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Doenças
Infecciosas e
Parasitárias
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS: GUIA DE BOLSO
guia de
bolso
4ª edição ampliada
Brasília / DF
MINISTÉRIO DA SAÚDE
www.saude.gov.br/svs
disque saúde
0800-61-1997
ISBN 85-334-0840-4
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Livros Grátis
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Ministério da Saúde
Secretaria de Vigilância em Saúde
Departamento de Vigilância Epidemiológica
DOENÇAS INFECCIOSAS
E PARASITÁRIAS
GUIA DE BOLSO
4ª edão ampliada
Série B. Textos Básicos de Saúde
BRASÍLIA / DF
novembro - 2004
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Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância
Epidemiológica.
Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância
em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – 4. ed. ampl.– Brasília: Ministério da
Saúde, 2004.
332 p.: il. color. – (Série B. Textos Básicos de Saúde)
1.ª edão: 1999. Fundão Nacional de Saúde/Centro Nacional de Epidemiologia
(CENEPI/FNS/MS), 217 p.
2.ª edão rev. ampl.: 2000. Fundão Nacional de Saúde/MS, 220 p. ISBN: 85-7346-034-3.
3.ª edão: 2004. Secretaria de Vigincia em Saúde/Departamento de Vigincia
Epidemiogica/MS (DEVEP/SVS/MS), 2004, 2 v. ISBN: 85-334-0805-6.
ISBN 85-334-0840-4
1. Doeas transmissíveis. 2. Vigincia epidemiológica. 3. Saúde pública. I. Brasil.
Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigincia
Epidemiogica. II. Título. III. Série.
NLM WC 100
Catalogação na fonte – Editora MS – OS 2004/1069
Ficha Catalográca
© 1999 Minisrio da Saúde.
É permitida a reprodução parcial desta obra, desde que citada a fonte.
Série B. Textos Básicos de Saúde
4
a
edão ampliada – 2004 – tiragem: 2.000 exemplares
Elaboração, edão e distribuição
MINISRIO DA SAÚDE
Secretaria de Vigilância em Saúde
Coordenação: Departamento de Vigincia Epidemiológica
Produção: Núcleo de Comunicão
Endero
Esplanada dos Ministérios, Bloco G,
Edifício Sede, 1º andar
CEP: 70058-900, Bralia – DF
E-mail : svs@saude.gov.br
Endereço eletrônico: www.saude.gov.br/svs
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
Títulos para indexação
Em inglês: Infective and Parasitic Diseases: pocket guide
Em espanhol: Enfermedades Infecciosas y Parasitarias: guía de bolso
EQUIPE DE ELABORÃO 7
APRESENTAÇÃO 11
SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DAS DOENÇAS
TRANSMISVEIS NO BRASIL 13
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA 19
SISTEMA DE INFORMAÇÃO. 25
ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS 29
DOENÇAS INFECCIOSAS DE INTERESSE PARA A SDE PÚBLICA
1 AIDS 41
2 AMEBÍASE 53
3 ANCILOSTOMÍASE 56
4 ASCARIDÍASE 58
5 BOTULISMO / BOTULISMO DO LACTENTE 60
6 BRUCELOSE 66
7 CANCRO MOLE 69
8 CANDIDÍASE 72
9 COCCIDIOIDOMICOSE 75
10 CÓLERA 78
11 COQUELUCHE 81
12 CRIPTOCOCOSE 86
13 CRIPTOSPORIASE 89
Sumário
14 DENGUE 91
15 DIFTERIA 98
16 DOENÇA DE CHAGAS 103
17 DOENÇA DE LYME 108
18 DOENÇAS DIARICAS AGUDAS 111
19 DOENÇA MENINGOCÓCICA 114
20 DONOVANOSE 118
21 ENTEROBÍASE 122
22 ESCABIOSE 125
23 ESQUISTOSSOMOSE 127
24 ESTRONGILOIDÍASE 130
25 FEBRE AMARELA 133
26 FEBRE MACULOSA BRASILEIRA 136
27 FEBRE PURPÚRICA BRASILEIRA (FPB) 140
28 FEBRE TIFÓIDE 143
29 FILARÍASE POR WUCHERERIA BANCROFTI 147
30 GIARDÍASE. 150
31 GONORRÉIA 153
32 HANSENÍASE. 157
33 HANTAVIROSES 163
34 HEPATITE A 168
35 HEPATITE B 172
36 HEPATITE C 177
37 HEPATITE D 181
38 HEPATITE E 185
39 HERPES SIMPLES 189
40 HISTOPLASMOSE 194
41 INFECÇÃO PELO PAPILOMAVÍRUS HUMANO (HPV) 198
42 INFLUENZA 201
43 LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA (LTA) 207
44 LEISHMANIOSE VISCERAL 211
45 LEPTOSPIROSE 216
46 LINFOGRANULOMA VENÉREO 220
47 MALÁRIA 223
48 MENINGITE POR HAEMOPHILUS INFLUENZAE 232
49 MENINGITE TUBERCULOSA 235
50 MENINGITES VIRAIS 239
51 MONONUCLEOSE INFECCIOSA 241
52 ONCOCERCOSE 243
53 PARACOCCIDIOIDOMICOSE 246
54 PAROTIDITE INFECCIOSA 249
55 PESTE 251
56 POLIOMIELITE 255
57 PSITACOSE 260
58 RAIVA 262
59 RUOLA 268
60 SARAMPO 273
61 SHIGELOSE 277
62 SÍFILIS CONGÊNITA 280
63 SÍNDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITA 286
64 TENÍASE / CISTICERCOSE 290
65 TÉTANO ACIDENTAL 294
66 TÉTANO NEONATAL 299
67 TOXOPLASMOSE 302
68 TRACOMA 306
69 TUBERCULOSE 309
70 VARICELA /HERPES ZOSTER 317
ANEXOS
ANEXO I - PORTARIA Nº 2325 / GM 325
ANEXO II - PORTARIA Nº 2.170 327
PORTARIA Nº 597 / GM 328
Editores
Jarbas Barbosa da Silva Junior
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS
Maria da Glória Teixeira
Instituto de Saúde Coletiva / UFBA
Gerson Oliveira Penna
Núcleo de Medicina Tropical da Universidade de Brasília
Maria da Conceão Nascimento Costa
Instituto de Saúde Coletiva/UFBA
Susan Martins Pereira
Instituto de Saúde Coletiva / UFBA
Expedito Luna
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS
Eduardo Hage Carmo
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS
Estela Maria Ramos do Nascimento
Secretaria de Saúde do Estado da Bahia
Equipe de Elaboração
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 7
Colaboradores
SVS - MS
Aderbal Henry Strugo Arruda
Adriana Aguiar Oliveira
Alessandra Siqueira
Ana Nilce Silveira Maia Elkhoury
Antônia Lins Fernandes Carlos
Antônio Lima Neto
Armando Schubach
Camila Shiler
Carla Magda Allan Santos Domingues
Carmem de Barros Correia D’hália
Carolina Novaes Carvalho
Cristiane Penaforte Dimech
Cristine Ferreira
Denise Santos Correia de Oliveira
Edite Damásio da Silva
Eduardo Campos de Oliveira
Eduardo Marques Macário
Emanuel Carvalho Martins
Ernesto Isaac Montenegro Renoiner
Fábio Moherdaui
Fan Hui Wen
Fernando Ribeiro de Barros
Francisco Anilton Alves Araujo
Geane Maria de Oliveira
George Santiago Dimech
Gerson Fernando Mendes Pereira
Gerusa Maria Figueiredo
Giselle de Moraes
Greice Madeleine Ikeda do Carmo
Helen Selma de Abreu Freitas
Janduhy Pereira dos Santos
João Batista Vieira
João Eduardo Pereira
8 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
José Evoide de Moura Junior
Joseney R. Pires dos Santos
Katia Biscuola de Campos
Licia Camilo Melo
Lúcia Helena Berto
Lúcia Regina Ferraz
Lúcia Regina Montebello Pereira
Luciane Zappelini Daufenbach
Marcelo Santalúcia
Marcelo Wada
Márcia Leite de Sousa
Marcia Lopes Carvalho
Márcio Costa Vinhaes
Maria Adelaide Millington
Maria Alice Fernandes Cadilhe
Maria Candida de Souza Dantas
Maria Carolina C. Quixadá Pereira
Maria da Conceão Cavalcanti Magalhães
Maria de Fátima Costa Lopes
Maria Fernanda Sardella alvim Hilton
Maria de Lourdes de Sousa Maia
Maria de Lourdes Simões Arsky
Maria Glória Vicente
Maria Lucília Nandi Benatto
Maria Salete Parise
Maria Selma Soares
Marilda Siqueira
Marília Ferraro Rocha;
Marlene Benca Matos
Marli Rocha de Abreu Costa
Marly Galdino de Almeida
Martha Brito da Cruz
Mauro da Rosa Elkhoury
Moacir Gerolomo
Neusa Gueths
Paulo Campos Christo Fernandes
Ricardo Gadelha de Abreu
Rejane Maria de Souza Alves
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 9
Ricardo Teixeira da Silva Viana
Rômulo Henrique da Cruz
Ronaldo Amaral
Rosa Castália Fraa Ribeiro Soares
Rosália Maia
Ruth Glatt
Sandra de Sousa Ribeiro Petrus
Sara Jany Medeiros da Silva
Sirlene de Fátima Pereira
Suely Nilsa Guedes de S. Esashika
Tatiana Miranda Lanzieri
Teresa Cristina Segatto
Tochiê Massuda
Vania Lucia Blois de Souza
Vera L. Gattás
Vera Lúcia Carvalho da Silva
Wagner Alexandre Costa
Wanderson Kleber de Oliveira
Waneska Alexandra Alves
Wildo Navegantes de Araújo
Zirlei Maria Matos Silva
Zouraide Guerra Antunes Costa
Produção editorial do guia de bolso
Projeto Gráco: Lúcia Saldanha / Fabiano Camilo
Capa: Fabiano Camilo
Revisão de Texto: Alberico Carvalho Bouzón
10 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembero de 2004
Apresentação
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 11
É com grande satisfação que a Secretaria de Vigincia em Saúde (SVS)
apresenta a edição, revista e ampliada, do Guia de Bolso de Doenças
Infecciosas e Parasitárias. Assim como nas edões anteriores, essa revisão
observou todos os manuais e normas cnicas daquelas doenças que são
objeto de intervenção do Ministério da Saúde. Conta, portanto, com a
participação da vários técnicos do Ministério e especialistas da área.
A obra é especialmente dirigida aos médicos que necessitam obter, em
sua prática do dia-a-dia, informações atualizadas sobre aspectos clínicos,
epidemiológicos e medidas de prevenção e controle das doenças que se
encontram sob monitoramento devido à sua potencialidade de causar
danos à saúde dos indivíduos e de se tornar um problema de saúde pública.
As transformações demográcas, ambientais e sociais que ocorrem no
mundo criam condições para o constante surgimento de novas formas de
expressão de doenças já conhecidas anteriormente e para emergência de
novas doenças. Essa realidade exige o permanente fortalecimento de uma
rede de vigilância epidemiológica que incorpore os hospitais de referência para
doenças transmisveis, as unidades hospitalares voltadas para o atendimento
pediátrico e de urgências, os laboratórios de saúde blica, centros de saúde e
ambulatórios, com capacidade de monitorar os pers epidemiológicos e suas
alterões, detectando prontamente, investigando e adotando medidas ecazes
de prevenção e controle. Um dos objetivos deste Guia de Bolso é o de ampliar
a participação dos médicos nessas ações, tornando o sistema mais senvel
para diagnosticar as doenças com importância epidemiológica, perceber
comportamentos inusitados e novas síndromes e que seja mais precioso e
oportuno no desencadeamento de medidas de prevenção e controle.
O Guia de Bolso vem se somar às demais publicações da Secretaria de
Vigilância em Saúde, a exemplo do Guia de Vigincia Epidemiológica,
obra de referência fundamental para todos aqueles que desenvolvem
ões de vigilância epidemiológica e da revista Epidemiologia e Serviços
de Saúde, editada trimestralmente com artigos e análises sobre o quadro
sanitário do país e os resultados de estudos e pesquisas nas diversas áreas
da epidemiologia. Estas e outras publicações da SVS estão disponíveis
para que se amplie o conhecimento e a utilização das práticas de vigincia
e da metodologia epidemiológica nos servos de saúde.
Jarbas Barbosa da Silva Jr.
Secretário de Vigilância em Saúde
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 13
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 13
INTRODUÇÃO
Os movimentos de emergência de novas doenças transmissíveis como a aids,
de ressurgimento, em novas condições, de doenças “antigas” como a cólera
ou a dengue, de persistência de endemias importantes como a tuberculose
e, de ocorrência de surtos inusitados de doenças como a Febre do Oeste do
Nilo nos Estados Unidos demonstram que nem países em desenvolvimento,
nem mesmo os desenvolvidos, estão livres das doenças infecciosas.
No Brasil, as alterações ocorridas no perl de morbimortalidade, no qual
ressalta-se uma perda de importância relativa das doeas transmissíveis,
principalmente a partir do último quarto do século XX, contribuíram
para criar uma falsa expectativa de que todo esse grupo de doenças esta-
ria próximo à extião. Entretanto o seu impacto na morbidade ainda é
importante, principalmente aquele produzido pelas doeas para as quais
não se dise de mecanismos ecazes de preveão e controle.
No que se refere especicamente à morbidade hospitalar, informações
provenientes do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do SUS indi-
cam que a proporção de internações por doeas infecciosas, em relão
ao total de internações no país, não apresenta a mesma intensidade na ten-
ncia de redução que a vericada para a mortalidade. Nos últimos anos,
no país como um todo, as doeas classicadas no capítulo das DIPs têm
apresentado valores próximos a 10% do total de internações, sendo estes
mais elevados nas Regiões Norte e Nordeste. No ano de 2001, continuaram
predominando as doenças infecciosas intestinais, representando 59,6%
do total de internões no país, sendo de 69,5% na Região Nordeste.
De acordo com dados de morbidade de base populacional, a situação das doen-
ças transmissíveis no Brasil, no período compreendido entre o início dacada
de 1980 e da presente década, corresponde a um quadro complexo que pode ser
resumido em três grandes tenncias: doenças transmissíveis com tendência
declinante; doenças transmissíveis com quadro de persistência; e doenças
transmissíveis emergentes e reemergentes, conforme apresentadas a seguir.
Doenças transmisveis com tenncia declinante
O Brasil tem apresentado êxitos signicativos na redução de um grande
número de doenças transmisveis, para as quais se dise de instru-
mentos ecazes de preveão e controle, estando as mesmas em franco
declínio. A vaola foi erradicada em 1973 e a poliomielite em 1989. A
Situação Epidemiológica
das Doenças Transmissíveis no Brasil
SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS NO BRASIL
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
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SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS NO BRASIL
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
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transmiso do sarampo foi interrompida desde o nal de 2000 e a taxa de
incidência do tétano neonatal apresenta-se em um patamar muito aquém
daquele estabelecido para ser considerado eliminado enquanto problema
de Saúde Pública (1/1.000 nascidos vivos). A redução na incidência e a
concentração dos casos da raiva humana transmitida por animais domés-
ticos também permitem prever sua próxima eliminação.
Outras doeas transmissíveis com tendência declinante são a difteria,
a coqueluche e o tano acidental, que m em comum o fato de serem
imunopreveníveis; a doea de Chagas, endêmica há várias décadas em
nosso país; a febre tifóide, associada a condões sanitárias precárias; e a
oncocercose, a lariose e a peste, todas com áreas de ocorrência restritas.
Doenças transmisveis com quadro de persisncia
Não obstante o sucesso alcaado no controle das doenças anteriormente
referidas, algumas doeas transmissíveis apresentam quadro de persis-
tência, ou de redução, em período ainda muito recente. Nesse grupo de
doeas, destacam-se a tuberculose e as hepatites virais, especialmente as
hepatites B e C, em função das altas prevalências, da ampla distribuição
geográca e do potencial evolutivo para formas graves que podem levar
ao óbito. No entanto, não podem deixar de ser ressaltados os resultados
favoráveis que têm sido alcançados na redução da mortalidade pela tuber-
culose, com a disponibilidade de tratamento especo de alta ecácia.
A implantão universal da vacinação contra a hepatite B, inclusive para
adolescentes, no nal dos anos 90, também deverá produzir, em dio
prazo, impactos positivos na prevenção das formas crônicas da doença.
A leptospirose assume relevância para a Saúde blica, em fuão do
grande número de casos que ocorrem nos meses mais chuvosos, bem como
pela sua alta letalidade, ainda que apresente uma distribuição geográca
mais restrita às áreas que oferecem condões ambientais adequadas para
a transmissão. Por sua vez, as meningites também se inserem nesse grupo
de doenças, destacando-se as infecções causadas pelos meningococos B e
C, que apresentam níveis importantes de transmiso e taxas dias de
letalidade acima de 10%. Tem-se observado signicativa redução na ocor-
rência da meningite causada por H. inuenzae tipo B, possivelmente em
conseqüência da vacinão de menores de um ano, a partir de 1999.
Ainda nesse grupo, estão as leishmanioses (visceral e tegumentar) e a
esquistossomose, para as quais, além da manutenção de elevadas pre-
valências, tem sido observada expano na área de ocorncia, em geral
associada às modicões ambientais provocadas pelo homem, aos des-
locamentos populacionais originados de áreas endêmicas e à insuciente
SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS NO BRASIL
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
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DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
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infra-estrutura na rede de água e esgoto ou na disponibilidade de outras
formas de acesso a esses servos.
A malária que, até recentemente, apresentava níveis de incidência persis-
tentemente elevados na Região Amanica, onde se concentram mais de
99% dos casos registrados no país, passou a apresentar, a partir de 1999,
reduções superiores a 40% nessas taxas. O Plano de Intensicão das
Ações de Controle da Malária, laado em julho de 2000, am de garantir
a amplião do acesso ao diagnóstico e tratamento por interdio da des-
centralizão e da integração com as ações de ateão básica, e um melhor
equacionamento das ações seletivas de controle vetorial, possibilitou a
implementão de importantes ações extra-setoriais, a partir do estabele-
cimento de normas especícas voltadas para a instalação de assentamen-
tos rurais e de projetos de desenvolvimento. Entretanto, no ano de 2003
houve um recrudescimento na transmissão em grande parte dos estados
da região amazônica, evidenciando descontinuidade de ações de controle,
bem como intensicão da transmissão em centros urbanos.
Após a eliminação do ciclo urbano, em 1942, a febre amarela vem apresen-
tando ciclos epidêmicos de transmissão silvestre, como ocorrido em 2000
(Goiás), 2001 e 2003 (Minas Gerais). Entretanto, apesar da ampliação da
área de transmiso para estados e municípios situados fora da área en-
mica (Região Amazônica), tem havido redução na incidência a partir
do ano 2000 até o presente momento. A possibilidade de reintrodução do
vírus amarílico no ambiente urbano, pela ampla dispersão do Aedes ae-
gypti, tem motivado uma intensa atividade de vacinação, que resultou em
mais de 60 miles de doses aplicadas entre 1998 e 2003. Na medida em
que foram identicados eventos adversos graves associados a essa vacina,
a estratégia inicial, de vacinão universal, teve que ser ajustada para uma
cobertura mais focalizada, em toda a área de circulão natural do vírus
amarílico e também na área de transição.
Esta situão evidencia que, para esse grupo de doeas, é mandatário o
fortalecimento de novas estratégias, atualmente adotadas, que propõem
uma maior integrão entre as áreas de prevenção e controle e a rede assis-
tencial, já que um importante foco da ão nesse conjunto de doenças está
voltado para o diagnóstico precoce e tratamento adequado dos doentes,
visando à interrupção da cadeia de transmissão. Aliado a isto, enfatiza-se
a necessidade de ações multissetoriais para sua prevenção e controle, já
que grande parte das raes para a manutenção da situão de endemi-
cidade reside na persistência dos seus fatores determinantes, externos às
ões típicas do setor Saúde como urbanizão acelerada sem adequada
SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS NO BRASIL
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS NO BRASIL
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
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infra-estrutura urbana, alterações do meio ambiente, desmatamento,
amplião de fronteiras agrícolas, processos migratórios, grandes obras
de infra-estrutura (rodovias e hidroelétricas), entre outros.
Doenças transmisveis emergentes e reemergentes
Doenças transmissíveis emergentes são as que surgiram, ou foram identica-
das, em período recente ou aquelas que assumiram novas condições de trans-
missão, seja devido a modicações das características do agente infeccioso,
seja passando de doenças raras e restritas para constituírem problemas de
Saúde Pública. Reemergentes, por sua vez, são as que ressurgiram, enquanto
problema de Saúde Pública, após terem sido controladas no passado.
A partir da deteão da aids no Brasil em 1980, observou-se um crescimen-
to acelerado desta doença até 1997, ano em que foram registrados 23.545
casos novos, com um coeciente de incidência de 14,8 casos/100.000 hab.
Seguiu-se uma diminuição na velocidade de crescimento da epidemia,
com uma redução da incidência. No período de 1995 a 1999, observou-se
queda de 50% na taxa de letalidade em relação aos primeiros anos do iní-
cio da epidemia, quando esta era de 100%. A rápida disseminação da aids
no país, por sua vez, tem-se reetido na ocorrência de uma série de outras
doeas infecciosas, particularmente a tuberculose. Porém, a disponibi-
lidade de novas drogas tem propiciado o aumento na sobrevida para os
portadores da infeão pelo HIV.
Introduzida no país em 1991, a cólera experimentou seu pico epidêmico
em 1993, com 60.340 casos. Todavia, os esforços do sistema de saúde
conseguiram reduzir drasticamente sua incidência, apesar do ambiente
favorável para a disseminão e persisncia dessa doea, em vista da
insatisfatória condão ambiental e sanitária de parte da população. Em
1998 e 1999, a seca que ocorreu na Região Nordeste, onde se instalou uma
severa crise de abastecimento de água, inclusive nas capitais, favoreceu a
possibilidade de recrudescimento da doença, o que exigiu uma intensi-
cação das ões de prevenção e de vigilância epidemiológica nessa região.
A cólera passou a manifestar-se sob a forma de surtos, principalmente
nas pequenas localidades do Nordeste, com maior diculdade de acesso
à água tratada e decncia de esgotamento sanitário. A partir de 2001
apresentou uma interrupção da transmissão, até o ano de 2004, quando
volta a apresentar casos na Região Nordeste, ainda que com intensidade de
produção de casos novos bastante reduzida.
A dengue tem sido objeto de uma das maiores campanhas de Saúde Públi-
ca realizadas no Brasil, desde 1982, ano de sua introdução no país. O mos-
quito transmissor da doea, o Aedes aegypti, que havia sido erradicado
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SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS NO BRASIL
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS NO BRASIL
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 17
em vários países do continente americano nas décadas de 50 e 60, retorna
na década de 70, por falhas na vigincia epidemiológica e pelas mudanças
sociais e ambientais propiciadas pela urbanização acelerada dessa época.
As diculdades para a eliminação de um mosquito domiciliado que se
multiplica nos rios recipientes que podem armazenar água, particular-
mente aqueles encontrados nos lixos das cidades, como em garrafas, latas
e pneus, ou no interior dos domicílios, como nos descansadores dos vasos
de plantas, têm exigido um esforço substancial do setor Saúde. Entretanto,
esse trabalho necessita ser articulado com outras políticas públicas, como a
limpeza urbana, além de uma maior conscientizão e mobilização social
sobre a necessidade das comunidades manterem seu ambiente livre do
mosquito. Esse último elemento, a mudança de hábitos, tem sido apontado,
mais recentemente, como um dos mais efetivos na prevenção da infestação
do mosquito. Entre outros fatores que pressionam a incidência da dengue,
destaca-se a introdução de um novo sorotipo, o DEN 3, para o qual a sus-
ceptibilidade era praticamente universal. A circulação seqüencial de mais
de um sorotipo propiciou um aumento na incidência de febre hemorrágica
da dengue, com conseqüente incremento na mortalidade por essa doença.
Os primeiros casos de hantaviroses, no Brasil, foram detectados em 1993,
em São Paulo, e esta doea tem sido registrada com maior freqüência
nas Reges Sul, Sudeste e Centro-Oeste. A implantão da sua vigilân-
cia epidemiológica, o desenvolvimento da capacidade laboratorial para
realizar diagstico, a divulgação das medidas adequadas de tratamento
para reduzir a letalidade e o conhecimento da situação de circulão dos
hantavírus nos roedores silvestres brasileiros possibilitaram o aumento na
capacidade da sua detecção, gerando um quadro mais nítido da realidade
epidemiológica das hantaviroses em nosso país, assim como permitiram a
adoção de medidas adequadas de prevenção e controle.
Comentários nais
No Brasil, no ano de 2001, as DIPs ainda representaram a segunda causa de
internações na Região Nordeste, e a terceira e quarta causas de internações,
respectivamente, nas Regiões Sul e Sudeste. Indicadores de morbidade,
de base não hospitalar, também revelam as desigualdades inter-regionais.
Assim, as maiores taxas de prevalência e incidência para cólera, esquistos-
somose, doença de Chagas e leishmanioses têm sido registradas nas regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Apesar da redução na mortalidade pelas doenças infecciosas e também
diminuão signicativa na morbidade por um conjunto importante
dessas doenças, ao mesmo tempo, em outra direção, constata-se como já
SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS NO BRASIL
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
18 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
referido, o reaparecimento, nas duas décadas passadas de problemas como
a cólera e a dengue, que além de expor as frágeis estruturas ambientais ur-
banas em nosso país, as quais tornam as populões vulneráveis a doenças
que pareciam superadas, amplia a já alta carga de doenças da população.
Esses fatores agregam-se ao surgimento de novas doenças ou de novas for-
mas de manifestão das doeas na populão, aumento na severidade
por surgimento de novas cepas patonicas, amplião da resisncia aos
antimicrobianos, bem como à persistência de problemas como a desnu-
trição e doeas endêmicas como a tuberculose. Essa situão implica a
manuteão de estruturas dispendiosas de atenção que competem por
recursos escassos, os quais poderiam, em caso da não-existência desses
problemas, vir a ser utilizados na solução de problemas de saúde de maior
magnitude, para os quais existem menores possibilidades de prevenção
em curto prazo, como as doenças crônicas não transmissíveis.
Entende-se que a melhoria da qualidade da assisncia médica, principal-
mente no que diz respeito ao correto diagnóstico e tratamento dos pa-
cientes, associada ao encaminhamento e adoção das medidas de controle
indicadas em tempo hábil, desempenham um papel importante na redu-
ção de uma série de doeas infecciosas e parasitárias. Nesta perspectiva,
o principal propósito deste Guia de Bolso é divulgar para os prossionais
de saúde, em especial os médicos, orientões sintéticas das estratégias
que devem ser adotadas para contribuir com este processo.
Extraído e adaptado do artigo: Mudaas nos pades de morbimortalidade da populão
brasileira: os desaos para um novo culo. Carmo EH, Barreto ML, Silva Jr. JB. Epidemiologia e
Servos de Saúde, 12(2):63-75, abr/jun.2003.
SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS NO BRASIL
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
18 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
Conceito
A Lei Orgânica da Saúde conceitua Vigilância Epidemiológica (VE) como
um “conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou pre-
venção de qualquer mudaa nos fatores determinantes e condicionantes
da saúde individual ou coletiva, com a nalidade de recomendar e adotar as
medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos”. Como este Guia
tem como propósito sintetizar conhecimentos básicos sobre algumas do-
enças que estão sob vigilância epidemiológica no Brasil, acrescidas de ou-
tras importantes para a saúde pública que dispõem de algumas medidas de
controle e tratamento, as noções de VE aqui colocadas estão restritas à
área de doeas transmisveis.
Noticação
É a comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde,
feita à autoridade sanitária por prossionais de saúde ou qualquer cidadão,
para m de adoção de medidas de intervenção pertinentes. Deve-se noti-
car a simples suspeita da doença, sem aguardar a conrmação do caso, que
pode signicar perda de oportunidade de adoção das medidas de prevenção
e controle indicadas. A noticação tem que ser sigilosa, só podendo ser di-
vulgada fora do âmbito médico sanitário em caso de risco para a comuni-
dade, sempre se respeitando o direito de anonimato dos cidadãos.
Propósitos da VE
Fornecer orientação técnica permanente para os que têm a responsabilidade
de decidir sobre a execução de ações de controle de doenças e agravos. Sua
operacionalização compreende um ciclo completo de funções especícas e
intercomplementares, que devem ser desenvolvidas de modo contínuo, per-
mitindo conhecer, a cada momento, o comportamento epidemiológico da
doença ou agravo escolhido como alvo das ações, para que as intervenções
pertinentes possam ser desencadeadas com oportunidade e efetividade.
Funções
Coleta e processamento de dados; análise e interpretão dos dados pro-
cessados; investigão epidemiológica de casos e surtos; recomendão e
promoção das medidas de controle apropriadas; avaliação da ecácia e
efetividade das medidas adotadas; divulgação de informações sobre as in-
vestigações, medidas de controle adotadas, impacto obtido, formas de preven-
ção de doenças, dentre outras. É importante salientar que todos os prossionais
Vigilância Epidemiológica
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 19
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
de saúde (da rede pública, privada e conveniada), bem como os diversos níveis
do sistema (municipal, estadual, federal), têm atribuições de vigilância epide-
miológica. Dependendo da inserção prossional e da capacidade executiva, téc-
nica e gerencial de cada área, essas funções vão da simples noticação de casos
suspeitos ou conrmados das doenças que comem o sistema de vigilância a
a investigação epidemiológica (casos ou surtos), adoção de medidas de controle,
coleta, análise e interpretação de dados, dentre outras.
Coleta de Dados
A VE desencadeia suas atividades a partir da ocorrência de um evento
sanitário caso(s) suspeito(s) ou conrmado(s) de doença sob vigilância.
Costuma-se denir VE, de modo simples e operacional, como Infor-
mação - Decio - ão. A coleta de dados ocorre em todos os níveis
(municipal, estadual e federal) de atuão do sistema de saúde. A força e
valor da informação (que é o dado analisado) dependem da qualidade e
dedignidade com que a mesma é gerada. Para isso, faz-se necessário que
as pessoas responsáveis pela coleta estejam bem preparadas para diagnos-
ticar corretamente o caso, como também para realizar uma boa investiga-
ção epidemiológica, com anotações claras e conáveis.
Tipos de Dados - Morbidade; mortalidade, dados demográcos e ambien-
tais; noticão de surtos e epidemias.
Fontes de Dados
a) Noticão compulsória de doenças - é uma das principais fontes da
vigincia epidemiológica a partir da qual, na maioria das vezes, se desen-
cadeia o processo de informação-decisão-ão. A lista nacional das doenças
de noticação vigente encontra-se neste guia, e a sua seleção é baseada na
magnitude (medida pela freqüência), potencial de disseminação, transcen-
dência (medida pela letalidade, severidade, relevância social e econômica),
vulnerabilidade (existência de instrumentos de prevenção); compromissos
internacionais de erradicação, eliminação ou controle; doenças incluídas
no Regulamento Sanitário Internacional; epidemias, surtos e agravos inusi-
tados. Esses critérios são observados e analisados em conjunto.
b) Resultados de exames laboratoriais.
c) Declarões de óbitos.
d) Maternidades (nascidos vivos).
e) Hospitais e ambulatórios.
f) Investigões epidemiológicas.
g) Estudos epidemiológicos especiais.
20 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
h) Sistemas sentinelas.
i) Instituto Brasileiro de Geograa e Estatística-IBGE.
j) Imprensa e populão, dentre outros.
Diagnóstico de Casos
A conabilidade do sistema de noticação depende, em grande parte, da
capacidade dos prossionais e serviços locais de saúde - que são responsáveis
pelo atendimento dos casos - diagnosticarem, corretamente, as doenças e
agravos. Para isso, os prossionais deverão estar tecnicamente capacitados e
dispor de recursos complementares para a conrmação da suspeita clínica.
Investigação Epidemiológica
É um método de trabalho utilizado com muita freqüência em casos e
epidemias de doeas transmissíveis, mas que se aplica a outros grupos
de agravos. Consiste em um estudo de campo realizado a partir de casos
(clinicamente declarados ou suspeitos) e de portadores, com o objetivo de
avaliar a ocorncia, do ponto de vista de suas implicões para a saúde
coletiva. Sempre que posvel, deve conduzir à conrmão do diagnós-
tico, à determinão das características epidemiológicas da doença, à
identicão das causas do fenômeno e à orientão sobre as medidas de
controle adequadas.
a) Roteiro de Investigão - As seguintes indagões devem ser levantadas:
De quem foi contraída a infecção? (fonte de contágio); Qual a via de disse-
minão da infeão, da fonte ao doente?; Que outras pessoas podem ter
sido infectadas pela mesma fonte de contágio?; Quais as pessoas a quem o
caso pode haver transmitido a doea?; A quem o caso ainda pode trans-
mitir a doença? Como evitá-lo?
b) Finalidade da Investigão - Adoção de medidas de controle em tempo
hábil. Para que isso aconteça, ela tem que ser iniciada imediatamente após
a ocorrência do evento.
c) Ficha de Investigação Epidemiológica - Formulários, existentes nos
servos de saúde, especícos para cada tipo de doença, que facilitam a
coleta e consolidão de dados; devem ser preenchidos cuidadosamente,
registrando-se todas as informações indicadas, para permitir a análise e
a comparão de dados. Quando se tratar de agravo inusitado, deve-se
elaborar uma cha própria, de acordo com as manifestões clínicas e
epidemiológicas do evento. Os formulários contêm dados de identica-
ção do paciente, da anamnese, do exame físico, de suspeita diagstica,
informações sobre o meio ambiente (de acordo com o agravo); exames
complementares de acordo com o(s) agravo(s) suspeitado(s).
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 21
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
d) Busca de pistas - Visa buscar a origem da transmissão, cabendo ao in-
vestigador estabelecer quais as mais importantes e o caminho a seguir. Em
geral, é importante denir: período de incubação; presença de outros casos
na localidade; existência ou não de vetores ligados à transmissibilidade da
doença; grupo etário mais atingido; fonte de contágio comum gua, ali-
mentos); modos de transmissão (respiratória, contato direto etc.); época em
que ocorre (estação). Por ser uma atividade que exige tempo e custos adicio-
nais, nem todas as doenças são investigadas. Os critérios de denição para
investigação são: doença considerada prioritária pelo sistema de vigincia;
estar excedendo a freqüência usual; há suspeita de que os casos sejam de-
vidos a uma fonte comum de infecção; apresenta-se com gravidade cnica
maior que a habitual; é desconhecida na área (agravo inusitado).
e) Busca ativa de casos - Procedimento realizado com vistas ao conhecimento
da magnitude de ocorrência do evento quando se suspeita que casos possam es-
tar ocorrendo sem registro nos serviços de saúde. É mais restrita (domicílio, rua
ou bairro) ou ampliada (cidade, municípios, acompanhando correntes migra-
rias etc), seguindo-se a área geográca de abranncia da fonte de contágio.
Processamento e Análise de Dados
Os dados colhidos são consolidados (ordenados de acordo com as caracte-
rísticas das pessoas, lugar, tempo etc.) em tabelas, grácos, mapas da área
em estudo, uxos de pacientes e outros. Essa disposição fornecerá uma vi-
são global do evento, permitindo a avaliação de acordo com as variáveis de
tempo, espaço e pessoas (quando? onde? quem?) e de associação causal (por
que?) e deverá ser comparada com períodos semelhantes de anos anteriores.
É importante lembrar que, além das freqüências absolutas, o cálculo de indi-
cadores epidemiológicos (coecientes de incidência, prevalência, letalidade e
mortalidade) deve ser realizado para efeito de comparação.
Decio-Ação
Todo sistema de vigincia é montado tendo como objetivo o controle, a eli-
minação ou a erradicação de doenças, o impedimento de óbitos e seqüelas
etc. Dessa forma, após a análise dos dados, deverão ser denidas imediata-
mente as medidas de prevenção e controle mais pertinentes à situação. Isso
deve ser feito no nível mais próximo da ocorrência do problema, para que a
intervenção seja mais oportuna e, conseqüentemente, mais ecaz.
Normatizão
Normas cnicas capazes de uniformizar procedimentos e viabilizar a
comparabilidade de dados e informações são elaboradas e divulgadas pelo
sistema de vigincia epidemiológica. Destaque especial é dada à denição
22 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
de caso de cada doença ou agravo, visando tornar comparáveis os critérios
diagnósticos que regulam a entrada dos casos no sistema, seja como sus-
peito, compatível ou mesmo conrmado por diagstico laboratorial.
Retroalimentão do Sistema
É a devolução de informações aos noticantes das análises resultantes dos
dados coletados e das medidas de controle adotadas.
Sistema Nacional de Vigincia Epidemiológica
O Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE) compreende o
conjunto interarticulado de instituições do setor público e privado com-
ponentes do Sistema Único de Saúde (SUS) que, direta ou indiretamente,
noticam doenças e agravos, prestam servos a grupos populacionais ou
orientam a conduta a ser tomada no controle das mesmas. De acordo com
os princípios e diretrizes do SUS as ações e atividades do SNVE estão sendo
repassados aos níveis descentralizados deste sistema de modo gradual, de
acordo com o desenvolvimento dos sistemas locais de saúde, de forma a evi-
tar a descontinuidade técnica e administrativa dos programas e ações afetas
a esta área da saúde. Os recursos nanceiros destinados ao desenvolvimento
destas ões e atividades estão sendo transferidos fundo-a-fundo (Portarias
1.399/GM de 15/12/1999 e 950 de 23/12/1999) para as Secretarias Estaduais
e Municipais de Saúde, que passaram a ter autonomia técnica, administra-
tiva e nanceira para o desenvolvimento de suas funções. O Nível central do
sistema (Ministério da Saúde SVS) atua apenas de modo complementar,
quando os problemas de saúde sob vigincia epidemiológica ultrapassam a
capacidade de resolução de estados e municípios.
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS -Novembro de 2004 | 23
Sistemas de Informação
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Sistemas de Informação
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Introdução
Nada pode ser feito em Vigincia Epidemiológica sem a obteão de in-
formações, daí a clássica expressão de informão para ação. Por sua vez,
um bom sistema de informões depende da periodicidade do uxo de
fornecimento dos dados e do criterioso preenchimento dos instrumentos
de coleta (chas de noticação e investigação, declarão de óbito, declara-
ção de nascido vivo, boletins de atendimento, autorizações de internão,
relatórios etc). A transformão desses dados (valor quantitativo obtido
para caracterizar um fato ou circunstância) em informões (dado anali-
sado) pode ser feita em todos os níveis do sistema de saúde. Para isso, faz-se
necessário organizá-los em tabelas e grácos, que, dependendo do grau de
complexidade das análises, podem ser realizados por todos os prossionais,
ou por alguns com capacitão especíca.
Denões
Sistema de informações - É um conjunto de unidades de produção, análise e
divulgação de dados, que atuam com a nalidade de atender às necessidades
de informações de instituições, programas, serviços. Podem ser informatizados
ou manuais. Atualmente, com o crescente desenvolvimento da informática, a
grande maioria dos sistemas da área da saúde, mesmo nos níveis mais periri-
cos, dispõe das ferramentas de computação, ou está em vias de adquiri-las.
Sistemas de Informações em Saúde (SIS)
o desenvolvidos e implantados com o objetivo de facilitar a formulão e
avaliação das poticas, planos e programas de saúde, subsidiando o processo
de tomada de decisões, a m de contribuir para melhorar a situação de saúde
individual e coletiva. São funções dos SIS: planejamento; coordenação; super-
visão dos processos de seleção, coleta, aquisição, registro, armazenamento, pro-
cessamento, recuperação, análise e difusão de dados e geração de informões.
É importante salientar que, para a área de saúde, tamm o de interesse dados
produzidos fora do setor (demográcos, de saneamento, documentais e admi-
nistrativos). Dados o rotineiros e que o coletados esporadicamente, obtidos
através de inqritos, levantamentos e estudos especiais, também o muito úteis
às análises da situação de saúde e da vigilância epidemiológica. A coleta de dados
deve ser racional e objetiva, visando a construção de indicadores epidemiológi-
cos ou operacionais que atendam aos objetivos de cada programa ou instituição,
evitando-se descrédito do sistema e desperdício de tempo e recursos.
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
26 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Indicadores
São informações produzidas com periodicidade denida e critérios cons-
tantes, que revelam o comportamento de um fenômeno em um dado
espaço de tempo. Para isso, faz-se necessário a disponibilidade do dado,
bem como, uniformidade e sinteticidade na coleta, simplicidade técnica
na elaboração e bom poder discriminatório do indicador.
Sistema de Informão de Agravos de Noticão - SINAN
Em 1975, a lei que instituiu o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica
também criou a obrigatoriedade da noticação compulsória de algumas do-
enças, que era feita pelas Unidades de Saúde semanalmente, através do preen-
chimento do Boletim Semanal de Doenças. As Secretarias Estaduais faziam
um consolidado mensal e o enviavam por aerograma para o Ministério da
Saúde. Esse Sistema de Noticação Compulsória de Doenças (SNCD) sempre
apresentou problemas de sub-noticação e supria limitadamente as necessi-
dades nimas de informação de morbidade do país. Como conseqüência
disso e visando melhorar a geração de informação, diversos sistemas paralelos
foram criados nos diferentes níveis, incluindo o nacional. O Sistema de Infor-
mações de Agravos de Noticação - SINAN foi idealizado para racionalizar o
processo de coleta e transferência de dados relacionados às doenças e agravos
de noticação compulsória, embora o número de doenças e agravos por ele
contemplados venha aumentando, sem relação direta com a compulsorie-
dade de sua noticação. O formulário padrão contém duas partes: a Ficha
Individual de Noticação (FIN), que deve ser preenchida por prossionais
das unidades assistenciais da rede privada, conveniada e blica; e a Ficha
Individual de Investigação (FII), que, em geral, é preenchida pelo responsável
da investigação. Os principais indicadores gerados pelo SINAN e SNCD são:
taxa ou coeciente de incidência, taxa ou coeciente de prevalência, taxa ou
coeciente de letalidade. Com as chas de investigação, muitas outras infor-
mações podem ser obtidas, como percentual de seqüelas, impacto das medi-
das de controle, percentual de casos suspeitos e conrmados, entre outras.
Sistema de Informão de Mortalidade - SIM
O SIM foi criado pelo Ministério da Saúde em 1975 e, até bem recente-
mente, só era operado na administração central das Secretarias Estaduais
de Saúde (SES). Com o desenvolvimento de um sistema informatizado de
seleção de causa básica de óbito, está sendo iniciada a sua descentralização
para as Secretarias Municipais de Saúde (SMS). O formulário de entrada
de dados é a Declaração de Óbito (DO). Os dados do SIM permitem cal-
cular importantes indicadores para a VE, como: taxa ou coeciente de
mortalidade e mortalidade proporcional por grandes grupos de causas,
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
26 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
por causas especícas, faixa etária, sexo, escolaridade, ocupação, e outras
características do falecido constantes nas declarações de óbitos.
Sistema de Nascidos Vivos - SINASC
Foi implantado ocialmente em 1990, concebido e montado à semelhança
do SIM, a partir de um documento básico padronizado (Declaração de Nas-
cidos Vivos - DN), que deve ser preenchido para todos os nascidos vivos.
Nascido Vivo, segundo denição da OMS, é todo produto da concepção
que, independentemente do tempo de gestação, depois de expulso ou ex-
traído do corpo da mãe, respira ou apresenta outro sinal de vida, tal como
batimento cardíaco, pulsação do cordão umbilical ou movimentos efetivos
dos músculos de contração voluntária, estando ou não desprendida a pla-
centa. A implantação do SINASC foi acontecendo de forma gradual no país.
Dentre os indicadores que podem ser construídos a partir desse sistema,
incluem-se proporção de nascidos vivos de baixo peso, proporção de prema-
turidade, proporção de partos hospitalares, proporção de nascidos vivos por
faixa etária da mãe, taxa bruta de natalidade e taxa de fecundidade.
Sistema de Informões Hospitalares - SIH/SUS
Importante fonte de informação por registrar em torno de 70% das interna-
ções hospitalares realizadas no país e por gerar muitos indicadores: morta-
lidade hospitalar geral, ou por alguma causa, ou procedimento especíco;
taxa de utilização por faixa etária e/ou sexo, geral ou por causa; índice de
hospitalização por faixa etária e/ou sexo, geral ou por causa; índice de gasto
com hospitalização por faixa etária e/ou sexo, geral ou por causa; tempo
médio de permanência geral ou por alguma causa especa; valor médio da
internação, geral ou por alguma causa especíca; proporção de internação
por causa ou procedimento selecionado; utilização de UTI e outros.
Sistema de Informões Ambulatoriais do SUS - SIA/SUS
Este sistema não registra o CID do(s) diagnóstico(s) dos pacientes e, por-
tanto, não pode ser utilizado como informação epidemiológica. Entretanto,
seus indicadores operacionais podem ser importantes como complemento
das análises epidemiológicas, a exemplo do: número de consultas médicas
por habitante ao ano, número de consultas médicas por consultório, núme-
ro de exames/terapias realizados pelo quantitativo de consultas médicas.
Outras Fontes de Dados
Muitos outros sistemas são operados pela rede de serviços do SUS, que,
embora não tenham base epidemiológica, podem ser utilizados como fontes
complementares nas análises. Dentre eles cabe destacar: Sistema de Informa-
ções de Atenção sica - SIAB, que aporta dados relacionados à população
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 27
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
28 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
coberta pelos Programas de Saúde da Falia e de Agentes Comunitários de
Saúde nos municípios em que se encontram implantados, bem como sobre
as atividades desenvolvidas pelos agentes e equipes de saúde da falia;
Sistema de Informações de Vigincia Alimentar e Nutricional - SISVAN,
instrumento de políticas federais focalizadas e compensatórias (Programa
“Leite é Saúde”), atualmente implantado em aproximadamente 1.600 mu-
nicípios brasileiros considerados de risco para a mortalidade infantil; e Sis-
tema de Informações do Programa Nacional de Imunizão - SI-PNI, que
aporta dados relativos à cobertura vacinal de rotina, atualmente implanta-
do em todos os municípios brasileiros. Além das informações decorrentes
dos sistemas descritos, existem outras grandes bases de dados de interesse
para o setor saúde que apresentam padronização e abrangência nacionais.
Entre elas, devem ser citadas as disponibilizadas pelo Instituto Brasileiro
de Geograa e Estatística-IBGE (particularmente no que se refere ao Censo
Demográco, Pesquisa Brasileira por Amostragem de Domicílios-PNAD
e a Pesquisa de Assistência Médico-Sanitária-AMS) e pelos “Conselhos”
de classe (como o Conselho Federal de Medicina-CFM, Conselho Federal
de Enfermagem-COFEN e Conselho Federal de Odontologia-CFO). São,
ainda, importantes fontes de dados, as pesquisas realizadas pelo Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada-IPEA, relatórios e outras publicações de
associações e empresas que atuam no setor médico supletivo (medicina de
grupo, seguradoras, autogestão e planos de administração).
Coleta e Divulgão das Informações
É dever de todo o prossional de saúde da rede pública, conveniada e privada
comunicar, à autoridade sanitária mais próxima, todos os casos suspeitos
de doenças de noticação compulsória que compõem a lista brasileira,
independente da conrmação diagnóstica, bem como as que foram acres-
centadas nos âmbitos estaduais e municipais. Essa noticação pode ser
feita em formulário próprio, por telefone, fax ou outro meio. O objetivo da
noticação é a adoção de medidas de controle pertinentes e a alimentação
dos sistemas de informações. A noticação de casos suspeitos justica-se
pela necessidade de rapidez na execução de medidas de controle para algu-
mas patologias, que podem não ter impacto se executadas tardiamente. A
retroalimentação dos sistemas deve ser considerada como um dos aspectos
fundamentais para o processo continuado de aperfeiçoamento, gerência e
controle da qualidade dos dados. Tal prática deve ocorrer em seus diversos
níveis, de modo sistemático, com periodicidade previamente denida, de
modo a permitir a utilização das informações nas atividades de planejamen-
to, denição de prioridades, alocação de recursos e avaliação dos programas
desenvolvidos.
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
28 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
Odismo
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Envenenamento provocado pela inoculação de toxinas, através de aparelho
inoculador (presas) de serpentes, podendo determinar alterações locais (na
região da picada) e sistêmicas. Em conseqüência à absorção do veneno na
circulação sangüínea, os mecanismos de ação especícos determinam ma-
nifestações clínicas diferenciadas para cada gênero de serpente.
Acidente botpico - Causado por serpentes do nero Bothrops, determina
processo inamatório no local da picada, com edema tenso, equimose, dor e
adenomegalia regional que progridem ao longo do membro acometido; bolhas
com conteúdo seroso ou sero-hemorrágico e, eventualmente, necrose cutânea.
Sistemicamente, há alteração da coagulação sanguínea e sangramentos espon-
tâneos (gengivorragia, equimoses e hematomas pós-trauma, hematúria).
Acidente laquético - Causado por serpentes do gênero Lachesis, apresenta
quadro clínico semelhante ao botrópico, acrescido de manifestações de-
correntes de estimulação vagal (náuseas, vômitos, diaria, bradicardia,
hipotensão e choque).
Acidente crotálico - Causado por serpentes do nero Crotalus, não leva
a alterões locais proeminentes, apenas edema discreto e parestesia; por
outro lado, as manifestações sistêmicas o conseqüentes a paralisia neu-
romuscular (ptose palpebral, distúrbios de acomodão visual, de olfato
e paladar, sialoria, ptose mandibular), rabdomiólise (dores musculares
generalizadas, urina escura) e incoagulabilidade sangnea.
Acidente elapídico - Causado por serpentes do gênero Micrurus, leva
a quadro neuroparalítico semelhante ao acidente crotálico, sem outros
sinais e sintomas concomitantes.
Acidentes por serpentes não-peçonhentas - Sem gravidade, porém fre-
qüentes, podendo, em algumas circunstâncias, causar edema, dor e equi-
mose na região da picada.
Agentes causais - São 4 os gêneros de serpentes de interesse médico:
Bothrops (jararaca, jararacu, urutu, caiçaca), Crotalus (cascavel), La-
chesis (surucucu, pico-de-jaca) e Micrurus (coral verdadeira). Bothrops e
Acidentes por Animais Peçonhentos
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 29
ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
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ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 31
Micrurus o encontrados em todo o país, enquanto que Crotalus é mais
freqüentemente encontrado em campos, áreas abertas e secas, e Lachesis
habita somente as orestas da Amazônia e da Mata Atlântica. Diversos
gêneros de serpentes consideradas não-peçonhentas ou de menor im-
portância dica são encontrados em todo o país, sendo também causa
comum de acidentes: Phylodrias (cobra-verde, cobra-cipó), Oxyrhopus
(falsa-coral), Waglerophis (boipeva), Helicops (cobra d’água), Eunectes
(sucuri) e Boa (jibóia), dentre outras.
Complicações
Acidente botrópico e laquético - Celulite, abscesso, síndrome comparti-
mental, necrose com amputação e/ou seqüela funcional, sangramento maçico,
choque e insuciência renal aguda.
Acidente crotálico - Insuciência renal aguda e insuciência respiratória.
Acidente elapídico - Insuciência respiratória aguda.
Diagnóstico
Na maioria dos casos, o diagstico é clínico, baseado nas manifestações
apresentadas pelo paciente; o diagstico etiológico, quando há identi-
cação do animal, é pouco freqüente. Na auncia de alterações clínicas, o
paciente deve ser mantido em observão por 6 a 12 horas após o acidente,
após o qual, mantendo-se inalterado, deve ser considerada a possibilidade
de acidente por serpente não-peçonhenta ou acidente por serpente po-
nhenta sem envenenamento.
Diagnóstico laboratorial
Não há exame laboratorial para identicar o tipo de acidente. O Tempo de
Coagulão (TC) constitui ferramenta útil para conrmão do acidente
botrópico e laquético quando o quadro local não é muito evidente, e nos
acidentes por serpente não-peçonhenta ou sem envenenamento.
Tratamento
O soro ou antiveneno deve ser especíco para tipo por Bothrops, Crotalus e
Micrurus (soro antibotrópico, anticrolico e antielapídico), exceto nas regiões
onde coabitam serpentes do nero Bothrops e Lachesis (soro antibotrópico-
laquético). A soroterapia deve ser realizada o mais rapidamente possível e o
número de ampolas depende do tipo e da gravidade do acidente. A via de
administração é a endovenosa, devendo-se prestar atenção para a ocorrência de
manifestações alérgicas durante e logo após a infusão do antiveneno (urticária,
estridor laríngeo, angioedema,useas emitos, broncoespasmo, hipoteno
e choque). Na vigência de reações imediatas, a soroterapia deve ser interrompi-
ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
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ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
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da e posteriormente reinstituída após o tratamento da analaxia. Hidratação
endovenosa deve ser iniciada precocemente para prevenir a insuciência renal
aguda. Não evidências de que fármacos (anti-inamarios, heparina) neu-
tralizem os efeitos dos venenos; o único tratamento medicamentoso efetivo
pode ser realizado no acidente eladico, utilizando-se anticolinesterásico (ne-
ostigmina ataque: 0,25 mg adultos ou 0,05mg/kg crianças IV, manutenção: 0,05
a 01 mg/kg IV a cada 4 horas), precedido de atropina IV (0,5 mg/kg adultos, 0,05
mg/kg). Reações tardias (doença do soro) podem ocorrer uma a quatro sema-
nas após a soroterapia, com urticária, febre baixa, artralgia e adenomegalia.
Caractesticas epidemiológicas
O odismo constitui, dentre os acidentes por animais peçonhentos, o de
maior interesse médico, pela freqüência e gravidade. Os acidentes ocorrem
em todo o país, porém a distribuição por gênero de serpente peçonhenta
indica um predomínio do acidente botrópico (84,0%), seguido do crolico
(9,8%), laquético (2,6%), elapídico (0,6%) e por serpentes não-peçonhentas
(2,9%). A sazonalidade é característica marcante, relacionada a fatores climá-
ticos e da atividade humana no campo que determina ainda um predomínio
na incidência nos meses quentes e chuvosos, em indivíduos do sexo masculi-
no e faixa etária de 15 a 49 anos. A letalidade geral é baixa (0,4%), maior no
acidente crolico (1,9%) em relação aos demais (laquético 0,9%, botrópico e
elapídico 0,3%). Por outro lado, a freqüência de seqüelas, relacionada a com-
plicações locais, é bem mais elevada, situada em torno de 10% nos acidentes
botrópicos, associada a fatores de risco como o uso de torniquete, picada em
extremidades (dedos de mãos e pés) e retardo na soroterapia.
Escorpionismo
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
O envenenamento ocorre pela inoculação de veneno pelo ferrão ou aguilhão,
localizado na cauda de escorpiões do gênero Tityus. A estimulação de termi-
nações nervosas sensitivas determina o aparecimento do quadro local, de ins-
talação imediata, e caracterizada por dor intensa, edema e eritema discretos,
sudorese localizada em torno do ponto de picada e piloereção. Eventualmen-
te, mioclonias e fasciculações podem ocorrer. A atividade sobre o sistema ner-
voso autônomo é responsável pelo quadro sistêmico, observado em crianças,
que apresentam agitação psicomotora, náuseas, mitos, sialorréia, hiperten-
são ou hipotensão, bradicardia, choque e edema agudo pulmonar.
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Agente causal
Todos os escorpiões ponhentos pertencem ao gênero Tityus, com di-
ferentes escies distribuídas no país. A espécie T. serrulatus (escorpião-
amarelo), encontrada principalmente na região Sudeste, vem expandindo
sua área de distribuição, facilitada pela capacidade de adaptação ao am-
biente urbano e à sua característica partenogenética, o que tem levado ao
aumento na incidência dos acidentes e ao aparecimento do animal em
áreas antes livres de sua ocorrência.
Complicações
Decorrentes do envenenamento sismico: arritmia cardíaca, insu-
ciência cardíaca congestiva, choque e edema agudo pulmonar. Não há
complicões locais.
Diagnóstico
Eminentemente clínico-epidemiológico. São de grande utilidade na detec-
ção e acompanhamento das complicões, a radiograa de tórax que eviden-
cia aumento de área cardíaca e velamento pulmonar difuso (eventualmente
unilateral), e o eletrocardiograma que mostra padrão semelhante ao obser-
vado no infarto agudo do miocárdio, am de taqui ou bradicardia sinusal,
extra-stoles, bloqueios de condução e distúrbios de repolarizão.
Diagnóstico diferencial
Acidentes por aranhas do gênero Phoneutria (aranha-armadeira)
Tratamento
Nos casos leves, onde eso presentes somente as manifestões locais,
o tratamento é sintomático com medidas que visem o alívio da dor: in-
ltração com anessico (sem vasoconstritor) 1 a 2 ml em criaas e 3 a
4 ml em adultos, ou analgésicos sistêmicos. O soro antiescorpiônico ou
antiaracnídico é indicado nos acidentes moderados e graves, seguindo
os mesmos princípios de aplicão dos soros antiofídicos. Nesses casos,
o paciente deve ser mantido em unidade de terapia intensiva para monito-
ramento das fuões vitais.
Caractesticas epidemiológicas
A sazonalidade tem se mostrado semelhante à dos acidentes ofídicos,
ocorrendo predominantemente nos meses quentes e chuvosos. A maioria
dos casos tem evolução benigna (letalidade 0,6%); os casos graves e óbitos
têm sido associados a acidentes por T. serrulatus em crianças menores de
14 anos.
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Araneismo
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Envenenamento causado pela inoculação de toxinas através de ferrões loca-
lizados nas quelíceras de aranhas peçonhentas. Loxoscelismo: causado pela
picada de aranhas do gênero Loxosceles, tem duas formas clínicas descritas:
cutânea e cutâneo-visceral. A picada é pouco dolorosa e as manifestações
locais de início insidioso, com equimose, palidez, enduração, edema e
eritema, bolhas e necrose. Freqüentemente, cefaléia, náuseas, mal estar,
febre baixa e exantema generalizado estão associados. Menos comum, a
forma sistêmica (cutâneo-visceral) caracteriza-se pela presença de hemólise
intravascular. Foneutrismo: o gênero Phoneutria é responsável por quadro
bastante semelhante ao escorpionismo, com dor local, acompanhada de
edema e eritema discretos e sudorese na região da picada. Manifestações
sistêmicas são descritas raramente, em criaas, que podem apresentar agi-
tação psicomotora, náuseas, vômitos, sialorréia, hipertensão ou hipotensão,
bradicardia, choque e edema agudo pulmonar em conseqüência à atividade
sobre o sistema nervoso autônomo. Latrodectismo: são descritos no en-
venenamento por Latrodectus dor local e pápula eritematosa no local da
picada, acompanhados de hiperreexia, tremores e contrações musculares
espasmódicas. Acidentes por outras aranhas: podem provocar dor discreta
e transitória no local da picada; quadros dermatológicos irritativos ou alér-
gicos podem ser causados por aranhas caranguejeiras que liberam pelos que
se depositam sobre pele e mucosas.
Agentes causais
Loxosceles (aranha-marrom): de pequeno porte (3-4 cm), constrói teia
irregular em fendas, telhas e tijolos e, dentro das casas, atrás de quadros
e móveis, sempre ao abrigo da luz; não é agressiva e só causa acidentes
quando comprimida contra o corpo. Phoneutria (aranha-armadeira, ara-
nha-macaca): pode atingir até 15 cm, o constrói teia geométrica, tem
hábito agressivo, podendo saltar a uma disncia de 40 cm. Latrodectus
(viúva-negra): aranha pequena, constrói teia irregular e vive em vegeta-
ções arbustivas e gramíneas, podendo apresentar hábitos domiciliares e
peridomiciliares. Outras aranhas: a família Lycosidae (aranha-de-jardim,
tarântula) e a subordem Mygalomorphae (caranguejeiras) apresentam
grande variedade de escies, encontradas em todo o país, porém são
consideradas de menor imporncia médica.
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Complicações
Loxoscelismo - Úlcera necrótica, infecção cutânea, insuciência renal aguda.
Phoneutrismo - Choque e edema agudo pulmonar.
Latrodectismo - Não há complicões descritas.
Diagnóstico
É clínico-epidemiológico. Exames laboratoriais auxiliam no diagstico
do loxoscelismo cutâneo-visceral (bilirrubina indireta, hemograma, uia
e creatinina).
Tratamento
Loxoscelismo - O soro antiaracnídico ou antiloxoscélico é indicado a
qualquer momento em que a hemólise é detectada, e no quadro cutâneo,
quando o diagstico é feito nas primeiras 72 horas; corticosteróides
sistêmicos auxiliam na resolução do processo inamatório (prednisona
40-60 mg/dia em adultos e 1mg/kg/dia em criaas, por via oral).
Foneutrismo - O soro antiaracnídico somente é preconizado nos casos
moderados e graves, onde há manifestões sistêmicas.
Latrodectismo - O soro antilatrodéctico tem sido pouco utilizado, pela
pequena disponibilidade do produto.
Caractesticas epidemiológicas
Loxoscelismo - o várias as espécies de Loxosceles encontradas no país, porém
a maioria dos acidentes m sido descrita na região Sul e Sudeste, particular-
mente no Paraná, e nos meses do verão; é bastante freqüente o acidente ocorrer
enquanto o paciente está dormindo ou vestindo-se, fazendo com que as porções
proximais do corpo (tronco, abdome, coxa) sejam as mais acometidas.
Foneutrismo - Mais freqüentemente descrito no Sul e Sudeste, com incre-
mento no mero de acidentes nos meses de abril e maio; nesta época, é
comum a aranha alojar-se dentro das casas e o acidente ocorrer ao indiví-
duo caar sapatos ou botas.
Latrodectismo - Os acidentes são descritos na faixa litorânea do Rio de
Janeiro até o Nordeste, com maior ocorrência de março a maio.
Erucismo (acidentes com taturanas)
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Acidente causado pelo contato de cerdas de taturanas ou lagartas com a pele
(erucismo, de origem latina eruca= lagarta). O quadro de dermatite urticante,
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comum a todos as lagartas, é caracterizado por dor em queimação, eritema, ede-
ma, prurido e adenomegalia regional. Síndrome hemorrágica, com coagulopatia
de consumo e sangramentos sismicos (gengivorragia, equimoses, hematúria,
epistaxe), é descrita no envenenamento por lagartas do gênero Lonomia; de apa-
recimento tardio, as manifestações hemorrágicas são precedidas do quadro local
e de sintomas inespecícos, como cefaléia, náuseas, mitos, dor abdominal.
Agentes causais
As taturanas representam o estágio larval do ciclo de vida de mariposas, que
inclui ainda as fases de pupa, adulto e ovo. Lagartas urticantes pertencem à
ordem Lepdotera, daí serem denominadas também como lepidópteros. A
família Megalopygidae (lagarta-de-fogo, chau-armado, taturana-gatinho) é
composta por insetos que apresentam dois tipos de cerdas: as verdadeiras, pon-
tiagudas e que contêm as glândulas de veneno, e outras mais longas, coloridas e
inofensivas. As lagartas da família Saturniidae (oruga, tapuru-de-seringueira)
m espinhos ramicados de aspecto arbóreo, apresentam tonalidades esverde-
adas, exibindo manchas e listras no dorso e laterais, muitas vezes mimetizando
as plantas onde vivem; nesta família se inclui o nero Lonomia.
Complicações
Acidentes por Lonomia : sangramentos macos ou em órgão vital, insu-
ciência renal aguda; óbitos têm sido associados a hemorragia intracrania-
na e choque hipovolêmico.
Diagnóstico
O diagnóstico de envenenamento por Lonomia é feito através da identicação
do agente ou pela presença de quadro hemorrágico e/ou alteração da coagulação
sangüínea em paciente com história prévia de contato com lagartas. Na ausência
de síndrome hemorrágica, observação médica deve ser mantida por 24 horas
para o diagnóstico nal, considerando a possibilidade de tratar-se de contato
com outro lepidóptero ou acidente com Lonomia sem repercussão sistêmica.
Diagnóstico laboratorial
O Tempo de Coagulão auxilia no diagstico de acidente por Lonomia
e deve ser realizado para orientar a soroterapia nos casos em que não há
manifestações hemorrágicas evidentes.
Tratamento
Para o quadro local, o tratamento é sintomático com compressas frias ou
geladas, analgésicos e inltração anestésica. Na presença de sangramentos
e/ou distúrbio na coagulação, o soro antilonômico deve ser administrado
de acordo com a intensidade e gravidade das manifestações hemorrágicas.
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Caractesticas epidemiológicas
Os acidentes são mais comuns nos meses quentes e chuvosos, que coincide
com o desenvolvimento da fase larvária das mariposas. Os acidentes por
Lonomia o descritos predominantemente na região Sul e, menos fre-
quentemente, no Pará e Amapá; casos isolados em outros estados têm sido
registrados (São Paulo, Minas Gerais, Maranhão, Amazonas, Goiás).
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivo
Diminuir a freqüência de seqüelas e a letalidade dos acidentes por animais pe-
çonhentos através do uso adequado da soroterapia e da educação em saúde.
Noticação
Agravo de interesse nacional, todo acidente por animal peçonhento aten-
dido na Unidade de Saúde deve ser noticado, independentemente do pa-
ciente ter sido ou não submetido à soroterapia. Existe uma cha especíca
que se constitui em instrumento fundamental para se estabelecer normas
de ateão adequadas à realidade local.
Denão de caso
Suspeito - Paciente com história de acidente por animal peçonhento.
Conrmado - Paciente com evidências clínicas de envenenamento, poden-
do ou não ter trazido o animal causador do acidente. O diagstico etio-
gico se faz quando, além das alterações decorrentes do envenenamento,
o animal causador do acidente é identicado. Entretanto, para efeito de
tratamento e de vigincia epidemiológica, são considerados conrmados
todos os casos que se enquadrem nas denições acima referidas.
Encerramento do caso
Odismo: na maioria dos casos não complicados, a alta ocorre, em
dia, de 4 a 7 dias as o acidente e respectivo tratamento. Nos casos
complicados, a evolução clínica indica o momento da alta denitiva. O
paciente deve ser orientado quanto à possibilidade de ocorrência da “do-
ença do soro”, de curso geralmente benigno e que os sintomas aparecem
de 7 a 28 dias após a administração do soro antiveneno.
Escorpionismo e Araneísmo: a alta denitiva pode ser dada após a remis-
são do quadro local ou sistêmico, exceto nos acidentes necrotizantes pela
aranha Loxosceles, nos quais a evolução clínica da leo é lenta, podendo
haver necessidade de procedimentos cirúrgicos reparadores.
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Erucismo: a alta pode ser dada após a remissão do quadro local, com ex-
ceção dos acidentes por Lonomia, onde o paciente deve ser hospitalizado
até a normalizão dos parâmetros clínicos e laboratoriais.
Medidas de controle
a) Odismo - O uso de botas de cano alto, perneiras e luvas constituem
medidas fundamentais para a prevenção dos acidentes; a utilizão desses
equipamentos de protão individual para os trabalhadores é inclusive
regulamentada por lei. Dentre as medidas de prevenção coletiva, o pe-
ridomilio e as áreas de estocagem de gos devem ser mantidos limpos
pois, havendo facilidade para a proliferão de roedores, estes atraem
serpentes, que as utilizam como alimentos.
b) Escorpionismo e Araneísmo - Limpeza perdica do peridomicílio,
evitando-se amulo de materiais como lenha, tijolos, pedras e lixo; cui-
dado ao manusear tijolos, blocos e outros materiais de construção; tapar
buracos e frestas de paredes, janelas, portas e rodapés; sacudir roupas, sa-
patos e toalhas antes de usar; inspecionar a roupa de cama antes de deitar,
são medidas auxiliares importantes na preveão de acidentes.
c) Erucismo - Cuidado ao manusear folhagens e ao colocar as mãos nos
caules de árvores.
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ORIENTAÇÃO TERAUTICA NOS ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS
Tipo de acidente
Classicão
e n° de ampolas
Tipo de Soro
Leve Moderado Grave
Botrópico 2 - 4 4 - 8 12 SAB, SABL
Crotálico 5 10 20 SAC
Elapídico1 - - 10 SAE
Laquético2 - 10 20 SABL
Escorpionismo3 - 2 - 3 4 - 6 SAEsc, SAAr
Foneutrismo3 - 2 - 4 5 - 10 SAAr
Loxoscelismo3 - 5 10 SAAr, SALox
Latrodectismo2 - 1 2 SALatr
Lomico3 - 5 10 SALon
(1) acidentes classicados como graves ou potencialmente graves
(2) acidentes classicados como moderados ou graves
(3) acidentes leves dispensam soroterapia, indicando-se tratamento sintomático
SAB: soro antibotrópico; SABL: soro antibotrópico-laquético; SAC: soro anticrotálico; SAE: soro
antielapidico; SAEsc: soro antiescorpiônico; SAAr: soro antiaracdico; SALox: soro antiloxos-
lico; SALatr: soro antilatrodéctico; SALon: soro antilomico.
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Doenças
Infecciosas
de Interesse
para a
Saúde Pública
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
É uma doea caracterizada por uma disfunção grave do sistema imu-
nológico do indivíduo infectado pelo vírus da imunodeciência humana
(HIV). Sua evolução é marcada por uma considerável destruão de
lincitos T CD4+ e pode ser dividida em 3 fases: infecção aguda, que
pode surgir algumas semanas as a infeão inicial, com manifestações
variadas que podem se assemelhar a um quadro gripal, ou mesmo a uma
mononucleose. Nessa fase os sintomas são autolimitados e quase sempre
a doença não é diagnosticada devido à semelhaa com outras doeas
virais. Em seguida, o paciente entra em uma fase de infecção assintomá-
tica, de duração variável de alguns anos. A doença sintomática, da qual
a aids é a sua manifestação mais grave da imunodepreso sendo denida
por diversos sinais, sintomas e doenças como febre prolongada, diaria
crônica, perda de peso importante (superior a 10% do peso anterior do
indivíduo), sudorese noturna, astenia e adenomegalia. As infecções opor-
tunísticas passam a surgir ou reativar, tais como tuberculose, pneumonia
por Pneumocistis carinii, toxoplasmose cerebral, candidíase e meningite
por criptococos, dentre outras. Tumores raros em indivíduos imuno-
competentes, como o sarcoma de Kaposi, linfomas o-Hodgkin podem
surgir, caracterizando a aids. A ocorrência de formas graves ou atípicas
de doeas tropicais, como leishmaniose e doea de Chagas, tem sido
observada no Brasil. A história natural da doença vem sendo considera-
velmente modicada pelos anti-retrovirais que retardam a evolução da
infeão até o seu estágio nal.
Sinonímia
SIDA, aids, doença causada pelo HIV, Síndrome da Imunodeciência
Adquirida.
Agente etiológico
É um vírus RNA. Retrovírus denominado Vírus da Imunodecncia
Humana (HIV), com 2 tipos conhecidos: o HIV-1 e o HIV-2.
Reservatório
O homem.
Aids
CID 10: B20 A B24
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Modo de transmissão
Sexual, sangüínea (via parenteral e da mãe para o lho, no curso da gra-
videz, durante ou as o parto) e pelo leite materno. São fatores de risco
associados aos mecanismos de transmissão do HIV: variões freqüentes
de parceiros sexuais sem uso de preservativos; utilização de sangue ou
seus derivados sem controle de qualidade; uso compartilhado de serin-
gas e agulhas não esterilizadas (como acontece entre usuários de drogas
injetáveis); gravidez em mulher infectada pelo HIV; e recepção de órgãos
ou sêmen de doadores infectados. É importante ressaltar que o HIV não é
transmitido pelo convívio social ou familiar, abro ou beijo, alimentos,
água, picadas de mosquitos ou de outros insetos.
Peodo de incubão
É o período compreendido entre a infeão pelo HIV e o aparecimento de
sinais e sintomas da fase aguda, podendo variar de cinco a 30 dias. Não há
consenso sobre o conceito desse período em aids.
Peodo de latência
É o período compreendido entre a infecção pelo HIV e os sintomas e sinais
que caracterizam a doença causada pelo HIV (aids). Sem o uso dos anti-
retrovirais, as medianas desse período estão entre 3 a 10 anos, dependen-
do da via de infecção.
Peodo de transmissibilidade
O indivíduo infectado pelo HIV pode transmití-lo durante todas as fases
da infecção, sendo esse risco proporcional à magnitude da viremia.
Diagnóstico
A deteão laboratorial do HIV é realizada por meio de cnicas que pes-
quisam anticorpos, antígenos, material getico (biologia molecular) ou
que isolem o vírus (cultura). Os testes que pesquisam anticorpos (soro-
gicos) o os mais utilizados, para indivíduos com mais de 18 meses. O
aparecimento de anticorpos detectáveis por testes sorológicos ocorre em
torno de 30 dias após a infecção em indivíduos imunologicamente compe-
tentes. Denomina-se “janela imunológica” esse intervalo entre a infecção
e a deteão de anticorpos por cnicas laboratoriais. Nesse período, as
provas sorológicas podem ser falso-negativas. Para os menores de 18 me-
ses, pesquisa-se o RNA ou DNA viral, visto que a detecção de anticorpos
nesse período pode ser devida à transferência passiva de anticorpos ma-
ternos ocorrida durante a gestação, razão pela qual os testes sorológicos
não devem ser realizados. Devido à importância do diagnóstico laborato-
rial, particularmente pelas conseqüências de se “rotular” um indivíduo
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como HIV positivo o Programa Nacional de DST e AIDS, da Secretaria
de Vigilância em Saúde do Minisrio da Saúde, regulamentou os proce-
dimentos de realização dos testes por meio da Portaria Ministerial 59,
de 28 de janeiro de 2003 que devem ser rigorosamente seguidos, de acordo
com a natureza de cada situação.
Diagnóstico diferencial
Imunodecncias por outras etiologias, como tratamento com corticos-
teróides. (prolongado ou em altas doses), tratamentos com imunossu-
pressores (quimioterapia antineoplásica, radioterapia); algumas doeas
como doença de Hodgkin, leucemias linfocíticas, mieloma múltiplo e
ndrome de imunodecncia genética.
Tratamento
Nos últimos anos, foram obtidos grandes avanços no conhecimento da
patogênese da infecção pelo HIV e várias drogas anti-retrovirais em uso
combinado, chamado de “coquetel, se mostram ecazes na elevação da
contagem de lincitos T CD4+ e redução nos títulos plasmáticos de RNA
do HIV (carga viral), diminuindo a progreso da doença e levando a uma
redução da incidência das complicações oportusticas, uma redução da
mortalidade, uma maior sobrevida, bem como a uma signicativa me-
lhora na qualidade de vida dos indivíduos. A partir de 1995, o tratamento
com monoterapia foi abandonado, passando a ser recomendão, do Mi-
nistério da Saúde, a utilização de terapia combinada com 2 ou mais drogas
anti-retrovirais. São numerosas as possibilidades de esquemas terapêuti-
cos indicados pela Coordenão Nacional de DST e AIDS, que variam,
em adultos e crianças, com curso ou não de doenças oportunísticas, com
tamanho da carga viral e dosagem de CD4+. Por esse motivo, recomenda-
se a leitura do “Recomendações para Terapia Anti-Retroviral em Crianças
Infectadas pelo HIV-2004” e do “Recomendações para Terapia Anti-Re-
troviral em Adultos e Adolescentes Infectados pelo HIV-2004”, ambos
distribuídos pelo Ministério da Saúde e Secretarias Estaduais de Saúde
para instituões que manejam esses pacientes. Não menos importante é
enfatizar que o Brasil é um dos poucos países que nancia integralmente
a assisncia ao paciente com aids, com uma estimativa de gastos, de 2%
do orçamento nacional.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Prevenir a transmissão e disseminão do HIV e reduzir a morbi-mortali-
dade associada à essa infeão.
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Noticação
Somente os casos conrmados deverão ser noticados ao Ministério da Saúde.
Denão de caso
Entende-se por caso de aids o indivíduo que se enquadra nas denões
adotadas pelo Ministério da Saúde: infecção avaada pelo HIV com
repercussão no sistema imunitário, com ou sem ocorncia de sinais e
sintomas causados pelo próprio HIV ou conseqüentes a doenças oportu-
sticas (infeões e neoplasias). Os critérios para caracterizão de casos
de aids estão descritos na publicação Critérios de denão de casos de
aids em adultos e crianças (2004). Essas denões estão resumidas logo
mais adiante.
Medidas de controle
Preveão da transmissão sexual - Baseia-se na informação e educão
visando a prática do sexo seguro pela redução do mero de parceiros e
uso de preservativos.
Preveão da transmissão sangüínea - Transfusão de sangue: Todo o
sangue para ser transfundido deve ser obrigatoriamente testado para detecção
de anticorpos anti-HIV. A exclusão de doadores em situação de risco aumenta a
segurança da transfusão, principalmente por causa da “janela imunológica”;
Hemoderivados - Os produtos derivados de sangue, que podem transmitir
o HIV, devem passar por processo de inativação dorus;
Injeções e instrumentos pérfuro-cortantes - Quando não forem descar-
táveis devem ser meticulosamente limpos para depois serem desinfetados
e esterilizados. Os materiais descartáveis, após utilizados, devem ser
acondicionados em caixas apropriadas, com paredes duras, para que aci-
dentes sejam evitados. O HIV é muito sensível aos métodos padronizados
de esterilização e desinfeão (de alta ecácia), sendo inativado por meio
de produtos químicos especícos e do calor, mas não inativado por irra-
diação ou raios gama;
Preveão da transmissão perinatal - É feita com uso de zudovidina
(AZT) durante gestação e parto por mulheres infectadas pelo HIV e o
AZT xarope por crianças expostas, que deverão ser alimentadas exclusi-
vamente com fórmula infantil. Outras orientações do Ministério da Saúde
como o parto cesáreo e diminuão do tempo de rotura das membranas
tamm contribuem para a redução da transmissão vertical. No entanto,
a preveão da infecção na mulher é ainda a melhor abordagem para se
evitar a transmissão da mãe para o lho.
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Preveão de outras formas de transmissão - Como doação de sêmen e
órgãos: é feita por uma rigorosa triagem dos doadores.
RESUMO DOS CRITÉRIOS DE DEFINIÇÃO DE CASO DE AIDS EM INDIVÍDUOS
COM 13 ANOS DE IDADE OU MAIS PARA FINS DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
1 - CDC Adaptado
Exisncia de dois testes de triagem reagentes ou um conrmatório para
detecção de anticorpos anti-HIV
+
Evidência de imunodeciência: diagnóstico de pelo menos uma doença
indicativa de aids e/ou Contagem de linfócitos T CD4 + <350 células /mm
3
2 - Rio de Janeiro/Caracas
Exisncia de dois testes de triagem reagentes ou um conrmatório para
detecção de anticorpos anti-HIV
+
Somatório de, pelo menos, 10 pontos, de acordo com uma escala
de sinais, sintomas ou doeas
3 - Cririo Excepcional Óbito
Menção de aids/sida ou termos equivalentes em algum campo da Decla-
ração de Óbito+Investigação epidemiológica inconclusiva ou Menção a
infecção pelo HIV ou termos equivalentes em algum campo da Declaração
de Óbito, além de doença(s) associada(s) à infecção pelo HIV
+
Investigação epidemiológica inconclusiva
NOTAS EXPLICATIVAS
Testes de triagem para deteão de anticorpos anti-HIV
São chamados de ensaio por imunoabsorbância ligado à enzima (Enzyme
Linked Immunosorbent Assay, ELISA), ensaio imunoenzimático (Enzyme
Immuno Assay, EIA), ensaio imunoenzimático com micropartículas (Mi-
croparticle Enzyme Immuno Assay, MEIA) e ensaio imunoenzimático
com quimioluminiscência.
Testes conrmatórios
Imunouorescência indireta, imunoblot e western blot.
Testes moleculares
Teste de amplicação de ácidos nucléicos como, por exemplo, a reação em ca-
deia da polimerase (Polimerase Chain Reaction, PCR) e a amplicação seqüen-
cial de ácidos nucléicos (Nucleic Acid Sequence Based Amplication, NASBA).
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Doenças indicativas de aids
Câncer cervical invasivo, candidose de esôfago, traquéia, brônquios ou
pulmões; citomegalovirose em qualquer local que não sejam fígado, baço e
linfonodos; criptococose extrapulmonar; criptosporidíase intestinal crônica
(mais de 1 mês); herpes simples mucocutâneo (mais de 1mês); histoplasmo-
se disseminada em órgãos que não exclusivamente pulmão ou linfonodos
cervicais/hilares; isosporidíase intestinal cnica (mais de 1 mês); leuco-
encefalopatia multifocal progressiva; linfomas não Hodgkin de células B;
linfoma primário de cérebro; pneumonia por Pneumocystis carinii; qualquer
micobacteriose disseminada em órgãos que não o pulmão, pele ou linfonodos
cervicais/hilares (exceto hanseníase ou tuberculose); reativação da doença de
Chagas (meningoencefalite e/ou miocardite; sepse recorrente por Salmonella
não tifóide e toxoplasmose cerebral.
ESCALA DE SINAIS, SINTOMAS E DOEAS NO CRITÉRIO RIO DE JANEIRO/
CARACAS
Dois (2) pontos
Anemia e/ou linfopenia e/ou trombocitopenia; astenia (mais de 1 mês,
excluída a tuberculose como causa básica); caquexia (perda involuntária
de + de 10% do peso corporal, excluída a tuberculose como causa básica);
dermatite persistente; diarréia (mais de 1 mês); febre (=/+ 1 s, excluída
a tuberculose como causa básica); linfadenopatia (dois ou mais sítios) e
tosse persistente (excluída a tuberculose como causa básica).
Cinco (5) pontos
Candidose oral ou leucoplasia pilosa; disfunção do sistema nervoso cen-
tral; herpes zoster em indivíduos com até 60 anos de idade e tuberculose
pulmonar, pleural ou de linfonodos localizados numa única região.
Dez (10) pontos
Outras formas de tuberculose e sarcoma de Kaposi.
Dene-se como investigação epidemiológica inconclusiva aquela em que,
após a busca em prontuários, o casoo puder ser descartado ou enquadrado
num dos cririos principais, pelo não registro de dados clínicos/laboratoriais.
A data do diagnóstico na cha de noticação/investigão é aquela em
que o indivíduo se enquadra em um dos critérios de denição de caso de
aids, ou seja, tenha evidência clínica e laboratorial, exceto quando se trata
do critério óbito. Nesse caso a data do diagstico é igual à data do óbito.
CRIRIOS DE DEFINIÇÃO DE CASO DE AIDS EM CRIANÇAS (MENORES DE
13 ANOS DE IDADE)
AIDS - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
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Cririo CDC adaptado
Evidência laboratorial da infeão pelo HIV em crianças para ns de
vigilância epidemiológica
+
Evincia de imunodeciência
Diagnóstico de pelo menos duas (2) doenças indicativas de aids de caráter leve
e/ou
Diagstico de pelo menos uma (1) doença indicativa de aids de caráter
moderado ou grave
e/ou
Contagem de linfócitos T CD4+ menor do que o esperado para a idade atual
ou
Cririo excepcional óbito
Menção de AIDS/SIDA (ou termos equivalentes) em algum dos campos
da Declaração de Óbito (DO)
+
Investigação epidemiogica inconclusiva
ou
Menção de infecção pelo HIV (ou termos equivalentes) em algum dos
campos da DO, am de doea(s) associada(s) à infecção pelo HIV.
+
Investigação epidemiogica inconclusiva
NOTAS EXPLICATIVAS
Evincia laboratorial da infeão pelo HIV em criaas para ns
epidemiológicos:
Para as criaas menores de 18 meses de idade, expostas ao HIV por trans-
missão vertical, considera-se criaa infectada quando houver a presença
de RNA ou DNA viral detectável acima de 10.000 cópias/ml em duas
amostras (testes de carga viral) obtidas em momentos diferentes. Apesar
da possibilidade da realização desses testes após duas semanas de vida, o
Ministério da Saúde preconiza que as amostras testadas sejam coletadas
após o segundo mês de vida, devido ao aumento da sensibilidade observa-
do a partir dessa idade.
Crianças com 18 meses ou mais de idade, expostas ao HIV por transmis-
o vertical, serão consideradas infectadas pelo HIV quando uma amos-
tra de soro for reativa em dois (2) imunoensaios e um (1) conrmatório
para pesquisa de anticorpos anti-HIV
1
.
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Em crianças de qualquer idade, cuja exposão ao HIV tenha sido por
outra forma de transmissão que não a vertical, o diagstico laborato-
rial de infecção pelo HIV será conrmado quando uma amostra de soro
for reativa em dois (2) imunoensaios e um (1) conrmatório para pesquisa
de anticorpos anti-HIV
1
.
A denão da gravidade das doenças, sinais e/ou sintomas corresponde
às categorias da classicação clínica do Centers for Disease Control and
Prevention (CDC 1994), tendo-se incluído a tuberculose como morbidade
de gravidade moderada e excluída a coccidioidomicose pela pouca expres-
são epidemiológica no País.
Doenças, sinais e sintomas de cater leve
Aumento crônico de parótida; dermatite persistente; esplenomegalia; he-
patomegalia; linfadenopatia e nfeões persistentes ou recorrentes de vias
reas superiores (otite média ou sinusite).
Doenças, sinais e sintomas de cater moderado
Anemia (mais de 30 dias); candidose oral resistente a tratamento (mais de
2 meses em maiores de 6 meses de idade); diarréia persistente ou crônica;
febre (mais de 1 mês); gengivo-estomatite herpética recorrente (2 episódios
em 1 ano); hepatite; herpes simples em brônquios, pulmões ou trato gas-
trintestinal antes de 1 mês de idade; herpes zoster (2 episódios ou mais de
1 dermátomo); infecção por citomegalovirus antes de 1 mês de idade; leio-
miossarcoma; meningite bacteriana, pneumonia ou sepse; miocardiopatia;
nefropatia; linfopenia; neutropenia (mais de 1 mês); nocardiose; pneumo-
nia linfóide intersticial; toxoplasmose antes de 1 mês de idade; trombocito-
penia (mais de 1 mês); tuberculose pulmonar; varicela disseminada.
Doenças, sinais e sintomas de cater grave
Candidose de efago; traquéia, brônquios ou pules; citomegalovirose
em qualquer local que não sejam fígado, baço e linfonodos em maiores
de 1 mês de idade; criptococose pulmonar; criptosporidiose, com diarréia
(mais de 1 s); encefalopatia determinada pelo HIV; herpes simples em
brônquios, pulmões ou trato gastrintestinal; herpes simples mucocutâneo
(mais de 1 s) em crianças com mais de 1 s de idade; histoplasmose disse-
minada (em órgãos que não sejam pulmões ou linfonodos cervicais/hilares;
infecções bacterianas graves múltiplas e recorrentes (2 episódios em 2 anos,
conrmados bacteriologicamente; isosporidiose intestinal crônica (mais de
1
Ver portaria 59/03/GM/MS
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1 mês); leucoencefalopatia multifocal progressiva; linfoma não Hodgkin
de células B; linfoma primário de cérebro; pneumonia por Pneumocystis
carinii: qualquer micobacteriose disseminada em órgãos que não o pulmão,
pele ou linfonodos cervicais/hilares (exceto tuberculose ou hanseníase);
sarcoma de Kaposi; sepse recorrente por Salmonella não tifóide; síndrome
da emaciação; toxoplasmose cerebral em criaas com mais de 1 s de
idade e tuberculose disseminada ou extrapulmonar.
Contagem de linfócitos t cd4+ denidora de imunodeciência de
acordo com a idade
Inferior a 12 meses de idade<1.500 células por mm
3
< 25%), 1 a 5 anos: <1.000
células por mm
3
(< 25%), 6 a 12 anos: <500 células por mm
3
(< 25%).
Dene-se como investigação epidemiológica inconclusiva aquela em
que, após a busca em prontuários, o caso não puder ser descartado ou
enquadrado num dos critérios principais, pelo não registro de dados
clínicos/laboratoriais.
A data do diagnóstico na cha de noticação/investigão é aquela em
que o indivíduo se enquadra em um dos critérios de denição de caso de
aids, ou seja, tenha evidência clínica e laboratorial, exceto quando se trata
do critério óbito. Nesse caso a data do diagstico é igual à data do óbito.
Gestante / parturiente HIV+ e criança expos-
ta
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
A patogênese da transmissão vertical do HIV está relacionada a múltiplos
fatores. Entre esses destacam-se: fatores virais, tais como o genótipo, o fenó-
tipo e a carga viral, fatores maternos, incluindo estado clínico e imunológi-
co, presença de DST e outras co-infeões e o estado nutricional da mulher;
fatores comportamentais, como o uso de drogas e prática sexual desprote-
gida; fatores obstétricos, tais como a duração da ruptura das membranas
amnticas, a via de parto e a presença de hemorragia intraparto; fatores
inerentes ao rem-nascido, como prematuridade, baixo peso ao nascer;
e fatores relacionados ao aleitamento materno.
Agente etiológico
É um Retrovírus (RNA) denominado Vírus da Imunodeciência Huma-
na (HIV), que apresenta 2 tipos conhecidos: o HIV-1, predominante no
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Brasil, e o HIV-2.
Reservatório
O Homem.
Modo de transmissão
A transmissão do vírus da mãe para o lho acontece durante a gestão no
parto e pela amamentão por mãe/nutriz HIV
+
.
Peodo de incubão
É o período compreendido entre a infeão pelo HIV e o aparecimento de
sinais e sintomas da fase aguda, podendo variar de cinco a 30 dias. Não há
consenso sobre o conceito desse período em aids.
Peodo de latência
É o período compreendido entre a exposição ao HIV e os sintomas e sinais
que caracterizam a doea causada pelo HIV (aids). Sem o uso dos anti-
retrovirais, as medianas desse período estão entre ts a 10 anos, depen-
dendo da via de infecção.
Peodo de transmissibilidade
A maior parte dos casos de transmissão vertical do HIV (cerca de 65%)
ocorre durante o trabalho de parto e no parto propriamente dito e os 35%
restantes ocorrem intra-útero, principalmente nas últimas semanas de
gestão e por meio do aleitamento materno, que representa risco adicio-
nal de transmissão de 7% a 22%.
Diagnóstico
A detecção laboratorial do HIV é realizada por meio de cnicas que pesqui-
sam anticorpos, antígenos, material genético, (biologia molecular) ou que
isolam o rus (cultura). Os testes que pesquisam anticorpos (sorológicos)
são os mais utilizados, para indivíduos com mais de 18 meses. Para os me-
nores de 18 meses, pesquisa-se o RNA ou DNA viral, considerando a possi-
bilidade de detecção de anticorpos maternos nas crianças. O aparecimento
de anticorpos detectáveis por testes sorológicos ocorre, em torno de 30 dias,
após a infecção em indivíduos imunologicamente competentes. Denomi-
na-se janela imunológica” esse intervalo entre a infecção e a detecção de
anticorpos por técnicas laboratoriais. Nesse período, as provas sorológicas
podem ser falso-negativas. Para os menores de 18 meses, pesquisa-se o RNA
ou DNA viral, visto que a detecção de anticorpos nesse período pode ser
devida à transferência passiva de anticorpos maternos ocorrida durante a
gestação, razão pela qual os testes sorológicos não devem ser realizados
Devido à importância do diagnóstico laboratorial, particularmente pelas
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conseqüências de se “rotularum indivíduo como HIV positivo o Programa
Nacional de DST e Aids, da Secretaria de Vigincia em Saúde do Ministério
da Saúde, regulamentou os procedimentos laboratoriais que devem ser ri-
gorosamente seguidos. Para maiores informações veja Portaria Ministerial
59, de 28 de janeiro de 2003 e Guia de Tratamento Clínico da Infecção
pelo HIV em Crianças – Ministério da Saúde 2004. O teste pido anti-HIV
é recomendado no momento do parto com o objetivo da adoção de medidas
proláticas para prevenção da transmissão vertical do HIV. No entanto, um
resultado positivo no teste rápido necessita ser conrmado de acordo com
os procedimentos descritos na Portaria Nº 59/GM/MS, de 28 de janeiro de
2003. Esses testes para a detecção de anticorpos anti-HIV, são considerados
testes de rastreamento rápido (triagem) e fornecem o resultado em até 30
minutos, permitindo a adão precoce das medidas de prevenção da trans-
missão vertical em parturientes que tiveram o status sorológico positivo
conhecido no momento do parto/puerpério. São produzidos por vários
fabricantes, contendo antígenos virais xados a um suporte sólido (mem-
branas de celulose, nylon, látex ou cartelas plásticas) permitindo a detecção
de anticorpos anti-HIV 1 e 2.
Diagnóstico diferencial
Imunodecncias por outras etiologias, como tratamento com cor-ti-
costeróides (prolongado ou em altas doses) tratamento com imu-nossu-
pressores (quimioterapia antineoplásica, radioterapia); algu-mas doenças
como doença de Hodgkin, leucemias linfocíticas, mielome múltiplo e
ndrome de imunodecncia genética.
Tratamento
Os princípios gerais do tratamento encontram-se no capítulo Aids, neste
Guia. Para maiores informações consulte Recomendões para Prolaxia
da transmissão vertical do HV e terapia anti-retroviral em gestantes – Mi-
nistério da Saúde 2004; Recomendações para terapia anti-retroviral em
adultos e adolescentes infectados palo HIV Ministério da Saúde 2004;
Guia de Tratamento Clínico da Infecção pelo HIV em Criaas – Ministé-
rio da Saúde 2004 - www.aids.gov.br.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Conhecer, o mais precocemente posvel, o estado sorológico da gestante/
parturiente/puérpera, para icio oportuno da terapêutica ma-terna e
prolaxia da transmissão vertical; Acompanhar, continuamente, o com-
portamento da infeão entre gestantes e crianças expostas, para planeja-
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mento e avaliação das medidas de prevenção e controle.
Noticação
A noticão de gestantes HIV+ e criança exposta é obrigatória (Portaria
Ministerial Nº 2325/GM, de 8 de dezembro de 2003).
Denão de caso
Para ns de noticação, entende-se por gestante HIV
+
aquela em que for detec-
tada a infecção por HIV. Para tantoo se espera a realização de testes conr-
matórios. Entende-se como criança exposta aquela nascida de mãe infectada ou
que tenha sido amamentada por mulheres infectadas pelo HIV.
Medidas de controle
Em 1994, foi comprovado que o uso da zidovudina (AZT) pela gestante in-
fectada na gestão e durante o parto, bem como pelo recém-nascido, du-
rante as primeiras 6 semanas de vida, pode levar a uma redução de até 2/3
no risco de transmissão do HIV da e para o lho. Quando as medidas
proláticas começam no momento do parto, a redução da transmissão é
de 37%. O uso de drogas anti-retrovirais em uso combinado, em gestantes
HIV
+
é capaz de reduzir a carga viral plasmática para níveis indetectáveis,
resultando em taxas de transmissão inferiores a 3%. Assim recomenda-
se o uso do AZT na gestação, durante o trabalho de parto/parto e pelo
recém-nascido e, quando houver indicação, o uso de terapia anti-retro-
viral combinada pela gestante, conforme recomendão do documento
“Recomendões para prolaxia da transmissão materno-infantil do HIV
e terapia anti-retroviral em gestantes” revisado periodicamente pelo Pro-
grama Nacional de DST/Aids/SVS/MS; e da operão cesariana eletiva;
suspensão do aleitamento materno e instituão da rmula infantil, e
outros alimentos, de acordo com a idade da criança; aconselhamento pré
e pós-teste, para todas as parturientes não aconselhadas e testadas durante
o pré-natal, ou sem pré-natal; cesárea eletiva; não realizão de aleita-
mento cruzado; puérperas HIV
+
e criaas expostas devem ser encami-
nhadas para centros de referência onde receberão acompanhamento e a
investigação da criaa segue até o desfecho: infectada ou não infectada.
AIDS - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
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ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Infecção causada por um protozoário que se apresenta em duas formas: cisto
e trofozoíto. Esse parasito pode atuar como comensal ou provocar invasão de
tecidos, originando, assim, as formas intestinal e extra-intestinal da doença.
O quadro clínico varia de uma diarréia aguda e fulminante, de cater san-
guinolento ou mucóide, acompanhada de febre e calafrios, até uma forma
branda, caracterizada por desconforto abdominal leve ou moderado, com
sangue e/ou muco nas dejeções. Pode ou não ocorrer períodos de remissão.
Em casos graves, as formas trofozoíticas se disseminam através da corrente
sangüínea, provocando abcesso no fígado (com maior freqüência), nos
pulmões ou no cérebro. Quando não diagnosticadas a tempo, podem levar
o paciente ao óbito.
Agente etiológico
Entamoeba hystolytica.
Reservatório
O Homem.
Modo de transmissão
As principais fontes de infeão são a ingestão de alimentos ou água con-
taminados por fezes contendo cistos amebianos maduros. Ocorre mais
raramente na transmissão sexual devido a contato oral-anal. A falta de hi-
giene domiciliar pode facilitar a disseminão de cistos dentro da família.
Os portadores assintomáticos, que manipulam alimentos são importantes
disseminadores desta protozoose.
Peodo de incubão
Entre 2 a 4 semanas, podendo variar dias, meses ou anos.
Peodo de transmissibilidade
Quando não tratada, pode durar anos.
Complicações
Granulomas amebianos (amebomas) na parede do intestino grosso, abces-
so hepático, pulmonar ou cerebral, empiema, pericardite, colite fulminante
com perfuração.
Amebíase
CID 10: A06
2
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Diagnóstico
Presea de trofozoítos ou cistos do parasito encontrados nas fezes; em
aspirados ou raspados, obtidos através de endoscopia ou proctoscopia;
aspirados de abcessos ou cortes de tecido. Podem ser dosados anticorpos
ricos que são de grande auxílio no diagstico de abcesso hepático ame-
biano. A ultrassonograa e tomograa axial computadorizada são úteis
no diagnóstico de abcessos amebianos.
Tratamento
opção - a) Formas intestinais - Secnidazol - Adultos - 2g, em dose
única. Criaas - 30mg/kg/dia, VO, não ultrapassando máximo de 2g/dia.
Deve ser evitado no 1º trimestre da gravidez e durante amamentão.
opção - Metronidazol, 500mg, 3 vezes/dia, durante 5 dias, para adul-
tos. Para criaas, recomenda-se 35mg/kg/dia, divididas em 3 tomadas,
durante 5 dias. b) Formas graves - (Amebíase intestinal sintomática ou
Amebíase extra-intestinal) - Metronidazol, 750mg, VO, 3 vezes/dia, du-
rante 10 dias. Em criaas, recomenda-se 50mg/kg/dia, durante 10 dias.
3ª opção - Tinidazol, 2g, VO, para adultos, após uma das refeições, duran-
te 2 dias, para formas intestinais. c) Formas extra-intestinais - 50mg/kg/
dia, durante 2 ou 3 dias, a depender da forma cnica. Em formas graves,
utilizar a mesma dosagem das formas leves, por 3 dias. Em criaas, a
dosagem recomendada é 50mg/kg/dia.
opção - Somente para formas leves ou assintoticas: Teclozam, 1.500mg/
dia, divididas em 3 tomadas de 500mg, dose única para adultos. Em crianças,
a dosagem recomendada é de 15mg/kg/dia, durante 5 dias. No tratamento do
abcesso hetico, além da medicação especíca, pode ser necessária, em alguns
casos, aspiração do abcesso. Drenagem cirúrgica aberta não é recomendada, ex-
ceto em casos graves, quando o abcesso é inacessível à aspiração e não responde
ao tratamento em a 4 dias. Alguns pacientes se beneciam de drenagem do
peritônio associada à terapia antimicrobiana. O tratamento de suporte está
recomendado com hidratação e correção do equilíbrio hidroeletrolítico.
Caractesticas epidemiológicas
Estima-se que mais de 10% da populão mundial está infectada por E.
dispar e E. histolytica, que são espécies morfologicamente idênticas, mas
a última é patonica, sendo a ocorrência estimada em 50 miles de
casos invasivos/ano. Em países em desenvolvimento, a prevalência da
infeão é alta, sendo que 90% dos infectados podem eliminar o parasito
durante 12 meses. Infecções são transmitidas por cistos através da via fe-
cal-oral. Os cistos, no interior do hospedeiro humano, se transformam em
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AMEASE- DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
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trofozoítos. A transmissão é mantida pela eliminação de cistos no ambiente,
que podem contaminar a água e alimentos. Estes permanecem viáveis no
meio ambiente, ao abrigo de luz solar e condições de umidade favoráveis,
durante cerca de 20 dias. Sua ocorrência está associada com condições ina-
dequadas de saneamento básico e determinadas práticas sexuais.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivo
Diagnosticar e tratar os casos para impedir a transmissão direta ou indi-
reta da infeão a outras pessoas.
Noticação
Não é uma doença de noticão compulsória.
Medidas de controle
a) Gerais - Impedir a contaminão fecal da água e alimentos através de
medidas de saneamento básico e do controle dos indivíduos que manipu-
lam alimentos;
b) Especícas - Lavar as mãos após uso do sanitário, lavagem cuidadosa
dos vegetais com água potável e deixá-los em imero em hipoclorito de
dio 2,5% (1 colher de sopa de hipoclorito em 1 litro de água ltrada)
durante meia hora para eliminar os cistos. Evitar práticas sexuais que
favoreçam o contato fecal-oral. Investigação dos contatos e da fonte de
infeão, ou seja, exame coproscópico dos membros do grupo familiar e
de outros contatos. O diagnóstico de um caso em quartéis, creches, orfa-
natos e outras instituões indica a realizão de inquérito coproscópico
para tratamento dos portadores de cistos. Fiscalizão dos prestadores de
servos na área de alimentos, pela vigincia sanitária.
c) Isolamento - Em pacientes internados precauções do tipo entérico de-
vem ser adotadas. Pessoas infectadas devem ser afastadas de atividades de
manipulação dos alimentos.
d) Desinfecção - Concorrente, com eliminação sanitária das fezes.
ANCILOSTOMÍASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
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ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Infecção intestinal causada por nematódeos, que pode apresentar-se
assintomática, em caso de infecções leves. Em criaas com parasitismo
intenso, pode ocorrer hipoproteinemia e atraso no desenvolvimento físico
e mental. Com freqüência, dependendo da intensidade da infecção, acar-
reta anemia ferropriva.
Sinonímia
Amarelão, opilão, doença do Jeca Tatu.
Agente etiológico
Nematóides da família Ancylostomidae: A. duodenale e Necator Americanus.
Reservatório
O homem.
Modo de transmissão
Os ovos que eso nas fezes são depositados no solo onde se tornam em-
brionados. Em condições favoráveis de umidade e temperatura, as larvas
se desenvolvem até chegar ao 3
o
estágio, tornando-se infectantes em um
prazo de 7 a 10 dias. A infecção nos homens se dá quando essas larvas
infectantes penetram na pele, geralmente pelos pés, causando uma der-
matite característica. As larvas dos ancistomos, após penetrarem através
da pele, passam pelos vasos linfáticos, ganham a corrente sangüínea e nos
pulmões penetram nos alvéolos. Daí migram para a traquéia e faringe,
são deglutidas e chegam ao intestino delgado, onde se xam, atingindo
a maturidade ao nal de 6 a 7 semanas, passando a produzir milhares de
ovos por dia.
Peodo de incubão
Semanas ou meses após a infecção inicial.
Peodo de transmissibilidade
Não se transmite de pessoa a pessoa, porém os indivíduos infectados
contaminam o solo durante vários anos, quando não são adequadamente
tratados. Em condões favoráveis, as larvas permanecem infectantes no
solo durante várias semanas.
Ancilostomíase
CID 10: B76
3
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ANCILOSTOMÍASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 57
Complicações
Anemia, hipoproteinemia, podendo ocorrer insuciência cardíaca e anasarca. A
migração da larva através dos pulmões pode causar hemorragia e pneumonite.
Diagnóstico
Em geral, clínico devido ao prurido característico. O diagnóstico labora-
torial é realizado pelo achado de ovos no exame parasitológico de fezes,
através dos todos de Lutz, Willis ou Faust, realizando-se, também, a
contagem de ovos pelo Kato-Katz.
Diagnóstico diferencial
Anemia por outras etiologias, outras parasitoses.
Tratamento
Mebendazol, 100mg, 2 vezes ao dia, durante 3 dias consecutivos. Não é re-
comendado seu uso em gestantes. Essa dose independe do peso corporal
e da idade. Pode ser usado albendazol, 2 comprimidos, VO, em dose única
(1 comp = 200mg), ou 10ml de suspensão (5ml = 200mg). O controle de
cura é realizado e nos 7º, 14º e 2dias, após o tratamento, através de exa-
mes parasitológicos de fezes.
Caractesticas epidemiológicas
Distribuição mundial. Ocorre preferencialmente em criaas com mais de
seis anos, adolescentes e em indivíduos mais velhos, independente da idade.
No Brasil, predomina nas áreas rurais, estando muito associada a áreas sem
saneamento e cujas populações têm como hábito andar descalças.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Diagnosticar e tratar precocemente todos os casos, evitando-se, assim,
as posveis complicões.
Noticação
Não é doea de noticão compulsória.
Medidas de controle
Desenvolver atividades de educação em saúde, particularmente com relação
a hábitos pessoais de higiene, particularmente o de lavar as mãos antes das
refeições e o uso de calçados. Evitar a contaminação do solo mediante a ins-
talação de sistemas sanitários para eliminação das fezes, especialmente nas
zonas rurais (saneamento básico). Tratamento das pessoas infectadas.
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 59
ASCARIDÍASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doea parasitária do homem, causada por um helminto. Habitualmen-
te, não causa sintomatologia, mas pode manifestar-se por dor abdominal,
diarréia, náuseas e anorexia. Quando há grande número de vermes, pode
ocorrer quadro de obstrão intestinal. Em virtude do ciclo pulmonar
da larva, alguns pacientes apresentam manifestações pulmonares com
broncoespasmo, hemoptise e pneumonite, caracterizando a síndrome de
eer, que cursa com eosinolia importante. Quando há grande número
de vermes, pode ocorrer quadro de obstrução intestinal.
Sinonímia
Infecção por Ascaris.
Agente etiológico
Ascaris lumbricoides, ou lombriga.
Reservatório
O homem: o verme habita o intestino delgado.
Modo de transmissão
Ingeso dos ovos infectantes do parasita, procedentes do solo, água ou
alimentos contaminados com fezes humanas.
Peodo de incubão
O período de incubação dos ovos férteis até o desenvolvimento da larva
infectante (L3), no meio exterior e em condões favoráveis é de, aproxi-
madamente, 20 dias. O período pré-patente da infeão (desde a infecção
com ovos embrionados até a presea ovos nas fezes do hospedeiro) é de
60 a 75 dias.
Peodo de transmissibilidade
Durante todo o período em que o indivíduo portar o verme e estiver eli-
minando ovos pelas fezes. Portanto, é longo quando não se institui o tra-
tamento adequado. As meas fecundadas no aparelho digestivo podem
produzir cerca de 200.000 ovos por dia. A duração média de vida dos ver-
mes adultos é de 12 meses. Quando os ovos embrionados encontram um
meio favorável, podem permanecer viáveis e infectantes durante anos.
Ascaridíase
CID 10: B77
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58 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 59
ASCARIDÍASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Complicações
Obstrão intestinal, volvo, perfurão intestinal, colecistite, colelitíase,
pancreatite aguda e abscesso hepático.
Diagnóstico
O quadro clínico apenas não a distingue de outras verminoses, havendo,
portanto, necessidade de conrmação do achado de ovos nos exames pa-
rasitológicos de fezes.
Diagnóstico diferencial
Estrongiloidíase, amease, apendicite, pneumonias bacterianas, outras
verminoses.
Tratamento
Albendazol (ovocida, larvicida e vermicida), 400mg/dia, em dose única
para adultos; em criaa, 10mg/kg, dose única; Mebendazol, 100mg, 2
vezes ao dia, durante 3 dias consecutivos. Não é recomendado seu uso
em gestantes. Essa dose independe do peso corporal e da idade. Levami-
zol, 150mg, VO, em dose única para adultos; criaas abaixo de 8 anos,
40mg, e acima de 8 anos, 80 mg, também em dose única. Tratamento
da obstrão intestinal: piperazina, 100mg/kg/dia + óleo mineral 40 a
60ml/dia + antiespasdicos + hidratão. Nesse caso, eso indicados
sonda nosogástrica e jejum + mebendazol, 200mg ao dia, dividido em 2
tomadas, por 3 dias.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivo
Não se desenvolvem ações especas de Vigincia Epidemiológica. En-
tretanto, deve-se fazer o tratamento como forma de evitar complicões e
diminuir as possibilidades de reinfeões.
Noticação
A ascaridíase não é doença de noticão compulsória.
Medidas de controle
a) Gerais - Medidas de educão sanitária e de saneamento básico.
b) Especícas - Evitar as possíveis fontes de infecção, ingerir vegetais
cozidos e lavar bem e desinfetar verduras cruas, higiene pessoal e na
manipulação de alimentos. O tratamento em massa das populões tem
sido preconizado por alguns autores para reduzir a carga parasitária, en-
tretanto, se não for associada a medidas de saneamento, a reinfeão pode
atingir os níveis anteriores em pouco tempo.
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 61
BOTULISMO DO LACTENTE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
O botulismo é uma doença o contagiosa, resultante da ação de uma
potente neurotoxina. Apresenta-se sob ts formas: botulismo alimentar,
botulismo por ferimentos e botulismo intestinal. O local de produção da
toxina botulínica é diferente em cada uma destas formas, porém todas
se caracterizam clinicamente por manifestões neurológicas e/ou gas-
trointestinais. É uma doença de elevada letalidade e considerada como
uma emergência dica e de saúde pública. Para minimizar o risco de
morte e seqüelas é essencial que o diagstico seja feito rapidamente e
que o tratamento seja instituído precocemente através das medidas gerais
de urgência. Suas manifestações clínicas serão descritas de acordo com o
modo de transmissão.
Botulismo Alimentar - A doença se caracteriza por instalação súbita
e progressiva. Os sinais e sintomas iniciais podem ser gastrointestinais
e/ou neurológicos. As manifestações gastrointestinais mais comuns são:
náuseas, vômitos, diarréia e dor abdominal e podem anteceder ou coin-
cidir com os sintomas neurológicos. Os primeiros sintomas neurológicos
podem ser inespecícos tais como cefaia, vertigem e tontura. O quadro
neurológico propriamente dito se caracteriza por uma paralisia ácida
motora descendente associado a comprometimento autonômico disse-
minado. Os principais sinais e sintomas neurológicos são: visão turva,
ptose palpebral, diplopia, disfagia, disartria e boca seca. Começam no
território dos nervos cranianos e evoluem no sentido descendente. Esta
particularidade distingue o botulismo da ndrome de Guillain Bar, que
é uma paralisia ácida ascendente. Com a evolução da doea, a fraqueza
muscular pode se propagar de forma descendente para os sculos do
tronco e membros, o que pode ocasionar dispnéia, insuciência respirató-
ria e tetraplegia ácida. A fraqueza muscular nos membros é tipicamente
sitrica acometendo com maior intensidade os membros superiores do
que os membros inferiores. Uma característica importante no quadro
clínico do botulismo é a preservação da consciência. Na maioria dos
casos também não há comprometimento da sensibilidade, o que auxilia
no diagnóstico diferencial com outras doenças neurológicas. O botulismo
pode apresentar progressão por uma a duas semanas e estabilizar por mais
Botulismo / Botulismo do Lactente
CID 10: A05.1
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Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 61
BOTULISMO DO LACTENTE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
duas a ts, antes de iniciar a fase de recuperão. Esta fase tem durão
variável, que depende da formão de novas sinapses e restauração da fun-
ção. Nas formas mais graves, o período de recuperação pode durar de seis
meses a um ano, embora os maiores progressos ocorram nos primeiros
ts meses após o icio dos sintomas.
Botulismo por Ferimentos - O quadro clínico é semelhante ao do botulismo
alimentar, entretanto os sinais e sintomas gastrointestinais não são esperados
e pode ocorrer febre decorrente de contaminação secundária do ferimento.
O botulismo por ferimento deve ser lembrado nas situações em que não se
identica uma fonte alimentar, especialmente em casos isolados da doença.
Ferimentos ou cicatrizes nem sempre são encontrados e focos ocultos, como
em mucosa nasal, seios da face e pequenos abscessos em locais de injeção,
devem ser investigados, especialmente em usuários de drogas.
Botulismo Intestinal - Nas crianças, o aspecto clínico do botulismo intesti-
nal varia de quadros com constipação leve à síndrome de morte súbita. Ma-
nifesta-se inicialmente por constipação e irritabilidade, seguidos de sintomas
neurológicos caracterizados por diculdade de controle dos movimentos da
cabeça, sucção fraca, disfagia, choro fraco, hipoatividade e paralisias bilate-
rais descendentes, que podem progredir para comprometimento respirató-
rio. Casos leves caracterizados apenas por diculdade alimentar e fraqueza
muscular discreta têm sido descritos. Em adultos suspeita-se de botulismo
intestinal na ausência de fontes prováveis de toxina botulínica como: alimen-
tos contaminados, ferimentos ou uso de drogas. O botulismo intestinal tem
duração de duas a seis semanas, com instalação progressiva dos sintomas por
uma a duas semanas seguida de recuperação em três a quatro semanas.
Agente etiológico
Clostridium botulinum, bacilo gram-positivo, anaeróbio, esporulado, cuja
forma vegetativa produz 8 tipos de toxina (A, B, C1, C2, D, E, F e G). As
toxinas patogênicas para o homem são dos tipos A, B, E e F, sendo as mais
freqüentes a A e a B.
Reservatórios
Os esporos do Clostridium botulinum são amplamente distribuídos na
natureza, em solos, sedimentos de lagos e mares. São identicados em
produtos agrícolas como legumes, vegetais e mel e em intestinos de ma-
feros, peixes e vísceras de crustáceos.
Modo de transmissão
Como visto o modo de transmiso tem importância na apresentação
clínica e também nas ações de vigilância epidemiológica.
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BOTULISMO DO LACTENTE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 63
BOTULISMO DO LACTENTE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Botulismo alimentar - Ocorre por ingestão de toxinas presentes em
alimentos previamente contaminados e que foram produzidos ou conser-
vados de maneira inadequada. Os alimentos mais comumente envolvidos
são: conservas vegetais, principalmente as artesanais (palmito, picles, pe-
qui); produtos cárneos cozidos, curados e defumados de forma artesanal
(salsicha, presunto, carne frita conservada em gordura – “carne de lata”);
pescados defumados, salgados e fermentados; queijos e pasta de queijos e,
raramente, em alimentos enlatados industrializados.
Botulismo por ferimentos - Ocasionado pela contaminação de ferimentos com
Clostridium botulinum, que em condições de anaerobiose, assume a forma ve-
getativa e produz toxina in vivo. As principais portas de entrada para os esporos
o úlceras crônicas com tecido necrótico, ssuras, esmagamento de membros,
ferimentos em áreas profundas mal vascularizadas, ou ainda, aqueles produzi-
dos por agulhas em usrios de drogas injetáveis e lesões nasais ou sinusais em
usuários de drogas inalatórias. É uma das formas mais raras de botulismo.
Botulismo intestinal - Resulta da ingestão de esporos presentes no alimen-
to, seguida da xação e multiplicação do agente no ambiente intestinal,
onde ocorre a produção e absorção de toxina. A ausência da microbiota de
proteção permite a germinação de esporos e a produção de toxina na luz
intestinal. Ocorre com maior freqüência em criaas com idade entre 03 e
26 semanas, e por isso foi inicialmente denominado de botulismo infantil.
Em adultos são descritos alguns fatores predisponentes como cirurgias in-
testinais, acloridria gástrica, doença de Crohn e/ou uso de antibióticos por
tempo prolongado, que levaria à alteração da ora intestinal.
Outras formas - Embora raros, são descritos casos de botulismo acidental
associados ao uso terautico ou estético da toxina botulínica e à manipu-
lação de material contaminado, em laboratório (via inalatória ou contato
com a conjuntiva).
Observão - Não há relato de transmissão interpessoal, apesar de ocor-
rer excreção da toxina botulínica e esporos da bacria por semanas ou
meses nas fezes de lactentes com botulismo intestinal.
Peodo de incubão
Quando o mecanismo de transmissão envolvido é a ingestão direta de to-
xina já presente no alimento, o período de incubão é menor e a doea
se manifesta mais rapidamente. Quando ocorre a ingeso de esporos ou
a contaminão de ferimentos, o período de incubação é maior porque a
doea só inicia após a transformação do Clostridium botulinum da forma
esporulada para a vegetativa que se multiplica e libera toxina. Períodos de
incubação curtos sugerem maior gravidade e maior risco de letalidade.
62 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
BOTULISMO DO LACTENTE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 63
BOTULISMO DO LACTENTE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Botulismo alimentar - Pode variar de duas horas a 10 dias, com média de
12h a 36h. Quanto maior a concentrão de toxina no alimento ingerido,
menor o período de incubação.
Botulismo por ferimento - Pode variar de 4 a 21 dias, com média de 07 dias.
Botulismo intestinal - O período não é conhecido devido a impossibili-
dade de determinar o momento da ingestão de esporos.
Peodo de transmissibilidade
Apesar da toxina botulínica ser eliminada nas fezes, não ocorre transmis-
são interpessoal.
Complicações
Desidratação e pneumonia por aspiração podem ocorrer precocemente, an-
tes mesmo da suspeita de botulismo ou do primeiro atendimento no serviço
de saúde. Infecções respiratórias podem ocorrer em qualquer momento da
hospitalização, sendo a longa permanência sob assistência ventilatória e os
procedimentos invasivos, importantes fatores de risco.
Diagnóstico
O diagstico laboratorial é baseado na análise de amostras clínicas e de
amostras bromatológicas (casos de botulismo alimentar). Os exames la-
boratoriais podem ser realizados por várias técnicas, sendo a mais comum
a deteão da toxina botulínica por meio de bioensaio em camundongos.
Em casos de botulismo por ferimentos e botulismo intestinal realiza-se
tamm o isolamento de Clostridium botulinum através de cultura das
amostras. Estes exames são realizados em laboratório de referência nacio-
nal e a seleção de amostras de interesse e, oportunas, para o diagnóstico
laboratorial varia de acordo com a forma de botulismo. Em geral, deve-se
coletar soro e fezes de todos os casos suspeitos no icio da doença.
Diagnóstico diferencial
ndrome de Guillain-Bar, síndrome de Muller-Fisher (variante da sín-
drome de Guillain-Barré) e miastenia gravis. Am destas, existem outras
doeas menos comuns que tamm devem ser consideradas no diag-
stico diferencial: doença de Lyme, neuropatia difrica, neuropatias
tóxicas alimentares, neuropatia por metais pesados e agentes industriais e
outros quadros neurológicos e/ou psiquiátricos (meningoencefalites, aci-
dente vascular cerebral, traumatismo cranioencefálico, transtornos con-
versivos, hipopotassemia, intoxicão por atropina, beladona, metanol,
monóxido de carbono, fenotianicos e envenenamento por curare).
64 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
BOTULISMO DO LACTENTE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 65
BOTULISMO DO LACTENTE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Tratamento
O êxito da terapêutica do botulismo está diretamente relacionado à pre-
cocidade com que é iniciada e às condições do local onde será realizada.
O tratamento deve ser conduzido em unidade hospitalar que disponha de
terapia intensiva (UTI). Basicamente, o tratamento da doença apoia-se em
dois conjuntos de ações:
a) Tratamento de suporte - Medidas gerais e monitorização cardiorrespi-
ratória são as condutas mais importantes no tratamento do botulismo e
b) Tratamento especíco - Visa eliminar a toxina circulante e a sua fonte de
produção, o C. botulinum. Utiliza-se soro antibotulínico (SAB) e antibióticos.
Observão - Antes de iniciar o tratamento especíco, todas as amostras
clínicas para exames diagsticos devem ser coletadas.
Caractesticas epidemiológicas
Doea de distribuição universal, relacionada ao uso de produtos alimen-
tícios preparados ou conservados por métodos que não destroem os espo-
ros do C. botulinun, permitindo a formação de toxinas. Não se conhece a
distribuão real do botulismo intestinal em crianças menores de um ano
de idade, por ser entidade pouco reconhecida pelos médicos. Há relatos de
intoxicações provocadas pelo uso de verduras e frutas inadequadamente
acondicionadas, por defumados, salsichas e conservas. A noticação de
um caso suspeito é considerado como surto de botulismo.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivo
a) Detectar precocemente casos, visando promover assistência adequada e
reduzir a morbidade e letalidade da doença;
b) Caracterizar o surto por tempo, lugar e pessoa;
c) Identicar a fonte de contaminação e modo de transmissão dos casos
de botulismo;
d) Propor medidas de preveão e controle, em tempo oportuno, para
impedir a ocorrência de novos casos;
e) Avaliar as medidas de controle implantadas. A partir de casos suspeitos,
identicar as prováveis fontes de contaminação para adoção das medidas
de controle pertinentes.
Noticação
O botulismo é doença de noticão compulsória desde a Portaria 1.943/
MS de 18 de outubro de 2001. Devido à gravidade da doença e à possibi-
64 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
BOTULISMO DO LACTENTE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 65
BOTULISMO DO LACTENTE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
lidade de ocorrência de outros casos resultantes da ingestão da mesma
fonte de alimentos contaminados, um caso é considerado um surto e uma
emergência de saúde pública. A suspeita de um caso de botulismo exige
noticação e investigação imediatas à vigilância epidemiológica local. O
cnico que recebeu a noticão deve, inicialmente, vericar a consis-
tência das informações e, uma vez caracterizada a suspeita de botulismo,
comunicar imediatamente aos veis hierárquicos superiores e áreas en-
volvidas na investigação, iniciando o planejamento das ações.
Medidas de controle
a) ões de educão em saúde - Orientar a populão sobre o preparo,
conservação e consumo adequado dos alimentos associados a risco de
adoecimento;
b) Estratégias de prevenção - Orientar as medidas iniciais de prevenção
e controle, de acordo com o modo de transmissão e resultados da inves-
tigação do caso. Nos casos de transmissão alimentar, deve-se eliminar a
permanência da fonte através da interrupção do consumo, distribuição e
comercialização dos alimentos suspeitos e
c) Imunizão - A imunização é recomendada apenas a pessoas com
atividade na manipulão do microrganismo e é realizada com toxóide
botulínico polivalente.
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 67
BRUCELOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doença sistêmica bacteriana, com quadro clínico muito polimorfo. Seu
início pode ser agudo ou insidioso, caracterizado por febre contínua, inter-
mitente ou irregular, e de duração variável. Um sintoma quase constante é
astenia e qualquer exercício físico produz pronunciada fadiga. Acompanha-
da de mal-estar, cefaléia, debilidade, suor profuso, calafrios, artralgia, esta-
do depressivo e perda de peso. Em alguns casos, podem surgir supurações
de órgãos, como fígado e baço. Quadros sub-clínicos são freqüentes, bem
como quadros crônicos de duração de meses e até anos, se não tratados.
Devido ao polimorsmo das manifestações e ao seu curso insidioso, nem
sempre se faz a suspeita diagnóstica. Muitos casos se enquadram na ndro-
me de febre de origem obscura (FOO). Esta febre, na fase aguda e subaguda,
em 95% dos casos é superior a 39,5o C. Complicações ósteo-articulares po-
dem estar presentes em cerca de 20 a 60% dos pacientes, sendo a articulação
sacroilíaca a mais atingida. Orquite e epididimite têm sido relatadas e, tam-
bém, pode ocorrer endocardite bacteriana. Em geral, o paciente se recupera,
porém pode car com incapacidade intensa no curso da enfermidade, sendo
importante o diagnóstico e tratamento precoces. Recidivas ocorrem, com
manifestações parciais do quadro inicial ou com todo o seu cortejo.
Sinonímia
Febre ondulante, febre de Malta, febre do mediterrâneo, doença das mil
faces ou Melitococia.
Agente etiológico
Brucella melitensis, biotipos 1 e 3; Brucella suis, biotipos 1 e 5; Brucella
abortus, biotipos 1-6 e 9; Brucella canis.
Reservatórios
Gado bovino, suíno, ovino, caprino e outros animais domésticos, como
cães e búfalos.
Modo de transmissão
Contato com tecidos, sangue, urina, secreções vaginais, fetos abortados,
placenta (grande fonte de infecção), ingeso de leite cru e derivados pro-
venientes de animais infectados, acidentes em laboratórios e da prática
vacinal.
Brucelose
CID 10: A23
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Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 67
BRUCELOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Peodo de incubão
Muito variável, de uma a ts semanas, mas pode prolongar-se por vários
meses.
Peodo de transmissibilidade
Não se transmite de pessoa a pessoa.
Complicações
Encefalites, meningites, neurites periféricas, artrite supurativa, endocar-
dite vegetativas e endocardite bacteriana sub-aguda, que, se não diagnos-
ticada e tratada, pode levar ao óbito. Infecções do aparelho geniturinário
podendo proporcionar redução da potência sexual.
Diagnóstico
Suspeita clínica aliada à história epidemiológica de ingesta de produtos
animais contaminados mal cozidos, não pasteurizados ou esterilizados. A
conrmação diagnóstica se faz através da cultura de sangue, medula óssea,
tecidos ou secreções do paciente. As provas sorológicas (aglutinação em tu-
bos) devem ser feitas em laboratórios com experiência e em soros pareados
para se observar a elevação dos anticorpos. A soroaglutinação em tubos para
Brucella abortus com títulos > 80 ou > 160 em 24 a 48 horas, respectivamente,
do período de incubação e o aumento destes em quatro vezes em testes parea-
dos indicam a doença. A interpretação desses testes, em pacientes com quadro
crônico, ca dicultada porque os títulos em geral são baixos.
Diagnóstico diferencial
Febres de origem obscura, endocardite bacteriana, febre tifóide, dentre
outras infeões.
Tratamento
Antibioticoterapia, sendo a droga de escolha a doxiciclina (200 mg/dia) em
combinação com a rifampicina (600 a 900mg/dia), durante 6 semanas. Se
houver recidivas, repetir o tratamento porque, em geral, não se deve à resis-
tência aos antibióticos e sim a seqüestro dos agentes por algum órgão que não
permite a ação da droga. Não usar a doxiciclina em crianças menores de sete
anos, sulfa e trimetroprim podem ser associados à gentamicina nestes casos.
Caractesticas epidemiológicas
A distribuição é universal, estando relacionada com o controle dos animais.
É uma doença freqüentemente ligada à atividade prossional, portanto fre-
qüente em trabalhadores que lidam com gado e no beneciamento de leite
e derivados.
68 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
BRUCELOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 69
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivo
Reduzir a morbi-mortalidade por meio da articulão com os órgãos
responsáveis pelo controle dos rebanhos, alertando a vigilância sanitária
para impedir a distribuão e consumo de produtos contaminados.
Noticação
Não é obrigatória a noticão de casos isolados. Na vigência de surtos,
deve ser noticada, realizada a investigação epidemiológica e adotadas as
medidas de controle indicadas.
Denão de caso
a) Suspeito - Todo paciente com febre de início agudo ou insidioso, história
epidemiológica sugestiva de contato com produto de origem animal conta-
minado e com outras manifestações clínicas sugestivas de brucelose.
b) Conrmado - Indivíduo com as características descritas para o caso
suspeito e conrmação através de exames laboratoriais.
Medidas de controle
a) Educão em saúde - Informar a populão para consumir leite e ou-
tros derivados devidamente pasteurizados e/ou fervidos; educar os traba-
lhadores que cuidam de animais sobre os riscos da doea e os cuidados
(incluindo o uso de equipamentos de proteção individual) para evitar
contato com animais doentes ou potencialmente contaminados.
b) Controle animal - Realizar provas sorológicas e eliminar os animais
infectados. Cuidados no manejo para eliminação de placentas, secreções
e fetos dos animais.
c) Controle de produtos - Atuação da vigincia sanitária na inspão de
produtos de origem animal, como leite e seus derivados. Desinfecções das
áreas contaminadas.
d) Manejo dos pacientes - Precaões com o material de drenagens e secreções.
Desinfecção concorrente das secreções purulentas. Investigação de contatos
para tratamento e controle. Investigação das fontes de infecção para adoção de
medidas de prevenção. Em situações de epidemia, investigar fontes de contami-
nação comum, que em geralo os produtos de origem animal contaminados,
principalmente leite e derivados o pasteurizados, esterilizados ou fervidos.
Conscar os alimentos suspeitos até que sejam instituídas as medidas de preven-
ção denitivas. Em laboratórios, observar o cumprimento das normas de bios-
segurança, incluindo o uso correto dos equipamentos de proteção individual.
68 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
BRUCELOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 69
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doença transmitida sexualmente, muito freqüente nas regiões tropicais.
Caracteriza-se por apresentar lesões múltiplas (podendo ser única), tipo
úlceras e, habitualmente, dolorosas, de borda irregular, com contornos
eritemato-edematosos e fundo irregular, cobertos por exsudato necrótico,
amarelado, odor fétido, que, quando removido, revela tecido de granulação
com sangramento fácil e traumatismos. No homem, as localizações mais fre-
qüentes são no frênulo e no sulco bálano prepucial; na mulher, na fúrcula e na
face interna dos grandes lábios. No colo uterino e na parede vaginal, podem
aparecer lesões que produzem sintomatologia discreta. Nas mulheres, as in-
fecções podem ser assintoticas. Lesões extragenitais têm sido assinaladas.
Em 30 a 50% dos pacientes, os linfonodos são atingidos, geralmente, inguino-
crurais (bulbão), sendo unilaterais em 2/3 dos casos; observados quase que
exclusivamente no sexo masculino pelas características anatômicas da drena-
gem linfática. No início, ocorre tumefação sólida e dolorosa, evoluindo para
liquefação e stulização em 50% dos casos, tipicamente por orifício único.
Sinonímia
Cancróide, cancro venéreo simples.
Agente etiológico
Haemophilus ducrey, bastonete gram negativo.
Reservatório
O Homem.
Modo de transmissão
Sexual.
Peodo de incubão
De 3 a 5 dias, podendo atingir 14 dias.
Peodo de transmissibilidade
Semanas ou meses sem tratamento, enquanto durem as lees. Com anti-
bioticoterapia, 1 a 2 semanas.
Diagnóstico
Suspeita clínica, epidemiológica e laboratorial. Essa é feita por:
Cancro Mole
CID 10: A57
7
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CANCRO MOLE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 71
CANCRO MOLE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Exame direto - Pesquisa em colorão, pelo método de Gram, em esfrega-
ços de secreção da base da úlcera ou do material obtido por aspirão do
bulbão. Observam-se, mais intensamente, bacilos gram negativos intra-
celulares, geralmente aparecendo em cadeias paralelas, acompanhados de
cocos gram positivos (fenômeno de satelismo).
Cultura - É o método diagstico mais sensível, porém de difícil realiza-
ção pelas características do bacilo.
Diagnóstico diferencial
Cancro duro, herpes simples, linfogranuloma venéreo, donovanose, ero-
es traumáticas infectadas. Não é rara a ocorncia do cancro misto de
Rollet (multietiologia com o cancro duro da sílis).
Tratamento
Azitromicina, 1g, VO, dose única; sulfametoxazol, 800mg + trimetoprim,
160mg, VO, de 12/12 horas, por 10 dias ou até a cura clínica; tiafenicol,
5g, VO, em dose única ou 500mg de 8/8 horas; estereato de eritromicina,
500mg, VO, de 6/6 horas, por, no mínimo, 10 dias ou até a cura clínica;
tetraciclina, 500mg, VO, de 6/6 horas, por, no mínimo, 10 dias. O trata-
mento sistêmico deve ser acompanhado de medidas de higiene local.
Recomendações
O acompanhamento do paciente deve ser feito até a involução total das lesões; é
indicada a abstinência sexual até a resolução completa da doença; o tratamento
dos parceiros sexuais está recomendado mesmo que a doença clínica não seja
demonstrada, pela existência de portadores assintomáticos, principalmente
entre mulheres; é muito importante excluir a possibilidade da existência de -
lis associada, pela pesquisa de Treponema pallidum na lesão genital e/ou por
reação sorológica para sílis, no momento e 30 dias após o aparecimento da
lesão. A aspiração, com agulhas de grosso calibre, dos nglios linticos regio-
nais comprometidos pode ser indicada para alívio de linfonodos tensos e com
utuação; é contra-indicada a incisão com drenagem ou excisão dos linfono-
dos acometidos.
Caractesticas epidemiológicas
Ocorre principalmente nas regiões tropicais, em comunidades com baixo
vel de higiene.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Interromper a cadeia de transmissão através da detecção e tratamento preco-
ces dos casos e dos seus parceiros (fontes de infecção); Prevenir novas ocor-
rências por meio de ações de educação em saúde.
70 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
CANCRO MOLE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 71
CANCRO MOLE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Noticação
Não é doea de noticão compulria nacional. Os prossionais de
saúde devem observar as normas e procedimentos de noticação e inves-
tigação de estados e municípios. A Coordenação Nacional de DST e AIDS,
do Ministério da Saúde, está implantando um sistema de fontes de infor-
mações especícas para as doenças sexualmente transmisveis, visando o
aprimoramento de seu controle.
Medidas de controle
Interrupção da cadeia de transmiso pela triagem e referência dos pa-
cientes com DST e seus parceiros para diagstico e terapia adequados;
Aconselhamento (condencial) - Orientações ao paciente, fazendo com
que ele discrimine as possíveis situações de risco presentes em suas práticas
sexuais; desenvolva a percepção quanto à importância do seu tratamento e
de seus parceiros sexuais e promoção de comportamentos preventivos;
Promoção do uso de preservativos - Método mais ecaz para a redução
do risco de transmissão do HIV e outras DST; Convite aos parceiros para
aconselhamento e promoção do uso de preservativos (deve-se obedecer
aos princípios de conabilidade, ausência de coerção e proteção contra a
discriminação); Educação em saúde, de modo geral.
Observação - As associações entre diferentes DST são freqüentes, destacan-
do-se, atualmente a relação entre a presença de DST e aumento do risco de in-
fecção pelo HIV, principalmente na vigência de úlceras genitais. Desse modo,
se o prossional estiver capacitado a realizar aconselhamento, pré e s-tes-
te para detecção de anticorpos anti-HIV, quando do diagnóstico de uma ou
mais DST, deve ser oferecida essa opção ao paciente. Portanto, toda doença
sexualmente transmissível constitui-se em evento sentinela para busca
de outra DST e possibilidade de associação com o HIV. É necessário, ainda,
registrar que o Ministério da Saúde vem implementando a “abordagem
sindrômica” aos pacientes de DST, visando aumentar a sensibilidade no
diagnóstico e tratamento dessas doenças, para alcançar maior impacto no
seu controle.
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 73
CANDIDÍASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Micose que atinge a superfície cutânea e/ou membranas mucosas, resul-
tando em candiase oral, candidíase vaginal, intertrigo, paroníquia e
onicomicose. A forma mais comum de candidíase oral é a pseudomem-
branosa, caracterizada por placas brancas removíveis na mucosa oral (af-
tas). Outra apresentão clínica é a forma atróca, que se apresenta como
placas vermelhas, lisas, sobre o palato duro ou mole. O intertrigo atinge
mais freqüentemente as dobras cutâneas, nuca, virilha e regiões axilares.
A infecção mucocutânea crônica pode estar associada com doenças en-
crinas, como diabetes melittus, tratamento com antibióticos de amplo
espectro ou imunodeciência, sendo freqüente na infeão por HIV onde
assume caráter sismico grave. A Candidíase disseminada ou sistêmica,
geralmente por disseminação hematogênica, pode ocorrer em recém-nas-
cidos de baixo peso e hospedeiros imunocomprometidos, podendo atin-
gir qualquer órgão e evoluir para êxito letal. Esta forma é relativamente
comum em indivíduos que fazem uso prolongado de sondas gástricas,
catéteres intravasculares, ou prótese valvular cardíaca.
Sinonímia
Monilíase, sapinho.
Agente etiológico
Candida albicans, Candida tropicalis e outras espécies de Candida. A Can-
dida albicans causa a maioria das infeões.
Reservatório
O homem.
Modo de transmissão
Através de contato com mucosas, secreções em pele de portadores ou do-
entes. A transmissão vertical pode ocorrer durante o parto normal. Pode
ocorrer disseminão endógena.
Peodo de incubão
Desconhecido.
Peodo de transmissibilidade
Enquanto houver lesões.
Candidíase
CID 10: B37
8
72 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 73
CANDIDÍASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Complicações
Esofagite, endocardite, ou infecção sistêmica, mais comum em imuno-
deprimidos.
Diagnóstico
Candidíase oral - Além do aspecto clínico, visualização de leveduras e pseu-
dohifas em exame microscópico de esfregaço da lesão, preparado com hidró-
xido de potássio a 10%. As culturas permitem a identicação da espécie.
Esofagite - Endoscopia com biopsia e cultura.
Candidíase invasiva - Pode ser diagnosticada através de isolamento do
microorganismo de uidos corporais (sangue, líquor, medula óssea) ou
através de biopsia de tecidos. O achado de cultura negativa, entretanto,
não afasta o diagnóstico de candidíase sistêmica. Culturas de material
potencialmente contaminado, como urina, fezes ou pele, podem ser de
difícil interpretão, mas servem de apoio ao diagstico.
Diagnóstico diferencial
Candidíase mucocutânea tem como diagstico diferencial dermatite se-
borréica, tinha cruris e eritrasma, leucoplaquia pilosa por outras causas. A
esofagite com quadros clínicos semelhantes, causada por outros agentes,
como citomegalovírus ou herpes simples.
Tratamento
Candidíase oral - Nistatina suspensão ou tabletes, 500.000 a 1 milhão UI,
3 a 5 vezes ao dia, durante 14 dias, uso tópico. Em criaas, recomenda-se
o uso durante 5 a 7 dias. Como tratamento de 2ª escolha ou em pacientes
imunocomprometidos, pode ser utilizado: uconazol 200mg, via oral,
uma vez ao dia, para adultos com durão de tratamento entre 7 a 14 dias,
devendo ser evitado seu uso em criaas.
Esofagite em pacientes imunodeprimidos - Como 1ª escolha, pode ser utili-
zado uconazol, 200 a 400mg/dia, via oral ou endovenoso, durante 14 dias, ou
anfotericina B, em baixas doses (0,3mg/kg/dia), IV, durante 5 a 7 dias; para
crianças, a dosagem recomendada é de 0,5mg/kg/dia, IV, durante 7 dias.
Candidíase vulvovaginal - Recomenda-se isoconazol (nitrato), uso tópi-
co, sob a forma de creme vaginal, durante 7 dias ou óvulo, em dose única;
como alternativa, tiocanozol pomada ou óvulo em dose única. Outras
substâncias também são ecazes: clotrimazol, miconazol, terconazol, tio-
conazol ou nistatina, em aplicação tópica.
Candidíase mucocutânea crônica - Fluconazol, como 1ª escolha, e anfo-
tericina B para casos mais severos.
74 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
CANDIDÍASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Ceratomicose - Lavagem da córnea com anfotericina B, 1 mg/ml.
Infecções sistêmicas - Anfotericina B é a droga de escolha. Se necessário, as-
sociada ao uconazol, 400 mg/dia/EV. A dose deve ser diminuída em casos de
insucncia renal. Outro esquema de eleição para formas sistêmicas graves é a
associação da anfotericina B com auorcitosina, porém esta última o é mais
comercializada no Brasil, dependendo de importação a sua disponibilidade.
Caractesticas epidemiológicas
A Candida albicans está presente na pele e mucosas de pessoas saudáveis. Infecção
mucocutânea leve é comum em crianças saudáveis e a doença invasiva ocorre em
pessoas imunodeprimidas. Vulvovaginite por Candida ocorre com freência
em gestantes, podendo ser transmitida ao rem-nascido em útero, durante o
parto ou na fase pós-natal. escies de Candida (C. krusei, C. parapsilopis)
altamente invasivas e resistentes às drogas usualmente utilizadas.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivo
Diagnosticar e tratar precocemente os casos para evitar complicões e
nas gestantes reduzir o risco de transmissão perinatal.
Noticação
Não é uma doença de noticão compulsória.
Medidas de controle
Tratamento precoce dos indivíduos acometidos. Orienta-se a desinfecção
concorrente das secreções e artigos contaminados. Sempre que possível, de-
verá ser evitada antibioticoterapia de amplo espectro prolongada. Cuidados
especícos devem ser tomados com uso de cateter venoso, como troca de
curativos a cada 48 horas e uso de solução à base de iodo e povidine.
Observação - As associações entre diferentes DST são freqüentes, destacan-
do-se, atualmente a relação entre a presença de DST e aumento do risco de
infecção pelo HIV, principalmente na vigência de úlceras genitais. Desse
modo, se o prossional estiver capacitado a realizar aconselhamento, pré e
pós-teste para detecção de anticorpos anti-HIV, quando do diagnóstico de
uma ou mais DST, deve ser oferecida essa opção ao paciente. Portanto, toda
doença sexualmente transmissível constitui-se em evento sentinela para
busca de outra DST e possibilidade de associação com o HIV. É necessário,
ainda, registrar que o Ministério da Saúde vem implementando a “aborda-
gem sindrômica” aos pacientes de DST, visando aumentar a sensibilidade
no diagnóstico e tratamento dessas doenças, para alcaar maior impacto
no seu controle.
74 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
CANDIDÍASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Micose sistêmica, predominantemente pulmonar, podendo, também,
comprometer pele, laringe, ossos, articulão, meninges, entre outros.
Após a infecção, 60% dos indivíduos apresentam infeão primária
inaparente. Os demais geralmente fazem uma infeão moderada ou leve-
mente grave. São sinais mais freqüentes: comprometimento respiratório
baixo, febre, sudorese noturna, dor pleural, dispnéia, tosse produtiva,
artralgia, anorexia. Eritema nodoso, polimorfo e reões exantemáticas
podem ocorrer em até um quinto dos casos. A imagem radiológica revela
adenomegalia hilar, inltrão pulmonar com derrame pleural. Até 5%
dos casos que desenvolvem infecção primária, permanecem com a infec-
ção residual em forma de coccidiodoma (lesão nodular) ou em forma de
cavitação, podendo associar-se a brose e calcicões. A forma disse-
minada é rara, porém fatal, e assumiu um papel importante as o sur-
gimento da aids, pois é pouco comum em pacientes imunocompetentes.
Clinicamente, essa forma caracteriza-se por lees pulmonares, que o
acompanhadas por abcessos em todo o corpo, especialmente nos tecidos
subcutâneos, pele, ossos e SNC.
Sinonímia
Febre do Vale do São Joaquim, febre do deserto, reumatismo do deserto.
Agente etiológico
Coccidioides immitis, um fungo dirco.
Reservatório
O solo, especialmente de locais secos e com pH salino. A doença acomete
o homem e outros animais (gado bovino, ovino, caprino, entre outros).
Modo de transmissão
Por inalão dos artroconídeos (forma do fungo no solo). A transmissão
por inoculação, sobretudo a decorrente de acidentes de laboratório é
relativamente comum. Transmiso durante a gravidez é rara e, quando
ocorre, pode haver mortalidade neonatal.
Peodo de incubão
De 1 a 4 semanas.
Coccidioidomicose
CID 10: B38
9
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COCCIDIOIDOMICOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
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COCCIDIOIDOMICOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Peodo de transmissibilidade
Não é doea contagiosa de indivíduo a indivíduo.
Complicações
A disseminação da doea constitui-se sua maior complicão, por esse
motivo os pacientes soropositivos para HIV ou com aids devem ser segui-
dos criteriosamente.
Diagnóstico
É clínico, epidemiológico e laboratorial. Esse último é feito pela demons-
tração do parasita em exame micológico direto (escarro, pus, LCR, raspado
de lesão de pele, biópsia) ou em cultura de secreções em ágar-Sabouraud.
A coleta e o processamento de material para cultura devem ser feitos por
pessoal treinado, em laboratório de seguraa nível II; a manipulação de
culturas e ou material de solo sabidamente contaminado pelo C. immitis
devem ser feitos em nível de contenção de risco NB3. A histopatologia
pode ser útil com achado de esférulas com endosporos. A sorologia é feita
através da detecção de IgM e os níveis de IgG requerem criteriosa avaliação.
Os testes cutâneos com esferulina têm pouco valor diagnóstico, pois per-
manecem positivos, mesmo após a infecção. Eles são de valor epidemiológi-
co, uma vez que detectam áreas onde ocorre a infecção.
Diagnóstico diferencial
Tuberculose, meningite tuberculosa, paracoccidioidomicose, esporotri-
cose, histoplasmose, neoplasias. No Brasil, é importante o diagstico
diferencial com a leishmaniose visceral (Calazar), sobretudo em áreas
onde ocorrem as duas doenças.
Tratamento
Anfotericina B, 1 a 3g, dose total, seguido por uconazol, 400mg/dia, por
6 a 12 meses ou itraconazol, 300mg/dia, pelo mesmo período. O critério
de cura é clínico, agregado à negativão do exame micológico. O uco-
nazol está especialmente indicado nas formas que comprometem o SNC,
pela sua excelente difusão cerebral.
Caractesticas epidemiológicas
Até o nal da década de 70, o Brasil era considerado área indene para essa
doea. A partir do relato de vários casos, todos procedentes do nordeste
brasileiro, tornou-se imperativo que essa patologia entre no diagstico
diferencial de agravos com quadro clínico semelhante. É comum nos
Estados Unidos, no norte da Argentina, Paraguai, Colômbia, Venezuela,
México e América Central. Afeta qualquer idade, ra ou gênero (ocor-
76 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
COCCIDIOIDOMICOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 77
COCCIDIOIDOMICOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
rendo mais em homens), incide mais no verão. Nas áreas endêmicas, é
doea importante entre arqulogos, recrutas militares e trabalhadores,
cuja natureza da atividade pode acarretar o contato com o agente etioló-
gico. No Brasil, a maioria dos casos descritos teve vínculo epidemiológico
com o hábito de car tatu.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Diagnosticar e tratar precocemente todos os casos para evitar as formas
graves; identicão de focos, através da investigação, para o desencadea-
mento de medidas de educão em saúde, com vistas a impedir a ocorrên-
cia de novas infecções.
Noticação
Por tratar-se de agravo inusitado, todo caso deve ser noticado ao setor de
vigilância epidemiológica e deve ser investigado obrigatoriamente.
Medidas de controle
Em áreas endêmicas implementar atividades educativas acerca do risco de
infeão e formas de proteção.
Medidas alternativas como umedecer solos secos, umedecer campos de
pouso, uso de máscaras e, se possível, veículos com ar refrigerado são
tamm utilizadas em situações especícas.
Os prossionais de saúde devem seguir estritas normas de biosseguraa
ao manejar pacientes ou manipular amostras em laboratório.
CÓLERA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 79
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Infecção intestinal aguda, causada pela enterotoxina do Vibrio cholerae, po-
dendo se apresentar de forma grave, com diarréia aquosa e profusa, com ou
sem vômitos, dor abdominal e cãimbras. Esse quadro, quando não tratado
prontamente, pode evoluir para desidratação, acidose, colapso circulatório,
com choque hipovolêmico e insuciência renal. Mais freqüentemente, a
infecção é assintomática ou oligossintomática, com diarréia leve. A aclo-
ridria gástrica agrava o quadro clínico da doença. O leite materno protege
as criaas. A infecção produz aumento de anticorpos e confere imunidade
por tempo limitado (em torno de 6 meses).
Agente etiológico
Vibrio cholerae O1, biotipo clássico ou El Tor (sorotipos Inaba, Ogawa ou
Hikogima); e tamm o O139. Bacilo gram negativo, com agelo polar,
aeróbio ou anaeróbio facultativo, produtor de endotoxina.
Reservatório
O principal é o homem. Estudos recentes sugerem a existência de reser-
vatórios ambientais.
Modo de transmissão
Ingeso de água ou alimentos contaminados por fezes ou vômitos de
doente ou portador. A contaminação pessoa a pessoa é menos importante
na cadeia epidemiológica. A variedade El Tor persiste na água por muito
tempo, o que aumenta a probabilidade de manter a sua transmissão e
circulação.
Peodo de incubão
De algumas horas a 5 dias. Na maioria dos casos, de 2 a 3 dias.
Peodo de transmissibilidade
Dura enquanto houver eliminão do vibrião nas fezes, que ocorre geral-
mente até poucos dias após a cura. Para ns de vigincia, o padrão aceito
é de 20 dias. Alguns indivíduos podem permanecer portadores sadios por
meses ou até anos. o de particular importância porque podem ser res-
ponsáveis pela introdução da doea em área indene.
CID 10: A00
Cólera
10
78 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
CÓLERA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 79
Complicações
São decorrentes da desidratão: choque hipovolêmico, necrose tubular
renal, íleo paratico, hipocalemia, hipoglicemia. Pode ocorrer aborta-
mento. As complicões podem ser evitadas com a hidratão adequada.
Diagnóstico
a) Laboratorial - O Vibrio cholerae pode ser isolado a partir da cultura de
amostras de fezes de doentes ou portadores assintomáticos. A coleta do material
pode ser feita por swab retal ou fecal, fezes in natura ou em papel de ltro;
b) Clínico-epidemiológico - Casos de diarréia nos quais são correlacio-
nadas variáveis clínicas e epidemiológicas capazes de denir o diagsti-
co, sem investigação laboratorial.
Diagnóstico diferencial
Com todas as diarias agudas.
Tratamento
Formas leves e moderadas, com soro de reidratação oral (SRO). Formas
graves, hidratação venosa e antibiótico: menores de 8 anos, sulfametoxazol
(50mg/kg/dia) + trimetoprim (10mg/kg/dia), via oral, de 12/12 horas, por 3
dias; maiores de oito anos, tetraciclina, 500mg, via oral, de 6/6 horas, por 3
dias; gestantes e nutrizes, ampicilina, 500mg, VO, de 6/6 horas, por 3 dias.
Caractesticas epidemiológicas
A sétima pandemia de cólera, iniciada em 1961 nas Ilhas Célebes e causada pelo
Vibrio cholerae El Tor, chegou ao Brasil em 1991 pela fronteira do Amazonas
com o Peru, expandindo-se de forma epidêmica para as Regiões Norte e
Nordeste e fazendo incures ocasionais nas demais regiões do país. A partir
de 1995, a doença tornou-se endêmica, com 95% dos casos concentrados na
Região Nordeste. Em 2001, foram registrados os últimos casos de cólera no país:
7 casos procedentes dos estados do Ceará, Alagoas, Sergipe e Pernambuco. Esta
interrupção da ocorrência de casos a partir de 2002 certamente está relacionada
a vários fatores, destacando-se aqueles relacionados aos indivíduos, como o
esgotamento de suscetíveis e fatores ligados ao agente etiológico e ao meio
ambiente, hipótese que pode ser reforçada pela mesma tenncia de redução
ocorrida a partir de 1995 em outros países das Américas e mesmo em outros
continentes.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Diminuir a incidência e a letalidade; impedir ou dicultar a propagão
do Vibrio cholerae O1.
80 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
CÓLERA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 81
Noticação
Doença de noticação compulsória internacional, com desencadeamento de
investigação epidemiológica imediatamente após o estabelecimento da suspeita.
Denão de caso
(a) Suspeito - Em áreas sem circulão do vibro - qualquer indivíduo
com diaria independente de faixa etária, que tenha história de passagem
por área com circulão do V. cholerae; que cohabite com caso suspeito ou
conrmado (retorno da área endêmica) ou todo indivíduo com mais de 10
anos de idade que apresente diaria súbita, quida e abundante. Em áreas
com circulão - qualquer indivíduo com diaria aguda;
b) Conrmado - Por laborario (isolamento do agente nas fezes ou vômi-
tos); por critério clínico-epidemiológico (correlaciona variáveis clínicas e
epidemiológicas).
c) Importado - Caso cuja infeão ocorreu em área diferente daquela em
que foi diagnosticado.
Medidas de controle
Oferta de água de boa qualidade e em quantidade suciente; disponibilização de
hipoclorito de sódio à população sem acesso à água potável; destino e tratamento
adequados dos dejetos; destino adequado do lixo; educação em saúde; controle
de portos, aeroportos e rodoviárias; higiene dos alimentos; disposição e manejo
adequado dos cadáveres. A rede assistencial deve estar estruturada e capacitada
para a detecção precoce e manejo adequado de casos. Deve-se ter cuidados com
os vômitos e as fezes dos pacientes no domicílio. É importante informar sobre a
necessidade da lavagem rigorosa dasos e procedimentos básicos de higiene.
Isolamento enrico nos casos hospitalizados, com desinfecção concorrente de
fezes, vômitos, vestuário e roupa de cama dos pacientes. A quimioprolaxia de
contatos não é mais indicada por não ser ecaz para conter a propagação dos
casos. Além disso, o uso de antibiótico altera a ora intestinal, modicando
a suscetibilidade à infecção, podendo provocar o aparecimento de cepas
resistentes. A vacinação apresenta baixa ecácia (50%) e curta duração de
imunidade (3 a 6 meses) e o evita a infecção assintotica. Para vigiar e
detectar precocemente a circulação do agente, preconiza-se: o fortalecimento
da Monitorização das Doenças Diarréicas Agudas-MDDA nos municípios do
país e a monitorização ambiental para pesquisa de Vibrio cholerae no ambiente.
É importante ressaltar que no caso do Vibrio cholerae El Tor a relação entre
doentes e assintoticos é muito alta, podendo haver de 30
a 100 assintoticos
para cada indivíduo doente; assim, as medidas de prevenção e controle devem
ser direcionadas a toda a comunidade para garantir o impacto desejado.
80 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
CÓLERA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 81
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doea infecciosa aguda, transmisvel, de distribuão universal, que
compromete especicamente o aparelho respiratório (traquéia e brôn-
quios) e se caracteriza por paroxismos de tosse seca. Ocorre sob as formas
endêmica e epidêmica. Em lactentes pode resultar em número elevado de
complicões e até em morte. A doença evolui em ts fases sucessivas:
Fase catarral - Com durão de uma ou duas semanas, inicia-se com
manifestações respiratórias e sintomas leves (febre pouco intensa, mal-
estar geral, coriza e tosse seca), seguidos pela instalação gradual de surtos
de tosse, cada vez mais intensos e freqüentes, até que passam a ocorrer as
crises de tosses paroxísticas.
Fase paroxística - Geralmente afebril ou com febre baixa. Em alguns ca-
sos ocorrem vários picos de febre ao longo do dia. A manifestão pica
são os paroxismos de tosse seca (durante os quais o paciente não consegue
inspirar e apresenta protuo da língua, congestão facial e, eventualmen-
te, cianose com sensação de asxia), nalizados por inspirão forçada,
súbita e prolongada, acompanhada de um ruído característico, o guin-
cho, seguidos de vômitos. Os epidios de tosse paroxística aumentam
em freqüência e intensidade nas duas primeiras semanas e, depois, dimi-
nuem paulatinamente. Nos intervalos dos paroxismos, o paciente passa
bem. Essa fase dura de 2 a 6 semanas.
Fase de convalescea - Os paroxismos de tosse desaparecem e dão lu-
gar a episódios de tosse comum; esta fase pode persistir por mais 2 a 6
semanas e alguns casos pode se prolongar por até 3 meses. Infeões res-
piratórias de outra natureza, que se instalam durante a convalescença da
coqueluche, podem provocar reaparecimento transitório dos paroxismos.
Lactentes jovens (<6 meses) são propensos a apresentar formas graves,
muitas vezes letais. Indivíduos inadequadamente vacinados ou vacinados
há mais de 5 anos, podem apresentar formas atípicas da doença, com tosse
persistente, porém sem o guincho caractestico.
Agente etiológico
Bordetella pertussis. Bacilo gram negativo aeróbio, não esporulado, imóvel
e pequeno, provido de cápsula (formas patogênicas) e fímbrias.
Coqueluche
CID 10: A37
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Reservatório
O homem é o único reservatório natural.
Modo de transmissão
Contato direto da pessoa doente com pessoa suscetível (gotículas de secre-
ção eliminadas por tosse, espirro ou ao falar). A transmissão por objetos
recém contaminados com secreções do doente é pouco freqüente, visto a
diculdade do agente sobreviver fora do hospedeiro.
Peodo de incubão
Em média, de 5 a 10 dias, podendo variar de 1 a 3 semanas e, raramente
até 42 dias.
Peodo de transmissibilidade
Para efeito de controle, considera-se que esse peodo se estende de 5 dias
após o contato com um doente (nal do período de incubação) até 3 sema-
nas após o início dos acessos de tosse típicos da doea (fase paroxística).
A maior transmissibilidade da doença ocorre na fase catarral.
Suscetibilidade e imunidade
A suscetibilidade é geral. O indivíduo torna-se imune após adquirir a
doea (imunidade duradoura, mas não permanente); após receber va-
cinão básica (mínimo de ts doses) com DTP ou DTPa: imunidade
por alguns anos. Em média de 5 a 10 anos as a última dose da vacina, a
proteção pode ser pouca ou nenhuma.
Complicações
Pneumonia e otite média por Bordetella pertussis, pneumonias por outras
etiologias, ativação de tuberculose latente, atelectasia, bronquiectasia, ense-
ma, pneumotórax, ruptura de diafragma; encefalopatia aguda, convulsões,
coma, hemorragias intra-cerebrais, hemorragia sub-dural, estrabismo, sur-
dez; hemorragias sub-conjuntivais, epistaxe, edema de face, úlcera do frênulo
lingual, hérnias (umbilicais, inguinais e diafragmáticas), conjuntivite, desi-
dratação e/ou desnutrição.
Diagnóstico
O diagnóstico especíco é realizado mediante o isolamento da Bordetella per-
tussis através de cultura de material colhido de nasorofaringe com técnica ade-
quada. A técnica da cultura para o isolamento da Bordetella pertussis da secreção
nasofaríngea é considerada como “padrão ouro” para o diagnóstico laboratorial
da coqueluche, pelo seu alto grau de especicidade, embora sua sensibilidade
seja variável. Como a Bordetella pertussis apresenta um tropismo pelo epilio
respiratório ciliado, a cultura deve ser feita a partir da secreção nasofaríngea.
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A coleta do espécime clínico deve ser realizada antes do início da antibioticote-
rapia ou, no máximo, a 3 dias após seu início. Por isso, é importante procurar
a unidade de saúde ou entrar em contato com a coordenação da vigilância epi-
demiogica na Secretaria de Saúde do Município ou do Estado.
Diagnóstico diferencial
Deve ser feito com as infecções respiratórias agudas, como traqueobronqui-
tes, bronqueolites, adenoviroses e laringites. Outros agentes também podem
causar a síndrome coqueluchóide, dicultando o diagnóstico diferencial,
entre os quais Bordetella parapertussis, Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia
trachomatis, Chlamydia pneumoniae e Adenovírus (1, 2, 3 e 5). A Bordetella
bronchiseptica e a Bordetella avium são patógenos de animais que raramente
acometem o homem. Quando isto ocorre tratam-se de imunodeprimidos.
Tratamento
A eritromicina (de preferência o estolato) é o antimicrobiano de escolha
para o tratamento da coqueluche, visto ser mais eciente e menos tóxico. Este
antibiótico é capaz de erradicar o agente do organismo em um ou dois dias
quando iniciado seu uso durante o período catarral ou no início do período
paroxístico, promovendo assim a diminuição do período de transmissibili-
dade da doença. No entanto, é necessário procurar atendimento para que o
medicamento seja prescrito em doses adequadas por prossional capacitado.
A imunoglobulina humana não tem valor terapêutico comprovado.
Caractesticas epidemiológicas
Em populações aglomeradas, condão que facilita a transmissão, a inci-
ncia da coqueluche pode ser maior na primavera e no verão, porém em
populações dispersas nem sempre se observa esta sazonalidade. Não exis-
te uma distribuição geográca preferencial nem característica individual
que predisponha à doea, a não ser presença ou ausência de imunidade
especa. A letalidade é mais elevada no grupo de crianças menores de
um ano, particularmente nos menores de seis meses de idade, grupo que
no Brasil concentra quase todos os óbitos por coqueluche.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivo
a) Acompanhar a tendência temporal da doença, para detecção precoce de
surtos e epidemias, visando adotar medidas de controle pertinentes;
b) Aumentar o percentual de isolamento em cultura, com envio de 100%
das cepas isoladas para o Laboratório de Referência Nacional para estudos
moleculares e de resistência bacteriana a antimicrobianos.
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Noticação
É doea de noticão compulsória.
Denão de caso
Suspeito
a) Todo indivíduo, independente da idade e estado vacinal, que apresente
tosse seca há 14 dias ou mais, associado a um ou mais dos seguintes sin-
tomas: tosse paroxística (tosse súbita incontrolável, com tossidas rápidas
e curtas (5 a 10) em uma única expiração);guincho inspiratório; vômitos
s-tosse; ou
b) Todo indivíduo, independente da idade e estado vacinal, que apresente
tosse seca há 14 dias ou mais e com história de contato com um caso con-
rmado de coqueluche pelo critério clínico.
Conrmado
a) Critério Laboratorial - Todo caso suspeito de coqueluche com isola-
mento de Bordetella pertussis.
b) Critério Epidemiológico - Todo caso suspeito que teve contato com
caso conrmado como coqueluche pelo critério laboratorial, entre o iní-
cio do peodo catarral até três semanas após o início do período paroxís-
tico da doea (período de transmissibilidade).
c) Critério Clínico - Todo caso suspeito de coqueluche cujo hemograma
apresente leucocitose (acima de 20.000 leucócitos/mm³) e linfocitose ab-
soluta (acima de 10.000 linfócitos/mm³), desde que sejam obedecidas as
seguintes condições: resultado de cultura negativa ou não realizada; ine-
xisncia de vínculo epidemiológico (vide item b acima); não se conrme
outra etiologia.
Medidas de controle
Vacinação - A medida de controle de interesse prático em saúde pública
é a vacinão dos suscetíveis na rotina da rede básica de saúde. A vacina
contra coqueluche deve ser aplicada mesmo em criaas cujos responsá-
veis reram história da doea.
Esquema Básico de vacinão - Os menores de um ano deverão receber
3 doses da vacina combinada DTP+Hib (contra difteria, tano e coque-
luche e infeões graves causadas pelo Haemophilus inuenzae), a partir
dos 2 meses de idade com intervalo de pelo menos 30 dias entre as doses (o
ideal é intervalo de dois meses). De seis a doze meses após a terceira dose,
a criaa deverá receber o reforço com a vacina DTP (tríplice bacte-
riana), sendo que o 2º reforço deverá ser aplicado de 4 a 6 anos de idade.
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A vacina DTP não deve ser aplicada em crianças com 7 anos ou mais de
idade. A vacina DTPa (tríplice acelular) é indicada em situações especiais
e deve-se observar as recomendões do Ministério da Saúde.
Vacinação de bloqueio - Frente a casos isolados ou surtos: proceder a
vacinação seletiva da população suscetível, visando aumentar a cobertura
vacinal na área de ocorrência do(s) caso(s).
Controle de comunicantes
a) Vacinação - Os comunicantes íntimos, familiares e escolares, menores
de 7 anos não vacinados, inadequadamente vacinados ou com situão va-
cinal desconhecida deverão receber uma dose da vacina contra coqueluche
e orientão de como proceder para completar o esquema de vacinação.
b) Pesquisa de novos casos - Coletar material para diagstico laborato-
rial de comunicantes com tosse, segundo orientão constante no Guia de
Vigilância Epidemiológica.
c) Quimioprolaxia - Tem indicão restrita e deve-se observar as reco-
mendões constantes no Guia de Vigincia Epidemiológica.
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CRIPTOCOCOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Infecção fúngica que tem duas formas: cutânea e profunda sistêmica. A forma
cutânea aparece em 10 a 15% dos casos (na maioria das vezes precede doença
sismica) e é caracterizada por manifestações de lesões acneiformes, rash
cutâneo, ulcerões ou massas subcutâneas que simulam tumores. A forma
sismica freentemente aparece como uma meningite subaguda ou crônica,
caracterizada por febre, fraqueza, dor no peito, rigidez de nuca, dor de cabeça,
usea e mito, sudorese noturna, confusão mental e alterações de visão. Pode
haver comprometimento ocular, pulmonar, ósseo e, às vezes, da pstata.
Sinonímia
Torulose, blastomicose européia.
Agente etiológico
Um fungo, o Cryptococcus neoformans, nas variedades neoformans (sorotipo
A e D) e gatti (sorotipo B e C).; O C. neoformans var. neoformans sorotipo A é
responsável por mais de 90% das infecções nos pacientes com aids no Brasil,
enquanto a variedade gatti acomete principalmente indivíduos sem imunos-
supressão aparente, sendo mais freqüente em países tropicais e subtropicais.
Reservatório
É um fungo sapróta que vive no solo, frutas secas, cereais e nas árvores e
é isolado nos excrementos de aves, principalmente pombos.
Modo de transmissão
Inalação.
Peodo de incubão
Desconhecido. O comprometimento pulmonar pode anteceder, em anos,
ao acometimento cerebral.
Peodo de transmissibilidade
Não há transmissão homem a homem, nem de animais ao homem.
Complicações
O fungo pode viver como sapróta na árvore brônquica, podendo expres-
sar-se clinicamente na vigência de imunodeciência. Cerca de 5 a 10% dos
pacientes com aids são acometidos por essa micose. A meningite causada
pelo Cryptococcus, se não tratada a tempo, pode levar à morte.
Criptococose
CID 10: B45
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Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 87
CRIPTOCOCOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Diagnóstico
O diagstico é clínico e laboratorial, e a conrmão se faz com a evi-
denciação do criptococo através do uso de “tinta da China” (nankin), que
torna visíveis formas encapsuladas e em gemulação em materiais clínicos.
Essa cnica é a consagrada para diagstico das meningites criptocócicas
(exame do LCR). Pode-se isolar o criptococo tamm na urina ou no pus,
em meio de ágar-Sabouraud. A sorologia, no LCR e no soro, e a histopato-
logia podem ser úteis. A radiograa de tórax pode ajudar no diagnóstico,
podendo ou não ser usada para conrmar a doea, demonstrando danos
pulmonares, revelando massa única ou nódulos múltiplos distintos.
Diagnóstico Diferencial
Toxoplasmose, tuberculose, meningoencefalites, sílis, sarcoidose, histo-
plasmose e linfomas.
Tratamento
Anfotericina B, na dose de 0,3mg/Kg, IV, durante 6 semanas, com todos
os cuidados que envolvem o uso desse medicamento. O uconazol é, tam-
m, recomendado como alternativa isolada, na dose de 200 a 400mg/dia,
VO, por aproximadamente 6 semanas, ou associado à Anfotericina B.
Caractesticas epidemiológicas
Doença cosmopolita, de ocorrência esporádica. Geralmente acomete adul-
tos e é duas vezes mais freqüente no gênero masculino. A infecção pode
ocorrer em animais (gatos, cavalos, vacas). A suscetibilidade é geral, mas
parece que a raça humana tem uma notável resistência. A suscetibilidade
aumenta com o uso prolongado de corticosteróide, na vigência de aids,
Hodgkin e Sarcoidose.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Diagnosticar e tratar adequadamente todos os casos, devendo-se estar
atento para o fato de que a criptococose, geralmente, está associada à imu-
nossupressão servindo de evento sentinela, para a busca de sua associão
com fatores imunossupressores (linfomas, leucemias, uso prolongado de
corticosteróides, aids, transplantes e desnutrão severa).
Noticação
Não é doença de noticão compulsória. A investigação deve ser feita no
sentido de se buscar sua associação à imunodecncia e para implantar as
medidas de controle disponíveis.
CRIPTOCOCOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Medidas de controle
Até o momento não existem medidas preventivas especas, a não ser ati-
vidades educativas com relão ao risco de infeão. Medidas de controle
de proliferão de pombos devem ser implementadas. Assim, nas áreas
com grande mero de pombos deve-se diminuir a disponibilidade de ali-
mento, água e principalmente os abrigos, visando reduzir a população. Os
locais com acúmulo de fezes devem ser umidicados para que os fungos
possam ser removidos com seguraa, evitando a dispero por aerossóis.
Não há necessidade de isolamento dos doentes. As medidas de desinfecção
de secreção e fômites devem ser as de uso hospitalar rotineiro.
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CRIPTOCOCOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Infecção causada por protozoário coccídeo, parasito reconhecido como pa-
tógeno animal. Atinge as células epiteliais das vias gastrointestinais, biliares
e respiratórias do homem, de diversos animais vertebrados e grandes ma-
feros. É responsável por diarréia esporádica em todas as idades, diarréia
aguda em crianças e a diarréia dos viajantes. Em indivíduos imunocompe-
tentes, esse quadro é auto-limitado, entre 1 e 20 dias, com duração média
de 10 dias. Em imunodeprimidos, particularmente com infecção por HIV,
ocasiona enterite grave, caracterizada por diarréia aquosa, acompanhada de
dor abdominal, mal-estar, anorexia, náuseas, vômitos e febre. Esses pacien-
tes podem desenvolver diarréia crônica e severa, acompanhada de desnutri-
ção, desidratação e morte fulminante. Nessa situação, podem ser atingidos
os pulmões, trato biliar ou surgir infecção disseminada.
Agente etiológico
Cryptosporidium parvum.
Reservatório
O homem, o gado e animais domésticos.
Modo de transmissão
Fecal-oral, de animais para a pessoa ou entre pessoas, pela ingestão de
oocistos, que são formas infecciosas e esporuladas do protozoário.
Peodo de incubão
De 2 a 14 dias.
Peodo de transmissibilidade
rias semanas, a partir do início dos sintomas e enquanto houver elimi-
nação de oocistos nas fezes. Fora do organismo humano, em ambientes
úmidos, o oocisto pode permanecer infectante por até seis meses.
Complicações
Enterite, seguida de desnutrição, desidratão e morte fulminante. Com-
prometimento do trato biliar.
Diagnóstico
Identicão do oocisto do parasito através de exame de fezes. Biopsia
intestinal, quando necessária. O diagnóstico também pode ser realizado
Criptosporidíase
CID 10: A07.2
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CRIPTOSPORIASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
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pela deteão do antígeno nas fezes, através do ensaio imunoenzimático
(ELISA) ou através de anticorpo monoclonal marcado com uorescna.
Diagnóstico diferencial
Em pacientes com aids, deve ser realizado o diagstico diferencial com
outros agentes causadores de enterites, como: Giardia lamblia, Entamoeba
histolytica, Salmonella, Shigella, Campylobacter jejuni, Yersínia, Cyclospo-
ra cayetanensis e microsporídeos.
Tratamento
Reidratação e correção de disrbios hidro-eletrolíticos, suplementão
nutricional e agentes antidiarréicos, quando necessários. Em indivíduos
imunocompetentes, a doença é auto-limitada. Azitromicina, na dose de
900 a 1.200mg/dia, VO, pode ser benéca para alguns pacientes. Roxi-
tromicina, na dose de 300mg duas vezes por dia, diariamente, quatro se-
manas. Pacientes com imunodeciência relacionada ao HIV, terapia com
imunoglobulina hiperimune pode ser útil, associada com zidovudine.
Caractesticas epidemiológicas
Ocorre em todos os continentes. Em países desenvolvidos, a prevalência
estimada é de 1 a 4,5%. Nos países em desenvolvimento, pode atingir até
30%. Os grupos mais atingidos o os menores de 2 anos, pessoas que
manipulam animais, viajantes, homossexuais e contatos íntimos de infec-
tados. Há relatos de epidemias a partir de água potável contaminada, além
de banhos de piscina ou de lagoas contaminadas.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivo
Diagnosticar os casos para impedir a cadeia de transmiso da doença.
Noticação
A criptosporiase não é uma doença de noticação compulria.
Medidas de controle
a) Gerais - Educão sanitária, saneamento básico, lavagem de mãos após
o manuseio de bovinos com diaria, ltrão da água ou sua fervura
durante dez minutos.
b) Isolamento - adoção de precauções do tipo entérico para pacientes inter-
nados. Pessoas infectadas devem ser afastadas de atividades de manipulação
dos alimentos e criaas atingidas não devem freqüentar creches.
c) Desinfecção - Concorrente das fezes e de material contaminado com
as mesmas.
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CRIPTOSPORIASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
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ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doença infecciosa febril aguda, que pode ser de curso benigno ou grave,
dependendo da forma como se apresente: infecção inaparente, dengue clás-
sico (DC), febre hemorrágica da dengue (FHD) ou síndrome de choque da
dengue (SCD). A DC, em geral, se inicia abruptamente com febre alta (3
a 40°), seguida de cefaléia, mialgia, prostração, artralgia, anorexia, astenia,
dor retroorbitária, náuseas, vômitos, exantema, prurido cutâneo, hepatome-
galia (ocasional), dor abdominal generalizada (principalmente em crianças).
Pequenas manifestações hemorgicas (petéquias, epistaxe, gengivorragia,
sangramento gastrointestinal, hematúria e metrorragia) podem ocorrer.
Dura cerca de 5 a 7 dias, quando há regressão dos sinais e sintomas, podendo
persistir a fadiga. Na FHD e SCD, os sintomas iniciais são semelhantes aos da
DC, mas no terceiro ou quarto dia o quadro se agrava com dor abdominal,
sinais de debilidade profunda, agitação ou letargia, palidez de face, pulso pi-
do e débil, hipotensão com diminuição da pressão diferencial, manifestações
hemorrágicas espontâneas (petéquias, equimoses, púrpura, sangramento do
trato gastrointestinal), derrames cavitários, cianose e diminuição brusca da
temperatura. Um achado laboratorial importante é a trombocitopenia com
hemoconcentração concomitante. A principal característica siopatológica
associada ao grau de severidade da FHD é o extravasamento do plasma, que
se manifesta por meio de valores crescentes do hematócrito e hemoconcentra-
ção. Entre as manifestações hemorrágicas, a mais comumente encontrada é a
prova do laço positiva (Quadro 1). Nos casos graves de FHD, o maior número
de casos de choque ocorre entre o e 7º dias de doença, geralmente precedi-
do por dores abdominais (quadro 1). O choque é decorrente do aumento de
permeabilidade vascular, seguida de hemoconcentração e falência circulató-
ria. É de curta duração e pode levar ao óbito em 12 a 24 horas ou à recuperação
pida, após terapia anti-choque.
Sinonímia
Febre de quebra ossos.
Agente etiológico
É o vírus do dengue (RNA). Arbovírus do gênero Flavivírus, pertencente à
família Flaviviridae, com 4 sorotipos conhecidos: 1, 2, 3 e 4.
Dengue
CID 10: A90
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Vetores hospedeiros
Os vetores são mosquitos do gênero Aedes. Nas Américas, o vírus da den-
gue persiste na natureza mediante o ciclo de transmiso homem - Aedes
aegypti - homem. O Aedes albopictus, já presente nas Aricas e com am-
pla dispersão na rego Sudeste do Brasil, até o momento não foi associado
à transmissão do vírus da dengue nas Aricas. A fonte da infeão e
hospedeiro vertebrado é o homem. Foi descrito, na Ásia e na África, um
ciclo selvagem envolvendo o macaco.
Modo de transmissão
A transmissão se faz pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, no ciclo
homem - Aedes aegypti - homem. Após um repasto de sangue infectado, o
mosquito está apto a transmitir o vírus, depois de 8 a 12 dias de incubação
extrínseca. A transmissão mecânica também é possível, quando o repasto é
interrompido e o mosquito, imediatamente, se alimenta num hospedeiro sus-
cetível próximo. Não há transmissão por contato direto de um doente ou de
suas secreções com uma pessoa sadia, nem por fontes de água ou alimento.
Peodo de incubão
De 3 a 15 dias, em média 5 a 6 dias.
Peodo de transmissibilidade
O homem infecta o mosquito durante o período de viremia, que começa
um dia antes da febre e perdura até o sexto dia de doea.
Complicações
Choque decorrente do aumento da permeabilidade capilar, seguido de
hemoconcentração e falência circulatória.
Diagnóstico
Na DC, o diagstico é clínico e laboratorial nos primeiros casos e em
seguida, clínico-epidemiológico. A FHD e SCD necessitam de uma boa
anamnese, seguida de exame cnico (vide sinais de alerta no quadro 1)
com prova do lo (vericar aparecimento de pequias) e conrmação
laboratorial especíca.
Diagnóstico laboratorial
a) Especíco - Virológico - Isolamento viral; realizado a partir de amos-
tras de sangue, derivados ou tecidos coletados nos primeiros 5 dias após
o início da febre, sendo importante para a identicação do sorotipo viral
circulante. Detecção de antígeno virais e/ou ácido nucico viral mediante
os seguintes métodos: Reação em cadeia de polimerase (PCR); Imunou-
oresncia e Imunohistoquímica. Sorológico: Ensaio imunoenzimático
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para captura de anticorpos IgM (Mac-Elisa),na maioria dos casos requer
somente uma amostra de soro, sendo possível realizar o diagnóstico
presuntivo de infecção recente ou ativa. Outras técnicas também são
utilizadas no diagstico sorológico do vírus do dengue, porém requerem
sorologia com amostras pareadas. Inibição de Hemaglutinão (IH); Tes-
te de Neutralizão (N); Fixão de Complemento (FC);
b) Inespecícos - Alterações Laboratoriais: DC – leucopenia, embora possa
ocorrer leucocitose. linfocitose com atipia linfociria e trombocitopenia.
DH - deve-se dar particular atenção à dosagem do hematócrito e hemoglo-
bina para vericação de hemoconcentração, que indica a gravidade do caso e
orienta a terapêutica (Quadro 2). Ocorrem alterações no coagulograma (au-
mento do tempo de protrombina, tromboplastina parcial e trombina) com
diminuição do brinogênio, fator VIII e XII, antitrombina e antiplasmina,
diminuição da albumina e alterações das enzimas hepáticas.
A conabilidade dos resultados dos testes laboratoriais depende dos cuidados
durante a coleta, manuseio, acondicionamento e transporte das amostras.
Diagnóstico diferencial
DC: gripe, rubéola, sarampo. FHD e SCD - infecções virais e bacterianas,
choque endotóxico, leptospirose, febre amarela, hepatites infecciosas e
outras febres hemorrágicas.
Tratamento
DC: sintomáticos (não usar ácido acetil-salicílico). FHD: alguns sinais de
alerta (Quadro 1)precisam ser observados: dor abdominal intensa e con-
nua, vômitos persistentes, hepatomegalia dolorosa, derrames cavitários,
sangramentos importantes, hipotensão arterial (PA sistólica <=80mm
Hg, em < 5 anos; PA sistólica <= 90mm Hg, em > 5 anos), diminuição da
pressão diferencial (PA sistólica - PA diastólica <= 20mm Hg), hipotensão
postural (PA sistólica sentado - PA sistólica em pé com diferença maior que
10mm Hg), diminuição da diurese, agitação, letargia, pulso rápido e fraco,
extremidades frias, cianose, diminuição brusca da temperatura corpórea
associada à sudorese profusa, taquicardia, lipotimia e aumento repentino
do hematócrito. Aos primeiros sinais de choque, o paciente deve ser interna-
do imediatamente para correção rápida de volume de líquidos perdidos e da
acidose. Durante uma administração pida de uidos, é particularmente
importante estar atento a sinais de insuciência cardíaca.
Caractesticas epidemiológicas
O dengue tem sido relatado há mais de 200 anos. Na década de 50, a febre
hemorrágica da dengue - FHD foi descrita, pela primeira vez, nas Filipinas e
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Tailândia. Após a década de 60, a circulação dorus da dengue intensicou-
se nas Américas. A partir de 1963, houve circulação comprovada dos soroti-
pos 2 e 3 em rios países. Em 1977, o sorotipo 1 foi introduzido nas Américas,
inicialmente pela Jamaica. A partir de 1980, foram noticadas epidemias em
rios países, aumentando consideravelmente a magnitude do problema.
Cabe citar: Brasil (1982, 1986, 1998, 2002), Bolívia (1987), Paraguai (1988),
Equador (1988), Peru (1990) e Cuba (1977/1981). A FHD afetou Cuba em 1981
e foi um evento de extrema importância na história da doença nas Américas.
Essa epidemia foi causada pelo sorotipo 2, tendo sido o primeiro relato de
febre hemorrágica da dengue ocorrido fora do Sudoeste Asiático e Pacíco
Ocidental. O segundo surto ocorreu na Venezuela, em 1989, e, em 1990/1991,
alguns casos foram noticados no Brasil (Rio de Janeiro), bem como em 1994
(Fortaleza - Ceará).
No Brasil há referências de epidemias em 1916, em São Paulo, e em 1923,
em Niterói, sem diagstico laboratorial. A primeira epidemia documen-
tada clínica e laboratorialmente ocorreu em 1981-1982, em Boa Vista - Ro-
raima, causada pelos sorotipos 1 e 4. A partir de 1986, foram registradas
epidemias em diversos estados com a introdução do sorotipo 1. A introdu-
ção dos sorotipos 2 e 3 foi detectada no estado do Rio de Janeiro em 1990
e dezembro de 2000 respectivamente. O sorotipo 3 apresentou uma rápida
dispero para 24 estados do país no período de 2001-2003. Em 2003 ape-
nas os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina não apresentavam
transmiso autóctone da doença. As maiores epidemias detectadas até o
momento ocorreram nos anos de 1998 e 2002, com cerca de 530 mil e 800
mil casos noticados, respectivamente. Os primeiros casos de FHD foram
registrados em 1990 no estado do Rio de Janeiro, após a introdução do
sorotipo 2. Nesse ano foram conrmados 274 casos que, de uma forma ge-
ral, não apresentaram manifestões hemorgicas graves. A faixa etária
mais atingida foi a de maiores de 14 anos. Na segunda metade da década
de 90, observamos a ocorrência de casos de FHD em diversos estados do
país. Nos anos de 2001 e 2002, foi detectado um aumento no total de casos
de FHD, potencialmente reetindo a circulão simultânea dos sorotipos
1, 2 e 3 do vírus da dengue. A letalidade por FHD se manteve em torno de
5% no período de 2000-2003.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivo
Controlar a ocorrência da doença através do combate ao mosquito trans-
missor.
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DENGUE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
DENGUE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Noticação
É doea de noticão compulsória e de investigação obrigatória, prin-
cipalmente quando se trata dos primeiros casos de DC diagnosticados em
uma área, ou quando se suspeita de FHD. Os óbitos decorrentes da doença
devem ser investigados imediatamente.
Denão de caso
Suspeito - Dengue Clássico - Paciente que tenha doea febril aguda com
durão máxima de 7 dias, acompanhada de, pelo menos, dois dos se-
guintes sintomas: cefaléia, dor retroorbital, mialgia, artralgia, prostração,
exantema. Am desses sintomas, o paciente deve ter estado, nos últimos
quinze dias, em área onde esteja ocorrendo transmissão de dengue ou
tenha a presença de Aedes aegypti.
Febre Hemorrágica do Dengue - Paciente que apresenta também mani-
festações hemorrágicas, variando desde prova do laço positiva até fe-
menos mais graves, como hematêmase, melena e outros. A ocorrência de
pacientes com manifestões hemorrágicas, acrescidas de sinais e sinto-
mas de choque cardiovascular (pulso arterial no e rápido ou ausente,
diminuão ou auncia de pressão arterial, pele fria e úmida, agitão),
leva à suspeita de síndrome de choque (SCD).
Conrmado - Dengue Clássico - O caso conrmado laboratorialmente.
No curso de uma epidemia, a conrmação pode ser feita através de critérios
clínico-epidemiológicos, exceto nos primeiros casos da área, que deverão ter
conrmação laboratorial.
Febre Hemorrágica do Dengue - É o caso em que todos os critérios abai-
xo estão presentes: Febre ou história de febre recente de 7 dias ou menos;
Trombocitopenia (< 100.000/mm
3
); Tendências hemorrágicas evidencia-
das por um ou mais dos seguintes sinais: prova do laço positiva, petéquias,
equimoses ou púrpuras e sangramentos de mucosas, do trato gastrointesti-
nal e outros; Extravasamento de plasma devido ao aumento de permeabili-
dade capilar, manifestado por: hematócrito apresentando um aumento de
20% sobre o basal, na admissão; ou queda do hematócrito em 20%, após
o tratamento; ou presença de derrame pleural, ascite e hipoproteinemia;
Conrmação laboratorial especíca. SCD: é o caso que apresenta todos os
critérios de FHD mais evidências de choque.
Medidas de controle
As medidas de controle se restringem ao vetor Aedes aegypti, uma vez que
não se tem ainda vacina ou drogas antivirais especícas. O combate ao
vetor deve desenvolver ações continuadas de inspeções domiciliares, eli-
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 95
96 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
DENGUE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 97
DENGUE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
minão e tratamento de criadouros, priorizando atividades de educação
em saúde e mobilizão social. A nalidade das ações de rotina é manter a
infestão do vetor em níveis incompatíveis com a transmissão da doea.
Em situações de epidemias deve ocorrer a intensicão das ações de con-
trole, prioritariamente a eliminação de criadouros e o tratamento focal.
Am disso, deve ser utilizada a aplicação espacial de inseticida a Ultra
Baixo Volume - UBV, ao mesmo tempo em que se reestrutura as ações de
rotina. Em fuão da complexidade que envolve a prevenção e o controle
da dengue, o programa nacional estabeleceu dez componentes de ão,
sendo eles: Vigincia epidemiológica; Combate ao vetor; Assistência aos
pacientes; Integrão com a ateão básica (PACS/PSF); ões de sanea-
mento ambiental; Ações integradas de educão em saúde, comunicão
e mobilizão; Capacitão de recursos humanos; Legislão de apoio ao
programa e Acompanhamento e avalião. Estes componentes de ação, se
convenientemente implementados, contribuirão para a estruturação de
programas permanentes, integrados e intersetoriais, características essen-
ciais para o enfrentamento desse importante problema de saúde pública.
96 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
DENGUE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 97
DENGUE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
QUADRO 1. SINAIS DE ALERTA DE DENGUE HEMORRÁGICO.
Dor abdominal intensa e contínua
Vômitos persistentes
Hepatomegalia dolorosa
Derrames cavitários (pleural e/ou abdominal)
Prova do laço positiva*, pequias, púrpura, hematomas,
Gengivorragia, epistaxe ou metrorragias
Sangramentos importantes
Hipotensão arterial
Hipotensão postural
Diminuição de diurese
Agitão ou letargia
Pulso rápido e fraco
Extrem idades frias e cian os e
Diminuição brusca de temperatura corpórea, associada à sudorese
Taquicardia intensa e lipotímia
Pacientes que apresentarem um ou mais dos sinais de alerta, acompanhados
de evidências de Hemoconcentração (Quadro 2) e Plaquetopenia, devem ser
reidratados e permanecer sob observação médica até melhora do quadro.
PROVA DO LAÇO
Colocar o tensiômetro no braço do paciente e insuar o manguito, man-
tendo-o entre a Tensão Arterial dia (corresponde à média aritmética
da TA sistólica e TA diastólica) durante 3 minutos. Vericar se aparecem
petéquias abaixo do manguito. A prova é positiva se aparecerem 20 ou mais
petéquias no braço em área correspondente a uma polpa digital (±2,3 cm
3
).
QUADRO 2. DIAGNÓSTICO DE HEMOCONCENTRÃO.
Valores de referência antes do paciente ser submetido a reidratação:
HEMATÓCRITO: Crianças até 12 anos – Hto > 38%
Mulheres – Hto > 40%
Homens – Hto > 45%
Índice hematócrito/hemoglobina: >3,5 (indicador de
hemoconcentrão simples e prático. Obm-se dividindo-se
o valor do hematócrito pelo da hemoglobina)
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 99
DIFTERIA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doença transmissível aguda, toxi-infecciosa, causada por bacilo toxigênico
que freqüentemente se aloja nas amígdalas, na faringe, na laringe, no nariz
e, ocasionalmente, em outras mucosas e na pele. A manifestação cnica típi-
ca é a presença de placas pseudomembranosas branco-acinzentadas ade-
rentes que se instalam nas amígdalas e invadem estruturas vizinhas (Forma
faringoamigdaliana ou faringotonsilar - angina diftérica). Essas placas
podem se localizar na faringe, laringe (laringite diftérica) e fossas nasais
(rinite diftérica), e menos freqüentemente na conjuntiva, na pele, no con-
duto auditivo, na vulva, no pênis (pós-circuncisão) e no cordão umbilical.
A doença se manifesta por comprometimento do estado geral do paciente,
com prostração e palidez; a dor de garganta é discreta, independentemente
da localizão ou quantidade de placas existentes, e a febre normalmente
não é muito elevada (37,5-38,5°C).Nos casos mais graves, há intenso edema
do pescoço e aumento dosnglios linfáticos dessa área (pescoço taurino) e
edema periganglionar nas cadeias cervicais e submandibulares. Dependen-
do do tamanho e localização da placa pseudomembranosa, pode ocorrer
asxia mecânica aguda no paciente, o que muitas vezes exige imediata tra-
queostomia para evitar a morte. O quadro clínico produzido pelo bacilo
não-toxigênico também determina a formação de placas características,
embora não se observe sinais de toxemia ou a ocorrência de complicações.
Entretanto, as infecções causadas pelos bacilos não-toxigênicos têm impor-
ncia epidemiológica por disseminar o Corynebacterium diphtheriae. Os
casos graves e intensamente tóxicos são denominados de difteria hipertó-
xica (maligna) e apresentam, desde o início, importante comprometimento
do estado geral, placas com aspecto necrótico e pescoço taurino.
Sinonímia
Crupe.
Agente etiológico
Corynebacterium diphtheriae, bacilo gram-positivo, produtor da toxina
diftérica, quando infectado por um fago.
Reservatório
O homem, doente ou portador assintomático.
Difteria
CID 10: A36
15
98 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 99
DIFTERIA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Modo de transmissão
Contato direto da pessoa doente ou do portador com pessoa suscetível
(gotículas de secreção eliminadas por tosse, espirro ou ao falar). A trans-
missão por objetos recém contaminados com secreções do doente ou de
lesões em outras localizações é pouco freqüente.
Peodo de incubão
De 1 a 6 dias, podendo ser mais longo.
Peodo de transmissibilidade
Em média até duas semanas após o início dos sintomas. A antibioticote-
rapia adequada erradica o bacilo diftérico da orofaringe, de 24 a 48 horas
após a sua introdução, na maioria dos casos. O portador crônico não
tratado pode transmitir a infecção por seis meses ou mais e é extrema-
mente importante na disseminação da doea.
Complicações
Miocardite, neurites periféricas, nefropatia xica, insuciência renal aguda.
Diagnóstico
Isolamento e identicação do bacilo, mesmo sem as provas de toxigenici-
dade, associados ao quadro clínico e epidemiológico.
Diagnóstico diferencial
Angina de Paul Vicent, rinite e amigdalite estreptocócica, rinite silítica,
corpo estranho em naso e orofaringe, angina monocítica, laringite estri-
dulosa, epiglotite aguda. Para o diagnóstico diferencial da difteria cutânea,
considerar impetigo, eczema, ectima, úlceras.
Tratamento
a) Especíco - Soro-antidifrico (SAD), medida terapêutica de grande va-
lor que tem a nalidade de inativar a toxina circulante o mais rapidamente
possível e possibilitar a circulação de excesso de anticorpos para neutrali-
zar a toxina produzida pelo bacilo. Sua administração tem que ser o mais
precoce possível, pois não tem ação sobre a toxina já impregnada no tecido.
Fazer prova de sensibilidade e a dessensibilização, quando necessária.
Esquema de administrão: a) Formas leves (nasal, cutânea, amigdalia-
na): 40.000UI, EV; b) Formas laringoamigdalianas ou mistas: 60.000
- 80.000UI, EV; c) Formas graves ou tardias: 80.000-120.000UI, EV.
Antibioticoterapia (medida auxiliar ao SAD) - eritromicina, 40-50mg/kg/dia
(dose máxima de 2g/dia), em 4 doses, VO, durante 14 dias ou; penicilina G
cristalina, 100.000-150.000UI/Kg/dia, em frações iguais de 6/6 horas, EV,
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DIFTERIA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 101
DIFTERIA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
durante 14 dias ou; penicilina G procaína, 50.000U/Kg/dia (dose xima de
1.200.000UI/dia), em duas frações iguais de 12/12 horas, IM, durante 14 dias.
b) Tratamento de suporte - Repouso, manutenção do equilíbrio hidroeletro-
tico, nebulização, aspiração freqüente de secreções. A carnitina (até 5 dias do
início da doença) tem sido indicada para prevenir formas graves de miocardite
na dose de 100mg/Kg/dia (ximo de 3g/dia), em duas frações (12/12 horas)
ou três frações (8/8 horas) por VO. Insuciência respiratória – de acordo com
o quadro, há indicação de traqueostomia. Em algumas situações (comprometi-
mento respiratório alto, casos leves e moderados de laringite) pode-se usar de-
xametasona como medida anti-edematosa. Miocardite repouso absoluto no
leito, restrição de sódio, diuréticos, cardiotônicos. Polineurite - sintoticos.
Insuciência renal aguda - tratamento conservador, diálise peritoneal.
Caractesticas epidemiológicas
É mais freqüente a ocorncia da doea em áreas com baixas condições
cio-econômicas e sanitárias, onde a aglomerão de pessoas é maior.
Comumente, estas áreas apresentam baixa cobertura vacinal e, portanto
não é obtido impacto no controle da transmissão da doea. No Brasil, o
número de casos vem decrescendo progressivamente (640 em 1990 e 50
em 2002), em decorrência do aumento da cobertura pela vacina DTP. A
letalidade esperada varia de 5 a 10%, atingindo 20% em certas situões,
no Brasil nos últimos anos foi de 8,6%, 18,8% e 22%, em 2000, 2001 e
2002, respectivamente.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Detectar casos e prevenir surtos mediante adoção de mediadas de contro-
les pertinentes.
Noticação
Doença de noticação compulsória e de investigação imediata e obrigaria.
Denão de caso
Suspeito - Toda pessoa que, independente da idade e estado vacinal, apre-
senta quadro agudo de infecção da orofaringe, com presença de placas
aderentes ocupando as amígdalas, com ou sem invasão de outras áreas da
faringe (palato e úvula), ou em outras localizações (ocular, nasal, vaginal,
pele, etc), com comprometimento do estado geral e febre moderada.
Conrmado - a) Critério Laboratorial - Todo caso suspeito com isola-
mento do Corynebacterium diphtheriae com ou sem provas de toxigeni-
cidade positiva;
100 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
DIFTERIA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 101
DIFTERIA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
b) Critério Epidemiológico - Todo caso suspeito de difteria com resultado de
cultura negativo ou exameo realizado, mas que seja comunicante de um ou-
tro caso conrmado laboratorial ou clinicamente; ou com resultado de cultura
negativo ou exame não realizado, mas que seja comunicante íntimo de indiví-
duo no qual se isolou Corynebacterium diphtheriae (portador sadio).
c) Critério Clínico - Quando for observado: placas comprometendo pila-
res ou úvula, além das agdalas; placas suspeitas na traquéia ou laringe;
simultaneamente, placas em agdalas, toxemia importante, febre baixa
desde o icio do quadro e evolução, em geral, arrastada; miocardite ou
paralisia de nervos periféricos, que pode aparecer desde o início dos sinto-
mas sugestivos de difteria ou até semanas após;
d) Critério Anatomopatológico (Necrópsia) - Quando a necrópsia com-
provar: placas comprometendo pilares ou úvula, além das amígdalas;
placas na traquéia e/ou laringe.
e) Morte s-clínica compatível - Óbito de paciente em curso de trata-
mento de amigdalite aguda e no qual se constata miocardite.
Medidas de controle
A medida mais segura e efetiva é a imunização adequada da população
com toxóide diftérico.
Esquema vacinal básico - Os menores de um ano deverão receber 3 doses
da vacina combinada DTP+Hib (contra difteria, tano e coqueluche e
infeões graves causadas pelo Haemophilus inuenzae), a partir dos 2
meses de idade com intervalo de pelo menos 30 dias entre as doses (o ideal
é intervalo de dois meses).
De seis a doze meses após a terceira dose, a criança deverá receber o 1º reforço
com a vacina DTP (tríplice bacteriana), sendo que o reforço deverá ser aplica-
do de 4 a 6 anos de idade. A vacina DTP o deve ser aplicada em crianças com 7
anos ou mais de idade. A vacina DTPa (tríplice acelular) é indicada em situações
especiais e deve-se observar as recomendões do Minisrio da Saúde.
As criaas com sete anos ou mais, adultos e idosos não vacinados ou
sem comprovação de vacinão prévia devem receber ts doses da vaci-
na dT (dupla adulto), com intervalo de pelo menos 30 dias entre as doses
(o ideal é intervalo de dois meses). Se comprovar esquema de vacinação
incompleto, aplicar as doses necessárias para completar o esquema vaci-
nal preconizado.
Vacinação de bloqueio - Após a ocorrência de um ou mais casos de difteria,
deve-se vacinar todos os contatos não vacinados, inadequadamente vacinados
DIFTERIA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ou com estado vacinal desconhecido. Nos comunicantes, adultos ou crianças,
que receberam há mais de cinco anos o esquema básico ou dose(s) de reforço,
deverá ser administrada uma dose de reforço de DTP (em crianças menores
de 7 anos) ou de dT (em crianças com 7 anos ou mais e adultos).
Controle de comunicantes - Coletar material de naso e orofaringe e de
lesão de pele dos comunicantes, a m de realizar cultura de Corynebacte-
rium diphtheriae. Os comunicantes cujo resultado da cultura for positivo
deveo ser reexaminados para conrmar se são portadores ou caso de
difteria. Todos os comunicantes susceptíveis deverão ser mantidos em
observão durante 7 dias contados a partir do momento da exposição.
O soro anti-diftérico o deve ser administrado com nalidade prolática.
Quimioprolaxia dos portadores - Tem indicação restrita e deve-se obser-
var as recomendações constantes no Guia de Vigilância Epidemiológica.
Isolamento - Persistir em isolamento até que duas culturas de exsudato de
naso e orofaringe sejam negativas (colhidas 24 e 48 horas após a suspensão
do tratamento).
Desinfeão - Concorrente e terminal.
Vacinação após a alta - A doea não confere imunidade e a proteção
conferida pelo Soro Anti-Difrico (SAD) é temporária e de curta duração
(em dia duas semanas), portanto, todos os casos devem ser vacinados
de acordo com os esquemas preconizados, após alta hospitalar.
102 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
DIFTERIA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doença parasitária que se manifesta sob várias formas: aguda, indeter-
minada e crônica. Fase aguda: quando aparente, é caracterizada por uma
miocardite, na maioria das vezes traduzível eletrocardiogracamente.
As manifestações gerais são de febre (pouco elevada), mal-estar geral,
cefaléia, astenia, hiporexia, edema, hipertroa de linfonodos, hepato-es-
plenomegalia, meningoencefalite (rara). Pode apresentar sinal de porta de
entrada aparente: Sinal de Romaña (edema ocular bipalpebral unilateral)
ou Chagoma de Inoculação (lesão cutânea semelhante a um furúnculo que
não supura). Passada a fase aguda aparente ou inaparente, o indivíduo per-
manece na Forma indeterminada: infecção assintomática, que pode nunca
se evidenciar clinicamente ou se manifestar anos ou décadas mais tarde da
infeção inicial. As Formas crônicas com expressão clínica podem ser:
a) Cardíaca - Que é a mais importante forma de limitação ao doente chagási-
co e a principal causa de morte. Pode apresentar-se sem sintomatologia, mas
com alterações eletrocardiográcas (principalmente bloqueio completo de
ramo direito), ou ainda como ndrome de insuciência cardíaca progressiva,
insuciência cardíaca fulminante, ou com arritmias graves e morte súbita.
Seus sinais e sintomas são: palpitação, dispnéia, edema, dor precordial, disp-
néia paroxística noturna, tosse, tonturas, desmaios, acidentes embólicos,
extrassistolias, desdobramento de segunda bulha, sopro sistólico, hipofonese
de segunda bulha e sopro sistólico. As principais alterações eletrocardiográ-
cas são: bloqueio completo do ramo direito (BCRD), hemibloqueio anterior
esquerdo (HBAE), bloqueio AV do primeiro, segundo e terceiro graus, extras-
sístoles ventriculares, sobrecarga de cavidades cardíacas, alterações da repola-
rização ventricular, dentre outras. O Rx de tórax revela cardiomegalia;
b) Digestiva - Alterões ao longo do trato digestivo, ocasionadas por
lesões dos plexos nervosos (destruão neuronal simpática), com conse-
qüentes alterações da motilidade e morfologia, sendo o megaesôfago e o
megacólon as manifestões mais comuns. No megaesôfago, observa-se
disfagia (sintoma mais freqüente e dominante), regurgitação, epigastral-
gia ou dor retroesternal, odinofagia (dor à deglutão), soluço, ptialismo
(excesso de salivão), emagrecimento (podendo chegar a caquexia), hi-
pertroa das patidas. No megacólon: constipação intestinal (instalação
Doença de Chagas
CID 10: B57
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DOENÇA DE CHAGAS - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 105
lenta e insidiosa), meteorismo, distensão abdominal, fecaloma. As altera-
ções radiológicas são importantes no diagnóstico da forma digestiva;
c) Forma mista - Quando o paciente associa a forma cardíaca com a diges-
tiva, podendo apresentar mais de um mega;
d) Formas nervosas e de outros megas - São aventadas, mas não pare-
cem ser manifestações importantes da doea;
e) Forma connita - Os sinais clínicos são a hepatomegalia e esplenome-
galia, presente em todos os casos, icterícia, equimoses e convules decor-
rentes da hipoglicemia. Não há relato de ocorrência de febre.
Sinonímia
Tripanosomíase Americana.
Agente etiológico
É o Trypanosoma cruzi, protozoário agelado da ordem Kinetoplastida,
família Trypanosomatidae, caracterizado pela presea de um agelo e
uma única mitondria. No sangue dos vertebrados, o Trypanosoma cruzi
se apresenta sob a forma de trypomastigota e, nos tecidos, como amastigo-
tas. Nos invertebrados (insetos vetores), ocorre um ciclo com a transfor-
mação dos tripomastigotas sangüíneos em epimastigotas, que depois se
diferenciam em trypomastigotas metacíclicos, que são as formas infectan-
tes acumuladas nas fezes do inseto.
Reservatórios
Além do homem, mamíferos domésticos e silvestres têm sido naturalmente
encontrados infectados pelo Trypanosoma cruzi, tais como: gato, cão, porco
doméstico, rato de esgoto, rato doméstico, macaco de cheiro, sagüi, tatu,
gambá, cuíca, morcego, dentre outros. Epidemiologicamente os mais im-
portantes são aqueles que coabitam ou estão muito próximos do homem,
como o cão, o rato, o gambá, o tatu, e até mesmo o porco doméstico, encon-
trado associado com espécies silvestres na Amazônia. As aves e animais de
“sangue frio” (lagartos, sapos, outros) são refratários à infecção.
Vetores
Triatoma infestans, Triatoma brasiliensis, Panstrongylus megistus, Triato-
ma pseudomaculata, Triatoma sordida, dentre outros.
Modo de transmissão
A natural ou primária é a vetorial, que se dá através das fezes dos triato-
neos (“barbeiros” ou “chupões”), que defecam após o repasto. A trans-
missão transfusional ganhou grande imporncia em virtude da migração
de indivíduos infectados para áreas urbanas com ineciente sistema de
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DOENÇA DE CHAGAS - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 105
controle das transfues de sangue. Transmissão congênita ocorre, mas
muitos dos conceptos têm morte prematura.
Peodo de incubão
De 5 a 14 dias após a picada do vetor, quando existe sintomatologia. Por
transfuo, o período é mais longo, de 30 a 40 dias. As formas crônicas se
manifestam mais de dez anos após a infecção inicial.
Peodo de transmissibilidade
A maioria dos portadores do T. cruzi alberga o parasito no sangue e nos
tecidos por toda a vida. Entretanto, a infeão só passa de pessoa a pessoa
através do sangue (transfusão ou placenta).
Complicações
Na fase aguda: miocardite, ICC grave e meningoencefalite. Na fase crôni-
ca: fenômenos tromboembólicos devido a aneurisma de ponta do coração.
Esofagite, fístulas e alterações pulmonares (reuxo), em conseqüência do
megaesôfago. Volvos, torções e fecalomas, devido a megacólon.
Diagnóstico
Clínico-epidemiológco e/ou laboratorial. Os exames especícos podem
ser parasitológicos para identicação do T. cruzi no sangue periférico:
pelo método de Strout, exame a fresco, gota espessa, esfregaço corado,
creme leucocitário, xenodiagnóstico; ou sorológicos: hemaglutinação indi-
reta, imunouorescência, ELISA.
Diagnóstico diferencial
Na fase aguda: febre tifóide, leishmaniose visceral, esquistossomose
mansônica aguda, mononucleose infecciosa, toxoplasmose, dentre ou-
tras doenças febris. A miocardite crônica deve ser diferenciada de outras
cardiopatias. Os megas devem ser diferenciados dos megas por outras
etiologias. A forma congênita pode ser confundida, principalmente, com
lis e toxoplasmose. A meningoencefalite chagásica diferencia-se da to-
xoplásmica pela sua localização fora do núcleo da base e pela abundância
do T. cruzi no LCR.
Tratamento
Depende das formas da doença: se for congênita ou aguda (transmissão
vetorial ou por transfusão), o tratamento especo pode ser feito com
o benzonidazol, na dose de 8mg/kg/dia VO (adultos ou crianças) por 60
dias; ou com nifurtimox, em adultos, 8-12mg/kg/dia, VO (adultos ou
criaas) em intervalos de 8/8 horas, durante 60 a 90 dias. O tratamento
sintomático é feito com as mesmas drogas das outras cardiopatias: car-
DOENÇA DE CHAGAS - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
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DOENÇA DE CHAGAS - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 107
diotônicos, diuréticos, antiarrítmicos, vasodilatadores, dentre outros.
Por vezes, é necessária a colocão de marcapasso. Nas formas digestivas,
pode-se indicar tratamento conservador (dietas, laxativos, lavagens) ou
cirurgias, na dependência do estágio da doença.
Caractesticas epidemiológicas
Parasitose exclusiva do continente americano. No Brasil, a transmiso
já chegou a atingir 36% do território, correspondendo a mais de 2.450
municípios, que se estendiam desde o Maranhão ao Rio Grande do Sul
(calculou-se cerca de 5 miles de brasileiros infectados na década de 70).
A principal via de transmissão era vetorial, nas áreas rurais. As medidas
de controle dos insetos vetores proporcionaram a virtual eliminação da
principal escie vetora (T. infestans), diminuindo signicativamente a
incidência das infeões. Recentemente, a transmissão transfusional vem
ganhando imporncia nos grandes centros urbanos.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Detectar todos os casos agudos para adoção de medidas de controle;
realizar inquéritos sorológicos em escolares, em locais selecionados para
conhecimento de áreas de transmissão ativa; controlar a transmiso
vetorial; impedir a transmissão transfusional; e impedir a expano da
doea para áreas indenes.
Noticação
Os casos agudos, seja por transfusão ou por transmissão vetorial, são de
noticação compulsória, que deve ser seguida de investigação epidemio-
gica.
Denão de caso
a) Forma aguda - Indivíduo no período inicial da doea, sintomático ou
assintomático, com parasitemia e porta de entrada demonstrável ou não;
b) Forma indeterminada - Indivíduo infectado sem manifestações clí-
nicas, eletrocardiográcas ou radiológicas do tórax e aparelho digestivo,
diagnosticado através de dois exames sorológicos com técnicas diferentes
ou um exame parasitológico positivo;
c) Forma cardíaca - Indivíduo com miocardiopatia e dois ou mais exames
sorológicos diferentes positivos, ou um exame parasitológico;
d) Forma digestiva - Paciente com algum tipo de mega e dois exames
sorológicos ou um exame parasitológico positivo;
DOENÇA DE CHAGAS - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
106 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
DOENÇA DE CHAGAS - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 107
e) Forma mista - Paciente com algum tipo de mega e dois exames soroló-
gicos ou um exame parasitológico positivo;
f) Forma connita - Rem-nascido, lho de mãe chagásica, com hepa-
toesplenomegalia, parasito no sangue peririco e/ou reações sorológicas
que detectam IgM.
Medidas de controle
Da transmissão vetorial, faz-se através da melhoria ou substituição das
habitações que propiciam a domiciliação dos barbeiros”, ou do contro-
le químico do vetor (uso regular e sistemático de inseticidas de poder
residual intra e peridomiciliar). A transmissão transfusional deve ser evita-
da através da scalizão do controle da qualidade do sangue transfundido,
o que é feito pela triagem sorológica dos doadores. O controle da transmis-
são em laboratório deve ser feito através do rigoroso uso das normas de
biosseguraa. Não existe forma de prevenção da forma congênita.
108 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 109
DOENÇA DE LYME - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Zoonose transmitida por carrapatos e causada por uma espiroqueta (Borre-
lia burgdorferi), caracterizada por pequena lesão cutânea, expansiva, única
ou múltipla, do tipo mácula ou pápula de coloração avermelhada no local
em que o carrapato sugou o sangue, denominada de eritema crônico migra-
tório (EM). É um importante marcador clínico para a suspeita diagnóstica
e alerta à vigincia epidemiológica. À medida em que a área de rubor se
expande até 15cm (limites de 3 a 68cm) a lesão assume característica anelar,
quente e raramente dolorosa. Dias após o estabelecimento do EM, mani-
festações clínicas iniciais como mal-estar, febre, cefaléia, rigidez de nuca,
mialgias, artralgias migratórias e linfadenopatias, podem estar presentes.
Podem durar várias semanas, nos casos em que o tratamento não é insti-
tuído, e semanas ou meses após, podem surgir manifestações neurológicas
(15% dos casos) como meningite asséptica, encefalite, coréia, neurite de pa-
res craneanos (incluindo a paralisia facial bilateral), radiculoneurite motora
e sensorial. O padrão usual é a meningoencefalite utuante, com paralisia
de nervo craneano. Cerca de 8% dos pacientes desenvolvem comprome-
timento cardíaco com bloqueio atrioventricular, miopericardite aguda e
evidências de disfunção ventricular esquerda. Cerca de 60% dos pacientes,
após semanas a 2 anos do inicio da doença, podem desenvolver artrite fran-
ca, em geral caracterizada por crises intermitentes de edema e dor articular
assimétricos, em especial nas grandes articulações.
Sinonímia
Borreliose de Lyme; meningopolineurite por carrapatos, artrite de Lyme,
eritema migratório.
Agente etiológico
Borrelia burgdorferi.
Reservatório
Carrapatos do gênero Ixodes (Ixodes scapularis, I. ricinus, I. pacicus).
Modo de transmissão
Pela picada das ninfas do carrapato, que cam aderidas à pele do hospe-
deiro para sucção de sangue por 24 horas ou mais. o ocorre transmiso
inter-humana e é incomum a transmissão materno-fetal.
Doença de Lyme
CID 10: A69.2
17
108 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 109
DOENÇA DE LYME - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Peodo de incubão
Varia de 3 - 32 dias, (média 7 - 14 dias) e vai desde a exposição ao carrapato-vetor
a o aparecimento do eritema crônico migratório. Se não houver a lesão cu-
nea na fase inicial, ainda assim a doença pode se manifestar anos mais tarde.
Peodo de transmissibilidade
Ocorre durante toda a vida do vetor infectado.
Complicações
A doença poderá cursar com grave envolvimento neurológico, cardíaco
e articular.
Diagnóstico
O diagnóstico da doença de Lyme baseia-se na identicação dos aspectos clíni-
cos da doença em paciente com relato de possível exposição (epidemiológico)
ao microorganismo causal, associados com testes laboratoriais. A cultura para
isolamento da B.burgdorferi é denitiva, mas raramente é bem sucedida a par-
tir de sangue do paciente, ocorrendo em aproximadamente 50% dos casos em
material de biópsia da lesão (EM). A sorologia por ELISA e imunouorescência
indireta são os métodos mais utilizados pois os títulos de anticorpos IgM espe-
cícos em geral alcançam o máximo em 3 a 6 semanas. Este anticorpo exibe
reação cruzada com outras espiroquetas, inclusive o Treponema pallidum, mas
os pacientes com doença de Lyme não mostram resultado positivo no VDRL. O
Western Blot é valioso quando se suspeita de ELISA falso-positivo. A reação em
cadeia da polimerase (PCR) é empregada para detecção do DNA da espiroqueta
em material do hospedeiro. Como estas técnicas não estão bem padronizadas,
a interpretação dos testes deve ser cautelosa, pois pacientes que recebem trata-
mento precoce podem apresentar sorologia negativa. A sensibilidade das provas
aumenta na fase mais tardia da doença em pacientes queo foram tratados.
Diagnóstico diferencial
Meningite asséptica, mononucleose infecciosa, febre reumática, artrite
reumatóide, lupus eritematoso sistêmico, cardites, encefalites, uveítes,
artrites de outras etiologias.
Tratamento
Em adultos, os antibióticos de eleição são: doxiciclina 100mg (2 vezes ao dia)
por 15 dias ou amoxicilina 500mg (4 vezes ao dia) por 15 dias; se as lesões
forem disseminadas, prolongar o tratamento por 3 a 4 semanas. Em crianças,
com menos de 9 anos de idade, administra-se amoxicilina 50mg/kg/dia, fra-
cionadas em 3 doses diárias, por três semanas. Nas manifestações neurológi-
cas (meningites) usar penicilina G cristalina 20 milhões UI/dia, fracionadas
em 6 doses endovenosas diárias ou ceftriaxona, 2g/dia, por 3 a 4 semanas.
Em indivíduos alérgicos à penicilina, usar eritromicina 30mg/kg/dia por 3
110 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
DOENÇA DE LYME - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
semanas. As artrites também respondem a tratamento com doxiciclina ou
amoxicilina acrescidos de 500mg de probenecida por 4 semanas. Nos pacien-
tes tratados precocemente com antibióticos orais, o eritema crônico migrató-
rio desaparece de imediato e as principais complicações tardias (miocardite,
meningoencefalite e artrite recidivante), geralmente não ocorrem.
Caractesticas epidemiológicas
Embora os casos da doença estejam concentrados em certas áreas endêmicas,
os focos da doença de Lyme encontram-se amplamente distribuídos nos Esta-
dos Unidos, Europa e Ásia. No Brasil, os estados de São Paulo, Santa Catarina,
Rio Grande do Norte e Amazonas têm relatado casos isolados da doença.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Detecção de casos suspeitos ou conrmados, visando a instituição de trata-
mento precoce para evitar as complicações comuns à doença, além da identi-
cação de focos, através da investigação, para o desencadeamento de medidas
de educação em saúde, com vistas a impedir a ocorrência de novas infecções.
Noticação
Por ser doença rara em território brasileiro, caracteriza-se como agravo inusi-
tado, sendo portanto, de noticação compulsória e investigação obrigatória.
Denão de caso
A presença do eritema crônico migratório associado a quadro clínico e
epidemiológico sugestivo, reforça a suspeita clínica. Sendo doença inco-
mum no país e com manifestações cnicas bastante variadas, não tem
ainda denição de caso padronizada.
Medidas de controle
Investigação epidemiogica com busca ativa de casos e vericação da extensão
da área onde os carrapatos transmissores estão presentes (delimitação dos fo-
cos). Ações de educação em saúde sobre o ciclo de transmiso para impedir que
novas infecções ocorram. Orientar moradores, transeuntes e/ou trabalhadores
de áreas infestadas para adoção de medidas de proteção do corpo com roupas
claras de mangas compridas, uso de repelentes nas partes descobertas da pele e
nas bordas das roupas. Observação freqüente da pele em busca da presença dos
transmissores e eliminação imediata dos mesmos. A retirada dos carrapatos
deve ser feita tendo as os protegidas (luvas ou sacos psticos), uso de pinças
com trações suaves e constantes, evitando-se o maceramento do corpo do ar-
trópode ou a permanência de seu aparelho bucal na pele do indivíduo. Alertar
a comunidade sobre os danos da doença. Os casos suspeitos e/ou conrmados
devem ser tratados obedecendo ao esquema de antibioticoterapia preconizado.
As medidas para redução das populações de carrapatos em animais não têm
sido efetivas. Nãoindicação de isolamento dos pacientes.
110 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
DOENÇA DE LYME - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Doenças Diarréicas Agudas
CID 10: A00 A A09
18
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 111
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Síndrome causada por vários agentes etiológicos (bactérias, vírus e parasitas),
cuja manifestação predominante é o aumento do número de evacuações,
com fezes aquosas ou de pouca consistência. Com freqüência, é acompanha-
da de mito, febre e dor abdominal. Em alguns casos, há presença de muco
e sangue. No geral, é auto-limitada, com duração entre 2 e 14 dias. As formas
variam desde leves até graves, com desidratação e distúrbios eletrolíticos,
principalmente quando associadas à desnutrição prévia. Dependendo do
agente, as manifestações podem ser decorrentes de mecanismo secretório
provocado por toxinas, ou pela colonização e multiplicação do agente na
parede intestinal, levando à lesão epitelial e, a mesmo, à bacteremia ou sep-
ticemia. Alguns agentes podem produzir toxinas e, ao mesmo tempo, invasão
e ulceração do epitélio. Os vírus produzem diarréia auto-limitada, havendo
complicações quando o estado nutricional está comprometido. Os parasitas
podem ser encontrados isolados ou associados (poliparasitismo) e a manifes-
tação diarréica pode ser aguda, intermitente ou não ocorrer.
Agentes etiológicos
a) Bactérias - Staphyloccocus aureus, Campylobacter jejuni, Escherichia coli
enterotoxigênica, Escherichia coli enteropatogênica, Escherichia coli enteroin-
vasiva, Escherichia coli enterohemorrágica, Salmonelas, Shigella desinteriae,
Yersínia enterocolítica e Vibrio cholerae.
b) Vírus - Astrovírus, Calicivírus, Adenovírus entérico, Norwalk, Rotaví-
rus grupos A, B e C.
c) Parasitas - Entamoeba histolytica, Cryptosporidium, Balatidium coli,
Giardia lamblia e Isospora bell.
Reservatório, modo de transmiso, período de incubão, e
transmissibilidade
Especos para cada agente etiológico.
Complicações
Em geral, são decorrentes da desidratão e do desequilíbrio hidro-eletro-
lítico. Quando não são tratadas adequada e precocemente, podem levar ao
óbito. Nos casos crônicos ou com epidios repetidos, acarretam desnu-
trição crônica, com retardo do desenvolvimento estato-ponderal.
DOENÇAS DIARRÉICAS AGUDAS - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
112 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
DOENÇAS DIARRÉICAS AGUDAS - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 113
Diagnóstico
Em geral, clínico. Quando necessários, são feitos exames parasitológicos
de fezes e culturas de vírus e bactérias.
Diagnóstico diferencial
Em geral, pode ser feito entre os agentes causadores das diarias atra-
s dos exames especos. Quando ocorrem vários casos associados entre
si (surtos), para o diagstico etiológico de um ou mais casos, ou da fonte
de infeão, utiliza-se também o critério clínico-epidemiológico.
Tratamento
A terapêutica indicada é a hidratação oral, através do sal de reidratação oral
(SRO), que simplicou o tratamento e vem contribuindo signicativamente
para a diminuição da mortalidade por diarréias. O esquema de tratamento
independe do diagnóstico etiológico, já que o objetivo da terapêutica é
reidratar ou evitar a desidratação. O esquema terapêutico não é rígido, ad-
ministrando-se líquidos e o SRO de acordo com as perdas. Se houver sinais
de desidratação, administrar soro de reidratação oral, de acordo com a sede.
Inicialmente, a criança de até 12 meses deve receber de 50 a 100ml e 100 a
200 ml para aquelas acima de 12 meses. Após a avaliação, recomenda-se o
aumento da ingestão de líquidos como soro caseiro, sopas e sucos; manter a
alimentação habitual, em especial o leite materno e corrigir eventuais erros
alimentares. Persistindo os sinais de desidratação e se o paciente vomitar,
deve-se reduzir o volume e aumentar a freqüência da administração; man-
ter a criança na unidade de saúde até a reidratação. O uso de sonda nasogás-
trica-SNG é indicado apenas em casos de perda de peso após as 2 primeiras
horas de tratamento oral, de vômitos persistentes, de distensão abdominal
com ruídos hidroaéreos presentes ou de diculdade de ingestão. Nesses ca-
sos, administrar 20 a 30ml/kg/hora de SRO. Só se indica hidratação paren-
teral quando houver alteração da consciência, vômitos persistentes, mesmo
com uso de sonda nasogástrica, a criança não ganha ou perde peso com a
hidratação por SNG e na presença de íleo paralítico. Os antimicrobianos
devem ser utilizados apenas na disenteria e nos casos graves de cólera (vide
capítulo especíco). Quando há identicação de trofozoítos de G. lamblia
ou E. hystolitica, é recomendado o Metronidazol, 15 e 30mg/kg/dia, respec-
tivamente, dividido em 3 doses, por 5 dias.
Caractesticas epidemiológicas
Importante causa de morbi-mortalidade no Brasil e em países subdesen-
volvidos. Têm incidência elevada e os epidios são freqüentes na inncia,
particularmente em áreas com precárias condões de saneamento básico.
DOENÇAS DIARRÉICAS AGUDAS - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
112 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
DOENÇAS DIARRÉICAS AGUDAS - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 113
O SRO diminui a letalidade por essas doeas, mas a morbidade ainda é
importante causa de desnutrão e do retardo de crescimento.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Monitorar a incidência das diarréias visando a atuar em situações de sur-
tos; e manter contínuas atividades de educação em saúde com o propósito
de diminuir sua incidência e letalidade.
Noticação
Não é doença de noticação compulsória em virtude da sua elevada freqü-
ência. A vigilância é feita pela monitorização das doenças diaricas agu-
das que consiste no registro de dados mínimos dos doentes (residência,
idade, plano terapêutico) em unidades de saúde.
Denão de caso
Indivíduo que apresentar fezes cuja consisncia revele aumento do conte-
údo líquido (pastosas, aquosas), com maior número de dejeções diárias e
durão inferior a 2 semanas.
Medidas de controle
Melhoria da qualidade da água, destino adequado de lixo e dejetos, controle
de vetores, higiene pessoal e alimentar. Educação em saúde, particularmen-
te em áreas de elevada incidência. Locais de uso coletivo, tais como colégios,
creches, hospitais, penitenciárias, que podem apresentar riscos maximiza-
dos quando as condições sanitárias não são adequadas, devem ser alvo de
orientações e campanhas especícas. Ocorrências em crianças de creches
devem ser seguidas de precauções entéricas, além de reforçadas as orienta-
ções às manipuladoras e às mães. Considerando a importância das causas
alimentares nas diarréias das crianças pequenas, é fundamental o incentivo
à prorrogação do tempo de aleitamento materno, comprovadamente uma
prática que confere elevada proteção a esse grupo populacional.
114 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
DOENÇA MENINGOCÓCICA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 115
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
A doença meningocócica, em geral, apresenta-se com um quadro grave, a
exemplo de septicemia (meningococcemia), caracterizada por mal-estar
súbito, febre alta, calafrios, prostração, acompanhada de manifestações
hemorrágicas na pele (petéquias e equimoses); e, ainda, sob a forma de
meningite, com ou sem meningococcemia, de início súbito, com febre,
cefaléia intensa, náuseas, vômitos e rigidez de nuca, além de outros sinais de
irritação meníngea. O paciente pode apresentar-se consciente, sonolento,
torporoso ou em coma. Os reexos superciais e osteotendinosos estão pre-
sentes e normais. Outra apresentação é a meningoencefalite, onde ocorre
depressão sensorial profunda, sinais de irritação meníngea e comprometi-
mento dos reexos superciais e osteotendinosos. relatos na literatura
que a doença meningocócica também pode se apresentar sob a forma de
uma doença benigna, caracterizada por febre e bacteremia, simulando uma
infecção respiratória, quase sempre diagnosticada por hemocultura.
Sinal de Kernig - Paciente em decúbito dorsal: eleva-se o tronco, etindo-o
sobre a bacia; há exão da perna sobre a coxa e dessa sobre a bacia; ou com
o paciente em decúbito dorsal: eleva-se o membro inferior em extensão,
etindo-o sobre a bacia após pequena angulação, há exão da perna oposta
sobre a coxa. Essa variante chama-se, também, manobra de Laségue.
Sinal de Brudzinski - Flexão involuntária da perna sobre a coxa e dessa
sobre a bacia, ao se tentar ante-etir a cabeça.
Delírio e coma podem surgir no início da doença, ocorrendo, às vezes,
casos fulminantes, com sinais de choque. É frequente o aparecimento
de exantema purrico ou hemorrágico, podendo apresentar-se sob a
forma de petéquias. Lactentes raramente apresentam sinais de irritão
meníngea, o que leva a necessidade de se observar febre, irritabilidade ou
agitão, grito meníngeo e recusa alimentar, acompanhados ou não de -
mitos, convules e abaulamento da fontanela. A meningococcemia pode
ou não vir acompanhada de meningite.
Agente etiológico
Neisseria meningitidis, bactéria em forma de diplococos Gram negativos.
Apresenta 13 sorogrupos, sendo 8 responsáveis, com maior freqüência,
Doença Meningocócica
CID 10: A39
19
114 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
DOENÇA MENINGOCÓCICA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 115
pela doença meningocica (A, B, C1+, C1-, X, Y, W-135,L). Estes podem
ainda ser classicados em sorotipos e subtipos.
Reservatório
O homem doente ou portador assintomático.
Modo de transmissão
Contato íntimo de pessoa a pessoa, através de gotículas das secreções da
nasofaringe. O principal transmissor é o portador assintomático.
Peodo de incubão
De 2 a 10 dias, em média de 3 a 4 dias.
Peodo de transmissibilidade
Dura enquanto houver o agente na nasofaringe. Em geral, após 24 horas de
antibioticoterapia, o meningococo já desapareceu da orofaringe.
Complicações
Necroses profundas com perda de tecido nas áreas externas, onde se
iniciam as equimoses; surdez, artrite, miocardite, pericardite, paralisias,
paresias, abcesso cerebral, hidrocefalia, dentre outras.
Diagnóstico
Através do isolamento da Neisseria menigitidis do sangue ou líquor.
O LCR pode se apresentar turvo, com cor leitosa ou xantocrômica. A
bioquímica evidencia glicose e cloretos diminuídos (concentração de
glicose inferior a 50% da glicemia, coletada simulneamente ao quor)
proteínas elevadas (acima de 100mg/dl) e pleiocitose aumento do número
de leucócitos, predominando polimorfonucleares neutrólos). A contra-
imuno-eletroforese (CIE) é reagente, a bacterioscopia evidencia a presen-
ça de diplococos gram negativo, e a cultura isola a Neisseria meningitidis.
Nas meningococcemias, o leucograma apresenta-se com milhares de leu-
citos, havendo predomincia de neutrólos, e desvio para a esquerda,
a hemocultura é positiva. O raspado das lees de pele pode ser cultivado
para identicão do agente. Outros exames que podem ser utilizados
para identicão do meningococo são a pesquisa de antígenos no líquor,
xão do látex, ELISA ou radioimunoensaio. A reação de polimerase em
cadeia (PCR) para o diagstico tem sido utilizada, apresentando elevada
sensibilidade e especicidade.
Diagnóstico diferencial
Meningites e meningoencefalites em geral, principalmente as purulentas;
encefalites, febre purrica brasileira, septicemias.
DOENÇA MENINGOCÓCICA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
116 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
DOENÇA MENINGOCÓCICA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 117
Tratamento
Penicilina G cristalina, 300.000 a 500.000UI/kg/dia, com dose máxima de
24.000.000 UI/dia, IV, fracionadas em 3/3 ou 4/4 horas, durante 7 a 10 dias;
ampicilina, 200 a 400mg/Kg/dia, ano máximo de 15g/dia, IV, fracionadas
em 4/4 ou 6/6 horas, durante 7 a 10 dias. Em casos de alergia, usar cloranfe-
nicol, na dose de 50 a 100 mg/kg/dia, IV, fracionadas em 6/6 horas.
Caractesticas epidemiológicas
É a meningite de maior imporncia para a saúde pública, por se apresen-
tar sob a forma de ondas epidêmicas que podem durar de 2 a 5 anos. Tem
distribuão universal e casos ocorrem durante todo o ano (forma endê-
mica). O Brasil viveu uma grande epidemia de doença meningocócica na
primeira metade da década de 70. Nos anos 80 e 90, elevão da incidência
tem sido localizada, atingindo várias cidades brasileiras. Os principais
sorogrupos, no Brasil, são o B e C. O sorogrupo A não circula no país
desde a cada de 70. O diagstico precoce e a qualidade da assistência
contribuem para a redução da letalidade.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Diagnóstico e tratamento precoce dos casos, visando à redução da letalida-
de. Acompanhamento da tendência para a adoção das medidas de controle.
Noticação
É de noticão compulsória e investigão imediata.
Denão de caso
a) Suspeito - Todo paciente com sinais e sintomas de meningite (febre,
cefaléia, vômitos, rigidez de nuca, sonolência, convules). Menores de
um ano, em geral, não apresentam rigidez de nuca, mas sim abaulamento
de fontanela;
b) Conrmado - A conrmação é feita através de exame laboratorial
(fundamental para se saber a etiologia das meningites visando subsidiar a
vigilância epidemiológica), seja do LCR ou do sangue ou através critério
clínico-epidemiológico.
Medidas de controle
Quimioprolaxia: é feita em contatos íntimos do doente (pessoas que
residem no mesmo domicílio, ou que compartilham o mesmo dormitório
em internatos, quartéis, creches). A droga de escolha é a rifampicina, na
dose 600 mg, VO, de 12/12 horas, durante 2 dias (dose máxima total de
DOENÇA MENINGOCÓCICA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
116 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
DOENÇA MENINGOCÓCICA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 117
2.400mg), para adultos. Crianças de 1 mês até 10 anos, administrar 10mg/
kg/dose em 4 tomadas, com intervalos de 12/12 horas, sendo a dose má-
xima de 600mg. Rem-nascidos, 5mg/kg/dose de 12/12 horas, em 4 to-
madas (dose máxima de 600g). A quimioprolaxia não garante proteção
absoluta. Na prática, não se faz pesquisa de portador assintomático, mas
a quimioprolaxia dos contatos elimina parte deles, pois a maioria dos
casos se contamina com portadores de convívio íntimo. As vacinas contra
meningites conferem proteção durante um tempo limitado e são sorogru-
po especícas, não induzindo a imunidade cruzada. Sua indicão está na
dependência da análise da situão epidemiológica de cada área e do soro-
grupo responsável pela elevação dos casos. Não está disponível na rotina
dos serviços de saúde, cando seu uso condicionado a partir da decisão de
ts instâncias: municipal, estadual e federal, após a identicão do(s)
sorogrupo(s) predominante(s) em cada área. O isolamento do paciente
se faz durante as primeiras 24 horas de tratamento, com o antibiótico
indicado. Desinfeção concorrente e terminal deverá ser feita em relação
às secreções nasofaríngeas e aos objetos contaminados por elas. O pacien-
te deve receber quimioprolaxia antes da alta, pois a antibioticoterapia
venosa nem sempre elimina as N. meningitidis da orofaringe.
118 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
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DONOVANOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doea bacteriana, de evolução progressiva e crônica, de localizão ge-
nital, podendo ocasionar lees granulomatosas e destrutivas. A doença
inicia-se por lesão nodular, única ou múltipla, de localizão subcutânea,
que eclode produzindo ulceração bem denida, que cresce lentamente, é
indolor e sangra com facilidade. A partir daí, as manifestações estão dire-
tamente ligadas às respostas tissulares do hospedeiro, originando formas
localizadas ou externas e até mesmo lees viscerais, por disseminão
hematogênica. A observão do polimorsmo das manifestões levou à
proposão da classicação clínica de Jardim:
a) Genitais e perigenitais que são divididas em ulcerosas, subdivididas
em: Com bordas hipertrócas e com bordas planas; ulcerovegetantes;
vegetantes e elefantiásicas;
b) Extragenitais, e;
c) Sistêmicas - Geralmente, as formas ulcerosas são de maior dimensão;
apresentam bordas planas ou hipertrócas, abundante secreção, e crescem,
por expansão, através de auto-inoculação. Nas formas ulcerovegetantes
(forma clínica mais encontrada), há um abundante tecido de granulação no
fundo da lesão, ultrapassando o contorno lesional. As lesões vegetantes, de
observação pouco freqüente, são habitualmente de pequenas dimensões e
bem delimitadas, desprovidas de secreções. As manifestações elefantiásicas
ocorrem, quase sempre, após formas ulcerativas, secundárias às alterações
linfáticas que as acompanham. As localizações extra-genitais são raras e po-
dem resultar de práticas sexuais não usuais ou da extensão do foco inicial,
por auto-inoculação, sendo esta última mais freqüente. Há predileção pelas
regiões de dobras e região perianal. Não há adenite na donovanose, embora
raramente possam se formar pseudobubões (granulações subcutâneas) na
região inguinal, quase sempre unilaterais. relatos de localização nas gen-
givas, axilas, parede abdominal, couro cabeludo e outros. A forma sistêmica
da doença é encontrada, geralmente, em áreas endêmicas, podendo ocorrer
manifestações ósseas, articulares, hepáticas, esplênicas, pulmonares e ou-
tras. Em portadores de aids, a donovanose assume uma evolução clínica
atípica, com aparecimento de novas lesões, expansão das pré-existentes e
persistência da positividade bacteriológica em resposta ao tratamento.
Donovanose
CID 10: A58
20
118 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 119
DONOVANOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Sinonímia
Granuloma venéreo, granuloma tropical, úlcera serpiginosa, úlcera ve-
reo-crônica, granuloma inguinal.
Agente etiológico
Calymmatobacterium granulomatis (Klebsiella granulomatis, Donovania gra-
nulomatis), descrito em 1913, por 2 brasileiros, Aragão e Vianna.
Reservatório
O homem.
Modo de transmissão
Provavelmente por contato direto com lesões, durante a atividade sexual.
Entretanto, sua transmissão ainda é assunto controvertido. A ocorrência
em crianças e pessoas sexualmente inativas e a variedade da doença em par-
ceiros sexuais de pacientes com lesões abertas são dados que se contrapõem
ao estabelecimento denitivo da transmissão sexual exclusiva da doença.
Peodo de incubão
Relatos registram de 3 dias a 6 meses.
Peodo de transmissibilidade
Desconhecido, provavelmente enquanto há lees abertas na pele e/ou
membranas mucosas.
Complicações
As formas vegetantes, elefantiásicas e sismicas podem ser consideradas
como complicações da donovanose.
Diagnóstico
É laboratorial. Demonstrão dos corsculos de Donovan em esfregaço
de material proveniente de lesões suspeitas ou cortes tissulares, corados
com Giemsa ou Wright.
Diagnóstico diferencial
Cancro mole, principalmente na sua forma fagedênica, lis secundária,
condiloma acuminado, carcinoma espinocelular, leishmaniose e paracoc-
cidioidomicose.
Tratamento
Doxiciclina 100 mg, VO, de 12/12 horas, até a cura clínica (no nimo por
3 semanas); ou Sulfametoxazol / Trimetoprim (160 mg e 800 mg), VO, de
12/12 horas, até a cura clínica (no nimo por 3 semanas); ou Ciprooxacina
750mg, VO, de 12/12 horas, até a cura clínica; ou Tianfenicol granulado, 2,5
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DONOVANOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 121
DONOVANOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
g, VO, dose única, no primeiro dia de tratamento; a partir do segundo
dia, 500 mg, VO, de 12/12 horas, até a cura clínica; ou Eritromicina
(estearato) 500mg, VO, de 6/6 horas, até a cura clínica (no mínimo 3
semanas).Tianfenicol granulado, 2,5g, em dose única, VO, no primeiro
dia de tratamento, e a partir do segundo dia, 500mg, VO, de 12/12 horas
até a cura clínica; Tetraciclina, 500mg, VO, de 6/6 horas, durante 30 a 40
dias até a cura clínica.
Observação - Não havendo resposta na aparência da lesão nos primeiros dias
de tratamento com a ciprooxacina ou a eritromicina, recomenda-se adicionar
um aminoglicosídeo, como a gentamicina 1mg/kg/dia, EV, de 8 em 8 horas.
Recomendões - O critério de cura é o desaparecimento da lesão; as
seqüelas deixadas podem exigir corrão cirgica; devido à baixa infec-
tividade, não se faz o tratamento do(s) parceiro(s) sexual(is). Na gravidez,
a doea é de baixa incidência. Não foi relatada infeão congênita resul-
tante de infeão intra ou anteparto no feto. A gestante deve ser tratada
com estereato de eritromicina, 500mg, VO, de 6/6 horas, até a cura clínica
(no mínimo, por ts semanas); ou tianfenicol, 0,5g, VO, de 8/8 horas,
por 14 dias.
Caractesticas epidemiológicas
A doença apresenta maior prevalência nas regiões sub-tropicais, sendo
mais freqüente em negros. Afeta igualmente homem e mulher, embora
existam publicões conitantes sobre esse aspecto. Habitualmente, a
doea é mais freqüente entre os 20 e 40 anos.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivo
Interromper a cadeia de transmissão através da detecção e tratamento
precoces dos casos (fontes de infeão).
Noticação
Não é doença de noticão compulria nacional. Os prossionais
de saúde devem observar as normas e procedimentos de noticão e
investigação de estados e municípios.
Medidas de controle
Interrupção da cadeia de transmiso pela triagem e referência dos pa-
cientes com DST e seus parceiros para diagstico e terapia adequados.
Aconselhamento (condencial): orientões ao paciente, fazendo com que
ele discrimine as posveis situões de risco presentes em suas práticas se-
xuais; desenvolva a perceão quanto à importância do seu tratamento e
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DONOVANOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 121
DONOVANOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
de seus parceiros sexuais e promoção de comportamentos preventivos.
Promoção do uso de preservativos: método mais ecaz para a redução do
risco de transmissão do HIV e outras DST.
Convite aos parceiros para aconselhamento e promoção do uso de pre-
servativos (deve-se obedecer aos princípios de conabilidade, ausência de
coerção e proteção contra a discriminação).
Educão em saúde, de modo geral.
Observão - As associações entre diferentes DST o freqüentes, des-
tacando-se, atualmente a relação entre a presença de DST e aumento do
risco de infecção pelo HIV, principalmente na vigência de úlceras genitais.
Desse modo, se o prossional estiver capacitado a realizar aconselhamen-
to, pré e s-teste para deteão de anticorpos anti-HIV, quando do diag-
stico de uma ou mais DST, deve ser oferecida essa opção ao paciente.
Portanto, toda doença sexualmente transmissível constitui-se em
evento sentinela para busca de outra DST e possibilidade de associação
com o HIV. É necessário, ainda, registrar que o Ministério da Saúde vem
implementando a “abordagem sindmica” aos pacientes de DST, visando
aumentar a sensibilidade no diagnóstico e tratamento dessas doenças,
para alcançar maior impacto no seu controle.
122 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 123
ENTEROBÍASE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Infestação intestinal causada por helmintos. Pode cursar assintotica ou apre-
sentar, como característica principal, o prurido retal, freqüentemente noturno,
que causa irritabilidade, desassossego, desconforto e sono intranqüilo. As esco-
riações provocadas pelo ato de coçar podem resultar em infecções secundárias
em torno do ânus, com congestão na região anal, ocasionando inamação com
pontos hemorrágicos, onde se encontram freqüentemente fêmeas adultas e
ovos. Sintomas inespecícos do aparelho digestivo são registrados, como -
mitos, dores abdominais, tenesmo, puxo e, raramente, fezes sanguinolentas.
Outras manifestações, como vulvovaginites, salpingites, ooforite e granulomas
pelvianos ou heticos, têm sido registradas esporadicamente.
Sinonímia
Oxiuríase, caseira.
Agente etiológico
Enterobius vermicularis, nematódeo intestinal.
Reservatório
O homem.
Modo de transmissão
São diversos os modos de transmiso
a) Auto-infecção externa ou Direta - Do ânus para a cavidade oral, atra-
s dos dedos, principalmente nas criaas, doentes mentais e adultos
com precários hábitos de higiene;
b) Indireta - Ovos presentes na poeira ou alimentos atingem o mesmo
hospedeiro que os eliminou;
c) Heteroinfeão - Os ovos presentes na poeira ou alimentos atingem um
novo hospedeiro;
d) Retroinfestação - Migração das larvas da região anal para as regiões su-
periores do intestino grosso chegando até o ceco, onde se tornam adultas;
e) Auto-infecção interna - processo raro no qual as larvas eclodem ainda
dentro do reto e depois migrariam até o ceco, transformando-se em ver-
mes adultos;
Enterobíase
CID 10: B80
21
122 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 123
ENTEROBÍASE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Peodo de incubão
O ciclo de vida do parasito dura de 2 a 6 semanas. A sintomatologia apare-
ce quando existe um grande mero de vermes resultante de infestações
sucessivas, que ocorre alguns meses depois da infestação inicial.
Peodo de transmissibilidade
Dura enquanto as fêmeas grávidas expulsam ovos na pele perianal, que
permanecem infectantes por uma ou duas semanas fora do hospedeiro.
Complicações
Salpingites, vulvo vaginites, granulomas pelvianos. Infecções secundárias
às escoriações.
Diagnóstico
Em geral, clínico, devido ao prurido caractestico. O diagstico labo-
ratorial reside no encontro do parasito e de seus ovos. Como dicilmente
é conseguido nos parasitológicos de fezes de rotina, sendo achado casual
quando o parasitismo é muito intenso, deve-se pesquisar diretamente na
região perianal, o que deve ser feito pelo método de Hall (swab anal) ou
pelo método de Graham (ta gomada), cuja colheita é feita na rego anal,
seguida de leitura em microscópio. Também podem ser pesquisados em
material retirado de unhas de criaas infectadas, que oferecem alto ín-
dice de positividade.
Diagnóstico diferencial
Moléstias do aparelho digestivo, vulvovaginites.
Tratamento
Pamoato de pirvínio, 10mg/kg, VO, dose única. Mebendazol, 100mg, 2
vezes ao dia, durante 3 dias consecutivos. Essa dose independe do peso
corporal e da idade. Albendazol, 10mg/kg, VO, dose única, até no máximo
de 400mg. Todas as 3 drogas são contra-indicadas em gestantes.
Caractesticas epidemiológicas
Distribuição universal, afetando pessoas de todas as classes sociais. É uma das
helmintíases mais freqüentes na infância, inclusive em países desenvolvidos,
sendo mais incidente na idade escolar. É importante ressaltar que, em geral,
afeta mais de um membro na família, o que tem repercussões no seu controle,
que deve ser dirigido a pessoas que vivem no mesmo domicílio. Não provoca
quadros graves nem óbitos, porém causa repercussões no estado de humor
dos infectados pela irritabilidade ocasionada pelo prurido, levando a baixo
rendimento, em escolares.
124 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
ENTEROBÍASE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Diagnosticar e tratar para evitar o baixo rendimento escolar e a irritabi-
lidade dos indivíduos infectados. Desenvolver atividades de educão em
saúde, particularmente de hábitos pessoais de higiene. Para ns de vigi-
ncia e de controle, o tratamento deve ser feito em todo o grupo familiar
ou que coabita o mesmo domicílio, visando evitar as reinfestações.
Noticação
Não é de noticão compulsória.
Denão de caso
a) Suspeito - Paciente com prurido anal;
b) Conrmado - Paciente com presença de ovos de Enterobius vermicula-
res, com ou sem prurido anal.
Medidas de controle
Orientar a população em hábitos de higiene pessoal, particularmente o
de lavar as os antes das refeições, após o uso do sanitário, após o ato
de se coçar e quando for manipular alimentos. Manter as unhas aparadas
rente ao dedo para evitar acúmulo de material contaminado. Evitar coçar
a região anal desnuda e evitar levar as mãos à boca. Eliminar as fontes
de infecção através do tratamento do paciente e de todos os membros da
família. Troca de roupas de cama, de roupa interna e toalhas de banho,
diariamente, para evitar a aquisição de novas infeões pelos ovos deposi-
tados nos tecidos. Manter limpas as instalações sanitárias.
124 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
ENTEROBÍASE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Escabiose
CID 10: B86
22
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 125
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Parasitose da pele causada por um ácaro cuja penetração deixa lesões em
forma de vesículas, pápulas ou pequenos sulcos, nos quais ele deposita seus
ovos. As áreas preferenciais da pele onde se visualizam essas lesões são: re-
giões interdigitais, punhos (face anterior), axilas (pregas anteriores), região
peri-umbilical, sulco interglúteo, órgãos genitais externos nos homens. Em
crianças e idosos, podem também ocorrer no couro cabeludo, nas palmas e
plantas. O prurido é intenso e, caracteristicamente, maior durante a noite,
por ser o período de reprodução e deposição de ovos.
Sinonímia
Sarna, pereba, curuba, pira
Agente etiológico
Sarcoptes scabiei.
Reservatório
O homem.
Modo de transmissão
Contato direto com doentes, roupa de cama de doente, relações sexuais.
O ácaro pode perfurar e penetrar na pele em, aproximadamente, 2,5
minutos. Os doentes com sarna norueguesa são altamente infectantes,
possuindo grande quantidade do ácaro nas escamas da pele.
Peodo de incubão
De 1 dia a 6 semanas.
Peodo de transmissibilidade
Durante todo o período de doença. São necessários, geralmente, dois ci-
clos de tratamento, com intervalo de uma semana.
Complicações
Infecções secundárias pela coçadura”, que, quando causada pelo strep-
tococo ß hemolítico, pode levar à glomerulonefrite. Em pacientes imuno-
comprometidos, há risco de se estender como uma dermatite generalizada,
com intensa descamão. Essa forma também pode ocorrer em idosos, nos
quais o prurido é menor ou não existe. A forma intensamente generalizada é
denominada de sarna norueguesa.
126 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
ESCABIOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 127
Diagnóstico
Clínico e/ou com visualizão do ácaro, à microscopia pelo raspado ou
biópsia de pele.
Tratamento
Ivermectina, dose única, VO, obedecendo à escala de peso corporal (15 a 24kg
- 1/2 comprimido; 25 a 35kg - 1 comprimido; 36 a 50kg - 1 1/2 comprimido; 51 a
65kg - 2 comprimidos; 65 a 79kg - 2 1/2 comprimidos; 80 kg ou mais, 3 compri-
midos ou 200µg/kg), a dose pode ser repetida após uma semana. Permetrima a
5% em creme, uma aplicação à noite, por 6 noites, ou deltametrina, em loções
e shampoos, uso diário por 7 a 10 dias. Enxofre a 10% diluído em petrolatum
deve ser usado em mulheres grávidas e crianças abaixo de 2 anos de idade.
Pode-se usar anti-histamínicos sedantes (dexclorfeniramina, prometazina),
para alívio do prurido. Havendo infecção secundária, utiliza-se antibiotico-
terapia sistêmica. Evitar a iatrogenia utilizando o escabicida repetidas vezes.
Considerar fracasso terapêutico a presença de sinais e sintomas após 2 semanas.
Se os sintomas reaparecerem após 4 semanas, considerar reinfestação.
Caractesticas epidemiológicas
Ocorre em qualquer lugar do mundo e está vinculada a hábitos de higiene. É
freqüente em guerras e em aglomerados populacionais. Geralmente, ocorre
sob a forma de surtos em comunidades fechadas ou em grupos familiares.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivo
Manter a doença sob controle, evitando surtos.
Noticação
Não é doea de noticão compulsória.
Medidas de controle
Tratamento do doente; lavar as roupas de banho e de cama com água
quente (pelo menos a 55°C); lavar com água quente todos os fômites dos
pacientes com sarna norueguesa; buscar casos na falia ou nos residen-
tes do mesmo domicílio do doente e tratá-los o mais breve possível. A
escabiose, raramente, vem como caso isolado, por esse motivo tratar as
pessoas que tiveram contato cutâneo com o doente.
Isolamento - Deve-se afastar o indivíduo da escola ou trabalho até 24 horas as
o término do tratamento. Em caso de paciente hospitalizado, recomenda-se o iso-
lamento a m de evitar surtos em enfermarias, tanto para outros doentes, quanto
para prossionais de saúde, especialmente em se tratando da sarna norueguesa.
O isolamento deve perdurar por 24/48 horas, as o início do tratamento.
126 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
ESCABIOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 127
Esquistossomose
CID 10: B65
23
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Infecção produzida por parasito trematódeo digenético, cuja sintomato-
logia clínica depende do estágio de evolução do parasito no hospedeiro.
A forma aguda pode ser assintomática ou apresentar-se como dermatite
urticariforme, acompanhada de erupção papular, eritema, edema e pru-
rido até 5 dias as a infeão. Com cerca de 3 a 7 semanas de exposição,
pode surgir o quadro de esquistossomose aguda ou febre de Katayama,
caracterizado por febre, anorexia, dor abdominal e cefaléia. Esses sinto-
mas podem ser acompanhados de diaria, náuseas, vômitos ou tosse seca,
ocorrendo hepatomegalia. Após 6 meses de infecção, há risco do quadro
clínico evoluir para esquistossomose crônica, cujas formas clínicas são:
Tipo I ou intestinal - Pode ser assintomática, ou caracterizada por diarréias
repetidas, muco-sanguinolentas, com dor ou desconforto abdominal.
Tipo II ou forma hepatointestinal - Diaria, epigastralgia, hepatomega-
lia, podendo ser detectadas nodulações à palpação do fígado.
Tipo III ou forma hepatoesplênica compensada - Hepatoesplenomegalia,
hipertensão portal com formação de varizes de esôfago.
Tipo IV ou forma hepatoesplênica descompensada - Formas mais graves,
fígado volumoso ou contraído devido à brose, esplenomegalia, ascite, va-
rizes de esôfago, hematêmase, anemia, desnutrão e hiperesplenismo. A
brose de Symmers é característica da forma hepatoesplênica. O apareci-
mento de formas grave está relacionado à intensidade da infeão.
Agente etiológico
Schistosoma mansoni, família Schistosomatidae.
Reservatório
O homem é o principal reservatório. Os roedores, primatas e marsupiais
são potencialmente infectados; o camundongo e hamster são excelentes
hospedeiros, não estando ainda determinado o papel desses animais na
transmiso.
Hospedeiro intermediário
No Brasil, são os caramujos do gênero Biomphalaria: B. glabrata, B. tena-
gophila, B. stramínea.
128 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
ESQUITOSSOMOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 129
ESQUITOSSOMOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Modo de transmissão
Os ovos do S. mansoni são eliminados pelas fezes do hospedeiro infectado
(homem). Na água, eclodem, liberando uma larva ciliada denominada
miracídio, que infecta o caramujo. As 4 a 6 semanas, abandonam o
caramujo, na forma de cercária, cando livres nas águas naturais. O con-
tato humano com águas infectadas pelas cercárias é a maneira pela qual o
indivíduo adquire a esquistossomose.
Peodo de incubão
Em média, 2 a 6 semanas após a infeão.
Peodo de transmissibilidade
O homem pode eliminar ovos viáveis de S. mansoni nas fezes a partir de 5
semanas após a infecção, durante muitos anos. Os caramujos infectados
eliminam cercárias durante toda a sua vida que é de, aproximadamente,
um ano. Quando Infectados, a durão média de vida dos caramujos di-
minui, podendo variar de semanas a meses.
Complicações
Fibrose hepática, hiperteno portal, insuciência hepática severa, he-
morragia digestiva, cor pulmonale. O comprometimento do sistema ner-
voso central e de outros órgãos, secundário ao desito ecpico de ovos.
Nos rins, pode ocorrer glomerulonefrite.
Diagnóstico
Além do quadro clínico-epidemiológico, deve ser realizado exame parasito-
lógico de fezes, através do método de Kato-Katz. A ultrassonograa hepática
auxilia o diagnóstico da brose de Symmers. A biopsia retal ou hepática, ape-
sar deo ser recomendada na rotina, pode ser de utilidade no diagnóstico.
Diagnóstico diferencial
A fase aguda tem como diagnóstico diferencial febre tifóide, brucelose,
mononucleose, tuberculose miliar. A forma intestinal tem como diag-
stico diferencial amebíase ou diaria por outros parasitos. As formas
graves, acompanhadas de hipertensão portal devem ser diferenciadas de
leishmaniose visceral, febre tifóide, leucemia, linfoma, hepatoma, esple-
nomegalia tropical, dentre outras patologias.
Tratamento
Como primeira escolha, tem-se o praziquantel, na dose de 60mg/kg, dose
única, em crianças até 15 anos. Em adultos, recomenda-se 50mg/kg, VO,
em adultos, dose única. Outra droga recomendada é o Oxamniquine, em
adultos, utilizar 15mg/kg, V.O, em dose única. Para crianças até 15 anos,
128 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
ESQUITOSSOMOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 129
ESQUITOSSOMOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
recomenda-se oxamniquine na dose de 20mg/kg. Tratamento de suporte
deve ser instituído para as diversas alterações.
Caractesticas epidemiológicas
É uma endemia mundial, ocorrendo em 72 países, principalmente, na Amé-
rica do Sul, África, Caribe e leste do Mediterneo. No Brasil, é considerada
uma endemia em franca expansão e já atinge 19 estados, estando presente,
de forma endêmica e focal, do Maranhão até Minas Gerais; com focos isola-
dos no Pará, Piauí, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Goiás,
Distrito Federal e Rio Grande do Sul. Possui baixa letalidade e as principais
causas de óbito estão relacionadas às formas clínicas graves.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Evitar a ocorrência de formas graves; reduzir a prevalência da infeão;
e impedir a expansão da endemia.
Noticação
É doença de noticão compulsória em áreas não endêmicas, mas deve-
se observar as normas estaduais e municipais.
Denão de caso
a) Suspeito - Indivíduo residente ou procedente de área endêmica, com
quadro clínico sugestivo e história de exposição a coleções dricas onde
existem caramujos eliminando cercárias.
b) Conrmado - Qualquer caso suspeito que apresente ovos viáveis de S.
mansoni nas fezes, ou comprovão através de biopsia retal ou hepática;
c) Descartado - Caso suspeito ou noticado sem conrmação laboratorial.
Medidas de controle
a) Controle dos portadores: Identicão e tratamento dos portadores de
S. mansoni, por meio de inquéritos coprospicos e quimioterapia espe-
ca visando impedir o aparecimento de formas graves, pela redução da
carga parasitária dos indivíduos;
b) Controle dos hospedeiros intermediários - pesquisa de coleções hí-
dricas, para determinação do seu potencial de transmiso, e tratamento
químico de criadouros de importância epidemiológica;
c) Modicão permanente das condões de transmissão - Educação
em saúde e mobilização comunitária, e saneamento ambiental nos focos de
esquistossomose.
130 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 131
ESTRONGILOIDÍASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doença parasiria intestinal, freqüentemente assintotica. As formas sinto-
ticas apresentam inicialmente alterações cutâneas, secundárias à penetração
das larvas na pele e caracterizadas por lesões urticariformes ou maculopapula-
res, ou por lesão serpiginosa ou linear pruriginosa migratória (larva currens).
A migração da larva pode causar manifestações pulmonares, como tosse seca,
dispnéia ou broncoespasmo e edema pulmonar (Síndrome de Löeffer). As
manifestações intestinais podem ser de média ou grande intensidade, com
diarréia, dor abdominal e atulência, acompanhadas ou o de anorexia, u-
sea,mitos e dor epigástrica, que pode simular quadro de úlcera péptica. Os
quadros de estrongiloidíase grave (hiperinfecção) se caracterizam por: febre,
dor abdominal, anorexia, náuseas,mitos, diarréias profusas, manifestações
pulmonares (tosse, dispnéia e broncoespasmos e, raramente, hemoptise e
angústia respiratória). No RX, pode-se observar até cavitação. Podem, ainda,
ocorrer infecções secunrias como: meningite, endocardite, sepse e peritonite,
mais freqüentemente por enterobactérias e fungos. Esses quadros, quando não
tratados conveniente e precocemente, podem atingir letalidade de 85%.
Agente etiológico
O helminto Strongiloides stercoralis.
Reservatório
O homem. Gatos, cães e primatas têm sido encontrados infectados.
Modo de transmissão
As larvas infectantes (larióides), presentes no meio externo, penetram através
da pele, no homem, chegando aos pulmões, traquéia, epiglote, atingindo o trato
digestivo, via descendente, onde desenvolve-se o verme adulto. A fêmea parasita é
ovovivípara e libera ovos larvados que eclodem ainda no intestino, liberando larvas
rabdiides (o infectantes), que saem através das fezes e podem evoluir, no meio
externo, para a forma infectante ou para adultos de vida livre, que, ao se acasalarem,
geram novas formas infectantes. Pode ocorrer, também, auto-endoinfecção, quan-
do as larvas passam a ser larióides no interior do pprio hospedeiro, sem passar
por fase evolutiva no meio externo. Auto-exoinfecção ocorre quando as larvas
larióides se localizam na região anal ou perianal, onde novamente penetram no
organismo do hospedeiro.
Estrongiloidíase
CID 10: B78
24
130 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 131
ESTRONGILOIDÍASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Peodo de incubão
Ocorre 2 a 4 semanas entre a penetração através da pele e o aparecimento
de larvas rabditóides nas fezes. O período para a manifestão dos primei-
ros sintomas é variado.
Peodo de transmissibilidade
Enquanto o homem portar larvas poderá transmití-las.
Complicações
ndrome de hiperinfecção; ndrome de Löeffer; edema pulmonar, no
paciente imunocomprometido, em uso de corticóides ou desnutridos,
pode haver superinfestão ou infecção oportunística. ndrome de má
absorção. Nas formas sistêmicas, pode ocorrer sepse, com evolução letal.
Diagnóstico
Parasitológico de fezes, escarro ou lavado gástrico através do Baermann-
Moraes. Em casos graves, podem ser utilizados testes imunológicos, como
ELISA, hemaglutinão indireta, imunouorescência indireta. O estudo
radiológico do intestino delgado auxília o diagstico.
Diagnóstico diferencial
Ascaridíase, giardíase, ancilostomíase, pneumonia, urticária, colecisti-
te, pancreatite, eosinolia pulmonar tropical. A larva currens deve ser
diferenciada da larva migrans, que é causada pela larva do Ancylostoma
brasiliensis e caninum.
Tratamento
Cambendazol, 5mg/kg, em dose única, via oral;
Tiabendazol, via oral, em rios esquemas terapêuticos - a) 25mg/kg/dia,
durante 5 a 7 dias. É um esquema muito utilizado; b) 50mg/kg/dia, em
dose única, à noite. Dose xima recomendada 0,3g; c) 10mg/dia, durante 30
dias. Esse esquema é recomendado para situões de auto-endoinfecção e
decit da imunidade celular;
Albendazol, 40 0mg/dia, durante 3 dias, não recomendado em gestantes.
Ivermectina, dose única, VO, obedecendo a escala de peso corporal (15
a 24 kg - 1/2 comprimido; 25 a 35 kg - 1 comprimido; 36 a 50 kg - 1 1/2
comprimidos; 51 a 65kg - 2 comprimidos; 65 a 79 kg - 2 1/2 comprimidos;
80 kg - 200 mg/kg).
Controle de cura
Três exames parasitológicos de fezes, após 7, 14 e 21 dias do tratamento.
132 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
ESTRONGILOIDÍASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Caractesticas epidemiológicas
A doença ocorre mais em regiões tropicais e subtropicais. No Brasil, há
variação regional em função da idade, difereas geográcas e cio-eco-
nômicas. Os estados que mais freqüentemente diagnosticam são Minas
Gerais, Amapá, Goiás e Rondônia.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Diagnosticar e tratar precocemente todos os casos para evitar as formas
graves.
Observão
Cuidado especial deve ser dado aos indivíduos que m algum tipo de
imunodecncia, para evitar a síndrome de hiperinfeão, na qual as
larvas ultrapassam a serosa intestinal, infectando diversos órgãos;
A observação de estrongiloidíase grave e de repetição requer avalião de
imunodecncia associada;
Os indivíduos que, por qualquer motivo, requeiram tratamento com
imunossupressores, devem ser avaliados criteriosamente e, se necessário,
tratados “quimioprolaticamente, antes de ser instituída a quimiotera-
pia imunossupressora.
Noticação
Não é doea de noticão compulsória.
Medidas de controle
Redução da fonte de infeão com tratamento sanitário adequado das fe-
zes e uso de caados. Quimioterapia em massa em comunidades com alta
endemicidade, apesar de ser preconizada por alguns autores, ainda o é
medida adotada por todos. Tratar animais domésticos infectados.
132 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
ESTRONGILOIDÍASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Febre Amarela
CID 10: A95
25
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Infecção viral, de gravidade variável, cujo quadro típico tem evolução bifásica
(período de infecção e de localização). O início é repentino com febre, calafrios,
cefaléia, mialgias, prostação, náuseas e vômitos, durando cerca de 3 dias; após
os quais se observa remissão da febre e melhora dos sintomas, dando sensação
de bem-estar aos pacientes durante algumas horas ou, no máximo, dois dias. O
período de localização caracteriza-se pela instalação de insuciência hetica
e renal. Surgem icterícia, manifestações hemorrágicas (hemamese, melena,
epistaxe, sangramento vestibular e da cavidade oral, entre outras), oligúria,
hematúria, albuminúria e prostração intensa. O pulso se torna lento, apesar
da temperatura elevada (sinal de Faget). As formas leves e moderadas se con-
fundem com outras viroses e são de difícil diagnóstico, necessitando-se de um
estudo da hisria epidemiológica para a suspeita diagnóstica.
Agente etiológico
É um vírus RNA. Vírus amarílico, arbovírus do gênero Flavivírus e famí-
lia Flaviviridae.
Reservatório
Da febre amarela urbana (FAU), é o homem. Da febre amarela silvestre
(FAS), são os macacos, sendo o homem um hospedeiro acidental.
Modo de transmissão
Na FAU, a transmissão se faz através da picada do Aedes aegypti. Na FAS,
pela picada de mosquitos silvestres do gênero Haemagogus e Sabethes.
Peodo de incubão
De 3 a 6 dias, após a picada do mosquito infectado.
Peodo de transmissibilidade
O sangue dos doentes é infectante 24 a 48 horas antes do aparecimento dos
sintomas até 3 a 5 dias após. O período de incubação no Aedes aegypti, que
se mantém infectado por toda a vida, é de 9 a 12 dias.
Diagnóstico
É baseado nos achados clínicos, epidemiológicos e laboratoriais. Diags-
tico Laboratorial.
a)Especíco - Sorológico - Ensaio imunoenzimático para cultura de anti-
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 133
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Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 135
FEBRE AMARELA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
corpos IgM (Mac-Elisa) - Realizado a partir de amostras de sangue coletados
após o dia de infecção, e na maioria dos casos requer somente uma amostra
de soro sendo possível realizar o diagnóstico presuntivo de infecção recente
ou ativa. É o método de escolha utilizado na rotina diagnóstica da FA. Outras
técnicas são utilizadas no diagnóstico sorológico, (porém requerem amostras
pareadas) a saber: Inibição de Hemaglutinação (IH); Teste de Neutralização
(N) e Fixação de Complemento(FC). Diagnóstico virológico - Isolamento
viral realizado a partir de amostras sangue, derivados ou tecidos coletados
nos primeiros 5 dias após o início da febre. Detecção de antígenos virais/e
ou ácido nucléico viral mediante os seguintes métodos: Reação em cadeia de
polimerase (PCR); Imunouorescência e Imunohistoquímica.
b) Inespecícos - Alterações laboratoriais - As formas leves e moderadas apre-
sentam quadro clínico autolimitado, o alterações laboratoriais importantes,
salvo por leucopenia, discreta elevão das transaminases (nunca superior a duas
vezes os valores normais encontrados) com discreta albuminúria caracterizada
por encontro de cilíndros hialinos no sedimento urinário. Nas formas graves
clássicas ou fulminantes podem ser encontradas as seguintes alterações: leuco-
penia com neutrolia e intenso desvio à esquerda. Em pacientes com infecção
secundária pode-se observar leucocitose com neutrolia. Trombocitopenia
(sendo comum valores de 50.000 plaquetas/c ou valores menores) aumento
dos tempos de protrombina, tromboplastina parcial e coagulação. Diminuição
dos fatores de coagulação sintetizados pelogado (II,V,VII,IX E X). Aumento de:
Transaminases (em geral acima de 1.000 UI); bilirrubinas (com predomínio da
bilirrubina direta); colesterol; fosfatase alcalina; Gama-GT; uréia e creatinina,
estas com valores (5 a 6 vezes ou a mais altos que os valores normais).
A conabilidade dos resultados dos testes laboratoriais dependem dos cuidados
durante a coleta, manuseio, acondicionamento e transporte das amostras.
Diagnóstico diferencial
As formas leves e moderadas são de difícil diagnóstico diferencial com
as doenças febris. As formas graves clássicas ou fulminantes devem ser
diferenciadas das hepatites graves fulminantes, leptospirose, malária por
P. falciparum, dengue hemorrágico e septicemias.
Tratamento
Os quadros clássicos e/ou fulminantes exigem internamento para adoção
de tratamento sintomático de suporte, de acordo com as manifestações e
evolução da doença.
Caractesticas epidemiológicas
A FAU não ocorre nas Américas desde 1954, sendo considerada erradicada
FEBRE AMARELA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
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Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 135
FEBRE AMARELA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
dos centros urbanos. Com a reinfestação dos países americanos, inclusive o
Brasil, com o Aedes aegypti existe o risco da doença se reurbanizar, com re-
percussões sociais e econômicas imprevisíveis. O número de casos da FAS tem
sido em torno de 100 a 200 por ano, na parte setentrional da América do Sul e
na Bacia Amazônica, com casos ocasionais em outros países do nosso conti-
nente. No Brasil, ocorrem casos da FAS nas regiões Norte e Centro-Oeste, em
áreas de mata onde existe a circulação do vírus amarílico. Embora o número
de casos seja relativamente pequeno (máximo de 83 e mínimo de 2 por ano,
na década de 90), a letalidade da doença é alta, variando entre 22,9 a 100%
dependendo das intervenções feitas, como no caso de uma vigilância ativa.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Impedir a reurbanizão da doença e manter a FAS sob controle.
Noticação
Doea de noticação compulsória internacional (deve ser comunicada
imediatamente, pela via mais rápida, às autoridades sanitárias) e que im-
põe a investigão epidemiológica de todos os casos.
Denão de caso
a) Suspeito - Todo paciente residente e/ou procedente de área endêmica para
febre amarela, com quadro clínico-sugestivo, e que, comprovadamente, não
tenha sido vacinado.
c) Conrmado - Todo paciente residente e/ou procedente de área endêmica
para febre amarela, com quadro clínico compatível, que apresenta diagnósti-
co laboratorial conrmado através de: isolamento de vírus; conversão soroló-
gica; teste de Mac-ELISA (IgM) positivo, exame histopatológico compatível
ou imunohistoquímica.
Medidas de controle
A principal medida de controle é a vacinão que confere proteção próxima a
100%. É administrada em dose única, com refoo a cada 10 anos, a partir dos seis
meses de idade, nas áreas endêmicas e para todas as pessoas que se deslocam para
essas áreas. Com a infestação do Aedes aegypti de grande parte dos munipios
brasileiros, foi ampliada a área em que a vacina anti-amarílica está sendo admi-
nistrada, na rotina do Programa Nacional de Imunização (todos os munipios
que pertencem às áreas enzticas e epizoóticas da infecção). O combate ao Aedes
aegypti, através deões de saneamento básico (principalmente coleta e destino
do lixo e aporte de água) e de educação em saúde (redução dos criadouros dos
mosquitos dispostos no meio ambiente: vasos, pneus, vasilhas descartáveis, etc),
constitui-se medida eciente na redução do risco de urbanização do vírus.
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Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 137
FEBRE MACULOSA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
A febre maculosa brasileira (FMB) é uma doença infecciosa febril aguda, de
gravidade variável, podendo cursar assintomática ou com sintomas frustos
até formas graves com elevada taxa de letalidade. É causada por uma bactéria
do gênero rickettsia, transmitida por carrapatos, caracterizando-se por ter
início brusco, com febre elevada, cefaléia, mialgia intensa e prostração, segui-
da de exantema culo-papular predominantemente nas regiões palmar e
plantar, que pode evoluir para petéquias, equimoses e hemorragias. As lesões
hemorrágicas têm tendência à conuência e à necrose, principalmente em -
bulos das orelhas, bolsa escrotal e extremidades. Edema de membros inferio-
res, hepatoesplenomegalia discreta e oligúria estão presentes nos casos mais
graves. Pacientes não tratados evoluem para um estado de torpor, confusão
mental, alterações psicomotoras, icterícia, convulsões e coma. Cerca de 80%
dos indivíduos, com forma grave, evoluem para óbito. A FMB pode ser de
difícil diagnóstico, sobretudo na fase inicial da doença, mesmo entre médicos
bastante experientes.
Sinonímia
Pintada, febre que pinta, febre chitada.
Agente etiológico
Rickettsia rickettsii, da família Rickettsiaceae, parasita intracelular obriga-
tório, com característica de bacria gram negativa.
Reservatório
No Brasil, o principal reservatório da Rickettsia rickettsii, são os carrapatos
da espécie Amblyomma (A. cajennense e A. cooperi), popularmente conhe-
cidos como “carrapato estrela”, “carrapato de cavalo” ou “rodoleiro”; as
ninfas por “vermelhinhos”, e as larvas por “micuins”. Entretanto, qual-
quer espécie de carrapato potencialmente poderá ser um reservatório da
R. rickettsi como é caso do Riphicephalus sanguineus (carrapato do cão).
Animais silvestres e domésticos podem ser hospedeiros acidentais e partici-
pariam do ciclo como transportadores do vetor.
Modo de transmissão
Adesão dos carrapatos infectados à pele do hospedeiro. Quanto maior o
Febre Maculosa Brasileira
CID 10: A77.0
26
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Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 137
FEBRE MACULOSA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
tempo de contato para sucção de sangue, maior é a possibilidade de trans-
missão do agente causal. A partir do carrapato infectado, outros podem
tornar-se infectados, através de transmiso vertical (transovariana), da
transmiso estádio-estádio (transestadial) ou transmissão através da
cópula. Não existe transmissão inter-humana.
Peodo de incubão
Dois a catorze dias (em média 7 dias).
Peodo de transmissibilidade
Os carrapatos infectados permanecem como vetor infectante durante
toda a vida, que em geral é de 18 meses.
Complicações
Alterações isquêmicas (tromboses e gangrenas), miocardite, insucncia
respiratória grave, insucncia renal aguda, hemorragias digestiva e ce-
rebral e sepsis.
Diagnóstico
Dados clínicos e epidemiológicos associados a achados laboratoriais re-
forçam o diagstico da doea. O método diagnóstico padrão é a reação
de imunouorescência indireta (RIFI) utilizando antígenos especícos
para R. rickettsii, e deve ser considerado como conrmatório nas amos-
tras únicas que apresentem títulos de 1/64 ou aumento de 4 vezes em
uma segunda amostra.colhida pelo menos duas semanas após a primeira
amostra. Outros métodos são, a reão em cadeia de polimerase (PCR) e
a imunohistoquimica.
Diagnóstico diferencial
Leptospirose, sarampo, febre tifóide, dengue, febre amarela, meningococ-
cemia, febre purpúrica brasileira, doença de Lyme , sepsis e enterovirose.
Tratamento
Nos casos suspeitos, o início imediato e precoce da antibioticoterapia,
antes mesmo da conrmação laboratorial tem assegurado uma melhor re-
cuperão dos pacientes. Em adultos, cloranfenicol 50mg/kg/dia, via oral,
divididas em 4 tomadas; ou tetraciclina 25-50mg/kg/dia, via oral, dividi-
das em 4 tomadas; ou doxiciclina 100mg de 12/12 horas, via oral. Manter o
esquema até 3 dias após o término da febre. Em criaas usar clorafenicol,
não ultrapassando 2g/dia, durante o mesmo período. A doxiciclina pode
ser usada acima dos 8 anos de idade na dose de 2 a 4mg/kg/dia, máximo
de 200mg/dia, em 2 tomadas, de 12/12 horas.
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FEBRE MACULOSA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 139
FEBRE MACULOSA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Caractesticas epidemiológicas
A doea se apresenta sob a forma de casos esporádicos em áreas rurais e
urbanas, relacionados com contato com carrapatos, sejam em atividades
de trabalho ou de lazer. Há relatos de epidemias com signicativo número
de casos e elevada letalidade. No Brasil são noticados casos nos estados
de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Bahia.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivo
Compreende a vigilância epidemiológica e ambiental dos vetores, reser-
vatórios e dos hospedeiros, e tem como objetivos: detectar e tratar pre-
cocemente os casos suspeitos visando a redução da letalidade; investigar
e controlar surtos, mediante adoção de medidas de controle; conhecer a
distribuão da doença segundo lugar, tempo e pessoa; identicar e inves-
tigar os locais prováveis de infecção (LPI); recomendar e adotar medidas
de controle e prevenção.
Noticação
É doea de noticão compulria, devendo ser informada pelo meio
mais pido disponível, e de investigação epidemiológica com busca ativa,
para evitar a ocorrência de novos casos e óbitos.
Denão de caso
a) Suspeito - Paciente com febre de início bito, mialgia e prostração
intensa, podendo haver um ou mais dos seguintes sinais ou sintomas:
cefaléia; exantema máculo-papular em regiões palmar e plantar; manifes-
tações hemorrágicas; e, história de picada de carrapatos e/ou de contato
com animais domésticos e/ou silvestres;
b) Conrmado - Todo caso suspeito com positividade da RIFI ou outra
cnica preconizada;
c) Conrmado clínico-epidemiologicamente - Todo caso suspeito que
apresente os sinais e sintomas clínicos, proveniente de região de ocorrên-
cia da doença, ou com história de ter tido contato recente com carrapato,
e que não se conrme outra enfermidade.
Medidas de controle
Alertar os prossionais da rede de serviços de saúde das áreas de ocor-
rência sobre os sinais e sintomas da doença e as orientações terapêuticas
e diagnósticas. Colher, de todo paciente suspeito, uma amostra de sangue
para encaminhar para exame laboratorial. Havendo carrapatos na pele do
doente coletá-los com luvas e pias, colocar em um vidro tampado com
138 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
FEBRE MACULOSA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 139
FEBRE MACULOSA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
gaze e encaminhar para laboratório de referência. Iniciar imediatamente
a investigação epidemiológica com busca ativa de casos suspeitos, colocar
a comunidade sob vigilância informando que aos primeiros sinais da
doea (febre, cefaia e mialgias) devem ser procurados os serviço de
saúde. Vericar a extensão da presença de carrapatos na área e orientar
a populão sobre a necessidade da retirada dos mesmos nos indivíduos
infestados (com luvas) já que a doença parece ocorrer com maior freqü-
ência em indivíduos que permanecem com o vetor no corpo por mais de
6 horas. A cha de investigação deverá ser preenchida, e além dos dados de
identicação dos pacientes deverão ser realizadas perguntas objetivas sobre
a clínica, a existência dos transmissores, e a ocorrência de casos semelhantes
anteriormente. Entrevistas devem ser feitas anotando-se o modo de vida
dos habitantes, principalmente, invasão de matas, transformações sociais
e econômicas mais recentes na área buscando relacionar estas informações
com a ocorrência da febre maculosa brasileira. O rodízio de pastos e capina
da vegetação, podem trazer alguns resultados no controle da população de
carrapatos, enquanto o uso de carrapaticidas deve fazer parte de um pro-
grama contínuo de controle principalmente quando houver participação de
eqüinos como hospedeiros primários para o carrapato. Orientar a popula-
ção para evitar as áreas infestadas por carrapatos, e usar roupas claras e de
mangas compridas para facilitar a visualização bem como criar o hábito de
sempre fazer a inspeção no corpo para vericar a presença de carrapatos.
140 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 141
FEBRE PURPÚRICA BRASILEIRA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doença infecciosa aguda que acomete crianças após conjuntivite, com mani-
festações que seguem uma certa cronologia em curto espaço de tempo: inicia
com febre alta (acima de 38,5ºC), taquicardia, erupção cutânea macular
difusa, tipo petéquias, púrpuras e outras sufusões hemorrágicas, e hipoten-
são sistólica. Aparecem, também, manifestações digestivas, como náuseas,
mitos, dor abdominal, enterorragias e diarréia, bem como mialgias e sinais
de insuciência renal (oligúria e anúria). Ocorrem plaquetopenia, leucope-
nia com linfocitose ou leucocitose com linfocitopenia. Observa-se agitação,
sonolência, cefaléia e convulsão. A cianose e taquidispnéia, conseqüente à
acidose, faz parte da progressão da doença. Essa enfermidade em geral evolui
de um a três dias, ou seja é um grave quadro fulminante, cuja letalidade varia
de 40 a 90%. A natureza fulminante da FPB deve estar associada à liberação
de toxinas pela bactéria.
Sinonímia
FPB. A conjuntivite que precede a FPB também é conhecida como conjun-
tivite bacteriana e olho roxo.
Agente etiológico
Haemophilus inuenzae, biogrupo aegyptius. Bactéria gram negativa sob a
forma de bacilos nos e retos.
Reservatório
O homem, que também é a fonte de infecção (pessoas com conjuntivite
pelo agente).
Modo de transmissão
Contato direto pessoa a pessoa que esteja com conjuntivite ou indireto por
intermedião mecânica (insetos, toalhas, mãos).
Peodo de incubão
O intervalo de tempo entre o icio da conjuntivite e a febre é, em média,
de 7 a 16 dias (variando de 1 a 60 dias).
Peodo de transmissibilidade
Possivelmente enquanto durar a conjuntivite.
Febre Purpúrica Brasileira
CID 10: A48.4
27
140 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 141
FEBRE PURPÚRICA BRASILEIRA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Complicações
Choque ptico, com coagulão intravascular disseminada (CIVD),
gangrenas com ou sem mutilações.
Diagnóstico
Clínico-epidemiológico e laboratorial. Esse é feito através de exames:
Especos - Cultura de sangue, material da conjuntiva, do líquor e de
raspado de lesão de pele. Reação de contra-imuno-eletroforese do soro e
do líquor;
Inespecícos - Hemograma, coagulograma, provas de fuão renal,
gasometria.
Diagnóstico diferencial
Meningococcemia, septicemias por gram negativos, dengue hemorrágico,
febre maculosa, tifo exantemático, febre hemorgica argentina e bolivia-
na, e outras febres hemorrágicas.
Tratamento
Antibioticoterapia - Ampicilina, 200mg/kg/dia, 6/6/hs, IV, ou amoxicili-
na 50mg/kg/dia, 8/8hs, VO, por 7 dias, associada ou não ao cloranfenicol,
100mg/kg/dia, IV, 6/6 hs, por 7 dias. Paciente deve ser internado com todos os
cuidados de suporte e, se desenvolver CIVD, usar hidrocortisona. Em caso de
choque séptico, internar em unidade de terapia intensiva e não usar hidrocor-
tisona. Ver tratamento das compatíveis no item Medidas de Controle.
Caractesticas epidemiológicas
Doença nova, descrita pela primeira vez em 1984, no município de Pro-
missão, em São Paulo, onde ocorreram 10 óbitos com quadro semelhante
a meningococcemia. Concomitantemente, observou-se quadro semelhante
em Londrina, com 13 casos e 7 óbitos, e outros em cidades próximas à
Promissão. Desse período até hoje, já se tem registro dessa enfermidade em
mais de 15 municípios de São Paulo, em áreas do Mato Grosso e Mato Gros-
so do Sul. Os únicos casos descritos fora do Brasil ocorreram em novembro
de 1986, na região Central da Austrália (Alice-Springs). O agente etiológico
foi isolado do sangue de casos clínicos em 1986. Anteriormente, este agente
nunca havia sido associado à doença invasiva, até o aparecimento da FPB.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivo
Acompanhamento dos casos de conjuntivite, nas áreas de ocorrência da
doea, visando adoção das medidas de controle indicadas.
142 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
FEBRE PURPÚRICA BRASILEIRA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 143
Noticação
Noticação compulria nacional por se tratar de agravo inusitado.
Denão de caso
a) Suspeito - Criança que teve ou está com conjuntivite e desenvolve quadro
agudo de febre, acompanhado de algum outro sinal de toxemia (palidez pe-
rioral, vômitos, dor abdominal, alterações do estado de consciência);
b) Conrmado - Quadro febril agudo em criança, com isolamento, no san-
gue ou no líquor, de Haemophilus aegyptius; Quadro febril agudo com ma-
nifestações hemorrágicas em pele ou digestivas, antecedente de conjuntivite
purulenta, contra-imuno-eletroforese e culturas negativas para meningococo
e outras bactérias para as quais o teste tenha sido realizado. Presença de Ha-
emophilus aegyptius em conjuntiva, ou dados epidemiológicos da área, como
ocorrência de surtos de conjuntivite (município, escola, creches, grupamen-
tos familiares), com identicação de Haemophilus aegyptius cepa invasora;
Doença aguda em criança, caracterizada por: febre igual ou superior 38,5º C;
dor abdominal e vômitos; petéquias e/ou púrpuras; sem evidência de menin-
gite; antecedente de conjuntivite (em familiares) e ainda sem antecedente de
ocorrência de meningite na área de abrangência do caso;
c) Provável - Quadro febril agudo, com manifestões toxêmicas e/ou he-
morgicas, em criaa, após exclusão de outras bactérias como posveis
agentes etiológicos. Contra-imuno-eletroforese negativa para meningo-
coco. Antecedente de conjuntivite.
Medidas de controle
a) Nas áreas de ocorncia dessa doea, deve-se acompanhar os casos de
conjuntivite e, em caso de surto, noticar os casos suspeitos da FPB, ou
quando se observar número de casos de conjuntivite superior ao mês an-
terior, iniciar a coleta de secreção de conjuntivas de pacientes acometidos
(pelo menos de 20) para diagstico do agente (Laboratório de Referên-
cia) para realizão dos exames;
b) Tratamento das conjuntivites é feito com colírio de cloranfenicol a
0,5% (1 gota em cada olho, de 3/3 horas, durante 7 dias). Quando for
constatado o diagnóstico da conjuntivite pela cepa invasora do Haemo-
philus aegyptius, administrar rifampicina na dose de 20mg/kg/dia, duran-
te 4 dias (tomada única) e repetir a cultura da secreção após o rmino
do tratamento. Acompanhar o paciente até negativão da cultura. Não
há indicão para isolamento dos casos FPB. A aglomerão favorece a
transmiso da conjuntivite. Medidas de higiene devem ser informadas,
principalmente nas situões de risco de ocorncia da enfermidade.
142 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
FEBRE PURPÚRICA BRASILEIRA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 143
Febre Tifóide
CID 10: A01.0
28
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doença bacteriana aguda, cujo quadro clínico apresenta-se geralmente com
febre alta, cefaléia, mal-estar geral, anorexia, bradicardia relativa (dissocia-
ção pulso-temperatura, conhecida como Sinal de Faget), esplenomegalia,
manchas rosadas no tronco (roséolaca), obstipação intestinal ou diarréia
e tosse seca. Pode haver comprometimento do sistema nervoso central. A
administração intempestiva de antibioticoterapia mascara o quadro clínico,
impedindo o diagnóstico precoce e etiológico. A febre tiide tem distribuição
mundial e está associada a baixos níveis sócio-econômicos, principalmente
a precárias condições de saneamento. Salmonelose e infecção pelo Vírus da
Imunodeciência Humana (HIV): bacteremia recorrente por Salmonella
se constitue em uma das condições clínicas consideradas como marcadora
de aids em indivíduos HIV positivos. Em regiões onde a Salmonella typhi é
endêmica, a incidência de febre tiide pode ser de 25 a 60 vezes maior entre
indivíduos HIV positivos. Esses indivíduos, quando assintomáticos, podem
apresentar doença semelhante ao imunocompetente e boa resposta ao trata-
mento usual. Doentes com aids podem apresentar febre tifóide particular-
mente grave e com tendência a recaídas.
Agente etiológico
Salmonella typhi, bactéria gram negativa.
Reservatório
O homem doente ou portador assintomático.
Modo de transmissão
Doea de veiculão hídrica e alimentar, cuja transmissão pode ocor-
rer pela forma direta, com o contato direto com as mãos do doente ou
portador; ou forma indireta, guardando estreita relão com o consumo
de água ou alimentos contaminados com fezes ou urina do doente ou
portador. Os legumes irrigados com água contaminada, produtos do
mar mal cozidos ou crus (moluscos e crustáceos), leite e derivados não
pasteurizados, sorvetes, etc, podem veicular salmonelas. A contaminação
de alimentos, geralmente, é feita por portadores ou pacientes oligossinto-
máticos, sendo por isso a febre tifóide conhecida como a doença das mãos
sujas. Raramente as moscas participam da transmissão.
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FEBRE TIFÓIDE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 145
FEBRE TIFÓIDE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Peodo de incubão
Comumente de 1 a 3 semanas; em média, 2 semanas.
Peodo de transmissibilidade
A transmissibilidade se manm enquanto existirem bacilos sendo eliminados
nas fezes ou urina, o que ocorre, geralmente, desde a primeira semana da doen-
ça a o m da convalescença. A transmissão após essa fase dá-se por períodos
variáveis, dependendo de cada situação. Sabe-se que cerca de 10% dos pacientes
continuam eliminando bacilos durante a3 meses as o início da doença . A
existência de portadores é de extrema importância na epidemiologia da doença:
2 a 5% dos pacientes após a cura continuam eliminando Salmonella typhi por
períodos maiores, principalmente mulheres adultas, com histórico de litíase
biliar, constituindo-se nos chamados portadores. Tanto em doentes quanto em
portadores, a eliminação da Salmonella typhi costuma ser intermitente.
Complicações
As principais são: Hemorragia intestinal e, mais raramente, perfuração
intestinal.
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico-epidemiológico e laboratorial. Esse último baseia-se
no isolamento e identicação da Salmonella typhi, nas diferentes fases clíni-
cas: hemocultura, com maior positividade na primeira e na segunda semanas;
coprocultura, da segunda a quinta semana; mielocultura, cuja positividade
ocorre durante todo o período da doença; urocultura, de valor limitado.
Diagnóstico diferencial
Enterites de outras etiologias, como Salmonella paratyphi A, B, C, tuber-
culose, malária, leptospirose, meningoencefalites, septicemias por agen-
tes piogênicos, peritonite bacteriana, forma toxêmica da esquistossomose,
mononucleose infecciosa, toxoplasmose, endocardites.
Tratamento
Preferencialmente ambulatorial. Cloranfenicol - dose: adultos - 50mg/Kg/
dia, dividida em 4 tomadas (6/6 horas), até dose máxima de 4g/dia; crian-
ças - 50mg/Kg/dia, dividida em 4 tomadas (6/6 horas), até dose máxima
de 3 g/dia. As doses são administradas preferencialmente por via oral e de-
vem ser reduzidas para 2g/dia (adultos) e 30mg/kg/dia (crianças), quando
os doentes se tornarem afebris, o que deverá ocorrer até o quinto dia do
tratamento. O tratamento é mantido por 15 dias após o último dia de fe-
bre, perfazendo um máximo de 21 dias. Nos doentes com impossibilidade
de administração por via oral, será utilizada a via parenteral. Os pacientes
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FEBRE TIFÓIDE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
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FEBRE TIFÓIDE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
em uso de cloranfenicol devem ser seguidos hematologicamente. Caso a fe-
bre persista após o dia de tratamento, avaliar a possibilidade de troca do
antimicrobiano. Outros antibióticos também podem ser utilizados como:
Ampicilinas, Sulfametoxazol + Trimetoprim, Amoxacilina ou Ciproo-
xacina, Ooxacina, Ceftriaxona. Os dois últimos m boa indicação para
o tratamento de pacientes com febre tiide associada à aids, mas não
devem ser utilizados em crianças.
Caractesticas epidemiológicas
A ocorrência da doença está diretamente relacionada às condições de sa-
neamento básico existentes e aos hábitos individuais. Estão mais sujeitas à
infecção as pessoas que habitam ou trabalham em ambientes com precárias
condições de saneamento. A doença acomete com maior freqüência a faixa
etária entre 15 e 45 anos de idade em áreas endêmicas. A suscetibilidade em
geral é maior em indivíduos com acloridria gástrica. A taxa de ataque dimi-
nui com a idade. A imunidade após a infecção ou vacinação não é denitiva.
Observando-se o comportamento da febre tifóide no Brasil nas últimas
décadas, constata-se uma tendência de declínio nos coecientes de incidên-
cia, mortalidade e letalidade. Porém, as informações disponíveis devem ser
analisadas com cautela, tendo em vista o importante subregistro de casos.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
A vigincia epidemiológica tem por objetivo, a partir do caso índice, sub-
sidiar adequadas medidas terapêuticas e proláticas e, através da coleta e
análise de dados, conhecer as características epidemiológicas para adoção
de medidas coletivas de preveão visando a redução de sua incidência.
Noticação
Doea de noticão compulsória, devendo todo caso e surto serem in-
vestigados para adoção das medidas de controle pertinentes.
Denão de Caso
a) Suspeito - Doente com febre persistente, que pode ou não ser acompanhada
de um ou mais dos seguintes sinais e sintomas: cefaléia, mal-estar geral, dor
abdominal, anorexia, dissociação pulso-temperatura, constipação ou diarréia,
tosse seca, roséolas tícas (manchas rosadas no tronco) e esplenomegalia;
b) Conrmado por critério laboratorial - Quando houver clínica compa-
tível e isolamento da Salmonella typhi ou deteão pela técnica de PCR;
c) Conrmado por cririo clínico-epidemiológico - Quando houver clínica
compatível e associação epidemiogica com caso conrmado por laboratório.
FEBRE TIFÓIDE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Medidas de Controle
Conduta frente a um caso: isolamento entérico, com desinfecção concorren-
te das fezes, urina e objetos contaminados e limpeza terminal. Caracterizar
clinicamente o caso; vericar se já foi coletado e encaminhado material
para exame diagnóstico (fezes, sangue, urina), observando se houve uso
prévio de antibiótico; se necessário, hospitalizar o paciente; determinar as
prováveis fontes de infecção; pesquisar a existência de casos semelhantes, na
residência, no local de trabalho, de estudo, etc.; proceder a busca ativa de ca-
sos, na área; identicar os comunicantes e, entre esses, pesquisar portadores
através da coprocultura; afastar o paciente da manipulação de alimentos;
e orientar sobre medidas de higiene, principalmente em relação à limpeza
rigorosa das mãos. Após sete dias do término do tratamento, realizar 3 co-
proculturas para identicar se o paciente se tornou portador da Salmonella
typhi; orientar o paciente quanto ao destino correto das fezes. Medidas
referentes aos portadores: na prática, é muito difícil a identicação e, conse-
qüentemente, a sua eliminação na comunidade, apesar de sua reconhecida
importância na manutenção do ciclo de transmissão da doença. A pesquisa
de portadores é feita através da realização de coproculturas, em número de
7, em dias seqüenciais. Essa pesquisa está indicada nas seguintes situações:
comunicantes que possam constituir perigo para a comunidade (ex.: indi-
víduos que manipulam alimentos em creches, hospitais) e em coletividades
fechadas (asilos, hospitais psiquiátricos, presídios), quando houver casos
de febre tifóide entre as pessoas que freqüentam essas instituições. Quan-
do identicado o portador, tratá-lo com: ampicilina, 1,0 a 1,5g/dose, VO,
dividida em 4 tomadas (6/6 horas), por 14 dias; ou amoxicilina, 3g/dia, VO,
dividida em 3 tomadas (8/8 horas), por 14 dias. Observação: após sete dias
do término do tratamento, iniciar a coleta de 3 coproculturas, com interva-
lo de 30 dias entre cada uma; se o portador for manipulador de alimentos,
realizar as três coproculturas com intervalo de uma semana entre elas. Caso
uma delas seja positiva, essa série pode ser suspensa e o indivíduo deve ser
novamente tratado de preferência com uma QUINOLONA (ciprooxacina,
500 mg, VO, de 12/12 horas, durante 4 semanas) e orientado quanto ao risco
que representa para a comunidade em geral. O tempo ideal de tratamento
para portadores crônicos ainda não está bem denido. Pacientes com litíase
biliar ou anomalias biliares que não respondem ao tratamento com antimi-
crobianos devem ser colecistectomizados. Vacinação: A vacina atualmente
disponível tem poder imunogênico baixo e indicações muito restritas.
146 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
FEBRE TIFÓIDE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Filariase por Wuchereria Bancrofti
CID 10: B74.0
29
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
A lariose por Wuchereria bancrofti é causada por um nemadeo que vive nos va-
sos linfáticos dos indivíduos infectados, apresentando diversas manifestações clí-
nicas. Existem indivíduos com esta parasitose que nunca desenvolvem sintomas,
havendo ou o detecção de microlárias no sangue periférico; outros podem
apresentar febre recorrente aguda, astenia, mialgias, fotofobia, quadros urtica-
riformes, pericardite e cefaléia, linfadenite e linfangite retrograda, com ou sem
microlaremia. Os casos crônicos mais graves o de indivíduos que apresentam
hidrocele, quilúria e elefantíase de membros, mamas e óros genitais. Nesses ca-
sos, em geral, a densidade de microlária no sangue é muito pequena ou mesmo
o detectável. Descrevem-se, ainda, casos de eosinolia pulmonar tropical, que é
uma síndrome que se manifesta por crises paroxísticas de asma, com pneumonia
intersticial crônica, ligeira febre recorrente, cujo leucograma registra importante
eosinolia; nesses casos, o exame dos tecidos mostra microlárias em processo de
degenerão, pom não o encontradas no sangue periférico (laríase oculta).
Sinonímia
Filariose, laríase de Bancrofti, elefantíase.
Agente etiológico
Wuchereria bancrofti.
Reservatório
O homem.
Modo de transmissão
Pela picada dos mosquitos transmissores com larvas infectantes (L3). O
Culex quinquefasciatus é o principal transmissor no Brasil. Em geral, as
microlárias têm periodicidade para circular no sangue periférico, sendo
mais detectadas à noite, entre as 23 h e 1 h.
Peodo de incubão
Manifestações alérgicas podem aparecer um s após a infecção. As mi-
crolárias, em geral, aparecem no sangue periférico de 6 a 12 meses após
a infeão com as larvas infectantes da W. bancrofti.
Peodo de transmissibilidade
Não se transmite de pessoa a pessoa. O ciclo se faz de homem infectado
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 147
148 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
FILARÍASE POR WUCHERERIA BANCROFTI - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 149
FILARÍASE POR WUCHERERIA BANCROFTI - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
com microlaremia picado por inseto transmissor, que transmitirá a outro
indivíduo após maturação das microlárias no vetor que ocorre entre 12 a
14 dias do repasto sangüíneo. A microlaremia pode persistir, aproximada-
mente, de 5 a 10 anos.
Complicações
Hidrocele, linfoscroto, elefantíase e hematoquiria.
Diagnóstico
Clínico-epidemiológico, quando há manifestões sugestivas e o indiví-
duo é oriundo de área endêmica:
a) diagstico especo - O teste de rotina é feito através da pesquisa da
microlária no sangue periférico pelo método da gota espessa (periodici-
dade noturna – das 23:00 a 1:00h); pode-se ainda pesquisar microlária
no líquido ascítico, pleural, sinovial, cefalorraquidiano, urina, expectora-
ção, pus, gânglios, sendo entretanto restrito a casos especos; Pela pre-
sea do verme adulto no sistema linfático, genitália, ou em outras lees
(essa forma de diagnóstico não é realizada de rotina);
b) Sorologias - Podem ser realizados os testes de ELISA ou testes imuno-
cromatográcos para pesquisa de antígenos circulantes;
c)Diagnóstico por imagem - Nos homens é indicada a ultrassonograa da
bolsa escrotal; em mulheres a ultrassonograa da mama ou rego ingui-
nal e axilar devem ser avaliadas.
Diagnóstico diferencial
Outras causas de elefantíase, como as malformações congênitas, epi-
dios repetidos de erisipela, destruão ou remoção de linfáticos, micoses,
donovanose, hanseníase, tuberculose, entre outros.
Tratamento
A droga de escolha é a Dietilcarbamazina (DEC), com vários esquemas
preconizados: 6 mg/kg/dia, VO, com periodicidade semestral ou anual; 6
mg/kg/dia, VO, por 12 dias; 6 mg/kg/dia, VO, por 2 a 4 semanas.
Outra droga que também é usada é a Ivermectina (IVM), na dose de 200 µg /kg,
1 vez ao ano, VO. Além disso, tem-se utilizado a associação da IVM + DEC nas
doses: IVM, 200 µg /kg + DEC, 6mg/Kg, VO, 1 vez ao ano, ou IVM, 200 µg/kg +
DEC 6mg/kg. Doses únicas de IVM são aparentemente iguais em ecia, segu-
rança e tolerância, quando comparadas com doses únicas de DEC. O regime em
combinação aparenta ser melhor do que ambas as drogas usadas isoladamente,
para obtenção a longo prazo a redução da densidade e da prevalência da micro-
laremia. O período exato desses vários tratamentos não tem sido estabelecido,
porém estima-se que se deve administrar dose única por 5 a 10 anos. Observar
148 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
FILARÍASE POR WUCHERERIA BANCROFTI - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 149
FILARÍASE POR WUCHERERIA BANCROFTI - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
que a DEC não pode ser administrada em áreas onde coexiste oncocercose ou
loíase. Felizmente, o se tem coexisncia geográca dessas larioses no Brasil.
Para facilitar a relação peso/dose IVM observar: Ivermectina, dose única, VO,
obedecendo a escala de peso corporal (15 a 24 kg - 1/2 comprimido; 25 a 35 kg
- 1 comprimido; 36 a 50 kg - 1 1/2 comprimido; 51 a 65kg - 2 comprimidos; 65
a 79 kg - 2 1/2 comprimidos; 80 kg - 200 µg /kg).
Caractesticas epidemiológicas
A lariose linfática tem grande importância na África. Foi uma doea
prevalente no Brasil, mas, hoje, encontra-se restrita a alguns focos persis-
tentes no Pará, Pernambuco e Alagoas.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Desenvolver estratégias para delimitação das áreas de maior prevan-
cia dentro dos poucos focos existentes, visando a adoção de medidas
de controle do mosquito transmissor e tratamento em massa dos casos
diagnosticados. De acordo com a OMS, essa é uma doença pasvel de er-
radicão, o que está sendo objeto de discussão, atualmente, no Brasil.
Noticação
Doea de noticão nos estados que permanecem com foco. Em situa-
ções de detecção de novos focos, deve-se noticar como agravo inusitado,
de acordo com a normatizão do Minisrio da Saúde.
Denão de caso
a) Suspeito - Paciente com sinais e sintomas de lariose linfática residente
em área endêmica da doea;
b) Conrmado - Paciente com microlária detectada por qualquer método
diagnóstico e/ou sorologia positiva, com ou sem sinais e sintomas da doença.
Medidas de controle
a) Redução da densidade populacional do vetor - Através de biocidas; bo-
linhas de isopor, método esse limitado a criadouros especícos urbanos (la-
trinas e fossas); mosquiteiros ou cortinas impregnadas com inseticidas para
limitar o contato entre o vetor e o homem; borrifação intradomiciliar com
inseticidas de efeito residual (dirigida contra as formas adultas do Culex);
b) Educação em Saúde - Informar, às comunidades das áreas afetadas,
sobre a doença e as medidas que podem ser adotadas para sua redução/
eliminão; identicação dos criadouros potenciais no domicílio e peri-
domicílio, estimulando a sua redução pela própria comunidade;
c) Tratamento em massa - Para as populões humanas que residem nos
focos, de acordo com os esquemas preconizados no item de Tratamento.
150 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
GIARASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Infecção por protozoários que atinge, principalmente, a porção superior
do intestino delgado. A maioria das infeões é assintomáticas e ocorre
tanto em adultos quanto em criaas. A infeão sintomática pode apre-
sentar-se através de diaria, acompanhada de dor abdominal. Esse qua-
dro pode ser de natureza crônica, caracterizado por dejeções amolecidas,
com aspecto gorduroso, acompanhadas de fadiga, anorexia, atuncia e
disteno abdominal. Anorexia, associada com má absorção, pode ocasio-
nar perda de peso e anemia. Não há invasão intestinal.
Sinonímia
Enterite por giárdia.
Agente etiológico
Giardia lamblia, protozoário agelado que existe sob as formas de cisto e
trofozoíto. O cisto é a forma infectante encontrada no ambiente.
Reservatório
O homem e alguns animais domésticos ou selvagens, como cães, gatos,
castores.
Modo de transmissão
Fecal-oral. Direta, pela contaminação das mãos e conseqüente ingestão
de cistos existentes em dejetos de pessoa infectada; ou indireta, através de
ingestão de água ou alimento contaminado.
Peodo de incubão
De 1 a 4 semanas, com média de 7 a 10 dias.
Peodo de transmissibilidade
Enquanto persistir a infecção.
Complicações
ndrome de má absorção.
Diagnóstico
Identicão de cistos ou trofozoítos no exame direto de fezes ou iden-
ticação de trofozoítos no uido duodenal, obtido através aspiração. A
detecção de antígenos pode ser realizada através do ELISA, com conrma-
Giardíase
CID 10: A07.1
30
150 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
GIARASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ção diagstica. Em raras ocasiões, poderá ser realizada biópsia duodenal,
com identicação de trofozoítos.
Diagnóstico diferencial
Enterites causadas por protozoários, bactérias ou outros agentes infecciosos.
Tratamento
Conforme indicado no nal
Observão - o usar bebidas alcoólicas durante ou até 4 dias após o
tratamento (efeito antabuse). Contra-indicados em gestantes.
Caractesticas epidemiológicas
É doença de distribuição mundial. Epidemias podem ocorrer, principal-
mente, em instituições fechadas que atendam criaas, sendo o grupo
etário mais acometido entre oito meses e 10 a 12 anos. A Giardia é reconhe-
cida como um dos agentes etiológico da “diarréia dos viajantes” em zonas
endêmicas. Os cistos podem resistir até dois meses no meio exterior e são
resistentes ao processo de cloração da água. A infecção pode ser adquirida
pela ingestão de água proveniente da rede pública, com falhas no sistema
de tratamento, ou águas superciais não tratadas ou insucientemente
tratadas (só por cloração). Também é descrita a transmissão envolvendo
atividades sexuais, resultante do contato oro-anal.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Diagnosticar e tratar os casos para impedir a transmissão direta ou
indireta da infecção a outros indivíduos.
Noticação
Não é doea de noticão compulsória.
Medidas de controle
a) Especícas - Em creches ou orfanatos deverão ser construídas adequa-
das instalações sanitárias e enfatizada a necessidade de medidas de higie-
ne pessoal. Educão sanitária, em particular desenvolvimento de hábitos
de higiene - lavar as mãos, as uso do banheiro;
b) Gerais - Filtração da água potável. Saneamento básico;
c) Isolamento - Pessoas com giardíase devem ser afastadas do cuidado de
criaas. Com pacientes internados, devem ser adotadas precauções enté-
ricas através de medidas de desinfecção concorrente para fezes e material
contaminado e controle de cura, que é feito com o exame parasitológico de
fezes, negativo no 7
o
, 14
o
e 21
o
dias após o término do tratamento.
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 151
GIARASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Medicamento Adulto Criança
Secnidazol 2g, VO, dose única
30mg/kg ou 1ml/kg,
dose única tomada as
uma refeição
Tinidazol 2g, VO, dose única -
Metronidazol
250mg, VO, 2 vezes
ao dia, por 5 dias
15mg/kg/dia (máximo de
250mg), VO, dividida em
2 tomadas, por 5 dias
152 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
GIARASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
A gonorréia é uma doença infecciosa do trato urogenital, de transmissão
por via sexual, que pode determinar desde infecção assintomática até doen-
ça manifesta, com alta morbidade. Após contato sexual suspeito e vencidas
as barreiras naturais da mucosa, ocorrerá a evolução para a doença. Instau-
ra-se um processo localizado que poderá desenvolver complicações no pró-
prio aparelho urogenital ou à distância, provocando alterações sistêmicas.
Clinicamente, a gonorréia apresenta-se de forma completamente diferente
no homem e na mulher. Há uma proporção maior de casos em homens,
sendo que, em 70% dos casos femininos, a gonorréia é assintomática.
Gonorréia no homem - Não complicada é representada por um processo in-
amatório da uretra anterior. Inicia com um prurido discreto junto ao meato
urinário e fossa navicular, com o desenvolvimento de um eritema localizado;
logo após, surge um corrimento inicial claro que, gradativamente, torna-se
purulento. O corrimento é acompanhado de ardor e urgência miccional.
Gonorréia na mulher - O quadro é oligossintomático, caracterizado por
um corrimento escasso, leitoso, muitas vezes não percebido pela paciente,
chegando a mais de 70% o número de portadoras assintomáticas. O canal
endocervical é o local prioritário da infecção gonocócica. A presença de di-
plococos intra e extracelulares sela o diagnóstico, mas, nas mulheres, é ne-
cessário o cultivo em meios especiais, como o Thayer-Martin modicado.
Os sintomas podem se confundir com as infecções do trato genital inferior e
se caracterizam pelo aumento da freqüência urinária, disúria e secreção va-
ginal mucóide ou francamente purulenta. O colo apresenta-se edemaciado,
com ectopia acentuada. O corrimento torna-se irritativo, podendo levar ao
edema de grandes e pequenos lábios e, conseqüentemente, dispareunia. Os
recém-nascidos de mães doentes ou portadoras podem apresentar conjunti-
vite gonocócica por contaminação no canal de parto.
Sinonímia
Blenorragia, blenorréia, esquentamento, pingadeira, purgão, fogagem,
gota matutina, gono, uretrite gonocócica.
Agente etiológico
Neisseria gonorrhoeae, diplococo gram negativo.
Gonorréia
CID 10: A54
31
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembrode 2004 | 153
GONORRÉIA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
GONORRÉIA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Reservatório
O homem.
Modo de transmissão
Contato sexual.
Peodo de incubão
Geralmente, entre 2 e 5 dias.
Peodo de transmissibilidade
Pode durar de meses a anos, se o paciente não for tratado. O tratamento
ecaz rapidamente interrompe a transmiso.
Complicações
No homem, dependendo da extensão da infecção às glândulas anexas, poderão
ocorrer complicações, como balanopostite, colpite, prostatite, epididimite e
orquite. A orqui-epididimite poderá provocar a diminuição da fertilidade,
levando até à esterilidade. Poderá também evoluir para quadros sistêmicos, ca-
racterizando a gonococcemia com todas as suas manifestações, como a artrite
gonocócica, a síndrome de Fitz-Hugh-Curtis (peri-hepatite gonocócica) e com-
plicações cardíacas e nervosas. Na mulher, quando a gonorréia não é tratada, a
infecção ascendente de trompas e ovários pode caracterizar a chamada doença
inamatória pélvica (DIP), que é a mais importante complicação da infecção
gonocócica na mulher. A DIP pode estar relacionada com endometrite, salpin-
gite, peritonite. Alterações tubárias podem ocorrer como complicação dessa
infecção, levando 10% dos casos à oclusão tubária e à infertilidade. Naqueles
em queo obstrução, o risco é o desenvolvimento de gravidez ectópica.
Gonorréia disseminada - Cerca de 2% dos pacientes não tratados vão
evoluir com disseminação da infecção, manifestando artralgia, mialgia,
artrite simétrica e lesões dermatológicas características. Inicialmente,
ocorrem vasculites sépticas que progridem para pústulas necróticas, com
preferência pelas extremidades. A febre é baixa e a alterão mais freqüen-
te é a poliartrite; em alguns casos pode ocorrer tenossinovite dolorosa de
extremidades. Ocasionalmente, a gonorréia provoca complicações, como
endocardite e meningite.
Diagnóstico
É clínico, epidemiológico e laboratorial. Esse último é feito através do
isolamento do agente, ou pela coloração com gram ou pelos todos de
cultivo. No exame bacterioscópio dos esfregaços, devem ser observados
cocos gram negativos, arranjados aos pares. A cultura também é útil.
154 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
GONORRÉIA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
GONORRÉIA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Diagnóstico diferencial
Uretrite não gonocócica por Chlamydia, ureaplasma, tricomoníase, infec-
ção do trato urinário, vaginose por Gardnerella, artrite séptica bacteriana.
Tratamento
Deve ser utilizada uma das opções a seguir: ooxacina, 400mg, VO, dose úni-
ca; penicilina G procaína, 4.800.000UI, IM + 1g de probenecid, VO; ampici-
lina, 3,5g, VO +1,0g de probenecid VO; tetraciclina, 500mg, VO, 6/6 horas,
por 7 dias; doxiciclina, 100mg, VO, 12 em 12 horas, por 7 dias; tianfenicol
granulado, 2,5g, VO; ciprooxacina, 500mg, VO; ceftriaxona, 250mg, IM; ce-
fotaxima, 1g, IM; espectinomicina, 2mg, IM. Deve-se estar atento ao aumen-
to gradual da resistência da Neisseria gonorrhea às penicilinas. No Brasil, são
escassos os estudos realizados sobre esse aspecto. No mundo, há evidências de
altos índices de resistência desse agente à antibioticoterapia convencional. O
Ministério da Saúde recomenda tratar simultaneamente gonorréia e clamí-
dia, com ciprooxacina, 500mg, dose única, VO, mais azitromicina, 1g, dose
única, VO, ou doxicclina, 100mg, de 12 em 12 horas, por sete dias.
Caractesticas epidemiológicas
Doea de distribuão universal, que afeta ambos os sexos, principalmente
adultos jovens sexualmente ativos.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Interromper a cadeia de transmissão através de deteão e tratamento pre-
coces dos casos e dos seus parceiros (fontes de infecção); prevenir novas
ocorrências por meio de ações de educação em saúde.
Noticação
Não é doença de noticação compulsória nacional. Os prossionais de s-
de devem observar as normas e procedimentos de noticação e investigação
de estados e municípios. A Coordenação Nacional de DST e AIDS, do Mi-
nistério da Saúde, está implantando um sistema de fontes de informações
especícas para as DST, visando o aprimoramento de seu controle.
Medidas de controle
Interrupção da cadeia de transmiso pela triagem e referência dos pa-
cientes com DST e seus parceiros para diagstico e terapia adequados.
Aconselhamento (condencial) - Orientações ao paciente, fazendo com que
ele discrimine as possíveis situações de risco presentes em suas pticas sexu-
ais; desenvolva a percepção quanto à importância do seu tratamento e de seus
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 155
GONORRÉIA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
parceiros sexuais e promoção de comportamentos preventivos.
Promoção do uso de preservativos - todo mais ecaz para a redução
do risco de transmissão do HIV e outras DST.
Convite aos parceiros para aconselhamento e promoção do uso de pre-
servativos (deve-se obedecer aos princípios de conabilidade, ausência de
coerção e proteção contra a discriminação).
Educão em saúde, de modo geral.
Observão - As associões entre diferentes DST são freqüentes, desta-
cando-se, atualmente, a relação entre a presea de DST e aumento do
risco de infecção pelo HIV, principalmente na vigência de úlceras genitais.
Desse modo, se o prossional estiver capacitado a realizar aconselhamen-
to, pré e s-teste para deteão de anticorpos anti-HIV, quando do diag-
stico de uma ou mais DST, deve ser oferecida essa opção ao paciente.
Toda doença sexualmente transmissível constitui-se em evento sentine-
la para busca de outra DST e possibilidade de associação com o HIV. É
necessário, ainda, registrar que o Ministério da Saúde vem implementan-
do a “abordagem sindrômica” aos pacientes de DST, visando aumentar a
sensibilidade no diagnóstico e tratamento dessas doeas, o que resultará
em um maior impacto na redução dessas infeões.
156 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
GONORRÉIA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doença infecto-contagiosa, crônica, curável, causada pelo bacilo de Han-
sen. Esse bacilo é capaz de infectar grande número de pessoas (alta infectivi-
dade), mas poucos adoecem, (baixa patogenicidade). O poder imunogênico
do bacilo é responsável pelo alto potencial incapacitante da hanseníase.
Denão de caso
Um caso de hanseníase, denido pela Organizão Mundial de Saúde
- OMS, é uma pessoa que apresenta um ou mais dos critérios listados a
seguir, com ou sem história epidemiológica e que requer tratamento qui-
mioterápico especo: lesão(ões) de pele com alteração de sensibilidade;
espessamento de nervo(s) periférico(s), acompanhado de alteração de sen-
sibilidade; e baciloscopia positiva para bacilo de Hansen.
Observão
A baciloscopia negativa não afasta o diagstico de hansease. Os as-
pectos morfológicos das lesões cutâneas e classicão clínica nas quatro
formas abaixo devem ser utilizados por prossionais especializados e em
investigação cientíca. No campo, a OMS recomenda, para ns terapêu-
ticos, a classicação operacional baseada no mero de lees cutâneas.
O quadro ao nal sintetiza as formas clínicas de hanseníase, com suas
principais características.
Sinonímia
Mal de Hansen; antigamente a doença era conhecida como lepra.
Agente etiológico
Bacilo álcool-ácido resistente, intracelular obrigatório, denominado bacilo de
Hansen ou Mycobacterium leprae.
Reservatório
O homem é reconhecido como única fonte de infeão, embora tenham
sido identicados animais naturalmente infectados.
Modo de transmissão
Contato íntimo e prolongado de indivíduos susceptíveis com pacientes
bacilíferos não tratados.
CID 10: A30
Hanseníase
32
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 157
HANSENÍASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
HANSENÍASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 159
Peodo de incubão
Em média 5 anos, podendo ir de meses a mais de 10 anos.
Peodo de transmissibilidade
Os pacientes multibacilares podem transmitir hanseníase, antes de iniciar o
tratamento especíco. A primeira dose de rifampicina é capaz de matar as cepas
viáveis do bacilo de Hansen em a 99,99% da carga bacilar de um indivíduo.
Complicações
Quando o diagnóstico é precoce e o tratamento quimioterápico do paciente
é adequadamente seguido, com orientações de auto-cuidado para prevenir
incapacidades, geralmente, a hanseníase não deixa seqüelas e ou complica-
ções. Um grupo de pacientes pode desenvolver episódios reacionais, que são
fenômenos agudos que ocorrem na evolução da doença crônica (hansenía-
se), cuja manifestação clínica decorre da interação do bacilo ou restos baci-
lares e o sistema imunológico do hospedeiro. Podem surgir como primeira
manisfestação da hanseníase, durante o tratamento especíco, ou após a
alta do paciente. Nesse último caso, não requer a reintrodução da poliqui-
mioterapia. As reações (ou episódios reacionais) são agrupadas em 2 tipos:
Tipo 1 - Também chamado reação reversa. Ocorre mais freqüentemente
em pacientes com hanseníase tuberculóide e dimorfa. Caracteriza-se por
eritema e edema das lesões e/ou espessamento de nervos com dor à pal-
pação dos mesmos (neurite). A neurite pode evoluir sem dor (neurite si-
lenciosa). É tratado com Prednisona, VO, 1-2mg/kg/dia, com redução em
intervalos xos, conforme avalião clínica. São também indicação de uso
de corticosteróides a irite/iridociclite e a orquite (consultar o Guia para o
Controle da Hansease, da Área Técnica de Dermatologia Sanitária/Ca-
dernos da Ateão Básica nº 10/Ministério da Saúde).
Tipo 2 - A manifestão clínica mais freqüente é o eritema nodoso hansê-
nico. Os pacientes com hanseníase virchowiana são os mais acometidos.
Caracteriza-se por nódulos eritematosos, dolorosos, em qualquer parte do
corpo. Pode evoluir com neurite. Trata-se com talidomida, VO, na dose de
100 a 400mg/dia, (seu uso em mulheres em idade fértil é restrito e regula-
mentado pela Lei N
o
10.651, de 17 de abril de 2003, devido à possibilidade
de ocorrência de teratogeinicidade); ou prednisona, VO, 1-2mg/kg/dia. A
redução também é feita em intervalos xos, após avaliação clínica.
Diagnóstico
É clínico, baseado na denição de caso. Pode ter apoio da epidemiologia e de la-
boratório - esse último em locais com pessoal habilitado para os procedimentos
requeridos para cada exame laboratorial (ex.: baciloscopia, histopatologia).
158 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
HANSENÍASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
HANSENÍASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 159
Diagnóstico diferencial
Eczemátide, nevo acrômico, pitiríase versicolor, vitiligo, pitiríase rósea de
Gilbert, eritema polimorfo, eritema nodoso por outras causas, granuloma
anular, eritema anular, lúpus, farmacodermias, pelagra, lis, alopécia
areata, sarcoidose, tuberculose, xantomas, esclerodermias.
Tratamento
Não é eticamente aceitável o uso de qualquer tratamento monoterápico,
sendo recomendável, portanto, a associação de drogas. Os pacientes de-
vem ser tratados em regime ambulatorial.
ESQUEMAS RECOMENDADOS
POLIQUIMIOTERAPIA – OMS
Formas/
Medica-
mento
Paucibacilar Multibacilar
Lesão única
sem envol-
vimento de
tronco
nervoso
(1)
Rifampicina
(RFM)
600mg, 1 vez por mês
supervisionada
600mg, 1
vez por mês,
supervisionada
600mg,
em dose única,
supervisionada
Dapsona
(DDS)
100mg/dia auto-
administrada
100mg/dia
auto-
administrada
-
Clofazimina
(CFZ)
-
300 mg, 1
vez por mês,
supervisionada
+ 100mg em
dias alternados
ou 50mg/dia
auto-adminis-
trada
-
Minociclina
(Mino)
- -
100mg,
em dose única
supervisionada
Ooxacina
(Oô)
- -
400mg,
em dose única
supervisionada
1)
Este esquema é conhecido como ROM (Rifampicina, Ooxocina e Minociclina) e deve ser
usado exclusivamente para tratar pacientes PB com leo única, sem envolvimento de tronco
nervoso. Sua utilizão deve ser restrita a Centros de Refencia.
HANSENÍASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
HANSENÍASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
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DOSES RECOMENDADAS PARA CRIANÇAS
Medica-
mento/
Faixa Etária
RFM DDS
CFZ
Auto-
administrada
Supervisonada/
s
0 - 5 150 - 300
mg
25 mg 100 mg/
semana
100 mg
6 - 14
300 - 450
mg
50 - 100
mg
450 mg/
semana
150 a 200 mg
> 15 dose
adulta
dose
adulta
dose adulta dose adulta
Tempo de tratamento
Lesão única - Dose única - ROM - com alta por cura no momento do diag-
stico. Somente recomendado para centros de referência.
Paucibacilares - Seis doses mensais, em até 9 meses de tratamento.
Multibacilares - Doze doses mensais, em até 18 meses de tratamento.
Casos multibacilares que iniciam o tratamento com numerosas lesões ou
extensas áreas de inltração cutânea, poderão apresentar uma regressão
mais lenta das lesões de pele. A maioria desses doentes continuará a me-
lhorar após a conclusão do tratamento com 12 doses. É posvel, no entan-
to, que alguns desses casos não demonstrem qualquer melhora e por isso
poderão necessitar de 12 doses adicionais de PQT-MB.
Caractesticas epidemiológicas
A hanseníase é mais comum em países sub-desenvolvidos e em desenvol-
vimento. Tem baixa letalidade e baixa mortalidade, podendo ocorrer em
qualquer idade, raça ou gênero.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivo
Reduzir os coecientes de detecção e prevalência da doença, através do
diagnóstico e tratamentos precoces dos casos, procurando assim inter-
romper a cadeia de transmiso.
Noticação
Doea de noticão compulsória no Brasil.
160 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
HANSENÍASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
HANSENÍASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 161
Medidas de controle
Diagstico precoce dos casos, através do atendimento de demanda es-
pontânea, de busca ativa e de exame dos contatos para tratamento especí-
co, que deve ser feito em regime eminentemente ambulatorial.
Preveão de incapacidades - Todo paciente de hanseníase deve ser
examinado minuciosamente e orientado quanto aos auto-cuidados para
evitar ferimentos, calos, queimaduras (que podem ocorrer devido à hi-
poestesia e/ou anestesia), e que, uma vez instalados, podem, potencial-
mente, levar a incapacidades. Observar que a melhor forma de prevenir
incapacidades é fazer o tratamento poliquimioterápico de modo regular e
completo. Ratica-se ainda que o diagnóstico precoce do acometimento
neural, com ou sem reação hansênica, e seu tratamento adequado é medi-
da essencial na prevenção de incapacidades.
Vigilância de contatos - Contato intradomiciliar é toda pessoa que resida ou
tenha residido com o paciente nos últimos 5 anos. Examinar todos os contatos
de casos novos; os doentes devem ser noticados como caso novo e tratados. Os
contatos sãos devem receber duas doses da vacina BCG-ID. Quando houver a
cicatriz por BCG-ID, considerar como 1ª dose e aplicar a 2ª dose. Quandoo
houver a cicatriz, aplicar a 1ª dose e a 2ª após 6 meses. Paralelamente, os conta-
tos os devem ser orientados quanto aos sinais e sintomas da hanseníase.
Recidiva - Deve-se suspeitar de recidiva, com base nos seguintes parâmetros:
Paucibacilares - Paciente que, após alta por cura, apresentar: dor em ner-
vo não afetado anteriormente, novas lesões e/ou exacerbações de lees
anteriores que o respondam à corticoterapia recomendada para tratar
episódios reacionais do tipo I, nas doses indicadas.
Multibacilares - Paciente que, após 5 anos de alta por cura, continuar
apresentando epidios reacionais que não cedem à terapêutica com corti-
costeróide e/ou talidomida, nas doses recomendadas para tratar episódios
do tipo 2. Considerar, na recidiva, a conrmão baciloscópica, ou seja, a
presença de bacilos íntegros e globias.
Observão - A ocorncia de epidio reacional após a alta do paciente
não signica recidiva da doença. A conduta correta é instituir apenas tera-
utica antirreacional (prednisona e/ou talidomida).
Todo caso de recidiva deve, após conrmão, ser noticado como recidi-
va e reintroduzido novo esquema terapêutico.
A hanseníase o confere imunidade. Os parâmetros para diferenciar
recidiva e reinfecção não estão claros na literatura.
HANSENÍASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
162 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
CARACTESTICAS
Clínica Baciloscopia
Forma
Clínica
Classicão
Operacional
vigente para
rede básica
Áreas de hipo ou aneste-
sia, parestesias, manchas
hipo-crômicas e/ou
eritemato-hipocrômicas,
com ou sem diminuão
da sudorese e rarefação
de pelos.
Negativa
indeterminada
(HI)
PB
Até 5 lesões
de pele
Placas eritematosas,
eritemato-hipocrômicas,
bem denidas, hipo ou
anessicas, comprome-
timento de nervo.
Negativa
Tuberculóide
(HT)
Lees pré-foveolares
(eritematosas, planas
com o centro claro).
Lees foveolares
(eritematopigmentares,
de tonalidade ferrugi-
nosa ou pardacenta).
Apresenta alterações
de sensibilidade.
Positiva (baci-
los e globias
ou com raros
bacilos) ou
Negativa
Dimorfa
(HD)
MB
Mais que 5
lees de pele
Eritema e inltração difu-
sas, placas eritematosas
inltradas e de bordas
mal denidas, tubérculos
e nódulos, madarose,
lees das mucosas,
com alteração de
sensibilidade.
Positiva
(bacilos
abundantes
e globias)
Virchoviana
(HV)
Notas:
1) Na hansease virchoviana, afora as lesões dermatológicas e das mucosas, ocorrem também
lees viscerais.
2) As manifestações neurológicas são comuns a todas as formas clínicas. Na hansease indeter-
minada, não há comprometimento de troncos nervosos, expressos clinicamente. Na hansení-
ase tubercuide, o comprometimento dos nervos é mais precoce e mais intenso.
3) Os casos não classicados quanto à forma clínica serão considerados para ns de trata-
mento como multibacilares.
HANSENÍASE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
162 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
As hantaviroses são antropozoonoses virais agudas, cujas infecções em
humanos podem se manifestar sob várias formas clínicas, desde de modo
inaparente ou como enfermidade subclínica, cuja suspeita diagnóstica fun-
damenta-se nos antecedentes epidemiológicos, até quadros mais graves e
característicos, como a febre hemorrágica com síndrome renal (FHSR), típica
da Europa e da Ásia e a ndrome cardiopulmonar por hantavírus (SCPH),
detectada somente nas Américas.
Na FHSR, os principais sinais e sintomas são: febre, cefaia, mialgia,
dor abdominal, náuseas, vômitos, rubor facial, pequias e hemorragia
conjuntival, seguidos de hipotensão, taquicardia, oligúria e hemorragias
severas, evoluindo para um quadro de polria, que antecipa o início da
recuperação, na maioria dos casos.
Na SCPH as principais manifestações são, na fase prodrômica, febre,
mialgias, dor lombar, dor abdominal, cefaléia e sintomas gastrointestinais
e, na fase cardiopulmonar, febre, dispnéia, taquipnéia, taquicardia, tosse
seca, hipotensão, edema pulmonar não cardiogênico, com o paciente evo-
luindo para insuciência respiratória aguda e choque circulatório.
Sinonímia
Febre Hemorrágica com ndrome Renal - Nefrosenefrite hemorrágica
na antiga União Sovtica, febre songo ou febre hemorrágica epidêmica na
China, febre hemorrágica coreana na Coréia, nefropatia epidêmica na Es-
candinávia, nefrite epidêmica ou febre hemorrágica epidêmica ou nefrite
dos Bálcãs na Europa e febre hemorrágica epidêmica no Japão.
ndrome Pulmonar por Hantavírus - Síndrome de insuciência pulmo-
nar do adulto por rus hanta (SIRA).
Agente etiológico
Vírus RNA, pertencentes à família Bunyaviridae, gênero Hantavirus.
Reservatórios
Os hantavírus são transmitidos por roedores silvestres da ordem Roden-
tia, família Muridae. As subfamílias Arvicolinae e Murinae, detém os
principais reservatórios primários da FHSR, enquanto que os da subfamí-
CID 10: A98.5
Hantaviroses
33
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 163
HANTAVIROSES - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 165
HANTAVIROSES - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
lia Sigmodontinae, da mesma família Muridae, são os roedores envolvidos
com a SCPH. Cada vírus está associado somente a uma espécie especa
de roedor hospedeiro. Nesses animais a infecção pelo hantavírus aparen-
temente não é letal e pode levá-lo ao estado de reservatório por longos
períodos, provavelmente por toda a vida.
Modo de transmissão
Inalação de aerossóis formados a partir de secreções e excretas dos reserva-
tórios (roedores). Outras formas mais raras de transmissão: a ingestão de
água e alimentos contaminados; a forma percutânea, através de escoriações
cutâneas ou mordeduras de roedores; contato do vírus com as mucosas,
como a conjuntiva, ou da boca ou do nariz, por meio de mãos contamina-
das com excretas dos roedores; em indivíduos que trabalham ou visitam
laboratórios e biotérios contaminados. Na Argentina, embora tenha sido
considerado um evento raro, foi descrita a transmissão pessoa a pessoa.
Peodo de incubão
Em média 2 semanas, com uma varião de 4 a 60 dias.
Peodo de transmissibilidade
Desconhecido.
Complicações
Na FHSR: insuciência renal irreversível. Na SCPH: insucncia respira-
tória aguda e choque circulatório.
Diagnóstico
Para ambas hantaviroses: suspeita cnica e epidemiológica. O diagnóstico
laboratorial pode ser realizado por meio de pesquisa de anticorpos IgM ou
IgG (duas amostras) por ELISA (material: soro ou sangue) ou por Imuno-
histoquímica (material: tecidos e fragmentos de órgãos, colhidos até no má-
ximo 8 horas após o óbito) ou RT-PCR, (material: soro, coágulo sangüíneo e
fragmentos de tecidos, colhidos nos primeiros 7 a 10 dias de doença).
Diagnóstico diferencial
Febre Hemorrágica com Síndrome Renal - Doenças que cursam com febre
hemorrágica, como malária grave, leptospirose, septicemia (gram negativo),
hepatite B, intoxicações exógenas, dengue hemorrágico e febre amarela.
Síndrome Pulmonar por Hantavírus - Os principais diagnósticos diferenciais
incluem as septicemias, leptospirose, viroses respiratórias, pneumonias atípicas
(Legionella sp, Mycoplasma sp, Chlamydia sp), histoplasmose pulmonar e
pneumocistose. Na fase inicial da doença pode-se incluir como diagnóstico
diferencial a dengue e as demais febres hemorrágicas de etiologia viral.
164 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
HANTAVIROSES - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
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HANTAVIROSES - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Tratamento
Febre Hemorrágica com Síndrome Renal - As medidas de suporte e ob-
servação são fundamentais: evitar sobrecarga drica nos estágios iniciais,
manter o aporte de uidos adequado para repor perda na fase de polria,
controle da hipotensão com expansores de volume e vasopressores nos
casos graves, monitorizão do estado hidroeletrolítico e ácido-básico;
diálise peritoneal ou hemodiálise no tratamento da insuciência renal.
ndrome Pulmonar por Hantavírus - Os casos suspeitos devem ser ime-
diatamente transferidos para hospital com unidade de terapia intensiva (UTI).
O paciente deve ser transportado em condições que assegurem a estabilidade
hemodinâmica e os parâmetros ventilatórios adequados, com oxigenioterapia
e acesso venoso, evitando-se a administração excessiva de líquidos por via
endovenosa (IV) e observando-se as normas de biossegurança.
Como até o momento, não existe terapêutica antiviral comprovadamente
ecaz contra a SCPH, são indicadas medidas gerais de suporte clínico para
manuteão das fuões vitais, com ênfase na oxigenação e observação
rigorosa do paciente, desde o início do quadro respiratório, inclusive
com uso de ventilação assistida. A hipotensão deve ser controlada, mi-
nistrando-se expansores plasmáticos, devendo-se ter extremo cuidado
na sobrecarga hídrica, evitando-se o uso de drogas vasopressoras. Os
disrbios hidroeletrolítico e ácido-básico devem ser corrigidos, inclusive
com assistência em unidade de terapia intensiva, nos casos mais graves.
Recomenda-se o isolamento do paciente em condições de proteção com
barreiras (avental, luvas e máscara dotadas de ltros N
95
).
Caractesticas epidemiológicas
Febre Hemorrágica com Síndrome Renal - Mostra-se endêmica na Ásia,
especicamente na China e na Coréia e, na Europa, nos países escandina-
vos (Finlândia, Suécia, Noruega), em alguns países dos Bálcãs, como Eslo-
vênia e Croácia, além de França, Alemanha e Grécia, com uma incidência
anual de 150.000 a 200.000 casos, com uma letalidade de até 5%
ndrome Pulmonar por Hantavírus - Detectada nos EUA em 1993, tem
sido registrada também no Canadá, Panamá, Brasil, Venezuela, Bolíva,
Paraguai, Chile, Argentina, Uruguai e Colômbia, com uma traxa de
letalidade variável entre 20 - 50%. No Brasil, a doea tem sido diagnos-
ticada de forma regular na região sul do país e nos estados de São Paulo,
Minas Gerais e Mato Grosso e, esporadicamente, em Goiás, sul do Pará,
Rio Grande do Norte e na Bahia. Os primeiros casos foram identicados
no estado de São Paulo, em novembro de 1993. Desde então, mais de 320
HANTAVIROSES - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 167
HANTAVIROSES - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
casos já foram registrados, apresentando um perl epidemiológico de um
agravo que acomete sexo masculino, idade média de 34 anos, residente em
área rural, com ocupação em atividades agrícolas. A taxa de letalidade é
de 47%. Situões de risco mais comuns: acesso de roedores às habitões;
limpeza de imóvel fechado há tempos; desmatamento, aragem, plantio e
colheita; transporte e/ou moagem de grãos; ecoturismo ou atividades de
lazer como caça e pesca.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA DA SCPH
Objetivos
Detectar precocemente casos e surtos; conhecer a história natural da do-
ença e a distribuão geográca dos hantavírus; identicar fatores de risco,
escie de roedores reservatórios e os tipos de vírus circulantes; Estudar
as tendências da doea, e; propor medidas de prevenção e controle.
Noticação
Doea de noticão compulsória e investigação obrigatória.
Denão de caso de SCPH
a) Suspeito - Paciente com doença febril, geralmente acima de 38°C, e
mialgias, acompanhados, de um ou mais dos seguintes sinais e sintomas:
dor lombar, dor abdominal, cefaia, sintomas gastrointestinais, dispnéia,
taquipnéia, taquicardia, tosse seca, hipotensão, edema pulmonar não car-
diogênico, na primeira semana da doença ou Paciente com enfermidade
aguda, apresentando quadro de edema pulmonar não cardiogênico, com
evolução para o óbito, ou Paciente com história de doea febril, e com
exposição à mesma fonte de infeão de um ou mais caso(s) de SCPH
conrmado(s) laboratorialmente.
b) Conrmado
Critério Laboratorial - Caso suspeito, com os seguintes resultados de
exames, laboratoriais: sorologia reagente para hantavírus da classe IgM
ou soroconversão para anticorpos da classe IgG (aumento de quatro vezes
ou mais no título de IgG, entre a primeira e segunda amostra) ou Imuno-
histoquímica de tecidos positiva (identicão de antígenos especícos
contra hantavírus) ou PCR positivo.
Critério Clínico Epidemiológico - Indivíduo que tenha freqüentado áreas
conhecidas de transmissão de hantavírus, ou exposição à mesma situação de
risco de pacientes conrmados laboratorialmente, apresentando, obrigatoria-
mente, as seguintes alterações: Raio X de tórax com inltrado intersticial bila-
teral nos campos pulmonares, com ou sem a presença de derrame pleural que
166 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
HANTAVIROSES - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 167
HANTAVIROSES - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
pode, quando presente, ser uni ou bilateral; Hemoconcentração (hematócrito
> 45%); Trombocitopenia (plaquetas <150.000 plaquetas/mm³).
Medidas de controle
a) Redução de fontes de abrigo e de alimentação de roedores - Reduzir
ao máximo todos os resíduos que possam servir de proteção e abrigo para
os roedores no peridomicílio; eliminar todas as fontes de alimentão
internas e externas às habitações; impedir o acesso dos roedores às casas e
locais de armazenamento de grãos;
b) Medidas para controle de roedores - Realizar desratizão, quando
necessária, somente intra e peridomicílio;
c) Precauções para grupos prossionais frequentemenrte expostos - In-
formar sobre as formas e os riscos de transmissão; uso de EPI; busca de
assistência imediata quando desenvolverem enfermidade febril;
d) Precauções para ecoturistas, cadores e pescadores - Evitar montar
barracas ou dormir em áreas com presea de fezes ou com covas ou
tocas; não tocar roedores vivos ou mortos; não usar cabanas ou abrigos
que tenham estado fechados por algum tempo, sem prévia ventilação e,
quando necessário, descontaminação; impedir o acesso dos roedores aos
alimentos; dar destino adequado aos resíduos sólidos; quadas, e o plantio
distante 30 metros das residências;
e) Descontaminação de ambientes potencialmente contaminados - Ven-
tilar o ambiente por, no nimo, 30 minutos, abrindo-se todas as portas e
janelas; umedecer pisos e paredes com solução de água sanitária a 10% ou
solução de água com detergente ou ainda solução de Lysol a 10%; aguar-
dar 30 minutos antes de proceder a limpeza; limpar móveis e utensílios
com um pano umedecido em detergente por outro produto recomendado,
para evitar a formação de aerossóis.
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Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 169
HEPATITE A - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doea viral aguda, de manifestões clínicas variadas desde formas
subclínicas, oligossintomáticas a formas fulminantes (menos que 1%
dos casos). Na maioria das vezes as infeões são anicricas, os sintomas
se assemelham a uma ndrome gripal, porém há elevação das transami-
nases. O quadro clínico é mais intenso na medida que aumenta a idade do
paciente. No decurso de uma hepatite típica temos vários períodos:
a) incubação;
b) prodrômico ou pré-ictérico - com duração em média de 7 dias, caracte-
rizado por mal-estar, cefaléia, febre baixa, anorexia, astenia, fadiga intensa,
artralgia, náuseas, vômitos, desconforto abdominal na região do hipocôn-
drio direito, aversão a alguns alimentos e a fumaça de cigarro;
c) ictérico - com intensidade variável e durão geralmente 4 a 6 semanas.
É precedido por dois a ts dias de colúria. Pode ocorrer hipocolia fecal,
prurido, hepato ou hepatoesplenomegalia. A febre, artralgia e cefaléia vão
desaparecendo nesta fase;
d) convalescência - retorno da sensação de bem-estar, gradativamente a
icterícia regride, as fezes e a urina voltam à coloração normal.
Agente etiológico
Vírus da hepatite A (HAV). É um vírus RNA, família Picornaviridae.
Reservatório
O homem, principalmente. Também primatas como chimpans e sagüis.
Modo de transmissão
Fecal-oral, veiculão hídrica, pessoa a pessoa (contato intrafamiliar e
institucional), alimentos contaminados e objetos inanimados. Transmis-
são percutânea (inoculão acidental) e parenteral (transfusão) são muito
raras devido ao curto período de viremia.
Peodo de incubão
De 15 a 45 dias, média de 30 dias.
Peodo de transmissibilidade
Desde a 2
a
semana antes do início dos sintomas, até o nal da 2
ª
semana
de doea.
Hepatite A
CID 10: B15
34
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HEPATITE A - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Complicações
As formas prolongadas ou recorrentes são raras e caracteriza-se pela ma-
nutenção das transaminases em níveis elevados por meses ou até mesmo
um ano. A forma fulminante apresenta letalidade elevada (superior a 80%).
Ocorre necrose maciça ou submaciça do fígado, levando à insuciência he-
pática aguda rapidamente (10 a 30 dias). A toxemia, sonolência e confusão
mental (coma hepático), podem estar acompanhadas de manifestações
hemorrágicas. A sepsis é rara.
Diagnóstico
Pode ser clínico-laboratorial, clínico-epidemiológico e laboratorial. Apenas
com os aspectos clínicos não é possível identicar o agente etiológico, sendo ne-
cessário exames sorológicos. Entretanto, podemos conrmar clinicamente os
casos secundários em um surto, onde o caso índice teve sorologia conrmada
(Anti-HAV-IgM). Os exames laboratoriais inespecícos incluem as dosagens
de aminotransferases-ALT/TGP e AST /TGO-que denunciam lesão do parên-
quima hepático. O nível de ALT pode estar três vezes maior que o normal, po-
dendo atingir a mais de 2.000UI/l. As bilirrubinas são elevadas e o tempo de
protrombina pode estar diminuído (TP>17s ou INR>1,5) indicando gravidade.
Outros exames podem estar alterados, como a glicemia e a albumina (baixas).
Os exames especícos são feitos através da identicação dos marcadores soro-
gicos. Na infecção aguda temos o anti-HAV IgM positivo (desde o início da
sintomatologia e normalmente desaparece após 3 - 6 meses do quadro clínico).
Na infecção passada e na vacinação temos anti-HAV/IgG positivo (detectado
uma semana após o início dos sintomas e se mantém ao longo da vida).
Diagnóstico diferencial
Hepatite por vírus B, C, D ou E; outras infeões como: leptospirose,
febre amarela, malária, dengue, sepsis, citomegalovírus e mononucleose;
doeas hemolíticas; obstrões biliares; uso abusivo de álcool; o uso de
alguns medicamentos e substâncias químicas.
Tratamento
Não existe tratamento especíco para a forma aguda. Se necessário, apenas
sintomático para náuseas, vômitos e prurido. Como norma geral, recomen-
da-se repouso relativo até praticamente a normalização das aminotrans-
ferases. Dieta pobre em gordura e rica em carboidratos é de uso popular,
porém seu maior benefício é ser mais agradável para o paciente anorético.
De forma prática, deve ser recomendado que o próprio paciente dena sua
dieta de acordo com seu apetite e aceitação alimentar. A única restrição
está relacionada à ingestão de álcool, que deve ser suspensa por seis meses
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HEPATITE A - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
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HEPATITE A - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
no nimo e, preferencialmente, por um ano. Medicamentos não devem
ser administrados sem recomendação dica para que não agrave o dano
hepático. As drogas consideradas hepatoprotetoras”, associadas ou não a
complexos vitanicos, não tem nenhum valor terapêutico.
Caractesticas Epidemiológicas
A hepatite A tem distribuão universal e apresenta-se de forma esporá-
dica ou de surto. Tem maior prevancia em áreas com más condões
sanitárias e higiênicas. É freqüente em instituões fechadas. Nos países
subdesenvolvidos, acomete com mais freqüência criaas e adultos jo-
vens; nos desenvolvidos, os adultos. A mortalidade e letalidade são baixas
e essa última tende a aumentar com a idade do paciente.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Conhecer a magnitude, a tendência e a distribuão por faixa etária e áreas
geográcas. Detectar, prevenir e controlar surtos, adotando e avaliando
impacto das medidas de controle.
Noticação
Todos os casos suspeitos ou conrmados e os surtos devem ser noticados
e investigados.
Denão de caso
Suspeito - Indivíduo com icterícia aguda e colúria e/ou dosagem de tran-
saminases igual ou maior que ts vezes o valor normal e/ou história de
contato com paciente com hepatite A conrmada.
Conrmado - Indivíduo que preenche as condições de suspeito com mar-
cador Anti-HAV IgM positivo ou indivíduo que preenche as condões
de suspeito mais um vínculo epidemiológico com caso conrmado por
sorologia de Hepatite A.
Medidas de controle
As medidas de controle incluem a noticação de surtos e os cuidados com
o paciente. A noticão é importante para que se desencadeie a investiga-
ção das fontes comuns e o controle da transmissão através de medidas pre-
ventivas. Os cuidados com o paciente incluem o afastamento do mesmo
das atividades normais (se criaa, isolamento e afastamento da creche,
pré-escola ou escola) durante as primeiras duas semanas da doença e a
máxima higiene com desinfecção de objetos, limpeza de bancadas, chão,
etc, utilizando cloro ou água sanitária As medidas preventivas incluem:
170 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
HEPATITE A - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 171
HEPATITE A - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
a) Educão da populão quanto às boas práticas de higiene, com ênfase
na lavagem das mãos após o uso do banheiro, na preparão de alimentos,
antes de se alimentar; na disposição sanitária de fezes, etc;
b) Medidas de saneamento básico com água tratada e esgoto;
c) Orientão das creches, pré-escolas e instituões fechadas para adoção
de medidas rigorosas de higiene com lavagem das mãos ao efetuar trocas
de fraldas, no preparo dos alimentos e antes de comer, além da desinfec-
ção de objetos, bancadas, chão, etc;
d) Cozimento adequado para mariscos, frutos do mar e desinfecção (uso
de cloro) para alimentos crus. A vacina contra a hepatite A, está dispo-
vel nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE),
indicada apenas para pessoas com hepatopatias crônicas suscetíveis para
a hepatite A; receptores de transplantes alogênicos ou autólogos, após
transplante de medula óssea em receptores de transplantes alogênicos ou
autólogos; antes da coleta em candidatos a receber transplantes autólogos
de medula óssea e doadores de transplante alogênico de medula óssea.
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Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 173
HEPATITE B - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doea viral que cursa de forma assintomática ou sintomática (até
formas fulminantes). As hepatites sintomáticas são caracterizadas por
mal-estar, cefaléia, febre baixa, anorexia, astenia, fadiga, artralgia, náu-
seas, vômitos, desconforto no hipocôndrio direito e aversão a alguns
alimentos e cigarro. A icterícia geralmente inicia-se quando a febre
desaparece e pode ser precedida por colúria e hipocolia fecal. Hepato-
megalia ou hepatoesplenomegalia também podem estar presentes. Na
forma aguda os sintomas o desaparecendo paulatinamente. Algumas
pessoas desenvolvem a forma crônica mantendo um processo ina-
matório hepático por mais de seis meses. Isto acontece com 5-10% dos
adultos infectados e 90
a 95% dos recém-nascidos lhos de mãe portadora
do vírus da hepatite B. Portadores de imunodeciência congênita ou ad-
quirida evoluem para a cronicidade com maior freqüência.
Agente etiológico
Vírus da Hepatite B (HBV). É um vírus DNA, família Hepadnaviridae.
Reservatório
O homem. Experimentalmente, chimpanzés, espécies de pato e esquilo.
Modo de transmissão
O HBV é altamente infectivo e facilmente transmitido através da via
sexual; transfues de sangue, procedimentos médicos e odontológicos
e hemodiálises sem as adequadas normas de biosseguraa; transmiso
vertical (mãe-lho), contatos íntimos domiciliares (compartilhamento
de escova dental e minas de barbear), através de acidentes pérfuro-cor-
tantes, compartilhamento de seringas e de material para a realizão de
tatuagens e “piercings”.
Peodo de incubão
De 30 a 180 dias (média em torno de 60 a 90 dias).
Peodo de transmissibilidade
Duas a três semanas antes dos primeiros sintomas e mantém-se durante
a evolução clínica da doença. O portador crônico pode transmitir por
vários anos.
Hepatite B
CID 10: B16
35
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Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 173
HEPATITE B - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Complicações
Cronicão da infecção, cirrose hepática e suas complicações (ascite,
hemorragias digestivas, peritonite bacteriana espontânea, encefalopatia
hepática) e carcinoma hepato-celular.
Diagnóstico
Pode ser clínico-laboratorial e laboratorial. Apenas com os aspectos clíni-
cos não é possível identicar o agente etiológico, sendo necessários exames
sorológicos. Os exames laboratoriais inespecícos incluem as dosagens de
aminotransferases - ALT/TGP e AST/TGO - que denunciam lesão do parên-
quima hepático. O nível de ALT pode estar três vezes maior que o normal.
As bilirrubinas são elevadas e o tempo de protrombina pode estar aumen-
tada (TP>17s ou INR>1,5) indicando gravidade. Os exames especícos são
feitos através de métodos sorológicos e de biologia molecular.
HEPATITE B AGUDA
Marcador Signicado
HBsAg
Primeiro marcador que aparece no curso da infecção pelo
HBV. Na hepatite aguda, ele declina a níveis indetectáveis
rapidamente
Anti-HBc
IgM
Marcador de infeão recente, está no soro até seis meses
após a infeão. Na infecção crônica, pode estar presente
enquanto ocorrer replicão viral
Anti-HBc
IgG
Marcador de longa duração, presente nas infecções agudas e
crônicas. Representa contato prévio com o vírus
HBeAg
Indicador de replicação viral. Sua positividade indica alta
infectividade.
HBV-DNA
(quantita-
tivo)
veis de HBV-DNA durante a fase de replicação intensa do
rus em geral estão acima de 100.000 cópias/ml. Níveis
abaixo de 100.000 cópias/ml podem ser detectados em
qualquer fase da doença, mesmo na convalesncia.
Anti-HBe
Surge após o desaparecimento do HBeAg, indica o m da
fase replicativa
Anti-HBs
É o único anticorpo que confere imunidade ao HBV. Está
presente no soro após o desaparecimento do HBsAg, sendo
indicador de cura e imunidade. Está presente isoladamente
em pessoas vacinadas
174 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
HEPATITE B - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 175
HEPATITE B - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Marcador Signicado
HBsAg
Sua presea por mais de seis meses é indicativa de hepatite
crônica
HBeAg
Na infeão cnica está presente enquanto ocorrer
replicão viral, exceto nas cepas com mutão pré-core
(não produtoras da proteína “e”).
Anti-HBe
Sua presea sugere redão ou auncia de replicação
viral. Seu surgimento indica melhora bioquímica e
histogica
HEPATITE B CRÔNICA
Diagnóstico diferencial
Hepatite por vírus A, C, D ou E; outras infecções como: leptospirose, febre
amarela, malária, dengue, sepsis, citomegalovírus e mononucleose; doen-
ças hemolíticas; obstrões biliares; uso abusivo de álcool; uso de alguns
medicamentos e substâncias químicas.
Tratamento
Não existe tratamento especíco para a forma aguda. Se necessário, apenas
sintomático para náuseas, vômitos e prurido. Como norma geral, recomen-
da-se repouso relativo até praticamente a normalização das aminotrans-
ferases. Dieta pobre em gordura e rica em carboidratos é de uso popular,
porém seu maior benefício é ser mais agradável para o paciente anorético.
De forma prática, deve ser recomendado que o próprio paciente dena sua
dieta de acordo com seu apetite e aceitação alimentar. A única restrição
está relacionada à ingestão de álcool, que deve ser suspensa por seis meses
no nimo e, preferencialmente, por um ano. Medicamentos não devem
ser administrados sem recomendação dica para que não agrave o dano
hepático. As drogas consideradas hepatoprotetoras”, associadas ou não
a complexos vitanicos, não têm nenhum valor terapêutico. Em uma
porcentagem dos casos crônicos há indicação do uso de interferon conven-
cional ou lamivudina. Formas fulminantes devem ser acompanhadas em
serviços especializados.
174 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
HEPATITE B - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 175
HEPATITE B - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Caractesticas epidemiológicas
Estima-se que o HBV seja responsável por 1 milhão de mortes ao ano e haja
350 milhões de portadores crônicos no mundo. A estabilidade do vírus,
variedades nas formas de transmissão e a existência de portadores crônicos
permite a sobrevida e persistência do HBV na população. A infecção ma-
terno-infantil (vertical) e horizontal nos primeiros anos de vida ocorre em
regiões de alta endemicidade como África, China e Sudeste Asiático. em
regiões de baixa endemicidade, como Europa, EUA e Austrália, a contamina-
ção ocorre na vida adulta, principalmente em grupos de risco acrescido. No
Brasil temos alta endemicidade na região Amazônica, Espírito Santo e oeste
de Santa Catarina, endemicidade intermediária nas regiões Centro-Oeste,
Nordeste e Sudeste e baixa endemicidade na região Sul. Grupos populacionais
com comportamentos sexuais de risco acrescido, como prossionais do sexo
e homens que fazem sexo com homens, além de usuários de drogas injetáveis
que compartilham seringas, prossionais de saúde e pessoas submetidas à
hemodiálise apresentam prevalências maiores que a população em geral.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Conhecer a magnitude, tendência e distribuição geográca e por faixa etária,
visando fortalecer as atividades de vacinão em áreas ou grupos de maior risco.
Noticação
Os casos suspeitos e conrmados devem ser noticados e investigados,
visando à protão dos contatos não infectados.
Denão de caso
Suspeito - Indivíduo com icterícia aguda e colúria e/ou dosagem de ami-
notransferases igual ou maior que três vezes o valor normal e/ou indivíduo
com exposição percutânea ou de mucosa a sangue e/ou secreções, ou contato
sexual ou domiciliar com pessoas suspeitas ou sabidamente HBsAg reagente
e/ou anti-HBc IgM reagente, indivíduo com exames sorológicos reagentes em
serviços que realizam triagem sorológica, indivíduo que desenvolveu icterícia
subitamente e evoluiu para óbito, sem outro diagnóstico conrmado.
Conrmado - Será segundo a tabela ao nal.
Medidas de controle
As medidas de controle incluem a prolaxia p-exposiçao, pós-exposição, o
não compartilhamento ou reutilização de seringas e agulhas, triagem obriga-
tória nos doadores de sangue, inativação viral de hemoderivados e medidas
adequadas de biossegurança nos estabelecimentos de saúde. A vacinação é
176 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
HEPATITE B - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
a medida mais segura para prevenção contra hepatite B. No Brasil a vacina
é indicada para toda a população menor de 20 anos e para pessoas de gru-
pos populacionais com maior vulnerabilidade para a doença. Os seguintes
grupos devem ser vacinados: prossionais da área de saúde; comunicantes
domiciliares de portadores do HBsAg positivo; paciente em hemodiálise;
politransfundidos; talassêmicos; hemofílicos; portadores de anemia falcifor-
me; neoplasias, HIV (sintomáticos e assintomáticos); portadores da hepatite
C; usuário de drogas intravenosas; pessoas em regime carcerário; pacientes
internos em casas psiquiátricas; homens que fazem sexo com homens; pro-
ssionais do sexo e populações indígenas (todas as faixas etárias). O esquema
básico de vacinação é de 3 doses, com intervalo de um mês entre a primeira e
segunda dose e de seis meses entre a primeira e terceira dose. O volume a ser
aplicado é de 1ml, em adultos, e 0,5ml, em crianças menores que 11 anos, a de-
pender do laboratório produtor. A Imunoglobulina Humana Anti-hepatite
B (IGHAHB), é indicada para pessoas não vacinadas após exposição ao vírus
nas seguintes situações: recém-nascidos de mães sabidamente portadoras de
HBsAg positivo, nas primeiras horas de vida; acidente com ferimento cutâ-
neo ou de membrana mucosa por instrumento perfurocortante contaminado
com sangue; contato sexual com pessoa que tem sorologia positiva para HB-
sAg; e vítima de abuso sexual. Na dose 0,06 ml/kg de peso. (administrar si-
multaneamente a vacina). Os portadores e doentes devem ser orientados para
evitar a disseminação do vírus, adotando medidas simples, tais como: uso de
preservativos nas relações sexuais, não doar sangue, uso de seringas e agulhas
descartáveis, evitando o compartilhamento. Recomenda-se também, con-
sultar normas para Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais,
Recomendações para imunização ativa e passiva de doentes com neoplasias e
Recomendações para vacinação em pessoas infectadas pelo HIV.
Interpretão HBsAg HBeAg
Anti-
HBc
IgM
Anti-
HBc
total
Anti-
HBe
Anti-
HBs
Incubão (+) (-) (-) (-) (-) (-)
Fase aguda (+) (+) (+) (+) (-) (-)
Fase aguda nal/
hepatite cnica
(+) (+/-) (+/-) (+) (+/-) (-)
Início fase
convalescente/
infecção recente
(-) (-) (+/-) (+) (-) (-)
Infecção passada/
cura
(-) (-) (-) (+) (+/-) (+)
Portador
Assintomático
(+) (-) (-) (+) (+/-) (-)
176 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
HEPATITE B - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doença viral com infecções assintomáticas ou sintoticas (até formas fulmi-
nantes queo raras). As hepatites sintomáticas são caracterizadas por mal-es-
tar, cefaléia, febre baixa, anorexia, astenia, fadiga, artralgia, náuseas, vômitos,
desconforto no hipocôndrio direito e aversão a alguns alimentos e cigarro. A
icterícia é encontrada entre 18 a 26% dos casos de hepatite aguda e inicia-se
quando a febre desaparece, podendo ser precedida por colúria e hipocolia fecal.
Pode haver também hepatomegalia ou hepatoesplenomegalia. Na forma aguda
os sintomas o desaparecendo paulatinamente. Das pessoas infectadas, 70 a
85% desenvolvem a forma crônica mantendo um processo inamatório he-
tico por mais de seis meses. Destas pessoas, 20% a 30% evoluem para cirrose e
dos cirróticos 1,0% a 5,0% desenvolvem hepatocarcinoma.
Agente etiológico
Vírus da Hepatite C (HCV). É um vírus RNA, família Flaviviridae.
Reservatório
O homem. Experimentalmente, o chimpanzé.
Modo de transmissão
A transmissão ocorre principalmente por via parenteral. São consideradas
populações de risco acrescido: indivíduos que receberam transfusão de
sangue e/ou hemoderivados antes de 1993, pessoas que compartilham
material para uso de drogas injetáveis, inaláveis, tatuagem, “piercing” ou
que apresentem outras formas de exposão percutânea. A transmissão
sexual pode ocorrer principalmente em pessoas com ltiplos parcei-
ros e com prática sexual de risco acrescido (sem uso de preservativo). A
transmiso perinatal é possível e ocorre quase sempre no momento do
parto ou logo após. A transmissão intra-uterina é incomum. A dia de
infeão em criaas nascidas de es HCV positivas é de aproximada-
mente 6%, havendo co-infeão com HIV sobe para 17%. A transmissão
pode estar associada ao genótipo e carga viral elevada do HCV. Apesar da
possibilidade da transmissão através do aleitamento materno (partículas
virais foram demonstradas no colostro e leite materno), não há até agora
evidências conclusivas de aumento do risco à transmissão, exceto na ocor-
rência de ssuras ou sangramento nos mamilos.
CID 10: B17.1
Hepatite C
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HEPATITE C - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Peodo de incubão
Varia de 15 a 150 dias.
Peodo de transmissibilidade
Inicia-se 1 semana antes do início dos sintomas e mantém-se enquanto o
paciente apresentar RNA-HCV reagente.
Complicações
Cronicão da infecção, cirrose hepática e suas complicações (ascite,
hemorragias digestivas, peritonite bacteriana espontânea, encefalopatia
hepática) e carcinoma hepato-celular.
Diagnóstico
Clínico-laboratorial. Apenas com os aspectos clínicos não é possível iden-
ticar o agente etiológico, sendo necessário exames sorológicos. Os exames
laboratoriais inespecícos incluem as dosagens de aminotransferases-ALT/
TGP e AST/TGO-que denunciam lesão do parênquima hepático. O nível
de ALT pode estar três vezes maior que o normal. As bilirrubinas são ele-
vadas e o tempo de protrombina pode estar alargado (TP>17s ou INR>1,5)
indicando gravidade. Na infecção crônica, o padrão ondulante dos níveis
séricos das aminotransferases, especialmente a ALT/TGP, diferentemente
da hepatite B, apresenta-se entre seus valores normais e valores mais altos. A
denição do agente é feita pelo marcador sorológico Anti-HCV. Este marca-
dor indica contato prévio o agente e a presença do vírus deve ser conrmada
pela pesquisa qualitativa de HCV-RNA.
Diagnóstico diferencial
Hepatite por vírus A, B, D ou E; outras infecções como: leptospirose,
febre amarela, malária, dengue, sepsis, citomegalovírus e mononucleose;
doeas hemolíticas; obstrões biliares; uso abusivo de álcool; o uso de
alguns medicamentos e substâncias químicas.
Tratamento
O tratamento especíco para a fase aguda é complexo e ainda não está to-
talmente esclarecido na literatura. Se necessário, apenas sintomático para
náuseas, vômitos e prurido. Como norma geral, recomenda-se repouso
relativo até praticamente a normalizão das aminotransferases. Dieta po-
bre em gordura e rica em carboidratos é de uso popular, porém seu maior
benefício é ser mais agradável para o paciente anorético. De forma prática,
deve ser recomendado que o próprio paciente dena sua dieta de acordo
com seu apetite e aceitação alimentar. A única restrição está relacionada à
ingestão de álcool, que deve ser suspensa por seis meses no mínimo e, pre-
178 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
HEPATITE C - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 179
HEPATITE C - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ferencialmente, por um ano. Medicamentos não devem ser administrados
sem recomendação médica para que não agrave o dano hepático. As drogas
consideradas “hepatoprotetoras”, associadas ou não a complexos vitamíni-
cos, não tem nenhum valor terapêutico. Na hepatite crônica estima-se que
um terço a um quarto dos casos necessitade tratamento. Sua indicação
baseia-se no grau de acometimento hepático. Pacientes sem manifestações
de hepatopatia e com aminotransferases normais devem ser avaliados clini-
camente e repetir os exames a cada seis meses. No tratamento da hepatite C
crônica pode-se administrar interferon convencional ou peguilado associa-
do a ribavirina dependendo do genótipo infectante.
Caractesticas epidemiológicas
Estima-se que existam 170 miles de pessoas infectadas em todo o mun-
do. A prevancia da infeão, com base em dados de doadores de sangue,
pode variar entre índices inferiores a 1,0% em países como o Reino Unido,
Escandinávia, Nova Zendia e algumas áreas do Japão, ou chegar até a
26% como no Egito. No Brasil, com base em doadores de sangue, a preva-
lência de anti-HCV nas diversas reges foi de 0,62% no Norte, 0,55% no
Nordeste, 0,43% no Sudeste, 0,28% no Centro-oeste e 0,46% no Sul (An-
visa, 2002). As populações mais atingidas são os pacientes que realizam
ltiplas transfusões, hemofílicos, hemodialisados, usuários de drogas
injetáveis e inaláveis, assim como portadores de tatuagens e de “piercing”.
Num inquérito soroepidemiológico de base populacional, estraticada
por sexo, idade e local de moradia, realizada no município de São Paulo,
foi encontrada uma estimativa de prevalência de 1,42% de Anti-HCV.
Para a populão acima e 30 anos a estimativa foi de 2,7%.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Conhecer a magnitude, tendência, distribuição geográca e por faixa
etária. Investigar os casos e adotar medidas de controle.
Noticação
Todos os casos devem ser noticados e investigados.
Denão de caso
Caso suspeito - Indivíduo com ictecia aguda e colúria e/ou dosagem de
aminotransferases igual ou maior que ts vezes o valor normal; história
de exposição percutânea ou de mucosa a sangue e/ou secreções de pessoas
portadoras ou com suspeita de infecção pelo HCV; exames sorológicos de
triagem reagentes para hepatite C (doadores de sangue e/ou órgãos, usuá-
HEPATITE C - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
rios de hemodiálise e ambulatórios de DST) ou indivíduo que desenvolveu
icterícia subitamente e evoluiu para óbito, sem outro diagnóstico conrma-
do; receptores de transplantes, sangue ou hemoderivados antes de 1993.
Caso Conrmado - Indivíduo que preenche as condões de suspeito e
detecta-se no soro o RNA-HCV por método de biologia molecular ou
detecção do antígeno ou RNA-HCV em tecido quando o for possível a
coleta de soro em caso de óbito. Nos locais onde ainda o for possível a
realizão de teste de biologia molecular, poderá ser conrmado indivídu-
os com duas sorologias reagentes pelo método de Elisa com aminotransfe-
rases (ALT) uma vez e meio maior que o limite normal.
Medidas de controle
Não há vacina, nem imunoglobulina para a hepatite C. Aos portadores
crônicos do HCV são recomendadas as vacinas contra hepatite A e B, se
forem susceptíveis, evitando o risco destas infeões. Aos portadores do
HCV é importante que orientações sejam dadas para evitar a transmissão
do vírus. A possibilidade da transmissão vertical (mãe-lho) e através do
aleitamento materno deve ser problematizadas com mães infectadas pelo
HCV. Usuários de drogas injetáveis e inaláveis não devem compartilhar
seringas e canudos. Embora o risco de transmissão sexual seja pequeno,
esta informação deve ser passada para casais discordantes (um tem a in-
fecção e o outro não). Entretanto, de forma geral, como forma de preven-
ção de DST, incluindo a hepatite B, o uso de preservativo deve ser buscado.
O portador não deve fazer doão de sangue. Os prossionais devem se-
guir as normas de biosseguraa nos estabelecimentos de saúde. Em caso
de acidente biológico, testar o paciente fonte para o HCV. O prossional
acidentado deve ser acompanhado e realizar sorologia no momento do
acidente, aos 3 e 6 meses após a exposição, sendo que entre a quarta e sexta
semana deve realizar um dosagem de aminotransferases.
180 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
HEPATITE C - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doença viral aguda que pode evoluir para forma crônica. Apresentar-se
como infecção assintomática, sintomática ou como formas gravíssimas, in-
clusive com óbito. O rus HDV ou delta é altamente patogênico e infeccio-
so. Pode ser transmitido junto com o HBV a indivíduos sem contato prévio
ao HBV, caracterizando a co-infecção, ou pode ser transmitido a indivíduos
já portadores de HBsAg, caracterizando a superinfecção. Na maioria dos
casos de co-infecção o quadro clínico manifesta-se como hepatite aguda
benigna, ocorrendo completa recuperação em até 95% dos casos. Excep-
cionalmente pode levar a formas fulminantes e crônicas de hepatite. Na su-
perinfecção o prognóstico é pior, pois o HDV encontra condição ideal para
intensa replicação, podendo produzir grave dano hepático e evolução para
cirrose hepática. A doença crônica cursa geralmente com períodos de febre,
icterícia, epistaxe, astenia, artralgia e principalmente esplenomegalia.
Agente etiológico
Vírus da Hepatite D ou delta (HDV). É um vírus RNA, único represen-
tante da família Deltaviridae. É um vírus defectivo (incompleto) que não
consegue, por si só, reproduzir seu próprio antígeno de superfície, o qual
seria indispensável para exercer sua ação patogênica e se replicar nas célu-
las hepáticas. Desta forma necessita da presea do vírus da hepatite B.
Reservatório
O homem.
Modo de transmissão
Semelhante ao da hepatite B, ou seja, através da via sexual; de solução de
continuidade (pele e mucosa), de transfusões de sangue, procedimentos
dicos e odontológicos e hemodiálises sem as adequadas normas de
biosseguraa; transmissão vertical (mãe-lho), contatos íntimos do-
miciliares (compartilhamento de escova dental e lâminas de barbear),
através de acidentes rfuro-cortantes, compartilhamento de seringas e
de material para a realizão de tatuagens e “piercings”. A transmiso
vertical depende da carga viral do HBV. Outros líquidos orgânicos (sê-
men, secreção vaginal, leite materno) podem conter o vírus e constituir-se
como fonte de infeão.
CID 10: B17.8
Hepatite D
37
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 181
182 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
HEPATITE D - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 183
HEPATITE D - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Peodo de incubão
De 30 a 180 dias. Este período é menor na superinfecção.
Peodo de transmissibilidade
Uma semana antes do início dos sintomas da infecção conjunta (HDV e
HBV). Quando ocorre superinfecção, não se conhece esse período.
Complicações
Pode ocorrer evolução para a cronicidade em até 75% dos casos de supe-
rinfecção e com isso, o agravamento das manifestações clínicas, do quadro
bioquímico e histológico. Se comparada a infecção pelo HBV somente, na
superinfecção ocorre uma evolução em maior velocidade para a cirrose he-
pática e na co-infecção uma maior probabilidade de quadros fulminantes.
Diagnóstico
Clínico-laboratorial. Apenas com os aspectos clínicos não é possível iden-
ticar o agente etiológico, sendo necessário exames sorológicos. Os exames
laboratoriais inespecícos incluem as dosagens de transaminases-ALT/TGP
e AST /TGO-que denunciam lesão do parênquima hepático. O nível de ALT
pode estar três vezes ou mais que o normal, podendo atingir até mais de
2.000UI/l. As bilirrubinas são elevadas e o tempo de protrombina pode estar
diminuído (indicador de gravidade). Outros exames podem estar alterados,
como a glicemia e a albumina (baixas). Os exames especícos são feitos atra-
vés da identicação dos marcadores sorológicos para HBV (HBsAg/Anti-HBc
IgM/Anti-HBc total) e HDV (HDAg/Anti-HDV IgM/Anti-HDV IgG).
Diagnóstico diferencial
Hepatite por vírus A, B, C ou E; outras infeões como: leptospirose,
febre amarela, malária, dengue, sepsis, citomegalovírus e mononucleose;
doeas hemolíticas; obstrões biliares; uso abusivo de álcool; o uso de
alguns medicamentos e substâncias químicas.
Tratamento
O tratamento é complexo e muitas vezes o paciente volta a expressar o RNA-
HDV no soro. Não existe tratamento especíco para a forma aguda. Se ne-
cessário, apenas sintomático para náuseas, vômitos e prurido. Como norma
geral, recomenda-se repouso relativo até praticamente a normalização das
aminotransferases. Dieta pobre em gordura e rica em carboidratos é de uso
popular, porém seu maior benefício é ser mais agradável para o paciente
anorético. De forma prática, deve ser recomendado que o próprio paciente
dena sua dieta de acordo com seu apetite e aceitação alimentar. A única
restrição está relacionada à ingestão de álcool, que deve ser suspensa por seis
182 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
HEPATITE D - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 183
HEPATITE D - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
meses no nimo e, preferencialmente, por um ano. Medicamentos não
devem ser administrados sem recomendação dica para que não agrave
o dano hepático. As drogas consideradas hepatoprotetoras”, associadas ou
não a complexos vitanicos, não tem nenhum valor terapêutico. Na forma
crônica pode-se tentar terapia com interferon convencional em pacientes
com anti-HDV IgM ou HDV-DNA positivo e com ALT/TGO acima de duas
vezes o limite superior da normalidade. Pacientes que desenvolverem a
forma fulminante devem ser encaminhados a centros especializados. Mais
estudos são necessários para denir uma terapia mais adequada e efetiva.
Caractesticas epidemiológicas
A distribuão mundial do HDV difere em parte com a prevalência do
HBV. Em áreas de baixa endemicidade do HBV, a prevancia do HDV
tamm é geralmente baixa. Em regiões de moderada e alta endemicidade
do HBV, a prevalência de HDV é variável. Na África, Sudeste Asiático, Ve-
nezuela, Peru, Mediterneo e rego Amazônica Ocidental e Matogros-
sense, a prevalência de HDV tamm é alta em pacientes infectados pelo
HBV. Em áreas endêmicas de infecção pelo HBV, o estado de portador
crônico (HBsAg positivo) constitui-se no principal fator para propagação
do HDV, assim como grupos de risco acrescido, como usuários de drogas,
hemodialisados e politransfundidos.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Conhecer a magnitude, tendência, distribuição por faixa etária e áreas geográ-
cas. Vacinar contra hepatite B a população residente em áreas endêmicas.
Noticação
Os casos suspeitos, conrmados e os surtos devem ser noticados e in-
vestigados.
Denão de caso
Caso suspeito - Indivíduo com ictecia aguda e colúria e/ou dosagem de
transaminases igual ou maior que ts vezes o valor normal e/ou história
de contato por via sexual, parenteral, percutânea ou vertical com paciente
que apresenta sorologia reagente para hepatite D.
Caso conrmado - Indivíduo que na investigão epidemiológica apre-
sente marcadores conforme tabela a seguir:
Interpretão AgHBs
Anti-HBc
IgM
AgHDV
Anti-
HDV
IgM
Anti-
HDV
IgG
Co-infeão ou
Superinfecção recente
+ - + - -
Co-infeão recente
+ + +/- + -
Superinfecção recente
+ - +/- + -
Superinfecção antiga
+ - - - +
Medidas de controle
A vacina contra a hepatite B é uma forma de reduzir a prevalência da hepa-
tite D. Os portadores e doentes devem ser orientados para evitar a dissemi-
nação do vírus, adotando medidas simples, tais como: uso de preservativos
nas relações sexuais, não doar sangue, uso de seringas e agulhas descartá-
veis, evitando o compartilhamento. Os prossionais de saúde devem seguir
as normas de biossegurança em procedimentos odontológicos e cirúrgicos.
Os serviços de hemoterapia (hemocentros e Bancos de Sangue), de doenças
sexualmente transmissíveis, de saúde do trabalhador me como as Unidades
Básicas de Saúde devem noticar os portadores por eles diagnosticados e
encaminhá-los ao serviço de Vigilância Epidemiológica municipal ou esta-
dual, para completar a investigação e receber assistência médica.
HEPATITE D - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
184 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doea viral aguda e autolimitada. Apresenta um curso benigno, embora
tenha sido descritos casos, principalmente em gestantes, com evolução
para a forma fulminante. Apresenta-se de forma assintomática (usual-
mente em crianças) ou com sintomas semelhante à hepatite A, sendo a ic-
terícia observada na maioria dos pacientes. Compreende vários peodos:
a) Incubação;
b) Prodmico ou pré-icrico - Duração em média de três a quatro dias,
caracterizado por mal-estar, cefaia, febre baixa, anorexia, astenia, fadiga
intensa, artralgia, náuseas, vômitos, desconforto abdominal;
c) Ictérico - Além da icterícia, é comum a presença de queixas de colúria,
prurido e hipocolia fecal e hepatomegalia. A febre, artralgia e cefaia ten-
dem a desaparecer nesta fase;
d) Convalescência - Retorno da sensão de bem-estar, gradativamente a
icterícia regride, as fezes e a urina voltam à coloração normal. Nos casos
típicos em um mês há remissão completa dos sintomas.
Agente etiológico
Vírus da hepatite E (HEV). É um vírus RNA, família Caliciviridae .
Reservatório
O homem. Relatos recentes de isolamento do HEV em suínos, bovinos,
galinhas, es e roedores levantam a possibilidade de que esta infecção
seja uma zoonose. Experimentalmente também em alguns primatas não
humanos chimpanzés e macaco cynomolgus.
Modo de transmissão
Fecal-oral, principalmente pela água e alimentos contaminados por deje-
tos humanos e de animais. Apesar de ser um evento raro, pode também
ser transmitido por via vertical e parenteral.
Peodo de incubão
De 2 a 9 semanas, média de 6 semanas.
Peodo de transmissibilidade
Desde a segunda semana antes do início dos sintomas até o nal da segun-
CID 10: B17.2
Hepatite E
38
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 185
186 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
HEPATITE E - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 187
HEPATITE E - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
da semana de doença.
Complicações
o há relato de evolução para cronicidade ou viremia persistente. Em gestan-
tes, a hepatite é mais grave, podendo apresentar formas fulminantes. A taxa
de mortalidade em gestantes pode chegar a 25%, especialmente no terceiro
trimestre. Em qualquer trimestre, abortos e mortes intra-uterinas são comuns.
Diagnóstico
Clínico-laboratorial. Apenas com os aspectos clínicos não é possível iden-
ticar o agente etiológico, sendo necessário exames sorológicos. Os exames
laboratoriais inespecícos incluem as dosagens de transaminases-ALT/TGP
e AST/TGO-que denunciam lesão do parênquima hepático. O nível de ALT
pode estar três vezes maior que o normal. As bilirrubinas são elevadas e
o tempo de protrombina pode estar diminuído (TP>17s ou INR>1,5) in-
dicando gravidade. Os exames especícos são para detecção do marcador
sorológico anti-HEV IgM sendo Elisa a técnica mais utilizada. Este marca-
dor tem sido detectado em 95% dos pacientes com infecção recente, cerca
de quatro dias após início dos sintomas e desaparece após quatro ou cinco
meses. O RNA-HEV pode ser detectado através da biologia molecular.
Diagnóstico diferencial
Hepatite por vírus A, B, C ou D; outras infecções como: leptospirose, febre
amarela, malária, dengue, sepsis, citomegalovírus e mononucleose; doen-
ças hemolíticas; obstrões biliares; uso abusivo de álcool; uso de alguns
medicamentos e substâncias químicas. Para gestantes temos a colestase
intra-hepática da gravidez e esteatose aguda da gravidez.
Tratamento
Não existe tratamento especíco para a forma aguda. Se necessário, apenas
sintomático para náuseas, vômitos e prurido. Como norma geral, recomenda-se
repouso relativo a praticamente a normalização das aminotransferases. Dieta
pobre em gordura e rica em carboidratos é de uso popular, porém seu maior be-
nefício é ser mais agradável para o paciente anorético. De forma prática, deve ser
recomendado que o pprio paciente dena sua dieta de acordo com seu apetite
e aceitação alimentar. A única restrição está relacionada à ingestão de álcool, que
deve ser suspensa por seis meses no mínimo e, preferencialmente, por um ano.
Medicamentos não devem ser administrados sem recomendação dica para
que o agrave o dano hepático. As drogas consideradas “hepatoprotetoras,
associadas ou o a complexos vitamínicos, não tem nenhum valor terautico.
Caractesticas epidemiológicas
186 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
HEPATITE E - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 187
HEPATITE E - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
A infecção apresenta-se de forma esporádica e de surtos. É freqüente em
áreas sem saneamento básico, em instituições fechadas com baixo padrão
de higiene. Freqüentemente, as epidemias estão relacionadas à contamina-
ção de alimentos e reservatórios de água, principalmente após calamidades
públicas. Atinge com freqüência adultos jovens. A mortalidade e letalidade
são baixas (0,07 a 0,6% dos casos). A primeira epidemia descrita foi em Nova
Délhi (1955), após contaminação do fornecimento de água pelo esgoto. Hoje
é encontrada em rios países tropicais, subtropicais e Sudeste Asiático, ge-
ralmente como epidemia, e esporadicamente em países da Ásia Central, cen-
tro-leste da África, América Central e do Sul e países da ex-URSS. Inquéritos
sorológicos no Brasil têm registrado que há circulação viral.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Conhecer a magnitude, tendência, distribuição por faixa etária e áreas geo-
grácas da doença. Investigar surtos para adoção de medidas de controle.
Noticação
Os casos suspeitos, conrmados e os surtos devem ser noticados e in-
vestigados, visando adoção das medidas de controle pertinentes. Casos
isolados não são de noticão compulsória para o nível nacional, deven-
do-se, entretanto, seguir as orientões dos estados e municípios. Deve-se
investigar se o paciente esteve em área endêmica, no período de 2 meses
que antecedeu o início dos sintomas.
Denão de caso
Caso suspeito - Indivíduo com ictecia aguda e colúria e/ou dosagem de
transaminases igual ou maior que ts vezes o valor normal e/ou contato
com mesma fonte de infeão a qual foi conrmado um caso apresentan-
do Anti-HEV reagente.
Caso conrmado - Indivíduo que preenche as condões de suspeito com
sorologia demonstrando Anti-HEV IgM positivo, em pacientes não rea-
tores a marcadores de hepatites A e B agudas ou indivíduo que preenche
as condões de caso suspeito e que se identique vínculo epidemiológico
conrmado de Hepatite E.
Medidas de controle
As medidas de controle incluem a noticação de surtos e os cuidados com
o paciente. A noticão é importante para que se desencadeie a investiga-
ção das fontes comuns e o controle da transmissão através de medidas pre-
ventivas. Os cuidados com o paciente incluem o afastamento do mesmo
188 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
HEPATITE E - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
das atividades normais (se criaa, isolamento e afastamento da creche,
pré-escola ou escola) durante as primeiras duas semanas da doença e a
máxima higiene com desinfecção de objetos, limpeza de bancadas, chão,
etc, utilizando cloro ou água sanitária As medidas preventivas incluem:
a) educão da populão quanto às boas práticas de higiene, com ênfase
na lavagem das mãos após o uso do banheiro, na preparão de alimentos,
antes de se alimentar; na disposição sanitária de fezes, etc;
b) medidas de saneamento básico com água tratada e esgoto;
c) orientação das creches, pré-escolas e instituições fechadas para adoção
de medidas rigorosas de higiene com lavagem das mãos ao efetuar trocas de
fraldas, no preparo dos alimentos e antes de comer, além da desinfecção de
objetos, bancadas, chão, etc. Não existe vacina para a hepatite E comerciali-
zada e não é conhecida a ecácia da Imunoglobulina contra hepatite E.
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 189
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
As infecções pelo herpes simples rus apresentam-se como desaos, cada vez
maiores, para diversas áreas da medicina, por serem dotadas de várias pecu-
liaridades. Dentre elas, cita-se a capacidade do vírus permanecer em latência
por longos períodos de tempo, podendo sofrer reativação periódica, gerando
doença clínica ou sub-clínica. O herpes simples vírus é comumente associa-
do a lesões de membranas mucosas e pele, ao redor da cavidade oral (herpes
orolabial) e da genitália (herpes anogenital). O rus do herpes simples deter-
mina quadros variáveis benignos ou graves. Há dois tipos de vírus: o tipo-1,
responsável por infecções na face e tronco, e o tipo-2, relacionado às infecções
na genilia e de transmissão geralmente sexual. Entretanto, ambos os vírus
podem infectar qualquer área da pele ou das mucosas. As manifestações clíni-
cas são distintas e relacionadas, ao estado imunológico do hospedeiro:
Primo-infecção herpética - É, em geral, sub-clínica e passa desperce-
bida; o indivíduo torna-se portador do vírus sem apresentar sintomas.
Em pequena porcentagem de indivíduos, a infecção é grave e prolongada,
perdurando por algumas semanas. Após a infecção primária, o vírus pode
car em estado de latência em gânglios de nervos cranianos ou da medula.
Quando reativado por várias causas, o vírus migra através de nervo pe-
riférico, retorna à pele ou mucosa e produz a erupção do herpes simples
recidivante.
Gengivoestomatite hertica primária - É de observação mais comum em
criança, podendo variar de um quadro discreto, com algumas lesões vésico-
erosivas e subfebril, até quadros graves, com erupção vesiculosa, febre alta,
adenopatias e comprometimento do estado geral. Com o rompimento das
vesículas, formam-se exulcerações, a gengiva edemacia-se e a alimentação
é dicultada. A faringe pode ser atingida. Eventualmente, a primo-infecção
em crianças ocorre na região genital (vulvo-vaginite herpética). O quadro
dura de 2 a 6 semanas, com tendência à cura, sem deixar seqüelas.
Herpes recidivante - É de observação mais comum em adultos, surgindo
as lesões em qualquer área da pele ou mucosa, onde ocorreu a inoculação
primária. O aparecimento das lesões é, em geral, precedido de horas ou
dias de discreto ardor ou prurido local; surgem em seguida as lesões ca-
racterísticas, vesículas agrupadas sobre base eritematosa, que se tornam
Herpes Simples
CID 10: B00
39
HERPES SIMPLES - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
190 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
HERPES SIMPLES - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
pústulas e se ulceram. A localização mais freqüente é nos lábios, desen-
cadeada por traumas, exposição ao sol, tensão emocional, menstruão e
infeões respiratórias.
Herpes genital - A primo-infeão em adulto surge 5-10 dias após o con-
tato, em geral pelo Herpes Simples Tipo-2. Há também discreto prurido e/
ou ardor e, então, vesículas agrupadas dolorosas aparecem no nis, vulva
ou ânus, sendo o quadro acompanhado de cefaia, febre e linfadenopatia.
O herpes recidivante genital é freqüente e perdura de 5 a 10 dias.
Ceratoconjuntivite herpética - A primo-infecção pode ser no olho, com vesí-
culas e eroes na conjuntiva e córnea. Após a regressão, podem surgir as recidi-
vas, que determinam ulcerações profundas, eventualmente causando cegueira.
Herpes simples neonatal - Ocorre quando a parturiente apresenta herpes
genital com contaminação do neonato durante o parto. São vesículas e
bolhas que se erosam e são recobertas por crostas, sendo na maioria dos
casos causadas pelo herpes simples tipo-2. O herpes simples neonatal é
grave e muitas vezes fatal. Dos sobreviventes, 50% m seqüelas neuroló-
gicas ou oculares.
Panarício hertico - Infeão herpética recidivante atingindo os dedos
das mãos e dos s. Na primo-infecção, o quadro inicial é de vesículas que
coalescem, podendo formar uma única bolha, com adenopatia e eventual-
mente febre. As a cura da primo-infecção, ocorrem recidivas locais.
Doea neurológica - O acometimento neurológico é comum, uma vez
que o herpes simples é um vírus neurotrópico. As complicões do sis-
tema nervoso central são: meningite, encefalite, radiculopatia, mielite
transversa.
Herpes simples em imunodeprimidos: o herpes simples em latência surge
freqüentemente pela imunodepressão, impetigos, micose fungóide, leuce-
mias, mieloma, transplantes e doenças crônicas. É uma das complicações
mais freqüentes na aids, podendo com maior freqüência causar encefalite.
Sinonímia
Herpevírus tipo 1 e 2.
Agente etiológico
O herpes simples é causado pelo Herpesrus hominus tipo-1. São vírus
DNA, da família Herpesviridae.
Reservatório
O homem.
HERPES SIMPLES - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
190 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
HERPES SIMPLES - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Modo de transmissão
Por contato íntimo com indivíduo transmissor do vírus, a partir de super-
fície mucosa ou de lesão infectante. O HSV é rapidamente inativado em
temperatura ambiente e após secagem, logo, a disseminação por aerossóis
ou fômites é rara. O vírus ganha acesso através de escoriões na pele ou
de contato direto com a cérvix uterina, uretra, orofaringe ou conjuntiva.
A transmissão assintomática também pode ocorrer, sendo mais comum
nos primeiros 3 meses após a doença primária, quando o agente etiológico
é o HSV-2 e na auncia de anticorpos contra o HSV-1.
Peodo de incubão
É de 1 a 26 dias, em média 8 dias.
Peodo de transmissibilidade
Variável de 4 a 12 dias após o aparecimento dos primeiros sintomas.
Nas infeões assintomáticas, orais e genitais, pode haver disseminação
transitória do vírus.
Diagnóstico
É eminentemente clínico. O laboratório pode auxiliar nos casos atípicos.
O método usualmente utilizado é a citodiagnose de Tzanck. As técnicas
sorológicas também podem ser realizadas, como a imunouorescência e o
teste enzimático, além do PCR.
Diagnóstico diferencial
A gengivoestomatite herpética deve ser diferenciada da candidose, afto-
se, síndrome de Stevens-Johnson e infecções bacterianas. As ulcerões
genitais, com sílis, cancróide, linfogranuloma venéreo, candidíase, ulce-
rações traumáticas. A encefalite herpética, principalmente no portador de
aids, deve ser diferenciada de: meningite bacteriana, meningoencefalite
criptocica, meningoencefalite tuberculosa e neurotoxoplasmose.
Tratamento
Para todas as formas de herpes simples utiliza-se: aciclovir, na dose de 200mg,
5 vezes ao dia, por 5 dias, podendo ser estendido nas primo-infecções. Em
imunocomprometidos, a dose pode ser duplicada. Em formas graves, hospitali-
zação, adequada hidratação e aplicação de aciclovir por via intravenosa, podem
ser indicadas, utilizando-se a dose de 5mg/kg, IV, a cada 8 horas. Nas infecções
primárias, o aciclovir, o valaciclovir e o panciclovir diminuem a duração dos
sintomas, apresentando os dois últimos comodidade posológica em relação
ao aciclovir. Em pessoas com recorrências freqüentes (mais de 4 episódios por
ano), a prolaxia pode ser indicada, geralmente com aciclovir, 200mg, 3 vezes
ao dia, por 6 a 12 meses.
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 191
HERPES SIMPLES - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
192 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
HERPES SIMPLES - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 193
Gravidez - Deve ser considerado o risco de complicações obstétricas, parti-
cularmente se a primo-infecção ocorrer durante a gravidez. A infecção pri-
mária materna no nal da gestão oferece maior risco de infecção neonatal
do que o herpes genital recorrente. As complicações do herpes na gestação
são numerosas. Entretanto, a transmissão fetal transplacentária é rara, sendo
uma a cada 3.500 gestações. A infecção do concepto intra-útero, nos primei-
ros meses da gestação, culmina, freqüentemente, em aborto. O maior risco
de transmissão do vírus ao feto se dará no momento da passagem desse pelo
canal de parto, resultando em, aproximadamente, 50% de risco de contami-
nação. Mesmo na forma assintomática, poderá haver a transmissão do vírus
por meio do canal de parto. Recomenda-se, portanto, a realizão de cesa-
riana, toda vez que houver lesões herpéticas ativas. Essa conduta não traz
nenhum benefício quando a bolsa amniótica estiver rota há mais de 4 horas.
O tratamento das lesões herpéticas no decorrer da gestação com o aciclovir
poderá ser feito nos casos de primo-infecção: 200mg, VO, 5 vezes ao dia,
durante 10 dias. A infecção herpética neonatal é grave, exigindo cuidados
hospitalares especializados.
Tratamento Neonatal - Aciclovir, 5mg/dia, IV, de 8/8 horas, durante 7 dias.
Cuidados gerais - Na fase aguda, evitar alimentos quentes, salgados,
doces e ácidos. Em casos muito dolorosos, utilizar xilocaina, 2% (po-
mada), cinco minutos antes das refeições.
Caractesticas epidemiológicas
Doea de distribuão universal. De 50% a 90% de adultos m anticor-
pos circulantes contra HSV-tipo 1, e 20% a 30% contra HSV-tipo 2.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Diagnosticar e tratar precocemente todos os casos; prevenir o herpes
neonatal.
Noticação
Não é doea de noticão compulsória nacional.
Medidas de controle
É infecção de difícil controle em virtude de sua elevada transmissibilidade. Os
contatos devem ser encaminhados à unidade de saúde para detectar a doença
precocemente e para serem orientados quanto às medidas de prevenção de
futuros parceiros. Os preservativos masculinos e femininos previnem a trans-
missão apenas nas áreas de pele recobertas pelos mesmos, podendo ainda assim
ocorrer transmissões a partir de lesões na base do pênis, na bolsa escrotal ou em
HERPES SIMPLES - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
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HERPES SIMPLES - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 193
áreas expostas da vulva. A busca de uma vacina ecaz e segura vem sendo feita e
poderepresentar o amplo controle dessa doença.
Observão - As associões entre diferentes DST são freqüentes, desta-
cando-se, atualmente, a relação entre a presea de DST e aumento do
risco de infecção pelo HIV, principalmente na vigência de úlceras genitais.
Desse modo, se o prossional estiver capacitado a realizar aconselhamen-
to, pré e s-teste para deteão de anticorpos anti-HIV, quando do diag-
stico de uma ou mais DST, deve ser oferecida essa opção ao paciente.
Toda doea sexualmente transmissível constitui-se em evento sentinela
para busca de outra DST e possibilidade de associão com o HIV. É ne-
cessário, ainda, registrar que o Ministério da Saúde vem implementando
a “abordagem sindrômica” aos pacientes de DST, visando aumentar a sen-
sibilidade no diagstico e tratamento dessas doenças, o que resultará em
um maior impacto na redução dessas infecções.
HISTOPLASMOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
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ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
A histoplasmose é uma infeão fúngica sistêmica podendo apresentar-se
desde como uma infecção assintomática até a forma de doea dissemina-
da com êxito letal. A grande maioria das infecções primárias (>90%) é as-
sintomática. Alguns indivíduos apresentam formas semelhantes ao estado
gripal, não requerendo assisncia dica. O principal fator determinante
no desenvolvimento dos sintomas é o tamanho do inóculo. Outros fatores
como viruncia do agente, faixa etária e doenças de base também contri-
buem para o aparecimento de sintomas. A infecção, quase sempre, é pro-
duzida pela inalação de microconídias da fase lamentosa do fungo. Estas
penetram até o alolo pulmonar, onde são englobadas pelos macrófagos,
iniciando-se a fase leveduriforme no panquima pulmonar, invadindo,
posteriormente, os linfonodos hilo-mediastinais e disseminando-se pela
corrente sanguínea. Essa fungemia geralmente é assintomática, permi-
tindo que o agente parasite todos os tecidos do sistema monocítico-his-
tiocitário, a exemplo de pules, fígado, bo, linfonodos e estruturas
linfáticas do tubo digestivo. A partir daí, a resposta tissular do hospedeiro
contra a infeão vai determinar a exteno da doença. A histoplasmose
pode ser dividida nas seguintes formas clínicas: a) histoplasmose no hos-
pedeiro normal, dividida em primo-infecção assintomática e infeão
pulmonar aguda; b) histoplasmose em pacientes com doea pulmonar
obstrutiva crônica (DPOC), correspondendo à histoplasmose pulmonar
crônica cavitária; c) histoplasmose no hospedeiro imunocomprometido,
correspondendo à histoplasmose disseminada aguda, sub-aguda; e d)
doea mediada imunologicamente. A primo-infeão assintomática re-
presenta a maior parte das infeões primárias e é reconhecida pela vira-
gem da prova cutânea com histoplasmina, de negativa para positiva. Não
determina alterações cnicas no hospedeiro. A infecção pulmonar aguda
corresponde à primo-infeão sintomática. Apresenta um amplo espectro
de manifestações clínicas, desde casos que simulam uma gripe até pneu-
mopatias agudas graves, com insucncia respiratória. Entre os sintomas
apresentados estão a tosse, febre com duração maior que uma semana,
astenia, anorexia, dor torácica, cefaia e mialgias. Radiologicamente, ob-
servam-se inltrados intersticiais pulmonares difusos, uni ou bilaterais,
geralmente para-hilares, podendo também se encontrar nódulos, únicos
Histoplasmose
CID 10: B39
40
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HISTOPLASMOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 195
ou múltiplos, disseminados em ambos os pulmões com adenomegalia hi-
lar e/ou mediastinal. As duas a ts semanas de infecção, podem ocor-
rer manifestões de hiperergia, tais como eritema nodoso, conjuntivite,
pleurisia, derrame pericárdico e artrite. Essa forma clínica é autolimitada
e a involução das lesões ocorre de 1 até 3 meses, deixando como seqüelas
calcicões pulmonares e extra-pulmonares. Apesar da rara ocorrência,
a primo-infecção sintomática em pacientes imunocomprometidos graves
não involui, dando origem a formas disseminadas agudas. Histoplasmose
pulmonar cnica cavitária - Essa forma clínica é idêntica à tuberculose
avaada do adulto. Acomete principalmente homens acima de 50 anos,
com antecedentes de DPOC. As principais manifestações são tosse, ex-
pectoração mucopurulenta, dor torácica, dispnéia de esforço, febre baixa,
astenia, anorexia e perda ponderal. O exame físico mostra as alterões
próprias do ensema pulmonar. Histoplasmose disseminada aguda - Na
primeira inncia, em algumas zonas endêmicas e em pacientes com grave
comprometimento da imunidade celular, especialmente leucose, linfomas e
aids. Clinicamente predominam as manifestações gerais de um processo in-
feccioso grave: febre elevada, perda ponderal, astenia, diarréia, vômitos, he-
patoesplenomegalia, adenomegalias generalizadas e lesões cutâneas. Cerca
de 20% dos casos apresentam meningoencefalite. Em crianças e pacientes
com aids, pode ocorrer coagulação intra-vascular disseminada. A evolução
para morte ocorre na totalidade dos casos, em um período de dois a seis me-
ses. Histoplasmose disseminada sub-aguda - Semelhante à forma aguda,
só se diferenciando por sua evolução mais prolongada e deterioração mais
lenta do estado geral. Histoplasmose disseminada crônica - Ocorre mais
freqüentemente em maiores de 40 anos de idade, com predominância do
sexo masculino. Geralmente os pacientes mostram deciências imunes
leves, produzidas por diversos fatores, associados ou o, como idade
avaada, alcoolismo crônico, diabetes, tumores lidos, corticoterapia e
linfomas. Os achados mais importantes são astenia, perda de peso e lesões
cutâneas e/ou mucosas. As lesões mucosas se observam em cerca de 90%
dos casos, são polimorfas, ulceradas ou úlcero-vegetantes e se situam na
língua, na mucosa oral, na faringe, no septo-nasal e na laringe. As lees
cutâneas são menos freqüentes que as mucosas, aparecendo em 10% dos
casos. Apresentam-se como úlceras de bordas nítidas, profundas, com
fundo granuloso e pápulas acneiformes, com ápice ulcerado, pustuloso
ou nodoso. Doença mediada imunologicamente - Compreende o histo-
plasmoma, a brose mediastinal e a síndrome ocular vinculada à histo-
plasmose. Representa uma resposta de hipersensibilidade do indivíduo à
infeão, ligada à resposta imunológica do hospedeiro.
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HISTOPLASMOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
HISTOPLASMOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
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Agente etiológico
Histoplasma capsulatum, fungo dimórco que existe no solo, em fase mi-
celial, mas se converte em fase leveduriforme na temperatura corpórea do
homem (37ºC).
Reservatório e fonte de infecção
Histoplasma capsulatum está presente nos solos ricos em subsncias or-
nicas, com pH ácido e, especialmente, contaminados com dejões de
aves de crião, morcegos ou pássaros agregados. Pode causar infecções
naturais em outras espécies animais, a exemplo de cães e morcegos, oca-
sionando a excreção de fungos através de lesões intestinais, e facilitando a
disseminão de novos focos da infeão, através do seu deslocamento
Modo de transmissão
A proliferação dos microorganismos no solo gera microconídeos e macro-
conídeos tuberculados; a infecção é adquirida pela inalação do fungo, sus-
penso em aerossóis. A histoplasmose não é transmitida de pessoa a pessoa,
como também não existe contágio direto dos animais para o homem.
Peodo de incubão
É variável, geralmente de 1 a 3 semanas.
Diagnóstico
Clínico-epidemiológico e laboratorial, através de cultura de material ob-
tido do aspirado de medula óssea, sangue, escarro e material de lees,.
O exame histopatológico detecta o H. capsulatum, principalmente nas
colorões com PAS e Grocott. As reões sorológicas empregadas para
a determinão de anticorpos especícos são a imunodifusão em gel, a
contra-imuno-eletroforese e a xação de complemento. A detecção do an-
tígeno polissacarídeo do H. capsulatum na urina ou soro por radioimuno-
ensaio é um método rápido e senvel para o diagstico da histoplasmose
disseminada, em pacientes imunocomprometidos, incluindo os pacientes
com HIV. As provas sorológicas o as mais comumente utilizadas para
diagnóstico rápido.
Diagnóstico diferencial
As primo-infecções sintomáticas devem ser diferenciadas de outras pneu-
mopatias agudas; as formas pulmonares crônicas, da tuberculose e da as-
pergilose. As formas disseminadas agudas, da tuberculose miliar, leucoses
e linfomas; as manifestações cutâneo-mucosas das formas disseminadas
crônicas simulam os epiteliomas, a leishmaniose tegumentar, a sílis ter-
ciária, as leucoplasias e o líquen plano.
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HISTOPLASMOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
HISTOPLASMOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 197
Tratamento
As primo-infecções sintoticas se tratam com medidas de suporte ven-
tilario nos casos mais graves, já que tendem a involuir espontaneamente.
O tratamento especíco é indicado em pacientes imunocomprometidos
para se evitar a progressão da doença. Nesses casos, aplica-se uma série curta
de anfotericina B, até completar dose total de 500mg, ou cetoconazol, em
dose de 400mg/dia, por 6 meses, ou itraconazol 100mg/dia, por igual perí-
odo. Nas formas pulmonares crônicas ou disseminadas crônicas, pode-se
indicar derivados imidazólicos, com dose diária em prazos iguais aos citados
anteriormente. Mediante falha terapêutica com esses derivados, ou em casos
associados à tuberculose ativa, usa-se a anfotericina B, na dose de 0,7 a 0,8mg/
kg, chegando à dose total/dia de 35mg/kg. Nas formas disseminadas agudas,
está indicado o itraconazol, na dose de 200 a 400mg/dia, por 12 meses, ou anfo-
tericina B, com dose total de 40mg/kg. Nos casos associados à aids, é aconselhá-
vel prolaxia secunria com 100mg/dia de itraconazol, durante um ano.
Caractesticas epidemiológicas
Os focos de infecção são comuns em amplas áreas geográcas, havendo
casos autóctones em mais de 60 países do mundo. A enfermidade clínica é
muito pouco freqüente e a forma progressiva grave é rara; entretanto, em
áreas onde a infecção é prevalente, a hipersensibilidade à histoplasmina
indica infecção prévia que pode chegar, às vezes, a 80% da populão.
A prevalência eleva-se da inncia até os 15 anos de idade, o existindo
diferença entre os sexos. Já se detectou surtos em famílias, estudantes e
trabalhadores, residentes em áreas endêmicas que foram expostos a ex-
crementos de aves ou terra contaminada, recentemente removida. Ocorre,
na Arica do Sul, na bacia do Rio da Prata e na Serra do Mar.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Diagnosticar e tratar adequadamente os casos. Observar prossões de
risco e possibilidades de associação com imunodepressão.
Noticação
Não é doea de noticão compulsória nacional.
Medidas de controle
Até o momento não existem medidas preventivas especícas, a não ser
atividades educativas com relação ao risco de infecção. Estas devem ser
implementadas em atividades de trabalho que envolvam o uso da terra, eco-
turismo, manipulação de galinheiros, empresas de limpeza. As medidas de
desinfecção de secreção e fômites devem ser as de uso hospitalar rotineiro.
INFEÃO PELO PAPILOMARUS HUMANO (HPV) - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 199
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doea viral que, com maior freqüência, manifesta-se como infeão
sub-clínica nos genitais de homens e mulheres. Clinicamente, as lesões
podem ser ltiplas, localizadas ou difusas e de tamanho variável; ou
pode aparecer como lesão única. A localizão ocorre no pênis, sulco
bálano-prepucial, região perianal, na vulva, períneo, vagina e colo do
útero. Morfologicamente, são pápulas circunscritas, hiperquerotósicas,
ásperas e indolores com tamanho variável. Condiloma gigante (Buschke e
Lowestein), assim como papulose bowenóide, são raros.
Sinonímia
Verruga venérea, verruga genital, cavalo de crista, crista de galo, condilo-
ma acuminado.
Agente etiológico
Papilomavírus humano (HPV). Vírus DNA o cultivável da família do
papovavirus. Com mais de 70 sorotipos. Esses agentes ganharam grande
importância epidemiológica e clínica por estarem relacionados ao desen-
volvimento de câncer. Os grupos dos sorotipos com maior poder de onco-
genicidade são o 16, 18, 31 e 33, quando associados a outros fatores.
Reservatório
O homem.
Modo de transmissão
Geralmente por contato direto. Pode haver auto-inoculão e infeão
por fômites.
Peodo de incubão
De 1 a 20 meses, em média 3 meses.
Peodo de transmissibilidade
Desconhecido. Entretanto, há transmissão enquanto houver lesão viável.
Complicações
Cancerizão, que é mais freqüente na mulher, com localização em colo
uterino. Nos imunodecientes, pode haver diculdade terapêutica, am
do aparecimento de Papiloma de Laringe, que tamm pode ocorrer em
lactentes, por contaminão no canal de parto.
Infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV)
CID 10: B97.7
41
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INFEÃO PELO PAPILOMARUS HUMANO (HPV) - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 199
Diagnóstico
É clínico, epidemiológico e laboratorial, observando as diversas formas:
Infecção clínica - Através da visão desarmada, geralmente representado
pelo condiloma acuminado.
Infecção sub-clínica - Através da peniscopia, colpocitologia e colposcopia
com biópsia.
Infecção latente - Através dos testes para deteão do HPV-DNA.
Diagnóstico diferencial
Condiloma plano da lis (sorologia e pesquisa do T. pallidum em campo
escuro); carcinoma espinocelular do pênis e da vulva e a doença de Bowen
(carcinoma in situ); nesses, a correlão clínico-histopatológica é de enor-
me valia para o diagstico.
Tratamento
O objetivo do tratamento é a remoção das lesões condilomatosas visíveis e sub-
clínicas, visto queo é posvel a erradicação do HPV. Recidivas são freqüen-
tes, mesmo com o tratamento adequado. A escolha do método de tratamento
depende do número e da topograa das lesões, assim como da associação ou
o com neoplasia intra-epitelial. Podem ser utilizadas as alternativas: acido
tricloroacético (ATA), a 90%, nas lesões do colo, vagina, vulva, períneo, região
peri-anal e pênis; a aplicação deve ser realizada no serviço de saúde, direcionada
apenas ao local da lesão, 1 a 2 vezes por semana.o devem ser feitasembro-
caçõesvaginais nas lees difusas. Podolina, a 25% (solução alcoólica ou em
benjoim): somente deve ser utilizada nas lesões da vulva, períneo e região peri-
anal; lavar após 2 a 4 horas. A aplicação deve ser realizada no serviço de saúde, 2
a 3 vezes por semana. Eletrocauterização ou crioterapia: pode ser utilizada em
lees de qualquer localização genital e na gestação. Exérese com Cirurgia de
Alta Freqüência (CAF / LEEP): pode ser utilizada em lees de qualquer locali-
zação genital e na gestação. Apresenta como vantagem sobre os outros métodos
a retirada do tecido viável para estudo anatomo-patológico. Nas lesões exofíti-
cas queratinizadas, pode ser utilizada a combinação do ácido tricloroacético, a
90%, e podolina, a 25% (solução alclica ou em benjoim).
Gravidez - As lesões condilomatosas poderão atingir grandes proporções, seja
pelo marcado aumento da vascularização, seja pelas alterações hormonais e
imunológicas que ocorrem nesse período. A escolha do tratamento vai basear-
se no tamanho e número das lesões (nunca usar nenhum método químico
durante qualquer fase da gravidez); pequenas, isoladas e externas: termo ou
crio-cauterização em qualquer fase da gravidez; pequenas, colo, vagina e
vulva: termo ou crio-cauterização, apenas a partir do trimestre; grandes
e externas: ressecção com eletrocautério ou cirurgia de alta freqüência; se o
tamanho e localização das lesões forem sucientes para provocar diculdades
mecânicas e/ou hemorragias vaginais, deve-se indicar o parto cesáreo; o risco
INFEÃO PELO PAPILOMARUS HUMANO (HPV)- DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
200 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 201
da infecção nasofaríngea no feto é tão baixa que não justica a indicação eletiva
de parto cesáreo; mulheres com condilomatose durante a gravidez deverão ser
acompanhadas por meio de citologia oncológica e colposcopia, após o parto.
Recomendão - Na gestante, tratar apenas as lesões condilomatosas.
As lesões subclínicas serão acompanhadas com colpocitologia durante a
gestão e reavaliadas para tratamento as 3 meses do parto.
Caractesticas epidemiológicas
Doença de distribuição universal, acomete homens e mulheres, de qualquer
raça e classe social, sendo mais freqüente na faixa etária de vida sexual ativa.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Diagnosticar e tratar precocemente todos os casos, evitando formas gra-
ves e infecção no concepto.
Noticação
Não é doea de noticão compulsória.
Medidas de controle
Abstinência sexual durante o período de tratamento; encaminhamento de
parceiros para o serviço de saúde, para exame e tratamento, se necessário.
Interrupção da cadeia de transmiso pela triagem e referência dos pa-
cientes com DST e seus parceiros para diagstico e terapia adequados.
Aconselhamento (condencial): orientações ao paciente, fazendo com que
ele discrimine as possíveis situações de risco presentes em suas práticas se-
xuais; desenvolva a percepção quanto à importância do seu tratamento e de
seus parceiros sexuais e promoção de comportamentos preventivos.
Promoção do uso de preservativos: todo mais ecaz para a redução do
risco de transmissão do HIV e outras DST.
Convite aos parceiros para aconselhamento e promoção do uso de pre-
servativos (deve-se obedecer aos princípios de conabilidade, ausência de
coerção e proteção contra a discriminação).
Educão em saúde, de modo geral.
Observação - As associações entre diferentes DSTo freqüentes, destacando-
se, atualmente, a relação entre a presença de DST e aumento do risco de infec-
ção pelo HIV, principalmente na vigência de úlceras genitais. Desse modo, se o
prossional estiver capacitado a realizar aconselhamento, pré e pós-teste para
detecção de anticorpos anti-HIV, quando do diagnóstico de uma ou mais DST,
deve ser oferecida essa opção ao paciente. Toda doença sexualmente transmissí-
vel constitui-se em evento sentinela para busca de outra DST e possibilidade de
associação com o HIV. É necessário, ainda, registrar que o Minisrio da Saúde
vem implementando a abordagem sindrômicaaos pacientes de DST, visando
aumentar a sensibilidade no diagnóstico e tratamento dessas doenças, o que
resultará em um maior impacto na redução dessas infecções.
INFEÃO PELO PAPILOMARUS HUMANO (HPV)- DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
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Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 201
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
A inuenza ou gripe é uma infeão viral aguda do trato respiratório, com
distribuão global e elevada transmissibilidade. Apresenta-se com início
abrupto de febre, mialgia e tosse seca e, em geral, tem evolução auto-limi-
tada, de poucos dias. Sua importância deve-se ao seu caráter epidêmico,
alta morbidade com elevadas taxas de hospitalização em idosos ou pacien-
tes portadores doenças debilitantes crônicas. Os primeiros sintomas cos-
tumam se manifestar 24 horas depois do contato e, normalmente, a pessoa
apresenta febre (>38ºC), dor de caba (cefaia), dor nos músculos (mial-
gia), calafrios, prostração (fraqueza), tosse seca, dor de garganta, espirros,
coriza (secreção nasal). Pode apresentar ainda pele quente e úmida, olhos
hiperemiados (avermelhados) e lacrimejantes. A febre é o sintoma mais
importante e dura em torno de ts dias. Os sintomas sistêmicos são muito
intensos nos primeiros dias da doença. Com a sua progressão, os sintomas
respiratórios tornam-se mais evidentes e mantém-se em geral por 3 a 4
dias, após o desaparecimento da febre. É comum a queixa de garganta
seca, rouquidão, e sensão de queimor retro-esternal ao tossir. O qua-
dro clínico em adultos sadios pode variar de intensidade. Nas criaas,
a temperatura pode atingir níveis mais altos, sendo comum o aumento
dos linfonodos cervicais (gânglios no pescoço), quadros de bronquite ou
bronquiolite, am de sintomas gastrointestinais. Os idosos quase sempre
apresentam-se febris, às vezes sem outros sintomas, mas em geral a tem-
peratura não atinge níveis tão altos.
Agente etiológico
Os vírus da inuenza pertencem a família Ortomixoviridae e estão sub-
divididos em 3 tipos: A, B e C. O vírus inuenza tipo A é classicado de
acordo com os tipos de proteína de superfície, chamadas hemaglutinina e
neuraminidase, que ocasionalmente sofrem alterões estruturais, propi-
ciando o surgimento de cepas mutantes responsáveis pelos surtos perdi-
cos de gripe. O vírus do tipo A é mais susceptível a variações antigênicas,
contribuindo assim para exisncia de diversos subtipos, sendo então
responsável pela ocorrência da maioria das epidemias de gripe. O vírus da
inuenza B sofre variação em menor grau, não possui subtipos e está as-
sociado a epidemias esporádicas. O tipo C é antigenicamente estável, não
Inuenza
CID 10: J10 A J11
42
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INFLUENZA - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
INFLUENZA - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 203
ocasiona surtos epidêmicos e a quase totalidade das infecções que provoca
são sub-clínicas, não apresentando importância epidemiológica.
Sinonímia
Gripe.
Agente etiológico
Vírus da inuenza, que são compostos de RNA de hélice única, da família
dos Ortomixovírus e subdividem-se em 3 tipos: A, B e C, de acordo com
sua diversidade antigênica. São vírus altamente transmissíveis e mutáveis,
sendo que o tipo A é mais mutável que o B, e este, mais mutável que o tipo
C. Os tipos A e B causam maior morbidade e mortalidade que o tipo C e,
por isto, merecem destaque em saúde publica.
Reservatório
Os vírus do tipo B ocorrem exclusivamente em humanos, os do tipo C em
humanos e suínos, enquanto os do tipo A em humanos, suínos, cavalos,
mamíferos marinhos e em aves.
Modo de transmissão
A transmissão ocorre por via respiratória, onde indivíduos infectados
transmitem o vírus às pessoas susceptíveis ao falar, espirrar e tossir, por
meio de gotículas de saliva em suspensão no ar (aerossol). Apesar da trans-
missão inter-humana (pessoa - pessoa) ser a mais comum, já foi documen-
tada a transmissão direta do vírus, a partir de aves e suínos para o homem.
A transmissão indireta ocorre, através das mãos e de objetos contaminados
com partículas virais presentes em gotículas de secreção respiratória.
Peodo de incubão
Em geral de 1 a 4 dias.
Peodo de transmissibilidade
Um indivíduo infectado pode transmitir o vírus no período compreendi-
do entre 2 dias antes do início dos sintomas, até 5 dias após os mesmos.
Complicações
As complicões são mais comuns em idosos e indivíduos debilitados.
As situações de risco incluem doea crônica pulmonar (Asma e Doen-
ça Pulmonar Obstrutiva Crônica - DPOC), cardiopatias (Insuciência
Cardíaca Crônica), doença metabólica crônica (Diabetes, por exemplo),
imunodecncia ou imunodepressão, gravidez, doença crônica renal e
hemoglobinopatias. As complicações pulmonares mais comuns são as
pneumonias bacterianas secundárias, sendo mais freqüentes as provoca-
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INFLUENZA - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
INFLUENZA - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 203
das pelos seguintes agentes: Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus e
Haemophillus inuenzae. Nos imunocomprometidos, o quadro clínico é
geralmente mais arrastado e muitas vezes mais grave. Gestantes com qua-
dro de inuenza no segundo ou terceiro trimestres da gravidez estão mais
propensas à internação hospitalar. Dentre as complicões não pulmona-
res em crianças destaca-se a Síndrome de Reye, que também está associa-
da aos quadros de varicela. Esta ndrome caracteriza-se por encefalopatia
e degeneração gordurosa do fígado, após o uso do Ácido Acetil Salicílico,
na vigência de um destes quadros virais. Recomenda-se, portanto, que
não sejam utilizados medicamentos que contenham esta substância em
sua composição para o tratamento sintomático de ndrome Gripal ou
Varicela em criaas. Outras complicações incluem Miosite, Miocardite,
Pericardite, ndrome do Choque Tóxico, Síndrome de Guillain-Bare,
mais raramente, Encefalite e Mielite Transversa.
Diagnóstico laboratorial
Os procedimentos apropriados de coleta, transporte, processamento e ar-
mazenamento de espécimes clínicos são de fundamental importância no
diagnóstico da infecção viral. O espécime preferencial para o diagnóstico
laboratorial são as secreções da nasofaringe (SNF) obtidas por meio de
aspirado de nasofaringe com auxílio de um coletor descartável ou através
de swab combinado (oral + nasal). Estas amostras devem ser coletadas
preferencialmente até o quinto dia do início dos sintomas e transportadas
em gelo reciclável (O CONGELAR) até o laboratório para o devido pro-
cessamento. O diagnóstico de inuenza é realizado através das técnicas de
imunouorescência (IF) indireta, pelo isolamento do agente em cultivos
celulares ou ovos embrionados (considerado método padrão). A caracte-
rização antigênica.e genética do vírus é realizada pelo teste de inibição da
hemaglutinação (IH) e técnicas de biologia molecular, respectivamente.
Diagnóstico diferencial
No diagstico diferencial da inuenza de ser considerado um grande
número de infecções respiratórias agudas de etiologia viral. Dentre essas,
destacam-se as provocadas pelo Vírus Respiratório Sincicial (VRS) e pelo
Adenovírus. Na infecção por inuenza, os sintomas sistêmicos são mais
intensos que nas outras síndromes. Em muitos casos, porém, o diagnósti-
co diferencial apenas pela clínica pode se tornar difícil.
Tratamento
Durante os quadros agudos, recomenda-se repouso e hidratação adequa-
da. Medicões antipiréticas podem ser utilizadas (evitar o uso de Ácido
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INFLUENZA - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
INFLUENZA - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 205
Acetil Salicílico nas crianças). No caso de complicações pulmonares gra-
ves, podem ser necessárias medidas de suporte intensivo. Atualmente, há
duas classes de drogas utilizadas no tratamento especico da inuenza.
No entanto, nenhuma destas drogas demonstrou ser ecaz na diminuição
das complicações graves da doea:
Amantadina e a Rimantadina, são drogas similares licenciadas há alguns
anos. Apresentam entre 70 a 90% de ecácia na prevenção da doença pelo
vírus da inuenza A em adultos jovens e crianças, caso sejam administra-
das prolaticamente durante o período de exposição ao vírus. Também
podem reduzir a intensidade e a duração do quadro, se administradas
terapeuticamente.
Oseltamivir e o Zanamivir fazem parte de uma nova classe de drogas
que inibem a neuraminidase dos vírus da inuenza A e B. Estas drogas, se
administradas até dois dias após o inicio dos sintomas, podem reduzir o
tempo da doea não complicada. A experncia clínica e epidemiológica
com ambas as drogas ainda é limitada.
Aspectos Epidemiogicos
De distribuição mundial, ocorre de forma esporádica, ou como surto loca-
lizado, regional, em epidemias e também como devastadoras pandemias.
Durante o século XX, foram descritas três pandemias: “Gripe Espanhola”
em 1918/19, “Gripe Asiática” em 1957 e “Gripe de Hong Kong” em 1968.
Atualmente, com os modernos meios de transporte, a propagação do vírus
da inuenza tornou-se muito rápida e podendo circular, ao mesmo tempo,
em várias partes do mundo, causando epidemias quase simultâneas. Em
anos epidêmicos, a taxa de ataque na comunidade atinge aproximadamente
15%, sendo ao redor de 2% em anos não epidêmicos. Em comunidades fe-
chadas, este número sobe para 40 a 70%, sendo que a taxa de ataque secun-
dário situa-se ao redor de 30%. Tanto a morbidade quanto a mortalidade
devido à inuenza e suas complicações podem variar ano a ano, dependen-
do de fatores como as cepas circulantes, o grau de imunidade da população
geral e da população mais suscetível, entre outros.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
A vigincia da inuenza é um sistema passivo, sendo realizada por
meio de uma rede de unidades sentinela (unidades básicas de saúde e
pronto-atendimentos) e laboratórios. Esta rede informa semanalmente
a proporção de casos de síndrome gripal por faixas etárias atendidos nas
unidades e os tipos de vírus respiratórios que estão circulando em sua área
de abrangência.
204 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
INFLUENZA - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
INFLUENZA - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 205
Objetivos
Monitorar as cepas dos vírus da inuenza que circulam nas regiões brasileiras.
Avaliar o impacto da vacinão contra a doea.
Acompanhar a tendência da morbi-mortalidade associada à doea.
Responder a situações inusitadas.
Denão de caso
Caso Suspeito de ndrome Gripal - Indivíduo com doença aguda, (com
durão máxima de 5 dias, apresentando febre (ainda que referida) e tosse
ou dor de garganta, na auncia de outros diagnósticos.
Caso Conrmado de Inuenza - Quando for identicado, por meio de
exame laboratorial, o vírus da Inuenza.
Caso Descartado de Inuenza - Quando o resultado do exame for negativo
em amostra adequadamente colhida e transportada ou quando for identica-
do laboratorialmente outro agente etiológico, que não o vírus da Inuenza.
Noticação
A inuenza não é doea de noticão compulsória. Os dados da vigi-
ncia sentinela são informados através da Web, no Sistema de Informação
da Vigincia da Inuenza (SIVEP-Gripe). No entanto, considerando o
potencial epidêmico desta doea, qualquer suspeita de surto deve ser
comunicada (por telefone, fax ou e-mail) à Secretaria Estadual de Saúde e
a Secretaria de Vigincia em Saúde - SVS/MS.
Investigação
Devido ao potencial pandêmico desta doença, recomenda-se a investiga-
ção de surtos pelas SES, se necessário com apoio do nível federal, com os
seguintes objetivos:
Conrmar a ocorrência do surto de síndrome gripal;
Descrever o surto por tempo, pessoa e lugar;
Caracterizar o processo de transmissão;
Identicar e caracterizar o vírus respiratório;
Monitorar os grupos de maior risco para as complicões da doea;
Avaliar seu impacto na morbidade e na mortalidade
Avaliar a necessidade da adotar medidas emergenciais de controle.
Sugere-se realizar busca ativa de pessoas com síndrome gripal, utilizando
a denição de caso e/ou as CID acima descritas. Pode ser efetuada a busca
ativa em todos as unidades de saúde (centros de saúde, hospitais) do mu-
206 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
INFLUENZA - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 207
nicípio; e dependendo da extensão do surto, implementar esta atividade
em unidades de ensino (creches, escolas), asilos, entre outras.
Medidas de Controle
Imunização - O Ministério da Saúde implantou em 1999 a vacinação
contra a gripe no Brasil, com o objetivo de proteger os grupos de maior
risco contra as complicões da inuenza, ou seja, os idosos e os portado-
res de doenças crônicas. Apesar das drogas atualmente disponíveis para o
tratamento da inuenza, a vacinação é a melhor arma disponível para a
preveão da inuenza e suas conseqüências.
A vacinação ocorre na forma de campanhas. O período para a realização
dessas campanhas deve ser anterior ao período de maior circulação do
vírus no país. Para conferir protão adequada, a vacina deve ser admi-
nistrada a cada ano, já que sua composição também varia anualmente,
em fuão das cepas circulantes.
206 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
INFLUENZA - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 207
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doea parasitária da pele e mucosas, de caráter pleomórco, causada por
protozoários do gênero Leishmania. A doença cutânea apresenta-se clas-
sicamente por pápulas, que evoluem para úlceras com fundo granuloso
e bordas inltradas em moldura e que podem ser únicas ou ltiplas e
são indolores. Também pode manifestar-se como placas verrucosas, pa-
pulosas, nodulares, localizadas ou difusas. A forma mucosa, secundária
ou não à cutânea, caracteriza-se por inltrão, ulceração e destruão
dos tecidos da cavidade nasal, faringe ou laringe. Quando a destruão
dos tecidos é importante, podem ocorrer perfurações do septo nasal e/ou
do palato.
Sinonímia
Úlcera de Bauru, nariz de tapir, botão do oriente.
Agente etiológico
Há várias espécies de Leishmanias envolvidas na transmissão. No Bra-
sil, as mais importantes são Leishmania Viannia braziliensis, Leishma-
nia Leishmania amazonensis e Leishmania Viannia guyanensis.
Reservatório
Masurpiais, roedores, preguiça, tamanduá, cão, eqüinos e mulas.
Modo de transmissão
Através da picada de insetos ebotomíneos do gênero Lutzomya.
Peodo de incubão
É em dia de 2 a 3 meses, podendo apresentar peodos mais curtos
(duas semanas) e mais longos (dois anos).
Peodo de transmissibilidade
Desconhecido. Não há transmissão homem a homem. A transmissão se
dá através do vetor que adquire o parasito ao picar reservatórios, transmi-
tindo-o ao homem.
Complicações
Na forma mucosa grave, pode apresentar disfagia, disfonia, insucncia
respiratória por edema de glote, pneumonia por aspiração e morte.
Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA)
CID 10: B55.1
43
LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
208 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 209
Diagnóstico
Suspeita clínico-epidemiológica associada a intradermorreação de Mon-
tenegro IDRM positiva e/ou demonstração do parasito através do exa-
me parasitológico direto em esfregaço de raspado da borda da lesão, ou
imprint feito com o fragmento da biópsia; histopatologia; ou isolamento
em cultura. A imunouorescência não deve ser utilizada como critério
isolado para diagstico de LTA. Entretanto, pode ser considerada como
critério adicional no diagstico diferencial com outras doenças, espe-
cialmente, nos casos sem demonstrão de qualquer agente etiológico.
Diagnóstico diferencial
Forma cunea - Úlceras traumáticas, úlceras vasculares, úlcera tropical,
paracoccidioidomicose, esporotricose, cromomicose, neoplasias cutâne-
as, sílis e tuberculose cutânea.
Forma mucosa - Hanseníase virchowiana, paracoccidioidomicose, lis terci-
ária, neoplasias.
Tratamento
Os medicamentos citados estão em ordem de prioridade para uso:
Forma cutânea - Antimoniato de N-metil-glucamina, apresentação: 1ml=81mg
Sb
+5
, 10 a 20mg/Sb
+5
/kg/dia, recomendando 15mg/Sb
+5
/kg/dia, IV lento ou
IM, por 20 dias consecutivos, recomenda-se não ultrapassar 3 ampolas/dia.
Isotionato de Pentamidina, 4mg/kg/dia, IM profunda, a cada 2 dias, a com-
pletar no ximo 2g de dose total (aplicar após alimentação e fazer repouso em
seguida). Destaca-se a necessidade de realizar exame de glicose semanalmente,
sendo que após 1 g de aplicação o paciente deve ser monitorado com rigorosi-
dade; anfotericina B, indicar 0,5mg/kg/dia, IV, aumentando-se 1mg/kg em dias
alternados (ximo de 50mg/dia), a atingir dose total de 1 a 1,5g.
Forma mucosa - Antimoniato de N-metil-glucamina, apresentação: 1ml =
81mg Sb
+5
, 20mg/Sb+5/kg/dia, por 30 dias consecutivos; pentamidina, no
mesmo esquema para forma cutânea, até atingir dose total de 2g; anfotericina
B, conforme esquema para forma cutânea, até completar, se possível, 2,5 a 3 g
de dose total. Destaca-se a necessidade de acompanhamento clínico rigoroso
do paciente, com exames complementares para detecção de posveis mani-
festações de intoxicação (hemograma, U/C, TGO / TGP e ECG), bem como
noticação dos efeitos colaterais.
Contra-indicações - As drogas não podem ser administradas em ges-
tantes, portadores de cardiopatias, nefropatias, hepatopatias, doea de
Chagas.
LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
208 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 209
Caractesticas epidemiológicas
No Brasil, tem cater endêmico e está distribuída em todos os estados.
A LTA é uma zoonose de animais silvestres que atinge o homem quan-
do entra em contato com focos zoonóticos, áreas de desmatamento,
extrativismo. Houve mudança no padrão de transmissão e no perl dos
pacientes afetados; inicialmente, os casos predominavam em adultos
jovens do sexo masculino e com a transmiso ocorrendo em periferias
de área urbana em ambientes domiciliares e peri-domiciliares, a doea
passou a atingir também criaas e mulheres. Atualmente, houve um
aumento no registro de casos da co-infeão Leishmania-HIV, passando a
ser considerada como emergente e de alta gravidade. Dos 83 casos de co-
infeão Leishmania-HIV relatados no Brasil, 62,7% apresentavam LTA
na sua forma cutânea (21,8%) e mucosa (40,9%).
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Diagnosticar e tratar precocemente os casos com vistas a reduzir as com-
plicações e deformidades provocadas pela doea. Nas áreas de transmis-
são domiciliar, reduzir a incidência da doea com adoção de medidas de
controle pertinentes.
Noticação
É doea de noticão compulsória nacional.
Denão de caso
Suspeito - Indivíduo com lesão(ões) cutânea(s) e/ou de mucosa, confor-
me descrito anteriormente.
Conrmado - Indivíduo com suspeita clínica, que apresenta um dos seguintes
cririos: resincia, procedência ou deslocamento em área com conrmação
de transmissão, associado ao encontro do parasita nos exames parasitológi-
cos; residência, procencia ou deslocamento em área com conrmação de
transmissão, associado a Intradermo Reação de Montenegro (IDRM) positiva;
residência, procedência ou deslocamento em área com conrmação de trans-
missão sem associação a outro critério, quando o acesso a métodos de
diagnóstico. Nas formas mucosas, considerar presença de cicatrizes cutâneas
anteriores como cririo complementar para conrmação do diagnóstico.
Investigação epidemiogica
Realizar investigação epidemiológica visando determinar se a área é endê-
mica ou se é um novo foco; se o caso é autóctone ou importado; as caracte-
sticas do caso (forma clínica, idade, sexo e ocupação).
LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
210 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 211
Medidas de controle
Na cadeia de transmissão - Diagstico precoce e tratamento adequado
dos casos humanos e redução do contato homem-vetor. O controle qmi-
co só é indicado nas áreas com conrmão de transmissão no peri e/ou
intra-domicílio. Quanto ao controle de reservatórios, não é recomendada
a realizão de inquéritos sorológicos. A eutanásia em cães só é indicada
em situações que o animal apresente lesão cutânea com conrmão diag-
stica, acompanhada da autorizão do proprietário.
Medidas educativas - Orientação quanto às medidas de proteção individu-
al, como o uso de roupas apropriadas, repelentes, mosquiteiros, telas nas
em portas e janelas. Em áreas de risco para assentamento de populações
humanas, sugere-se uma faixa de segurança de 200 a 300 metros entre as re-
sidências e a oresta, com o cuidado de se evitar o desequilíbrio ambiental.
LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
210 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 211
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
As manifestões clínicas da leishmaniose visceral (LV) reetem o de-
sequilíbrio entre a multiplicão dos parasitos nas células do sistema
fagocítico mononuclear (SFM), a resposta imunitária do indivíduo e
ao processo inamatório subjacente. Observa-se que muitos infectados
apresentam a forma inaparente ou assintomática da doença e o expectro
clínico da LV, pode variar desde manifestações clínicas discretas até as
graves, que se não tratadas podem levar o paciente a morte. Considerando
a evolução clínica desta endemia, optou-se em dividi-la em períodos, de-
vendo ser classicada da seguinte forma:
Período Inicial - É caracterizada pelo início da sintomatologia, podendo
variar a cada paciente, mas na maioria dos casos inclui febre com duração
inferior a quatro semanas, palidez cutâneo mucosa, hepatoesplenome-
galia. Os exames sorológicos sâo invarialvelmente reativos. O aspirado
de medula óssea mostra presença de forma amastigota do parasito. Nos
exames complementares o hemograma revela anemia, geralmente pouco
expressiva, com hemoglobina acima de 9g/dl. Na forma oligossintomática
os exames laboratoriais não se alteram com exceção da hiperglobulinemia
e aumento na velocidade de hemossedimentão, o aspirado de medula,
pode ou não mostrar a presença de Leishmania.
Período de Estado - Caracterizado por febre irregular, associada ao ema-
grecimento progressivo, palidez cutâneo-mucosa e hepatoesplenomegalia.
Apresenta quadro clínico arrastado, com mais de dois meses de evolução e
muitas vezes com comprometimento do estado geral. Os exames comple-
mentares estão alterados e no exame sorológico, os títulos de anticorpos
especícos anti-Leishmania são elevados.
Período Final - Febre contínua e comprometimento intenso do estado ge-
ral. Instala-se a desnutrão, edema dos membros inferiores, hemorragias,
icterícia e ascite. Nestes pacientes o óbito é determinado por infeãoes
bacterianas e/ou sangramentos. Os exames complementares estão altera-
dos e no exame sorológico, os títulos de anticorpos especícos anti- Leish-
mania são elevados.
Sinonímia
Calazar, Febre Dundun, Doença do Cachorro.
Leishmaniose Visceral
CID 10: B55.0
44
212 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
LEISHMANIOSE VISCERAL - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 213
LEISHMANIOSE VISCERAL - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Agente etiológico
Protozoário do nero Leishmania, espécie Leishmania chagasi. Apresenta
duas formas: amastigota (intracelular em vertebrados) e promastígota
(tubo digestivo dos vetores invertebrados).
Reservatórios
o (Canis familiaris), marsupiais (Dedelphis mucura), a raposa (Cerdo-
cion tolos), que agem como mantenedores do ciclo da doença. Interroga-se
na LV se o homem também pode ser fonte de infeão.
Modo de transmissão
Transmitida através da picada da fêmea de insetos ebotomíneos da es-
cie Lutzomia longipalpis. Não há transmissão pessoa a pessoa, nem animal
a animal.
Peodo de incubão
Varia de 10 dias a 24 meses, sendo, em média, 2 a 6 meses.
Peodo de transmissibilidade
O vetor poderá se infectar enquanto persistir o parasitismo na pele ou no
sangue circulante dos animais reservatórios.
Complicações
rias complicões são citadas e as mais freqüentes são as otites, pioder-
mites, afeões pleuropulmonares geralmente precedidas de bronquites,
traqueobronquites agudas, infeção urinária, complicões intestinais;
hemorragias, anemia aguda. Estas complicações podem levar o paciente
ao óbito.
Diagnóstico
Clínico-epidemiológico e laboratorial. Esse último baseia-se em:
a) Exame sorológico - É o de detecção mais fácil para o diagnóstico da LV
(imunouorescência e ELISA, este segundo não disponível na rede). Na
RIFI é considerado positivo, títulos a partir da diluição 1:80. Títulos variá-
veis podem persistir positivos mesmo após o tratamento.
b) Parasitológico - Realizado preferencialmente através do aspirado de
medula óssea, exigindo prossional treinado para praticá-lo.
c) Exames inespecos - São importantes devido às alterações que ocor-
rem nas lulas sangüíneas e no metabolismo das proteínas; orientam o
processo de cura do paciente. Hemograma: pode evidenciar uma panci-
topenia: diminuição de hemáceas, leucopenia, com linfocitose relativa, e
plaquetopenia. A anaeosinolia é achado típico, não ocorrendo quando há
associação com outras patologias, como a esquistossomose ou a estrongiloi-
212 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
LEISHMANIOSE VISCERAL - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 213
LEISHMANIOSE VISCERAL - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ase. Dosagem de proteínas - Há uma forte inversão da relação albumina/
globulina, com padrões tão acentuados quanto no mieloma múltiplo.
Diagnóstico diferencial
Muitas entidades clínicas podem ser confundidas com a LV, destacan-
do-se, entre elas, a enterobacteriose de curso prolongado (associão de
esquistossomose com salmonela ou outra enterobacria), cujas manifes-
tações clínicas se superpõem perfeitamente ao quadro da leishmaniose
visceral. Em muitas situações, esse diagstico diferencial só pode ser
concluído através de provas laboratoriais, já que as áreas endêmicas se
superem em grandes faixas do território brasileiro. Soma-se a essa enti-
dade outras patologias: malária, brucelose, febre tifóide, esquistossomose
hepatoesplênica, forma aguda da doea de Chagas, linfoma, mieloma
ltiplo, anemia falciforme etc.
Tratamento
A primeira escolha são os antimoniais pentavalentes (antimoniato de N-
metil-glucamina), apresentação: 1ml=81mg de Sb
+5
, na dose 20mg/Sb
v
/
Kg/dia, IV ou IM, com limite máximo de 3 ampolas/dia, por no mínimo
20 e no máximo 40 dias consecutivos. Fazer acompanhamento clínico e
com exames complementares para detecção de possíveis manifestações de
intoxicação (hemograma, U/C, TGO/TGP e ECG) bem como dos efeitos
colateriais com noticação dos mesmos. Quando não houver melhora
clínica, a droga de escolha é a anfotericina B, usada sob orientação e acom-
panhamento médico em hospitais de referência, em virtude da sua toxici-
dade. Em gestantes a anfotericina b é a droga indicada para o tratamento.
Outro medicamento disponível é a pentamidina, porém sua ecácia é
bastante variável e pode causar efeitos colaterais severos. Os casos graves
de LV devem ser internados e tratados em hospitais de referência. Os casos
leves ou intermediários podem ser tratados em ambulatório.
Contra-indicações - As drogas não podem ser administradas em porta-
dores de cardiopatias, nefropatias, hepatopatias, doença de Chagas. Em
gestantes recomenda-se não utilizar o antimoniato de N-metil glucamina.
Caractesticas epidemiológicas
A Leishmaniose Visceral LV é uma zoonose, considerada inicialmente de
transmiso silvestre, com características de ambientes rurais e atualmente em
expansão para as áreas periurbanas e urbanas. É um crescente problema de saúde
pública no país, encontra-se em franca expano geográca estando distribuída
em 19 estados e em 1551 municípios no período de 1994 a 2002. Tem sido registra-
do no país, aproximadamente 3.000 casos/ano, com letalidade média de 8%.
214 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Reduzir as taxas de letalidade e grau de morbidade através do diagstico
e tratamento precoce dos casos, bem como diminuir o risco de trans-
missão mediante controle da populão de reservatórios e do agente
transmissor.
Noticação
A Leishmaniose Visceral é uma doença de noticão compulria e re-
quer investigão epidemiológica.
Vigilância
A vigincia da LV compreende a vigincia entomológica, de casos hu-
manos e casos caninos. A situão epidemiológica indica as ações de
preveão e controle a serem adotadas. As áreas de transmissão foram
estraticadas a partir dos dados referentes ao período de 1998 a 2002.
Os municípios foram classicados conforme média de casos do período.
Transmiso esporádica - < 2,4 casos, Transmissão moderada - 2,4 - <
4,4 casos e Transmissão intensa - < 4,4 casos.
Vigilância entomogica
Os objetivos das investigões entomológicas são levantar informações de
caráter quantitativo e qualitativo sobre os ebotomíneos transmissores da
LV, visando denão de áreas a serem trabalhadas e/ou acompanhadas,
avalião de controle químico entre outras. As atividades compreendem o
levantamento, investigação e monitoramento de ebotomíneos, estando
as metodologias indicadas para cada uma das diferentes áreas a serem
trabalhadas (Com transmiso ou sem transmissão de LV).
Vigilância canina
As ações de vigilância canina compreendem: Investigação do foco; busca
ativa de cães sintomáticos; monitoramento que envolve o inquérito soro-
gico amostral para áreas sem transmissão e inquérito censitário para as
áreas com transmissão.
Vigilância em humanos
Investigação Epidemiológica - A investigação epidemiológica deve ser
realizada em todos os casos, sendo necessária para: denir local prová-
vel de infecção; vericar se a área é endêmica ou novo foco, conhecer as
características epidemiológicas do caso, orientar medidas de preveão e
controle conforme situão epidemiológica e de acordo com a classica-
ção da área.
LEISHMANIOSE VISCERAL - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
214 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
Denão de caso
a) Suspeito - Todo indivíduo proveniente de área com transmissão, com fe-
bre e esplenomegalia ou todo indivíduo de área sem ocorrência de transmis-
são, com febre e esplenomegalia, desde que descartado outros diagnósticos
diferenciais mais frequentes na região;
b) Conrmado -Laboratorial - São os casos clinicamente suspeitos com
exame parasitológico positivo ou imunouorescência reativa com título
a partir de 1:80;
c) Conrmado - Clínico epidemiogico - o os casos clinicamente suspeitos
sem conrmação laboratorial, mas com resposta favorável ao teste terapêutico.
Medidas Preventivas
a) Dirigidas ao homem - Estimular as medidas de protão individual,
tais como uso de repelentes, uso de mosquiteiros de malha na, não se
expor nos horários de atividade do vetor (crepúsculo e noite).
b) Dirigidas ao Vetor - Saneamento Ambiental. Desencadear medidas simples
para reduzir a proliferação do vetor como limpeza urbana, eliminação de fonte
de resíduoslidos e destino adequado, eliminação de fonte de umidade.
c) Dirigidas a população canina - Controle da população canina errante. Nas
doações de animais o exame sorológico deverá ser realizado previamente.
Medidas de controle
a) Dirigidas aos casos humanos - Organização de servos de saúde para
atendimento precoce dos pacientes, visando diagnóstico, tratamento ade-
quado e acompanhamento dos pacientes.
b) Dirigidas ao controle do vetor - O controle químico imediato está indicado
para as áreas com registro de 1º caso autóctone de LV e em áreas de surto. nas
áreas de transmissão moderada e intensa o controle químico deverá ser progra-
mado, ou seja, para o momento em que se verica o aumento da densidade veto-
rial. Nas áreas de transmissão esporádica, o es indicado o controle químico.
c) Dirigidas ao controle de reservatório canino - Eutanásia canina é re-
comendada a todos os animais sororreagentes, ou seja, títulos a partir de
1 : 40 e/ou com exame parasitológico positivo.
d)Dirigidas as atividades de educação em saúde - As atividades de educação em
saúde devem estar inseridas em todos os serviços e ões de controle da LV e re-
quer envolvimento efetivo das equipes multiprossionais e multiinstitucionais.
Recomendões - As recomendões para as atividades de vigincia e
controle da LV, são especicas a cada uma das áreas de transmissão. Vide
Manual de Vigilância e Controle da LV-2003.
LEISHMANIOSE VISCERAL - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 215
LEPTOSPIROSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 217
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doença infecciosa aguda com envolvimento sistêmico e de caráter enmico, po-
dendo se apresentar na forma epidêmica sob determinadas condições. A infecção
pode ser assintomática, sub-clínica ou ocasionar quadros clínicos graves, anicté-
ricos ou ictéricos com alta letalidade. A forma sub-clínica pode simularsíndro-
me gripal”. A forma anictérica ocorre em 60 a 70% dos casos e apresenta 2 fases:
a) Fase septicêmica - Caracterizada por hepatomegalia e, mais raramente, es-
plenomegalia, hemorragia digestiva, mialgia que envolve panturrilhas, coxa,
abdômen e musculatura paravertebral, fotofobia, dor tocica, tosse seca, com
ou sem hemopicos, exantemas maculares, máculo-papulares, urticarifor-
mes ou petéquias, hiperemia de mucosas com duração de 4 a 7 dias;
b)Fase imune - Quando há cefaléia intensa, vômitos e sinais de irritão
meníngea, uveíte, com durão de 1 a 3 semanas. A forma ictérica, Doença
de Weil, evolui com insuciência renal, fenômenos hemorrágicos e altera-
ções hemodimicas. Sintomas mais intensos que a forma anictérica, com
durão de 1 a 3 semanas, com taxas de letalidade de 5 a 20%.
Sinonímia
Febre dos pântanos, febre outonal, febre dos sete dias, doea dos por-
queiros, tifo canino.
Agente etiológico
Bactéria helicoidal (espiroqueta) aeróbica obrigatória do gênero Leptos-
pira, do qual se conhecem atualmente sete escies patogênicas, sendo a
mais importante a L. interrogans. Mais de 200 sorovares já foram identi-
cados, e cada um tem o(s) seu(s) hospedeiro(s) preferencial(ais), ainda
que uma escie animal possa albergar um ou mais sorovares. Qualquer
sorovar pode determinar as diversas formas de apresentão clínica no
homem, sendo que, em nosso meio, os casos mais graves geralmente eso
relacionados aos sorovares icterohaemorrgahiae e copenhagueni.
Reservatório
Os roedores são os principais reservatórios da doença, principalmente os
domésticos; dentre os animais domésticos, atuam também como porta-
dores os cães, bovinos, suínos, ovinos, caprinos e eqüinos.
Leptospirose
CID 10: A27
45
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LEPTOSPIROSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 217
Modo de transmissão
Pelo contato com água ou solo contaminados pela urina dos animais por-
tadores, principalmente de roedores, e mais raramente pelo contato direto
com sangue, tecido, órgão e urina de animais infectados.
Peodo de incubão
Variável de 24 horas a 30 dias, numa média de 7 a 14 dias.
Peodo de transmissibilidade
Dura enquanto a leptospira estiver na urina da pessoa ou animal. Nos ani-
mais, pode durar meses, anos ou por toda a vida, dependendo da espécie
infectada. É rara a infeão inter-humana.
Complicações
Hemorragia digestiva e pulmonar maca, pneumonia intersticial, insu-
ciência renal aguda, distúrbios do equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-
básico, colapso cardiocirculatório, insucncia cardíaca congestiva, com
falência de múltiplos órgãos e morte.
Diagnóstico
Clínico-epidemiológico e laboratorial. A suspeita clínica deve ser conrmada
por métodos laboratoriais especícos. Testes simples de macro-aglutinação
e ELISA IgM são utilizados para o diagnóstico rápido de casos humanos. O
isolamento de leptospiras, reação de polimerase em cadeia (PCR do sangue,
urina, líquor e amostras de tecidos) e o teste sorológico de micro-aglutinação
são também recomendados para diagnóstico e in-vestigações epidemiológi-
cas. Para esclarecimento etiológico de óbitos deve-se realizar os testes histo-
patológicos convencionais e a pesquisa de leptospiras por colorações especiais
ou imunohistoquímica (cérebro, pulmão, rim, fígado, ncreas e coração).
Diagnóstico diferencial
a) Forma anictérica - “Virose”, dengue, inuenza, hantaviroses, arboviroses,
apendicite aguda, sepse, febre tifóide, pneumonias da comunidade, malária,
pielonefrite aguda, riquetsioses, toxoplasmose, meningites e outras;
b) Forma ictérica - Sepse com icterícia, hepatites virais agudas, febre
tifóide com icterícia, febre amarela, malária grave, principalmente por
P. falsiparum, riquetsioses, colangite, colecistite aguda, coledocolitíase,
ndrome hemolítico-urêmico grave com icterícia, síndrome heptorrenal,
esteatose aguda da gravidez e outras.
Tratamento
Penicilina G cristalina é a droga de escolha, sendo que para adultos reco-
LEPTOSPIROSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
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LEPTOSPIROSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
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menda-se 6 a 12 miles de unidades ao dia divididas em 4 doses diárias,
por 7 a 10 dias; ou, como alternativas podem ser utilizadas a ampicilina
(4 g/dia para adultos), tetraciclina (2g ao dia para adultos) ou doxiciclina
(100 mg de 12/12h) por igual período. A tetraciclina e a doxiciclina são
contra-indicadas em gestantes, crianças menores de 9 anos e em pacientes
com insuciência renal aguda ou insucncia hepática. Para pacientes
argicos à penicilina ou que apresentarem lesão renal e icterícia, sugere-se
o uso do cloranfenicol (2 g/dia para adultos). O tratamento deve ser ad-
ministrado até ou após o 5o dia de doença, pois, mesmo quando iniciado
mais tarde, pode alterar a evolução dos casos graves. Medidas de suporte,
como reposão hidroeletrolítica por via endovenosa, oxigenioterapia. Em
pacientes que desenvolvem insucncia renal, indica-se a instalação de
diálise peritoneal precoce (aos primeiros sinais de oligúria) e que diminui
signicativamente as taxas de letalidade da doença.
Caractesticas epidemiológicas
É uma zoonose cosmopolita que se constitui problema de saúde pública.
Enchentes e chuvas fortes contribuem nos pses tropicais e subtropicais
para o contato do homem com águas e lama contaminadas pela urina do
roedor, favorecendo o aparecimento de surtos da doença humana. Ocorre
em áreas urbanas e rurais porém, no Brasil, a maior parte dos casos está
ligada às condições de vida e infra-estrutura sanitária, principalmente em
vel domiciliar. Toda a população é suscetível e os principais grupos etá-
rios afetados são dos 20 a 49 anos. Algumas prossões facilitam o contato
com as leptospiras como pessoas que trabalham em limpeza e desentupi-
mento de esgotos, agricultores, veterinários, tratadores de animais, pesca-
dores, magarefes, laboratoristas e bombeiros, dentre outras.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Orientar e adotar as medidas de prevenção da doença, particularmente
antes dos períodos das grandes chuvas, em áreas de ocorrência cíclica;
tratamento adequado dos pacientes graves, visando diminuir a letalidade
da doença.
Noticação
É doea de noticão compulsória nacional.
Denão de caso
a) Suspeito - Indivíduo que apresenta sinais e sintomas sugestivos da doença,
principalmente com febre de início súbito, mialgias (particularmente nas
LEPTOSPIROSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
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LEPTOSPIROSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 219
panturrilhas), cefaléia, mal estar ou prostração associados a um ou mais
dos seguintes sinais e/ou sintomas: sufusão conjuntival ou conjuntivite,
náuseas e/ou vômitos, calafrios, alterações do volume urinário, icterícia,
fenômenos hemorrágicos e/ou alterações hepáticas, renais e vasculares
compatíveis com leptospirose ictérica (Síndrome de Weil) ou anicrica
grave ou aquele que apresenta processo infeccioso inespecíco com an-
tecedente epidemiológico sugestivo nos últimos trinta dias anteriores à
data de início dos primeiros sintomas. Considera-se como antecedentes
epidemiológicos: exposição a enchentes ou outras coleções hídricas po-
tencialmente contaminadas por urina de roedores; exposição a esgoto,
fossa ou manilhas de esgoto; atividades que envolvam risco ocupacional
como coleta de lixo, limpeza de córregos, trabalho em água ou esgoto com
urina de roedores, manejo de animais, agricultura em campos alagados,
magarefes, veterinários, laboratoristas, dentre outras; presença de ani-
mais infectados nos locais freqüentados pelo paciente.
b) Conrmado - Todo caso suspeito com conrmação laboratorial da
doea, ou com clara evidência de associação epidemiológica (critério
clínico-epidemiológico) ou associado a um caso já conrmado e que, por
algum motivo, não tenha realizado o diagstico laboratorial ou estes
tenham resultado sorológico não reagente com amostra única coletada
antes do 7º dia de doença.
Medidas de controle
Assistência médica adequada e oportuna ao paciente;
Noticação, busca e conrmação de dados do paciente, investigação epi-
demiológica de casos, deteão de áreas de risco a serem desencadeadas
ões de controle;
Proteção à população: alertá-la nos períodos que antecedem a chuva, para
que evite entrar em áreas alagadas sem as medidas de proteção individual.
Controle de roedores (anti-ratizão e desratizão) e melhoria das condi-
ções hignico-sanitárias da população.
Proteção e desinfeão de áreas humanas de moradia, trabalho e lazer da
contaminão pela urina destes animais e medidas que tornem o ambien-
te impróprio à instalação e proliferão de roedores.
Manter higiene dos canis e de locais de criação animal e retirar sobras alimen-
tares destes animais antes do anoitecer, pois servem de atrativos a roedores.
Segregação e tratamento de animais domésticos infectados e/ou doentes
Imunização de animais domésticos (cães, bovinos e suínos) através do uso
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de vacinas preparadas com sorovares prevalentes na região.
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doença bacteriana sexualmente transmissível caracterizada pelo envolvi-
mento do sistema linfático, tendo como processos básicos a trombolinfan-
gite e perilinfangite. Sua evolução clínica apresenta 3 fases:
Primária - No local de penetrão do agente etiológico: há aparecimento
de pápulas, vecula, pústula ou erosão fugaz e indolor. No homem - No
sulco balonoprepucial, no prepúcio ou meato uretral; Na mulher - Acome-
te fúrcula cervical, clitóris, pequenos e grandes lábios.
Secundária - Caracteriza-se por adenite inguinal, geralmente unilateral, rme
e pouco dolorosa (bubão), que pode ser acompanhada de febre e mal-estar.
Terciária - Quando há drenagem de material purulento por vários ori-
fícios no bubão, com ou sem sangue, que, ao involuir, deixa cicatrizes
retraídas ou quelóides.
Sinonímia
Mula, bubão, doea de Nicolas-Favre-Durand, quarta moléstia venérea.
Agente etiológico
Chlamydia tracomatis dos sorotipos L1, L2 e L3.
Reservatório
O homem.
Modo de transmissão
Contato sexual, com penetrão da bactéria através da pele ou mucosa
com solução de continuidade.
Peodo de incubão
De 1 a 3 semanas as o contato sexual.
Peodo de transmissibilidade
Bastante variável, semanas a anos.
Complicações
Linfedema peniano e escrotal, hiperplasia intestinal e linforróidas, hiper-
troa vulvar (estiomene), proctite.
Linfogranuloma Venéreo
CID 10: A55
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Diagnóstico
Eminentemente clínico-epidemiológico. Sorologia com imunouores-
ncia direta, xação de complemento (título acima 1/64). Cultura celular
de Mccoy.
Diagnóstico diferencial
Tuberculose cutânea, micoses profundas, donovanose, sílis, granuloma
inguinal.
Tratamento
Tianfenicol, 1,5g/dia, VO, 14 dias;
Sulfametoxazol, 800mg + trimetoprim, 160mg, 2 vezes/dia, VO, 14 dias;
Doxiciclina, 100mg, VO, 12/12h, no mínimo 14 dias;
Azitromicina. A adenite é tratada com drenagem.
Caractesticas epidemiológicas
Doea exclusivamente venérea que geralmente afeta indivíduos que já ti-
veram várias outras doenças sexualmente transmissíveis. Sua distribuição
é universal, mas ocorre mais freqüentemente nos tpicos. Não há dife-
rença entre os sexos e observa-se maior número de casos entre negros.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Interromper a cadeia de transmissão através da deteão e tratamento pre-
coces dos casos e dos seus parceiros (fontes de infecção); Prevenir novas
ocorrências por meio de ações de educação em saúde.
Noticação
Não é doea de noticão compulria nacional. Os prossionais de
saúde devem observar as normas e procedimentos de noticação e inves-
tigação de seus estados e municípios. A Coordenação Nacional de DST e
AIDS, do Ministério da Saúde, está implantando um sistema de fontes
de informações especícas para as doeas sexualmente transmissíveis,
visando o aprimoramento de seu controle.
Medidas de controle
Interrupção da cadeia de transmiso pela triagem e referência dos pa-
cientes com DST e seus parceiros para diagstico e terapia adequados.
Aconselhamento (condencial) - orientões ao paciente, fazendo com
que ele discrimine as possíveis situações de risco presentes em suas
práticas sexuais; desenvolva a perceão quanto à imporncia do seu
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222 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
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tratamento e de seus parceiros sexuais e promoção de comportamentos
preventivos.
Promoção do uso de preservativos - todo mais ecaz para a redução
do risco de transmissão do HIV e outras DST.
Convite aos parceiros para aconselhamento e promoção do uso de pre-
servativos (deve-se obedecer aos princípios de conabilidade, ausência de
coerção e proteção contra a discriminação).
Educão em saúde, de modo geral.
Observação - As associações entre diferentes DST são freqüentes, destacando-
se, atualmente, a relação entre a presença de DST e aumento do risco de infec-
ção pelo HIV, principalmente na vigência de úlceras genitais. Desse modo, se o
prossional estiver capacitado a realizar aconselhamento, pré e pós-teste para
detecção de anticorpos anti-HIV, quando do diagnóstico de uma ou mais DST,
deve ser oferecida essa opção ao paciente. Toda doença sexualmente transmis-
sível constitui-se em evento sentinela para busca de outra DST e possibili-
dade de associação com o HIV. É necessário, ainda, registrar que o Ministério
da Saúde vem implementando a “abordagem sindrômicaaos pacientes de
DST, visando aumentar a sensibilidade no diagnóstico e tratamento dessas
doenças, o que resultará em um maior impacto na redução dessas infecções.
LINFOGRANULOMA VENÉREO - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
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Malária
CID 10: B58 A B54
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ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doença infecciosa febril aguda, causada por parasito unicelular, caracteri-
zada por febre alta acompanhada de calafrios, suores e cefaléia, que ocorrem
em padrões cíclicos, a depender da espécie do parasito infectante. Uma fase
sintomática inicial, caracterizada por mal-estar, cefaléia, cansaço e mialgia,
geralmente precede a clássica febre da malária. O ataque paroxístico inicia-
se com calafrio que dura de 15 minutos a uma hora, sendo seguido por uma
fase febril, com temperatura corpórea podendo atingir 41oC ou mais. Após
um período de duas a seis horas, ocorre defervecência da febre e o paciente
apresenta sudorese profusa e fraqueza intensa. Após a fase inicial, a febre as-
sume um caráter intermitente, dependente do tempo de duração dos ciclos
eritrocíticos de cada espécie de plasmódio: 48 horas para P. falciparum e P.
vivax (malária terçã), e 72 horas para P. malariae (malária quartã). Entre-
tanto, a constatação desta regularidade é pouco comum nos dias atuais. De
um modo geral, as formas brandas são causadas pelo P. malariae e P. vivax
e as formas clínicas mais graves são causadas pelo P. falciparum, especial-
mente em adultos não imunes, crianças e gestantes que podem apresentar
manifestações mais graves da doença. O quadro clínico pode evoluir para
formas clínicas de malária grave e complicada destacando-se forte cefaléia,
hipertermia, vômitos, sonolência e convulsões (malária cerebral), insu-
ciência renal aguda, edema pulmonar agudo, hipoglicemia, disfunção
hepática, hemoglobinúria (hemólise intravascular aguda maciça) e choque,
que podem levam à óbito em torno de 10% dos casos. Reveste-se de im-
portância epidemiológica, por sua gravidade clínica, e elevado potencial de
disseminação, em áreas com densidade vetorial que favoreça a transmissão.
Concentrada na região Amazônica, causa consideráveis perdas sociais e
econômicas na população sob risco.
Sinonímia
Paludismo, impaludismo, febre palustre, febre intermitente, febre terçã
benigna, febre terçã maligna, am de nomes populares, como maleita,
sezão, tremedeira, batedeira ou febre.
Agente etiológico
No Brasil, ts escies de Plasmodium causam malária: P. malariae, P.
vivax e P. falciparum.
MALÁRIA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
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MALÁRIA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
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Reservatório
O homem é o único reservatório importante.
Vetores
Mosquito pertencente à ordem dos dípteros, família Culicidae, gênero Ano-
pheles. Este gênero compreende cerca de 400 espécies. No Brasil, as princi-
pais espécies transmissoras da malária, tanto na zona rural quanto na zona
urbana, são: Anopheles darlingi, Anopheles aquasalis, Anopheles albitarsis,
Anopheles cruzii e Anopheles bellator. A espécie Anopheles darlingi se destaca
na transmissão da doença. Popularmente, os vetores da malária são conhe-
cidos porcarapanã”, “muriçoca”, “sovela, “mosquito-prego”, “bicuda”.
Modo de transmissão
Através da picada da fêmea do mosquito Anopheles, infectada pelo plasmo-
dium. Os esporozoítos, formas infectantes do parasito, são inoculados no
homem sadio através da saliva da fêmea anofelina infectante. Esses mos-
quitos, ao se alimentarem em indivíduos infectados, ingerem as formas
sexuadas do parasito - gamecitos - que se reproduzem no interior do
hospedeiro invertebrado, durante 8 a 35 dias, eliminando esporozoítos,
durante a picada. O vetor tem hábitos alimentares nos horários crepuscu-
lares, entardecer e amanhecer, todavia, em algumas regiões da Amania,
apresentam-se com hábitos noturnos, picando durante todas as horas da
noite. o há transmissão direta da doença de pessoa a pessoa. Raramente
podem ocorrer transmissões, através transfusão de sangue infectado, uso
compartilhado de seringas e, mais raro ainda, por via congênita.
Peodo de incubão
Varia de acordo com a espécie de plasmódio: P. falciparum, de 8 a 12 dias;
P. vivax, 13 a 17; e para P. malariae, 18 a 30 dias.
Peodo de transmissibilidade
O mosquito é infectado, ao sugar o sangue de uma pessoa com gametócitos
circulantes. Os gametócitos surgem, na corrente sanguínea, em períodos que
varia de poucas horas para o P. vivax, e de 7 a 12 dias para o P. falciparum. A
pessoa pode ser fonte de infecção, para malária, causada por P. falciparum,
por até 1 ano; P. vivax, até 3 anos; e P. malariae, por mais de 3 anos.
Complicações
Classicada como Malária Grave e Complicada, o indicadores de pior prognós-
tico as manifestações clínicas de malária cerebral, com edema, convulsões, de-
rio, coma, anemia hemolítica, edema pulmonar agudo, insuciência renal aguda,
hepatopatia aguda, distúrbios do equilíbrio hidroeletrolítico, hipoglicemia, insu-
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ciência renal, disritmias caracas e alterações gastrointestinais, como diarréia e
enteroragia. As formas graves estão relacionadas a parasitemia elevada, acima de
2% das hemácias parasitadas, podendo atingir até 30% dos eritrócitos.
Diagnóstico
O diagstico de certeza da infecção malárica só é possível pela demons-
tração do parasito, ou de antígenos relacionados, no sangue peririco do
paciente, através dos métodos diagnósticos especicados a seguir:
Gota espessa - É o método adotado ocialmente no Brasil para o diag-
stico da malária. Mesmo após o avao de técnicas diagsticas, este
exame continua sendo um método simples, ecaz, de baixo custo e fácil
realizão. Sua cnica baseia-se na visualizão do parasito através de
microscopia ótica, após colorão com corante vital (azul de metileno e
Giemsa), permitindo a diferencião especíca dos parasitos a partir da
análise da sua morfologia, e pelos estágios de desenvolvimento do parasito
encontrados no sangue periférico. A determinão da densidade parasitá-
ria, útil para a avalião progstica, deve ser realizada em todo paciente
com malária, especialmente nos portadores de P. falciparum.
Esfrego delgado - Possui baixa sensibilidade (estima-se que, a gota
espessa é cerca de 30 vezes mais eciente que o esfregaço delgado na detec-
ção da infecção malárica). Porém, o esfregaço delgado é o único método
que permite, com facilidade e seguraa, a diferencião especíca dos
parasitos, a partir da análise da sua morfologia e das alterações provoca-
das no eritrócito infectado.
Testes pidos para detecção de componentes antigênicos de plasmódio - Tes-
tes imunocromatográcos representam novos metodos de diagnóstico pido
de malária. Realizados em tas de nitrocelulose contendo anticorpo mono-
clonal contra antígenos especícos do parasito. Apresentam sensibilidade su-
perior a 95% quando comparado à gota espessa, e com parasitemia superior
a 100 parasitos/µL. Entretanto, os testes hoje disponíveis discriminam espe-
cicamente o P. falciparum e as demais espécies simultaneamente, não sendo
capazes, de diagnosticar a malária mista. Pela sua praticidade e facilidade de
realização, são úteis para a triagem e mesmo para a conrmação diagnóstica,
principalmente em situações onde o processamento do exame da gota espessa
é complicado, como áreas longínquas e de difícil acesso aos serviços de saúde,
bem como em áreas de baixa prevalência da doença.
Diagnóstico diferencial
Febre tifóide, febre amarela, leptospirose, hepatite infecciosa, calazar e
outros processos febris. Na fase inicial, principalmente na criaa, a ma-
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MALÁRIA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
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lária confunde-se com outras doenças infecciosas dos tratos respiratórios,
urinário e digestivo, quer de etiologia viral ou bacteriana. No período de
febre intermitente, pode ser confundida com infecções urinárias, tuber-
culose miliar, salmoneloses septicêmicas, calazar, endocardite bacteriana
e leucoses. Todas apresentam febre e, em geral, esplenomegalia. Algumas
delas apresentam anemia e hepatomegalia.
Tratamento
O tratamento da malária visa principalmente a interrupção da esquizogo-
nia sangüínea, responsável pela patogenia e manifestações clínicas da infec-
ção. Entretanto, pela diversidade do seu ciclo biológico, é também objetivo
da terapêutica proporcionar a erradicação de formas latentes do parasita no
ciclo tecidual (hipnozoítos) do P. vivax, evitando assim as recaídas tardias.
Além disso, a abordagem terapêutica de pacientes residentes em áreas endê-
micas, pode visar também à interrupção da transmissão, pelo uso de drogas
que eliminam as formas sexuadas dos parasitos. Para atingir esses objetivos,
diversas drogas com diferentes mecanismos de ação são utilizadas, tentan-
do impedir o desenvolvimento do parasito no hospedeiro. O Ministério da
Saúde através de uma política nacional de medicamentos para tratamento
da malária, disponibiliza gratuitamente essas drogas em todo o território
nacional através das unidades do Sistema Único de Saúde (SUS).
O tratamento adequado e oportuno da malária é hoje o principal alicer-
ce para o controle da doea. A decisão de como tratar o paciente com
malária deve ser precedida de informações sobre os seguintes aspectos:
gravidade da doença; espécie de plasmódio; idade do paciente; história
de exposição anterior à infeão e suscetibilidade dos parasitos aos anti-
maláricos convencionais. As principais drogas utilizadas no Brasil para
tratamento da malária são:
Tratamento de primeira linha para a região amazônica
Plasmodium vivax
Cloroquina - Comprimidos contendo 250 mg de sal, equivalente a 150 mg
de base são os mais usados pelo Minisrio da Saúde.
Dosagem - Tanto criaas quanto adultos devem receber uma dose total
de 25 mg de base/kg, administrada no transcorrer de 3 dias. Um regime
farmacocineticamente adequado consiste em administrar uma dose ini-
cial de 10 mg de base/kg, seguida de 5 mg/kg 6 a 8 horas após e 5 mg/kg em
cada um dos dois dias seguintes.
Primaquina - Comprimidos contendo 5,0 mg e 15,0 mg de base como
difosfato, eqüivalendo a 8,8 mg e 26,4 mg do sal, respectivamente.
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MALÁRIA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
MALÁRIA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
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Primaquina para tratamento anti-hipnozoíta em infecções por P. vivax
(anti-recaída)
Dosagem - Para a infecção por P. vivax a primaquina deve ser adminis-
trada juntamente com um esquizonticida sangüíneo ativo, tal como a
cloroquina, a partir do primeiro dia de tratamento, na dose de 0,50 mg de
base /kg de peso, diariamente, durante 7 dias.
Plasmodium falciparum
Quinina - Em geral, tanto a apresentação oral quanto a injetável contêm
500 mg do sal de quinina, eivalendo a 325 mg da base.
Dosagem - Esquema de quinina associada - 30 mg do sal de quinina/kg/dia
durante 3 dias, associada a 3,3 mg/kg/dia de doxiciclina, de 12 em 12 horas
(exceto para criaas com menos de 8 anos de idade, durante a gravidez e
hepatopatas), durante 5 dias, a partir do primeiro dia do uso da quinina;
Primaquina - Como medicamento gametocitocida em infecções por P. falci-
parum (bloqueador de transmissão) - A dose gametocitocida de primaquina
para adultos e crianças é de 0,5-0,75 mg de base/kg em uma única dose, i.e.,
30-45 mg de base para um adulto. O tratamento pode ser dado juntamente com
uma droga esquizonticida sangüínea ecaz, porém a primaquina não deve ser
empregada enquanto não se estabilizar a condição do paciente. Assim, reco-
menda-se que seja administrado no dia após início do tratamento.
Tratamento de segunda linha para a região amazônica (apenas
para o P. falciparum)
Meoquina - Apresentação em comprimidos contendo 274 mg de cloridra-
to de meoquina, equivalente a 250 mg de meoquina-base. A meoquina
não é disponível para administração parenteral. A dose de meoquina reco-
mendada para tratamento de malária não complicada em adultos é de 15-20
mg/kg/peso. A melhor solubilidade e maior biodisponibilidade podem ser
alcançadas com a ingestão de água antes da administração do medicamen-
to. Sua biodisponibilidade também aumenta se for tomada depois das refei-
ções. A administração do medicamento em doses divididas em intervalos
de 6-24 h, melhora substancialmente a tolerância ao medicamento.
Tratamento recomendado para a reo extra-amania
Plasmodium vivax
O mesmo esquema recomendado para a região Amazônica.
Plasmodium falciparum
Meoquina - A dose de meoquina recomendada para tratamento de
malária não complicada em adultos é de 15-20 mg/kg. A administrão
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do medicamento em doses divididas, em intervalos de 6-24 h, melhora
substancialmente a tolerância ao medicamento.
Seguem as tabelas contendo resumo terapêutico de todos os esquemas
de tratamento acima mencionados.
TABELA 1 - ESQUEMA RECOMENDADO PARA TRATAMENTO DAS INFECÇÕES POR
PLASMODIUM VIVAX COM CLOROQUINA EM 3 DIAS E PRIMAQUINA EM 7 DIAS.
Grupos
etários
Drogas e doses
1º dia 2º e 3º dias
4º ao 7º
dias
Cloro-
quina
(comp.)
Primaquina
(comp).
Cloro-
quina
(comp.)
Prima-
quina
(comp).
Prima-
quina
(comp.)
Adul Inf. Adul Inf. Adul Inf.
Menor de 6 meses - - - - - - - -
6 a 11 meses - - 1 - - 1 - 1
1 a 2 anos 1 - 1 - - 1 - 1
3 a 6 anos 1 - 2 1 - 2 - 2
7 a 11 anos 2 1 1 1 e  1 1 1 1
12 a 14 anos 3 1 e  - 2 1 e  - 1 e  -
15 anos ou mais 4 2 - 3 2 - 2 -
* Primaquina: comprimidos para adultos com 15 mg de base e para crianças com 5 mg de base. A clo-
roquina e a primaquina deverão ser ingeridas preferencialmente às refeições. Não administrar prima-
quina para gestantes e crianças até 6 meses de idade. Se surgir icterícia, suspender a primaquina.
TABELA 2 - ESQUEMA RECOMENDADO PARA TRATAMENTO DAS INFECÇÕES POR
PLASMODIUM FALCIPARUM COM QUININA EM 3 DIAS + DOXICLINA EM 5 DIAS
+ PRIMAQUINA NO DIA.
Grupos
etários
Drogas e doses
, 2º e 3º dias 4º e 5º dias 6º dias
Quinina
(comp.)
Doxiciclina
(comp).
Doxiciclina
(comp.)
Primaquina
(comp.)
8 a 11 anos 1 e  1 1 1
12 a 14 anos 2 e  1 e  1 e  2
15 anos ou mais 4 2 2 3
A dose diária da quinina e da doxiciclina devem ser divididas em duas tomadas, de 12 em 12
horas.
A doxiciclina e a primaquina não devem ser dadas a gestantes. Para gestantes e menores de 8
anos, consultar as tabelas com esquemas alternativos, contidas no Guia de Vigilância Epidemio-
MALÁRIA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
228 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
MALÁRIA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 229
gica ou o Manual de Terapêutica de Malária editados pelo Minisrio da Sde.
TABELA 3 - ESQUEMA RECOMENDADO PARA TRATAMENTO DAS INFEÕES MISTAS
POR PLASMODIUM VIVAX + PLASMODIUM FALCIPARUM COM MEFLOQUINA EM
DOSE ÚNICA E PRIMAQUINA EM 7 DIAS.
Grupos etários
Drogas e doses
1º dia 2º ao 7º dias
Meoquina
(comp.)
Primaquina
(comp).
Primaquina (comp).
Adulto Infantil Adulto Infantil
Menor de 6 meses * - - - -
6 a 11 meses - - 1 - 1
1 a 2 anos - - 1 - 1
3 a 4 anos 1 - 2 - 2
5 a 6 anos 1 e  - 2 - 2
7 a 8 anos 1 e  1 1 1 1
9 a 10 anos 2 1 1 1 1
11 a 12 anos 2 e  1 e  - 1 e  -
13 a 14 anos 3 1 e  - 1 e  -
15 ou mais 4 2 - 2 -
* Calcular 15 a 20 mg/kg de peso.
A dose diária de meoquina pode ser dividida em duas tomadas com intervalo de a 12 horas.
Não usar primaquina em gestantes e menores de 6 meses. Consultar esquemas alternativos no Guia de
Vigilância Epidemiológica ou Manual de Terapêutica da Malária editados pelo Ministério da Saúde.
TABELA 4 - ESQUEMA RECOMENDADO PARA TRATAMENTO DAS
INFECÇÕES POR PLASMODIUM MALARIAE COM CLOROQUINA EM 3 DIAS.
Grupos etários
Drogas e doses
Cloroquina (comp.)
1º dia 2º dia 3º dia
Menor de 6 meses - - -
6 a 11 meses - - -
1 a 2 anos 1 - -
3 a 6 anos 1 1 1
7 a 11 anos 2 1 e  1 e 
12 a 14 anos 3 2 2
MALÁRIA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
MALÁRIA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 231
15 anos ou mais 4 3 3
Obs: Diferente do P.vivax, não se usa primaquina para o P.malariae.
Caractesticas epidemiológicas
Estima-se que mais de 40% da população mundial es exposta ao risco de ad-
quirir malária. O Brasil no ano de 2003 registrou 407.652 casos de malária, sendo
a espécie P. vivax de maior incidência (78,5%). A Região da Amazônia Legal
concentra 99,5% dos casos, tendo sido identicados nesta região 71 munipios
como sendo de alto risco para a malária, ou seja, com um Índice Parasitário Anual
(IPA) igual ou maior que 50 casos por 1.000 habitantes. A transmissão nessa área
es relacionada à: fatores biológicos (presença de alta densidade de mosquitos
vetores); geográcos (altos índices de pluviosidade, amplitude da malha hídrica
e a cobertura vegetal); ecológicos (desmatamentos, construção de hidroelétricas,
estradas e de sistemas de irrigação, açudes); sociais (presença de numerosos gru-
pos populacionais, morando em habitações com ausência completa ou parcial de
paredes laterais e trabalhando próximo ou dentro das matas).
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Estimar a magnitude da morbidade e mortalidade da malária;
Identicar tendências, grupos e fatores de risco;
Detectar surtos e epidemias;
Evitar o restabelecimento da endemia, nas áreas onde a transmiso já foi
interrompida;
Recomendar as medidas necessárias, para prevenir ou controlar a ocor-
rência da doença;
Avaliar o impacto das medidas de controle.
Noticação
Todo caso de malária deve ser noticado às autoridades de saúde, tanto
na Região da Amazônica, quanto na Rego Extra-Amazônica. A noti-
cação deverá ser feita, através da Ficha de Noticação de Caso de Malária
(SIVEP-Malária). Na Região Extra-Amazônica, am de ser de noticão
compulria, é de investigação obrigatória.
Denão de caso
a) Suspeito
Área endêmica - Toda pessoa que apresente quadro febril, que seja residen-
te, ou que tenha se deslocado para área onde haja transmissão de malária no
período de 8 a 30 dias, anterior à data dos primeiros sintomas;
Área não endêmica - Toda pessoa que apresente quadro de paroxismo fe-
230 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
MALÁRIA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
MALÁRIA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 231
bril com os seguintes sintomas: calafrios, tremores generalizados, cansaço,
mialgia, e que seja procedente de área onde haja transmissão de malária, no
período de 8 a 30 dias, anterior à data dos primeiros sintomas.
b) Conrmado
Critério clínico laboratorial - Toda pessoa, cuja presea de parasito no
sangue, cuja espécie e parasitemia, tenham sido identicadas, através de
exame laboratorial;
c) Recaída (P. vivax, P. ovale) ou Recrudescência (P. falciparum, P. malariae)
Lâmina de Vericão de Cura (LVC) - Na área endêmica, o caso será
classicado como lâmina de Vericão de Cura (recaída ou recrudescên-
cia), quando o exame apresentar resultado positivo, até no máximo 60
dias, a partir da data do início do tratamento para P. vivax e até 40 dias no
caso de P. falciparum. Em área não endêmica, esta classicação dependerá
do acompanhamento, que é feito junto ao paciente.
d) Descartado - Caso suspeito com diagstico laboratorial negativo para
malária.
Medidas a serem adotadas
Assistência ao paciente - Atendimento ambulatorial ao paciente suspeito,
para coleta da amostra de sangue e exame parasitospico. O caso conr-
mado recebe tratamento, em regime ambulatorial. O caso grave deverá
ser hospitalizado de imediato. No paciente, com resultado negativo para
malária, outras doenças deverão ser pesquisadas.
Qualidade da assisncia - Um dos indicadores, para se avaliar a qualidade da
assistência, é o tempo vericado entre a coleta da amostra de sangue para exame
e o início do tratamento, que não deve ser superior a 24 horas. Outra forma, de
garantir boa assistência, é o monitoramento do tratamento, por meio de visitas
domiciliares, ou de comparecimento do paciente à unidade de saúde, para asse-
gurar a cura.
Conrmação diagnóstica - Coletar material para diagstico laborato-
rial, de acordo com as orientações técnicas.
Proteção da população - Como medidas utilizadas para o controle da malá-
ria na população, podemos destacar: Tratamento imediato dos casos diagnos-
ticados; Busca de casos junto aos comunicantes; Investigação epidemiológica;
Orientação à população quanto à doença, uso de repelentes, cortinados, rou-
pas protetoras, telas em portas e janelas; Investigação entomológica;
Controle vetorial
O Programa de Controle da Malária utiliza produtos químicos do grupo
MININGITE POR HAEMOPHILUS INFLUENZAE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 233
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Infecção bacteriana aguda das meninges. É uma das formas mais graves de do-
ença invasiva causada pelo Haemophilus inuenzae, sendo mais comum na 1ª
infância. Início geralmente bito, com febre, cefaléia intensa, náuseas, vômitos
e rigidez de nuca, aos quais se associam os sinais de irritação meníngea.
a) Sinal de Kernig - Resposta em exão da articulão do joelho, quando
a coxa é colocada em certo grau de eo relativo ao tronco, pesquisa-se
da seguinte forma: paciente em debito dorsal: eleva-se o tronco, etin-
do-o sobre a bacia; há exão da perna sobre a coxa e dessa sobre a bacia;
ou paciente em debito dorsal; eleva-se o membro inferior em extensão,
etindo-o sobre a bacia, após pequena angulação, há exão de perna sobre
a coxa. Essa variante chama-se, também, manobra de Laségue.
b) Sinal de Brudzinski - Flexão involuntária da perna sobre a coxa e dessa
sobre a bacia ao se tentar ante-etir a cabeça. Sinais de comprometimento
do sistema nervoso central, como delírio, coma, convulsões, paralisias, tre-
mores, transtornos pupilares, hipoacusia, ptose palpebral e nistagmo.
Lactentes raramente apresentam sinais de irritação meníngea ou de hiperten-
são intracraniana como rigidez de nuca, abaulamento de fontanela, convul-
sões e opistótono. Os sinais clínicos iniciais são inespecícos, comuns a outras
doenças deste período, a exemplo de, instabilidade térmica (hipotermia ou
hipertermia), desconforto respiratório, irritabilidade, letargia, recusa alimen-
tar, mitos, icterícia. Pode-se observar ainda a presenca de outros sinais e
sintomas como: agitação, grito meníngeo e recusa alimentar. Idosos cursam
com maior frequencia com febre, confusão mental, torpor e desorientação.
Menos da metade dos casos apresentam rigidez de nuca e cefaléia.
Agente etiológico
Haemophilus inuenzae do tipo b é o mais freqüente, podendo entretanto
ocorrer meningite por outros sorotipos, a exemplo de (a, c, d, e, f). É um
bacilo gram negativo, imóvel, capsulado, pleomórco.
Reservatório
O homem doente ou portador sadio.
Modo de transmissão
Pelo contato direto pessoa a pessoa, doente ou portadora, através da via
respiratória.
Meningite por Haemophilus Inuenzae
CID 10: G00.0
48
232 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
MININGITE POR HAEMOPHILUS INFLUENZAE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 233
Peodo de incubão
Provavelmente curto, de 2 a 4 dias.
Peodo de transmissibilidade
Enquanto houver microorganismo na nasofaringe, geralmente até 24/48
horas após o início da terapêutica com antibiótico.
Complicações
As principais complicões são: perda da audição, distúrbio de linguagem,
retardo mental, anormalidade motora e distúrbios visuais.
Diagnóstico
Clínico e laboratorial. O principal exame laboratorial é o do quido Céfalo
Raquidiano, que se apresenta turvo, com cor branco leitosa ou xantocrômica. A
bioquímica evidencia glicose e cloretos diminuídos, proteínas elevadas, célula-
ridade muito aumentada devido a presença de neutrólos polimorfonucleares.
O Gram do sedimento do LCR pode evidenciar a presença de bacilo gram
negativo pleomórco. É importante a realização da cultura do líquor para diag-
stico do agente. As hemoculturas são usadas como complemento do exame
do líquor. Outros exames são a contra-imuno-eletroforese cruzada (CIE), e a
prova do tex sensibilizado (anti-Hib). Ambas podem ser realizadas após o
uso de antibióticos, com pouca interferência nos seus resultados. Outros testes
o ELISA, Radioimunoensaio, e amplicação da cadeia de polimerase (PCR).
Diagnóstico diferencial
Com as outras meningites bacterianas (em particular com as purulentas)
Tratamento
Cloranfenicol, na dose 75 a 100mg/kg/dia, EV, até o máximo de 6g/dia,
fracionadas em 4 tomadas diárias (6/6h), ou ceftriaxone, na dose de
100mg/kg/dia, EV, até o máximo de 4 g/dia, divididas em duas tomadas
(de 12/12h), por 7 a 10 dias.
Caractesticas epidemiológicas
Doença endêmica, de distribuição universal, com alta incidência em crian-
ças, principalmente nos menores de 1 ano, sendo rara acima dos cinco anos.
Após a introdução da vacina conjugada contra o Hib em 1999, a incidência
das meningites causadas por este agente diminuiu signicativamente.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Reduzir a morbidade, letalidade e ocorncia de seqüelas através do
diagnóstico e tratamento precoces; Acompanhar o comportamento da
meningite por Hib e monitorar a efetividade das medidas de prevenção
e controle.
234 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
MININGITE POR HAEMOPHILUS INFLUENZAE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Noticação
É de noticão compulsória e de investigação obrigatória.
Denão de caso
a) Suspeito - Todo paciente com sinais e sintomas de meningite (febre,
cefaléia, vômitos, rigidez de nuca, sonolência, convulsões);
b) Conrmado - Caso suspeito que apresente pelo menos cultura positiva
para Haemophilus inuenzae do líquor ou sangue, ou PCR positivo com
detecção da cadeia genética do Haemophilus inuenzae, ou detecção de
antígeno no líquor ou sangue através de CIE ou látex. A conrmação por
critério clínico epidemiológico acontece quando um caso suspeito sem
diagnóstico laboratorial teve contato com um caso conrmado laborato-
rialmente em até 7 dias após o início dos sintomas deste.
Medidas de controle
A quimioprolaxia está indicada para:
a) Todos os contatos domiciliares (incluindo adultos), desde que existam
criaas menores de 4 anos de idade, além do caso índice sem vacinação
ou com esquema de vacinão incompleto;
b) Para creches ou escolas onde existam crianças expostas com idade in-
ferior a 24 meses e diante da ocorrência de um segundo caso conrmado.
Indica-se, então, para os contatos íntimos, incluindo os adultos;
c) Por ocasião da alta hospitalar, para aqueles pacientes que possuam, entre
seus contatos domiciliares, crianças menores de 48 meses de idade. Se o
tratamento foi instituído com ceftriaxona, nas doses indicadas, não é ne-
cessário realizar a quimioprolaxia. Crianças com esquema vacinal com-
pleto para Hib não necessitam fazer quimioprolaxia. A droga de escolha
é a rifampicina, por via oral: adultos 600mg/dose, a cada 24 horas, durante
4 dias; crianças de 1 mês a 10 anos: 20mg/kg/dia até uma dose máxima de
600mg; criaas menores de 1 mês de idade, a dose será de 10mg/kg/dia,
todos administrados uma vez ao dia, durante 4 dias. A vacina contra Ha-
emophilus inuenzae tipo b (Hib) apresenta alta ecácia quando aplicada
no esquema preconizado: 3 (três) doses em menores de 1 ano, aos 2º, 4º e
6º mês de vida. Os eventos adversos locais (dor, eritema e/ou enduração) e
gerais (febre,irritabilidade e/ou sonolência) são de freqüência e intensida-
de baixas, ocorrendo em menos de 10% dos vacinados, nas 24 horas após
aplicação. As contra-indicações gerais como doenças graves ou relato de
ocorrência de reação analática sistêmica após aplicação de dose anterior. A
vacina utilizada no Brasil é a Tetravalente, consiste na combinação da vaci-
na Hib com a vacina contra o Tétano, Difteria e Coqueluche (DPT), em um
só produto, conferindo imunidade para estes quatro componentes. Outros
grupos com situações clínicas especiais procurar os Centros de Referência
de Imunobiológicos Especiais dos Estados respectivos (CRIE).
234 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
MININGITE POR HAEMOPHILUS INFLUENZAE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Meningite Tuberculosa
CID 10: A17.0
49
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 235
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
É uma das complicões mais graves da tuberculose. O seu quadro clínico
é, comumente, de início insidioso, embora alguns casos possam ter um
começo abrupto, marcado pelo surgimento de convulsões. É dividido em
3 estágios. O primeiro, geralmente, tem durão de 1 a 2 semanas, com
sintomas inespecícos, como: febre, mialgias, sonolência, apatia, irrita-
bilidade, cefaléia, anorexia, vômitos, dor abdominal e mudaas bitas
do humor. A suspeita clínica é difícil e o diagstico é feito pelo exame do
líquor. No segundo estágio, persistem os sintomas sistêmicos, mas sur-
gem sinais de lesão de nervos cranianos, exteriorizando-se por paresias
e plegias, estrabismo, ptose palpebral, irritação meníngea e hipertensão
intracraniana. Podem surgir sinais de encefalite, com tremores periféri-
cos, distúrbios da fala, trejeitos e movimentos atetóides das extremidades.
No terceiro, surgem décit neurológico focal, opistótono, rigidez de nuca,
alterações do ritmo cardíaco e da respiração e graus variados de pertur-
bação da conscncia, incluindo o coma. Em qualquer estágio clínico da
doea, pode-se observar convulsões focais ou generalizadas. Na maioria
dos casos de meningite tuberculosa, há alterão pulmonar, observada ao
exame radiológico. O teste tuberculínico pode ou não ser reator.
Agente etiológico
O complexo Mycobacterium tuberculosis é constituído de várias espécies, a
saber: M. tuberculosis, M. bovis e M. africanum. O M. tuberculosis é um bacilo
não formador de esporos, sem agelos e que não produz toxinas. É uma espé-
cie aeróbica estrita, necessitando de oxigênio para crescer e se multiplicar.
Reservatório
Embora outros animais, em especial o gado bovino, possam ser reserva-
tórios, é o homem, com a forma pulmonar bacilífera, que tem a maior
importância epidemiológica.
Modo de transmissão
A transmissão se dá principalmente por via aérea, pela qual os bacilos
penetram com o ar inspirado e vão atingir as porções mais periféricas do
pulmão. Os casos de tuberculose pulmonar com baciloscopia de escarro
positivo constituem a principal fonte de infecção, pois eliminam grande
MININGITE TUBERCULOSA - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
MININGITE TUBERCULOSA - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
número de bacilos, podendo provocar infeão dos contatos, com maior
probabilidade de desenvolvimento de formas graves da doea, como a
meningite. Outras vias são excepcionais e qualquer solução de continui-
dade da pele e mucosas pode servir de porta de entrada para o bacilo.
Peodo de incubão
De 4 a 12 semanas após a infeão, são detectadas as lesões primárias. A
meningite tuberculosa, em geral, é uma complicão precoce da tubercu-
lose primária, que ocorre, freqüentemente, nos primeiros seis meses após
a primo-infecção. Pode, no entanto, só se manifestar anos depois.
Peodo de transmissibilidade
A meningite tuberculosa não é transmissível, a não ser que esteja associa-
da à tuberculose pulmonar bacilífera, cuja transmissibilidade se mantém
enquanto houver doença pulmonar ativa. O tratamento quimioterápico
correto praticamente anula a contagiosidade.
Complicações
Existe uma relação direta entre a precocidade diagnóstica e o prognóstico, po-
m, infelizmente, a maioria é diagnosticada nos esgios avançados, justi-
cando assim, a alta letalidade e a ocorrência de seqüelas, tais como: aumento do
perímetro encefálico, retardamento, espasticidade e hipertonicidade muscular.
Diagnóstico
Os exames laboratoriais do líquor podem conrmar a suspeita clínica de
meningite tuberculosa. São eles: Citometria e bioquímica, pesquisa de
BAAR (baciloscopia com colorão de Ziehl-Neelsen) e cultura no meio
Lowenstein-Jewsen.
O líquor apresenta-se mpido ou xantocrômico com celularidade: de 10 a
500 células/mm³, sendo que, na fase inicial, observa-se um predomínio de
polimorfonucleares e depois linfócitos; glicose diminuída (em geral abaixo
de 40mg%); proteínas aumentam gradativamente; dosagem de cloretos
normal ou diminuída. Cultura de líquor é o todo bacteriológico mais
sensível e especíco, mas demora de 30 a 60 dias para ser obtido o resultado,
sendo mais útil do ponto de vista epidemiológico, mas não do clínico.
Diagnóstico diferencial
A meningite tuberculosa deve ser diferenciada de outras doeas infec-
ciosas que comprometem o sistema nervoso central, como: meningoen-
cefalites virais, outras meningites bacterianas (Haemophylus inuenzae,
Streptococcus pneumoniae e Neisseria meningitidis) e meningite fúngica
(Cryptococcus neoformans).
236 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
MININGITE TUBERCULOSA - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
MININGITE TUBERCULOSA - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Tratamento
Utiliza-se o Esquema II, padronizado pelo Programa Nacional de Controle da
Tuberculose, conforme quadro a seguir, inclusive nos casos de concomitância
de meningite tuberculosa com qualquer outra localização de tuberculose; nos
casos de meningite tuberculosa, em qualquer idade, recomenda-se o uso de
corticosteróides por um prazo de 2 a 4 meses, no início do tratamento; na
criança, a prednisona é administrada na dose de 1 a 2 mg/kg de peso corporal,
até a dose máxima de 30mg/dia. No caso de se utilizar outro corticosteróide,
aplicar a tabela de equivalência entre eles. A sioterapia na meningite tuber-
culosa deverá ser iniciada, com orientação, o mais precocemente possível.
ESQUEMA II - 2 RHZ/7RH* - INDICADO NA MENINGITE TUBERCULOSA
Fases do
Tratamento
Drogas
Dose para todas as
idades mg/kg de
peso/dia
Dose máxima
(mg)
1ª fase
(2 meses)
R
H
Z
P
20
20
35
1 a 2
600
400
2.000
2ª fase
(7 meses)
R
H
10 a 20
10 a 20
600
400
* 2RHZ - 1ª fase (2 meses), 7RH (7 meses). Obs: R - Rifampicina, H - Isoniazida e Z - Pirazinamida.
Caractesticas epidemiológicas
A distribuição guarda relação com as condições sócio-econômicas. O risco
de adoecimento é mais elevado nos primeiros anos de vida, mas é pouco
comum nos menores de 6 meses. A incidência é baixa na idade escolar, vol-
tando a se elevar na adolescência e início da idade adulta. Os grupos etários
mais avançados e os indivíduos HIV (+) também apresentam um maior ris-
co de adoecimento. A incidência de meningite tuberculosa é um indicador
epidemiológico importante de uma região, já que guarda estreita correlação
com a incidência de casos baciferos na população adulta, além de indicar
baixas coberturas vacinais com BCG. É a forma mais grave de tuberculose e
corresponde a 5% das formas extrapulmonares dessa doença.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Identicar e investigar os casos suspeitos de meningite para identicar os
comunicantes domiciliares, visando descobrir fontes de infecção.
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 237
MININGITE TUBERCULOSA - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Noticação
Doea de noticão compulsória e investigação obrigatória.
Denão de caso
a) Suspeito - Todo paciente com sinais e sintomas de meningite e história
de contato com tuberculose pulmonar bacilífera no domicílio;
b) Conrmado - Paciente que apresenta os seguintes critérios: quadro
clínico compatível, quadro liquórico, evidências radiológicas de tuber-
culose pulmonar, tuberculose miliar ou tuberculose conrmada bacte-
riologicamente, em outra localização que não meningoencefálica, teste
tuberculínico reator em crianças menores de 5 anos, sem cicatriz da vaci-
na BCG, contato intradomiciliar, anterior ou concomitante, com um caso
de tuberculose pulmonar bacilífera. O preenchimento dos dois primeiros
critérios justica a instituição do tratamento, sendo necessário o preen-
chimento de um dos demais, para ser considerado caso conrmado.
Medidas de controle
Descoberta precoce e tratamento de casos bacilíferos. Orientação da
populão sobre sinais e sintomas da doença e sobre a imporncia da
higiene corporal e ambiental, bem como a manuteão de ambientes
domiciliares e ocupacionais ventilados. A vacinação com BCG reduz a
incidência das formas graves de tuberculose, particularmente a meningite
e a miliar. A faixa etária preconizada é de 0 a 4 anos (sendo obrigatória
para menores de 1 ano), iniciar o mais precocemente possível em mater-
nidades e salas de vacinão. Em criança que recebeu o BCG há seis meses
ou mais, na qual esteja ausente a cicatriz vacinal, indica-se a revacinação,
sem necessidade de realizão prévia do teste tuberculínico (PPD). A re-
vacinação é recomendada nas faixas etárias de 6 a 10 anos. Se a primeira
dose for aplicada com seis anos e mais, não há necessidade de revacinação.
Eventos adversos mais comuns: formação de abscesso e/ou ulceração, no
local da aplicão; linfadenite regional.
Contra-indicações da vacina - Imunodeciência congênita ou adquirida,
incluindo criaas infectadas pelo vírus da Imunodeciência humana
(VIH), os quais apresentam contra-indicão absoluta. Recomenda-se
adiar a vacinação com BCG em recém-nascidos com peso inferior a
2.000kg e em presea de afecções dermatológicas extensa em atividade.
238 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
MININGITE TUBERCULOSA - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Meningites Virais
CID 10: A87
50
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 239
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
As meningites virais são também chamadas assépticas ou serosas. O
sistema nervoso central pode ser infectado por um variado conjunto de
vírus; mas independente do agente viral, o quadro clínico caracteriza-se
por aparão súbita de cefaia, fotofobia, rigidez de nuca, náuseas, -
mitos e febre. Ao exame físico, destaca-se o bom estado geral do paciente
e a presença de sinais de irritação mengea (Kernig e Brudzinski). Em
geral, a evolução é rápida e benigna sem complicões; exceto nos casos de
indivíduos com imunodeciências. Quando a etiologia refere-se a entero-
vírus, o quadro pode ser acompanhado ou antecedido de manifestações
gastrointestinais, respiratórias e ainda mialgia e erupção cutânea.
Agente etiológico
rios vírus podem causar meningite viral, dentre estes, destacam-se: en-
terovírus, arbovírus, vírus do sarampo, vírus da caxumba; vírus da corio-
meningite linfocítica; HIV-1; adenovírus e vírus do grupo Herpes (herpes
simples tipo 1 e tipo 2; varicela zoster; Epstein –Barr, citomegalovírus).
Reservatório, Modo de transmissão, Período de incubão e de
transmissibilidade
Variam de acordo com o agente infeccioso.
Complicações
Em geral, não estão associadas a complicações.
Diagnóstico
Clínico-epidemiológico e laboratorial. A realização de punção para exame
do quor cefalorraquidiano é fundamental; ele se apresenta com aspecto
mpido, incolor ou opalescente; cloretos e glicose normais; proteínas ligei-
ramente elevadas; celularidade aumentada (entre 5 a 500, podendo chegar
a 1.000 células), geralmente com predominância de linfócitos (às vezes, no
início, encontra-se predomínio de polimorfonucleares), bactérias ausentes.
Em boas circunstâncias, pode-se identicar o agente especo através de
sorologia ou técnicas de cultivo. A história clínica e epidemiológica do pa-
ciente pode orientar o diagnóstico etiológico (caxumba, sarampo, varicela,
quadro gastrointestinal etc).
MININGITES VIRAIS - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Diagnóstico diferencial
Meningites e meningoencefalites causadas por outras etiologias, ricket-
sioses e doença de Lyme.
Tratamento
Em geral, o tratamento é de suporte; sendo orientada criteriosa avaliação
e acompanhamento clínico. O tratamento antiviral especíco não tem
sido amplamente utilizado; exceto em casos especos (ex: meningite
herpética).
Caractesticas epidemiológicas
Tem distribuição universal. A freqüência de casos se eleva no nal do verão e
começo do outono. Casos podem ocorrer associados às epidemias de varicela,
sarampo, caxumba e ainda relacionados a eventos adversos pós-vacinais.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Conhecer e monitorar o perl epidemiológico dos principais vírus res-
ponsáveis por meningites no Brasil e ainda detectar surtos.
Noticação
É de noticão obrigatória, assim como as demais meningites.
Denão de caso
a) Suspeito - Todo paciente com sinais e sintomas de meningite (febre,
cefaléia intensa, vômitos, rigidez da nuca, sonolência, convules, sinais
de Kernig e Brudzinski). Em pacientes menores de um ano de idade os
principais sintomas o: abaulamento de fontanela, vômito, sonolência,
irritabilidade e convules;
b) Conrmado
b1) Clínico laboratorial - caso suspeito com isolamento viral através de
cultura, identicação de material genético por PCR e sorologia positiva;
b2) Clínico Epidemiológico - caso suspeito comunicante de caso de me-
ningite viral conrmado laboratorialmente.
Medidas de controle
O diagnóstico e o tratamento precoce dos casos são medidas que contri-
buem para o controle da doença. As medidas de controle especícas relacio-
nam-se com o agente etiológico. Em situações de surto, a população deve ser
orientada sobre os sinais e sintomas da doença, medidas gerais de higiene e
ainda medidas de prevenção especícas, conforme o agente responsável.
240 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
MININGITES VIRAIS - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Mononucleose Infecciosa
51
CID 10: B27
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 241
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
É uma síndrome infecciosa que acomete principalmente indivíduos
entre 15 e 25 anos de idade. Essa infecão pode ser assintomática ou
apresentar-se com febre alta, odinofagia, sintomas constitucionais, tosse,
artralgias, adenopatia cervical posterior sitrica, que pode se genera-
lizar, esplenomegalia, hepatomegalia discreta, raramente com icterícia,
erupção cutânea, comprometimento do orofaringe sob a forma de fa-
ringo-amigdalite exudativa. O paciente pode restabelecer-se em poucas
semanas, porém uma pequena proporção de doentes necessita de meses
para recuperar seus veis de energia anteriores à enfermidade. Há con-
trovérsias sobre a cronicidade da infecção. Recentemente, tem estado as-
sociada à etiopatogenia de várias neoplasias e aumentado sua importância
após o aparecimento da aids.
Sinonímia
Angina monocítica.
Agente etiológico
Vírus Epstein-Barr (VEB), da família Herpesviridae.
Reservatório
O homem.
Modo de transmissão
Inter-humano pelo contato íntimo de secreções orais (saliva); é rara a
transmiso através de transfusão sangüínea ou contato sexual.
Peodo de incubão
De 30 a 45 dias.
Peodo de transmissibilidade
Pode durar um ano ou mais.
Complicações
Anemia hemolítica, trombocitopenia, granulocitopenia, meningite, ence-
falite, neurite óptica e retrobulbar, neuropatia do plexo braquial, mono-
neurite multiplex, mielite transversa, síndrome de Guillain-Barré, rutura
esplênica, infeão crônica pelo VEB.
MONONUCLEOSE INFECCIOSA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Diagnóstico
Clínico, associado ao leucograma, que revela leucocitose com elevada lin-
focitose atípica. Para conrmação laboratorial, pode-se usar:
a) Resposta sorológica - Presença de anticorpos heterólos e/ou presea
de anticorpos especícos;
b) Demonstrão do vírus, antígenos virais ou DNA viral - Cultura,
hibridização com sondas de ácido nucléico, PCR.
Diagnóstico diferencial
Infecção pelo citomegalovírus, Toxoplasma gondii, leptospirose, infecção
aguda pelo vírus da imunodecncia, hepatite viral, rubéola, linfoma,
leucemia aguda, reações de hipersensibilidade a drogas (dinelhidanto-
ína, ácido paraminossalicílico, isoniazida).
Tratamento
Sintomático - O uso de corticoterapia pode ser útil no caso de complica-
ção com obstrão de vias aéreas por hipertroa tonsilar, na trombocito-
penia grave e na anemia hemolítica.
Caractesticas epidemiológicas
É uma doea cosmopolita. No Brasil, revela uma prevalência maior em
criaas do que em adultos, porém a suscetibilidade é geral. Seu reconhe-
cimento é necessário pela forte associação com neoplasias.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Não se desenvolvem ações especas de vigilância epidemiológica.
Noticação
Não é doea de noticão compulsória.
Medidas de controle
Não é necessário o isolamento do paciente na fase aguda; vacinas ainda es-
o em desenvolvimento; evitar contato com saliva de pessoas portadoras
do VEB, durante o período de transmissibilidade.
242 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
MONONUCLEOSE INFECCIOSA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
CID 10: B73
Oncocercose
52
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doença parasitária humana crônica, caracterizada pelo aparecimento de
nódulos subcutâneos brosos, sobre superfícies ósseas, em várias regiões,
a exemplo de ombros, membros inferiores, pelves e cabeça. Esses dulos
são indolores e móveis e são neles que se encontram os vermes adultos. Esses
vermes eliminam as microlárias, que, ao se desintegrarem na pele, causam
manifestações cutâneas, que podem ser agudas, como o prurido intenso
agravado à noite, e crônicas, caracterizadas por xerodermia, liquenicação
ou pseudoictiose, despigmentação nas regiões pré-tibial e inguinal, atroa,
estase linfática (lesões típicas de uma dermatite crônica). A migração das
microlárias pode atingir os olhos, provocando alterações variadas, como:
conjuntivite, edema palpebral, escleroceratite, ceratite puntiforme, irite ou
iridociclite, esclerose lenticular, coriorretinite difusa degenerativa, poden-
do levar à cegueira. Em infecções muito intensas, pode se encontrar micro-
lárias na urina, lágrima, escarro e sangue.
Sinonímia
Cegueira dos rios, doença de Robles, volvulose, erisipela da costa, mal morado.
Agente etiológico
É um nematódeo do gênero Onchocerca. No Brasil, a espécie Onchocerca
volvulus é a mais encontrada.
Reservatório
O homem. Experimentalmente, pode ser transmitido a chimpanzés.
Modo de transmissão
Através da picada dos vetores do gênero Simulium. Na América do Sul,
os seguintes complexos são importantes: S. metallicum, S. sanguineum/
amazonicum, S. quadrivittatum.
Peodo de incubão
Longo, cerca de um ano, podendo variar de 7 meses a mais de 2 anos.
Peodo de transmissibilidade
A lária permanece viva no homem por 10 a 15 anos (casos não tratados),
podendo nesse período os vetores se infectarem. Não há transmissão in-
ter-humanos.
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 243
ONCOCERCOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ONCOCERCOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 245
Complicações
Cegueira, linfedema, hipertroa ganglionar.
Diagnóstico
Faz-se a suspeita clínica através das manifestações aliadas à história epidemio-
lógica. O diagnóstico especíco é feito por: a) identicação do verme adulto
ou microlárias através de: biópsia de nódulo ou pele; punção por agulha
e aspiração do nódulo; exame oftalmoscópicos do humor aquoso; urina; b)
testes de imunidade: intradermorreação, imunouorescência, ELISA, PCR.
Diagnóstico diferencial
Fotodermites, escabiose, bouba, hanseníase, micoses, avitaminoses, sílis.
Tratamento
a) Especíco - Microlaricida a base de Ivermectina na dosagem de 150
(microgramas) µg/Kg, em dose única com periodicidade semestral ou anu-
al, durante um período de 10 anos. A Ivermectina não deve ser ministrada a
mulheres na primeira semana de amamentação, pessoas gravemente enfer-
mas e crianças com menos de 15 Kg de peso ou que tenham menos de 90 cm
de altura. Ivermectina deve ser administrada em dose única, VO, obedecen-
do a seguinte escala de peso corporal (15 a 25kg - 1/2 comprimido; 26 a 44kg
- 1 comprimido; 45 a 64kg - 1 1/2 comprimidos; 65 a 84kg - 2 comprimidos;
85 kg - 150 µg/kg. Em campanhas de distribuição em massa inseridas em
programas de eliminação, o intervalo entre doses usado é de 6 meses.
b) Cirúrgico - Retirada dos nódulos.
Caractesticas epidemiológicas
A doença ocorre na África, Mediterneo, América Central e Arica do
Sul. No Brasil, a maioria dos casos advém dos estados de Roraima e Ama-
zonas, com ocorrência nas reservas das populações Yanomami e Makiri-
tari. A prevalência da oncocercose é inuenciada pela proximidade dos
rios e auentes, que se constituem no local de desenvolvimento larvar do
vetor. Principalmente adultos do sexo masculino são afetados nas zonas
endêmicas. Constitui-se, as a catarata e o tracoma, a terceira causa mais
comum de cegueira no Brasil.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Diagnosticar e tratar as infecções, visando impedir as seqüelas da doea
e reduzir o número de indivíduos infectados.
244 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
ONCOCERCOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ONCOCERCOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 245
Noticação
Não é doença de noticão obrigatória nacional. Nos estados onde ocor-
re, deve ser noticada para as autoridades sanitárias locais.
Denão de caso
a) Suspeito - Indivíduo procedente de área endêmica, com manifestões
clínicas da doença;
b) Conrmado - Indivíduo com presença de microlária ou verme adul-
to, detectada através de exames laboratoriais.
Medidas de controle
Em virtude da área endêmica encontrar-se em terras indígenas, as medi-
das de controle devem ser realizadas dentro de pametros adequados aos
hábitos, costumes e percepções desses povos e, também, de acordo com os
critérios técnico-cientícos vigentes. As medidas de controle que m sido
preconizadas são o tratamento dos portadores de microlárias e o com-
bate aos simulídeos. Qualquer medida de intervenção deve ser conduzida
observando-se os conhecimentos antropológicos das nações indígenas.
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 247
PARACOCCIDIOIDOMICOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Micose profunda, geralmente com sintomatologia cutânea importante,
grave, que, na forma crônica, é conhecida como “tipo adulto” e, na forma
aguda ou sub-aguda, como “tipo juvenil. A primeira caracteriza-se por
comprometimento pulmonar, lees ulceradas de pele, mucosas (oral,
nasal, gastrointestinal), linfoadenopatia; na forma disseminada, pode
acometer todas as vísceras, sendo freqüentemente afetada a supra-renal. A
segunda é rara e, quando ocorre, compromete o sistema fagocítico-mono-
nuclear e leva à disfunção da medula óssea. Na cavidade oral, evidencia-
se uma estomatite, com pontilhado hemorrágico no, conhecida como
“estomatite moriforme de Aguiar-Pupo”. A classicão abaixo apresenta
a interação entre o P. brasiliensis e o homem, determinando infecção ou
doea, assim como as formas cnicas da paracoccidioidomicose.
Infecção paracoccidióidica - Caracteriza-se apenas por contágio do indi-
víduo pelo fungo, sem a presea de doença clinicamente manifesta.
Paracoccidioidomicose (doea) - Caracteriza-se pela presea de ma-
nifestões clínicas relacionadas a um ou mais órgãos, dependentes das
lesões fúngicas em atividade ou de suas seqüelas.
Forma regressiva - Doença benigna com manifestões clínicas discretas,
em geral pulmonares. Apresenta regressão espontânea, independente de
tratamento.
Forma progressiva - Ocorre comprometimento de um ou mais órgãos,
podendo evoluir para óbito, caso não seja tratada de maneira adequada.
É dividida nas formas aguda e crônica, de acordo com a idade, durão e
manifestações clínicas.
Forma aguda ou sub-aguda (juvenil)
a) Com adenomegalia de linfonodos superciais;
b) Com comprometimento abdominal ou do aparelho digestivo;
c) Com comprometimento ósseo;
d) Com outras manifestões clínicas.
Forma crônica (adulto) - Pode acometer todos os órgãos citados, inclusive
o SNC. Pode ser:
Paracoccidioidomicose
CID 10: B41
53
246 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 247
PARACOCCIDIOIDOMICOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
a) Forma leve;
b) Forma moderada;
c) Forma grave.
Forma seqüelar - Manifestações clínicas relacionadas à brose cicatrial, que
se seqüelar segue ao tratamento especíco, como hiperinsuação pulmonar,
insuciência adrenal, estenose de traquéia e síndrome de má absorção.
Sinonímia
Antigamente conhecida como blastomicose sul-americana ou moléstia de
Lutz-Splendore e Almeida.
Etiologia
Paracoccidiodes brasiliensis, um fungo dimorfo.
Reservatório
O solo e poeira carregados de fungo em suspeno, normalmente em meio
rural.
Modo de transmissão
Por inalão do fungo. A contaminão através de ferimentos cuneos e
nas mucosas é extremamente rara.
Peodo de incubão
Pode ir de 1 mês até muitos anos.
Peodo de transmissibilidade
Não há caso descrito de transmiso pessoa a pessoa.
Complicações
Neuroparacoccidioidomicose, caracterizada por comprometimento do
parênquima e dos folhetos que revestem o sistema nervoso central. As for-
mas pulmonares podem evoluir para insucncia respiratória crônica.
Diagnóstico
Clínico e laboratorial. Este último é feito com o achado do parasita, que
se apresenta como células arredondadas, de dupla parede, birrefringente,
com ou sem gemulação. Quando há gemulação ltipla, o parasita toma
aspecto de “roda de leme”. Provas sorológicas, como a imunodifusão em
gel e histopatologia, podem ser empregadas.
Diagnóstico diferencial
Com as outras micoses profundas que compõem a ndrome Verrucosa
(Tuberculose, Esporotricose, Histoplasmose em imunodeprimidos, Leish-
maniose Tegumentar Americana, Cromomicose) e Sílis. Nas formas linfá-
ticas, deve-se diferenciar do linfoma de Hodgkin e de outras neoplasias.
PARACOCCIDIOIDOMICOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
248 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
Tratamento
Uma das opções a seguir
a) Sulfametoxazol + trimetoprim - 800/160mg/dia, VO, 12/12 hs, por
30 dias, passando para 400/80mg 12/12 hs, até um ano após sorologia
negativa;
b) Itraconazol - 100 mg/dia, por 12 meses, tem sido considerada a droga de
escolha;
c) Cetoconazol - 400 mg/dia, VO, por 45 dias, depois 200mg/dia até com-
pletar 12 meses;
d) Fluconazol - 400mg/dia, VO, por um mês, depois 200mg/dia, por 6 meses;
e) Anfotericina B - 1mg/kg/dia, IV, diluído em 50ml de soro glicosado a
5% mais acetato de delta hidrocortizona 50 - 100mg. A dose máxima de
anfotericina B não deve ultrapassar 3g.
Caractesticas epidemiológicas
Doea endêmica nas regiões tropicais da Arica do Sul, comum no
Brasil em relação a outros países. Freqüente em trabalhadores rurais,
agricultores, operários da constrão civil. Incide mais em homens do que
em mulheres, pois o fungo, sofrendo ão do hornio feminino 17-B-
estradiol, torna-se incapaz de transformar-se em levedura, essencial para
induzir a doea. A faixa etária de maior incidência encontra-se entre os
30 e 50 anos de idade.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivo
Por não dispor de instrumento de prevenção, essa doença não é objeto de
vigincia epidemiológica rotineiramente. No Brasil, tem-se registro acu-
mulado de mais de 60 casos de paracoccidioidomicose associados à aids, o
que coloca essa infecção como mais um dos indicadores daquela síndrome.
Noticação
Não é doea de noticão compulsória.
Medidas de controle
Não há medida de controle disponível. Deve-se tratar os doentes precoce e
corretamente, visando impedir a evolução da doença e suas complicações.
Indica-se desinfeão concorrente dos exudatos, artigos contaminados e
limpeza terminal.
PARACOCCIDIOIDOMICOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
248 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
Parotidite Infecciosa
54
CID 10: B26
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 249
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doea viral aguda caracterizada por febre e aumento de volume de uma
ou mais gndulas salivares, geralmente a patida e, às vezes, gndulas
sublinguais ou submandibulares. Em homens adultos, ocorre orquiepi-
didimite em aproximadamente 20 a 30% dos casos; em mulheres, pode
ocorrer ooforite com menor freqüência, acometendo cerca de 5% dos ca-
sos. Aproximadamente, 1/3 das infeões pode não apresentar aumento,
clinicamente aparente, dessas gndulas. O SNC, com freqüência, pode
estar acometido sob a forma de meningite asséptica, quase sempre sem
seqüelas. Mais raramente, pode ocorrer encefalite.
Sinonímia
Papeira, caxumba.
Agente etiológico
Vírus da família Paramyxoviridae, nero paramyxorus.
Reservatório
O homem.
Modo de transmissão
Contato direto com secreções das vias aéreas superiores.
Peodo de incubão
De 12 a 25 dias, sendo, em média, 16 a 18 dias.
Peodo de transmissibilidade
Varia entre 6 e 7 dias antes das manifestões clínicas, até 9 dias após o
surgimento dos sintomas. O vírus pode ser encontrado na urina até 14
dias após o início da doença.
Diagnóstico
Clínico-epidemiológico. As provas sorológicas (neutralizão, inibição
da hemaglutinação ou ELISA) o são utilizadas na rotina. A xão do
complemento positiva sugere infecção recente.
Diagnóstico diferencial
Cálculo de dutos parotidianos, hipersensibilidade a drogas (iodetos, fenil-
butazona, tiouracil, dentre outras) ingestão de amidos, sarcoidose, cirro-
PAROTIDITE INFECCIOSA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
250 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
se, diabetes, parotidite de etiologia piogênica, inamação de linfonodos,
tumores parenquimatosos, hemangioma, linfangioma.
Complicações
Meningite asséptica, pancreatite, tiroidite, neurites, miocardite e nefrite. Uma
complicação rara é o desenvolvimento de encefalite, podendo levar à ocor-
rência de edema cerebral, manifestações neurológicas graves e óbito. Como
seqüelas, podem ocorrer surdez unilateral (secundária à neurite do oitavo par
craniano), atroa testicular, sendo de ocorrência rara a esterilidade.
Tratamento
Tratamento de suporte: repouso e analgesia. Meningite asséptica: trata-
mento sintomático. Encefalite: tratamento do edema cerebral, manutenção
das funções vitais. Tratamento de apoio para a Orquite: suspensão da bolsa
escrotal através de suspensório; aplicação de bolsas de gelo; analgesia, quan-
do necessário; para redução da resposta inamatória pode ser utilizado
prednisona, 1 ml/kg/dia, via oral, com redução gradual, semanal.
Caractesticas epidemiológicas
Estima-se que, na ausência de imunização, 85% dos adultos têm parotidi-
te infecciosa e que 1/3 dos infectados não apresentam sintomas. A doença
é mais severa em adultos. As estões com maior ocorrência de casos são o
inverno e a primavera. Costuma apresentar-se sob a forma de surtos, que
acometem mais as crianças.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Reduzir as taxas de incidência através de vacinação de rotina; investigar
surtos para a adoção de medidas de controle.
Noticação
Não é doença de noticação compulsória. Os surtos devem ser noticados.
Medidas de controle
a) Vacinão - a vacinação está indicada antes da exposão. Esquema
vacinal básico: utiliza-se a vacina tplice viral (sarampo, caxumba e
rubéola), aos 12 meses de idade, com uma dose adicional entre 4 a 6 anos.
As contra-indicões ao uso da vacina tríplice viral são: antecedente de re-
ão analática sistêmica após ingestão de ovo de galinha; gravidez e ad-
ministração de imunoglobulina normal, sangue total ou plasma nos ts
meses anteriores. Recomenda-se às mulheres vacinadas evitar a gravidez
por 30 dias após a aplicação, no entanto, se alguma grávida for inadverti-
damente vacinada, não há indicação de interrupção da gravidez.
PAROTIDITE INFECCIOSA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
250 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
Peste
CID 10: A20
55
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 251
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
A peste é uma zoonose primária de roedores silvestre que se manifesta no
homem sob três formas principais: bubônica, septicêmica e pneumônica.
A peste bubônica ou ganglionar, é a maia freqüente e pode se apresentar
como casos ambulatoriais abortivos, que apresentam adenopatia com ou sem
supuração, até casos graves e letais. Estes têm início abrupto, com febre alta,
calafrios, cefaléia intensa, dores generalizadas, anorexia, náuseas, mitos,
confusão mental, congestão das conjuntivas, pulso rápido e irregular, taqui-
cardia, hipotensão arterial, prostração e mal-estar geral. Após dois ou três
dias, aparecem as manifestações de inamação aguda e dolorosa dos gânglios
linfáticos da região que foi o ponto de entrada da bactéria (bubão pestoso),
onde a peleca brilhosa, distendida, vermelha/violácea, com ou sem hemor-
ragias e necrose. Os bubões são bastante dolorosos e stulam com drenagem
de material purulento. A forma septicêmica primária cursa com bacilos no
sangue ocasionando febre elevada, hipotensão arterial, grande prostração,
dispnéia, fácies de estupor, hemorragias cutâneas, às vezes serosas e mucosas
e a nos órgãos internos. Culmina com coma e morte no m de dois ou três
dias, se não houver tratamento. Geralmente, a peste septicêmica aparece na
fase terminal da peste bubônica não tratada. A forma pneumônica pode ser
primária ou secundária à peste bubônica ou septicêmica por disseminação
hematogênica. É a forma mais grave e mais perigosa da doença, pelo seu
quadro clínico, alta contagiosidade e letalidade, podendo provocar epidemias
explosivas. Inicia-se com quadro infeccioso grave, de evolução rápida (febre
muito alta, calafrios, arritmia, hipotensão, náuseas, vômitos, astenia, obnubi-
lação). Depois surgem dores no tórax, respiração curta e rápida, cianose, ex-
pectoração sanguinolenta ou rósea, uida, muito rica em bacilos. Fenômenos
de toxemia, delírio, coma e morte, podem ocorrer se não houver instituição
do tratamento precocemente.
Agente etiológico
Yersinia pestis, bacilo gram negativo, com colorão mais acentuada nos
los (colorão bipolar).
Reservatórios
Roedores silvestre-campestres (Bolomys, Calomys, Oligoryzomys, Oryzomys, Ga-
lea, Trichomys) e comensais (Rattus rattus,) e os lagomorfos (coelhos e lebres).
PESTE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
252 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
PESTE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 253
Vetores
Pulgas infectadas: Xenopsylla cheopis, Polygenis bohlsi jordani e Polygenis
tripus (dos roedores silvestres e comensais), Pulex irritans (Pulga do ho-
mem), Ctenocephalides felis (parasito de cães e gatos), dentre outras.
Modo de transmissão
O principal modo de transmissão da Yersinia pestis ao homem é a picada de pul-
gas infectadas. A peste nos focos naturais é transmitida ao homem quando este
se introduz no ciclo zootico, ou devido a interão de roedores silvestres infec-
tados com roedores comensais. A transmiso da peste de reservatórios naturais
para o homem pode ser resumida das seguintes formas: roedor silvestre pulga
homem ou roedor silvestre pulga roedor comensal pulga homem. A
forma mais freqüente de transmissão pessoa a pessoa é a partir das gotículas de
pacientes com peste pneumônica, por via aerógena. Tecidos de animais infecta-
dos, fezes de pulgas, culturas de laboratório tamm são fontes de contaminação
para quem os manipula sem obedecer as regras de biossegurança.
Peodo de incubão
De 2 a 6 dias. Pode ser mais longo em indivíduos vacinados, ou de apenas
1 dia para a peste pneumônica primária.
Peodo de transmissibilidade
As pulgas permanecem infectadas durante vários dias e até meses. A peste
bubônica não é transmitida de pessoa a pessoa, exceto se houver contato
com o exsudato de bubão, já a peste pneumônica é altamente transmissí-
vel de pessoa a pessoa e seu período de transmissibilidade começa com o
icio da expectoração, permanecendo enquanto houver bacilos no trato
respiratório. Esse período depende também do tratamento da doea.
Complicações
Choque séptico, insucncia respiratória aguda.
Diagnóstico
Suspeita clínica-epidemiológica e exames especícos - bacteriológicos - bac-
terioscopia em esfregaços corados pelo Azul de Metileno de Loefer, corante
de Wayson, Gram ou Conjugado Fluorescente (imunouorescência direta: IF),
culturas, hemoculturas (material colhido do bubão, esputo, exsudato orofarín-
geo, sangue, e medula óssea (falange) nos casos de óbito); provas bioquímicas,
sensibilidade ao bacteriófago antipestoso; sorológicos - hemaglutinação passi-
va, ELISA, Dot-ELISA.
Diagnóstico diferencial
Adenites regionais supurativas, linfogranuloma venéreo, septicemias,
pneumonias, forma bubônica da leishmaniose tegumentar americana.
PESTE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
252 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
PESTE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 253
Tratamento
Instituição precoce (se possível nas primeiras 15 horas do início dos sintomas)
de antibtico ou quimioterápico, sem aguardar resultado de exames labora-
toriais. A droga de escolha é a tetraciclina, na dose de 2 a 4g/dia, VO, durante
10 dias, podendo ser usada de 4 a 6g, por via venosa, nas primeiras 48 horas,
se houver gravidade. O cloranfenicol é administrado nas complicações que
envolvem espaços tissulares, na dose de 50mg/Kg/dia, de 6/6 horas, durante
10 dias. Tratamento de suporte intenso. A estreptomicina é o antibiótico mais
ecaz contra a Y. pestis, particularmente na forma pneumônica. Entretanto,
atualmente, seu uso está bastante restrito devido às manifestações xicas.
Caractesticas epidemiológicas
Apesar de ser uma enzootia de roedores silvestres-campestres, que es-
poradicamente atinge roedores comensais e o homem, a peste tem grande
importância epidemiológica pelo seu potencial epidêmico, sendo por isso
uma doença sujeita ao Regulamento Sanitário Internacional. Sua cadeia
epidemiológica é complexa, pois envolve roedores, carnívoros domésticos
(cães e gatos) e silvestres (pequenos marsupiais), pulgas e o homem. A sua
persistência em focos naturais delimitados, no Brasil (estados do Piauí, Ceará,
Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas Gerais e
Rio de Janeiro) e em outros países do mundo, torna difícil sua erradicação e
impõe a manutenção da sua vigilância e controle, mesmo com baixas incidên-
cias ou até mesmo na vigência de longos períodos sem manifestação aparente
de atividade pestosa.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Impedir a transmissão dos focos naturais para humanos (prevenção pri-
mária); descobrir precocemente casos humanos (prevenção secundária)
para evitar a letalidade da doea; e impedir a reintrodução da peste
urbana no Brasil.
Noticação
A peste é uma doea de noticão compulsória internacional (deve ser
comunicada imediatamente, pela via mais pida, às autoridades sanitá-
rias). A investigação é obrigatória.
Denão de caso
a) Suspeito - Todo paciente que apresentar quadro agudo de febre em área
próxima a um foco natural de peste, que evolua com adenite (sintomático
ganglionar); todo paciente proveniente (de 1 a 10 dias) de área com epi-
PESTE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
demia de peste pneumônica que apresenta febre e outras manifestões
clínicas da doença, especialmente sintomatologia respiratória;
b) Conrmado - Todo paciente com quadro clínico de peste conrmado
por diagstico clínico-epidemiológico ou laboratorial.
Medidas de controle
a) Focos naturais - Acompanhar a densidade da população de roedores nas
habitações e peridomicílio da área pestígena. Realizar exames bacteriológicos
dos roedores e das pulgas, e exames sorológicos em roedores, cães e gatos;
evitar acesso dos roedores aos alimentos e abrigo; evitar picadas de pulgas em
humanos; informar e orientar as populações quanto à existência de atividade
pestosa na área; reduzir a população de roedores em situações especiais, ante-
cedida pelo tratamento contra as pulgas (caso contrário, as pulgas, sem o seu
alimento habitual, têm como alternativa invadir o ambiente doméstico);
b) Portos e aeroportos - Mantê-los livres de pulgas e roedores, através do
tratamento com inseticidas e raticidas; examinar todas as aeronaves e navios
oriundos de área com peste pneumônica; manter passageiros com quadro
clínico suspeito sob vigilância; proceder a quimioprolaxia indicada, sempre
que houver algum caso de peste pneumônica em uma aeronave ou navio;
c) Vigilância de contatos - Manter sob vigilância pessoas que tiverem
contato com peste pneumônica ou pulgas infectadas por 7 dias (período
máximo de incubação);
d) Controle do paciente - Tratar precoce e adequadamente; noticar ime-
diatamente o caso; manter em isolamento restrito os casos pneumônicos;
eliminar as pulgas das roupas e habitação do paciente; realizar desinfecção
do escarro, das secreções purulentas, dos objetos contaminados e a limpeza
terminal; e manipular os cadáveres de acordo com as regras de assepsia;
e) Quimioprolaxia de contatos - Indicada para contatos de pacientes
com peste pneumônica ou para indivíduos suspeitos de terem tido contato
com pulgas infectadas, nos focos da doea. Drogas utilizadas: sulfadia-
zina, 2 a 3g/dia, VO, divididas em 4 ou 6 vezes durante 6 dias; sulfame-
toxazol + trimetoprim: 400mg e 80mg, VO, respectivamente, de 12 em
12 horas, durante 6 dias; tetraciclina: 1g ao dia, durante 6 dias (criaas
menores de 7 anos não podem fazer uso de tetraciclinas);
f) Desinfestação - O ambiente onde vivem os contatos deve ser desinfes-
tado (despulizado) através do uso de inseticidas. Se houver indicação de
desratizão, eliminar as pulgas antes, para que as mesmas o invadam
o ambiente doméstico e adotar medidas de anti-ratização. Vacinas são
pouco usadas por terem baixa ecácia.
254 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
PESTE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doea infecto-contagiosa viral aguda, que se manifesta de várias formas:
infeões inaparentes, quadro febril inespeco, meningite asséptica,
formas paralíticas e morte. O quadro clássico é caracterizado por paralisia
ácida de início súbito. O décit motor instala-se subitamente e a evolu-
ção dessa manifestão, freqüentemente, não ultrapassa ts dias. Aco-
mete, em geral, os membros inferiores, de forma assitrica, tendo como
principais características: acidez muscular, com sensibilidade conser-
vada e arreexia no segmento atingido. Apenas as formas paralíticas
possuem características picas: instalação súbita da decncia motora,
acompanhada de febre; assimetria, acometendo sobretudo a musculatura
dos membros, com mais freqüência os inferiores; acidez muscular, com
diminuão ou abolão de reexos profundos na área paralisada; sensi-
bilidade conservada e persistência de alguma paralisia residual (seqüela)
após 60 dias do início da doea. Quando ocorre paralisia dos músculos
respiratórios e da deglutição, a vida do paciente é ameada. As formas
paralíticas o pouco freqüentes (1 a 1,6% dos casos) se comparadas às
formas inaparentres da infeão (90 a 95%) dos casos.
Sinonímia
Paralisia infantil.
Agente etiológico
É um vírus RNA. Poliovírus, nero Enterovírus, da falia Picornaviri-
dae com ts sorotipos: I, II e III.
Reservatório
O homem.
Modo de transmissão
Principalmente por contato direto pessoa a pessoa, pelas vias fecal-oral (a prin-
cipal) ou oral-oral. Essa última através de gotículas de muco do orofaringe.
Peodo de incubão
Geralmente de 7 a 12 dias, podendo variar de 2 a 30 dias.
Peodo de transmissibilidade
Não se conhece com exatidão. O vírus é encontrado nas secreções da oro-
Poliomielite
CID 10: A80
56
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 255
POLIOMIELITE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
POLIOMIELITE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
faringe após 36 a 72 horas a partir da infeão se instaura e persiste por
uma semana e, nas fezes, por cerca de 3 a 6 semanas.
Complicações
Seqüelas paralíticas. Parada respiratória devido à paralisia muscular.
Diagnóstico
Laboratorial pode ser por
a) Isolamento do vírus - É feito a partir de amostras de fezes do caso ou
de seus contatos (até o cimo quarto dia do início do décit motor, de-
vem ser coletada uma amostra de fezes em quantidade em torno de 4 a 8
gramas, o correspondente ao tamanho de um dedo polegar de adulto. As
amostras deverão ser conservadas em freezer a –20 graus C até o momento
do envio ao laboratório de referência. Se não houver freezer, conservar em
refrigerador comum de 4 a 8 graus C por no máximo 3 dias (jamais colo-
car as amostras no congelador do refrigerador);
b) O método de PCR (Polymerase Chain Reaction), introduzido no Bra-
sil na década de 90 - Permite a amplicação da seqüência alvo do genoma
viral, em pelo menos cem mil vezes em poucas horas, aumentando conside-
ravelmente a sensibilidade do diagnostico viral, permitindo a identicação
do tipo e origem do vírus isolado. O sequenciamento dos nucleotídeos
identica a quantidade das mutações e recombinação do vírus derivado
vacinal. Para ser considerado derivado vacinal este vírus precisa apresentar
mutações m > ou = a 1% podendo adquirir neurovirulência provocando
portanto doença. A sorologia deixou de ser feita no Brasil em virtude da sua
interpretação ser comprometida pelos anticorpos dorus vacinal;
c) Exames inespecícos - líquor, necessário para fazer diagnóstico diferen-
cial com a ndrome de Guillain-Bare com as meningites que evoluem
com deciência motora. Na poliomielite, observa-se um discreto aumento
do número de células, podendo haver um discreto aumento de proteínas.
Na síndrome de Guillain-Barré, observa-se uma dissociação proteino-ci-
tológica (aumento acentuado de proteínas) e, nas meningites, um aumento
do número de células, com alterações bioquímicas. A eletromiograa pode
contribuir para descartar a hipótese diagnóstica de poliomielite.
Critérios para coleta de amostras de contatos - Coleta de comunicantes
de caso com clínica compatível de poliomielite; quando houver suspeita de
reintrodução da circulação do poliovírus selvagem (devido a viagens ou
visitas relacionadas a áreas endêmicas).
Contato de casos em que haja conrmação do vírus vacinal derivado (mutante).
256 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
POLIOMIELITE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
POLIOMIELITE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Observar que os contatos não são necessariamente intradomiciliares, em-
bora quando presentes devem ser priorizados para coleta de amostras de
fezes, e que os mesmos não devem ter recebido a vacina oral contra polio
(VOP) nos últimos 30 dias.
Toda e qualquer coleta de comunicantes deverá ser discutida previamente
com o nível nacional.
Diagnóstico diferencial
Polineurite pós-infecciosa e outras infecções que causam paralisia: síndro-
me de Guillain-Barré (SGB), mielite transversa, meningite viral, meningo-
encefalite e outros enterovírus (ECHO, tipo 71, e coxsackie, especialmente,
do grupo A, tipo 7).
Tratamento
Não há tratamento especíco, mas todos os casos com manifestações clí-
nicas devem ser internados para tratamento de suporte.
Caractesticas epidemiológicas
Esta doença foi de alta incidência no Brasil e em outros países americanos, dei-
xando centenas de indivíduos com seqüelas paralíticas. Em 1989, registrou-se o
último caso país, após um período de realização de grandes campanhas vaci-
nais e intensicação das ações de vigilância epidemiológica. Em 1994, o polio-
vírus selvagem foi considerado erradicado do Brasil e das Aricas. Entretanto,
continua circulando em outros continentes, o que impõe a manutenção de uma
vigilância ativa para impedir a reintrodução do agente nas áreas erradicadas.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Detectar precocemente a reintrodução do poliovírus selvagem no território
brasileiro, pela vigilância ativa das paralisias ácidas agudas em menores de
15 anos, para garantir maior agilidade das medidas de prevenção e controle.
Noticação
Doea com sistema de vigilância ativa que exige a noticão compul-
ria e investigação imediata dos casos de paralisias ácidas agudas (PFA).
Cririos para inclusão de um caso no Sistema de Vigilância
Epidemiogica das PFA
Deve ser investigado todo caso de deciência motora ácida, de início
súbito: em pessoas menores de 15 anos, independente da hipótese diag-
stica de poliomielite; em pessoas de qualquer idade, que apresentam
hipótese diagnóstica de poliomielite.
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 257
POLIOMIELITE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
POLIOMIELITE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Denão de caso
a) Conrmado - Devem ser classicados nessa categoria todos os casos de
PFA em que houve isolamento de poliovírus selvagem na(s) amostra(s) de
fezes do caso ou de seus comunicantes, independentemente de haver ou
não sequela as 60 dias do início da deciência motora;
b) Poliomielite Associada à Vacina - Casos de PFA em que há isolamento
de vírus vacinal na(s) amostra(s) de fezes e presea de seqüela compatí-
vel com poliomielite, 60 dias após o início da deciência motora. Há dois
tipos de poliomielite relacionados com a vacina:
Paralisia ácida aguda que se inicia entre 4 e 45 dias após o recebimento
da VOP e que apresenta seqüela neurológica compatível com poliomielite
60 dias após o icio do décit motor.
Caso de poliomielite associado a vacina de contatos (comunicantes), PFA que
surge após contato com criança que tenha recebido VOP até 40 dias antes. A
paralisia surge de 4 a 85 dias após a vacinação, e deve apresentar seqüela neu-
rológica compatível com poliomielite 60 dias após o décit motor;
c) Não poliomielite (Descartado) - Casos de PFA com amostra de fezes
adequada (uma amostra coletada até quatorze dias do início do décit
motor), na qual não houve isolamento de poliovírus. Se o resultado for
negativo para poliovírus, o caso deve ser descartado.
d) Poliomielite Compatível - Casos de PFA que o tiveram coleta ade-
quada de amostra de fezes e que apresentaram seqüela aos 60 dias ou
evoluíram para óbito ou têm evolução ignorada.
e) Indicadores de qualidade da vigilância epidemiológica pós-certi-
cão - Informão de noticação negativa semanal de pelo menos 80%
das Unidades de Noticação Negativa implantadas; taxa de noticão
de pelo menos 1 caso de PFA por 100.000 habitantes menores de 15
anos; pelo menos 80% dos casos noticados devem ser investigados
dentro das 48 horas posteriores à noticação e pelo menos 80% dos
casos de PFA noticados devem ter uma amostra de fezes para cultivo
de vírus, coletadas no período máximo de duas semanas seguintes ao
início da deciência motora.
Medidas em caso de noticação de casos de PFA com suspeita de
poliomielite
Em virtude das características de transmissão do poliovírus, silenciosa e
rápida, e da ocorncia de um grande mero de infeões sem manifes-
tações clínicas, a vigilância deve ser intensicada quando da noticão
de casos de PFA que tenham suspeita de poliomielite. Esta intensicação
258 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
POLIOMIELITE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
POLIOMIELITE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
da vigilância implica em abranger, além do local de residência do doente,
as localidades visitadas nos 30 dias anteriores ao início da paralisia, em
caso de viagem, como tamm os locais de residência de possíveis visitas
recebidas no mesmo período, onde pode estar a provável fonte de infecção.
Am da realizão de visita às unidades de saúde, a situão da cobertura
vacinal da área deve ser criteriosamente avaliada.
Medidas de controle
Am de uma vigincia ágil e senvel à deteão de casos de poliomielite
importados, a vacinação é a medida mais ecaz para manter erradicada a
circulação do poliovírus selvagem nas Aricas. Portanto, am da vaci-
nação de rotina nos serviços de saúde, visado assegurar, o mais precoce-
mente posvel, a imunizão adequada de todas as crianças nascidas, as
campanhas anuais de vacinão o importantes para garantir um nível
adequado de imunidade de grupo na população, através da disseminão
no meio ambiente, em um curto intervalo de tempo, do vírus vacinal, que
compete com a circulação do vírus selvagem.
O Brasil adota em seu esquema vacinal básico a vacina anti-pólio oral
(VPO - Sabin) no seguinte esquema: 1a dose aos 2 meses; dose, aos 4
meses; 3ª dose, aos 6 meses; reforço aos 15 meses. Entende-se por criança
adequadamente vacinada aquela que recebeu ts ou mais doses de vacina
oral contra a poliomielite, com um intervalo mínimo de 30 dias entre cada
dose. Em ambas as atividades (vacinão de rotina e campanhas) devem
ser alcaadas coberturas vacinais altas (95%) em todos os municípios,
até que se certique que o mundo esteja livre da poliomielite.
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 259
PSITACOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 261
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doença infecciosa aguda produzida por clamídias, que cursa com febre,
prostração, tosse, cefaléia, calafrios, acompanhados de acometimento das
vias aéreas superiores ou inferiores. Os pacientes acometidos podem apre-
sentar epistaxe, esplenomegalia, sendo o quadro pulmonar compatível com
o de pneumonia atípica. Ocorre, ainda, distensão abdominal, obstipação ou
diarréia, delírio e lesões cutâneas sob a forma de roséolas, similares à febre
tifóide. A enfermidade, em geral, é leve ou moderada no homem, podendo
ser mais grave em idosos que não recebam tratamento adequado.
Sinonímia
Ornitose.
Agente etiológico
Chlamydia psittaci.
Reservatório
Os pássaros, principalmente os psitacídeos (papagaios, araras, periquitos), po-
dendo ser acometidas outras espécies, como pombos, perus e gansos; algumas
espécies de mamíferos também podem ser afetados, como caprinos e ovinos.
Modo de transmissão
Via respiratória, através da aspirão de poeira contaminada por dejetos
dos animais doentes ou portadores. Apesar de rara, é possível a transmis-
são via respiratória, de pessoa a pessoa, na fase aguda da doea.
Peodo de incubão
De 1 a 4 semanas.
Peodo de transmissibilidade
Dura semanas ou meses.
Complicações
Pericardite, miocardite, endocardite, tromboebite supercial, hepatites e
encefalopatia são complicações não muito freqüentes.
Diagnóstico
Clínico-epidemiológico e sorológico, através da reão de xão do
complemento e/ou ELISA. Títulos aumentados em quatro vezes entre a
fase aguda e a convalescea, obtidos com intervalo de duas a ts sema-
nas entre cada coleta, conrmam o diagnóstico. Na presença de quadro
clínico sugestivo, o achado de tulos de 1:32 pode ser considerado evidên-
cia de infeão. O isolamento do agente no sangue ou em secreções, além
Psitacose
CID 10: A70
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260 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
PSITACOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 261
de cultura de tecidos, apesar de posvel, é de difícil execução, requerendo
laboratórios especializados para a sua realizão. Ao exame radiográco
observamos uma pneumonia com inltrados densos, bilaterais e amplos.
Diagnóstico diferencial
Pneumonia atípica causada por outras chlamydophila, legionella, ricket-
tsia ou mycoplasma, endocardite com cultura negativa. Havendo altera-
ções cutâneas, deverá ser feito diagstico diferencial com febre tifóide.
Tratamento
Adultos: tetraciclina, 20 a 40mg/kg/dia, VO, de 6/6 horas, durante 14 a 21
dias. Em criaas menores de 7 anos, deve ser utilizada eritromicina, 30-
40mg/kg/dia, VO, de 6/6 horas.
Caractesticas epidemiológicas
Doea de distribuição universal, ocorrendo em qualquer estação do
ano. Acomete, principalmente, indivíduos que mantêm contato direto
com aves e animais, a exemplo de trabalhadores em abatedouros de aves,
lojas de animais ou proprietários de pássaros e outros animais domés-
ticos, o que lhe dá um caráter de doença ocupacional nessas situões.
Os surtos estão associados a locais onde existam animais connados,
como zoológicos e em situões envolvendo transporte de animais. In-
fecções em criaas são raras. Há relato da ocorrência da doença grave em
gestante, seguida de aborto, após contato com ovelha infectada.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivo
Não se desenvolve ações especícas de vigincia epidemiológica. Os casos
devem ser diagnosticados e tratados precocemente para evitar complica-
ções e transmissão da doea.
Noticação
Não é doea de noticação compulria e não se encontra sob vigilância
epidemiológica, sendo obrigatória apenas a investigação de surtos.
Medidas de controle
a) Gerais - Educão em saúde para alertar a população sobre os riscos
de exposição aos reservatórios, regulamentão da importão, crião e
transporte de aves, utilizão de antibioticoterapia ou quarentena desses
animais, quando indicado. Vigincia dos locais de venda de animais, avi-
ários, granjas. As aves suspeitas de fonte de infeão para o homem devem
ser avaliadas por veterinário e eliminadas em caso de infeão;
b) Especícas - Desinfecção concorrente de todas as secrões. Limpeza termina;
c) Eliminão das fontes de infecção - Nos locais com aves domésticas
infectadas, pode-se eliminá-las ou tratá-las e fazer a desinfecção local;
d)Investigação dos contatos - Identicão da procedência das aves in-
fectadas. O corpo do animal acometido deve ser submetido à desinfecção
antes de eliminado. Pessoas expostas à infecção devem ser observadas
RAIVA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 263
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
A Raiva é uma antropozoonose transmitida ao homem pela inoculação do
vírus rábico, contido na saliva do animal infectado, principalmente pela
mordedura. Apresenta uma letalidade de 100% e alto custo na assistência
preventiva às pessoas expostas ao risco de adoecer e morrer. Apesar de ser
conhecida desde a antigüidade, continua sendo um problema de saúde
pública dos países em desenvolvimento, principalmente a transmitida por
cães e gatos, em áreas urbanas, mantendo-se a cadeia de transmissão animal
doméstico/homem.
O vírus rábico é neurotrópico e sua ação ao nível do sistema nervoso central,
causa um quadro clinico caractestico de encefalite aguda, decorrente da
sua multiplicação entre os neurônios. Penetra no organismo através de so-
luções de continuidade produzidas por mordeduras ou arranhaduras e lam-
bedura de mucosas. Após um período variável de incubação, aparece um
pródromo febril de dois a quatro dias, acompanhado por cefaléia, mal-estar
geral, náusea e dor de garganta. Os sintomas iniciais são inespecícos, com
o paciente apresentando mal-estar geral, pequeno aumento de temperatura
corpórea, anorexia, cefaléia, náuseas, dor de garganta, entorpecimento,
irritabilidade, inquietude e sensação de angústia. Podem ocorrer hiperes-
tesia e parestesia nos trajetos de nervos periféricos, próximos ao local da
mordedura, e alterações de comportamento. A infecção progride, surgindo
manifestações de ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes, febre, delírios,
espasmos musculares involuntários generalizados e/ou convulsões. Ocor-
rem espasmos dos músculos da laringe, faringe e língua, quando o paciente
ou tenta ingerir líquido, apresentando sialorréia intensa. Os espasmos
musculares evoluem para quadro de paralisia, levando a alterações cár-
dio-respiratórias, retenção urinária e obstipação intestinal. O paciente se
mantém consciente, com período de alucinações, até a instalação do quadro
comatoso e evolução para óbito. São ainda observadas disfagia, aerofobia,
hiperacusia, fotofobia. O período de evolução do quadro clínico, após ins-
talados os sinais e sintomas até o óbito, varia de 5 a 7 dias.
Agente etiológico
É um vírus RNA. Vírus da raiva humana, do gênero Lyssavirus, da família
Rhabdoviridae.
Raiva
CID 10: A82
58
262 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
RAIVA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 263
Reservatório
No ciclo urbano, a principal fonte de infecção é o cão e o gato. No Brasil,
o morcego é o principal responsável pela manutenção da cadeia silvestre.
Outros reservatórios silvestres: raposa, macaco, guaxinim, gato do mato,
jaritaca. Animais de produção (bovinos, equídeos, caprinos e suínos) po-
dem ser fonte de infeão.
Modo de transmissão
A transmiso da raiva se dá pela inoculão do vírus contido na saliva
do animal infectado, principalmente pela mordedura e, mais raramente,
pela arranhadura e/ou lambedura de mucosas. Existe o relato de casos de
transmiso inter-humana na literatura, que ocorreram através de trans-
plante de córnea e, mais recentemente, de outros órgãos. A via respiratória
tamm é posvel, mas com possibilidade remota.
Peodo de incubão
É extremamente variável, desde dias até um ano, com uma dia de 45
dias, no homem, e de 10 dias a 2 meses, no cão. Em criaas, existe uma
tendência para um período de incubação menor que no indivíduo adulto.
O período de incubação está intrinsecamente ligado a: localizão e gra-
vidade da mordedura, arranhadura ou lambedura de animais infectados,
proximidade de troncos nervosos e quantidade de partículas virais ino-
culadas.
Peodo de transmissibilidade
Nos cães e gatos, a eliminação de vírus pela saliva se dá de 2 a 5 dias antes
do aparecimento dos sinais clínicos, persistindo durante toda evolução
da doea. A morte do animal ocorre, em dia, entre 5 a 7 dias após a
apresentão dos sintomas. Em relação aos animais silvestres, há poucos
estudos sobre o período de transmissão, sabendo-se que varia de escie
para escie. Por exemplo: especicamente os quipteros podem alber-
gar o vírus por longo período, sem sintomatologia aparente.
Diagnóstico diferencial
Os principais são: tano, pasteurelose por mordedura de gato e de cão;
infeão por vírus B (Herpesvirus simiae) por mordedura de macaco;
botulismo; febre por arranhadura de gato (linforreticulose benigna de
inoculação); quadros psiquiátricos; outras encefalites virais, especial-
mente as encefalites causadas por arbovírus existentes no meio brasileiro.
Ao exame, considerar para a suspeita clínica: o facies, a hiperacusia, a
hiperosnia, a fotofobia, a aerofobia, a hidrofobia e as alterações de com-
portamento.
RAIVA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
264 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
RAIVA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 265
Diagnóstico laboratorial
A suspeita é clínica e epidemiológica, sendo a conrmão laboratorial. O
diagnóstico laboratorial é realizado pós-morte, em fragmentos de rebro
através das cnicas de imunouoresncia direta (IFD) e inoculão em
camundongos de 21 dias. “In vivo” pode-se realizar IFD da amostra de
saliva (esfregaço), impressão de córnea (extremamente doloroso para o
paciente), raspado de mucosa lingual, tecido bulbar de folículos pilosos
e biópsia de pele da nuca, sendo que, um diagstico negativo por estas
cnicas não é denitivo, faz-se a baixa sensibilidade desses testes.
Tratamento
O paciente deve ser atendido na unidade de saúde mais próxima, sendo
evitada sua remoção. Quando imprescindível, ela deve ser cuidadosa-
mente planejada. Deve-se mantê-lo em isolamento, em quarto com pouca
luminosidade, evitar ruídos, proibir visitas e somente permitir a entrada
de pessoal da equipe de atendimento. As equipes de enfermagem e de
higiene e limpeza devem estar devidamente capacitadas para lidar com o
paciente e o seu ambiente. Recomenda-se o uso de equipamentos de pro-
teção individual. o existe tratamento especíco. Recomenda-se como
tratamento de suporte: dieta por sonda nasogástrica; hidratão; correção
de distúrbios eletrolíticos e ácido-básicos; controle de febre e do vômito;
uso de beta bloqueadores na hiperatividade simpática; instalão de PVC
e correção da volemia e tratamento das arritmias.
Caractesticas epidemiológicas
É doea cosmopolita. Está em todos os continentes e muitos países já eli-
minaram o ciclo urbano da raiva. No Brasil, a região Sul está sob controle.
Nas outras regiões, a raiva urbana e silvestre são endêmicas, entretanto,
o coeciente de morbimortalidade vem se reduzindo gradativamente nos
últimos 5 anos. Sua letalidade é de 100%. Todos os animais de sangue
quente são suscetíveis à infeão pelo vírus rábico. Não se tem relato de
casos de imunidade natural no homem. A imunidade é conferida através
de vacinação pré e pós-exposição.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Eliminação do ciclo urbano do vírus da raiva através de campanhas de
vacinação e de rotina de animais (cães e gatos); impedir a ocorrência de
casos humanos através da indicão do tratamento prolático anti-rábico
para indivíduos com suspeita de exposição ao vírus em tempo hábil e ga-
rantir que o indivíduo receba o esquema de tratamento completo.
RAIVA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
264 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
RAIVA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 265
Noticação
Todo caso humano suspeito de raiva tem que ser noticado, imediata-
mente, por telefone, e-mail, fax aos níveis regional, central e federal e
incluído no SINAN.
Denão de caso
a) Caso suspeito - Todo doente que apresenta quadro clínico sugestivo de
encefalite rábica, com antecedentes ou não de exposição ao vírus rábico.
b) Caso conrmado - Todo aquele comprovado laboratorialmente e todo in-
divíduo com quadro clínico compatível de encefalite bica associada a ante-
cedentes de agressão ou contato com animal suspeito, evoluindo para óbito.
Medidas de controle
a) A prevenção da raiva transmitida em áreas urbanas, ou rurais trans-
mitidas por animais domésticos é feita através da manutenção de altas
coberturas vacinais em cães e gatos através de estratégias de rotina e cam-
panhas; controle de foco; captura e eliminão de cães de rua.
b) A prolaxia da raiva humana é feita mediante o uso de vacinas e soro,
quando os indivíduos são expostos ao vírus rábico através da mordedura,
lambedura de mucosas ou arranhadura, provocada por animais trans-
missores da raiva. A vacinão o tem contra-indicão, devendo ser
iniciada o mais breve posvel e garantir completo esquema de vacinação
indicado, ou seja, a prolaxia contra a raiva. (ver esquema).
c) A prolaxia pré-exposição deve ser indicada para pessoas que, por força
de suas atividades prossionais ou de lazer, estejam expostas permanente-
mente ao risco de infecção pelo vírus da raiva.
RAIVA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
266 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
RAIVA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 267
ESQUEMA PARA TRATAMENTO PROFILÁTICO ANTI-RÁBICO HUMANO COM A
VACINA DE CULTIVO CELULAR
Condições do Animal Agressor
Tipo de
Agressão
o ou gato sem suspeita
de raiva no momento da
agressão
o ou gato
clinicamente suspeito
de raiva no momento da
Agressão
o ou gato
raivoso,
desaparecido ou
morto;
Animais silves-
tres
(inclusive os
domiciliados)
Animais domés-
ticos de inte-
resse econômico
ou
de prodão.
Contato Indireto
• Lavar com água e sabão;
• Não tratar
• Lavar com água e
sao;
• Não tratar.
• Lavar com
água e
sao;
• Não tratar
Acidentes Leves
• Ferimentos super-
ciais, pouco
extensos, geral-
mente únicos, em
tronco e membros
(exceto mãos e
polpas digitais e
planta dos pés);
podem acontecer
em decorrência
de mordeduras
ou arranhaduras
causadas por unha
ou dente;
Lambedura de pele
com lesões
superciais.
• Lavar com água e
sao;
• Observar o animal
durante 10 dias após
exposição.
Se o animal permanecer
sadio no período de
observação, encerrar
o caso.
• Se o animal morrer,
desaparecer ou se
tornar raivoso, adminis-
trar 5 doses de vacina
(dias 0,3,7,14 e 28)
• Lavar com água e
sao.
• Iniciar tratamento
com 2 (duas) doses,
uma no dia 0 e outra
no dia 3;
• Observar o animal
durante 10 dias após
exposição.
Se a suspeita de raiva
for descartada após
o 10° dia de obser-
vação, suspender o
tratamento e encerrar
o caso.
• Se o animal morrer,
desaparecer ou
se tornar raivoso,
completar o esquema
até 5 (cinco) doses.
Aplicar uma dose
entre o 7° e o 10° dia
e uma dose nos dias
14 e 28.
• Lavar com
água e
sao;
• Iniciar
imediata-
mente o
tratamento
com 5
(cinco) doses
de vacina
adminis-
tradas nos
dias 0,3,7,14
e 28.
RAIVA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
266 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
RAIVA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 267
Observões:
1- É preciso avaliar sempre os hábitos e cuidados recebidos pelo cão e gato. Podem ser dispensados
do tratamento as pessoas agredidas por cão ou gato que, com certeza, não tem risco de contrair
a infecção bica. Por exemplo, animais que vivem dentro do domicílio (exclusivamente), não
tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem a rua acompanhados
dos seus donos; que não circulem em área com a presença de morcegos hematófagos.
2- Em caso de vida, iniciar o esquema de prolaxia indicado. Se o animal for procedente de
área controlada, o é necessário iniciar o tratamento. Manter o animal sob observação e
indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer, desaparecer ou se tornar raivoso.
3- Nas agreses por morcegos deve-se indicar a soro-vacinação independente da gravidade da
lesão, ou indicar conduta de reexposão;
4- Aplicação do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada. Quando o for posvel inltrar toda
dose, a quantidade restante deve ser aplicada via intramuscular podendo ser utilizada a região
glútea. Sempre aplicar em local anatômico diferente do local de aplicação da vacina.
ESQUEMA DE REEXPOSÃO, CONFORME O ESQUEMA E VACINA PRÉVIOS
Tipo de esquema
anterior
Vacina Esquema da Reexposição
(vacina de cultivo celular)
Completo
Cultivo
Celular
Até 90 dias: não tratar
Após 90 dias ; 2 (duas) doses, uma
no dia 0 e outra no dia 3
Incompleto
(pelo menos 2 doses de
vacina de cultivo celu-
lar em dias alternados)
Cultivo
Celular
Até 90 dias: completar o número de
doses (de acordo com o quadro 4
Após 90 dias :ver esquema de pós
exposição (conforme o caso)
Importante:
1. Em caso de reexposão, com histórico de tratamento anterior completo e se o animal agres-
sor, cão ou gato, for passível de observação, considerar a hitese de somente observar o
animal;
2. Quando o paciente tiver o esquema de pré-exposição, em qualquer momento, adotar conduta
conforme quadro 3.
Observões:
1. Na reexposão, com hisria de tratamento anterior completo, não é necessário administrar o
soro anti-bico ( heterólogo) ou a imunoglobulina anti-rábica(hologa). No entanto, o soro
poderá ser indicado se houver dúvidas ou conforme a ánalise de cada caso, especialmente nos
pacientes imunodeprimidos que devem receber sistematicamente soro /e ou Imunoglobulina e
vacina. Recomenda-se que, ao nal do tratamento, seja realizada a avalião sorológica após
o 14° dia da última dose.
2. Devem ser avaliados, individualmente, os pacientes que receberam muitas doses de vacina (como
os que receberam várias vezes o esquema completo de vacinação).O risco de eventos adversos às
vacinas aumenta proporcionalmente ao número de doses aplicadas. Nestes casos, se possível, soli-
citar a avaliação sorológica do paciente. Se o título de anticorpos neutralizantes (AcN) for igual ou
maior a 0,5UI/ml não é necessário indicar tratamento ou, caso tenha iniciado, pode ser suspenso.
Títulos abaixo de 0,5UI/ml devem ser considerados como esquema anterior incompleto.
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 269
RUBÉOLA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doea exantemática viral aguda, que caracteriza-da se por febre baixa,
exantema máculo-papular, que se inicia na face, couro cabeludo e pesco-
ço, espalhando-se para o tronco e membros, acompanhada por linfadeno-
patia generalizada, principalmente subocciptal, pós-auricular e cervical
posterior, geralmente precedendo o exantema, em 5 a 10 dias. Adoles-
centes e adultos podem apresentar poliartralgia, poliartrite, conjuntivite,
coriza e tosse. Cerca de 25 a 50% das infecções pelo vírus da rubéola são
subclínicas, ou seja, as infeões que se desenvolvem sem apresentar sinais
e sintomas clínicos característicos da doença.
Agente etiológico
Vírus RNA, gênero Rubivírus, família Togaviridae.
Reservatório
O homem.
Modo de transmissão
Direto, através do contato com secreções nasofaríngeas de pessoas infectadas.
Peodo de incubão
De 14 a 21 dias, com duração dia de 17 dias, podendo variar de 12 a 23 dias.
Peodo de transmissibilidade
De 5 a 7 dias antes do início do exantema e de 5 a 7 dias as.
Diagnóstico
Clínico, laboratorial e epidemiológico. O diagstico sorológico pode ser
realizado através da deteão de anticorpos IgM especos para rubéola,
até o 28
o
dia do início do exantema.
A sua presença indica infeão recente. A detecção de anticorpos IgG
ocorre, geralmente, após o desaparecimento do exantema, alcaando
pico máximo entre 10 e 20 dias, permanecendo detectáveis por toda a
vida. São utilizadas as seguintes técnicas: ensaio imunoenzimático (ELI-
SA), inibição da hemaglutinação, que apesar do baixo custo e simples exe-
cução, seu uso vem sendo substitdo por outras cnicas mais sensíveis,
como aglutinação do látex, imunouoresncia, e hemaglutinão passi-
Rubéola
CID 10: B06
59
268 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 269
RUBÉOLA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
va. Os laboratórios estaduais (LACEN) realizam na rotina para o diags-
tico da rubéola, tanto a pesquisa de anticorpos IgM como o de anticorpos
IgG, pelo todo ELISA, para todos os casos suspeitos de ruola (pós
natal, gestante com suspeita de rubéola e gestante contato de paciente
com ruola). Não está indicado a realização de pesquisa sorológica para
rubéola, em gestantes, na rotina do pré – natal.
Coletar uma amostra de sangue no primeiro contato com o caso suspeito.
As amostras de sangue coletadas após 28 dias são consideradas tardias,
mas mesmo assim, devem ser aproveitadas e encaminhadas ao laboratório
de referência estadual para a realizão da pesquisa de IgM. É importante
ressaltar que resultados não reagentes para IgM não descartam a possibi-
lidade de infeão recente pelo vírus da ruola.
Interpretação dos resultados do exame sorológico
RUBÉOLA PÓS-NATAL (EXCETO GESTANTE)
Coleta da
amostra
Resultado
Classicão do caso
Até 28 dias
IgM + Conrmar o caso
IgM - Descartar o caso
Após 28 dias
IgM + Conrmar o caso
IgM -
Embora não se possa armar que não houve
infecção recente, descartar o caso
A conduta para gestante é diferenciada
RUBÉOLA EM GESTANTE SINTOMÁTICA
Coleta da
amostra
Resultado Classicão do caso
Do 1º ao 4º dia
IgM +
Conrmar o caso
IgM -
Realizar pesquisa de IgG
IgG +
Descartar o caso
IgG -
Colher 2ª amostra após 7 a 21 dias da 1ª
Do 5º ao 28º dia
IgM +
Conrmar o caso – acompanhar
IgM -
Descartar o caso
Após 28 dias
IgM +
Conrmar o caso
IgM -
o se pode armar que não houve
infecção, realizar IgG
IgG +
Conrmar o caso
IgG -
Descartar o caso
270 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
RUBÉOLA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 271
RUBÉOLA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
GESTANTE ASSINTOMÁTICA CONTATO DE RUOLA
Coleta da
amostra
Resultado Classicação do caso
Até 27 dias
IgM + Acompanhar - RN suspeito de SRC
IgM - Realizar pesquisa de IgG
IgG + Gestante não suscevel
IgG -
Colher 2ª amostra entre a 4ª e 6ª
semanas (29 a 42 dias) após o contato
2ª amostra
IgM + Acompanhar - RN suspeito de SRC
IgM - Vacinar após o parto
Entre 28 e 42 dias
IgM + Acompanhar - RN suspeito de SRC
IgM - Realizar pesquisa de IgG
Após 42 dias
IgM + Acompanhar - RN suspeito de SRC
IgM - Realizar pesquisa de IgG
IgG +
Não se pode armar que houve
infecção.
Acompanhar RN suspeito de SRC
IgG - Vacinar após o parto
Não existem indicões para solicitar e realizar exame de rotina no pré-
natal para rubéola em gestantes. Caso seja necessário ser feito o exame e
a gestante além de ser assintomática, não tenha história de contato prévio
com alguma doea exantemática e o apresente registro da vacina na
carteira de vacinação, deverá ser realizada a pesquisa de IgG que sendo
negativa orienta vacinação pós-natal e sendo positiva indica imunidade.
O material a ser colhido é o sangue venoso sem anticoagulante na quantida-
de de 5 a 10 ml. Quando se tratar de criança muito pequena e não for possí-
vel coletar o volume estabelecido, obter no mínimo 3 ml. Após a separação
do soro, conservar o tubo em refrigerador a 4º- 8º C, por no máximo 48 hs.
O tubo deve ser acondicionado em embalagem térmica ou caixa de isopor
com gelo ou gelox e enviado ao laboratório num prazo máximo de 2 dias.
Caso não possa ser enviado neste período conservar a amostra no freezer
a –20º C até o momento do envio ao laboratório que deverá ser num prazo
máximo de 5 dias.
Para o isolamento viral a secreção nasofaríngea é o melhor material. Deve
ser coletada através de uma sonda nasofaríngea por aspiração à vácuo
após instilão nasal de 3 a 5 ml de solução salina. O swab também pode
ser usado. Devem ser realizadas tres amostras, uma amostra em cada
270 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
RUBÉOLA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 271
RUBÉOLA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
narina
a) Suspeito - Toda pessoa com febre, exantema máculopapular e linfoa-
denopatia que o prossional de saúde suspeite do diagstico de rubéola,
independentemente da idade e situão vacinal;
b) Conrmado - Por um dos seguintes critérios:
Indivíduo com exame laboratorial positivo para IgM;
Vínculo epidemiológico a caso conrmado laboratorialmente no período
de 12 a 23 dias do aparecimento dos sintomas;
Clínico - Quando houver suspeita clínica, sem coleta de sangue para so-
rologia e a investigação epidemiológica não foi realizada; a conrmão
clínica de um caso de rubéola representa uma falha do sistema de vigilân-
cia epidemiológica.
c) Descartado
Laboratório - Quando o exame sorológico for negativo para pesquisa de
IgM especíco para rubéola, quando o resultado laboratorial for positivo
para outra doea,
Vínculo epidemiológico - Quando a fonte de infecção for um caso des-
cartado pelo critério laboratorial,
Clínico - Quando não houve coleta de amostra para exame laboratorial
mas, a avalião clínica e epidemiológica detectou sinais e sintomas com-
patíveis com outro diagnóstico diferente de rubéola.
Medidas de controle
Para diminuir a circulão do vírus da rubéola e, conseqüentemente,
realizar a preveão adequada da SRC, devem ser mantidas altas e homo-
gêneas coberturas vacinais com a vacina tríplice viral. Todos os países das
Aricas estão desenvolvendo ações no sentido de eliminar esta virose.
As principais atividades são:
a) Vacinação - A vacina é a única forma de prevenir a ocorrência da rubé-
ola na população e a principal medida de controle. Esquema básico: uma
dose da vacina tríplice viral (sarampo, ruola e caxumba) aos 12 meses
de idade. Em situão com alto risco de infeão (na noticação de casos
suspeitos de rubéola, e na suspeita de surtos) a vacinação de bloqueio deve
ser realizada, envolvendo o grupo de seis meses a 39 anos de idade, seleti-
vamente. Via de administração: a vacina tríplice viral é administrada por
via subcutânea, de preferência na face externa da parte superior do braço
(região deltóide), podendo também ser administrada na região glútea
(quadrante superior externo). Falsas contra-indicões - o constituem
RUBÉOLA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 273
contra-indicações à vacinação da ruola: alergia e intolencia, que não
sejam de natureza analática à ingestão de ovo; contato íntimo com pacientes
imunodeprimidos; vacinação recente com a vacina oral contra a poliomielite;
exposição recente a rubéola. Situações em que se recomenda o adiamento da
vacinação: gravidez, tratamento com imunodepressores (corticoterapia, qui-
mioterapia, radioterapia, etc.). Adiar até 3 meses após a suspensão de seu uso,
pela possível inadequação da resposta; vigência de doença aguda febril grave,
atribuída ou confundida com possíveis efeitos adversos da vacina.
b) Investigação epidemiológica - A investigação dos casos suspeitos de
rubéola tem como objetivo: obter informações detalhadas e uniformes para
todos os casos, através do preenchimento da cha epidemiológica; visitar
imediatamente o domicílio para coleta de sangue, complementar dados da
cha; identicar outros possíveis casos suspeitos realizando extensa busca
ativa; aprazar e realizar a revisita para avaliar a evolução do caso; classicar
o caso conforme os critérios estabelecidos; e avaliar a cobertura vacinal e
desencadear imediatamente as ações de controle:
Bloqueio vacinal - A partir de todo caso suspeito, abrangendo as pessoas
do mesmo domicílio, vizinhos, creches, salas de aula, alojamentos, sala de
trabalho, etc.;
Operação limpeza - Deve ser realizada a partir de todo caso conrmado, de-
vendo ser ampliado para a vizinhança, bairro ou até munipio conforme ava-
liação realizada. Tanto para o bloqueio, como para a operação limpeza, a faixa
etária prioriria para a sua realização deverá ser de 6 meses a 39 anos de idade;
Isolamento de casos - O isolamento domiciliar dos casos pode diminuir a
intensidade dos contágios. Deve-se evitar, principalmente, a freqüência a es-
colas ou creches, agrupamentos, ou qualquer contato com pessoas suscetíveis,
em especial as gestantes, até 4 dias após o início do período exantemático, en-
tretanto, deve haver a vigilância dos contatos por um período de 7 a 18 dias.
c) Comunicantes - Gestantes expostas devem ser avaliadas sorologica-
mente, acompanhadas e orientadas, quando necessário (vide capítulo da
ndrome da Rubéola Congênita).
d) Isolamento - Criaas e adultos com rubéola pós-natal devem ser afas-
tados de atividades habituais durante o período de transmissibilidade.
Gestantes suscetíveis devem ser afastadas do contato com casos e comuni-
cantes, durante o período de transmissibilidade e incubação da doea.
Pessoas hospitalizadas - isolamento de contato.
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Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 273
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doença infecciosa aguda, de natureza viral, transmissível e extremamente
contagiosa. A viremia decorrente da infecção provoca uma vasculite gene-
ralizada, responsável pelo aparecimento das diversas manifestações clíni-
cas. A evolução apresenta três períodos bem denidos:
a) Período prodrômico ou catarral - Tem duração de 6 dias; no início da do-
ença surge febre, acompanhada de tosse produtiva, corrimento seromucoso do
nariz e dor nos olhos, conjuntivite e fotofobia. Os linfonodos estão pouco au-
mentados na região cervical e, algumas vezes, os intra-abdominais dão reações
dolorosas no abdome. Nas últimas 24 horas do período, surge na altura dos pré-
molares, na região genmiana, o sinal de Koplik - pequenas manchas brancas
com halo eritematoso, consideradas sinal patognonico do sarampo.
b) Período exantemático - Ocorre a acentuão de todos os sintomas já
descritos, com prostrão importante do paciente e surgimento do exan-
tema característico. O rash exantemático é máculo-papular, de cor aver-
melhada, com distribuão em sentido céfalo-caudal. No primeiro dia,
surge na região retro-articular e face, dois a ts dias depois do seu início
estende – se ao tronco, e nas extremidades, persistindo por 5-6 dias.
c) Período de convalescença ou de descamação furfurácea - As manchas
tornam-se escurecidas e surge descamão na, lembrando farinha.
Agente etiológico
É um vírus RNA. Vírus do sarampo, pertencente ao gênero Morbillivíirus,
falia Paramyxoviridae.
Reservatório e fonte de infecção
O homem.
Modo de transmissão
É transmitido diretamente de pessoa a pessoa, através das secreções naso-
faríngeas, expelidas ao tossir, espirrar, falar ou respirar.
Peodo de incubão
Geralmente dura 10 dias (variando de 7 a 18 dias), desde a data da ex-
posão até o aparecimento da febre, e cerca de 14 dias até o icio do
exantema.
Sarampo
CID 10: B05
60
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SARAMPO - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
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SARAMPO - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Peodo de transmissibilidade
É de 4 a 6 dias antes do aparecimento do exantema, até 4 dias após. O perí-
odo de maior transmissibilidade ocorre 2 dias antes e 2 dias após o início
do exantema. O vírus vacinal não é transmissível.
Complicações
Infecções respiratórias, pneumonias, encefalites, otites médias, laringites,
diarréias, dentre outras.
Diagnóstico
Clínico, laboratorial e epidemiológico. O diagstico laboratorial pode
ser feito por:
a) ELISA (IgM e IgG); Fixão do complemento; inibição de hemaglutina-
ção ou imunouoresncia indireta.
b) Isolamento do vírus em cultura de células, a partir de secreção nasofa-
ríngea e urina, até o dia, a partir do início do exantema. No Brasil, os
laboratórios estaduais e de referência para o diagstico do sarampo, re-
alizam de rotina, pesquisas de anticorpos IgM e IgG, pelo método ELISA.
Diagnóstico diferencial
Doenças exantemáticas febris agudas: ruola, exantema súbito, escarlatina, erite-
ma infeccioso, dengue, sílis secundária, enteroviroses e eventos adversos à vacina.
Tratamento
O tratamento é sintotico, podendo ser utilizados antitérmicos, hidratação
oral, terapia nutricional com incentivo ao aleitamento materno e higiene adequa-
da dos olhos, da pele e das vias aéreas superiores. As complicações bacterianas do
sarampo são tratadas especicamente com antibticos adequados para o quadro
clínico e, se possível, com a identicação do agente bacteriano. Nas populações
onde a deciência de vitamina A é um problema reconhecido, a OMS e o UNI-
CEF recomendam o uso de uma dose elevada e única de vitamina A nas pessoas
acometidas pelo sarampo e suas complicações, nos indivíduos com imunode-
ciências, com evincia de xeroftalmia, desnutrição e problemas de absorção
intestinal. A suplementação de vitamina A é indicada na seguinte dosagem:
a) Criaas de 6 a 12 meses: 100.000UI, VO, em aerossol;
b) Crianças de 1 ano ou mais: 200.000UI, VO, em cápsula ou aerossol. Quan-
do se detectar xerodermia, repetir a dose de Vitamina A, no dia seguinte.
Caractesticas epidemiológicas
Doença de distribuição universal, endêmica nos grandes conglomerados ur-
banos e epidemias a cada 2 ou 4 anos, dependendo da relação entre o grau de
imunidade e a susceptibilidade da população, bem como da circulação do vírus
na área. Atualmente, há evidências de interrupção da transmissão autóctone do
274 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
SARAMPO - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 275
SARAMPO - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
sarampo no Brasil. Todos os últimos casos conrmados foram importados do
Japão e da Europa. Entretanto, como a homogeneidade da cobertura vacinal de
rotina encontra-se em níveis abaixo do necessário para uma adequada imuni-
dade de grupo e como o vírus continua circulando em outros países do mundo,
o risco de recirculação deste agente infeccioso no Brasil.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivo
Identicão precoce de casos para adoção das medidas de controle assim
como identicar e monitorar as demais condições de risco.
Noticação
Doea de noticão compulria nacional e de investigação epidemio-
gica obrigatória imediata.
Denão de caso
a) Suspeito - Todo paciente que, independente da idade e da situação vaci-
nal, apresentar febre e exantema maculopapular, acompanhados de um ou
mais dos seguintes sinais e sintomas: tosse e/ou coriza e/ou conjuntivite.
b) Conrmado - Todo paciente considerado como caso suspeito e que foi
comprovado como um caso de sarampo, a partir de, pelo menos, um dos
seguintes critérios:
Laboratorial - Exame reagente” ou “positivo para IgM”, e a análise clínico-
epidemiológica indica tratar-se efetivamente de um caso de sarampo.
Observão - Na situão epidemiológica atual, existem muitos resulta-
dos falso positivos. Por isso, todos os casos IgM positivo ou indetermina-
do para o sarampo devem ser analisados conjuntamente pela SES e pela
Secretaria de Vigincia em Saúde/SVS/MS.
Vínculo epidemiológico - Paciente que em um período máximo de sete a
18 dias teve contato com um ou mais casos de sarampo conrmados pelo
laboratório; ou com exame laboratorial “não reagente” ou “negativo para
IgM” em amostra de sangue colhida precocemente (1º e 3º dia a partir do
aparecimento do exantema) mas que teve contato com um ou mais casos
de sarampo conrmados pelo laboratório (dentro de um período de sete a
18 dias antes do aparecimento dos sinais e sintomas);
Clínico - Quando se fez a suspeita clínica mas não houve coleta de amostra
para sorologia; não foi investigado ou evoluiu para óbito sem a realização de
qualquer exame laboratorial. A conrmação clínica do sarampo representa
uma falha grave do sistema de vigincia epidemiológica.
c) Descartado - Todo paciente que foi considerado como caso suspeito e
que não foi comprovado como um caso de sarampo, a partir, de pelo menos,
um dos critérios acima denidos.
SARAMPO - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Medidas de controle
Todos os países das Aricas eso desenvolvendo ações no sentido de
erradicar esta virose. As principais atividades são:
a) Vacinação - A vacina é a única forma de prevenir a ocorrência do saram-
po na população é a principal medida de controle do sarampo. Esquema
básico: uma dose da vacina tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba) aos
12 meses de idade. Em situação com alto risco de infecção (na noticação de
casos suspeitos de sarampo, e na suspeita de surtos) a vacinação de bloqueio
deve ser realizada, envolvendo o grupo de seis meses a 39 anos de idade, sele-
tivamente. Via de administração: a vacina tríplice viral é administrada por
via subcutânea, de preferência na face externa da parte superior do braço
(região deltóide), podendo também ser administrada na região glútea (qua-
drante superior externo). Falsas contra-indicações: não constituem contra-
indicações à vacinação de Sarampo: alergia e intolerância, que não sejam de
natureza analática à ingestão de ovo; contato íntimo com pacientes imu-
nodeprimidos; vacinação recente com a vacina oral contra a poliomielite;
exposição recente ao sarampo. Situações em que se recomenda o adiamento
da vacinação: tratamento com imunodepressores (corticoterapia, quimio-
terapia, radioterapia, etc.). Adiar até 3 meses após a suspensão de seu uso,
pela possível inadequação da resposta; vigência de doença aguda febril gra-
ve, atribuída ou confundida com possíveis efeitos adversos da vacina.
b) Investigação epidemiogica - A investigão dos casos suspeitos de
sarampo tem como objetivo: obter informações detalhadas e uniformes
para todos os casos, através do preenchimento da cha epidemiológica;
visitar imediatamente o domicílio para coleta de sangue, complementar
dados da cha; identicar outros possíveis casos suspeitos realizando
extensa busca ativa; aprazar e realizar a revisita para avaliar a evolução
do caso; classicar o caso conforme os critérios estabelecidos; e avaliar a
cobertura vacinal e desencadear imediatamente as ações de controle:
Bloqueio vacinal - A partir de todo caso suspeito, abrangendo as pessoas do mes-
mo domicílio, vizinhos, creches, salas de aula, alojamentos, sala de trabalho, etc.;
Operação limpeza - Deve ser realizada a partir de todo caso conrmado, deven-
do ser ampliado para a vizinhança, bairro ou a município conforme avaliação
realizada. Tanto para o bloqueio, como para a operação limpeza, a faixa etária
prioritária para a sua realização deverá ser de 6 meses a 39 anos de idade;
Isolamento de casos - O isolamento domiciliar ou hospitalar dos casos pode
diminuir a intensidade dos contágios. Deve-se evitar, principalmente, a
freqüência a escolas ou creches, agrupamentos, ou qualquer contato com
pessoas suscetíveis, até 4 dias após o início do período exantemático, entre-
tanto, deve haver a vigincia dos contatos por um período de 7 a 18 dias.
276 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
SARAMPO - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Shigelose
CID 10: A03
61
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Infecção bacteriana de expressão clínica pleomórca, podendo se mani-
festar através de formas assintomáticas ou sub-clínicas, ou formas graves
e tóxicas. Nas formas graves, a shigelose é doença aguda toxêmica, ca-
racterizada por febre, diarréia aquosa, que pode ser volumosa e com dor
abdominal. A dor abdominal tem característica de lica difusa, geral-
mente precedendo a diaria, que se constitui no sintoma mais freqüente,
presente em cerca de 90% dos casos. De 1 a 3 dias após, as fezes se tornam
mucossangüinolentas, a febre diminui e aumenta o mero de evacua-
ções, geralmente de pequeno volume e freqüentes, com urncia fecal e
tenesmo (colite exsudativa). Além da febre alta, outras manifestões
podem estar presentes, tais como: anorexia, náuseas, vômitos, cefaia,
calafrios, estados totêmicos, convulsões e sinais meninticos. Ao exame
físico, pode-se observar hipertermia, desidratação, hipotensão, dor à pal-
pação abdominal e ruídos hidroaéreos exacerbados. Nas formas leves ou
moderadas, a shigelose pode se manifestar apenas por diaria aquosa,
sem aparecimento de fezes disentéricas.
Sinonímia
Disenteria bacilar clássica.
Agente etiológico
Bactérias gram negativas do gênero Shigella, constituídas por quatro es-
cies S. dysenteriae (grupo A), S. exneri (grupo B) S. boydii (grupo C) e
S. sonnei (grupo D).
Reservatório
Trato gastrointestinal do homem, água e alimentos contaminados.
Modo de transmissão
A infecção é adquirida pela ingestão de água contaminada ou de alimen-
tos preparados com água contaminada. Também está demonstrado que as
Shigelas podem ser transmitidas por contato pessoal.
Peodo de incubão
Variam de 12 a 48 horas.
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 277
SHIGELOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 279
SHIGELOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Diagnóstico
É clínico, epidemiológico e laboratorial. Esse último é feito pela seme-
adura das fezes do paciente em meios de cultura, como Mac Conckey e
SS, com posterior identicão das colônias suspeitas por meio de provas
bioquímicas e sorológicas, destacando-se a excelência dos métodos imu-
noenzimáticos e o PCR para realizão de exame radiológico (RX).
Diagnóstico diferencial
Gastroenterites virais e salmonelose.
Complicações
As complicações neurológicas (convulsão, meningismo, encefalopatias,
letargia, alucinações, cefaléia, confusão mental, etc.) constituem as mani-
festações extra-intestinais mais freqüentes da shigelose, ocorrendo mais em
crianças que em adultos. Outras complicações: sepse, peritonite secundária
à perfuração intestinal, Insuciência Renal Aguda, Síndrome Hemolítica
Urêmica, hemorragia digestiva, pneumonia, conjuntivite, uveíte, prolapso
retal, osteomielite, artrite séptica e S. de Reiter.
Tratamento
Semelhante ao indicado para todos os tipos de diarréias. Reidratação oral
(SRO), que simplicou o tratamento, pois sabe-se que o esquema de tratamento
adequado independe do diagnóstico etiológico, já que o objetivo da terapêutica
é reidratar ou evitar a desidratação. Esse esquema não égido, administrando-
se líquidos e o SRO de acordo com as perdas. Se houver sinais de desidratação,
administrar o SRO de acordo com a sede do paciente. Inicialmente, a criança
deve receber de 50 a 100ml/Kg, no período de 4 a 6 horas; as crianças amamen-
tadas devem continuar recebendo leite materno, junto com SRO. Se o paciente
vomitar, deve-se reduzir o volume e aumentar a freqüência da administração;
manter o paciente na unidade de saúde a a reidratação; o uso de sonda naso-
strica-SNG é indicado apenas em casos de perda de peso após as 2 primeiras
horas de tratamento oral e em face a vômitos persistentes, distensão abdominal
com ruídos hidroaéreos presentes ou diculdade de ingestão. Nesses casos,
administrar 20 a 30ml/Kg/hora de SRO. indica-se hidratação parenteral
em alteração da consciência, mitos persistentes (mesmo com uso de sonda
nasogástrica) e íleo paralítico. Nos casos graves em que houver indicação de
uso de antimicrobianos (que pode ser feito independente de comprovação
por coprocultura e antibiograma), utiliza-se sulfametoxazol (50mg/kg/dia) +
trimetoprim (10/mg/kg/dia), em 2 tomadas diárias, de 12/12 horas, durante 5
a 7 dias. No caso de resistência bacteriana, utiliza-se as quinolonas (essas o
contra-indicadas em gestantes e crianças).
278 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
SHIGELOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 279
SHIGELOSE - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Caractesticas epidemiológicas
A freqüência das infecções por Shigella aumenta com a idade da criaa.
No Brasil, a prevalência dessa bacria é de 8 a 10% em criaas com me-
nos de um ano de idade e de 15 a 18% em criaas com mais de 2 anos. Os
índices de prevalência nos adultos o semelhantes aos encontrados em
criaas com mais de dois anos.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivo
É uma das doenças diaricas agudas, cujo objetivo da vigilância epide-
miológica é monitorar a incidência, visando intervenções em surtos e
a manuteão de atividades de educão em saúde com o propósito de
diminuir sua freqüência e letalidade.
Noticação
Não é doença de noticão compulsória. Entretanto, como explicitado
no capítulo das doenças diarréicas agudas, tem-se instituído o monitora-
mento das diarréias através de sistemas de noticações sentinelas.
Denão de caso
Indivíduo que apresentar fezes cuja consistência revele aumento do con-
teúdo quido (pastosas, aquosas, que podem ser mucossangüinolentas),
com aumento do número de dejeções diárias e duração inferior a 2 sema-
nas. A conrmão é feita através de culturas agente.
Medidas de controle
Melhoria da qualidade da água, destino adequado de lixo e dejetos, controle
de vetores, higiene pessoal e alimentar. Educação em saúde, particularmen-
te em áreas de elevada incidência. Locais de uso coletivo, tais como colégios,
creches, hospitais, penitenciárias, que podem apresentar riscos maximiza-
dos quando as condições sanitárias não são adequadas, devem ser alvo de
orientações e campanhas especícas. Ocorrências em crianças de creches
devem ser seguidas de isolamento entérico, além de reforçadas as orienta-
ções às manipuladoras de alimentos e às mães. Considerando a importância
das causas alimentares na diarréia das crianças menores, é fundamental o
incentivo ao prolongamento do tempo de aleitamento materno, prática essa
que confere elevada proteção a esse grupo populacional.
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 281
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
lis adquirida - A sílis é uma doença infecto-contagiosa, sistêmica, de
evolução crônica, com manifestões cutâneas temporárias, provocadas
por uma espiroqueta. A evolução da sílis é dividida em recente e tardia.
A transmissão da sílis adquirida é sexual e na área gênito-anal, na quase
totalidade dos casos. Na sílis congênita, há infecção fetal via hematogê-
nica, em geral a partir do 4o mês de gravidez.
Sílis adquirida recente - Essa forma compreende o primeiro ano de evolução,
período de desenvolvimento imunitário na sílis o-tratada e inclui sílis
primária, secunria e latente. A sílis primária caracteriza-se por apresentar
leo inicial denominada cancro duro ou protossiloma, que surge em 1 a 2
semanas, ocorrendo adenite satélite. O cancro duro, usualmente, desaparece
em 4 semanas, sem deixar cicatrizes. As reações sorogicas para sílis tor-
nam-se positivas entre a 2ª e a 4ª semanas do aparecimento do cancro. A sílis
secundária é marcada pela disseminação dos treponemas pelo organismo. Suas
manifestações ocorrem de 4 a 8 semanas do aparecimento do cancro. A lesão
mais precoce é constituída por exantema morbiliformeo pruruginoso:
a roséola. Posteriormente, podem surgir lesões papulosas palmo-plantares,
placas mucosas, adenopatia generalizada, alopécia em clareira e os condilomas
planos. As reações sorológicas são sempre positivas. No período de sílis recente
latente, o existem manifestações visíveis, mas há treponemas localizados em
determinados tecidos. Assim, o diagnóstico é obtido pelas reações soroló-
gicas. Pode ocorrer com freqüência polimicro-adenopatia, particularmente de
linfonodos cervicais, epitrocleanos e inguinais.
Sílis adquirida tardia - É considerada tardia após o primeiro ano de evolu-
ção e ocorre em doentes que não receberam tratamento adequado ou que não
foram tratados. Suas manifestações clínicas surgem depois de um período
variável de latência e compreendem as formas cutânea, óssea, cardiovascular,
nervosa e outras. As reações sorológicas são positivas. A sílis tardia cutânea
caracteriza-se por lesões gomosas e nodulares, de caráter destrutivo. Na sílis
óssea, pode haver osteíte gomosa, periostite osteíte esclerosante, artralgias, ar-
trites, sinovites e nódulos justa-articulares. O quadro mais freqüente de com-
prometimento cardiovascular é a aortite silítica (determinando insuciência
aórtica), aneurisma e estenose de cororias. A sílis do sistema nervoso é
Sílis Congênita
CID 10: A50
62
280 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 281
SÍFILIS CONGÊNITA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
assintomática ou sintotica com as seguintes formas: meningo-vascular,
meningite aguda, goma do cérebro ou da medula, crise epileptiforme, atroa
do nervo óptico, lesão do timo par, paralisia geral e tabes dorsalis.
lis connita - É conseqüente à infeão do feto pelo Treponema palli-
dum, por via placentária. A transmissão faz-se no período fetal a partir de
4 a 5 meses de gestação. Antes dessa fase, a membrana celular das vilosida-
des coriais parece constituir obstáculo intransponível para o treponema.
Após sua passagem transplacentária, o treponema ganha os vasos do cor-
o umbilical e se multiplica rapidamente em todo o organismo fetal.
Sílis congênita precoce - É aquela em que as manifestações clínicas se
apresentam logo após o nascimento ou pelo menos durante os primeiros 2
anos. Na maioria dos casos, estão presentes já nos primeiros meses de vida.
Assume diversos graus de gravidade, sendo sua forma mais grave a sepse
maciça com anemia intensa, icterícia e hemorragia. Apresenta lesões cutâ-
neo-mucosas, como placas mucosas, lesões palmo-plantares, ssuras radia-
das periorciais e condilomas planos anogenitais; lesões ósseas, manifestas
por periostite e osteocondrite, lesões do sistema nervoso central e lesões do
aparelho respiratório, hepatoesplenomegalia, rinites sanguinolentas, pseu-
do-paralisia de Parrot (paralisia dos membros), pancreatite e nefrite.
lis congênita tardia - É a denominação reservada para a sílis que se declara
as o segundo ano de vida. Corresponde, em linhas gerais, à lis terciária do
adulto, por se caracterizar por lesões gomosas ou de esclerose delimitada a um ór-
o ou a pequeno mero de óros: fronte olímpica, mandíbula curva, arco pa-
latino elevado, tríada de Hutchinson (dentes de Hutchinson + cenatite intersticial
+ leo do VIII par de nervo craniano), nariz em sela e tíbia em lâmina de sabre.
Sinonímia
Lues, doea gálica, lues verea, mal gálico, silose, doea britânica,
mal venéreo, peste sexual.
Agente etiológico
Treponema pallidum, um espiroqueta de alta patogenicidade.
Reservatório
O homem.
Modo de transmissão
Da lis adquirida é sexual, na área genital, em quase todos os casos. O contágio
extragenital é raro. Na sílis congênita, há infecção fetal por via hematogênica, em
geral a partir do s de gravidez. A transmiso o sexual da sílis é excepcio-
nal, havendo poucos casos por transfusões de sangue e por inoculação acidental.
282 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
SÍFILIS CONGÊNITA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 283
SÍFILIS CONGÊNITA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Peodo de incubão
Geralmente, de 1 a 3 semanas.
Diagnóstico
Clínico, epidemiológico e laboratorial. A identicação do Treponema pallidum
conrma o diagnóstico. A microscopia de campo escuro é a maneira mais rápi-
da e ecaz para a observação do treponema, que se apresenta móvel. O diagnós-
tico sorológico baseia-se fundamentalmente em reaçõeso treponêmicas ou
cardiolipínicas e reações treponêmicas. A prova de escolha na rotina é a reação
de VDRL, que é uma microaglutinação que utiliza a cardiolipina. O resultado é
dado em diluições, e esse é o método rotineiro de acompanhamento da resposta
terapêutica, pois nota-se uma redução progressiva dos títulos. Sua desvantagem
é a baixa especicidade, havendo reões falso-positivas e numerosas patolo-
gias. Rotineiramente, é utilizado o FTA-abs, que tem alta sensibilidade e espe-
cicidade, sendo o primeiro a positivar na infecção. O comprometimento do
sistema nervoso é comprovado pelo exame do líquor, podendo ser encontradas
pleocitose, hiperproteinorraquia e a positividade das reações sorogicas. O RX
de ossos longos é muito útil como apoio ao diagnóstico da sílis congênita.
Diagnóstico diferencial
Cancro primário - Cancro mole, herpes genital, linfogranuloma venéreo
e donovanose.
Lesões cutâneas na lis secundária - Sarampo, rubéola, ptiríase sea
de Gilbert, eritema polimorfo, hanseníase wirchoviana e colagenoses.
lis tardia - Se diferencia de acordo com as manifestações de cada indivíduo.
lis congênita - Outras infecções congênitas (toxoplasmose, rubéola,
citomegalovírus e herpes).
Tratamento
lis adquirida - lis primária: penicilina G benzatina, 2.400.000UI,
IM, dose única (1.200.000, VI, em cada glúteo); sílis secundária: peni-
cilina G benzatina, 2.400.000UI, IM, 1 vez por semana, 2 semanas (dose
total 4.800.000UI); lis terciária: penicilina G benzatina, 2.400.000UI,
IM, 1 vez por semana, 3 semanas (dose total 7.200.000UI).
lis congênita no período neonatal - Para todos os casos, toda gestante
terá VDRL à admissão hospitalar ou imediatamente após o parto; todo
recém-nascido cuja e tenha sorologia positiva para lis deverá ter
VDRL de sangue peririco.
Recém-nascidos de mães com lis não tratada ou inadequadamente
- Tratada (terapia não penicilínica, ou penicilínica incompleta, ou trata-
282 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
SÍFILIS CONGÊNITA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 283
SÍFILIS CONGÊNITA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
mento penicilínico dentro dos 30 dias anteriores ao parto), independente-
mente do resultado do VDRL do recém-nascido, realizar RX de ossos longos,
punção lombar (se for impossível, tratar o caso como neurosílis) e outros
exames quando clinicamente indicados; se houver alterações clínicas e/ou so-
rológicas e/ou radiológicas, o tratamento deveser feito com penicilina cris-
talina na dose de 100.000U/kg/dia, IV, em 2 ou 3 vezes, dependendo da idade,
por 7 a 10 dias; ou penicilina G procaína, 50.000U/kg, IM, por 10 dias; se
houver alteração liquórica, prolongar o tratamento por 14 dias com penicilina
G cristalina na dose de 150.000 U/kg/dia, IV, em 2 ou 3 vezes, dependendo da
idade; se não houver alterações clínicas, radiológicas, liquóricas e a sorologia
for negativa no recém-nascido, dever-se-á proceder ao tratamento com peni-
cilina benzatina, IM, na dose única de 50.000U/kg. Acompanhamento clínico
e com VDRL (1 e 3 meses).
Recém-nascidos de mães adequadamente tratadas - DRL em sangue perifé-
rico do RN; se for reagente ou na presença de alterações clínicas, realizar RX
de ossos longos e punção lombar. Se houver alterações clínicas e/ou radio-
gicas, tratar com penicilina cristalina, na dose de 100.000U/kg/dia, IV, em 2
ou 3 vezes, dependendo da idade, por 7 a 10 dias; ou penicilina G procaína,
50.000U/kg, IM, por 10 dias; se a sorologia (VDRL) do recém-nascido for 4
vezes maior (ou seja 2 diluições) que a da mãe, tratar com penicilina cristalina
na dose de 100.000U/kg/dia, IV, em 2 ou 3 vezes, dependendo da idade, por
7 a 10 dias, ou penicilina G procaína, 50.000U/kg IM, por 10 dias; se houver
alteração liquórica, prolongar o tratamento por 14 dias com penicilina G cris-
talina, na dose de 150.000U/kg/dia, IV, em 2 ou 3 vezes, dependendo da ida-
de; seo houver alterações clínicas, radiológicas, liquóricas e a sorologia for
negativa no recém-nascido, acompanhar o paciente, mas na impossibilidade,
tratar com penicilina benzatina, IM, na dose única de 50.000U/kg.
Observões - No caso de interrupção por mais de 1 dia de tratamento,
o mesmo deverá ser reiniciado. Em todas as criaas sintomáticas, deverá
ser efetuado exame oftalmológico (fundo de olho).
Seguimento - Ambulatorial mensal; realizar VDRL com 1, 3, 6, 12, 18 e 24
meses, interrompendo quando negativar; diante das elevações de títulos soro-
lógicos ouo-negativação desses até os 18 meses, reinvestigar o paciente.
Sílis congênita após o período neonatal - Fazer o exame do LCR e iniciar
o tratamento com penicilina G cristalina, 100.000 a 150.000 U/kg/dia, ad-
ministrada a cada 4 a 6 horas, durante 10 a 14 dias.
lis e aids - A associação de sílis e aids é atualmente relatada. De acor-
do com o grupo social, essa associação pode ocorrer em 25% dos doentes.
284 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
SÍFILIS CONGÊNITA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 285
SÍFILIS CONGÊNITA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Na maioria dos doentes com lis e infecção pelo HIV, as lesões ulcerosas
são mais numerosas e extensas, com fácil sangramento e tempo de cicatri-
zão maior, sugerindo um quadro que ocorria no passado, denominado
de sílis maligna precoce. Os títulos sorológicos pelo VDRL o, em mé-
dia, mais elevados nos doentes co-infectados pelo HIV.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Detecção ativa e precoce dos casos de lis congênita para tratamento
adequado das mães e crianças, para adoção das medidas de controle visan-
do sua eliminação; interromper a cadeia de transmissão da sílis adquiri-
da (deteão e tratamentos precoces dos casos e dos parceiros).
Noticação
A sílis congênita é doença de noticação compulsória e de investigação obriga-
ria. A sílis adquirida deve ser noticada de acordo com as normas estaduais
e/ou municipais. A Coordenação Nacional de DST e AIDS, do Ministério da
Saúde, selecionou fontes de informações especícas em conjunto com estados e
munipios para as DST, visando o aprimoramento da sua vigilância.
Denão de caso
Em 2003, a denição de caso de lis congênita foi revisada, a principal
modicão está no agrupamento dos critérios da denão anterior em
um único bloco, não mais utilizando a classicão nal de conrmado,
presumível ou suspeito. Assim, todos os casos nos quais a denição se
aplica serão noticados como caso de sílis congênita.
Será considerado caso de lis congênita para ns de vigilância epide-
miológica e assim deverá ser noticado:
Toda criaa, ou aborto, ou natimorto de mãe com evidência clínica para
lis e/ou com sorologia não treponêmica reagente para sílis com qual-
quer titulão, na ausência de teste conrmatório treponêmico, realizada
no pré-natal ou no momento do parto ou curetagem, que o tenha sido
tratada ou tenha recebido tratamento inadequado.
Todo indivíduo com menos de 13 anos com as seguintes evidências soro-
gicas:
Titulações ascendentes (testes não treponêmicos); e/ou
Testes não treponêmicos reagentes após 6 meses (exceto em situação
de seguimento terapêutico); e/ou
Testes treponêmicos reagentes após 18 meses; e/ou
284 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
SÍFILIS CONGÊNITA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 285
SÍFILIS CONGÊNITA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Títulos em teste não treponêmico quatro vezes maiores do que os da mãe.
Em caso de evidência sorológica apenas, deve ser afastada a possibilidade
de sílis adquirida.
Todo indivíduo com menos de 13 anos, com teste o treponêmico rea-
gente e: evidência clínica ou liquórica ou radiológica de sílis congênita.
Toda situão de evidência de T. pallidum em placenta ou cordão um-
bilical e/ou amostra de leo, biópsia ou necropsia de criança, aborto ou
natimorto.
Medidas de controle
O Ministério da Saúde é signatário de acordo internacional que busca
a “eliminão da sílis congênita”. Para alcançar esse objetivo está em
andamento a implantão de atividades especiais para eliminão, em
aproximadamente 6.000 maternidades brasileiras. Deve-se observar a
correta forma de tratamento dos pacientes; a plena integrão de ativi-
dades com outros programas de saúde; o desenvolvimento de sistemas de
vigilância locais ativos;
Interrupção da cadeia de transmissão (diagnóstico e tratamento adequados).
Aconselhamento (condencial): orientações ao paciente com DST para
que discrimine as posveis situações de risco em suas práticas sexuais;
desenvolva a percepção quanto à imporncia do seu tratamento e de seus
parceiros sexuais e de comportamentos preventivos.
Promoção do uso de preservativos.
Aconselhamento aos parceiros.
Educão em saúde, de modo geral.
Observão - As associações entre diferentes DST são freqüentes, des-
tacando-se, atualmente a relação entre a presença de DST e aumento do
risco de infecção pelo HIV, principalmente na vigência de úlceras genitais.
Desse modo, se o prossional estiver capacitado a realizar aconselhamen-
to, pré e pós teste para detecção de anticorpos anti-HIV, quando do diag-
stico de uma ou mais DST, deve ser oferecida essa opção ao paciente.
Portanto, toda DST constitui-se em evento sentinela para busca de
outra doença sexualmente transmisvel e possibilidade de associão
com o HIV. É necessário, ainda, registrar que o Ministério da Saúde vem
implementando a “abordagem sindmica” aos pacientes de DST, visando
aumentar a sensibilidade no diagstico e tratamento dessas doenças, o
que resultará em um maior impacto na redução dessas infecções.
NDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 287
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
A Síndrome da Rubéola Congênita (SRC) geralmente é grave e pode acometer
40 a 60% dos recém-nascidos (RN) cujas mães foram infectadas durante os
dois primeiros meses de gestação; 30 a 35% dos RN, no 3º mês de gestação,
10% dos RN quando a infecção na gestação se durante o mês, sendo
mais raro o acometimento após a 20ª semana. Os principais sinais e sintomas
da infecção intrauterinao o aborto espontâneo, malformação congênita de
grandes órgãos e sistemas como: oculares (microftalmia, retinopatia, glau-
coma e catarata), cardíaca (persistência de ducto arterial, defeitos do tabique
interauricular e interventricular, estenose da artéria pulmonar), deciência
auditiva e alterações neurológicas (meningoencefalite, retardo mental),
púrpura, esplenomegalia, osteopatia radiolúcida. É possível a ocorrência de
formas leves, com surdez parcial ou pequenas deciências cardíacas, que só
serão diagnosticadas muitos anos após o nascimento.
Agente etiológico
Vírus RNA, gênero Rubivírus, família Togaviridae.
Reservatório
O homem.
Modo de transmissão
A infeão é adquirida através da via intra-uterina.
Peodo de incubão
Na SRC, não há período de incubação denido.
Peodo de transmissibilidade
Lactentes com SRC podem eliminar vírus através das secreções nasofarín-
geas, sangue, urina e fezes por longos peodos.
Diagnóstico
É clínico, epidemiológico e laboratorial. O feto infectado é capaz de produ-
zir anticorpos especicos da classe IgM e IgG para rubéola antes mesmo do
nascimento.
A presença de anticorpos IgM especicos para rubéola no sangue do RN é
evidência de infeão congênita, uma vez que os anticorpos IgM maternos
Síndrome da Ruola Congênita
63
CID 10: P35.0
286 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
NDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 287
não ultrapassam a barreira placentária. Os anticorpos IgM podem ser detec-
tados em 100% das crianças com SRC até o 5º mês, em 60% de 6 a 12 meses e
em 40% de 12 a 18 meses. Raramente são detectados após o 1mês.
Os Ac maternos da classe IgG podem ser transferidos passivamente ao feto
através da placenta, sendo encontrados também nos RN normais, nasci-
dos de mães imunes à rubéola.
Não é possivel diferenciar os Ac IgG maternos daqueles produzidos pelo
próprio feto, quando infectados na vida intra-uterina. Como a quantida-
de de IgG maternos diminui com o tempo, desaparecendo por volta do
s, a persistência dos niveis de Ac IgG no sangue do RN é altamente
sugestiva de infecção intra-uterina.
Para a investigão de casos suspeitos de SRC, deve ser colhida uma
amostra de sangue, logo as o nascimento, quando há suspeita ou con-
rmão de infecção materna durante a gestão; ou logo após a suspeita
diagnostica, nos menores de um ano.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DE CASO SUSPEITO DE SRC
Peodo
da Coleta
Pesquisa Resultado Conduta
Logo as
o nasci-
mento
ou quando
da suspeita
de SRC
IgM
Positivo Conrmar o caso
Negativo
Realizar pesquisa
de IgG com o
mesmo soro
IgG
Positivo
Coletar 2ª amostra
após 3 meses
Negativo Descartar o caso
Após 3
meses da
1ª coleta
IgG
Se o IgG mantiver o título
anterior ou for maior.
Conrmar o caso
Se houver queda acentu-
ada do título de IgG, com-
parado com o anterior
Descartar o caso
RN cuja e teve diagnóstico conrmado de ruola, durante a gestação, ou lactente com
suspeita de SRC.
Observão: Quando a mãe não foi investigada anteriormente, realizar na mesma a pesquisa
de IgM e IgG.
Recomendão – Isolamento viral: se a sorologia for IgM reagente (+), fazer coleta de espécime
clínica (“swab” nasofaringeo) para identicão do genótipo do vírus.
Tempo e técnica de coleta da secrão nasofaringea vide ruola.
A sorologia é realizada através da deteão de IgM no rem-nascido ou
pelo acompanhamento dos níveis de IgG durante tempo mais prolongado
NDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
NDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
(alguns meses até 2 anos de idade). O achado de veis de IgG estáveis ou
elevados conrmam o diagstico. A queda de anticorpos IgG na criaa
sugere a presença de anticorpos maternos em declínio.
Isolamento do vírus
Pode ser realizado a partir de secreções nasais, sangue, urina e líquor com
inoculação em cultura celular.
Diagnóstico diferencial
Com outras infecções congênitas: toxoplasmose, sílis, malária, citomegalo-
rus, herpes, varicela-zoster, HIV, hepatite B, parvovirus B19, dentre outras.
Tratamento
Não há tratamento especíco.
Caractesticas epidemiológicas
A vacina tríplice viral foi implantada no Brasil de forma gradativa, iniciando-
se em 1992, no estado de São Paulo, alcançando a totalidade das Unidades
Federadas do país em 2000. Em 1992, ocorreram 2286 (1,5/100.000) casos de
rubéola. Em 1997, a incidência de rubéola atingiu 20,6 por 100.000 declinan-
do em 1999-2000 para 9,9 por 100.000. A o ano de 1999 a maior incidência
foi observada em <15 anos. Nos anos de 1999 a 2000, a incidência elevou-se
entre 15 a 29 anos, possivelmente relacionado ‘a introdução gradual da vaci-
nação e às elevadas coberturas vacinais (95%) atingidas na faixa etária de 1
a 11 anos, entre 1992 e 2000. Por outro lado, o número de casos suspeitos e
conrmados da SRC vem aumentando gradativamente no país, conseqüente
a identicação de casos de rubéola em gestantes e elevação da sensibilidade
do sistema de vigilância em detectar recém nascidos com suspeita de SRC.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivo
Conhecer a magnitude da SRC e avaliar o impacto das estratégias de vaci-
nação. Detecção, noticação e investigação de casos suspeitos, orientação
quanto a medidas de controle adequadas e divulgação de informações.
Noticação
Doea de noticão compulsória e de investigação obrigatória.
Denão de caso
a) Caso suspeito - Todo recém-nascido cuja e foi caso suspeito ou
conrmado de rubéola durante a gestão, ou toda criaa de até 12 me-
ses que apresente sinais clínicos compatíveis com infecção congênita pelo
vírus da rubéola, independente da história materna;
288 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
NDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
NDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
b) Caso conrmado por laboratório - O caso suspeito é conrmado quando
há presença de malformações congênitas e, pelo menos, uma das seguintes
condições: presença de anticorpos IgM especícos; título de anticorpos da
classe IgG, detectados através de ensaio imunoenzimático (ELISA), mantidos
persistentemente elevados ou acima do esperado pela transferência passiva de
anticorpos maternos;
c) Caso conrmado pela clínica - O caso é compatível quando os resulta-
dos laboratoriais forem insucientes para conrmação do diagnóstico e o
recém-nascido apresentar duas das complicações relacionadas no Grupo 1
ou, uma do Grupo 1 associada a outra do Grupo 2, ou ainda, uma das com-
plicações do grupo 1, associada à história de infecção materna comprovada
por laboratório ou através vínculo epidemiológico durante a gestação:
Grupo 1) Catarata/glaucoma (interpretar como uma só manifestação), car-
diopatia congênita, surdez, retinopatia pigmentar.
Grupo 2) Púrpura trombocitopênica, hepatoesplenomegalia, icterícia, mi-
crocefalia, retardo mental, meningoencefalite, radioluscências ósseas;
d) Caso de infecção congênita - Criança submetida a uma avaliação mi-
nuciosa na qual não foi observada nenhuma das alterações permanentes
ou progressivas, embora haja evidência laboratorial de infecção pelo vírus
da rubéola, podendo ou não apresentar manifestações transitórias. De fato,
não se trata de um caso de SRC;
e) Aborto ou perda fetal - Caso de abortamento ou de natimorto resul-
tante de gestação durante a qual se comprovou a ocorncia de rubéola,
independente de conrmação de afecção no feto;
f) Caso descartado - Quando cumprir uma das seguintes condições: títulos
de IgM e IgG ausentes em criaas menores de 12 meses; títulos de IgG au-
sentes na mãe; títulos de IgG diminuindo em velocidade compatível com a
transferência de anticorpos maternos detectados por ensaio imunoezimáti-
co, a partir do nascimento; Quando, por qualquer motivo, os resultados do
exame sorológico do recém-nascido não estiverem disponíveis e os dados
clínicos forem insucientes para conrmar o caso pela clínica.
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 289
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 291
TEASE / CISTICERCOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
O complexo teníase/cisticercose constitui-se de duas entidades mórbidas
distintas, causadas pela mesma espécie de cestódio, em fases diferentes
do seu ciclo de vida. A teníase é provocada pela presença da forma adulta
da Taenia solium ou da Taenia saginata, no intestino delgado do homem.
A cisticercose é causada pela larva da Taenia solium nos tecidos, ou seja, é
uma enfermidade somática. A teníase é uma parasitose intestinal que pode
causar dores abdominais, náuseas, debilidade, perda de peso, atulência,
diarréia ou constipação. Quando o parasita permanece na luz intestinal, o
parasitismo pode ser consideraddo benigno e só, excepcionalmente, requer
intervenção cirúrgica por penetração em apêndice, colédoco, ducto pancre-
ático, devido ao crescimento exagerado do parasita. A infestação pode ser
percebida pela eliminação espontânea nas fezes de proglotes do verme. Em
alguns casos, podem causar retardo no crescimento e no desenvolvimento
das crianças, e baixa produtividade no adulto. As manifestações clínicas
da cisticercose (larvas da Taenia solium) dependem da localizão, tipo
morfológico, número de larvas que infectaram o indivíduo, da fase de
desenvolvimento dos cisticercos e da resposta imunológica do hospedeiro.
As formas graves estão localizadas no sistema nervoso central e apresentam
sintomas neuro-psiquiátricos (convulsões, distúrbio de comportamento,
hipertensão intracraneana) e oftálmicos.
Sinonímia
Solitária, lombriga na cabeça.
Agente etiológico
Taenia solium é a tênia da carne de porco e a Taenia saginata é a da carne
bovina. Esses dois cestódeos causam doea intestinal (teníase) e os ovos
da T. solium desenvolvem infeões somáticas (cisticercose).
Reservatório
O homem é o único hospedeiro denitivo da forma adulta da Taenia
solium e da Taenia saginata. O suíno doméstico ou javali é o hospedeiro
intermediário da T. solium e o bovino é o hospedeiro intermediário da
T. saginata, por apresentarem a forma larvária (Cysticercus cellulosae e C.
bovis, respectivamente) nos seus tecidos.
Teníase / Cisticercose
CID 10: B68 A B69
64
290 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 291
TEASE / CISTICERCOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Modo de transmissão
A teníase é adquirida através da ingesta de carne de boi ou de porco mal
cozida, que contém as larvas. Quando o homem ingere, acidentalmente, os
ovos de T. solium, adquire a cisticercose. A cisticercose humana por ingestão
de ovos de T. saginata não ocorre ou é extremamente rara.
Peodo de incubão
Da cisticercose humana, varia de 15 dias a anos após a infecção. Para a
teníase, em torno de 3 meses após a ingesta da larva, o parasita adulto já é
encontrado no intestino delgado humano.
Peodo de transmissibilidade
Os ovos das tênias permanecem viáveis por vários meses no meio ambiente,
que é contaminado pelas fezes de humanos portadores de teníase.
Complicações
Da teníase: obstrão do apêndice, colédoco, ducto pancreático. Da cisti-
cercose: decência visual, loucura, epilepsia, entre outros.
Diagnóstico
É clínico, epidemiológico e laboratorial. Como a maioria dos casos de tení-
ase é oligossintomático, o diagnóstico comumente é feito pela observação
do paciente ou, quando crianças, pelos familiares. Isso porque os proglotes
são eliminados espontaneamente e, nem sempre, são detectados nos exames
parasitológicos de fezes. Para se fazer o diagnóstico da espécie, em geral, co-
leta-se material da região anal e, através do microscópio, diferencia-se mor-
fologicamente os ovos da tênia dos demais parasitas. Os estudos sorológicos
especícos (xação do complemento, imunouorescência e hemaglutinação)
no soro e líquido cefalorraquiano conrmam o diagnóstico da neurocisti-
cercose, cuja suspeita é feita através de exames de imagem (RX, tomograa
computadorizada e ressonância nuclear magnética de cisticercos calcica-
dos). A biópsia de tecidos, quando realizada, possibilita a identicação mi-
croscópica da larva.
Diagnóstico diferencial
Na neurocisticercose, tem-se que fazer diagnóstico diferencial com distúrbios
psiquiátricos e neurológicos (principalmente epilepsia por outras causas).
Tratamento
a) Teníase - Mebendazol - 200mg, 2 vezes ao dia, por 3 dias, VO; niclosamida
ou clorossalicilamida - adulto e criança com 8 anos ou mais, 2g e crianças de 2
a 8 anos, 1g, VO, dividido em duas tomadas; praziquantel, VO, dose única, 5 a
10mg/kg de peso corporal; albendazol, 400mg/dia, durante 3 dias.
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TEASE / CISTICERCOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 293
TEASE / CISTICERCOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
b) Neurocisticercose - Praziquantel, na dose de 50mg/kg/dia, durante
21 dias, associado à dexametasona para reduzir a resposta inamatória,
conseqüente à morte dos cisticercos. Pode-se usar também albendazol,
15 mg/dia, durante 30 dias, dividido em 3 tomadas diárias, associado a
100mg de metilpredinisolona, no primeiro dia de tratamento, a partir do
qual se mantém 20mg/dia, durante os 30 dias. O uso de anticonvulsivan-
tes, às vezes, se impõe, pois cerca de 62% dos pacientes são portadores de
epilepsia associada.
Caractesticas epidemiológicas
A Arica Latina tem sido apontada por vários autores como área de prevalência
elevada de neurocisticercose, que está relatada em 18 países latino-americanos,
com uma estimativa de 350.000 pacientes. A situação da cisticercose suína nas
Américas não esbem documentada. O abate clandestino de suínos, sem ins-
peção e controle sanitário, é muito elevado na maioria dos países da América
Latina e Caribe, sendo a causa fundamental a falta de noticação. No Brasil, a
cisticercose tem sido cada vez mais diagnosticada, principalmente nas regiões
Sul e Sudeste, tanto em serviços de neurologia e neurocirurgia quanto em estu-
dos anatomopatogicos. A baixa ocorrência de cisticercose em algumas áreas
do Brasil, como por exemplo nas regiões Norte e Nordeste, pode ser explicada
pela falta de noticação ou porque o tratamento é realizado em grandes centros,
como São Paulo, Curitiba, Brasília e Rio de Janeiro, o que diculta a identica-
ção da procedência do local da infecção. O Ministério da Saúde registrou um
total de 937 óbitos por cisticercose no período de 1980 a 1989. Até o momento
o existem dados disponíveis para que se possa denir a letalidade do agravo.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivo
Manter permanente articulação entre a vigilância sanitária do setor saúde e das
secretarias de agricultura, visando adoção de medidas sanitárias preventivas.
Noticação
Não é doença de noticação compulsória. Entretanto, os casos diagnos-
ticados de teníase e neurocisticercose devem ser informados aos serviços
de saúde, visando mapear as áreas afetadas, para que se possa adotar as
medidas sanitárias indicadas.
Denão de caso
Teníase - Indivíduo que elimina proglotes de tênia.
Cisticercose - paciente suspeito, com ou sem sintomatologia clínica, que
apresenta imagens radiológicas suspeitas de cisticercos; paciente suspeito
292 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
TEASE / CISTICERCOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 293
TEASE / CISTICERCOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
com sorologia positiva para cisticercose e/ou exames por imagem sugesti-
vos da presença dos cistos.
Medidas de controle
a) Trabalho educativo da população - Uma das medidas mais ecazes no
controle da teníase/cisticercose é a promoção de extenso e permanente
trabalho educativo nas escolas e nas comunidades. A aplicação prática dos
princípios básicos de higiene pessoal e o conhecimento dos principais meios
de contaminação constituem medidas importantes de prolaxia. O trabalho
educativo da população deve visar à conscientização, ou seja, a substituição de
hábitos e costumes inadequados e adoção de outros que evitem as infecções.
b) Bloqueio de foco do complexo teníase/cisticercose - Foco do complexo
teníase/cisticercose pode ser denido como sendo a unidade habitacional com
pelo menos: indivíduos com sorologia positiva para cisticercose; um indiví-
duo com teníase; um indidíduo eliminando proglótides; um indivíduo com
sintomas neurológicos suspeitos de cisticercose; animais com cisticercose
(suína/bovina). Serão incluídos no mesmo foco outros núcleos familiares que
tenham tido contato de risco de contaminação. Uma vez identicado o foco,
os indivíduos deverão receber tratamento com medicamento especíco.
c) Inspeção e scalizão da carne - Essa medida visa reduzir, ao menor
vel possível, a comercializão ou o consumo de carne contaminada por
cisticercos e orientar o produtor sobre medidas de aproveitamento da car-
caça (salga, congelamento, graxaria, conforme a intensidade da infecção),
reduzindo perdas nanceiras e dando segurança para o consumidor.
d) Fiscalização de produtos de origem vegetal - A irrigação de hortas e poma-
res com água de rios e córregos, que recebam esgoto ou outras fontes de águas
contaminadas, deve ser coibida através de rigorosa scalização, evitando a co-
mercialização ou o uso de vegetais contaminados por ovos de Taenia.
e) Cuidados na suinocultura - Impedir o acesso do suíno às fezes huma-
nas e a água e alimentos contaminados com material fecal: essa é a forma
de evitar a cisticercose suína.
f) Isolamento - Para os indivíduos com cisticercose ou portadores de teníase,
não há necessidade de isolamento. Para os portadores de teníase, entretanto,
recomenda-se medidas para evitar a sua propagação: tratamento especíco,
higiene pessoal adequada e eliminação de material fecal em local adequado.
g) Desinfecção concorrente - É desnecessária, porém é importante o controle
ambiental através da deposição correta dos dejetos (saneamento básico) e
rigoroso hábito de higiene (lavagem das mãos após evacuações, principal-
mente).
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 295
TANO ACIDENTAL - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
É uma toxinfecção grave causada pela toxina do bacilo tetânico, introdu-
zido no organismo através de ferimentos ou lesões de pele OU MUCOSA.
Clinicamente, o tétano acidental se manifesta por: diculdade de deglutição
(disfagia) hipertonia mantida dos músculos masséteres (trismo e riso sar-
dônico) dos músculos do pescoço (rigidez de nuca), contratura muscular
da região dorsal (opistótono); rigidez muscular progressiva, atingindo os
músculos reto-abdominais (abdome em tábua) e o diafragma, levando à
insuciência respiratória. podendo evoluir com contraturas generalizadas.
As crises de contraturas geralmente são desencadeadas por estímulos lumi-
nosos, sonoros, alterações de temperatura e as manipulações do doente.
Agente etiológico
Clostridium tetani, bacilo gram positivo, anaeróbio esporulado, produtor
de várias exotoxinas, sendo a responsável pelas contraturas musculares a
tetanopasmina.
Reservatório
O bacilo se encontra no trato intestinal do homem e dos animais, solos agri-
culturados, pele e/ou qualquer instrumento contendo poeira e/ou terra.
Modo de transmissão
A transmiso ocorre pela introdução dos esporos em uma solução de
continuidade (ferimento), contaminado com terra, poeira, fezes de ani-
mais ou humanas. Queimaduras podem ser a porta de entrada devido à
desvitalizão dos tecidos. A presea de tecidos necrosados favorece o
desenvolvimento do agente anaeróbico.
Peodo de incubão
Varia de 2 a 21 dias, geralmente em torno de 10 dias, podendo chegar a
mais de 30 dias. Quanto menor o tempo de incubação, maior a gravidade
e pior o progstico.
Peodo de transmissibilidade
O tétano não é doença contagiosa, portanto não é transmitida diretamen-
te de pessoa a pessoa.
CID 10: A35
Tétano Acidental
65
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Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 295
TANO ACIDENTAL - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Complicações
Parada respiratória e/ou cardíaca, disfunção respiratória, infecções secunrias,
diasautonomia; crise hipertensiva, taquicardia, fratura de vértebras, hemorra-
gias digestiva, intracraniana, edema cerebral,ebite e embolia pulmonar.
Diagnóstico
Clínico-epidemiológico, não dependendo de conrmão laboratorial.
Diagnóstico diferencial
As principais são trismo, tetania por outras causas, raiva, histeria.
Tratamento
Internação em quarto silencioso, em penumbra, com redução máxima dos
estímulos auditivos, visuais, táteis e outros; sedativos (benzodiazepínicos)
e miorrelaxantes; soro antitetânico (SAT) ou imunoglobulina humana an-
titetânica (IGHAT); antibioticoterapia; desbridamento e limpeza dos focos
suspeitos; cuidados gerais no equilíbrio do estado cnico. Lembrar que o
paciente tenico, particularmente nas formas mais graves, deve ser, de pre-
ferência, tratado em unidades de terapia intensiva, com medidas terapêuti-
cas que impeçam ou controlem as complicações (respiratórias, infecciosas,
circulatórias, metabólicas), que comumente levam o paciente ao óbito.
TRATAMENTO
A – NEUTRALIZAÇÃO DA TOXINA
SAT e/ou IGHAT (Soro Anti-tetânico e/ou Imunoglobulina Humana
Anti-tetâncica)
Proceder conforme esquema a seguir:
Dosagem Via de Administração Observação
SAT
10.000 a
20.000UI
IM ou EV
Se IM administrar em
duas massas muscula-
res diferentes
Se EV diluir em Soro
Glicosado a 5% com
gotejamento lento
IGHAT
1.000 a
3.000UI
Somente IM por conter
conservante
Administrar em duas
massas musculares
diferentes
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TANO ACIDENTAL - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 297
TANO ACIDENTAL - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
B – ERRADICÃO DO CLOSTRIDIUM TETANI
Desbridamento do foco de infeão e uso de antimicrobianos. O trata-
mento cirúrgico do foco de infecção deve ser precedido do uso da anti-
toxina tetânica e é de grande importância a retirada de corpos estranhos,
tecidos desvitalizados. A ferida deve ser limpa com substâncias oxidantes
gua oxigenada) ou anti-ptica e mantê-la aberta.
I – Antibticoterapia Dosagem
Via de
adminis-
tração
Esquema Duração
1 – Penicilina G.
Cristalina
100.000 a
200.000Uikg/
dia
EV 4/4 horas 7 a 10 dias
2 – Metronidazol 1,5g a 2g/dia EV 8/8 horas 7 a 10 dias
II - Sedativos/
Miorrelaxantes
10mg EV 12/12 horas
até 1/1
hora
Até controlar
as contratu-
ras, atenção
quanto ao
risco de
depreso
respiraria
1 – Diazepan
2 – Clorpromazina
Indicado quando não
houver resposta
satisfaria com o
diazepan (90 a 120mg/dia)
Adultos
(12,5 a 25mg)
Criança 0,5 a
1mg/kg/dose
EV
12/12h ou
até 6/6h
12/12h ou
até 6/6h
Até controlar
as crises de
contraturas
3 – Midazolan
(em substituição
ao diazepan)
5 a 15mg EV
1 hora ou
mais
Usar em
bomba de
infusão.
296 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
TANO ACIDENTAL - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 297
TANO ACIDENTAL - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
C – MEDIDAS GERAIS
- Internar em quarto individual, de prefencia, com redução
acústica, luminosidade, e temperatura;
- Instalação de oxigênio, aparelhos de aspiração e de suporte
ventilatório;
- Manipulação somente o necessário;
- Assisncia por equipe multiprossional e especializada;
- Punção venosa (profunda ou disseão de veia);
- Sedar o paciente antes de qualquer procedimento;
- Manter as vias aéreas permeáveis (entubar caso necessário,
para facilitar a aspiração de secreções);
- Hidratação adequada;
- Analgésico para aliviar a dor ocasionada pela contratura
musculares;
- Administrar anti-histamínico antes do SAT (caso optar por
esse procedimento);
- Pacientes com risco de trombose venosa profunda e idosos
utilizar heparina de baixo peso molecular (5.000UI 12/12h
subcutânea;
- Prevenção de escaras - mudança de decúbito 2/2 h;
- Noticar o caso ao servo de vigilância epidemiológica da
Secretaria Municipal de saúde.
Caractesticas epidemiológicas
A distribuição anual da doença não apresenta variação sazonal denida. Ape-
sar da incidência universal, o tétano é relativamente mais comum em países
subdesenvolvidos, com baixo desenvolvimento sócio-econômico e cultural
da população. Atinge pessoas sem ou com esquema vacinal desatualizado,
ocorre tanto em área urbana e rural, com predomínio em pessoas residentes
em zona urbana. Sua ocorrência está relacionada com as atividades prossio-
nais que tem risco de ferimento, pelas condições inadequadas de condições de
trabalho. Geralmente afeta pessoas susceptíveis associadas as condições favo-
ráveis para desencadeamento da doença. Tratamento prolático inadequado
de ferimento também pode favorecer o aparecimento do tétano.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivo
Monitorizar a situão epidemiológica do tétano acidental no país; avaliar
o sistema de vigincia epidemiológica; produzir e disseminar informação
epidemiológica.
Noticação
Doea de noticão compulsória.
Denão de caso
a) Suspeito - Todo paciente que apresenta trismo e ou contraturas muscu-
lares localizadas ou generalizadas, que não se justiquem por outras etio-
logias, deve ser suspeito de tétano, particularmente na ausência de história
vacinal adequada. A falta de ferimento sugestivo de porta de entrada não
TANO ACIDENTAL - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
afasta a suspeita, pois nem sempre se detecta a porta de entrada do bacilo.
b) Conrmado - Todo caso suspeito que apresenta um ou mais dos seguintes
sinais/sintomas, que não se justiquem por outras etiologias: hipertonia dos
masséteres (trismo), disfagia, contratura dos músculos da mímica facial (riso
sardônico, acentuação dos sulcos naturais da face, pregueamento frontal, di-
minuição da fenda palpebral), rigidez abdominal (abdome em tábua) contra-
tura da musculatura paravertebral (opistótono), da região cervical (rigidez da
nuca), de membros (diculdade para deambular), independente da situação
vacinal prévia, história prévia de tétano e de detecção de solução de continui-
dade da pele ou mucosa. A lucidez do paciente reforça o diagnóstico
Medidas de Controle
a) Vacinação - Manter altas coberturas vacinais da populão de risco: pes-
soas portadoras de úlceras de pernas crônicas, mal perfurante plantar de-
corrente de hanseníase e os trabalhadores de risco, tais como agricultores,
operários, da construção civil, indústria, donas de casa, aposentados;
Esquema vacinal de rotina - Em crianças abaixo de 7 anos usar vacina DTP no
, e 6º meses. Refoos (DT) aos 15 meses e com dT ou TT a cada 10 anos.
b) Prolaxia - Em relão à necessidade de imunizão ativa e passiva, o
quadro a seguir resume os procedimentos recomendados.
Observões - o focos em potencial de contaminação pelo bacilo: fe-
rimentos de qualquer natureza contaminados por poeira, terra, fezes de
animais ou humanas; fraturas expostas, com tecidos dilacerados e corpos
estranhos; queimaduras; mordeduras por animais. Todo ferimento sus-
peito deve ser lavado com água e sabão, além de desbridamento. Após a
remoção de tecido necrosado e de corpos estranhos, deve-se fazer limpeza
com água oxigenada. Ressalta-se que não é indicado o uso de Penicilina
Benzatina no tratamento do foco de infecção., porque não é ecaz.
c) Educação continuada da populão em geral e a melhoria das con-
dões sócio-econômicas e culturais são fundamentais no controle do
tano.
ESQUEMA DE CONDUTAS PROFILÁTICAS DE ACORDO COM O TIPO DE FERIMEN-
TO E HISTÓRIA VACINAL
298 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
TANO ACIDENTAL - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
O Tétano Neonatal (TNN) é uma doença infecciosa aguda, grave, o
transmisvel e imunoprevenível. Acomete o recém-nascido com maior
freqüência na primeira semana de vida (60%) e nos primeiros quinze dias
de vida (90%). Os casos de TNN, em geral, eso associados a problemas
de acesso a serviços de saúde de qualidade.
Sinonímia
Mal de 7 dias, tétano umbilical.
Agente etiológico
Clostridium tetani, bacilo gram positivo, anaeróbico e esporulado produ-
tor de várias toxinas, sendo a tetanopasmina a responsável pelo quadro de
contratura muscular.
Reservatório
O bacilo é encontrado no trato intestinal dos animais, especialmente do
homem e do cavalo. Os esporos encontram-se no solo contaminado por
fezes, na pele, poeira, entre outros.
Modo de transmissão
Por contaminão durante a secção do cordão umbilical ou dos cuidados
inadequados do coto umbilical, e/ou quando se utilizam subsncias e
instrumentos contaminados com esporos e/ou a própria falta de higiene
nos cuidados do rem-nascido.
Peodo de incubão
Aproximadamente 7 dias, podendo ser de 2 a 28 dias de vida.
Peodo de transmissibilidade
Não é doença contagiosa. Portanto, não é transmitida de pessoa a pessoa.
Complicações
Disfuão respiratória, infeões secundárias, disautonomia, taquicardia,
crise de hiperteno arterial, parada cardíaca, miocardite tóxica, embolia
pulmonar, hemorragias, fraturas de vértebras, dentre outras.
Diagnóstico
Eminentemente clínico-epidemiológico, não depende conrmação laboratorial.
Tétano Neonatal
CID 10: A33
66
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 299
300 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
TANO NEONATAL - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 301
TANO NEONATAL - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Diagnóstico diferencial
Septicemia, meningites, hipoparatireoidismo, hipocalcemia, hipoglice-
mia, alcalose, intoxicão por estricnina, encefalite, peritonites, distúr-
bios metalicos transitório, leo intracraniana secundária ao parto.
Tratamento
Manter o paciente sob vigincia; sedar antes de qualquer procedimento
(uso de sedativos e miorrelaxantes de ão central ou periférica); medidas
gerais que incluem manutenção de vias aéreas permeáveis (entubar para
facilitar a aspirão de secreções), hidratão, redução de qualquer tipo
de estímulo externo, alimentão por sonda. analgésicos; uso de antihis-
tamínico prévio à administrão do soro antitetânico (SAT) 10.000 a
20.000UI, IV, diluídos em soro glicosado a 5%, em gotejamento por 2 a 4
horas, ou imunoglobulina humana antitetânica (IGHAT), 500 a 1.000UI,
dose única, somente via IM, (devido a existência de conservante). Anti-
bioticoterapia: no caso de infeão do coto umbilical, a escolha é penicili-
na G cristalina, 200.000UI/kg/dia, IV, 6/6 horas, por 10 dias.
Caractesticas epidemiológicas
O tano neonatal é uma doença praticamente eliminada nas reges de
adequado desenvolvimento econômico e social, mas ainda permanece
como importante problema de saúde pública nas reges mais pobres do
mundo. A letalidade média no Brasil encontra-se em torno de 68%.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivo
Eliminação da doença no país.
Noticação
Doea de noticão compulsória e investigação obrigatória.
Denão de caso
a) Suspeito - Todo recém-nascido que nasceu bem, sugou normalmente
nas primeiras horas e entre o e o 2 dia de vida, após o nascimento,
apresenta diculdade em mamar, independente do estado vacinal da mãe,
do local e das condões do parto. Considera-se também suspeito todos
óbitos nessa mesma faixa etária com essas mesmas características com
diagnóstico indenido ou ignorado;
b) Conrmado - Todo recém-nascido que nasceu bem, sugou bem nas
primeiras horas e a partir do ao 28º dia de vida apresenta diculdade
evoluindo para deixar de mamar e apresenta dois ou mais dos seguintes
300 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
TANO NEONATAL - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 301
TANO NEONATAL - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
sinais/sintomas: trismo, contratura dos músculos da mica facial, olhos
cerrados, pele da fronte pregueada, lábios contraídos, hiperexão dos mem-
bros superiores junto ao tórax, hiperextensão dos membros inferiores, cri-
ses de contraturas musculares, com inamação ou não do coto umbilical.
c) Descartado - Todo caso suspeito, que após a investigação epidemioló-
gica não preencher os critérios de conrmação de caso.
Busca Ativa - Sistematicamente deve-se realizar a busca ativa, particular-
mente em áreas consideradas de risco, silenciosa, onde há rumores, onde a
noticação é inconsistente e irregular ou que não tem noticado caso. Ati-
vidades de busca ativa devem incluir revisão de prontuários de hospitais e
clínicas, registros de igrejas, cemitérios e cartórios, conversas com pediatras,
ginecologistas, obstetras, enfermeiros, parteiras e líderes comunitários.
Conduta frente a um caso - Encaminhar a mãe para vacinão; divulgar
a ocorncia do caso aos gestores, aos prossionais de saúde (avaliar as
falhas que favoreceram a ocorncia da doea, após corrigi-las) e líderes
comunitários e envolvê-los na vigilância e ações de prevenção permanen-
te da doea; promover vacinação em MIF esquema completo; cadas-
tramento e treinamento de parteiras tradicionais atuantes; fazer busca
ativa de posveis outros casos investigando todos os óbitos ocorridos em
menores de 28 dias de vida, sem diagstico denido.
Medidas de controle
Desde 1989, após resolução da Organizão Mundial da Saúde-OMS para
eliminão do tétano neonatal no mundo, o Brasil elaborou e implantou
o Plano Nacional de Eliminação, tendo por estratégias principais a vaci-
nação de 100% das mulheres em idade fértil, gestantes e não gestantes,
melhoria da cobertura e qualidade do pré-natal e da atenção ao parto e
puerpério, e o cadastramento e capacitação das parteira curiosas tradi-
cionais atuantes em locais de difícil acesso, visando eliminar a ocorrência
dessa doea. Divulgar, junto à população em geral, as formas de preven-
ção do tano neonatal orientando quanto a não utilizão de medidas
caseiras no tratamento do coto umbilical e reforçando que a limpeza
do mesmo deve ser feita com água e sabão, secar bem e, se posvel, usar
álcool a 70%.
TOXOPLASMOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
A toxoplasmose é uma zoonose cosmopolita, causada por protozoário. Apre-
senta quadro clínico variado, desde infecção assintomática a manifestações
sistêmicas extremamente graves. Do ponto de vista prático, é importante
fazer uma distinção entre as manifestações da doença, quais sejam:
Toxoplasmose febril aguda - Na maioria das vezes a infecção inicial é as-
sintotica. Porém, em muitos casos, a infecção pode generalizar-se e ser
acompanhada de exantema. As vezes, sintomas de acometimento pulmonar,
miocárdico, hetico ou cerebral o evidentes. As lesões resultam da prolifera-
ção rápida dos organismos nas células hospedeiras e, quando manifestações
clínicas, essas m evolução benigna. casos em que ocorrem pneumonia
difusa, miocardite, miosite, hepatite, encefalite e exantema culo-papular.
Linfadenite toxoplásmica - Geralmente, o quadro se caracteriza por linfa-
denopatia localizada, especialmente em mulheres e, em geral, envolvendo
os nódulos linfáticos cervicais posteriores ou, mais raramente, linfadeno-
patia generalizada. Este quadro é capaz de persistir por uma semana ou um
mês e pode assemelhar-se à mononucleose infecciosa acompanhada por
linfócitos atípicos no sangue periférico. A linfadenite regional pode estar
relacionada à porta de entrada, durante a síndrome febril aguda.
Toxoplasmose ocular - A coriorretinite é a lesão mais freqüentemente asso-
ciada à toxoplasmose, e, em 30 a 60% dos pacientes com esta enfermidade,
pode-se atribuir a etiologia ao toxoplasma. Dois tipos de lesões de retina po-
dem ser observados - a) retinite aguda, com intensa inamação; e b) retinite
crônica com perda progressiva de visão, algumas vezes chegando à cegueira.
Toxoplasmose neonatal - Resulta da infeão intra-uterina, variando de assinto-
mática à letal, dependendo da idade fetal e de fatoreso conhecidos. Os achados
comuns o prematuridade, baixo peso, coriorretinite pós-maturidade, estrabismo,
ictecia e hepatomegalia. Se a infecção ocorreu no último trimestre da gravidez, o
recém-nascido pode apresentar, principalmente, pneumonia, miocardite ou hepa-
tite com icterícia, anemia, plaquetopenia, coriorretinite, ausência de ganho de peso
ou pode permanecer assintomático. Se ocorreu no segundo trimestre, o bebê pode
nascer prematuramente, mostrando sinais de encefalite com convulsões, pleocitose
do quor e calcicações cerebrais. Pode apresentar a Tétrade de Sabin: microcefalia
com hidrocefalia, coriorretinite, retardo mental e calcicações intracranianas.
CID 10: B58
Toxoplasmose
67
302 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
TOXOPLASMOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Toxoplasmose no paciente imunodeprimido - Os cistos do toxoplasma
persistem por um período indenido e qualquer imunossupressão signi-
cativa pode ser seguida por um recrudescimento da toxoplasmose. As lesões
são focais e vistas com maior freqüência no cérebro e, menos freqüentemen-
te, na retina, miocárdio e pulmões. As condições mais comumente associa-
das a essa forma são: aids, doença de Hodgkin e uso de imunossupressores.
Toxoplasmose e gravidez - Uma vez que a infecção da mãe é usualmente assin-
tomática, geralmente o é detectada. Por isso, tem-se sugerido a realização de
testes sorogicos na gestação, durante o acompanhamento p-natal. Quando
o diagnóstico é realizado deve ser instituída a quimioterapia adequada.
Sinonímia
Doea do gato.
Diagnóstico
Baseia-se na associação das manifestações clínicas com a conrmação através
de estudos sorológicos, ou da demonstração ou detecção do agente em tecidos
ou líquidos corporais em lâminas coradas por Wright-Giemsa ou imunohis-
toquímica, a partir de biópsia ou necrópsia, testes biomoleculares, ou pela
identicação em ensaios experimentais em animais ou em cultivos celulares.
O aumento dosveis de anticorpos da classe IgG acima de 1:2048 indica a pre-
sença de infecção ativa, sendo extremamente importante ser acompanhada da
testagem para anticorpos da classe IgM em sorologias pareadas. veis de anti-
corpos IgG baixos e estáveis (1:2 a 1:500), podem representar infecções crônica,
passada ou persistente. Um teste negativo praticamente descarta uma condição
clínica suspeita, sendo necessário nova sorologia para descarte com oito a dez
dias depois da primeira.
Agente etiológico
Toxoplasma gondii, um protozoário coccídio intracelular, e pertencente à
família Sarcocystidae, na classe Sporozoa.
Reservatório
Os hospedeiros denitivos de T. gondii são os gatos e outros felídeos. Os
hospedeiros intermediários são os homens e mamíferos não felinos.
Modo de transmissão
O homem adquire a infecção por ts vias
a) A ingestão de oocistos provenientes do solo, areia, latas de lixo contami-
nados com fezes de gatos infectados;
b) Ingestão de carne crua e mal cozida infectada com cistos, especialmen-
te carne de porco e carneiro;
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 303
TRACOMA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 305
TOXOPLASMOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
c) Infecção transplacentária, ocorrendo em 40% dos fetos de mães que
adquiriram a infecção durante a gravidez;
Peodo de incubão
De 10 a 23 dias, quando a fonte é a ingeso de carne; de 5 a 20 dias quando
se relaciona com o contato com animais.
Peodo de transmissibilidade
Não se transmite diretamente de uma pessoa a outra, com excão das
infeões intra-uterina. Os oocistos expulsos por felídeos esporulam e se
tornam infectantes depois de um a cinco dias, e podem conservar esta
condão durante um ano.
Diagnóstico diferencial
Citomegalovírus, malformações congênitas, lis, rubéola, herpes, aids,
kernicterus, neurocisticercose, outras doeas febris.
Tratamento
O tratamento especíco nem sempre é indicado nos casos em que o hospe-
deiro é imunocompetente, exceto em infeão inicial durante a gestão
ou na vigência de comprometimento de outros órgãos como coriorretini-
te, miocardite. Recomenda-se o tratamento em gestantes, recém nascidos
e pacientes imunodeprimidos.
ESQUEMA TERAPÊUTICO
Nos 3 primeiros dias
de tratamento
Do 4
º
dia
em diante
Tempo de
Tratamento
Adultos
Pirimetamina
Sulfadiazina
75 a 100mg
500 a 1.000mg,
2-4x/dia
25-50mg
500-1.000mg,
2-4x/dia
4 a 6 semanas
Ácido fonico 5-10mg/dia 5-10mg/dia
Crianças
Pirimetamina
Sulfadiazina
2 mg/kg
25 mg/kg/dia. 4x/dia
1 mg/dia
25 mg/kg/dia.
4x/dia
4 semanas
Ácido fonico 1 mg 1 mg
304 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
TRACOMA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 305
TOXOPLASMOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Gestante - Utilizar espiramicina, 750 a 1.000mg, VO, a cada 8 horas, ou a
clindamicina, VO, na dose de 600mg a cada 6 horas. Na forma ocular para
reduzir a necrose e inamação e minimizar a cicatriz, utiliza-se 40mg/dia
de prednisona, por 1 semana, e 20mg/dia, por outras 7 semanas. Está con-
tra-indicado o uso de pirimetamina no trimestre, pois é teratogênica, e
de sulfadiazina, no 3º trimestre, pelo risco de desenvolver kernicterus.
Caractesticas epidemiológicas
Doença universal, estima-se que 70% a 95% da população estão infectados.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivo
Não é doença objeto de ações de Vigincia Epidemiológica, entretanto,
possui grande importância para a saúde pública devido a sua prevalência,
apresentação em pacientes com aids e pela gravidade dos casos congênitos.
Noticação
Não é doea de noticão compulsória.
Medidas de controle
Evitar o uso de produtos animais crus ou mal cozidos (caprinos e bovinos);
eliminar as fezes dos gatos infectados em lixo seguro; proteger as caixas de
areia, para que os gatos não utilizem; lavar as mãos após manipular carne
crua ou terra contaminada; evitar contatos de grávidas com gatos.
Recomendão - Em virtude dos altos índices de infecção pelo T. gondii
na populão em geral, onde geralmente os indivíduos imunocompeten-
tes não desenvolvem a doença, é imperativo que, na vigência da toxoplas-
mose doea, o paciente seja avaliado quanto a possível associão com
imunodecncia. Com o surgimento da aids, tem aumentado o mero
de casos de toxoplasmose. Esses pacientes, após o tratamento especíco e a
cura clínica, devem receber tratamento prolático pelo resto da vida.
TRACOMA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 307
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
É uma afecção inamaria ocular crônica, ceratoconjuntivite crônica recidivan-
te, de começo insidioso ou súbito, que pode persistir durante anos se não for tra-
tada. Em áreas hiperendêmicas, em decorrência de infecções repetidas, produz
cicatrizes na conjuntiva palpebral superior. No início, o paciente pode apresentar
fotofobia, blefaropasmo, lacrimejamento e sensação de areia nos olhos, com ou
sem secreção. Evolui para hipertroa papilar como conseqüência da presença de
folículos e inamação difusa da mucosa, principalmente da conjuntiva tarsal,
que cobre alpebra superior. Essa inamação crônica resulta em vasculariza-
ção supercial darnea (pannus) e cicatrizes na conjuntiva (traduzidas por es-
trias brancas em forma de rede), que se intensicam com a gravidade e duração
da infecção. Essas cicatrizes evoluem para deformidades palpebrais e dos cílios
(entrópio e triquíase) que, por sua vez, determinam a abrasão crônica da córnea,
com diminuição progressiva da visão e, casoo sejam tratadas, evoluem até a
cegueira. As infecções bacterianas secunrias o freentes e as secreções que
se formam contribuem para aumentar a transmissibilidade da doença.
Sinonímia
Conjuntivite granulomatosa.
Agente etiológico
Chlamydia trachomatis, uma bacria Gram-negativa, das sorovariedades
A, B, Ba e C.
Reservatório
O homem com infeão ativa na conjuntiva ou outras mucosas.
Modo de transmissão
Contato direto, pessoa a pessoa, ou contato indireto, através de objetos con-
taminados (toalhas, lenços, fronhas). As moscas podem contribuir para a
disseminação da doença por meio de transporte mecânico.
Peodo de incubão
De 5 a 12 dias.
Peodo de transmissibilidade
Enquanto existirem lees ativas nas conjuntivas, que podem durar anos.
Complicações
Entrópio (inversão da borda da pálpebra na direção da rnea) e triquíase (cílios
em posição defeituosa nas margens das lpebras, tocando o globo ocular), ul-
cerações de rnea, astigmatismo irregular, ptose palpebral, xerose e cegueira.
CID 10: A71
Tracoma
68
306 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
TRACOMA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 307
Diagnóstico
É essencialmente clínico-epidemiológico. O exame ocular deve ser feito por
meio de lupa binocular, com 2,5 vezes de aumento. Na presença de sinais ocula-
res característicos, é importante saber a procedência do paciente para se fazer o
vínculo epidemiológico. O diagnóstico laboratorial do tracoma é utilizado para
a constatação do agente etiológico na comunidade e não tem objetivos de con-
rmação de casos, a nível individual. A técnica laboratorial padrão é a cultura,
o sendo utilizada de rotina. Recentemente, tem-se utilizado a imunouores-
cência direta com anticorpos monoclonais, que apresenta alta especicidade e
baixa sensibilidade, disponível em laboratórios da rede pública.
Diagnóstico diferencial
Com as conjuntivites foliculares agudas ou crônicas de qualquer etiologia,
por exemplo: adenovirus, herpes simples, conjuntivite de inclusão do adulto,
molusco contagioso, dentre outras.
Tratamento
Tratamento tópico - pomadas de tetraciclina a 1%, 2 vezes ao dia, durante 6 se-
manas consecutivas Na ausência de tetraciclina ou por hipersensibilidade à mes-
ma, recomenda-se utilizar colírio de sulfa, 4 vezes ao dia, durante seis semanas.
Tratamento sismico - Pacientes com Tracoma Intenso (TI) ou Tracoma
Folicular (TF), ou Tracoma Inamatório (TF/TI), que não respondam bem
ao tratamento tópico:
Eritromicina - 250 mg, quatro vezes ao dia, durante 3 semanas (50 mg/kg/dia) ou
Tetraciclina - 250 mg, 4 vezes ao dia, durante 3 semanas, em maiores de 10 anos;
Doxaciclina - 100 mg/dia, duas vezes ao dia, durante 3 semanas (maiores de 10 anos);
Sulfa - Dois tabletes ao dia, durante 3 semanas; Azitromicina: 2 comprimidos de
500mg, dose única, ou 20 mg/kg peso, para menores de doze anos de idade, em
dose única oral. Em áreas enmicas, onde a proporção de crianças com traco-
ma inamario for maior ou igual a 20%, e/ou a proporção de Tracoma Inten-
so (TI) for maior ou igual a 5%, recomenda-se o tratamento em massa de toda a
população, com tetraciclina 1% pica. Os casos de entrópio palpebral e triquía-
se tracomatosa devem ser encaminhados para avaliação e cirurgia corretiva das
lpebras. Todos os casos de opacidade corneana devem ser encaminhados a
um serviço de referência oftalmológica para medida de sua acuidade visual.
Caractesticas epidemiológicas
Apesar da diminuição acentuada da ocorrência do tracoma nas últimas
cadas, o agravo persiste acometendo especialmente populações caren-
tes de todas as regiões do país, inclusive nas grandes metpoles.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Monitorar a situação epidemiológica do tracoma mediante a realização de
busca ativa dos casos e visita domiciliar dos contatos. Adotar medidas que per-
308 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
TRACOMA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
mitam controlar a disseminação das formas inamatórias(TF/TI) e evitar sua
evolução em formas seqüelares (TS TT e CO), que podem levar à cegueira.
Noticação
O tracoma não é uma doença de noticação compulsória nacional, sendo de
noticação obrigatória em algumas unidades federadas. No entanto, é uma
doença sob vigilância epidemiológica, sendo recomendável a realização de
registros sistemáticos de casos detectados e tratados, o que permite avaliar a
situação epidemiológica, evolução e impacto das ações de controle.
Denão de caso
a) Suspeito - Todo paciente com história de conjuntivite prolongada, ou
que referir sintomatologia ocular de longa durão (ardor, prurido, sen-
sação de corpo estranho, fotofobia, lacrimejamento e secreção ocular),
especialmente na faixa etária de 1 a 10 anos;
b) Conrmado - Qualquer paciente que, ao exame ocular, apresentar um
ou mais dos seguintes sinais presentes na conjuntiva tarsal superior, des-
prezando as bordas das pálpebras e os cantos:
Inamação Tracomatosa Folicular (TF) - Presença na conjuntiva tarsal
superior de no mínimo 5 folículos medindo mais de 0,5 mm;
Inamação Tracomatosa Intensa (TI) - Predomincia de inltrão e
espessamento difuso da conjuntiva tarsal superior não permitindo a visu-
alização de mais de 50% dos vasos tarsais profundos;
Cicatrização Conjuntival Tracomatosa (TS) - Presença na conjuntiva
tarsal superior de cicatriz (es) de bordas retas, angulares ou estreladas;
Triquíase Tracomatosa (TT) - Quando pelo menos um dos cílios atrita o
globo ocular, ou quando há evidência de remoção de cílios;
Opacicação Corneana (CO) - Opacicação da córnea vivel sobre a
pupila obscurecendo pelo menos uma parte da margem pupilar.
Medidas de controle
a) Relativas à fonte de infecção - Diagnóstico e tratamento individual e
em massa, quando indicado; busca ativa de casos nas escolas, casas e prin-
cipalmente na falia, a partir de um caso-índice, visando tratamento e
conscientização da população. Investigação epidemiológica de casos, prio-
ritariamente em instituições educacionais e/ou assistenciais, e domicílios
que constituem locais de maior probabilidade de transmissão da doença;
b) Educação em saúde - Planejar ações educativas. Buscar apoio dos meios
de comunicação de massa, como forma de divulgação e prevenção da doenç
a, especialmente quanto à lavagem sistemática do rosto. Orientar quanto
ao uso correto da medicação, observação dos prazos de tratamento, e do
comparecimento às consultas clínicas subseqüentes;
c) Articulação intersetorial - Desenvolver medidas de melhoria de habita-
ção, saneamento básico e ampliação de acesso ao abastecimento de água.
308 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
TRACOMA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
A tuberculose é um problema de saúde prioritário no Brasil, que, junta-
mente com outros 21 países em desenvolvimento, alberga 80% dos casos
mundiais da doença. O agravo atinge a todos os grupos etários, com maior
predomínio nos indivíduos economicamente ativos (15-54 anos); Os ho-
mens adoecem duas vezes mais do que as mulheres. Doença infecciosa,
atinge principalmente o pulmão. Após a inalação dos bacilos estes atingem
os alvéolos (primoinfecção), onde provocam uma reação inamatória e
exsudativa do tipo inespecíco. A infecção benigna pode atingir linfonodos
e outras estruturas; em 95% dos indivíduos infectados o sistema imunoló-
gico consegue impedir o desenvolvimento da doença. Em 5% dos indiví-
duos, observa-se a implantação dos bacilos no parenquima pulmonar ou
linfonodos, iniciando-se a multiplicação, originando-se o quadro de tuber-
culose primária. A tuberculose pós-primária ocorre em indivíduos que já
desenvolveram alguma imunidade, através da reativação endógena ou por
reinfecção exógena, sendo a forma pulmonar a mais comum. Os sinais e
sintomas mais freqüentes são: comprometimento do estado geral, febre bai-
xa vespertina com sudorese, inapetência e emagrecimento. Na forma pul-
monar apresenta-se dor torácica, tosse inicialmente seca e posteriormente
produtiva, acompanhada ou não de escarros hemoptoicos. Nas crianças é
comum o comprometimento ganglionar mediastínico e cervical (forma
primária) que se caracteriza por lesões bipolares: parênquima e gânglios.
Nos adultos, a forma pulmonar é a mais freqüente. Pode afetar qualquer
órgão ou tecido, como pleura, linfonodos, ossos, sistema urinário, cérebro,
meninges, olhos, entre outras. A forma extra-pulmonar é mais comum nos
hospedeiros com pouca imunidade, surgindo com maior freqüência em
crianças e indivíduos com infecção por HIV.
Agente Etiológico
Mycobacterium tuberculosis.
Reservatório
O homem (principal) e o gado bovino doente em algumas regiões especícas.
Modo de transmissão
Através da tosse, fala e espirro.
Tuberculose
CID 10: A15 A A19
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 309
69
TUBERCULOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 311
TUBERCULOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Peodo de incubão
A maioria dos novos casos de doença ocorre em torno de 6 a 12 meses após
a infeão inicial.
Peodo de transmissibilidade
Enquanto o doente estiver eliminando bacilos e não houver iniciado o
tratamento. Com o início do esquema terapêutico recomendado, a trans-
missão é reduzida, gradativamente em algumas semanas (duas).
Complicações
Distúrbio ventilatório; infeões respiratórias de repetição; formação de
bronquiectasias; hemoptise; atelectasias; empiemas.
Diagnóstico
São fundamentais os seguintes métodos:
Exame clínico - Baseado nos sintomas e história epidemiológica.
Exame bacteriológico - Baciloscopia de escarro deverá ser indicada para
todos os sintomáticos respiratórios (indivíduo com tosse e expectoração
por três semanas a mais), pacientes que apresentem alterações pulmonares
na radiograa de tórax e os contatos de tuberculose pulmonar bacilíferos.
Recomenda-se, para o diagnóstico, a coleta de duas amostras de escarro: a
primeira amostra é coletada quando o sintomático respiratório procura o
atendimento na unidade de saúde, para aproveitar a presença dele e garantir
a realização deste exame (não é necessário estar em jejum), e a segunda
amostra é coletada na manhã do dia seguinte, assim que o paciente desper-
tar. Também é utilizada para acompanhar, mensalmente, a evolução bacte-
riológica do paciente pulmonar bacilífero, para isso é indispensável que seja
realizado pelo menos, ao nal do 2º, do 4º e do 6º mês de tratamento.
Cultura - É indicada para suspeitos de tuberculose pulmonar com baciloscopia
repetidamente negativa, diagnóstico de formas extrapulmonares, como menín-
gea, renal, pleural, óssea e ganglionar e também para o diagnóstico de todas as
formas de tuberculose em pacientes HIV positivo. Também está indicada para os
casos de tuberculose com suspeita de falência de tratamento e em casos de retrata-
mento para vericação da farmacorresistência nos testes de sensibilidade.
Exame Radiológico de Tórax - Auxiliar no diagstico. Permite medir
a extensão das lesões e avaliação da evolução clinica do paciente ou de
patologias concomitantes.
Prova tuberculínica (PPD) - Auxiliar no diagnóstico de pessoas não vacinadas
com BCG. Indica apenas a presença da infecção e o é suciente para diagnóstico
da doença.
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TUBERCULOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
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TUBERCULOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Exame anátomo-patológico - (histológico e citológico) - Iindicado nas
formas extrapulmonares, através realizão de biópsia.
Exames bioquímicos - Mais utilizados nas formas extrapulmonares, em der-
rame pleural, derrame pericárdico e LCR em meningoencefalite tuberculosa.
Outros - Os exames sorológicos e de biologia molecular são úteis, mas
seus altos custos e complexidade os inviabilizam como exames de rotina.
Diagnóstico diferencial
Abscesso pulmonar por aspiração, pneumonias, micoses pulmonares (pa-
racoccidioidomicose, histoplasmose), sarcoidose e carcinoma brônquico,
dentre outras. Em criaas, causas de adenomegalia mediastino-pulmo-
nar devem ser investigadas.
Tratamento
O tratamento da tuberculose deve ser feito em regime ambulatorial, no servi-
ço de saúde mais próximo à residência do doente. A hospitalização é indicada
apenas para os casos graves ou naqueles em que a probabilidade de abandono
do tratamento é alta, em virtude das condições sociais do doente. O esquema
de tratamento da tuberculose está sintetizado nos quadros a seguir.
ESQUEMA I
2RHZ/4RH* - INDICADO NOS CASOS NOVOS DE TODAS AS FORMAS DE
TUBERCULOSE PULMONAR E EXTRAPULMONAR, EXCETO MENINGITE.
Fases do
Tratamento
Drogas
Peso do Doente
Até 20kg
mg/kg/dia
Mais de
20kg e a
35kg mg/dia
Mais de 35kg
e até 45kg
mg/dia
Mais de
45kg
mg/dia
1
ª
fase
(2 meses)
R
H
Z
10
10
35
300
200
1.000
450
300
1.500
600
400
2.000
2
ª
fase
(4 meses)
R
H
10
10
300
200
450
300
600
400
Siglas: R - Rifampicina H - Isoniazida Z – Pirazinamida
Obs.: a) As drogas deverão ser administradas preferencialmente em jejum, em uma única
tomada, ou, em caso de intolencia digestiva, junto com uma refeão.
b) Em csos individualizados, cuja evolão clinica inicial não tenha sido satisfatória, ou ainda nos
casos de TB extrapulmonar, com a orientação de especialistas, o tempo de tratamento poderá ser
prolongado, na sua 2ª fase, por mais três meses (2RHZ/7RH)
c) Os casos de tuberculose, associados ao HIV, devem ser encaminhados para unidades de refe-
ncia em seu município ou em municípios vizinhos, para serem tratatdos para os dois agravos
(TB/HIV).
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ESQUEMA IR*
2RHZE/4RHE* - CASOS DE RECIDIVA APÓS CURA* OU RETORNO AS
ABANDONO DO ESQUEMA I
Fases do
Tratamento
Drogas
Peso do Doente
Até 20kg
mg/kg/dia
Mais de 20kg
e até 35kg
mg/dia
Mais de
35kg e até
45kg g/dia
Mais de
45kg
mg/dia
1ª fase
(2 meses)
R
H
Z
E
10
10
35
25
300
200
1.000
600
450
300
1.500
800
600
400
2.000
1.200
2ª fase
(4 meses)
R
H
E
10
10
25
300
200
600
450
300
800
600
400
1.200
*Casos de recidiva as cura com o esquema básico; considera-se retratamento a prescrição de
um esquema de drogas para o doente já tratado por mais de 30 dias, que venha a necessitar de
nova terapia or recidiva após cura, retorno após abandono, ou falência do esquema I ou esquema
IR (esquema básico etambutol).
R - Rifampicina H - Isoniazida Z - Pirazinamida E – Etambutol
Obs.: 1) Levar em considerão as indicações de retratamento, discutidas anteriormente.
2) Os recidivantes de esquemas alternativos por toxicidade ao Esquema I devem ser avaliados em
unidade de refencia, para prescrão de esquema individualizado.
3) Havendo alterão visual durante o tratamento, o paciente deverá ser encaminhado para uma
unidade de refencia, com o objetivo de avaliar o uso do etambutol.
ESQUEMA II
2RHZ/7RH* - INDICADO PARA TUBERCULOSE MENINGOENCEFÁLICA
Fases do
Tratamento
Drogas
Peso do Doente
Até 20kg
mg/kg/
dia
Mais de
20kg e a
35kg mg/dia
Mais de
35kg e até
45kg g/dia
Mais de
45kg
mg/dia
1ª fase
(2 meses)
R
H
Z
10
10
35
300
200
1.000
450
300
1.500
600
400
2.000
2ª fase
(4 meses)
R
H
10
10
300
200
450
300
600
400
R - Rifampicina H - Isoniazida Z – Pirazinamida
Obs.: 1) Nos casos de concomincia de tuberculose meningoencefálica com qualquer outra
localização de tuberculose, usar o Esquema II.
2) A internação é mandatória, sempre que se suspeitar de tuberculose meningoencefálica.
3) Nos casos de tuberculose meningoencefálica, em qualquer idade, recomenda-se o uso de cor-
ticosteróides (prednisona, dexametasona ou outros)por um período de 1 a 4 meses, no início do
tratamento.
4) Na criança, a prednisona é administrada na dose de 1 a 2mg/kg de peso corporal, até a dose
máxima de 30mg/dia. No caso de se utilizar outro corticosteróide, aplicar a tabela de equiva-
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ncia entre eles.
5) A sioterapia na tuberculose meningoencelica deverá ser iniciada o mais cedo possível.
ESQUEMA III
3SETEZ/9ETE* - INDICADO NOS CASOS DE FANCIA DO TRATAMENTO
COM O ESQUEMA I E ESQUEMA IR (ESQUEMA I REFORÇADO)
Fases do
Tratamento
Drogas
Peso do Doente
Até
20kg
mg/kg/
dia
Mais de
20kg e a
35kg
Dose total/
dia
Mais de
35kg e até
45kg
Dose total/
dia
Mais de
45kg
Dose total/
dia
1ª fase
(3 meses)
S
Z
E
Et
20
35
25
12
500
1000
600
250
1.000
1.500
800
500
1.000
2.000
1.200
750
2ª fase
(9 meses)
E
Et
25
12
600
250
800
500
1.200
750
*3SEtEZ - 1ª fase (3 meses), 9EtE - 2ª fase (9 meses).
S - Estreptomicina Et - Etionamida Z - Pirazinamida E – Etambutol
Obs.: 1) Os casos de suspeita de falência, aos esquemas I ou IR, devem ser encaminhados à unidade
de referência para avaliação 2) A estreptomicina deve ser usada por via intramuscular (IM). Em situa-
ções especiais pode ser aplicada por via endovenosa (EV), diluída a 50 ou 100 ml de soro siológico,
correndo por um mínimo de  hora.3) Em casos especiais, com diculdades de aceitação de droga
injetável, ou para facilitar seu uso supervisionado na unidade de saúde, o regime de uso da estrepto-
micina pode ser alterado para aplicações de 2ª a feira, por dois meses, e duas vezes semanais, por
mais quatro meses. 4) Em pessoas maiores de 60 anos, a estreptomicina deve ser administrada na
dose de 500mg/dia. 5) Havendo alteração visual durante o tratamento, o paciente deverá ser encami-
nhado para um serviço de referência, com o objetivo de avaliar o uso do Etambutol. 6) É importante
que o paciente tratado com o Esquema III, realize seu tratamento de forma supervisionada.
Caractesticas epidemiológicas
Doença de distribuição universal. No Brasil, estima-se que, do total da
população, mais de 50 milhões de pessoas estão infectados pelo M. tubercu-
losis, com aproximadamente 85 mil novos casos por ano e 5 a 6 mil óbitos
anuais. Ocorre, com maior freqüência, em áreas de grande concentração
populacional e precárias condições sócio-econômicas e sanitárias.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivo
Reduzir a transmissão do bacilo da tuberculose na população, através das
ões de diagnóstico precoce e tratamento. Busca de bacilíferos dentro da
populão de sintomáticos respiratórios e contatos de casos.
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Noticação
Doea de noticão compulsória e investigação obrigatória.
Denão de caso
a) Suspeito - Indivíduo com sintomatologia clínica sugestiva
Tosse com expectorão por 3 ou mais semanas, febre, perda de peso e
apetite, ou suspeito ao exame radiológico. Paciente com imagem compatí-
vel com tuberculose ao exame radiológico;
b) Conrmado, por critério clínico laboratorial
b.1) Tuberculose Pulmonar Bacilífera - Paciente com duas baciloscopias di-
retas positivas, ou uma baciloscopia direta positiva e cultura positiva, ou uma
baciloscopia direta positiva e imagem radiológica sugestiva de tuberculose;
b.2) Escarro negativo - Paciente com duas baciloscopias negativas, com
imagem radiológica sugestiva e achados clínicos ou outros exames comple-
mentares que permitam ao médico efetuar um diagnóstico de tuberculose;
b.3) Extrapulmonar - Paciente com evidências clínicas, achados labo-
ratoriais, inclusive histopatológicos compatíveis com tuberculose extra-
pulmonar ativa, em que o dico toma a decisão de tratar com esquema
especo; ou paciente com, pelo menos, uma cultura positiva para M.
tuberculosis, de material proveniente de localizão extrapulmonar;
c) Conrmado por cririo clínico epidemiológico - A partir dos dados clíni-
cos e epidemiogicos e da interpretação dos resultados dos exames solicitados;
d) Descartado - Caso suspeito que, apesar de sintomatologia compatível,
apresenta resultados negativos aos exames laboratoriais.
Medidas de controle
As medidas de controle baseiam-se, principalmente, na busca de sintomá-
ticos respiratórios, seu diagstico e tratamento.
a) Controle de Contatos - Indicado, prioritariamente, para contatos que
convivam com doentes bacilíferos e adultos que convivam com doentes
menores de 5 anos, para identicação da posvel fonte de infeão. Pa-
cientes internados - Medidas de isolamento respiratório.
b) Vacinação com BCG - A faixa etária preconizada é de 0 a 4 anos (obri-
gatória para menores de 1 ano), iniciar o mais precocemente posvel em
maternidades e salas de vacinão. Está indicada nas criaas HIV-Posi-
tivas assintomáticas e lhos de mães HIV-positivas. Pacientes adultos sin-
tomáticos ou assintomáticos, não deverão ser vacinados, se apresentarem
contagem de linfócitos T (CD4) abaixo de 200 lulas /mm3. Em criaa
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que recebeu o BCG há seis meses ou mais, na qual esteja ausente a cicatriz
vacinal, indica-se a revacinão, sem necessidade de realizão prévia do
teste tubercunico (PPD). A revacinão é recomendada nas faixas etárias
de 6 a 10 anos. Se a primeira dose for aplicada com seis anos e mais, não
há necessidade de revacinação. É contra indicada a vacina nos indivíduos
HIV-positivos sintomáticos, e nos portadores de imunodecncias con-
gênitas ou adquiridas. Os trabalhadores de saúde, não reatores à prova
tuberculínica, que atendam habitualmente tuberculose e AIDS, deverão
tamm ser vacinados com BCG. Recomenda-se adiar a vacinação com
BCG em recém-nascidos com peso inferior a 2 kg; reões dermatológicas
na área da aplicação, doeas graves e uso de drogas imunosupressoras.
Há contraindicação absoluta para aplicar a vacina BCG, nos portadores
de imunodecncias congênitas ou adquiridas. Os eventos adversos o
raros, podendo ocorrer formação de abscesso e/ou ulceração, no local da
aplicão; linfadenite regional, dentre outros.
c) Quimioprolaxia - Consiste na administração de isoniazida em infecta-
dos pelo bacilo (quimioprolaxia secundária) ou não infectados (quimiopro-
laxia primária), na dosagem de 10 mg/kg/dia (a300 mg), diariamente, por
um período de 6 meses. Recomendada em contactantes de bacilíferos, me-
nores de 15 anos, não vacinados com BCG, reatores à prova tuberculínica (10
mm ou mais), com exame radiológico normal e sem sintomatologia clínica
compatível com tuberculose; Recém-nascidos coabitantes de foco bacilífero:
administra-se a quimioprolaxia por três meses e, após esse período, faz-se
a prova tuberculínica na criança. Se ela for reatora, mantém-se a isoniazida
até completar 6 meses; se não for reatora, suspende-se a droga e aplica-se a
vacina BCG; Indivíduos com viragem tuberculínica recente (a 12 meses),
isto é, que tiveram aumento na resposta tuberculínica de, no nimo, 10 mm;
População indígena: neste grupo, a quimioprolaxia está indicada em todo o
contato de tuberculose bacilífera, reator forte ao PPD, independente da idade
e do estado vacinal, após avaliação e afastada a possibilidade de tuberculose
doença, através da baciloscopia e do exame radiológico. Imunodeprimidos
por uso de drogas, ou por doenças imunosupressoras, e contatos intrado-
miciliares de tuberculosos, sob criteriosa decisão médica. Reatores fortes a
tuberculina, sem sinais de tuberculose ativa, mas com condições clínicas as-
sociadas a alto risco de desenvolvê-las, como: alcoolismo, diabetes insulino-
dependente, silicose, nefropatias graves, sarcoidose, linfomas, pacientes com
uso prolongado de corticosteróides em doses de imunosupressão, pacientes
submetidos a quimioterapia antineoplasica, paciente submetido a tratamento
com imunossupressores, portadores de imagens radiológicas compatíveis
com tuberculose ativa, sem história de quimioterapia prévia. Estes casos
TUBERCULOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
deverão ser encaminhados a uma unidade de referencia para a tuberculose.
Coinfectados HIV e M. Tuberculosis. Este grupo deve ser submetido à prova
tuberculínica, sendo de 5mm em vez de 10 mm, o limite da reação ao PPD,
para considerar-se uma pessoa infectada pelo M. Tuberculosis. A quimiopro-
laxia será aplicada segundo as indicações do quadro a seguir:
Indicões
(1) (2)
Indivíduo sem sinais, ou sintomas sugestivos de tuberculose:
A. Com radiograa de tórax normal e:
1) Reação ao PPD maior ou igual a 5mm
(3)
;
2) Contatos intradomiciliares ou institucionais de tuberculose
bacilífera, ou
3) PPD não reator ou com enduração entre 0-4 mm, com regis-
tro documental de ter sido reator ao teste tuberculínico e não
submetido a tratamento ou quimioprolaxia na ocasião.
B. Com radiograa de tórax anormal:
presea de cicatriz radiológica de TB sem tratamento
anterior (afastada a possibilidade de TB ativa, através de
exames de escarro e radiograas anteriores) independente-
mente do resultado do teste tuberculínico (PPD).
Esquema
(4)
Isoniazida, VO, 5-10 mg/kg/dia (dose máxima 300 mg/dia)
por 6 meses consecutivos.
(1)
O teste tuberculínico (PPD) deve ser sempre realizado na avaliação inicial do paciente HIV+, in-
dependentemente do seu estado clínico ou laboratorial (contagem de células CD4+ e carga viral),
devendo ser repetido anualmente nos indiduos o reatores. Nos pacientes não reatores, e em
uso de terapia anti-retroviral, recomenda-se fazer o teste a cada seis meses no primeiro ano de
tratamento, devido à possibilidade de restaurão da resposta tuberculínica.
(2)
A quimioprolaxia com isoniazida (H) reduz o risco de adoecimento, a partir da reativação endóge-
na do bacilo, mas o protege contra exposição exógena após sua suspensão. Portanto, em situações
de possível re-exposição ao bacilo da tuberculose, o paciente deverá ser reavaliado quanto à necessi-
dade de prolongamento da quimioprolaxia (caso esteja em uso de isoniazida), ou de instauração de
nova quimioprolaxia (caso esta já tenha sido suspensa).
(3)
Pacientes com imunodeciência moderada/grave e reação ao PPD >10 mm, sugere-se investigar cui-
dadosamente tuberculose ativa (pulomar ou extrapulmonar), antes de se iniciar a quimioprolaxia.
(4)
Indivíduos HIV+, contatos de pacientes com bacilíferos com tuberculose isoniazida – resistente
documentada, deverão ser encaminhados a uma unidade de referência, para realizar quimiopro-
laxia com rifampicina.
Observões
Não se recomenda a quimioprolaxia nos HIV positivos, não reatores à
tuberculina, com ou sem evidências de imunodecncia avançada. Deve-
se repetir a prova tuberculínica a cada seis meses.
Em pacientes com raios-X normal, reatores à tuberculinica, deve-se investi-
gar outras patologias ligadas à infecção pelo HIV, antes de iniciar a quimio-
prolaxia, devido à concomitância de agentes oportunistas/manifestações
atípicas de tuberculose mas freqüentes nessas coortes.
d) Educão em Saúde - Esclarecimento quanto aos aspectos importantes
316 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
TUBERCULOSE - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
ASPECTOS CNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Varicela é uma infecção viral primária, aguda, caracterizada por surgimento
de exantema de aspecto máculo-papular, de distribuição centrípeta, que, após
algumas horas, adquire aspecto vesicular, evoluindo rapidamente para pústulas
e, posteriormente, formando crostas em 3 a 4 dias. Pode ocorrer febre mode-
rada e sintomas sismicos. A principal característica clínica é o polimorsmo
das lees cutâneas, que se apresentam nas diversas formas evolutivas, acom-
panhadas de prurido. Em crianças, geralmente, é uma doença benigna e auto-
limitada. O herpes zoster, geralmente, é decorrente da reativação do vírus da
varicela em lancia, ocorrendo em adultos e pacientes imunocomprometidos,
como portadores de doenças crônicas, neoplasias, aids e outras. O herpes zoster
tem quadro pleomórco, causando desde doença benigna até outras formas
graves, com êxito letal. Após a fase de disseminação hematogênica, em que
atinge a pele, caminha centripetamente pelos nervos periféricos a os gânglios
nervosos, onde poderá permanecer, em lancia, por toda a vida. Causas diver-
sas podem causar uma reativação do vírus, que, caminhando centrifugamente
pelo nervo periférico, atinge a pele, causando a característica erupção do herpes
zoster. Excepcionalmente, há pacientes que desenvolvem herpes zoster após
contato com doentes de varicela e, até mesmo, com outro doente de zoster,
o que indica a possibilidade de uma reinfecção em paciente já previamente
imunizado. É também possível uma criança adquirir varicela por contato com
doente de zoster. O quadro clínico do herpes zoster é, quase sempre, atípico. A
maioria dos doentes refere, antecedendo às lesões cutâneas, dores nevrálgicas,
além de parestesias, ardor e prurido locais, acompanhados de febre, cefaléia e
mal-estar. A lesão elementar é uma vesícula sobre base eritematosa. A erupção é
unilateral, raramente ultrapassando a linha mediana, seguindo o trajeto de um
nervo. Surgem de modo gradual, levando de 2 a 4 dias para se estabelecerem.
Quando não ocorre infecção secundária, as vesículas se dissecam, formam-se
crostas e o quadro evolui para a cura em 2 a 4 semanas. As regiões mais com-
prometidas são a tocica (53% dos casos), cervical (20%), trigêmeo (15%) e
lombossacra (11%). Em pacientes imunossuprimidos, as lesões surgem em
localizações atípicas e, geralmente, disseminadas. O envolvimento do VII par
craniano leva a uma combinação de paralisia facial periférica e rash no pavilhão
auditivo, denominado síndrome de Hawsay-Hurt, com prognóstico de recupe-
ração pouco provável.
Varicela / Herpes Zoster
CID 10: B01 A B02
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 317
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VARICELA/HERPES ZOSTER - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
VARICELA/HERPES ZOSTER - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Agente etiológico
É um vírus RNA. Vírus Varicella-Zoster, família Herpetoviridae.
Reservatório
O homem.
Modo de transmissão
Pessoa a pessoa, através do contato direto ou através de secreções respi-
ratórias e, raramente, através contato com lesões. Transmitida indire-
tamente através de objetos contaminados com secreções de vesículas e
membranas mucosas de pacientes infectados.
Peodo de incubão
Entre 14 a 16 dias, podendo variar entre 10 a 20 dias após o contato. Pode
ser mais curto em pacientes imunodeprimidos e mais longo após imuni-
zão passiva.
Peodo de transmissibilidade
Varia de 1 a 2 dias antes da erupção até 5 dias após o surgimento do primeiro
grupo de vesículas. Enquanto houver vesículas, a infecção é possível.
Complicações
Infecção bacteriana secundária de pele: impetigo, abcesso, celulite, erisipe-
la, causadas por S. aureus, Streptococcus pyogenes, que podem levar a qua-
dros sistêmicos de sepse, com artrite, pneumonia, endocardite. Encefalite
ou meningite e glomerulonefrite. Pode ocorrer Síndrome de Reye, caracte-
rizada por quadro neurológico de rápida progressão e disfunção hepática,
associado ao uso de ácido acetil-salicílico principalmente em criaas.
Infecção fetal, durante a gestação, pode levar à embriopatia, com ndro-
me da varicela congênita (varicela neonatal, em recém nascidos expostos).
Imunodeprimidos podem ter a forma de varicela disseminada, varicela
hemorrágica. Nevralgia s-herpética: denida como dor persistente em
mais que 4 a 6 semanas após a erupção cutânea. Sua incidência é claramente
associada à idade, atingindo cerca de 40% dos indivíduos acima de 50 anos.
É mais freqüente em mulheres e após comprometimento do trigêmeo.
Diagnóstico
Principalmente através do quadro clínico-epidemiológico. O vírus pode
ser isolado das lesões vesiculares durante os primeiros 3 a 4 dias de erup-
ção ou identicado através de células gigantes multinucleadas em minas
preparadas a partir de material raspado da lesão, pela inoculação do
líquido vesicular em culturas de tecido. Aumento em quatro vezes da ti-
318 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
VARICELA/HERPES ZOSTER - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
VARICELA/HERPES ZOSTER - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
tulação de anticorpos por diversos métodos (imunouorescência, xão
do complemento, ELISA), que, tamm, são de auxílio no diagstico. O
PCR tem sido empregado.
Diagnóstico diferencial
Varíola (erradicada), coxsackioses, infeões cutâneas, dermatite herpeti-
forme de During Brocq, ricketesioses.
Tratamento
Varicela em criaas é uma doença benigna, não sendo necessário trata-
mento especíco.
a) Tópico - Compressas de permanganato de potássio (1:40.000) e água
boricada a 2%, várias vezes ao dia.
b) Especo
Antivirais - Aciclovir - Em crianças, quando indicado, 20mg/kg/dose, VO, 4
vezes ao dia, dose máxima 800mg/dia, durante 5 dias. Adultos: aciclovir, em
altas doses, 800mg, VO, 5 vezes ao dia, durante 7 dias. Seu uso está indicado
apenas para casos de varicela de evolução moderada ou severa em maiores de
12 anos, com doença cutânea ou pulmonar crônica. Não está indicado seu uso
em casos de varicelao complicada, sendo discutível a utilização em gestan-
tes. Crianças imunocomprometidas não devem fazer uso de aciclovir oral.
Aciclovir intravenoso é recomendado, em pacientes imunocomprometidos
ou em casos graves, na dosagem de 10mg/kg, a cada 8 horas, infundido du-
rante uma hora, durante 7 a 14 dias. Seu uso está indicado, com restrições, em
gestantes com complicações severas de varicela. Outros antivirais têm sido in-
dicados. A nevralgia pós-herpética (NPH) é uma complicação freqüente (até
20%) da infecção pelo herpes zoster, que se caracteriza pela refratariedade ao
tratamento. A terapia antiviral especíca, iniciada dentro de 72 horas após o
surgimento do rash, reduz a ocorrência da NPH. O uso de corticosteróides,
na fase aguda da doença, não altera a incidência e a gravidade do NPH, porém
reduz a neurite aguda, devendo ser adotada em pacientes sem imunocom-
prometimento. Uma vez instalada a NPH, o arsenal terapêutico é enorme,
porém não uma droga ecaz para seu controle. São utilizados: creme de
capsoicina, 0,025% a 0,075%; lidocaína gel, a 5%; amitriplina, em doses de 25
a 75mg, VO; carbamazepina, em doses de 100 a 400mg, VO; benzodiazepíni-
cos; rizotomia, termo coagulação e simpactetomia.
Caractesticas epidemiológicas
A varicela é uma doença benigna, mas altamente contagiosa, que ocorre
principalmente em menores de 15 anos de idade. É mais freqüente no -
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 319
VARICELA/HERPES ZOSTER - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
VARICELA/HERPES ZOSTER - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
nal do inverno e icio da primavera. Indivíduos imunocomprometidos,
quando adquirem varicela primária ou recorrente, possuem maior risco
de doença severa. A taxa de ataque para ndrome de varicela congênita em
recém-nascidos de mães com varicela no primeiro semestre de gravidez é
1,2%; quando a infecção ocorreu entre a 13ª e 20ª semanas de gestação é
de 2%. Recém-nascidos que adquirem varicela entre 5 a 10 dias de vida,
cujas mães infectaram-se cinco dias antes do parto e dois dias após o mes-
mo, eso mais expostos à varicela grave, com a letalidade podendo atingir
30%. A infecção intrauterina e a ocorrência de varicela antes dos 2 anos de
idade estão relacionadas à ocorrência de zoster em idades mais jovens.
Herpes Zoster e Aids - A partir de 1981, o herpes zoster passou a ser reconhecido
como uma infecção freqüente em pacientes portadores de HIV. Posteriormente,
observações epidemiológicas demonstraram ser uma manifestação inicial de
infecção pelo HIV, cuja ocorrência é preditiva de soropositividade para HIV,
em populações de risco. A incincia de herpes zoster é signicativamente
maior entre indivíduos HIV positivos que entre os soro negativos (15 vezes mais
freente nos primeiros). A incidência cumulativa de zoster por 12 anos após
a infecção pelo HIV foi de 30%, ocorrendo segundo uma taxa relativamente
constante, podendo ser manifestação precoce ou tardia da infecção pelo HIV.
Complicações, como retinite, necrose aguda de retina e encefalite progressiva
fatal,m sido relatadas com mais freqüência em pacientes HIV positivos.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOGICA
Objetivos
Fazer isolamento dos casos visando impedir a disseminação da doença.
Noticação
Não é doea de noticão compulsória.
Medidas de controle
A vacina contra varicela, ainda não faz parte do calendário básico de
vacinações, estando disponível nos Centros de Referência de Imunobio-
gicos Especiais (CRIE) recomendada a seguir.
a) Em populações íngenas, em caso de surto a partir dos 6 meses e em
qualquer idade, nos indivíduos suscetíveis até 96 horas de contato;
b) Imunocomprometidos (leucemia linfocítica aguda e tumores lidos
em remissão(pelo menos 12 meses), desde que apresentem maior ou igual
1200 lincitos/mm³, sem radioterapia; caso esteja em quimioterapia,
suspendê-la sete dias antes e sete dias depois da vacinação;
320 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
VARICELA/HERPES ZOSTER - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
VARICELA/HERPES ZOSTER - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
c) Prossionais de saúde, familiares suscetíveis a doença, imunocompe-
tentes que estejam em convívio comunitário ou hospitalar com imuno-
comprometidos;
d) Susceptíveis a doea que serão submetidos a transplante de órgãos
lidos, pelo menos ts semans antes do ato cirgico;
e) Pessoas suscetíveis à doença, imunocompetentes, no momento da in-
ternão em enfermaria onde haja caso de varicela;
f) HIV – positivos, assintomáticos ou oligossintomático.
Administração da vacina é subcutânea e a dose varia de acordo com o
laboratório produtor.
Eventos adversos - A literatuta refere que os eventos adversos desta vacina
são pouco signicativos, observando-se em torno de 6% em crianças e de 10
a 21% em adultos suscetíveis, as manisfestações como dor, calor e rubor.
Contra-indicação
a) Pacientes imunocomprometidos, exceto nos casos previstos nas indicações;
b) Durante o período de ts meses as terapia imunodepressora;
c) Durante um mês após o uso de corticosteróides em dose imunodepressora
(equivalente a 2mg/kg/dia ou mais de prednisona durante 14 dias ou mais);
d) Gestão: após a vacinação, mulheres em idade fértil devem evitar a
gravidez durante um mês;
e) Reação analática a dose anterior da vacina ou a algum de seus componen-
tes. Precauções: Não utilizar salicilatos durante seis semanas após a vacinação,
por ter sido temporalmente associado à ocorrência de Síndrome de Reye.
Precauções - Não utilizar salicilatos durante seis semanas após a vacinação,
por ter sido temporalmente associado à ocorrência de Síndrome de Reye.
Imunoglobulina Humana Antivaricela-Zóster (IGHAVZ) - Sua utilização
também deve ser de no máximo a 96 horas depois de ter ocorrido o contato, o
mais precocemente posvel. Está disponível nos Centros de Referência de Imu-
nobiogicos Especiais (CRIE), de acordo com as recomendões a seguir.
a) Nas criaas menores de 6 meses de idade (em situações de surto);
b) Criaas e adultos imunocomprometidos em qualquer idade;
c) Gestantes;
d) Recém-nascidos de mães nas quais a varicela surgiu nos últimos 5 dias de
gestação ou nos 2 primeiros dias após o parto; e cuja mãe não teve varicela.
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 321
VARICELA/HERPES ZOSTER - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
e) Rem-nascidos prematuros, com menos de 28 semanas de gestão (ou
com menos de 1000g ao nascimento) independente de história materna
de varicela.
Administração - Intramuscular.
Dose - Única de 125U/10kg (mínima de 125U e máxima de 625U).
Contra indicações e Eventos Adversos - Não há contra- indicão ao uso
de IGHAVZ, e, o evento adverso mais observado é a dor local.
Nota - Crianças vacinadas com menos de 6 meses de idade devem rece-
ber uma 2ª dose após completar os 12 meses.
A vacina contra varicela, consta da rotina de toda população indígena,
fase a situação de risco acrescido que está população vive, bem como a
alta letalidade observada nestes povos.
Medidas gerais
Lavar as mãos após tocar lees potencialmente infecciosas.
Medidas especícas
Isolamento - Crianças com varicela não complicada podem retornar à escola
no 6º dia após o surgimento do rush cutâneo. Crianças imunodeprimidas ou
que apresentam curso clínico prolongado deverão retornar às atividades
após o término da erupção vesicular.
Pacientes internados - isolamento.
Desinfeão - Concorrente dos objetos contaminados com secreções
nasofaríngeas.
322 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
VARICELA/HERPES ZOSTER - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Anexos
PORTARIA Nº 2325/GM EM, 08 DE DEZEMBRO DE 2003
Dene a relação de doeas de noticação
compulria para todo território nacional.
O MINISTRO DE ESTADO DE SAÚDE, no uso de suas atribuições, e tendo em
vista o disposto no art. , inciso I, do Decreto 78.231, de 12 de agosto de 1976
e na Portaria nº 95/2001 do Ministério da Saúde, que regulamentam a noti-
cação compulsória de doenças no País e ainda, considerando a necessidade de
regulamentar os uxos e a periodicidade dessas informações, resolve:
Art. Os casos suspeitos ou conrmados das doeas, constantes
no Anexo I desta Portaria são de noticação compulria às Secretarias
Municipais e Estaduais de Saúde e ao Ministério da Saúde.
Pagrafo único. A ocorrência de agravo inusitado à saúde, indepen-
dentemente de constar desta relação, deverá também ser noticada ime-
diatamente às autoridades sanitárias mencionadas no caput deste artigo.
Art. 2º A denão de caso, o uxo e instrumentos de noticão para
cada doea relacionada no Anexo I desta Portaria, deverão obedecer à
padronização denida pela Secretaria de Vigincia em Saúde do Minis-
tério da Saúde – SVS/MS.
Art. 3º Os gestores municipais e estaduais do Sistema Único de Saúde
poderão incluir outras doenças e agravos no elenco de doeas de noti-
cão compulsória, em seu âmbito de compencia, de acordo com o
quadro epidemiológico local.
Parágrafo único. A inclusão de outras doenças e agravos deverá ser de-
nida conjuntamente entre os gestores estaduais e municipais e a SVS/MS.
Art. 4º Fica delegada competência ao Secretário de Vigincia em
Saúde para editar normas regulamentadoras desta Portaria.
Art. Fica revogada a Portaria nº 1943/GM, de 18 de outubro de 2001,
publicada no DOU nº 204, Seção 1, pág. 35, de 24 de outubro de 2001.
Art. 6º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
Humberto Costa
Ministro da Saúde
Anexo I - Lista Nacional de Agravos de
Noticação Compulsória
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 325
ANEXO I - PORTARIA Nº 2325 / GM - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
ANEXO I - LISTA NACIONAL DE AGRAVOS DE NOTIFICÃO COMPULSÓRIA
Botulismo
Carbúnculo ou “antraz”
lera
Coqueluche
Dengue
Difteria
Doenças de Chagas (casos agudos)
Doenças Meningocica e outras Meningites
Esquistosomose (em área não endêmica)
Febre Amarela
Febre do Nilo
Febre Maculosa
Febre Tiide
Hansease
Hantaviroses
Hepatites Virais
Infecão pelo vírus da imunodecência humana (HIV) em gestantes e
crianças expostas ao risco de transmiso vertical
Leishmaniose Tegumentar Americana
Leishmaniose Visceral
Leptospirose
Malária
Meningite por Haemophilus inuenzae
Peste
Poliomielite
Paralisia Flácida Aguda
Raiva Humana
Rubéola
ndrome da Rubéola Congênita
Sarampo
lis Connita
ndrome da Imunodeciência Adquirida (AIDS)
ndrome Respiratória Aguda Grave
Tétano
Tularemia
- Tuberculose
326 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
ANEXO I - PORTARIA Nº 2325 / GM - DOEAS INFECCIOSAS E PARASIRIAS
Anexo II - Calendário Básico de
Vacinação
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 327
PORTARIA Nº 2.170 DE 7 DE OUTUBRO DE 2004
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso de suas atribuões,
resolve:
Art. 1º Fica revogado o art. 5º e parágrafos da Portaria nº 597/GM, de
8 de abril de 2004, publicada no DOU nº 69, de 12 de abril de 2004, São
1, pág. 46.
Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
Humberto Costa
Ministro da Saúde
ANEXO II - PORTARIA Nº 597 / GM - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ANEXO II - PORTARIA Nº 597 / GM - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
PORTARIA Nº 597/GM EM 8 DE ABRIL DE 2004
Institui, em todo território nacional,
os calendários de vacinação.
O MINISTRO DE ESTADO DA SDE, no uso de suas atribuições e ten-
do em vista o disposto nos arts 27 e 29 do Decreto 78.231, de 12 de agos-
to de 1976, que regulamenta a Lei nº 6.259, de 30 de outubro de 1975, e
Considerando a necessidade de estabelecer normas sobre o Programa
Nacional de Imunizões, resolve:
Art. Instituir, em todo território nacional, os calendários de va-
cinão visando o controle, eliminação e erradicação das doenças imu-
nopreveníveis por interdio do Programa Nacional de Imunizões,
vinculado ao Departamento de Vigincia Epidemiológica DEVEP, da
Secretaria de Vigincia em Saúde.
Art. 2º Estabelecer que a partir de 2004 seo adotados o Calendário
Básico de Vacinação da Criança, o Calendário de Vacinação do Adolescen-
te e Calendário de Vacinação do Adulto e Idoso, conforme disposto nos
Anexos I, II e III desta Portaria, respectivamente.
Art. 3º Determinar que as vacinas e períodos estabelecidos nos calendá-
rios constantes dos Anexos I, II e III desta Portaria são de caráter obrigatório.
Art. 4º O cumprimento da obrigatoriedade das vacinões será com-
provado por meio de atestado de vacinão a ser emitido pelos servos
públicos de saúde ou por médicos em exercício de atividades privadas, de-
vidamente credenciadas para tal m pela autoridade de saúde competente,
conforme disposto no art. 5º da Lei 6.529/75.
§ O comprovante de vacinão deverá ser fornecido por médicos
e ou enfermeiros responsáveis pelas unidades de saúde, devidamente ca-
rimbado e assinado tendo o número da unidade que esta fornecendo, bem
como o número do lote e laboratório produtor da vacina aplicada.
§ 2º O atestado de vacinação também poderá ser fornecido pelas clí-
nicas privadas de vacinação e que estejam de acordo com a legislação vi-
gente, atendendo as exigências para o funcionamento de estabelecimentos
privados de vacinão, seu licenciamento, scalizão e controle.
§ 3º As vacinas obrigatórias e seus respectivos atestados serão gratui-
tos na rede pública dos serviços de saúde.
328 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
ANEXO II - PORTARIA Nº 597 / GM - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ANEXO II - PORTARIA Nº 597 / GM - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 329
Art. Deverá ser concedido prazo de 60 (sessenta) dias para apre-
sentação do atestado de vacinão, nos casos em que ocorrer a inexistência
deste ou quando forem apresentados de forma desatualizada.
§ Para efeito de pagamento de salário-família será exigida do segu-
rado a apresentação dos atestados de vacinação obrigatórias estabelecidas
nos Anexos I, II e III desta Portaria.
§ 2º Para efeito de matrícula em creches, pré-escola, ensino funda-
mental ,ensino médio e universidade o comprovante de vacinação deverá
ser obrigatório, atualizado de acordo com o calendário e faixa etária esta-
belecidos nos Anexos I, II e III desta Portaria.
§ 3º Para efeito de Alistamento Militar será obrigatória apresentação
de comprovante de vacinação atualizado.
§ 4º Para efeito de recebimento de benefícios sociais concedidos pelo
Governo, deverá ser apresentado comprovante de vacinação, atualizado
de acordo com o calendário e faixa etária estabelecidos nos Anexos I, II e
III desta Portaria.
§ Para efeito de contratão trabalhista, as instituões públicas
e privadas deverão exigir a apresentão do comprovante de vacinação,
atualizado de acordo com o calendário e faixa etária estabelecidos nos
Anexos I, II e III desta Portaria.
Art. 6º Fica delegada competência ao Secretário de Vigilância em
Saúde para editar normas regulamentadoras desta Portaria.
Art. Fica revogada a Portaria 221/GM, de 05 de maio de 1978, pu-
blicada no Diário Ocial Seção 1, Parte 1, de 11 de maio de 1978,g. 6924.
Art. 8º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
Humberto Costa
Ministro da Saúde
ANEXO II - PORTARIA Nº 597 / GM - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ANEXO II - CALENDÁRIO BÁSICO DE VACINAÇÃO
IDADE VACINAS DOSE DOENÇAS EVITADAS
Ao
nascer
BCG-ID
dose
única
Formas graves da Tuberculose
Contra Hepatite B
(1)
1ª dose Hepatite B
1 mês Contra Hepatite B 2ª dose Hepatite B
2 meses
Tetravalente
(DTP + Hib)
(2)
1ª dose
Difteria, Tétano, Coqueluche,
Meningite e outras infecções por
Haemophilus inuenza Tipo b
VOP (Vacina Oral
contra a Pólio)
1ª dose Poliomielite ou Paralisia Infantil
4 meses
Tetravalente
(DTP + Hib)
2ª dose
Difteria, Tétano, Coqueluche,
Meningite e outras infecções por
Haemophilus inuenza Tipo b
VOP (Vacina Oral
contra a Pólio)
2ª dose Poliomielite ou Paralisia Infantil
6 meses
Tetravalente
(DTP + Hib)
3ª dose
Difteria, Tétano, Coqueluche,
Meningite e outras infecções por
Haemophilus inuenza Tipo b
VOP (Vacina Oral
contra a Pólio)
3ª dose Poliomielite ou Paralisia Infantil
Contra Hepatite B 3ª dose Hepatite B
9 meses
Contra Febre
Amarela
(3)
dose
única
Febre Amarela
12 meses SRC (Tríplice Viral)
dose
única
Sarampo, Caxumba e Ruola
15 meses
DTP (Tríplice
Bacteriana)
reforço
Difteria, Tétano, Coqueluche
VOP (Vacina Oral
contra a Pólio)
reforço Poliomielite ou Paralisia Infantil
4-6 anos
DTP (Tríplice
Bacteriana)
reforço
Difteria, Tétano, Coqueluche
SRC (Tríplice Viral) reforço Sarampo, Caxumba e Ruola
6-10
anos
BCG-ID
(4)
reforço Formas graves da Tuberculose
10 anos Contra Febre Amarela reforço Febre Amarela
(1)
A primeira dose da vacina contra Hepatite B deve ser administrada na maternidade, nas primeiras
12 horas de vida do recém nascido. O esquema básico se constitui de 03 (três) doses, com intervalos
de 30 dias da primeira para a segunda dose e 180 dias da primeira para a terceira dose.
(2)
O esquema de vacinão atual é feito aos 2, 4 e 6 meses de idade com a vacina Tetravalente
e dois reforços com a Tríplice Bacteriana (DTP). O primeiro reforço aos 15 meses e o segundo,
entre 4 e 6 anos.
(3)
A vacina contra Febre Amarela está indicada para criaas a partir dos 09 meses de idade, que
residam ou que irão viajar para área enmica (estados: AP, TO, MA, MT, MS, RO, AC, RR, AM, PA,
330 | Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004
ANEXO II - PORTARIA Nº 597 / GM - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
GO e DF), área de transição (alguns municípios dos estados: PI, BA, MG, SP, PR, SC E RS) e área de
risco potencial (alguns municípios dos estados BA, ES e MG). Se viajar para áreas de risco, vacinar
contra Febre Amarela 10 (dez) dias antes da viagem.
(4)
Em alguns estados, esta dose não foi implantada. Aguardando conclusão de estudos referentes
a efetividade da dose de refoo.
ANEXO II - CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO DO ADOLESCENTE (¹)
IDADE VACINAS DOSE DOENÇAS EVITADAS
De 11 a 19 anos (na
primeira vista ao
servo de saúde)
Hep B 1ª dose Contra Hepatite B
dT (²) 1ª dose Contra Difteria e Tétano
FA (³) Dose inicial Contra Febre Amarela
SCR (4) Dose única
Sarampo, Caxumba e
Rubéola
1 mês após a 1ª
dose contra
Hepatite B
Hep B 2ª dose Contra Hepatite B
6 meses após a 1ª
dose contra
Hepatite B
Hep B 3ª dose Contra Hepatite B
2 meses após a 1ª
dose contra Difteria
e Tétano
dT 2ª dose Contra Difteria e Tétano
4 meses após a 1ª
dose contra Difteria
e Tétano
dT 3ª dose Contra Difteria e Tétano
A cada 10 anos por
toda vida
dT (5) Reforço Contra Difteria e Tétano
FA Refoo Contra Febre Amarela
(1)
Adolescente que o tiver comprovão de vacinação anterior, seguir este esquema. Se apre-
sentar documentação com esquema incompleto, completar o esquema já iniciado.
(2)
Adolescente que já recebeu anteriormente 03 (três) doses ou mais das vacinas DTP, DT ou dT,
aplicar uma dose de reforço. É necessário doses de reforço da vacina a cada 10 anos. Em feri-
mentos graves, antecipar a dose de reforço para 05 anos após a última dose. O intervalo mínimo
entre as doses é de 30 dias.
(3)
Adolescente que resida ou que irá viajar para área enmica (estados: AP, TO, MA, MT, MS, RO,
AC, RR, AM, PA, GO e DF), área de transão (alguns munipios dos estados PI, BA, MG, SP, PR,
SC E RS) e área de risco potencial (alguns munipios dos estados BA, ES e MG). Em viagem para
essas áreas, vacinar 10 (dez) dias antes da viagem.
(4)
Adolescente que tiver duas doses da vacina Tríplice Viral (SCR) devidamente comprovada no
cartão de vacinão, não precisa receber esta dose.
(5)
Adolescentes gvidas, que esteja com a vacina em dia, mas recebeu sua última dose há mais
de 5 (cinco) anos, precisa receber uma dose de reforço. Em caso de ferimentos graves, a dose de
reforço deve ser antecipada para cinco anos após a última dose.
Secretaria de Vigincia em Saúde / MS - Novembro de 2004 | 331
ANEXO II - PORTARIA Nº 597 / GM - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ANEXO II - PORTARIA Nº 597 / GM - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ANEXO III - CALENDÁRIO DE VACINÃO DO ADULTO E DO IDOSO
IDADE VACINAS DOSE DOENÇAS EVITADAS
A partir de 20
anos
dT
(1)
1ª dose Contra Difteria e Tétano
FA
(2)
Dose inicial Contra Febre Amarela
SR e/ou SCR
(3)
Dose única
Sarampo, Caxumba
e Rubéola
2 meses após a
1ª dose contra
Difteria e Tétano
dT 2ª dose Contra Difteria e Tétano
4 meses após a
1ª dose contra
Difteria e Tétano
dT 3ª dose Contra Difteria e Tétano
A cada 10 anos
por toda vida
dT
(4)
Reforço Contra Difteria e Tétano
FA Reforço Contra Febre Amarela
60 anos ou mais
Inuenza
(5)
Dose anual Contra Inuenza ou Gripe
Pneumococo
(6)
Dose única
Contra Pneumonia causada
pelo pneumococo
(1)
A partir dos 20 (vinte) anos gestantes, não gestante, homens e idosos que não tiverem comprovação
de vacinação anterior, seguir o esquema acima de 3 doses. Apresentando documentação com esquema
incompleto, completar o esquema iniciado. O intervalo mínimo entre as doses é de 30 dias.
(2)
Adulto/Idoso que resida ou que irá viajar para área endêmica (estados AP, TO, MA, MT,
MS, RO, AC, RR, AM, PA, GO e DF), área de transição (alguns municípios dos estados PI, BA,
MG, SP, PR, SC E RS) e área de risco potencial (alguns municípios dos estados BA, ES e MG).
Em viagem para essas áreas, vacinar 10 (dez) dias antes da viagem.
(3)
A vacina dupla viral - SR (Sarampo e Rubéola) e/ou a vacina tríplice viral - SCR (Sarampo,
Caxumba e Rubéola) deve ser administrada em mulheres de 12 a 49 anos que não tiverem com-
provação de vacinão anterior e em homens até 39 (trinta e nove) anos.
(4)
Mulher grávida, que esteja com a vacina em dia, mas recebeu sua última dose há mais de 05
(cinco) anos, precisa receber uma dose de refoo. Em caso de ferimentos graves em adultos, a
dose de reforço deverá ser antecipada para cinco anos após a última dose.
(5)
As vacinas contra Inuenza é oferecida anualmente durante a Campanha Nacional de Vacina-
ção do Idoso.
(6)
A vacina contra pneumococos é aplicada, durante a Campanha Nacional de Vacinação do
Idoso, nos indivíduos que convivem em instituições fechadas, tais como, casas geriátricas, hospi-
tais, asilos, casas de repouso, com apenas um reforço cinco anos após a dose inicial.
332 | Secretaria de Vigilância em Saúde / MS - Novembro de 2004
Doenças
Infecciosas e
Parasitárias
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS: GUIA DE BOLSO
guia de
bolso
4ª edição ampliada
Brasília / DF
MINISTÉRIO DA SAÚDE
www.saude.gov.br/svs
disque saúde
0800-61-1997
ISBN 85-334-0840-4
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