 230 kV e 500 kV atingiu mais de 17.000 Km. E, naturalmente, expansão
da produção e conseqüentemente do consumo de energia elétrica da Região.
E tudo isto representou o suporte que o Nordeste precisava para o seu tão desejado
desenvolvimento. Infelizmente ainda hoje não alcançado em sua plenitude. Mas com o seu
trabalho a CHESF viabilizou o surgimento da SUDENE (em 1958/1959) e garantiu a energia
imprescindível para os seus programas de industrialização e desenvolvimento. Sem dúvida, o
que se conseguiu de crescimento econômico e progresso social no Nordeste, até hoje, tem a
marca da presença da CHESF.
Em resumo:
Entre 1947 e 1953, toda a potência instalada no Nordeste cresceu apenas de 103.000 KW
para 149.000 KW, correspondendo a uma inexpressiva taxa de expansão anual média de
6,3%;
Já em 1955, com a operação plena da Usina de Paulo Afonso I, a disponibilidade da
Região mais do que duplicava, passando para 328.000 KW;
Naquele ano de 1955, o primeiro de operação plena de Paulo Afonso, a produção de
energia da CHESF alcançou 244 GWh e a demanda coincidente 83.000 KW. O consumo
total de energia elétrica do Nordeste limitava-se a 2,1% do consumo global do Brasil. Por
sua vez, o consumo per capita regional, importante indicador do estado de
desenvolvimento de uma sociedade moderna, restringia-se a 12 KWh/hab-ano (Brasil =
194), equivalente apenas a 6,2% da média brasileira;
Em 1964, dez anos após a operação do primeiro gerador da usina de Paulo Afonso I, a
demanda global já alcançava 360 MW, enquanto a produção totalizava 1.624 GWh,
registrando um excepcional crescimento anual médio, continuado, de 23,4%;
Em 1974, a produção totalizava 7.369 GWh, mantendo o crescimento anual médio firme
ao longo de 20 anos na excepcional marca de 19,6%.
Em 1977, entrou em operação a Usina Hidrelétrica Apolônio Sales, instalada na
barragem do Lago de Moxotó, apenas 3 Km à montante das Usinas de Paulo Afonso.
Capítulo 4 - Caracterização Física
118
E em 1980, portanto um quarto de século desde o início de sua operação, os números
da CHESF não eram menos expressivos. O consumo de energia do Nordeste já equivalia a
12,6% do total brasileiro (2,1% em 1955), enquanto o consumo per capita chegava aos 401
KWh/hab-ano, 42,8% da média brasileira (6,2% em 1955). Este era um retrato da
contribuição da CHESF para o desenvolvimento regional, tanto mais significativo quando se
observa que as tarifas da energia na Região sempre foram as mais baixas do Brasil, com a
binômia “disponibilidade-preço baixo" funcionando como fator decisivo para a atração de
investimentos.
Aí veio a chamada década perdida para o Brasil. Dificuldades aconteceram com a
limitação dos investimentos determinada pelos comandantes da economia, o que provocou a
postergação das obras da Usina Luiz Gonzaga (Itaparica) e o conseqüente racionamento
durante boa parte do ano de 1987. Mesmo assim, a CHESF logo se recompôs e continuou a
garantir a energia necessária ao crescimento da Região.
Em finais de 1997, foi concluída a última unidade geradora prevista, a Usina Paulo
Afonso IV, abastecida pelo lago de mesmo nome, que recebe água diretamente do grande lago
de Moxotó, através de canal escavado para este fim.
Dessa forma, no ano 2000, quando em virtude das alterações estruturais introduzidas
no modelo do setor elétrico brasileiro, a CHESF já não tem mais a responsabilidade formal e
legal de garantir a energia elétrica para o Nordeste mas a CHESF continuou a suprir a Região
com a sua energia, de modo que, naquele último ano do século 20 o consumo de energia na
sua área de atuação chegou a 13,5% do total nacional, enquanto o consumo per capita atingiu
53,7% da média brasileira.
Os empreendimentos do Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso estão situados entre
os Estados de Pernambuco, Bahia e Alagoas, compreendendo parte do Município de Jatobá,
dos Municípios de Glória e Paulo Afonso, dos Municípios de Pariconha e Delmiro Gouveia.
O Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso compreende um sistema lacustre formado
pelos reservatórios Delmiro Gouveia e Moxotó. O primeiro abastece as Usinas Paulo Afonso
I, Paulo Afonso II, Paulo Afonso III e Usina Piloto. O segundo, situado 3 Km a montante do
Conjunto de Usinas de Paulo Afonso, abastece a Usina Hidrelétrica Apolônio Sales.
Na realidade, forma-se um conjunto sistêmico de geração de energia que deve ser
analisado como único, do qual também participa a Usina Paulo Afonso IV, turbinando água
Capítulo 4 - Caracterização Física
119
do lago do mesmo nome. O reservatório Paulo Afonso IV é abastecido por um canal escavado
a partir da margem direita do reservatório Moxotó.
A FIGURA 2 apresenta a localização e área do Reservatório Delmiro Gouveia das
usinas Hidrelétricas Paulo Afonso I-II-III em relação a Bacia Hidrográfica do rio São
Francisco e sua posição referente ao Brasil.
FIGURA 2: Reservatório Delmiro Gouveia e as Usinas Hidrelétricas Paulo Afonso I-II-III.
Fonte: CHESF, 2007.
4.4 - CARACTERIZAÇÃO DAS USINAS PAULO AFONSO I-II-III E O RESERVATÓRIO
DELMIRO GOUVEIA.
Segundo os estudos ambientais CHESF (2000 e 2005), visando garantir água para os
empreendimentos de geração das Usinas Paulo Afonso I-II-III, Usina Piloto, o reservatório
Delmiro Gouveia foi construído, ainda na década de 50. Duas décadas mais tarde, em 1977,
entrou em operação a Usina Hidrelétrica Apolônio Sales, instalada na barragem do
reservatório de Moxotó a apenas, 3 Km à montante das Usinas de Paulo Afonso. Estava,
então, consolidado o Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso.
Em finais de 1997, foi concluída a última unidade geradora prevista, a Usina Paulo
Afonso IV.
Capítulo 4 - Caracterização Física
120
Os aproveitamentos hidrelétricos de Paulo Afonso I-II-III são usinas integrantes do
Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso. Instaladas no trecho denominado de submédio São
Francisco, principal rio da região nordestina.
O reservatório Delmiro Gouveia, objeto dessa dissertação e abastece as Usinas Paulo
Afonso I-II-III, cujas características técnicas e sistêmicas são apresentadas a seguir:
4.4.1 - Usinas Hidrelétricas de Paulo Afonso I-II-III
De acordo com os estudos ambientais CHESF (2000 e 2005), o aproveitamento
hidrelétrico de Paulo Afonso I-II-III, integrante do Complexo de Paulo Afonso, localiza-se na
cidade de Paulo Afonso, Estado da Bahia, ligando-se a Recife através das BR´s 423/232 a
uma distância de cerca de 420 Km e a Salvador através da BR-110, numa distância de 380
Km. No que tange aos meios de comunicação com as demais áreas da empresa, pode-se
destacar a existência de linha telefônica do sistema TELEBRAS, além de ramais do sistema
de telecomunicações próprios da CHESF.
As Usinas de Paulo Afonso I-II-III, construídas e projetadas pela CHESF, estão em
um mesmo represamento, o qual é constituído de uma barragem do tipo gravidade em
concreto armado, com altura máxima de 20m e comprimento total da crista de 4.707m,
associado às estruturas de concreto tais como: 01 (um) vertedouro do tipo crista, com
descarga livre; 04 (quatro) vertedouros de superfície, com comportas vagão; 01 descarregador
de fundo; 2 drenos de areia; tomada d’água e casa de força subterrânea escavadas em rocha
sólida, com profundidade aproximada de 80m.
A Usina de Paulo Afonso I possui 3 unidades geradoras acionadas por turbinas
Francis, com potência unitária de 60 MW, totalizando 180 MW.
A Usina de Paulo Afonso II possui 6 unidades geradoras acionadas por turbinas
Francis, sendo 2 unidades com potência unitária de 70.000 MW, 1 unidade com potência
unitária de 75.000 KW e 3 unidades com potência unitária de 76.000 kW, totalizando 443.000
MW. O sistema utilizado para disponibilizar a energia gerada é composto por subestação
elevadora com 18 transformadores dos quais 09 são de 30 MVA cada um e o restante, são de
25 MVA cada um, que elevam a tensão de 13,8 kV para 230 kV.
A Usina de Paulo Afonso III possui 4 unidades geradoras acionadas por turbinas
Francis, com potência de 198.550 KW, totalizando 794.200 kW. O sistema utilizado para
Capítulo 4 - Caracterização Física
121
disponibilizar a energia gerada é composto por subestação elevadora com 12 transformadores
de 80 MVA cada um, que elevam a tensão de 13,8 kV para 230 kV.
O sistema utilizado para disponibilizar a energia gerada é composto por subestação
elevadora com 09 transformadores de 22,5 MVA cada um, que elevam a tensão de 13,8kV
para 230 kV. A partir desse ponto é feita a conexão com o sistema de transmissão da CHESF
através da Subestação de Paulo Afonso – 230 kV, de onde partem 04 circuitos de LT´s – 230
kV para o Sistema Regional Sul (Salvador), 04 circuitos de LT´s – 230 kV para o Sistema
Regional Leste (Recife), 05 circuitos para o Sistema Regional Norte (Fortaleza) e uma
interligação com a SE – Paulo Afonso IV – 230/500 kV, constituindo-se assim no principal
nascedouro dos corredores de linhas de transmissão do Sistema CHESF. O QUADRO 6
apresenta os dados dos técnicos das usinas.
Capítulo 4 - Caracterização Física
122
QUADRO 6: Dados Técnicos das Usinas Hidrelétricas de Paulo Afonso I-II-III
Dados Técnicos Usina PA I Usina PA II Usina PA III
Proprietário CHESF CHESF CHESF
Tipo de Construção Subterrânea Subterrânea Subterrânea
Projetista CHESF CHESF CHESF
Construtora CHESF CHESF CHESF
Início Obras 1948 1955 1967
Início Operação 1955 1961 1974
Rio São Francisco São Francisco São Francisco
Longitude 38º16” OESTE 38º16” Oeste 38º16” Oeste
Latitude 9º22” SUL 9º22” Sul 9º22” Sul
Município / Estado Paulo Afonso –
BA
Paulo Afonso –
BA
Paulo Afonso –
BA
Potência instalada 180.001 KW (3
UGs)
443.000 KW
(6 UGs)
794.200 KW
(4 UGs)
Comprimento da Casa de Força 60,37m 104,00m 127,0m
Altura da Casa de Força 31,0m 36,87m 46,45m
Largura da Casa de Força 15,0m 18,00m 18,50m
Instrumentos de Auscultação em
operação
não informado 04 15
Nº de pontes rolantes (área de
montagem)
7 2 2
Nº de pórticos (área externa) 3 4 4
Fonte: CHESF/UFRPE/FADURPE, 2002.
Características Sistêmicas
O planejamento da operação destas usinas é coordenado pelo Operdaor Nacional do
Sistema Elétrico - ONS. Devido às suas características, com armazenamento a fio d’água e
concentração de grande capacidade de geração, há necessidade de uma coordenação
hidroenergética da cascata a nível horário/diário/semanal/mensal.
As avaliações energéticas antecipam medidas operativas para a otimização do
armazenamento dos reservatórios do sistema interligado Norte/Nordeste, tais como: o
montante de intercâmbio entre as regiões Norte e Nordeste, a defluência do reservatório de
Três Marias e a evolução da geração do Complexo Paulo Afonso durante o ano.
Capítulo 4 - Caracterização Física
123
O reservatório Delmiro Gouveia não possui volume de espera para controle de cheias
uma vez que se trata de um reservatório a fio d’água.
A supervisão da bacia hidrográfica inicia-se com a leitura feita pelos observadores em
cada um dos 50 postos hidrométricos instalados ao longo da bacia do rio São Francisco, além
das vazões vertidas/turbinadas, das cotas e volume armazenado dos reservatórios. Esses dados
são introduzidos em um banco de dados, submetidos a uma pré-consistência e
disponibilizados através de relatórios específicos com informações sobre vazões e
precipitações ao longo da bacia, assim como dados sobre a operação dos reservatórios
existentes (afluência, defluência, cota, volume, % de volume útil). Essas informações dão
origem à previsão de afluências ao reservatório, planejamento e programação da operação
energética, monitoramento das defluências, controle de cheias, operações especiais e informes
ao público.
Reservatório de Delmiro Gouveia
Área do reservatório............................................................................ 4,8 Km
2
Volume para cota máxima operativa normal...................................... 26 x 106 m
3
Volume útil do reservatório.................................................................. 9,8 x 106 m
3
Cota máxima......................................................................................... 230,3 m
Cota média............................................................................................ 229,5 m
Cota mínima........................................................................................... 228,8 m
Tipo de regularização............................................................................. Fio d’água
Municípios circunvizinhos ao Reservatório Delmiro Gouveia das UHE´s Paulo Afonso
I-II-III:
Paulo Afonso (BA)
Delmiro Gouveia (AL)
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
124
5 – CARACTERIZAÇÃO SÓCIOAMBIENTAL
Este capítulo descreve a caracterização sócioambiental da bacia hidrográfica na área
de influência do reservatório Delmiro Gouveia. Na sua elaboração foram realizadas
atividades de revisão bibliográfica, tendo como base os Estudos Ambientais do Complexo
Hidrelétrico de Paulo Afonso, realizado mediante contrato celebrado entre a CHESF e a
FADE da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE (2000) e os Estudos Complementares
Ambientais pela FADURPE da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE (2005).
Este capítulo está dividido em quatro seções: a primeira apresenta a identificação e a
caracterização da área de estudo, a segunda apresenta um breve resumo sobre a caracterização
do meio físico, a terceira trata da caracterização do meio biótico e a quarta seção apresenta a
caracterização do meio socioeconômico.
5.1 – IDENTIFICAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Os empreendimentos abordados nessa dissertação, Usinas Hidrelétricas Paulo Afonso
I-II-III e o reservatório de Delmiro Gouveia estão situados entre os Estados de Bahia e
Alagoas, compreendendo parte do Município de Paulo Afonso/BA e o Município Delmiro
Gouveia/AL, respectivamente, conforme ilustrado na FIGURA 3, com seta indicativa em
azul e a FIGURA 4, apresenta a localização e a área do Reservatório Delmiro Gouveia
conforme indicado pela linha que circunda o reservatório na cor amarelo.
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
125
FIGURA 3: Localização das UHE´s Paulo Afonso I-II-III e a indicação da área de pesquisa com
o reservatório Delmiro Gouveia, seta em azul.
Fonte: EA – CHESF/FADE/UFPE, 2000.
FIGURA 4: Localização e área do Reservatório Delmiro Gouveia
Fonte: COHIDRO, 2004.
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
126
5.1.1 – Localização da Área de Estudo
A área de estudo desta dissertação foi considerada para os meios físico e biótico, numa
faixa marginal de 2 Km para o reservatório Delmiro Gouveia, adotada pelos Estudos
Ambientais já elaborados para o Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso. Para o Meio
Socioeconômico, a área de estudo desta dissertação também corrrresponde à dos Estudos
Ambientais já elaborados compreendendo a cidade Delmiro Gouveia/AL e a cidade Paulo
Afonso/BA cujo nascimento, desenvolvimento e dinâmica são indissociáveis da instalação e
funcionamento da CHESF. Esse fato é evidenciado não só pela intimidade de moradores com
a estrutura e funcionamento da empresa, como por ser ela a responsável, em grande parte,
pela dinâmica do comércio e serviços.
5.2 – CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO
5.2.1 - Climatologia/Meteorologia
Segundo os estudos ambientais CHESF (2000 e 2005), os meses mais chuvosos na
área de estudo são março, abril, maio e junho que, em geral, concentram cerca de 50,65% da
precipitação média anual. E os meses mais secos são agosto, setembro e outubro, que
concentram cerca de 8,79% da precipitação média anual, conforme apresentado no QUADRO
7.
QUADRO 7 - Precipitação média em Paulo Afonso.
MESES
Precipitação Média
(mm)
Percentual
(%)
JANEIRO 53,4 8,88
FEVEREIRO 40,8 6,79
MARÇO 89,9 14,96
ABRIL 66,3 11,03
MAIO 76,5 12,73
JUNHO 71,6 11,91
JULHO 54,6 9,08
AGOSTO 28,8 4,79
SETEMBRO 14,3 2,38
OUTUBRO 9,7 1,61
NOVEMBRO 39,9 6,64
DEZEMBRO 54,9 9,20
TOTAL 600,7 100
Fonte: Riscos de Seca da Bahia – SEPLANTEC/CEI, 1991 – Paulo Afonso.
Na prática, os padrões de precipitação da área de Paulo Afonso não oferecem
dificuldades adicionais à operação dos sistemas elétricos ali implantados, uma vez que as
chuvas são, em geral, esparsas, com cerca de 30 a 50 dias de chuva por ano.
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
127
5.2.2 - Geomorfologia
A região encontra-se relacionada com os Baixos Planaltos Sertanejos. Esta unidade
geomorfológica compreende um conjunto de relevos que conservam traços de controle
estrutural, como drenagem orientada, ressaltando canais retilíneos e marcados por inflexões
bruscas. Os condicionamentos tectônicos, representados por falhamentos, fraturamentos e
dobramentos, originaram rochas do tipo biotitaquartzos, arenitos e conglomerado com lentes
de caulim; que por sua vez determinaram o surgimento de solos do tipo Planossolo Solódico
Eutrófico e Bruno não Cálcico e esses, interagindo com o clima, determinou o tipo de
vegetação predominante, a caatinga.
Ocorrem ainda, na região, áreas relacionadas às formações geomorfológicas,
denominadas Bacias e Coberturas Sedimentares. Estas bacias constituem morfoestruturas
distintas, conforme a disposição de suas camadas, a natureza dos seus materiais e suas
características tectônicas. Predominam, entre elas, camadas de fracas inclinações com fácies
alternadamente arenosa, pelíticas e raros conglomerados, contendo algumas formações
carbonatadas e aflorantes, como no caso da Formação Bambuí. A presença de feições de
topos planos, com escarpas limítrofes, constitui os traços principais desta formação. O
intemperismo físico/químico alterou as rochas, originando solo do tipo Areias Quartzosas
Álicas, que por sua vez condicionaram o surgimento de vegetação de transição
caatinga/cerrados, em especial, na região do Raso da Catarina, definindo o grande domínio de
caatingas predominante na região.
5.2.3 – Geologia
A região está geologicamente representada por duas províncias distintas, uma
sedimentar, constituída pela Bacia do Tucano e uma pequena porção da Bacia do Jatobá. A
outra província tem característica eminentemente cristalina.
5.2.3.1 - Província Sedimentar
Esta província inicia sua coluna estratigráfica por sedimentos Siluro-Devoniano da
Formação Tacaratu, encontrados nos bordos da Bacia do Tucano, a oeste, noroeste e sul de
Paulo Afonso, bem como na região do Olho d´Água dos Casados e está litologicamente
constituída por arenitos e conglomerados com lentes de caulim e presença de estratificação
cruzada. Com datação do Devoniano, surgem arenitos finos, siltitos e folhelhos com
intercalações de arenitos grosseiros e margas e níveis calcíferos da Formação Inajá
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
128
localizados próximo ao município de Petrolândia, no Estado de Pernambuco. Sequenciando
esta coluna, surge o grupo Brotas, também bordejando esta bacia, disseminados a oeste de
Paulo Afonso, e constitui-se de conglomerados, de arenitos finos a conglomeráticos e
folhelhos. Dando seqüência a coluna estratigráfica, tem-se a Formação Cretácica Marisal que
está constituída por para-conglomerados e arenitos imaturos, folhelhos verdes a cinza-escuro
e siltitos, ocorrendo ocasionalmente lentes de calcário, que corresponde a maior parte da
Bacia do Tucano neste espaço regional a oeste de Paulo Afonso.
5.2.3.2 - Província Cristalina
A Província cristalina está representada principalmente em torno da cidade de Paulo
Afonso se adentrando para leste, indo até Delmiro Gouveia e para norte se prolongando para o
estado de Pernambuco. Constitui-se litologicamente por biotita-quartzo-feldspato-gnaisse,
gnaisse granatífero, biotita e/ou hornblenda gnaisse, gnaisses tonalíticos, rochas cataclásticas,
migmatitos granulitizados localmente e anfibolitos, esta unidade está datada do Pré-
Cambriano inferior. Sequenciando esta coluna, surgem no Pré-Cambriano superior,
constituído por granitóides diversos; granitos porfiróides a biotita e/ou hornblenda com
remanescentes de gnaisses migmatizados e manchas básicas dioríticas freqüentes, situados no
entorno de Delmiro Gouveia e pequenos afloramentos ao sul desta cidade. Concluindo esta
seqüência lito-estratigráfica, surge a nordeste de Paulo Afonso, mais precisamente ao redor de
Água Branca-AL, sienitos predominantes, quartzo-monzonitos.
5.2.4 – Solos / Erosão
5.2.4.1 - Informações sobre os solos da região
Com os estudos ambientais CHESF (2000 e 2005), o “Sistema Brasileiro de
Classificação de Solos” (EMBRAPA, 1999), foi adotado no presente estudo. NEOSSOLOS
REGOLÍTICOS, NEOSSOLOS LITÓLICOS, PLANOSSOLOS HÁPLICOS Eutróficos e
Distróficos, solódicos e típicos e PLANOSSOLOS NÁTRICOS são os principais solos de
toda a região e aparecem especialmente os NEOSSOLOS E PLANOSSOLOS predominando
sobre os outros nas unidades de mapeamento identificadas. Ocorrência de certa inversão na
ordem de predominância das classes de solo, como também, inclusões de outras classes.
Dentre as principais inclusões estão os LUVISSOLOS CRÔMICOS. O QUADRO 8
apresenta a correspondência existente entre a classificação de solo anteriormente utilizada e a
atual classificação adotada pelo novo Sistema Brasileiro de Classificação de solo.
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
129
QUADRO 8: Correspondência entre a classificação de solos utilizada anteriormente com relação
ao o novo Sistema Brasileiro de Classificação de solos
Novo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos
(EMBRAPA,1999)
Classificações anteriormente usadas no
Brasil
NEOSSOLO LITÓLICO SOLO LITÓLICO
NEOSSOLO QUARTZARÊNICO AREIA QUARTZOSA
NEOSSOLO REGOLÍTICO REGOSSOLO
PLANOSSOLO HÁPLICO PLANOSSOLO
PLANOSSOLO NÁTRICO SOLONETZ-SOLODIZADO
LUVISSOLO CRÔMICO BRUNO NÃO CÁLCICO
Fonte: EA-CHESF/FADE/UFPE, 2000.
5.2.4.2 - Suscetibilidade à erosão/degradação dos solos na região
O clima semi-árido da região, especialmente caracterizado por um regime de chuvas
torrenciais, representa condição extremamente favorável à erosão dos solos. Esta erosão se
processa de forma mais marcante quando há topografia movimentada com forte declividade e
diminuição na densidade da cobertura vegetal, conseqüência da atividade humana. A estas
condições extrínsecas do solo estão associadas condições intrínsecas representadas por
características e propriedades que conferem diferentes suscetibilidades à erosão. Solos como
os NEOSSOLOS LITÓLICOS, NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS, PLANOSSOLOS
HÁPLICOS, PLANOSSOLOS NÁTRICOS e os LUVISSOLOS CRÔMICOS ou sejam os
predominantes na região, estão entre os mais suscetíveis ao efeito erosivo das chuvas
torrenciais, uma vez que, sendo rasos, arenosos ou tendo mudanças abruptas na textura ao
longo do perfil (arenosos em superfície passando a argilosos em profundidade) ficam
extremamente sujeitos à infiltração superficial da água e a movimentação lateral, quando
encontram camada de impedimento à drenagem, ou rocha impermeável. Muitas vezes
verifica-se total ou parcial remoção dos solos. Estas condições de perdas de solo, freqüentes
na região, se processam de forma natural em vista da própria fragilidade do ambiente, sempre
suscetível ao chamado processo de desertificação, mas são exacerbadas quando há
interferência do homem desmatando ou diminuindo a densidade da cobertura vegetal.
5.2.4.3 – Erosão/degradação devido a efeitos indiretos da construção das barragens
O crescimento populacional na região, como conseqüência da implantação das usinas
hidrelétricas, ocasionou um maior extrativismo, contribuindo para a diminuição da densidade
da cobertura vegetal em grandes áreas na região. Tamm é contribuinte o desmatamento para
urbanização e instalação de fazendas ou pequenas explorações agrícolas de subsistência ou,
ainda, pecuárias extensivas. Nas fazendas, as áreas desmatadas são submetidas à exploração
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
130
agrícola, sem nenhuma prática conservacionista, promovendo intensa erosão ou, em alguns
casos especialmente quando há pecuária mais intensa, a compactação e diminuição da
infiltração de água nos solos. Embora ainda que ocorrentes de forma esparsa na região, estas
fazendas já se apresentam em grande número, especialmente nas proximidades de Paulo
Afonso.
A pecuária extensiva nessas áreas contribui ainda mais para que não haja regeneração
vegetativa, não só pelo consumo de algumas espécies forrageiras, mas também, pelo efeito de
pisoteio contribuindo para a compactação do solo e conseqüente diminuição na taxa de
infiltração de água.
5.2.5 – Recursos Hídricos
Na áreas em estudo o rio São Francisco define os limites estaduais, ou seja, à margem
direita, os estados da Bahia e de Sergipe e à margem esquerda, os estados de Alagoas e
Pernambuco.
Os riachos tributários na região são todos temporários, com afluências médias
desprezíveis em relação ao rio São Francisco. São, todavia, importantes como fontes hídricas
à montante, em localidades mais distantes do rio principal, o Rio São Francisco.
Na região, há existência de grandes barragens próximas a Paulo Afonso, como mostra
o QUADRO 9.
QUADRO 9: Volume de água acumulada pelas barragens, na Área de Influência de Paulo
Afonso.
Nome da Barragem Volume de água (m
3
)
Superfície
(Km
2
)
Extensão
(Km)
Itaparica 11.000.000.000 835 180
Moxotó 1.200.000.000 93 60
Paulo Afonso IV 128.000.000 16 5,2
Delmiro Gouveia 26.000.000 4,8 4
Xingo 3.800.000.000 60 60
Total 16.154.000.000 954 216
Fonte: www.CHESF.gov.br em 14/01/2007.
No conjunto, a água acumulada representa um total de 16,15 bilhões de metros
cúbicos e quase 1.000 Km
2
de superfície de espelho d´água, números esses que, por si só,
mostram a grandiosidade do potencial hídrico da região e a elevada potencialidade que existe
para as áreas de geração de energia hidrelétrica, irrigação e lazer.
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
131
A região conta, também, com pequenas, médias e grandes propriedades rurais, onde
milhares de pequenas aguadas são fontes importantes para o abastecimento do rebanho bovino
e caprino/ovino da região. Contudo, pela baixa profundidade, essas pequenas aguadas, em sua
maioria, não possuem regularização interanual, sobretudo pelas elevadas perdas por
evaporação que, na região, chegam à casa dos 2 metros por ano, sem contar com o consumo
do rebanho e populações locais que, via de regra, ajuda a secar essas pequenas aguadas em
outubro, ou novembro de cada ano.
5.2.5.1 – Parâmetros Hidroclimatológicos
As alterações no micro clima destacam-se com pequenas alterações que se operaram
no entorno dos reservatórios Delmiro Gouveia (UHE´s PA I-II-III), Moxotó (UHE Apolônio
Sales) e PA-IV (UHE Paulo Afonso IV). Nesse sentido, segundo os estudos ambientais
CHESF (2000 e 2005) numa análise das condições climáticas locais (precipitação,
temperatura, evaporação, evapotranspiração potencial, umidade relativa), apresentou a
seguinte consideração: É inegável que a formação de nada menos que 113,8 Km
2
de lagos
tragam efeitos microclimáticos sensíveis na região, inclusive com efeitos em uma faixa
limitada sobre a semi-aridez local.
5.2.5.2 – Vazões Afluentes aos Reservatórios e Defluentes
Até a década de 40, mais precisamente em 1949, o rio São Francisco corria
livremente, experimentando toda a flutuação hídrica que o ano hidrológico das áreas de
montante proporcionava. As maiores vazões se verificavam e se verificam entre os meses de
novembro até maio, quando ocorre o pico de precipitações nas cabeceiras, em especial, em
Minas Gerais e no noroeste da Bahia, regiões que respondem de modo significativo pelo
regime hídrico do rio. Era comum se verificar vazões que variavam dos 850 m
3
/s até
ultrapassar os 12.000 m
3
/s em períodos de cheia, como acontecera em fevereiro de 1946.
A média representativa dessa época pode ser referida ao período de 1937 e 1949, com
as afluências registradas em m
3
/s e mostradas no QUADRO 10. E essas afluências são
representadas a seguir no GRÁFICO 1.
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
132
QUADRO 10 – Vazões Afluentes médias mensais do Rio São Francisco, 1937 a 1949.
Mês
Afluência Média
(m
3
/s)
Mês
Afluência
Média
(m
3
/s)
Janeiro 5388 Julho 1619
Fevereiro 6179 Agosto 1393
Março 6182 Setembro 1211
Abril 4864 Outubro 1217
Maio 3245 Novembro 1958
Junho 2035 Dezembro 3823
Fonte: CHESF, 2005
GRÁFICO 1: Vazões Afluentes médias mensais do Rio São Francisco, 1937 a 1949.
RIO SEM INTERVENÇÃO
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
JAN. FEV. MAR. ABR. MAI. JUN. JUL. AGO. SET. OUT. NOV. DEZ.
MESES
MÉDIAS MENSAIS (m3/s)
RIO S/ INTERVENÇÃO (1937/1949)
A partir de 1950, a primeira intervenção no curso do rio São Francisco em Paulo
Afonso, foi feita para a construção da UHE Piloto, uma hidrelétrica com apenas uma turbina
capaz de gerar 2MW, que era alimentada a partir do lago próximo ao braço Capuxu, seguindo
por um canal que alimenta o adutor da turbina. Iniciava-se, aí, a alteração no rio que descia
corredeiras conhecidas como cachoeiras de Paulo Afonso.
A partir de 1955, o enchimento do reservatório Delmiro Gouveia alterou
sensivelmente a afluência do rio em Paulo Afonso que, mais tarde, veio a permitir o
funcionamento das Usinas Hidrelétricas Paulo Afonso I-II-III.
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
133
No período de 1977 a 1979, mais precisamente em abril de 1977, entrou em operação
o Reservatório de Moxotó lago à montante de Paulo Afonso, permitindo operar a Usina
Apolônio Sales. Esse reservatório estende-se para montante por 60 Km, acumulando 1,15
bilhões de metros cúbicos de água. Embora não tenha objetivo de regulação, pelo seu porte
atua, na prática, com leve poder de regularização, sobre o sistema lacustre de Paulo Afonso.
Em finais da década de 70, mais precisamente, em 1979, entrou em operação o
reservatório de Sobradinho. O principal objetivo desse reservatório é de regularização de
vazões para toda a cascata de produção de energia no sub-médio e baixo rio São Francisco. A
partir de 1979, o sistema CHESF pode efetuar um maior controle de afluência, a partir do
reservatório de Sobradinho.
Cabe ainda registrar que, nesse mesmo ano de 1979, entrou em operação o
Reservatório da UHE Paulo Afonso IV, abastecido a partir de um canal que o interliga ao lago
de Moxotó.
Na década de 80, em especial no ano de 1988, um novo evento alterou o curso do rio
São Francisco. O enchimento do reservatório de Itaparica modificou sensivelmente os níveis
de afluência em Paulo Afonso.
De modo a apresentar informações hidrológicas, o Operador Nacional do Sistema
Elétrico – O N S, nas suas funções de planejamento e programação da operação do Sistema
Interligado Nacional – SIN, possui uma cadeia de modelos para a otimização da operação
eletroenergética, os quais utilizam séries de vazões médias diárias, semanais e mensais.
Assim, o ONS emitiu relatório técnico com objetivo apresentar de forma resumida o
conteúdo das séries de vazões médias mensais adotadas nos modelos e procedimentos
utilizados, para o planejamento e programação da operação eletroenergética do Sistema
Interligado Nacional - SIN.
Desta forma o QUADRO 11 apresenta as vazões médias anuais afluentes e defluentes
no período de 1950 a 2005 nos reservatórios de Itaparica (UHE Luiz Gonzaga), Moxotó
(UHE Aplônio Sales), Delmiro Gouveia (UHE´s Paulo Afonso I-II-III), PA IV (UHE Paulo
Afonso IV) e Xingo (UHE Xingó). As vazões foram calculadas utilizando-se a cota
operacional máxima normal dos reservatórios (Itaparica = 304 m, Moxotó = 253, 00 m,
Delmiro Gouveia = 230,30 m, PA IV = 252,00m e Xingó = 138,00 m).
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
134
QUADRO 11 – Reservatórios e afluências e defluências médias anuais (m
3
/s) no rio São
Francisco em Paulo Afonso no período de 1950 a 2005.
ANO ITAPARICA ITAPARICA
INCREMENTAL
MOXOTÓ DELMIRO
GOUVEIA
PA IV XINGÓ
1950
2734
54 2732
2732
2732 2732
1951
2535
62 2540
2540
2540 2540
1952
3081
64 3081
3081
3081 3081
1953
2020
41 2023
2023
2023 2023
1954
1948
54 1950
1950
1950 1950
1955
1867
37 1868
1868
1868 1868
1956
2335
49 2336
2336
2336 2336
1957
4236
167 4237
4237
4237 4237
1958 2441 44 2447
2447
2447 2447
1959 2022 27 2027
2027
2027 2027
1960 3239 328 3276
3276
3276 3276
1961 2917 8 2923
2923
2923 2923
1962 2443 11 2439
2439
2439 2439
1963 2166 27 2178
2178
2178 2178
1964 2778 90 2787
2787
2787 2787
1965 3227 15 3244
3244
3244 3244
1966 3025 49 3037
3037
3037 3037
1967 2729 132 2733
2733
2733 2733
1968 3150 58 3171
3171
3171 3171
1969 2277 20 2381
2381
2381 2381
1970 2869 34 2878
2878
2878 2878
1971 1710 32 1701
1701
1701 1701
1972 2341 29 2348
2348
2348 2348
1973 2707 34 2706
2706
2706 2706
1974 2765 277 2778
2778
2778 2778
1975 2162 42 2183
2183
2183 2183
1976 1726 12 1727
1727
1727 1727
1977 2266 56 2307
2307
2307 2307
1978 3200 58 3198
3198
3198 3198
1979 5019 52 5081
5081
5081 5081
1980 4387 72 4394
4394
4394 4394
1981 3652 123 3675
3675
3675 3675
1982 3968 164 3980
3980
3980 3980
1983 4552 278 4544
4544
4544 4544
1984 2633 205 2642
2642
2642 2642
1985 3915 547 3943
3943
3943 3943
1986 2691 62 2774
2774
2774 2774
1987 1912 48 1993
1993
1993 1993
1988 2443 187 2482
2482
2482 2482
1989 2120 149 2164
2164
2164 2164
1990
2418 62 2472
2472
2472 2472
1991 2732 50 2807
2807
2807 2807
1992 4311 163 4424
4424
4424 4424
1993 2410 54 2475
2475
2475 2475
1994 2721 88 2791
2791
2791 2791
1995 1983 96 2023
2023
2023 2023
1996 1812 89 1830
1830
1830 1830
1997 2794 60 2829
2829
2829 2829
1998 1834 22 1858
1858
1858 1858
1999 1792 65 1802
1802
1802 1802
2000 2489 75 2493
2493
2493 2493
2001 1343 45 1353
1353
1353 1353
2002 1952 87 1952
1952
1952 1952
2003 1812 10 1812
1812
1812 1812
2004 2625 311 2625
2625
2625 2625
2005 2641 30 2641
2641
2641 2643
Fonte: O N S , 2005. www.ons.org.br. Acesso em 18/02/2007.
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
135
5.2.6 – Qualidade e Usos da Água dos Reservatórios
Segundo os Estudos Ambientais realizados, as condições hidrológicas dos
reservatórios de Paulo Afonso (Delmiro Gouveia e PA IV) e Moxotó estão diretamente
influenciadas pelo aporte de águas e sedimentos das vazões que afluem de Itaparica e dos
cursos d’água da bacia hidrográfica que drenam nos lagos dos reservatórios de Paulo Afonso
(Delmiro Gouveia e PA IV) e Moxotó.
No período chuvoso, em conseqüência do processo de enxurrada nas áreas do entorno
dos lagos, onde existem ações antrópica e de atividades agropecuárias, ocorrem contribuições
de cargas poluidoras advindas de esgotos em sua maioria de caráter doméstico, industrial e
agrícola.
Para identificação dos diversos tipos de esgotos responsáveis por cargas poluentes na
bacia hidráulica das barragens, foram levantadas e registradas informões em treze pontos no
entorno dos reservatórios. A coleta de campo se deu em pontos à montante dos
empreendimentos, sendo: 4 pontos no estado da Bahia, 7 pontos no de Pernambuco e 2
pontos no de Alagoas Em cada local foi realizada uma coleta e posteriormente, classificada
segundo os tipos de esgotamento em: doméstico; agrícola; industrial e de ETA (EA-
CHESF/FADURPE/UFRPE, 2005).
Os de origem doméstica foram coletados em aglomerados urbanos na cidade de
Glória/BA, na cidade de Paulo Afonso/BA e na cidade de Jatobá/PE.
As amostras de esgotos de origem agrícola foram coletadas nas áreas das piscigranjas
em Paulo Afonso e em área irrigada de Itaparica. No matadouro público de Paulo Afonso, foi
feita uma coleta da amostra de esgoto de caráter industrial. Em Itaparica coletou-se amostra
do esgoto proveniente da Estação de Tratamento de Água - ETA.
No QUADRO 12 são mostradas as fontes de poluição identificadas pelos Estudos
Ambientais – EA, em campo e os diferentes tipos de despejos, bem como os parâmetros e
seus respectivos valores obtidos a partir das análises de laboratório para o reservatório
Delmiro Gouveia.
Conforme os estudos ambientais CHESF (2000 e 2005), a identificação dos tipos de
esgoto responsáveis pelas cargas poluidoras no reservatório Delmiro Gouveia mostram que as
mesmas, têm no esgoto doméstico o seu maior aporte. Além do esgoto sanitário, o aporte de
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
136
águas pluviais, provenientes de ações antrópicas das áreas urbanas ou rurais existentes no
entorno do reservatório, carreiam para as coleções superficiais de água, poluentes originados
em decorrência da erosão do solo, do lixo, do uso de defensivos, e fertilizantes e de ligações
clandestinas de esgoto.
A acumulação-regularização da represa, com o objetivo de proporcionar benefício
econômico e social requer que a mesma tenha determinada quantidade de água, bem como
uma qualidade adequada. Esta última característica, de caráter ambiental, é também um
aspecto importante, pois em função do crescimento das cidades e das atividades sócio-
econômicas, aumentam as quantidades de esgotos, de resíduos industriais e de agrotóxicos
que são jogados nos rios, lagoas e açudes, o que contribui para escassez, visto que a água
poluída torna-se imprópria para utilização.
QUADRO 12 – Valores dos parâmetros analisados nos diferentes tipos de esgoto para
localidades no entorno do reservatório Delmiro Gouveia.
Local
Picigranja
Vila CHESF
Vila Zebu
Estado
BA AL AL
Tipo de esgoto
agrícola doméstico doméstico
Condutividade elétrica (μS/cm) a 25° C
1.060 619 835
PH
7.1 5.5 6.8
Amônia em NH
3
(mg/l)
0.6 55 50.6
Nitrito em N (mg/l)
ND 0.010 0.015
Nitrato em N (mg/l)
1.1 8.7 5.3
Alcalinidade de hidróxidos em CaCO3 (mg/l)
0.0 0.0 0.0
Alcalinidade de carbonatos em CaCO3 (mg/l)
0.0 0.0 0.0
Alcalinidade de bicarbonatos em CaCO3 (mg/l)
116.1 176.2 302.3
Alcalinidade total em CaCO3 (mg/l)
116.1 176.2 302.3
Dureza total em CaCO3 ( mg/l)
245.6l 55.7 96.2
ND – Não determinado. Fonte: EA-CHESF/FADURPE/UFRPE, 2005.
Ao longo dos anos de 2000 e 2001 foram realizadas campanhas de monitoramento
limnológico de reservatórios do rio São Francisco, integrantes das atividades previstas no
Projeto “Estudos limnológicos e sedimentológicos do Complexo Hidrelétrico de Paulo
Afonso e Itaparica”, realizado mediante contrato celebrado entre a CHESF e a FADURPE,
sob execução do Laboratório de Limnologia do Departamento de Pesca - DEPESCA, da
Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE.
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
137
Segundo o projeto de “Estudos limnológicos e sedimentológicos do Complexo
Hidrelétrico de Paulo Afonso e Itaparica”/FADURPE/CHESF, a área de monitoramento
localiza-se no trecho do Rio São Francisco compreendido entre os reservatórios das
Hidrelétricas Luiz Gonzaga (Itaparica), Apolônio Salles (Moxotó), Paulo Afonso – I-II-III
(Delmiro Gouveia) e Paulo Afonso VI (PA-IV). As estações de amostragem, num total de
vinte e quatro foram distribuídas em diferentes regiões dos quatro reservatórios estudados,
levando em consideração suas diferentes zonas (superior, média e inferior), a zona de
transição rio-reservatório e a presença de tributários.
Os “Estudos limnológicos e sedimentológicos do Complexo Hidrelétrico de Paulo
Afonso e Itaparica”/FADURPE/CHESF, constatou que a recreação existente nas margens dos
reservatórios de Paulo Afonso, bem como o uso do mesmo como destino final de esgotos
sanitários sem nenhum tratamento, podem resultar em alterações de qualidade de água,
tornando-a imprópria para outros usos como, por exemplo, o consumo humano. O QUADRO
13 mostra uma quantificação geral de cargas poluidoras existentes na atualidade em função da
localidade e origem das fontes de despejo.
QUADRO 13 - Quantificação geral de cargas poluidoras existentes para o reservatório Delmiro
Gouveia
.
L
OCALIDADE
O
RIGEM DO
DESPEJO
P
OPULAÇÃO
CONTRIBUINTE
C
ARGA ESPECÍFICA
DE
DBO
(G/HAB.DIA)
C
ARGA DE
DBO MÉDIA
(KG/DIA)
Vila CHESF Doméstico 1000 50 50
Vila Zebu Doméstico 1500 50 75
Paulo Afonso Piscigranja - 10 23,0
Fonte: EA – CHESF/FADURPE/UFRPE, 2005.
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
138
5.3 – CARACTERIZAÇÃO DO MEIO BIÓTICO
5.3.1 – Flora
A vegetação em torno dos reservatórios das usinas do Complexo Hidrelétrico de Paulo
Afonso (UHE Apolônio Sales, UHE´s Paulo Afonso I-II-III-IV, Usina Piloto), embora em
relativo estágio de degradação é a seguinte:
5.3.1.1 - Caatinga Arbórea
Sua fisionomia florestal é devida a presença de indivíduos arbóreos distribuídos
densamente, com indivíduos arbustivos nas poucas áreas abertas.
O estrato arbóreo é composto por árvores de 7 a 10 metros de altura, formando um
dossel contínuo com as seguintes espécise: braúna (Schinopsis brasiliensis), aroeira do sertão
(Myracrodruon urundeuva), bom nome (Maytenus rigida), imbu (Spondias tuberosa),
faveleira (Cnidosculus phyllacanthus), angico de caroço (Anadenanthera macrocarpa).
No estrato arbustivo foram identificadas 3 espécies de pinhão: pinhão miúdo (Jatropha
ribifolia), pinhão branco (Jatropha pohliana), pinhão (Jatropha mutabiles), moleque duro
(Cordia loeucocephala), etc.
5.3.1.2 - Caatinga Arbustiva Arbórea
É a vegetação que mais ocorre na área do empreendimento, com uma grande
quantidade de indivíduos arbustivos: marmeleiro (Croton sonderianus), velame (Croton
jacobinensis), moleque duro (Cordia leucocephala), relógio (Sida galheirensis), cansanção
(Cinidocolus urens), quipá (Opuntia inamoena), xique-xique (Pilosocereus gounellei),
palmatória (Opuntia palmadora).
5.3.1.3 - Mata Ciliar
O conceito de mata ciliar ou mata de galeria indica que são formas de vegetação que
margeiam os rios, riachos e reservatórios de água. Nelas são encontradas espécies de valor
econômico e, principalmente, de grande importância para fixação dos solos das margens dos
rios e reservatórios evitando assim sua erosão.
Da vegetação ciliar das margens do Rio São Francisco quase nada restou desde o
início da sua ocupação ocorrida ha cerca de 5 séculos.
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
139
Os que restam nas margens e nas ilhas da flora original são poucas espécies arbóreas
de leguminosas como: ingaí (Inga fagifolia), marizeiro (Geoffraea spinosa), craibeira
(Tabebuia caraiba), mulungu (Erythrina velutina) e alguns arbustos que conseguem sobreviver
na condição temporária de inundações, a saber: mata cabra (Ipomoea carnea), espinheiro
(Mimosa pigra).
Essa vegetação vem sofrendo cortes constantes para retirada de madeira e lenha para
uso doméstico e, também, para ocupação das áreas com agricultura de subsistência, capineiras
e pastagens nativas para criação de gado bovino e ovino. Ocorre ainda a invasão pelos
caprinos que se alimentam principalmente das sementes que iriam repovoar a área.
Com o abandono dessas áreas, aos poucos elas são invadidas por indivíduos de
algaroba (Prosopis juliiflora) e outras espécies sem valor econômico. Com relação a algaroba,
os bovinos se alimentam dos seus ramos e vargens, disseminando as sementes que germinam,
promovendo a ocupação dessas áreas de matas ciliares com espécies de algaroba.
5.3.1.4 - Macrófitas aquáticas
As macrófitas aquáticas – entendidas como as plantas macroscópicas visíveis a olho
nu, que possuem suas partes fotossinteticamente ativas permanentes ou temporariamente a
cada ano, submersas ou flutuantes, habitando desde brejos a ambientes verdadeiramente
aquáticos – constituem um importante componente do ecossistema aquático, sendo
responsáveis pela síntese da matéria orgânica, juntamente com o fitoplâncton, e sua
disponibilização para a cadeia trófica neste tipo de meio (Esteves, 1998; Pott & Pott, 2000).
De acordo com seu hábito ou forma de vida em relação ao meio aquático, sobretudo à
superfície da água, as plantas aquáticas podem ser classificadas, conforme o esquema a seguir
(Pott & Pott, 2000), em: a) anfíbia ou semi-aquática – aquelas capazes de viver tanto em área
alagada como fora d’água, apresentando ecomorfose (modificação da forma) durante a
transição da fase aquática para a terrestre, com o rebaixamento do nível da água; b) emergente
– as enraizadas no fundo, parte submersas e parte fora d’água; c) flutuantes fixas – aquelas
enraizadas no fundo, com caule e/ou ramos e/ou folhas flutuantes; d) flutuantes livres – as não
enraizadas no fundo, que podem ser transportadas pelas correntes, pelo vento e por animais;
e) submersas fixas – aquelas enraizadas no fundo, com caule e folhas submersos,
apresentando geralmente apenas as flores fora da água; f) submersas livres – as plantas não
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
140
enraizadas no fundo, totalmente submersas, e que geralmente apresentam apenas suas flores
emersas; e g) epífitas – as que se instalam sobre outras plantas aquáticas.
Uma classificação mais recente (Irgang & Gastal Jr., 1996) divide as macrófitas
aquáticas em apenas três grupos: a) flutuantes livres – abaixo, acima ou na superfície; b)
enraizadas no substrato – submersas, com folhas flutuantes, caules flutuantes com folhas
emergentes, trepadeiras e anfíbias; e c) enraizadas sobre outras (epífitas). A FIGURA 5
apresenta formas biológicas das plantas aquáticas.
FIGURA 5: Formas biológicas das plantas aquáticas: 1. anfíbia, 2. emergente, 3. flutuante fixa,
4. flutuante livre, 5. submersa fixa, 6. submersa livre, 7. epífita (extraído de Pott & Pott, 2000).
Algumas espécies podem apresentar diversas formas biológicas, em função do habitat
e suas alterações relacionadas ao nível da água, alternando entre submersas a emergentes, ou
em função de sua idade e fase do desenvolvimento, como submersa fixa na fase jovem a
flutuante fixa ou livre na fase adulta.
Os reservatórios, como ambientes transitórios entre sistemas lóticos – de água
corrente, os rios – e lênticos – de águas paradas, os lagos -, apresentam condições ecológicas,
tais como: diversidade de biótopos – desde zonas com correnteza a áreas alagadas com águas
permanentemente paradas -, variação de nível da água – em função das características
hidrológicas da bacia de captação -, climáticas e operacionais do uso do reservatório – como
geração de energia, irrigação, abastecimento humano, etc. – e de disponibilidade de nutrientes
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
141
– seja pela fertilidade natural da bacia ou pela contribuição antrópica, mediante o lançamento
de resíduos orgânicos (lixo, esgotos), industriais ou agrícolas (fertilizantes).
Deve-se ressaltar, a exemplo de outros reservatórios em diferentes regiões do Brasil.,
como aqueles do sudeste e sul – rios Tietê, Paranapanema e Paraná - ou aqueles localizados
em zonas urbanas, e.g. Pampulha em Belo Horizonte (MG) e Billings em São Paulo (SP), a
preocupação com a ocorrência e proliferação de macrófitas flutuantes livres, como Eichhornia
crassipes, Pistia stratiotes ou até mesmo Salvinia spp., usualmente ocorrentes em ambientes
com elevada disponibilidade de nutrientes (eutrofizados) e que provocam sérios danos aos
equipamentos de geração de energia e comprometimento da qualidade da água, além de
servirem como substrato para organismos vetores de doenças.
No reservatório Delmiro Gouveia foram registradas as espécies citadas anteriormente,
inclusive com a formação de extensos estandes (Salvinia auriculata entremeada com Lemna
minuta e Associação de Eichhornia crassipes, Salvinia auriculata, Lemna minuta e Egeria
densa,). Sua retirada destes locais e transporte para o corpo central em direção às barragens
está usualmente ligada à ação conjunta da elevação do nível da água do reservatório e à
modificação do sentido dos ventos. Eventos desta natureza não ocorrem com tanta freqüência,
nem os bancos flutuantes destas espécies chegam a constituir uma preocupação para o
reservatório.
Por outro lado, espécies submersas enraizadas, que usualmente constituem problemas
para a navegação, recreação e aproveitamento da água para suprimento humano, podem
representar uma séria ameaça às turbinas de geração, como ocorre com a espécie Egeria densa
nos reservatórios do submédio (Estande de macrófita submersa Egeria densa, no reservatório
Delmiro Gouveia). Algumas condições particulares parecem ter favorecido o
desenvolvimento da mesma nos reservatórios do rio São Francisco, de modo que ela é
encontrada em todos eles entre Sobradinho e Xingó, com menor incidência no último, em
decorrência do perfil íngreme de suas margens, o que dificulta o enraizamento e a
proliferação. Nos demais, entretanto, com declives mais suaves em suas margens e uma alta
transparência das águas – chegando a atingir mais de oito (8) metros de visibilidade do disco
de Secchi em certas épocas do ano (FADURPE, 2000a,b,c), a espécie prolifera com grande
vigor, cobrindo extensas áreas, aparentemente sendo limitada pela profundidade e/ou
penetração de luz. Constituem estandes praticamente monoespecíficos, com alguma
ocorrência conjunta com Chara sp. e Nitella sp. nos limites externos de seus bancos. Estudos
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
142
visando caracterizar a biomassa de E. densa, as características ecológicas da espécie, suas
características organolépticas e o potencial de aproveitamento na alimentação animal vêm
sendo efetuados nos reservatórios do submédio São Francisco desde 1996. Informações
relativas aos mesmos constam de Nascimento (1999, 2002) e UFRPE/CHESF/FADURPE
(1996; 1998a,b; 1999a,b,c; 2000a,b; 2001a,b; 2002a,b; 2003a,b).
Outro aspecto relevante é a recente, mas intensa, proliferação de espécies flutuantes no
reservatório Delmiro Gouveia, próximo ao local de escoamento de empreendimento de
cultivo de peixes em sistema de alto fluxo, na cidade de Paulo Afonso (BA). Uma associação
de Eichhornia crassipes, Salvinia auriculata, Lemna minuta, Azolla filiculoides e Wolffia
brasiliensis (Salvinia auriculata entremeada com Lemna minuta, Associação de Lemma
minuta (LM) e Wolffia brasiliebsis (WB), Estandes de L. minuta e W. brasiliensis, Estande de
L. minuta e Azolla filiculoides, e Estande de A. filiculoides), desenvolvendo-se sobre
estandes submersos de Egeria densa (Slavinia auriculata entremeada com Lemma minuta),
vem proliferando ao redor do ponto de deságüe do efluente do empreendimento, formando
uma ilha em forma semicircular que já ocupava alguns milhares de metros quadrados na
ocasião do levantamento realizado em abril/2003 (banco de macrófitas flutuantes). Estas
formações não eram encontradas no local antes do ano 2000, tendo seu aparecimento sido
certamente favorecido pelo aporte de nutrientes decorrentes dos dejetos e resíduos de
alimento do cultivo de peixes no empreendimento citado.
5.3.2 - Fauna
A vegetação em torno dos reservatórios das usinas do Complexo Hidrelétrico de Paulo
Afonso, embora em relativo estágio de degradação, apresenta uma fauna associada
relativamente bem diversificada, abrangendo algumas espécies endêmicas. Poucas espécies
foram consideradas ameaçadas segundo a listagem da fauna brasileira ameaçada (MMA,
2003).
Desconsiderando a fauna existente em ambientes especiais como enclaves úmidos e
dunas, ambientes não presentes no local, pode-se destacar para a área aquática, mata ciliar,
caatinga e áreas antrópicas da região, representantes das espécies de anuros, serpentes,
lagartos, anfisbenídios, quelônios, crocodiliano, aves e mamíferos (Sick 1997; Rodrigues
2000).
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
143
Quanto ao grupo Squamata, que abrange as serpentes, os lagartos e os anfisbenídios
(Pough et al., 1998; Zug et al., 2001), apenas este último tem todos seus representantes
diretamente associados ao solo da caatinga.
Alguns desses animais apresentam hábitos fossoriais, sendo encontrados nos
ambientes pouco mais sombreados com solos úmidos e de baixa salinidade sendo eles
representantes das espécies dos gêneros Amphisbaena sp., Typhlops sp. e Leptotyphlops sp.,
(Amaral, 1954; Vanzolini, 2002).
Quanto ao restante, poucos são quase que exclusivamente arbóreos (Iguana iguana,
Polychrus acutirostris, Enyalius bibroni, Boa constrictor, Corallus hortulanus, Oxybelis
aeneus) (Coredeiro & Hoge, 1972; Vanzolini, 1972, 1974 e 1976). Outros vivem na vegetação
imediatamente próxima aos cursos d´água (maioria dos anuros hilídios e Phyllomedusa
hypocondrialis).
Algumas das espécies terrestres são pouco exigentes quanto às áreas com grande
cobertura vegetal, principalmente os lagartos Tupinambis teguixin, Ameiva ameiva,
Cnemidophorus ocellifer e aqueles do gênero Tropidurus; também, boa parte das serpentes da
família Colubridae e algumas das peçonhentas: Crotalus durissus cascavella, e as do gênero
Bothrops.
Os quelônios e crocodilianos estão intimamente associados às áreas adjacentes dos
reservatórios de água, incluindo a vegetação ciliar. Apenas o quelônio Geochelone carbonaria
mantém relativa independência desses ambientes.
As aves que estão diretamente associadas aos ambientes aquáticos são: o mergulhão
Podilymbus podiceps, o bigüá Phalacrocorax olivaceus, os ardeídeos Casmerodius albus,
Egretta thula, Butorides striatus, os anatídeos Dendrocygna viduata, Dendrocygna bicolor,
Amazonetta brasiliensis, os martim-pecadores Ceryle torquata, Chloroceryle americana, os
ralídeos Rallus nigricans, Gallinula chloropus, Porphyrula martinica, os limícolas Himantopus
himantopus, Jacana jacana, Charadrius collaris, Tringa solitária e Tringa flavipes. Algumas
aumentaram suas populações oportunisticamente face às mudanças antrópicas (ampliação da
lâmina d’água e conseqüentemente aumento das áreas úmidas).
As aves paludícolas Certhiaxis cinnamomea, Arundinicola leucocephala,e Tachycineta
albiventer vivem associadas à vegetação ribeirinha utilizando esse ambiente para reprodução
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
144
e alimentação. São comumente observadas às margens dos reservatórios de Paulo Afonso e
Moxotó (Dekeyser 1978; Ridgely e Turdo 1994; Sick 1997).
No que concerne aos mamíferos, Calithrix jacchus (sagüi) constitui uma espécie
endêmica do Nordeste, entretanto, vem sendo introduzida com sucesso em outras regiões do
País. Representa um primata com ampla distribuição que se adapta às áreas antrópicas e à
mata ciliar do entorno dos reservatórios de Paulo Afonso e Moxotó. Da mesma forma, outros
mamíferos vivem associados à vegetação ribeirinha a exemplo de: Didelphis albiventer
(cassaco), Tamanduá tetradactyla (tamanduá-mirim), Cerdocyon thous (raposa), Procyon
cancrivorus (guaxinim) e o Noctilio albiventris (morcego-pescador).
5.4 – CARACTERIZAÇÃO SÓCIOECONÔMICA
A Área de estudo para esta dissertação corresponde ao município de Paulo Afonso/BA
e o município de Delmiro Gouveia/AL.
5.4.1 - Município de Paulo Afonso/BA
O município foi habitado inicialmente por bandeirantes portugueses, no início do
século XVIII. Em 1725, foi doada a sesmaria para Paulo Viveiro Afonso, mas só com a
chegada de Delmiro Gouveia, comerciante cearense, em 1913, que a Cachoeira foi
aproveitada com a inauguração da Usina Angiguinho. Em 1921 foram iniciados os estudos
para melhor aproveitamento da cachoeira e em 1948, o Governo federal criou a Companhia
Hidro Elétrica do São Francsico – CHESF e em 1949 as obras começaram. Paulo Afonso
tornou-se centro mais populoso e de maior renda do Município de Glória, chegando em 1953
à categoria de Distrito e, em 1954 a Usina começa a funcionar. O progresso chega então ao
Distrito que se emancipa de Glória em 1958.
Os dados gerais do município de Paulo Afonso/BA são apresentados a seguir:
MUNICÍPIO - PAULO AFONSO
DADOS DA PREFEITURA: Endereço: av. Apolônio Sales, n. 295 – centro.
ASPECTOS FÍSICOS:
¾ Área Total = 1.700 Km²;
¾ Distância da capital salvador: 480 Km;
¾ Mesorregião: Região Nordeste, semi-árido baiano.;
¾ Microrregião: Região dos Lagos;
¾ Altitude da sede: 243 m;
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
145
¾ Latitude: 09º 24’;
¾ Longitude: 38º 13’;
¾ Temperatura média anual 26º C;
RODOVIAS DE ACESSO: BR – 110, BR – 423 e BR – 210.
LIMITES:
¾ Norte: Glória;
¾ Sul: Jeremoabo e Santa Brígida;
¾ Leste: Rio São Francisco (Estados de Alagoas, Pernambuco e Sergipe);
¾ Oeste: Rodelas
DATAS HISTÓRICAS E CULTURAIS:
¾ Emancipação política: Lei Estadual N. 1012 de 28//07/58;
¾ Santo Padroeiro: São Francisco de Assis
5.4.1.1 - Aspectos Demográficos
A população de Paulo Afonso no aspecto da distribuição por gênero observa-se que, o
número de mulheres predomina em todos os anos considerados na TABELA 1. A razão de
sexo é crescentemente favorável à mulher em todos os períodos considerados: (51,69%) em
1991, 1996 (54,65%) e em 2000 (51,63%). E na TABELA 2 estão apresentadas as
populações residentes em 1991, 1996 e 2000 no meio urbano e rural com suas respectivas
densidades demográficas.
TABELA 1: População residente, por gênero, nos anos de 1991,1996 e 2000.
POPULACÃO RESIDENTE
TOTAL HOMENS MULHERES
ANO Nº. Nº. % Nº. %
1991
86.619 41.846 48,31 44.773 51,69
1996
93.609 45.158 45,35 48.451 54,65
2000
96.499 46.680 48,37 49.819 51,63
FONTE: IBGE/2001 Contagem da População: 1991 – 2000.
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
146
TABELA 2: População residente, por situação de domicílio e densidade demográfica, nos anos
de 1991, 1996 e 2000.
TOTAL URBANA RURAL ANO
N. % N. % Nº. %
DENSIDADE
DEMOGRÁFICA
(Hab/Km²)
1991
86.619 100,0 74.355 85,84 12.264 14,16 50,95
1996
93.609 100,0 80.273 85,75 13.336 14,3 55,06
2000
96.499 100,0 82.584 85,58 13.915 14,43 56,76
FONTE: Contagem da População/1996 e 2001- IBGE/1991-2000.
O município de Paulo Afonso vem apresentando um acentuado crescimento
populacional, marcado por uma significativa concentração de moradores em sua área urbana;
sua taxa de urbanização é de 85,58% e, sua densidade demográfica corresponde a 56,76
hab/Km². Totaliza 8,4% da população da Bahia, ficando em 13º lugar no ranking do estado.
No item distribuição etária da população, observa-se que 30,68% são compostas de
crianças; 64,08% são adultos e 5,25% idosos, conforme apresenta a TABELA 3.
TABELA 3: Distribuição etária da população residente – 2000.
DISTRIBUIÇÃO ETÁRIA DA POPULAÇÃO
IDADE Nº. %
0 – 06
13.490 13,98
7 – 14
16.116 16,70
15 – 24
21.381 22.16
25 – 64
40.449 41,92
65 OU MAIS ANOS
5.063 5,25
TOTAL 96.499 100,00
FONTE: IBGE/2001.
5.4.1.2 - Nível de Vida
As informações sobre as condições de vida da população como: Indicadores de
qualidade de vida IDH-M, Escolaridade/Educação, Saúde/ Mortalidade, Trabalho e Renda e
Infra-estrutura física e social do município são apresentados a seguir.
IDH-M: O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal é obtido pela média
aritmética simples de três índices referentes às dimensões: longevidade, educação e renda,
com pontuação que varia de 0 a 1,0. O índice no município é de 0,719, conforme demonstra a
TABELA 4. Apresenta-se, portanto, numa boa colocação no ranking dos municípios que
integram aquela região. Outro dado significativo e revelador é o Índice de Desenvolvimento
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
147
Infantil (IDI), indicador adotado pelo UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) do
qual, em âmbito municipal, registra 0,451; 3.498º é a sua posição a nível nacional.
TABELA 4: Desempenho do Índice de Desenvolvimento Humano do Município.
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO DO MUNICÍPIO (IDH-M)
ANO IDH-M POSICÃO SOBRE
MUNICÍPIOS DO BRASIL
MUNICÍPIOS
INFORMADOS
1991
0,537 2.41 4.491
2000 0,719 2.643º 5.507
FONTE: Ministério da Assistência e Promoção Social, citando IBGE/2001.
Segundo divulgação do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), os
indicadores a seguir sintetizam a qualidade de vida em Paulo Afonso, conforme apresenta o
QUADRO 14.
QUADRO 14 – Indicadores de Qualidade de vida em Paulo Afonso/BA.
Esperança de vida ao nascer (em anos): 68,90
Taxa de alfabetização de adultos (%): 77,32
Taxa bruta de freqüência escolar (%): 83,94
Renda per capita (R$): 170,05
Índice de longevidade: 0,732
Índice de educação: 0,795
Índice de renda: 0,630
Fonte: IPEA – 2003/ EA – CHESF/FADURPE/UFRPE, 2005.
5.4.1.3 – Educação
Tomando como referência os dados oficiais do IBGE/2000, conforme apresentado nas
TABELAS 5 a 7, estes que quantificam o desempenho do sistema de ensino do município,
revelam que:
Nos três diferentes níveis de ensino, o município matriculou 32.559 crianças, adolescentes
e jovens, distribuídos nos 117 estabelecidos estaduais, municipais e particulares;
1.142 docentes respondem pela educação formal desse segmento.
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
148
TABELA 5: Número de Estabelecimentos: Federal, Estadual, Municipal e Particular, por Nível
de Ensino – 2000.
NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS
ESCOLA
PRÉ-ESCOLAR FUNDAMENTAL MÉDIO
PÚBLICA FEDERAL
- - -
PÚBLICA ESTADUAL
01 08 04
PÚBLICA MUNICIPAL
10 72 -
PARTICULAR
09 11 02
TOTAL 20 91 06
Fonte: Ministério da Educação / INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais:
Censo Educacional 2000.
Em 2003 os dados relativos à rede municipal de ensino, o município conta com 73
escolas, 02 creches municipais e 10 filantrópicas. No campo são 51 escolas. O índice de
analfabetismo é da ordem de 21,48%, sendo que, na zona rural este índice eleva-se.
TABELA 6 - Número de matrículas nas escolas da rede: Federal, Estadual, Municipal e
Particular, por nível de ensino – 2000.
NÚMERO DE MATRÍCULAS
ESCOLA
P
-ESCOLAR FUNDAMENTAL MÉDIO
PÚBLICA FEDERAL
- - -
PÚBLICA ESTADUAL
114 7.362 5.847
PÚBLICA MUNICIPAL
476 15.076 -
PARTICULAR
448 2.505 731
TOTAL 1.038 24.943 6.578
FONTE: Ministério da Educação / INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais:
Censo Educacional 2000.
TABELA 7: Número de docentes das escolas da rede: Federal, Estadual, Municipal e Particular,
por níveis de ensino – 2000.
NÚMERO DE DOCENTES
ESCOLA
PRÉ-ESCOLAR FUNDAMENTAL MÉDIO
PÚBLICA FEDERAL
- - -
PÚBLICA ESTADUAL
04 216 157
PUBLICA MUNICIPAL
23 552 -
PARTICULAR
29 121 40
TOTAL 56 889 197
Fonte: Ministério da Educação / INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais:
Censo Educacional 2000.
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
149
O município dispõe de três instituições de ensino superior representados pelas
instituições a seguir relacionadas:
UNEB – Universidade Estadual da Bahia/Campus VIII que oferta os cursos de Pedagogia,
Biologia, Matemática e Engenharia de Pesca, totalizando 725 alunos;
FASETE - Faculdade Sete de Setembro que tem uma população de 306 estudantes
regularmente matriculados nos cursos de Administração e Marketing, Turismo e Letras.
FATER – Faculdade de Teologia, formando na área de Teologia e Pedagogia.
5.4.1.4 – Saúde
Em Paulo Afonso, a rede de Serviços de Saúde ligada ao SUS é composta de 24
Unidades Básicas; sendo, 09 unidades localizadas na sede do município e 15 na zona rural.
Essa infra-estrutura conta com 02 hospitais: O Hospital Nair Alves de Souza e o Hospital do
Estado, totalizando 229 leitos SUS. Integram, ainda, a rede preventiva de saúde: 27 unidades
ambulatoriais, 10 postos, 07 centros, 02 ambulatórios e 12 Policlínicas Particulares para
atender aos seus 96.499 munícipes e aos moradores de cidades vizinhas. O estudo da:
“Procedência do Paciente” realizado pela Secretaria Municipal de Saúde demonstra a
demanda externa posta à rede municipal proveniente das cidades dos estados vizinhos:
Alagoas: Delmiro Gouveia, Água Branca, Mata Grande, Inhapi, Pariconha e Piranhas.
Pernambuco: Petrolândia, Tacaratu e Jatobá
Sergipe: Canindé do São Francisco
Bahia: Santa Brígida, Glória, Jeremoabo e Rodelas.
No ano de 2000, foram registradas 10.245 internações hospitalares, segundo divulga o
IBGE/2001.
A rede privada realiza atendimento ambulatorial e Serviços de Apoio Diagnóstico e
Terapias (credenciados e não credenciados SUS).
Com referência ao Coeficiente de Morbidade no município, observa-se que a
tuberculose e a hanseníase apresentam incidência ao lado da hepatite viral e dengue, doenças
de veiculação hídrica. Frente ao exposto, o PMS (2000) apresenta como meta, a redução da
tuberculose, elevando o percentual de pacientes curados a índices acima de 85% .
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
150
Por meio do Programa de Agentes Comunitário de Saúde, que conta com 50 agentes
comunitários, a Secretaria Municipal de Saúde registrou no ano de 2000 uma taxa média de
desnutrição infantil da ordem de 8,42% entre crianças de 0 a 11 meses e 29 dias; para a faixa
etária dos 12 aos 13 meses e 29 dias essa taxa eleva-se para 13,71%. A TABELA 8 apresenta
o índice de mortalidade infantil nos anos de 1989, 1990, 1994 e 1998.
TABELA 8: Índice de Mortalidade Infantil – 1989/1990/1994 e 1998.
ANO PARA CADA MIL NASCIDOS VIVOS
1989 86,95
1990 84,60
1994 78,86
1998 76,50
FONTE: MAPS – Ministério da Assistência e Promoção Social, citando IBGE / 2001
A mortalidade infantil apresenta-se como um dos problemas a ser enfrentado pelo
município uma vez que, conforme aponta o Plano Municipal de Saúde 2002 a 2005, em 1998,
segundo o Ministério da Saúde, “era de 76,50/1000 nascidos vivos, informação corroborada
pelos dados do SIAB/PACS que se referem a 78,34/1000P/NV no ano de 2000”. Todavia, o
índice de mortalidade infantil apresenta-se numa avaliação cronológica de forma decrescente.
Realidade que indica uma melhor dotação em serviços de saúde.
5.4.1.5 - Renda da População
A produção de energia hidrelétrica em grande escala no município de Paulo Afonso
diferencia sua condição de empregador e gerador de renda em relação aos demais municípios
do estado. A análise do trabalho e renda em Paulo Afonso passa também pela relação dos
indicadores selecionados entre diferentes municípios produtores de energia, os quais sofreram
inclusive intervenções governamentais, sendo transformado em área de segurança nacional, o
que ocorreu em Paulo Afonso nos anos setenta (PDDUA / Paulo Afonso – Base
Socioeconômica).
Com base em dados censitários do ano de 2000, a participação da população
economicamente ativa, a identificação das pessoas de 10 anos ou mais de idade, por classes de
rendimento nominal mensal em salário mínimo, estão representadas na TABELA 9 a seguir.
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
151
TABELA 9: Pessoas de 10 ou mais anos de idade, por classes de rendimento nominal mensal -
2000.
PESSOAS DE 10 ANOS OU MAIS DE IDADE
C
LASSES DE RENDIMENTO NOMINAL MENSAL (SALÁRIO MÍNIMO) (1)
TOTAL
Até 1
Mais de
1 a 2
Mais de
2 a 3
Mais de
3 a 5
Mais de
5 a 10
Mais de
10 a 20
Mais
de
20
Sem
rendimento (2)
77.426
16.795 9.170 3.418 3.400 3.984 1.095 383 39.181
Fonte: IBGE/2001; (1) Valores referentes ao Salário Mínimo de 2000 - R$ 151,00; (2) Inclusive as
pessoas que receberam somente em benefícios
.
5.4.1.6 - Infra-Estrutura
Os dados relativos aos domicílios permanentes no município e a disponibilidade de
serviços de infra-estrutura urbana: habitação, abastecimento de água, esgotamento sanitário,
coleta de lixo, suprimento de energia elétrica, sistema viário e equipamentos sociais
disponíveis aos residentes.
A) Habitação e Saneamento
Nos dados oficiais dos anos 1980 e 1991, o quantitativo de domicílios no município de
Paulo Afonso, contabilizava 13.840 e 18.220, respectivamente. Em 1991, verificava-se que
aumenta o número dos domicílios duráveis, cuja participação no total passa de 93,0% a 95,2%
e diminui a participação de domicílios classificados como “Não duráveis”, cuja participação
cai de 6,8% para 4,3%. Apenas domicílios classificados como “Improvisados” apresentam um
ligeiro crescimento, passando de 0,2% para 0,5%. Aliado ao problema dos materiais
empregados, as habitações mais precárias são construídas em locais, o mais das vezes,
insalubres. Na TABELA 10 é apresentado o desempenho do Abastecimento D’água em 2000.
TABELA 10: Desempenho do Abastecimento D’água – 2000.
ABASTECIMENTO DÁGUA
População Atendida (hab) 77.914
N
0
de Economias 24.414
N
0
de Ligações 22.119
Índice de Abastecimento (%) 90,70
Extensão da Rede (Km) 149,459
FONTE: EMBASA - Empresa Baiana de Águas e Saneamento /2003
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
152
O suprimento de água do município de Paulo Afonso é feito pela EMBASA (Empresa
Baiana de Águas e Saneamento S/A) com uma produção per capita de 196 1/hab por dia. A
vazão atual do sistema é de 833 m
3
/h, superior à necessária, fornecendo água de boa
qualidade. Todos os logradouros possuem abastecimento regular, em dias alternados, porém
com uma grande incidência de vazamentos. Os pontos críticos de abastecimento estão
identificados nos bairros: BNH; Abel Barbosa e Benome Rezende. O serviço oferecido à
população atinge um índice de atendimento da ordem de 90,70%. Todavia, em relação ao
abastecimento de água, há questões relacionadas à pressão, perda e ligações clandestinas que
persistem até os dias atuais. Na zona rural, rios, fontes, cisternas e poços artesanais são
utilizados, na maioria das vezes, sem tratamento prévio.
Dos 23.741 domicílios existentes que são beneficiados com algum tipo de infra-
estrutura sanitária, sendo ela banheiro ou sanitário, totalizam 87,17%; os que não possuem
nem sanitários nem banheiros somam 12,83%. Os bairros beneficiados com tratamento seja
ele caixa de areia seguida por um Digestor Anaeróbico de Fluxo Ascendente (DAFA) são os
bairros Jardim Aeroporto e Cleriston de Andrade. De acordo com informações junto à
prefeitura municipal existem projetos para construção de outras unidades como as
mencionadas. A TABELA 11 apresenta os domicílios particulares permanentes com infra-
estrutura sanitária em 2000.
TABELA 11: Domicílios particulares permanentes com infra-estrutura sanitária – 2000.
INFRA-ESTRUTURA SANITÁRIA Nº
Domicílios com alguma infra-estrutura Sanitária 20.696
Domicílios sem nenhuma infra-estrutura Sanitária 3.045
TOTAL 23.741
FONTE: MAPS – Ministério da Assistência e Promoção Social, citando IBGE / 2001
Os bairros que não possuem sistema de tratamento lançam seus esgotos no canyon que
segue para o São Francisco, recebendo assim, o rio, uma considerável carga orgânica
produzida pelos esgotos domiciliares. Não se pode deixar de levar em consideração os esgotos
produzidos pelas fábricas. Os maiores problemas constatados são a falta de tratamento de
efluentes sanitários em quase toda cidade, bem como redes de esgotos obstruídas em alguns
pontos. Além dos sistemas de drenagem urbana que recebem efluentes sanitários. A
TABELA 12 apresenta os domicílios particulares permanentes com esgotamento sanitário em
2000.
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
153
TABELA 12: Domicílios particulares permanentes com esgotamento sanitário – 2000.
DOMICÍLIOS COM ESGOTAMENTO SANITÁRIO Nº
Rede Pública Coletora
17.572
Fossa 2.385
Outro Tipo de Escoamento 3.784
TOTAL 23.741
FONTE: MAPS – Ministério da Assistência e Promoção Social, citando IBGE / 2001.
Paulo Afonso não possui um macro sistema de tratamento de esgotos sanitários,
exceto os bairros de Cleriston Andrade e Jardim Aeroporto, sendo seus esgotos lançados in
natura na bacia do São Francisco.
A TABELA 13 apresenta o quantitativo de resíduos sólidos coletados em 2003.
TABELA 13: Quantitativo de Resíduos Sólidos em 2003.
RESÍDUOS SÓLIDOS DO VOLUME
COLETADO (TN/MÊS)
Residenciais/Comerciais 1.700,0
Entulho da Construção Civil 567,0
Resíduos Hospitalares 6,6
FONTE: Projeto Executivo do Aterro Sanitário de Paulo Afonso/2002
A usina de triagem e compostagem existentes em Paulo Afonso, conta com um efetivo
de 48 cooperados e retira 5% de material potencialmente reciclável do volume de lixo que
chega diariamente ao pátio. Atualmente todo o lixo coletado da cidade tem seu destino final
na própria usina de triagem. Os resíduos passam pela esteira, onde são separados e os rejeitos
e volumes excedentes são depositados a céu aberto. O lixo hospitalar, coletado separadamente
é depositado em valas próximas à usina. A limpeza da cidade é mantida com varrições diárias
na sede, a cada dois dias nas áreas comerciais e a cada três dias nos bairros residenciais. Os
problemas observados na cidade são relativos à deposição de lixo em locais inadequados e o
hábito de atear fogo nos resíduos.
O suprimento elétrico da cidade de Paulo Afonso é feito pela Companhia Elétrica da
Bahia (COELBA), atingindo uma área de cobertura de 100%. A TABELA 14 apresenta o
consumo de energia elétrica por classes em 2003.
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
154
TABELA 14: Consumo de energia elétrica, por classes –2003.
ENERGIA ELÉTRICA N0 DE LIGAÇÕES CONSUMO
MENSAL (KW/H)
Residenciais 24.094 2.522.609
Comerciais 2.020 1.114.604
Rurais 357 619.151
Industriais 97 328.037
Poder Público 349 1.055.013
COELBA – Sede – Consumo Próprio 1 6.040
Fonte: Companhia elétrica da Bahia (COELBA/2003)
B) Sistema Viário
Cerca de 95% das vias públicas de Paulo Afonso são pavimentadas. A macro
drenagem é feita pelo Rio São Francisco. A racionalização do sistema viário municipal
apresenta-se como uma das prioridades elencadas no Plano Diretor de Desenvolvimento
Urbano e Ambiental de Paulo Afonso – PDDUA/2000, uma vez que, a ilha de Paulo Afonso
fora implantada em uma zona de risco, onde toda a cidade encontra-se sob o regime de um
complexo de barragens cujas cotas do espelho d’água estão, em muitas áreas, acima da cota
dos assentamentos.
A malha de acesso constitui-se uma das grandes restrições do município, limitada,
basicamente, à BR-110 que, muitas vezes, encontra-se em precária situação de conservação,
constituindo-se um dos pontos de permanente cobrança das autoridades municipais ao poder
federal – mais especificamente ao Ministério dos Transportes, visto que, tal situação não se
coaduna com a função de pólo comercial e de serviços desempenhada pela sede
administrativa do município que se sobrepõe por sobre vasta área de influência, não só na
Bahia, mas nos estados vizinhos.
O município de Paulo Afonso possui um único aeroporto da região com pista
pavimentada. A pista com 2 Km de extensão, comporta grandes aviões (Boeing 737, por
exemplo). No entanto, conforme informações de profissionais ligados à Prefeitura Municipal,
ainda não houve acordo com linhas regulares para pouso semanal no município. Hoje, pousam
aviões da CHESF, Banco do Brasil e Correios além, naturalmente, de vôos fretados e
particulares.
Em termos de transporte rodoviário, o município dispõe de 06 empresas: Bonfim,
Progresso, Real Alagoas, São Geraldo, Regional e Cacique que cumprem diariamente os
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
155
trechos: Paulo Afonso-Santa Brígida, Paulo Afonso-Glória e às capitais Recife, Salvador e
São Paulo. Com destino ao Rio de Janeiro, registra uma viagem semanal.
Principais rodovias de acesso: BR 110 - Acesso a Salvador, BR 423 - Acesso a
Recife/Maceió e BR 210 Acesso a Juazeiro/BA.
C) Segurança
Na cidade encontra-se um complexo da Polícia Civil, um Batalhão da Polícia Militar
(20º BPM) com um efetivo de aproximadamente 500 homens e um Presídio.
D) Equipamentos Sociais
Segundo o documento Perfil Municipal/1997, Paulo Afonso enquanto sede da
importante instituição da área federal, a CHESF, abrigando um grande contingente de
trabalhadores especializados e de nível universitário, visitada por um significativo número de
turistas induziu à implantação e crescimento de uma boa rede prestadora de serviços, assim
distribuída com Bancos, Correios, TV, Estação repetidora, Emissora de rádio AM e FM,
Telefonia (fixa e digital).
5.4.1.7 - Estrutura Produtiva e de Serviços
A CHESF historicamente responde pela principal atividade econômica em Paulo
Afonso - geração de energia elétrica. O contingente de empregados na empresa atingiu, em
picos máximos, cerca de 10 mil pessoas. Atualmente, o comércio, a indústria de
transformação de eletricidade e a Prefeitura são os maiores empregadores. Dado revelador na
TABELA 15 que demonstra a absorção de mão-de-obra nos diferentes setores produtivos.
Apesar da forte presença do Setor Público, como empregador (praticamente CHESF e
Prefeitura Municipal), o Setor Privado responde por 2/3 dos postos de trabalho, com vínculo
empregatício. As ocupações classificadas como “Conta Própria” também são bem
representativas incorporando um contingente superior àquele vinculado ao setor público,
ratificando a importância do setor informal, e das atividades ligadas ao pequeno comércio e
serviços.
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
156
TABELA 15: Pessoas de 10 ou mais anos de idade ocupadas, por atividade do trabalho principal
em 2000.
SETOR PRODUTIVO Nº.
Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Pesca 4.339
Industria Extrativista/ de Transformação e distribuição de eletricidade, gás e água 3.534
Construção Civil 2.835
Comercio, reparação de veículos automotivos, objetos pessoais e domésticos
6.484
Alojamento, alimentação 1.256
Transporte, armazenamento e comunicação 1.652
Atividades imobiliárias e serviços prestados a empresas 1.394
Administração publica, defesa e seguridade social 1997
Educação 2.313
Saúde, serviços sociais 620
Outros serviços coletivos, sociais e pessoais 1.191
Serviços domésticos 2.237
Organismos internacionais -
Atividades mal definidas 392
Total 30.244
FONTE: IBGE / 2001
As atividades econômicas desenvolvidas no município, a seguir informadas, são
retratadas com base nos dados e informações registradas no Censo Econômico de 2001-
Censos Produção Agrícola e Pecuária Municipal no período de 1994/2001 (IBGE).
A estrutura econômica produtiva da agropecuária, conforme os dados disponíveis do
Censo agrícola apresentaram os melhores resultados na cultura da mandioca, cana-de-açúcar e
melancia, sendo eles, os principais produtos oriundos das lavouras temporárias que apresenta
potencialidades de crescimento. A pecuária de Paulo Afonso destaca-se na produção de
bovinos, aves, ovinos e caprinos.
Os principais produtos de origem animal são o mel de abelha e o leite. A outra
atividade que vem merecendo atenção é o beneficiamento do couro (curtume) e dos ossos do
boi para ração. A produção local já tem mercado consumidor certo: os municípios de Salgado
(BA) e Delmiro Gouveia (AL).
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
157
Diversas oportunidades de negócios que estão sendo exploradas pelos poderes
públicos estadual e municipal. Importantes programas e projetos estão em execução e
representam oportunidades de negócios e geração de trabalho e renda. Destacamos:
Apicultura – Hoje desenvolvida em 4 associações, aglutinando aproximadamente 100
associados;
Aqüicultura – Projeto de criação de peixe em gaiola. São 9 associações com geração de
2000 empregos diretos e 4000 indiretos; Projeto Caiçara destinado à produção de alevinos;
Produção de tilápias do São Francisco (35.000 t/ano), a maior da América Latina;
Ovinocultura – Rebanho de 25 mil cabeças, somando 1000 criadores;
Fruticultura – Culturas de hortaliças e frutas (banana, uva, coco, melão, melancia e outros)
com produção anual de 15000 t/ano.
Nesse sentido, a prefeitura municipal vem investindo em capacitação e treinamento,
oferecendo condições de fixação da população rural, já tendo sido realizados 62 cursos de
Gestão pela Qualidade Total, e treinados 1.100 ruralistas. Acrescente-se a isso, obras em
infra-estrutura: Pavimentação de vias de acesso, instalação de postos telefônicos, doação de
tratores às associações rurais, construção de cisternas e perfuração de poços artesianos, postos
médicos e escolas.
Projetos de irrigação de médio porte implantados incrementam o potencial da
agropecuária local. A exemplo: Projeto de Irrigação Caiçara (100 ha), localizado às margens
do Reservatório PA IV, constando de 35 lotes com 2,5 ha de área plantada com banana,
tomate industrial, olericultura e feijão.
5.4.1.8 - Controle Social
A) Acervo Paisagístico e Cultural
O município de Paulo Afonso é dotado de um rico patrimônio natural e cultural. O
próprio rio São Francisco, com seus canyons, e o complexo de usinas hidrelétricas se
oferecem como atrativos e potencialidades turísticas.
O documento “Região dos Lagos do Rio São Francisco: Potencial Turístico - uma
oportunidade de negócios” editado pelo Serviço de Apoio às Micros e Pequenas Empresas de
Pernambuco (SEBRAE-PE) em 1998 registrou entre outros, áreas e monumentos de
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
158
inquestionável valor cultural da região. O QUADRO 15 apresenta a relação existente dos
Patrimônios Naturais, Históricos e Culturais do município de Paulo Afonso..
QUADRO 15: Patrimônios Naturais, Históricos e Culturais do município de Paulo Afonso/BA.
PATRIMÔNIO NATURAL: PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL:
Cachoeira de Paulo Afonso Memorial CHESF
Mirante do Amor Centro Cultura Lindinalva Cabral
Raso da Catarina Escultura – O Touro e a Sucuri
Ilha do Urubu Catedral de N.S de Fátima
Rio São Francisco Igreja de São Francisco de Assis
Canyons do Rio São Francisco Igreja Beato José de Anchieta
Fonte: EA – CHESF/FADURPE/UFRPE, 2005.
5.4.2 – Município de Delmiro Gouveia / AL
O município de Delmiro Gouveia/AL, cuja história constitui um marco no pioneirismo
empreendedor na região, cuja população ainda guarda viva a mágoa da inundação da cidade o
que vem, talvez, contribuindo para acelerar a depressão econômica e social do município. A
seguir está apresentado o dado geral do município.
MUNICÍPIO: Delmiro Gouveia;
DADOS DA PREFEITURA: Endereço: Praça da Matriz, n. 08 – Centro.;
ASPECTOS FÍSICOS:
¾ Área total: 609 Km²;
¾ Distãncia da capital Maceió: 301 Km;
¾ Mesorregião: Região alagoana dos lagos/bacia do São Francisco, no semi-árido / oeste
de Alagoas;
¾ Microrregião: Sertão Alagoano;
¾ Altitude da sede: 256 m;
¾ Temperatura média anual 26º C
RODOVIAS DE ACESSO: AL – 145, AL – 220, BR – 423 e BR – 316
LIMITES:
¾ Norte: Água Branca e Pariconha;
¾ Sul: rio São Francisco – lago das hidrelétricas de Paulo Afonso e Xingo;
¾ Leste: Olho d’água do Casado;
¾ Oeste: Rio São Francisco e Lago de Moxotó
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
159
DATAS HISTÓRICAS E CULTURAIS:
¾ Criação do município: Lei Estadual 1.623 de 16//06/52;
¾ Santa Padroeira: Nossa Senhora do Rosário
5.4.2.1 - História da Cidade
O povoado se formou em torno da estação da Estrada de ferro Great-Western e tinha o
nome de Pedra, pois existiam muitas richas junto a ela. Em 1903, Delmiro Augusto da Cruz
Gouveia chegou a região e se estabeleceu vendendo couros de bovinos e peles de caprinos.
Em 1914 fundou a Companhia Agro Fabril Mercantil, uma fábrica de linha, atraindo
diversas pessoas ao local fazendo com que o povoado crescesse formando-se um vila
operária.
Em 1921 Delmiro Gouveia conseguiu levar a luz elétrica e a água canalizada vindos
da Cachoeira de Paulo Afonso, tornando-se pioneiro no aproveitamento da cachoeira. Em
1938 a vila foi elevada a Distrito com a denominação de Pedra. Em 1943 passa a se chamar
Delmiro Gouveia e em 1952, já desmembrado da Água Branca se torna município.
Atualmente, a cidade apresenta dinamismo econômico, constituindo-se num pólo
comercial representativo da região, concentrando equipamentos sociais de qualidade.
Construções, aberturas de novas ruas, expansão de bairros, revitalização urbana (recuperação
de praças e áreas de lazer), ampliação da dotação de infra-estrutura urbana (saneamento), dão
a medida desse dinamismo.
5.4.2.2 - Aspectos Demográficos
Os aspectos demográficos, para efeito deste estudo, relacionam-se à dinâmica
populacional. A observação da evolução da população, do processo de urbanização e de sua
densidade demográfica, a distribuição dos residentes nas zonas espaciais – urbana e rural - e a
identificação da faixa etária dessa população.
Os dados censitários do IBGE, apresentados na TABELA 16, demonstram a evolução
da população que compõe a área de influência direta das usinas, ocorrida nos últimos dez
anos. Atualmente, o total de residentes nesta área corresponde a 42.995 habitantes
distribuídos nas zonas urbana e rural.
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
160
TABELA 16: População residente por situação do domicilio, segundo o município de Delmiro
Gouveia – 1991, 1996 e 2000.
POPULAÇÃO RESIDENTE
1991
POPULAÇÃO RESIDENTE
1996
POPULAÇÃO
RESIDENTE
2000
MUNICÍPIO
Total Urbana Rural Total Urbana Rural Total Urbana Rural
Delmiro
Gouveia/AL
41.214
31.957 9.257
40.537
31.882 8.655
42.995
33.563 9.432
FONTE: IBGE /1996; 2001 - Contagem da População/ Informações Básicas dos Municípios.
Delmiro Gouveia possui densidade demográfica de 70,60 hab/Km² e elevado
percentual de pessoas concentradas na área urbana, com uma taxa de urbanização de 78,06%.
O processo de urbanização no município de Delmiro Gouveia, contudo, não é recente. Para
isso, contribuiu a forte atividade têxtil que se desenvolveu no local. Segundo registros de sua
história, seu crescimento deve-se, especialmente, a atividade dessa indústria implantada pelo
Sr. Delmiro Gouveia em 1914, atraindo muitos moradores para a região. A população do
município era, no ano de 1991 e 1996, de 41.214 e 40.537 habitantes, respectivamente. A
diferença apresenta-se, igualmente, nos números relativos à sua densidade populacional que,
hoje é da ordem de 70,60 hab/Km².
A distribuição da população por gênero revela ligeira predominância do sexo feminino
no município de Delmiro Gouveia, conforme TABELA 17.
TABELA 17: População Residente por gênero, grau de urbanização e densidade demográfica
em 2000.
POPULAÇÃO RESIDENTE
2000
MUNICIPIO
Total Homens Mulheres
GRAU DE
URBANIZAÇÃO
(%)
D
ENSIDADE
DEMOGRÁFICA
(Hab/Km²)
DELMIRO
GOUVEIA/AL
42.995
20.753 22.242 78,06 70,60
FONTE: IBGE / 2001 - Contagem da População/ Informações Básicas dos Municípios.
A TABELA 18 apresenta a distribuição etária da população residente no muncípio
Delmiro Gouveia em 2000.
TABELA 18: Distribuição etária da população residente em 2000.
IDADE
TOTAL DE
RESIDENTES
0
06
ANOS
7
14
ANOS
15
24
ANOS
25
64
ANOS
65
OU MAIS
ANOS
MUNICÍPIO
Nº. % Nº. % Nº. % Nº. % Nº. % Nº. %
Delmiro
Gouveia/AL
42.995
100,0 6.741 15,68 8.090 18,82 9.070 21,10 16.517 38,42 2.577 5,98
FONTE: IBGE / 2001 - Contagem da População/ Informações Básicas dos Municípios.
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
161
5.4.2.3 - Nível de Vida
Índice de Desenvolvimento Humano do Município - (IDH-M): Este índice evidencia
as condições de vida da população local. Apresenta três indicadores relacionados a:
Expectativa de vida, escolaridade e renda per capita dos habitantes. Sua escala varia de 0 a 1
e, quanto mais próximo de 1, melhor o padrão de vida de um povo. Nos municípios
estudados esses dados estão sintetizados na TABELA 19 que se segue:
TABELA 19: Índice de Desenvolvimento Humano nos Municípios (IDH-M) – 1991 e 2000.
IDH
ANO 1991 ANO 2000
MUNICÍPIOS
I
DH-M
POSIÇÃO
SOBRE OS
MUNICÍPIOS DO
BRASIL
M
UNICÍPIOS
INFORMADOS
I
DH-M
POSIÇÃO
SOBRE
MUNICÍPIOS DO
BRASIL
M
UNICÍPIOS
INFORMADOS
Delmiro
Gouveia/AL
0,417
3.363º 3.491
0,645
3.852º 5.507
FONTE: IPEA/2003
Delmiro Gouveia apresenta uma melhoria significativa nos seus índices no período
entre 1991 e 2000. A evolução do IDH-M foi positiva: de 0,417 para 0,645.
5.4.2.4 – Educação
Segundo este estudo, que a taxa de analfabetismo corresponde à relação entre o
número de pessoas sem alfabetização e o total das pessoas residentes de um mesmo grupo
etário. A TABELA 20 mostra percentuais de analfabetismo, tomando como referência o ano
de 2000. Dos dados mencionados, pode-se concluir que o analfabetismo, nesse município,
apresenta-se, ainda, bastante elevado.
TABELA 20: População Residente, maior de cinco anos de idade, alfabetizada e não
alfabetizada, segundo o município – 2000.
POPULAÇÃO TOTAL POPULAÇÃO
ALFABETIZADA
POPULAÇÃO NÃO
ALFABETIZADA
MUNÍCÍPIOS
Nº. % Nº. % . %
Delmiro
Gouveia/AL
38.254
100,00
25.429
66,47
12.825
33,53
FONTE: IBGE / Ministério da Educação / INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais: Censo Educacional 2000.
Em Delmiro Gouveia esta realidade que, em relação ao percentual de pessoas não
alfabetizadas apresentadas no censo de 1990 é da ordem de 46,5%, em 2000 registra melhoria
baixando este índice para 33,53%; sendo que na área urbana esse percentual é de 24,0% e no
meio rural aumenta para 54,1%. Os dados do IBGE/2000 apontam ainda que, observando-se
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
162
por faixa etária, percebemos que na população com 15 ou mais anos de idade, 28.164 pessoas
(65,50%), ou seja, do universo dos moradores, 31% são de pessoas não alfabetizadas. Dado
preocupante considerando-se às exigências por escolaridade posta nos dias atuais a PEA
(População Economicamente Ativa).
As características da infra-estrutura educacional no âmbito dos municípios estudados
apresentam semelhanças próximas entre si, conforme apresentado na TABELA 21.
Com relação às TABELAS 21 e 22 que quantificam o desempenho do sistema de
ensino, os dados revelam que, em Delmiro Gouveia, nos três diferentes níveis de ensino, o
município matriculou em 2000, segundo informa o IBGE/2001, 13.725 crianças e
adolescentes distribuídos em 64 diferentes estabelecimentos de ensino onde: 14 para pré-
escolar, 47 o ensino fundamental e 03 o ensino médio. No âmbito federal não se contabiliza
registro; 493 docentes respondem pela educação formal dos segmentos infanto-juvenil e
jovens e adultos.
TABELA 21: Número de estabelecimentos de ensino e matrículas, segundo os municípios – 2000.
Nº. ESTABELECIMENTOS Nº. MATRÍCULAS
MUNÍCIPIO
P
-
ESCOLAR
ENSINO
FUNDAME
NTAL
E
NSINO
MÉDIO
T
OTAL
P
-
ESCO
LAR
E
NSINO
FUNDAME
NTAL
E
NSINO
MÉDIO
T
OTAL
Delmiro
Gouveia/AL
14 47 03
64
731 12.010 984
13.725
FONTE: IBGE / Ministério da Educação / INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais: Censo Educacional 2000.
TABELA 22: Número de docentes, por nível de ensino, segundo os municípios – 2000.
DOCENTES
Pré-Escolar
Ensino
Fundamental
Ensino Médio Total
MUNICIPIO
Nº. % Nº. % Nº. % Nº. %
Delmiro
Gouveia/AL
30
6,09
427
86,61
36
7,30
493
100,0
FONTE: IBGE / Ministério da Educação / INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais: Censo Educacional 2000.
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
163
5.4.2.5 – Saúde
No âmbito da Saúde, de um modo geral, a infra-estrutura dos municípios apresenta-se
deficiente na oferta desse serviço e nos equipamentos sociais disponíveis aos habitantes. Os
municípios da área de influência não dispõem de hospital, exceto Delmiro Gouveia. A rede
pública de saúde municipal conta com o apoio do Governo do Estado e do Ministério da
Saúde que têm investido esforços para atender a demanda da sociedade local, especialmente,
o público de baixa renda. São embasados nas políticas nacional e estadual de saúde,
alicerçados nas leis de nº 8080/90, 8142/90 e nos dispositivos legais da Constituição Federal
que preconizam os fundamentos básicos à descentralização da gestão, serviços e recursos
financeiros para os municípios.
Segundo os estudos ambientais CHESF (2000 e 2005), analisando os documentos:
“Relatório de gestão 2002 dos municípios de Delmiro Gouveia e Glória e as notificações do
município de Pariconha foi dimensionado a importância dos diversos sistemas de informações
em saúde que demonstram as tendências em termos da situação epidemiológica municipal,
conforme orientação do SUS – Sistema Único de Saúde. Destaque para o SIM - Sistema de
Informação de Mortalidade, o SINAN - Sistema de Informação de Agravos Notificáveis, o
SINASC - Sistema de Informação de Nascidos Vivos e o SIAB - Sistema de Atenção Básica”.
Na maioria dos municípios encontram-se implantados os programas: PACS -
Programa de Agentes Comunitários de Saúde e o PSF - Programa Saúde da Família.
No que se refere à rede de serviços existente, ela se configura conforme expresso na
TABELA 23. Apenas Delmiro Gouveia tem hospital (01), ainda assim, quantidade
insuficiente se considerarmos a população total que é da ordem de 42.995 habitantes. Possui
01 CTA - Centro de Testagem e Aconselhamento, 06 PSFs, 01 Núcleo Psiquiátrico – RE-
PENSAR, 01 Laboratório do Centro de Saúde Pública Municipal Dr. Jose Bandeira e 01 Setor
de Vigilância Sanitária.
TABELA 23: Rede de Saúde - Número de Unidades e Leitos de Saúde – SUS (1999-2000).
Município
Delmiro Gouveia/AL.
Hospital (2000)
01
Leitos Hospitalares (2000)
35
Uninidades Ambulatoriais
08
Postos de Saúde (1999)
03
Ambulatório de Unidade de Hospital Geral (1999)
01
Centro de Saúde (1999)
01
Internações Hospitalares
2.522
FONTE: IBGE/SIM – Sistema de Indicadores Mínimos /2001
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
164
5.4.2.6 - Renda da População
Vários indicadores revelam as condições de vida de uma população. A distribuição e
concentração de renda configuram-se como os mais determinantes. A população rural no
Brasil vem sofrendo as conseqüências de uma crise histórica da produção agrícola que,
continuamente, registra o decréscimo na utilização da mão-de-obra local, falta de recursos,
investimentos e incentivos no setor agrário, em especial, no nordestino. Realidade que agrava
os quadros de desigualdades sociais, empobrecimento e exclusão social de uma parcela
significativa da população do campo. Na área de influência do reservatório não acontece
diferente.
De um modo geral, evidencia-se uma situação de pobreza posta a uma considerável
parcela da população. A situação dos moradores do meio rural certamente revela-se pior que a
média da população residente, uma vez que, parte da renda não é monetarizada. Dado o
reduzido poder de compra do salário mínimo, tem-se uma noção da baixa renda dessa
população . Importante é considerar que diante da pobreza de uma expressiva parcela da
população a renda, em muitos casos, advém dos programas compensatórios do Governo
Federal. A exemplo: o PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, o Bolsa-Escola
e o Fome Zero. As TABELAS 24 e 25 apresentam, pessoas de 10 anos ou mais de idade, por
classes de rendimento nominal mensal em 2000 e o rendimento nominal médio segundo os
municípios em 2000, respectivamente.
TABELA 24 - Pessoas de 10 ou mais anos de idade, por classes de rendimento nominal mensal –
2000.
PESSOAS DE 10 ANOS OU MAIS DE IDADE
CLASSES DE RENDIMENTO NOMINAL MENSAL (SALÁRIO MÍNIMO) (1)
MUNICIPIO
TOTAL
ATÉ 1
MAIS
DE
1
A 2
MAIS
DE
2
A 3
MAIS
DE
3
A 5
MAIS
DE
5
A 10
MAIS
DE
10
A 20
MAIS
DE
20
SEM
RENDIMEN
TO (2)
Delmiro
Gouveia/AL
33.527
9. 716 3. 041 1. 260 955 753 210 65 17. 526
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000. (1) Salário mínimo utilizado: R$ 151,00. (2) Inclusive as
pessoas que receberam somente em benefícios.
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
165
TABELA 25 - Rendimento nominal médio segundo os municípios – 2000.
RENDIMENTO NOMINAL MENSAL - VALOR (R$)
MUNICIPIO
Médio Mediano Total por Município
Delmiro
Gouveia/AL
346,76 151,00
3.013.384,00
FONTE: MAPS – Ministério da Assistência e Promoção Social, citando IBGE / 2001
5.4.2.7 - Infra-estrutura
Os dados referem-se à realidade dos domicílios censitados no ano de 2000 e
complementados com informações adquiridas junto aos órgãos públicos municipais e
concessionárias serão apresentados a seguir. Os domicílios considerados são os tipificados
como “particulares permanentes”. A TABELA 26 apresenta o número de domicílios
particulares permanentes, por abastecimento d’agua, segundo os municípios no período de
2000/2003.
TABELA 26: Número de domicílios particulares permanentes, por abastecimento d’agua,
segundo os municípios - 2000/2003.
ABASTECIMENTO D’ÁGUA
MUNICÍPIO
N. Domicílios Nº. de
Economias
Nº. de
Ligações
*Índice de
Abastecimento
(%)
*Extensão da
Rede (Km)
Delmiro
Gouveia/AL
10.391*
10.646 10.299 - 8.508
FONTE: CASAL;2003 - Companhia de Abastecimento d’água e Esgotamento Sanitário de Alagoas;
MAPS – Ministério da Assistência e Promoção Social, citando IBGE / 2001. * (-) dado não
disponível.
A informação não apresentada na TABELA 26 corresponde a informações não
disponíveis na Companhia de Abastecimento d’água e Esgotamento Sanitário de Alagoas. De
acordo com as informações coletadas junto a técnicos da empresa concessionária
ocasionalmente ocorre racionamento de água no município. Somente no verão em alguns
povoados da cidade como: Salgado, Lagoinha, Cruz, Rabeca de Baixo, Rabeca de Cima,
Malhado e Cachoeirinha recebem água sem tratamento, apenas clorada. Os moradores
atendidos com abastecimento d’água somam 10.391 pessoas.
Os domicílios que são beneficiados com algum tipo de infra-estrutura sanitária, sendo
ela banheiro ou sanitário, totalizam 87,32% e os que não possuem nem sanitários nem
banheiros 12,68% no município de Delmiro Gouveia. Segundo a Secretaria Municipal de
Obras, responsável pelo esgotamento da cidade, há uma parcela expressiva de bairros, na
periferia, que ainda não é servida e não possui sequer fossa. A TABELA 27 apresenta o
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
166
número de domicílios particulares permanentes, com infra-estrutura sanitária segundo o
município em 2003.
TABELA 27: Número de domicílios particulares permanentes, com infra-estrutura sanitária,
segundo o município –2003.
INFRA-ESTRUTURA SANITÁRIA
MUNICIPIO
D
OMICÍLIOS COM ALGUMA
INFRA
-ESTRUTURA SANITÁRIA
D
OMICÍLIOS SEM
NENHUMA INFRA
-
ESTRUTURA SANITÁRIA
TOTAL
Delmiro
Gouveia/AL
9.073 1.318
10.391
FONTE: MAPS – Ministério da Assistência e Promoção Social, citando IBGE / 2001.
Em Delmiro Gouveia o serviço público de esgotamento sanitário é item de indubitável
importância para o bem-estar da população. Neste aspecto especifico, mais da metade dos
domicílios estão sendo servidos pela rede pública. Quanto ao esgotamento sanitário, a
TABELA 28 fornece informações gerais.
TABELA 28: Número de domicílios particulares permanentes com esgotamento sanitário,
segundo os municípios –2003.
ESGOTAMENTO SANITÁRIO
MUNICIPIOS
REDE PUBLICA
COLETORA
F
OSSA
O
UTRO TIPO DE
ESCOAMENTO
TOTAL
Delmiro
Gouveia/AL
5.743 2.836 1.812 10.391
Fonte: MAPS – Ministério da Assistência e Promoção Social, citando IBGE / 2001.
Os resíduos sólidos, em Delmiro Gouveia, coletados na área residencial e de comercio
são da ordem de 30.800,00 tn/mês. Os valores que não foram informados estão agregados ao
valor supra citado. Para tanto, a cidade dispõe de 03(três) depósitos a céu aberto localizados
nos bairros: Campo Grande, Bairro Novo e Pedra Velha. A prefeitura dispõe de uma usina de
reciclagem e compostagem de lixo, estando a mesma operando desde 1997, recebendo o lixo,
apenas do centro, sendo o destino dos demais resíduos - a vala a céu aberto. A TABELA 29
apresenta a produção de resíduos sólidos por município em 2002.
TABELA 29: Produção de resíduos sólidos por município – 2002.
RESIDUOS SOLIDOS (TN/MÊS)
MUNICIPIOS
RESIDENCIAIS/COMERCIAI
S E PUBLICA COLETORA
ENTULHO DA CONSTRUÇÃO
CIVIL
RESÍDUOS HOSPITALARES
Delmiro
Gouveia/AL
30.800,00
- -
FONTES: Secretaria de obras de Delmiro Gouveia/2003; Perfil do Saneamento Ambiental em 29
municípios da área do Xingó/2002.
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
167
O suprimento elétrico das cidades de Delmiro Gouveia é feito pela CEAL (Companhia
Elétrica de Alagoas) está apresentado na TABELA 30.
TABELA 30: Consumo de energia elétrica, por classes, segundo os municípios –2003.
ENERGIA ELETRICA
N. DE LIGAÇÕES
C
ONSUMO MENSAL (KW/H)
MUNICI-
PIO
RESI-
DENCI-
AIS
COMER
CIAIS
RU-
RAIS
INDUS
TRIAIS
PODER
PUBLI-
CO
RESIDEN
CIAIS
COMER
CIAIS
RURAIS
INDUS
TRIAIS
PODER
PUBLI
-
CO
Delmiro
Gouveia/
AL
9.533,00
563,00
52,00
33,00 115,00 655.735, 151.443,
37.312,
2.449.507, 74.492,
FONTE: CEAL/2003.
5.4.2.8 – Segurança
Delmiro Gouveia conta, desde 1997, com a guarda civil municipal que presta serviços
relevantes. Em parceria as polícias militar e civil fazem a segurança do município. O efetivo é
de 116 guardas municipais para realizar o trabalho e quatro postos localizados nas saídas do
município.
5.3.2.9 – Estrutura Econômica
No setor produtivo primário, estão as principais atividades econômicas desenvolvidas
na cidade de Delmiro Gouveia que tem o melhor êxito na pecuária, seguido do setor têxtil.
Na estrutura agropecuária dos municípios percebemos o comportamento das principais
lavouras temporárias no que se refere à quantidade produzida e área plantada no período de
1994 a 2001. Destaque para a cultura de milho, feijão e algodão. A TABELA 31 apresenta a
produção dos principais produtos de origem animal nos anos de 1994, 1995, 1998, 2000 e
2001.
O comércio e o turismo apresentam oportunidade de desenvolvimento para região.
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
168
TABELA 31: Produção dos Principais Produtos de Origem Animal nos Anos de 1994, 1995,
1998, 2000 e 2001.
PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL
ANO
MUNICIPIO
TIPO DE PRODUTO
1994 1995 1998 2000 2001
LEITE (MIL LITROS)
175 160 1.830 950 697
OVOS DE GALINHA (MIL
DÚZIAS)
11 10 77 18 18
DELMIRO
GOUVEIA
MEL DE ABELHA
- - - - -
Fonte: IBGE/2001 – Pesquisa Pecuária Municipal.
5.4.2.10 - Patrimônio Natural, Histórico e Cultural
Em Delmiro Gouveia, o lago apresenta potencialidades turísticas que já são, embora
timidamente, aproveitadas para o lazer da população local e circunvizinha. A própria
população proprietária das terras ao seu redor, investe em equipamentos singelos e bucólicos,
em harmonia com o ambiente natural, proporcionando ambiente agradável e propício ao lazer.
Os pontos de atração turística, já cadastrados em projeto desenvolvido pela CHESF e
SEBRAE, são, além das praias: a Usina Angiquinho, construída por Delmiro Gouveia; uma
área de 60 hectares cobertos por vegetação de caatinga e que se constitui em uma Reserva
Florestal e onde a Universidade Federal de Alagoas (UFAL) desenvolve pesquisas; a Furna do
Morcego, localizada no canyon próximo à Cachoeira de Paulo Afonso; a Trilha do Riacho do
Talhado que oferece um belo cenário composto pela água e a vegetação de caatinga; o Museu
Regional de Delmiro Gouveia que reúne objetos e fotografias que contam a história de
Delmiro, da Fábrica de Linhas da Pedra, da estrada de ferro entre outros.
O QUADRO 16 apresenta a relação existente do Patrimônio Natural, Histórico e
Cultural do município Delmiro Gouveia.
Capítulo 5 – Caracterização Sócioambiental
169
QUADRO 16: Patrimônio Natural, Histórico e Cultural do município Delmiro Gouveia.
PATRIMONIO NATURAL: PATRIMONIO HISTORICO
E CULTURAL:
Reserva Florestal Usina Angiquinho
Furna do Morcego Museu Regional de Delmiro Gouveia
Trilha do Riacho do Talhado Vila dos Operários
Praia Marina do Talhado Igreja N.S. do Rosario
Praia do Caixão Capela N.S. do Rosário
Praia Porto da Barra Igreja de Sto. Antonio
Açude da Pedra Praça Delmiro Gouveia
Riacho do Talhado Praça da Matriz
Mercado Publico
Biblioteca do Semi-Arido
Fonte: Potencial Turístico na Região dos Lagos: Uma Oportunidade de Negócios. SEBRAE/1998. EA
– CHESF/FADURPE/UFRPE, 2005
.
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
170
6 – ÁREA DE ESTUDO E ANÁLISE DOS DADOS
Este capítulo trata da área de estudo e a análise da situação atual do reservatório
Delmiro Gouveia e as suas áreas adjacentes. O capítulo está dividido em 3 (três) subtítulos, da
seguinte forma; o primeiro subtítulo faz uma breve descrição da área de estudo, o segundo
apresenta a análise dos dados no tocante aos estudos anteriores e a identificação dos
potenciais poluidores do reservatório e o último subtítulo trata do embasamento dos dados
georeferenciados.
6.1 – ÁREA DE ESTUDO
Esta dissertação tem como área de estudo o Reservatório Delmiro Gouveia, situado à
9º 22’ de latitude Sul e 38º 16’ de longitude Oeste. Está inserido na Bacia do rio São
Francisco e que abastece as Usinas Paulo Afonso I-II-III. As usinas são de propriedade da
CHESF, e fazem parte de um sistema composto por sete reservatórios da CHESF no rio São
Francisco conforme apresentado na FIGURA 6, a seguir.
O Reservatório Delmiro Gouveia foi construído no ano de 1955 com a finalidade de
geração de energia elétrica, com capacidade instalada de 1524 MW. Para sua construção fez-
se necessário o alagamento e deslocamento de comunidades rurais dos municípios de Paulo
Afonso, na Bahia e Delmiro Gouveia, em Alagoas. Além de contribuir na regularização da
vazão do rio São Francisco e abastecimento as comunidades dos municípios de Paulo
Afonso/BA e Delmiro Gouveia/AL. Como benefício indireto, oferece ainda mais opções
como: pesca artesanal, lazer à população local e de outras regiões, sendo considerado um
importante ponto turístico para o Estado da Bahia representado pelas cachoeiras de Paulo
Afonso a jusante do reservatório. No entanto, com a expansão das atividades urbanas e
industriais foram gerados diversos impactos, que acarretaram perdas significativas às funções
e valores sociais e ambientais do ecossistema.
O reservatório Delmiro Gouveia possui as seguintes características: área do
reservatório de 4,8 Km
2
, volume para cota máxima operativa normal de 26 x 10
6
m
3
, volume
útil do reservatório de 9,8 x 10
6
m
3
, tipo de regularização a fio d’água, cota máxima de 230,3
m, cota média de 229,5 m, cota mínima de 228,8 m.
A escolha dessa área de estudo justifica-se pelo fato dela estar inserida em uma região
com caracterísitcas diversas considerando as zonas rurais, urbanas e industrias que explicam
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
171
as significativas influências das atividades antrópicas na aceleração acentuada do processo de
eutrofização e da degradação ambiental do reservatório.
A inserção do Reservatório Delmiro Gouveia no contexto da bacia do rio São
Francisco pode ser observado na FIGURA 6, que apresenta o sistema de cascata dos
reservatórios do rio São Francisco.
FIGURA 6 – Cascata dos reservatórios no rio São Francisco
Fonte: CHESF, 2007.
A FIGURA 7 apresenta a localização da Área de Estudo com o reservatório Delmiro
Gouveia inserida na bacia hidrográfica do rio São Francisco e sua localização em termos de
Brasil.
Paulo Afonso
I - 180 MW
II - 480 MW
III - 864 MW
Sobradinho
34 bilhões m3
1O50 MW
Luiz Gonzaga
10 bilhões m3
1500 MW
Paulo Afonso IV
2460 MW
Xingó
3000 MW
Apolônio
Sales
440 MW
Três Maria
CEMIG
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
172
FIGURA 7 - Área de Estudo – Reservatório Delmiro Gouveia
Fonte: CHESF, 2007.
6.2 – ANÁLISE DOS DADOS
6.2.1 - Análise dos Estudos Ambientais anteriores
Foram analisados os Estudos Ambientais do Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso
elaborados pela FADE/UFPE - 2000 e da FADURPE/UFRPE-2005 que apresentaram as
seguintes informações:
Segundo os aspectos abordados na caracterização sócio-ambiental apresentada no
capítulo 5 dessa dissertação no tocante ao meio Físico, Biótico e Socioeconômico, para as
áreas de influência do reservatório Delmiro Gouveia, mostram uma grande limitação
ambiental no que tange à capacidade de desenvolvimento econômico e social de forma
sustentável, incluindo-se também os municípios considerados nos estudos sócio-econômicos.
Correlacionando-se os aspectos climáticos, geológicos, geomorfológicos, pedológicos,
hídricos, vegetação/flora e, fauna, tem-se um quadro pouco animador.
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
173
A predominância de temperaturas médias elevadas, aliadas à ocorrência de
precipitações pluviométricas irregulares e, em geral, baixas, provoca uma acentuada aridez na
região.
Outro elemento, caracterizador da região em análise, reside em sua estrutura
geológica, de natureza cristalina. Clima e geologia participam da gênese das condições
edáficas, o que, em conjunto, condiciona os tipos de vegetação e fauna associada. O suporte
florístico dos solos locais é formado pelo complexo das caatingas de porte, desde arbustivo
até arbóreo, e densidade variando de aberta a densa.
Desta forma, os rigores climáticos associados à baixa aptidão agrícola das terras,
levaram a uma ocupação extensiva deixando um rastro de destruição da vegetação nativa,
representada, sobretudo, por uma caatinga de baixo porte e densidade. Esta forma de
ocupação é altamente predatória, uma vez que provoca o incremento do processo erosivo
diminuindo, ainda mais, a capacidade produtiva dos solos, inviabilizando, por sua vez, a
própria regeneração natural do manto vegetal nativo.
Sendo assim, sente-se claramente os efeitos sobre a agricultura da região, representada
pela pouca expressão econômica, uma vez que se reduz a explorações agrícolas em pequenos
trechos de vazantes e áreas de expansão da pecuária. Portanto a expansão da fronteira
pecuária provocou um processo de rarefação populacional tanto de flora como da fauna.
Depreende-se então, que o desenvolvimento de uma economia agrícola sustentável na
região torna-se extremamente limitado em função da atuação e incidência dos fatores
adversos antes relatados.
A economia industrial, por sua vez, tem forte contribuição no desenvolvimento do
comércio e no incremento da prestação de serviços, quando considerados os municípios das
áreas de influência do reservatório Delmiro Gouveia
A implantação das usinas hidrelétricas teve o mérito de alavancar o desenvolvimento
de algumas cidades, mudando, inclusive, seu perfil econômico, não só ligando-as aos pólos
dinâmicos da economia como atraindo, para dentro de seus limites, atividades do setor
secundário e terciário moderno. O marco representativo desse processo é a cidade de Paulo
Afonso, onde encontram-se: hospital de grande porte, estabelecimento de ensino superior,
atividades bancárias e infra-estrutura de transporte e comunicação.
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
174
6.2.2 - Análise do Programa de Monitoramento Limnológico e Avaliação da Qualidade da
Água
Em 2003 a CHESF contratou a Empresa de Consultoria Estudos e Projetos -
COHIDRO, para realização e execução do Programa de Monitoramento Limnológico e
Avaliação da Qualidade da Água dos Reservatórios do Submédio e Baixo São Francisco
Lote I: Reservatório da UHE de Apolônio Sales (Moxotó), Reservatório das UHE´s de Paulo
Afonso I-II-III-IV e Lote II: Reservatório da UHE de Xingó.
As estações de monitoramento estabelecidas pelos técnicos da COHIDRO e da
CHESF visaram acompanhar as áreas com atividades potencialmente impactantes no entorno
do reservatório. O QUADRO 17, apresenta algumas das estações de monitoramento da
COHIDRO de interesse para o estudo dessa dissertação e as ocorrências identificadas.
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
175
QUADRO 17: Estações de Monitoramento da COHIDRO
PONTOS DESCRIÇÃO/OCORRÊNCIA
COORDENADAS DAS
OCORRÊNCIAS (UTM)
P12B
N
a saída dos tanques no canal de despejo de
efluentes no reservatório Delmiro Gouveia
0585930 E
8964019 N
P12C
N
a saída dos tanques de decantação, entrada
dos efluentes no reservatório de Delmiro
Gouveia.
0585911 E
8964044 N
P12D
N
a junção entre a água proveniente da saíd
a
das baterias de raceways e da águ
a
proveniente do tanque de decantação.
0585922 E
8964083 N
P12E
Despejos dos efluentes provenientes do
cultivo de peixes no reservatório Delmiro
Gouveia.
0585938 E
8964132 N
P14
Bomba de Captação para abastecimento da
CHESF no reservatório Delmiro Gouveia.
0587174 E
8965322 N
P17
Plantas aquáticas no reservatório Delmiro
Gouveia, a jusante da Barragem Móvel.
0585801 E
8964173 N
P18
Captação para o abastecimento dos bairros
Jardim Cordeiro e Barragem Leste/AL no
reservatório Delmiro Gouveia.
0588032 E
8963893 N
P19
Próximo à saída dos efluentes da Empresa
AAT no Reservatório Delmiro Gouveia
0587092 E
8962697 N
P20
Próximo à garagem da Viação Aratu (óleos,
graxas e esgoto doméstico) no reservatório
Delmiro Gouveia.
0586852 E
8962083 N
OBS: os pontos estão identificados no mapa de Recursos Hídricos.
De acordo com CHESF e COHIDRO (2004), o Reservatório Delmiro Gouveia se
torna peculiar devido ao seu pequeno tamanho em relação aos demais reservatórios do
Programa de Monitoramento e avaliação da Qualidade da Água realizada por essa empresa e
apesar disso, a presença da Empresa de Aqüicultura AAT que capta água do reservatório
Moxotó (montante) e lança seus efluentes diretamente na porção mais lêntica (sem grande
movimento) deste ecossistema. Desde o início dos trabalhos da COHIDRO, as atividades da
Empresa AAT têm sido observada, constatando-se o aumento de plantas aquáticas exatamente
no local de saída dos seus efluentes.
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
176
Estando este reservatório inserido num ambiente mais urbano do que rural, está
constantemente submetido a grandes pressões pela população existente em seu entorno, e a
qualidade da água está intimamente ligada às condições higiênicas e econômicas ali presentes.
Por motivos óbvios, o fornecimento de água potável está seriamente comprometido com a
qualidade.
A Empresa de Aqüicultura AAT é uma das principais causadores da poluição deste
reservatório. As FOTO 1 e FOTO 2 a saída dos efluentes da AAT de forma inadequada
causando a degradação ambiental a poluição do reservatório, bem como mostra a FOTO 3, o
local despejos dos seus efluentes.
FOTO 1: P12 (AAT) - Detalhe comporta quebrada causando o deságüe do efluente sem tratamento no
reservatório Delmiro Gouveia. Fonte: CHESF/COHIDRO, 2004
FOTO 2: P12 (AAT) - Deságüe do efluente no reservatório de Delmiro Gouveia. Fonte: CHESF/COHIDRO,
2004
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
177
FOTO 3: P12e - Ponto de despejo dos efluentes AAT no reservatório Delmiro Gouveia. Fonte:
CHESF/COHIDRO, 2004.
O reservatório Delmiro Gouveia serve também para turismo e recreação sendo assim
classificado de acordo com a recreação na área da bacia hidrográfica do reservatório, nas
margens do lago e em sua superfície.
Segundo Straskraba e Tundisi (2000), reservatórios utilizados somente para geração de
energia elétrica apresentam os menores requisitos de qualidade de água, mas possuem limites
que devem ser observados. Quando as águas hipolimnéticas (águas mais profundas dos
lagos/resevatórios) tornam-se anóxicas (ausência de oxigênio), pode vir a ocorrer uma
significativa corrosão nas estruturas das barragens e nas turbinas e, em condições tropicais,
toda a coluna de água pode atingir concentrações de CO
2,
H
2
S e saturação de CH
4.
No caso do
reservatório Delmiro Gouveia não apresenta somente a característica de geração de energia
hidroelétrica. A maioria dos atuais reservatórios destinados à geração de energia hidroelétrica
tem seus critérios e qualidade da água imposta pelos outros tipos de usos.
Embora a energia hidroelétrica seja considerada a forma mais “limpa” de gerar energia
(com exceção à geração eólica, que, no entanto, apresenta maiores limitações), ainda assim
acarreta problemas ambientais na sua implantação. Os maiores reservatórios para esse tipo de
aproveitamento exigem grandes superfícies e freqüentemente estão localizados em áreas
densamente povoadas. A necessidade de relocar grandes contingentes humanos acarreta
muitos problemas sócio-econômicos (Straskraba e Tundisi, 2000).
Os reservatórios urbanos estão submetidos a grandes pressões pelas populações
existentes no seu entorno, e a qualidade das águas está intimamente ligada às condições
higiênicas e as econômicas ali presentes. Já os reservatórios para o fornecimento de água
potável têm os maiores requisitos em termos de qualidade da água por motivos óbvios. Os
reservatórios para turismo e recreação são classificados de acordo com a recreação nas áreas
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
178
de bacias hidrográfica do reservatório, nas margens do lago/reservatório e em sua superfície
(CHESF e COHIDRO, 2004).
Durante o ano de 2004, a COHIDRO realizou 4 (quatro) campanhas do
monitoramento no intervalo a cada 3 (três) meses representando cada estação do ano.
O reservatório Delmiro Gouveia apresenta como principal problema, a qualidade de
suas águas, o mesmo observado na maioria dos reservatórios brasileiros. O descaso ambiental
com a falta de tratamento básico do esgoto a ser lançado e mesmo nas águas lançadas pela
Empresa de Aqüicultura AAT (CHESF e COHIDRO, 2004).
Com relação à contaminação de óleos e graxas o reservatório Delmiro Gouveia em
quase todos os pontos analisados apresentou valores acima do indicado como limite pela
Resolução do CONAMA 20/86 (adotada pela COHIDRO em 2004). As FOTO 4 e FOTO 5
mostram plantas aquáticas, capim aquático próximo à garagem da Viação Aratu, uma empresa
de transporte urbano.
FOTO 4: P20 - Plantas aquáticas próximas da garagem da Viação Aratu. Fonte: CHESF/COHIDRO, 2004.
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
179
FOTO 5: P20 - próximo à garagem da Viação Aratu, reservatório Delmiro Gouveia. Fonte: CHESF/COHIDRO,
2004.
A COHIDRO (2004) salienta que, devido à medida de segurança que não permite a
aproximação de menos de 500 metros das barragens, os valores encontrados podem estar
sendo influenciados não só por esta distância quanto por outras interferências entre o ponto de
coleta e as barragens.
A análise da influencia da Empresa de ônibus ARATU (P20) no reservatório Delmiro
Gouveia apresentou altos índices de óleos e graxas acima dos valores máximos estabelecidos
pela Resolução CONAMA Nº 20/86 (adotada pela COHIDRO em 2004 , que diz:
virtualmente ausente) e os valores apresentaram um aumento ao longo do ano. Para análise de
óleos e graxas foi utilizado o método MEWW 5520D do STANDARD METHODS 18TH
EDITIONS (1992). No QUADRO 18, são apresentados os valores encontrados para óleos e
graxas no reservatório Delmiro Gouveia.
QUADRO 18: Valores de óleos e graxas encontrados no Reservatório Delmiro Gouveia em 2004
Ponto de Coleta março/2004 junho/2004 setembro/2004 dezembro/2004
P20 – Empresa de
ônibus ARATU
0,0
11,1 13,14 12,95
Resolução CONAMA
Nº 20/86, Art. 4º
item b)(PADRÃO)
Virtualmente
ausente
Virtualmente
ausente
Virtualmente
ausente
Virtualmente
ausente
Fonte: CHESF/COHIDRO, 2005.
Quanto ao uso para abastecimento público no Reservatório Delmiro Gouveia foi
analisado no ponto de coleta (P14) de água que serve para o abastecimento, conforme mostra
a FOTO 6.
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
180
FOTO 6: P14 - Captação da CHESF próximo a Usina Apolônio Salles. Fonte, CHESF/COHIDRO, 2004.
No ponto de coleta para abastecimento P14 (bomba de captação para abastecimento
da CHESF no reservatório Delmiro Gouveia), observou-se à predominância de
bacillariophyta na 1ª e 2ª campanhas (50,9% e 52,1%) e de clorofíceas na 3ª campanha
(52,1%) e na 4ª campanha apresentou 53,2% da composição de cianofícea, conforme
apresentada no QUADRO 19.
Quanto à composição da comunidade fitoplantônica, o ponto P14 no Reservatório
Delmiro Gouveia, mostrou a presença de clorofícea e cianofícea, caracterizando uma
degradação ambiental junto a um ponto de abastecimento público.
QUADRO 19: Composição da comunidade fitoplantônica do Ponto P14, Reservatório Delmiro
Gouveia
março/2004 junho/2004 setembro/2004 dezembro/2004
Bacillariophyt
a
50,9
52,1 21,5 37,2
Chlorophyta 13,4 26,7 52,1 9,6
Cyanophyta 35,7
21,2 26,4 53,2
Dinophyta 0,0
0,0 0,0 0,0
Fonte: CHESF/COHIDRO, 2005.
A FOTO 7 mostra ponto de coleta P18 - Captação para o abastecimento dos bairros
Jardim Cordeiro e Barragem Leste/AL no reservatório Delmiro Gouveia, observou-se à
predominância de cianofíceas nas duas primeiras campanhas (51,46% e 47,3%) e de
diatomáceas na 3ª campanha (44%) e na 4ª campanha apresentou 47,1% da composição de
cianofícea, conforme apresentada no QUADRO 20.
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
181
FOTO 7: P18 - Captação da CASAL/AL para abastecimento da barragem Leste e Jardim Cordeiro.
Fonte: CHESF/COHIDRO, 2004.
QUADRO 20: Composição da comunidade fitoplantônica do Ponto P18, Reservatório Delmiro
Gouveia
março/2004 junho/2004 setembro/2004 dezembro/2004
Bacillariophyt
a
20,88
28,4 44,0 10,5
Chlorophyta 27,68 24,0 43,2 42,3
Cyanophyta 51,46
47,3 12,4 47,1
Dinophyta
0,3 0,5 0,0
Fonte: COHIDRO, 2005.
Com relação à contaminação de origem fecal, a análise bacteriológica realizada no
ponto de coleta para abastecimento P14 (Bomba de Captação para abastecimento da CHESF
no reservatório Delmiro Gouveia), está de acordo com a Resolução CONAMA Nº 20/86
(adotada pela COHIDRO em 2004), onde as amostras deste ponto ao longo de 2004 atendem
aos padrões bacteriológicos para águas doces, Classe I, II e III. O método de análise realizado
foi baseado na 20ª Edição (1998) do “Standard Methods for the Examination of Water and
Wastewater” – APHA-ANWA-WPCF.
6.2.3 – Potenciais Poluidores do Reservatório Delmiro Gouveia
Reservatórios são lagos artificiais criados pelo homem para atender a finalidades
especificas, são variáveis, não apresentam uniformidade de localização, de tamanho ou de
forma (Straskraba e Tundisi, 2000).
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
182
Segundo Straskraba e Tundisi (2000), a construção de reservatórios interfere na vida
social e econômica da região, como pode ser visto pelos seguintes aspectos: Efeitos positivos:
produção de energia (hidroeletricidade); criação de purificadores de água com baixa energia;
retenção de água no local; fonte de água potável e para sistemas de abastecimento;
representativa diversidade biológica; maior prosperidade para parte das populações locais;
criação de possibilidade de recreação; proteção contra cheias das áreas de jusante; aumento
das possibilidades de pesca; armazenamento de água para períodos de seca; navegação;
aumento do potencial para irrigação; Efeitos negativos: deslocar populações; emigração
humana excessiva; deterioração das condições da população original; problemas de saúde pela
propagação de doenças hidricamente transmissíveis; perda de espécies nativas de peixes de
rios; perda de terras férteis e de madeira; perda de várzeas e ecotones (região de fronteira
entre dois ecossistemas, por exemplo, sistemas terrestres e aquáticos) terra/água, perda de
terrenos alagáveis e alterações em habitats de animais; perda de biodiversidade (espécies
únicas); deslocamento de animais selvagens; perda de terras agrícolas cultivadas por gerações;
excessiva imigração humana para a região do reservatório, com os conseqüentes problemas
sociais, econômicos e de saúde; necessidade de compensação pela perda de terras agrícolas,
locais de pesca e habitações, bem como peixes, atividades de recreios e de subsistências;
degradação da qualidade hídrica local; redução das vazões a jusante do reservatório e aumento
nas suas variações; redução da temperatura e do material em suspensão nas vazões liberadas
para jusante; redução do oxigênio no fundo e nas vazões liberadas (zero em alguns casos);
aumento do H
2
S e do CO
2
no fundo e nas vazões liberadas; barreiras à migração de peixes;
perda de valiosos recursos históricos e culturais e pedra de valores estéticos.
De acordo com Straskraba e Tundisi (2000), o termo “sistema de reservatórios” refere-
se àqueles com múltiplas barragens, conectadas hidrologicamente e cuja operação se encontra
relacionada, objetivando metas comuns, tais como o abastecimento de água ou a geração de
eletricidade. Os reservatórios em cascata são cadeias de reservatórios localizados no mesmo
rio. Desta forma o reservatório Delmiro Gouveia (ver FIGURA 6 no item 6.1) pertence a um
sistema de reservatórios em cascata.
Conforme Straskraba e Tundisi (2000), o termo “envelhecimento do reservatório” é
utilizado para descrever as rápidas alterações e a qualidade da água deteriorada durantes anos
após o “enchimento” do reservatório. Esse período também é chamado de “explosão trófica”,
uma vez que nele ocorre uma alta produção biológica. A “evolução do reservatório”
contempla alterações limnológicas (Limnologia - estudo da ecologia de ambientes aquáticos
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
183
de água doce) muito mais lentas, que podem durar décadas ou mesmo séculos. A maioria dos
reservatórios estabiliza após alguns anos. Seguindo-se ao processo de envelhecimento ocorre
sua “evolução limnológica”, a qual é governada em grande parte pelos impactos das
atividades humanas, tais como um maior uso do solo e atividades industriais.
A saúde ambiental de um reservatório é afetada pelas atividades humanas existentes
em suas bacias hidrográficas, incluindo: (i) lançamento de esgotos domésticos; (ii) recepção
de águas de chuva de áreas agrícolas, em especial se houver criação de animais; (iii) recepção
de águas de chuvas da agricultura, em terras sujeitas à erosão; (iv) águas de chuva proveniente
de regiões com poluição atmosférica, tais com chuvas ácidas; (v) percolação de lixões –
chorume; (vi) compostos tóxicos oriundos de pesticidas utilizados na agricultura e
reflorestamento; (vii) águas da chuva contaminadas por xenobióticos, compostos orgânicos
resistentes utilizados como catalisadores industriais, pequenos traços de produtos
farmacêuticos provenientes de fontes desconhecidas e dejetos hospitalares (Bernhardt, 1990).
Todos esses fatores induzem À degradação da qualidade da água, perda da diversidade
biológica e desperdício de recursos hídricos (Straskraba e Tundisi 2000).
O processo de degradação dos recursos naturais no Brasil, principalmente em
decorrências do uso inadequado do espaço físico e pela falta de cuidados no uso do solo e
água tem gerado graves prejuízos socioeconômicos e ambientais.
O uso intensivo do solo na ausência de tecnologias de manejo sustentável provoca
sérios impactos negativos, tanto na capacidade produtiva dos solos com a perda de nutrientes
pelo processo erosivo quanto nos recursos hídricos pelo assoreamento e eutrofização dos
cursos d’água e reservatórios, contaminação da água por agrotóxicos, afetando,
conseqüentemente, toda a flora e fauna aquática.
Os problemas ambientais de qualidade da água dos reservatórios estão associados a
uma forte relação entre o grau de poluição e a densidade populacional, fatores como:
urbanização; industrialização e desenvolvimento da agricultura em larga escala são as maiores
causas. Como os reservatórios evoluem e aumentam os seus usos, diversificam-se as fontes de
poluição e sua deterioração, o que torna o problema extremamente complexo (Straskraba e
Tundisi 2000).
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
184
A degradação do reservatório Delmiro Gouveia, principalmente nas últimas décadas,
ocorreu pela ação antrópica resultante do crescimento populacional e pelo desenvolvimento
econômico da região que aconteceu sem um planejamento de seus dos recursos naturais.
O processo de degradação ambiental no reservatório está presente, tanto nas áreas
urbanas quanto no espaço rural. A falta de tratamento de esgotos domésticos e industriais e o
desmatamento das áreas das margens do reservatório, para diversos fins, têm sido algumas das
principais causas dessa degradação.
As principais ações antrópicas que contribuíram e vêm contribuindo para essa
degradação são: desmatamento de áreas para agricultura e pecuária, uso e ocupação do solo
inadequada, lançamento de esgotos sem tratamento, lançamento de efluentes industriais não
tratados diretamente no reservatório, queimadas, uso de agrotóxico e fertilizantes, proliferação
de plantas aquáticas/algas. Esses problemas são de grande relevância e devem ser tratados,
minimizados ou eliminados com vistas ao desenvolvimento sustentável do reservatório.
Os principais usos do reservatório Delmiro Gouveia são: a geração de energia
hidrelétrica, a irrigação, o lazer, o turismo, o abastecimento urbano, o despejo de efluentes
domésticos e industriais sem tratamento prévio. Com isso o reservatório reflete uma vocação
urbano-industrial em uma parte e uma vocação rural, em outra. Uma típica situação de usos
múltiplos da água.
Nos anos de 2004 e 2005 a autora da presente dissertação juntamente com outros
funcionários da CHESF realizou um levantamento dos potenciais poluidores nos reservatórios
do Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso, no qual o reservatório Delmiro Gouveia está
inserido com suas áreas adjacentes (CHESFb,2005). O reconhecimento da área foi realizado
através de barco. Foram anotadas, registradas e identificadas com GPS às ocorrências com
degradação ambiental. O QUADRO 21 apresenta o número de ocorrências registradas no
reservatório Delmiro Gouveia e em seu entorno, nas vistorias realizadas em 23/09/2004 e em
16/09/2005. Das ocorrências registradas e identificadas foram gerados os seguintes mapas:
Mapa Político, Mapa de Recursos Hídricos e Mapa de Usos Múltiplos do Reservatório.
As ocorrências significativas foram identificadas e registradas, considerando o risco
potencial em impactar o meio ambiente de forma negativa ou positiva. Considerando a
extensão do reservatório a identificação e os registros dos pontos foram realizados por meio
de amostragem. Os locais registrados em sua maioria apresentaram o uso inadequado do
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
185
reservatório e suas áreas adjacentes pelos proprietários da área, como, por exemplo, à
ocupação da Área de Preservação Permanente – APP.
QUADRO 21: Número de ocorrências registradas no reservatório de Delmiro Gouveia e
seu entorno.
PONTOS DESCRIÇÃO/OCORRÊNCIA COORDENADAS DAS
OCORRÊNCIAS (UTM)
P1 Plantas aquáticas 05 87 519 E
89 61 348 N
P2 Plantas aquáticas em todo Belvedere – em frente a Praça
do Belvedere (local de lazer)
05 86 988 E
89 61 696 N
P3 em frente à Garagem de ônibus da Empresa ARATU
(margem esquerda). Local apresentando contaminação
pelo descarte dos óleos, graxas, etc. Presença de
Macrófitas aquáticas. Evidência de queimadas na
vegetação da margem
5 86 846 E
89 62 078 N
P4 Plantas aquáticas e queimadas próximas em frente ao
antigo matadouro da CHESF (hoje, desativado) e próximo
ao almoxarifado da CHESF
05 86 854 E
89 62 886 N
P5 Em frente a ilha dos Coqueiros presença de Capim taboa 05 86 435 E
89 63 454 N
P6 Ilha dos Coqueiros, queimadas nas margens, plantas
aquáticas.
05 86 364 E
89 63 518 N
P7 Saída das águas residuárias da Estação de Piscicultura da
AAT causando poluição no reservatório. Queimada na
margem.
05 85 930 E
89 64 146 N
P8 A jusante da barragem móvel (início da margem
esquerda), plantas aquáticas e presença de garças
05 85 987 E
89 64 686 N
P9 Local próximo a jusante da UHE Apolônio Sales à
esquerda, plantas aquáticas e capim taboa
05 86 610 E
89 64 838 N
P10 Vista da barragem da UHE Apolônio Sales (jusante) e
presença de plantas aquáticas
05 86 707 E
89 65 064 N
P11 Captação de água da CASAL/AL para o povoado de
Moxotó
05 87 064 E
89 65 262 N
P12 Local jusante da UHE Apolônio Sales margem esquerda,
plantas aquáticas
05 87 397 E
89 64 952 N
P13 Local próximo da captação da CASAL/AL para
abastecimento dágua e presença de plantas aquáticas
05 87 776 E
89 64 442 N
P14 Mradia dentro da APP, bomba de capitação a CASA/AL,
sistema de irrigação, presença de plantação de coqueiros.
05 87 960 E
89 64 108 N
P15 Captação de água para os povoados da barragem leste e
Jardim Cordeiro da CASAL/AL.
05 87 988 E
89 63 884 N
P16 Local ilha do Quebra – Barragem Leste, ilhotas unidas
pelas plantas aquáticas.
05 87 476 E
89 63 434 N
P17 Local ilha do Taquari (comporta) – Barragem Leste –
margem, plantas aquáticas próximo a captação da
CASAL/AL.
05 87 458 E
89 61 942 N
P18 Empresa AAT – Raceway em frente à guarita principal. 05 85881 E
89 63 586 N
P19 Em frente a FUNDAME – Fundação de Amparo ao Menor
Carente
05 86 221 E
89 62 974 N
P 20 Em frente a ARATU – Empresa de veículos 05 86 772 E
89 62 088 N
P21 Em frente ao AA BABA da Amizade – Associação
Atlética BABA da Amizade
05 86 762 E
89 62 172 N
P22 Em frente à Associação Recreativa Boa Vista. 05 86 738 E
89 62 334 N
Fonte: CHESF, 2005b. (OBS: os pontos estão identificados no mapa de Recursos Hídricos)
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
186
Desta forma as ocorrências registradas e identificadas foram agrupadas nas seguintes
áreas: uso inadequado dos recursos hídricos, problemas na APP, poluição urbana e industrial,
desequilíbrio na atividade rural.
Quanto ao Uso inadequado dos Recursos Hídricos foram observados: uso
inadequado entre os usuários dos recursos hídricos, eutrofização (produção excessiva de
matéria orgânica dentro de um reservatório, devido a uma grande abundância de nutrientes,
cujas principais fontes desses nutrientes são os esgotos e a agricultura), formação de prados de
macrófitas, poluição hídrica proveniente do lançamento de efluentes domésticos e industriais,
e atividade rural, como mostram as FOTOS 8 a 20.
FOTO 8: P2 - Reservatório Delmiro Gouveia, em frente à Praça do Belvedere (margem esquerda)
apresentando plantas aquáticas em todo Belvedere (local de lazer). Fonte: CHESF, 2004.
FOTO 9: P5 - Em frente à ilha dos Coqueiros, capim taboa. Fonte: CHESF, 2004.
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
187
FOTO 10: P6 - Ilha dos Coqueiros, queimadas nas margens, plantas aquáticas. Fonte: CHESF, 2004.
FOTO 11: P7 - Estação de Piscicultura da AAT, aumento da poluição no reservatório, queimada na
margem, a saída das águas residuárias. Fonte: CHESF, 2004.
FOTO 12: P8 - A jusante da Barragem móvel (início da margem esquerda), plantas aquáticas e
presença de garças. Fonte: CHESF, 2004.
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
188
FOTO13: P9 - Local próximo à jusante da UHE Apolônio Sales à esquerda, plantas aquáticas, capim
taboa. Fonte: CHESF, 2004.
FOTO 14: P10 - Vista da Barragem da UHE Apolônio Sales e presença de plantas aquáticas, Fonte:
CHESF, 2004.
FOTO 15: P11 - Próximo ao povoado de Moxotó/AL, Abastecimento d´água para o povoado pela
CASAL/AL. Fonte: CHESF, 2004.
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
189
FOTO 16: P12 – Local a jusante da UHE Apolônio Sales margem esquerda, plantas aquáticas. Fonte:
CHESF, 2004.
FOTO 17: P13 - Local próximo da captação da CASAL/AL para abastecimento d´água e presença de
plantas aquáticas. Fonte: CHESF, 2004.
FOTO 18: P15 - Local próximo a captação da CASAL/AL para abastecimento d´água para os
povoados da Barragem Leste e Jardim Cordeiro. Fonte: CHESF, 2004.
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
190
FOTO 19: P16 - Local Ilha do Quebra - Barragem Leste, plantas aquáticas no entorno das ilhotas , a
ilhotas unidas por meio das plantas aquáticas. Fonte: CHESF, 2004.
FOTO 20: P17 - Local - Ilha do Taquari (comporta) - Barragem leste – margem, CASAL/AL, plantas
aquáticas na barragem leste. Fonte: CHESF, 2004.
Quanto a Problemas com a Área de Preservação Permanente - APP foram
observados: afetada pelo desmatamento, uso e ocupação do solo de forma inadequada,
ocupação industrial, ocupação urbana, atividades rurais (plantio e criação), redução drástica
da vegetação nativa, áreas com balneário, turismo, recreação e lazer, como mostra a FOTO
21 pela ocupação urbana.
Para melhor entendimento defini-se Área de Preservação Permanente - APP, como:
área marginal ao redor do reservatório artificial e suas ilhas, com a função ambiental de
preservar os recursos hídricos que de acordo com a Resolução CONAMA Nº 302/02, se
constitui APP a área com largura mínima, em projeção horizontal, no entorno dos
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
191
reservatórios artificiais, medida a partir do nível máximo normal de: 30 metros para áreas
urbanas e 100 metros para áreas rurais.
FOTO 21: P4 - Reservatório Delmiro Gouveia, em frente ao matadouro antigo da CHESF, hoje
desativado (margem esquerda) apresentando no local, plantas aquáticas e queimadas próximo ao
Almoxarifado da CHESF. Fonte: CHESF, 2004.
Quanto à Poluição Urbana e Industrial foram observados tanto efluentes industriais
como domésticos poluindo as águas do reservatório. Foi verificada também a ocupação
desordenada das margens provocada pela expansão da malha urbana com moradias das
diversas classes sociais e a presença de lixo. Destaca-se também áreas com balneário,
recreação e lazer, como mostra a FOTO 22.
FOTO 22: P3 - Reservatório Delmiro Gouveia, em frente à Garagem de ônibus da Empresa ARATU
(margem esquerda). Local apresentando contaminação pelo descarte dos óleos, graxas, etc. Presença
de Macrófitas aquáticas. Evidência de queimadas na vegetação da margem. Fonte: CHESF, 2004.
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
192
Quanto aos Desequilíbrios na Atividade Rural foram observados: poluição difusa de
origem agrícola, comprometendo a qualidade das águas gerando carga poluidora no
reservatório. Outro aspecto preocupante é a ocupação agrícola na Área de Proteção
Permanente – APP, como mostra a FOTO 23.
FOTO 23: P14 – moradia dentro da APP, bomba de capitação a CASA/AL, sistema de irrigação,
presença de plantação de coqueiros. Fonte: CHESF, 2004.
6.3 - BANCO DE DADOS GEOREFERENCIADOS
Para a confecção dos mapas temáticos elaborados para este trabalho, foram seguidas
as etapas descritas a seguir. Pesquisa junto ao Núcleo de Geoprocessamento da CHESF para o
levantamento do material cartográfico existente. Seqüencialmente, compilação dos dados para
produção de material de relevância para o estudo.
Foram também agregados a este trabalho os seguintes dados: a) os dados de campo
coletados pela autora entre os anos de 2004 e 2005; b) os dados dos estudos anteriores pela
FADE/UFPE, FADURPE/UFRPE; e c) os dados de campo da COHIDRO. Todos os dados
foram georreferenciados e os mesmos foram inseridos em mapas temáticos da região de
estudo.
O mapeamento temático foi elaborado a partir de dados cartográficos fornecidos pela
FADE/UFPE e pela FADURPE/UFRPE nos Estudos Ambientais para o Complexo de Paulo
Afonso, contratados pela CHESF. O material da FADURPE/UFRPE foi compilado das cartas
topográficas da SUDENE, escala 1:100.000, com projeção UTM.
Além do material da FADURPE/UFRPE foi utilizada a divisão política/administrativa
fornecida pelo IBGE.
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
193
Os dados estão armazenados em um banco de Banco de Dados – BD georreferenciado
contendo, inclusive, as informações coletadas em campo durante esta pesquisa.
Os dados cartográficos estão em ambiente digital e foram feitos em forma de SIG
(Sistema de Informações Geográficas), utilizando os softwares da família ArcGIS 9.1.
Com a compilação dos dados coletados foram elaborados os seguintes mapas: Político,
Recursos Hídricos e o de Usos Múltiplos.
Todos os mapas foram desenvolvidos pela autora dessa dissertação juntamente com o
Núcleo de Geoprocessamento da CHESF.
Os pontos obtidos em campo foram separados em categorias a fim de compor os
múltiplos usos da água no reservatório. Assim as categorias de usos são: criação de animais;
cultivo; lazer; lançamento de esgoto acompanhados ou não de captação d’água.
Os dados foram tratados digitalmente e analisados de modo integrado com
mapeamentos temáticos obtidos de outras fontes e informações de campo.
Os resultados das análises efetuadas foram representados em mapas temáticos,
destacando-se os elementos e os sistemas ambientais mais significativos para a faixa de
estudo, legendas e textos explicativos.
Os mapas foram elaborados na escala 1:100.000 na forma digital, mas em seguida
ampliados para um tamanho correspondente a uma folha de papel A4 a fim de facilitar a
visualização. Porém as informações obtidas continuam conforme a escala original, sem
nenhum elemento a mais e ajustados para o formato figura. Ressalta-se que todos os mapas
obedeceram às normas cartográficas, estando corretamente georreferenciados e atendendo as
normas de representação.
A FIGURA 8 apresenta mapa político da área de estudo onde está inserido o
Reservatório Delmiro Gouveia, contendo as seguintes informações: os limites municipais,
rios, reservatórios, Área Urbana (cor margenta) e malha de coordenadas, tendo como Fonte:
CHESF, 2007.
A FIGURA 9 apresenta o Mapa de Recursos Hídricos da área de estudo onde está
inserido o Reservatório Delmiro Gouveia com a indicação dos locais onde foram registradas
as ocorrências (COHIDRO em vermelho e da Pesquisa em amarelo) de degradação ambiental,
contendo as seguintes informações: os limites estaduais e municipais, o sistema viário, rios,
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
194
lagos e açudes, ilhas, Área Urbana, APP (Área de Preservação Permanente), malha de
coordenadas, e os locais registrados e fotografados nas idas a campo, tendo como fonte: o
relatório da FADURPE, 2000.
A FIGURA 10 apresenta o Mapa de Usos Múltiplos do Reservatório Delmiro
Gouveia com os locais de degradação ambiental, contendo as seguintes informações: os
limites estaduais e municipais, o sistema viário, rios, Área Urbana, Rios, Lagos e Açudes,
APP (Área de Preservação Permanente), malha de coordenadas, locais de usos múltiplos,
locais com degradação ambiental, tendo como fonte: o relatório da CODESVASF,2003.
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
195
FIGURA 8 – Mapa Político da Área de Estudo e o Reservatório Delmiro Gouveia
A localização do Reservatório Delmiro Gouveia está indicada pela seta azul. Fonte: CHESF, 2007
.
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
196
FIGURA 9 – Mapa Recursos Hídricos da área de estudo onde está inserido o Reservatório
Delmiro Gouveia e os locais com as ocorrências de degradação ambiental em vermelho pela
COHIDRO e em amarelo pela CHESF.
Fonte: FADURPE, 2000
.
Capítulo 6 – Área de Estudo e Análise dos Dados
197
FIGURA 10 – Mapa de Usos Múltiplos do Reservatório Delmiro Gouveia
Fonte: CODEVASF, 2003
Capítulo 7 – Comentários Finais
198
7 – COMENTÁRIOS FINAIS
Com o gratificante sentimento de tarefa cumprida, porém com o entusiasmo de um
desafio a ser transposto, são colocadas a seguir as conclusões deste estudo e as
recomendações para uma gestão ambiental adequada do reservatório estudado.
7.1 – CONCLUSÕES
A construção das Usinas Paulo Afonso I-II-III, promoveu modificações ambientais no
seu entorno tendo como conseqüência a mudança da paisagem regional.
Num primeiro momento, as margens do rio e as cachoeiras foram alteradas para
ancorar o grande paredão de concreto que determinou a formação do reservatório Delmiro
Gouveia que alimenta as Usinas Paulo Afonso I-II-III. Não foram poucas as alterações na
fisionomia do terreno natural, de aspecto rochoso, encachoeirado, dividindo o leito do rio, até
encaminhá-lo para as cachoeiras e em seguida, para o canyon. Toda essa paisagem foi
modificada pelas construções próprias das Usinas, dando lugar a estruturas de concreto e
metal que, hoje, fazem a nova paisagem associada à oferta de energia, responsável pelo
desenvolvimento econômico da região (Chesf, 2005).
Toda a área do reservatório está submetida a uma ação antrópica intensa, representadas
pelo desenvolvimento de atividades econômicas rurais e industriais, como agricultura,
pecuária, áreas urbanas, produção de energia elétrica, empresa de produção de peixes em
raceways – piscicultura (Raceways é o nome dado aos tanques com alto fluxo de água, onde
os resíduos gerados são arrastados juntos com a corrente de água para fora do sistema),
empresa de transporte rodoviário, etc.
Os principais problemas relacionados aos recursos hídricos e ao meio ambiente são a
poluição difusa em razão da agricultura (poluição dos corpos da água receptores por adubos,
agrotóxicos, resíduos sólidos e orgânicos), o lançamento de esgotos no reservatório,
lançamento de resíduos líquidos insolúveis (óleos e graxas) e atividades recreacionais do
corpo da água.
A FIGURA 11 registra a paisagem atual do Reservatório Delmiro Gouveia situado
entre os municípios de Paulo Afonso/BA e Delmiro Gouveia/AL apresentando uma forte
pressão antrópica.
Capítulo 7 – Comentários Finais
199
Figura 11: Reservatório Delmiro Gouveia situação atual (01/04/2007)
Fonte: Google earth, 2007
Considerando que, o reservatório Delmiro Gouveia foi formado há mais de 50 anos, e
está circundado por uma forte pressão antrópica, o reservatório mostra um processo de
ocupação desordenada com resultados negativos à preservação ambiental. Entre eles a intensa
expansão da malha urbana e o descarte de resíduos de forma imprópria.
A FOTO 18 (apresentada no capítulo 6) mostra o uso do reservatório Delmiro
Gouveia para abastecimento doméstico como conseqüência da pressão antrópica.
A qualidade da água do reservatório tem sofrido alterações devido à introdução de
poluentes na água, resultantes das atividades antrópicas desenvolvidas na região
A eutrofização, resultante da carga de fertilizantes aplicados nas áreas agrícolas ou
devido à introdução, de esgotos ou outras formas de resíduos contendo nutrientes, torna a
água imprópria para alguns usos, com conseqüências negativas para a vida aquática do
reservatório. Com exemplo do aumento da eutrofização do reservatório Delmiro Gouveia a
FOTO 20 (apresentada no capítulo 6) e a FOTO 23 (apresentada no capítulo 6).
As atividades desenvolvidas nas áreas marginais do reservatório ou realizadas na
própria água, quando não controladas, podem resultar no lançamento de poluentes na água, na
Capítulo 7 – Comentários Finais
200
forma de esgotos domésticos e industriais, lixo, pesticidas, fertilizantes, ou outras impurezas,
que contribuem de forma significativa para a poluição do reservatório. A FOTO 24, próxima
à garagem da Viação Aratu, mostra a degradação ambiental do Reservatório Delmiro
Gouveia, oriunda dos resíduos gerados pela atividade da Viação.
FOTO 24: P20 - próximo à garagem da Viação Aratu, reservatório Delmiro Gouveia. Fonte:
CHESF/COHIDRO, 2004.
O uso da água em atividades balnearias pode conduzir à sua contaminação, através do
contato de banhistas portadores de doenças infecto-contagiosas, sendo o risco de
contaminação tanto maior quanto mais elevada for a densidade dos banhistas. A FOTO 25
mostra um local de lazer no Reservatório Delmiro Gouveia.
FOTO 25: P2 - Reservatório Delmiro Gouveia, em frente a Praça do Belvedere (margem esquerda)
apresentando plantas aquáticas em todo Belvedere (local de lazer). Fonte: Chesf, 2004.
Capítulo 7 – Comentários Finais
201
Problemas crescentes de poluição pontual e difusa têm também comprometido o
reservatório.
O crescimento excessivo de algas e plantas reduz a disponibilidade de oxigênio
dissolvido nas águas, afetando adversamente o ecossistema aquático e causando algumas
vezes, mortalidade de peixes. Além dos impactos causados ao ecossistema aquático, o
aumento dos níveis de nutrientes na água pode comprometer sua utilização para
abastecimento doméstico, devido às alterações no sabor e odor da água ou a presença de
toxinas liberadas pela floração de alguns tipos de algas.
Todos os impactos, têm comprometido a qualidade da água do reservatório,
acarretando doenças, perda de quantidade e biodiversidade da ictiofauna, aumento dos custos
do tratamento da água e diminuição da vida útil do reservatório.
a Empresa AAT – Piscicultura por meio de Raceway, a Empresa de Veículos ARATU,
FUNDAME – Fundação ao Menor Carente, Associação Recreativa Boa Vista, Associação
Atlética BABA da Amizade, e por fim, o lançamento do esgoto de origem doméstica
Após as pesquisas de campo foram identificados alguns dos principais agentes
responsáveis pela degradação ambiental
As FOTOS 26 e 27 mostram os potenciais poluidores do reservatório Delmiro
Gouveia.
FOTO 26: P12 (AAT) - Detalhe comporta quebrada causando o deságüe do efluente sem tratamento no
reservatório Delmiro Gouveia da Empresa AAT – Piscicultura por meio de Raceway. Fonte:
CHESF/COHIDRO, 2004.
Capítulo 7 – Comentários Finais
202
FOTO 27: P3 - Reservatório Delmiro Gouveia, em frente à Garagem de ônibus da Empresa ARATU (margem
esquerda) apresentando no local contaminação pelo descarte dos óleos, graxas, etc. Macrófitas aquáticas
margeando o local. E queimada margeando o local. Fonte: Chesf, 2004.
7.2 - RECOMENDAÇÕES
Segundo JØrgensen e Vollenweider (2000) problemas em reservatórios são causados
pelo uso antopogênico desses ecosistemas, como as maiorias dos reservatórios são de usos
múltiplos e os problemas relacionados ao conflito existente entre esses diferentes; por
exemplo, um reservatório utilizado como local de descarga de esgotos também é usado como
área de recreio. As soluções para os problemas, obiviamente devem levar em considerração
todos esses usos e devem buscar resolver os conflitos entre eles. É quase impossível obter
uma solução ótima para cada um dos usos do reservatório, porém é necessário, no
gerenciamento real do reservatório, obter um comprometimento entre dois ou mais usos, fato
que obviamente torna o problema do gerenciamento mais complexo. Muitos reservatórios, por
exemplo, são utilizados como fonte para abastecimento de água potável, bem como local de
lançamento de esgotos. É evidente o conflito entre esses dois tipos de uso.
Os reservatórios são utilizados pelo homem para: produção de eletricidade,
abastecimento de água potável, recreação, pesca, aquicultura, descarga de água residuária, etc.
A urbanização e o desenvolvimento tecnólogico têm provocado impactos crescentes
sobre o meio ambiente. Energia e poluentes são liberados nos ecossitemas, os quais podem
causar um crecimento acelerado de algas e bactérias, prejudicar espécies ou alterar toda a
Capítulo 7 – Comentários Finais
203
estrutura ecológica. Um ecosistema é extramente complexo, logo é uma tarefa gigantesca
predizer os efeitos ambientais que essas emissões podem ocasionar (JØrgensen, 2000).
Sabe-se que há uma forte relação entre o grau de poluição e a densidade populacional,
isto tanto em países ricos como pobres e desde as regiões subárticas até as temperadas e
tropicais. Os três fatores abaixo são as maiores causas e, portanto, governam essa relação: i)
urbanização, ii) industrialização e iii) desenvolvimento da agricultura em larga escala
(Straškraba e Tundisi, 2000).
O planejamento de um gerenciamento correto de um ecosistema aquático requer a
integração do conhecimento cintífico à política e aos programs desenvolvidos em todos os
níveis de tomada de decisão. Por um lado, a informação científica precisa ser coletada,
comparada, avaliada e utilizada para o desenvolvimento de estratégias práticas por meio de
programas de estudos em campo. Por outro lado, tamm deve ser desenvolvido um plano
pormemorizado de longa duração pelo nível mais alto da administração encarregada do
gerenciamento do reservatório, de forma que os recursos necessários possam ser mobilizados
para as atividades prioritárias capazes de contribuir coletivamente para o gerenciamento
eficaz desse meio ambiente (Nakamura et al, 2000).
A implementação de um gerenciamento ambientalmente correta dos recursos hídricos
da bacia contribuinte de um rio é uma atividade de longo prazo que deve ser encaixada no
processo de desenvolvimento integrado na mesma (Nakamura et al, 2000).
O gerenciamento ambientalmente sadio do ecossitema aquático envolve uma vasta
gama de diferentes tipos de tomadores de decisão (Nakamura et al, 2000).
Podem-se distinguir três tipos de gerenciamento: (i) horizonte de curto prazo, com
ações corretivas que visam melhorar condições existentes, impedindo que elas piorem
(gerenciamento corretivo); (ii) horizonte de médio prazo, com o gerenciamento dirigido para a
prevenção do aparecimento de problemas (gerenciamento preventivo); (iii) o maior horizonte
possível, incluíndo-se a disponibilidade para as gerações futuras – gerenciamento sustentado.
Na atualidade devem-se enfatizar horizontes de médio prazo e tecer esforços para adoção de
horizontes de longo prazo (Straškraba e Tundisi, 2000).
Segundo Tucci (2006) o gerenciamento dos recursos hídricos é, por característica, um
campo de ação interdisciplinar. O planejador necessita reunir processo das deferentes fases de
forma sucinta e clara, para que sejam tomadas decisões que melhor atendam a sociedade e a
Capítulo 7 – Comentários Finais
204
proteção dos recursos naturais. Devido ao grande número de alternativas que existem no
planejamento dos recursos hídricos, considerando seus usos, disponibilidades e preservação, é
necessário utilizar metodologias que melhor quantifiquem os processos, permitindo analisar
alternativas que auxiliem no processo de decisão.
Para a gestão do reservatório Delmiro Gouveia utilizam-se os instrumentos de gestão
ambiental, que objetivam melhorar a qualidade ambiental e o processo decisório.
Desta forma, visando construir um modelo de gestão ambiental com vistas a
minimização dos impactos decorrentes das atividades antrópicas e estimular o uso sustentável
dos recursos naturais ainda disponíveis, recomenda-se o seguinte modelo de gestão que se
fundamenta na estruturação de programas/ações:
monitoramento da qualidade, limnologico e dos usos múltiplos da água – O
monitoramento da qualidade da água, limnológico (limnologia é o estudo das reações
funcionais e produtividade das comunidades bióticas de lagos, rios, reservatórios e região
costeira em relação aos parâmetros físicos, químicos e bióticos ambientais) e dos usos
múltiplos da água é um dos principais instrumentos de sustentação de uma política de
planejamento e gestão de recursos hídricos.
o temporalidade - implantação em curto prazo, execução em médio prazo;
o implementação – realizar monitoramento para verificar as comunidades
biológicas e os aspectos físicos e químicos da água; acompanhar a evolução
temporal e espacial da qualidade da água e dos componentes bióticos
(limnológicos) dos sistemas, gerando dados em séries temporais capazes de
resultar em análises da qualidade ambiental, identificar áreas de risco de
contaminação, identificar e caracterizar os usos múltiplos da água;
o envolvidos – órgãos de pesquisa e universidades.
implementação de campanha de comunicação para comunidade urbana e rural -
ação voltada à promoção da conscientização pública sobre temas de meio ambiente.
Implica no desenvolvimento de política de disseminação de informações e conceitos e a
utilização de veículos de comunicação como, imprensa, rádio, etc.
o temporalidade - implantação em curto prazo, execução em médio prazo;
o implementação – utilização de sistemas de comunicação social, campanhas de
divulgação de material escrito, vídeos, cartazes, meios eletrônicos,
Capítulo 7 – Comentários Finais
205
publicações, programa de rádio; estabelecimento de parcerias com ONGs,
associações comunitárias e setor produtivo;
o envolvidos – instituições públicas, associações comunitárias, ONG´s,
universidades e instituições de: docentes, jornalistas, artes cênicas,
compositores.
implementação de políticas nacionais de educação ambiental - ação voltada para a
divulgação dos princípios e os conteúdos da educação ambiental, por meio da inclusão da
disciplina nos cursos regulares nas escolas dos municípios de Paulo Afonso/BA e Delmiro
Gouveia/AL.
o temporalidade - implantação em curto prazo, execução em médio prazo;
o implementação – articulação interinstitucional, formação de docentes,
preparação de programas multidisciplinares, alteração de currículos,
envolvimento da comunidade;
o envolvidos - instituições públicas, instituições de docentes, universidades,
associações comunitárias, ONG´s, setor produtivo.
participação da sociedade civil local no monitoramento e na fiscalização do uso do
reservatório – ação voltada ao desenvolvimento de programa de sensibilização e
capacitação de entidades da sociedade civil em práticas de monitoramento e fiscalização
do uso do reservatório. Implica desenvolver atividades nas comunidades locais de tal
modo que cada cidadão atue como monitor e fiscal do reservatório.
o temporalidade - implantação em médio prazo, execução em longo prazo;
o implementação – estabelecimento de parcerias por meio de acordos e contratos
entre órgãos governamentais e sociedade civil;
o envolvidos - instituições públicas, associações comunitárias, ONG´s,
representação da sociedade civil.
desenvolvimento de pesquisas para subsidiar a gestão dos recursos naturais - para
subsidiar a gestão ambiental do reservatório, ação voltada ao estudo e à pesquisa de
tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos naturais, por meio da
geração de conhecimento técnico, empírico e tradicional. Implica, também; resgatar
informações sobre práticas de populações tradicionais e de usuários de recursos naturais,
considerando a sustentabilidade econômica, social e ambiental em uso.
Capítulo 7 – Comentários Finais
206
o temporalidade - implantação em curto prazo, execução em médio prazo;
o implementação – levantamento de informações junto às comunidades
tradicionais e demais usuários, articulações interinstitucionais, envolvimento
de usuários e da comunidade, identificação de demanda direcionamento e
integração de pesquisas;
o envolvidos - instituições públicas, institutos de pesquisa, universidades, setores
produtivos, associações comunitárias, ONG´s, representação da sociedade
civil.
realização de inventário das fontes de poluição e contaminantes – O inventário deve
listar separadamente tipos, níveis de risco, magnitude e localização de todos os focos
pontuais diretos e indiretos, e todas as fontes difusas e sua distribuição espacial.
o temporal - implantação em curto prazo, execução em médio prazo;
o implementação – inventário de fontes de poluição, localização dos principais
focos e agentes poluidores, utilização de metodologia e abordagem sistêmica,
estabelecimento de acordos e parcerias com setores produtivos, associações
comunitárias, representações da sociedade civil e ONGs;
o envolvidos - instituições públicas, institutos de pesquisa e universidades.
controle de poluição dos efluentes urbanos e industriais – ação voltada à redução da
poluição provocada pelo lançamento de efluentes urbanos e industriais no reservatório
perseguindo diretrizes para: implementar cobrança pelo uso da água e pelo lançamento de
efluentes; estudar e difundir tecnologias de baixo custo para tratamento de efluentes;
estudar tecnologias de reutilização da água; impor obrigatoriedade de tratamento de
efluentes; favorecer a mobilização social para o trato local da questão; adotar instrumentos
econômicos para incentivar boas práticas ou coibir as más práticas de saneamento.
o temporalidade - implementação em curto prazo, execução em médio prazo;
o implementação – instrumentos econômicos (cobrança pelo uso da água e
instrumentos fiscais); fundos para financiamento de intervenções; sistema de
informação em recursos hídricos; licenciamento ambiental; outorga de uso da
água, e enquadramento dos cursos de água;
o envolvidos - instituições públicas, comitês e associações de bacias, usuários.
Capítulo 7 – Comentários Finais
207
controle da poluição difusa de origem agrícola – ação voltada à redução da poluição
difusa (poluição orgânica, sais nutrientes e substâncias tóxicas) causada pelas práticas
agrícolas inadequadas, para promover o planejamento integrado de intervenções; punir
práticas inadequadas de manejo e uso do solo, da água, da fauna e da flora; e incentivo a
adoção de certificação ambiental.
o temporalidade - implementação em curto prazo, ações em longo prazo;
o implementação – identificação de áreas críticas no entorno dos reservatórios,
no tocante a estabelecimentos rurais, suburbanos e urbanos; procedimentos
técnicos de orientação e redução de efluentes/resíduos, produzidos no ciclo de
produção ou cadeia de agronegócios; indicadores de sustentabilidade;
o envolvidos - instituições públicas, comitês e associações de bacias, setor
produtivo, ONG´s.
controle de ocupação de áreas marginais - conter e/ou controlar a ocupação
desordenada das margens do reservatório principalmente nos trechos dos aglomerados
urbanos e das atividades produtivas, de modo a minimizar gradativamente o impacto
causado pela ocupação já existente e regular o uso e a ocupação do solo no entorno do
reservatório por meio de técnicas de ordenamento e formas de zoneamento.
o temporalidade - início de curto prazo e implementação em médio e longo
prazo;
o implementação – articulação entre organismos públicos federais, estaduais e
municipais, parcerias entre organismos públicos e representantes da sociedade
civil e dos setores produtivos, alocação de recursos financeiros e humanos;
o envolvidos - instituições públicas, setores produtivos, associações comunitárias
e representação da sociedade civil, ONG´s e ocupantes da borda do
reservatório.
fiscalização e controle ambiental – ação voltada a implantação de um sistema
permanente de controle e fiscalização da exploração dos recursos naturais, com vistas a
assegurar o cumprimento da legislação ambiental vigente, garantindo a manutenção do
patrimônio natural, a sobrevivência das espécies da fauna e flora e a qualidade do
reservatório.
Capítulo 7 – Comentários Finais
208
o Dimensão temporal - início de curto prazo e implementação em médio e longo
prazo;
o Meios de implementação – articulação entre organismos públicos federais,
estaduais e municipais, parcerias entre organismos públicos e representantes da
sociedade civil e dos setores produtivos, alocação de recursos financeiros e
humanos;
o envolvidos - instituições públicas, setores produtivos, associações comunitárias
e representação da sociedade civil, ONG´s e ocupantes da borda do
reservatório.
7.3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
O controle da qualidade de água dos reservatórios deverá ser feito levando em conta
sua utilização, bem como os usos do solo nas bacias contribuintes. Assim, medidas de
controle tais como: controle das fontes externas de poluição; disciplinamento dos usos das
margens; controle dos usos da água represada e controle do assoreamento deverão ser ações
de regulação da referida medida.
Os usos dos reservatórios devem ser disciplinados de forma a garantir o melhor
aproveitamento econômico e social da água acumulada. Tal disciplinamento deve considerar
as necessidades da população e ser feito através da definição dos usos prioritários do
manancial, do estabelecimento de critérios de qualidade de água para esses usos e da adoção
de medidas de controle da qualidade do líquido e dos usos do solo da bacia contribuinte.
A ocupação das áreas vizinhas aos reservatórios deverá ter um controle mais rigoroso
tendo em vista que as atividades desenvolvidas nessas áreas adjacentes podem resultar em
alterações na qualidade da água. Nas áreas destinadas à localização de balneários, deve-se ter
cuidados com a disposição de resíduos, evitando que os mesmos alcancem direta ou
indiretamente, os reservatórios. Assim, o lixo e o esgoto devem dispor de infra-estrutura
adequada de modo que a disposição possa ocorrer a distâncias satisfatórias da água e seu uso
controlado através de normas.
O zoneamento de usos nos reservatórios é uma alternativa desde que se busque afastar
aqueles que são incompatíveis com a capacidade de depuração dos reservatórios, de modo a
permitir usos mais “nobres” para o recurso hídrico.
Capítulo 7 – Comentários Finais
209
Aos municípios, que detêm competências para regular o uso e a ocupação do solo,
cabem todas as atividades que visam gestão sustentável do solo urbano e rural. São
pertinentes, portanto, as iniciativas de promoção do acesso a terra e regularização fundiária e
habitacional, assim como zoneamento ambiental, a conservação da biodiversidade, a
promoção de agricultura sustentável e o controle de uso de agrotóxicos.
A recuperação ambiental das áreas com processos erosivos, a recompsição da
vegetação nativa e a preservação da vegetação remanescente, são consideradas atividades
importantes.
A partir da revisão da literatura e das pesquisas “in loco” realizadas, o caso estudado
representou uma oportunidade excepcional, de compreensão da situação, dos mecanismos e
dos impactos das atividades antrópicas que circundam o reservatório Delmiro Gouveia.
Também mostrou que estudos devem ser aprofundados no sentido de promoverem ações
permanentes e coordenadas para conter a poluição e reduzir a degradação ambiental instalada.
Esta dissertação não tem nenhuma pretensão de esgotar a discussão sobre o assunto e
considera que é um tema inacabado e dinâmico, ao debruçar-se sobre as questões ambientais
no tocante as implicações sócioambientais, socioeconômicas e sociopolíticas em busca da
sustentabilidade os recursos naturais.
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UFRPE/CHESF/FADURPE. 1999c. Estudo do ecossistema dos reservatórios das
barragens do sistema hidroelétrico de Paulo Afonso e Itaparica (Segunda Etapa):
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barragens do sistema hidroelétrico de Paulo Afonso e Itaparica (Segunda Etapa):
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Referências Bibliográficas
224
Nome: Rosa Lúcia Lima Reis
Endereço: Rua das Ninfas nº 189 apto 602. Soledade. Recife.
Pernambuco. Brasil. CEP: 50.070 – 050.
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