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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação
GISELLE CASTILHO HILÁRIO BONOMO
A FUNÇÃO SOCIAL DO JORNAL IMPRESSO NA ESCOLA COMO
RECURSO PEDAGÓGICO DE APOIO AO EXERCÍCIO DA CIDADANIA
Bauru
2007
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1 INTRODUÇÃO
Desde os tempos mais primitivos, homens e mulheres buscam formas de
comunicação como meio de sobrevivência e desenvolvimento. Comunicar-se é essencial
e se confunde com a própria vida, sendo uma necessidade básica do homem. E cada
período da história tem suas características e um modo especial de concretizar os
processos comunicacionais. Em conseqüência, em cada época a comunicação atende a
diferentes objetivos e funções.
Neste início do culo XXI, vivemos em um mundo digital às voltas com a
revolução das tecnologias da informação, processamento e comunicação. Manuel
Castells (2003) alerta, porém, que o que caracteriza a atual revolução tecnológica não é
a centralidade de conhecimentos e informação, mas a aplicação desses conhecimentos e
dessa informação para a geração de processamento da informação.
Essa preocupação com o tema se evidencia quando o próprio governo federal,
através do Ministério da Ciência e Tecnologia, lança, em 2000, a “Sociedade da
Informação no Brasil Livro Verde”. Na apresentação, o embaixador Ronaldo Mota
Sardenberg afirma que, hoje, o conhecimento é um dos principais fatores de superação
das desigualdades, de agregação de valor, criação de emprego qualificado e de
propagação do bem-estar. Quanto mais a informação e o conhecimento são usados, mais
o comportamento humano muda.
O direito à informação está previsto no artigo 19 da Declaração Universal dos
Direitos Humanos: “Todo homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; esse
direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e
transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independente de fronteiras”. O
desenvolvimento e a disponibilidade da novas tecnologias permitem acesso à
informação em nível global, mas lançam um desafio, em alguns momentos preocupante:
quando o conhecimento é compartilhado, passa a ser instrumento de transformação da
realidade. Mas quem tem acesso ao conhecimento e a que custo? Esta dissertação não
pretende dar uma resposta a essa questão, mas abrir campo para a reflexão sobre as
amplas possibilidades que as modernas técnicas e sistemas de comunicação, em
constante avanço, oferecem ao processo da construção da informação e transformação
do homem cidadão neste mundo dito globalizado.
No cerne das transformações que estão alterando o panorama mundial, a
informação vira recurso de poder e concorre para o exercício da cidadania à medida que
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possibilita ao indivíduo compreender a dimensão dessa mudança e o que advém dela. É
inegável a velocidade com que os meios de comunicação vêm se desenvolvendo,
especialmente por conta da globalização, um dos processos de aprofundamento da
integração econômica, social, cultural e espacial e barateamento dos meios de transporte
e de comunicação.
Uma informação que antes demorava meses para atravessar de uma América a
outra, hoje demora segundos e muitas vezes está na ponta dos dedos, ao alcance de um
clique no mouse, ou do outro lado da linha de modernos telefones sem fio ou celulares.
que se discutir, porém, quem tem acesso a essa informação e a que custo, conforme
salientado anteriormente. Assim como no passado, nem todos os meios de
comunicação de massa estão à disposição de todos. No Brasil, um grande número de
pessoas semi-alfabetizadas que não têm acesso à Internet, por exemplo, um dos
principais acontecimentos do século XX. E quando têm, não conhecem os caminhos
para tirar o melhor proveito dela e buscar a informação e conhecimento que enriqueçam
seu conteúdo e sirvam para mudar a realidade em que vivem, para ser processo de
transformação.
E, inserida no debate sobre o desenvolvimento, seja em nível local ou global,
surge a “sociedade da informação”, termo também caracterizado por estudiosos como
Castells (2003), Mattelart (2002), Soares (1996), Takahashi (2007) e Werthein (2000)
como sociedade do conhecimento”, que surgiu no fim do século XX com a
globalização e ainda está em processo de formação e expansão. Há que se destacar que a
sociedade da informação é conseqüência da explosão informacional, caracterizada
sobretudo pela aceleração dos processos de produção e de disseminação da informação
e do conhecimento. Esta sociedade caracteriza-se pelo elevado número de atividades
produtivas que dependem da gestão de fluxos informacionais, aliado ao uso intenso das
novas tecnologias de informação e comunicação.
No Brasil e no mundo, a “sociedade da informação” é uma nova era, onde as
transmissões de dados são de baixo custo e as tecnologias de armazenamento são
amplamente utilizadas, a informação flui a velocidades e em quantidades antes
inimagináveis, assumindo valores políticos, religiosos, sociais antropológicos,
econômicos, fundamentais etc. A sociedade da informação, ainda em gestação em
vários países, muda o significado do conhecimento, num mundo marcado pela
velocidade e inovação tecnológica. Para Sardenberg (TAKAHASHI, 2000, p. v), no
10
Brasil, governo federal e sociedade devem andar juntos para assegurar a perspectiva de
que seus benefícios efetivamente alcancem todos os brasileiros.
As novas tecnologias possibilitam a abertura de novos horizontes na medida em
que facilitam o acesso à informação e aceleram o processo de transformação social. Mas
se de um lado a proliferação de novas tecnologias propiciou maior facilidade de acesso
à informação e proporcionou um mundo de interatividade com outras culturas e novos
desafios ao homem, de outro, expôs crises como desemprego e exclusão social. As
relações humanas e trabalhistas mudaram. Castells (2003, p. 39) avalia que a revolução
tecnológica concentrada nas tecnologias da informação está remodelando a base
material da sociedade em ritmo acelerado. Sardenberg (TAKAHASHI, 2000, p. v)
apregoa: “O advento da Sociedade da Informação é o fundamento de novas formas de
organização e produção em escala mundial, redefinindo a inserção dos países na
sociedade internacional e no sistema econômico mundial”.
E Sardenberg vai além:
Alavancar o desenvolvimento da Nova Economia em nosso país compreende
acelerar a introdução dessas tecnologias no ambiente empresarial brasileiro,
objetivo de um dos mais ambiciosos programas do Avança Brasil: o
Programa Sociedade da Informação, que resulta de trabalho iniciado em 1996
pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia. Sua finalidade substantiva é
lançar os alicerces de um projeto estratégico, de amplitude nacional, para
integrar e coordenar o desenvolvimento e a utilização de serviços avançados
de computação, comunicação e informação e de suas aplicações na sociedade.
Essa iniciativa permitirá alavancar a pesquisa e a educação, bem como
assegurar que a economia brasileira tenha condições de competir no mercado
mundial. (TAKAHASHI, 2000, p.v)
Percebe-se uma preocupação do governo federal com a autonomia e a soberania.
Em dado momento, até uma preocupação com a chamada “alfabetização digital”,
quando se procura, segundo Sardenberg, promover políticas de inclusão social “para
que o salto tecnológico tenha paralelo quantitativo e qualitativo nas dimensões
humanas” (TAKAHASHI, 2000, p. v). Por outro lado, o processo de dar acesso aos
meios de comunicação a todos e ensinar o exercício da cidadania é lento e nem de longe
acompanha a evolução tecnológica do País.
No atual mundo digital globalizado, embora todos sejam afetados de alguma
forma pela dinâmica e aceleração com que o mundo se interliga, sem, contudo, se
integrar, o chamado “analfabeto digital” mais importância ao que é efêmero. Abre
passagem a tudo o que é globalizado, de moda à cultura. Neste momento, por exemplo,
11
a grande discussão envolve a tecnologia digital da televisão de plasma e quando ela
estará disponível aos brasileiros. E todos, independente de classe social, discutem qual a
melhor forma e quando poderão ter acesso a ela.
Em geral, os meios de comunicação de massa estão mais preocupados em dar ao
ser humano a publicidade daquilo que ele quer enquanto desejo de consumo do que
lançar discussões que transformem a realidade em que vivem, com a discussão de novos
paradigmas que ultrapassem a barreira da mera questão da transmissão de mensagens
entre emissor e receptor. Bordenave (2003, p. 34) avalia que a exploração comercial dos
recursos da comunicação tornou-se uma das mais atraentes inversões de capital.
Conseqüentemente, grandes corporações multinacionais passaram a ser proprietárias de
redes de comunicação e escolhem aquilo que deve ser informado à população. Neste
ponto, não se pretende levantar suspeitas éticas em relação ao que é produzido e
divulgado pelos veículos de comunicação de massa. Mas como bem ilustra Karan
(1997, p. 11), a produção de fatos e de conhecimento acompanha um ritmo tecnológico
voraz. E alguém precisa fazer a seleção do que será informado.
Embora os níveis de analfabetismo estejam declinando em todas as partes do
País, o acesso a determinados tipos de informação e formas de comunicação continua
sendo restrito em função da classe e renda das pessoas. Tome-se como exemplo o uso
da Internet. Neste início de século XXI, é inegável sua expansão. Computadores baratos
e lan houses espalhadas por todos os cantos das cidades garantem acesso à rede mundial
de computadores. Por outro lado, a Internet age como um dos maiores fenômenos de
exclusão em nossa sociedade. Apesar do crescimento do número de usuários, boa parte
deles está concentrada nos chamados países industrializados e a maioria não sabe como
tirar proveito dela para garantir seus direitos enquanto cidadão.
O pesquisador Anderson Barbosa de Souza (2000), em artigo que trata da
globalização, reforça que o local em que se nasce e a classe social a que se pertence são
fatores decisivos para o acesso ao "mundo globalizado". Além disso, avalia que ter
acesso a um computador, a livros ou a jornais não significa necessariamente conseguir
refletir sobre o tipo de informação que eles geram ou lhe permitem ter acesso.
Um computador plugado na Internet, por exemplo, pode abrir várias portas de
informações que emancipem e produzam novos conhecimentos: são
bibliotecas, resultados e desenvolvimento de pesquisas, cientistas, fóruns de
discussões, enfim um mundo de informações à disposição com o qual se pode
interagir e refletir. Contudo, para isso é necessário que seu usuário queira e
12
tenha condições de refletir sobre o significado dessas informações. (SOUZA,
2000. Grifos do autor)
que se ressaltar que a informação é fundamental para o exercício da
cidadania, à medida que possibilita ao indivíduo compreender a dimensão das mudanças
provocadas pela chamada sociedade da informação. uma íntima relação entre
processos comunicacionais e os desenvolvimentos sociais porque a comunicação, ao
permitir um intercâmbio de mensagens, concretiza uma série de funções: informar,
convencer, prevenir acontecimentos, aconselhar, divertir.
Mas o que é cidadania? Em termos jurídicos, cidadania é a mesma coisa que
direitos dos cidadãos. A legislação de todos os países do mundo define as regras e
limites da cidadania dos respectivos países. Segundo o Novo Aurélio Século XXI (1999,
p. 469), “cidadania é a qualidade ou estado do cidadão”. E entende-se por cidadão “o
indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado, ou no desempenho de
seus deveres para com este”. No Brasil, ainda estamos gestando a nossa cidadania. Para
muitos brasileiros, ainda predomina uma visão reducionista da cidadania que inclui,
entre elas, a obrigação de votar.
Baseado no exposto, a questão central da pesquisa apresenta-se em: o jornal
impresso na escola pode ser utilizado como recurso pedagógico de apoio ao exercício da
cidadania na sociedade contemporânea? Diante do questionamento, é importante
ressaltar que a educação assume papel fundamental nessa discussão. Nesse ponto, é
importante fazer um recorte para Mello (2005), para quem a educação ocupa, junto com
as políticas de ciência e tecnologia, lugar central e articulado na pauta das
macropolíticas do Estado, como fator importante para a qualificação dos recursos
humanos requeridos pelo novo padrão de desenvolvimento. Para a autora, ainda que,
por si só, a educação não assegure a justiça social nem a erradicação da violência, o
respeito ao meio ambiente, o fim das discriminações sociais e outros objetivos
humanistas que hoje se colocam para as sociedades, ela é, sem dúvida, parte
indispensável do esforço para tornar as sociedades mais igualitárias, solidárias e
integradas.
Para Mello:
O conhecimento, a informação e uma visão mais ampla dos valores, são a
base para a cidadania em sociedades plurais, cambiantes e cada vez mais
complexas, nas quais a hegemonia do Estado, dos partidos ou de um setor
social específico tende a ser substituída por uma pluralidade de instituições
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em equilíbrios instáveis, que envolvem permanente negociação de conflitos
para estabelecer consensos. (MELLO, 2005, p. 43)
Assim, na efervescência da discussão que permeia a sociedade da informação e
seus paradigmas, acredita-se ser perfeitamente justificável o desenvolvimento de
estudos e pesquisa como o que se apresenta nesta dissertação de mestrado junto ao
Programa de Pós-Graduação em Comunicação (Unesp-Faac-Bauru), na Linha de
Pesquisa de Gestão da Informação da Comunicação, a fim de contribuir com a criação
de mecanismos de reflexão e discussão sobre o papel dos meios de comunicação na
formação de cidadãos, tendo em vista algumas situações e aspectos que envolvem a
sociedade contemporânea em relação à comunicação e ao exercício da cidadania.
Desse modo, nesta dissertação, faz-se um recorte dessa questão para a mídia
impressa, sendo que o objetivo é oferecer uma visão sistêmica acerca do campo de
abrangência do jornal impresso e, em especial, sua função social como recurso
pedagógico de apoio ao exercício da cidadania, por meio da realização de pesquisa de
natureza exploratório-descritiva apoiada em estudo de caso sobre o Jornal da Cidade de
Bauru, através do Programa Educativo JC na Escola, lançado em 2002, em parceria com
a Diretoria Regional de Ensino.
É importante, ainda, ressaltar que, em todo o País, é crescente o número de
jornais que implementam experiências de jornal na educação, sob o manto de
transformar os jovens leitores em cidadãos. A Associação Nacional de Jornais (ANJ), o
grande guarda-chuva dos jornais associados que implementam o projeto, porém, não
esconde que programas que levam jornais a escolas, bibliotecas e outras instituições
educativas têm o intuito de formar novos leitores, ou seja, há uma clara preocupação na
manutenção do número de assinantes na medida em que os anos vão passando.
Em pesquisa feita pela ANJ em 2004, coordenada pela pesquisadora Carmen
Lozza, fica clara a preocupação de os jornais em formar novos leitores. Dentre as 50
empresas que já têm programas no País – entre os 136 afiliados à ANJ -, os motivos que
levaram à implantação são bem distintos: 24% optaram pelo objetivo de "favorecer o
exercício da cidadania por parte dos jovens"; 20% optaram pelo objetivo de "investir na
formação de novos leitores de jornal"; 18% optaram pelo objetivo de "dar início a uma
iniciativa que expresse a responsabilidade social da empresa". Quanto ao tipo de público
a que atendem, a realidade constatada é bastante diferenciada e demonstra que cada
14
associado, cada um à sua maneira, vem encontrando formas originais e criativas de
promover suas ações em busca do leitor do futuro.
A ANJ realizou nova pesquisa em 2006, com resultados divulgados em março
deste ano. O número de jornais com programas voltados para educação saltou de 50
para 76. O relatório, intitulado “Levantamento nacional dos programas de jornal na
educação”, revela dados interessantes. Entre eles, 78% das unidades da federação os
jornais têm projetos voltados à educação. Na região Sudeste está o maior número de
programas: 61% dos municípios são atendidos, segundo o relatório. Enquanto isso, na
região Centro-Oeste são atendidos apenas 5% do total de municípios. Outro dado
interessante é que 216.977 mil professores de todo o País estão incluídos no projeto,
segundo o relatório da ANJ. Um dado relevante deve ser observado na pesquisa: 16
anos, não se registra nem um ano sem que pelo menos um programa novo seja lançado.
E até por conta disso, os jornais também mudaram seu modo de “fazer notícia”.
A Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi) constatou, através do relatório
“A dia dos Jovens”, de julho de 2005, que a quantidade de matérias sobre temas
socialmente relevantes e que contribuem para a formação da cidadania alcançou índice
inédito. Pela primeira vez, desde que se iniciou esse levantamento junto a veículos da
chamada Mídia Jovem, o índice de matérias pautadas por questões que podem provocar
reflexão superou o número daquelas sobre assuntos considerados não-relevantes para a
formação cidadã dos adolescentes: 53,85% em 2002, 54,84% em 2003 e 57,54% em
2004.
Diz o relatório:
A novidade revela uma tendência não apenas à consolidação, mas ao
crescimento do interesse pela nova pauta da adolescência. Sem vida, é um
fato a ser celebrado, na perspectiva de uma prática jornalística socialmente
responsável. No entanto, reconhecemos que esse aspecto, isolado, é
insuficiente para caracterizar o bom jornalismo dirigido a um público em fase
especial de desenvolvimento. Existe todo um campo de potencialidades a ser
explorado. (ANDI, 2005, p. 4)
Resta saber de que maneira esse campo de potencialidades será explorado pelo
profissional da comunicação. O jornalista desenvolve uma atividade social, que
retrata o cotidiano através da reportagem. Uma colocação mal feita, uma informação
não “checada” e publicada pode transformar o cotidiano de uma comunidade inteira.
Mas também pode contribuir sobremaneira para o exercício eficaz da cidadania e na
conseqüente formação de cidadãos.
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Considerando o exposto e com a finalidade de oferecer facilidades à
compreensão desta dissertação, buscou-se apresentá-la em diferentes capítulos, além
deste, considerado introdutório.
No capítulo 2, esta dissertação tem o intuito de apresentar um overview sobre a
sociedade da informação, comunicação e cidadania, discutindo a "sociedade da
informação", que hoje permite às pessoas obter e compartilhar qualquer informação,
instantaneamente, de qualquer lugar do mundo. O capítulo ainda discute que a
tecnologia da informação, porém, é uma ferramenta que ainda não está disponível a
todos. E mesmo que estivesse, ter acesso a um computador, a livros ou a jornais não
significa necessariamente conseguir refletir sobre o tipo de informação que eles geram.
Nesse ponto, abre-se caminho para se discutir a formação de cidadãos conscientes e a
contribuição da mídia para o exercício da cidadania.
No capítulo 3, estudamos os aspectos históricos dos meios de comunicação de
massa, para entendermos sua influência na sociedade contemporânea. Vale lembrar que
o alcance da comunicação foi assegurado de maneira definitiva pela invenção dos meios
eletrônicos e aperfeiçoamento de técnicas de impressão, que, conforme Bordenave
(2003), permitiu a redução do tamanho do mundo e o transformou numa “aldeia
global”.
no capítulo 4, encontra-se o relato do estudo exploratório do Programa
Educativo JC na Escola, com pesquisa documental, pesquisa de campo envolvendo
professores de cinco escolas de Bauru atingidas pelo programa e entrevistas
desenvolvidas mediante a seleção prévia dos sujeitos que têm relação direta com
Programa Educativo do Jornal na Escola da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e,
em especial, com o “JC na Escola”, enquanto estudo de caso.
Por fim, um capítulo acha-se destinado às considerações da pesquisadora e
oferta de parâmetros norteadores àqueles interessados no estudo e aplicabilidade de
ações envolvendo o jornal como recurso pedagógico de apoio à cidadania.
Considerando-se afirmação de Bordenave (2003, p. 10) de que o homem precisa
primeiro conhecer as coisas para depois melhorá-las, pois “um melhor conhecimento da
comunicação pode contribuir para que muitas pessoas adotem uma posição mais crítica
e exigente em relação ao que deveria ser a comunicação na SUA sociedade” (grifo do
autor), espera-se que este trabalho possa contribuir para melhor compreensão da
aplicabilidade dos meios de comunicação de massa na sociedade contemporânea, em
especial do jornal impresso, tendo como missão principal a garantia de amplo acesso e
16
uso da informação de forma inteligente e da construção do conhecimento para o efetivo
exercício da cidadania.
17
2 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO, COMUNICAÇÃO E CIDADANIA
2.1 Sociedade da informação: um cenário
Nos últimos, anos a expressão "sociedade da informação" tem sido muito
utilizada quando se quer demonstrar a capacidade que as pessoas têm, hoje, para obter e
compartilhar qualquer informação, instantaneamente, de qualquer lugar do mundo. No
entanto, a origem da sociedade da informação – ou sociedade do conhecimento ou ainda
nova economia, como preferem alguns autores remonta aos anos 60, vinda da
expressão globalização
1
, quando se chegou à conclusão que a sociedade caminhava em
direção a um novo modelo de organização, no qual o controle e a otimização dos
processos industriais eram substituídos pelo processamento e manejo da informação
como “chave” econômica.
Desde então, foram numerosos os significados atribuídos à "sociedade da
informação", sem que se tenha chegado a uma definição aceita em todo o mundo. De
qualquer modo, a maioria dos estudiosos, quando se refere à expressão, faz ligação com
uma forma de organização da economia e da sociedade a partir da chamada revolução
industrial.
Mattelart (2002) aponta que, pela chamada sociedade da informação, passam as
mudanças de sentido dos conceitos de liberdade e democracia. O autor alerta que a
chamada revolução da informação contemporânea faz de todos os habitantes do Planeta
candidatos a mais uma versão da modernização. “O mundo é distribuído entre lentos e
rápidos. A rapidez se torna argumento de autoridade que funda um mundo sem lei, onde
a coisa política está abolida.” (MATTELART, 2002, p. 173).
Drucker (1993) afirma que o mundo contemporâneo configura-se em meio a
crises e desafios que mudam sobremaneira a sociedade naquilo que tange seus valores e
sua visão de mundo. Para ele, a única coisa da qual se pode ter certeza, hoje, é que o
mundo que irá emergir do atual rearranjo de valores, crenças, estruturas econômicas e
sociais, de conceitos e sistemas políticos, de visões mundiais, será diferente daquilo que
qualquer um imagina atualmente.
1
Globalização é o termo utilizado para o processo de transformações econômicas e políticas que vem
acontecendo nas últimas décadas. A principal característica é a integração dos mercados mundiais com a
exploração de grandes empresas multinacionais. Junta-se a isso a grande revolução tecnológica com o uso
cada vez maior de computadores, telefones e televisão e a uniformidade de informações com o
surgimento e explosão da Internet e dos canais de televisão por assinatura. Com isso, os países passam a
interagir não na política e na economia, como também na cultura. Disponível em
http://anglopira8a13.vilabol.uol.com.br/oqg.html.
18
que se lembrar que o século XX, período de 100 anos iniciado em 1 de
janeiro de 1901 e terminado em 31 de dezembro de 2000, se notabilizou pelos inúmeros
avanços tecnológicos, conquistas da civilização e reviravoltas em relação ao poder. Para
historiadores como Eric Hobsbawn (2002), esses anos podem ser descritos como a
"época dos grandes massacres", que nunca se matou tanto como nos conflitos
ocorridos no período. Em muitos países da Europa e da Ásia, o século XX também foi
largamente apelidado de "Século Sangrento". O historiador Eric Hobsbawn (2002)
considera, de maneira figurada, o século XX como o período entre a eclosão da Primeira
Guerra Mundial, em 1914, e o colapso da URSS, em 1991. O autor chama esse período
de Era dos Extremos.
Não se pretende aqui, porém, fazer um estudo sobre o que o século XX
representou para a humanidade, mas estudar a sociedade da informação e seus desafios
em relação à comunicação e cidadania. Assim, que se destacar que no Brasil e no
mundo a sociedade da informação é uma nova Era, onde as transmissões de dados são
de baixo custo e as tecnologias de armazenamento são amplamente utilizadas, onde a
informação flui a velocidades e em quantidades antes inimagináveis, assumindo novos
valores políticos, religiosos, sociais, antropológicos, econômicos, fundamentais etc.
Nesse contexto, vale dizer que a sociedade da informação é a conseqüência da
explosão informacional, caracterizada sobretudo pela aceleração dos processos de
produção e de disseminação da informação e do conhecimento. Esta sociedade
caracteriza-se pelo elevado número de atividades produtivas que dependem da gestão de
fluxos informacionais, aliado ao uso intenso das novas tecnologias de informação e
comunicação. Porém (2005) enfatiza que o mundo mudou nos últimos 50 anos de uma
forma jamais concebida, sem que se tivesse sido possível detectar seus avanços e
alcance junto à sociedade. E ao longo da sua construção, vê-se a proliferação de
tecnologias e de problemas como desemprego e exclusão social.
Hall (2002), ao analisar as conseqüências e os resultados dos aspectos da
globalização sobre as identidades culturais, aponta para uma desintegração das mesmas,
em face ao crescimento da homogeneização cultural do pós-moderno global, dando
lugar a novas identidades.
Segundo a literatura corrente, globalização não é um fenômeno recente, mas
representa um processo de larga maturação, com ciclos de retração, ruptura e
reorientação, em que antigos costumes se mesclam com os novos. Soares (1996) afirma
que, na atualidade, a globalização pode ser descrita a partir de algumas características
19
vinculadas às relações econômicas, ideologia política, língua predominante e modos de
comunicação. Em relação aos modos de comunicação, que mais interessa a este
trabalho, Soares diz:
A revolução tecnológica no campo dos recursos e dos meios de comunicação –
possibilitada pela telemática e pela tecnologia dos satélites amplia de forma
excepcional a capacidade de produção, acumulação e veiculação de dados e
informações. A capacidade de armazenamento dos bancos de dados de todos os
computadores conectados à Internet equivale, por exemplo, a mais de
cinqüenta milhões de CD-ROMs. E em um CD-ROM pode-se armazenar toda
uma enciclopédia. (SOARES, 1996, p. 10)
As quatro características do processo de globalização da sociedade mantêm entre
si um relacionamento de interdependência. Para Soares (1996), a grande novidade,
porém, parece ser representada pela revolução tecnológica da comunicação. Por esse
motivo, a incidência da revolução tecnológica no processo de mudanças econômico-
ideológico-culturais do mundo contemporâneo levou alguns analistas a designar esses
momento histórico em que vivemos como Era da Informação. “No caso, o conceito Era
da Informação passou a designar não apenas o conjunto de instrumentos disponíveis ou
a capacidade de produzir, armazenar e distribuir dados, mas o próprio uso político
resultante do processo.” (SOARES, 1996, p.11).
Por conta disso, vale citar Castells (2003), para quem o que caracteriza a atual
revolução tecnológica não é a centralidade de conhecimentos e informação, mas a
aplicação desses conhecimentos e dessa informação para a geração de conhecimentos,
em um ciclo de realimentação cumulativo entre a inovação e seu uso.
Estudo sobre a sociedade da informação no Brasil desenvolvido pelo Grupo
Telefônica em 2002, aponta que o fator diferencial da sociedade da informação é que
cada pessoa e organização não dispõem de meios próprios para armazenar
conhecimento, mas também têm uma capacidade quase ilimitada para acessar a
informação gerada pelos demais e potencial para ser gerador de informação para outros.
Essa mudança que permite facilidades no acesso à informação é o principal fator que
desencadeia uma série de transformações sociais de grande alcance, segundo o estudo:
A disponibilidade de novos meios tecnológicos provoca alterações nas formas
de atuar nos processos. E quando várias formas de atuar sofrem modificações,
resultam em mudanças, inclusive na maneira de ser. Definitivamente, as
novidades tecnológicas chegam a transformar os valores, as atitudes e o
comportamento e, com isso, a cultura e a própria sociedade. (TELEFÔNICA,
2002, p. 17)
20
Mas, ao se falar sobre a disponibilidade de novos meios tecnológicos, é preciso
salientar que a situação econômica de um país condiciona o ingresso na sociedade da
informação, que a disponibilidade de capital permite maior oferta de infra-estrutura e
conteúdo. E são várias as dificuldades que o Brasil terá de superar para conseguir o
desenvolvimento pleno da sociedade da informação.
Uma delas é determinada pelas desigualdades existentes entre as áreas
geográficas. Além disso, que se destacar o fator de desigualdade existente entre as
classes sociais. Estudo do Grupo Telefônica (2002) indica que mais de 80% dos
brasileiros dispõem de uma renda inferior a cinco salários. Aponta ainda que o acesso às
tecnologias da informação mantém ligação direta com o nível de renda da população,
que 90% dos internautas brasileiros pertencem às classes socioeconômicas A e B.
E, quando avalia distribuição regional para estudar a abrangência da Internet no
Brasil, o estudo do Grupo Telefônica mostra grandes diferenças entre as regiões mais
desenvolvidas (Sudeste, Sul e Centro-Oeste) e as menos favorecidas (Norte e Nordeste):
o acesso à Internet na região Sudeste é quase cinco vezes superior ao da região Norte.
“Chegou-se a utilizar o termo “apartheid digital” para falar sobre esse desequilíbrio
social, destacando a existência de uma grande parte da população que, por não ter
acesso às novas tecnologias, vivem à margem da Sociedade da Informação”.
(TELEFÔNICA, 2002, p. 25)
Decididamente, na avaliação de Souza (2000), a tecnologia de informação é uma
ferramenta que não está disponível a todos e o local em que se nasce e a classe social a
que se pertence são fatores decisivos para esse mundo globalizado. “E, mesmo assim,
ter acesso a um computador, a livros ou a jornais não significa necessariamente
conseguir refletir sobre o tipo de informação que eles geram ou lhe permitem ter
acesso.” (SOUZA, 2000. Disponível em http://www.educacaopublica.rj.gov.br)
E Souza vai além:
Um computador plugado na Internet, por exemplo, pode abrir várias portas de
informações que emancipem e produzam novos conhecimentos: são bibliotecas,
resultados e desenvolvimento de pesquisas, cientistas, fóruns de discussões, enfim um
mundo de informações à disposição com o qual se pode interagir e refletir. Contudo,
para isso é necessário que seu usuário queira e tenha condições de refletir sobre o
significado dessas informações, pois, caso contrário, podemos compará-lo a um simples
apertador de parafusos, que não tem consciência do produto final de seu trabalho.
(SOUZA, 2000, disponível em http://www.educacaopublica.rj.gov.br. Grifos do autor)
21
Por conta desse “apartheid digital”, criou-se o termo “inclusão digital”, que
passou a identificar o processo de alfabetização tecnológica e acesso a recursos
tecnológicos, no qual estão inclusas as iniciativas para a divulgação da sociedade da
informação entre as classes menos favorecidas. Entre os programas promovidos pelo
governo federal, destaca-se o que pretende estimular a evolução da Internet principal
recurso das novas tecnologias de informação e comunicação (NTICs), que nada mais é
do que um conglomerado de redes em escala mundial de milhares de computadores
interligados, que permite o acesso a informações de todo tipo e suas aplicações, tanto
no que se refere ao treinamento de pessoal de pesquisa e desenvolvimento quanto à
garantia de serviços de comunicação e informação. O resultado desse programa
culminou com a publicação do livro Sociedade da Informação no Brasil Livro Verde,
em setembro de 2000.
Na apresentação, o embaixador Ronaldo Mota Sardenberg afirma que, hoje, o
conhecimento é um dos principais fatores de superação de desigualdades, de agregação
de valor, criação de emprego qualificado e de propagação do bem-estar. Para
Sardenberg, “a soberania e a autonomia dos países passam mundialmente por uma nova
leitura, e sua manutenção que é essencial depende nitidamente do conhecimento, da
educação e do desenvolvimento científico e tecnológico” (TAKAHASHI, 2000, p. v).
Sardenberg ainda avalia que o advento da sociedade da informação é o fundamento de
novas formas de organização e de produção em escala mundial, redefinindo a inserção
dos países na sociedade internacional e no sistema econômico mundial.
Dificilmente alguém discordaria que a sociedade da informação é o principal
traço característico do debate público sobre desenvolvimento, seja em nível local ou
global, neste princípio do século XXI. Mas não dúvidas sobre a necessária reflexão
crítica para compreender as transformações sociais e avaliar suas implicações na
formação do cidadão e os caminhos para uma participação ativa na construção de seu
futuro. Castells (2003) aponta que as mudanças sociais são tão drásticas quanto os
processos de transformação tecnológica e econômica. Regiões, segmentos sociais,
setores econômicos, organizações e indivíduos são afetados diferentemente pelo novo
paradigma, em função das condições de acesso à informação, da base de conhecimentos
e, sobretudo, da capacidade de aprender e inovar.
Apesar da intensidade do processo de globalização, no qual uma diminuição
das distâncias e agilidade nos acontecimentos, não existe uma homogeneização cultural.
22
Werthein (2000) salienta, no entanto, que expectativas positivas sobre a sociedade da
informação.
Porque permite implementar materialmente a lógica de redes, a tecnologia
permite modelar resultados imprevisíveis da criatividade que emana da
interação complexa, desafio quase intransponível no padrão tecnológico
anterior. Se isso vazão aos sonhos mais delirantes no âmbito das ciências
básicas, das aplicações tecnológicas avançadas e da estratégia, não deixa
também de alimentar sonhos mais prosaicos e não menos significantes
como o de finalmente permitir a integração ensino/aprendizagem de forma
colaborativa, continuada, individualizada e amplamente difundida.
(WERTHEIN, 2000, disponível em http://www.scielo.br/scielo.php)
Para Werthein (2000), a flexibilidade que caracteriza o novo paradigma talvez
seja o que mais fortemente fundamenta as especulações positivas da sociedade da
informação, que ela incorpora, na sua essência, a idéia de aprendizagem. Takahashi
(2000) avalia que, para o Brasil, o desafio é tirar partido do avanço tecnológico para
gerar mais e melhores alternativas de trabalho, que possam chegar à população de baixa
renda e minorias.
Nesse sentido, Souza (2000) lança uma questão para a reflexão. É inegável a
velocidade com que os sistemas de telecomunicações ligam diferentes partes do globo
atualmente, especialmente se a compararmos com épocas em que cartas demoravam
meses para chegar aos seus destinos. Contudo, assim como no passado, o acesso aos
meios de informação e comunicação não estão disponíveis a todos, embora todos sejam
afetados de alguma forma pela dinâmica e aceleração com que o mundo se interliga,
sem, contudo, se integrar. O autor afirma que, embora os níveis de analfabetismo
estejam declinando historicamente, o acesso a determinados tipos de informação e
formas de comunicação continua sendo restrito em função não somente da classe e
renda das pessoas, mas também em função de sua nacionalidade e cultura. A Internet é
um claro exemplo, segundo avalia Souza (2000), de como a tecnologia é um fator de
inclusão, mas que também age como um dos maiores fenômenos de exclusão em nossa
sociedade.
Takahashi (2000) lembra que, no Brasil, o crescimento recente das
telecomunicações tem democratizado o uso do telefone. O acesso à Internet, contudo, é
restrito a poucos. “Urge, portanto, buscar meios e medidas para garantir a todos os
cidadãos o acesso eqüitativo à informação e aos benefícios que podem advir da inserção
do País na sociedade da informação.” (TAKAHASHI, 2000, p. 7)
23
O estudo do Grupo Telefônica (2002) ainda indica que a Internet, no Brasil, é
uma importante fonte de informação. De acordo com esse estudo (p. 50), o número de
internautas, ou seja, a quantidade de pessoas que acessam a Internet no Brasil, porém,
não está muito clara. O estudo cita dados da consultoria Nielsen-NetRatings, segundo o
qual a população brasileira com acesso à Internet em fins de 2001 ultrapassava 12,5
milhões de pessoas. pesquisa da Folha iBrands, realizada de forma conjunta com o
Datafolha, Folha Online e iBest Company, também citada pelo estudo do Grupo
Telefônica, aponta 23 milhões de brasileiros com acesso à rede, sendo que mais de 17
milhões se conectam à Internet ao menos uma vez por semana.
Tal diferença demonstra que também não existe uma definição clara sobre o
usuário da Internet. O estudo identificou, porém, que em 1996, menos de 20% dos
usuários brasileiros que utilizavam a Internet eram mulheres. No final de 2001, tal
número saltou para 45%. Com relação à idade dos internautas, os usuários são um
público majoritariamente jovem. “De fato, 15% têm entre 18 e 24 anos, e à medida que
aumenta a idade, diminui o número de internautas”. (TELEFÔNICA, 2002, p.52)
Estudos mais recentes, divulgados no último mês de março pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base em dados da Pesquisa Nacional
de Amostras por Domicílio (PNAD – 2005) sobre o uso das tecnologias de informação e
comunicação no País, indicam que a maioria dos brasileiros, cerca de 128 milhões, não
utiliza a rede mundial de computadores. Realizado em parceria com o Comitê Gestor da
Internet, o levantamento, feito em 140 mil domicílios brasileiros e disponível em
http://www.ibge.gov.br, traçou o perfil dos usuários de Internet e telefone celular e
mostra que o principal impedimento apontado pelos entrevistados é justamente a
impossibilidade de acesso ao computador, seja em telecentros públicos, organizações
não-governamentais, no trabalho ou acesso privado nas residências. O argumento foi
mencionado por 37,2% dos entrevistados. Entre os estudantes, o percentual dos que
deixam de usar a Internet para realizar trabalhos escolares por falta de computador passa
de 50%.
Regionalmente, a pesquisa do IBGE revelou disparidade na utilização da
Internet no País no ano de 2005. O maior percentual de usuários foi observado no
Sudeste (26,3%), enquanto o Norte e Nordeste tiveram o menor número de internautas
(12% e 11,9%, respectivamente). O índice mais alto de usuários entre as unidades da
federação foi registrado no Distrito Federal, que chegou a 41,1% da população acima de
10 anos.
24
Apesar do forte argumento da impossibilidade de acesso ao computador, outra
pesquisa, do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict),
divulgada no último mês de maio e disponível em http://www.ibict.br, indica que os
pontos de inclusão digital (PID), locais de acesso público gratuito à Internet, como
telecentros e salas de informática, cresceram no Brasil nos últimos anos. Atualmente,
são 16.722 PIDs. Segundo pesquisa da Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 2005 existiam no País cerca de 12 mil
pontos.
Os dados levantados são da primeira fase do projeto que deu origem ao Mapa de
Inclusão Digital no Brasil. O mapa identificou cerca de 108 iniciativas de inclusão
digital em cerca de 3 mil municípios onde foram encontrados os 16.722 PIDs. As
iniciativas são dos governos federal, estaduais e municipais e terceiro setor. A maioria
dos programas encontrados, 43, é de iniciativa do terceiro setor, porém, é o governo
federal quem financia cerca de 60% dos PIDs.
A pesquisa mostra que Roraima é o Estado com menor número de PIDs, apenas
48. São Paulo lidera a lista, com mais de 2.500 pontos. Pernambuco é o segundo
Estado em número de PIDs. Quando os dados focalizam as regiões, a Sudeste sai na
frente, com 38% dos PIDs, acompanhada de perto pelo Nordeste, com 35%. No fim da
lista estão as regiões Norte (8%) e Centro-Oeste (7%).
E o que buscam na rede mundial os internautas brasileiros? De acordo com o
estudo do Grupo Telefônica, o internauta brasileiro está entre os mais ativos do mundo.
Normalmente, conecta-se em busca de algum tipo de informação e para se comunicar
pelo correio eletrônico. Neste ponto, vale citar Rocha (1999), para quem a informação é
recurso de poder, pela vinculação do desenvolvimento com a capacidade de uma
sociedade em gerar e aplicar conhecimentos, e extremamente importante para o
exercício da cidadania. “Para isso, no entanto, é necessário garantir ao indivíduo o
acesso à educação e à informação”. (ROCHA, 1999, disponível em
http://www.scielo.br/).
que se ressaltar que a educação é elemento chave na construção de uma
sociedade baseada na informação, no conhecimento e no aprendizado. No Livro Verde
(TAKAHASHI, 2000), afirma-se que educar em uma sociedade da informação significa
muito mais do que treinar as pessoas para o uso das tecnologias e da comunicação.
Trata-se de investir na criação de competências suficientemente amplas que permitam
uma atuação efetiva na tomada de decisões. “Trata-se também de formar indivíduos
25
para “aprender a aprender”, de modo a serem capazes de lidar positivamente com a
contínua e acelerada transformação.” (TAKAHASHI, 2000, p. 45)
Assim, formar cidadão não significa preparar o consumidor, mas capacitar as
pessoas para a tomada de decisões e para a escolha informada acerca de todos os
aspectos da vida em sociedade que as afetam, o que exige acesso à informação e ao
conhecimento e capacidade de processá-los sem se deixar levar cegamente pelo poder
econômico ou político. Nesse cenário é que se encontram a comunicação e a
contribuição da mídia para o exercício da cidadania.
2.2 Comunicação: das origens à função social
É importante ressaltar que todas as sociedades humanas ou grupos de animais
organizam-se entre si graças à comunicação, ou seja, ao conjunto de atuações através
das quais os indivíduos e as organizações travam contato, transmitem informações e
estabelecem relações sociais. Pensar sobre a comunicação na sociedade atual, nos leva
às várias dimensões e aos diferentes níveis de reflexão, uma vez que envolve aspectos
históricos conceituais, teorias e práticas distintas.
(1978) avalia que as maiores dificuldades com que se deparam os estudiosos
da comunicação podem ser resumidas em três fatos principais: em primeiro lugar, trata-
se de fenômeno tão complexo quanto o próprio comportamento humano; em seguida,
porque a comunicação é, por natureza, um processo e não uma coisa; e, finalmente,
porque consiste num fenômeno multidimensional que se manifesta em diferentes níveis
de realidade e que acarreta diversidade dos tipos de análise.
O Novo Aurélio culo XXI (1999, p. 517) define comunicação como ato ou
efeito de comunicar(-se). Ato ou efeito de emitir, transmitir e receber mensagens por
meio de métodos e/ou processos convencionados, quer através da linguagem falada ou
escrita, quer de outros sinais, signos ou símbolos, quer de aparelhamento técnico
especializado, sonoro e/ou visual. Rabaça; Barbosa (2001) definem comunicação,
palavra derivada do latim communicare, como tornar comum, partilhar, repartir,
associar, trocar opiniões, conferenciar. Implica participação, interação, troca de
mensagens, emissão ou recebimento de informações novas.” (RABAÇA; BARBOSA,
2001, p. 156).
E mais:
26
O existir do homem é possível por meio da Comunicação. Ela permeia toda
a sua vida. Em qualquer momento e lugar, onde existe vida humana, existe
Comunicação. Imaginemos que os tijolos conseguem sustentar a parede se
houver a massa, de cimento ou barro, unindo-os fortemente. Se compararmos o
mundo a uma imensa casa e as pessoas sendo tijolos, então a massa que une
esses tijolos é a Comunicação. (RABAÇA; BARBOSA, 2001, p. 157)
Assim, comunicação é muito mais do que o conceito explicitado em um
dicionário. Etimologicamente, a origem da palavra comunicação introduz a idéia de
comunhão, comunidade. Para Bordenave (2003), a comunicação é o canal pelo qual os
padrões de vida são transmitidos. Através dela, aprende-se a ser “membro” da sociedade
a qual pertencemos. Por conta disso, que se afirmar que a comunicação não existe
por si mesma, como algo separado da vida em sociedade. “Não poderia existir
comunicação sem sociedade, nem sociedade sem comunicação. A comunicação não
pode ser melhor que sua sociedade nem esta melhor que sua comunicação.”
(BORDENAVE, 2003, p. 17). Assim, comunicação confunde-se com a própria vida, é
uma necessidade básica do ser humano, do homem social.
Para Beltrão; Quirino (1986), é evidente que toda atividade humana, individual
ou coletiva, constitui um esforço de comunicação, uma constante busca de cooperação
sem a qual nem o homem nem o grupo a que pertence poderiam evoluir e alcançar suas
metas.
Sem a ajuda de outro ser, o indivíduo sucumbiria ou teria sua ação restrita a
funções puramente biológicas. Também as comunidades restariam em
estágios civilizatórios primitivos, muito aproximados da condição animal, se
não mantivessem contato com outros grupos, intercambiando experiências.
(BELTRÃO, QUIRINO, 1986, p.51)
Bordenave (2003) salienta que a comunicação evoluiu da associação inicial entre
um signo e um objeto para formar linguagens e inventar formas que vencessem o tempo
e a distância. Sabe-se que a busca pela comunicação vem desde os tempos mais
primitivos, mas ninguém arrisca afirmar como os homens primitivos começaram a se
comunicar entre si, se por gritos ou grunhidos, se por gestos, ou se pela combinação de
gritos, grunhidos e gestos. O fato, diz Bordenave (2003), é que os homens encontraram
uma forma de se comunicar entre si até como meio de sobrevivência. Assim nasceram o
signo qualquer coisa que faz referência a outra coisa e o significado o uso social
dos signos. E de posse de repertórios de signos e de regras para combiná-los, o homem
criou a linguagem, certamente a primeira forma organizada de comunicação humana.
27
Para fixar os signos, cita Bordenave (2003), o homem utilizou primeiro os
desenhos desenhos primitivos, pintados por homens da Era Paleolítica (entre 35.000 e
15.000 a.C.), foram achados em cavernas da Espanha e França – e mais tarde, a
linguagem escrita, que evoluiu a partir dos pictogramas, signos que guardam
correspondência direta entre a imagem gráfica e o desenho representado. Ou seja, o
desenho de um pássaro significava um pássaro mesmo. Mais tarde, ainda segundo o
autor, o homem passou a usar signos para representar idéias. Os antigos egípcios, por
exemplo, representavam a alma por meio de um pássaro com cabeça de homem.
Mas o homem ainda não estava satisfeito. Era preciso romper barreiras para
levar sua mensagem, para se comunicar. E assim vieram os sinais de fumaça, os
tambores, os berrantes, as pedras, os pergaminhos de couro. E mais tarde o papel e os
tipos de imprensa móveis, com os chineses.
Paralelamente à evolução da linguagem desenvolveram-se também os meios de
comunicação. Gutenberg inventou a tipografia e o papel foi aperfeiçoado, ficando mais
leve. Por fim, a indústria gráfica associou-se às invenções da mecânica, da eletrônica
etc., até chegar às impressoras computadorizadas, capazes de receber sinais transmitidos
por satélites. Logo em seguida, diz Bordenave (2003), a invenção da fotografia teve
forte impacto sobre o desenvolvimento da comunicação visual. Ela possibilitou a
ilustração de livros, jornais e revistas, inspirou o cinema e culminou na transmissão das
imagens via televisão.
Paroli (2004) lembra que com o surgimento das gráficas impressoras no século
XV, houve um aumento gradativo das atividades de comunicação como, por exemplo,
os serviços postais regulares e o uso da imprensa na produção de notícias. O interesse da
população pela notícia era grande, que indicava uma proximidade com a realidade
social da época. Os impressos que eram vendidos nas ruas tornavam-se fontes de
debates e discussões em bares e casas.
A comunicação está presente em todos os processos humanos. Assim, é possível
pensar na comunicação como uma ligação que torna possível o relacionamento das
pessoas. Diz Porém (2005):
Conversas cotidianas, o convívio entre as pessoas no trabalho, na escola -,
as notícias de jornais e revistas, as telenovelas, a música que se ouve no rádio,
a publicidade que se na TV, enfim, através da comunicação as trocas de
signos são ilimitadas. É por onde idéias são criadas, visões de mundo são
renovadas, novos conceitos absorvidos ou rejeitados. (PORÉM, 2005, p.33)
28
Mas é no vocabulário religioso que o termo comunicação aparece pela primeira
vez. No universo do cristianismo antigo, onde a vida eclesiástica era marcada pelo
isolamento, uma condição para conhecer Deus, duas tendências interpretavam esse
isolamento de maneira diferente: os anacoretas, que cultivavam a solidão mais radical, e
os cenobitas, que optaram por uma vida em comunidade em conventos ou mosteiros.
Nesses lugares, conforme Hohlfeldt; Martino; França (2001), havia uma prática que
recebeu o nome de communicatio, que nada mais era do que “tomar a refeição da noite
em comum”. A peculiaridade, evidente, não recai sobre o ato de comer, mas fazê-lo
juntamente com os outros.
Assim, Hohlfeldt; Martino; França (2001) destacam que é importante perceber
que a comunicação não designa todo e qualquer tipo de relação, mas aquela onde
existam elementos que tenham a intenção de romper o isolamento para uma realização
em comum. “Portanto, em sua acepção mais fundamental, o termo “comunicação”
refere-se ao processo de partilhar um mesmo objeto de consciência, ela exprime a
relação entre consciências”. (HOHLFELDT; MARTINO; FRANÇA, 2001, p.14-15).
Vale destacar que para que haja comunicação e conseqüente troca de
informações é necessário que alguém interprete, decodifique a mensagem. Martino
(2001) avalia que a informação é uma comunicação que pode ser ativada a qualquer
momento, desde que outra consciência venha resgatá-la. “(...) um livro na estante é
potencialmente comunicação. Isto é, pode se tornar comunicação a partir do momento
que for lido”. (HOHLFELDT; MARTINO; FRANÇA, 2001, p.16).
Assim, os sujeitos da comunicação, quer na produção, quer na recepção, vão se
comunicar através do constante exercício de seu repertório, resultante de valores
adquiridos ao longo da vida. Por conta disso, os agentes do processo comunicativo
filtram as informações que lhe são interessantes, condicionadas à sua maneira de ser,
pensar, agir.
Nesse sentido, vale citar Santaella (2002) para quem a comunicação é inevitável
porque, mesmo quando não queremos, estamos emitindo todo tipo de mensagem para o
outro.
Ela é irreversível porque não podemos voltar atrás naquilo que foi
comunicado. Por fim, a comunicação é irrepetível porque todos e tudo estão
continuamente mudando. Em razão disso, mesmo quando lemos o mesmo
livro ou assistimos a um mesmo filme pela segunda ou quarta vez, esse filme
não será para nós o mesmo filme. (SANTAELLA, 2002, p.22)
29
Santaella (2002) fecha a definição de comunicação como “a transmissão de
qualquer influência de uma parte de um sistema vivo ou maquinal para uma outra parte,
de modo a produzir mudança”. (p. 22)
É importante ressaltar que a sociedade contemporânea vive hoje em meio a
ocorrências e fenômenos que geraram repercussões globais, provocadas pela rapidez das
informações. Assim, é importante evidenciar questões que giram em torno da
comunicação. Drucker (1993) afirma que o mundo contemporâneo configura-se em
meio a crises e desafios que mudam sobremaneira a sociedade naquilo que tange aos
seus valores e à sua visão de mundo, decorrendo daí mudanças na condução dos
processos que envolvem questões ligadas à comunicação.
Pye (1967, p. 28) destaca que “a comunicação eficiente é tão essencial à
comunicação na China como na Índia, tão essencial em Cuba quanto Brasil, na Guiné
quanto no Paquistão”. Para o autor, são espantosamente pequenas as diferenças entre os
modos pelos quais a comunicação é usada para intensificar o desenvolvimento.
A comunicação na sociedade hoje é, sem dúvida, um campo no qual se articulam
novos paradigmas de análise, vistos ainda com pouca clareza. A comunicação é um
campo amplo e sua importância na atualidade faz com que seu entendimento ultrapasse
uma mera questão de transmissão de mensagens de um emissor para um receptor.
Ramos apud Guareschi (2002) afirma que a comunicação é a grande revolução
ambígua do século XX, que a cada momento ela soma mais uma conquista
tecnológica e vai transformando tudo. “Organiza a realidade e instaura um novo ser: o
homem programado, fruto do paraíso do monólogo da mercantilização. É uma constante
“mudança” para não mudar nada” ( p. 7). Essa autora ainda afirma que:
Nunca a comunicação teve tanto “ibope” como no final deste século. Não é
para menos. Tudo o que se lê, se vê, se ouve e se sabe, direta ou indiretamente,
passa pela ditadura comunicacional, que comanda o trânsito, de mão única, das
idéias. Paradoxalmente, nunca se esteve tão desinformado, incomunicável e
pobre sobre os reais valores como agora. (GUARESCHI, 2002, p. 7. Grifos do
autor)
Na avaliação de Menezes, apud Rabaça; Barbosa (2001), comunicação significa
“estar em relação com” (p. 157). Representa a ação de pôr em comum, compartilhar
idéias, sentimentos, atitudes, é uma troca de experiências. Para isso, a sociedade adota
um conjunto de signos e de regras que, por força das convenções, são aceitos. Nesse
30
aspecto, a comunicação é vista como um processo no qual se articulam sentidos,
símbolos, significados culturais e sociais que promovem a interação entre as pessoas em
todos os sentidos.
Para Bordenave (2002), entender a comunicação na contemporaneidade é
perceber o homem ser ao mesmo tempo o produto e o criador de sua sociedade e sua
cultura. O autor define a comunicação como um processo tão natural como respirar,
beber água ou caminhar.
A comunicação é a força que dinamiza a vida das pessoas e das sociedades: a
comunicação excita, ensina, vende, distrai, entusiasma, status, corrói mitos,
destrói reputações, orienta, desorienta, faz rir, faz chorar, inspira, narcotiza,
reduz a solidão e num paradoxo digno de sua infinita versatilidade produz
até incomunicação. (BORDENAVE, 2002, p. 11)
Porém (2005) argumenta que a comunicação está presente em todos os processos
humanos. Nesse aspecto, podemos pensar na comunicação como um fio condutor por
onde se estabelecem as relações sociais. Além disso, a comunicação é um processo
cultural no qual valores, tradições, hábitos e experiências se articulam, convivem,
partilham ou se contradizem. Assim, é possível compreender a comunicação como
transmissão de informações articuladas com um determinado cenário no qual se
articulam signos e símbolos.
Sendo assim, reforça Porém (2005) que os sujeitos da comunicação, quer na
produção ou na recepção, se comunicarão através de um exercício constante de seu
repertório, resultado do aprendizado adquirido ao longo da vida. Portanto, no processo
comunicativo existem interferências culturais e sociais naturais. Por conta disso, é
possível dizer que os agentes do processo comunicativo filtram as informações que lhes
parecem mais interessantes, condicionadas à sua maneira de ser, de agir, de pensar.
Desse modo, comunicação e informação devem ser pensadas como um processo
inserido no cenário contemporâneo, representando um momento no qual a globalização
torna-se ponto marcante do mundo moderno, em que as novas tecnologias estão cada
vez mais incorporadas à vida das pessoas. A cada dia, a mídia se torna mais presente na
vida das pessoas e, desse modo, a informação e o conhecimento trazem novas
perspectivas para a análise da comunicação.
No mundo contemporâneo, avalia Porém (2005), o que se percebe é a presença
marcante da globalização, que gera incertezas sociais, econômicas e políticas que
31
refletem na vida das pessoas em todos os sentidos. Para a autora, no contraponto, a
globalização que assusta e gera incertezas, cria novas possibilidades por conta das novas
tecnologias. As chamadas tecnologias da informação e comunicação proporcionam um
fluxo maior e mais rápido da informação, que deixa de obedecer a fronteiras.
Por conta disso, não se pode discutir comunicação na sociedade em que vivemos
sem falar brevemente sobre as tecnologias da informação e comunicação (TIC), que
elas estão revolucionando o modo de interação das pessoas. Além disso, as novas
tecnologias transformam a noção de espaço e de tempo. A Internet é um exemplo, diz
Porém (2005), para quem ela pode ser considerada como a maior manifestação de
expressão da sociedade contemporânea, imprimindo novas estruturas de valores e
relações sociais, criando um novo ambiente onde ocorrem as trocas e o compartilhar de
toda espécie de saber de maneira nunca imaginada.
Estamos em contato com uma avalanche de informações rápidas e instantâneas,
“fazendo com que nossa percepção da realidade ultrapasse cada vez mais as barreiras de
espaço e de tempo que delimitam os quadros de referência da nossa percepção da
realidade e as fronteiras do nosso mundo.” (RODRIGUES, 1999, p. 28)
Não dúvida que o mundo está em processo de reinvenção, onde valores são
postos em xeque a todo momento. Uma questão a se levantar, levando em conta as
tecnologias da informação e comunicação, é a influência que exercem no
desenvolvimento daquilo que definimos como sendo a “cultura de massa”. Vale lembrar
que essas tecnologias possibilitam uma espécie de mediação cotidiana no conjunto das
relações sociais, quer na difusão de idéias, quer na formação de valores, através da troca
de informações.
Assim, é importante citar Braga; Calazans (2001), no tocante às questões de
comunicação e suas interfaces. Para eles, uma maneira intuitiva não definidora de
referir-se à interação comunicacional é considerar que se tratam de processos
simbólicos e práticos que, organizando trocas entre os seres humanos, viabilizam as
diversas ações e objetos em que se vêem engajados. “A comunicação é também o que
ocorrer de esforço humano de enfrentar as injunções do mundo e desenvolver aquelas
atuações em direção aos seus objetivos - o próprio “estar em contato”, quer seja
solidário, quer seja conflitivo.” (BRAGA; CALAZANS, 2001, p. 16)
que se lembrar que a sociedade contemporânea é mediada pelos meios de
comunicação e constitui-se a partir de valores muitas vezes impostos pelas informações
articuladas, em geral, sob a ótica e necessidade global. Não é à toa que, normalmente,
32
todos os veículos de comunicação dão as mesmas informações sobre economia ou
política, por exemplo.
Para Rodrigues (1999):
A Comunicação serve, no nosso tempo, para legitimar discursos,
comportamentos e acções, tal como a religião nas sociedades tradicionais, o
progresso nas sociedades modernas ou a produção na sociedade industrial: é o
mais recente instrumento mobilizador disponível para provocar efeitos de
consenso universalmente aceitos nos mais diferentes domínios da experiência
moderna. De contornos vagos e indefinidos, a comunicação presta-se aos mais
diversos usos estratégicos, a ser invocada pelos diversos campos sociais e a
circular pelas esferas em que se verificam diferentes conflitos. De facto, à
medida que, no mundo moderno, as sociedades têm vindo a segmentar-se numa
diversidade de campos autônomos, comunicar-se tem se tornado um imperativo
ético e uma urgência política. (RODRIGUES, 1999, p. 13. Grifo do autor)
Canclini (1995) alerta para o fato de as classes sociais substituírem seus
direitos de cidadania pelo direito e acesso ao consumo. Nesse sentido, Santos (2002)
avalia que o homem moderno é, talvez, mais desamparado que seus antepassados,
levando em conta que o homem contemporâneo vive numa sociedade informacional que
lhe recusa o direito de informar. Por conta disso, como alerta Canclini (1995), sobressai-
se a troca do homem-cidadão pelo homem-consumidor.
Vale citar um exemplo de Santos (2002), para quem a casa própria não é uma
necessidade do cidadão, mas morar decentemente, sim. E o que se hoje, em sua
maioria, são apenas moradores, que sonham com o direito a ter. O morador-cidadão e
não o proprietário-consumidor veria a cidade como um todo, na opinião de Santos
(2002), preocupado com a evolução segundo uma lista de prioridades preocupada com a
dignidade.
Nesse quadro social, é possível perceber que o mundo contemporâneo é povoado
de imagens, mensagens e informações produzidas pelas novas tecnologias. E tal
informação é produzida pelos meios de comunicação, que ganham papel de relevância e
destaque, dada a sua penetração. Compreender a comunicação como instrumento capaz
de desenvolver e estimular as interações sociais, é compreender a vasta dimensão dos
conteúdos de mensagens direcionadas para as massas. Além disso, abrange sua função
de entretenimento, noticiários, publicidade, que operam usando uma linguagem comum
aos usuários.
33
Assim, entender a comunicação no mundo contemporâneo torna-se um desafio
para muitos estudiosos, por conta dos mistérios dessa nova sociedade que surge,
denominada por Castells (2003) “sociedade em rede”.
Sabe-se que a sociedade atual baseia-se na concorrência, no desafio, nas práticas
voltadas para resultados imediatos. Nesse ambiente, a comunicação desponta como
processo de transmissão de informação aos mais diversos públicos. Ela pode ser um
instrumento de legitimação de estruturas sociais, como também a força que os
transforma.
Conforme Bordenave (2003), estamos vivendo um momento histórico “em que a
sociedade civil reafirma seu direito de ser arquiteto do seu próprio destino” (p.119).
Assim, a comunicação na sociedade contemporânea não pode ser tratada de forma
restrita, pois agora ela atinge um significado global, onde uma simples informação
poderá repercutir globalmente, ultrapassando todas as fronteiras e atingindo lugares
antes inimagináveis. Além disso, os receptores da informação gerada pela comunicação
estão cada vez mais sintonizados com conceitos de ética, cidadania, direitos do
consumidor, responsabilidade social e outros valores. Nesse ponto, abre-se caminho
para a discussão que permeia o processo comunicacional e a sociedade.
Bordenave (2002) avalia que a comunicação tem funções bem definidas, levando
em conta o processo de interação humana que se realiza mediante signos organizados
em mensagens. Para o autor, talvez a função mais básica da comunicação seja a menos
freqüentemente mencionada: a de ser o elemento formador da personalidade. “Sem a
comunicação, de fato, o homem não pode existir como pessoa humana.”
(BORDENAVE, 2002, p. 29).
Para exemplificar o que afirma, o autor cita o caso de um menino de 12 anos
encontrado em um bosque da França, em 1797, por caçadores. Esperava-se que o garoto
falasse alguma língua primitiva. Mas ele apresentava o comportamento de um animal
selvagem. Um médico tomou a criança a seus cuidados e tentou ensinar-lhe a falar.
Anos depois, o menino havia aprendido apenas algumas palavras, mas não ultrapassou
limites mínimos de inteligência.
Para Bordenave (2002), a subnormalidade do menino encontrado no bosque
explica-se pelas descobertas de Jean Piaget, para quem a inteligência humana se
desenvolve quando é estimulada de acordo com as etapas do desenvolvimento humano,
uma das quais coincide com a capacidade da linguagem. “Se, nessa etapa, ninguém fala
com a criança, nem sua linguagem, nem sua inteligência são desenvolvidas. A
34
comunicação, portanto, é fundamental para a formação da personalidade normal.”
(BORDENAVE, 2002, p. 30).
Outra função da comunicação marcada por Bordenave (2002) é a de identidade.
Para o autor, a personalidade é um produto social, gerado graças à interação com as
demais pessoas. Em síntese, afirma Bordenave (2002), a comunicação constrói a pessoa.
“Toda família, organização ou sociedade que reprima o diálogo e desconfirme os
homens pela indiferença radical, está conspirando contra a normal formação das
personalidades.” (BORDENAVE, 2002, p. 31).
Bordenave (2002) cita ainda a função expressiva da comunicação, ou seja, as
pessoas não desejam e precisam receber e participar da comunicação, mas ainda,
mais basicamente, desejam expressar suas emoções, idéias, temores e expectativas. Para
o autor, a necessidade humana de expressão é tão forte que às vezes supera a
necessidade de comunicar-se com os outros. “Há poetas que queimam poemas que
nunca mostraram a ninguém e pintores que pintam pelo prazer de pintar.”
(BORDENAVE, 2002, p. 32).
Outra função da comunicação destacada por Bordenave (2002) é a de
relacionamento. Ou seja, uma necessidade também básica do homem é vincular-se a um
grupo mediante relações afetivas. Mas além de existir na sociedade, o homem existe
primeiro no mundo físico. Daí, diz o autor, a comunicação possuir também uma função
informativa ou de conhecimento do mundo objetivo.
Alguém poderia dizer que isto não é comunicação, mas apenas informação.
Porém, se calcularmos quanto de informação do mundo nos chegou através de
outras pessoas ou de seus produtos (livros, história, imprensa, fotografias etc),
veremos que a função informativa é uma função da comunicação.
(BORDENAVE, 2002, p. 32)
Bordenave (2002) cita outras funções menos básicas da comunicação: vigilância
e educação, articulação política de interesse e tomada de decisões, atribuição ou
legitimação de status, imposição e manutenção de normas sociais, facilitação de troca de
bens e serviços na atividade econômica, divertimento ou função lúdica e, por fim,
participação ou acesso ao diálogo e cooperação.
Lasswell apud Cohn (1977) distingue como funções da comunicação a
vigilância sobre o meio ambiente, revelando ameaças e oportunidades que afetam a
posição da comunidade e de suas partes componentes ao nível dos valores; a correlação
35
das partes da sociedade em resposta ao meio ambiente e a transmissão da herança social
de uma geração para outra.
E o autor vai além:
Na sociedade, o processo de comunicação revela características especiais
quando o elemento dirigente teme o ambiente, interno ou externo. Na avaliação
da eficiência da comunicação em qualquer contexto dado, é necessário que se
levem em conta os valores em jogo, assim como a identidade do grupo cujas
posições estão sendo examinadas. Em sociedades democráticas, as opções
racionais dependem do esclarecimento e este, por seu turno, depende da
comunicação; e depende especialmente da equivalência de atenção entre os
líderes, peritos e a massa da população. (COHN, 1977, p. 117)
Nesse sentido, Bordenave (2002) lança importante questionamento: estaria a
comunicação ajudando ao mundo e às pessoas de acordo com a sua enorme
potencialidade? Sim e não, responde Bordenave (2002). Sim, no sentido de que muitos
milhões de pessoas que viviam isoladas e carentes de estímulos para a inteligência e
recursos de trabalho hoje têm maior acesso à ciência, tecnologia, arte, cultura graças aos
meios de comunicação. E não, quando se considera a comunicação como sinônimo de
manipulação. “Além disso, a comunicação ainda não alcança adequadamente todos os
cantos do País. E ainda os meios de comunicação têm sido acusados de “paralisadores e
narcotizantes do sentido crítico”.” (BORDENAVE, 2002, p. 34. Grifos do autor).
Para Bordenave, o potencial verdadeiro da comunicação está ainda longe de ter
sido aproveitado como apoio ao surgimento de uma nova civilização e de um homem
novo, que a comunicação é sempre dinâmica, viva e significa, no seu sentido mais
amplo, transferência de experiências. Bordenave apud Rabaça; Barbosa (2001), avalia
que na comunicação são encontrados mundos diferentes de experiências vividas.
Lasswell apud Cohn (1977) entende que a maior parte das mensagens não
envolve os canais centrais de comunicação, mas ocorrem dentro das famílias,
vizinhança, loja, grupos e outros contextos. Para esse autor, a maior parte do processo
educacional também ocorre dessa forma. Nesse ponto, vale citar Beltrão; Quirino
(1986), para quem todo comunicador exerce uma função entendida como uma ação
intencional com vistas à obtenção de um objetivo social determinado. “Através da
mensagem, o que pretende é levar o receptor a uma ação de interesse próprio e coletivo.
O efeito é o resultado psicossocial da recepção e codificação da mensagem.”
(BELTRÃO, QUIRINO, 1986, p. 137. Grifo dos autores).
36
Assim, podemos entender a comunicação como um processo. Segundo histórico
apresentado por Perez; Bairon (2002), vários estudos sobre o processo de comunicação
foram realizados iniciados por Aristóteles, que resumia o processo em quem diz o que a
quem, ou seja, a pessoa que fala, o discurso que pronuncia e a pessoa que escuta. Mas
Beltrão (1973) vai além ao se referir aos estudos da comunicação iniciados por
Aristóteles. Para esse autor, “o modelo aristotélico resiste como o mais preciso e
sintético: nele estão realmente os elementos fundamentais, indispensáveis à formação
do circuito”. (BELTRÃO, 1973, p. 85). Isso porque, na avaliação de Beltrão (1973),
Aristóteles não somente definia cientificamente a comunicação como a procura de todos
os meios possíveis de persuadir, além de se ocupar de seus elementos básicos.
Figura 1 – Esquema apresentado por Aristóteles
Fonte: Beltrão (1973, p. 85)
Beltrão (1973) modifica a terminologia do esquema aristotélico e os três
elementos se identificam como comunicador, mensagem e receptor, onde comunicador
é quem fala, escreve, desenha, faz gestos e movimentos significativos; mensagem é um
sinal cujo significado pode ser interpretado; e receptor é a pessoa ou organismo capaz
de ouvir, ver, ler receber e decodificar a mensagem partida de outro.
Por volta de 1950, Harold Lasswell propõe um paradigma destinado a orientar o
exame científico dos variados aspectos da comunicação de massa. Segundo Lasswel
apud Rabaça; Barbosa (2001), o estudo de cada uma dessas questões conhecidas
como os sete quês: quem; diz o que; em que canal; a quem; com que efeitos; com que
intenções; em que condições implica modalidades específicas de análise do processo
comunicacional. Vale dizer que para Lasswel apud Rabaça; Barbosa (2001), existem
fatores que iniciam e guiam o ato da comunicação o que implica em análise de
controle. Isso implica na análise de conteúdo; em que canal, meios interpessoais ou de
massa, em análise dos meios; a quem, pessoas atingidas por esses meios; em análise de
audiência e com que efeitos, impacto produzido pela mensagem sobre a audiência, além
de uma análise de efeito. Rabaça; Barbosa (2001), ainda acrescentaram ao modelo
A pessoa que O discurso que A pessoa que
fala (quem) pronuncia (que) ouve (quem)
37
original de Lasswell, questão referente às causas, aos antecedentes ou intenções da
mensagem e condições em que ela foi recebida.
Beltrão (1973) destaca o diagrama de Harold Lasswell, no qual a dinâmica do
processo compreende cinco estágios:
QUEM diz o QUE em que CANAL a QUEM com que EFEITOS
Figura 2 – Processo comunicacional segundo Lasswell
Fonte: Beltrão (1973, p. 86)
Lasswell apud Cohn (1977) avalia que o estudo científico do processo de
comunicação tende a se concentrar em uma ou outra dessas questões.
Aqueles que estudam o “quem” o comunicador se interessam pelos fatores
que iniciam e guiam o ato comunicativo. Essa subdivisão do campo de
pesquisa é chamada análise de controle. Os especialistas que focalizam o diz
o que” ocupam-se da análise de conteúdo. Aqueles que se interessam
principalmente pelo rádio, imprensa, cinema e outros canais de comunicação,
fazem a análise de meios (media). Quando o principal problema diz respeito às
pessoas atingidas pelos meios de comunicação, falamos de análise de
audiência. Se for o caso do impacto sobre audiências, o problema será de
análise de efeitos. (COHN, 1977, p. 105. Grifos do autor)
Beltrão (1973) cita que no decorrer da II Guerra Mundial, como conseqüência
das pesquisas sobre o alcance da propaganda nazista, realizadas em universidades norte-
americanas, Raymond Nixon modifica o esquema de Lasswell, introduzindo mais dois
elementos: as intenções do comunicador e as condições da recepção da mensagem.
1 2 3 4 5
QUEM diz o QUE a QUEM
em que CANAL
com que
EFEITOS
com que sob que
INTENÇÕES CONDIÇÕES
1
2
4
3
5
6
7
38
Fonte Transmissor Receptor Destino
Sinal sinal mensagem
Fonte de recebido
Interferência
(ruído)
Figura 3 – Processo comunicacional segundo Nixon
Fonte: Beltrão (1973, p. 86)
A preocupação com o processo de comunicação, cada vez mais sofisticado
devido aos avanços tecnológicos, fez com que Shannon e Weaver apud Rabaça;
Barbosa (2001) completassem esse processo incluindo uma fonte de interferência, ou
seja, o ruído na comunicação. O ruído, nesse caso, é tudo o que interfere na transmissão
e dificulta a recepção da mensagem, é todo sinal considerado indesejável na transmissão
de uma mensagem por um canal. Rabaça; Barbosa (2001, p. 653) definem ruído como
“tudo o que dificulta a comunicação, interfere na transmissão e perturba a recepção ou
compreensão da mensagem”.
Mas é importante ressaltar que, além do ruído, figuram em todos os modelos do
processo de comunicação emissor (que emite uma mensagem), veículo (meio de
comunicação), receptor (aquele que recebe a informação e a decodifica) e mensagem
(objeto da comunicação). Como não é objeto desse trabalho fazer uma explanação mais
ampla sobre o processo de comunicação, ficaremos com o modelo apresentado por
Shannon e Weaver:
Figura 4 – Modelo de Shannon e Weaver
Fonte: Beltrão (1973, p.87)
Para Rabaça; Barbosa (2001), o sistema de Shannon e Weaver, engenheiros de
telecomunicações, baseia-se principalmente na teoria da matemática da informação e
preocupa-se sobretudo com a possibilidade de utilizarem, com maior eficiência possível,
os meios ou canais disponíveis, conseguindo-se um máximo de informações com o
mínimo de ruído. Embora voltado especialmente para a comunicação eletrônica, o
modelo de Shannon e Weaver representou um marco científico no desenvolvimento da
teoria da informação. Mostrou-se em condições de ser aplicado aos mais diversos
39
contextos e passou a ser reproduzido, em sua forma original ou com acréscimo de novos
elementos, na maioria dos textos teóricos da comunicação.
Os elementos essenciais desse modelo, segundo Rabaça; Barbosa (2001), são os
seguintes: uma fonte de informação seleciona, de um conjunto de mensagens possíveis,
uma mensagem; o transmissor converte a mensagem em sinais, de acordo com um
código determinado, e esses sinais são transmitidos para o destinatário através de um
canal adequado. O receptor, por sua vez, decodifica os sinais recebidos, para recuperar a
mensagem original. os ruídos são interferências no processo de comunicação, que
prejudicam o conteúdo recebido. É o que distorce, atrapalha o fluir das mensagens em
qualquer etapa do processo.
Para ampliar um pouco mais os conceitos a serem tratados, usaremos Canclini
(1995), para quem meios de comunicação são os veículos dedicados à difusão de
mensagens recreativas e de informação para as maiorias, como o rádio, o jornal e a
televisão.
Nesse sentido, Bordenave (2003) destaca que as mídias exercem grande
influência social na comunicação. Tal influência aumentou na medida em que os meios
de comunicação ampliaram sua penetração e difusão. “O domínio das ondas
eletromagnéticas pelo homem reduziu o tamanho do mundo e o transformou numa
aldeia global. Se alguns anos atrás uma notícia precisava de quatro meses para chegar
da Europa à América do Sul, hoje não demora mais que segundos”. (BORDENAVE,
2003, p. 30). Da mesma forma os jornais.
Matéria veiculada pela agência de notícias Reuters no dia 18 de dezembro de
2006 informa que a empresa Satellite Newspaper instalou 125 máquinas pelo mundo
que permitem aos usuários selecionar os grandes jornais do mundo que mais lhe
interessam e imprimi-los em formato PDF. A iniciativa oferece 184 grandes jornais de
54 países. Trata-se do Satellite Newspaper Kiosk. A máquina mede 70cm de largura por
143cm de altura. Os consumidores pagam facilmente o serviço com cartão de crédito ou
cartões pré-pagos Kiosk-card. Entre os jornais brasileiros, estão disponíveis, por
enquanto, Agora, Gazeta Mercantil e O Estado de S.Paulo. Os Estados Unidos têm o
maior número de publicações disponíveis no serviço, 21 jornais.
Assim, não é exagero afirmar que é possível ter acesso à informação em
qualquer lugar, a qualquer hora e a qualquer custo, a despeito da existência do problema
da exclusão de muitos desse processo na sociedade contemporânea, daí decorrer a
grande importância da mídia e a sua função social. Nesse sentido, vale citar Moura
40
(1995), para quem não dúvida de que o conhecimento é a grande força de
alavancagem da cidadania de qualquer país, inclusive no sentido de tomada de
consciência de si mesmo e de sua importância para a comunidade. Moura, porém, vai
além: “A construção da cidadania é uma tarefa de grande complexidade, que desafia as
potencialidades da nossa natureza humana” (MOURA, 1995, p. 66). Em decorrência,
pode-se dizer que é interesse primordial o estabelecimento de um elo entre a função
social do jornal impresso, a educação e o exercício da cidadania.
2.3 Cidadania: conceituação e exercício
Dimenstein (2005) descreve cidadania como a síntese dos direitos obtidos pelos
homens, orientados por um princípio básico: todos são iguais perante a lei, independente
de raça, cor, sexo, religião e nacionalidade. E foi no século XX, na opinião desse autor,
que o ser humano conheceu e viveu a grande evolução dos seus direitos de cidadão. O
autor, porém, faz um alerta: a luta por direitos é incessante e o conceito de cidadania,
hoje, também está ligado à promoção de ações que garantam igualdade de
oportunidades.
João Cardoso Palma Filho apud Schumacher (2004) alerta que, “embora direito
fundamental, a cidadania precisa ser conquistada; não é dada, resulta de um agir
conjunto, é uma construção coletiva, opondo-se, portanto, à concessão, ao privilégio”
(SCHUMACHER, 2004, p. 101).
Nesse sentido, vale citar Aristóteles, para quem a cidadania implica a
possibilidade concreta do exercício da atividade política, onde o cidadão é, em geral,
politicamente ativo e politicamente partícipe da coisa pública. Arendet (1987) vai além
do conceito de Aristóteles, ao definir cidadania como primeiro direito humano
fundamental, dos quais todos os demais derivam-se. Para esse autor, a cidadania
inscreve-se no quadro geral dos direitos fundamentais do ser humano.
Mas em que consiste ser cidadão? Em termos jurídicos, cidadania é a mesma
coisa que direitos dos cidadãos. Em todos os países do mundo, a legislação define as
regras e limites da cidadania dos respectivos países. Segundo o Novo Aurélio Século
XXI (1999, p. 469), “cidadania é a qualidade ou estado do cidadão”. E entende-se por
cidadão “o indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado, ou no
desempenho de seus deveres para com este”. Os direitos sociais, ou seja, o direito a
41
usufruir bem-estar social e econômico, de acordo com padrões que garantam a
dignidade humana, estão excluídos dessa definição.
Para Le Robert apud Perrenoud (2005), cidadania é a qualidade de cidadão. Na
Antiguidade, ainda segundo Le Robert, cidadão era aquele que pertencia a uma nação,
reconhecia sua jurisdição, estava habilitado a usufruir, em seu território, do direito de
cidadania e tinha de cumprir os direitos correspondentes. Nos tempos modernos,
reproduzindo entendimento de Le Robert, o sentido evoluiu e a palavra cidadão designa
uma pessoa considerada como uma pessoa cívica.
Diz Perrenoud:
(...) do ponto de vista da educação, ser cidadão constitui um estatuto ao qual
estão associados direitos e deveres, definidos no âmbito de uma nação como
organização da vida comum; para ser cidadão, nesse sentido, era preciso
conhecer a constituição, as leis, as instituições. Para respeitá-las, era preciso
ainda aderir aos valores e às convicções em que se fundamentavam. Assim, a
cidadania não era uma obrigação. Podia-se viver sem ser cidadão. Esse era o
estatuto mais cobiçado, não o único possível. Herdamos a cidadania de uma
época em que não se concebia que todos fossem cidadãos, ao contrário. A
democracia antiga limitava-se ao círculo restrito dos cidadãos, ninguém
desejava ampliá-lo por uma preocupação de igualdade. (PERRENOUD, 2005,
p. 20)
Por outro lado, Meksenas (2002) avalia que o tema cidadania é um dos mais
complexos nas ciências sociais. Na origem, diz o autor, o conceito simboliza a
igualdade jurídica entre os indivíduos. Ele lembra que, no capitalismo do século XIX,
assistimos à ascensão da cidadania imersa nos valores gerados pela economia de
mercado com a garantia do individualismo pela posse da propriedade e dos direitos
decorrentes desta, originando as liberdades civis e políticas. No século XX, nasceu uma
cidadania com pressupostos na capacidade de os movimentos sociais exigirem do
Estado a regulação do mercado, com ênfase nos direitos sociais.
Esse confronto, entretanto, provocou a consolidação de um sistema de
desigualdades e legitimação da diferença entre os indivíduos. Assim, para Meksenas
(2002), quando se fala em cidadania não se pode deixar de relacionar o exercício dos
direitos pelos indivíduos da coletividade com o vel de distribuição de renda, com
experiências comuns partilhadas da cultura, com a qualidade da educação e o nível de
42
ocupação nas atividades produtivas. “Tais fatores definem o modo como os direitos se
constituem e são reconhecidos na história.” (MEKSENAS, 2002, p. 39)
Para Santos (2002), o respeito ao indivíduo é a consagração da cidadania, pela
qual uma lista de princípios gerais e abstratos se impõe como um corpo de direitos
concretos individualizados. “A cidadania é uma lei da sociedade que, sem distinção,
atinge a todos e investe cada qual com a força de se ver respeitado contra a força, em
qualquer circunstância.” (SANTOS, 2002, p. 7). Esse autor não tem dúvidas ao afirmar
que cidadania se aprende e que há diferentes tipos de cidadania. “Nos países
subdesenvolvidos de um modo geral há cidadãos de classes diversas, há os que são mais
cidadãos, os que são menos cidadãos e os que nem mesmo ainda o são.(SANTOS,
2002, p. 7).
Weffort (1981) também coloca a discussão da cidadania no quadro da
desigualdade social, quando aborda a questão da classe trabalhadora. Para esse autor, a
questão da cidadania dos trabalhadores está intimamente relacionada à questão da
articulação entre a liberdade política e a igualdade social. Ele discute a tensão que se
estabelece nas sociedades de classe ditas democráticas quando o assunto é liberdade e
igualdade. Assim, tendo como foco essa tensão, desenvolve-se não uma cidadania geral,
mas várias cidadanias particulares. Levando em conta a discussão provocada por
Weffort, Palma Filho apud Schumacher (2004) vai além: “uns são mais cidadãos que
outros” (SCHUMACHER, 2004, p. 101).
A abordagem de Palma Filho (Schumacher, 2004) é reforçada quando conceitos
jurídicos são levados em conta quando o assunto é cidadania. uma conotação mais
política do que social à cidadania. Ainda assim, Palma Filho (SCHUMACHER, 2004, p.
101) salienta que mesmo o direito político restringe-se ao ato de votar e ser votado.
Tem sido, portanto, uma cidadania outorgada, concedida e, desse modo,
podendo ser retirada por quem outorgou ou concedeu. A nossa história
republicana recente registra inúmeros casos de cassações de direitos políticos
que de um dia para outro transformaram cidadãos em não-cidadãos.
(SCHUMACHER, 2004, p. 101)
Essa, porém, não é uma situação apenas brasileira. Marshall (1969), ao falar
sobre cidadania civil, política e social no âmbito da Inglaterra, afirma que os autores
clássicos do liberalismo davam inicialmente importância à cidadania com conteúdo
individualista. Ele indica o surgimento da cidadania social já nos anos 30 do século
43
XX, quando se incorpora um mínimo de direito ao bem-estar social e econômico aos
direitos individuais e políticos.
Partindo desse ponto de vista, que levar em conta que os direitos são
reguladores da sociedade no sentido de garantir as mesmas chances aos indivíduos e,
simultaneamente, legitimar as diferenças entre eles. Para Meksenas (2002):
Os direitos garantem o acesso diversificado quanto à qualidade, por exemplo,
das escolas, hospitais, ocupações e renda, quando essa diversificação não
implicar o acirramento das desigualdades sociais a níveis que possam
comprometer o equilíbrio social. O papel regulador dos direitos e, por
conseqüência, das organizações jurídico-formais no interior da sociedade de
classes se traduz com maior clareza na esfera educacional, pois esta mantém
reciprocidade com a estrutura ocupacional, servindo como instrumento de
mobilidade e, ao mesmo tempo, de estratificação social. (MEKSENAS, 2002,
p. 39)
Para Marshal (1969), o direito à educação é um traço definidor da cidadania
como conteúdo social. Assim, ter acesso a bens educacionais passa a constituir critério
importante para se apreciar o grau de cidadania de um povo. Palma Filho apud
Schumacher (2004) salienta que nos últimos 100 anos não houve reforma educacional
no Brasil que não ressaltasse o papel da educação na formação do cidadão. Na maioria
das vezes, porém, não se foi além das declarações genéricas, que pouco efeito prático
resultou.
Arroyo apud Buffa (1987) aponta que as ciências da educação enfrentam a
temática da relação da educação com a cidadania com pouca profundidade. O fato, para
o autor, ocorre pela existência de dois modelos de cidadania que se contrapõem. De um
lado, uma cidadania que vem de fora para dentro, em que a escola representa um papel
importante de agente formador dos indivíduos para o exercício da cidadania. De outro, a
perspectiva que vê a cidadania como uma construção que se realiza no interior da
prática social e da política das classes, ou seja, ultrapassa o espaço escolar.
Para Coutinho (1994), é a ordem democrática que permite a manifestação da
cidadania. E tal ordem, para esse autor, caracteriza-se pela reunião em um determinado
espaço de condições sociais e institucionais, nas quais é possível a participação ativa do
ser humano na formação do governo e conseqüente possibilidade de efetivo controle da
vida social por parte dos cidadãos.
Desse modo, Coutinho (1994) considera a individualidade como inerente à
condição humana, e a cidadania como a qualidade que se explicita quando a ordem
social permite a participação de modo pleno nas decisões que são tomadas pelo
44
conjunto social. Para esse autor, são necessárias três condições para a formação de
cidadãos através da educação. A primeira seria a socialização efetiva do conhecimento
socialmente relevante, o que significa tornar realidade a universalização de uma
educação básica com qualidade. A segunda, diz respeito ao fato de que, para ser
democrático, o sistema democrático tem de ser plural, ou seja, acolher no seu interior o
pluralismo de idéias a que se refere a Constituição Federal, especialmente o artigo 25,
que assegura a plena liberdade de expressão para todas as correntes de pensamento que
a sociedade abriga. E como terceira condição para formar cidadãos através da educação,
Coutinho (1994, p. 25) aponta a necessidade de o sistema ser gerido “pelos seus
próprios autores e usuários diretos”.
Assim, vale citar Demo (1995), para quem a principal função da escola é
viabilizar o acesso da população, independente de sua condição social, ao conhecimento
socialmente produzido e historicamente acumulado. Nesse sentido, a escolarização
formal, para esse autor, torna possível a existência do cidadão. Para Demo (1995), a
quebra do monopólio do conhecimento é essencial para o exercício da cidadania em
toda sua plenitude, que será efetivada se a educação for além da mera transmissão,
cópia ou reprodução do conhecimento.
Moura (1995) também avalia que a educação tem papel fundamental na
discussão da cidadania, que não dúvidas de que o conhecimento é a grande força
de alavancagem do processo em qualquer país. Mas é importante esclarecer que a
educação não é só ensino. E mais: ensino não é só o tipo de instrução definida nos atuais
currículos. O autor entende que a tarefa da educação se realiza por duas vertentes: a do
ensino, que se concentra mais na transmissão de conhecimentos, e a da formação, que é
o esforço de refletir, avaliar e assumir valores assimilados. O que a escola não pode,
porém, é limitar-se ao ensino enciclopédico. “Ensinar o mapa da mina e capacitar a
pessoa a saber procurar as fontes de conhecimento que lhe interessam é imprescindível
nos dias de hoje, quando o conhecido se torna obsoleto num curto espaço de tempo.”
(MOURA, 1995, p. 61)
Perrenoud (2005), porém, faz um alerta aos que entendem que apenas a escola
tem papel fundamental na formação de cidadãos. O autor enfatiza que é preciso levar
em conta que a escola está inserida na sociedade e é fruto dela. “Sua “autonomia
relativa” não a torna um santuário à margem do mundo, nem um superego. Não se pode
exigir que ela preserve ou inculque valores que uma parte da sociedade vilipendia ou
respeita da boca para fora.” (PERRENOUD, 2005, p. 9. Grifos do ator). Além disso, a
45
reflexão sobre a cidadania e sua aprendizagem não pode ser fruto do pensamento
mágico. Antes, é preciso admitir as contradições da sociedade atual.
Não se pode negar que a sociedade, atualmente, é mais individualista e fecha os
olhos para uma série de injustiças sociais, por uma série de fatores que não vem ao caso
enumerar neste momento. Nesse sentido, Perrenoud (2005) avalia que não se pode
envolver a escola no combate pela cidadania se esse combate não se engajar em outras
frentes que envolvem emprego, segurança, minorias etc. Por conta disso, é possível que
a inquietação quanto à cidadania ofereça à escola uma oportunidade histórica de
reforçar a democratização do acesso aos saberes. Nesse sentido, a escola pode iniciar
discussões que envolvam novos métodos de ensino, relação com o saber, participação
dos alunos e de suas famílias, grau de cidadania do professor.
No caso do Brasil, especificamente, há que se levar em conta vários temas, entre
eles a ditadura, que provocaram um impacto fortemente negativo no processo de
formação da idéia da cidadania e da realidade do cidadão. Em nenhum outro país foram
tão marcantes os processos de migração do homem do campo para a cidade, a
urbanização galopante e concentradora, a expansão do consumo, o crescimento
econômico, a concentração das mídias em grandes conglomerados, a degradação das
escolas.
E o cidadão deu lugar ao nascimento do consumidor, que também aceita ser
chamado de usuário. Mas o consumidor o é cidadão, que o cidadão é
multidimensional e cada dimensão se articula com as demais na procura de um sentido
para a vida. “O consumidor (e mesmo o eleitor não-cidadão) alimenta-se de
parcialidades, contenta-se com respostas setoriais, alcança satisfações limitadas, não
tem direito ao debate sobre os objetivos de suas ações, públicas ou privadas.”
(SANTOS, 2002, p.42)
No século XXI, segundo estudiosos como Milton Santos (2002), a grande tarefa
que se tem pela frente é o reaprendizado da cidadania. E o fator educação assume papel
fundamental nesse processo. Para o autor, porém, a educação não tem como objeto real
armar o cidadão para uma guerra. Sua finalidade, cada vez menos buscada e atingida, é
a de formar gente capaz de se situar corretamente no mundo e de influir para que se
aperfeiçoe a sociedade humana como um todo. Segundo Santos (2002), a educação feito
mercadoria reproduz e amplia as desigualdades. “Educação apenas para a produção
setorial, educação apenas profissional, educação apenas consumista, cria, afinal, gente
deseducada para a vida” (SANTOS, 2002, p. 126)
46
Moura (1995) entende que a educação para a cidadania não é e nem pode ser
apresentada como uma disciplina particular.
Ela transcende as disciplinas e, ao mesmo tempo, está presente em todas. E
não só em todas as disciplinas, mas em todas as atividades escolares. Ao
organizar um jogo de futebol, em que cada jogador tem uma função própria
para contribuir para o conjunto, em que linhas definem áreas especiais, em que
o juiz tem sua função e os bandeirinhas, outras, enfim, em que um
regulamento a ser seguido, a cidadania está sendo ensinada. (MOURA, 1995,
p. 100)
Nesse sentido, os meios de comunicação teriam papel importante na formação
de cidadãos. Traquina (2003), por exemplo, acredita que a imprensa pode não
conseguir dizer às pessoas como pensar, mas pode influenciá-las sobre o que pensar.
Breed apud Cohn (1977) entende que uma das funções dos meios de
comunicação é reforçar a tradição e, ao mesmo tempo, explicar novos papéis pela
expressão, dramatização e repetição de padrões culturais. Assim, os membros da
sociedade permanecem integrados na estrutura sociocultural. Entendidos como forma de
socialização, os meios de comunicação, para Breed apud Cohn (1977), surgem como
garantia de que um conjunto de valores básicos permanece visível, constituindo como
forma contínua de consenso. “(...) muitos autores vêm sustentando há anos que os media
servem a certos propósitos societários e culturais, levando as pessoas a relações de
comunidade e ajudando na sua socialização no sentido de formas aprovadas de
comportamentais.” (COHN, 1977, p. 218)
Dessa maneira, Breed apud Cohn (1977) sustenta que, para reforçar a tradição e
manter padrões formais e adequados, a imprensa “protege” situações que possam pôr
em risco a ordem social. E segundo o autor, a área mais freqüentemente protegida é a
político-econômica, seguida pela religião, família, patriotismo, comunidade, saúde e
médicos e, por fim, a Justiça.
Assim, vale estudarmos os aspectos históricos dos meios de comunicação de
massa, fato que faremos a seguir, para entendermos sua influência na sociedade
contemporânea. Vale lembrar que o alcance da comunicação foi assegurado de maneira
definitiva pela invenção dos meios eletrônicos e aperfeiçoamento de técnicas de
impressão que, conforme Bordenave (2003), permitiu a redução do tamanho do mundo
e o transformou numa “aldeia global”.
47
3 A MÍDIA E SUA FUNÇÃO SOCIAL
3.1 Meios de comunicação social: aspectos históricos e conceituais
Para a melhor compreensão da mídia e da sua função social, entende-se ser de
importância iniciar pela apresentação dos aspectos históricos e conceituais envolvidos.
Desse modo, encontramos referenciais na literatura especializada.
Rabaça; Barbosa (2001) conceituam a mídia como sendo um conjunto de meios
de comunicação existentes em uma área ou disponíveis para uma determinada estratégia
de comunicação. É a grafia aportuguesada da palavra latina media, conforme esta é
pronunciada em inglês. Media, em latim, é plural de médium, que significa “meio”. Em
publicidade, costuma-se classificar os veículos em duas categorias: mídia impressa
(jornais, revista, folheto outdoor, mala-direta etc.) e mídia eletrônica (tv, rádio, CD,
vídeo, cinema etc.).
No Brasil, o termo mídia em geral é sinônimo de meios de comunicação de
massa (rádio, tv, jornal, outdoor e outros). Todos eles têm como principal função
informar, educar e entreter de diferentes formas, com conteúdos selecionados e
desenvolvidos para seus determinados públicos. Nesse sentido, muito se discute que
poder a mídia exerce sobre as pessoas.
Num contexto de comunicação política, base da análise de seus primeiros
pesquisadores, analisa-se que a mídia teria capacidade de influenciar a projeção dos
acontecimentos na opinião pública. Para falar sobre o poder da mídia, Traquina (2003)
cita uma pesquisa realizada durante as eleições norte-americanas em 1968, quando se
questionou o eleitor sobre o que ele valorizava mais: o que os políticos falavam ou o
que a imprensa publicava. Apurado o resultado, a conclusão foi a de que a imprensa
pode não conseguir dizer às pessoas como pensar, mas pode, na maioria das vezes,
influenciá-las sobre o que pensar.
Vianna (2006) menciona que, apesar de ter sido elaborada no início da década de
70, o conceito mídia foi citado na publicação Public Opinion, de 1922, escrita por
Walter Lippman. “Naquela obra, o autor sugeria que existe uma relação midiática e a
agenda pública, sendo a mídia a principal ligação entre os acontecimentos do mundo e
as imagens desses acontecimentos na mente dos leitores e expectadores(VIANNA,
2006, p.39-40). Além disso, esse mesmo autor ainda afirma que:
48
O desenvolvimento deste conceito foi também uma reação à teoria
hipodérmica, que assentia que cada elemento do público é pessoal e
diretamente atingido pela mensagem. Cada indivíduo reagiria isoladamente às
ordens dos meios de comunicação de massa monopolizados. Os efeitos
produzidos pela mídia chegariam da mesma forma para todas as pessoas,
independente de suas características sociais, psicológicas ou sociais.
(VIANNA, 2006, p. 40)
Traquina (2003) cita Moloch; Lester (1974), que identificaram três categorias de
pessoas que se posicionam de forma diferente perante a organização do trabalho
jornalístico. A primeira são os promotores da notícia, os que identificam uma ocorrência
em especial. A segunda, os unificadores, ou seja, profissionais que tornam um conjunto
de ocorrências um acontecimento público. E a terceira, os consumidores de notícia.
A terceira categoria, os consumidores, corresponderia aos “membros sujeitos à
influência dos mídia que ajudam a construir a agenda pública” (TRAQUINA, 2003, p.
21). Mas o próprio autor sai em defesa dos jornalistas, quando observa que a história do
jornalismo tem sido um processo de profissionalização lento e difícil. Reforça o sistema
da ethos profissional, onde existe um conjunto de normas, rituais e valores que formam
a ideologia profissional. Assim, seriam duas as variáveis na construção da agenda
jornalística: a atuação dos próprios jornalistas, com seus critérios de noticiabilidade na
seleção das ocorrências, e a ação estratégica dos promotores da notícia, com os recursos
que possuem para serem capazes de obter acesso ao campo jornalístico. Nesse sentido,
que se registrar que os critérios de noticiabilidade são “negociados” no cotidiano das
redações. O repórter “negocia” com o editor, que “negocia” com o diretor de redação,
que “negocia” com seus superiores.
Assim, que se dizer que a invenção da mídia influenciou o rumo da
contemporaneidade e as relações sociais da atualidade, no que diz respeito à
comunicação. A imprensa teve papel fundamental nos acontecimentos da história, desde
as mais remotas formas de impressão até as mais recentes formas de comunicação
digital. A expansão dos meios de comunicação se entrelaçou complexamente em outros
processos de desenvolvimento. É fundamental uma ampla visão do desenvolvimento da
mídia no surgimento da sociedade atual.
Nesse sentido, antes de abordar a temática mídia e sua função social, é
importante tratar, embora que sucintamente, da história da imprensa de maneira geral,
até para entender como se deu o desenvolvimento da imprensa no Brasil. Como o objeto
49
de estudo desta pesquisa tem como centro de atenção o jornal impresso, o foco em
questão será sobre ele.
A história da imprensa pode ser encontrada de forma simples e mais detalhada
em http://pt.wikipedia.org. Assim, o que se apresenta para efeito de visão sistêmica
contextual do jornal enquanto uma modalidade da imprensa, é um universo a respeito.
Em linhas gerais, vale dizer que o termo imprensa deriva da prensa móvel,
processo gráfico criado por Johannes Gutenberg no século XV e que, a partir do século
XVIII foi usado para imprimir jornais, na época os únicos veículos jornalísticos
existentes. De meados do século XX em diante, os jornais passaram a ser também
radiodifundidos e teledifundidos (radiojornal e telejornal) e, com o advento da World
Wide Web (“rede do tamanho do mundo”, web ou www), vieram também os jornais
online, ou ciberjornais, ou webjornais. O termo "imprensa", contudo, foi mantido.
Mas se o termo "jornalismo" é relativamente moderno, a sua história se
confunde, inevitavelmente, com a da imprensa, desde quando Gutenberg, no século XV,
aperfeiçoou a técnica de reprodução de textos por meio do uso dos tipos móveis. As
publicações, contudo, haviam sido criadas e distribuídas pelos governos milênios antes.
As primeiras reproduções da escrita foram obtidas sob um suporte de cera ou argila com
os selos cilíndricos e cunhas, encontrados nas mais antigas cidades da Suméria e da
Mesopotâmia do século XXVIII a.C.
Entretanto, foi no final do século XX que o mundo assistiu a uma revolução nas
tecnologias de comunicação e informação, levando à formação de uma mídia como
instituição (privada) de alcance global, tanto para o jornalismo quanto para o
entretenimento (cultura e diversões). Em 1962, o jornal norte-americano Los Angeles
Times utiliza fitas perfuradas para agilizar a composição em linotipos. Naquele mesmo
ano, entrou no ar o Telsat I, primeiro satélite de telecomunicações específico para os
mídia. Sete anos depois, realizou-se a transmissão da chegada da missão Apolo II, dos
EUA, à Lua. A seguir, uma síntese infográfica é apresentada, destacando as datas que
marcaram a história da imprensa, especialmente a evolução do jornal impresso, no
Brasil e no mundo.
3.1.1 De Gutenberg aos nossos dias
59 a.C
Por vontade e ordem do imperador Júlio César, surgem em Roma as
Acta Diurna, folhas de notícias da vida romana afixadas em toda a
cidade. A publicação, gravada em tábuas de pedra, era afixada nos
espaços públicos e trazia fatos diversos, notícias militares,
obituários, crônicas esportivas, entre outros assuntos.
50
1455
A Bíblia, de Gutenberg, é o primeiro livro impresso em tipografia
.
713 d.C
O primeiro jornal em papel, Notícias Diversas, é
publicado como um panfleto manuscrito, em
Kaiyuan, Pequim, na China.
1041
Também na China, é inventado
o tipo móvel.
105.d.C
Por volta desse ano, os chineses inventam o
papel, suporte fundamental para o
desenvolv
imento da imprensa.
1440
Gutenberg desenvolve a tecnologia da prensa móvel,
utilizando os tipos móveis: caracteres avulsos gravados
em blocos de madeira ou chumbo, que eram rearrumados
numa tábua para formar palavras e frases do texto. Veloz,
para quem até então só dispunha dos manuscritos, a
reprodução tipográfica
permite a edição de cadernos de
até 16 páginas.
1452 a 1470
A imprensa conquista nove cidades germânicas e várias
localidades italianas, bem como Paria e Sevilha. Dez anos
depois, registrava-se a existência de oficinas de impressão em
108 cidades; em 1500, o seu número era de 226. Durante o
século XVI, os centros mais produtivos eram as cidades
universitárias e as cidades comerciais. Veneza continuou a ser
a capital da imprensa, seguida de perto por Paris, Leon,
Frankfurt e Antuérpia. A Europa tipográfica começava a
deslocar-se da Itália para os países do Norte da Europa.
51
1464
Instala-se no convento de Sibiaco, próximo a Roma, o
primeiro centro italiano de tipografia e impressão.
1605
Surge na Antuérpia a primeira publicação impressa
periódica regular (semanal), o Nieuwe Tijdinghen,
aparece em 1605.
1609
Surgem os primeiros periódicos em alemão: o
Relation aller fürnemmen und gedenckwürdigen
Historien (Relação de todas as notícias notáveis e
rejubilantes), em Estrasburgo, e o Avisa Relation
oder Zeitung.
1621
Surge em Londres o primeiro jornal particular de língua
inglesa, The Corante.
1622
Um pacto entre 12 oficinas de impressão
inglesas, holandesas e alemãs determina
intercâmbio sistemático de notícias entre
elas.
1638
O Weekly News, fundado por Nathaniel Butler,
é o primeiro jornal a publicar noticiário internacional.
1641
Fundado o primeiro jornal em
português, em Portugal:
A Gazeta, de Lisboa.
1650
Nasce o primeiro jornal impresso diário do mundo, o
Einkommende Zeitungen (Notícias Recebidas), fundado
na cidade alemã de Leipzig.
52
1695
Acaba o Licensing Act, espécie de
licença concedida pelo governo
britânico para publicação de jornais. A
partir de então, a imprensa inglesa
passa a gozar de uma liberdade
relativa e a firmar um papel importante
no sistema político do país.
1702
Na Europa, surge o primeiro jornal diário de natureza política, o
Daily Courant, uma única folha impressa só na parte da frente.
Dele nasceria a escola anglo-saxônica, segundo a qual a
objetividade é a virtude essencial do jornalismo.
1743
Surge o primeiro jornal diário da América, a Gaceta de Lima.
1746
O tipógrafo português Antônio Isidoro da
Fonseca instala a primeira tipografia do Rio de
Janeiro. Um ano depois, tem seus bens
seqüestrados e queimados e é deportado para
Lisboa, por ordem de Portugal.
1785
O The Times, de Londres, começa a circular com o nome de
The Daily Universal Registrar. Seria rebatizado para The Times
três anos depois.
1789 a 1800
A Revolução Francesa dá impulso
extraordinário à imprensa. Nesses 11 anos,
são publicados mais de 1.500 títulos novos,
duas vezes mais que nos 150 anos
precedentes.
1808
Surgem, quase simultaneamente, os dois primeiros
jornais brasileiros: o Correio Brasiliense (com s),
editado e impresso em Londres pelo exilado Hipólito
da Costa; e a Gazeta do Rio de Janeiro, publicação
oficial editada pela Imprensa Régia instalada no Rio
de Janeiro com a transferência da Corte portuguesa.
1811
Surge na Bahia o Idade d’Ouro do Brasil. O jornal tinha proteção do
Conde dos Arcos, que lhe impôs como regra a isenção total no
noticiário político. Entretanto, durante os 12 anos de existência,
defendeu abertamente o domínio português.
53
1814
O alemão Friedrich Koening
cria a impressora a vapor,
capaz de imprimir até 1.100
exemplares por hora. Em 29
de novembro, o inglês The
Times passa a ser o primeiro
jornal impresso com a nova
técnica.
1820
Surgem várias publicações pelo Brasil. O Revérbero
Constitucional Fluminense tem papel importante na campanha
para convocação da Assembléia Constituinte de 1823. O
Malagueta é um jornal independente e defensor das idéias
liberais.
1821
Em 28 de agosto, Dom Pedro I
decreta o fim da censura prévia.
No mesmo ano, surge o
Diário do Rio de Janeiro, considerado
o primeiro jornal informativo do País.
1823
Frei Caneca lança o Typhis Pernambucano, em defesa da liberdade
de imprensa e contra a escravidão.
1833
Fundado o New York Sun,
primeiro, jornal “popular”,
vendido a um centavo de dólar.
1835
Surgem as agências de notícias. A primeira delas foi
fundada pelo francês Charles-Louis Havas: a Agence des
Feuilles Politiques, Correspondance Générale, que viria a
se tornar a atual Agence France Presse. A Havas usava
pombos-correios para passar informações financeiras da
Bolsa de Londres.
1844
A invenção do telégrafo por Samuel
Morse revoluciona a transmissão de
informações, e permite o envio de
notícias a longas distâncias. Mas o
telégrafo só ganharia um aumento
exponencial da sua capacidade a partir
da instalação dos cabos submarinos, na
segunda metade do século XIX, que
unem os continentes.
54
1847
A primeira rotativa começa a funcionar nos EUA.
1848
O Times, de Londres, cria uma rotativa que imprime 10 mil
exemplares por hora. Nesse mesmo ano, jornais de Nova York se
juntam para formar a agência Associated Press (AP), durante a
guerra dos EUA contra o México. O principal motivo da associação,
na época, era contenção de custos entre os periódicos.
1851
O alemão Julius Reuter funda a agência Reuters. No mesmo ano, é
fundado The New York Times, o principal jornal de Nova York e até
hoje um dos mais importantes nos EUA e no mundo.
1858
O primeiro despacho
transatlântico por
telégrafo é enviado
pela AP.
1860 a 1870
As máquinas rotativas, que usam o papel em bobina, são
criadas simultaneamente nos Estados Unidos, na Inglaterra e
na França. Imprimem tiragens de 12 mil a 18 mil exemplares
por hora.
1861
O início da Guerra Civil dos EUA é um
marco para a imprensa, pelas inovações
técnicas e novas condições de trabalho.
Repórteres e fotógrafos recebiam
credenciais para cobrir o conflito. De lá,
desenvolviam o lead para assegurar que
a parte principal da notícia chegaria à
redação pelo telégrafo. Os jornais
inventavam as manchetes, títulos em
letras grandes na primeira página, para
destacar as novidades da guerra.
1871
Acompanhando a industrialização ocidental, o
Japão ganha seu primeiro jornal, o Yokohama
Mainichi Shimbun (Notícias Diárias de
Yokohama).
1874
A comunicação por telégrafo liga o Brasil à Europa. É quando
começam a chegar ao País despachos de agências internacionais.
55
1875
Nasce o A Província de São Paulo, pioneiro na venda
avulsa no País, fato pelo qual chegou a ser
ridicularizado. A população considera que o método
daria início à mercantilização da imprensa. Em 1890,
passa a chamar-se O Estado de São Paulo. Na foto, a
primeira sede do jornal.
1880
O jornal se completa com a chegada da fotografia na imprensa diária em
1880. A Alemanha foi o primeiro país a produzir revistas ilustradas
graficamente com fotografias.
1889
Otto Merganthaler inventa a
linotipo e as técnicas de
composição de página
sofrem uma verdadeira
revolução, com o uso de
tipos de chumbo fundidos
para gerar linhas inteiras de
texto.
1891
Joaquim Nabuco e Rodolfo de Souza Dantas fundam o
Jornal do Brasil.
1892
Criada a United Press
International, agência de
notícias ainda em operação.
No Brasil, nesse ano o jornal
informativo do governo
passa a chamar-se Diário
Oficial.
1912
Lênin funda, na União Soviética, o jornal
Pravda, que circula até 1922 e chega a
alcançar 10 milhões de exemplares.
1915
A agência alemã Transocean é fundada para cobrir a I Guerra Mundial na
Europa com a visão da Tríplice Aliança.
56
1821 a 1822
Entre junho de 1821 e dezembro de
1822, cerca de 20 periódicos surgiram
no Rio de Janeiro. Um dos mais
representativos foi o Diário do Rio de
Janeiro, fundado pelo português
Zeferino Vito de Meireles. Publicava
anúncios e notícias sobre furtos,
assassinatos, espetáculos, achados e
perdidos, entre outras informações.
Permanecia tão distante da política que
não noticiou nem mesmo a
Proclamação da Independência. Em
1921, também começa a história da
Folha de S.Paulo, com a criação do
jornal Folha da Noite.
1923
Lançada a norte-americana Time, revista semanal de notícias
fortemente opinativa, o mais poderoso meio de comunicação dos
EUA.
1924
Ao assumir O Jornal, Assis
Chateaubriand dá início ao primeiro
império de comunicação do Brasil,
os Diários Associados.
1925
Criado o jornal Folha da Manhã,
edição matutina da Folha da Noite.
No mesmo ano, começa a circular
no Rio de Janeiro O Globo,
fundado por Irineu Marinho.
1927
Nasceram o Aurora Fluminense, de Evaristo da Veiga, o
Jornal do Comércio, que circula até hoje, e o Farol Paulistano,
primeiro jornal impresso em São Paulo.
1928
Os Diários Associados
lançam O Cruzeiro, no
Rio de Janeiro, a
primeira revista semanal
brasileira de circulação
em todo o País.
57
1934
Durante o Estado Novo, Getúlio Vargas cria o Departamento de
Imprensa e Propaganda (DIP), que instala a censura e veta o registro de
420 jornais e 346 revistas.
1947
É importante citar as reformas do Diário
Carioca, que caracterizou-se pela
reformulação da linguagem jornalística,
criando um estilo direto e objetivo de
narração; instituição da diagramação;
criação do colunismo social e
dinamização da fotografia, que passou a
ser um elemento de informação, não
apenas de ilustração.
1949
Nasce a Folha da Tarde.
1950
Victor Civita funda a Editora Abril, em São
Paulo. Sua primeira revista, o Pato Donald,
chega às bancas com uma tiragem de 82.370
exemplares.
1951
Criado o jornal diário Última Hora, no Rio de Janeiro, por Samuel
Wainer. Última Hora revolucionou a imprensa brasileira de
sua época, introduzindo uma série de técnicas de
comunicação de massa até então desconhecidas no Brasil.
1954
Foi na Tribuna da Imprensa, em 12 de agosto de 1954, que
Carlos Lacerda escreveu o editorial sugerindo que os
militares exigissem a renúncia do presidente Getúlio
Vargas, disparando, segundo historiadores, a crise que o
levaria ao suicídio, em agosto. Após a morte de Getúlio,
governistas invadiram e empastelaram a sede do jornal.
58
1960
Nasce o Correio Braziliense
(com z), que ainda hoje circula
em Brasília. Foi fundados por
Assis Chateubriand, juntamente
com a inauguração da cidade. O
nome veio do histórico Correio
Brasiliense, editado por
Hipólito, em Londres. Nesse
ano, os três títulos do Grupo
Folha – Folha da Noite, Folha
da Tarde e Folha da Noite - se
fundem para dar origem à Folha
de S.Paulo.
1962
O Decreto 1.177 define o profissional de jornalismo e suas funções e
condiciona o exercício de jornalismo ao diploma de curso superior e ao
registro no Ministério do Trabalho.
1968
Criado o Conselho
Superior de Censura. No
mesmo ano, é lançada a
revista Veja e Leia, da
Editora Abril, mais tarde,
Veja.
1973
Surgem os primeiros terminais computadorizados para edição
jornalística. A fotocomposição começava a substituir a linotipia. No
jornal Minneapolis Star, começou a ser testado um sistema que
possibilitava a diagramação eletrônica e o envio das páginas direto para a
impressão, eliminando o processo de composição manual.
1975
O jornalista Wladimir
Herzog é assassinado nas
dependências do DOI-
CODI, em São Paulo.
1991
Jornalistas africanos redigem uma declaração de princípios
para uma mídia livre, independente e pluralista, a Declaração
de Windhoek. Tem início a comemoração do Dia Mundial da
Imprensa.
59
1995
No dia 12 de maio, a Folha de
São Paulo alcança a maior
circulação da história da
imprensa brasileira, 1.613.872
exemplares, empurrada pelo
lançamento do Atlas histórico
que acompanha a publicação.
Em maio do mesmo ano, o
Jornal do Brasil inaugura o
primeiro jornal eletrônico do
País, o JB Online.
1999
Estudo realizado pela Feedom House em 186 países
informa que somente em 69 países existe imprensa livre.
Outros 51 têm jornalismo parcialmente livre e 66 censuram a
mídia eletrônica. Só nesse ano, 71 jornalistas
foram assassinados no Brasil e 80, presos.
2003
Um movimento de diminuição do tamanho
dos jornais toma conta da Europa. No
Reino Unido, títulos tradicionais como The
Times e The Independent abandonaram o
formato Standard – usado pelos principais
diários brasileiros, com tamanho de 29,7
cm de largura x 52 cm de altura – e
aderiram ao tablóide (29,7 cm de largura x
26 cm de altura). O objetivo era conquistar
novos leitores, principalmente os jovens, e
fidelizar os que têm o hábito de ler no
transporte público.
2006
A circulação diária dos jornais brasileiros cresceu 6,5%, o que eleva
para 7.230.285 o número de exemplares vendidos no País. O percentual
de crescimento foi divulgado pelo Instituto Verificador de Circulação
(IVC).
60
Desde o princípio, os jornais, que nasceram com o objetivo de informar,
influenciaram no cotidiano das pessoas. Para Noblat (2003), porém, jornalismo não é
obra exclusivamente de jornalistas. “Tanto quanto nós, os leitores são também
responsáveis pelo bom ou mau jornalismo que fazemos. Porque eles têm o poder.
Podem comprar um jornal se quiserem. E se quiserem, podem deixar de comprá-lo.”
(NOBLAT, 2003, p. 21)
Cada vez mais, os leitores têm sido mais exigentes naquilo que procuram nos
jornais diários e se queixam da qualidade e conteúdo que têm sido apresentados pelos
chamados profissionais da comunicação. Mas o que tem sido feito por jornalistas e
empresários para melhorar a qualidade do jornal? É o que discutiremos a seguir.
3.2 Jornal como mídia na sociedade contemporânea
O jornal do século XXI está sendo rediscutido por empresários, jornalistas e
leitores. A discussão começou na década de 80, com o advento da Internet, uma rede de
computadores de alcance mundial, formada por inúmeras e diferentes máquinas
interconectadas em todo mundo, que entre si trocam informações na forma de arquivos
de textos, sons e imagens digitalizadas, correspondência via e-mail etc. Com a Internet,
boa parte das pessoas acreditava que o jornal impresso estava com os dias contados por
conta da informação rápida e de textos curtos que chegam na casa das pessoas ou em
suas mesas de trabalho através de um clique. Houve quem acreditasse, lembra Noblat
(2003), que o leitor, por conta da correria do dia-a-dia, se acostumaria com as notícias
rápidas e facilmente obtidas na ponta do clique no mouse a qualquer hora o dia ou da
noite, muitas vezes gratuitamente, e deu até prazo para que deixassem de existir.
Por conta disso, as agências de notícias passaram a mudar o modo de
encaminhar notícias aos assinantes. Por conta da experiência de cerca de dez anos como
editora do Jornal da Cidade de Bauru, foi possível observar que as agências de notícias
2007
A Associação Mundial de Jornais divulga informe que
indica um crescimento de 9,95% na circulação dos jornais
em todo o mundo no período de 2001 a 2005 - e de 2, 36%
no ano de 2005. De acordo com esse informe, o número
de títulos de jornais diários ultrapassou 10 mil pela
primeira vez na história, com as vendas alcançando mais
de 450 milhões de exemplares diários e os leitores desses
jornais pagos superando 1,4 bilhão em todo o mundo.
61
Reuters, inglesa, e Folhapress, brasileira, do grupo Folha de São Paulo, começaram a
enviar para os jornais textos curtos para que eles pudessem ser também aproveitados nas
seções “Últimas notícias” dos sites dos jornais impressos, que rapidamente aderiram à
moderna tecnologia digital e de rede. Agora, essas mesmas agências se lançam a uma
nova discussão: notícias curtas e informações rápidas são buscadas nos sites e nos
noticiários de TV. No jornal, busca-se o aprofundamento das notícias, a novidade do
fato que, em geral, foi exaustivamente “massacrado” no dia anterior pela televisão,
blogs, sites.
Noblat (2003, p. 18) lembra que “o atestado de óbito dos jornais diários foi
assinado e lavrado em cartório pelo menos quatro vezes no século passado”. A primeira
vez, quando se inventou o rádio; a segunda, quando a televisão entrou no ar; a terceira,
quando surgiu a Internet; e a última, quando a revolução digital juntou em um único
sistema a escrita, o som e a imagem.
O dono e fundador da Microsoft, Bill Gates, previu, em 1998, que daí a dois
anos não mais existiriam jornais e revistas. E no início de 2002, o executivo
Dick Brass, empregado de Gates, previu que a última edição do The New
York Times circularia em 2018. Ao saber da profecia de Brass, o principal
diretor do The New York Times, Arthur Sulzberg Jr., deu de ombros e
resmungou: “Que fazer?”. (NOBLAT, 2003, p. 18. Grifos do autor)
Não se pretende aqui discutir se e por quanto tempo os jornais vão continuar
existindo no mundo. Mas é voz corrente entre profissionais de comunicação que os
jornais impressos, tal como existem hoje, de fato não sobreviverão. O atual modelo está
em xeque, não apenas pelo advento da Internet, mas pela explosão do uso de tecnologias
à disposição da sociedade que cada vez mais se liga em rede.
Noblat (2003) enfatiza que entre março de 2001 e março de 2002, os 15 maiores
jornais brasileiros, responsáveis por 74% do volume total de exemplares vendidos no
País, diminuíram sua circulação em 12%. E a situação não é diferente em países do
Exterior. “A Associação Americana de Jornais entrevistou 4.003 adultos com mais de
18 anos nos dois primeiros meses de 2000. Setenta e cinco por cento dos entrevistados
de 18 a 24 anos disseram que a Internet “mexecom a imaginação deles. E somente
45% disseram o mesmo em relação aos jornais”.
2
(NOBLAT, 2003, p. 14. Grifo do
autor).
2
Texto reproduzido literalmente do original.
62
E as queixas mais comuns dos leitores dos jornais são quase sempre as mesmas,
independente do país onde estejam: queixam-se de constantes erros de ortografia, da
tinta que solta nas mãos, do excesso de páginas e do formato. Além disso, “os leitores
acham que o cardápio de assuntos dos jornais está mais de acordo com o gosto dos
jornalistas do que com o gosto deles”. (NOBLAT, 2003, p. 15).
Apesar disso, a circulação mundial de jornais cresceu aproximadamente 2% em
2006, segundo dados da Associação Nacional de Jornais (ANJ). O incremento, de 1,9%,
atingiu a marca de mais de 510 milhões de cópias pagas em 12 meses. Além disso, o
número de jornais também cresceu significativamente, atingindo o nível histórico de
mais de 11 mil títulos em todo o mundo. Os números da ANJ são baseados em estudo
da WAN feito em mais de 200 países e territórios para o relatório anual “World Press
Trends” (Tendências Mundiais da Imprensa). O estudo foi publicado em junho deste
ano, no Congresso Mundial de Jornais e Fórum Mundial de Editores, em Cape Town,
África do Sul.
Ainda de acordo com o estudo, a circulação de jornais pagos cresceu 8,7% em
cinco anos e mais de 1,4 bilhão de pessoas lêem, diariamente, jornais. O meio impresso
aparece como o veículo que atrai o maior número de publicidade, atingindo 42% de
participação. Sozinho, aponta o estudo da WAN, o meio jornal está em segundo lugar,
com 29,4% do total de anúncios. O rendimento publicitário cresceu 4% em 12 meses e
15,6% em cinco anos. Mais de US$ 6 bilhões foram investidos na impressão de jornais
e na produção de equipamentos, nos últimos 18 meses, mundo, segundo a pesquisa,
disponível na íntegra em www.wan-press.org/london2007.
Pye (1967) acredita que a evolução num setor estimula o desenvolvimento de
outro. E um sistema de comunicação mais eficiente torna mais fácil o desenvolvimento.
“Mais e melhores jornais representam maiores razões para que se aprenda a ler, e maior
alfabetização constitui, por sua vez, razão para a existência de maior número de jornais
de melhor qualidade.” (PYE, 1967, p. 27).
E completa:
Quanto mais informações têm, tanto mais se interessam pelos acontecimentos
políticos. Quanto mais educação têm, tanto mais informações buscam. A
história típica do desenvolvimento das comunicações em países onde ela está
mais adiantada é uma cadeia de interações na qual a educação, a indústria, a
urbanização, a renda nacional, a participação política e os meios de
comunicação em massa avançaram todos juntos, estimulando-se mutuamente.
(PYE, 1967, p. 27)
63
Ao longo de seu desenvolvimento, as mídias foram empregadas para difundir as
notícias e ampliar sua aceitação. Nesse sentido, que se discutir quais as funções
sociais da comunicação. Pye (1967) cita seis. O autor defende que as comunicações
devem ser usadas na intensificação do sentimento de Nação. Sem esse sentimento, diz,
nenhuma Nação pode vencer barreiras. Para Pye (1967), numa comunidade, povos de
culturas, línguas e convicções diferentes devem compreender quais são seus interesses
comuns e a utilidade de se trabalhar em conjunto para sua realização.
Outra função da comunicação social destacada pelo autor é de planejamento
nacional. Pye (1967) entende que os veículos de comunicação devem levar informações
a debates pelos quais a Nação chega a um entendimento. Mas ressalta: “Deve haver um
canal pelo qual as necessidades e preocupações e realizações de uma comunidade local
possam ser comunicadas em diferentes direções.” (PYE, 1967, p. 31)
Esse autor ainda entende que os veículos de comunicação devem ser usados para
ensinar os conhecimentos necessários de forma ampla, contribuindo para a alfabetização
e para que os cidadãos possam participar de modo amplo e eficiente dos problemas da
comunidade a qual estão inseridos. “Em particular, os novos leitores podem praticar nos
assuntos de que mais necessitam como cidadãos e ajudar a ensinar os não-leitores.”
(PYE, 1967, p. 32)
As comunicações também devem ser usadas para ampliar o mercado efetivo, na
avaliação de Pye (1967) e, na medida em que se desenvolvem, devem ser usadas ainda
para ajudar a preparar as pessoas para desempenhar seus novos papéis na sociedade.
Num país em desenvolvimento, diz o autor, os olhos da comunicação estão sempre
voltados para o futuro. E, por fim, Pye (1967) entende que as comunicações devem ser
usadas para preparar o povo para desempenhar seu papel como Nação entre as nações.
Numa geração, durante o tempo de desenvolvimento rápido, os olhos do
homem comum devem passar de sua aldeia para o mundo. Tal modificação
deve refletir-se no sistema escolar, nos jornais e nas conversas cotidianas.
(PYE, 1967, p. 34)
Para Lerner apud Pye (1967), os veículos de massa constituem importante
instrumento de transformação social e elementos indispensáveis à vida de uma
sociedade em transição. Mas para que os veículos de massa tenham um efeito
significativo na modernização e no desenvolvimento democrático, a primeira condição é
que se disseminem. Mas em que condições isso ocorre?
64
Para esse autor, uma condição importante é a econômica, que o vel de
desenvolvimento econômico de um país determina a difusão dos meios de comunicação.
Lerner afirma que “todos os países industrialmente desenvolvidos possuem veículos de
comunicação de massa” (PYE, 1967, p. 196). Isso ocorre porque a informação é tratada
como uma mercadoria. “É produzida, distribuída e consumida como todas as outras
mercadorias. Isto a coloca dentro das regras de mercado. Notadamente, entra em função
o princípio da oferta e da procura.” (PYE, 1967, p. 197)
E como um negócio, é preciso levar em conta, na avaliação de Lerner apud Pye
(1967), a capacidade de produzir e de consumir da comunicação. O autor enfatiza que
nenhum país pode produzir informações por meio de veículos de massa enquanto não
tiver uma capacidade econômica de construir e manter os equipamentos físicos dessa
comunicação, ou seja, prédio-sede, rotativas, máquinas, papel, repórteres, departamento
comercial etc. a capacidade de consumir, diz Lerner apud Pye (1967), é determinada
por três fatores: dinheiro, alfabetização e motivação.
um aspecto simples nessa questão: uma pessoa necessita de dinheiro para
comprar um rádio, uma entrada de cinema, um jornal. Se um jornal custa
menos que um pão, e se a pessoa não dispõe de muito dinheiro, uma
possibilidade decrescente de que compre jornal. E no mesmo nível simples:
somente uma pessoa alfabetizada pode ler um livro, um jornal, uma revista, e
somente uma pessoa motivada deseja ler. Os veículos florescem, portanto, na
medida em que a sociedade proporciona ao indivíduo dinheiro, alfabetização
e motivação para consumir os seus produtos. (PYE, 1967, p. 201)
Vale lembrar que a sociedade contemporânea vive em meio a uma efervescência
provocada pela rapidez das informações e novas tecnologias. E assim como professores,
médicos, dentistas, profissionais liberais, estudantes etc. recebem uma gama quase que
infinita de informações diariamente, jornais e jornalistas também recebem uma
quantidade incontável de informações no dia-a-dia, especialmente das agências de
notícias.
Assim, num mundo onde novos meios de comunicação nascem a cada momento
e os veículos implantados divulgam freneticamente milhares ou milhões de
informações por dia, tem-se uma saturação. Serva (2001, p. 76) salienta que mais
informações têm sido produzidas nos últimos 30 anos do que nos 5 mil anteriores.
“Uma edição de dia de semana do New York Times contém mais informações do que
tudo aquilo que um homem médio do século XV ficou sabendo em toda sua vida.”
(SERVA, 2001, p. 76. Grifos do autor)
65
Para Serva, porém, apesar da absurda carga de informações que as pessoas
recebem diariamente, elas terminam o dia desinformadas. Ele critica o fato de a
imprensa trabalhar sempre com o que é “novidade” e “esconder” fatos e detalhes:
notícias velhas ganham ar de coisa nova; uma matéria que deveria ser tratada como suíte
acaba ganhando ar de novidade; detalhes de um político são “esquecidos” de uma
eleição para a outra etc. Tudo isso por conta da edição dos jornais que, para Serva
(2001, p. 131), acaba criando uma “compreensão alterada” da realidade.
Nesse sentido vale citar Breed apud Cohn (1977), para quem o problema de
qualquer sociedade é a manutenção da ordem e coesão social. “Não apenas a divisão do
trabalho e dos papéis (“integração funcional”) é necessária, mas também a “integração
normativa”, ou seja, certo consenso de valores.” (COHN, 1977, p. 215). E o problema,
para esse autor, é determinar quais elementos e combinações socioculturais promoverão
a ordem social. Nesse ponto, entram os veículos de comunicação de massa nas situações
em que eles se vêem diante do dilema de publicar ou não material que possa abalar a
popular na sociedade ou em suas instituições. Breed (apud COHN, 1977, p. 217),
porém, salienta que “a manutenção do consenso cultural é mais notável nas sociedades
mais simples, onde a tradição de uma ideologia singular é dominante”.
E, conforme citado no capítulo 2 (p. 46), quando se fala de cidadania, vale
lembrar que esse autor sustenta que, para reforçar a tradição e manter padrões formais e
adequados, a imprensa “protege” situações que possam pôr em risco a ordem social.
Ainda, segundo o autor, a área mais freqüentemente protegida é a político-econômica,
seguida pela religião, família, patriotismo, comunidade, saúde e médicos e, por fim, a
Justiça.
Dijk (2004) porém, avalia:
(...) as formas estruturais e os sentidos globais de um texto de notícia não são
arbitrários, mas resultado de hábitos sociais e profissionais de jornalistas em
ambientes institucionais, de um lado, e uma condição importante para o
processamento cognitivo eficaz de um texto noticioso, tanto por jornalistas
como por leitores, de outro. (DIJK, 2004, p. 123)
Assim, conforme Noblat (2003), a edição da notícia explica a reclamação do
leitor brasileiro de que o cardápio de assuntos dos jornais está mais de acordo com o
gosto dos jornalistas do que com o gosto deles, conforme citado anteriormente. Na
verdade, no mundo contemporâneo da sociedade da informação é possível dizer que o
66
leitor faz escolhas entre aspas, que ele pode escolher entre o que foi escolhido
por um jornalista/editor no dia anterior.
Não é pretensão deste trabalho pregar ou propor mudanças no modelo adotado
pelos jornais, atualmente. Mas é possível dizer que, tal qual está, trata-se de um modelo
que está em xeque e os donos de jornais estão em busca de fórmulas que atraiam e
formem novos leitores. Jornais na Educação, em implantação em várias partes do País,
são claros exemplos de tais circunstâncias.
Noblat (2003) avalia que donos de jornais sabem exatamente o que fazer:
“Somente uma mudança radical de conteúdo, aqui e em qualquer outro lugar, será capaz
de prolongar a lenta agonia dos jornais.” (NOBLAT, 2003, p. 17). Ele, porém, não
acredita que os donos dos jornais querem arriscar.
Mas reafirma:
Os jornais, contudo, morrerão, sinto dizer-lhes isso. Tal como existem hoje,
tudo indica que morrerão. não arrisco a dizer quando. Que viva, pois, o
jornalismo! Pouco importa a forma que os jornais venham a tomar no futuro,
pouco importa se alguns deles acabarão preservados como espécie de
relíquias – o homem sempre precisará de informações. (NOBLAT, 2003,
p.19. Grifos do autor)
E nesse redemoinho de discussões sobre para qual modelo caminham os jornais,
que se destacar o crescente uso das dias em sala de aula como complemento no
processo de formação. Silva (http://www.sociologia.org.br) avalia que, resultante das
transformações tecnológicas surgidas no século XX, a mídia exerce papel determinante
na formação do sujeito coletivo. O autor destaca uma função em especial para
demonstrar tal importância nos dias de hoje: a de transmissora de valores. Assim,
acredita-se na relevância da utilização do jornal impresso como recurso pedagógico para
a construção de valores e de cidadãos.
3.2.1 Jornal na educação
No que diz respeito, especificamente, ao uso do jornal na escola, a construção do
referencial para esta dissertação encontrou apoio relevante e consistente em duas
contribuições envolvendo a área de comunicação, onde o respaldo se desenvolveu com
base nos princípios e experiência do Professor-Doutor Jorge Kanehide Ijuim (1994-
2002), e na área da Educação, com a mestre Rebeca Maria Paroli (2006). Desse modo,
foram selecionados e abordados, dos trabalhos de ambos, os textos considerados de
67
maior importância para a melhor compreensão da interdependência que existe no tema
em foco.
Ijuim (1994) faz observação pertinente ao tema quando lembra que vivemos hoje
numa sociedade cada vez mais complexa, influenciada pelo que se convencionou
chamar de Era Eletrônica. “A clientela é outra, muito diversa daquela de dez anos atrás,
de quando esses professores se formaram e de quando sentaram pela primeira vez nos
bancos escolares.” (IJUIM, 1994, p. 1)
E vale citar McLuhan apud Ijuim (1994), para quem haverá um dia em que as
crianças aprenderão muito mais em contato com o mundo exterior do que na escola. A
previsão não parece exagerada, se levarmos em conta que muitas crianças da 3.ª série do
ensino fundamental sabem, sem errar, mais de uma música da apresentadora Xuxa
Meneghel, mas não sabem sequer cantar a primeira parte do Hino Nacional.
Além das pertinentes explicações da psicologia, há outras que nos levam a
assistir a ascensão de um novo modo de ser e de pensar. Babin (1990) destaca que o
meio tecnológico moderno, em particular a invasão das mídias e o emprego de
aparelhos eletrônicos na vida cotidiana, modela progressivamente um outro
comportamento intelectual e afetivo.
Associado a essa realidade está um fato apresentado por Perrotti (1991). O autor
defende que, ao longo da história, desde a Idade Média, a humanidade vem passando
por um crescente processo de privatização da vida social, que tem colocado a infância
em confinamento cultural. Ou seja, na medida em que ganha proteção de escolas,
creches, academias etc., a criança perde autonomia e liberdade, que ao mesmo tempo
em que dão instrução, as escolas oferecem regras de convívio prontas e restritas.
Assim, Perrotti (1991) conclui que o confinamento da infância ocasiona sérios
problemas sociais, políticos e culturais. Sem poder brincar livremente, a criança não
apenas perde o espaço físico, mas naturalmente altera suas condições de produzir e se
relacionar.
Por conta disso, Ijuim faz um alerta:
Desenvolvendo o raciocínio de uma nova forma, e com cada vez menos
oportunidades de convivência na diversidade, torna a criança mais inquieta,
intolerante, muitas vezes agressiva, apartada do mundo, e mais desejosa de
receber coisas prontas a pensar e construir. (IJUIM. 1994, p. 5)
68
Ainda que se levar em consideração a criança hi tech, que tem à mão e
domina todo tipo de tecnologia e está ligada à Internet para tudo: conversar com
amigos, fazer pesquisas escolares, procurar jogos eletrônicos, ouvir músicas etc. que
se lembrar que muitos professores precisaram fazer cursos de aperfeiçoamento em
informática para poder conversar e acompanhar o raciocínio dessa nova geração.
Mas apesar de todas as peculiaridades dessa “nova clientela” que está nos bancos
escolares, a prática profissional, numa boa parte das salas de aula espalhadas pelo País,
parece continuar conservadora ou inadequada. Em outras, existem professores mais
cientes de que “os meios de aprender são diversas maneiras de interagir no processo de
ensino que auxiliam àquele que aprende” (IJUIM, 1994, p. 5) e que provocam o
potencial criador dos alunos com problemas concretos e que eles entendem, através de
textos divulgados todos os dias pelos meios de comunicação de massa.
Na sala de aula, não se pode deixar de levar em conta que o aluno tem uma
história individual, exigências, atitudes, interesses, hábitos, conhecimentos adquiridos
ao longo da vida. Assim, negar a individualidade do aluno implica na sua dificuldade de
entender e falar a língua que é falada na escola. Ceccon (1978) argumenta que, assim
que entra na escola, a criança precisa aprender e a falar uma língua diferente daquela
que sempre falou com os pais e os amigos. Assim, é constantemente corrigido pela
professora. O resultado é que muitas delas, com medo e vergonha, se fecham e, aos
poucos, se tornam incapazes de se comunicar.
Assim, predomina a “educação bancária”, como define Freire (1981), ou seja, a
pura transmissão do conhecimento do professor ao aluno, como se o professor fosse
“depositando” na “conta” do aluno todo o seu saber. Ceccon (1978) chama a atenção
para o fato de que a escola, em geral, não ajuda os alunos a resolver problemas
concretos, que eles realmente entendam e estejam interessados. Ijuim (1994) salienta
que essa distância entre ensino e realidade vai sendo interiorizada de tal forma que os
alunos passam a renunciar a fazer por si próprias as poucas ligações possíveis entre a
escola e a vida.
Em muitos casos, os educadores esquecem de um ponto importante citado por
Lerner (1967): a alfabetização, uma vez adquirida, torna-se elemento primordial para a
modernização de todos os aspectos da vida. Com a alfabetização, as pessoas adquirem
mais do que a simples capacidade de lei.” (PYE, 1967, p. 202)
Nidelcoff (1984), por sua vez, afirma que o professor tem uma missão junto ao
aluno, que é ajudá-lo a ver, compreender a realidade, expressar a realidade, descobrir,
69
assumir a responsabilidade de ser elemento na mudança da realidade. E Ijuim (1994, p.
7) vai além: “Crescer, portanto, significa ir se localizando com lucidez, no tempo e nas
circunstâncias em que vive, para chegar a ser verdadeiramente homem, isto é, indivíduo
capaz de criar e transformar a realidade, em comunhão com seus semelhantes.” Assim, a
função da escola deve ser a de dar instrumentos para a análise da realidade, iniciá-la na
experiência da reflexão e ação em grupo.
Para reforçar o entendimento de Ijuim (1994), vale citar Alarcão (2004, p. 13),
para quem vivemos hoje numa sociedade complexa, repleta de sinais contraditórios,
inundada por canais e torrentes de informação numa oferta de “sirva-se quem precisar e
do que precisar”. Para a autora, o cidadão comum dificilmente consegue lidar com a
avalanche de novas informações que o inundam e que se entrecruzam com novas idéias
e problemas, novas oportunidades, desafios e ameaças.
Assim, alerta:
As escolas são lugares onde as novas competências devem ser adquiridas ou
reconhecidas e desenvolvidas. Sendo a literacia informática uma das novas
competências, de imediato se coloca a questão: a das diferenças ao acesso à
informação e da necessidade de providenciar igualdade de oportunidades sob
pena de desenvolvermos mais um factor de exclusão social: a info-exclusão.
(ALARCÃO, 2004, p. 12)
E resolvido o problema do acesso, diz a autora, permanece o desenvolvimento
da capacidade de discernir entre a informação válida e inválida, correta e incorreta,
pertinente ou descartável. É neste momento, salienta Alarcão (2004, p. 41), que deve
entrar o que ela chama de professor reflexivo, que “baseia-se na consciência da
capacidade de pensamento e reflexão que caracteriza o ser humano como criativo e não
como mero reprodutor de idéias e práticas que lhe são exteriores.”
que se ressaltar que o objeto em estudo é o jornal, que vem amplamente
sendo utilizado em sala de aula nos diversos cantos do País justamente como
fomentador de discussão e instrumento pedagógico. Conforme citado anteriormente,
das 136 empresas jornalísticas filiadas à Associação Nacional dos Jornais (ANJ), 76
têm programas de jornal na Educação, segundo pesquisa concluída em março deste ano,
através do Grupo de Consultoria em Educação Leitores e Leituras. Os dados ainda
revelam que, mesmo entre os jornais que ainda não criaram seus próprios programas
educativos, uma preocupação em se aproximar das escolas, de seus alunos e de seus
professores. Assim é que se verificou, por exemplo, que é bastante comum a publicação
de suplementos infantis e juvenis (até mesmo com conselho editorial formado por
adolescentes e jovens), a doação de exemplares a escolas, o recebimento de alunos em
70
visita à empresa, a realização de concursos, a publicação de cadernos, sejam dedicado
ao vestibular, sejam dedicado à educação de um modo geral, a orientação a escolas na
criação de seus jornais escolares ou mesmo a realização de palestras em instituições de
ensino e a busca de parcerias com universidades locais.
O uso do jornal em sala de aula não é novidade. O pedagogo francês Célestin
Freinet (2001) defendia e aplicava projetos como jornal escolar, troca de
correspondência, trabalho em grupo, aulas-passeio na década de 20. Para o educador,
ninguém avança sozinho em sua aprendizagem, a interação entre professor e aluno é
fundamental. O pedagogo acreditava que a educação deve proporcionar ao aluno a
realização de um trabalho real.
Na década de 20, Freinet (2001) inovou em seu trabalho com crianças
organizando aulas-passeio. Na volta dessas atividades, os alunos criavam textos em seus
cadernos para relatar a experiência, mas, apesar do entusiasmo no momento da
elaboração, esses textos não eram lidos por mais ninguém. Por isso, o professor francês
teve a idéia de imprimir as produções para que pudessem ser passadas de mão em mão,
lidas e relidas por outras pessoas. O aumento de interesse por parte das crianças foi uma
surpresa até para o pedagogo. Elas queriam ver seus textos impressos e mostrá-los para
seus pais e amigos.
Em janeiro de 1927, Freinet publicou o livro "A imprensa na escola", no qual
explicava as vantagens de se trabalhar o jornal escolar: aprendizagem facilitada da
leitura e da escrita das palavras; sentido permanente da construção de frases corretas;
aprendizagem da ortografia pela globalização e análise de palavras e frases ao mesmo
tempo; sentido de responsabilidade pessoal e coletiva e novo clima de uma comunidade
fraternal e dinâmica.
O jornal, de uma ou de outra forma, sempre freqüentou as salas de aula do
mundo, levado por professores dos mais variados níveis de ensino. Mas o seu emprego
pedagógico sistemático, por iniciativa de empresas jornalísticas, com distribuição
regular a escolas, data de 1932, iniciada nos Estados Unidos, pelo The New York
Times, segundo dados históricos da ANJ.
No Brasil, projetos que visam utilizar o jornal impresso como auxiliar no esforço
para melhorar o ensino e a aprendizagem nas escolas do ensino fundamental e médio de
redes públicas e particulares por todo o Brasil data da década de 80. O ZH na Educação,
do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, é tido como pioneiro. O jornal O Globo lançou,
em 1982, o programa “Quem lê jornal sabe mais”, na cidade do Rio de Janeiro – RJ.
71
Mas foi na década de 90 que programas de jornal na educação proliferaram de
maneira mais efetiva. Para citar poucos exemplos, a Folha de São Paulo iniciou o
programa Folha Educação em 1993. O jornal A Tribuna de Santos iniciou seu programa
Jornal, Escola e Comunidade em 1992, ao mesmo tempo em que o jornal Correio
Popular, de Campinas SP, começou o projeto Correio Escola. Em 1994, O Estado de
São Paulo lançou o Estadão na Escola, com objetivo criar um elo entre mídia e
educação.
Em 1998, a Editora Abril e a revista Veja, em parceria com a Fundação Victor
Civita, iniciaram o programa Veja na Sala de Aula, voltado especificamente para alunos
do Ensino Médio. O programa, que ainda está em operação, atualmente envolve, além
da revista, específica para quem assina o programa, um site.
E a preocupação com o tema jornal em sala de aula é tão grande que professores
de todo o País se lançam à discussão através de seminários, mesas-redondas e trocas de
experiências. Para esses professores, o jornal pode ser considerado como uma janela
para o mundo, trazendo diariamente os fatos ocorridos nas sociedades, bem como todo
um conjunto de serviços que são de vital interesse a todo cidadão. Porém, é preciso
saber como tirar o melhor proveito dele e estimular o alunos a saber usá-lo.
Cortella (2002) avalia que a primeira coisa a se perguntar quando se resolve a
trabalhar com jornal em sala de aula é: qual a finalidade de nos informarmos no dia-a-
dia?
E responde:
(...) acompanhar o cotidiano, o que está se passando no dia-a-dia, acompanhar
a féria, a feira (a expressão ria, em latim, com sentido mesmo de dia; nesse
sentido de visão de horário e de horas) é exatamente a nossa possibilidade de
acompanhar o processo histórico, de ter uma clareza não em relação, não
a como as coisas estão acontecendo, mas também e especialmente o
que pode ser pensado em relação ao futuro. (CORTELLA, disponível em
http://www.alb.com.br/anaisjornal/ezequiel/index.htm)
O mais importante hoje, porém, especialmente para os professores, na avaliação
de Cortella (2002), é como estabelecer critérios de seleção para uma grande variedade
de informações disponíveis, ou seja, como transformar informação em conhecimento. E
para o autor, o jornal é um dos melhores caminhos na busca da informação e do
conhecimento. “O jornal fala do presente, aquilo que as pessoas vivem”, afirma Cortella
(disponível em http://www.alb.com.br/anaisjornal/ezequiel/index.htm).
Para Ijuim (1994), o uso de jornal em sala de aula é extremamente positivo,
apesar do crescente uso de meios eletrônicos, como o computador e a Internet, no dia-a-
72
dia da sociedade em geral. Ao defender o uso do jornal na escola, esse autor indica a
“possibilidade desse veículo contribuir, desde os primeiros anos de educação formal,
com a recuperação dos caminhos para uma cultura letrada, de uma forma simples,
atraente, lúdica e adequada às características dessa nova clientela – ligada ao que
acontece fora da escola”. (IJUIM, 1994, p. 7)
Ijuim lança mão de dois argumentos, ao explicar os motivos que o levam a
propor o jornal impresso como instrumento pedagógico:
a) o jornal impresso, como veículo de comunicação, dispõe
inúmeras características comuns tanto aos meios impressos como aos
eletrônicos e, portanto, se adequadamente selecionados, o interessantes ao
processo ensino-aprendizagem;
b) um veículo impresso, em seu processo de produção, pressupõe
maior incentivo à escrita e à leitura. (IJUIM, 1994, p. 7)
Ainda vale citar o jornalista Ricardo Kotscho (1986), para quem a atividade
jornalística “é a arte de informar para transformar(p. 8), e Hudec (1980), que enfatiza
que jornalismo é o conjunto de materiais escritos ou impressos, falados ou visuais, que,
de forma documental, descrevem a realidade.
Então, que se destacar que o caráter social somado às características que o
tornam um instrumento vivo, fazem do jornal um veículo que possibilita trazer o mundo
para a sala de aula, recuperar um espaço para o desenvolvimento social e cultural,
promover integração, trabalhar mais com o concreto e imediato e promover maior
interação entre os indivíduos.
Cortella (2002) destaca que o jornal não é uma leitura menor dentro do processo
educativo, mas um convite que pode permitir, entre outras coisas, a sedução para outros
conhecimentos ou informações que serão necessárias. Por sua vez, Paroli (2006) faz um
alerta para o uso do jornal em sala de aula: não se pode simplesmente aceitar que os
meios de comunicação imponham as suas ideologias e a sua visão de mundo para a
Educação sem os questionamentos que levam ao conhecimento que interessa.
A utilização do jornal em sala de aula pode ser um meio enriquecedor, com
aprofundamento de debates, temas, questionamentos sobre o que foi
divulgado e confrontamento de diferentes pontos de vista (...) O jornal precisa
ser trabalhado com sensatez, com os docentes desvendando os papeis da
mídia em conjunto com os seus alunos, transformando informação em
conhecimento, alunos passivos em ativos. (PAROLI, 2006, p. 41)
73
Paroli (2006) avalia que é inegável o valor do conteúdo divulgado pela mídia,
que pode ser bem aproveitado pela Educação, mas enfatiza que é preciso levar em conta
a mediação entre a realidade e as pessoas, que pode interferir na produção de
conhecimento. Neste contexto, vale citar Bordenave (2003), para quem a informação
divulgada não é a realidade, mas a construção da realidade.
Ainda é preciso abrir espaço para, em linhas gerais, diferenciar informação de
conhecimento. Na definição de Paroli (2006), informação é passageira, fácil de ser
esquecida. Já conhecimento é fruto de questionamentos, de pensamento crítico, de uma
pesquisa mais aprofundada, ou seja, de uma visão mais abrangente sobre o que foi dito.
E afirma:
É neste sentido que o jornal se torna um rico instrumento didático-pedagógico,
pois, quando é trabalhado como instrumento de crítica da sociedade e com uma
visão abrangente sobre a mídia, a possibilidade de transformar informação
em fonte de um conhecimento mais aprofundado. (PAROLI, 2006, p. 31)
Cortella (2002) também avalia que o jornal o é objeto acima de qualquer
suspeita. “Ao contrário, o jornal também é uma empresa, tem a sua posição. Isso
significa que não é um instrumento para ser usado sem cautela.” (CORTELLA, 2002,
disponível em http://www.alb.com.br/anaisjornal/ezequiel/index.htm). Assim, o autor
entende que o jornal tem imenso valor na formação, sendo porta de entrada para o
conhecimento. Mas é preciso ter critério de escolhas, critérios de seleção e visão crítica.
Demo (1997) entende que o questionamento sempre foi alavanca do
conhecimento moderno. No conhecimento, verdades são desfeitas, apoiando os
processos de questionamentos. Moran (2004) indica que a informação é o primeiro
passo para a construção do conhecimento. E que se ressaltar que o jornal é uma
grande fonte de informação e, se bem trabalhado em sala de aula, dentro de programas
de jornal na escola, pode se constituir em fonte de conhecimento.
Mas é preciso mais que o jornal ou um recorte de uma matéria veiculada num
jornal para se trabalhar a informação e o conhecimento dentro da sala de aula. Como
ressalta Masetto (2004), a utilização de recursos como jornal, sem questionamentos, não
auxilia em nada a formação de aluno emancipado, questionador.
Nota-se que a inovação na educação não é fácil de ser conquistada. A inovação
não está restrita ao uso dos meios de comunicação e das novas tecnologias da
74
comunicação e da informação, mas também à maneira como professor se apropriará
desses recursos para gerar conhecimento.
Conforme Moran (2004), muitas formas de ensinar não se justificam mais nos
dias de hoje e encontrar formas de motivação do aluno chega a ser uma obrigação do
professor. “Alunos curiosos e motivados facilitam o processo de aprendizagem,
estimulam as melhores qualidades do professor, tornam-se interlocutores lúcidos e
parceiros de caminhada do professor-educador.” (MORAN, 2004, p. 17).
Nesse sentido, Faria (2001) aponta que o jornal pode ajudar o aluno a conhecer
as diferenças da sociedade atual. Para isso, porém, Paroli (2006) destaca que é
necessária uma leitura crítica e aprofundada. “A inovação não pode ser ingênua na
interpretação da realidade. Tem de ser resultado da tensão que o questionamento
proporciona, ou seja, tem que ter criticidade do uso no jornal em sala de aula.”
(PAROLI, 2006, p. 44). Se não for assim, ao invés de formar cidadãos conscientes, a
leitura do jornal em sala de aula contribuirá apenas para a continuidade do processo de
passividade de grande parte dos sujeitos receptores da mídia.
Por que, então, levar o jornal para dentro da sala de aula? Faria (2001) lembra
que um dos principais papéis do professor é o de estabelecer laços entre a escola e a
sociedade. Assim, levar jornais para a sala de aula é uma das alternativas para que os
fatos do mundo sejam debatidos dentro da escola. Esse autor salienta que o jornal pode
ser encarado sob diversos aspectos: fonte de informação, formador de cidadão, auxiliar
na formação geral do estudante, dentre outros.
É importante lembrar que a informação obtida por meio de jornal é uma etapa
inicial para que sejam feitas análises relevantes, a partir das quais são formados os
cidadãos mais conscientes de seus direitos e deveres. Paroli (2006) lança uma
importante luz sobre o tema:
O hábito de ler deve ser cultivado desde a infância. É possível pensar que
livros são caros e demandam tempo. Realmente essa á uma realidade, mas
muitas bibliotecas. A outra opção de leitura é o jornal, meio muito mais
acessível. O jornal não irá substituir os livros, mas á uma alternativa de leitura
produtiva e que trará resultados positivos, tanto na aplicação do conhecimento
quanto na melhora da escrita. (PAROLI, 2006. p. 47)
Apesar de não ser objeto desse trabalho, é preciso citar rapidamente como os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) dos ensinos fundamental e médio avaliam o
uso do jornal em sala de aula. Para isso, é preciso destacar que um dos objetivos gerais
75
do ensino é proporcionar ao aluno formas de saber utilizar diferentes fontes de
informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos. Assim, é
possível apontar várias possibilidades de uso didático-pedagógico do jornal em sala de
aula. Uma delas é usar o jornal como instrumento de análise crítica do conteúdo
divulgado e apontar uma visão abrangente sobre os fatos veiculados, com uma
comparação entre diferentes meios de comunicação.
Assim, é possível avaliar que, de acordo com os PCNs, o uso do jornal em sala
de aula pode atender aos objetivos da educação fundamental: “questionar a realidade,
formulando-se problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento
lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica”. (BRASIL, 1997, p.
36-37).
Faria (2001) acrescenta que, para os professores, o jornal é um excelente
material pedagógico para todas as áreas, desafiando-os a encontrar o melhor caminho
didático para usá-lo criticamente na sala de aula. Não se pode negar que o jornal possui
um grande potencial a ser explorado em sala de aula. A informação obtida por meio de
jornal é uma etapa inicial para que sejam feitas, entre alunos e professores, análises mais
relevantes. Como formador de cidadãos, o jornal pode auxiliar no confrontamento de
temas e reportagens que levem a indivíduos conhecedores dos acontecimentos e de que
modo eles podem influenciar o seu dia-a-dia.
E Ijuim (2002) vai além. Para o autor, a tarefa da escola é oportunizar situações,
sim, para que os alunos saibam mais, mas, sobretudo, proporcionar uma atmosfera para
o aprender a aprender, para viver verdadeiramente melhor. “Pois o viver melhor não
depende exclusivamente do quanto se sabe mais, mas também do quanto desse
conhecimento é significativo e, essencialmente, o quão esse conhecimento torna suas
vidas melhores.” (IJUIM, 2002, p. 52).
Em face do exposto, sentiu-se a necessidade da realização de pesquisa junto a
uma realidade que contemplasse os eventos, paralelos e contrastes envolvendo o tema
“jornal na escola”, para que se pudesse conhecer melhor o seu espectro, o que se
descreve a seguir.
76
4 JC NA ESCOLA E CIDADANIA: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO
Para a operacionalização dos objetivos dessa dissertação, optou-se por
desenvolver uma pesquisa de natureza exploratório-descritiva, com apoio nos
princípios de Laville; Dionne (1999), Gil (1999), Dencker; Da Viá (2001), Lakatos;
Marconi (2002) e Duarte; Barros (2005). Desse modo, considerou-se oportuno efetuar
um estudo de caso que, segundo Yin (2001, p.32), é uma inquirição empírica que
promove a investigação de um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida
real, quando a fronteira entre o fenômeno e o contexto não é claramente evidente e onde
múltiplas fontes de evidência são utilizadas. Para Good; Hatt (1979, p. 421-422), o
estudo de caso é um método de olhar para uma realidade social, não sendo uma técnica
específica e constituindo-se em abordagem que considera qualquer unidade social como
um todo, incluindo o desenvolvimento dessa unidade, que pode ser uma pessoa, uma
família, um grupo social, um conjunto de relações ou processos ou até mesmo uma
cultura.
Para ilustrar a importância e dimensões que os veículos de comunicação de
massa, no caso o jornal impresso, tem na formação de cidadão, vamos usar como
realidade a ser observada o Programa Educativo JC na Escola, de responsabilidade do
Jornal da Cidade de Bauru.
Para a realização do estudo de caso, foram elaboradas e desenvolvidas as
diferentes etapas da pesquisa desta dissertação, cujos procedimentos e resultados são
apresentados a seguir.
4.1 Procedimentos metodológicos
4.1.1 Etapa 1: Pesquisa/revisão bibliográfica
Para o desenvolvimento desta etapa, procurou-se abordar a literatura
especializada tendo como temas centrais de busca Sociedade da Informação, Mídia,
Jornal Impresso, Educação, Cidadania, Comunicação, Transformação, Globalização,
Acesso à Informação, Democratização da Informação, Mudança Social. A pesquisa foi
realizada em documentos originais impressos, metabuscadores em sites na Internet,
documentos secundários impressos e on-line, compreendendo o período de 2002-2007,
uma vez que o tema “Jornal na Escola” é uma área emergente na concepção atual, foco
do estudo.
77
Como resultado deste passo metodológico, obteve-se um referencial teórico
seletivo que permitiu a melhor compreensão do tema e sua sistematização, representada
pelos itens 2 e 3 desta dissertação, servindo como fundamento à realização da etapa 2.
4.1.2 Etapa 2: Estudo de caso
4.1.2.1 Caracterização do universo
Como universo de pesquisa ao desenvolvimento do estudo de caso e a fim de
ilustrar a importância e as principais dimensões envolvidas entre os veículos de
comunicação de massa, em especial o jornal impresso e a formação de cidadãos, foi
selecionado o Programa Educativo JC na Escola, de responsabilidade do Jornal da
Cidade de Bauru. A seleção desse programa ocorreu tendo em vista as facilidades de
acesso às informações em virtude da proximidade da pesquisadora como editora-chefe
do Jornal da Cidade e por esse programa constar de uma política da Associação
Nacional de Jornais (ANJ) e Associação Paulista de Jornais (APJ), das quais o JC faz
parte.
Esta etapa metodológica consistiu na busca de informações para a caracterização
do universo de pesquisa, o que se efetivou mediante uma pesquisa documental. Desse
modo, encontrou-se que o Programa Educativo JC na Escola iniciou suas atividades em
5 de agosto de 2002, com o objetivo de “promover a cidadania democratizando a
informação também nas salas de aula”, conforme matéria publicada no Jornal da Cidade
de Bauru e no site www.jcnet.com.br.
Inicialmente, eram atendidas seis escolas estaduais, sendo cinco de Bauru - E.E.
“Ayrton Busch”, no Parque Jaraguá; E.E. “Ana Rosa Zuicker Dannunzziata”, na região
do Jardim Redentor e Parque Júlio Nóbrega; E.E. “Vereador Antônio Ferreira de
Menezes”, no Alto Alegre; E.E. “João Simões Neto”, no Parque Santa Terezinha, e E.E.
“Parque Santa Edwirges”, no Santa Edwirges e Mutirão 9 de Julho e uma em
Piratininga - escola “Professora Jacyra Mota Mendes”, com extensão de atendimento
para três salas na zona rural, inclusive a uma com alunos do Movimento Sem-Terra
(MST), em Brasília Paulista. Todas recebiam edições de domingo do Jornal da Cidade,
que deveriam ser trabalhadas em sala de aula. As seis escolas foram sugeridas pela
Diretoria Regional de Ensino de Bauru (DRE), através da indicação do então diretor Jair
Sanches Vieira, que levou em conta, na indicação, as escolas que não desenvolviam
nenhum programa especial.
78
No princípio, o programa atendia alunos de 3.ª e 4.ª séries. A exceção era a
escola do Santa Edwirges, que oferece aulas até a 5.ª série. Conforme matéria publicada
no Jornal da Cidade de Bauru e no site www.jcnet.com.br, a faixa etária dos alunos foi
escolhida sob aconselhamento pedagógico, levando em conta que alunos a partir da 3.ª
série haviam ultrapassado o processo de alfabetização e começavam a ter um contato
maior com as informações do mundo como um todo.
Antes de o programa ser implantado, os professores passaram por um curso de
capacitação ministrado pelo professor Gilberto Martins, especialista no uso da
informação jornalística como material didático e então coordenador do programa na
Associação Paulista de Jornais (ANJ), da qual o Jornal da Cidade é filiado. O curso foi
desenvolvido em Bauru, na sede da Diretoria de Ensino.
Ao final de 2002, dez escolas integravam o programa JC na Escola. No ano
seguinte, em 2003, o JC na Escola foi levado a 72 unidades da rede pública de Bauru e
atingia uma média de 86 mil alunos. O então dirigente de Ensino Jair Sanches Vieira
justificou a ampliação “devido aos resultados positivos atingidos em 2002” (disponível
em www.jcnet.com.br). Naquele ano, ao invés de receber apenas as edições de
domingo, as escolas estaduais participantes do projeto começaram a receber diariamente
um exemplar do Jornal da Cidade, que deveria ficar à disposição de alunos, pais e
professores, e exemplares da edição de domingo, para utilização em sala de aula. E em
novembro, circulou como encarte na edição imprensa do Jornal da Cidade um
suplemento que apresentava um balanço do programa JC na Escola em 2002 (Anexo 1,
p. 126).
Em 2003, o programa JC na Escola começou a trabalhar com parceiros. As
empresas Tiliform, Ultragaz e Gás Afonso, além do Sindicato dos Contabilistas de
Bauru e Região (SindCom) e Escritório Regional da Junta Comercial do Estado de São
Paulo (Jucesp) foram os primeiros parceiros-patrocinadores do projeto. As parcerias
viabilizaram novas assinaturas diárias do jornal para as escolas cadastradas no projeto e
o início da discussão para a implantação das Praças de Leitura nas escolas, expositores
com mesa e cadeiras, além de espaços destinados a exemplares de jornais de segunda-
feira a domingo.
As Praças de Leitura foram viabilizadas através de parceria firmada entre o
Jornal da Cidade e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), cujos
expositores eram construídos por alunos da Escola de Produção Moveleira do Senai de
Lençóis Paulista. O diretor regional do Senai, Reinaldo Munhoz, em entrevista ao Jornal
79
da Cidade, afirmou que uma das principais vantagens do projeto é o investimento na
formação do cidadão. Além de você garantir o acesso à informação, você consegue
politizar o indivíduo e esculpir o talento. Somente dessa forma é que conseguiremos
construir uma sociedade melhor, com alunos que sejam sabedores da sua importância e
do seu papel” (Disponível em www.jcnet.com.br/busca).
Em 2004, o projeto continuou agregando novas escolas e parceiros e
implantando Praças de Leitura. Naquele ano, com uma participação maior de alunos do
Ensino Médio e supletivo, o uso do jornal em sala de aula entrou numa nova fase. Vale
citar dois projetos, realizados no mês de abril.
O primeiro refere-se a oficinas com temas relacionados à cidadania, realizadas
por alunos do Centro Estadual de Educação Supletiva de Bauru (Ceesub) “Presidente
Tancredo Neves”. Os eventos foram organizados pelos professores da escola e JC na
Escola, com o objetivo de discutir com os estudantes questões municipais e o papel
deles na sociedade. O outro envolveu a discussão sobre a inclusão de portadores de
deficiências nas escolas ditas “normais”. A discussão foi realizada no Colégio Dinâmico
Balão Azul (Bauru/SP).
No ano de 2005, pela primeira vez desde a implantação, em agosto de 2002, o
Programa Educativo JC na Escola participou do Encontro Nacional de Jornal na
Educação, em Mogi das Cruzes SP, promovido pela Associação Nacional dos Jornais
(ANJ) e pelo Diário de Suzano, onde apresentou a Praça de Leitura. A Praça foi a
experiência de sucesso mais votada entre os 50 jornais de todo o Brasil que
desenvolviam programas educativos naquele ano.
O coordenador do JC na Escola, Sérgio Purini, que participou do evento,
declarou em entrevista publicada pelo Jornal da Cidade e site www.jcnet.com.br, que a
Praça de Leitura, apresentada aos participantes através de vídeo, provocou tanto
interesse entre os participantes, ao ponto de jornais dos Estados do Mato Grosso,
Pernambuco, Paraná e Sergipe solicitarem cópia do projeto.
O JC na Escola chega a 2007 com 150 escolas participantes, espalhadas por
Bauru e cidades da região. que se observar, porém, que a veiculação de matérias
sobre o programa pelo Jornal da Cidade não acompanhou a mesma linha de
crescimento. O pico de publicação foi em 2003, quando 14 textos - entre matérias,
artigos e cartas que se referiam ao projeto foram publicados. Em 2004, o número caiu
para 11; em 2005, também 11; em 2006, para seis; e até 27 de junho deste ano, sete
textos com referência ao JC na Escola foram publicados, conforme Quadro 1.
(Apêndice
80
1, p. 106). E em setembro, circulou como encarte na edição impressa do Jornal da
Cidade um suplemento com o balanço do que foi desenvolvido por escolas participantes
do Programa Educativo JC na Escola (Anexo 2, p. 131). No Anexo 3 (p. 141), imagens
retratam as fases de implantação e trabalhos desenvolvidos nas escolas participantes do
JC na Escola.
A veiculação de poucos textos sobre o trabalho do JC na Escola parece haver
criado certa frustração ao coordenador do programa, Sérgio Purini, que vem
defendendo, desde 2002, a implantação de um canal mínimo - uma página com
veiculação mensal, por exemplo - para a veiculação dos trabalhos realizados pelas
escolas participantes. As discussões sobre tal possibilidade ocorrem junto à diretoria do
Jornal da Cidade, mas ainda não há definições
3
.
Para a continuidade da coleta de dados e a melhor compreensão da realidade
observada, optou-se por realizar também uma pesquisa de campo, descrita a seguir.
4.1.2.1 Pesquisa de campo
Esta fase compreendeu dois momentos metodológicos, utilizando-se das técnicas
de entrevistas e questionário, com apoio de autores como Laville; Dionne (1999), Gil
(1999), Dencker; Da Viá (2001), Lakatos; Marconi (2002) e Duarte; Barros (2005),
citados anteriormente.
4.1.2.2.1 Entrevistas
Desenvolvidas mediante a seleção prévia dos sujeitos que têm relação direta com
programa educativo do jornal na escola da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e, em
especial, com o JC na Escola, enquanto estudo de caso.
Sabe-se que o uso de jornal em sala de aula é crescente em todo o País,
conforme levantamento nacional sobre programas de jornal na educação realizado em
2004, sob coordenação de Carmen Lozza, diretora do Programa Jornal e Educação da
Associação Nacional de Jornais (ANJ), coordenadora pedagógica do programa “Quem
lê jornal sabe mais”, do jornal O Globo, e diretora do Grupo de Consultoria em
Educação - Leitores e Leituras.
3
Comunicação pessoal com a pesquisadora junto à Redação do Jornal da Cidade de Bauru.
81
Em Bauru, o Programa JC na Escola vem sendo ampliado a cada ano. Começou
com seis escolas, em 2002, e hoje atinge 150, dentro do âmbito da Diretoria Regional de
Ensino (DRE), órgão da Secretaria de Estado da Educação. O programa tem
acompanhamento permanente através do coordenador do JC na Escola, o jornalista e
professor Sérgio Purini, reuniões mensais e oficinas para formar multiplicadores e
orientar de que maneira o jornal pode ser melhor utilizado em sala de aula.Pelo que se
constatou até aqui, devido ao contato direto com o programa enquanto editora-chefe do
JC de Bauru, porém, Sérgio Purini faz um verdadeiro trabalho “de formiguinha” para
levar o projeto adiante. Não pela falta de apoio da instituição Jornal da Cidade, mas pela
falta de reconhecimento dos profissionais de comunicação – jornalistas, repórteres
fotográficos, editores - e, muitas vezes, até mesmo o apoio ao desenvolvimento do
trabalho.
Sérgio Purini trava uma batalha quase que diária para ver a divulgação dos
trabalhos executados pelo Programa Educativo JC na Escola nas páginas do jornal. De
um lado, Purini considera o trabalho extremamente importante e por isso merece ser
divulgado. De outro, a maioria dos jornalistas resiste e considera que o trabalho precisa
ser aprimorado e, da maneira como está, interessa apenas aos professores.
O fato é que cinco anos depois de ter sido implementado e muitas promessas
depois, o JC na Escola não tem um espaço efetivo de divulgação. A cada novo ano,
Sérgio Purini demonstra tal frustração, para depois se agarrar à esperança de que “em
breve”, como diz, as coisas vão tomar rumo e as pessoas vão tomar ciência da
importância e alcance do programa.
Na outra ponta estão os jornalistas, profissionais que trabalham com valores e
significados contraditórios (KARAN, 1997, p. 39). Na redação do Jornal da Cidade de
Bauru, a grande maioria dos jornalistas não valoriza o trabalho desenvolvido pelo JC na
Escola e resiste em participar dele. Por mais de uma vez Sérgio Purini tentou integrar
jornalistas ao trabalho, mas, pelo menos por enquanto, a batalha tem sido em vão. O
envolvimento não passa de palestras realizadas por editores convidados, que vão
explicar aos professores envolvidos no programa JC na Escola como é o dia-a-dia da
Redação e como o jornal é produzido. Esta é a descrição da realidade que pode ser
identificada até o momento empiricamente e da constatação da pesquisadora no
cotidiano de trabalho in loco.
Por outro lado, tendo em vista a necessidade de obtenção de dados mais
concretos e significativos sob o aspecto da pesquisa de campo e sua natureza científica,
82
passou-se à realização de entrevistas padronizadas com uma população considerada
representativa, a saber: a coordenadora pedagógica do programa “Quem jornal sabe
mais”, do jornal O Globo, responsável pelo levantamento nacional sobre programas de
jornal na educação, realizado em 2004 em todo o País pela Associação Nacional de
Jornais (ANJ), Carmen Lozza; com a diretora Executiva da Gazeta do Povo de Curitiba
(PR) e diretora do Comitê de Responsabilidade Social da ANJ, Clarice Alda,
responsável pelo Levantamento Nacional sobre Programas de Jornal na Educação,
realizado em 2006 em todo o País pela ANJ; com o coordenador do Programa
Educativo JC na Escola, Sérgio Purini; e com a jornalista Ieda Rodrigues, uma das
profissionais que questiona a necessidade e eficácia de divulgação do programa,
retratando a falta de sintonia entre o JC na Escola e a Redação do Jornal da Cidade. Para
a realização das entrevistas foi elaborado um roteiro de apoio que se encontra no
Apêndice 3, páginas 123-125.
Vale ressaltar que Sérgio Purini foi escolhido para ser entrevistado por ser o
coordenador do programa JC na Escola desde o início, em 2002. A jornalista Ieda
Rodrigues, por outro lado, acompanhou a implantação do JC na Escola e é responsável
por uma editoria Geral/Bairros/Polícia cujas matérias têm importante destaque no
dia-a-dia da comunidade bauruense, independente da classe social.
As entrevistas foram realizadas em janeiro de 2007, mediante contato pessoal
com os sujeitos selecionados como população de interesse para esta etapa metodológica.
Como procedimentos para a entrevista junto aos pesquisados, optou-se pela explicação
da pesquisa e dos seus objetivos, enfocando no contato inicial a importância e a
necessidade da real opinião pessoal de cada um sobre o tema em questão programas
educativos do jornal na escola, destacando-se o Jornal da Cidade de Bauru. Os
resultados obtidos são apresentados na seqüência.
Entrevista com Carmen Lozza
A coordenadora pedagógica do programa “Quem jornal sabe mais”, do jornal
O Globo, e diretora do Grupo de Consultoria em Educação - Leitores e Leituras,
Carmen Lozza, responsável pelo levantamento nacional sobre programas de jornal na
educação realizado em 2004 em todo o País Associação Nacional de Jornais (ANJ),
questiona até que ponto a leitura e o uso de jornais facilitam um processo de construção
83
de conhecimento, onde alunos e professores sejam sujeitos que vivem um processo que
contribua para que cada qual reconstrua o conhecimento sobre os fatos, tomando
posições, analisando os diversos ângulos de cada questão, podendo escolher caminhos
sabendo o por quê de suas escolhas. Lozza enfatiza que hoje, no Brasil, dezenas de
empresas jornalísticas desenvolvem programas que levam seus próprios veículos a
escolas, o que se constitui em iniciativa de grande relevância para a formação de novos
leitores, podendo significar a viva expressão do compromisso social que têm com as
comunidades nas quais estão inseridas. “A questão, porém, é se também para as escolas
tais iniciativas trazem benefícios”, questiona. “Até que ponto a leitura e o uso de jornais
facilitam ou podem facilitar - um processo de construção de conhecimento onde cada
qual alunos e professores - seja sujeito que vive um processo que contribua para que
cada qual reconstrua o conhecimento sobre os fatos, tomando posições, analisando os
diversos ângulos de cada questão, podendo escolher caminhos sabendo o por quê de
suas escolhas?”, questiona.
Carmen Lozza é enfática ao afirmar que para que a presença de jornais na escola
possa trazer benefícios, alguns requisitos são indispensáveis. Ela cita e entende que a
presença do jornal na escola deve estar vinculada à defesa da democratização do acesso
ao mundo da leitura, em seu sentido mais amplo, indispensável para a construção da
cidadania. Para ela, o jornal em sala de aula deve ser utilizado garantindo sua análise
como objeto de estudo, devendo ser aproveitado em seu todo. “Trabalhar apenas
recortes soltos dificulta a compreensão da dinâmica e das características da imprensa,
pelos alunos”, afirma.
Outro importante ponto levantado por Lozza refere-se à maneira com que o
jornal é utilizado pelos professores em sala de aula. Entre os cuidados que devem ser
adotados pelos professores, Carmen Lozza destaca que é preciso atentar para não se
escolarizar o jornal de forma a prejudicar o interesse do aluno por sua leitura. “Não se
pode correr o risco, por exemplo, de se fazer com o jornal o que muitas vezes se faz
com as obras literárias, aplicando-se provas para se conferir o que é uma manchete, uma
seção ou uma editoria”, alerta.
Lozza entende que o debate sobre a relação entre o trabalho com o jornal e os
conteúdos escolares, enfatizando a relação entre a teoria e a prática, deve ser a constante
referência para o processo pedagógico, de modo a colaborar para que sejam superadas
práticas arcaicas e centradas no conteúdo como fim em si mesmo. Mas ela alerta que é
84
preciso estar sempre atento e abrir discussões sobre a própria imprensa e a sua
influência no modo de pensar e agir de cada um.
Para que um programa de utilização de jornal na escola forme leitores, na
opinião de Lozza, deve se colocar em oposição aos dois mitos que hoje existem em
torno do uso do veículo na escola, ou seja, a de que a busca da informação na Imprensa,
em si, é condição para se exercer a cidadania e que é melhor não buscar a informação na
grande Imprensa, que ela é pelo pensamento das elites. “Superar esses mitos é uma
importante contribuição para que todos leiam sim, mas criticamente, fazendo-se
interpretadores da interpretação que cada jornal faz da realidade. A escola, na verdade,
forma valores e atitudes do sujeito em relação ao outro, à política, à economia, ao sexo,
à droga, à saúde, ao meio ambiente, à tecnologia etc. Para tanto, os conteúdos
curriculares precisam ser desenvolvidos em prol do desenvolvimento de capacidades
que permitam que cada aluno compreenda e intervenha nos fenômenos sociais e
culturais de seu tempo. O jornal, desde que lido criticamente, pode ajudar, e muito,
nessa direção”, avalia Lozza.
Apenas uma coisa é certa, na avaliação de Carmen Lozza: “passe por onde
passar a utilização de veículos noticiosos nas escolas, o principal é que os professores
estejam envolvidos na definição, realização e acompanhamento da proposta pedagógica
que a envolve”. Carmen Lozza não tem dúvida de os professores são os grandes
formadores de leitores com que se conta no século 21. “Até porque, é a possibilidade de
ler o que está impresso que pode preparar os nossos jovens para as leituras que vierem a
fazer de veículos noticiosos em suas versões on-line”, finaliza.
Entrevista com Clarice Alda
A diretora Executiva da Gazeta do Povo de Curitiba (PR) e diretora do Comitê
de Responsabilidade Social da ANJ, Clarice Alda, responsável pelo levantamento
nacional sobre programas de jornal na educação, realizado em 2006 em todo o País pela
Associação Nacional de Jornais (ANJ), afirma, sem sombra de dúvidas, que um
programa de Jornal Educação, se bem fundamentado e implementado, tem um enorme
potencial para não apenas formar o leitor do futuro, mas, principalmente, para formar o
cidadão do presente. Isso porque o jornal na escola é uma forma de garantir a
democratização e acesso à informação, ao mesmo tempo em que ferramentas ao
85
professor para que ele contextualize e significado aos conteúdos escolares,
aproximando tais conteúdos da realidade dos alunos”, afirma.
Por outro lado, Alda diz que não como negar que uma parte dos jornais que
resolveram criar seus projetos de jornal e educação estão descolados deste compromisso
e vêem nos projetos comunitários uma fórmula “mágica” de garantir visibilidade e
marketing a custo muito baixo. Por conta disso, diz Alda, depois de a ANJ ter passado
30 meses trabalhando as questões de fundamentação pedagógica que garantem
confiabilidade e importância efetiva do programa para a comunidade escolar, a nova
coordenação do Programa de Jornal Educação da ANJ está justamente alinhando a
fundamentação pedagógica com o interesse empresarial, de forma a conferir
importância ao projeto também para os donos de jornais. “Para isso, começam a ser
construídos indicadores de impacto social e empresarial que se proporão a mostrar de
forma inquestionável o impacto de tais projetos sobre o negócio jornal impresso e sobre
as comunidades nas quais eles são desenvolvidos”, explica.
A medida vem justamente num momento em que a pesquisa da ANJ aponta que
o aspecto financeiro é quase 1/3 das justificativas para a interrupção dos programas
pelos veículos de comunicação que encerraram os trabalhos que vinham desenvolvendo.
Para Clarice Alda, os programas em educação são, sem dúvida, os que têm custo
considerado mais importante. “Creio, porém, que as interrupções ocorrem muito mais
por falta de um entendimento de importância do que pelo custo. É possível usar o jornal
impresso como meio de trabalhar cidadania, leitura e escrita, contribuindo para
melhorar a performance identificada pelas pesquisas do MEC nas escolas públicas,
diluindo os custos originais entre parceiros solidários, capazes de aportar conhecimento,
expertises e até mesmo logística de atuação”, avalia. “Basta, para isso, que o veículo
entenda tais projetos como uma forma, sim, de formar o leitor do futuro e garantir a
sustentabilidade do negócio, mas também uma forma de participar de um grande
movimento em favor da educação de qualidade. Quando as intenções são reais e boas,
os parceiros até se oferecem para atuar junto. E aí, apesar de o jornal em questão ser o
veículo que chega à escola, é preciso também ter humildade para dividir os louros com
os parceiros”, emenda.
Vale destacar que, atualmente, os programas de jornal na educação espalhados
pelo País são extremamente variados. Relatório da ANJ sugere a criação de uma
"concepção básica" de Programa Jornal na Educação. Alda ressalta, porém, que essa
chamada concepção básica – ou fundamentos – foi criada nos últimos 30 meses e resulta
86
de tentativa de tentar oferecer parâmetros mínimos de atuação e proposta aos projetos
em desenvolvimento e aqueles que estão por ser lançados.
Segundo Alda, foi criada a partir de discussões coletivas com a presença de
todos ou quase todos os coordenadores de projetos de jornal e educação vinculados à
ANJ, mas, ainda há discrepância quanto a sua aplicação. “Por um lado, é preciso
considerar que a ANJ, como entidade classista, não tem como obrigar seus afiliados a
adotarem o modelo proposto. Todos os veículos têm liberdade para criar e montar seus
projetos sociais usando o jornal da forma como bem entenderem. A restrição estaria no
direito de uso da logo do Programa Nacional Jornal e Educação”, explica.
Alda enfatiza que, neste momento, o trabalho que está sendo feito é no sentido
de manter os conceitos pedagógicos construídos e criar conceitos empresariais que
levem os jornais a sentirem-se motivados a manter ou ampliar os projetos que já
desenvolvem ou a criar projetos semelhantes. Neste ponto, diz Alda, ainda é preciso
“brigar” por um outro aspecto: muitas vezes, jornalistas e coordenadores dos programas
Jornal na Escola travam verdadeiras batalhas. De um lado, um reclama que o projeto
não é interessante; de outro, que a redação não a devida atenção ao projeto. Para ela,
isso ocorre justamente porque os projetos de jornal e educação nascem como propostas
de marketing ou do comercial, e não como meio de garantir a aproximação do veículo
com as comunidades nas quais atua, fortalecimento da marca e contribuição social. “Se
isso está claro na sua raiz, há, sempre envolvimento e comprometimento das redações
com o projeto porque os jornalistas sabem que é o seu texto que estará sendo estudado
nas escolas”, afirma. “A única forma de equilibrar a situação é a transparência de
objetivos e intenções. Jornalista não gosta de ser enrolado por um projeto cuja intenção
é vender jornal. Se o projeto for bom, tiver bases sólidas de desenvolvimento e
acompanhamento, as redações serão parceiras. Sempre”, garante.
Dessa maneira, Clarice Alda avalia que alguns pontos precisam ser melhor
avaliados e aprimorados, quando assunto é jornal na educação. Ela cita como exemplos
de discussões que terão de ser lançadas rapidamente a gestão dos projetos de forma a
estimulá-los a trabalhar em rede e o relacionamento interno entre a coordenação dos
projetos, as redações e os departamentos de circulação e marketing dos jornais. Até por
isso, como um segundo passo, diz Alda, a ANJ quer medir os impactos dos programas
de jornal na escola exatamente “para poder dizer, com clareza e seriedade, se esse papel
de formador de cidadãos - é efetivo ou não passa de propaganda enganosa feita
pelos próprios jornais”.
87
Entrevista com Sérgio Purini
O coordenador do programa JC na Escola, professor e jornalista Sérgio Purini,
trava uma batalha quase que diária para ver a divulgação dos trabalhos executados pelo
programa JC na Escola nas páginas do Jornal da Cidade. A batalha” vem desde 2002,
quando o projeto foi implantado pelo JC inicialmente em seis escolas estaduais - E.E.
“Ayrton Busch”, no Parque Jaraguá; E.E. “Ana Rosa Zuicker Dannunzziata”, na região
do Jardim Redentor e Parque Júlio Nóbrega; E.E. “Vereador Antônio Ferreira de
Menezes”, no Alto Alegre; E.E. “João Simões Neto”, no Parque Santa Terezinha, e E.E.
“Parque Santa Edwirges”, no Santa Edwirges e Mutirão 9 de Julho e uma em
Piratininga - escola “Professora Jacyra Mota Mendes” - sugeridas pela Diretoria
Regional de Ensino de Bauru (DRE), através da indicação do então diretor Jair Sanches
Vieira, que levou em conta, na indicação, as escolas que não desenvolviam nenhum
programa especial.
De um lado, Purini considera o trabalho extremamente importante e por isso
merece ser divulgado. De outro, a maioria dos jornalistas do JC resiste e considera que o
trabalho precisa ser aprimorado e, da maneira como está, interessa apenas aos
professores. O fato é que cinco anos depois de ter sido implementado e muitas
promessas depois, o JC na Escola não tem um espaço efetivo de divulgação. As
matérias são publicadas sem periodicidade definida, em geral após a realização de uma
reunião de trabalho ou exposição das escolas participantes do projeto. A cada novo ano,
Sérgio Purini se agarra à esperança de que “em breve”, como diz, as coisas vão tomar
rumo e as pessoas vão tomar ciência da importância e alcance do programa.
Purini fala de cada fase do JC na Escola com a paixão de um pai que viu um
rebento nascer e crescer. Um dos grandes ganhos, na opinião dele, foi a abertura do
projeto para parceiros, o que possibilitou a inclusão de novas escolas ao projeto, mais
jornais do dia entregues nas escolas e a criação e implantação das Praças de Leitura, que
permitem não apenas a integração dos alunos ao projeto, mas de toda a comunidade.
Com a metodologia livre e aberta proposta pelo JC na Escola, diz Purini, a
criatividade do educador se expande, não tem limite. “Cada ano, cada série, cada dia,
cada momento pode ser diferente e mais agradável, sem fugir do conteúdo programático
e curricular oficial. A aula se torna mais atraente, mais viva e sempre surpreendente”,
88
afirma. “A criança, o jovem ou o adulto que teve familiares cursando aquela disciplina e
com aquele educador em outros anos não correm o risco de se ter matérias repetidas e
adivinhar que agora o professor vai dar a tabuada ou vai dar um exemplo esperado
porque o livro didático que foi usado no ano anterior assim determina”, emenda.
O uso do jornal da escola permite a quebra da “monotonia e perigosa rotina” que
causam desânimo e impedem o aprender, diz Purini. “Principalmente se for aluno do
curso noturno. O jornal, como importante instrumento para uso didático, possibilita os
exemplos serem diferentes e mais próximos da realidade do educando. Mesmo
disciplinas como história ou geografia, matemática ou física, baseadas no noticiário
diário, é possível, contextualizando, tornar as disciplinas mais atraentes e mais
compreensíveis”, diz.
Mas é preciso resolver os nós do processo para que ele evolua de forma ainda
mais satisfatória e dinâmica. Um ponto importante, na avaliação de Sérgio Purini, é a
aproximação do professor da redação do jornal. A medida, afirma Purini, servirá para
que os professores compreendam melhor a mídia e seus objetivos e para que jornalistas
saibam o que é o JC na Escola e o que as matérias que produzem provocam dentro da
sala de aula e da comunidade que a cerca.
O principal problema apresentado por Purini, no entanto, é a falta de um canal
permanente - como uma página ou preferencialmente um suplemento - do JC na Escola.
“A maioria dos jornais que têm programas voltados à educação tem essa forma de
comunicação. É até um modo de prestar contas e avaliar o programa e seus resultados”,
enfatiza.
Tal investimento, na avaliação de Sérgio Purini, evitaria confrontos
desnecessários, como se discutir valores de uma notícia. Além disso, os próprios
professores seriam naturalmente transformados em fontes de informação para matérias
do dia-a-dia. Purini sugere ainda envolver mais os jornalistas, discutindo a escalas para
encontros, no próprio JC, com professores que podem expor como têm utilizado o jornal
em sala de aula, para aproximar mais o programa da redação. “Cada vez que houver a
mudança de um jornalista na redação, seria importante explicar o que é o JC na Escola e
sua função social dentro do jornal. Dessa maneira, o projeto seria enriquecido e não
haveria discussões desnecessárias na hora de se discutir uma pauta que tenha como foco
o projeto JC na Escola.”
89
Entrevista com Ieda Rodrigues
Conflito de objetivos. Assim define a “briga” travada pelo coordenador do
programa JC na Escola, professor e jornalista Sérgio Purini, com a Redação para a
divulgação de matérias referentes ao projeto a editora de Geral/Polícia/Bairros do JC, a
jornalista Ieda Rodrigues. Rodrigues acompanhou a implantação do JC na Escola desde
o princípio, em agosto de 2002, e é responsável por uma editoria cujas matérias têm
importante destaque no dia-a-dia da comunidade bauruense, independente da classe
social.
Ieda Rodrigues aacha bom que o JC na Escola seja notícia, mas entende que
conflito de objetivos. Para ela, enquanto o jornalista procura a notícia do fato, os
envolvidos com o JC na Escola querem simplesmente se ver no jornal. Até por isso, ela
avalia que, muitas vezes, uma simples nota na coluna social pode atender melhor aos
interesses da fonte, de divulgar um fato, e do leitor, de obter a informação.
Para Rodrigues, é natural e saudável - que os alunos e envolvidos no JC na
Escola queiram estar nas páginas do Jornal da Cidade. “E é importante que estejam, até
porque é objetivo do programa ajudar na formação de pessoas críticas, que interajam
com o seu meio, que contribuam para um meio melhor”, afirma. “Mas os critérios para
definição do que é notícia e, portanto, do que vai para as páginas do jornal, têm de ser
os mesmos tanto para pautas ligadas ao JC na Escola quanto para as demais. Como
jornalista do JC quase 12 anos e, portanto, desde o nascimento do JC na Escola,
defendo que esse tem de ser um parâmetro e que ele tem de estar bem claro para ambas
as partes - envolvidos com o JC na Escola e jornalistas”, acrescenta.
O JC na Escola pode e é bom que seja notícia, na avaliação da jornalista. Mas,
na opinião dela, não são todos os fatos ligados ao JC na Escola, às escolas, aos alunos,
que preenchem os requisitos para ser uma matéria, uma notícia. “É que pode ocorrer
conflito de objetivos. Enquanto o jornalista procura notícia do fato o que pode gerar
um certo desconforto na relação com os envolvidos com o JC na Escola –, os
envolvidos no JC na Escola querem se ver no jornal.”
O fato acaba provocando conflito até mesmo entre jornalistas e editores, na
opinião de Ieda Rodrigues. “O jornalista não pode frustrar os envolvidos no JC na
Escola, que são fontes”, explica. Para isso, é preciso analisar em qual produto editorial
trabalhar uma informação, de forma que ela seja o mais interessante possível para o
90
leitor. “E, muitas vezes, uma nota na coluna social pode atender melhor aos interesses
da fonte, de divulgar um fato, e do leitor, de obter a informação”, opina.
Rodrigues cita como exemplo a matéria “Uma tartaruga na sala de aula”, capa do
suplemento JC Criança do dia 14/12/2006. Antes de a pauta chegar ao caderno temático
infantil, ela “rodou” pela Redação. A sugestão que chegou, com poucos dados, era de
que um CD, cujo personagem principal era uma tartaruga, gravado por turma de
estudantes, entre eles um portador de deficiência, acabou tornando-se instrumento
pedagógico.
“Era final de dezembro de 2006 e a pauta entrou para o rol das “frias”, que não
são prioritárias. Não estava claro como tornar o fato atraente ao leitor no primeiro
caderno (o principal caderno de um jornal), que reúne matérias de Política, Economia,
Geral, Polícia e Bairros. Mas finalmente, em um dia de plantão, na véspera do Natal,
um repórter conseguiu falar com a professora da turma de alunos que havia gravado o
CD, a que havia passado a pauta à pessoa que a transmitiu à Redação”, lembra. “E após
o primeiro contato, numa rápida avaliação do repórter e da editora, concluiu-se que o
assunto caía como uma luva para o suplemento infantil. O assunto foi repautado e
rendeu uma matéria interessante a crianças e adultos, até porque o caderno temático
permite uma abordagem mais lúdica.”
Para Ieda Rodrigues, ganharam os leitores e os alunos, a professora e demais
envolvidos na produção do CD. A matéria foi capa do JC Criança, em página dupla
interna, na qual alunos e professores relataram suas experiências, com quatro fotos dos
alunos nas atividades relativas ao CD e infográfico explicando a proposta. Uma
exposição de trabalhos de alunos de uma determinada disciplina, sem que haja nova
abordagem, relação com uma realidade local, não o mesmo apelo jornalístico, na
opinião de Rodrigues. Ou seja, é difícil torná-lo atrativo ao leitor.
Mas bons exemplos que, além de ser uma notícia atrativa, tem o poder de
levar à reflexão, diz a jornalista. Um desses casos, cita, foi a realização de uma
determinada Feira de Ciências em que os alunos queriam demonstrar a poluição do rio
Bauru. Ieda lembra que os alunos coletaram uma amostra da água do rio e colocaram-na
num saco plástico no qual introduziram um peixe de aquário. Em outro saco, colocaram
água potável e um peixe semelhante ao do primeiro recipiente. Em algumas horas, o
primeiro peixe morreu, demonstrando que o rio de onde a água havia sido coletada está
morto. “Foi um estudo simples, mas cujo relato, com as devidas fotos do recipiente 1
com o peixe morto e do recipiente 2 com o peixe vivo, causou impacto no leitor, teve o
91
poder de levá-lo a refletir sobre o quanto estamos destruindo a natureza, o quanto isso é
perigoso para nós mesmos e que precisamos mudar o rumo da história”, afirma. “Ao
meu ver, é assim que projetos educativos como o JC na Escola têm de estar nas páginas
do jornal como matéria. Se outras necessidades, como o da divulgação para
informação do público interno (alunos, professores, diretores e demais envolvidos no
programa), defendo que haja um espaço próprio”, finaliza.
Diante dos resultados obtidos com as entrevistas realizadas, pode-se sintetizar
que:
Do ponto de vista da existência e missão dos programas de jornal na
educação no contexto brasileiro, pode-se dizer que são consideradas
iniciativas de forte relevância para a formação de novos leitores, muito
embora seja voz corrente entre os profissionais de comunicação que os
jornais impressos, tal como existem hoje, não sobreviverão, uma vez que “o
cardápio de assuntos dos jornais está mais de acordo com o gosto dos
jornalistas do que com o gosto deles”, os leitores (NOBLAT, 2003, p. 15).
Por sua vez, é importante ressaltar também que Pye (1967, p. 27)
mencionava que “mais e melhores jornais representam maiores razões para
que se aprenda a ler, e maior alfabetização constitui, por sua vez, razão para
a existência de um número maior de jornais de melhor qualidade”. Nesse
sentido, deve-se ainda ressaltar a opinião de Carmen Lozza, ao afirmar que a
presença do jornal na escola pode trazer benefícios, desde que existam
requisitos indispensáveis: defesa da democratização do acesso ao mundo da
leitura, análise crítica e o reconhecimento de que a busca da informação na
imprensa pode ser condição para o exercício da cidadania. Além disso, outro
cuidado que deve ser tomado está numa situação enfatizada por Clarice
Alda: o jornal na escola não deve ser usado apenas como instrumento de
marketing, a um custo baixo, inclusive gerando conflito de interesse entre os
jornalistas, devendo servir como garantia de democratizar o acesso à
informação.
Com respeito à importância e função social do Programa Educativo JC na
Escola, é possível afirmar que tem contribuído para a “quebra da monotonia
e perigosa rotina” que causam desânimo e impedem o aprender, na opinião
de Sérgio Purini. Além disso, revela-se claramente a existência de conflitos
entre jornalistas, conforme enfatiza Ieda Rodrigues, quando menciona que o
92
“o JC na Escola pode e é bom que seja notícia, desde que preencha os
requisitos para ser uma matéria”, e a coordenação do programa, sendo
necessária a adoção de novas condutas de gestão dos processos na empresa,
destacando-se discussões em grupo para avaliação, uma maior aproximação
dos envolvidos e também dos professores que atuam com o programa, além
da expansão de novas parcerias com a comunidade.
4.1.2.2.2 Questionários
Considerando que o programa JC na Escola foi implantado em agosto de 2002,
inicialmente em seis escolas indicadas pela então Diretoria Regional de Ensino,
conforme citado anteriormente. Atualmente, o projeto abrange 150 escolas não de
Bauru, mas também de cidades da região, devendo-se esclarecer que não se pretendeu
abranger neste estudo uma amostra censitária do programa, em função do
distanciamento geográfico e de questões envolvendo o cumprimento de cronograma
proposto para a finalização da dissertação de mestrado. Passados cinco anos de
implantação do programa na cidade, acredita-se, portanto, ser oportuna uma avaliação
do programa JC na Escola junto à comunidade escolar da cidade de Bauru (SP).
Para estudar essa realidade específica, optou-se por um universo composto por
escolas em razão de sua inserção e permanência no projeto desde 2002 até o momento
desta pesquisa e dadas as facilidades de acesso oferecidas. Em decorrência, a população
de interesse para a pesquisa recaiu sobre os professores dessas escolas, considerando-se
serem eles os especialistas capacitados e os responsáveis pelo uso pedagógico do jornal
na escola. Desse modo, foram pesquisadas as escolas: E.E. “Ayrton Busch”, no Parque
Jaraguá; E.E. “Ana Rosa Zuicker Dannunzziata”, na região do Jardim Redentor e
Parque Júlio Nóbrega; E.E. “Vereador Antônio Ferreira de Menezes”, no Alto Alegre;
E.E. “João Simões Neto”, no Parque Santa Terezinha, e E.E. “Parque Santa Edwirges”,
região do Santa Edwirges e Mutirão 9 de Julho. Nessas escolas, embora atuem 151
professores, segundo as diretoras das unidades consultadas, 94 trabalham efetivamente
com o programa JC na Escola, tendo sido essa, então, a população pesquisada.
Como técnica de pesquisa optou-se pela utilização do questionário,
considerando-se as facilidades oferecidas à sua aplicação junto à população de
professores do universo selecionado. Para a elaboração do instrumento aplicado à
93
população pesquisada, buscou-se a adaptação do “Questionário sobre programas jornal
na educação”, da ANJ (Anexo 4, p. 145), aplicado em filiados pelo Grupo de
Consultoria em Educação Leitores e Leituras. O resultado dessa adaptação foi a
obtenção do questionário que se encontra no Apêndice 2, p. 116 e que foi considerado
como o instrumento ideal para a coleta de dados. O processo de análise e interpretação
dos dados foi organizado de forma que possibilitasse o fornecimento de respostas e a
relação estabelecida entre os dados empíricos coletados e o referencial teórico abordado.
A aplicação do questionário ocorreu entre a segunda quinzena de junho e a
primeira quinzena de agosto, tendo havido alguma dificuldade em relação à solução de
continuidade do processo de coleta de dados, uma vez que o mês de julho ficou
prejudicado devido às férias escolares na rede de ensino. A aplicação do questionário foi
precedida de um pré-teste junto a 10% da população de professores e, como não houve
necessidade de se ajustar esse instrumento, os dez professores que participaram desse
procedimento metodológico inicial foram incorporados à amostra definitiva.
Como principais resultados obtidos, daqueles que trabalham com o programa, 70
(74,46%) professores disseram estar à vontade para responder às perguntas. Os 24
professores que não responderam (24,54%) alegaram “falta de tempo”,
desconhecimento do programa e insegurança em saber se ele está sendo utilizado de
modo satisfatório. Todos os que não responderam foram unânimes ao afirmar, porém,
que sentem a falta de um acompanhamento mais efetivo do trabalho que realizam,
apesar de a maioria dos que responderam ao questionário (91,42%) afirmar que
acompanhamento pedagógico do trabalho realizado nas escolas. Ainda sobre o
acompanhamento pedagógico, três professores não responderam, dois responderam que
não e um respondeu que há, mas é precário. Para 97,14% dos professores, o JC na
Escola está devidamente implantado na escola em que lecionam e para dois, está em
fase de implantação.
A maioria dos professores que respondeu à pesquisa leciona para alunos de 1.ª a
4.ª série (47,14%). Desses, 35,71% se autodefinem como “polivalentes”, ou seja,
ministram aulas de português, matemática, história, geografia e ciências, matérias
básicas do ciclo de 1.ª a 4.ª série. Outros 45,71% lecionam para alunos de 5.ª a 8.ª série
e 44,28%, para alunos de 1.º ao 3.º colegial. Vale destacar que apenas um professor de
5.ª a 8.ª série não ministra aulas no colegial para complementar sua carga horária.
O jornal é utilizado em sala de aulas por professores de matemática (12,85%),
história (8,57%), ciências (8,57%), geografia (7,14%), português (5,71%), biologia
94
(4,28%), educação física (4,28%), educação artística (4,28%), química (4,28%), inglês
(2,85%), literatura (1,42%), filosofia (1,42%) e física (1,42%). Não informaram a
disciplina que lecionam 8,57% dos professores que responderam ao questionário. E
quando questionados sobre qual a área abrangida pelo programa, as respostas não fogem
muito da área de graduação dos professores. “Todas” foi a opção marcada pela maioria
(75,71%), seguida pelos itens português (4,28%), ciências (2,85%), interdisciplinar
(2,85%), matemática (1,42%), história (1,42%), geografia (1,42%), ciências (1,42%),
educação física (1,42%), artes (1,42%), diversas (1,42%), alunos (1,42%), humanas
(1,42%) e assuntos polêmicos (1,42%). Os professores que declaram que não sabem
somam 4,28% e 1,42%, não respondeu.
que se destacar a formação acadêmica dos professores que responderam ao
questionário. Dos 70, apenas um está com o doutorado em andamento e um declarou ter
mestrado em geografia. Os demais têm formação acadêmica (graduação) em pedagogia
(34,28%), língua portuguesa (15,71%), história (12,85%), ciências (8,57%), biologia
(7,14%), artes (5,71%), matemática (5,71%), educação física (4,28%), geografia
(4,28%), psicologia (1,42%), pedagogia incompleto (1,42%), magistério (1,42%), física
(1,42%), química (1,42%), administração (1,42%) e filosofia (1,42%). Um professor
declarou ter “nível universitário”, mas não especificou, e outro não informou sua
formação. Desses, 78,57% declararam ter feito cursos de especialização nas seguintes
áreas: pedagogia (15,71%), letras (12,85%), história (12,85%), biologia (7,14%),
matemática (5,71%), educação física (4,28%), geografia (4,28%), psicopedagogia
(2,85%), artes plásticas (2,85%), filosofia (1,42%), educação artística (1,42%), química
(1,42%), educação (1,42%), administração (1,42%), física (1,42%) e séries iniciais
(1,42%). Um professor marcou o item especialização, mas não informou a área.
Os dados ainda mostram que a maioria dos professores que utiliza o jornal em
sala de aula está na faixa dos 41 a 50 anos (41,42%) e tem de 11 a 20 anos de magistério
(50%). Em seguida, estão os professores com 20 a 30 anos de idade (24,28%) e 1 a 5
anos de magistério (21,42%); 31 a 40 anos (22,85%) e 6 a 10 anos de magistério
(14,28%); e mais de 50 anos de idade (11,42%) e 21 a 30 anos de magistério (10%). Os
dados ainda mostram apenas um professor com menos de 1 ano de magistério. Não
declararam o tempo que leciona 2,85%.
A leitura foi o item mais citado pelos professores que utilizam o jornal em sala
de aula (54,28%). Em seguida estão a pesquisa (32,85%), trabalhos diversos (21,42%),
produção de textos (15,71%), escrita (14,28%), interpretação de texto (14,28%), análise
95
de artigos (10%), análise de textos (7,14%),
desenho (5,71%), trabalhos com
classificados (4,28%), análise de imagens (2,85%), debates (2,85%), produção de jornal
(1,42%), criação de histórias (1,42%) e linguagem (1,42%). Dois não responderam.
“Investir na formação de novos leitores de jornal”. Esse é o objetivo que mais se
aproxima daquele que caracteriza o programa JC na Escola. A alternativa recebeu
88,57% das indicações. Em seguida, aparecem “Favorecer o exercício da cidadania por
parte dos jovens leitores” (82,85%), “Contribuir com as escolas da região” (38,57%),
“Dar início a uma ação que expresse a responsabilidade social da empresa” (25,71%),
“Melhorar a imagem da empresa jornalística perante os leitores” (10%) e “Melhorar a
imagem do jornal perante os anunciantes (5,71%). Um professor não respondeu.
Segundo 87,14% dos professores, o programa é de responsabilidade de uma
equipe de professores. Apenas 8,57% disseram que a responsabilidade é de uma equipe
mista (professores e funcionários) e 1,42% respondeu que a responsabilidade é de uma
equipe de funcionários do jornal.
As cinco escolas selecionadas para aplicação do questionários participam do
programa num período de 1 a 4 anos, segundo 95,71% dos professores. Declararam não
saber ou não responderam um total de 2,85%. O segmento mais atendido pelo programa
é o Ensino Fundamental (95,71%), seguido pelo Ensino Médio (64,28%), Educação
Infantil (14,28%) e Educação de Jovens e Adultos (12,85%).
Chama a atenção o fato de 57,14% de professores declararem que o programa
não possui nenhum tipo de publicação básica de orientação pedagógica destinada aos
professores, enquanto 41,42% disseram que a publicação existe, mas sem especificar
qual. Declararam que o programa não possui nenhum material informativo 68,57% dos
professores e 28,57% disseram que possui, sendo que 18,57% responderam que tal
material se destina a alunos; 10%, a outro tipo de público (comunidade e professores) e
7,14% a pais. Sobre a existência de material informativo (boletim ou similar) para troca
de informações destinado aos educadores, 72,85% responderam que não, 25,71%, sim e
um não respondeu.
Quando questionados sobre o que julgam ser os principais objetivos do
Programa Educativo JC na Escola, através de questões de múltipla escolha, a maioria
dos professores que respondeu ao questionário (74,285%) apontam o item “ajudar o
aluno a se expressar melhor e com maior confiança”, seguido por “incentivar outras
leituras” (72,85%) - e “promover o respeito à opinião divergente” - (71,42%). Esses
requisitos, para os professores, são atingidos de forma satisfatória.
96
Em relação a questões que envolvem cidadania, 65,71% entendem que o
programa contribui de maneira satisfatória para a formação de cidadãos mais
conscientes. Também para 65,71%, o jornal em sala de aula contribui para o exercício
da cidadania. E para 48,57%, o programa contribui para que o aluno conheça melhor o
mundo em que vive.
Ao avaliar tais números, inicialmente vale citar Cortella (2002), para quem a
leitura de jornal é uma porta de entrada no presente, que, com critérios, permite
entender o passado e projetar a compreensão do futuro. Mas o autor lança uma
importante reflexão:
Jamais admita a idéia de que ter informação em si é suficiente, porque a
informação sozinha não produz consciência crítica. Se fosse assim, sabe de
onde viria a revolução social e do conhecimento? A partir daqueles que se
informam o dia inteiro; por exemplo o motorista de ônibus, a empregada
doméstica, o porteiro do prédio. São pessoas que, por terem uma atividade
mais fechada, ouvem rádio o dia inteiro. Será que isso é suficiente? Não,
porque elas m uma informação, mas não sabem necessariamente o que fazer
com ela. (CORTELLA, 2002. Disponível em
http://www.alb.com.br/anaisjornal/ezequiel/index.htm).
Por sua vez, considerando-se as respostas oferecidas pelos professores, pode-se
dizer que, em síntese:
O Programa JC na Escola vem sendo utilizado em sua maioria por
professores de 1.ª a 4.ª série do Ensino Fundamental, sendo os mesmos de
natureza “polivalente”, uma vez que o jornal é utilizado em diferentes
disciplinas. Isso indica que talvez existam mais facilidades de uso
pedagógico do jornal em séries especiais.
Por outro lado, é importante ressaltar que uma parcela significativa de
professores (24,54%) indica um certo desconhecimento do programa e seus
benefícios, o que reforça alguns dos resultados das entrevistas, em especial a
necessidade de modificação das condutas de gestão do programa, devendo
haver maior aproximação com esse público multiplicador.
Um aspecto interessante é a questão da formação acadêmica dos professores,
pois o resultado indica uma grande maioria (78,57%) com especialização nas
áreas afins, o que pode ser um aspecto positivo no que se refere à
atualização. Além disso, outro fato merece destaque, relacionado ao tempo
de exercício do magistério e a idade dos professores, sendo que a maioria
97
tem 11 a 20 anos de experiência e está na faixa etária de 41 a 50 anos. Isso
parece indicar a existência de uma certa vitalidade e conhecimentos,
indispensáveis à transformação da sala de aula em ambiente de expressão e
construção.
Quanto à utilização do jornal na escola, o objetivo de maior alcance foi a
leitura, pesquisa, trabalhos diversos, produção de textos, escrita, analise de
artigos e textos, interpretação de textos, criação de histórias e linguagem,
acrescentando-se outras atividades relacionadas à imaginação e criatividade e
voltadas à imagem. Vale dizer aqui que os profissionais reforçaram a idéia
do uso do jornal como “meio de formação de leitores”, mas também
indicaram a consciência de sua aplicabilidade com o objetivo de “formador
de cidadãos”.
Existem outras situações que também merecem destaque em relação às
respostas obtidas: 57,14% declararam a inexistência de uma publicação
básica de orientação pedagógica e a maioria (78,85%) ainda indicou não
haver material para a troca de informações entre si. Isso vem reforçar a
necessidade de revisão do programa em termos de gestão.
Os dados coletados indicaram que os professores acreditam que o JC na Escola
auxilia os alunos a se expressarem melhor e com mais confiança, além de incentivar
novas leituras, promovendo o respeito à opinião divergente. Com certeza, estes são
fatores de relevância ao aprendizado e construção do conhecimento, incentivando a
reflexão e o espírito crítico, e apresenta vantagens indicadas por Freinet (1927):
aprendizagem facilitadora da leitura e da escrita das palavras, sentido permanente da
construção de frases corretas, aprendizagem da ortografia pela globalização e análise
das palavras e frases ao mesmo tempo; sentido de responsabilidade pessoal e coletiva e
novo clima de uma comunidade fraternal e dinâmica.
Finalmente, é importante destacar que as respostas dos sujeitos pesquisados
demonstram que existe uma acentuada conscientização às questões envolvendo o uso do
jornal em sala de aula e a cidadania, uma vez que, na opinião de 65,71% os programas
contribuem de maneira satisfatória para a formação de cidadãos mais conscientes e para
o exercício da cidadania, além de possibilitar aos alunos um melhor conhecimento do
mundo em que vivem.
98
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
vai longe o tempo em que os alunos chegavam à escola para aprender e
apreender tudo aquilo que o professor tinha a ensinar em sala de aula. Na era da
sociedade da informação, alunos hi tech de 7 anos sabem ler e escrever, navegam
com destreza por sites, blogs e afins e colocam muitos professores “no chinelo”, como
eles próprios dizem, quando o assunto é Internet. Ávidos por aprender coisas novas, os
alunos, sempre insatisfeitos com o que lhes é colocado em classe, querem mais.
Diante desse novo modelo de aluno, que está sempre a um clique de uma nova
informação, seja no computador instalado no quarto ou nas lan houses espalhadas por
todos os cantos da cidade, os Parâmetros Curriculares Nacionais sugerem a introdução
de temas transversais em salas de aula com práticas sempre novas e que estimulem a
curiosidade. O objetivo é enriquecer a grade curricular das escolas, proporcionando ao
aluno, como parte de seu aprendizado, a discussão da sua realidade para torná-los
cidadãos preparados para enfrentar o mercado de trabalho e, porque não dizer, a vida em
sociedade. E levando em consideração que a realidade é um fato cotidiano, torna-se
óbvia a utilização de jornal impresso em sala de aula, fato que vem ganhando cada vez
mais espaço em todo País, independente da classe social do aluno, da idade ou do meio
ao qual ele está inserido.
Observando essa nova realidade, os próprios veículos de comunicação de massa,
especialmente impressos, estão investindo em programas voltados à educação. Basta
observar pesquisa recente feita pela Associação Nacional de Jornais (ANJ) para
identificar quantos de seus 136 associados espalhados pelo País têm programas voltados
ao ensino. Mais da metade 76 tem. E o mais curioso é que em 16 anos, segundo a
pesquisa, não se passou um ano sem que um novo programa tivesse sido implantado no
Brasil. E mesmo entre os jornais que ainda não criaram seus próprios programas
educativos, uma preocupação em se aproximar das escolas, de seus alunos e de seus
professores.
que se ressaltar, porém, que essa aproximação tem objetivo certo, segundo
aponta a própria ANJ: investir em futuros leitores e, por que não dizer, assinantes em
potencial. Mas a sua maneira, com interesses em geral mais econômicos que
pedagógicos, os veículos de comunicação impressa preenchem uma lacuna observada
especialmente nas escolas blicas, que é a de discutir a realidade dos alunos para
99
torná-los cidadãos mais conscientes e preparados para enfrentar o mercado de trabalho,
a vida em sociedade.
Para esboçar uma resposta à questão norteadora deste trabalho - O jornal
impresso na escola pode ser utilizado como recurso pedagógico de apoio ao exercício da
cidadania na sociedade contemporânea? -, é possível considerar que o jornal pode ser
um importante aliado dos professores na preparação dos alunos para a competitividade
que cresce a cada dia dentro da cultura globalizada. Isso fica evidente ao se observar os
resultados da pesquisa aplicada junto a professores de cinco escolas que participam do
Programa Educativo JC na Escola. A maioria acredita que o uso do jornal em sala de
aula contribui de maneira satisfatória para a formação de cidadãos mais conscientes e
para o exercício da cidadania, que, através das matérias, o aluno passa a conhecer
melhor a cidade e a comunidade em que vive.
Apesar disso, alguns pontos precisam ser melhor avaliados e aprimorados para
que a presença do jornal na escola realmente cumpra sua função de formar cidadãos
conscientes de seus direitos e deveres. Um deles refere-se aos objetivos que levam os
jornais a lançar programas de educação. casos em que a preocupação única é formar
leitores e ser usado apenas como instrumento de marketing, a um custo baixo. A prática
também preocupa a ANJ, que indica uma concepção básica ou fundamentos para os
jornais associados que pretendem implantar o programa em suas praças. Tanto que a
associação discute restrição ao uso da logomarca do Programa Nacional Jornal e
Educação por jornais cujos projetos não têm qualquer convergência às concepções
nacionais propostas.
Outro ponto que merece atenção, detectado no estudo de caso, refere-se à
existência de conflitos entre jornalistas e coordenação do Programa Educativo JC na
Escola. De um lado, o responsável pelo programa, Sérgio Purini, entende que o projeto
carece de mais espaço e divulgação. De outro, os jornalistas acham que é preciso uma
avaliação mais criteriosa para saber o que vale ou não matéria. Isso ocorre, em geral,
porque a maioria dos jornalistas que trabalha no Jornal da Cidade desconhece os
objetivos do projeto. Assim, faz-se necessária a adoção de novas condutas de gestão dos
processos na empresa, destacando-se discussões em grupo para avaliação e maior
aproximação dos jornalistas com os professores que atuam com o programa.
Um terceiro ponto a ser revisto é a apresentação do Programa Educativo JC na
Escola aos próprios professores. Na pesquisa, uma parcela significativa de professores
100
(24,54%) indicou um certo desconhecimento do programa e seus benefícios e até
insegurança em saber se o caminho adotado é o correto. Assim, é possível afirmar que
necessidade de modificação das condutas de gestão do programa, devendo haver
maior aproximação com esse público multiplicador.
A inexistência de uma publicação básica do programa e de material para a troca
de informações entre professores também precisa ser revista. Na pesquisa, fica claro que
os professores que integram o projeto sentem necessidade de conhecer experiências que
são aplicadas em outras escolas. Além disso, querem ver seus trabalhos divulgados,
numa espécie de prestação de contas à comunidade e às empresas parceiras do projeto.
Assim, esta pesquisadora propõe a veiculação, dentro do Jornal da Cidade, de um
suplemento mensal, destinado exclusivamente ao programa.
Muito embora não se possa fazer generalizações, considerando-se que o estudo
de caso descreve situações particulares, pode-se dizer que novas pesquisas junto ao
contexto de programas de igual natureza, talvez possam identificar similaridades com os
resultados aqui obtidos e a aplicabilidade das recomendações apresentadas.
Diante do exposto, é possível dizer que a existência do jornal em sala de aula é
um fator bastante positivo. Por mais que esteja implícito o vender jornal e formar
futuros leitores, há que se destacar que a leitura é fundamental para a melhora da escrita,
da fala e do conhecimento em geral, fatores de extrema importância, especialmente para
os jovens que estão em busca de uma carreira profissional através do vestibular ou
entrando no concorrido mercado de trabalho.
Por outro lado, o professor também está precisando mudar seu modo de ver a
educação e ensinar diante da chamada era da informação. É claro que resistência,
especialmente dos professores mais velhos e que estão no mercado de trabalho mais
tempo, ao aceitar novas formas de educar. No geral, porém, o programa de jornal na
educação é bem aceito pelos professores e utilizado por eles como forma de incentivar o
aluno a pensar criticamente.
É fato que os métodos pedagógicos vêm sofrendo um processo de contínua
evolução anos. É mais que consenso que o professor autoritário deve mudar seu
modo de agir. De modo geral, o professor começou a ser incentivado a criar situações
práticas para despertar curiosidade e criatividade no aluno. No Brasil, apesar de as
teorias modernas agitarem o ambiente educacional desde os anos 30, a maioria das
escolas ainda ensina com base no modelo tradicional. Além de algumas experiências de
101
vanguarda, parece haver muito pouco ainda no sentido de incentivar a criatividade, o
poder de reflexão e o raciocínio.
Assim, o jornal impresso pode e deve ser usado para mudar o atual padrão,
tornando-se importante recurso pedagógico na formação e transformação do homem de
amanhã. Bem utilizado, especialmente em sala de aula por pessoas que estão em
processo de formação de personalidade e caráter, o jornal impresso pode contribuir para
a transformação não de apenas uma família ou um bairro, mas de uma sociedade inteira,
levando em conta a incontestável característica de formador de opinião e de cidadania.
É sabido que, fora da sala de aula, o jornal se transforma em leitura para toda família.
Fornece informações que, de fato, podem ajudar pais e alunos a se situarem no ambiente
social em que vivem e a compreender melhor os conflitos do mundo moderno.
102
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107
APÊNDICES
APÊNDICE 1
DATA EDITORIA
TÍTULO SÍNTESE
OBSERVAÇÃO
04/08/2002
Geral Projeto JC na Escola
começa amanhã
Jornal da Cidade anuncia implantação
do Programa Educativo “JC na
Escola”.
Abre de página
com foto e
chamada de capa
com foto.
18/08/2002
JC Criança Jornal na escola
desperta curiosidade
Crianças são “avisadas” que JC está
distribuindo nas escolas da cidade
jornais para utilização em sala de aula
e informa do que trata o projeto
Abre de página
com foto e
chamada de capa
do suplemento
com foto.
22/08/2002
Bairros 'JC na Escola'
participará de encontro
nacional dia 11
O projeto “JC na Escola” vai levar a
professora Rosiley Vilela Tezanin
Moreira para participar das discussões
sobre a cultura da leitura no ensino
básico, no Encontro Nacional de
Programas Educativos dos jornais
brasileiros. O evento é promovido pela
Associação Nacional de Jornais (ANJ)
e pelo Jornal Vale Paraibano.
Pé de página sem
foto.
23/08/2002
Geral Escolas resgatam
folclore nos bairros
Alunos e professores realizaram
atividades especiais para comemorar o
Dia do Folclore.
Pé de página com
foto.
07/09/2002
Regional JC na Escola vai ao
campo em Piratininga
A equipe do JC na Escola foi conhecer
a horta da EE Josephina Lorenzetti,
escola rural vinculada à EE
“Professora Jacyra Mota Mendes, de
Piratininga. O estabelecimento conta
com duas salas mult seriadas em
funcionamento, reunindo 50 crianças
oriundas da Fazenda São José onde se
localiza a escola e de propriedades
rurais adjacentes, da pré-escola até a
4ª série.
Pé de página com
foto.
12/09/2002
Geral Projeto do JC é
apresentado na ANJ
Programa sócio-educativo JC na
Escola será um dos temas do encontro
da associação sobre jornal na
educação. Durante o Encontro
Nacional de Coordenadores de
Programas Jornal na Educação, em
Ilhabela, litoral paulista, foram
apresentados vários projetos para o
setor, incluindo um do Jornal da
Cidade. A professora Rosiley Vilela
Tezani Moreira, participante do JC na
Escola, abordou a “Iniciação do
estudante de ensino básico à leitura”.
Abre de página
com foto.
22/09/2002
Geral JC na Escola se
destaca em evento
O programa educativo do Jornal da
Cidade teve aprovação total no
encontro realizado pela Associação
Nacional de Jornais (ANJ). A
iniciativa foi apresentada a membros
da entidade durante o Encontro
Nacional dos Coordenadores de
Abre de página
com foto.
108
Programas de Jornal na Educação, em
Ilhabela.
23/10/2002
Cultura Alunos da rede
pública expõem
trabalhos no Terminal
Rodoviário
Terminal Rodoviário de Bauru abriga
exposição dos trabalhos desenvolvidos
por alunos da rede pública cujas
escolas participam do projeto JC na
Escola.
Pé de página, na
capa do Cultura,
com foto.
07/11/2002
Opinião Sobre o programa
educativo JC na
Escola
Leitor Joaquim Eliseo Mendes escreve
carta sobre exposição de trabalhos de
alunos de escolas integrantes do JC na
Escola
Carta publicada
na página 2.
26/02/2003
Geral JC na Escola será
levado a 72 unidades
Projeto, que teve início no ano
passado em dez estabelecimentos,
atenderá 86 mil estudantes da rede
pública em 2003, distribuídos em 72
unidades da rede pública de Bauru. A
informação foi divulgada pelo
dirigente regional de Ensino, Jair
Sanches Vieira, na primeira reunião
do ano de diretores, professores e
supervisores de ensino.
Abre de página e
chamada de capa.
04/03/2003
Opinião Escola do JC Jornalista Nadyr Serra faz artigo de
opinião sobre o JC na Escola e as
atividades que o programa desenvolve
para formar cidadãos
Artigo de opinião
publicado na
página 2.
30/04/2003
Bairros Professores analisam
início do projeto 'JC
na Escola'
Professores das 72 escolas estaduais
que participam do projeto JC na
Escola estiveram reunidos para fazer
uma análise do primeiro mês de
atividades. Avaliação é positiva.
Pé de página com
foto.
21/05/2003
Geral Fórum discute plano
para a educação nos
próximos anos
Diretoria Regional de Ensino de Bauru
iniciou debate sobre educação para
discutir diretrizes. Paralelamente, foi
realizado o terceiro encontro mensal
dos professores que integram o JC na
Escola
Chamada na capa
e abre de página
com foto.
15/08/2003
Geral Projeto JC na Escola
ganha parceiros
A empresas Tiliform, Ultragaz e Gás
Afonso, além do Sindicato dos
Contabilistas de Bauru e Região
(SindCom) e Escritório Regional da
Junta Comercial do Estado de São
Paulo (Jucesp) são os primeiros
parceiros-patrocinadores do projeto JC
na Escola. Em reunião realizada no
JC, os empresários aderiram
oficialmente ao projeto, que viabiliza
a entrega de novas assinaturas diárias
do jornal para as escolas cadastradas
no projeto.
Abre de página
com foto.
09/09/2003
Geral JC na Escola ampliará
assinaturas
Representantes de dez escolas que
participam do projeto JC na Escola
estiveram reunidos no JC para
conhecer detalhes da parceria firmada
com as empresas Tiliform, Ultragaz e
Gás Afonso, Sindicato dos
Contabilistas de Bauru e Região
(SindCom) e Junta Comercial do
Estado de São Paulo (Jucesp). O
acordo prevê, em uma primeira etapa,
que os empresários forneçam uma
Chamada de capa
e abre de página
com foto.
109
assinatura do JC para 40 escolas
estaduais, que já recebem, atualmente,
uma edição diária do jornal.
11/09/2003
Bairros Parceria amplia
projeto JC na Escola
Representantes de outras seis
instituições de ensino participantes do
projeto JC na Escola estiveram
reunidos para conhecer mais detalhes
de sua nova fase, com a ampliação do
número de jornais recebidos pelas
escolas.
Abre de página
com foto.
13/09/2003
Geral Leitura de jornais
entusiasma alunos
As professoras das dez escolas
estaduais que participaram da reunião
do Projeto JC na Escola, na sede do
Jornal da Cidade, e revelaram que a
leitura diária de notícias já se tornou
um hábito para os alunos. A
coordenadora pedagógica da escola
Francisco Antunes, Leslie Regina
Simões Domingues, revela que a
disputa pela edição do JC recebida
pela instituição é grande. “Está
havendo uma verdadeira guerra pelo
jornal durante as manhãs. Os alunos
estão felizes, porque depois elaboram
as suas próprias notícias”, relata.
Abre de página
com foto.
24/09/2003
Geral 'JC na Escola' firma
parceria com Unimed
O programa JC na Escola fechou
parceria com a Federação das
Unimeds do Centro-Oeste Paulista.
Com a entrada da Federação serão 50
escolas já beneficiadas com assinatura
de jornal.
Pé de página com
foto.
26/09/2003
Geral 'JC na Escola' é
referência para
programa em
Presidente Prudente
O projeto “JC na Escola”, do Jornal da
Cidade, tornou-se referência para o
programa socioeducativo do jornal O
Imparcial que está sendo
implementado junto a 54 escolas da
rede estadual de Presidente Prudente
(300 km de Bauru). O coordenador do
“JC na Escola”, Sérgio Purini, e o
jornalista Gilberto Martins, secretário-
executivo do Núcleo de Educação da
Associação Paulista de Jornais (APJ),
fizeram a apresentação do programa,
difundido a idéia para cerca de 1.600
professores, na Diretoria de Ensino de
Presidente Prudente.
Segunda matéria
em importância
na página, com
foto.
15/10/2003
Geral Parceria com
Federação das
Unimeds amplia
JC na Escola
Outras dez escolas públicas estaduais
passarão a receber mais uma
assinatura diária do JC, totalizando um
atendimento a 50 estabelecimentos de
ensino como continuidade do
Programa JC na Escola com a parceria
firmada com a Federação Centro
Oeste Paulista das Unimeds, sediada
em Bauru.
Segunda matéria
em importância
na página, com
foto.
31/10/2003
Geral Rede particular adere
ao 'JC na Escola'
O Colégio Dinâmico - Balão Azul é a
primeira escola particular a firmar
parceria com o projeto JC na Escola.
A preocupação da diretoria do colégio
em formar cidadãos e promover a
Abre de página
com foto.
110
integração entre professores e alunos
por meio da leitura de jornais vai além
dos limites da escola. A parceria
também vai garantir a assinatura diária
do JC para mais dez escolas públicas,
que enfrentam dificuldades para
garantir esse diferencial aos alunos.
20/11/2003
Bairros Parceria amplia Praças
de Leitura
Parceria firmada entre o JC e o
Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial (Senai) permitiu a
ampliação do projeto Praças de
Leitura, iniciativa que tem como
objetivo criar um espaço diferenciado
dentro dos estabelecimentos de ensino
para que os alunos e a comunidade
possam ter acesso ao jornal. O acordo
prevê a entrega de cem expositores de
jornal e bancadas de leitura até o
início do próximo ano. As Praças de
Leitura estão incluídas no projeto JC
na Escola.
Chamada na capa
e abre de página
com foto.
04/12/2003
Opinião Muito além do giz e
da lousa
Leitor Júlio César Castilho Razera
escreve sobre o uso das tecnologias da
informação pelos professores em sala
de aula e cita o JC na Escola como
exemplo.
Carta publicada
na página 2.
20/02/2004
Geral JC na Escola e
parceiros iniciam
curso de informática
Cerca de 120 adolescentes entre 14 e
18 anos terão a oportunidade de se
profissionalizar em informática pelo
programa Degrau, que busca a
formação e a colocação dos jovens no
mercado de trabalho. A iniciativa é
mais um dos frutos do programa JC na
Escola em parceria com a
Ultragaz/Gás Afonso e com a escola
de informática Bit Company.
Segunda matéria
em importância
na página, com
foto.
21/03/2004
Geral JC na Escola inicia
2004 com novidades
O projeto JC na Escola inicia 2004
com várias novidades. As principais
são o aumento do número de
instituições que passam a integrá-lo e
a descentralização dos locais das
reuniões pedagógicas efetuadas
mensalmente ao longo do ano
Chamada de capa
e abre de página
com foto.
31/03/2004
Bairros Mais 10 escolas
ganham praça de
leitura
O projeto JC na Escola, uma iniciativa
do Jornal da Cidade entregou mais dez
praças de leitura para escolas de
Bauru, Piratininga e distrito de
Tibiriçá. A iniciativa tem como
objetivo criar um espaço diferenciado
dentro dos estabelecimentos de ensino
para que os alunos e a comunidade
possam ter acesso ao jornal.
Abre de página
com foto.
23/04/2004
Bairros Programa JC na
Escola e Ceesub
promovem oficinas de
cidadania
O Programa JC na Escola e o Centro
Estadual de Educação Supletiva de
Bauru (Ceesub) “Presidente Tancredo
Neves” promovem uma série de três
oficinas para os alunos sobre temas
relacionados à cidadania. Os eventos
foram organizados pelos professores
da escola e têm como objetivo
Pé de página sem
foto.
111
oferecer aos estudantes uma visão
mais ampla sobre diversas questões
municipais e seu papel na sociedade.
25/04/2004
Geral JC na Escola discute
educação especial
A necessidade de incluir em sala de
aula, sem traumas e preconceitos, os
alunos portadores de necessidades
educacionais especiais, foi o principal
tema do encontro pedagógico JC na
Escola, realizado no Colégio
Dinâmico Balão Azul.
Abre de página
com foto.
27/04/2004
Geral Projeto JC na Escola
inicia nova fase
Professores e representantes de 13
escolas da cidade conheceram a
oportunidade de conhecer as
instalações do JC, conversar com
jornalistas e trocar experiências do
projeto durante um café da manhã. O
coordenador do JC na Escola, Sérgio
Purini avalia que o encontro foi
positivo, pois os professores puderam
trocar experiências sobre como têm
trabalhado com o conteúdo do jornal
em sala de aula.
Abre de página
com foto.
11/05/2004
Regional JC na Escola ajuda
professora a obter
bolsa de estudo na
Espanha
O projeto JC na Escola ajudou a
professora de português e espanhol
Ana Flávia Lopes Lenharo, de Arealva
(41 quilômetros a Norte de Bauru), a
conseguir bolsa de estudo na
Universidade de Salamanca, na
Espanha. A iniciativa faz parte de um
programa de extensão universitária de
Língua e Cultura Espanhola para
professores da rede pública de ensino.
Ana Flávia ficou em quarto lugar na
classificação geral e, segundo ela,
parte desse êxito deve-se ao programa
JC na Escola, desenvolvido por ela na
Escola Estadual Professor Sebastião
Inoc Assumpção.
Segunda matéria
em importância,
com foto.
02/06/2004
Geral Professores discutem
JC na Escola
Os professores que integram o projeto
pedagógico JC na Escola participaram,
na Diretoria Regional de Ensino de
Bauru, do terceiro encontro mensal
realizado este ano para avaliar o
programa. Eles também assistiram a
uma palestra com a professora Jussara
Aparecida Gonçalves Berno,
especialista em deficiência auditiva.
Pé de página com
foto.
13/06/2004
Geral JC na Escola reúne
professores
Vinte professores que integram o
projeto JC na Escola visitaram o JC.
Eles tiveram a oportunidade de
conversar com jornalistas e
participaram de um café da tarde. O
coordenador do programa, Sérgio
Purini, afirma que o objetivo do
encontro foi promover uma troca de
experiências.
Pé de página com
foto.
06/08/2004
Geral JC na Escola expõe no
Bauru Shopping
O Programa JC na Escola apresenta no
Bauru Shopping, durante todo este
mês, a “4.ª Mostra de Arte Pedagógica
JC na Escola”. Estão expostos
Abre de página
sem foto.
112
trabalhos de alunos das escolas que
fazem parte do projeto. Os trabalhos
são temas que vão de saúde, passando
por ciências humanas até análise
comportamental.
08/11/2004
Geral Encontro pedagógico
do 'JC na Escola'
reúne professores
O programa educativo e social JC na
Escola realizou o 4.º Encontro
Pedagógico. O evento reuniu cerca de
90 professores, que atuarão como
multiplicadores. Eles discutiram
propostas e modificações em relação
ao andamento do programa.
Pé de página com
foto.
04/01/2005
Bairros Projeto JC na Escola
mostra a grupo de
alunos os bastidores
de duas rádios
Projeto JC na Escola levou, em
dezembro de 2004, um grupo de
alunos das escolas estaduais Francisco
Antunes (Bauru), Martha Barbosa
(Bauru), Alfredo Pujol (Pirajuí), Maria
Angélica Marcondes (Pirajuí) e Célia
Prima Calil (Lucianópolis) a passear
nas ondas das Rádios Veritas e FM 96.
Os estudantes foram ver de perto o
que há por trás do microfone de uma
emissora de rádio.
Segunda matéria
em importância,
com foto.
12/03/2005
Bairros JC JC na Escola inicia
atividades com meta
de aumentar alunos
O início das atividades do programa
JC na Escola em 2005 marca uma
nova fase para seus participantes. Com
o objetivo de obter mais dinamicidade
e abranger maior número de
professores multiplicadores,
educadores e alunos, o calendário dos
encontros pedagógicos do projeto
passa a ser semestral, ao invés de
anual. Outra meta é ampliar o número
de alunos.
Abre de página
com foto.
05/04/2005
Geral 'JC na Escola' será
apresentado em evento
nacional de jornais
A Praça de Leitura, um quiosque e um
porta-jornal instalados nos pátios das
escolas para facilitar o acesso à
informação jornalística a alunos,
professores, servidores e quem passar
pelo espaço, é uma das três
experiências de sucesso selecionadas
entre dezenas de projetos de todo País
que serão apresentadas no Encontro
Nacional de Jornal na Educação,
promovido pela Associação Nacional
dos Jornais (ANJ), em Mogi das
Cruzes, São Paulo.
Chamada de capa
e abre de página
com foto.
24/04/2005
Geral Praça de Leitura do JC
na Escola é destaque
de encontro nacional
em Mogi das Cruzes
A inédita Praça de Leitura do
Programa Educativo e Social JC na
Escola foi considerada o maior
destaque do Encontro Nacional de
Jornal na Educação, realizado há
pouco mais de uma semana, em Mogi
das Cruzes. A Praça – dois módulos
especiais para suporte de leitura do
Jornal da Cidade nas escolas – foi a
experiência de sucesso mais votada
entre os 50 jornais de todo o Brasil
que desenvolvem programas
educativos. Realizado entre os dias 12
Chamada de capa
e abre de página
com foto.
113
e 15 de abril, o evento possibilitou aos
participantes uma intensa troca de
experiências implementadas em todo o
Brasil.
08/05/2005
Saúde Campanha começa na
sala de aula
Parceria do Hospital Estadual e JC na
Escola leva orientação e prevenção
sobre queimaduras para professores e
alunos. Medida foi adotada em função
do alto índice de queimaduras
envolvendo crianças.
Matéria fez parte
do suplemento JC
Saúde sobre
queimaduras.
09/06/2005
Geral JC na Escola vai à
USC
A Praça de Leitura do projeto JC na
Escola “invade” o câmpus da
Universidade do Sagrado Coração
(USC). Com objetivo de promover a
cidadania democratizando a
informação em salas de aula e
instituições do ensino, o projeto do
Jornal da Cidade atinge o ensino
superior, através do incentivo à leitura.
A ação levará também palestra para os
estudantes do curso de pedagogia e
ensejará a entrega de certificados para
professores da rede pública
participantes do programa.
Segunda matéria
em importância
na página com
foto.
20/08/2005
Bairros Projeto JC na Escola
entrega certificados e
inicia semestre
Em cerimônia realizada na
Universidade do Sagrado Coração
(USC), o Projeto JC na Escola
encerrou as atividades do primeiro
semestre deste ano com a entrega de
90 certificados a professores da rede
estadual de ensino.
Segunda matéria
em importância
na página com
foto.
01/09/2005
Geral JC na Escola inicia
nova turma de
multiplicadores
O Projeto JC na Escola iniciou na
última sexta-feira a formação de uma
nova turma de professores da rede
estadual de ensino que vão atuar como
multiplicadores do programa. O
evento, realizado na Universidade do
Sagrado Coração (USC), contou com
a participação do coordenador do
projeto, Sérgio Purini; da reitora da
USC, irmã Jacinta Turolo Garcia,
além de profissionais da área de
comunicação.
Segunda matéria
em importância
na página com
foto.
15/10/2005
Geral JC na Escola é
reconhecido pela
Unesco
O projeto JC na Escola foi
reconhecido pela Organização das
Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (Unesco). A
informação foi divulgada durante o
“15.º Encontro Nacional do Programa
Jornal e Educação”, realizado no
início do mês em Curitiba (PR).
Chamada de capa
e pé de página em
seis colunas com
foto.
05/12/2005
Geral Sesi recebe 6ª mostra
JC na Escola
O programa educativo e social JC na
Escola abre a sexta edição de sua
Mostra Pedagógica, com trabalhos
produzidos por alunos da rede estadual
de ensino utilizando edições do Jornal
da Cidade em sala de aula. A seleção
das obras tem temáticas variadas
Pé de página com
foto.
10/12/2005
Geral Interação marca
Mostra do JC na
A interatividade das escolas de Bauru
e região marcou a sexta edição da
Pé de página com
foto.
114
Escola Mostra Pedagógica do programa
educativo e social JC na Escola,
encerrada ontem no Bloco de Eventos
do Serviço Social da Indústria (Sesi)
dos Altos da Cidade.
21/04/2006
Geral Programa JC na
Escola faz encontro
com foco na
importância da leitura
O programa educativo e social JC na
Escola, promoveu o 16.º Encontro
Pedagógico JC na Escola, no final de
março. O primeiro evento deste ano
foi formatado de maneira diferente,
com a programação de apenas um
encontro para o semestre, com rodízio
dos professores multiplicadores. A
certificação de participação passou a
ser feita no final do ano e aumentou o
número de exemplares diários para as
escolas. O novo formato amplia o
programa JC na Escola que, agora
atua, além da Diretoria de Ensino de
Bauru, com as de Botucatu e Jaú.
Pé de página com
foto.
22/05/2006
Regional Programa educativo
JC na Escola capacita
professores de Jaú e
região
JC participou de encontro pedagógico
em Jaú, envolvendo professores de
várias cidades da região. Oficinas
abordaram importância do uso do
jornal na sala de aula.
Pé de página sem
foto.
02/09/2006
Bairros Projeto JC na Escola
lança concurso
Os estudantes de Bauru, Jaú e
Botucatu vão participar do Concurso
JC na Escola 2006. Estudantes do
ensino médio e fundamental de
escolas públicos e particulares das três
cidades irão elaborar histórias em
quadrinhos e textos relacionados ao
tema “O desafio de ser metrópole”.
Doze trabalhos de destaque serão
selecionados e as escolas receberão
prêmios. A intenção é despertar os
jovens e crianças para a história de
suas cidades.
Abre de página
sem foto.
11/09/2006
Social
especial
JC na Escola entrega
certificados a
professores e lança
megaconcurso
Professores, diretores e a dirigente
regional de ensino, Vera Nilce Ludke
Jarussi Gomes de Sá, estiveram na
Live Disco, para a entrega dos
certificados de capacitação e
participação do JC na Escola,
programa educativo e social do JC. O
diretor do Grupo Cidade, Renato
Zaiden, abriu a solenidade de entrega
de certificados. Na oportunidade,
Zaiden e Sérgio Purini, coordenador
do JC na Escola, lançaram o concurso
que vai contemplar alunos do ensino
fundamental e ensino médio de
escolas das redes municipal e estadual
de ensino de Bauru, Jaú e Botucatu.
Página especial
com fotos de
entregas de
certificados.
07/11/2006
Geral JC na Escola participa
do evento levando
estudantes ao recinto
Com o objetivo de despertar a
consciência ambiental nos alunos de
colégios que participam das atividades
do projeto JC na Escola, foi iniciado
um ciclo de visitação à Grand Expo
Bauru. Segundo o coordenador do
Segunda matéria
em importância
com foto.
115
projeto, Sérgio Purini, a visita é, ao
mesmo tempo, educativa e prazerosa
para as crianças. “É uma oportunidade
para os alunos saírem um pouco da
rotina a que estão acostumados e
conhecer um novo ambiente.”
19/11/2006
Social
especial
JC na Escola entrega
certificados a
professores e premia
alunos com festa
O Programa JC na Escola realizou
mais um grande evento festivo
reunindo mais de duas centenas de
pessoas de Bauru e região. A abertura
do encontro foi marcada pela fala do
diretor do Grupo Cidade, Renato
Zaiden, que ressaltou a importância da
ação dos educadores no programa
educativo e social do JC, como apoio
pedagógico e o uso do jornal em sala
de aula como instrumento
imprescindível na formação das novas
gerações. Vencedores do concurso
cultural receberam prêmios.
Página especial
com fotos de
entregas de
certificados.
25/02/2007
Regional JC na Escola triplica
atendimento em
Botucatu
O Programa educativo e social JC na
Escola, mantido pelo Jornal da
Cidade, dá um salto de 12 escolas
atendidas para 51 na microrregião de
Botucatu. O assunto foi tratado em
reunião realizada na última sexta-feira
entre representantes do projeto e da
Diretoria de Ensino de Botucatu.
Abre de página
com foto.
15/04/2007
Geral JC na Escola entra no
6.º ano de atuação
O programa educativo e social JC na
Escola, em seu sexto ano de ação em
prol da educação e da cidadania,
amplia sua extensão territorial e
fortalece seus propósitos de
valorização e reconhecimento dos
educadores, agregando novos
professores que se identificam com a
proposta de aulas mais vivas, mais
interessantes e que despertam o
interesse dos alunos.
Pé de página com
duas fotos.
25/04/2007
Geral Fundação Abrinq e
Nokia capacitam
alunos do Programa
JC na Escola
Exatos 60 jovens do Programa JC na
Escola participam de uma capacitação
da Fundação Abrinq e Nokia. A
atividade é uma parceria entre as
empresas e o Jornal da Cidade, já que
ambas promovem o incentivo à
leitura. Essa capacitação vai funcionar
como um projeto piloto, na escola
estadual Mercedes Paz Bueno, em
Bauru. A intenção é incentivar os
jovens de 5.ª a 8ª séries a ter mais
vontade de ler, desenvolvendo o senso
crítico.
Abre de página
com foto.
18/05/2007
Geral JC na Escola e Abrinq
dão curso de incentivo
à leitura
Adolescentes estimulando crianças a
ler. Esta é a proposta do projeto piloto
encabeçado pelo JC na Escola, do
Jornal da Cidade, em parceria com a
Fundação Abrinq, em defesa dos
direitos da criança e adolescente.
Jovens de 15 a 18 anos ligados à
Abrinq treinam cerca de 70
Pé de página sem
foto
116
adolescentes de Bauru.
17/06/2007
Cartas JC na Escola Leitor Rodolpho Pereira Lima escreve
sobre implantação do Programa
Educativo JC na Escola no município
de Paulistânia
Página de
opinião. Sem
foto.
22/06/2007
Regional Reportagens do JC
despertam a
criticidade de
estudantes em J
Em parceria com o programa
educativo e social JC na Escola, do
Jornal da Cidade, professores da
Escola Estadual “Professor José
Nicolau Pirágine” de Jaú aplicam,
junto aos estudantes, atividades
pedagógicas a partir da leitura crítica
de notícias e reportagens publicadas
no JC. As atividades têm o objetivo,
entre outros, de levar os alunos à
compreensão e à análise da função de
um anúncio publicitário impresso.
Abre de página
com foto.
27/06/2007
Geral Professores
apresentam trabalhos
do JC na Escola
Professores envolvidos no Programa
Educativo JC na Escola se reuniram
no JC para trocar experiências
Pé de página sem
foto.
Quadro 1 - Matérias veiculadas sobre o Programa Educativo JC na Escola no Jornal da
Cidade e www.jcnet.com.br de 1 de agosto de 2002 a 1 de setembro de 2007.
117
APÊNDICE 2 - Questionário
Bauru, maio de 2007.
Prezado professor (a):
O questionário a seguir destina-se a objeto de pesquisa para dissertação de
mestrado “A função social do jornal impresso na escola como recurso pedagógico de
apoio ao exercício da cidadania”, em produção pela aluna do Programa de Pós-
Graduação em Comunicação da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da
Universidade Estadual Paulista (Unesp) câmpus de Bauru, Giselle Castilho Hilário
Bonomo, sob orientação da professora-doutora Regina Célia Baptista Belluzzo.
Assim, agradecemos a participação de todos, o que certamente contribuirá,
inclusive, para o trabalho desenvolvido atualmente pelo programa JC na Escola.
Atenciosamente
Giselle Castilho Hilário Bonomo
QUESTIONÁRIO
(professores)
Identificação
1.1 Nome da escola ______________________________________________
1.2 Marque com um X a(s) alternativa (s) que correspondem à sua condição na
escola:
1.2.1 Professor de:
1.ª a 4.ª série
5.ª a 8.ª série
1.ª ao 3.ª colegial
Informar a (s) disciplina (s) que leciona:
118
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
1.3 Formação
Graduação em ________________________________________________
Pós-graduação:
Lato-sensu
especialização em _______________________________
Stricto-sensu
mestrado em____________________________________
Doutorado em __________________________________
Outros. Explicar ______________________________________________
1.4 Idade
20 a 30 anos
31 a 40 anos
41 a 50 anos
mais de 50 anos
1.5 Tempo de magistério:
Menos de 1 ano
1 a 5 anos
6 a 10 anos
11 a 20 anos
21 a 30 anos
Mais de 30 anos
2 Que tipo de trabalho a escola desenvolve, com base no Programa Educativo
JC Na Escola?
119
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
3 acompanhamento pedagógico? Se sim, como é realizado? Se não, quais
os motivos?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
4 O Programa que o jornal mantém:
Está implantado. Está em fase de implantação.
5 Num ou noutro caso, marque o objetivo que mais se aproxima daquele que
caracteriza o Programa que foi (ou está sendo) implantado:
Investir na formação de novos leitores de jornal.
Melhorar a imagem da empresa jornalística perante os leitores.
Melhorar a imagem do jornal perante os anunciantes.
Dar início a uma ação que expresse a responsabilidade social da empresa.
Contribuir com as escolas da região.
Favorecer o exercício da cidadania por parte dos jovens leitores.
Nenhum dos objetivos acima.
5.1 No último caso, com qual objetivo, então, foi pensado o Programa?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
120
6 Qual a data da implantação do Programa?
_______________________________________________________________
7 Quem é responsável pelo Programa na escola?
Um(a) funcionário(a) do jornal.
Uma equipe de funcionários do jornal.
Uma equipe de professores.
Uma equipe mista (funcionários e empresa terceirizada).
8 Qual a área abrangida pelo Programa?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
9 Há quanto tempo a escola participa do programa?
Menos de 1 ano de 1 a 4 anos
Outro período. Nesse caso, especifique: ____________________
10 Quais os segmentos são atendidos pelo Programa:
Educação Infantil.
Ensino Fundamental.
Ensino Médio.
Educação de Jovens e Adultos.
Algum público específico.
Nesse caso, especifique:
____________________________________________________
11 O Programa possui algum tipo de publicação básica de orientação
pedagógica destinada aos educadores?
121
Sim. Não.
11.1 E outros materiais informativos?
Sim. Não.
11.2 Em caso positivo, a quem se destina?
Pais. Alunos. Outro tipo de público. Qual? _______________
_______________________________________________________________
11.3 algum outro tipo de material informativo (boletim ou similar) para troca
destinado aos educadores?
Sim. Não.
11.4 Em caso positivo, qual a periodicidade dele?
Mensal. Bimestral. Trimestral. Semestral Anual.
Outra periodicidade. Nesse caso, qual?
12 O Programa oferece orientação pedagógica sistemática aos professores?
Sim. Não.
12.1 Em caso positivo, essa orientação se dá por meio de:
Reuniões. Visita às escolas. Mensagens eletrônicas.
Oficinas. Cursos. Site.
Outro. Qual? ___________________________________________
13 Dentre os objetivos a seguir, em que medida julga que eles podem estar
sendo alcançados com a ajuda do Programa?
Objetivo
Bastante
atingido
Atingido
de forma
satisfatória
Pouco
atingido
Não tenho
opinião
formada a
122
respeito
Incentivar a leitura de jornais
Incentivar outras leituras
Ensinar o aluno como é o jornal
Promover o debate sobre o
papel da imprensa
Capacitar o aluno a ler
criticamente o jornal
Promover o respeito à opinião
divergente
Aproximar a escola das
questões do cotidiano
Facilitar uma aproximação entre
os professores
Tornar o currículo mais dinâmico
Ajudar o aluno a se expressar
melhor e com maior confiança
Contribuir para que o aluno
escreva melhor
Contribuir para a formação de
cidadãos mais conscientes
Contribuir para o aprendizado
informal da língua
Contribuir para que o aluno
conheça melhor o mundo em
que vive
Contribuir para o exercício da
cidadania
Colaborar para a construção de
123
um conhecimento mais amplo e
multidisciplinar pelo aluno
14 Na sua opinião, de modo geral, até que ponto o JC na Escola e o jornal
impresso podem ser considerados recurso pedagógico?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
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_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
15 Escreva outros comentários e/ou informações que julgue importante.
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
124
APÊNDICE 3 – Roteiros para entrevistas
1- Percebe-se que a preocupação com a educação é uma crescente entre os jornais.
Basta observar que a maioria dos jornais afiliados à ANJ tem ou está implantando
programas de jornais nas escolas. Na sua avaliação, o que tem sido levado em
consideração pelas empresas no momento de aderir ao programa? A perda contínua de
leitores tem influenciado nas decisões?
2- O programa Jornal na Educação é um meio efetivo de formar os leitores do futuro?
Nesse aspecto, até onde vai a preocupação do jornal como mídia na sociedade
contemporânea?
3 - Atualmente, os programas Jornal na Educação brasileiros são extremamente variados
e o relatório de pesquisa realizada entre os jornais sugere a criação, pela ANJ, por meio
de seu Programa Jornal na Educação, uma "concepção básica" de Programa Jornal na
Educação. Essa concepção básica foi criada? Se sim, como funciona? Se não,
discussões em andamento? Quais seriam os objetivos?
4 - Muitas vezes, jornalistas e coordenadores dos programas Jornal na Escola travam
verdadeiras batalhas. De um lado, um reclama que o projeto não é interessante; de
outro, que a redação não dá a devida atenção ao projeto. Como a senhora avalia?
5 - O próprio relatório da ANJ diz "que o desenvolvimento de programas Jornal na
Educação pelas empresas não deve desviar suas respectivas redações da sua
independência e do seu caráter noticioso e a administração dos Programas, portanto, não
deve interferir na natureza do jornal, em sua estrutura e funcionamento, mas contribuir
para qualificá-la." Não há uma fórmula fechada, mas como equilibrar a situação?
6 - Que objetivos devem buscar os jornais que implantam programas de jornal na
educação?
7 - Os Programas Jornal na Educação cumprem o papel que deles é esperado?
8 - O que precisa ser aprimorado?
Roteiro 1
Perguntas para Carmen Lozza
125
1- Percebe-se que a preocupação com a educação é uma crescente entre os jornais.
Basta observar que a maioria dos jornais afiliados à ANJ tem ou está implantando
programas de jornais nas escolas. Na sua avaliação, o que tem sido levado em
consideração pelas empresas no momento de aderir ao programa?
2 - A perda contínua de leitores tem influenciado nas decisões?
3 - O programa Jornal na Educação é um meio efetivo de formar os leitores do futuro?
Nesse aspecto, até onde vai a preocupação do jornal como mídia na sociedade
contemporânea?
4 - O aspecto financeiro é quase 1/3 das justificativas para a interrupção dos programas,
segundo pesquisa da ANJ realiza em jornais do País. Apesar disso, esses jornais
continuam contribuindo de alguma maneira. Enviando exemplares de jornais para as
escolas, por exemplo. Apenas o envio do jornal, sem qualquer acompanhamento do que
vem sendo feito, cumpre a função do programa Jornal na Educação?
5 - Atualmente, os Programas Jornal na Educação brasileiros são extremamente
variados e o relatório sugere a criação, pela ANJ, por meio de seu Programa Jornal na
Educação, uma "concepção básica" de Programa Jornal na Educação. Essa concepção
básica foi criada? Se sim, como funciona? Se não, discussões em andamento? Quais
seriam os objetivos?
6 - Muitas vezes, jornalistas e coordenadores dos programas Jornal na Escola travam
verdadeiras batalhas. De um lado, um reclama que o projeto não é interessante; de
outro, que a redação não dá a devida atenção ao projeto. Como a senhora avalia?
7 - O próprio relatório da ANJ diz "que o desenvolvimento de Programas Jornal na
Educação pelas empresas não deve desviar suas respectivas redações da sua
independência e do seu caráter noticioso e a administração dos programas, portanto, não
deve interferir na natureza do jornal, em sua estrutura e funcionamento, mas contribuir
para qualificá-la." Não há uma fórmula fechada, mas como equilibrar a situação?
8 - Que objetivos devem buscar os jornais que implantam programas de jornal na
educação?
9 - Os Programas Jornal na Educação cumprem o papel que deles é esperado?
10 - O que precisa ser aprimorado?
Roteiro 2
Perguntas para Clarice Alda
126
1 - Como o senhor avalia o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Programa
Educativo JC na Escola?
2 - É facilmente perceptível que o senhor trava uma luta quase hercúlea para ver os
projetos desenvolvidos divulgados. Como o senhor avalia essa resistência por parte dos
jornalistas?
3 - O programa possui um canal efetivo de divulgação dentro do Jornal da Cidade de
Bauru?
4 - Qual o principal benefício que o Programa Educativo JC na Escola proporcionou
para as escolas, alunos e professores?
5 - Os Programas Jornal na Educação cumprem o papel que deles é esperado?
6 - O que precisa ser aprimorado?
1 - Como a senhora avalia o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Programa
Educativo JC na Escola?
2 - É facilmente perceptível que os jornalistas hesitam quando têm de cobrir alguma
atividade do Programa Educativo JC na Escola. Qual sua avaliação sobre esse conflito?
3 - Qual o principal benefício que o Programa Educativo JC na Escola proporcionou
para as escolas, alunos e professores, na sua avaliação?
5 - O Programa Educativo JC na Escola cumpre o papel dele esperado?
6 - O que precisa ser aprimorado?
Roteiro 3
Perguntas para Sérgio Purini
Roteiro 4
Perguntas para Ieda Rodrigues
127
ANEXOS
Anexo 1
Em novembro de 2002, um suplemento com um balanço do que foi
desenvolvido pelo Programa Educativo JC na Escola circulou junto à edição diária do
Jornal da Cidade.
128
129
130
131
132
133
134
135
136
137
138
139
140
141
142
143
Anexo 2
Em setembro de 2007, suplemento com um balanço do que foi desenvolvido por
escolas participantes do Programa Educativo JC na Escola circulou junto à edição diária
do Jornal da Cidade.
144
145
146
147
148
149
150
151
152
153
154
155
156
157
158
159
160
161
162
163
Anexo 3 – Imagens
Fotos reproduzidas do Jornal da Cidade mostram fases de implantação do
Programa Educativo JC na Escola.
Reunião
realizada no
Jornal da
Cidade em
agosto de
2003
formalizou
parcerias com
empresas para
ampliação do
número de
escolas
atendidas pelo
JC na Escola
Com novas
parcerias,
Praças de
Leitura são
distribuídas
pelas escolas
participantes do
projeto. A
Praça foi
considerada o
maior destaque
do Encontro
Nacional da
Educação, em
abril de 2005,
em Mogi das Cruzes. Foi a experiência mais votada entre 50 jornais de todo o Brasil
164
Programa JC
na Escola é
reconhecido
pela Unesco
durante 15.º
Encontro
Nacional de
Programa
Jornal e
Educação, em
Curitiba (PR),
do qual Sérgio
Purini (canto
direito)
participou
Professores
reúnem-se
com Sérgio
Purini,
coordenador
do Programa,
para discutir
nova fase do
projeto, com a
inclusão de
novas escolas,
em 2006
165
Professores que
integram JC na
Escola visitam
Jornal da Cidade
para conhecer
processo de
produção e
impressão de
jornal
Alunos
utilizam
exemplar do
Jornal da
Cidade durante
atividade em
sala de aula
166
Sérgio
Purini,
coorde
nador
do JC
na
Escola,
leva
alunos
para
conhec
er a
rádio
96FM
Trabalhos
produzidos por
alunos
integrantes do
Programa
Educativo
JC na Escola
em exposição
167
Anexo 4
Questionário sobre Programas Jornal na Educação
Primeira Parte
(para todos, que mantenham ou não Programas Jornal na Educação)
1. Nome do jornal:
___________________________________________________________
2. Município: ___________________________ Estado: ___________________
3. População: ___________________________hab. ______________________
(Município) (Estado)
4. Circulação média
________________________ ____________________________
(Domingo) (Dias úteis)
5. O jornal possui algum Programa de incentivo à leitura de jornal na escola?
Sim. Não.
6. Em caso negativo, gostaria de conhecer os Programas Jornal na Educação que
estão sendo desenvolvidos no Brasil?
Sim. Não.
7. Caso a empresa não tenha nenhum programa de Jornal na Educação, qual(ais)
o(s) principal(ais) motivo(s) para não haver um programa deste tipo no jornal?
Administrativo. Financeiro. Discordância. Outro.
No último caso, especifique:
________________________________________________________________
8. Se a resposta à pergunta 6 foi negativa: gostaria de conhecer os passos básicos
para a implantação de um Programa Jornal na Educação?
Sim. Não.
9. O Subcomitê Jornal Educação, da ANJ, promove reuniões anuais para favorecer
a troca de experiências entre seus associados sobre os programas já existentes.
Essa empresa jornalística gostaria de ser convidada para as próximas reuniões?
Sim. Não.
Espaço para comentário livre:
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
168
_______________________________________________________________
Segunda Parte
(Apenas para quem respondeu afirmativamente à questão número 5.)
10. O Programa que o jornal mantém:
Está implantado. Está em fase de implantação.
11. Num ou noutro caso, marque o objetivo que mais se aproxima daquele que
caracteriza o Programa que foi (ou está sendo) implantado:
Investir na formação de novos leitores de jornal.
Melhorar a imagem da empresa jornalística perante os leitores.
Melhorar a imagem do jornal perante os anunciantes.
Dar início a uma ação que expresse a responsabilidade social da empresa.
Contribuir com as escolas da região.
Favorecer o exercício da cidadania por parte dos jovens leitores.
Nenhum dos objetivos acima.
No último caso, com qual objetivo, então, foi pensado o Programa?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
12. Se o Programa está em fase de implantação, caso estejam tomadas as
principais decisões a respeito do seu formato e metodologia, existe algum texto
escrito que resuma tais definições?
Sim. Não.
13. Em caso positivo, é possível enviar uma cópia à ANJ?
Sim. Não.
14. Nesse processo de implantação em curso, interesse, por parte da empresa, em
contar com algum tipo de colaboração da ANJ?
Sim. Não.
15. Em caso positivo, de que tipo?
__________________________________________________________
Terceira Parte
(Apenas para quem já tem programa implantado.)
169
16. Qual o nome do Programa que o jornal desenvolve?
________________________________________________________________
_______________________________________________________________
17. Qual a data da implantação do Programa?
________________________________________________________________
_______________________________________________________________
18. A qual setor do jornal o Programa está subordinado?
Marketing. Diretoria. Circulação. Outro. Qual?
19. Quem é responsável pelo Programa?
Um(a) funcionário(a) do jornal.
Uma equipe de funcionários do jornal.
Uma empresa terceirizada.
Uma equipe mista (funcionários e empresa terceirizada).
20. Qual a função e formação do(s) responsável(eis) pelo Programa?
Função no Programa Formação
21. Qual a área abrangida pelo Programa?
Cidade sede da empresa jornalística. Estado.
Região da cidade sede do jornal. Estados vizinhos.
22. Preencha, por favor, o quadro abaixo, informando o quantitativo dos envolvidos
no Programa.
Número de escolas da rede particular atendidas até
2004
Número de escolas da rede pública atendidas até 2004
Número de alunos da rede particular atendidos até 2004
Número de alunos da rede pública atendidos até 2004
Número de professores da rede particular atendidos a
2004
Número de professores da rede pública atendidos até
2004
23. Durante quanto tempo cada escola permanece no Programa?
170
Menos de 1 ano. 1 ano. de 1 a 3 anos.
Mais de 3 anos. Enquanto durar o seu interesse.
Outro período. Nesse caso, especifique: ____________________
24. Quando da inscrição da escola, quem toma a iniciativa de ingressar no
Programa?
A própria instituição. indicação por parte do órgão municipal de
Educação.
A equipe do Programa convida. Outra forma de adesão.
Nesse caso, especifique:
____________________________________________________
25. Quais os segmentos são atendidos pelo Programa:
Educação Infantil. Primeiro segmento do Ensino Fundamental.
Segundo segmento do Ensino Fundamental. Ensino Médio.
Ensino Superior. Educação de Jovens e Adultos.
Algum público específico.
Nesse caso, especifique:
____________________________________________________
26. Além de escolas, há outros tipos de instituição atendidas?
Sim. Não.
27. Em caso positivo, de que tipo?
Bibliotecas públicas. Museus.
Bibliotecas particulares. Centros Culturais.
Outro. Nesse caso, especifique: ______________________________
28. O Programa possui algum tipo de publicação básica de orientação pedagógica
destinada aos educadores?
Sim. Não.
29. E outros materiais informativos?
Sim. Não.
30. Em caso positivo, a quem se destina?
Pais. Alunos. Outro tipo de público. Qual?
31. algum outro tipo de material informativo (boletim ou similar) para troca
destinado aos educadores?
Sim. Não.
32. Em caso positivo, qual a periodicidade dele?
Mensal. Bimestral. Trimestral. Semestral Anual.
171
Outra periodicidade. Nesse caso, qual?
33. O Programa oferece orientação pedagógica sistemática aos professores?
Sim. Não.
34. Em caso positivo, essa orientação se dá por meio de:
Reuniões. Visita às escolas. Mensagens eletrônicas.
Oficinas. Cursos. Site.
Outro. Qual?
35. São fornecidos exemplares do jornal às escolas?
Sim. Não.
36. Em caso positivo, os exemplares fornecidos às escolas são de:
Assinaturas. Encalhe.
37. Qual o tempo de distribuição de assinaturas às instituições participantes, a cada
ano?
Um mês. Um bimestre. Um trimestre.
Um semestre. Um ano letivo.
Outro período. Qual?
38. Dentre os objetivos a seguir, em que medida julga que eles podem estar sendo
alcançados com a ajuda do Programa?
Objetivo
Bastante
atingido
Atingido de
forma
satisfatória
Pouco
atingido
Não tenho
opinião
formada a
respeito
Incentivar a leitura de jornais
Incentivar outras leituras
Ensinar o aluno como é o jornal
Promover o debate sobre o papel da
imprensa
Capacitar o aluno a ler criticamente
o jornal
Promover o respeito à opinião
divergente
Aproximar a escola das questões do
cotidiano
Facilitar uma aproximação entre os
172
professores
Tornar o currículo mais dinâmico
Ajudar o aluno a se expressar
melhor e com maior confiança em si
Contribuir para que o aluno escreva
melhor
Facilitar a criação do jornal escolar
Contribuir para o aprendizado
informal da língua
Contribuir para que o aluno conheça
melhor o mundo em que vive
Contribuir para o exercício da
cidadania
Colaborar para a construção de um
conhecimento mais amplo e
multidisciplinar pelo aluno
39. Este espaço destina-se a outros comentários e/ou informações que julgue
importante.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Este questionário foi preenchido por
____________________________________________________________
Telefone: _______________________ Fax: _________________________________
E-mail: _______________________________________
Endereço completo (inclusive CEP):
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Fonte: http://www.anj.org.br
GISELLE CASTILHO HILÁRIO BONOMO
A FUNÇÃO SOCIAL DO JORNAL IMPRESSO NA ESCOLA COMO
RECURSO PEDAGÓGICO DE APOIO AO EXERCÍCIO DA CIDADANIA
Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Comunicação, da área de Concentração em
Comunicação Midiática, da Faculdade de Arquitetura, Artes e
Comunicação da Unesp/câmpus de Bauru, como requisito à
obtenção do título de Mestre em Comunicação, sob a orientação
da Professora-Doutora Regina Célia Baptista Belluzzo.
Bauru
2007
DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO
UNESP – BAURU
Bonomo, Giselle Castilho Hilário.
A função social do jornal impresso na escola
como recurso pedagógico de apoio ao exercício da
cidadania / Giselle Castilho Hilário Bonomo,
2007.
172 f. il.
Orientador : Regina Célia Baptista
Belluzzo .
Dissertação (Mestrado) – Universidade
Estadual Paulista. Faculdade de
Arquitetura, Artes e Comunicação, Bauru,
2007.
1. Jornalismo impresso. 2.
Comunicação. 3. Cidadania. 4. Educação.
Ficha catalográfica elaborada por Maricy Fávaro Braga – CRB-8 1.622
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO (FAAC)
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO MIDIÁTICA
A FUNÇÃO SOCIAL DO JORNAL IMPRESSO NA ESCOLA COMO
RECURSO PEDAGÓGICO DE APOIO AO EXERCÍCIO DA CIDADANIA
Este trabalho, elaborado por Giselle Castilho Hilário Bonomo, é estruturado em quatro
partes: Introdução mais três capítulos. Justifica-se pela necessidade de submissão à
Banca Examinadora como exigência para Defesa de Dissertação de Mestrado e
obtenção de título de Mestre, na linha de Gestão da Comunicação e da Informação,
junto do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Midiática da Faculdade de
Arquitetura, Artes e Comunicação (Faac) da Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho”, câmpus de Bauru (SP).
Bauru, setembro de 2007
Membro da Banca Examinadora
Membro da Banca Examinadora
Professora-doutora Regina Célia Baptista Belluzzo
Orientadora e presidente da banca examinadora
AGRADECIMENTOS
A Deus, luz que ilumina o meu caminho. Meu conforto, meu porto seguro.
Ao meu marido Elço Bonomo, pelo ombro amigo e companheiro, pelo apoio
incondicional e força nos momentos em que pensei em desistir.
À minha filha Jéssica Hilário Bonomo, pelas noites em que teve de dormir com
iluminação extra do monitor no quarto e ao som do teclado.
Ao meu filho Rafael Hilário Bonomo, pelas vezes em que o abandonei com a
tarefa escolar.
Aos meus pais Simphoroso Hilário Sanches e Encarnação Castilho Hilário, que
lutaram muito para que eu chegasse até aqui.
A Renato Zaiden, diretor do Jornal da Cidade, que me apoiou na escolha do
tema e vibrou comigo a cada nova fase conquistada.
A Sérgio Purini, coordenador do Programa JC na Escola, que nunca disse não
quando precisei de sua preciosa ajuda.
À Márcia Duran, pelas trocas de plantões, por ter segurado as pontas na redação
do JC nos momentos em que mais precisei.
À minha orientadora Regina Célia Baptista Belluzzo, que acreditou em mim e
foi fundamental nos dias de incertezas, que não se furtou a dar sua valiosa ajuda nos
momentos mais difíceis, que me “obrigou” a seguir em frente.
Aos funcionários do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Faac,
Hélder Gelonezi e Sílvio Carlos Decimone, que sempre foram prestativos nos
momentos cruciais.
Jamais admita a idéia de que ter informação em si é
suficiente, porque a informação sozinha não produz
consciência crítica.
(MÁRIO SÉRGIO CORTELLA)
BONOMO, Giselle Castilho Hilário. A função social do jornal impresso na escola
como recurso pedagógico de apoio ao exercício da cidadania. 2007. 172 f.
Dissertação de Mestrado Faculdade de Arquitetura Artes e Comunicação.
Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2007.
Resumo:
Apresentação de estudo e pesquisa acerca de como o jornal impresso na escola pode ser
utilizado como recurso pedagógico de apoio ao exercício da cidadania na sociedade
contemporânea, considerando-se que apesar da crescente utilização do jornal em sala de
aula, através de programas de jornal na educação espalhados por todo canto do País, são
escassos os dados que possam demonstrar se, de fato, eles podem ser um recurso
pedagógico na formação de cidadãos. Assim, mediante o desenvolvimento de um estudo
de caso junto de uma realidade - Programa Educativo JC na Escola de
responsabilidade do Jornal da Cidade de Bauru (SP), foram realizadas entrevistas com
personalidades nacionais e regionais envolvidas com programas de utilização do Jornal
na Educação e também com a aplicação de questionários em uma população de
professores que atuam com o "JC na Escola" em escolas da rede pública de Bauru (SP).
Para isso, inicialmente, fez-se um recorte da questão para a mídia impressa, numa visão
sistêmica acerca do campo de abrangência do jornal impresso e, em especial, sua função
social como recurso pedagógico de apoio ao exercício da cidadania, que culminou na
construção de referencial teórico de apoio à pesquisa de campo (entrevistas e
questionário), sendo que os resultados da coleta de dados indicaram, em linhas gerais,
que foi possível identificar e inferir algumas características que permitiram a
consecução da hipótese central da pesquisa-estudo, em especial acerca da necessidade
de mudanças nas formas de gestão dos processos envolvendo coordenação, jornalistas e
professores. Ao final, apresenta-se a oferta de parâmetros norteadores àqueles
interessados no estudo e aplicabilidade de ações envolvendo o jornal como recurso
pedagógico de apoio à cidadania, esperando que este trabalho possa contribuir para uma
melhor compreensão da aplicabilidade dos meios de comunicação de massa na
sociedade contemporânea, em especial do jornal impresso, tendo como missão principal
a garantia de amplo acesso e uso da informação de forma inteligente e da construção do
conhecimento para o efetivo exercício da cidadania.
Palavras-chave: Jornal impresso. Comunicação. Cidadania. Educação. Sociedade.
BONOMO, Giselle Castilho Hilário. A função social do jornal impresso na escola
como recurso pedagógico de apoio ao exercício da cidadania. 2007. 172 f.
Dissertação de Mestrado Faculdade de Arquitetura Artes e Comunicação.
Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2007.
ABSTRACT:
Presentation of study and research about how the newspaper in school can be used as a
pedagogic resource to support the practice of citizenship in the contemporary society,
considering that in despite of the growing use of newspaper in classrooms, through
programs of newspaper on the education spread all over the country, it is scarce the
information that could demonstrate if, in fact, it can be a pedagogic resource on citizens’
formation. Therefore, by the development of a case study next to a reality – the
"Educative Program JC in the School" responsibility of Jornal da Cidade of Bauru
(SP), interviews were done with national and regional personalities involved in
programs about the use of newspaper in Education and also with the application of
questionnaires on a population of teachers who work with the "JC in the School" on
public schools in Bauru (SP). Initially, the focus of the question was led to the printed
media, in a systemic vision on the range of printed newspaper and, specially, it’s social
role as pedagogic resource to support the practice of citizenship that culminates on the
construction of theoretic referential system as a support to the field work (interviews
and questionnaire), considering the results the data investigation indicated, on general
basis, that it was possible to identify and to infer some characteristics which allowed the
attainment of the central hypothesis of the inquiry, specially about the need of change
on the forms of management of the processes involving coordination, journalists and
teachers. At the end, it is presented the offer of guiding parameters to those interested
on the study and applicability of actions about the newspaper as a pedagogic resource to
citizenship support, hoping that this work contributes to a better understanding of the
applicability of mass media in the contemporary society, specially printed newspaper,
having as the main mission the guarantee of wide access and use of information wisely
and the construction of knowledge as an effective practice of citizenship.
key words: Printed newspaper. Communication. Citizenship. Education. Society.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 8
2 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO, COMUNICAÇÃO E CIDADANIA 17
2.1 Sociedade da informação: um cenário 17
2.2 Comunicação: das origens à função social 25
2.3 Cidadania: conceituação e exercício 40
3 A MÍDIA E SUA FUNÇÃO SOCIAL 47
3.1 Meios de comunicação social: aspectos históricos e conceituais 47
3.1.1 De Gutenberg aos nossos dias 49
3.2 Jornal como mídia na sociedade contemporânea 60
3.2.1 Jornal na educação 66
4 JC NA ESCOLA E CIDADANIA: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO 76
4.1 Procedimentos metodológicos 76
4.1.1 Etapa 1: Pesquisa/revisão bibliográfica 76
4.1.2 Etapa 2: Estudo de caso 77
4.1.2.1 Caracterização do universo 77
4.1.2.2 Pesquisa de campo 80
4.1.2.2.1 Entrevistas 80
4.1.2.2.2 Questionários 92
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 98
REFERÊNCIAS 102
APÊNDICES 107
ANEXOS 127
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