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LUCIANA LOUREIRO PENHA
A fosfoglucomutase de Trypanosoma cruzi: estudos
moleculares e localização subcelular
Tese submetida ao Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da Universidade Federal do
Rio de Janeiro, visando à obtenção do grau de Doutor em Ciências Biológicas (Biofísica)
2008
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
INSTITUTO DE BIOFÍSICA CARLOS CHAGAS
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ii
Penha, Luciana Loureiro
A fosfoglucomutase de Trypanosoma cruzi: Estudos moleculares e
localização subcelular. / Luciana Loureiro, Penha.
--Rio de Janeiro: UFRJ / IBCCF, 2008.
xii, 139 f.: il.; 31 cm.
Orientadores: Lúcia Mendonça Previato e Ana Paula Cabral de Araújo Lima
Tese (Doutorado) – UFRJ, IBCCF, Pós-graduação em Ciências Biológicas
(Biofísica), 2008.
Referências bibliográficas: f.
1. Trypanosoma cruzi 2. Fosfoglucomutase. 3.Localização. 4.Glicossomos. 5.
Parasitologia-Tese.
I. Mendonça-Previato, L.; Lima, A.P.C.A.
II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Biofísica
Carlos Chagas Filho.
III. Título.
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iii
O presente trabalho foi realizado nos Laboratórios de Glicobiologia e Bioquímica e
Biologia Molecular de Proteases sob a orientação das Profs. Lucia Mendonça Previato e Ana
Paula Cabral de Araújo Lima, com o apoio das seguintes entidades:
- Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
- Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de
Janeiro (FAPERJ)
- Fundação Universitária José Bonifácio (FUJB / UFRJ).
- Programa Núcleos de Excelência (PRONEX /MCT).
iv
Dedico essa Tese de Doutorado à minha
família, principalmente, à minha filha Bruna, amor da
minha vida. A minha querida mãe, que sem o apoio
dela não teria conseguido realizar essa tese. A meu
pai, pelo grande incentivo para que eu realizasse o
Doutorado. Aos meus irmãos Carla e Leonardo, pelo
carinho e amizade. E as minhas queridas
orientadoras, pois o que sou hoje profissionalmente e
tudo que eu fiz só foram possíveis por ter o apoio
delas. Muito obrigado, sempre, por vocês existirem
na minha vida!
Luciana Loureiro Penha Agradecimentos
v
Gostaria de agradecer às minhas orientadoras Prof. Lucia Mendonça Previato e Prof.
Ana Paula Cabral de Araújo Lima, pessoas tão especiais e importantes na minha vida. A
única coisa que posso dizer é que se eu pedisse a Deus que me desse a melhor pessoa para me
orientar, para me ensinar a ciência, a ser pesquisadora, a ser profissional, a ter amor à
carreira, a ser dedicada ao trabalho... Ele me daria vocês duas! Mais uma vez, meus sinceros
agradecimentos!
Ao Prof. José Osvaldo Previato, pelo carinho, atenção, por todos os ensinamentos
fundamentais para meu aprendizado, e pelo início do projeto, há seis anos quando tudo
começou!
Ao Prof. Norton Heise e Prof. Adriane Regina Todeschini, pessoas tão queridas e
especiais para mim! Obrigado pelos ensinamentos e por estarem sempre dispostos a me
ajudar.
Às colegas do Laboratório de Bioquímica e Biologia Molecular de Proteases, por
não serem somente companheiras de trabalho, mas por terem se tornado verdadeiras amigas:
Flavinha, Giancarla, Mayra, Marília, Tati, Camilinha, Tati2, Angelita, Edna, e Iracema.
Obrigado pelo apoio e amizade sempre, por todos os momentos de diversão, que graças a
Deus, foi assim a cada dia durante esses últimos quatro anos. Jamais vou esquecer nenhuma
de vocês!
Aos colegas do Labotatório de Glicobiologia: Juju, Victor, Leo, Orlando, Fred,
Lectícia, Sebastião, Ana Acácia, Carol, Romero, Suelen, Daniel, Daniel Gibalde, Gilberto
(meu querido estagiário) e Lana; pelo companheirismo, carinho e amizade sempre. Obrigado
por serem sempre tão prestativos e estarem serem prontos para me fazer sorrir! Vocês são
especiais!
Prof. Narcisa Cunha-e-Silva, do Laboratório de Ultraestrutura Celular Hertha
Meyer, pela colaboração que foi fundamental para o desenvolvimento de minha tese. A suas
alunas, sempre tão prestativas, Daniela, Mirian e Sarah. Muito obrigado!
Luciana Loureiro Penha Agradecimentos
vi
Em particular, ao meu amigo Celso Sant´anna, do Laboratório de Ultraestrutura
Celular Hertha Meyer, por toda a paciência e ensinamentos de microscopia que me ajudaram
em cada etapa da realização dessa tese. Por ser sempre tão educado e prestativo, me
acalmando e ajudando nas horas mais difíceis.
Ao Prof. Julio Scharfstein e às companheiras do Laboratóro de Imunologia
Molecular, Vê (querida amiga), Alê, Dani, Ana Carolina, Leila, Daniela, Ilka, Juliana, que
sempre me recebem com muito carinho e sempre dispostos a me ajudar.
Ao Prof. Amílcar do laboratório de Virologia Molecular e seus alunos, em especial,
a Celina, Mônica e Flávia. Obrigado por serem sempre tão atenciosas comigo.
À minha querida amiga Mariane. Obrigada por estar sempre pronta a me ajudar,
mesmo à distância, com tanto carinho e dedicação.
À minha querida família e amigas (Rê e minha afilhadinha Luiza, ainda na barriga,
Rezinha, Leila, Patrícia e Kelly) por estarem sempre ao meu lado, apoiando-me e
incentivando-me em todas as etapas da minha vida. E em especial, a minha querida filha
Bruna, a razão de tudo isso aqui, que mais tarde vai entender o porquê da ausência da mamãe
em alguns momentos. Dedico esta tese a todos vocês!
Luciana Loureiro Penha Índice
vii
Resumo ________________________________________________________ x
Abstract ________________________________________________________ xi
Lista de Abreviaturas ____________________________________________ xii
Introdução _____________________________________________________ 1
1- O Trypanosoma cruzi ________________________________________ 1
2- O ciclo de vida do Trypanosoma cruzi ___________________________ 2
3- A doença de Chagas _________________________________________ 5
4- Cepas do T. cruzi ___________________________________________ 10
5- Glicoconjugados da superfície do T. cruzi ______________________ 12
6- Importância dos glicoconjugados para o parasito ________________ 15
7- A enzima fosfoglucomutase (PGM) ____________________________ 18
7.1- PGM em bactérias _________________________________________ 22
7.2- PGM em leveduras ________________________________________ 23
7.3- PGM em humanos _________________________________________ 26
7.4- PGM em T. cruzi _________________________________________ 28
8- Peroxissomos ______________________________________________ 30
9- Endereçamento de proteínas para peroxissomos ________________ 32
10- Glicossomos _____________________________________________ 35
11- Endereçamento de proteínas para glicossomos
40
Objetivos ______________________________________________________ 44
Metodologia ___________________________________________________ 45
1-Cultivo dos parasitos ________________________________________ 45
2-Extração de DNA genômico de epimastigotas ___________________ 45
3-Reação de Polimerase em Cadeia (PCR) ________________________ 46
4-Eletroforese em gel de agarose ________________________________ 47
Luciana Loureiro Penha Índice
viii
5-Seqüenciamento e análise de seqüências nucleotídicas ____________ 47
6- Clonagem ________________________________________________ 48
7- Indução de competência de bactérias __________________________ 48
8-Transformação de E.coli _____________________________________ 49
9-Clonagem em vetores de expressão ____________________________ 49
10-Eletroforese em gel de poliacrilamida _________________________ 51
11- Expressão e purificação da PGM recombinante ________________ 52
12- Produção de anticorpos policlonais __________________________ 53
13- Purificação dos soros contendo anticorpos anti-PGM ___________ 54
14- Análise por Western Blot __________________________________ 55
15- Reutilização de membranas de nitrocelulose em Western Blot ____ 56
16- Fracionamento sub-celular dos epimastigotas _________________ 56
17- Separação de fase com Triton X-114 _________________________ 57
18- Transfecção em epimastigota de T. cruzi ______________________ 58
19- Imunofluorescência ______________ ________________________ __ 58
20- Microscopia eletrônica de transmissão _______________________ 59
21- Crio-ultramicrotomia _____________________________________ 60
Resultados _______________________________________ ______________ 61
1- Gene pgm nas diferentes cepas de T. cruzi
______________________ 61
2- Múltiplo-alinhamento da seqüência de aminoácidos predita ______ 62
3- Expressão da PGM recombinante em bactéria BL21(λD3). ________ 64
4- Purificação da PGM recombinante e produção de anticorpo ______ 65
5- Expressão da PGM nas diferentes cepas do T. cruzi _____________ 67
6- Expressão da PGM nas diferentes formas do T. cruzi ____________ 68
7- Localização sub-celular da Tc-PGM __________________________ 70
8- Expressão e localização da PGM em promastigota de L. major _____ 78
Luciana Loureiro Penha Índice
ix
9- Endereçamento da PGM para o glicossomo em T. cruzi __________ 79
Discussão _____________________________________________________ 93
Conclusões ___________________________________________________ 105
Anexo I ______________________________________________________ 106
Anexo II _____________________________________________________ 108
Anexo III ____________________________________________________ 110
Anexo IV _____________________________________________________ 112
Referências Bibliográficas _______________________________________ 114
Luciana Loureiro Penha Resumo
x
A superfície do Trypanosoma cruzi é coberta por sialoglicoproteínas (Tc-mucinas)
altamente O-glicosiladas que parecem ter um papel importante na adesão e na invasão de
células do hospedeiro mamífero por tripomastigotas. Há evidências de que a diminuição da
sialilação da superfície do parasito e, conseqüentemente, a exposição de unidades de
galactose nas cadeias O-glicanas das Tc-mucinas seja crítica para a virulência do parasito.
Como a fosfoglucomutase (PGM) é uma enzima essencial para a obtenção de glucose-1-
fosfato, monossacarídeo fosforilado necessário para a formação de UDP-galactopiranose,
substrato doador de galactose e, sendo o T. cruzi incapaz de metabolizar a galactose pela via
de Leloir, a PGM deste parasito é indispensável para a formação de UDP-galactose. Em
estudos prévios, clonamos o gene que codifica a PGM do T. cruzi e demonstramos que este
codifica uma enzima funcional através de ensaios de complementação de mutantes de
Saccharomyces cerevisiase deficientes em pgm1 e pgm2. Nessa tese, demonstramos que a
TcPGM se encontra no interior de organelas especializadas denominadas glicossomos em
todos os estágios de desenvolvimento do parasito. Estes resultados sugerem que em T. cruzi,
o metabolismo de glucose-6-P e glucose-1-P difere de outros eucariotos cuja PGM está
localizada no citoplasma. Enzimas glicossomais são sintetizadas no citoplasma e transferidas
para o interior da organela, provavelmente, por mecanismos semelhantes aos descritos para o
encaminhamento de proteínas aos peroxissomos em outros eucariotos. Enzimas glicossomais
geralmente ligam-se a proteínas transportadoras denominadas peroxinas (PEX) através de
dois motivos clássicos de endereçamento, denominados PTS-1 e PTS-2, ou mais raramente
ao motivo I-PTS. Apesar da TcPGM estar localizada em glicossomos em T. cruzi, esta
proteína não apresenta motivos PTS1 ou PT2, sugerindo que domínios alternativos possam
mediar o transporte da TcPGM para glicossomas. Produzimos linhagens de T. cruzi
geneticamente modificadas que expressam diferentes domínios da TcPGM fusionados à
proteína fluorescente verde (GFP). A análise da localização sub-celular da proteína de fusão
dos epimastigotas transfectados por microscopia de fluorescência permitiu o mapeamento de
uma região da TcPGM capaz de encaminhar a GFP para glicossomas. Propomos que a região
localizada entre os resíduos de aminoácidos 260-380 da TcPGM seja responsável pelo
endereçamento da TcPGM aos glicossomos, sugerindo que esse domínio contém um provável
I-PTS .
Luciana Loureiro Penha Abstract
xi
The surface of Trypanosoma cruzi is covered with a large number of highly O-
glycosilated sialoglycoproteins (Tc-mucins) that are important for the adhesion and invasion
of mammalian host cells by trypomastigotes. There is evidence that the reduction of the
sialylation at the parasite surface and, consequently, the exposure of galactose units of the O-
glycan chains of Tc-mucins is critical for parasite virulence. In T. cruzi, the enzyme
phosphoglucomutase (PGM) is essential for the formation of glucose 1-phosphate, which is
the phosphorylated monossacaryde necessary for the synthesis of UDP-galactopyranose, the
donnor substrate of galactose. Since the parasite is unable to metabolize galactose through the
Leloir pathway, the PGM of T. cruzi is required for the formation of UDP-glacatose. In
previous studies, we have cloned the gene that encodes T. cruzi PGM and demonstrated that
it encodes a functional enzyme through functional complementation assays of Saccharomyces
cerevisiae pgm1/ pgm2. In this thesis, we showed that TcPGM is located inside
specialized organelles called glycosomes in all life stages of the parasite. These findings
suggest that the metabolism of glucose-6-P and glucose-1-P in T. cruzi differs from other
eukaryotes, where PGM is located in the cytoplasm. Glycosomal enzymes are synthetized
free in the cytoplasm and then transferred to the interior of the organelle by mechanisms
similar to those described for the delivery of proteins to peroxisomes in other eukaryotes.
Glycosomal enzymes generally bind to carrier proteins called peroxins (PEX) through two
classic targeting motifs, called PTS-1 and PTS-2, or more rarely, to the I-PTS motif.
Although TcPGM is located in glycosomes in T. cruzi, there are no PTS1 or PTS2 motifs in
TcPGM, suggesting that an alternative domain might mediate its transport to glycosomes. We
created genetically modified T. cruzi cell lines expressing different domains of TcPGM fused
to the green fluorescent protein (GFP). The analysis of the sub-cellular localization of the
fusion proteins in transfected epimastigotes by fluorescence microscopy allowed mapping of
a region of TcPGM capable of targeting GFP to glycosomes. We propose that the region
comprised between amino acid residues 260-380 of TcPGM is responsible for the targeting of
the enzyme to glycosomes, suggesting that this domain contains a probable I-PTS.
Luciana Loureiro Penha Lista de Abreviaturas
xii
BSA- albumina bovina sérica
BCIP- 5-bromo-4-cloro-3-indolil-fosfato
CHO- células de ovário de hamster chinês
DMSO- dimetilsulfóxido
DNA – ácido desoxirribonucléico
DNTP – deoxirribonucleotídeos trifosfatos
DTT-ditiotreitol
E-64- L-trans-epoxisuccinil-leucinamido (4-guanidino) butano
EDTA- ácido etilenodiaminotetraacético
Gal- galactose
Glc- glucose
GPI- glicosilfosfatidilinositol
HeLa- células de adenocarcinoma cervical humano, linhagem HeLa
HEPES- ácido N-2-hidroxietilpiperazina-N’-2-etanosulfônico
IPTG- isopropil--D-tiogalactopiranosídeo
LAMP- proteína de membrana associada a lisossomos
LB- caldo de Luria (Luria broth)
LIT- infusão de fígado e triptose
NADP- nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato
MOPS- ácido 3-(N-morfolino) propanosulfônico
NBT- nitroblue tetrazolium
NP-40- nonidet P-40
OD- densidade óptica
P- fosfato
pb- pares de base
PBS- solução de NaCl (0,15 M) tamponada com fosfato (0,01 M)
PCR- reação em cadeia da polimerase
PGM – fosfoglucomutase
PMSF- fluoreto fenilmetilsulfonil
PTS- sinal de encaminhamento para peroxissomo
p/v- peso/volume
rpm- rotações por minuto
SDS- dodecilsulfato de sódio
Luciana Loureiro Penha Lista de Abreviaturas
xiii
SDS-PAGE – eletroforese em gel de poliacrilamida-dodecil sulfato de sódio
SFB- soro fetal bovino
TBST- solução de NaCl (0,19 M) tamponada com Tris (10 mM) contendo 0,1%
Tween 20
TE- tampão Tris-EDTA
TAE – tris-acetato EDTA
Tris- tris (hidroximetil) aminometano
UDP- uridina-difosfato
UMP- uridina-monofosfato
UV- luz ultravioleta
VSG- glicoproteína de superfície variante
v/v- volume/volume
Luciana Loureiro Penha Introdução
1
1- O Trypanosoma cruzi
O Trypanosoma cruzi, parasito protozoário flagelado, é o agente causador da doença
de Chagas, assim denominada em homenagem ao cientista brasileiro Carlos Chagas que a
descobriu em 1909 (Chagas, 1909). A doença, transmitida por insetos triatomíneos, existe no
continente americano desde o México ao sul da Argentina, afetando 16 – 18 milhões de
pessoas, com aproximadamente 100 milhões vivendo em regiões que as submetem ao risco
de adquirir a doença (Coura et al., 2002). Em virtude das correntes migratórias cada vez mais
freqüentes da América Ibérica para os Estados Unidos e o Canadá, existe a preocupação de
que possa haver a introdução de números significativos de doadores soropositivos para
doença contribuindo para o estoque de sangue contaminado durante a transfusão sanguínea
(Tarleton et al.,2007).
Há dois estágios da doença humana: (1) a fase aguda, que aparece logo após a
infecção e é responsável pela morte de aproximadamente 10% dos casos por insuficiência
cardíaca ou meningoencefalite, principalmente em crianças; (2) a fase crônica na qual estão
afetados órgãos internos principalmente o coração, o esôfago, o cólon e o sistema nervoso
periférico. A fase crônica desenvolve-se após um período assintomático de vários anos, 27%
das pessoas infectadas desenvolvem sintomas cardíacos que podem levar à morte súbita, 6%
desenvolvem alguma patologia intestinal, principalmente megaesôfago e megacólon e 3%
têm lesões no sistema nervoso periférico (Brener e Gazzinelli, 1997; Cunha-Neto et al.,
1999).
Luciana Loureiro Penha Introdução
2
2- O ciclo de vida do Trypanosoma cruzi
O parasito tem um ciclo de vida complexo que se caracteriza por diferentes formas
presentes em hospedeiros vertebrados e invertebrados (Hoare, 1971; Coura et al., 2002)
(Figura 1). Diferentemente do que ocorre com o tripanossoma africano, o Trypanosoma cruzi
invade células nucleadas de mamíferos, evitando assim o ataque do sistema imune. Com
critérios morfológicos como a forma de fuso do parasito, a posição do cinetoplasto (DNA
mitocondrial) em relação ao núcleo e o ponto de emergência flagelar, o parasito apresenta-se
em três formas: (1) amastigotas (grego, a = desprovido; mastis = chicote, significando
flagelo), células redondas que se dividem com 2,4-6,5 µm de diâmetro encontradas no
citoplasma da célula do hospedeiro vertebrado; alguns autores preferem denominá-las
esferomastigotas uma vez que elas, de fato, têm um flagelo incipiente; (2) tripomastigotas
(trypo = perfurar, referindo-se à propriedade que essa célula tem de aderir ao vidro por um
ponto enquanto faz rápidos movimentos rotatórios como se fosse uma broca), infecciosas,
flageladas e incapazes de se dividir; essas formas estão presentes nos hospedeiros vertebrados
e invertebrados; são fusiformes com um comprimento de aproximadamente 18 µm (incluindo
um flagelo livre de 6 µm) e largura de 2-3 µm; (3) epimastigotas (epi = anterior, de cima),
formas extracelulares flageladas, de comprimento de 20-40 µm e largura 2-5 µm,o
infecciosas para o vertebrado; são formas de divisão tipicamente presentes no intestino do
hospedeiro invertebrado (Figura 2). As formas tripomastigotas metacíclicas aparecem no reto
do inseto como produtos de diferenciação das formas epimastigotas. Quando o inseto
infectado pica o hospedeiro mamífero e inicia o repasto sangüíneo ele elimina
concomitantemente fezes e urina contendo formas tripomastigotas que são mecanicamente
carregadas para a ferida por ação do hospedeiro. As formas tripomastigotas invadem células
podendo residir por aproximadamente 1 h dentro de fagolisossomos dos quais escapam para o
Luciana Loureiro Penha Introdução
3
citoplasma e se diferenciam para as formas amastigotas. Após aproximadamente 30 h, todas
as formas tripomastigotas tornam-se amastigotas que se replicam por divisão binária. As
formas amastigotas sofrem metamorfose para formas tripomastigotas após aproximadamente
96 h. Esta fase é mediada por uma forma epimastigota – que possui algumas propriedades da
forma espimastigota e é comparativamente mais curta (4 µm de comprimento). A existência
dessa forma no vertebrado foi assunto de debate desde 1914, mas finalmente ela foi
caracterizada por métodos morfométricos, bioquímicos e imunológicos como sendo bem
próxima da forma epimastigota obtida em meio axênico (Almeida-de-Faria et al., 1999) e são
dependentes de prolina para completar a diferenciação (Tonelli et al., 2004). Essas
observações deverão ser levadas em conta em pesquisas futuras: (1) quanto à interpretação de
dados nas infecções em vertebrados, uma vez que formas epimastigota possam, de alguma
forma, contribuir para a imunopatologia da doença; e (2) considerando que as formas
epimastigotas são encontradas consistentemente na glândula anal de gambás e que formas
amastigota – foram encontradas no trato intestinal do hospedeiro invertebrado (De Souza,
2002) parece provável que o parasito tem um ciclo contínuo de diferenciação seguindo o
padrão tripomastigota – amastigota – epimastigota – tripomastigota com uma ou mais formas
intermediárias. A predominância de uma forma particular seria dependente principalmente
das condições ambientais.
Luciana Loureiro Penha Introdução
4
Figura 1- Representação esquemática do ciclo de vida de T. cruzi. Ao picar um
indivíduo o inseto vetor infectado libera formas tripomastigotas nas fezes próximo ao local da
picada. Os tripomastigotas penetram a pele no local da picada ou através de membranas
mucosas intactas (1). Os tripomastigotas então invadem células hospedeiras, onde se
diferenciam em formas amastigotas (2). Os amastigotas se multiplicam por fissão binária no
citoplasma da célula hospedeira (3), diferenciam novamente em tripomastigotas e rompem a
célula infectada, sendo liberados na corrente sangüínea (4). Ao picar indivíduos infectados o
barbeiro ingere tripomastigotas sangüíneos (5), os quais se diferenciam em epimastigotas no
intestino médio (6) e multiplicam-se (7). No intestino porterior os parasitos diferenciam-se
em tripomastigotas metacíclicos (8). Esquema adaptado http://www.cdc.gov.
Luciana Loureiro Penha Introdução
5
Figura 2-Esquema geral da forma epimastigota do T.cruzi, monstrando as principais
estruturas sub-celulares (Docampo et al., 2005).
3- A doença de Chagas
A infecção pelo T. cruzi, inicialmente era restrita a pequenos mamíferos das matas e
campos da América, desde a Patagônia até o sul dos Estados Unidos. Esses animais (tatus,
gambás, roedores) convivem com "barbeiros" silvestres, e entre eles ainda hoje circula o
Trypanosoma cruzi (Tarleton et al., 2007). Com a chegada do homem e os processos de
colonização, aconteceram desequilíbrios ecológicos (desmatamentos, queimadas) e os
barbeiros invadiram as habitações rústicas e pobres dos lavradores e colonos. A infecção
chegou ao homem (doença de Chagas) e aos mamíferos domésticos. Hoje existem pelo
menos 15 milhões de pessoas infectadas pelo T.cruzi, sendo a maioria na América Latina
(Moncayo, 2006).
Luciana Loureiro Penha Introdução
6
Tabela 1- Mudanças nos parâmetros epidemiológicos e diminuição da incidência da
doença de Chagas dada à interrupção da transmissão em 1990, 2000 e 2006 (fonte
TDR/PAHO/WHO).
Parâmetros epidemiológicos 1990 2000 2006
Mortes anuais >45,000 21,000 12,500
Casos de infecção humana 30 milhões 18 milhões 15 milhões
Novos casos por ano 700,000 200,000 41,200
Populações em áreas de risco 100 milhões 40 milhões 28 milhões
Número de países 21 21 21
Graças ao programa de contenção da doença em países da América do Sul, a
transmissão do T.cruzi por vetores ou por transfusão de sangue vem sendo eliminada
com sucesso no Uruguai (desde 1997), Chile (desde 1999) e Brasil (desde 2005)
(Tabela 1). Assim, a incidência global de novos humanos infectados por T.cruzi
diminuiu 67% (Moncayo et al., 2006). Em 9 de junho de 2006, o Ministério da Saúde do
Brasil recebeu a Certificação Internacional de Eliminação da Transmissão da doença de
Chagas conferida pela Organização Pan-Americana da Saúde e concedida pela OPS/OMS.
Para tal, o Brasil teve milhões de casas expurgadas e inspecionadas, reduzindo as capturas de
Triatoma infestans infectados de mais de 80 mil no ano de 1979 para pouco mais de 40 em
2005. Apesar dos avanços alcançados nos controles vetoriais e transfusionais em países do
Cone Sul, a doença de Chagas ainda representa um sério desafio (1) pela sua peculiar
epidemiologia, caracterizada pela diversidade de situações de risco (grande número de
vetores e reservatórios potenciais, variadas formas de infecção e diferentes estoques do
parasito que circulam no ambiente domiciliar, peridomiciliar e silvestre); (2) por não dispor
Luciana Loureiro Penha Introdução
7
de medidas profiláticas e esquemas terapêuticos mais eficientes, menos tóxicos e de baixo
custo; e (3) pela falta de um entendimento mais completo da fisiopatolologia da evolução da
doença crônica. Assim esta doença continua sendo um sério problema de saúde pública entre
as endemias rurais, e por inutilizar muitas vidas em plena idade produtiva. E, embora tenha
sido classificada como potencial “candidata” à eliminação e/ou erradicação mundial, a
doença de Chagas ainda não pode ser prontamente eliminada com as formas atuais de
controle, havendo necessidade de se expandir e sustentar os esforços de controle
epidemiológico além de se desenvolver soluções mais definitivas, incluindo aquelas
relacionadas à quimioterapia (De Souza et al., 2006).
Outro ponto importante é a ocorrência da transmissão do T. cruzi por via oral através
do consumo de alimentos contaminados, provocando surtos de intoxicação alimentar, como
na Amazônia (Ianni e Mady, 2005; Yoshida, 2008). O grupo que analisou este assunto
recomendou a necessidade de se considerar à transmissão oral dentro do Programa Nacional
de Prevenção e Controle da Doença de Chagas, bem como do Programa Nacional de
Prevenção e Controle de Doenças Transmitidas por Alimentos e dos Setores Nacionais de
Inocuidade de Alimentos.
A doença é caracterizada por uma fase aguda inicial, apresentando sintomas como
febre, edema na face e nas extremidades inferiores e linfoadenopatia generalizada (Kirchhoff,
1993). Os pacientes infectados apresentam uma intensa parasitemia, observando-se diversos
tecidos parasitados, incluindo o coração e o sistema nervoso central. Porém, na maioria dos
casos a doença não é diagnosticada nessa fase devido à ausência de sintomas específicos, e à
falta de assistência médica adequada entre os doentes mais pobres (WHO, 2002).
A fase aguda dura entre 4 a 8 semanas e, em seguida, os pacientes entram na fase
indeterminada da doença onde observam-se anticorpos circulantes contra vários antígenos do
Luciana Loureiro Penha Introdução
8
T. cruzi e a diminuição da parasitemia em função da atividade do sistema imune do
hospedeiro. O período da fase indeterminada pode variar entre meses, anos ou décadas. Cerca
de 30% das pessoas infectadas saem dessa fase latente, podendo desenvolver a fase crônica
da doença. Os sinais clínicos da fase crônica são perturbações cardíacas (miocardite crônica),
digestivas (mega-síndrome de esôfago, cólon e intestino) e neurológicas decorrentes da
degeneração desses tecidos (Kirchhoff, 1993; WHO, 2002). O comprometimento cardíaco
está entre as mais sérias e freqüentes manifestações da doença de Chagas sendo uma
importante causa de morte súbita (Rossi et al., 2003).
Para o tratamento da doença, algumas drogas com eficácia variável vêm sendo
testadas, como é o caso do benzonidazol, do nifurtimox e do alopurinol (Filardi e Brener, 1987,
Neal e van Bueren, 1988, Molina et al., 2000). Os dois primeiros agentes mostraram-se efetivos
durante a fase aguda, levando à redução na duração e na severidade da doença (Kirchhoff,
1993). Nifurtimox e benzonidazol foram introduzidos na clínica nas décadas de 80, mas
atualmente não se encontram disponíveis comercialmente no Brasil. Nenhum destes
compostos é ideal por que: (1) não são ativos durante a fase crônica da doença e apresentam
sérios efeitos colaterais; (2) requerem administração por longos períodos de tempo sob
supervisão médica; (3) há grande variação na susceptibilidade de isolados do parasito a ação
destas drogas; (4) populações de parasitos resistentes a ambos compostos têm sido relatadas;
(5) apresentam alto custo; e (6) não há formulações pediátricas, apesar do fato de que
crianças até 12 anos possuírem maiores chances de se beneficiarem com o tratamento por não
apresentarem ainda a sintomatologia crônica da doença.
Drogas para o tratamento da doença de Chagas não são do interesse de indústrias
farmacêuticas, devido ao alto custo dos investimentos e a falta de um mercado potencial e
seguro nos países em desenvolvimento. Das 1393 novas drogas desenvolvidas entre 1975 e
1999, menos de 1,1% foram dirigidas para doenças tropicais e para a tuberculose. Dessa
Luciana Loureiro Penha Introdução
9
forma, a despeito da notável redução na incidência da transmissão, ainda somos desafiados
com dois problemas críticos: (1) o tratamento de pacientes na fase crônica; e (2) a ocorrência
de novos casos agudos em algumas regiões da América Latina. De um modo geral, o
desenvolvimento de uma quimioterapia antiparasitária ocorre (1) pelo estabelecimento de
princípios ativos de plantas utilizadas na medicina popular; (2) pela investigação de drogas já
aprovadas para o tratamento de outras doenças, uma vez que elas já foram submetidas a
ensaios clínicos muito dispendiosos, ou; (3) através da determinação de alvo(s) específico(s)
identificado(s) em vias metabólicas chave para o parasito (Castro e Soeiro, 2007).
A busca de métodos para o reparo de lesões causadas por doenças crônicas tem sido
impulsionada pela descoberta de células-tronco com capacidade de auto-replicação e de
diferenciação em diversos tipos celulares. Ao invés de substituir um órgão lesado, vislumbra-
se a possibilidade de repará-lo através da aplicação de terapias celulares. O coração lesado
pela doença de Chagas crônica é, portanto, um alvo em potencial para a medicina
regenerativa (Tura et al., 2007). Estudos em cardiopatia isquêmica demonstraram que
células-tronco obtidas de várias fontes, incluindo da medula óssea, são eficazes no tratamento
deste tipo de insuficiência cardíaca (Leri et al., 2006).
A terapia com células de medula óssea não pretende tratar a doença de Chagas, pois
não interfere na infecção pelo T. cruzi, não havendo alteração na carga parasitária ou na
parasitemia dos animais experimentais tratados. Esta é uma terapia reparativa dos danos
causados durante anos ou até décadas de agressão ao miocárdio resultante da doença de
Chagas. O que se espera é que estes indivíduos possam conviver com o parasito sem
sintomatologia, como ocorre com a maioria dos indivíduos infectados pelo T. cruzi, na forma
indeterminada da doença (Soares e Santos, 2007).
Luciana Loureiro Penha Introdução
10
Estudos sobre a biologia molecular e a biologia celular do T. cruzi têm sido realizados
por vários grupos de pesquisadores, visando à descoberta de novas vias metabólicas,
específicas do parasito, que possam ser utilizadas como novos alvos que motivem o
desenvolvimento de novos quimioterápicos.
4- Cepas do T.cruzi
Em condições naturais, o ciclo de vida do T. cruzi alterna entre hospedeiros
vertebrados e invertebrados, havendo mais que 130 hemípteros da família Reduviidae como
hospedeiro invertebrado, e mais que 100 espécies diferentes de mamíferos como hospedeiro
vertebrado (Zeledon e Rabinovich, 1981). A distribuição geográfica dos triatomínios e
hospedeiros vertebrados associados à preferência dos insetos por fonte sanguínea específica
definem dois ciclos de transmissão do T. cruzi, um ciclo silvestre envolvendo diferentes
espécies de insetos triatomínios e animais silvestres e um ciclo doméstico onde fazem parte
animais portadores e humanos que atuam como reservatório (Macedo et al., 2004).
O primeiro método experimental bioquímico que demonstrou a diversidade genética
do T. cruzi foi a variação eletroforética de enzimas celulares (isoenzimas). Baseados na
variabilidade de seis isoenzimas: alanina aminotransferase (ALAT), aspartato
aminotransferase (ASAT), glucofosfato-isomerase (GPI), glucose-6-fosfato-desidrogenase
(G6PDH), malato desidrogenase (ME) e fosfoglucomutase (PGM), Miles et al. (1977, 1978,
1980) propuseram a separação das amostras de T. cruzi em três zimodemos (zimodemas Z1,
Z2 e Z3). Estudos epidemiológicos demonstraram que Z1 e Z3 estavam associados com o
ciclo silvestre e Z2 com o ciclo de transmissão doméstico (Miles et al., 1978, 1980; Barret et
al., 1980).
Luciana Loureiro Penha Introdução
11
Análises taxonômicas numéricas desses dados sugeriram a existência de duas
linhagens filogenéticas de T. cruzi altamente heterogêneas que diferem em vários aspectos
biológicos (Tibayrenc, 1995). Brisse et al. (2000) identificaram cinco sub-divisões
filogenéticas dentro de uma linhagem e propuseram a existência de seis principais grupos de
T. cruzi, denominados linhagem I, IIa, IIb, IIc, IId, IIe. As linhagens I, observadas
principalmente em hospedeiros mamíferos não humanos e triatomínios; e II, encontradas
principalmente em humanos, são separadas evolutivamente numa distância considerada
quatro vezes maiores que a distância que separa o homem do chimpanzé (Tibayrenc, 1995).
Os primeiros estudos do polimorfismo de DNA do T. cruzi foram publicados em 1980
por Morel e colaboradores utilizando a técnica de RFLP (Análise do polimorfismo dos
fragmentos de restrição) nos mini-círculos do kDNA. A existência de cepas de T. cruzi
multiclonais foi confirmada mais tarde por vários grupos usando-se diferentes técnicas, como
RAPD (Amplificação randômica do polimorfismo do DNA) (Tibayrenc, 1995), polimorfismo
na região do mini-exon (Fernandes et al., 1998), polimorfismo na região do DNA ribossomal
(Souto et al., 1996), cariótipo (Santos et al., 1997), e análises de microsatélite (Macedo et al.,
1998).
A cepa CLBrener, clone escolhido para a realização do projeto genoma do T. cruzi,
foi caracterizada primeiramente como grupo T. cruzi II (TcII), com base na região do mini-
exon (Souto et al., 1996). Entretanto, vários artigos demonstram que a cepa CLBrener é de
fato uma cepa híbrida, apresentando características de ambos os grupos, assim como a cepa
Tulauhen (Brisse et al., 1998; Brisse et al., 2001; Pedroso et al., 2003; Augusto et al., 2003).
Brisse e colaboradores (1998) demonstraram claramente que a cepa CLBrener é
extremamente semelhante a cepa Tulahen, não sendo observado diferenças entre a migração
das isoenzimas em análises por eletroforese de enzimas multilocus (MLEE) (Figura 3).
Luciana Loureiro Penha Introdução
12
Figura 3- Dois dendogramas obtidos por análises de RAPD (esquerda) e MLEE
(direita) (Brisse et al., 1998).
5- Glicoconjugados da superfície do T. cruzi
O T. cruzi expressa em sua superfície um grande número de glicoproteínas e
glicolipídeos que estão envolvidos nos mecanismos de interação do parasito com seus
diferentes hospedeiros (Burleigh e Andrews, 1995). Algumas dessas moléculas de superfície
são organizadas em grandes famílias cujas estruturas têm sido elucidadas. É possível que
diferenças estruturais encontradas em moléculas dominantes, presentes em diferentes estágios
do parasito, sejam uma conseqüência da pressão seletiva exercida pelo ambiente onde cada
estágio se desenvolve (Frasch, 2003). Vários estudos demonstraram diferentes padrões de
reconhecimento dessas moléculas por células do sistema imune (Camargo et al., 1997) e por
anticorpos (Almeida et al., 1994), sugerindo a importância da diversidade estrutural na
interação entre parasito e o sistema imune do hospedeiro.
Luciana Loureiro Penha Introdução
13
Os glicoinositolfosfolipídeos (GIPLs) (Previato et al., 1990, Carreira et al., 1996; Previato
et al., 2004), as glicoproteínas O-glicosiladas aceptoras de ácido siálico (mucinas) (Previato et al.,
1985; Schenkman et al., 1993; Previato et al., 1994) e a enzima trans-sialidase (Ts) (Previato et al.,
1985; Schenkman et al. 1991) são as moléculas predominantes na superfície de diferentes estágios
do T. cruzi. Esses glicoconjugados podem funcionar como ligantes ou receptores e
interagir com diferentes moléculas da célula do hospedeiro (Todeschini et al., 2002a,
2002b, 2004; Yoshida, 2005).
Embora os GIPLs e as mucinas estejam presentes em todos os estágios do ciclo
de vida do T. cruzi, existem diferenças estruturais quando comparam moléculas de uma
mesma família obtidas de diferentes cepas do parasito (Previato et al., 1994, Previato et
al., 1995; Todeschini et al., 2001; Agrellos et al., 2003; Jones et al., 2004; Carreira et
al., 1996). Os GIPLs e as mucinas são componentes constitutivos do T. cruzi que têm
sido apontados como moléculas antigênicas capazes de induzir a produção de anticorpos
específicos. Esses anticorpos reconhecem epítopos presentes em algumas dessas
moléculas nos diferentes estágios de desenvolvimento. Esses epítopos são variáveis
dependendo das diferentes cepas do parasito (Gazzinelli et al., 1999). Sugere-se que
esses componentes de superfície sejam essenciais para a invasão do parasito e para sua
sobrevivência nas células do hospedeiro mamífero (Burleigh e Andrews, 1995).
Oligossacarídeos O-ligados derivados de mucinas purificadas de formas epimastigotas
de T. cruzi foram caracterizados, mostrando uma diversidade estrutural entre as diferentes
cepas do parasito analisadas. A principal característica é a presença no final redutor da cadeia
oligossacarídica do monossacarídeo N-acetilglucosamina (GlcNAc) α-1 O-ligado à unidade
de treonina (Thr) na cadeia polipeptídica (Previato et al., 1994; Previato et al., 1995). Outra
característica é que a seqüência Thr-α-GlcNAc pode ser alongada pela adição de unidades de
galactopiranose (Galp), galactofuranose (Galf) e ácido siálico (Neu5Ac) (Previato et al, 1994,
Luciana Loureiro Penha Introdução
14
1995; Todeschini et al., 2001; Agrellos et al., 2003). Essas sub-estruturas O-ligadas são os
únicos aceptores de ácido siálico da superfície do T. cruzi (Previato et al., 1985;
Previato et al., 1994).
As diferenças estruturais entre mucinas de T. cruzi e de mamíferos mostram que
esses parasitos apresentam rotas metabólicas de O-glicosilação específicas, motivando
estudos mais detalhados sobre as glicosiltransferases envolvidas na biossíntese dessas
moléculas. Na primeira etapa da O-glicosilação nas mucinas de mamíferos, o primeiro açúcar
a ser transferido para resíduos de serina (Ser) e/ou treonina (Thr), através de uma N-
acetilgalactosaminil transferase, é a α-N-acetilgalactosamina (α-GalNAc). Já em mucinas de
T. cruzi, unidades de α-N-acetilglucosamina (α-GlcNAc) foram encontradas exclusivamente
ligadas ao aminoácido treonina. Esta reação única, é catalisada pela enzima polipeptídeo O-α
- N-acetilglucosaminiltransferase (Previato et al., 1998). Já na segunda etapa biossintética das
O-glicanas, na seqüência α-GalNAc 1-O-Thr/Ser das mucinas de mamíferos há a adição de
Galp catalisada por uma β1-3 galactopiranosiltransferase. Em T. cruzi a seqüência α-
GlcNAc-O-Thr é alongada pela adição de β1-4 Galp a unidades de GlcNAc. Esta
transferência é catalisada por uma β1-4 galactopiranosiltransferase, enzima altamente
específica para o substrato aceptor de T. cruzi (Dias et al., 2001). Em algumas cepas
estudadas, como as cepas G, Dm28c e Tulahen, a α-GlcNAc é substituída por unidades de
galactofuranose (Galf), em uma reação, provavelmente, catalisada por uma Galf transferase,
ainda não identificada.
Nas formas tripomastigotas, as mucinas estão ancoradas à membrana plasmática do
hospedeiro via âncoras do tipo glicosilfosfatidilinositol (GPI). As sialoglicoproteínas
purificadas de formas epimastigota e tripomastigota metacíclico apresentam massa molecular
de 35 a 50 kDa (gp35/50) (Previato et al., 1994; Acosta-Serrano et al., 2001). Por outro lado,
Luciana Loureiro Penha Introdução
15
quando derivadas de formas tripomastigotas de culturas de células, as mucinas apresentam
massa molecular de 60 a 200 kDa (Schenkman et al., 1991; Almeida et al., 1994; Buscaglia
et al., 2006). As cadeias O-glicanas representam mais de 60% da massa molecular das
mucinas do parasito (Schenkman et al., 1993; Previato et al., 1994).
A complexidade na estrutura dos glicoconjugados do T. cruzi está melhor
exemplificado por um pequeno glicopeptídeo denominado NETNES. Nesse glicoconjugado
ocorrem cinco modificações pós-traducão em treze amoniácidos: uma ou duas N-
glicosilações, duas cadeias de manose ligadas a fosfato e uma âncora GPI (MacRae et al.,
2005). Esse é provavelmente o mais completo glicoconjugado já descrito em eucarioto até o
momento (revisado em Previato-Mendonça et al., 2005).
6- Importância dos glicoconjugados para o parasito
As mucinas de T. cruzi (Tc-mucinas) parecem ter uma função importante no papel de
proteção do parasito no hospedeiro vertebrado e a sialilação dessas glicoproteínas parece
essencial para essa proteção. Quando as mucinas são sialiladas, cada parasito adquire
aproximadamente 10
7
unidades de ácido siálico, resultando numa forte carga negativa na
superfície do parasito. Essa carga negativa parece ser responsável pela proteção da lise
induzida pelos anticorpos humanos anti-α-Gal. Foi demonstrado que é necessária uma
quantidade maior de anticorpos anti-α-Gal de pacientes chagásicos para causar a lise de
parasitos contendo mucinas sialiladas em sua superfície, sugerindo que a sialilação funcione
como um eficiente mecanismo de escape do parasito contra o sistema imune do hospedeiro
(Pereira-Chioccola et al., 2000).
Luciana Loureiro Penha Introdução
16
O envolvimento das unidades terminais não redutoras de ácido siálico na interação do
T. cruzi com as células hospedeiras tem sido investigado. A incubação de formas
tripomastigotas em meio contendo sialoglicoproteínas levou a um aumento da penetração do
parasito em culturas de fibroblastos (Piras et al., 1987). Schenkman e colaboradores (1991)
demonstraram que um anticorpo monoclonal específico contra um epítopo sialilado (Ssp3),
específico das mucinas de formas tripomastigotas, inibe a adesão e a penetração do parasito
em uma linhagem de células derivada de rins de macacos (LLC-MK2). Foi observado ainda
que células de ovário de hamster (CHO) deficientes em ácido siálico apresentam um índice
de invasão menor pelo T. cruzi quando comparadas com as células CHO selvagens
(Chuenkova et al., 1993). Franchin e colaboradores (1997) demonstraram que camundongos,
altamente suscetíveis à infecção pelo T. cruzi, apresentaram redução drástica da infecção após
imunização com anticorpo específico para um epítopo sialilado das mucinas de
tripomastigotas, sugerindo o envolvimento das sialoglicoproteínas (Tc-mucinas) na virulência
do T. cruzi. Por outro lado, Yoshida e colaboradores (1997) demonstraram que a remoção das
unidades de ácido siálico das mucinas de formas tripomastigotas metacíclicas da cepa G,
aumentava a invasão do parasito em células HeLa, porém esses resultados não foram os
mesmos quando a cepa CLBrener foi utilizada.
Durante a internalização de tripomastigotas metacíclicos (TM) ou tripomastigotas de
cultura de tecido (TCT), vias de transdução de sinal são ativadas tanto no parasito como na
célula alvo, acarretando a mobilização de Ca
2+
. Para adesão, TM utilizam as glicoproteínas de
superfície como moléculas indutoras de sinal de Ca
2+,
como a gp82 (Ruiz et al., 1998) e a
gp35/50 (Dorta et al., 1995). Em isolados de T. cruzi que invadem a célula hospedeira de
maneira dependente de gp82, a proteína tirosina cinase assim como a fosfolipase C do
parasito são ativadas, e Ca
2+
é liberado de reservatórios sensíveis a 1,4,5-trifosfato inositol
(IP
3
) (Yoshida et al., 2000), enquanto em isolados de T. cruzi que se ligam às células alvo
Luciana Loureiro Penha Introdução
17
através de gp35/50, a via de sinalização envolvendo adenilato ciclase parece ser estimulada,
com liberação de Ca
2+
de acidocalciossomos (Neira et al., 2002).
Dependendo do isolado de T. cruzi, sinais inibitórios mediados por gp90 específica de
TM podem ser desencadeados tanto na célula hospedeira como no parasito. Gp90 é uma
glicoproteína específica do estágio da forma TM que é rica em oligossacarídeos N-ligados.
Essa glicoproteína não é capaz de ativar a cascata de sinalização de Ca
2+
como as
glicoproteínas gp82 e gp35/50 (Veillette et al., 2002; Vivier et al., 2004).
O repertório de moléculas de TCT implicado na invasão celular inclui glicoproteínas
da superfície da família gp85, contendo sítios de ligação à laminina e citoqueratina 18
(Giordano et al. 1994; Magdesian et al., 2001), enzimas como a cruzipaína (Meirelles et al.,
1992; Aparicio et al., 2004), trans-sialidase (Previato et al., 1985; Todeschini et al, 2004;
Dias et al., 2008), e uma oligopeptidase B que gera um agonista de Ca
2+
a partir de uma
molécula precursora (Burleigh et al., 1997; Yoshida, 2006).
Rubin-de-Celis e colaboradores (2006) demonstraram que tripomastigotas que super-
expressam a enzima trans-sialidase eram capazes de sair mais rapidamente do vacúolo
parasitóforo para o citoplasma, e subsequentemente diferenciavam mais rapidamente em
amastigotas. A trans-sialidase parece interagir com a membrana do vacúolo, removendo o
ácido siálico das proteínas LAMP (proteínas associadas à membrana do lisossomo) (Andrade
e Andrews, 2005), facilitando a ação da proteína tipo porina, TcTox, ativada após a
acidificação do vacúolo parasitóforo, facilitando o escape do parasito para o citoplasma
(Hall et al., 1992; Andrews, 1993).
O desenvolvimento de novas metodologias capazes de discriminar a função das
diferentes moléculas presentes na superfície celular do T. cruzi auxiliará no entendimento da
Luciana Loureiro Penha Introdução
18
patogenia da doença de Chagas. Uma possibilidade é o estudo das enzimas envolvidas no
metabolismo de galactose em T. cruzi, monossacarídeo essencial à sialilação das mucinas e à
biossíntese dos GIPLs.
7- A enzima fosfoglucomutase
No metabolismo de galactose, quando as células são cultivadas em presença de
glucose, uma enzima chave para formação de UDP-galactose em T. cruzi é a
fosfoglucomutase (PGM). Esta enzima pertence a uma família conservada de enzimas,
apresenta diferentes isoformas e é encontrada desde bactérias até mamíferos (Figura 4).
A PGM é responsável pela catálise reversível de glucose 6-fosfato (Glc-6-P) em
glucose 1-fosfato (Glc-1-P), tendo um papel crucial na via da glicólise e na gliconeogênese
(quando a célula é cultivada na presença de Gal como única fonte de carbono). Essa enzima
requer como co-fator a glucose 1,6-difosfato, passando alternativamente por duas formas,
fosforilada e não fosforilada, pertencendo, assim, ao grande grupo de enzimas que possuem
uma serina no sítio ativo que é fosforilada (Nelson e Cox, 2001) (Figura 5). No entanto,
Naught e colaboradores (2003) demonstraram que a substituição de Ser108 por Ala, na
enzima fosfoglucomutase-fosfomanomutase de Pseudomonas aeruginosa, não resulta na
perda de atividade enzimática, sugerindo que, neste caso, outro aminoácido poderia atuar
como aceptor do fosfato.
A PGM de coelho teve sua estrutura tridimensional analisada por difração de raios-X
(Jin-Bi Dai et al., 1992), apresentando-se como um dímero composto por monômeros de
aproximadamente 60 kDa. A proteína apresenta quatro domínios globulares, com domínios
Luciana Loureiro Penha Introdução
19
independentes, possuindo aminoácidos do sítio catalítico da enzima espalhados entre todos os
domínios.
Figura 4- Modelo por homologia da PGM/PMM de P.aeruginosa (linhas coloridas) e
PGM de coelho (linhas cinza). Domínios I-IV de cada proteína são mostrados em verde,
amarelo, vermelho e azul, respectivamente e correspondem aos resíduos 1-153, 154-256,
257-368 e 369-463 da PGM/PMM. O modelo foi elaborado por MolScript (Shackelford et
al., 2004).
Luciana Loureiro Penha Introdução
20
Figura 5-
Mecanismo de ação da PGM. A conversão de glicose-1-fosfato em glicose-
6-fosfato pela PGM, em célula cultivada na presença de galactose, ocorre a partir da
transferência de um grupamento fosfato associado a Ser116 da enzima para o açúcar,
formando como intermediário a glucose-1,6-bifosfato. Em seguida ocorre novamente a
fosforilação da enzima, gerando como produto final glucose-6-fosfato (Jin-Bi Dai et al.,
1992).
O metabolismo de galactose no homem, assim como em vários organismos é
realizado pela via de Leloir (Leloir, 1971) (Figura 6). Essa via consiste em uma série de
reações catalisadas pelas enzimas galactoquinase, galactose-1-fosfato uridiltransferase e
UDP-galactose 4-epimerase que convertem a galactose em Glc-1-P. Posteriormente, a Glc 1-
P é convertida, pela PGM, em Glc-6-P que será metabolizada na via glicolítica, gerando
energia para célula.
Diversos estudos têm demonstrado que a atividade da PGM está relacionada a
diversos processos celulares, incluindo não apenas o metabolismo de açúcares, mas também a
síntese de glicoconjugados, exposição de antígenos de superfície, resistência a antibióticos,
síntese de proteínas e homeostase do cálcio, como poderá ser visto adiante.
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Glicose-1-fosfato
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Fosfoenzima
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Glicose-1-fosfato
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Glicose-1-fosfato
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+
Fosfoenzima
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Fosfoenzima
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Glicose-1,6-bifosfato
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Glicose-1,6-bifosfato
+
defosfoenzima
+
defosfoenzima
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Glicose-1-fosfato
+
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+
Fosfoenzima
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Glicose-1-fosfato
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+
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+
Fosfoenzima
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Glicose-6-fosfato
+
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+
Fosfoenzima
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Glicose-6-fosfato
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O
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CH
2
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Glucose6-fosfato
+
Fosfoenzima
+
Fosfoenzima
O
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Glicose-1,6-bifosfato
O
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-
Glicose-1,6-bifosfato
+
defosfoenzima
+
defosfoenzima
O
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2
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-
Glicose-1,6-bifosfato
O
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P O
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-
O
P O
O
O
-
-
O
P O
O
O
-
Glucose
1,6
-bifosfato
+
defosfoenzima
+
defosfoenzima
+
defosfoenzima
+
defosfoenzima
Luciana Loureiro Penha Introdução
21
UDP-glucose:galactose-1-fosfato
uridil transferase
O
OH
HO
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H
CH
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O
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CH
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HO
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H
OH
galactoquinase
ATP ADP
Mg
2+
Galactose Galactose-1-fosfato
O
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CH
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HN
N
H
OH
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CH
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H
O
UDP-Galactose
UDP-glucose
4-epimerase
NAD
+
UDP-Glucose
Glucose-1-fosfato
UDP-glucose:galactose-1-fosfato
uridil transferase
UDP-glucose:galactose-1-fosfato
uridil transferase
O
OH
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Mg
2+
Galactose Galactose-1-fosfato
O
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H
OH
galactoquinase
ATP ADP
Mg
2+
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CH
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OH
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H
OH
O
OH
HO
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H
CH
2
OH
H
HO
H
H
OH
galactoquinase
ATP ADP
Mg
2+
Galactose Galactose-1-fosfato
O
OH
HO
HO
H
CH
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OH
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CH
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O
HN
N
H
OH
H
CH
2
OH
H
H
O
H
OH
H
CH
2
OH
H
H
O
UDP-Galactose
UDP-glucose
4-epimerase
NAD
+
UDP-glucose
4-epimerase
NAD
+
UDP-Glucose
Glucose-1-fosfato
UDP-Glucose
Glucose-1-fosfato
Figura 6- A conversão de β-D-galactose a Glc-1-P é realizado por 4 enzimas que
constituem a via de Leloir. A primeira enzima da via é a galactose mutarotase que epimeriza
-D-Gal em -D-Gal (não está representada no esquema). A próxima etapa envolve a
fosforilação dependente de ATP da -D-Gal através da galoctoquinase formando Gal-1-P. A
terceira enzima da via é a UDP-glucose:galactose-1-fosfato-uridiltransferase, que catalisa a
transferência de um grupo UMP da UDP-Glucose para Gal-1-P, formando Glc-1-P e UDP-
Gal. Para completar a via, a UDP-Gal é convertida em UDP-Glc pela ação da UDP-galactose
4-epimerase (Holden et al., 2003).
Luciana Loureiro Penha Introdução
22
7.1- PGM em bactérias
Stenotrophomonas maltophilia é uma bactéria Gram-negativa causadora de infecção
hospitalar, sendo considerada um importante microrganismo oportunista em pacientes
imunodeficientes. McKay e colaboradores (2003) clonaram e caracterizaram o gene spgM
que codifica a PGM. A deleção do gene spgM causou um fenótipo avirulento, sendo o
mutante incapaz de colonizar pulmão de rato, e apresentou, também, maior susceptibilidade a
agentes antimicrobianos. Estes autores confirmaram que a SpgM apresenta atividades de
PGM e PMM, podendo realizar a conversão de Glc-1-P em Glc-6-P, e vice-versa, assim
como, manose-1-fosfato em manose-6-fosfato, e vice-versa. Resultados similares foram
encontrados para a PGM de Pseudomonas aeruginosa (Zielinski et al., 1991; Regni et al.,
2006), Neisseria gonorrhoeae (Sandlin et al., 1994), Xilella campestris (Koplin et al., 1992),
Bordetella bronchiseptica (West et al., 2000) e Staphylococcus aureus (Grundling e
Schnewind, 2007). Essas enzimas formam uma super família de hexose fosfato mutases,
incluindo ainda a fosfoglucosaminomutase, que é responsável pela conversão reversível de N-
acetil-glucosamina-6-fosfato em N-acetil-glucosamina-1-fosfato (Figura 7).
Em P. aeruginosa foi verificado que o gene AlgC codifica a enzima com dupla
especificidade PGM/PMM, utilizando glucose ou manose como substrato, assim, a enzima é
capaz de catalisar a interconversão de manose-6P e manose-1P, bem como glucose-6P em
glucose-1P (Zielimki et al., 1991; Naught, 2001). Estudos genéticos demonstraram que a
atividade da PMM é necessária à biossíntese de alginato e lipopolissacarídeo (LPS), no
entanto a PGM é necessária apenas para a biossíntese de LPS (Ye et al., 1994). Como o LPS
é um componente importante da superfície de bactérias Gram-negativas, modificações
estruturais têm sido correlacionadas a mudanças na resistência a agentes antimicrobianos,
pois após a deleção do gene AlgC a bactéria tornou-se mais susceptibilidade a antibióticos
Luciana Loureiro Penha Introdução
23
(Kadurugamuwa et al., 1993), modificando, ainda, o padrão de virulência (Goldberg et al.,
1995). Em Streptococcus gordonii após a deleção do gene pgm, houve redução da viabilidade
da bactéria in vitro e in vivo (Bizzini et al., 2007).
7.2- PGM em leveduras
Boles e colaboradores (1994) isolaram e caracterizaram os dois genes que codificam
as duas isoformas de PGM em Saccharomyces cerevisiae. A deleção dos genes pgm1 e pgm2
levaram à redução do crescimento da levedura cultivada em meio contendo glucose como
única fonte de carbono, porém foi observada uma atividade residual na conversão de Glc-6P
em Glc-1P dada pelas atividades da PMM e da fosfoglucosaminamutase, no entanto com
baixa eficiência (1%). Os autores sugerem que um pequeno percentual de atividade
enzimática de conversão de Glc-6P em Glc-1P é suficiente para o crescimento e a viabilidade
da levedura. O duplo mutante apresenta alterações na fisiologia, morfologia e integridade da
parede celular, defeitos na síntese de glicogênio e trealose e aumento na sensibilidade à ação
de quimioterápicos. A redução nos níveis de UDP-Glc foi acompanhada pela redução dos
níveis de glicogênio, sugerindo que as biossínteses de glicogênio e de trealose são
primariamente reguladas pela disponibilidade de UDP-Glc (Daran et al., 1997). A
concentração de UDP-Glc foi pouco alterada pela deleção do gene pgm1, mas o duplo
mutante diminuiu em três vezes esta concentração, sugerindo que a isoforma PGM1 contribui
em menor escala para a manutenção dos níveis de UDP-Glc.
Quando o duplo mutante de S. cerevisiae foi cultivado em meio contendo galactose
como única fonte de carbono, a levedura não foi capaz de se multiplicar, confirmando que
semelhante às células de mamíferos, em S. cerevisiae a galactose necessita da PGM para ser
Luciana Loureiro Penha Introdução
24
metabolizada pela via de Leloir (Boles et al., 1994). O mutante acumula Gal-1P e Glc-1P.
Tem sido demonstrado que o acúmulo de Gal-1P é tóxico para a célula, como é o caso da
doença denominada galactosemia em humanos. A característica da doença é o alto nível de
galactose-1P, devido à mutação no gene que codifica a galactose-1P-uridiltransferase (Figura
6).
Masuda e colaboradores (2001), analisando os metabólitos intermediários da via de
Leloir em S. cerevisiae cultivada em galactose na presença de lítio, demonstraram o acúmulo
de Gal-1P e Glc-1P. O lítio inibe com alta afinidade a enzima PGM, sendo esta inibição
revertida pelo magnésio, que é um co-fator da enzima. Em S. cerevisiae o lítio é capaz de
inibir o metabolismo de galactose, mas não o de glucose. A inibição da atividade da PGM
provoca redução nos níveis de UDP-Glc, demonstrando que a PGM é um dos principais alvos
da ação do lítio em S. cerevisiae. Nesse trabalho, também foi demonstrado que a atividade da
PGM em linhagens de células humanas HEK293 é inibida pelo lítio de maneira competitiva
com o magsio. In vivo, a inibição da PGM pelo lítio é revertida pela super expressão da
enzima PGM2 ou pela adição de altas concentrações de Mg
2+
no meio de cultura (Masuda et
al., 2001).
Outros fatores parecem estar envolvidos com a inibição do crescimento de S.
cerevisiae na presença do lítio. Montero-Lomelí e colaboradores (2002) demonstraram que a
síntese protéica também é inibida quando a glicólise é interrompida na etapa da atividade da
PGM. Isso ocorre porque o complexo eIF4A na presença do lítio (em doses letais) é
dissociado do poli-ribossomo e a síntese de proteínas é bloqueada em 90%. A super
expressão do gene TIF2, que codifica o fator iniciador de transcrição eIF4A, confere
tolerância ao lítio quando a levedura é cultivada em meio com galactose, não ocorrendo a
separação do eIF4A do poli-ribossomo. Quando o lítio é utilizado em doses sub-letais, a
Luciana Loureiro Penha Introdução
25
célula super-expressa naturalmente TIF2. A levedura cultivada em meio contendo glucose
não apresenta dissociação do fator de tradução. Como o Mg
+2
é um co-fator da PGM, este
cátion foi utilizado como controle e conseguiu reverter o efeito inibitório do lítio na síntese
de proteína. Estes dados sugerem que a PGM possa ter um efeito indireto na inibição da
síntese protéica na presença do lítio, por privar a célula de nutrientes.
Foi verificado também que a levedura mutante para a isoforma majoritária da PGM
(PGM2) apresenta maior influxo de Ca
2+
quando comparada com a cepa selvagem, no
entanto, o acúmulo excessivo de Ca
2+
(6-9 vezes) foi observado apenas quando o mutante
pgm2
-
foi cultivado em meio com galactose como fonte de carbono, o que poderia estar
correlacionado ao acumulo de Glc-1P. Estes resultados sugerem que a Glc-1P poderia regular
o influxo de Ca
2+
nessa condição (Aiello et al., 2000). Porém esse mesmo grupo verificou em
2002 que o aumento simultâneo de ambos os níveis de Glc-1-P e Glc-6-P, utilizando o duplo
mutante para a enzima PGM e a enzima fosfofrutoquinase (pgm2/pfk), restaurava a
homeostasia de Ca
2+
aos níveis normais, sugerindo que o balanço no metabolismo de glucose
tenha um papel importante nesse processo.
Csutora e colaboradores (2005) demonstraram que um minuto de exposição ao LiCl
foi suficiente para aumentar os níveis de Ca
2+
, indicando que a exposição ao LiCl aumenta a
entrada de cálcio por um mecanismo rápido que não requer a síntese de novo de proteínas.
Verificou-se que o aumento de transporte de Ca
2+
para o vacúolo, e a Ca
2+
ATPase codificada
pelo gene pmc1 parecem ter um papel principal nesse processo. Os autores sugerem que a
conseqüência primária de exposição ao lítio seja um aumento nos níveis de Ca
2+
para o
vacúolo, logo a passagem de Ca
2+
pela membrana seria um efeito secundário dado ao seu
aumento excessivo para os vacúolos. O magnésio foi capaz de reduzir o acúmulo de Ca
2+
induzido pelo lítio nesse mutante.
Luciana Loureiro Penha Introdução
26
Figura 7- Representação esquemática simplificada de vias de interconversão de
monossacarídeos. As enzimas pertencentes à super família de hexose fosfato mutases estão
indicadas em verde. A reação de catálise da PGM em tripanossomatídeos está deslocada para
produção de Glc-1-P, visto que esses parasitos só possuem transportadores para glucose.
7.3- PGM em células humanas
Em humanos a enzima PGM é codificada por três loci estruturais autossômicos
independentes, denominados pgm1, pgm2 e pgm3 (Harris e Hopkinson, 1976). Com base nos
estudos dessas proteínas, supõe-se que o lócus expandiu-se por duplicação gênica, dando
origem às isoenzimas conhecidas, as quais apresentam propriedades distintas, como tamanho
molecular, termoestabilidade, especificidade de substratos e distribuição tecidual (Fisher e
Harris, 1972; Quick et al, 1972). Entretanto, é importante mencionar que as enzimas PGM1,
PGM2 e PGM3 contêm, entre si, menos de 65% de identidade seqüencial. Essa observação é
UDP-galactose-4-epimerase
UDP-glucose-pirofosforilase
Manose-1-fosfato
UDP-N-acetil-Glucosamina
Glucose
Glucose
Glucose
-
-
6
6
-
-
fosfato
fosfato
Frutose-6-fosfato
Manose-6-fosfato
Glucose
Glucose
-
-
1
1
-
-
fosfato
fosfato
UDP-Glucose
UDP-Galactose
PGM
Catalisa a transferência de fosfato
entre as posições 1 e 6 da glucose
glucoquinase
fosfohexoisomerase
fosfomanoisomerase
Glucosamina-6-fosfato
N-acetil-glucosamina-6-fosfato
N-acetil-glucosamina-1-fosfato
frutose-6-fosfato amido-
transferase
UDP-N-acetilglucosamina-
pirofosforilase
fosfoglucosaminamutase
fosfomanomutase
UDP-galactose-4-epimerase
UDP-glucose-pirofosforilase
Manose-1-fosfato
UDP-N-acetil-Glucosamina
Glucose
Glucose
Glucose
-
-
6
6
-
-
fosfato
fosfato
Frutose-6-fosfato
Manose-6-fosfato
Glucose
Glucose
-
-
1
1
-
-
fosfato
fosfato
UDP-Glucose
UDP-Galactose
PGM
Catalisa a transferência de fosfato
entre as posições 1 e 6 da glucose
glucoquinase
fosfohexoisomerase
fosfomanoisomerase
Glucosamina-6-fosfato
N-acetil-glucosamina-6-fosfato
N-acetil-glucosamina-1-fosfato
frutose-6-fosfato amido-
transferase
UDP-N-acetilglucosamina-
pirofosforilase
fosfoglucosaminamutase
fosfomanomutase
Luciana Loureiro Penha Introdução
27
corroborada por ensaios imunológicos, onde anticorpos de coelho anti-PGM1 foram capazes
de reconhecer todas as isoformas da PGM1 de mamíferos, peixes e anfíbios, porém não
apresentaram reação cruzada contra PGM2 ou PGM3 de humanos (Drago et al., 1991).
O polimorfismo da enzima PGM3 foi identificado há mais de 30 anos. Até o
momento, quatro alelos distintos são conhecidos, que dão origem a 10 fenótipos diferentes.
Este polimorfismo é útil na ciência forense, permitindo o uso de técnicas de tipagem de
isoenzimas PGM3 como um marcador de individualidade, possibilitando a discriminação
entre indivíduos com 75% de eficácia (Takahashi el al., 1982).
Desde que foi descoberta, o maior interesse na PGM3 foi usá-la como marcador
genético em medicina forense, com pouca atenção dada para os papéis bioquímico e celular
dessa proteína. Porém, um trabalho realizado por Pang e colaboradores (2002) demonstrou
que pgm3 e agm1 são o mesmo gene em humanos. O gene agm1 codifica uma proteína
essencial em S. cerevisiae, que é responsável pela conversão de UDP-N-acetilglucosamina-6-
fosfato (GlcNAc-6-P) em GlcNAc-1-P, uma enzima chave no metabolismo de GlcNAc
(Boles et al., 1994).
Greig e colaboradores (2007) realizaram mutações no gene que codifica a PGM3 em
camundongos, verificando redução nos níveis de UDP-GlcNAc, com redução na glicosilação
de proteínas. Camundongos com uma grande redução nos níveis de UDP-GlcNAc morreram
durante o desenvolvimento embrionário, enquanto que camundongos com diminuição parcial
da atividade foram viáveis e apresentaram alguns defeitos restritos a alguns tipos celulares.
Os defeitos apresentados foram esterilidade, mudanças patológicas nas glândulas salivares,
no pâncreas e no pulmão. Houve também deficiências em algumas linhagens de células
hematopoiéticas, principalmente hemácias, linfócitos e plaquetas.
Luciana Loureiro Penha Introdução
28
A enzima PGM2 em humanos (PGM1 em camundongos) possui atividade dez vezes
maior de fosfopentomutase do que de fosfoglucomutase, entretanto a PGM1 de mamíferos
(equivalente PGM2 em camundongos) possui uma atividade de apenas 0,2% de
fosfopentomutase quando comparada com a atividade de fosfoglucomutase. A procura no
banco de dados no genoma humano demonstrou a presença de um homólogo a PGM2
denominado PGM2L1, com 60% de identidade com essa proteína. PGM2L1 apresentou
menos de 5% de atividade de fosfopentomutase ou fosfoglucomutase, comparado com a
PGM2, porém apresentou uma atividade alta de glucose-1-6-bifosfato. Essa enzima serve
como co-fator de várias fosfomutases e possivelmente também atua como reguladora de
enzimas da via glicolítica (Maliekal et al., 2007). Nesse trabalho os autores sugerem que
fosfopentomutase e glucose-1-6-bifosfato correspondem respectivamente às proteínas PGM2
e PGM2L1, codificadas por dois genes que se separaram durante a evolução dos vertebrados.
7.4-PGM em Trypanosoma cruzi
Além da PGM ter sido utilizada para genotipagem de T. cruzi, ela pode ser
considerada uma enzima importante no metabolismo do parasito, pois ele é incapaz de
metabolizar galactose (Tetaud et al., 1994). Genes que codificam para transportadores de
hexose foram clonados em espécies do gênero Trypanosoma, e sua expressão verificada em
oócitos de Xenopus e células CHO (Barrett et al., 1998). T. brucei contêm duas isoformas de
transportadores, mas T. cruzi e T. vivax possuem apenas uma isoforma. O gene TcrHT1, que
codifica para o transportador de hexose é expresso constitutivamente em T. cruzi, mas não
transporta D-galactose, sendo assim, o parasito não realiza a via de Leloir. Em trabalho
realizado por Tetaud e colaboradores (1994), o gene TcrHT1 foi expresso em Xenopus e foi
demonstrado que a proteína codificada pelo gene não reconhece D-galactose. Logo, o T. cruzi
Luciana Loureiro Penha Introdução
29
por não realizar a via de Leloir, a única maneira de obter UDP-galactose, composto essencial
à biossíntese de glicoconjugados que contém galactose em sua estrutura como as mucinas e
os GIPLs, seria pela atividade da PGM.
Estudos prévios (Penha et al., 2005), em nosso laboratório isolamos o Tcpgm e
realizamos a sua caracterização molecular. Os resultados obtidos demonstraram similaridade
de seqüência de aminoácidos putativos de 61% com a PGM da Leishmania major e de 43%
com a PGM de S. cerevisae. O Tcpgm é um gene de cópia única expresso ao longo do ciclo
de vida do parasito, cujo RNA é maturado por adição da seqüência de mini-exon na porção
5’, num sítio mapeado por RT-PCR. Com o intuito de verificar se o gene pgm isolado do T.
cruzi codificava uma enzima funcional, o fragmento gênico foi clonado no vetor de expressão
e introduzido na cepa de S. cerevisiae deficiente em pgm1 e em pgm2. Esses estudos
revelaram que o gene pgm do T. cruzi codifica uma enzima ativa, que foi capaz de
complementar o fenótipo letal dos mutantes de levedura pgm1/pgm2, induzido a partir do
cultivo dessas células em meio contendo galactose.
Em eucariotos superiores e em leveduras, a PGM é encontrada exclusivamente no
citoplasma, local onde ocorre a via glicolítica (Marchase et al., 1993). No entanto, em
tripanosomatídeos diversas enzimas que participam do metabolismo de açúcares estão
localizadas em organelas do tipo peroxissomo, denominadas glicossomos. Acredita-se que o
transporte de moléculas para os glicossomos em tripanosomatídeos segue rotas semelhantes
às descritas para o transporte de moléculas para peroxissomos de leveduras ou de mamíferos,
envolvendo a presença de sinais de endereçamento específicos.
Luciana Loureiro Penha Introdução
30
8- Peroxissomos
Os peroxissomos são organelas pequenas delimitadas por uma membrana e contêm
enzimas envolvidas em uma variedade de reações metabólicas, incluindo o metabolismo
energético (Masters et al., 1995). Essas organelas foram definidas, originalmente, por
realizarem reações de oxidação, levando à produção de peróxido de hidrogênio, composto
tóxico para a célula. Quando o peróxido de hidrogênio reage com íons metálicos (Fe
+2
ou
Cu
+2
) estes podem ser convertidos através da reação de Fenton (Keyer et al., 1995) a um
radical hidroxila extremamente tóxico. Esses compostos, juntamente com ânions superóxidos
(O
2
-
), são coletivamente referidos como espécie reativa de oxigênio (ROS) e podem oxidar
todas as classes de macromoléculas celulares, entre elas o DNA, os lipídios e as proteínas. Os
peroxissomos possuem a enzima catalase que decompõe o peróxido de hidrogênio,
convertendo-o em água e O
2
ou utilizando-o para oxidar outros compostos orgânicos. A
catalase não degrada apenas o H
2
O
2
produzido nos peroxissomos, mas também aquele que é
produzido em outros pontos da célula, como mitocôndria, retículo endoplasmático e citosol,
onde as oxidações produzem pequenas quantidades de O
2
-
, denominados radicais livres, que
são muito reativos. A enzima superóxido dismutase encarrega-se de eliminar os radicais
livres, formando O
2
e
H
2
O
2
, sendo o H
2
O
2
degradado no peroxissomo (Terlecky e Koepke,
2007).
Várias substâncias são degradadas pelas reações de oxidação nos peroxissomos, como
o ácido úrico, aminoácidos e ácidos graxos. A oxidação de ácidos graxos é particularmente
importante, uma vez que representa a principal fonte de energia metabólica. Em mamíferos,
peroxissomos participam na e -oxidação de ácidos graxos, síntese de éter-lipídeos e sais
biliares, assim como na degradação de purinas, poliaminas, ácido L-pipecólico e D-
aminoácido. A função metabólica dos peroxissomos em outros organismos inclui a
Luciana Loureiro Penha Introdução
31
degradação de metanol (levedura), ciclo glioxilato (plantas e leveduras), biossíntese de
penicilina (fungo), biossíntese de hormônio (plantas) e glicólise (tripanossomatídeos)
(Wanders e Waterham, 2006).
Um importante avanço nos conceitos dos princípios básicos de organização celular do
peroxissomo foi a descoberta de que essa organela constitui um sistema dinâmico de
endomembranas derivado do retículo endoplasmático (Titorenko et al., 1998; Hoepfner et al.,
2005; Titorenko e Mullen, 2006).
Nos distúrbios da biogênese dos peroxissomos (DPBs), muitas funções anabólicas
estão alteradas incluindo a biossíntese de plasmalógenos, colesterol e ácidos biliares. A
deficiência generalizada da -oxidação nos peroxissomos resulta em uma variedade de
distúrbios como alterações marcantes da migração neuronal com malformações e severa
disfunção neurológica. Um marcador útil de diagnóstico das DPBs, é a existência de acúmulo
de ácidos graxos de cadeia muito longa no plasma.
DPBs podem ser sub-divididas dentro do espectro de Zellweger, nas quais são
denominadas síndrome de Zellweger (SZ), adrenoleucodistrofia neonatal (NALD) e doença
de Refsum infantil (DRI) (Steinberg et al., 2006) . Essas doenças têm sido associadas com
mutações em vários genes PEX, codificam diferentes componentes do sistema de transporte
de proteínas para o interior do peroxissomo, e são diferenciadas pelas suas formas clínicas.
Os pacientes com síndrome de Zellweger possuem defeitos nos genes PEX 1, 2, 3, 5, 6, 7, 10,
12, 13, 14, 16, 19 e 26, apresentando anomalias severas, como deformidade crânio-facial,
anomalias nos olhos, extrema hipotonia, ossos frágeis e hepatomegalia. Essas crianças
raramente sobrevivem mais que um ano de vida. Os pacientes com NALD apresentam
defeitos nos genes PEX 1, 5, 6, 10, 12, 13 e 26; e os pacientes com DRI os defeitos ocorrem
nos genes PEX 1, 2, 6, 12 e 26 (Terlecky e Koepke, 2007).
Luciana Loureiro Penha Introdução
32
9- Endereçamento de proteínas para peroxissomos
Em diversos organismos, 32 proteínas denominadas peroxinas (PEX), foram
identificadas como envolvidas em diferentes aspectos da biogênese dos peroxissomos: (1) no
recrutamento de lipídeos para a formação da membrana, (2) na inserção de proteínas na
membrana peroxissomal, (3) no encaminhamento de proteínas para a matriz peroxissomal
(Moyersoen et al., 2004). O processo de encaminhamento de proteínas para a matriz do
peroxissomo consiste em diferentes fases: (1) reconhecimento da proteína por um receptor;
(2) interação do complexo receptor-proteína com proteínas na membrana; (3) translocação do
complexo para o interior da organela e (4) reciclagem do receptor. As proteínas presentes no
citoplasma que serão encaminhadas à matriz necessitam possuir um sinal de encaminhamento
para peroxissomo, denominado PTS. Duas seqüências consenso PTS foram identificadas em
diferentes organismos. O consenso PTS1 está localizado na extremidade C-terminal, e ocorre
na maioria das proteínas peroxissomais. Inicialmente, acreditava-se que o consenso
compreendia um único tripeptídeo com a seqüência (S/A/C)- (K/R/H)-L. Entretanto, foi
demonstrado que essas seqüências podem variar consideravelmente, com modificações no
tamanho, seqüência e especificidade do sinal, podendo também, haver diferenças entre as
espécies (Neuberger et al., 2003). Postula-se que resíduos de amino ácidos localizados acima
da posição 12 do C-terminal da proteína podem exercer um papel na força da interação
proteína-PTS1 ao receptor (Michels et al., 2005). O consenso PTS2 representa um sinal
topogênico mais raro que consiste de um nonapeptídeo (R/K)-(L/V/I)-X
5
-(Q/H)-(L/A)
localizado próximo à porção N-terminal da proteína. Essa seqüência pode variar entre as
espécies, podendo também apresentar algumas modificações (Petriv et al., 2004).
O sinal PTS é reconhecido por receptores no citoplasma, sendo PTS1 reconhecido
por PEX5 e PTS2 por PEX7 (Figura 8). PEX5 tem sido encontrado em todos os organismos
Luciana Loureiro Penha Introdução
33
analisados, mas PEX7 é aparentemente ausente em Caenorhabditis elegans. Todas as
proteínas encontradas nesse organismo possuem o sinal PTS1, e são encaminhadas via PEX5
(Motley et al., 2000). PEX5 é usualmente um tetrâmero, e o sinal PTS1 interage com a
porção C-terminal do PEX5, que é compreendido por 6 a 7 repetições de tetratricopeptídeos
(TPRs), uma seqüência degenerada de 34 aminoácidos. A característica mais proeminente da
metade N-terminal de todos os PEX5 analisados é a presença de muitas seqüências
pentapeptídeos, WXXXF/Y, que estão envolvidas com a interação de PEX5 com receptores
na membrana da organela. O número dessas repetições varia de 2 em S. cerevisiae, 3 em T.
brucei, 7 em humanos para 11 na planta do tabaco (Gatto et al., 2003). Pouco é conhecido
sobre a interação de PEX7 e proteínas contendo PTS2.
Figura 8- Modelo geral de encaminhamento de proteínas para peroxissomos.
Moyersoen et al., 2004 (com modificações).
Interação proteína receptor
Transporte
Reconhecimento
Translocação
Reciclagem do receptor
Matrix
Citoplasma
Interação proteína receptor
Transporte
Reconhecimento
Translocação
Reciclagem do receptor
Matrix
Citoplasma
Interação proteína receptor
Transporte
Reconhecimento
Translocação
Reciclagem do receptor
Matrix
Citoplasma
Luciana Loureiro Penha Introdução
34
O encaminhamento de proteínas para peroxissomos é diferente do encaminhamento de
proteína que ocorre no retículo endoplasmático, mitocôndria e cloroplastos. A maior
diferença é que as proteínas encaminhadas para o peroxissomos podem estar em sua
conformação tridimensional, proteínas oligomerizadas, ou proteínas sem motivo de
encaminhamento (PTS) associadas a proteínas que possuem o motivo (Glover et al., 1994).
Há alguns exemplos raros de proteínas que não contêm domínios PTS1 ou PTS2, mas
continuam sendo encaminhadas para peroxissomos (Small et al., 1988). Vários estudos têm
mostrado que proteínas contendo sinais de encaminhamento do tipo PTS1 ou PTS2 podem
interagir com outras proteínas desprovidas de sinais do tipo PTS e esses complexos
multiméricos são então transportados para o peroxissomo em leveduras, plantas e células de
mamíferos (Mcnew et al., 1994). Isso sugere a existência de um mecanismo alternativo de
encaminhamento aos peroxissomos caracterizado por transporte indireto. Em S. cerevisiae,
fortes evidências sugerem o encaminhamento da enzima cis-trans-enoyl-CoAisomerase
(Eci1p) por transporte indireto. Nesses estudos, demonstrou-se que após a remoção do sítio
PTS1 da Eci1p, a enzima foi capaz de formar oligômeros com a enzima cis-trans-dienoyl-
CoAisomerase (Dci1p), sendo encaminhada para o interior do peroxissomo (Yang et al.,
2001). Da mesma maneira, foi demonstrado que após a remoção do sinal do tipo PTS da
carnitina acetiltransferase (cat2p) a enzima continuava a ser transportada para o peroxissomo
de maneira dependente de PEX5 (Elgersma et al., 1995). Esses resultados sugerem que, em
alguns casos, seqüências alternativas ou acessórias podem mediar o transporte de proteínas
para o peroxissomo por associação com outras proteínas.
Muitas proteínas podem, ainda, ser encaminhadas para peroxissomos através de uma
seqüência polipeptídica interna do tipo PTS (I-PTS). Klein e colaboradores (2002)
demonstraram a existência de uma via de endereçamento dependente de PEX5 mediada pela
Luciana Loureiro Penha Introdução
35
interação com o motivo I-PTS localizado internamente na proteína acyl-CoA oxidase (POX1)
em S. cerevisiae. Apesar de POX1 e PEX5 poderem interagir diretamente uma com a outra
sem a participação de outras proteínas, a região de ligação de PEX5 a I-PTS está localizada
numa área interna na porção N-terminal de PEX5, enquanto o sítio de reconhecimento PTS1
é representado por TPRs presentes na extremidade C-terminal. Sendo assim, é possível que I-
PTSs sejam reconhecidos por PEX5 ou PEX7 no citoplasma através de domínios alternativos.
Foi proposto que os motivos I-PTS, ou certas seqüências acessórias, poderiam também
funcionar como um novo sinal de encaminhamento denominado PTS3. Esses sinais
auxiliariam o encaminhamento de proteínas enoveladas, onde provavelmente o sinal de
encaminhamento não deve ser um sinal linear como o PTS1, e sim um sinal conformacional
interno (Klein et al., 2002). Além disso, a interação direta entre PEX5 ou PEX7, os autênticos
receptores de encaminhamento, e proteínas contendo I-PTS, não parece ser o único
mecanismo de encaminhamento ao peroxissomo (Michels et al., 2005). Futuros estudos
deverão revelar os detalhes da estrutura desses sinais.
10- Glicossomos
Os glicossomos são organelas do tipo peroxissomo, encontradas apenas em
tripanosomatídeos, e que contém a maior parte dos componentes da via glicolítica. Essas
organelas são peroxissomos autênticos, como pode ser inferido por diferentes critérios: (1)
glicossomos, como outros membros da família peroxissomos (microcorpos em leveduras e
glioxissomos em plantas) são constituídos por uma matriz protéica, que pode conter
cristalóides, limitados por uma única membrana; (2) não contêm DNA nem ribossomos; (3)
além das enzimas da via glicolítica, possuem as enzimas para a oxidação de ácidos graxos e
biossíntese de éter-lipídeos e (4) como outros membros da família peroxissomos, possuem
Luciana Loureiro Penha Introdução
36
homólogos para o processo de biogênese (Opperdoes, 1987). Cada parasito possui numerosos
glicossomos, que não são responsáveis apenas pela glicólise (Opperdoes e Borst, 1977), mas
também pela biossíntese de éter-lipídeos (Heise e Opperdoes, 1997), pela -oxidação de
ácidos graxos (Terlecky et al., 1996) e na salvatação de purinas (van Roermund et al., 1998).
A diferença entre essas duas organelas (peroxissomos e glicossomos) seria a presença dos
componentes da via glicolítica, da última etapa na biossíntese de pirimidinas e da salvação de
purinas no glicossomo (Parson et al., 2004). Análises por espectrometria de massas
confirmaram a presença dessas proteínas e vias no glicossomo. Em T. brucei brucei
nenhuma enzima envolvida em -oxidação foi encontrada nos glicossomos das formas
procíclicas ou sanguíneas (Colasante et al., 2006).
É proposto que um organismo ancestral da ordem Kinetoplastida adquiriu a
capacidade de compartimentalização da maior parte da via glicolítica no interior de
peroxissomos (Hannaert e Michels, 1994). A simulação computacional do metabolismo de
acúçares na forma sanguínea de T. brucei tem tentado explicar porque a
compartimentalização das enzimas da via glicolítica em glicosomas é essencial, elucidando a
possível função desta organela. A análise computacional baseia-se em duas premissas: (1) a
de que a membrana glicossomal é pouco permeável à maioria dos intermediários glicolíticos,
como nucleotídeos adenosina difosfato (ADP) e adenosina trifosfato (ATP), e (2) a de que
essas enzimas são mantidas compartimentalizadas pela falta de atividade regulatória,
principalmente das enzimas hexoquinase e fosfofrutoquinase, que são reguladas por seus
produtos de reação, na maioria dos organismos. A ausência de sua regulação poderia causar o
acúmulo indesejável de intermediários metabólicos que seriam tóxicos à célula. A
concentração de ATP/ADP no interior do glicossomo, de acordo com a simulação
computacional, é normalmente pequena, mantendo a atividade da hexoquinase e
fosfofrutoquinase reduzida e, principalmente, a concentração de hexoses fosfato reduzida. Se
Luciana Loureiro Penha Introdução
37
as enzimas estivessem em contato com as altas taxas de ATP/ADP do citoplasma, suas
atividades poderiam ser irrestritas, gerando o acúmulo de seus produtos. Logo, a análise
computacional suporta a hipótese de que a compartimentalização da glicólise compensaria a
ausência de regulação dessas enzimas, e a compartimentalização dessa via em uma organela
com membrana pouco permeável a solutos seria vital ao parasito (Moyersoen et al., 2004).
A forma procíclica de T. brucei não foi viável com a deleção do gene que codifica
para PEX14, através da técnica de RNAi, apenas quando crescidos em meio com glucose
(Kessler e Parson, 2005). Outros modelos de estudo computacionais propuseram que a
glucose poderia ser tóxica para o T. brucei na ausência de compartimentalização glicossomal
por causa da ausência de regulação das enzimas hexoquinase (HK) e fosfofrutoquinase
(PFK). Para testar essa hipótese os autores Kessler e Parsons (2005) realizaram o RNAi duplo
para hexoquinase e PEX14. Esses parasitos foram viáveis na presença de glucose, reduzindo
o fenótipo letal do mutante para PEX14, indicando que com a diminuição da atividade da
hexoquinase ocorre uma diminuição do efeito tóxico causado pela glucose. Nesse mesmo
trabalho também foi realizado o RNAi de PEX14 e fosfofrutoquinase e ao contrário do
fenótipo observado com a deleção de HK, o parasito foi sensível a glucose, diminuindo a
viabilidade do parasito, levando-o à morte. Esse fenótipo não foi uma surpresa já que o T.
brucei mutante somente para PFK já apresentou um fenótipo letal na presença de glucose.
Esses resultados sugerem que o glicossomo proporciona uma significativa, porém
incompleta, proteção aos efeitos tóxicos da glicólise nos tripanossomas.
Os eucariotos utilizam dois mecanismos distintos de degradação, o sistema de
ubiquitina-proteossomo e a autofagia. Duas formas de autofagia são encontradas em
eucariotos multicelulares e em leveduras, a microautofagia e macroautofagia. A autofagia do
peroxissomo é denominada pexofagia. Tem sido observado que o conteúdo, número e
Luciana Loureiro Penha Introdução
38
tamanho dos peroxissomos podem variar significamente durante as mudanças no
desenvolvimento. Leveduras como Hansenula polymorpha (Leão et al., 2003) e Pichia
pastoris (Sakai et al., 1998), que sob certas condições crescem com metanol como fonte de
carbono, têm o peroxissomo ocupando a maior parte do volume celular. Os peroxissomos
possuem um conjunto de enzimas que são essenciais apenas em condições específicas de
crescimento, quando ocorre algum tipo de mudança. Na mudança da fonte de carbono, os
peroxissomos velhos são rapidamente e eficientemente degradados por pexofagia, sendo que
novos peroxissomos, com diferentes conteúdos de enzimas, são sintetizados (Farré et al.,
2004). A degradação do peroxissomo pode ocorrer tanto por macro como por micropexofagia
(Figura 9), fenômeno já descrito em S. cerevisiae (Mukaiyama et al., 2004), H. polymorpha
(Stasyket et al., 2007) e P. pastoris (Chang et al., 2005).
Herman e colaboradores (2006) através de análise computacional, utilizando o
genoma de Leishmania e Trypanosoma propuseram que genes putativos poderiam codificar
enzimas necessárias ao processo de pexofagia, utilizando como base os genes que codificam
essas proteínas em levedura. Os autores concluíram que os tripanosomatídeos possuem um
conjunto completo de proteínas necessário para programar a autofagia do glicossomo, por um
processo análogo à pexofagia. Esse processo parece ser essencial para a viabilidade dos
tripanossomatídeos, sendo um processo ainda pouco estudado. A interferência nesse processo
poderia ser usada como possível alvo para o desenho de novas drogas, já que a identidade
entre as proteínas que participam desse processo em tripanossomatídeos e humanos é
relativamente baixa, variando de 26% até 46%, dependendo da proteína.
Luciana Loureiro Penha Introdução
39
Retículo
endoplasmático
Fusão
Glicossomo
Proliferação
Inserção de proteínas
de membrana
Importação de
proteínas para matrix
+
Microautofagia
Macroautofagia
Condições alteradas,
desenvolvimento de
novos glicossomos,
indução da pexofagia
Lisossomos
Retículo
endoplasmático
Fusão
Glicossomo
Proliferação
Inserção de proteínas
de membrana
Importação de
proteínas para matrix
+
Microautofagia
Macroautofagia
Condições alteradas,
desenvolvimento de
novos glicossomos,
indução da pexofagia
Lisossomos
Figura 9- Modelo do “turnover” de glicossomos. Michels et al., 2006 (com
modificações).
Enzimas glicossomais são sintetizadas em ribossomas livres no citoplasma e
transportados para o interior da organela. Os polipeptídeos transportados ao glicossomo são
sintetizados já com tamanho final, sem ser detectada quebra proteolítica ou modificação
secundária, como fosforilação, glicosilação ou adição de lipídeos. O tempo de vida médio de
algumas enzimas glicolíticas em T. brucei no citoplasma, antes de serem encaminhadas ao
glicossomo foi medido, e é em torno de 1,0- 3,4 minutos, sendo, portanto, o encaminhamento
para o glicossomo um processo relativamente rápido. Esses valores são comparáveis ao
tempo descrito para a translocação mais rápida de proteína de leveduras para os peroxissomos
(Subramani, 1992).
Luciana Loureiro Penha Introdução
40
11- Endereçamento de proteínas para glicossomos
A caracterização de proteínas envolvidas no direcionamento para o glicossomo
demonstrou a existência de diversas proteínas PEX em tripanosomatídeos. Essas proteínas
são essenciais para o T. brucei e para L. donovani (Flaspohler et al., 1999; Furuya et al.,
2002; Guerra-Giraldez et al., 2002; Moyersoen et al., 2003; Krazy e Michels, 2006), em
contraste com outros organismos, onde peroxinas não são essenciais para o crescimento
celular (Eckert e Erdmann, 2003). Acredita-se que a falta de viabilidade celular na ausência
de PEX reflete a necessidade da compartimentalização da glicólise no parasito (Furuya et al.,
2002). Dentre as 30 peroxinas já identificadas em mamíferos e leveduras, apenas uma
pequena fração foi identificada em tripanossomatídeos, e mesmo assim, somente uma delas
(PEX2) pôde ser identificada com base em pesquisa por homologia (Flaspohler et al., 1997)
dada à pequena identidade entre essas proteínas. Como exemplo de algumas PEXs estudadas
em tripanossomatídeos, as PEX5 e PEX14 de T. brucei e L. donovani foram clonadas e
caracterizadas e suas interações com algumas proteínas glicossomais foram demonstradas
bioquimicamente (Madrid e Jardim, 2005). Estudos semelhantes foram feitos com PEX5 e
PEX7 de T. brucei (Galland et al., 2007). Flaspohler e colaboradores (1999) tentaram a
deleção do gene que codificava a proteína PEX2 em L. donovani, porém os parasitos não
foram viáveis, sugerindo que esse gene seja essencial. O mesmo ocorreu com gene que
codifica PEX11 (Lorenz et al., 1998) e PEX14 (Furuya et al., 2002) em T. brucei.
A maioria das enzimas glicossomais analisadas em T. brucei e Leishmania
apresentam o sinal PTS1, algumas apresentam o sinal PTS2 e um pequeno número de
proteínas não apresentam sinal detectável que possa ser responsável pelo encaminhamento da
proteína. A análise computacional utilizando o projeto genoma de tripanossomatídeos revelou
a presença de aproximadamente 250 proteínas putativas contendo o consenso PTS, sendo
Luciana Loureiro Penha Introdução
41
consideradas proteínas glicossomais putativas. Aproximadamente, 2/3 das proteínas
apresentam o sinal PTS1 e 1/3 apresentam o sinal PTS2 (Opperdoes e Skikora, 2006).
Duas enzimas glicolíticas de T. brucei apresentaram um sinal I-PTS de
encaminhamento para glicossomo. A isoenzima fosfoglicerato quinase (PGK-A) minoritária
glicossomal é encaminhada para o glicossomo por uma seqüência interna localizada entre os
aminoácidos 24 e 91 da proteína (Peterson et al., 1997). A trifosfato isomerase (TIM) do T.
brucei é encaminhada para glicossomas por uma seqüência interna de 22 aminoácidos.
Existem três isoformas de PGK no T. brucei, uma PGK glicossomal (PGKg) que
possui um motivo de encaminhamento PTS-I (SSL) na extremidade C-terminal da proteína,
uma PGK citoplasmática (PGKc) que é mais abundante na forma procíclica, e uma PGK
glicossomal menor (PGK56) que é constitutivamente expressa em baixos níveis. O possível
papel dessa PGK menor, não é conhecido, no entanto, ela possui atividade enzimática e,
aparentemente, está conservada em todos os organismos que possuem glicossomo (Parker et
al., 1995). A identidade entre a PGKc e PGKg é de 95%, com a ausência do SSL no C-
terminal da proteína. Já a PGK56 possui 60% de identidade com as outras isoformas,
apresentando semelhanças nos 8 aminoácidos na extensão C-terminal e 80 aminoácidos de
inserção únicos dessa proteína. Peterson e colaboradores (1997) demonstraram que com a
deleção dos 13 primeiros aminoácidos de PGK56, assim como a deleção dos 24 primeiros
aminoácidos, essa proteína continuou sendo encaminhada para glicossomo. Após a deleção
dos primeiros 91 aminoácidos a proteína manteve-se no citoplasma, sugerindo que o motivo
de encaminhamento da proteína esteja contido entre os aminoácidos 24 e 91. No entanto, a
presença dos 91 aminoácidos não foi capaz de encaminhar a proteína repórter luciferase para
o glicossomo. Os autores sugerem:(1) que esse sinal, em caso de sinal linear, não tenha sido
exposto ou formado, em caso de sinal conformacional; (2) os primeiros 91 aminoácidos
Luciana Loureiro Penha Introdução
42
sozinhos não contenham a região completa de encaminhamento, necessitando de uma
seqüência comum a PGK56 e PGKc e que seja necessária também para o encaminhamento;
(3) que a PGK56 não contenha nenhum motivo de endereçamento, sendo encaminhada em
associação com outra proteína que contenha o motivo, sendo os 91 primeiros aminoácidos
possíveis de conter a subunidade que é necessária à possível associação.
O peptídeo compreendido pelos resíduos de aminoácidos 140 a 161, dos 250 resíduos
da proteína TIM, foi demonstrado ser suficiente e necessário para direcionar a proteína
repórter cloranfenicol acetil transferase para o glicossomo, quando fusionado na porção N-
terminal. O peptídeo correspondente da proteína TIM de S. cerevisiae não direcionou a
proteína para glicossomo, sugerindo que tripanossomatídeos possam conter moléculas
transportadoras alternativas ainda não carcaterizadas. Nos tripanossomatídeos (T. brucei, T.
cruzi e L. mexicana) a seqüência peptídica dos aminoácidos 140 a 161 da proteína TIM
apresenta alguns aminoácidos específicos, que são conservados apenas em
tripanossomatídeos e a inserção de 2 aminoácidos, podendo ser esses aminoácidos
responsáveis pelo endereçamento da proteína TIM para glicossomos em tripanossomatídeos
(De Walque et al., dado não publicado). Michels e colaboradores (2004) propõem que esse
peptídeo está localizado em uma alça exposta da molécula, que seria responsável pela
interação com uma proteína de encaminhamento ainda não caracterizada. Essa proteína
poderia ser uma peroxina ou outra proteína glicossomal que encaminharia a proteína TIM
para o interior do glicossomo por transporte indireto.
Neste trabalho demonstramos que a TcPGM encontra-se no interior de glicossomos
em todos os estágios de desenvolvimento do parasito, sugerindo que o metabolismo de Glc-
6P e Glc-1P em T. cruzi difere de outros eucariotos que possuem a PGM localizada no
citoplasma. Além disso, na TcPGM não há o consenso clássico de endereçamento para
Luciana Loureiro Penha Introdução
43
glicossomo, indicando que a PGM de T. cruzi seja encaminhada para essa organela por um
mecanismo alternativo ainda não caracterizado.
Luciana Loureiro Penha Objetivos
44
Esta tese visa investigar a localização sub-celular da PGM de T. cruzi (TcPGM) e as
bases moleculares e celulares do transporte da TcPGM para glicossomas em epimastigotas,
utilizando parasitos geneticamente modificados. A TcPGM é uma enzima essencial para a
biossíntese de glicoconjugados no T. cruzi, constituindo um potencial alvo para a ação de
quimioterápicos. Apesar de apresentar semelhanças na estrutura primária com a PGM de
mamíferos e leveduras, dados na literatura demonstraram que algumas enzimas do
metabolismo de açúcares em tripanosomatídeos estão localizadas no interior do glicossomo
(Roper et al., 2005). Esta afirmativa nos motivou a pesquisar a localização da TcPGM que
poderia estar localizada no glicossomo, sítio distinto da PGM de mamíferos. Apesar do
transporte de moléculas para glicossomos ser bastante estudado em T. brucei, pouco se
conhece sobre o endereçamento de compostos para os glicossomos em T. cruzi. O estudo do
metabolismo da galactose em T. cruzi, a continuação dos estudos moleculares da TcPGM e a
caracterização dos mecanismos envolvidos em seu endereçamento aos glicossomos,
permitirão a melhor compreensão da bioquímica deste parasito, a descoberta de novos alvos
para a ação de quimioterápicos e um avanço nos estudos genômicos, proteômicos e
glicômicos do T. cruzi. Para isto, os objetivos específicos a serem alcançados nesta tese são:
1) Estudar molecularmente a PGM em diferentes cepas de T. cruzi;
2) Estudar a localização sub-celular da TcPGM e sua associação a glicossomos;
3) Estudar as vias de endereçamento da TcPGM aos glicossomos.
Luciana Loureiro Penha Metodologia
45
1- Cultivo dos parasitos
Neste trabalho foram utilizados as cepa Dm28c, G, X10/6, Y, CLBrener e Tulahen de
T. cruzi. As formas epimastigotas foram mantidas axenicamente em meio LIT (infusão de
fígado e triptose) suplementado com 1 µg/mL de hemina e 10 µg/mL de ácido fólico,
contendo 10% de soro fetal bovino. Tripomastigotas de cultura foram obtidos do
sobrenadante de monocamadas de células LLCMK2 infectadas, cultivados em meio
Dulbeco’s, suplementado com 2% de soro fetal bovino (GIBCO), em atmosfera úmida,
contendo 5% CO
2
a 37 °C. Os tripomastigotas foram coletados e lavados por centrifugação
duas vezes em solução salina antes do uso. Formas amastigotas extracelulares foram obtidas a
partir de culturas de LLCMK2 infectadas e mantidas em meio Dulbeco`s, suplementado com
2 % de soro fetal bovino (GIBCO) em estufa seca a 37°C, em garrafas vedadas com
parafilme. Após 48 h de incubação os amastigotas foram recolhidos do sobrenadante.
Promastigotas de L. major cepa selvagem foram cultivados em meio Homem (Invitrogen)
contendo 10 % de soro fetal bovino a 28 º C. As culturas foram repicadas duas vezes por
semana com inóculo de 10
6
parasitos por mL.
2- Extração de DNA genômico de epimastigotas
O DNA de epimastigotas foi extraído seguindo a metodologia de Morel (1983). Uma
massa de células (aproximadamente 1,2x10
9
parasitos) foi lavada em tampão fosfato 20 mM,
NaCl 150 mM pH 7,2 (PBS) e o precipitado obtido após centrifugação a 3000 x g foi
ressuspenso em NaCl 0,15 M, contendo EDTA 0,1 M pH 8,0 e proteinase K (100 µg/mL).
Em seguida, adicionou-se 0,5% de sarcosyl e 10 µg/mL RNAse H e incubou-se por 3 h a 50
Luciana Loureiro Penha Metodologia
46
°C. A preparação foi submetida a extrações com fenol/clorofórmio (1:1, saturado em Tris-
HCl) até o desaparecimento do material precipitado e esbranquiçado da interface, seguindo-
se diálise em tampão TE (Tris 10 mM pH 8,0 e EDTA 1 mM) por 24 h. Após a diálise, a
amostra foi precipitada com NaOAc 0,3 M, 7 0% de etanol por 10min a -70 °C, o precipitado
foi separado por centrifugação a 10000 x g e ressuspenso em água mili-Q. A concentração de
DNA total foi determinada de acordo por absorbância a 260 nm em espectrofotômetria.
3- Reação de Polimerase em Cadeia (PCR)
Tabela 1: Temperaturas de anelamento (T
A
) dos oligonucleotídeos utilizados na reação de
PCR.
O
LIGONUCLEOTÍDEOS SEQÜÊNCIA T
A
Start (senso) 5´ CGGAATTCATGAATCTGGGCGAAACCC 3´
52°C
Stop (antisenso) 5´ CGCTCGAGTCAAGTGATGACTGTGGGGGCG 3´
52°C
PGMF (senso) 5´ TCCCCCGGGATGAATCTGGGCGAAACCCAG 3´
65°C
CTRI (antisenso) 5´ CGGAATTCCCCAATGGCATTAAAAG 3´
61°C
CTRII (antisenso) 5´ CGGAATTCGCACAAAGCACTTTCTG 3´
64°C
CTRIII (antisenso) 5´ CGGAATTCCCAACCTGTGGGAACTTC 3´
66°C
CTRIV (antisenso) 5´ CGGAATTCATGCCGTGCTACGGCATTGGG
65°C
FullPGM (antisenso) 5´ CGGAATTCAGTGATGACTGTGGGGGCG 3´
59°C
GFPF (senso) GAATTCATGGTGAGCAAGGGCGA 3´
65°C
GFPR (antisenso) 5´ GTCGACTTACTTGTACAGCTCGTC 3´
59°C
GAATTC Sítio de enzima de restrição EcoRI
CTCGAG Sítio de enzima de restrição XhoI
CCCGGG Sito de enzima de restrição SmaI
GTCGAC Sítio de enzima de restrição SalI
Luciana Loureiro Penha Metodologia
47
Para a reação de PCR foi utilizado 1 µg de DNA genômico juntamente com 0,3 µM
de cada oligonucleotídeo, 200 µM de dNTPs, 1,5 mM de MgCl
2
, 1x tampão de PCR Phusion,
1 pmol de cada oligonucleotídeo e 1 U de Phusion DNA polimerase (Invitrogen) em volume
final de reação de 50 µL. A reação foi realizada em termociclador modelo MWG AG
(Bistech, Inc.) programado para desnaturação inicial de 94 °C por 30 s, seguida por 30 ciclos
de desnaturação (98 °C/5-10 s), anelamento (temperaturas de acordo com tabela 1/10-30 s) e
extensão (72°C/15-30 s) mais uma extensão final de 10 min a 72 °C.
4- Eletroforese em gel de agarose
As preparações de DNA foram submetidas à corrida eletroforética em gel de
agarose (Sigma Chemical Co, USA) 0,8 % em tampão TAE (Tris-acetato 20 mM, EDTA
0,5 M) a 100 V.cm
-2
. Os géis foram corados com brometo de etídeo 0,5 µg/mL. O
fracionamento do DNA foi visualizado através da fluorescência emitida pelo brometo de
etídeo associado ao DNA quando exposto à radiação ultra-violeta de onda curta
(Sambrook et al. 1989, com modificações).
5- Seqüenciamento e análise de seqüências nucleotídicas
O DNA foi seqüenciado em seqüenciador automático API-3100 (Applied Biosystems)
utilizando-se o protocolo de seqüenciamento (Applied Biosystems), de acordo com as
recomendações do fabricante. As seqüências obtidas foram analisadas pelo software
DNASTAR. A busca por seqüências homólogas, nucleotídicas e peptídicas, foram realizadas
Luciana Loureiro Penha Metodologia
48
no GenBank (http://www.ncbi.nlm.nih.gov
), no Projeto Genoma de parasitos
(http://www.tigr.org
) ou (http://www.genedb.org), utilizando o algoritmo BLAST (Altschul
et al., 1997). Os alinhamentos das seqüências foram realizados utilizando o programa
ClustalW (http://www.expasy.org
).
6- Clonagem
A região codificante completa do gene pgm de T. cruzi foi obtida a partir de reação de
PCR tendo o DNA genômico do parasito como molde e os oligonucleotídeos Start e Stop
como iniciadores. Em seguida, o produto de PCR foi purificado a partir de gel de agarose
utilizando-se o kit Gene Clean II (Bio101) e submetido a uma reação de adição de terminação
adenosina livre (“3’ A-overhangs”), por 15 min a 72
o
C na presença de 50 nmol do
desoxirribonucleotídeo adenina e 0,5 U da enzima Taq polimerase. Posteriormente, o
fragmento foi ligado ao vetor de clonagem pCR4-TOPO (Invitrogen).
7- Indução de competência de bactérias
As células competentes foram preparadas a partir de estoque de Escherichia coli
DH5 [F- supE44 lacU169 (ø80 lacZM15)hsdR17 (r
k
–, m
k
–) recA1 endA1gyrA96 thi–1
relA1], Escherichia coli BL21(D3) e Escherichia coli K12. Uma colônia de cada bactéria
foi coletada e crescida em 5 mL de meio LB (Bacto-Tiptona 1,0 %, extrato de levedura 0,5
%, NaCl 1,0 %) por 16 h a 37
o
C, sob agitação constante. Em seguida, 1 mL da cultura
crescida foi inoculado em 200 mL de meio LB e incubado por 2-3 h a 37
o
C sob agitação
(300 rpm) até atingir a OD
600
= 0,2. As células foram então transferidas para tubos de
Luciana Loureiro Penha Metodologia
49
centrífuga e incubadas por 10 min no gelo, centrifugadas a 7.000 x g por 5 min e
cuidadosamente ressuspensas em 1/5 do volume inicial (40 mL) de MgCl
2
100mM.
Posteriormente as bactérias foram incubadas no gelo por 20 min, centrifugadas a 7000 x g por
5 min e ressuspensas cuidadosamente em 8 mL de CaCl
2
100 mM no gelo. Foram então
adicionados 2 mL de glicerol 80 % (v/v) estéril à suspensão bacteriana, a qual foi distribuída
em tubos Eppendorf e utilizadas imediatamente ou armazenadas a –70
o
C.
8- Transformação de E.coli
A transformação foi induzida adicionando-se 2 µL da reação de ligação de interesse
em 100 µL de E. coli (DH5α, K12 ou Bl21(D3)) competente, seguindo-se de incubação em
banho de gelo por 30 min. Após choque térmico por 2 min a 42 °C e incubação em banho de
gelo por 2 min, as células foram recuperadas adicionando-se 800 µL de meio LB e mantendo
a cultura por 1 h a 37 °C. Após sedimentação das células por centrifugação (1 min a 12000 x
g), as bactérias ressuspensas em 100 µL de meio LB foram plaqueadas em meio LB sólido
contendo 100 µg/mL de ampicilina ou 15 µg/mL kanamicina (Sigma Chemical Co.) para
seleção dos transformantes (Sambrook et al. 1989, com modificações).
9- Clonagem em vetores de expressão
Plasmídeos pCR4-TOPO, contendo o gene completo para a PGM de T. cruzi e os
vetores de expressão pET-28a(+) (Novagen) foram digeridos com as endonucleases EcoRI e
XhoI (New England Biolabs). A ligação do fragmento liberado pelo pCR4-TOPO nos vetores
de expressão foi feita com a enzima T
4
DNA ligase (Promega), por 18 h à temperatura
Luciana Loureiro Penha Metodologia
50
ambiente. A transformação foi realizada em E. coli DH5α e a verificação dos clones
positivos concluída através de extração de plasmídeos por lise alcalina.
Para clonagem dos fragmentos de PCR com as diferentes construções a serem
inseridas no plasmídeo pTEX (Kelly et al., 1992), os fragmentos obtidos após realização do
PCR foram purificados utilizando-se o kit Gene Clean II (Bio101) e digeridos com as
enzimas SmaI e EcoRI. Após digestão, os fragmentos foram novamente purificados e
clonados no plasmídeo pTEX com o gene que codifica para a “Green fluorescent protein”
(GFP) já inserido nos sítios de EcoRI e SalI do plasmídeo.
PGM GFPPGM GFP
Figura 10- Múltiplo sítio de clonagem do plasmídeo pTEX (Kelly et al., 1992). Em
vermelho, sítios onde as diferentes construções gênicas que codificam para PGM foram
clonadas (SmaI/EcoRI), e em verde sítios onde o gene que codifica para GFP foi clonado
(EcoRI/SalI).
Luciana Loureiro Penha Metodologia
51
Lise alcalina para extração de plasmídeos
As bactérias transformadas com plasmídeos de interesse foram cultivadas em 3 mL de
meio LB contendo 100 µg/mL de ampicilina ou 15 µg/mL kanamicina por 18h a 37 °C sob
agitação. Posteriormente 1 mL das células foram sedimentados por centrifugação a 12000 x g
por 1 min. O precipitado foi ressuspenso em 100 µL da solução I (0,9% de glicerol 20%, 10
mM de EDTA 0,5 M pH 8,0, 25 mM de Tris-HCl 1 M pH 8,0). A solução II (10% SDS 10%,
20% NaOH 1 N) foi preparada para o uso imediato, e foram adicionados 200 µL da soluçãoII
à suspensão de células. Em seguida 150 µL da solução III (60% KAc 5 M, 11,5% ác. acético)
foram adicionados e a mistura incubada por 10 min em banho de gelo. Logo após, a
suspensão obtida foi centrifugada, sendo o DNA plasmidial obtido no sobrenadante
submetido à extração com fenol-clorofórmio e a fase aquosa transferida para um novo tubo,
onde foram adicionados 20 µL de acetato de sódio (NaOAc) 3 M e 250 µL de etanol (Merck)
e incubado a -70 °C por 15 min. O material precipitado foi lavado com etanol 70% e
ressuspendido em 30 µL de H
2
OmilliQ (Sambrook et al. 1989, com modificações). Para
preparações de DNA plasmidial em larga escala foi utilizado kit de Maxi-prep do fabricante
Quiagen.
10- Eletroforese em gel de poliacrilamida
Os extratos totais (100 µg de proteína) foram homogenizados em solução contendo
tampão 100 mM Tris-HCl pH 6,8, 2% SDS, 10% 2-β-mercaptoetanol, 0,012% glicerol e azul
de bromofenol (tampão de amostra). As amostras foram fervidas por 5 min e submetidas a
SDS-PAGE 11% para separação eletroforética. Os géis foram corados e fixados
Luciana Loureiro Penha Metodologia
52
mergulhando-os em solução de Azul de Comassie e posteriormente mergulhados em solução
descorante I (50% metanol, 10% ác. acético) e solução descorante II (5% metanol, 7% ác.
acético). Para secagem o gel foi mergulhado em solução de secagem (40% metanol e 3%
glicerol) e preso entre folhas de papel celofane por aproximadamente 48 h.
11- Expressão e purificação da PGM recombinante
A expressão foi realizada conforme protocolo do fabricante do plasmídeo pET-28a(+)
(Novagen), deixando a cultura atingir uma OD
600nm
de 0,6 em meio LB com 15 µg/mL de
kanamicina, para serem induzidas com 400 mM de IPTG por 3 h a 28 ºC.
As células foram coletadas por centrifugação, lavadas com tampão PBS (20 mM
fosfato de sódio, 150 mM NaCl pH 7,2) e solubilizadas em tampão 20 mM Tris-HCl 200 mM
NaCl pH 8,0 contendo os inibibores de protease (30 µm E-64, 0,5 mM PMSF, 2 µg/mL
leupeptina, 1mM EDTA, 2 µg/mL pepstatina). As bactérias foram rompidas após adição de 1
mg/mL de lisozima, por sonicação a uma eficiência de 20% com 6 repetições de pulsos por
10 s com pausas entre cada pulso de 10 s no gelo. Após lise, o material foi centrifugado a
16.000 x g por 20 min, e amostras do pellet e sobrenadante foram dissolvidos em tampão de
amostra (100mM Tris-HCl pH6,8, 2% SDS, 10% 2-β-mercaptoetanol, 0,012% glicerol e azul
de bromofenol) para serem resolvidos em SDS-PAGE 11%. A eletroforese foi realizada a 25
mA em tampão Tris-glicina (Tris HCl 25 mM pH 8,3; glicina 191 mM; SDS 0,1%) até que o
corante atingisse o fim do gel. Para a visualização das proteínas, logo após a corrida, o gel foi
corado em azul de comassie (comassie blue R250 0,2% p/v; metanol 45% v/v; ácido acético
10% v/v) sob agitação à temperatura ambiente por cerca de 16 h e descorado em 40%
metanol v/v, 10% v/v ácido acético.
Luciana Loureiro Penha Metodologia
53
Para purificação do corpo de inclusão de acordo com protocolo do plasmídeo
pET28a(+) após lise das bactérias por sonicação o material foi centrifugado a 5000 x g por 15
min a 4ºC, o sobrenadante foi retirado e o corpo de inclusão foi lavado 2 vezes com tampão
PBS antes de serem ressuspensos em tampão 10 mM Tris-HCl, 100 mM N
2
H
2
PO
4
, 8 M uréia,
pH 8,0.
A proteína de fusão foi purificada em resina de afinidade níquel-agarose (Quiagen),
tendo o plasmídeo pET28a(+) uma extensão de poli-histidinas no N-terminal da proteína
recombinante. O extrato da bactéria obtido foi incubado por 30 min a temperatura ambiente
com resina de níquel/NTA-agarose previamente equilibrada em tampão 10 mM Tris-HCl,
100 mM N
2
H
2
PO
4
, 8 M uréia, pH 8,0. A resina ligada foi então carregada em uma coluna de
cromatografia, lavada com mesmo tampão anterior acrescido de 25 mM de imidazol (10
volumes) e eluída com o mesmo tampão contendo 1 M de imidazol (Merk). Alíquotas de
todas as etapas de purificação foram coletadas, diluídas em igual volume de tampão de
amostra e analisadas por SDS-PAGE. A proteína purificada foi dosada através do método de
Bradford, utilizando o kit Dc-bioassay (Biorad) (Bergmeyer, 1986).
12- Produção de anticorpos policlonais
A imunização foi feita na região lombar do coelho por via sub-cutânea com 400 µg de
PGM recombinante, diluída 1:1 em adjuvante completo de Freund. Após 30 e 45 dias os
animais receberam reforços de imunização com a mesma quantidade de PGM diluída em
adjuvante incompleto de Freund. Dez dias após o último reforço os animais foram sangrados
e o soro policlonal coletado. Para a obtenção do soro foi utilizado o sistema BD Vacutainer.
Luciana Loureiro Penha Metodologia
54
As amostras de proteína purificadas foram também utilizadas na imunização de 10
camundongos Balb/C com 2 meses e meio de idade. Cada camundongo sofreu uma primeira
imunização com, aproximadamente, 50 µg de proteína diluída 1:1 em adjuvante completo de
Freund. Após 2 semanas os animais receberam reforço de imunização com a mesma
quantidade de PGM diluída em adjuvante incompleto de Freund, e se repetiu após mais 2
semanas. Dez dias após a última imunização os camundongos tiveram seu sangue coletado
para purificação do soro.
Os soros foram utilizados em ensaios preliminares de Western Blot para determinação
da titulação ideal a ser usada. Foram feitas inicialmente diluições de 1:500, 1:1000, 1:2000,
1:3000, 1:4000 e 1:5000 do soro em tampão PBS, que foram utilizados em membranas de
nitrocelulose (Amershan) cortadas em tiras de 1 cm de largura (Olmsted, 1981; revisado por
Pringle et al., 1991) com 100 µg de extrato total da forma epimastigotas de T.cruzi em cada
tira.
13- Purificação dos soros contendo anticorpos anti-PGM
Os soros produzidos em coelho e camundongo foram purificados contra extrato
protéicos de bactéria. Extratos protéicos de E. coli Bl21(D3) foram submetidos à SDS-
PAGE 11%. Ao final da corrida o gel, foi transferido para membrana de nitrocelulose. A
membrana foi cortada em tiras (1 cm) e foram incubados em PBS, leite desnatado 5% p/v à
temperatura ambiente por 1 h para que ocorresse o bloqueio de sítios inespecíficos. Os soros
de camundongo e coelho foram adicionados aos filtros e incubados por 16 h a 4ºC sob
agitação. Os anticorpos que permaneceram em solução, não tendo se ligado ao filtro
Luciana Loureiro Penha Metodologia
55
formaram a fração de nosso interesse. As frações foram utilizadas em ensaios de Western
Blot.
Para purificação do anticorpo por afinidade, o material contendo o corpo de inclusão
foi aplicado SDS-PAGE 11%, transferido para membrana de nitrocelulose, e corados por
solução de Ponceau. A região da nitrocelulose que continha a proteína recombinante foi
cortada com auxílio de um bisturi, em uma pequena tira de membrana. Essa foi bloqueada
em solução PBS BSA 3% (albumina de soro bovino-Sigma) à temperatura ambiente por 1 h.
Os soros de coelho e camundongos foram adicionados às tiras de nitrocelulose por 48 h a 4ºC
com agitação. Após esse período, as tiras de nitrocelulose foram lavadas por 3 vezes com
PBS, e os anticorpos específicos para a proteína recombinante foram eluídos da membrana à
temperatura ambiente por 8 min com glicina 0,2M; EDTA 1mM pH 4,0 e coletados em um
tubo previamente resfriado contendo solução de Tris-base 10 mM em volume suficiente para
neutralização da solução resultante. Tal fração de anticorpos purificados foi utilizada em
ensaios de Western Blot e imunofluorescência.
14- Análise por Western Blot
Para análise por Western blot as proteínas foram transferidas para membranas de
nitrocelulose de 0,45µm (BioRad) segundo o método de Towbin e colaboradores (1979).
Após a transferência eletroforética, as membranas foram incubadas a 4
o
C por 1 a 16 h em
tampão de bloqueio [Tris 10mM, NaCl 190mM, Tween 20 0,1% (v/v), leite em pó desnatado
9% (v/v)]. Foram realizadas repetidas lavagens em tampão TBST [Tris 10mM, NaCl 190mM,
Tween 20 0,1% (v/v)]. As membranas foram então incubadas por 1 h sob agitação suave com
o soro policlonal PGM diluído 1:2000 em tampão de bloqueio, subseqüentemente incubadas
Luciana Loureiro Penha Metodologia
56
por mais 1 h sob agitação com o anticorpo secundário α-IgG de coelho ou camundongo
conjugado a fosfatase alcalina (Sigma Chemical Co.) diluído 1:10000 em tampão de
bloqueio, e lavadas repetidas vezes em TBST. O produto resultante foi revelado por
incubação das membranas com o substrato da fosfatase alcalina NBT/BCIP (Sigma Chemical
Co.). A reação foi parada com H
2
O destilada.
15- Reutilização de membranas de nitrocelulose em Western Blot
As membranas de nitrocelulose previamente utilizadas em ensaios de Western Blot
foram submetidas a tratamento para retirada dos anticorpos primários e secundários para que
pudessem ser reutilizadas. As membranas foram mantidas a 50 °C por 30 min em solução de
-mercaptoetanol 100 mM, SDS 2%, Tris HCl 62,5 mM pH 6,7. Em seguidas, foram lavadas
2 vezes, sob agitação, TBS-Tween 0,05% v/v à temperatura ambiente por 10 minutos.
Finalmente, as membranas foram colocadas em TBS-Tween 0,05% v/v, leite desnatado 9%
p/v por 1 h sob agitação, à temperatura ambiente, para que pudessem reutilizadas.
16- Fracionamento sub-celular dos epimastigotas
O fracionamento sub-celular dos epimastigotas foi elaborado pelo grupo de Cunha-e-
Silva e colaboradores (2002) para o isolamento de reservossomos. 10
10
parasitos em fase
logarítmica de crescimento foram centrifugados e lavados 2 vezes em tampão TMS (20 mM
Tris-HCl pH 7.2, contendo 2 mM MgCl
2
e 250 mM sacarose) e reusspensos em 13 mL do
mesmo tampão. Os parasitos foram cautelosamente rompidos por sonicação, com 15 ciclos de
2 seg e 1 seg de intervalo entre os ciclos, no gelo, utilizando o aparelho ultra-sônico (Sigma,
Luciana Loureiro Penha Metodologia
57
GEX 600 Model), operando a 10% da amplitude total, gerando um homogenato total. Após
centrifugação a 2450 x g por 10 min, o pellet foi descartado e o sobrenadante foi misturado
em volumes iguais a tampão contendo 2,3 M sacarose. Doze mL da mistura foram
depositados em um tubo de centrifuga Beckman SW28, e foi adicionado 10 mL dos tampões
1,2 M, 1,0 M e 5 mL do tampão 0.8 M de sacarose, para formação do gradiente de sacarose.
A amostra foi centrifugada a 97000 x g por 250 min. A interface 0,8M/1,0M, denominada R e
a camada 1,2 M/1,27 M denominada M, foram coletadas, diluídas em tampão TMS e
centrifugadas a 120000 x g por 30 min, e o pellet foi ressuspenso em TMS, sendo então
processadas para microscopia eletrônica ou para análise bioquímica. O conteúdo de PGM ou
GPDH presente nas frações foi analisado por Western Blot de acordo com o método descrito
acima.
17- Separação de fase de proteínas integrais de membrana com Triton X-114
Epimastigotas (5x10
7
células) foram lisados em 200 µl da solução Tris-HCl 10 mM,
NaCl 150 mM, pH 7,4, 2% Triton X-114, coquetel de inibidores e incubados por 30 min a 4
ºC. Depois a amostra foi incubada por 5 min a 37 ºC e centrifugada por 5 min a 11000 x g a
temperatura ambiente. A fase detergente I foi separada da fase aquosa I e de acordo com o
volume obtido na fase aquosa, foi adicionado Triton X-114 10% à fase aquosa I de forma a
mantê-la 2% final, novamente foi incubado por 5 min a 37 ºC. Juntou-se então essa amostra
que foi incubada pela segunda vez por 5 min a 37 ºC a fase detergente I e o material foi
centrifugado por 5 min a 11000 rpm. Assim foi separado a fase detergente II da fase aquosa
II, e adicionou-se novamente Triton X-114 10% à fase aquosa II, de forma que ficasse 2%
final. Na fase detergente II foi adicionado tampão de forma que essa fase também ficasse 2%
final. As amostras foram visualizadas por Western Blot.
Luciana Loureiro Penha Metodologia
58
18- Transfecção em epimastigota de T. cruzi
A transfecção foi realizada de acordo com protocolo utilizado por Buck e
colaboradores (1994) onde epimastigotas (5x10
8
parasitos) foram lavados 2 vezes em tampão
PBS, antes de serem ressuspensos em 0,4 mL de tampão HEPES (140mM NaCl, 0,4mM
Na
2
HPO
4
, 25mM HEPES
,
pH 7,0) no qual foram adicionados 50µg do DNA purificado. Os
parasitos foram incubados 10 min no gelo antes de serem eletroporados. A eletroporação foi
realizada em cubetas de 0,4 cm com 2 pulsos de 1,5 K
v
, 25 µF em eletroporador Bio-Rad.
Imediatamente após a transfecção , os parasitos foram incubados por 5 min a temperatura
ambiente e foram diluídos em 5 mL de meio LIT contendo 10% de soro fetal bovino e
cultivados em frascos de 25 cm
3
por 24 h a 28 ºC, antes da adição da droga, 500 µg/mL de
geneticina (Sigma). Após aproximadamente 30 dias, os parasitos foram selecionados na
presença da droga.
19- Imunofluorescência
Epimastigotas de cultivo axênico, tripomastigotas e amastigotas do sobrenadante de
culturas infectadas foram coletados através de centrifugação, lavados em PBS (tampão
fosfato de sódio 10 mM, pH 7,2-7,4, acrescido de NaCl 150 mM) e fixados em
paraformaldeído 4% em PBS por 10 min à temperatura ambiente. Posteriormente, os
parasitos foram aderidos por 15 min a lamínulas previamente revestidas por poli-L-lisina
0,1% em PBS. As células não aderidas foram retiradas por lavagem com PBS e as aderidas
foram permeabilizadas com Triton X-100 0,5% por 5 min a 28
o
C. As amostras foram
incubadas em cloreto de amônio 50 mM em PBS por 30 min, a fim de bloquear os aldeídos
livres. Depois disso, foram incubadas em PBS suplementado com albumina bovina fração V
Luciana Loureiro Penha Metodologia
59
1,5% e gelatina de peixe 0,5%, pH 7,4 (tampão de bloqueio) por 1 h à temperatura ambiente.
Depois de bloquear os sítios inespecíficos, as lamínulas foram incubadas com os anticorpos
primários utilizados na concentração específica por 1 h na temperatura ambiente. Os
controles foram feitos substituindo-se os anticorpos primários por tampão de bloqueio.
Depois de lavadas em tampão de bloqueio as amostras foram incubadas com anticorpos
secundários conjugados a Alexa 488 (Molecular Probes) (diluídos 1:500) ou Alexa 546 na
mesma diluição, para experimentos de co-localização. Por fim, as amostras foram lavadas,
montadas sobre lâmina usando n-propil galato (Sigma) 0,2 M em PBS-glicerol 9:1 como
meio de montagem e observadas no microscópio de fluorescência Zeiss Axioplan-1 equipado
com uma câmera Hamamatsu C5810. As imagens capturadas foram processadas usando o
programa Adobe Photoshop CS2.
20- Microscopia eletrônica de transmissão
Para a microscopia eletrônica de transmissão de rotina, parasitos foram coletados
através de centrifugação, lavados em PBS, pH 7,2, fixados em glutaraldeído tipo I (Electron
Microscopy) 2,5% em tampão fosfato de sódio 0,1 M pH 7,2, pós-fixados em tetróxido de
ósmio (Electron Microscopy) 1%, ferrocianeto de potássio 0,8%, cloreto de sódio 5mM em
tampão cacodilato de sódio 0,1 M, pH 7,2. Após desidratação em série crescente de acetona
(50, 70, 90 e 100%) as amostras foram infiltradas e incluídas em Epon (Electron
Microscopy), que polimerizou após 48 h em estufa a 60
o
C. Secções ultrafinas foram obtidas
em ultramicrótomo Reichert Ultracut S, coletadas em grades de cobre e coradas
sucessivamente com acetato de uranila 5% em água por 40 min e citrato chumbo por 5 min.
As amostras foram examinadas e fotografadas ao microscópio eletrônico Zeiss EM 900 ou
JEOL 1200 operando a 80 kV. Depois de revelados, os negativos fotográficos foram
Luciana Loureiro Penha Metodologia
60
digitalizados em scanner Epson com resolução de pelo menos 600 dpi e as imagens foram
processadas usando o programa Adobe Photoshop CS2.
21- Crio-ultramicrotomia
Epimastigotas foram fixados em tampão cacodilato 0,1M contendo 4% de
paraformaldeído e glutaraldeído 0,2% tipo I por 40 min a 28
o
C . Depois de fixadas, as
amostras foram lavadas em tampão cacodilato 0,1M e infiltradas em sacarose 2,3M em PBS,
cortadas em pequenos blocos e transferidas para suportes que foram rapidamente congelados
por imersão em nitrogênio liquido. Criocortes foram obtidos com o uso do
crioultramicrotomo Leica Ultracut e foram coletados em sacarose 2,3 M, depositados sobre
grades de níquel cobertas por Formvar/carbono e foram transferidos para uma solução de
PBS contendo BSA 3%. Os criocortes foram bloqueadas com PBS contendo 50 mM de
cloreto de amônio por 15 min e posteriormente com BSA 3% por 1 h antes de incubar com
anticorpo anti-PGM de camundongo (1:100) e anti-GAPDH de coelho (1:200), seguida de
IgG anti-camundongo (cabra) acoplados a partículas de ouro de 5 nm e IgG anti-coelho
(cabra) acoplados a partículas de ouro de 15 nm, diluídos 1:100. Depois da incubação, os
criocortes foram incluidos em 1,4 % de metilcelulose e 0,3% de acetato de uranila.
Posteriormente, as amostras foram observadas no microscópio eletrônico de transmissão Jeol
1200 EX a 80kV.
Luciana Loureiro Penha Resultados
61
1- Gene pgm nas diferentes cepas de T. cruzi
Em trabalho anteriormente realizado pelo nosso grupo (Penha et al., 2005), o gene que
codifica PGM de T. cruzi foi clonado e sua atividade caracterizada por complementação
heteróloga em levedura mutante deficiente da PGM. Como a PGM já foi utilizada como
isoenzima para diferenciar cepas de T. cruzi em três zimodemos principais (Miles et al.,
1980), utilizamos os oligonucleotídeos que amplificavam a região codante do gene pgm da
cepa Dm28c como ferramenta para analisar molecularmente a PGM nas diferentes cepas de
T. cruzi. Reações de polimerase em cadeia (PCR) utilizando enzimas de alta fidelidade e
DNA genômico de epimastigota das cepas Dm28c, Silvio X10/6, Brazil, Y, G, Tulahen e
CLBrener como molde foram realizadas para isolar o gene pgm. Oligonucleotídeos dirigidos
para região codante da pgm da cepa Dm28c (Start/Stop) resultaram na amplificação de um
único fragmento apresentando 1800pb nas diferentes cepas utilizadas (Figura 11). Esses
fragmentos foram purificados e seqüenciados pelo menos três vezes.
1,5
2,0
1,0
M 1 2 3 4 5 6 7
Kb
1,5
2,0
1,0
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Kb
Figura 11- Fragmentos de PCR amplificados utilizando oligonucleotídeos específicos
para a região codante da pgm da cepa Dm28c. (M) marcador de peso molecular (BioToots do
Brasil), e DNA utilizado com molde da cepa (1) Dm28c, (2) CLBrener, (3) Tulahen, (4)
Brazil, (5) Y, (6) G e (7) Silvio X10/6.
Luciana Loureiro Penha Resultados
62
2- Múltiplo-alinhamento da seqüência de aminoácidos predita
As seqüências de aminoácido preditas obtidas juntamente com a seqüência de
aminoácidos da cepa CLBrener anotadas (TIGR 7811 e 8825) foram alinhadas utilizando o
programa CLUSTAL W. Esses fragmentos apresentaram-se altamente conservados,
apresentando uma homologia entre as seqüências de 99,8% a 98%. Entretanto uma pequena
variação foi observada nos resíduos de aminoácidos das posições 3 e 16, que foi
particularmente interessante, já que essas substituições ocasionaram mudança de carga dos
aminoácidos. Enquanto o resíduo da posição 3 nas seqüências provenientes das cepas
CLBrener e Tulahen é alanina as seqüências das demais cepas apresentaram nessa mesma
posição um ácido aspártico, que é um aminoácido de carga negativa. Já na posição 16, as
seqüências provenientes das cepas CLBrener e Tulahen apresentaram uma lisina (K), que foi
substituído nas demais cepas por uma glutamina (Q). Já a cepa CLBrener por ser uma cepa
híbrida apresentou na posição 16 em um alelo uma lisina (K) e em outro alelo uma glutamina
(Q).
Nossos resultados condizem com o que já foi demonstrado no trabalho realizado por
Brisse e colaboradores (1998) onde foi demonstrado claramente que a cepa CLBrener é
molecularmente semelhante à cepa Tulahen, não sendo observado diferenças entre a
migração das isoenzimas PGM em análises por MLEE. Estudos posteriores poderão
demonstrar se a PGM poderá ser usada futuramente como uma ferramenta molecular para
separar as diferentes cepas do T. cruzi.
Fgura 12 – Múltiplo alinhamento da seqüência de aminoácidos predita para PGM.
Resíduos conservados são assinalados com asterístico (
*). Em rosa e verde substituições que
introduzem mudança de carga. (CL) cepa CLBrener. Foi utilizado o programa CLUSTALW.
Luciana Loureiro Penha Resultados
63
Dm28c MLDVKKVPTRPFIDQKPGTSGLRKKVRVFQQENYLANFIQSTFNAIGKQGMIPDTLVLGGDGRYFLSEAIQ
CL8825 MLAVKKVPTRPFIDQKPGTSGLRKKVRVFQQENYLANFVQSTFNAIGKQGMIPDTLVLGGDGRYFLSEAIQ
CL7811 MLAVKKVPTRPFIDQQPGTSGLRKKVRVFQQENYLANFIQSTFNAIGKQGMIPDTLVLGGDGRYFLSEAIQ
Bra MLDVKKVPTRPFIDQKPGTSGLRKKVRVFQQENYLANFIQSTFNAIGKQGMIPDTLVLGGDGRYFLSEAIQ
G MLDVKKVPTRPFIDQKPGTSGLRKKVRVFQQENYLANFIQSTFNAIGKQGMIPDTLVLGGDGRYFLSEAIQ
X10/6 MLDVKKVPTRPFIDQKPGTSGLRKKVRVFQQENYLANFIQSTFNAIGKQGMIPDTLVLGGDGRYFLSEAIQ
Tul MLAVKKVPTRPFIDQQPGTSGLRKKVRVFQQENYLANFIQSTFNAIGKQGMIPDTLVLGGDGRYFLSEAIQ
** ************ **********************:********************************
Dm28c IIIKLAAANGVSNVWVGKDGLLSTPAVSNIIRQRRDGDVTAKGAFILTASHNPGGPEEDFGIKYNTENGGP
CL8825 IIIKLAAANGVSNVWVGKDGLLSTPAVSNIIRQRRDGDVTAKGAFILTASHNPGGPEEDFGIKYNTENGGP
CL7811 IIIKLAAANGVSNVWVGKDGLLSTPAVSNIIRQRRDGDVTAKGAFILTASHNPGGPEEDFGIKYNTENGGP
Bra IIIKLAAANGVSNVWVGKDGLLSTPAVSNIIRQRRDGDVTAKGAFILTASHNPGGPEEDFGIKYNTENGGP
G IIIKLAAANGVSNVWVGKDGLLSTPAVSNIIRQRRDGDVTAKGAFILTASHNPGGPEEDFGIKYNTENGGP
X10/6 IIIKLAAANGVSNVWVGKDGLLSTPAVSNIIRQRRDGDVTAKGAFILTASHNPGGPEEDFGIKYNTENGGP
Tul IIIKLAAANGVSNVWVGKDGLLSTPAVSNIIRQRRDGDVTAKGAFILTASHNPGGPEEDFGIKYNTENGGP
***********************************************************************
Dm28c AAEKITSVIYEETLKIDHFLTCPNIGTVNVSEMGDHVFERFRVSVIHSTEDYVQSMKKIFDFQSIRNLLNR
CL8825 AAEKITSAIYEETLKIDHFLTCPNIGTVDVSEMGDHVFERFRVSVIHSTEDYVQSMKKIFDFQSIRNLLNR
CL7811 AAEKITSAIYEETLKIDHFLTCPNIGTVNVSEMGDHLFERFRVSVIHSTEDYVQSMKKIFDFQSIRNLLNR
Bra AAEKITSAIYEETLKIDHFLTCPNIGTVNVSEMGDHVFERFRVSVIHSTEDYVQSMKKIFDFQSIRNLLNR
G AAEKITSVIYEETLKIDHFLTCPNIGTVNVSEMGDHVFERFRVSVIHSTEDYVQSMKKIFDFQSIRNLLNR
X10/6 AAEKITSVIYEETLKIDHFLTCPNIGTVNVSEMGDHVFERFRVSVIHSTEDYVQSMKKIFDFQSIRNLLNR
Tul AAEKITSAIYEETLKIDHFLTCPNIGTVNVSEMGDHLFERFRVSVIHSTEDYVQSMKKIFDFQSIRNLLNR
*******.********************:*******:**********************************
Dm28c TDFTIRLDGLSGIGGPYMKDIFVSSLGVPESALCGATPLPDFGKQHPDPNLTYAKELVRTMGLDSTGRPVA
CL8825 TDFTIRLDGLSGIGGPYMKDIFVSSLGVPESALCGATPLPDFGKQHPDPNLTYAKDLVRSMGLDSTGRPVA
CL7811 TDFTIRLDGLSGIGGPYMKDIFVSALGVPESALCGATPLPDFGKQHPDPNLTYAKELVRTMGLDSTGRPVA
Bra TDFTIRLDGLSGIGGPYMKDIFVSSLGVPESALCGATPLPDFGKQHPDPNLTYAKELVRTMGLDSTGRPVA
G TDFTIRLDGLSGIGGPYMKDIFVSSLGVPESALCGATPLPDFGKQHPDPNLTYAKELVRTMGLDSTGRPVA
X10/6 TDFTIRLDGLSGIGGPYMKDIFVSSLGVPESALCGATPLPDFGKQHPDPNLTYAKELVRTMGLDSTGRPVA
Tul TDFTIRLDGLSGIGGPYMKDIFVSALGVPESALCGATPLPDFGKQHPDPNLTYAKDLVRTMGLDSTGRPVA
************************:******************************:***:***********
Dm28c DFVGEVPNFAAAFDGDADRNMILGERFFVTPSDSLAILSANANVVPFFAQQGGIKAVARSMPTSGAVDRVA
CL8825 DFVGEVPKFAAAFDGDADRNMILGERFFVTPSDSLAILSANANVVPFFAQQGGIKAVARSMPTSGAVDRVA
CL7811 DFVGEVPNFAAAFDGDADRNMILGERFFVTPSDSLAILSANANVVPFFAQQGGIKAVARSMPTSGAVDRVA
Bra DFVGEVPNFAAAFDGDADRNMILGERFFVTPSDSLAILSANANVVPFFAQQGGIKAVARSMPTSGAVDRVA
G DFVGEVPNFAAAFDGDADRNMILGERFFVTPSDSLAILSANANVVPFFAQQGGIKAVARSMPTSGAVDRVA
X10/6 DFVGEVPNFAAAFDGDADRNMILGERFFVTPSDSLAILSANANVVPFFAQQGGIKAVARSMPTSGAVDRVA
Tul DFVGEVPNFAAAFDGDADRNMILGERFFVTPSDSLAILSANANVVPFFAQQGGIKAVARSMPTSGAVDRVA
*******:***************************************************************
Dm28c EMHHLKIFEVPTGWKFFGNLMDSRELFGGEDYNPLICGEESFGTGSNHIREKDGVWAALFWLSVIASKNVD
CL8825 EMHHLKIFEVPTGWKFFGNLMDSRELFGGEDYNPLICGEESFGTGSNHIREKDGVWAALFWLSVIASKNVD
CL7811 EMHHLKIFEVPTGWKFFGNLMDSRELFGGEDYNPLICGEESFGTGSNHIREKDGVWAALFWLSVIASKNVD
Bra EMHHLKIFEVPTGWKFFGNLMDSRELFGGEDYNPLICGEESFGTGSNHIREKDGVWAALFWLSVIASKNVD
G EMHHLKIFEVPTGWKFFGNLMDSRELFGGEDYNPLICGEESFGTGSNHIREKDGVWAALFWLSVIASKNVD
X10/6 EMHHLKIFEVPTGWKFFGNLMDSRELFGGEDYNPLICGEESFGTGSNHIREKDGVWAALFWLSVIASKNVD
Tul EMHHLKIFEVPTGWKFFGNLMDSRELFGGEDYNPLICGEESFGTGSNHIREKDGVWAALFWLSVIASKNVD
***********************************************************************
Dm28c PSKPLVGVKDIVEDHWTRYGRNYYCRYDYENVAEDSAKAVMETVQRQRPQDIPSLQGKRCVKVDNFEYHDP
CL8825 PLKPLVGVKDIVEDHWTRYGRNYYCRYDYENVAEDSAKAVMETVQRQRPQDIPSLQGKRCVKVDNFEYHDP
CL7811 PSKPLVGVKDIVEDHWTRYGRNYYCRYDYENVAEDSAKAVMETVQRQRPQDIPSLQGKRCVKVDNFEYHDP
Bra PSKPLVGVKDIVEDHWTRYGRNYYCRYDYENVAEDSAKAVMETVQRQRPQDIPSLQGKRCVKVDNFEYHDP
G PSKPLVGVKDIVEDHWTRYGRNYYCRYDYENVAEDSAKAVMETVQRQRPQDIPSLQGKRCVKVDNFEYHDP
X10/6 PSKPLVGVKDIVEDHWTRYGRNYYCRYDYENVAEDSAKAVMETVQRQRPQDIPSLQGKRCVKVDNFEYHDP
Tul PSKPLVGVKDIVEDHWTRYGRNYYCRYDYENVAEDSAKAVMETVQRQRPQDIPSLQGKRCVKVDNFEYHDP
* *********************************************************************
Dm28c VDGLVSKNQGIRVIFEDGSRFVIRLSGTGSSGATIRLYLEHYMEPNAVARHIRDGTLPTPQSALANLIAVA
CL8825 VDGLVSKNQGIRVIFEDGSRFVIRLSGTGSSGATIRLYLEHYMEPNAVARHIRDGTLPTPQSALANLIAVA
CL7811 VDGLVSKNQGIRVIFEDGSRFVIRLSGTGSSGATIRLYLEHYMEPNAVARHIRDGTLPTPQSALANLIAVA
Bra VDGLVSKNQGIRVIFEDGSRFVIRLSGTGSSGATIRLYLEHYMEPNAVARHIRDGTLPTPQSALANLIAVA
G VDGLVSKNQGIRVIFEDGSRFVIRLSGTGSSGATIRLYLEHYMEPNAVARHIRDGTLPTPQSALANLIAVA
X10/6 VDGLVSKNQGIRVIFEDGSRFVIRLSGTGSSGATIRLYLEHYMEPNAVARHIRDGTLPTPQSALANLIAVA
Tul VDGLVSKNQGIRVIFEDGSRFVIRLSGTGSSGATIRLYLEHYMEPNAVARHIRDGTLPTPQSALANLIAVA
***********************************************************************
Dm28c LNVSQISELTGRDAPTVIT
CL8825 LNVSRISGLTGRDAPTVIT
CL7811 LNVSQISELTGRDAPTVIT
Bra LNVSQISELTGRDAPTVIT
G LNVSQISELTGRDAPTVIT
X10/6 LNVSQISELTGRDAPTVIT
Tul LNVSQISELTGRDAPTVIT
****:** ***********
Luciana Loureiro Penha Resultados
64
3- Expressão da PGM recombinate em bactéria Bl21(λD3)
A fim de investigar a expressão e localização da PGM no T. cruzi, a PGM
caracterizada pelo nosso grupo (Penha et al., 2005) foi clonada no plasmídeo pET28a(+) e
expressa em E. coli Bl21(D3). A expressão da PGM foi realizada primeiramente por 3 h a
37 °C com sucesso, porém na forma de corpo de inclusão. Em seguida modificações no
sistema de expressão foram realizadas na tentativa de obter a PGM de forma solúvel, como,
por exemplo, 3 h a 28 °C (Figura 13), ou por 16 h a 16 °C, sem sucesso. Também foram
testadas as concentrações de IPTG, como, por exemplo, 400 µM e 200 µM de IPTG (Figura
13), até utilizando 10 µM, 25 µM, 50 µM, e 100 µM de IPTG (Figura 14), e em todos os
ensaios utilizados a proteína continuou sendo expressa na forma de corpo de inclusão.
66,0 kDa
M 1 2 3 4 5 6kDa
82,0
48,3
33,4
28,3
104,0
66,0 kDa
M 1 2 3 4 5 6kDa
82,0
48,3
33,4
28,3
104,0
Figura 13– Expressão da PGM recombinante no plasmídeo pET28a(+) em bactéria
Bl21(D3). A PGM foi expressa por 3 h a 28 °C, com 400 µM (3) ou 200 µM (6) de IPTG.
(M) marcador de peso molecular BioRad, (1) e (4) extrato total bactéria antes da indução, (2)
e (5) sobrenadante da bactéria após indução, (3) e (6) pellet da bactéria após indução.
Luciana Loureiro Penha Resultados
65
kDa
M 1 2 3 4 5 6 7 8 9
104,0
82,0
48,3
33,4
28,3
kDa
M 1 2 3 4 5 6 7 8 9
104,0
82,0
48,3
33,4
28,3
kDa
M 1 2 3 4 5 6 7 8 9
104,0
82,0
48,3
33,4
28,3
Figura 14 – SDS-PAGE do lisado de bactéria submetido à indução de expressão da
PGM sob várias condições. Marcador de peso molecular BioRad (M), extrato total da
bactéria antes da indução (1), sobrenadante da bactéria após a indução (2, 4, 6 e 8) e após
indução com 100 µM (3), 50 µM (5), 25 µM (7) e 10 µM (9) de IPTG.
4- Purificação da PGM recombinante e produção de anticorpo
O plasmídeo pET28a(+) proporciona a expressão do gene de interesse sob a forma de
uma proteína de fusão contendo uma cauda de poli-histidina na extremidade N-terminal para
rápida purificação da proteína recombinante. Os corpos de inclusão contendo a PGM foram
solubilizados em condições desnaturantes (8 M de uréia), e a proteína recombinante foi
purificada através de cromatografia de afinidade. A análise das amostras por SDS-PAGE
revelou o alto grau de pureza da PGM recombinante (Figura 15). A proteína foi
posteriormente inoculada em coelho para produção do anti-soro. A proteína recombinante
também foi inoculada em camundongos para a obtenção de anti-soro adicional que pudesse
ser utilizada em conjunto com anticorpo para outra molécula do
T. cruzi.
Luciana Loureiro Penha Resultados
66
1 2 3 4
kDa
104,0
82,0
48,3
33,4
28,3
1 2 3 4
kDa
104,0
82,0
48,3
33,4
28,3
Figura 15 – Purificação da PGM recombinante. Extrato total da bactéria antes da
indução (1), corpo de inclusão purificado (2), material que não ficou absorvido na coluna de
Ni
++
agarose (3) e proteína recombinante purificada (4).
A especificidade e o título do anti-soro foram testados por Western Blot (Figura 16).
Em todas as diluições utilizadas o anticorpo anti-PGM reconheceu uma única proteína de
tamanho esperado no extrato total da forma epimastigota do parasito, de tamanho similar ao
da proteína recombinante, demonstrando que o anticorpo é altamente específico para a PGM.
A reação foi observada até a diluição de 1:5000, indicando o alto título do anticorpo obtido.
Luciana Loureiro Penha Resultados
67
1 21 2
Figura 16 - Western Blot utilizando anticorpo feito em coelho anti- PGM de
T. cruzi.
100 µg de extrato total de epimastigota (1) e proteína recombinante (2) foram aplicadas em
gel SDS-PAGE 11%, transferido para membrana de nitrocelulose, bloqueada com 9% de leite
em PBS 0,05% Tween-20 e incubada com anti-PGM (1:5000). As bandas foram visualizadas
usando solução BCIP-NBT, de acordo com manual do fabricante.
5- Expressão da PGM nas diferentes cepas do T. cruzi
A proteína recombinante purificada foi utilizada para a produção de anticorpos
policlonais em coelho e camundongos. Western Blot utilizando o anticorpo obtido de coelho
contra a PGM da cepa Dm28c, foi realizado contra o lisado das diferentes cepas do
T. cruzi.
A análise revelou uma marcação de peso esperado demonstrando que a PGM é expressa em
todas as amostras testadas (Figura 17).
Luciana Loureiro Penha Resultados
68
Anti-PGM 1:6000
66 kDa
1 2 3 4 5 6 7 8
Anti-PGM 1:6000
66 kDa
1 2 3 4 5 6 7 8
Figura 17 – Análise por Western Blot da expressão da PGM nas diferentes cepas de
T.
cruzi. (1) proteína recombinante, (2) extrato total cepa Dm28c, (3) CLBrener, (4) Y, (5)
Tulahen, (6) G, (7) X10/6, (8) Brazil.
6- Expressão da PGM nas diferentes formas do T. cruzi
A expressão da PGM nas diferentes formas do parasito foi avaliada por Western Blot.
Primeiramente foi utilizado o anticorpo anti-PGM na membrana contendo o lisado das
diferentes formas do parasito, a membrana foi reciclada e incubada com anticorpo anti-
chaperona residente no retículo endoplasmático (Bip) de
T. brucei (Bangs et al., 1993), que
reconhece a Bip de
T. cruzi, como controle de concentração protéica nos lisados.
A análise por Western Blot revelou que a PGM é mais expressa na forma epimastigota
do parasito, depois na forma amastigota, e a menor expressão foi visualizada na forma
tripomastigota. O anti-BIP reagiu com a mesma intensidade nas diferentes formas do parasito
confirmando que foram colocadas quantidades equivalentes de proteínas em cada canaleta
(Figura 18). Esse resultado indica que a PGM parece ser mais expressa nas formas
multiplicativas, o que pode estar relacionado com o maior gasto de energia nessas formas do
parasito, como também com maior síntese de glicoconjugados.
Luciana Loureiro Penha Resultados
69
E T A
E T A
E T A
Ponceau
78,0 kDa
66,0 kDa
E T A
Anti-PGM
E T A
E T A
Anti-BIP
78,0 kDa
66,0 kDa
E T A
E T A
E T A
Ponceau
78,0 kDa
66,0 kDa
E T A
Anti-PGM
E T A
E T A
Anti-BIP
78,0 kDa
66,0 kDa
Figura 18– Expressão da PGM nos diferentes estágios de vida do
T. cruzi. Lisado total
de epimastigota (E), tripomastigota (T) e amastigota (A) foram obtidos por repetidos ciclos
de congelamento e descongelamento seguidos da adição de 1% de NP-40. Após de 10 min no
gelo, as amostras foram centrifugadas a 13000 x
g, e a fração solúvel coletada. 50 µg de
proteína foram aplicadas em gel SDS-PAGE 11%, transferido para membrana de
nitrocelulose, bloqueada com 9% e leite em PBS 0,05% Tween-20, e corado com ponceau
vermelho. A membrana foi incubada com anti-PGM (1:5000), após a visualização da reação
foi reciclada e incubada com anti-BIP (1:2000). As proteínas foram visualizadas usando
solução BCIP-NBT.
Luciana Loureiro Penha Resultados
70
7- Localização sub-celular da TcPGM
A PGM é encontrada no citoplasma de todos os organismos (Harris e Hopkinson,
1976; Canter
et al., 1982; Jin-Bi Daí et al., 1992; Boles et al., 1994) até então estudados. A
localização sub-celular da PGM em epimastigotas de
T. cruzi foi primeiramente investigada
por imunofluorescência utilizando anticorpo específico produzido em coelho. Assim como
nas demais células eucarióticas, a TcPGM apresentou uma distribuição citoplasmática, porém
a enzima foi encontrada em várias estruturas arredondadas espalhas por todo corpo do
parasito (Figura 19). Este perfil de marcação é consistente com a localização de proteínas
glicossoais, como a gliceraldeído fosfato desigrogenase (GAPDH) ou a aldolase, observado
por imunofluorescência. Para comprovar a localização glicossomal da TcPGM realizamos
experimentos de dupla marcação utilizando anticorpos anti-PGM em conjunto com
anticorpos dirigidos contra enzimas previamente descritas como glicossomais: GAPDH
(Misset
et al., 1987) ou aldolase (Misset et al., 1986).
Análises por imunofluorecência demonstraram que os anticorpos anti-PGM
purificados por afinidade concentraram-se em vesículas dispersas ao longo do corpo de
epimastigotas, assim como, no citoplasma. Essas vesículas também apresentaram
positividade para GAPDH (Figura 20). Da mesma forma, a localização citoplasmática e em
estruturas arredondadas espalhadas pelo corpo celular que colocalizam com a enzima
glicossomal foi observada nas formas tripomastigotas e amastigotas (Figura 20). A co-
localização das duas enzimas, PGM e GAPDH, numa mesma vesícula, indicam que a
TcPGM apresenta uma localização glicossomal no
T. cruzi.
Luciana Loureiro Penha Resultados
71
Figura 19– Epimastigotas de
T. cruzi foram preparados para imunofluorescência com
anticorpo policlonal de coelho contra PGM (1:100), purificado por afinidade. Parasitos foram
coletados por centrifugação, lavados 3 vezes em PBS e fixados com 4% de paraformaldeído
por 10 min, a temperatura ambiente. Depois da fixação as células foram aderidas com poli-L-
lisina 1% em PBS e permeabilizadas com 1% NP40 em PBS. Escala da barra: 0,5 µm.
Luciana Loureiro Penha Resultados
72
A B C D
Figura 20– Localização sub-celular da PGM nas diferentes formas do parasito.
Epimastigotas, tripomastigotas e amastigotas de
T. cruzi foram processados para
imunofluorescência com anticorpo policlonal produzido em coelho contra a enzima GAPDH
de
T. brucei (1:200), marcador de glicossomo e anticorpo policlonal de camundongo contra
PGM (1:100), purificado por afinidade. Parasitos foram coletados por centrifugação, lavados
3 vezes em PBS e fixados com 4% de paraformaldeído por 10 min, a temperatura ambiente.
Depois da fixação as células foram aderidas com poli-L-lisina 1% em PBS e permeabilizadas
com 1% NP40 em PBS. (A) Imagens de contraste interferencial diferencial (DIC) (B)
anticorpo anti-PGM, (C) anticorpo anti-GAPDH, (D) Sobreposição das imagens. Escala da
barra: epimastigota 0,6 µm, tripomastigota 0,4 µm e amastigota 0,5 µm.
Luciana Loureiro Penha Resultados
73
Os resultados de imunofluorescência indicaram que a PGM está localizada em
vesículas glicossomais em
T. cruzi. Realizamos também análises bioquímicas para confirmar
a localização glicossomal da PGM. Formas epimastigotas da cepa Dm28c foram submetidas
a fracionamento sub-celular de acordo com Cunha-e-Silva et al., (2002) e as frações
resultantes foram analisadas quanto à presença da PGM e da GAPDH, essa última utilizada
como marcador de glicossomo (Figura 21).
As frações coletadas em um gradiente de sacarose foram analisadas subseqüentemente
por Western Blot, utilizando anticorpo anti-PGM (1:2000) e anti-GAPDH (1:2000). Os
resultados demonstraram que a PGM está presente em sua maior parte nas frações Pellet, B4
e B3, assim como estão a GAPDH (Figura 21). Em trabalho realizado por Vieira e
colaboradores (2005) foi verificada que a atividade específica da hexoquinase, uma enzima
glicossomal, foi maior na fração de Pellet, seguida da fração B3. Esses resultados indicam
que a PGM, em uma análise bioquímica está co-localizada em frações que contêm
glicossomos de
T. cruzi.
Luciana Loureiro Penha Resultados
74
Vieira et al., 2005
T.cruzi
B1
B2
B3
Pellet
0.8 M
1.0 M
1.2 M
1.27 M
A
B
Vieira et al., 2005
T.cruzi
B1
B2
B3
Pellet
0.8 M
1.0 M
1.2 M
1.27 M
Vieira et al., 2005
T.cruzi
Vieira et al., 2005
T.cruzi
B1
B2
B3
Pellet
0.8 M
1.0 M
1.2 M
1.27 M
B1
B2
B3
Pellet
0.8 M
1.0 M
1.2 M
1.27 M
A
B
Pellet B4 B3 B2 B1
Anti-PGM
Anti-GAPDH
Pellet B4 B3 B2 B1
C
Pellet B4 B3 B2 B1
Anti-PGM
Anti-GAPDH
Pellet B4 B3 B2 B1
C
Figura 21–Western Blot após o fracionamento sub-celular da forma epimastigota de
T. cruzi. Epimastigotas (10
10
) foram sonicados e o lisado foi submetido a fracionamento sub-
celular usando gradiente de sacarose, como determinado por Cunha-e-Silva e colaboradores
(2002). Foram analisadas as frações: (1) Pellet - após centrifugação de 97000 x
g,
enriquecidas de acidocalcissoma, (2) B1 - interface entre 0,8 M/1,0 M de sacarose, rica em
reservossomos e organelas menos densas, (3) B2 - interface entre 1,0 M/ 1,2 M, rica em
reservossomo, (4) B3 – interface entre 1,2 M/ 1,27 M e B4 – interface de 1,27 M, ambas
contendo diferentes organelas como mitocôndria, glicossomo e acidocalcissomos (A). No
adendo (B) atividade específica da hexoquinase, marcador glicossomal, no fracionamento
sub-celular da forma epimastigota da cepa Y de
T. cruzi retirado de Vieira e colaboradores
(2005). As frações coletadas foram aplicadas em gel de SDS-PAGE 11%, transferidas para
membrana de nitrocelulose, bloqueadas com 9% de leite em TBS 0,05% Tween-20 e
incubadas com anticorpo anti-PGM (1:2000) ou anti-GAPDH (1:2000). A reatividade das
bandas foi visualizada usando solução de BCIP-NBT (
C).
Luciana Loureiro Penha Resultados
75
As análises por microscopia óptica e bioquímica indicaram que a PGM está associada
a glicossomos no
T. cruzi. Para verificarmos se a PGM está associada à membrana do
glicossomo, realizamos a lise de epimastigotas seguidas de partição em solução contendo
Triton X-114. As frações aquosa e de membrana foram em seguida avaliadas por Western
Blot utilizando anticorpos anti-PGM.
Nossos resultados indicaram que a PGM está presente majoritariamente na fração
aquosa e não na fração de membrana, sugerindo que a PGM é principalmente encontrada na
forma solúvel no parasito (Figura 22).
Figura 22– Western Blot utilizando frações aquosa e de membrana da lise de
epimastigotas e extração em Triton X-114. As frações coletadas foram aplicadas em SDS-
PAGE 11%, transferidas para membrana de nitrocelulose, bloqueadas com 9% de leite em
TBS 0,05% Tween-20 e marcadas com anticorpo anti-PGM (1:2000). A reatividade das
bandas foi visualizada usando solução de BCIP-NBT.
A- fração aquosa M- fração de
membrana.
A
M
Anti-PGM
A
M
Anti-PGM
Luciana Loureiro Penha Resultados
76
Para realizar a localização fina da TcPGM utilizamos a imunocitoquímica
ultraestrutural a partir de crio-cortes obtidos por crio-ultramicrotomia. Esta metodologia é
empregada para a melhor preservação de antigenos, assim como, para estudos morfológicos
de membrana. Portanto, formas epimastigotas foram fixadas e congeladas em nitrogênio
líquido, os crio-cortes foram obtidos e incubados com anticorpos anti-PGM e anti-GAPDH
(Figura 23). Desta forma, foi possível demonstrar que a TcPGM (setas) está localizada em
compartimentos citoplasmáticos envoltos por membrana, que também são positivos para
GAPDH (cabeças de setas). Além disso, a TcPGM foi observada no citoplasma. A estrutura
destes compartimentos é compatível com a dos glicossomos e distinto das demais organelas
das formas epimastigotas de
T. cruzi, como o núcleo, cinetoplasto (Shalomai, 2004),
reservossomos (Cunha-e-Silva et al., 2006), acidocalcissomos (Docampo et al., 2005) entre
outros. Este conjunto de resultados ratifica a localização glicossomal da PGM no
T. cruzi.
Figura 23- Localização da TcPGM em epimastigota de
T. cruzi por microscopia
eletrônica de transmissão. Epimastigotas foram preparados para crio-ultramicrotomia como
descritos na Metodologia. Criocortes foram obtidos com o uso do crioultramicrótomo e
incubados com o anticorpo anti-GAPDH (1:200) (A) e os com anticorpos anti-PGM (1:100) e
anti-GAPDH (1:200) juntos (B e C), seguidos dos imunoconjugados acoplados a partícula de
ouro coloidal. As amostras foram observadas no microscópio eletrônico de transmissão Jeol
1200 EX a 80 kV. As setas indicam a PGM marcada com anti-camundongo acoplados a
partículas de ouro de 5 nm, e as cabeças de setas indicam a GAPDH marcada com anti-
coelho acoplados a partículas de ouro de 15nm. M – mitocôndria. Escala da barra: 0,15 µm.
Luciana Loureiro Penha Resultados
77
Luciana Loureiro Penha Resultados
78
8- Expressão e localização sub-celular da PGM na forma promastigota de L.
major
O gene que codifica a PGM de L. major apresenta identidade de aminoácidos prevista
de 63% com a TcPGM.Como a PGM de
Leishmania major ainda não foi caracterizada a
nível protéico, realizamos ensaios de Western Blot com anticorpos desenvolvidos contra a
TcPGM para observar a sua expressão em
Leishmania. Foi possível verificar que os
anticorpos anti-TcPGM reconheceram uma única proteína de tamanho similar a PGM do
T.
cruzi
em lisados de promastigota de L. major (Figura 24).
A localização da enzima nesse parasito foi subseqüentemente avaliado por
microscopia óptica. A imunofluorescência de promastigota de
L. major com o anticorpo anti-
PGM de
T. cruzi apresentou distribuição citoplasmática e vesicular por todo corpo do
parasito, assemelhando-se à marcação de glicossomo. A utilização concomitante de
anticorpos anti-GAPDH revelou a co-localização da PGM e da GAPDH no mesmo
compartimento sub-celular (Figura 25), indicando que a PGM também está localizada no
glicossomo na forma promastigota de
L. major.
Figura 24– Western Blot anti-TcPGM de formas epimastigotas de
T. cruzi e formas
promastigotas de
L. major. 100 µg do extrato protéico de L. major e T. cruzi foram aplicados
em gel SDS-PAGE 11%, transferido para membrana de nitrocelulose, bloqueada com 9% de
leite em PBS 0,05% Tween-20 e incubada com anticorpo anti-TcPGM (1:5000). As bandas
foram visualizadas usando solução BCIP-NBT, conforme protocolo do fabricante.
75 KDa
L. major T. cruzi
MW
Anti-PGM rabbit
75 KDa
L. major T. cruzi
MW
Anti-PGM rabbit
Luciana Loureiro Penha Resultados
79
Figura 25- Localização sub-celular da PGM na forma promastigota de
L. major.
Células foram preparados para imunofluorescência e incubados com anticorpos policlonais de
coelho contra a enzima GAPDH de
T. brucei (1:200), marcador de glicossomo e anticorpo
policlonal de camundongo contra TcPGM (1:100), purificado por afinidade. Parasitos foram
coletados por centrifugação, lavados 3 vezes em PBS e fixados com 4% de paraformaldeído
por 10 min, a temperatura ambiente. Depois da fixação as células foram aderidas com poli-L-
lisina 1% em PBS e permeabilizadas com 1% NP40 em PBS. Escala da barra: 0,7 µm.
9- Endereçamento da PGM para o glicossomo em T. cruzi
O endereçamento de proteínas a glicossomos é normalmente mediado por sinais de
endereçamentos conservados. Como nossos resultados indicaram que a TcPGM encontra-se
associada a glicossomos em
T. cruzi, iniciamos a procura por motivos de endereçamento na
TcPGM. Primeiramente utilizamos o programa disponível para busca que se conceitua na
identificação de motivos do tipo PTS1 (“www.expasy.org - PTS1- Prediction of peroxisomal
targeting signal 1 containing proteins”), porém nenhum motivo foi encontrado quando a
seqüência da PGM de
T. cruzi (TcPGM) foi usada como molde.
Opperdoes e Szikora (2006) realizaram a análise computacional do genoma de
tripanossomatídeos na busca por genes que codificassem para proteínas glicossomais. Esta
busca revelou a presença de aproximadamente 250 proteínas putativas contendo o consenso
PTS, sendo postuladas como possivelmente glicossomais. Nesse trabalho, os autores relatam
que a PGM de
L. major assim como a PGM de T. cruzi apresentam um motivo PTS1 de
Luciana Loureiro Penha Resultados
80
encaminhamento para glicossomo (SKL). Porém a seqüência da TcPGM caracterizada pelo
nosso grupo (Penha
et al., 2005) não apresenta motivo PTS1 clássico. Realizamos o
alinhamento das seqüências da PGM/PMM referida por Opperdoes e Szikora (2006) como a
PGM de
L. major (LmjF34.3738) com a seqüência da TcPGM anotada pelo nosso grupo
(AY695273). O alinhamento da TcPGM, com a PGM de
L. major (LmPGM), e a PGM/PMM
publicada por Opperdoes (que contém o motivo de encaminhamento PTS1) revelou baixa
similaridade (Figura 26).
A PGM de bactéria apresenta atividade de PGM e PMM, podendo realizar a
conversão reversível de Glc-1-P em Glc-6-P, e vice-versa, assim como, manose-1-fosfato em
manose-6-fosfato (Zielinski
et al., 1991; Regni et al., 2006). Opperdoes & Szikora (2006)
citam no trabalho que a PGM de
T. cruzi e L. major como uma proteína (PGM/PMM), porém
uma única proteína com dupla atividade só ocorre em bactérias, nos demais organismos, cada
enzima (PGM ou PMM) é codificada por dois genes diferentes.
A PMM de
L. mexicana já foi caracterizada (Garami et al., 2001), mostrando
atividade enzimática. O alinhamento da seqüência publicada por Opperdoes e Szikora (2006)
com a PMM de
L. major, a PMM publicada de L. mexicana ou a PMM de T. cruzi, também
apresentou baixa similaridade (Figura 27).
Nossos resultados indicam que a seqüência putativa PGM/PMM que apresenta o
motivo SKL de encaminhamento para glicossomo citada por Opperdoes & Szikora (2006)
difere substancialmente das seqüências da PGM ou PMM já caracterizadas no
T. cruzi ou L.
mexicana
. Portanto concluímos que a PGM/PMM, citada no trabalho, não codifica a PGM ou
PMM convencionais.
Luciana Loureiro Penha Resultados
81
PGM L.major -------------------------------------------ME
V
TTTAY
DQKPGTSG
PGM T.cruzi ---------------------------------------MLDVKKVPTRPFIDQKPGTWG
PMM L.majorOpperdoes MSSLDAKVEQWLAWDRDPATRQIIESLAAKKDTAELRRRLETRMKFNTAGLRSTMGAGSA
:. * . . .
PGM L.major LRKKVTVFQQPNYTANFVQSTFNALHRQGAVPDVLVVGGDGRYYTSEAVQVILKVSAANG
PGM T.cruzi LRKKVRVFQQENYLANFIQSTFNAIGKQGMIPDTLVLGGDGRYFLSEAIQIIIKLAAANG
PMM L.majorOpperdoes HMNRLTVLQTAQGLAAYVKQQFAPAE----LSRGVVIGYDGRHHSREFGEITATVMHQQG
::: *:* : * :::. * . :. :*:* ***:. * :: .: :*
PGM L.major VRCVWVGQHGLLSTPAVSTMVRRRRDADGRKATGAFILTASHNPGGPDADFGIKYNSENG
PGM T.cruzi VSNVWVGKDGLLSTPAVSNIIRQRRDGD-VTAKGAFILTASHNPGGPEEDFGIKYNTENG
PMM L.majorOpperdoes VKTYLYR-H-CVPTPFVPYGVKFF------KALVGVMVTASHNP---KEYNGLKVYWSNG
* . :.** *. :: .* ..::****** . *:* .**
PGM L.major GPAPEKLTSQIYEETVKITHIKMAPTLPEVDIHTLGTYTFDDYNFQVEVVDSLADYAAYM
PGM T.cruzi GPAAEKITSVIYEETLKIDHFLTCPNIGTVNVSEMGDHVFE--RFRVSVIHSTEDYVQSM
PMM L.majorOpperdoes ---AQIVAPLDVSIAASIDANLT-PLESSWAPFTAADHVDP--YDVV-----FEDYFATL
.: ::. . : .* * . :. * ** :
PGM L.major QEVFDFEAIRALVQRLDFKVHVDSLHGVSGPYVDRIFHEGLGVPKTSLFRTNVLPDFGGC
PGM T.cruzi KKIFDFQSIRNLLNRTDFTIRLDGLSGIGGPYMKDIFVSSLGVPESALCGATPLPDFGKQ
PMM L.majorOpperdoes RSSYAPASDASAV-RFTF----TAMHGVGTRFTTHGLRHVLGLPASHLSVVAE-----QA
:. : : : * * .: *:. : : **:* : * .
PGM L.major HPDPNLTYAADLVHVMGLLPDGNANPAMKHISTVPSFGVAFDGDADRNMILGCRFFVNPS
PGM T.cruzi HPDPNLTYAKELVRTMGL--DSTGRPVADFVGEVPNFAAAFDGDADRNMILGERFFVTPS
PMM L.majorOpperdoes EPNPDFPTVRFPNPEEGQ--SAFALSFATAGAHGASVVLANDPDADR-LAVAER-LPNEE
.*:*::. . * .. . . . ... * * **** : :. * : . .
PGM L.major DSLAVLAAN--ADCVPFFTQSS-----SSGLKAVARSMPTSGAVDRVAAAHDFALF-EVP
PGM T.cruzi DSLAILSAN--ANVVPFFAQ-------QGGIKAVARSMPTSGAVDRVAEMHHLKIF-EVP
PMM L.majorOpperdoes EGWHILTGNEIGALLGWWAMERARRQGIALERCLLISTVVSSCILKTMAAREGAQYSETL
:. :*:.* . : ::: . :.: * .*..: :. :. : *.
PGM L.major TGWKFFGNLMDSKDLYGGKDFNPLLCGEESFG-TGSNHIREKDGIWASLFWLSVIAKRNA
PGM T.cruzi TGWKFFGNLMDSRELFGGEDYNPLICGEESFG-TGSNHIREKDGVWAALFWLSVIASKNV
PMM L.majorOpperdoes TGFKFMGN--KALERKASEGLQTLFAYEEAIGFMWGERVMDKDGVTAAVVVADLACYLRK
**:**:** .: : ..:. :.*:. **::* .::: :***: *::. .: . .
PGM L.major -PGTPLV-GVQQIVEEHWATYGRNYYSRYDYEDVSAEAAKAVMDTVENTVVDDVPNLNGV
PGM T.cruzi DPSKPLV-GVKDIVEDHWTRYGRNYYCRYDYENVAEDSAKAVMETVQRQRPQDIPSLQGK
PMM L.majorOpperdoes EKQCSLVEHLQSLYRQYGYHFTHNSYMTIDDPSR----TEALLQSIRTAASGDYPSQVAG
.** ::.: .:: : :* * * . ::*:::::. * *. .
PGM L.major ACK--TIDNFSYTDPIDGSVS----TKQGVRVLFEDGSRFVLRLSGTGSSGATIRLYLEQ
PGM T.cruzi RCV--KVDNFEYHDPVDGLVS----KNQGIRVIFEDGSRFVIRLSGTGSSGATIRLYLEH
PMM L.majorOpperdoes RPVTRVVDLAAQVDTATPSRRPSLGKTPMITLHVDGGMSITIRGSGTEPK---IKWYAEL
:* *. .. : : .:.* :.:* *** .. *: * *
PGM L.major YMDSATVKSHLAEKTLPTASTALKALIGVALQVSKMESLTG-----RKTPTVI-T
PGM T.cruzi YMEPNAVARHIRDGTLPTPQSALANLIAVALNVSQISELTG-----RDAPTVI-T
PMM L.majorOpperdoes VTKDAA------------GQQVLNAFVAKAVRQLMQPHKFGLIMRPEDAETFSKL
. : . .* ::. *:. * ..: *.
Figura 26 – Alinhamento da seqüência deduzida de aminoácidos da PMM/PGM de
L.
major
(LmjF34.3738) citada no trabalho de Opperdoes & Szikora (2006) com a PGM de T.
cruzi
(AY695273) e PGM de L. major (CAC14526). O alinhamento foi realizado utilizando
programa CLUSTALW. Em amarelo, os resíduos conservados e em vermelho, o motivo
PTS1 de encaminhamento para glicossomo.
Luciana Loureiro Penha Resultados
82
PMM L.major MTSKVILLFDVDGTLTPPRNPETQDMKETLA----------------ARAAGFKLGVVG
PMM L.mexicana MGSKAILLFDVDGTLTPPRNPETHDMKEALL----------------ARAAGFKLGVVG
PMM T.cruzi -MKKVLLLFDIDGTLTPPRLSQPDEVREVIR----------------AKSAGFTVGTVG
PMM L.major Opperdoes MSS---DAKVEQWLAWDRDPATRQIIESLAAKKDTAELRRRLETRMKFNTAGLRSTMGA
PMM L.major GS------DFAKQKEQLGDSILEDFDYVFSENGLLAYKDGTE------------HRNSL
PMM L.mexicana GS------DFAKQKEQLGESILEDFDYVFSENGLLAYKDGKE------------HRNSL
PMM T.cruzi GS------DLAKQIEQLGEDVFQQFDYVFAENGLLAYKHGKE------------HRQNL
PMM L.major Opperdoes SAHMNRLTVLQTAQGLAAYVKQQFAPAELSRGVVIGYDGRHHSREFGEITATVMHQQGV
PMM L.major LKALGNEKV--------VAFVKKCLHLI--DLDIPVQRGTFVEFRNGMFNVSPIGRNCS
PMM L.mexicana LRALGNEKV--------VAFVKKCLHLI--DLDIPVQRGTFVEFRNGMFNVSPIGRNCS
PMM T.cruzi LKELGNERI--------VKFVRRALRLL--ELDIPVQRGTFIEYRNGMINVCPIGRNCT
PMM L.major Opperdoes TYLYRHCVPTPFVPYGVKFFKALVGVMVTASHNPKEYNGLKVYWSNGAQIVAPLDVSIA
PMM L.major QQERDEFEQLDKE----------------------------------------------
PMM L.mexicana QQERDEFENLDKE----------------------------------------------
PMM T.cruzi QSERDEFEVYDKE----------------------------------------------
PMM L.major Opperdoes SIDANLTPLESSWAPFTAADHVDPYDVVFEDYFATLRSSYAPASDASAVRFTFTAMHGV
PMM L.major ---------RHI------REKLIRNLKEAFPDYP---------------AYSVGGQISF
PMM L.mexicana ---------RHI------REKLIRELKEAFPDYQ---------------AYSVGGQISF
PMM T.cruzi ---------HHV------REKLIKELQNSFPDYG---------------KYSIGGQISF
PMM L.major Opperdoes TRFTTHGLRHVLGLPASHLSVVAEQAEPNPDFPTVRFPNPEEGQSAFALSFATAGAHGA
PMM L.major DVF---PKGWDKTYCLQFVENDFEKIH--------------------------------
PMM L.mexicana DVF---PKGWDKTYCLQFVENDFETIH--------------------------------
PMM T.cruzi DVF---PVGWDKSYCLRFVENDFDEIH--------------------------------
PMM L.major Opperdoes VVLANDPDADRLAVAERLPNEEEGWHILTGNEIGALLGWWAMERARRQGIALERCLLIS
PMM L.major ---------------------------FFGDKTSEGGNDYEIYT---------------
PMM L.mexicana ---------------------------FFGDKTSEGGNDYEIFT---------------
PMM T.cruzi ---------------------------FFGDKTHAGGNDYEIYT---------------
PMM L.major Opperdoes VVSSCILKTMAAREGAQYSETLTGFKFMGNKALERKASEGLQTLFAYEEAIGFMWGERV
PMM L.major -----------------------DCRTIGHSVKTYK--------------TIAILEALL
PMM L.mexicana -----------------------DSRTIGHSVKTYK--------------TIAILEALL
PMM T.cruzi -----------------------DKRIIGHAVKSYK--------------TVDEVNKLI
PMM L.major Opperdoes DKDGVTAAVVVADLACYLRKEKQCSLVEHLQSLYRQYGYHFTHNSYMTIDDPSRTEALL
PMM L.major EESR-------------------------------------------------------
PMM L.mexicana EDSR-------------------------------------------------------
PMM T.cruzi SS-K-------------------------------------------------------
PMM L.major Opperdoes SIRTAASGDYPSQVAGRPVTRVVDLAAQVDTATPSRRPSLGKTPMITLHVDGGMSITIR
PMM L.major ---------------------------------------------------------
PMM L.mexicana ---------------------------------------------------------
PMM T.cruzi ---------------------------------------------------------
PMM L.major Opperdoes GSGTEPKIKWYAELVTKDAAGQQVLNAFVAKAVRQLMQPHKFGLIMRPEDAETFSKL
Figura 27– Alinhamento da seqüência da PMM/PGM de
L. major (LmjF34.3738)
citada no trabalho de Opperdoes & Szikora (2006) com a PMM de
T. cruzi
(Tc00.1047053510187), PMM de
L. mexicana (LmAB5062) e PMM de L. major
(LmjF36.1960). O alinhamento foi realizado utilizando programa CLUSTALW. Em amarelo,
os resíduos conservados e em vermelho, o motivo PTS1 de encaminhamento para
glicossomo.
Luciana Loureiro Penha Resultados
83
Como nenhum motivo clássico de encaminhamento para glicossomo foi encontrado
na TcPGM, utilizamos como base as seqüências de proteínas glicossomais identificadas em
L. major, T. cruzi e T. brucei (Opperdoes e Szikora, 2006), realizamos uma busca manual de
motivos putativos de encaminhamento para o glicossomo. Identificamos 5 motivos putativos
do tipo PTS, distribuídos em diferentes domínios da proteína. Destes, 4 representam motivos
com seqüência semelhante às do tipo PTS-1, porém encontradas distribuídas pela proteína e
não no C-terminal, e um representava um motivo do tipo PTS-2, como pode ser visto na
(Figura 28). Portanto, é possível que motivos de endereçamento do tipo I-PTS encontrados na
TcPGM sejam funcionais, mediando a ligação da enzima a transportadores que seriam
responsáveis pelo direcionamento aos glicossomos.
Figura 28– Seqüência gênica e de aminoácidos da PGM de
T. cruzi com motivos
putativos de encaminhamento para glicossomo assinalados. Grifados em amarelo estão os
motivos que podem ser responsáveis pelo encaminhamento da PGM para glicossomo, que
foram selecionados manualmente usando como base os motivos selecionados através da
predição
in silico de motivos PTS em Tripanossomatídeos (Opperdoes e Szikora, 2006).
Luciana Loureiro Penha Resultados
84
atgaatctgggcgaaacccagtgtttagtatttcaaataatgctcgacgtgaaaaaagtg
M N L G E T Q C L V F Q I M L D V K K V
ccaacaaggccctttattgatcaaaaaccaggaacgtggggacttcgcaagaaagtgagg
P T R P F I D Q K P G T W G L R K K V R PTS2
gtgttccagcaagaaaactatctagccaactttattcaaagcacttttaatgccattggg
V F Q Q E N Y L A N F I Q S T F N A I G
aaacaggggatgattcccgatacccttgtccttggtggtgacgggcggtactttctctct
K Q G M I P D T L V L G G D G R Y F L S
gaggctattcagatcattatcaaattggctgctgccaatggggtatcaaatgtttgggtg
E A I Q I I I K L A A A N G V S N V W V
ggtaaagatggtcttctctcaacccctgccgtgtcaaacatcatccgtcaacgaagggat
G K D G L L S T P A V S N I I R Q R R D
ggtgatgtcacggcgaagggagcctttattctcacagcaagtcataatcccggtggccct
G D V T A K G A F I L T A S H N P G G P
gaggaagattttggtatcaagtacaatacagaaaatggaggacctgcggctgagaaaatc
E E D F G I K Y N T E N G G P A A E K I
acttctgttatttacgaagagaccttgaaaattgatcattttctgacctgcccaaatatt
T S V I Y E E T L K I D H F L T C P N I
ggcacagtgaacgtgtcagaaatgggtgaccatgtatttgagaggttcagagtttcggta
G T V N V S E M G D H V F E R F R V S V
atccatagcacagaggattacgtccagagcatgaagaaaatctttgactttcaaagtatc
I H S T E D Y V Q S M K K I F D F Q S I
cgaaatctgttaaatagaactgattttacgattcggttggatggcttaagtggtattggg
R N L L N R T D F T I R L D G L S G I G
ggcccttatatgaaggatatttttgtttcttccttgggcgttccagaaagtgctttgtgc
G P Y M K D I F V S S L G V P E S A L C PTS1
ggtgctacgccattgccggactttggtaagcaacatccggatccaaacctcacatatgcg
G A T P L P D F G K Q H P D P N L T Y A
aaggagcttgtgagaaccatgggacttgattccaccggcagacctgttgctgactttgtt
K E L V R T M G L D S T G R P V A D F V
ggcgaggtgccgaactttgctgcggcgtttgatggggatgcagatcgtaatatgattctt
G E V P N F A A A F D G D A D R N M I L
ggcgagcgtttttttgtaacaccgtctgattctttggcaattctttcagcaaatgcaaat
G E R F F V T P S D S L A I L S A N A N
gtcgtgccattttttgctcaacaaggtggaattaaagcggtagcgagatctatgccgacg
V V P F F A Q Q G G I K A V A R S M P T
agtggagctgttgaccgtgttgcggaaatgcatcaccttaaaatatttgaagttcccaca
S G A V D R V A E M H H L K I F E V P T PTS1
ggttggaagttttttgggaatctgatggacagccgggagttatttggaggtgaagattac
G W K F F G N L M D S R E L F G G E D Y
aatcctctcatttgtggagaggaaagctttggtactggtagcaaccatattcgtgagaag
N P L I C G E E S F G T G S N H I R E K
gatggcgtgtgggcagcgttattttggctatcggtaattgcgagtaaaaatgtggatcca
D G V W A A L F W L S V I A S K N V D P
tcaaagcctcttgtgggtgtaaaagacattgttgaagaccactggacgcgctacgggcgg
S K P L V G V K D I V E D H W T R Y G R
aactactactgtcgatacgactatgaaaatgtggcagaggactcagccaaggctgtgatg
N Y Y C R Y D Y E N V A E D S A K A V M
gagactgtacagaggcagcgcccccaggacattccctccttgcagggaaaacgctgtgtc
E T V Q R Q R P Q D I P S L Q G K R C V
aaggttgacaactttgagtaccacgaccctgtagacggtttggtctccaaaaatcagggc
K V D N F E Y H D P V D G L V S K N Q G
attcgtgtgatatttgaagatggttctcgatttgtgattcgtttaagcggaactggatcg
I R V I F E D G S R F V I R L S G T G S
tcaggcgccacaattcgactatacctggagcattacatggagcccaatgccgtagcacgg
S G A T I R L Y L E H Y M E P N A V A R PTS1
catatccgtgacggcacgctgcctactcctcaatctgcgctggccaatctcatcgccgtt
H I R D G T L P T P Q S A L A N L I A V
gcgttgaatgtctcacagatttcggagcttacggggcgtgacgcccccacagtcatcact
A L N V S Q I S E L T G R D A P T V I T PTS1
tga-
Luciana Loureiro Penha Resultados
85
Para dar continuidade aos nossos estudos, adotamos a estratégia de transfecção gênica
do
T. cruzi para investigarmos a(s) região(ões) da molécula que poderiam ser responsáveis
pelo encaminhamento da PGM para os glicossomos. Primeiramente, o gene completo da
TcPGM (sem o códon de terminação – tga) foi clonado em fusão com o gene que codifica a
proteína fluorescente verde (Green F
luorescent Protein - GFP) no vetor de expressão pTEX,
para ser introduzido em epimastigotas do
T. cruzi por eletroporação. Como controle, foi
utilizado o vetor contendo apenas a proteína GFP. Para se determinar o domínio da TcPGM
responsável por seu endereçamento a glicossomos, foram realizadas construções gênicas em
fusão com a GFP, contendo deleções sucessivas de fragmentos gênicos que poderiam
codificar os domínios PTS putativos para o encaminhamento. Foram elaboradas 6
construções diferentes (Figura 29): (A) o gene que codifica para GFP, (B) construção que
contém o primeiro motivo putativo de encaminhamento para glicossomo “RVFQQENVL”
(oligonucleotídeos utilizados PGMF/CTRI), (C) construção que contém os motivos putativos
“RVFQQENVL” e “SSL” (PGMF/CTRII), (D) construção que contém os motivos
“RVFQQENVL”, “SSL” e “HHL” (PGMF/CTRIII), (E) construção que contém os motivos
“RVFQQENVL”, “SSL”, “HHL” e “PNA” (PGMF/CTRIV) e (F) construção que contém os
motivos “RVFQQENVL”, “SSL”, “HHL”, “PNA” e “SEL” (PGMF/FullPGM).
Todas as construções foram elaboradas por PCR utilizando-se oligonucleotídeos
complementares a seqüências específicas da
pgm de T. cruzi. Os fragmentos de PCR obtidos
(Figura 30), foram purificados e clonados no vetor de expressão pTEX e foram seqüenciados
para confirmação da seqüência e inserção correta no vetor de expressão.
Luciana Loureiro Penha Resultados
86
Figura 29: Representação esquemática das construções da TcPGM em fusão com a
GFP. O retângulo superior indica a TcPGM completa com os motivos de endereçamento a
peroxisomas/glicossomos putativos identificados
in silico (Opperdoes e Szikora, 2006) . Os
números indicam as posições dos resíduos de aminoácidos na seqüência da TcPGM e as
letras indicam os resíduos que compõem cada motivo. Os retângulos inferiores representam
as construções gênicas em fusão com a GFP que foram introduzidas no
T. cruzi. Os números
ao final de cada barra indicam o último resíduo de aminoácido da TcPGM presente em cada
construção.
PTS2
RVFQQENYL
41-49
SSL
250-252
HHL
371-373
PNA
555-557
SEL
588-590
PTS1
TcPGM
260 aa
GFP
380 aa
GFP
560 aa
GFP
CTR2
CTR3
CTR4
CTR1
60 aa
GFP
PGMF
PGMF
PGMF
PGMF
600 aa
GFP
FullPGM
PGMF
RVFQQENYL
SSL
HHL
PNA
SEL
PTS2
RVFQQENYL
41-49
SSL
250-252
HHL
371-373
PNA
555-557
SEL
588-590
PTS1
TcPGM
260 aa
GFP
260 aa
GFPGFP
380 aa
GFP
380 aa
GFPGFP
560 aa
GFP
560 aa
GFPGFP
CTR2
CTR3
CTR4
CTR1
60 aa
GFP
PGMF
CTR1
60 aa
GFP
PGMF
60 aa
GFPGFP
PGMFPGMF
PGMFPGMF
PGMFPGMF
PGMFPGMF
600 aa
GFP
FullPGM
PGMF
600 aa
GFP
600 aa
GFPGFP
FullPGM
PGMFPGMF
RVFQQENYL
SSL
HHL
PNA
SEL
Luciana Loureiro Penha Resultados
87
Figura 30– Amplificação por PCR das diferentes seqüências gênicas para as
construções da PGM-GFP. Um µg de DNA da maxi-prep pET28a
+
/PGM foi utilizado como
molde para reações de PCR com os diferentes oligonucleotídeos: (1) PGMF/CTR1, (2)
PGMF/CTR2, (3) PGMF/CTR3, (4) PGMF/CTR4 e (5) PGMF/FullPGM . Os produtos foram
visualizados em gel de agarose 0,8% e os fragmentos purificados clonados no plasmídeo
pTEX nos sítios
SmaI/EcoRI.
Após confirmação por seqüenciamento gênico, as diferentes construções foram
introduzidas nos parasitos por eletroporação. As populações selecionadas foram
primeiramente avaliadas quanto à expressão da PGM fusionada a GFP nos parasitos
transfectados, por Western Blot. Lisados dos parasitos transfectados foram avaliados com
anticorpos anti-PGM (camundongo) e anti-GFP (Figura 31). Foi verificado que a proteína de
fusão PGM-GFP foi expressa com sucesso nos parasitos transfectados, tendo o grau de
expressão similar nos diferentes parasitos. Pode-se observar com o anti-PGM na canaleta (1)
que, como esperado, apenas a PGM endógena foi reconhecida, já que a construção contém
apenas a GFP controle; porém na canaleta (2), a construção que contém apenas 60
2,0
0,25
0,5
1,5
0,75
1,0
Kb
12 3 4 5
2,0
0,25
0,5
1,5
0,75
1,0
Kb
12 3 4 5
Luciana Loureiro Penha Resultados
88
aminoácidos da proteína PGM, também só foi reconhecida a PGM endógena, possivelmente
porque nenhum epítopo foi reconhecido pelo anticorpo nesse pequeno fragmento da proteína.
Figura 31- Expressão da PGM fusionada a GFP nos parasitos transfectados. Lisados
de epimastigota das diferentes construções foram aplicados em gel SDS-PAGE 11%,
transferido para membrana de nitrocelulose, bloqueada com 9% de leite em PBS 0,05%
Tween-20 e incubados com anti-PGM (1:2000) e anti-GFP (1:100). Os extratos protéicos
correspondem aos parasitos transfectados com (1) somente a GFP, (2) construção
PGMF/CTRI, (3) construção PGMF/CTRII, (4) construção PGMF/CTRIII, (5) construção
PGMF/CTRIV e (6) construção PGMF/FullPGM. As bandas foram visualizadas usando
solução BCIP-NBT, conforme protocolo do fabricante.
Após verificar que a proteína de fusão PGM-GFP estava sendo expressa em todos os
transfectantes, fomos avaliar por microscopia de fluorescência a localização sub-celular
dessas proteínas na forma epimastigota de
T. cruzi. A presença da proteína de fusão em
glicossomos pode ser confirmada por co-localização com anticorpos anti-aldolase. Como
pode ser observado os parasitos transfectantes contendo pTEX apenas com a GFP
apresentaram a GFP de forma citoplasmática (Figura 32 A), pTEX contendo a construção
100
150
1 2 3 4 5 6
kDa
75
50
37
25
100
150
250
Anti-GFP
75
50
37
25
Anti-PGM
kDa
1 2 3 4 5 6
100
150
1 2 3 4 5 6
kDa
75
50
37
25
100
150
250
Anti-GFP
1 2 3 4 5 6
kDa
75
50
37
25
100
150
250
Anti-GFP
kDa
75
50
37
25
100
150
250
Anti-GFP
75
50
37
25
Anti-PGM
kDa
1 2 3 4 5 6
Anti-PGM
kDa
1 2 3 4 5 6
Luciana Loureiro Penha Resultados
89
PGMF/CRTI apresentaram a GFP de forma citoplasmática (Figura 32 B) e pTEX contendo a
construção PGMF/CTRII também apresentaram a GFP de forma citoplasmática (Figura 32
C). Já os parasitos transfectados com a construção PGMF/CTRIII apresentaram a GFP co-
localizada com a marcação do anticorpo anti-aldolase, no glicossomo (Figura 32 D), assim
como as construções PGMF/CTRIV (Figura 32 E) e PGMF/FullPGM (Figura 32 F).
Essa estratégia permitiu identificar que a seqüência gênica que codifica os
aminoácidos entre 261 a 380 foi capaz de promover o endereçamento da GFP a glicossomos
(Figura 33). Logo, essa enzima pode estar sendo encaminhada para essas organelas por um
mecanismo alternativo ainda não caracterizado, envolvendo a participação de um I-PTS
putativo, um mecanismo ainda não descrito em
T. cruzi.
Figura 32– Sub-celular localização da PGM-GFP em
T. cruzi. Parasitos foram
centrifugados, lavados 3 vezes com PBS e fixados com 4% paraformaldeído por 10 min a
temperatura ambiente. Depois da fixação as células foram aderidas com poly-L-lisina. Para a
marcação com aldolase, as células foram permeabilizadas com 1% de NP40 em PBS e
incubadas com soro policlonal de coelho contra a proteína recombinante aldolase de
T.
brucei
, marcador de glicossomo. As células foram analisadas por imunofluorescência. Em
(A) construção pTEX somente com GFP, (B) construção PGMF/CTRI, (C) construção
PGMF/CTRII, (D) construção PGMF/CTRIII, (E) construção PGMF/CTRIV e (F)
construção PGMF/FullPGM. As setas indicam a co-localização no glicossomo. Escala da
barra 4 µm.
Luciana Loureiro Penha Resultados
90
GFP Aldolase Merge
GFP Controle
A
GFP
GFP Aldolase Merge
GFP Controle
GFP Aldolase MergeGFP Aldolase Merge
GFP Controle
A
GFP
A
GFPGFP
60 aa
GFP
CTR1
CTRI
GFP Aldolase Merge
B
60 aa
GFP
CTR1
60 aa
GFP
CTR1
CTRI
GFP Aldolase MergeGFP Aldolase Merge
B
GFP Aldolase
CTRII
Merge
260 aa
GFP
CTR2
C
GFP Aldolase
CTRII
Merge
260 aa
GFP
CTR2
GFP Aldolase
CTRII
Merge
260 aa
GFP
CTR2
260 aa
GFP
CTR2
260 aa
GFP
260 aa
GFPGFP
CTR2
C
Luciana Loureiro Penha Resultados
91
GFP Aldolase MergeCTRIII
380 aa
GFP
CTR3
D
GFP Aldolase MergeCTRIII
380 aa
GFP
CTR3
GFP Aldolase MergeCTRIII
380 aa
GFP
CTR3
380 aa
GFP
CTR3
380 aa
GFP
380 aa
GFPGFP
CTR3
D
GFP Aldolase Merge
CTRIV
560 aa
GFP
CTR4
E
GFP Aldolase Merge
CTRIV
560 aa
GFP
CTR4
560 aa
GFP
CTR4
560 aa
GFP
560 aa
GFPGFP
CTR4
E
GFP Aldolase Merge
PGM inteira
600 aa
GFP
Full PGM
F
GFP Aldolase Merge
PGM inteira
600 aa
GFP
Full PGM
600 aa
GFP
Full PGM
600 aa
GFP
600 aa
GFPGFP
Full PGM
F
Luciana Loureiro Penha Resultados
92
260 aa
GFP
CTR2
380 aa
GFP
CTR3
60 aa
GFP
CTR1
560 aa
GFP
CTR4
600 aa
GFP
Full PGM
C G
+ -
+ -
+ +
+ +
+ +
260 aa
GFP
CTR2
380 aa
GFP
CTR3
60 aa
GFP
CTR1
560 aa
GFP
CTR4
600 aa
GFP
Full PGM
260 aa
GFPGFP
CTR2
380 aa
GFP
CTR3
380 aa
GFP
380 aa
GFPGFP
CTR3
60 aa
GFP
CTR1
60 aa
GFP
CTR1
560 aa
GFP
CTR4
560 aa
GFP
CTR4
560 aa
GFP
560 aa
GFPGFP
CTR4
600 aa
GFP
Full PGM
600 aa
GFP
Full PGM
600 aa
GFP
600 aa
GFPGFP
Full PGM
C G
+ -
+ -
+ +
+ +
+ +
Figura 33 – Esquema das diferentes construções de fragmentos da proteína PGM de
T.
cruzi
fusionada a GFP. As proteínas que se localizam no citoplasma (C) foram marcadas com
sinal (+) e as que não se encontram com sinal (-). O mesmo foi feito para proteínas
localizadas no glicossomo (G). A seta vermelha indica a construção que começou a ser
encaminhada para glicossomo.
Luciana Loureiro Penha Discussão
93
Com os resultados obtidos nessa tese, foi possível a caracterização sub-celular da
PGM de
T. cruzi no interior de organelas especializadas denominadas glicossomos, e foi
comprovado que uma região compreendendo 100 aminoácidos localizada na porção interna
da TcPGM (I-PTS) é capaz de endereçar essa proteína aos glicossomos. O fato de a PGM ser
uma enzima essencial para o metabolismo do parasito, e da TcPGM apresentar uma
localização diferenciada da PGM humana, sendo direcionada para uma organela específica de
tripanosomatídeos, através de um mecanismo alternativo de endereçamento intracelular,
tornam o estudo desta enzima atrativo para a geração de novos agentes quimioterápicos
contra a doença de Chagas.
A partir do uso de diferentes construções gênicas contendo fragmentos da TcPGM
fusionados à GFP, determinamos que o motivo de encaminhamento desta proteína para os
glicossomos está contido entre os aminoácidos 261 e 380. Porém, algumas questões ainda
faltam ser respondidas, como: esse domínio por si só é capaz de direcionar qualquer proteína
para o glicossomo? A seqüência de endereçamento é linear ou deve apresentar uma
conformação tridimensional específica para ser reconhecida? Este motivo I-PTS é
diretamente reconhecido por um receptor, similar a PEX5 ou PEX7? Ou existe alguma outra
proteína contendo domínios PTS1 e/ou PTS2 que interage com a TcPGM e promove o seu
transporte indireto?
Nossos resultados também demonstraram que a PGM da forma procíclica de
Leishmania major apresentava-se no interior de glicossomos, uma observação original.
Futuramente, as mesmas ferramentas utilizadas nesse trabalho poderão ser utilizadas para se
caracterizar o motivo de endereçamento da PGM em
L. major. Um dado surpreendente foi
que nenhuma seqüência similar da PGM de
T. cruzi e L. major foi encontrada após busca no
banco genômico de
T. brucei, dado também relatado por Opperdoes e Szikora (2006).
Luciana Loureiro Penha Discussão
94
Acreditamos que é pouco provável que este gene esteja ausente do genoma de
T. brucei, pois
essa enzima parece ser vital para o metabolismo. É possível que a PGM do
T. brucei possua
baixos níveis de similaridades com a PGM de outros tripanossomatídeos ou que a atividade
de PGM pode estar sendo executada por outra enzima como a PMM.
Através de análise computacional nenhum consenso clássico de endereçamento de
proteínas glicossomais foi identificado na TcPGM, o que sugere fortemente a existência de
um mecanismo diferente de encaminhamento desta proteína para o glicossomo em
T. cruzi.
Nossos resultados demonstraram que a TcPGM seria encaminhada ao glicossomo através de
uma região interna na proteína, compreendida entre os aminoácidos 261-380, responsável por
seu encaminhamento, direto ou indiretamente.
Algumas proteínas que contêm motivos I-PTS já foram descritas, como por exemplo:
malato sintase em
Hansenula polymorpha (Bruinenberg et al., 1990); oxidases acil-CoA em
Candida tropicalis (Small et al., 1988), Candida maltosa (Hill et al., 1988) e S. cerevisiae
(Dmochowska et al., 1990); isoenzima fosfoglicerato quinase (PGK) em T. brucei (Peterson
et al., 1997) e trifosfato isomerase (TIM) em T. brucei (Moyersoen et al., 2004), porém
nenhuma proteína apresentando I-PTS foi descrita em
T. cruzi.
As proteínas que contêm I-PTS podem ser encaminhadas para a matriz do
peroxissomo/glicossomo através de transporte indireto, por formação de um complexo
heteromérico com proteínas que contêm os motivos PTS1 ou PTS2. Segundo Moyersoen e
colaboradores (2004), esse mecanismo de transporte indireto é objetivo para a pesquisa de
novos alvos de agentes quimioterápicos capazes de interferir especificamente na biogênese de
glicossomos de tripanosomatídeos, já que a possibilidade dos motivos de interação proteína-
proteína ser conservada entre o parasito e seu hospedeiro é muito pequena. Por exemplo,
segundo os autores, a seqüência de 22 aminoácidos presente na proteína TIM de
T. brucei,
Luciana Loureiro Penha Discussão
95
que foi identificada como responsável pelo encaminhamento da proteína para o glicossomo, é
muito diferente da região correspondente nas proteínas TIM de outros organismos não
tripanossomatídeos. A seqüência não foi encontrada em nenhuma outra proteína glicossomal,
sendo, portanto, única, e podendo ser utilizada como alvo no desenvolvimento de um
quimioterápico específico que perturbe esta interação, ou seja, interrompendo o
encaminhamento da proteína TIM para o glicossomo. Os autores sugerem que essa
abordagem poderia ser utilizada para impedir o encaminhamento de qualquer outra proteína
que apresente o motivo I-PTS.
Opperdoes & Szikora (2006) realizaram a análise computacional do genoma de
tripanossomatídeos na busca por genes que codificavam proteínas glicossomais e relataram
que a PGM de
L. major, assim como a PGM de T. cruzi, apresentava um motivo PTS1 de
encaminhamento para glicossomo (SKL). A seqüência da TcPGM já caracterizada pelo
nosso grupo (Penha
et al, 2005) e a PMM já caracterizada em L. mexicana (Garami et al.,
2001) foram utilizadas para a busca da seqüência da PGM e PMM de
L. major. Porém, após
realização do alinhamento das seqüências da PGM e PMM de
T. cruzi, L. mexicana e L.
major
não foram encontrados motivos clássicos de encaminhamento para o glicossomo. As
seqüências citadas no trabalho podem ser de genes que codificam uma proteína PGM/PMM,
como encontrada em bactérias, porém que não estão mais sendo expressas.
Em
S. cerevisiae a análise por microscopia eletrônica de transmissão de anticorpos
que reconhecem proteínas contendo o motivo PTS1 demonstrou sua presença no interior de
peroxissomos (Walton
et al., 1995). Três possíveis mecanismos de transporte de proteínas
oligoméricas através da membrana peroxissomal foram sugeridos: (1) a existência de um
poro na membrana do peroxissomo similar ao poro nuclear, onde um canal transiente poderia
se abrir em resposta a um esmulo na membrana (Hettema
et al., 1999); (2) a internalização
Luciana Loureiro Penha Discussão
96
através de invaginação de parte da membrana peroxissomal, num processo similar à
endocitose (McNew & Goodman, 1994); (3) ou o revestimento de proteínas na dupla
membrana, formando uma vesícula na membrana externa que se fusionaria à membrana
interna, essa parte da membrana interna seria degradada e o conteúdo da vesícula liberado no
lúmen do peroxissomo (Eckert & Erdmann, 2003).
A partir de manipulação genética foi demonstrado que a redução na expressão de
diversas peroxinas em tripanosomatídeos leva à redução da viabilidade destes parasitos. Esses
resultados sugerem que há possibilidade das peroxinas serem responsáveis pela biogênese
dos glicossomos, essenciais à viabilidade desses microrganismos. O baixo nível de
conservação entre as seqüências das peroxinas dos tripanossomatídeos e de humanos faz com
que essas proteínas sejam alvos promissores para o desenvolvimento de drogas tripanocidas.
Com este objetivo, pesquisas vêm sendo desenvolvidas visando determinar a interação
transitória entre os diferentes grupos de proteínas envolvidas na biogênese dos glicossomos, a
níveis molecular e protéico. Esses estudos podem trazer bases sólidas para o futuro desenho
de peptido-domínios e outros compostos que possam interferir, seletivamente, nessas
interações sem afetar as envolvidas entre proteína-proteína da célula hospedeira (Moyersoen
et al., 2004).
Das 32 peroxinas identificadas até o momento, apenas 3 estão envolvidas na síntese
de proteínas de membrana peroxissomais e na sua inserção na membrana do peroxissomo:
PEX3, PEX19 e PEX16. Estudos demonstraram a associação das proteínas PEX3 e PEX19
através do domínio C-terminal, sendo esta interação necessária e alvo para que outras
proteínas de membrana peroxissomal sejam reconhecidas na membrana (Hazra
et al., 2002).
A PEX19 está localizada no citoplasma e parcialmente inserida na membrana do peroxissomo
Luciana Loureiro Penha Discussão
97
e alguns autores sugerem que a PEX19 poderia atuar como chaperona na membrana
peroxissomal (Snyder
et al., 2000; Fransen et al., 2001).
Saveria e colaboradores (2007) demonstraram que a especificidade de ligação da
proteína PEX19 de
T. brucei na membrana glicossomal é muito similar à encontrada na
PEX19 de humanos e leveduras. Estes autores construíram uma proteína fusionada baseada
na seqüência gênica humana da proteína responsável pelo transporte de ácidos graxos de
cadeia longa na membrana peroxissomal, adrenoleucodistrofina (ALDP), fusionada ao gene
que codifica para GFP, e transfectaram esta construção na forma procíclica de
T. brucei.
Após a transfecção, a proteína de fusão GFP-HsALDP foi encaminhada para os glicossomos
em
T. brucei, confirmando que a TbPEX19 reconhece a mesma região em proteínas de
membrana peroxissomal de humanos. Trabalhos anteriores já haviam demonstrado a
interação da proteína ALDP de humanos (Hs) e leveduras com domínios trans-membrana e
sítios de ligação de PEX19 (Halback
et al., 2005). Esta observação é de interesse especial,
devido à baixa homologia entre as duas proteínas PEX19. Nesse mesmo trabalho, os autores
expressaram a proteína PEX14 de
T. brucei em fusão com a proteína GFP em fibroblastos
humanos para determinar a sua localização. No entanto, a proteína de fusão GFP-TbPEX14
foi localizada no citoplasma, não sendo encaminhada para peroxissomo. Esse resultado
demonstrou que TbPEX14 não é reconhecida pelo mecanismo de encaminhamento de
proteínas peroxissomais de humanos, sugerindo que a maquinaria seja distinta.
As peroxinas 5 e 7 são os receptores no citoplasma responsáveis pelo
encaminhamento das proteínas para o interior dos peroxissomos/glicossomos. Galland e
colaboradores (2007) realizaram o bloqueio da expressão dos dois genes que codificam para
PEX5 e PEX7 em
T. brucei por interferência de RNA (RNAi). A deleção dos genes resultou
em um efeito severo no crescimento, culminando com a morte de ambas as formas do
Luciana Loureiro Penha Discussão
98
parasito. Na forma procíclica, o bloqueio da expressão isolada de cada um dos genes que
codificam para PEX5 ou PEX7 resultou na localização citoplasmática das proteínas que
continham o motivo PTS1, PTS2 ou I-PTS. Por outro lado, na forma sanguínea, a deleção de
PEX7 afetou apenas o endereçamento de proteínas que continham o motivo PTS2. O fato da
deleção de PEX5 estar envolvida no encaminhamento de proteínas com os motivos PTS1 e
PTS2, confirmou resultados prévios que demonstraram a interação das proteínas PEX5-PEX7
(Hayashi
et al., 2005; Woodward & Bartel, 2005). Embora os receptores responsáveis pelo
encaminhamento de proteínas que contenham o motivo I-PTS ainda não tenham sido
caracterizados, os resultados discutidos acima sugerem que este mecanismo é dependente de
PEX5/PEX7. Os autores não justificam ou sugerem o porquê que a deleção de PEX7 alterou
apenas o encaminhamento de proteínas contendo o motivo PTS2 e não I-PTS na forma
sanguínea.
Dispondo das seqüências de PEX5 e PEX7 de
T. brucei, realizamos buscas em bancos
de dados genômicos para a identificação da seqüência gênica de
PEX5 e PEX7 de T. cruzi
(Anexo II e III). Conhecendo essas seqüências, futuramente será possível investigar as
proteínas que interagem com o domínio de endereçamento da TcPGM, podendo as TcPEX5 e
TcPEX7 serem clonadas e expressas para produção de proteínas recombinantes.
A presença da PGM no glicossomo sugere que a compartimentalização da biossíntese
de açúcar nucleotídeos em
T. cruzi está dispersa em diferentes compartimentos sub-celulares.
A UDP-Glc, por exemplo, deve necessariamente transitar pelo citoplasma, de onde ela é
transportada para o lúmen do retículo endoplasmático e do Golgi para ser incorporada a
proteínas e lipídeos. Entretanto, não se sabe até o momento se ela é formada já no citoplasma
ou se é produzida no interior dos glicossomos e posteriormente exportada para o citosol.
Luciana Loureiro Penha Discussão
99
Segundo Roper e colaboradores (2005), caso a Glc-1-P fosse formada no interior dos
glicossomos, este açúcar teria que ser transportado para o citoplasma, onde ocorreria a reação
com UTP, via a ação da UDP-glucose-pirofosforilase para a formação de UDP-Glc. De
acordo com os autores, a seqüência de aminoácidos prevista para a UDP-glucose-
pirofosforilase de
T. brucei (Tb10.389.0330) não possui nenhum motivo conhecido de
encaminhamento para o glicossomo, o que sugere que a enzima seja citoplasmática.
Entretanto, não podemos excluir a possibilidade de que UDP-glucose-pirofosforilase seja
transportada para o glicossomo através de vias alternativas ainda não identificadas. Neste
caso, a UDP-Glc, e não a Glc-1-P, precisaria ser exportada dos glicossomos para o
citoplasma, para ser incorporada a proteínas e lipídeos (Anexo IV).
Em contrapartida, se a UDP-Glc só fosse formada no citoplasma, esse produto teria
que voltar para o interior do glicossomo, onde iria reagir com a enzima UDP-Glc 4’-
epimerase, enzima já caracterizada no interior do glicossomo (Roper
et al., 2005), para
formação do substrato UDP-Gal. Este açúcar ativado seria então transportado de volta para o
citoplasma, por algum transportador específico ainda não caracterizado, e direcionado para o
lúmen do retículo endoplasmático ou do Golgi, onde serve de substrato para
glicosiltransferases.
Com o seqüestramento de enzimas para o glicossomo, não apenas as enzimas da via
glicolítica mas também de enzimas que participam da biossíntese de açúcar nucleotídeos
levantam uma série de novas perguntas. Que molécula é transportada para fora do
glicossomo, Glc-1-P ou UDP-Glc? Que transportador realiza essa tarefa? Essas e outras
perguntas motivam mais pesquisas moleculares, bioquímicas, ultraestruturais e fisiológicas
sobre o glicossomo, organela única em tripanosmatídeos.
Luciana Loureiro Penha Discussão
100
Roper e colaboradores (2005) verificaram que a enzima UDP-4-epimerase se encontra
no glicossomo. Como a PGM participa da formação de Glc-1-P que vai sofrer a ação da
enzima UDP-glucose pirofosforilase, formando UDP-Glc que é substrato da enzima UDP-4-
epimerase, havendo uma grande possibilidade da TcPGM também estar localizada no
glicossomo, o que condiz com nossos resultados.
Michels e colaboradores (1986) caracterizaram duas isoenzimas da gliceraldeído
fosfato desidrogenase (GAPDH), uma residente no glicossomo e outra no citoplasma. Os
autores relataram que a enzima glicossomal era codificada por dois genes idênticos situados
em “tandem” no genoma do parasito. Esse gene codifica uma proteína de 358 aminoácidos,
sendo a proteína de maior tamanho encontrada, quando comparada com a de outros
organismos. Através de experimentos de hibridização e por análise de proteínas, os autores
constataram que as enzimas citoplasmática e glicossomal eram diferentes, apresentando 56%
de homologia. O mesmo não ocorreu para enzima fosfoglicerato quinase (PGK) que
apresentou 95% de homologia entre a PGK citoplasmática e a glicossomal (Osinga
et al.,
1985).
Apesar do anticorpo contra TcPGM ter reconhecido a proteína no citoplasma e no
glicossomo, demonstramos em análise por
Southern Blot (Penha et al., 2005) (Anexo I) que a
TcPGM é codificada por um gene de cópia única. Isso não exclui a possibilidade de haver
uma outra isoforma da TcPGM com baixa similaridade que codifique a enzima
citoplasmática, porém apresentando epítopos conservados com a proteína glicossomal. Por
outro lado, sendo a PGM sintetizada no citoplasma e direcionada ao glicossomo, existe a
possibilidade do anticorpo estar reconhecendo a proteína em trânsito.
A PGM é responsável pela manutenção dos níveis relativos de Glc-1-P e Glc-6-P em
eucarioto. No entanto, no
T. cruzi, alterações na sua atividade também provocam efeitos no
Luciana Loureiro Penha Discussão
101
metabolismo de galactose, uma vez que, o parasito não transporta galactose. Isto sugere a
grande importância dessa atividade na espécie. Efeitos drásticos para o crescimento de
tripanossomatídeos podem ser observados quando o metabolismo de galactose é alterado,
como pode ser visto nos exemplos citados abaixo.
Roper e colaboradores (2005) tentaram realizar a deleção do gene
TbGALE que
codifica para UDP-Glc4’- epimerase, enzima que realiza a interconversão de UDP-Glc e
UDP-Gal, na forma procíclica de
T. brucei, porém só foi possível a deleção por
recombinação homóloga de apenas um alelo. Os parasitos perdem a viabilidade após a
deleção dos dois alelos, sugerindo que o gene
TbGALE deve ser essencial à forma procíclica
do
T. brucei. A partir desses resultados os autores obtiveram um mutante completo de forma
condicional através da inserção do gene da epimerase no lócus para o RNA ribossomal que
expressa constitutivamente uma T7 RNA polimerase e um repressor de tetraciclina. Na
presença de tetraciclina, as células multiplicaram-se normalmente, semelhantes a cepa
selvagem. No entanto, na ausência de tetraciclina os tripanossomas mutantes multiplicaram-
se por 8 dias e, após esse tempo, cessaram a divisão celular e começaram a morrer. Na forma
procíclica de
T. brucei, as unidades de galactose são encontradas, principalmente, na âncora
GPI da prociclina onde estão presentes cadeias de poli-
N-acetillactosamina. O fenótipo
apresentado pelo mutante condicionado foi a diminuição na massa molecular da prociclina e
o aumento na expressão dessas proteínas (em 10 X), fenótipos, provavelmente relacionados à
morte do parasito.
O gene
TbGALE é essencial na forma sanguínea de T. brucei. O mutante com a
deleção nos dois alelos só foi viável na forma condicional. O fenótipo apresentado por esse
mutante, após 24 h de cultivo na presença de tetraciclina, foi a diminuição substancial (80%)
nos níveis de UDP-Gal, com pouco ou nenhum efeito em outros açúcares nucleotídeos.
Luciana Loureiro Penha Discussão
102
Entretanto, após 48 h, foi possível observar a diminuição nos níveis de UDP-Glc e UDP-
GlcNAc, indicando um estresse metabólico mais complexo. Após 72 h de cultivo os níveis de
UDP-Gal não foram mais detectáveis, confirmando modificações no padrão de glicosilação
de proteínas do parasito. A glicoproteína variante de superfície da forma sanguínea do
T.
brucei (VSG), na cepa selvagem, contém 5 sítios com unidades de galactose em sua
estrutura. Na análise estrutural da VSG mutante não foi detectada a presença de galactose.
Após 96 h a divisão celular foi cessada, a morfologia das células mostrou-se distinta da forma
normal dos parasitos, arredondada, e foi possível observar a formação de uma vesícula perto
da bolsa flagelar. Os autores sugerem que esses efeitos poderiam ser devido à ausência da
glicosilação correta de proteínas na via de reciclagem endocítica/exocítica (Nolan
et al.,
1999; Urbaniak
et al., 2006).
Tentativas de deleção gênica em
T. cruzi revelaram que o gene TcGALE também é
essencial para a forma epimastigota deste parasito. Com a deleção de apenas um alelo foi
possível analisar alguns fenótipos. A análise das mucinas no
T. cruzi, revelou um conteúdo
menor de unidades da galactose e a menor expressão (6 a 9 X) dessas moléculas na superfície
do parasito, em relação à cepa selvagem. Quando os GIPLs foram analisados, o conteúdo de
unidades de galactofuranose na cepa mutante foi menor (1 a 2 X) quando comparado com os
parasitos selvagens. Os autores sugerem que a deleção de um alelo
TcGALE tem um impacto
menor nos níveis e galactosilação dos GIPLs quando comparado com o das mucinas. As
células mutantes também apresentaram alterações marcantes na estrutura celular, evidenciado
pelo aparecimento de células mais aderentes, que se aglutinam através do corpo celular ou do
flagelo; células com o flagelo diminuído; com a superfície ondulada; aumento da incidência
de esferomastigotas nas culturas; e a presença de células com formato de uma noz (McRae
et
al
., 2006).
Luciana Loureiro Penha Discussão
103
O fenótipo encontrado com a deleção do gene que codifica a UDP-Glucose
4`epimerase na forma procíclica e sanguínea de
T. brucei e parcialmente da forma
epimastigota de
T. cruzi demonstra que a galactosilação de uma ou mais glicoproteína(s) é
essencial para a sobrevivência desses parasitos. MacRae e colaboradores (2006) sugerem que
se esse fenótipo também for encontrado na forma amastigota e tripomastigota de
T. cruzi, a
enzima epimerase, transportadores de UDP-Gal e galactosiltransferase UDP-Gal
dependentes, poderiam ser exploradas como alvo potenciais para drogas. Inibidores poderiam
ser desenhados a partir de análogos de substratos aceptores parasito-específicos.
A estrutura tridimensional da UDP-glucose 4’-epimerase de
T. brucei (TbGalE) foi
caracterizada e comparada à de humanos (HsGalE). Os autores verificaram semelhanças entre
a estrutura das enzimas do parasito e do mamífero, existindo uma pequena diferença no
domínio relativo ao nucleotídeo (NDR) presente na região C-terminal. A Gly237 em HsGalE
corresponde a Cys266 em
TbGalE e nesta Cys ocorre a presença de um grupamento tiol. Os
autores sugerem que esta diferença, embora envolvendo um único aminoácido, possibilitaria
estudos posteriores visando à inibição da enzima do patógeno (Shaw
et al., 2003).
Garami e colaboradores (2001) deletaram o gene que codifica para fosfomanomutase
(PMM) de
L. mexicana e foi verificada uma atividade de conversão de manose-6-fosfato em
manose-1-fosfato em torno de 10%, possivelmente resultante da atividade das enzimas PGM
e fosfo
-N-acetilglucosaminamutase, entretanto, a atividade residual de 10% não foi suficiente
para repor o defeito de glicosilação nas moléculas do parasito. A diminuição da expressão de
todos os glicoconjugados contendo manose nesse mutante foi suficiente para causar um
fenótipo avirulento. Logo, antes de inferirmos que a PGM é essencial para esses
tripanosomatídeos, é necessário analisar a compensação na formação da Glc-1-P, pela
Luciana Loureiro Penha Discussão
104
atividade das enzimas PMM e fosfo-
N-acetilglucosaminamutase. Em T. cruzi, esta análise só
poderia ser realizada após a deleção do gene que codifica a PGM.
A modulação da atividade da PGM também poderia interferir na viabilidade do
parasito, devido a alterações na homeostasia de Ca
2+
, como ocorreu com a inibição da
atividade da PGM pelo lítio em
S. cerevisiae (Csretora et al., 2005). Os autores sugerem que
os níveis de Glc-1-P e Glc-6-P são diretamente responsáveis pela homeostasia Ca
2+
celulares
da levedura. Como a PGM deve ser a enzima responsável por manter os níveis de Glc-1-
P/Glc-6-P também no
T. cruzi, podemos especular que ela poderia estar envolvida na
homeostasia de Ca
2+
.
Vários estudos têm demonstrado que os tripomastigotas metacíclicos
para entrarem na célula hospedeira ativam, através de moléculas na sua superfície, cascata de
sinalização e mobilização de Ca
2+
de ambas as células (Yoshida et al., 2000). Assim se o
bloqueio da atividade da PGM poderia também interferir nos níveis de Ca
2+
nesse parasito,
outras vias vitais para o parasito poderiam ser alterados.
Luciana Loureiro Penha Conclusões
105
¾ O gene pgm de diferentes amostras de T.cruzi foi isolado e seqüenciado,
¾ O alinhamento da seqüência predita de aminoácidos demonstrou altos níveis de
conservação entre as amostras (99,8% a 99%),
¾ Os resíduos de aa das posições 3 e 16 das amostras apresentaram modificações com
mudança de carga, agrupando as amostras Dm28c, G, Brazil e X10/6 (
T. cruzi grupo 2),
enquanto ClBrener e Tulahen apresentaram sequência similar, como observado em análises
MLEE, elaboradas por Brisse
et al, 1998,
¾ A PGM em T. cruzi está associada a glicossomos, e de forma solúvel,
¾ As diferentes proteínas de fusão contendo domínios da TcPGM-GFP foram expressos
em linhagens de epimastigotas transfectados em níveis similares,
¾ A região da PGM compreendida entre os resíduos de aminoácidos 260 a 380
promoveu o endereçamento da proteína de fusão para glicossomos, sugerindo que este
domínio contém um I-PTS putativo,
¾ As proteínas de fusão TcPGM-GFP contendo domínios a partir do aminoácido 380
estão localizadas no glicossomo e citoplasma do parasito.
Luciana Loureiro Penha Anexos
106
Anexo I:
Luciana Loureiro Penha Anexos
107
Luciana Loureiro Penha Anexos
108
Anexo II:
Luciana Loureiro Penha Anexos
109
PEX5 T.brucei MDCGAGFALGQQLAKDALHMQGGVRPGTTGNVEQDALMTGMMVPP--TGPMEDWAQHFAA
PEX5 T.cruzi MDCSTGAAIGQQFAKDAFHMHGGVGVGPTGNPEHDVLMNEMMMVQTPTGPAGEWTHQFAA
PEX5 L.major MDCNTGMQLGQQFSKDVTMMHGGVPMSGAM-SEQDALMVSAQVGGASPMMAAQWAQNF--
***.:* :***::**. *:*** . : *:*.** : . :*:::*
PEX5 T.brucei HQHHHQQH--QQMMMQRQHNDALMIQQQHRDMEEAFRASARAGAPQQANAGPLMMPP---
PEX5 T.cruzi YQGKQQQQHPQELAMRHQQNDALMLRQQ-QEMEEAFCTLCAAHPHSHAHSHAHSHQPQGL
PEX5 L.major ----QQQQAMQAMRQQHEMEQAFQNSQQ-QQH--------AAVAQSGQMLGMAGPQQQQF
:**: * : ::: ::*: ** :: * . .
PEX5 T.brucei -GPMMMAGG-MAPMMH---AGGFMMGGMPQMMPCTPMGMNMGMAPVATMNPATTSTVSGA
PEX5 T.cruzi VGPAMMGPQIMPPMMFGPGSGGFMM-GTPPMMPYA----SMKFAGDAAMAAANNTTMTQG
PEX5 L.major MVQQQQQASMMNAAMMSQGMMTANM-GFGMMMPRT----QYQPLPNLSVLQPN-----QQ
* . * * * *** : . :: ..
PEX5 T.brucei REGATAVSSAAPGVVDLGGDSAWAEKLHQAEWGQDYKDVEVHTVEGSTAQTVEEHAKTSK
PEX5 T.cruzi ATATSTTSVQQEQQQQQSSDNGWVEKLRDAEWAQDYSDAQVFTLEGQSEQTMEEHAKNSE
PEX5 L.major QQQQQQLVNLAPAV----QDSAWADQLSQQQWSTDYSQVQTFSAPGMEDKTVEERIKDSE
*..*.::* : :*. **.:.:..: * :*:**: * *:
PEX5 T.brucei FYEFMDKIRKKELLVDEDSGEVVQGPGPDPDVEADTEYLARLAAMEGINVPPSVMDHM--
PEX5 T.cruzi FYQFMDKIRSKELLIDEETGQLVQGPGPDPDAPEDAEYLKEWAAAEGLNMPPGFFEHMMQ
PEX5 L.major FYKFMDQVKNKEVLIDEEKGELVQGPGPEVGVPEDAEYLRHWAEMEGLNMPEGVFQPP--
**:***:::.**:*:**:.*::******: .. *:*** . * **:*:* ..::
PEX5 T.brucei --QGQDGVQRGT--DEDMEGMMGDDVYDPSADVEQWAQEYAQMQAMQERLQNNTDYPFEA
PEX5 T.cruzi RPQGNNEQAEGRLFDGSNDALMDDGALDNAADVEEWAREYAEAQEQLQRVQNETNYPFEP
PEX5 L.major --PPASAMMTPE--NGDPDTYI-KEMDMAENDVEDWAQEYAEMQERLQKVTNNTDYPFEP
. : . : : . ***:**:***: * ::: *:*:****.
PEX5 T.brucei NNPYMYHENPMEEGLSMLKLANLAEAALAFEAVCQKEPEREEAWRSLGLTQAENEKDGLA
PEX5 T.cruzi NNPYMYHDKPMEEGIAMLQLANMAEAALAFEAVCQKEPENVEAWRRLGTTQAENEKDCLA
PEX5 L.major NNPYMFHDFPFDEGMEMLQLGNLAEAALAFEAVCHKDSSNEKAWQILGTTQAENEKDGLA
*****:*: *::**: **:*.*:***********:*:... :**: ** ******** **
PEX5 T.brucei IIALNHARMLDPKDIAVHAALAVSHTNEHNANAALASLRAWLLSQPQYEQLGSVNLQ---
PEX5 T.cruzi IIALNHARMLDPKDIAVHAALAVSHTNEHNVGAALQSLRSWLLSQPQYEHLGLVDLQEVA
PEX5 L.major IIALNNARKLNIRNLEVHAALSVSHTNERNADAAMDSLKAWLVNHPEYEQLASVSI---P
*****:** *: ::: *****:******:*..**: **::**:.:*:**:*. *.:
PEX5 T.brucei ADVDIDDLNVQSEDFFFAAPNEYRECRTLLHAALEMNPNDAQLHASLGVLYNLSNNYDSA
PEX5 T.cruzi ADEGLDE--VPEENYFFAAPSEYRDCCTLLYAAVEMNPNDPQLHASLGVLHNLSHRFDEA
PEX5 L.major PDAELD----VQETFFFADPSRMREARTLYEAAIEMNPSDSQLFTNLGVLHNVAHEFDEA
.* :* .* :*** *.. *:. ** **:****.*.**.:.****:*:::.:*.*
PEX5 T.brucei AANLRRAVELRPDDAQLWNKLGATLANGNRPQEALDAYNRALDINPGYVRVMYNMAVSYS
PEX5 T.cruzi AKNFRRAVELRPDDAHTWNKLGATLANGNRPQEALEAYNRALDINPGYVRVMYNMAVSYS
PEX5 L.major AECFRKAVALHPDDPKMWNKLGATLANGGHPDQALEAYNRALDINPGYVRAMYNMAVAYS
* :*:** *:***.: ***********.:*::**:**************.******:**
PEX5 T.brucei NMSQYDLAAKQLVRAIYMQVGGTTPTGEASREATRSMWDFFRMLLNVMNRPDLVELTYAQ
PEX5 T.cruzi NMAQYPLAAKHITRAIALQAGGTNPQGEGSRIATRGLWDLLRMTLNLMDRSDLVEASWQQ
PEX5 L.major NMSQYNMAARQIVKAIASQQGGTKPSGEGSIMATRNMWDLLRMTLNLMDRDDLVQLTYNE
**:** :**:::.:** * ***.* **.* ***.:**::** **:*:* ***: :: :
PEX5 T.brucei NVEPFAKEFGLQSMLL
PEX5 T.cruzi DLTPFLKEFGLEDMAV
PEX5 L.major QLEPFVKEFGLEGH-V
:: ** *****:. :
Anexo II- Alinhamento das seqüências de aminoácidos preditas para PEX5.
Seqüências foram obtidas com o Projeto Genoma de parasitos (TIGR), utilizando programa
ClustalW, formato T-COFFEE.
Luciana Loureiro Penha Anexos
110
Anexo III:
Luciana Loureiro Penha Anexos
111
PEX7 T.brucei MPSFVLHPGFAGHSLRCNPWQPTQFLVTASEHFGVAGSGKVYVVNTSQGLQPHSPVQLVG
PEX7 T.cruzi MPSFNFHPGFAGHGMRCNPWQPTQYILTAAEHFGVVGSGKVYIVNTAPGMPPGSLVSLLG
PEX7 L.major MPSFQMHPGFAGQSIRTNPWKPTQFIISTSQNFGIVGSGKAYVVEAAPGFQAGSPVSLVG
**** :******:.:* ***:***::::::::**:.****.*:*::: *: . * *.*:*
PEX7 T.brucei CWGTSDAAFDACFSEVDRDLVAVACGDGVKLYSLQQSFNRDGVMPVAHSTEHRAEVVGVA
PEX7 T.cruzi CWGTSDGAFDACFSEVDQNIAAVACGDGVKLYNVQQSLNLDGAPPLVHIMEHQGEVAGVT
PEX7 L.major CWGTSDGVFDACFSEVDQNIVVTACGDGVKVYNLAMSLNRDGVIPLVHNAEHQAEVSCVT
******..*********:::...*******:*.: *:* **. *:.* **:.** *:
PEX7 T.brucei WC---RDAFLSCSWDGAVKLWKAATPQVSFMTFHEHLKEVYEVSCSTFNPASFLSCSGDG
PEX7 T.cruzi WN---RDNFLSCSWDGSVKMYQAANPNASCMTFQEHMKEVYEVACSTRNPASFLSCSGDG
PEX7 L.major WNSAHRDTFYSASWDTTIKMYSAVKPEVSMVTMQEHFKEVYEVASTAHSPSSILSCSGDG
* ** * *.*** ::*::.*..*:.* :*::**:******:.:: .*:*:*******
PEX7 T.brucei TWRLWDSRSP-RSVLTQIGHGHQPILSIDFNKQDNSIFATGGVDRTVHLWDVRRPQRPLT
PEX7 T.cruzi TWKLWDARTP-RSVLTQVGHNHQIVLSIDWNKYDGCLFASGGVDRTVRLWDLRRPTQPLA
PEX7 L.major SWKLWDNRSPQRSVLTQMAHQNQIVLSIDFCKSDPNIFASGGVDRTVRVWDARRPNQPLA
:*:*** *:* ******:.* :* :****: * * :**:*******::** *** :**:
PEX7 T.brucei VLPGHDNACRRVRFSPHSRTLLASSGYDCRVCLWDLNQPQRPLTARYAHHREFVVGLQWS
PEX7 T.cruzi SLPGHENACRRVRFSPHSRVLLASAGYDCRVCIWDLNQPQRPLVGRYAHHREFVVGLDWS
PEX7 L.major SFPGHDQACRRVRFSTHNPSMLASSGYDMRVCVWDLSKPQQPLTARYQHHREFVAGLEWS
:***::********.*. :***:*** ***:***.:**:**..** ******.**:**
PEX7 T.brucei LATPNALASVSWDGSAFFWTNGQPLTPSPSSQPLPPAIPPPRVRPPRPKGVP---DIS-A
PEX7 T.cruzi LAVPNALASASWDGRVFFWVSGQQVTPSPPLPQLPAAVPPPRVRVPRNKVLP---GLP-P
PEX7 L.major QAAPNALASASYDGSAFFWSVGQAATPSLPTQQLPPAVPPPRVPRPRTKVLAGLPQPSMP
*.******.*:** .*** ** *** . **.*:***** ** * :. . .
PEX7 T.brucei LPLTV--PP-VR-
PEX7 T.cruzi APPAI--PV-QQ-
PEX7 L.major MPMAVTSPPRSPR
* :: *
Anexo III- Alinhamento das seqüências de aminoácidos preditas para PEX7.
Seqüências foram obtidas com o Projeto Genoma de parasitos (TIGR), utilizando programa
ClustalW, formato T-COFFEE.
Luciana Loureiro Penha Anexos
112
Anexo IV:
Luciana Loureiro Penha Anexos
113
Anexo IV: Representação esquemática das vias metabólicas para síntese de UDP-
glucose e UDP-galactose no glicossomo de
T. cruzi. Os pontos de interrogação representam
os transportadores de açúcares putativos presentes na membrana glicossomal. As linhas
pontilhadas representam a via alternativa proposta por Roper e colaboradores (2005),
baseados na ausência de motivos de encaminhamento para glicossomo/peroxissomo
conhecidos na enzima UDP:glucose pirofosforilase.
Glucose
Glucose
Glucose-6-P
Fructose-6-P
Mannose-6-P
Mannose-1-P
Glucose-1-P
phosphohexoisomerase
hexokinase
phosphomannoisomerase
phosphomannomutase
PGM
UDP-Glucose
UDP-Galactose
UDP-glucose-4’-epimerase
UTP:glucose-1-phosphate
uridylyltransferase (?)
Glycosome
Cytosol
UDP-Glucose
UDP-Galactose
?
?
?
protein
g
lycosilatio
n
in ER and Golgi
UDP-Glucose
Glucose-1-P
UTP:glucose
pyrophosphorylase(?)
glucose-6-phosphatase
Glucose
Glucose
Glucose-6-P
Fructose-6-P
Mannose-6-P
Mannose-1-P
Glucose-1-P
phosphohexoisomerase
hexokinase
phosphomannoisomerase
phosphomannomutase
PGM
UDP-Glucose
UDP-Galactose
UDP-glucose-4’-epimerase
UTP:glucose-1-phosphate
uridylyltransferase (?)
Glycosome
Cytosol
UDP-Glucose
UDP-Galactose
?
?
?
protein
g
lycosilatio
n
in ER and Golgi
UDP-Glucose
Glucose-1-P
UTP:
(?)
glucose-6-phosphatase
Glucose
Glucose
Glucose-6-P
Fructose-6-P
Mannose-6-P
Mannose-1-P
Glucose-1-P
phosphohexoisomerase
hexokinase
phosphomannoisomerase
phosphomannomutase
PGM
UDP-Glucose
UDP-Galactose
UDP-glucose-4’-epimerase
UTP:glucose
pyrophosphorylase(?)
Glycosome
Cytosol
UDP-Glucose
UDP-Galactose
??
??
??
protein
g
lycosilatio
n
in ER and Golgi
UDP-Glucose
Glucose-1-P
UTP:
(?)
glucose-6-phosphatase
Glucose
Glucose
Glucose-6-P
Fructose-6-P
Mannose-6-P
Mannose-1-P
Glucose-1-P
phosphohexoisomerase
hexokinase
phosphomannoisomerase
phosphomannomutase
PGM
UDP-Glucose
UDP-Galactose
UDP-glucose-4’-epimerase
UTP:glucose-1-phosphate
uridylyltransferase (?)
Glycosome
Cytosol
UDP-Glucose
UDP-Galactose
?
?
?
protein
g
lycosilatio
n
in ER and Golgi
UDP-Glucose
Glucose-1-P
UTP:glucose
pyrophosphorylase(?)
glucose-6-phosphatase
Glucose
Glucose
Glucose-6-P
Fructose-6-P
Mannose-6-P
Mannose-1-P
Glucose-1-P
phosphohexoisomerase
hexokinase
phosphomannoisomerase
phosphomannomutase
PGM
UDP-Glucose
UDP-Galactose
UDP-glucose-4’-epimerase
UTP:glucose-1-phosphate
uridylyltransferase (?)
Glycosome
Cytosol
UDP-Glucose
UDP-Galactose
?
?
?
protein
g
lycosilatio
n
in ER and Golgi
UDP-Glucose
Glucose-1-P
UTP:
(?)
glucose-6-phosphatase
Glucose
Glucose
Glucose-6-P
Fructose-6-P
Mannose-6-P
Mannose-1-P
Glucose-1-P
phosphohexoisomerase
hexokinase
phosphomannoisomerase
phosphomannomutase
PGM
UDP-Glucose
UDP-Galactose
UDP-glucose-4’-epimerase
UTP:glucose
pyrophosphorylase(?)
Glycosome
Cytosol
UDP-Glucose
UDP-Galactose
??
??
??
protein
g
lycosilatio
n
in ER and Golgi
UDP-Glucose
Glucose-1-P
UTP:
(?)
glucose-6-phosphatase
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