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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL
DINÂMICA E INDICADORES DE
SUSTENTABILIDADE EM ÁREA DE MATA CILIAR
EM PROCESSO DE REABILITAÇÃO
FABIANA RAMOS DIAS CAÇADOR
ALEGRE
ESPÍRITO SANTO – BRASIL
MARÇO – 2007
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DINÂMICA E INDICADORES DE
SUSTENTABILIDADE EM ÁREA DE MATA CILIAR
EM PROCESSO DE REABILITAÇÃO
FABIANA RAMOS DIAS CAÇADOR
Dissertação apresentada à Universidade Federal do
Espírito Santo, como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal,
linha de pesquisa em Recursos Florestais, para
obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal.
Orientador: Prof. Dr. Mauro Eloi Nappo
Co-orientador: Prof. Dr. Gilson Fernandes da Silva
ALEGRE
ESPÍRITO SANTO – BRASIL
MARÇO – 2007
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DINÂMICA E INDICADORES DE
SUSTENTABILIDADE EM ÁREA DE MATA CILIAR
EM PROCESSO DE REABILITAÇÃO
FABIANA RAMOS DIAS CAÇADOR
Dissertação apresentada à Universidade Federal do
Espírito Santo, como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal,
linha de pesquisa em Recursos Florestais, para
obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal.
Aprovada: Alegre - ES, 16 de março de 2007.
Prof. Dr. João Batista Pavesi Simão
Escola Agrotécnica Federal de Alegre
Prof. Dr. José Franklin Chichorro
Universidade Federal do Espírito Santo
Prof. Dr. Gilson Fernandes da Silva
Universidade Federal do Espírito Santo
(Co-orientador)
Prof. Dr. Aderbal Gomes da Silva
Universidade Federal do Espírito Santo
Prof.Dr.Mauro Eloi Nappo
Universidade Federal do Espírito Santo
(Orientador)
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AGRADECIMENTOS
A Deus pela minha existência, proteção e pelas oportunidades concedidas.
À Universidade Federal do Espírito Santo e ao Programa de Pós-Graduação em
Produção Vegetal, pela oportunidade de realização do curso.
Ao professor Dr. Mauro Eloi Nappo pela orientação, paciência, segurança, “puxões de
orelha”, ensinamentos e, principalmente, por ter acreditado em mim.
Aos professores Dr. Gilson Fernandes da Silva, Dr. João Batista Pavesi Simão, Dr.
Aderbal Gomes da Silva e ao Dr. José Franklin Chichorro, membros da banca
examinadora, pelas sugestões e críticas construtivas que enriqueceram a versão final
deste trabalho.
Ao professor Dr. Israel Marinho Pereira, pela ajuda na identificação de algumas
espécies.
Ao Dr. D’Alembert Jorge Jaccoud, proprietário da Fazenda Barra de Santa Angélica e
entusiasta da área florestal, por permitir a realização deste estudo em sua
propriedade.
Ao colega Malcon pela ajuda com os dados de vegetação e, também, juntamente com
o colega Denis e o engenheiro agrônomo Venilton, pela ajuda nos trabalhos de
campo.
Aos meus colegas de mestrado, pela convivência e aprendizado, principalmente à
Janaina, Isaías, José Marcílio, Vitor, Carlos Alberto e Adriano.
À Janaína e Alvacir, pelo apoio e ajuda durante o período em que fiquei no NEDTEC.
À minha amiga de república Idalúcia, pelos bons momentos que compartilhamos e
pela amizade, confiança e apoio.
Aos funcionários do NEDTEC pela indispensável contribuição, em especial ao Alvacir,
Marise, Alcimone e Valquíria.
5
Ao Douglas, pelo amor, companheirismo, apoio, paciência e estímulo nas horas
difíceis.
À minha Família, pelo incentivo e amor em todos os momentos da minha vida.
A todos aqueles que contribuíram para a realização deste trabalho.
iii
6
CONTEÚDO
Página
LISTA DE TABELAS....................................................................................... vi
LISTA DE FIGURAS........................................................................................ viii
RESUMO......................................................................................................... ix
ABSTRACT..................................................................................................... xi
1 – INTRODUÇÃO........................................................................................... 13
2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................... 16
2.1. Mata ciliar................................................................................................. 16
2.2. Sucessão florestal.................................................................................. 19
2.2.1. Fatores ambientais que interferem no crescimento e
desenvolvimento de espécies florestais.....................................................
20
2.2.1.1. Efeitos da luz..................................................................................... 21
2.2.1.2. Efeitos do solo.................................................................................. 22
2.3. Recuperação de áreas degradadas...................................................... 24
2.3.1. Indicadores de sustentabilidade aplicados à recuperação de
áreas degradadas mediante reabilitação e restauração............................
25
3. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................ 32
3.1. Descrição da área de estudo................................................................ 32
3.1.1. Localização e histórico da área de estudo....................................... 32
3.1.2. Clima da região................................................................................... 33
3.1.3. Solos da região................................................................................... 34
3.1.4. Hidrografia da região.......................................................................... 34
3.1.5. Relevo e topografia da região............................................................ 34
3.1.6. Vegetação da região............................................................................ 35
3.2. Obtenção dos dados............................................................................... 35
7
3.2.1. Levantamento do povoamento florestal implantado na mata
Ciliar................................................................................................................
35
3.2.2. Parâmetros florísticos e estruturais avaliados................................. 36
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................
43
4.1. Composição floristica e fitossociológica artificializadas para
recuperação da mata ciliar............................................................................
43
4.2. Estrutura fitossociológica e dinâmica do povoamento
implantado......................................................................................................
.
52
4.3. Dinâmica da estrutura horizontal do povoamento
implantado......................................................................................................
62
4.4. Estrutura diamétrica do povoamento implantado.............................. 63
4.5. Indicadores de sustentabilidade........................................................... 65
5. CONCLUSÕES............................................................................................ 68
6. REFERÊNCIAS........................................................................................... 70
v
8
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1 – Indicadores e verificadores florísticos e fitossociológicos para a
avaliação de sustentabilidade da recuperação de áreas
degradadas por meio de reabilitação e/ou restauração...................
28
Tabela 2 – Listagem floristica das espécies encontradas nos inventários de
2004/2005 e 2005/2005 na mata ciliar da Fazenda Barra de Santa
Angélica, Alegre-ES. Em que: Reg = regeneração; Estr=
estratificação; Disp = dispersão; OS = origem silvestre; Al =
alóctone; Au = autóctone..................................................................
44
Tabela 3 – Diversidade Florística observada no trecho de Mata Ciliar
implantada na Fazenda Barra de Santa Angélica, Alegre, ES. H’ =
índice de Shannon, J = índice de Equabilidade de Pielou; NE =
número de espécies; NI = número de indivíduos; e EBD =
espécies de baixa densidade...........................................................
48
Tabela 4
Guilda de regeneração, estratificação e dispersão, e origem
silvestre para as espécies encontradas na área de mata ciliar
revegetada, nos inventários 2004/2005 e 2005/2006. Onde: NE =
número de espécies; NI = número de indivíduos; PI = pioneiras;
CL = clímax de luz; CS = clímax de sombra; PEQ = pequeno;
MED = médio; GRA = grande; = ZOO = zoocórica; AUT =
autocórica; ANE = anemocórica; AU = autóctone; AL = alóctone e
Ind. = indeterminado........................................................................
50
9
Tabela 5 – Características fitossociológicas e de dinâmica para a área total da
Fazenda Barra de Santa Angélica, Alegre – ES. Em que: NI= nº
indivíduos; DR= densidade relativa; DoR= dominância relativa;
IVC= índice de valor de cobertura, em porcentagem; PSR =
posição sociológica relativa (%); M= mortalidade; TM= taxa de
mortalidade em percentagem; I= ingresso; TI= taxa de ingresso
em percentagem; CB = crescimento bruto, em diâmetro (cm);
IPA= incremento periódico anual, em mm/ano; CH = crescimento
em altura (m) ...................................................................................
53
Tabela 6Número de espécies e de indivíduos para a área total de acordo a
com a classe de altura inferior, média e superior para as guildas
de regeneração, estratificação e dispersão e para a origem
silvestre nos inventários 2004/2005 e 2005/2006. Onde: NE =
número de espécies; NI = número de individuos; PI = pioneira; CL
= clímax; CS = clímax de sombra; PEQ = estrato pequeno; MED =
estrato médio; GRA = estrato grande; ZOO = dispersão zoocórica;
AUT = dispersão autocórica; ANE = dispersão anemocorica; AU =
origem silvestre autóctone; AL = origem silvestre alóctone; Ind. =
indeterminado...................................................................................
59
vii
10
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1 - Mapa Planimétrico de uso e ocupação do solo da Fazenda Barra
de Santa Angélica em Alegre-ES....................................................
33
Figura 2 Índice de valor de cobertura (IVC) para as 15 espécies com maior
valor. Para cada espécie são apresentados os valores de IVC para
os inventários 2004/2005 e 2006/2005, respectivamente..................
57
Figura 3 Distribuição do número de indivíduos por classe de diâmetro e por
guilda de regeneração em 2004/2005 (primeira coluna) e
2005/2006 (segunda coluna) para a área inventariada......................
64
11
CAÇADOR, Fabiana Ramos Dias, M. Sc., Universidade Federal do Espírito Santo,
março de 2007. Dinâmica e indicadores de sustentabilidade em área de mata
ciliar em processo de reabilitação. Orientador: Prof. Dr. Mauro Eloi Nappo. Co-
orientador: Prof. Dr. Gilson Fernandes da Silva.
RESUMO
A área de estudo está localizada na sub-bacia hidrográfica do Rio Itapemirim, à
margem esquerda de um córrego de divisa da Fazenda Barra de Santa Angélica, no
distrito de Rive, município de Alegre-ES, Brasil. A ocupação e uso do solo antes da
revegetação eram destinados a práticas de pecuária, com nível de manejo B (pouco
tecnificado), sobre pastagem plantada de Brachiaria sp. Em 1996, foi elaborado um
projeto técnico onde a partir do qual foi implantado um povoamento misto com
espécies arbóreas diversas, autóctones e alóctones como parte do processo de
reabilitação de mata ciliar, com área de 3,6 ha. O trecho objeto deste estudo
corresponde a 1,2 ha, sendo escolhido para a realização deste estudo devido à sua
heterogeneidade no que diz respeito à declividade do terreno e regime de
inundação. Todos os indivíduos arbóreos foram amostrados e identificados e,
posteriormente, medidos a altura total e DAP nos inventários florestais de 2004/2005
e 2005/2006. Material botânico foi coletado para identificação das espécies. Na
análise da vegetação, foram estimados os parâmetros das estruturas horizontal e
vertical artificializadas, utilizando-se indicadores e verificadores florísticos e
fitossociológicos de sustentabilidade. Este trabalho tem como objetivo geral,
caracterizar a dinâmica da composição florística e da estrutura fitossociológica de
12
um povoamento implantado para a recuperação de mata ciliar e avaliar critérios e
indicadores de sustentabilidade que permitirão orientar práticas de revegetação para
a recuperação desse povoamento e de outros em condições semelhantes. Os
objetivos específicos foram: identificar as espécies utilizadas durante a revegetação
da área de mata ciliar; caracterizar a estrutura fitossociológica artificializada da
revegetação e as alterações ocorridas ao longo do tempo (dinâmica do
povoamento); inferir sobre a sustentabilidade da área tendo por base parâmetros
florísticos e estruturais do processo de recuperação e propor práticas para o manejo
e monitoramento do mesmo. O povoamento implantado encontra-se em processo
inicial de estruturação, sendo ainda insipiente a dinâmica de mortalidade e ingresso
de indivíduos. As espécies pioneiras e clímax são as que predominam a estrutura
vertical e horizontal na área estudada. A distribuição diamétrica da comunidade
implantada ocorre em forma de J invertido, havendo a predominância de indivíduos
pioneiros em todas as classes de DAP. As edificadoras da revegetação da área de
mata ciliar estudada foram: Anadenanthera colubrina, Caesalpinia leyostachia,
Acacia auriculiformis, Acacia mangium, Tabebuia serratifolia, Inga edulis, Joannesia
princeps, Schizolobium parahyba, Pterogyne nitens, Enterelobium contortisiliquum,
Peschieria fuchsiaefolia, Anthocephalus indicus, Psidium guajava, Jacaranda
brasiliana e Dpteryx alata. As espécies utilizadas são, predominantemente,
pertencentes às guildas não pioneiras (CL e CS), de médio porte (entre 8 e 17,5m),
de dispersão autocórica e de origem silvestre autóctone. A utilização de critérios,
indicadores e descritores de sustentabilidade baseados nos estudos florísticos e
estruturais se mostrou uma ferramenta de fácil aplicação e entendimento para
caracterização da área quanto a seu estágio de recuperação e sustentabilidade. A
área estudada encontra-se em estágio médio de processo de recuperação de área
degradada mediante reabilitação.
Palavras-chave: Recuperação de áreas degradadas, indicadores de
sustentabilidade.
10
13
CAÇADOR, Fabiana Ramos Dias, M. Sc., Universidade Federal do Espírito Santo,
março de 2007. Dynamic and sustainability indicators in area of riparian forest
in rehabilitation process. Advisor: Prof. Dr. Mauro Eloi Nappo. Co-advisor: Prof.
Dr. Gilson Fernandes da Silva.
ABSTRACT
The study area is located in Rio Itapemirim drainage basin, to the left margin of a
stream of boundary in Barra Santa Angélica Farm, in the Rive district, Alegre-ES,
Brazil. The occupation and use of the soil before the revegetation were destined to
pasture practices, with handling level B (little technical), on Brachiaria sp. In 1996 an
implanted technical project was elaborated a mixed settlement with several arboreal
species, as part of the process of rehabilitation of riparian forest, with area of 3,6 ha.
The passage object of this study corresponds 1,2 ha, being chosen for the
accomplishment of this study due to heterogeneity in what says respect to the
steepness of the land and flood regime. All of the arboreal individuals were showed
and identified and, later, measured the total height and DAP in the forest inventories
of 2004/2005 and 2005/2006. Botanical material was collected for identification of
the species. In the analysis of the vegetation were dear the parameters of the
horizontal structures and vertical artificiality, being used indicators and verifiers
flowery and sustainability phytossociological. This work has as general objective to
characterize the dynamics of the composition flowery and of the structure
phytossociological of a settlement implanted for the recovery of riparian forest and to
evaluate criteria and sustainability indicators that will allow guiding revegetation
practices for the recovery of that settlement and of other in similar conditions. The
specific objectives were: identify the used species when of the revegetation of the
14
area of riparian forest; to characterize the structure artificiality phytossociological
when of the revegetation and the alterations happened along the time (dynamics of
the settlement); to Infer on the sustainability of the area tends for base flowers
parameters and structural of the recovery process and to propose practices for the
handling and monitor of the same. The implanted settlement is in initial process of
structuring, being still incipient the mortality dynamics and individuals' entrance. The
pioneering species and climax are the ones that prevail the vertical and horizontal
structure in the studied area. The implanted community's diametrical distribution
happens in form of inverted J having the pioneering individuals predominance in all
of the classes of DAP. The builders of the revegetation of the area of studied riparian
forest were Anadenanthera colubrina, Caesalpinia leyostachia, Acacia auriculiformis,
Acacia mangium, Tabebuia serratifolia, Inga edulis, Joannesia princeps,
Schizolobium parahyba, Pterogyne nitens, Enterelobium contortisiliquum, Peschieria
fuchsiaefolia, Anthocephalus indicus, Psidium guajava, Jacaranda brasiliana and
Dpteryx alata. The species used healthy predominantly belonging the guildas no
pioneers (CL and CS), of medium load (between 8 and 17,5m) of autochoric
dispersion, and of origin autochthonous wild. The use of criteria, indicators and
sustainability descriptors based on the floweries studies and structured showed a
tool of easy application and understanding for characterization of the area as for its
recovery apprenticeship and sustainability. The studied area is in medium
apprenticeship of process of area recovery degraded by rehabilitation.
Keywords: Recovery of degraded areas, indicators of sustainability.
12
15
1. INTRODUÇÃO
Ao longo da história, o processo de ocupação de áreas no Brasil se
caracterizou pela falta de planejamento, ocasionando, conseqüentemente, a
destruição dos recursos naturais, e particularmente das florestas. A cobertura
florestal nativa foi sendo fragmentada pela ação humana, cedendo espaço para a
expansão urbana, agricultura, pecuária, exploração mineral, entre outros usos.
No entanto, as florestas têm o importante papel de proteção ambiental,
podendo-se destacar a proteção das encostas, dos topos de morro, das nascentes,
das margens dos corpos d’água, de abrigo para a flora e a fauna, entre outros.
Neste panorama, as matas ciliares, que são formações vegetais que acompanham
os cursos d’água, têm importantes funções na conservação dos recursos hídricos,
da paisagem, da estabilidade geológica, da biodiversidade, do fluxo gênico de fauna
e flora, da proteção do solo e de assegurar o bem estar das populações humanas,
devendo assim, serem preservadas e recuperadas as áreas que foram degradadas.
Apesar da importância ambiental que as matas ciliares representam,
mesmo estando protegidas pela legislação federal brasileira (Lei Federal nº 4771 de
15 de setembro de 1965 que institui o novo Código Florestal Brasileiro), além de
outras legislações nas esferas federal, estadual e municipal, em que são incluídas
na categoria de Área de Preservação Permanente pelas funções que
desempenham, esse complexo de vegetação vem sofrendo pressão antrópica desde
a colonização. Por estas áreas serem diretamente mais afetadas pela edificação de
moradias em função da proximidade com a água e pela dependência da mesma
para a vida humana; pela ocupação agrícola das áreas no passado, denominadas
terras de cultura, pela sua maior fertilidade natural para cultivos agrícolas; pela
16
construção de hidrelétricas, fonte de energia cada vez mais explorada com energia
limpa; em regiões com topografia acidentada, são áreas preferenciais para a
abertura de estradas; pelo potencial produtivo para extração de madeira etc.
Assim, as matas ciliares, historicamente, vêm sendo removidas e ou
fortemente alteradas, o que remete à necessidade de vegetação para proteger os
importantes recursos naturais que as mesmas resguardam.
A revegetação da mata ciliar e outras áreas de preservação permanente,
visando a sua recuperação mediante reabilitação ou restauração, constitui um dos
fatores, que juntamente com outras práticas conservacionistas, por meio do uso
adequado do solo, demarcação e formação de reserva legal, compõem o manejo
adequado das bacias hidrográficas. Essa recuperação tem a finalidade de garantir a
melhor qualidade e quantidade da água, manutenção da biodiversidade de flora e
fauna, e manutenção da integridade dos recursos do meio (solo, água e outros).
As matas ciliares apresentam grande heterogeneidade ambiental,
proporcionada por fatores bióticos e abióticos. Dentre os principais fatores abióticos,
destacam-se as variações edáficas e topográficas, além da influência do regime das
cheias do rio, resultando na deposição de sedimentos e na retirada da serrapilheira
(OLIVEIRA-FILHO et al, 1997). Esta complexidade de fatores resulta em um
mosaico vegetacional com alta heterogeneidade e diversidade florística
(RODRIGUES, 2000; RODRIGUES E SHEPHERD, 2000), visto que a vegetação
pode ser considerada como um bom indicador não só das condições do meio como
também do estado de conservação dos ecossistemas envolvidos. Tendo em vista
que a vegetação responde de forma consideravelmente rápida às variações
ambientais, a sua avaliação permite inferir sobre o estado de conservação dos
demais componentes do ambiente natural (DIAS, 2005).
No presente estado de conscientização do homem, seja por vontade própria
ou por exigências legais, ou mais recentemente, por exigências de relações
comerciais, o poder público e a sociedade civil vêm reconhecendo a importância da
recuperação de áreas ripárias, como as matas ciliares, sujeitas à degradação por
atividades de origem antrópica para restabelecimento e manutenção de importantes
recursos naturais.
Assim, também é crescente a demanda para se obter um maior
conhecimento técnico e científico a respeito do comportamento de espécies
implantadas em matas ciliares, viabilizando diagnósticos sobre a funcionalidade da
14
17
composição florística e da estrutura estabelecida após a revegetação, para
recuperação do ambiente degradado.
Este trabalho tem como objetivo geral caracterizar a dinâmica da composição
florística e da estrutura fitossociológica de um povoamento implantado para a
recuperação de mata ciliar e avaliar critérios e indicadores de sustentabilidade que
permitirão orientar práticas de revegetação para a recuperação desse povoamento e
de outros em condições semelhantes. Os objetivos específicos foram:
1. Identificar as espécies utilizadas na revegetação da área de mata ciliar;
2. Caracterizar a estrutura fitossociológica artificializada da revegetação e as
alterações ocorridas ao longo do tempo (dinâmica do povoamento);
3. Inferir sobre a sustentabilidade da área tendo por base parâmetros florísticos e
estruturais do processo de recuperação e propor práticas para o manejo e
monitoramento do mesmo.
15
18
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Mata ciliar
As formações florestais localizadas nas margens de rios, lagos, nascentes e
demais cursos e reservatórios de água são chamadas de mata ciliar,
desempenhando importante função ambiental, mais notadamente na manutenção da
qualidade da água, estabilidade dos solos e áreas marginais, bem como a
regularização do regime hídrico (ALVARENGA, 2004).
OLIVEIRA FILHO (1994) define as matas ciliares como formações vegetais
do tipo florestal que se encontram associadas aos corpos d’água, ao longo dos quais
pode estender-se por dezenas de metros a partir das margens e apresentar
marcantes variações na composição florística e na estrutura comunitária,
dependendo das interações que se estabelecem entre o ecossistema aquático e sua
vizinhança. RODRIGUES (2000) por sua vez definiu as matas ciliares como florestas
ocorrentes ao longo dos cursos d’água e no entorno de nascentes com
características vegetacionais definidas por uma interação complexa de fatores
dependentes das condições ambientais ciliares, e AB’SABER (2000) conceitua a
vegetação ciliar como aquela associada aos cursos e reservatórios de água,
independente de sua área ou região de ocorrência, de sua composição florística e
localização.
Alguns autores discutem os conceitos de mata ciliar e mata de galeria, o
que à primeira vista parece ter o mesmo significado, mas se diferenciam em função
da largura da faixa de floresta e da fisionomia da vegetação do entorno, uma vez
19
que a mata ciliar está relacionada a rios de médio a grande porte, onde a vegetação
original do entorno é florestal, e a mata de galeria está associada a rios de menor
porte e córregos, onde a vegetação florestal forma um corredor fechado sobre o
curso d’água e ocorre geralmente onde a vegetação do entorno não é florestal,
sendo característica de cerrado e caatinga (VELOSO & GÓES FILHO, 1982;
VELOSO, 1996; RIBEIRO & WALTER, 1998).
Apesar da discussão nomenclatural, o termo mata ciliar tem sido usado para
definir de forma genérica todo tipo de formação florestal ocorrente ao longo dos
cursos d’água e no entorno de nascentes (ALVARENGA, 2004), sendo assim,
facilmente influenciado pela topografia e flutuações climáticas, o que se confirma
pela alta diversidade florística.
A heterogeneidade ambiental das áreas ciliares é, certamente, a principal
geradora de sua riqueza florística, pois determina uma condição ecotonal para faixa
ciliar, que é ocupada por um mosaico de tipos vegetacionais ou unidades
fitogeográficas, cada qual com suas similaridades florísticas. A intensidade dessa
heterogeneidade ambiental será determinada pelas características do ambiente,
dentre as quais, pode-se destacar o nível do lençol freático, onde este é
determinado pelas condições de relevo e topografia, determinando ou interagindo
com as características edáficas, como a composição química e física do solo, a
profundidade, ciclagem de nutrientes e etc. (RODRIGUES & NAVE, 2000).
As matas ciliares apresentaram interfaces com vários outros tipos de
vegetação, servindo como áreas de escape de variadas espécies durante flutuações
ambientais (OLIVEIRA FILHO & RATTER, 2000). Elas, também, são responsáveis
pela dispersão de muitas espécies de diferentes biomas.
No que se refere à legislação ambiental, definida pelo Código Florestal
Brasileiro (Lei nº 4771/65), em seu artigo 2º, as matas ciliares estão inseridas dentro
do conceito de área de preservação permanente, em que considera também as
florestas e demais formas de vegetação naturais situadas ao longo dos rios, lagos,
lagoas, nascentes e reservatórios, onde a largura da vegetação ciliar a ser
preservada varia de acordo com a largura do curso d’água, sua origem (natural ou
artificial) e o ambiente (urbano ou não).
Segundo RÊGO et al. (2000), a destruição dos ecossistemas das matas
ciliares interfere na biodiversidade de espécies, na manutenção e conservação de
solos que margeiam os rios e na interceptação da radiação solar, além de mudanças
17
20
no microclima, eutrofização e assoreamento dos cursos d’água. Assim, possuem
importante papel, pois funcionam como filtros, retendo defensivos agrícolas,
poluentes e sedimentos que seriam transportados para os cursos d'água, afetando
diretamente a quantidade e a qualidade da água e, conseqüentemente, a fauna
aquática e a população humana.
As matas ciliares são importantes também como corredores ecológicos,
ligando fragmentos florestais e, portanto, facilitando o deslocamento da fauna e o
fluxo gênico entre as populações de espécies animais e vegetais. Em regiões com
topografia acidentada, exercem a proteção do solo contra os processos erosivos,
além de ser muito importante para a estabilidade das vertentes formadoras de
nascentes, aumentando a infiltração da água no solo. Estes fatores caracterizam-
nas como ambientes de preservação permanente que apesar de serem protegidas
legalmente isso não impede sua degradação acelerada (MARTINS, 2001).
Para a restauração desses ecossistemas é fundamental o conhecimento da
auto-ecologia das espécies autóctones componentes, incluindo os mecanismos de
propagação, reprodução, regeneração, distribuição espacial, interação planta-
animal, grau de adaptação e produção de sementes. Em níveis mais intensos de
degradação, alguns limites podem ser ultrapassados, impedindo o retorno natural do
ecossistema à condição inicial, sendo necessário nesse caso, uma forte intervenção
antrópica para que sejam superados impedimentos existentes à recuperação natural
do ecossistema, possibilitando o retorno da área à condição original ou pré-existente
ou a algum estado estável permanente, ou seja, a reabilitação (RODRIGUES &
GANDOLFI, 2000).
A situação crítica em que se encontram as formações ciliares faz com que
sejam adotadas medidas de manejo, preservação e recuperação. Sua preservação
e recuperação têm sido atribuídas aos inúmeros benefícios por ela proporcionados
ao ecossistema, especialmente sobre os recursos naturais de origem abiótica e
biótica (DURIGAN & NOGUEIRA, 1990). O reflorestamento das áreas de mata ciliar
é uma necessidade, devendo ser implementado com espécies aptas a colonizar o
ambiente e com papel importante para a estruturação da forma e função adequadas,
conforme a legislação e os objetivos da recuperação, observando um nível
adequado de diversidade biológica para assegurar a restauração dos processos
ecológicos, condição indispensável para o desenvolvimento sustentável. Nesse
sentido, é necessária a análise da diversidade biológica existente nas matas ciliares
18
21
através da quantificação e compreensão da sua distribuição espacial dentro da
comunidade, em razão das mudanças nos processos ambientais e ecológicos
(MARTINS, 2001).
A avaliação de áreas revegetadas é fundamental para a quantificação da
sustentabilidade das mesmas e para o cumprimento das metas estabelecidas,
visando aprimorar as estratégias para a recuperação de novas áreas mediante
revegetação, seja por reabilitação ou restauração das mesmas.
2.2. Sucessão florestal
Sucessão florestal é o desenvolvimento do ecossistema, que envolve
mudanças na estrutura de espécies e processos na comunidade ao longo do tempo.
Resulta da modificação do ambiente físico pela comunidade e de interações de
competição e coexistência em nível de população (ODUM, 1996), caminhando para
um estágio clímax, isto é, o estágio final do desenvolvimento da comunidade
(BOSCHILLIA, 2003). Envolve o ingresso, a mortalidade e alterações na
abundância relativa das espécies, além de ser um dos processos dinâmicos de
maior importância na floresta (MEDEIROS, 2004).
A classificação das espécies em grupos sucessionais é comum, onde o
aspecto ecológico das mesmas é considerado, e cada grupo apresenta estratégias
de crescimento dentro da dinâmica de sucessão, ligadas principalmente ao fator luz,
que devem ser levadas em consideração ao serem utilizadas em programas de
recuperação.
FERRAZ et al. (2004) destacam a utilidade do agrupamento ecológico como
ferramenta eficaz na descrição das características biológicas e dos mecanismos
relacionados à resposta das plantas aos diversos tipos de distúrbios, facilitando,
assim, a obtenção de conhecimentos que poderão ser utilizados na conservação e
manejo sustentado da floresta e na recuperação de áreas degradadas.
Para entender o processo de sucessão das comunidades vegetais e a
influência das modificações do ambiente sobre a vegetação, há necessidade de
estudos ao longo de um período de tempo, uma vez que essas modificações são
causadas por alterações das condições abióticas e bióticas, decorrentes das
atividades dos próprios componentes da comunidade, ou devido a fatores externos,
com conseqüências na probabilidade de estabelecimento e sobrevivência de cada
19
22
espécie (NAPPO, 1999). No entanto, pouco se sabe sobre a interação entre as
espécies e o meio em que vivem, o que dificulta o manejo adequado dos
remanescentes florestais (SILVA et al., 2004). Portanto, estudos da vegetação,
associados a estudos do ambiente, são importantes e necessários para que os
mecanismos de transformação da sua composição florística e de sua estrutura
sejam compreendidos.
Uma ferramenta muito utilizada para caracterização do processo
sucessional é a análise da estrutura fitossociológica dos povoamentos florestais.
Segundo MARANGON (1999), o conhecimento da complexa dinâmica que envolve
as florestas tropicais, inicia-se pelo levantamento florístico e fitossociológico, pois é
por meio dele que a vegetação é analisada e são estudadas as relações entre as
diversas espécies existentes na comunidade e sua distribuição, em que na
recuperação de ambientes degradados, tenta-se reproduzir o padrão de distribuição
natural encontrado na comunidade, aumentando as chances de sucesso na
recuperação do ambiente (SILVA, 2002).
Essas características são importantes para auxiliar a compreensão de como
os processos sucessionais se desenvolvem em povoamento natural e como podem
ser aplicados para a estruturação de povoamentos implantados em recuperação de
áreas degradadas. A determinação de estratégias para a recuperação dessas áreas
com povoamentos mistos visando à reabilitação ou a restauração, é uma valiosa
ferramenta para identificar o papel funcional das espécies a serem utilizadas e a sua
organização (espaçamento, arquitetura de plantio etc.), a fim de que os
povoamentos se estabeleçam e venham a ser sustentados por uma dinâmica
sucessional própria ou com baixa assistência externa antrópica.
2.2.1. Fatores ambientais que interferem no crescimento e desenvolvimento de
espécies florestais
Fatores ambientais como luz, umidade, temperatura, características do solo,
e elementos bióticos afetam o crescimento e desenvolvimento das plantas em
regeneração e a estrutura das florestas tropicais, bem como a sobrevivência,
estabelecimento e desenvolvimento das mudas plantadas. As plantas apresentam
exigências diferenciadas entre si, em que a distribuição e abundância são variáveis
20
23
ao longo de gradientes ambientais que caracterizam o sítio em que ocorrem (HAAG,
1985 e SWAINE, 1996).
Assim, a precipitação e a temperatura são os fatores primários que
determinam o estabelecimento de uma comunidade florestal em determinado local
(ANDRAE, 1978). Entretanto, em relação à distribuição das diferentes espécies
dentro da comunidade, esta é fortemente influenciada pela disponibilidade de luz.
Isso porque a diversidade de espécies e, por conseqüência, a variabilidade das
exigências destas, em relação aos fatores de crescimento, favorecem o melhor
aproveitamento da energia luminosa que chega ao dossel da floresta (WHATLEY &
WHATLEY, 1982).
2.2.1.1. Efeitos da luz
O efeito da luz sobre o crescimento de plantas depende da intensidade,
qualidade e da periodicidade (ANDRAE, 1978). A variação de qualquer uma dessas
características pode afetar o desenvolvimento e crescimento das plantas, de forma
tanto quantitativa quanto qualitativa (FERNANDES, 1997). No interior de uma
floresta, a radiação luminosa que atinge o solo sofre variações em suas
características quantitativas e qualitativas, em função das espécies presentes, das
propriedades óticas das folhas e da densidade dos sucessivos estratos abaixo do
dossel (REIFSNYDER & LULL, 1966, citados por ENGEL, 1989). Essas
modificações têm importância considerável nos processos de regeneração e
crescimento de um ecossistema florestal (NYGREN & KELLOMAKI, 1984), e
conseqüentemente, no estabelecimento de povoamentos implantados.
A natureza dinâmica da cobertura florestal proporciona vários nichos de
regeneração, aos quais diferentes espécies vieram a se especializar. De maneira
geral, as espécies arbóreas de florestas tropicais são classificadas em grupos
ecológicos. SWAINE & WHITMORE (1988), para descrever o comportamento das
espécies florestais tropicais em relação aos regimes de luz, consideraram três
grupos distintos de espécies em relação ao processo de sucessão: as espécies
pioneiras são aquelas de rápido crescimento, germinam e se desenvolvem a pleno
sol, produzem grande quantidade de sementes pequenas, normalmente com
dormência, as quais são predominantemente dispersas por animais. São
denominadas, também, de especialistas de grandes clareiras. As secundárias,
denominadas de especialistas de pequenas clareiras, oportunistas ou indiferentes,
21
24
apresentam como principal característica a capacidade de suas sementes
germinarem à sombra, mas requerem a presença da luz para seu desenvolvimento.
São espécies características do dossel ou do estrato emergente da floresta. E as
climácicas, são espécies de crescimento lento, germinam e se desenvolvem a
sombra e produzem sementes sem dormência. São denominadas de tolerantes,
ocorrem no sub-bosque ou no dossel da floresta. Dessa forma, a estratificação
vertical é importante para análise estrutural de uma floresta. Dependendo do estágio
a estrmitoi8eTw4(uc02he[deno4(ies de crevem65TT6 1 Tf.815 0 TD0482002092emegrvsuc02tribuirsiân5se impor4 Twsiân5smstur2(a estrmegula5(vem65 )27.4725.705 -1.725 1D187006 Tc. 0 réo-5s visa(ta.à[(vele proaçdjndeasi60TT6 1 Tf.81725 T[ dormreseo4 Twstdome a suimáci24 Twdeno5 dore[(climácjnd-5(vem60 )27.4725.705 -165 0 T0.0002(c027iqües i prod,uc02tribuire impoTc014.14T6 1 Tf.81725 TT0.7006 .9.s ou d9bil[(ca amresi, coa22 Tc0 Testa)]T-14.14T27.43473.3 22eTD.002 Tc0 )Tj-36.795 -1.)-78 -1.725 TD013m0 g.2.1.2. Efeitoractesolo 5 -1.)-73 22eTD.002 Tc)-702 Tc0 )Tj4-36.795 -1.15 TD( )T3.54nt)]T1513.325 0 TD16.0001 TcOesolo é.um[esanrecurssanna-5.7isdo doss12 7ná)]TD-.279 a(vertical sdo dos8.22TT6 1 Tf.81725 TD16.7006 Tc impor4qual[(ca am) 9.a sume 3está3s,)-8.44a
25
físicas, químicas e biológicas serão a forma e o grau de perturbação antrópica
(GONÇALVES & STAPE, 2002).
Os solos exercem influência sobre o tipo de comunidade vegetal presente
numa localidade e reciprocamente, a vegetação influencia nas propriedades do solo
(YONG, 1991). O material de origem exerce influência no estabelecimento da
vegetação, sendo que solos bem-drenados em regiões de elevada pluviosidade
podem favorecer a ocorrência de vegetação com alta densidade, enquanto locais
que apresentam como material de origem, rocha calcária ou arenito, oferecem
suporte à vegetação rala (EYRE, 1984 e JOSE et al., 1994). As composições
químicas e físicas dos solos são tão importantes na distribuição de comunidades
vegetais, como a temperatura, precipitação, insolação, velocidade do vento e outros
fatores climáticos (EYRE, 1984).
Na condição ciliar, os fatores físicos do solo, determinados diretamente pelo
comportamento hidrológico local, são os principais condicionantes da distribuição e
composição de espécies, em contraste com os fatores químicos do sedimento,
determinados apenas diretamente pela dinâmica do rio (JOHNSON et al., 1985).
Segundo BARROS (1974), dentre as características físicas, a profundidade e a
textura do solo, são as de maior significância na determinação da produtividade do
local. A influência da textura na produtividade florestal, tem sido relatada mais como
um fator determinante da disponibilidade de água para as plantas. Assim, o aumento
do teor de silte e argila até determinados valores, nos horizontes superficiais ou
subsuperficiais, geralmente está associado ao aumento no crescimento, embora
correlações inversas sejam citadas em várias ocasiões, normalmente quando se
trata de locais em que a aeração é deficiente (SILVA JUNIOR, 1984).
Os constantes alagamentos nas áreas de influência das matas ciliares são
um dos principais fatores de seleção de espécies que desenvolveram estratégias
adaptativas para estes ecossistemas (PINTO et al., 2005), determinando a essa
formação uma composição florística muito particular, com algumas espécies
dominantes na comunidade, mesmo considerando grandes extensões de ocorrência
dessa formação, caracterizando-as, portanto, como indicadoras (LEITÃO FILHO,
1993). Freqüentemente, a disponibilidade de água de um solo é o fator que mais
determina o crescimento das árvores. Portanto, o estabelecimento, o crescimento e
a reprodução de espécies vegetais em ambientes periodicamente alagados são, em
algum momento, influenciados pelo nível da água (SALO & RÄSÄNEM, 1990,
23
26
citados por GUILHERME, 1999). Entretanto, o encharcamento do solo e as
conseqüentes alterações edáficas não são os únicos e nem mesmo os mais
importantes fatores definidores das características da dinâmica de matas ciliares, em
que pode ser incluída também a própria heterogeneidade ambiental, característica
das matas ciliares, definida pelas variações topográficas, edáficas, das formações
vegetais do entorno, das características hidrológicas da bacia e do curso d’água,
definindo condições ecológicas distintas entre elas (RODRIGUES & SHEPHERD,
2000). Essa complexidade de fatores dependentes das condições ambientais ciliares
resulta em um mosaico vegetacional com grande heterogeneidade florística e alta
diversidade (RODRIGUES, 2000).
Os estudos de solos, principalmente quando integrados a estudos de
vegetação, são fundamentais para o estabelecimento de aptidões, sobretudo para
fins de recuperação e manejo sustentável de áreas florestais (BOREM & RAMOS,
2000). Portanto, as características físicas e químicas de solo podem ser fatores
condicionantes do crescimento e desenvolvimento da vegetação, devendo ser
observadas durante a seleção de espécies para a recuperação de áreas
degradadas, podendo, também, serem utilizadas como um importante indicador de
sustentabilidade do ambiente.
2.3. Recuperação de áreas degradadas
A modificação dos sistemas naturais pela atividade humana pode originar
“áreas alteradas”, que podem ter sua capacidade de produção melhorada,
conservada ou diminuída, ou seja, uma área alterada não é necessariamente uma
área degradada. Mas se essa alteração ocorre juntamente com processos que
levam à perda da capacidade produtiva do sistema, diz-se que a área está
degradada (WADT et al., 2003).
Uma área degradada pode ser recuperada tendo em vista sua destinação
para diversos usos possíveis. Todavia, o termo recuperação não se aplica
indistintamente a todos os usos possíveis (NOFFS et al., 2000). O processo de
recuperação de um ecossistema natural, perturbado pela ação antrópica, pode ser
feito mediante restauração, reabilitação ou redefinição. A restauração é realizada
através de práticas ecológicas e silviculturais do ecossistema, onde são recuperadas
a forma e a função original dos ambientes antes de sua degradação,
24
27
restabelecendo-se sua composição e diversidade de espécies, estrutura trófica,
fisionomia e dinâmica original, enquanto a reabilitação é aquela em que uma nova
função e forma biológica diferentes da original são aceitáveis, desde que seja
estabelecida uma nova condição biológica estável em conformidade com os valores
ambientais, estéticos e sociais da circunvizinhança, e a redefinição é transformação
do ambiente degradado a uma nova forma e função não biológica (NAPPO, 2006). A
reabilitação em muitos casos é uma etapa fundamental para se chegar à
restauração.
A reabilitação de ambientes alterados é resultante da ação de cinco
componentes que podem atuar favorecendo a reabilitação ou impedindo que ela
ocorra. Tais como: o substrato, em função de sua fertilidade, características físicas,
químicas e biológicas; a presença de fontes de propágulos (que pode agir
promovendo ou não); fatores ambientais (microclima, água, temperatura), que
podem favorecer ou dificultar a reabilitação; agentes dispersores de sementes e
pólen; e o relevo (CHADA et al., 2000).
A regeneração de áreas desmatadas provém do rebroto de partes da planta
restante, da regeneração avançada (banco de plântulas), do banco de sementes e
da chuva de sementes (dispersão). Tende a ser a forma de restauração de mata
ciliar de mais baixo custo, entretanto, é normalmente um processo lento. Se o
objetivo é formar uma floresta em área ciliar, num tempo relativamente curto,
visando a proteção do solo e do curso d'água, técnicas que acelerem a sucessão
devem ser adotadas. Neste caso, os reflorestamentos com espécies nativas,
obedecendo à dinâmica sucessional, possibilitam a formação de florestas com
características fisionômicas próximas da vegetação original, seguindo o processo
natural (CRESTANA et al., 1993).
2.3.1. Indicadores de sustentabilidade aplicados à recuperação de áreas
degradadas mediante reabilitação e restauração.
As questões relacionadas à sustentabilidade da recuperação de áreas
degradadas mediante revegetação (reabilitação ou restauração) são pouco
discutidas e investigadas, talvez pela perpetuação do vício de se acreditar que “uma
área revegetada é uma área recuperada”. No entanto, há a necessidade de se
promover a recuperação de áreas degradadas como forma de preservação,
conservação e manejo rumo ao desenvolvimento florestal sustentável.
25
28
A adoção de critérios e indicadores de sustentabilidade, fitossociológicos e
estruturais, ao longo do processo de recuperação parece ser a forma de buscar o
efetivo manejo desses ecossistemas de forma a garantir um retorno do sítio
degradado a uma forma adequada de utilização para o uso do solo, em condição
estável e em conformidade com os valores ambientais, estéticos e sociais da
circunvizinhança, implicando que o sítio degradado terá condições mínimas de
estabelecer um novo equilíbrio dinâmico, desenvolvendo um novo solo e uma nova
paisagem (MINISTÉRIO DO INTERIOR, 1990), por meio da revegetação (NAPPO,
2006).
A definição de critérios e indicadores ajudará na estruturação de técnicas e
políticas voltadas para a recuperação de áreas degradadas, bem como orientará a
formulação de estratégias para a recuperação das mesmas, incluindo a avaliação
das áreas já trabalhadas quanto ao atendimento dos anseios e das necessidades
das gerações humanas (NAPPO, 2006).
A necessidade de se estabelecer princípios, critérios e indicadores
mensuráveis pode ter referência numa adaptação às características apresentadas
por CARVALHO (1995) e SANTANA e FILHO (1999): Flexibilidade: adoção de
critérios e indicadores suficientemente flexíveis para incorporar as linhas alternativas
da recuperação de áreas degradadas em nível local, considerando todos os tipos de
florestas e suas variações fitogeográficas e fitossociológicas; Aplicabilidade:
definições cientificamente comprovadas e de fácil compreensão pelas pessoas
envolvidas no processo de recuperação de áreas degradadas e definição de
propostas técnicas, contendo características que possam ser avaliados na prática,
visando à efetiva implementação dessas propostas recomendadas; Sensibilidade:
sensível o bastante para refletir a influência das práticas de recuperação na
manutenção da saúde dos ecossistemas de forma a subsidiar e orientar as tomadas
de decisão, referentes às práticas de recuperação; Predição: coletar informações
continuamente de forma que permitam acompanhar e determinar tendências de
mudanças nos ecossistemas sobre o processo de recuperação.
RODRIGUES & GANDOLFI (1996) e RODRIGUES (1988), apresentam
indicadores de avaliação e monitoramento vegetal da restauração de áreas
degradadas, dividindo-os em: Indicadores de Avaliação da Implantação -
mortalidade e controle de erosão, e Indicadores de Avaliação e Monitoramento
Pós-Plantio - desenvolvimento das mudas por espécie (altura, diâmetro), cobertura
26
29
do solo (forma e dimensão da copa), regeneração natural (da própria restauração ou
de outras espécies), fisionomia (estruturação dos estratos, formas de vida, clareiras
e outros), e diversidade (instrumento de avaliação e monitoramento, importante para
todas as formas de vida).
Com base nas orientações de GOMES (2000), RODRIGUES & GANDOLFI
(1996), RODRIGUES (1988), Resolução SMA 21 (2001), Resolução SMA 47 (2003),
e Resolução SMA 08 (2007), apresenta-se na tabela 1, uma relação de parâmetros
florísticos e estruturais, que podem ser empregados como indicadores de
sustentabilidade em programas de reabilitação ou restauração para recuperação de
áreas degradadas. O uso dos mesmos dependerá do nível de informação
necessário para cumprir, por exemplo, exigências legais, subsidiar investigações
científicas e dos recursos materiais disponíveis.
27
30
Tabela 1 - Indicadores e verificadores florístico e fitossociológicos para a avaliação
de sustentabilidade da recuperação de áreas degradadas por meio de
reabilitação e, ou restauração
Indicadores/
Verificadores
Descrição Justificativa
DIVERSIDADE DE ESPÉCIES
Riqueza
Florística
Número de espécies por unidade de área
(hectare).
A
elaboração de uma lista de
espécies, juntamente com um
número mínimo a ser utilizado
e com uma referência de
abundância máxima para as
espécies é uma ferramenta
essencial para a utilização dos
demais indicadores de
diversidade.
Equabilidade
Constitui a uniformidade na distribuição das
abundâncias das espécies da comunidade.
Grupo
Ecológico
Pioneiras (P) = espécies de rápido
crescimento, germinam e se desenvolvem à
pleno sol, produzem grande quantidade de
sementes pequenas, normalmente com
dormência, as quais são predominantemente
dispersas por animais. São também
denominadas de especialistas de grandes
clareiras. Nas florestas tropicais ocorrem em
pequeno número de espécies com grande
número de indivíduos.
Secundárias (S) = espécies denominadas de
especialistas de pequenas clareiras,
oportunistas ou indiferentes, apresentam, como
principal característica, a capacidade de suas
sementes germinarem à sombra, mas
requerem a presença da luz para seu
desenvolvimento. São espécies características
do dossel ou do estrato emergente da floresta.
Em florestas tropicais, ocorrem com grande
número de espécies, mas com baixo número
de indivíduos por área. São as grandes
responsáveis pela diversidade das florestas
tropicais.
Clímax (C) = são espécies de crescimento
lento, germinam e se desenvolvem à sombra e
produzem sementes grandes, normalmente
sem dormência. São denominadas também
tolerantes, ocorrem no sub-bosque ou no
dossel da floresta. As espécies deste grupo
ocorrem também em pequeno número, com
média a altas densidades de indivíduos.
O registro da percentagem
total do número de espécies
de acordo com sua exigência
lumínica (grupo ecológico)
permite inferir sobre o estágio
seral em que se encontra o
povoamento. Permite avaliar o
potencial de estabelecimento e
desenvolvimento da dinâmica
sucessional dos povoamentos
implantados.
Grupo de Uso
e Função
Espécies Comerciais = espécies com
potencial comercial (madeira, frutos essências,
gomas etc.);
Espécies Condicionadoras de Ambientes =
apresentam associações simbióticas com
bactérias fixadoras de nitrogênio e/ou com
fungos micorrízicos, com elevada capacidade
de produção de matéria-orgânica.
Para avaliar o potencial
comercial do povoamento, bem
como os serviços ambientais
das mesmas, ambos em
atendimento ao uso e
ocupação dos solos prescritos
pela legislação em vigor.
Continua...
28
31
Tabela 1 - Cont.
Indicadores/
Verificadores
Descrição Justificativa
DIVERSIDADE DE ESPÉCIES
Espécies
Raras
Espécies que apresentaram as menores
densidades, em função da área amostral para os
diferentes estratos avaliados.
A
s espécies raras são as
grandes responsáveis pela
elevada diversidade nas
florestas tropicais (MARTINS,
1993). Possibilita a
manutenção da diversidade de
espécies, resguardando as
naturalmente raras nos
ambientes e, ou as
ameaçadas de extinção.
Espécies
Indicadoras
Lista de espécies invasoras e cosmopolitas, que
ocorrem comumente em áreas degradadas, ou
que são utilizadas freqüentemente para
revegetação a fim de superar limitações de
qualidade do sítio.
A
valiar e comparar a
composição florística entre
ambientes degradados,
perturbados e conservados em
diferentes micro-hábitat.
Possibilita identificar
potencialidades e restrições
aos diferentes objetivos da
recuperação e técnicas de
revegetação.
FORMAS DE VIDA (Espectro Biológico)
Fanerófitas
Plantas que atingem mais de 2m de altura,
permanecendo as gemas mais altas acima desta
altura.
Com o objetivo de determinar
os padrões das formas de vida
existentes na área em
processo de recuperação,
sendo um importante indicador
de diversidade e estado de
desenvolvimento da estrutura
fitossociológica.
Nanofaneró-
fitas
Espécies arbóreas muito pequenas, com altura
superior a 1m e inferior a 2m, permanecendo as
gemas mais altas acima deste limite.
Caméfitas
Plantas perenes em que os ramos maduros, ou
sistema caulinar, permanecem em uma altura até
1m acima da superfície do solo.
Hemicriptó-
fitas
Plantas herbáceas perenes (inclui as bianuais)
com redução periódica do sistema caulinar,
ficando a parte remanescente rente à superfície
do solo.
Lianas
Plantas que crescem suportadas por si mesmas
ou por outras e que enraízam sobre o chão,
mantendo o seu contato com o solo durante o seu
ciclo de vida.
Terófitas
Plantas anuais, autosuportantes, cujos sistemas
caulinares e radiculares morrem após a produção
de sementes.
Epífitas
Plantas que germinam e enraízam sobre outras
plantas.
Hemiepífitas
Plantas que nascem no solo e depois de subir em
outras plantas perdem o contato com o solo, ou
que nascem em outras plantas e depois lançam
raízes em direção ao solo.
Continua...
29
32
Tabela 1 - Cont.
Indicadores/
Verificadores
Descrição Justificativa
ESTRUTURA HORIZONTAL
Dominância
Expressa a proporção de tamanho, biomassa,
volume ou de cobertura de cada espécie, em
relação ao espaço ou volume ocupado pela
comunidade (MARTINS, 1993).
Esses parâmetros dizem
respeito à distribuição espacial
das espécies ou formas de
vida que compõem a
comunidade, permitindo
quantificar a participação de
cada uma em relação às
outras (CURTIS & McINTOSH,
1951; LAMPRECHT, 1964;
REZENDE, 1995; ODUM,
1996). Permitem, em conjunto
com parâmetros da estrutura
vertical e outros (diversidade,
grupos ecológicos etc.) inferir
sobre a organização
desenvolvida naturalmente ou
artificializada com vista a
identificar e determinar
(quando necessário) as
práticas de manejo potenciais
para adequação dos rumos da
revegetação em relação aos
objetivos e à legislação em
vigor.
Frequência
Representa como os indivíduos de dada espécie
estão distribuídos sobre a área amostrada e é
dada em porcentagem das unidades amostrais,
que contém a espécie.
Valor de
Importância
A
soma dos valores relativos da densidade,
freqüência e dominância por espécie permitem
obter o Valor de Importância (VI) para cada
espécie.
Agregação
de Espécies
É a forma como os indivíduos de uma espécie
estão distribuídos no local estudado. O padrão de
distribuição espacial pode seguir três padrões
distintos: aleatório, uniforme e agregado.
ESTRUTURA VERTICAL
Posição
Sociológica
A
estrutura sociológica informa sobre a
composição florística dos diferentes estratos da
floresta e sobre a condição das diferentes
espécies de cada um deles.
Esses parâmetros quantificam
a participação de cada espécie
na estrutura e composição da
floresta, e melhor caracterizam
a importância ecológica das
mesmas na comunidade
vegetal na área em processo
de recuperação (FINOL,
1971). Permitem, em conjunto
com parâmetros da estrutura
horizontal e outros
(diversidade, grupos
ecológicos etc.) inferir sobre a
organização desenvolvida
naturalmente ou artificializada
com vista a identificar e
determinar (quando
necessário) as práticas de
manejo potenciais para
adequação dos rumos da
revegetação em relação aos
objetivos e à legislação em
vigor.
Regeneraçã
o Natural
É o conjunto dos descendentes das plantas.
FINOL (1971) define mais especificamente como
sendo as plantas arbóreas que se encontram
dentro de estratos limite (altura, diâmetro ou
ambos) estabelecidos no inventário estrutural.
Danos
Classe 1:Nenhum dano evidente.
Classe 2:Danos devido às causas naturais.
Classe 3:Danos de causa antrópica.
Continua...
30
33
Tabela 1 - Cont.
Indicadores/
Verificadores
Descrição Justificativa
DINÂMICA
Mortalidade
É o número de plantas que morrem durante este
espaço de tempo.
A
compreensão da dinâmica
dos processos que ocorrem ao
longo do tempo em área em
processo de reabilitação ou
recuperação permite
quantificar e qualificar as
mudanças que ocorrem no
sistema, bem como
estabelecer relações para
avaliar o desempenho e prever
conseqüências futuras, dando
ao recuperador condições de
realizar um manejo mais
refinado.
Crescimento
É a quantificação da taxa de crescimento em
altura e ou diâmetro.
Diversidade
de Espécies
Riqueza florística, equabilidade, grupo ecológico,
grupo de uso e função, espécies raras e
espécies indicadoras.
Formas de
Vida
Fanerófitas, Nanofanerófitas, Caméfitas,
Hemicriptófitas, Lianas, Terófitas, Epífitas e
Hemiepífitas.
Estrutura
Horizontal
Densidade, dominância, freqüência e valor de
importância
Estrutura
Vertical
Posição sociológica e regeneração natural.
Diversidade
Mudanças na diversidade de espécies e formas
de vida.
Estrutura
Interna
Infestação de cipós e danos.
31
34
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Descrição da área de estudo
3.1.1. Localização e histórico da área de estudo
A área de estudo está localizada na sub-bacia hidrográfica do Rio
Itapemirim, à margem direita de um córrego de divisa da Fazenda Barra de Santa
Angélica, no distrito de Rive, município de Alegre-ES.
A ocupação e uso do solo antes da revegetação eram destinados a práticas
de pecuária, com nível de manejo B (pouco tecnificado), sobre pastagem plantada
de Brachiaria sp. Em 1996, foi elaborado um projeto técnico visando à implantação
de um povoamento misto com espécies arbóreas diversas, autóctones e alóctones
como parte do processo de reabilitação de mata ciliar, com área de 3,6 ha. O
espaçamento adotado foi o de 3 x 3 m e a distribuição das espécies sem um padrão
que pudesse ser identificado.
O trecho objeto deste estudo corresponde a 1,2 ha, sendo escolhido para a
realização deste trabalho devido à sua heterogeneidade no que diz respeito à
declividade do terreno e regime de inundação (Figura 1).
35
Figura 1 - Mapa Planimétrico de uso e ocupação do solo da Fazenda Barra de
Santa Angélica em Alegre-ES.
3.1.2. Clima da região
Segundo a classificação de Köppen, o clima da região de Alegre-ES é do
tipo “Aw”, com estação seca no inverno, temperatura anual média de 23,1°C sendo a
média das máximas do mês mais quente entre 30,7 e 34 ºC e das mínimas do mês
mais frio entre 11,8 e 18 ºC. A precipitação média anual em torno de 1200 mm
(dados referentes ao período de 1976 até 2005), com menor volume mensal entre
33
36
maio e setembro, e com maior intensidade de chuva de outubro e abril, com um
período mais chuvoso e seco, respectivamente, em dezembro e junho (INCAPER,
2006).
3.1.3. Solo da região
Os solos são classificados, regionalmente, como Latossolos Vermelho
Amarelo Distrófico A moderado, de acordo com o novo Sistema Brasileiro de
Classificação dos Solos (EMBRAPA, 1999).
3.1.4. Hidrografia da região
A área estudada está inserida na bacia do Rio Itapemirim, formado no
encontro do Rio Braço Norte Esquerdo e do Rio Braço Norte Direito, à montante da
Rodovia BR-482.
A bacia do Rio Itapemirim está localizada na região sul do Estado do
Espírito Santo (Brasil), possui uma área de aproximadamente 5.923,4 km², situada
entre os meridianos 40º48` E 41º52` de longitude W e entre os paralelos 20º10` e
21º15` S e abastece 17 municípios (JUNIOR et al, 2006).
3.1.5. Relevo e topografia da região
As formas de relevo observadas na região se apresentam bem alteradas,
em relação a sua configuração original, com grande parte constituída de pastagens,
onde em alguns pontos há o desenvolvimento superficial de fendas erosivas. Em
geral, o relevo é bastante acidentado, com reduzidas áreas planas intercaladas,
onde se encontram basicamente culturas de subsistência (1,50%), café (10,02%) e
um grande predomínio de pastagens (67,87%), além de remanescentes florestais
nativos (14,31%), localizados principalmente nos topos de morros, entre outros usos
(NASCIMENTO et al, 2005). De um total de 77.300 ha, 85% é considerado como
ondulado (com declividade de 8 a 45%) e 15% montanhoso (declividade de 45 a
75%).
34
37
O ponto mais alto no mapa topográfico da propriedade é encontrado a 250
m, e o mais baixo a 160 m. Na área de estudo, a topografia varia de inclinada (não
inundável) a plana (inundável).
3.1.6. Vegetação natural da região
A vegetação original da região é caracterizada como Floresta Estacional
Semidecidual, segundo o sistema fisionômico-ecológico do IBGE (1992). Essa
formação florestal se caracteriza por duas estações climáticas, uma chuvosa e outra
seca, que condicionam o comportamento das plantas em relação à caducifólia.
A vegetação primária foi retirada para a introdução da agricultura e
pastagem, onde a mata ciliar em estudo foi implantada no ano de 1997, devido à
intenção do proprietário e ao cumprimento da legislação florestal. As atividades de
recuperação foram definidas e detalhadas em um projeto de adequação de usos na
referida fazenda, onde foram usadas espécies arbóreas diversas, inclusive de outros
biomas.
Até o ano de 2004, os cuidados com o plantio, visando o desenvolvimento
das mudas, consistia no combate a formigas cortadeiras e eliminação da mato-
competição por meio de capina e roçada manuais. Esse último procedimento de
manutenção eliminava as espécies invasoras bem como toda a regeneração natural
de espécies utilizadas no plantio e das disseminadas na área.
3.2. Obtenção dos dados
3.2.1. Levantamento do povoamento florestal implantado na mata ciliar
O povoamento florestal implantado na área para formação da mata ciliar em
estudo foi avaliado através de um inventário florestal mediante censo, realizado nos
anos de 2004/2005 e 2005/2006, em que foram identificados e medidos todos os
indivíduos de porte arbóreo com DAP (diâmetro à altura do peito) igual ou superior a
2 cm, e estimada a altura total com o auxílio de uma baliza graduada.
No campo, os indivíduos foram identificados em parte, sendo que o material
botânico de todas as espécies foi coletado para posterior identificação. Logo após,
esse material coletado foi herborizado e depositado no herbário do
NEDTEC/CCA/UFES. A identificação do mesmo foi feita através de análise
35
38
dendrológica, consultando-se referência bibliográfica disponível (SCHULTZ, 1968;
RIZZINI, 1979; JOLY, 1993; MARCHIORI, 1997; LORENZI, 2000, 2002 & 2003), por
comparação com exsicatas depositadas no herbário do NEDTEC, além de auxílio de
especialistas. As espécies foram classificadas nas famílias reconhecidas pelo
sistema de classificação taxonômica APG II, Angiosperm Phylogeny Group, baseado
em SOUZA & LORENZI (2005).
Os dados do inventário e os parâmetros da composição florística, estruturas
horizontal e vertical e de dinâmica da revegetação, foram calculados com a
utilização da planilha eletrônica Excel do Microsoft Windows.
3.2.2. Parâmetros florísticos e estruturais avaliados
A diversidade florística artificializada foi avaliada para a área como um todo
e medida, utilizando-se o índice de diversidade de Shannon, calculado pela
expressão de POOLE (1974), sendo que, a diversidade alcança o valor máximo
(H'
máx
) quando cada indivíduo pertence a uma espécie distinta (n
i
=1). Dessa
maneira H'máx = ln N. A proporção entre a diversidade observada (H') e a
diversidade máxima (H'
máx
) expressa a equabilidade e é conhecida como índice de
equabilidade de Pielou (MARGALEF, 1989), tendo sido calculado neste estudo.
() ()
N
nnNN
H
S
i
ii
=
××
=
1
lnln
´
;
NH
máx
ln'
=
; e
N
H
H
H
J
máx
ln
''
==
;
Em que: H' = índice de Shannon; N = número de indivíduos; n
i
= número de
indivíduos da i-ésima espécie; S = número de espécies; ln = logarítmo
na base neperiana, J = índice de equabilidade de Pielou; H'
máx
=
diversidade máxima; J varia de 0 a 1, sendo 1 a máxima equabilidade,
onde todas as espécies têm igual abundância.
A estrutura fitossociológica horizontal artificializada foi quantificada mediante
os parâmetros de densidade e dominância. Esses parâmetros dizem respeito à
ocupação espacial das espécies arbóreas estabelecidas pelo homem para compor o
povoamento florestal como forma de revegetação da mata ciliar, o que permite
quantificar a participação de cada uma das espécies utilizadas na cobertura vegetal
36
39
e de uma em relação à outra, como nos estudos feitos em ambientes naturais e
antropizados (CURTIS & MACINTOSH, 1951; LAMPRECHT, 1964; REZENDE,
1995; NAPPO, 2000).
A densidade ou abundância se refere ao número de indivíduos de
determinada espécie na comunidade vegetal estudada. Essa característica é
estimada nas formas absoluta e relativa (LAMPRECHT, 1964).
A
n
DA
i
i
=
e
100
1
×=
=
P
i
i
i
i
DA
DA
DR
Em que: DA
i
= densidade absoluta para a i-ésima espécie; DR
i
= densidade relativa
para a i-ésima espécie; n
i
= número de indivíduos da i-ésima espécie; A =
área estudada, em hectare; P = número de espécies encontrado.
A dominância expressa a proporção de tamanho, biomassa, volume ou de
cobertura de cada espécie, em relação ao espaço ou volume ocupado pela
comunidade (MARTINS, 1993). Uma das formas mais comuns de calcular a
dominância para comunidades arbóreas é a razão entre a área basal total por
espécie e a área estudada. As áreas basais são calculadas a partir das medidas de
diâmetro ou circunferência dos caules das árvores e arbustos. Essa característica
pode ser estimada nas formas absoluta e relativa (LAMPRECHT, 1964).
A
AB
DoA
i
i
= e
100
1
×=
=
P
i
i
i
i
DoA
DoA
DoR
Em que: DoA
i
= dominância absoluta para a i-ésima espécie, em m
2
/ha; AB
i
= área
basal da i-ésima espécie, em m
2
/ha; DoR
i
= dominância relativa da i-ésima
espécie, em %; A = área estudada; P = número de espécies.
A soma dos valores relativos de densidade e de dominância permite obter o
Índice de valor de cobertura (IVC) para cada espécie. Esse índice foi apresentado
por CURTIS & MCINTOSH (1951) pela expressão:
ii
DoRDRIVC
+
=
37
38
40
Em que: DoR
i
= dominância relativa da i-ésima espécie, em %; DR
i
= densidade
relativa para a i-ésima espécie; e IVC = índice de valor de cobertura para
a i-ésima espécie.
Foram consideradas espécies de baixa densidade (EBD) aquelas que
apresentaram um único indivíduo na área estudada, à semelhança das espécies
raras em estudos de ambientes de vegetação natural. As espécies raras são
responsáveis por mais de 20% da diversidade de sistemas florestais naturais nas
regiões tropicais. As espécies de baixa densidade foram quantificadas em
porcentagem do número total de espécies, conforme descrito por MARTINS (1993)
pela expressão:
100% ×=
N
n
EBD
i
Em que: EBD = espécies de baixa densidade; n
i
= número de espécies que
apresentaram apenas 1 indivíduo na área estudada; e N = número total
de espécies encontradas na área de estudo.
Para quantificar a participação de cada espécie na estrutura e composição
da floresta e caracterizar a importância ecológica das mesmas na comunidade
vegetal, foi avaliada a estrutura vertical do povoamento implantado, conforme
descrito por FINOL (1971) quanto à posição sociológica, conforme as expressões:
100×=
N
n
VF
i
i
;
iijij
VFnVF
×
=
;
=
=
P
j
iji
VFPSA
1
; e
100
1
×=
=
P
i
i
i
i
PSA
PSA
PSR
Em que: VF
j
= valor fitossociológico simplificado do j-ésimo estrato; n
j
= número de
indivíduos no j-ésimo estrato; N = número total de indivíduos; VF
ij
= valor
fitossociológico da i-ésima espécie no j-ésimo estrato; n
ij
= número de
indivíduos da i-ésima espécie no j-ésimo estrato; PSA
i
= posição
sociológica absoluta da i-ésima espécie; p = número de estratos; PSR
i
=
posição sociológica relativa da i-ésima espécie.
A dinâmica do povoamento florestal implantado na área em estudo foi feita
considerando o intervalo de tempo entre os inventários de 2004/2005 e de
2005/2006, realizada mediante a comparação dos parâmetros florísticos e
39
41
fitossociológicos obtidos na estrutura artificializada. Os parâmetros analisados
foram: composição florística; diversidade de espécies; equabilidade; densidade;
dominância; estrutura diamétrica; espécies de baixa densidade; ingresso,
mortalidade e taxa de crescimento (em diâmetro e em altura). Esses parâmetros
foram quantificados para cada espécie do povoamento. Com isso, o comportamento
das espécies foi avaliado qualitativa e quantitativamente no intervalo de tempo
decorrido entre os dois inventários.
O ingresso é o surgimento de novos indivíduos que entram na nova etapa
de medição, e a mortalidade é o número de indivíduos que morreram durante este
espaço de tempo. Essas informações são de extrema importância para que as
florestas naturais possam ser utilizadas em base sustentada (AZEVEDO et al.,
1995). A partir das estimativas do número ou da área basal dos indivíduos que
ingressaram ou morreram, são estimadas as taxas de ingresso e mortalidade,
conforme FERREIRA (1997).
100
=
i
i
i
N
n
TI
Em que: TI
i
= taxa de ingresso na i-ésima classe de altura, em %; n
i
= número de
indivíduos ou área basal dos indivíduos que ingressaram na i-ésima classe
de altura, no final do período de monitoramento; e N
i
= número de
indivíduos ou área basal, dos indivíduos vivos na i-ésima classe de altura,
no final do período de monitoramento.
100
=
i
i
i
N
n
TM
Em que: TM
i
= taxa de mortalidade na i-ésima classe de altura em %; n
i
= número
de indivíduos ou área basal dos indivíduos mortos, na i-ésima classe de
altura, no final do período de monitoramento; e N
i
= número de indivíduos
ou área basal, dos indivíduos mortos, na i-ésima classe de altura, no início
do período de monitoramento.
As estimativas de incremento periódico anual (IPA), em diâmetro ou em
área basal, por espécie, no período de monitoramento, foram calculadas conforme
FERREIRA (1997):
40
42
()
=
+
=
N
k
jkjkij
PN
DDIPA
1
,1,
10
Em que: IPA = incremento periódico anual, em diâmetro (mm/ano), por espécie; D =
diâmetro de tronco à altura do peito (DAP); k = espécie; j = ocasiões de
medição; N = número de indivíduos, por espécie e por classe de DAP; P =
período de intervalo de monitoramento em anos.
A combinação entre estes três componentes com o número, a altura ou a
área basal de indivíduos no final do período de monitoramento, fornece os
componentes normalmente utilizados na estimativa do crescimento florestal,
considerando a inclusão e a exclusão do ingresso (HUSCH et al., 1993). O
crescimento bruto foi obtido segundo a seguinte expressão:
Cb = Gf - Gi
Em que: Cb = crescimento bruto em diâmetro, excluindo o ingresso, por espécie; Gf
= diâmetro dos indivíduos vivos nos dois inventários; Gi = diâmetro
(cm/ha) dos indivíduos vivos nos dois inventários, no início do período.
A altura média de Lorey de cada espécie foi determinada nos inventários
2004/2005 e 2005/2006, para posterior estimativa do crescimento das mesmas. A
altura de Lorey é uma média ponderada da altura em relação a área basal da
espécie e é descrita pela fórmula:
=
=
=
n
i
ij
n
i
ijij
ji
AB
HAB
H
1
1
*
Em que: H
ij
= altura média de Lorey para a i-ésima espécie no tempo j; AB
i
= área
basal (cm²) para a i-ésima espécie no tempo j; H
i
= altura (m) para a i-
ésima espécie no tempo j.
Posteriormente, o crescimento em altura de cada espécie foi estimado com
base na altura de Lorey no final e início do monitoramento, obtido pela seguinte
expressão:
41
43
CH = H
f
– H
i
Em que: CH = crescimento em altura (m), por espécie; Hf = altura media de Lorey
(m), por espécie, no fim do período de monitoramento; Hi = altura média
de Lorey (m), por espécie, no início do período de monitoramento.
As espécies foram caracterizadas ecologicamente a fim de comparar suas
estratégias ecológicas, classificadas de acordo com as guildas de regeneração, de
estratificação e de dispersão. A primeira guilda analisa o comportamento das
espécies em relação à luz, a segunda, indica o porte e estrato no dossel que as
espécies alcançam e a terceira, informa que tipo de síndrome de dispersão a
espécie possui.
A classificação da guilda de regeneração se baseou na definição de
SWAINE e WHITMORE (1988), que divide as espécies em grupos ecológicos de
acordo com a necessidade luminosa para germinar e se desenvolver. As espécies
pioneiras (PI) são aquelas que necessitam de luz direta para germinar e se
estabelecer; as clímax exigentes de luz (CL), aquelas cujas sementes conseguem
germinar nas condições de sombra do sub-bosque, embora os imaturos necessitem
de luz abundante para crescer e atingir o dossel e as clímax tolerantes à sombra
(CS), onde germinam e conseguem crescer nas condições de sombra do sub-
bosque, atingindo a maturidade sob o próprio dossel ou após atingir o dossel da
floresta
.
Quanto à guilda de estratificação, foram utilizadas as categorias e
intervalos definidos por OLIVEIRA-FILHO et al. (1997), para as árvores
considerando seu porte na maturidade, classificando-as em pequenas, espécies
com altura inferior a 8 m (2,0 a 7,9m); médias, espécies que alcançam alturas de
8,0 a 17,5m (8 e 17,5m) e grandes, aquelas espécies que atingem alturas
superiores a 17,5m (>17,5m).
E, por último, a guilda de dispersão, baseada em VAN DER PIJL (1982).
Foram divididas nas categorias de anemocóricas, zoocóricas e autocóricas. A
dispersão anemocorica diz respeito às espécies cujas sementes ou frutos são
disseminados pelo vento; a zoocórica caracteriza as espécies que têm seus
propágulos ou sementes dispersas por animais e a autocórica é aquela que as
44
espécies utilizam mecanismos de abertura de seus frutos, lançando as sementes
para longe.
Para definição da presença silvestre das espécies foram realizadas
pesquisas regionais e bibliográficas a partir dos trabalhos de RIZZINI (1979),
LORENZI (2000, 2002 & 2003) e CARVALHO (1994), sendo classificadas em
autóctones as espécies originárias que ocorrem naturalmente no mesmo
ecossistema onde habitam (GOODLAND, 1975), e alóctones as espécies que se
encontram fora do seu ecossistema natural, que possuem sua distribuição natural
em biomas de outras regiões fitogeográficas (LEMAIRE & LEMAIRE, 1992).
42
45
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Composição florística e fitossociológica artificializadas para recuperação
da mata ciliar
Foram medidos e identificados, em 2004/2005, numa área de 1,13 ha, 804
indivíduos com DAP igual ou superior a 2 cm, pertencentes a 34 famílias botânicas,
84 gêneros e 97 espécies, sendo 43 pioneiras (PI), 40 clímax exigentes de luz (CL),
11 clímax tolerantes à sombra (CS) e 3 sem regeneração definida. Na guilda de
estratificação, foram inventariados 86 indivíduos pertencentes ao estrato pequeno,
492 pertencentes ao estrato médio, 224 pertencentes ao estrato grande e 2
indivíduos sem estratificação definida. Para a guilda de dispersão, foram
inventariados 188 indivíduos de dispersão zoocórica, 342 autocóricas, 272
anemocóricas e 2 indivíduos sem dispersão definida. Quanto à origem silvestre, 480
indivíduos são de origem autóctone, 316 são de origem alóctone e 8 indivíduos sem
origem silvestre definida (Sp1 e Sp2).
No segundo inventário, em 2005/2006, foram identificados e medidos 802
indivíduos com DAP igual ou superior a 2 cm, pertencentes a 33 famílias, 84
gêneros e 99 espécies, sendo 44 pioneiras (PI), 42 clímax exigentes de luz (CL), 11
clímax tolerantes à sombra (CS) e 2 sem regeneração definida. Na guilda de
estratificação, 84 indivíduos pertencem ao estrato pequeno, 494 pertencentes ao
estrato médio, 223 pertencentes ao estrato grande e 1 indivíduo sem estrato
definido. Na guilda de dispersão, o número de indivíduos zoocóricos foi de 188,
autocóricos foi de 340, anemocóricos foi de 273 e apenas 1 indivíduo sem dispersão
definida. E para a origem silvestre, 483 indivíduos eram autóctones, 313 alóctones e
6 sem origem silvestre definida. Entretanto, três espécies não tiveram sua
classificação encontrada na literatura quanto ao grupo ecológico. Na tabela 2,
46
apresenta-se a listagem florísticas das espécies encontradas na área de mata ciliar
revegetada com a respectiva classificação por guildas e origem silvestre.
Tabela 2 – Listagem florística das espécies encontradas nos inventários de
2004/2005 e 2005/2005 na mata ciliar da Fazenda Barra de Santa
Angélica, Alegre-ES. Em que: Reg = regeneração; PI = pioneira; CL =
clímax exigentes de luz; CS = clímax tolerante à sombra; Estr=
estratificação; PEQ = pequena; MED = média; GRA = grande; Disp =
dispersão; Zoo = zoocorica; ANE = anemocórica; AUT = autocórica;
OS = origem silvestre; Al = alóctone; Au = autóctone
Famílias e Respectivas Espécies
Inventário
Guildas
OS
2004/
2005
2005/
2006
Reg Estr Disp
Anacardiaceae
Anacardium occidentale L. X X PI Peq Zoo AL
Astronium fraxinifolium Schott & Spreng.
X X PI Med Ane AL
Mangifera indica L. X X CL Med Aut AL
Schinnus terebinthifolius Radd. X X PI Peq Zoo AU
Spondias macrocarpa Engl. X X CS Med Zoo AU
Spondias purpurea L. X X CS Med Zoo AL
Annonaceae
Rollinia mucosa (Jacq.) Baill X X CL Med Zoo AU
Apocynaceae
Aspidosperma cylindrocarpon M. Arg X X CL Gra Ane AL
Aspidosperma ramiflorum M. Arg. X X CS Gra Ane AL
Peschieria fuchsiaefolia Miers. X X PI Peq Zoo AU
Araliaceae
Eriotheca gracilipes (K.Schum.) A. Rob. X X CL Med Ane AU
Schefflera sp. X X - - Zoo -
Bignoniaceae
Crescentia cujete L. X X CL Peq Aut AL
Jacaranda brasiliana (Lam.) Pers X X CL Med Ane AL
Jacaranda cuspidifolia Mart. X X PI Med Ane AL
Paratecoma peroba (Rec.) Kuhlm. X X PI Gra Ane AU
Sparattosperma leucanthum (Vell.) Schum. X X PI Gra Ane AU
Tabebuia heptaphylla (Vell.) Tol. X X CS Med Ane AU
Tabebuia riodocensis A.H.Gentry X X CL Med Ane AL
Tabebuia roseo-alba (Rdl.) Sand. X X CL Med Ane AL
Tabebuia serratifolia (Vahl) Nich. X X CS Med Ane AU
Zeyheria tuberculosa (Vell.) Bur X X CL Med Ane AU
Boraginaceae
Cordia superba Cham. X X CL Med Aut AL
Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. X X PI Gra Aut AU
Cannabaceae
Trema micrantha (L.) Blum. X X PI Med Zoo AL
Continua…
44
47
Tabela 2 - Cont.
Famílias e Respectivas Espécies
Inventário
Guildas
OS
2004/
2005
2005/
2006
Reg Estr Disp
Caricaceae
Jacaratia heptaphylla (Vell.) DC. X X CL Peq Zoo AU
Chrysobalanaceae
Licania tomentosa (Benth.) Fritsch. X X PI Med Zoo AL
Combretaceae
Terminalia catappa L. X CL Med Aut AL
Terminalia kuhlmannii Law. & Sta. X X CL Med Aut AU
Dilleniaceae
Dillenia indica B. X X PI Med Aut AL
Euphorbiaceae
Croton floribundus Spreng. X X PI Med Aut AU
Joannesia princeps Vell. X X PI Med Aut AU
Fabaceae-Caesalpinioideae
Apuleia leiocarpa Macbr. X X CS Gra Aut AU
Caesalpinia leyostachia Benth. X X CL Gra Aut AU
Delonix regia (Bojer ex Hook.) Raf. X X PI Med Aut AL
Hymenaea aurea Lee & Langenh X X CL Med Zoo AL
Hymenaea stilbocarpa (Hayne) Y.T. Lee & Langenh X X CL Med Zoo AU
Peltogyne angustifolia Duck. X X CL Med Aut AL
Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. X X PI Gra Aut AU
Pterogyne nitens Tul. X X PI Med Ane AU
Schizolobium parahyba (Vell.) S. F. Blake X X PI Gra Ane AL
Fabaceae-Cercideae
48
Tabela 2 - Cont.
Famílias e Respectivas Espécies
Inventário
Guildas
OS
2004/
2005
2005/
2006
Reg Estr Disp
Samanea tubulosa (Benth.) Bar. & J.W. X X PI Med Aut AL
Lauraceae
Persea americana Mill. X X CL Med Aut AL
Lecythidaceae
Cariniana estrellensis (Raddi) O.Kuntze X X CL Gra Ane AU
Lythraceae
Lafoensia glyptocarpa Koeh. X X CS Med Ane AU
Malvaceae
Chorisia glaziovii (O. Kuntze) E. Santos X X CL Med Aut AL
Luehea divaricata Mart. X X CL Med Ane AU
Ochroma pyramidale (Cav. Ex Lam.) Urb. X X CL Gra Ane AL
Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A. Rob. X X CL Gra Ane AU
Pterigota brasiliensis Fr. All. X CL Gra Ane AU
Sterculia elata Ducke X X CL Peq Zoo AL
Meliaceae
Cedrela fissilis Vell. X X CL Med Ane AU
Guarea guidonia (L.) Sleum. X X CL Med Aut AL
Melia azedarach L. X X CL Gra Aut AL
Swietenia macrophylla King. X
49
Tabela 2 - Cont.
Famílias e Respectivas Espécies
Inventário
Guildas
OS
2004/
2005
2005/
2006
Reg Estr Disp
Verbenaceae
Citharexyllum myrianthum Cham.
X X PI Med Zoo AU
Indeterminada1
Sp1 X - - - -
Indeterminada 2
Sp2 X X - - - -
Apareceram nos dois inventários 100 espécies, sendo que do 1º para o 2º
inventário, apenas três espécies são diferentes (Pterigota brasiliensis, Terminalia
catappa e Syzygium malaccense), representando um acréscimo de 0,36%. No
período, ocorreu apenas o desaparecimento de uma espécie (Sp1).
Quanto ao número de indivíduos, as famílias mais abundantes nos
inventários de 2004/2005 e 2005/2006 foram: Fabaceae-Mimosoideae, Fabaceae-
Caesalpinoideae, Bignoniaceae, Meliaceae, Fabaceae-Faboideae, Euphorbiaceae,
Anacardiaceae, Malvaceae, Myrtaceae e Apocynaceae.
As famílias com maior número de espécies em toda a área foram:
Fabaceae-Mimosoideae, Fabaceae- Faboideae, Bignoniaceae, Fabaceae-
Caesalpinoideae, Anacardiaceae, Meliaceae, Malvaceae, Myrtaceae, Apocynaceae,
Euphorbiaceae, Araliaceae, Boraginaceae, Moraceae, Rubiaceae, Salicaceae,
Sapindaceae, Combretaceae, Cannabaceae, Caricaceae e Chrysobalanaceae,
respectivamente. Essas famílias apresentaram mesmo número de espécies em
2004/2005 e 2005/2006, com exceção das famílias Malvaceae, Myrtaceae e
Combretaceae, que tiveram um aumento de uma espécie no inventário 2005/2006.
As famílias com maior número de indivíduos foram também as de maior número de
espécies.
A inclusão das espécies, no segundo inventário, ocorreu devido ao
crescimento de indivíduos que no primeiro inventário estavam com menos de 2 cm
de DAP e que cresceram, passando no segundo inventário a ter no mínimo 2 cm de
DAP.
Ocorreu o desaparecimento (por mortalidade) de apenas uma espécie nas
famílias Anacardiaceae (Anacardium occidentale) e Meliaceae (Guarea guidonea) e
uma espécie na família Indeterminada 1 (Sp. 1).
47
50
A proporção NI/NE em 2004/2005 e em 2005/2006, respectivamente, foi de
8,30/1 e 8,10/1, apresentando uma queda de 0,20/1 ou 2,41%. A diversidade
florística observada pelo Índice de Shannon (H’) apresentou aumento de 3,929
(2004/2005) para 3,943 (2005/2006), e a equabilidade estimada pelo Índice de
equabilidade de Pielou (J) cresceu de 0,587 (2004/2005) para 0,590 (2005/2006).
Esse comportamento demonstra que o povoamento sofreu poucas alterações, uma
vez que o percentual de sobrevivência das mudas utilizadas no plantio e replantio foi
elevando e por não se ter ainda regeneração natural de indivíduos arbóreos e
arbustivos que tenham alcançado a classe de inclusão (CAP 5 cm). Até o momento
a composição florística e abundância apresentaram pouca alteração, sendo
totalmente dependentes da florística e da abundância artificializadas do plantio
(Tabela 3).
T
abela 3 – Diversidade florística observada no trecho de mata ciliar implantada na
Fazenda Barra de Santa Angélica, Alegre, ES. H’ = índice de Shannon,
J = índice de Equabilidade de Pielou; NE = número de espécies; NI =
número de indivíduos; e EBD = espécies de baixa densidade
Parâmetros
Inventários
2004/2005 2005/2006
H' 3, 929 3, 943
J 0, 587 0, 590
NE 97 99
NI 804 802
EBD 30 30
Na área em estudo, 13 espécies apresentaram maior número de indivíduos,
sendo responsáveis por 50% da densidade total observada. Estas espécies são:
Anadenanthera colubrina, Caesalpinia leyostachia, Tabebuia serratifolia, Joannesia
princeps, Inga edulis, Pterogyne nitens, Schizolobium parahyba, Enterolobium
contortisiliquum, Psidium guajava, Peschieria fuchsiaefolia, Peltophorum dubium,
Spondias macrocarpa e Dpteryx alata.
As espécies Aspidosperma cylindrocarpon, Andira anthelmia, Apuleia
leiocarpa, Citharexyllum myrianthum, Artocarpus heterophillus, Cordia superba,
48
51
Cariniana estrelensis, Croton floribundus, Cedrela fissilis, Eugenia uniflora, Genipa
americana, Crescentia cujete, Eugenia involucrata, Luehea divaricata, Eriotheca
gracilipes, Sp 1, Parkia pendula, Dalbergia nigra, Hymenaea stilbocarpa,
Sparattosperma leucanthum, Rollinia mucosa, Mangifera indica, Persea americana,
Siparuna guianensis, Sp 2, Machaerium scleroxylon, Parkia nítida, Pterygota
brasiliensis, Syzygium malaccense e Terminalia cattapa foram consideradas como
espécies de baixa densidade (EBD), ou seja, as espécies que apresentaram, apenas
um indivíduo na área de estudo, nos dois inventários, com exceção das espécies Sp
1 (não encontrada no inventário 2005/2006); Dalbergia nigra e Rollinia mucosa que
apresentaram mais de um indivíduo no inventário 2005/2006, e das espécies
Pterygota brasiliensis, Syzygium malaccense e Terminalia cattapa que foram
observadas somente no inventário 2005/2006.
Na área da mata ciliar, as espécies quanto à origem silvestre apresentaram
a proporção de autóctones 58,76% (2004/2005) e 58,00% (2005/2006) e as
alóctones 37,11% (2004/2005) e 38,00% (2005/2006). Apenas 4,12% (2004/2005) e
4,00% (2005/2006) das espécies não tiveram sua origem silvestre determinada. O
emprego de espécies de origem silvestre alóctone representa uma discordância em
relação ao uso e ocupação do solo previsto na legislação em vigor por ferir o
preceito de manutenção da diversidade de espécies do ambiente (Tabela 4).
Dentre as espécies mais abundantes, há o predomínio daquelas
pertencentes à guilda de regeneração pioneira, ao estrato médio, de dispersão
autocórica e origem silvestre autóctone tanto no inventário 2004/2005 quanto no
inventário 2005/2006, em que o número de espécies permaneceu o mesmo nas três
categorias de cada guilda (Tabela 4).
Em relação ao número de indivíduos, para a guilda de regeneração, o grupo
das espécies pioneiras (PI) soma 47,76% (2004/2005) e 47,69% (2005/2006) do
total de indivíduos na área, as não pioneiras (CL e CS) 51,24% (2004/2005) e
51,56% (2005/2006) e as não determinadas 1,0% (2004/2005) e 0,75% (2005/2006)
nos dois inventários. Dessa forma, no momento da implantação do povoamento, o
balanço entre o número de indivíduos privilegiou as espécies de regeneração mais
tardias (não pioneiras), o que não representa um modelo sucessional inicial que
ocorre numa floresta natural. Essa relação observada induz que o plantio das
espécies imitou um estágio de sucessão de médio a tardio.
49
52
Para a guilda de estratificação, o estrato médio possui maior número de
indivíduos 61,07% (2004/2005) e 61,42% (2005/2006), seguido do estrato grande
com 27,99% (2004/2005) e 27,97% (2005/2006) de indivíduos e do estrato pequeno
com 9,95% (2004/2005) e 9,86% (2005/2006) de indivíduos (Tabela 4). No entanto,
o povoamento ainda é jovem, e os indivíduos das espécies ainda são imaturos,
apresentam uma ocupação do sítio gradual e conseqüentemente ocupam as classes
de estratificação correspondentes a cada espécie.
Tabela 4 – Guilda de regeneração, estratificação e dispersão, e origem silvestre
para as espécies encontradas na área de mata ciliar revegetada, nos
inventários 2004/2005 e 2005/2006. Onde: NE = número de espécies;
NI = número de indivíduos; PI = pioneiras; CL = clímax exigentes de
luz; CS = clímax tolerantes à sombra; PEQ = pequeno; MED = médio;
GRA = grande; = ZOO = zoocórica; AUT = autocórica; ANE =
anemocórica; AU = autóctone; AL = alóctone e Ind. = indeterminado
Guilda e
Origem Silvestre
NE NI
2004/2005 2005/2006 2004/2005 2005/2006
Regeneração
PI 43 44 384 382
CL 40 42 283 284
CS 11 11 129 129
Ind. 3 3 8 6
Estratificação
PEQ 14 14 80 79
MED 56 58 491 492
GRA 24 24 225 224
Ind. 3 4 8 6
Dispersão
ZOO 28 29 187 187
AUT 37 37 342 340
ANE 30 32 273 273
Ind. 2 1 2 1
Origem
Silvestre
AU 57 58 579 579
AL 36 38 206 205
Ind. 4 4 19 17
Para a guilda de dispersão o número de indivíduos autocóricos foi
predominante entre as espécies implantadas na área, com 72,01% (2004/2005) e
72,28% (2005/2006), os indivíduos anemocóricos 33,96% (2004/2005) e 34,08%
(2005/2006) e os zoocóricos 23,26%
53
indivíduos, ou seja, as espécies é que são responsáveis pela disseminação de seus
propágulos por deiscência explosiva ou por gravidade. Entretanto, os trabalhos
relacionados à dispersão de sementes em matas ciliares de florestas tropicais
demonstram que a síndrome de dispersão predominante nesses ambientes é a
zoocórica (SANTOS & KINOSHITA, 2003; BUDKE et al., 2005), sendo a que ocorreu
em menor proporção neste estudo, tanto em número de espécies quanto em número
de indivíduos, após as espécies com dispersão indeterminada (Tabela 4).
Em relação ao número de indivíduos das espécies quanto à origem
silvestre, plantadas na área da mata ciliar foi identificado que 72,01% (2004/2005) e
72,28% (2005/2006) eram autóctones e 25,62% (2004/2005) e 25,59% (2005/2006)
eram alóctones. Apenas 2,36%(2004/2005) e 2,12% (2005/2006) dos indivíduos não
tiveram sua origem silvestre determinada. Essa constatação reforça a preocupação
quanto à manutenção da diversidade de espécies do ambiente da mata ciliar,
mesmo que sejam muito raros os remanescentes dessa tipologia de vegetação na
região da área de estudo.
Analisando o perfil funcional das espécies que apresentaram baixa
densidade (raras), há uma maior predominância daquelas pertencentes à guilda de
regeneração clímax exigentes de luz (CL) em ambos os inventários, aumentando
5,55% em 2005/2006. As espécies e indivíduos das guildas de regeneração (PI),
(CS) e de regeneração definida (IND.), ocorreram em menores proporções,
aumentando em 2005/2006 na categoria (PI) e diminuindo na (CS) e (IND). Esse
fato indica que 66,67% das espécies raras eram aquelas que se desenvolviam a
sombra e necessitavam de luminosidade na fase inicial de seu crescimento. As
espécies de baixa densidade foram as mais abundantes no estrato médio da guilda
de estratificação (48,15%) no inventário de 2004/2005, aumentando 7,7% em
2005/2006. O estrato grande apresentou 33,33% das espécies de baixa densidade
em ambos os inventários, seguido do estrato pequeno com 11,11% e os que não
apresentam estrato definido apresenta apenas 7,40% em 2004/2005, diminuindo
3,70% em 2005/2006. As espécies de baixa densidade existentes no estrato grande
ocorreram em maior quantidade que as espécies edificadoras, ou seja,
apresentaram 50% do total de espécies existentes em toda a área. Na dispersão,
tanto as espécies raras quanto as edificadoras e seus respectivos indivíduos têm
como principal meio de dispersão a autocórica. As espécies raras também tiveram
maiores valores de indivíduos e espécies de origem silvestre autóctones em ambos
51
54
os inventários (2004/2005 e 2005/2006), sendo este tipo de origem de grande
importância para a manutenção das espécies da região.
As espécies de baixa densidade representaram 28% (2004/2005) e 27%
(2005/2006) do total de espécies nos inventários, tornando-se as principais
responsáveis pela alta diversidade encontrada, e representaram nos inventários
(2004/2005 e 2005/2006) 83,89%, em média, da diversidade total enquanto as
espécies mais abundantes representaram nos inventários (2004/2005 e 2005/2006)
apenas 16,11% da diversidade total.
As mudanças do número de espécies e indivíduos, de um inventário para
outro, são em função da entrada no processo de medição em decorrência de seu
crescimento e de sua saída por motivo de morte.
4.2. Estrutura fitossociológica e dinâmica do povoamento implantado
Foram calculados os parâmetros fitossociológicos e de dinâmica das
espécies para o intervalo de monitoramento representado pelos inventários de
2004/2005 e 2005/2006. Na tabela 5, estão listadas as espécies inventariadas com
seus respectivos parâmetros fitossociológicos, em ordem decrescente de seus
índices de valores de cobertura (IVC).
52
55
Tabela 5Parâmetros fitossociológicos e de dinâmica para a área total da Fazenda Barra de Santa Angélica, Alegre – ES.
Em que: NI= nº indivíduos; DR= densidade relativa; DoR= dominância relativa; IVC= índice de valor de
cobertura, em porcentagem; PSR = posição sociológica relativa (%); M= mortalidade; TM= taxa de mortalidade
em percentagem; I= ingresso; TI= taxa de ingresso em percentagem; CB = crescimento bruto, em diâmetro (cm);
IPA= incremento periódico anual, em mm/ano; CH = crescimento em altura (m)
Espécie
2004/2005
2005/2006
M TM I TI CB IPA CH
NI DR DoR IVC PSR NI DR DoR IVC PSR
Anadenanthera colubrina
58 7,20 11,50 9,35 6,51 58 7,23 9,27 8,25 6,79 0 0,00 0 0,00 112,65 19,42 5,43
Caesalpinia leyostachia
55 6,83 6,93 6,88 6,94 55 6,86 7,88 7,37 6,75 0 0,00 0 0,00 91,42 16,62 1,61
Acacia auriculiformis
10 1,24 8,25 4,74 0,64 9 1,12 4,20 2,66 0,88 1 10,00 0 0,00 41,25 45,84 1,79
Acacia mangium
10 1,24 8,03 4,64 1,11 9 1,12 4,80 2,96 0,95 1 10,00 0 0,00 57,20 63,56 3,62
Tabebuia serratifolia
50 6,21 1,54 3,88 7,49 51 6,36 1,97 4,17 7,38 0 0,00 1 1,96 79,51 15,59 0,77
Inga edulis
34 4,22 3,76 3,99 4,90 33 4,11 2,45 3,28 4,15 2 5,88 1 3,03 116,37 35,26 2,26
Joannesia princeps
42 5,22 2,39 3,81 3,06 42 5,24 13,44 9,34 3,81 0 0,00 0 0,00 146,58 34,90 5,23
Schizolobium parahyba
28 3,48 3,65 3,56 2,66 26 3 ,24 2,21 2,73 2,84 2 7,14 0 0,00 9,20 3,54 3,28
Pterogyne nitens
32 3,98 1,42 2,70 4,50 32 3,99 5,01 4,50 3,74 0 0,00 0 0,00 8,72 87,22 2,29
Enterelobium contortisiliquum
25 3,11 2,55 2,83 3,61 25 3,12 3,35 3,23 3,24 0 0,00 0 0,00 65,48 26,19 2,31
Peschieria fuchsiaefolia
18 2,24 2,81 2,52 2,08 17 2,12 1,46 1,79 2,15 1 5,56 0 0,00 17,76 10,45 1,43
Anthocephalus indicus
15 1,86 3,42 2,64 1,93 15 1,87 1,69 1,78 1,65 0 0,00 0 0,00 46,22 30,81 3,59
Psidium guajava
19 2,36 1,49 1,92 2,22 19 2,37 0,81 1,59 2,59 0 0,00 0 0,00 19,07 10,04 1,18
Jacaranda brasiliana
15 1,86 1,18 1,52 2,40 16 2,00 1,45 1,72 2,21 0 0,00 1 6,25 32,09 21,39 3,63
Dpteryx alata
16 1,99 0,97 1,48 2,43 16 2,00 0,53 1,26 2,36 0 0,00 0 0,00 25,46 15,92 1,32
Peltophorum dubium
18 2,24 0,71 1,47 2,28 18 2,24 2,53 2,39 2,31 0 0,00 0 0,00 39,18 21,77 4,95
Bauhinea sp.
11 1,37 2,04 1,70 1,63 11 1,37 0,33 0,85 1,60 0 0,00 0 0,00 16,09 14,63 1,64
Spondias macrocarpa
18 2,24 0,82 1,53 1,24 18 2,24 10,02 6,13 1,64 0 0,00 0 0,00 138,24 76,80 4,16
Pseudobombax grandiflorum
15 1,86 1,17 1,52 1,52 15 1,87 1,84 1,85 1,93 0 0,00 0 0,00 65,73 43,82 2,19
Swietenia macrophylla
15 1,86 0,66 1,26 2,03 14 1,75 0,84 1,29 1,64 1 6,67 0 0,00 19,19 13,71 2,89
Gallesia integrifolia
11 1,37 0,89 1,13 1,49 12 1,50 0,49 0,99 1,54 0 0,00 1 8,33 26,99 22,49 3,83
Zeyheria tuberculosa
16 1,99 0,27 1,13 2,45 17 2,12 0,85 1,49 2,09 0 0,00 1 5,88 30,14 17,73 2,15
Guarea guidonia
13 1,61 0,36 0,99 1,97 12 1,50 0,35 0,92 1,75 2 15,38 1 8,33 5,19 4,32 4,40
Tabebuia riodocensis
12 1,49 0,46 0,98 1,79 11 1,37 0,71 1,04 1,24 1 8,33 0 0,00 8,05 7,32 2,57
Inga cylindrica
11 1,37 0,20 0,78 1,76 12 1,50 1,20 1,35 1,34 0 0,00 1 8,33 29,92 24,93
2,84
Continua...
53
56
Tabela 5 – Cont.
Espécie
2004/2005
2005/2006
M TM I TI CB IPA CH
NI DR DoR IVC PSR NI DR DoR IVC PSR
Anacardium occidentale
6 0,75 1,14 0,94 0,71 5 0,62 0,16 0,39 0,69 1 16,67 0 0,00 -2,99 -5,98 0,85
Khaya ivorensis
12 1,49 0,66 1,08 1,23 12 1,50 0,45 0,97 1,82 0 0,00 0 0,00 29,44 24,54 2,27
Spondias purpurea
9 1,12 0,95 1,03 1,21 9 1,12 1,08 1,10 1,23 0 0,00 0 0,00 5,79 6,44 -1,40
Cecropia sp.
6 0,75 0,75 0,75 0,73 6 0,75 0,96 0,85 0,70 0 0,00 0 0,00 9,96 16,61 0,44
Astronium fraxinifolium.
5 0,62 0,34 0,48 0,66 5 0,62 0,27 0,45 0,76 0 0,00 0 0,00 12,32 24,64 0,81
Tabebuia roseo-alba
12 1,49 0,39 0,94 1,39 12 1,50 0,48 0,99 1,32 0 0,00 0 0,00 6,68 5,57 1,18
Tabebuia heptaphylla
13 1,61 0,24 0,93 2,08 12 1,50 0,39 0,94 1,75 1 7,69 0 0,00 5,22 4,35 1,48
Licania tomentosa
8 0,99 0,18 0,59 1,14 8 1,00 0,35 0,67 1,21 0 0,00 0 0,00 14,37 17,96 0,87
Syzygium cumini
8 0,99 0,66 0,83 0,87 8 1,00 0,27 0,63 1,07 0 0,00 0 0,00 23,55 29,44 0,36
Trema micrantha
6 0,75 0,29 0,52 0,47 6 0,75 1,08 0,91 0,56 0 0,00 0 0,00 24,13 40,21 3,74
Aspidosperma cylindrocarpon
1 0,12 0,34 0,23 0,16 1 0,12 0,07 0,16 0,08 0 0,00 0 0,00 1,31 13,05 4,49
Myroxylon peruiferum
6 0,75 0,57 0,66 0,96 6 0,75 0,28 0,54 0,77 0 0,00 0 0,00 12,41 20,69 2,50
Albizia lebbeck
2 0,25 1,06 0,65 0,20 2 0,25 0,05 0,15 0,23 0 0,00 0 0,00 0,25 1,27 0,17
Andira anthelmia
1 0,12 0,59 0,36 0,02 1 0,12 0,01 0,07 0,15 0 0,00 0 0,00 0,48 4,77 7,67
Casearia sylvestris
4 0,50 0,12 0,31 0,64 4 0,50 0,10 0,30 0,61 0 0,00 0 0,00 1,97 4,93 0,24
Schefflera sp.
6 0,75 0,35 0,55 0,55 5 0,62 0,16 0,39 0,69 1 16,67 0 0,00 7,19 14,39 1,80
Sapindus saponaria
7 0,87 0,17 0,52 1,00 6 0,75 0,06 0,40 0,91 1 14,29 0 0,00 -13,43 -22,39 -3,20
Melia azedarach
5 0,62 0,33 0,47 0,80 5 0,62 0,32 0,47 0,69 0 0,00 0 0,00 9,99 19,99 4,63
Ochroma pyramidale
6 0,75 0,12 0,43 0,37 6 0,75 2,78 1,77 0,56 0 0,00 0 0,00 13,59 22,65 1,65
Litchi chinensis
5 0,62 0,20 0,41 0,66 6 0,75 0,40 0,58 0,69 0 0,00 1 16,67 16,97 28,28 1,64
Carpotroche brasiliensis
3 0,37 0,36 0,37 0,36 3 0,37 0,23 0,30 0,32 0 0,00 0 0,00 2,39 7,96 2,09
Hymenaea aurea
5 0,62 0,11 0,36 0,68 5 0,62 0,21 0,42 0,76 0 0,00 0 0,00 6,02 12,03 0,72
Apuleia leiocarpa
1 0,12 0,12 0,12 0,16 1 0,12 0,02 0,07 0,15 0 0,00 0 0,00 0,35 3,50 0,64
Erythrina indica
5 0,62 0,09 0,36 0,41 5 0,62 0,59 0,64 0,69 0 0,00 0 0,00 6,11 12,22 -0,80
Hovenia dulcis
4 0,50 0,22 0,36 0,64 4 0,50 0,43 0,47 0,61 0 0,00 0 0,00 10,89 27,22 1,93
Dillenia indica
4 0,50 0,17 0,34 0,50 4 0,50 0,19 0,34 0,61 0 0,00 0 0,00 13,91 34,78 0,90
Piptadenia gonoacantha
5 0,62 0,03 0,33 0,68 5 0,62 0,93 0,77 0,55 0 0,00 0 0,00 8,31 16,62 1,60
Bowdichia virgilioides
3 0,37 0,25 0,31 0,48 3 0,37 0,24 0,31 0,39 0 0,00 0 0,00 -0,64 -2,12 2,73
Ateleia glazioveana
3 0,37 0,23 0,30 0,48 3 0,37 0,12 0,25 0,45 0 0,00 0 0,00 4,46 14,85 0,58
Centrolobium tomentosum
3 0,37 0,21 0,29 0,48 3 0,37 0,05 0,21 0,45 0 0,00 0 0,00 -0,16 -0,53 1,54
Continua...
54
57
Tabela 5 – Cont.
Espécie
2004/2005
2005/2006
M TM I TI CB IPA CH
NI DR DoR IVC PSR NI DR DoR IVC PSR
Cordia trichotoma
3 0,37 0,19 0,28 0,48 3 0,37 0,67 0,52 0,25 0 0,00 0 0,00 14,26 47,53 4,10
Ficus guianensis
3 0,37 0,17 0,27 0,48 3 0,37 0,63 0,50 0,32 0 0,00 0 0,00 7,42 24,72 4,30
Paratecoma peroba
4 0,50 0,44 0,47 0,25 4 0,50 0,14 0,32 0,54 0 0,00 0 0,00 3,53 8,83 0,95
Tipuana tipu
3 0,37 0,06 0,22 0,20 4 0,50 0,38 0,44 0,39 0 0,00 1 25,00 23,14 57,85 3,97
Chorisia glaziovii
2 0,25 0,12 0,19 0,06 2 0,25 0,38 0,32 0,23 0 0,00 0 0,00 5,22 26,10 5,76
Aspidosperma ramiflorum
2 0,25 0,08 0,16 0,32 2 0,25 0,07 0,16 0,23 0 0,00 0 0,00 1,50 7,48 2,25
Sterculia elata
5 0,62 0,09 0,36 0,41 5 0,62 0,19 0,41 0,69 0 0,00 0 0,00 5,25 10,50 2,15
Cytharexyllum myrianthum
1 0,12 0,10 0,11 0,16 1 0,12 0,09 0,11 0,08 0 0,00 0 0,00 3,66 36,61 4,04
Artocarpus heterophillus
1 0,12 0,07 0,10 0,04 1 0,12 0,47 0,30 0,08 0 0,00 0 0,00 7,16 71,62 2,60
Lafoensia glyptocarpa
2 0,25 0,42 0,33 0,32 2 0,25 0,09 0,17 0,30 0 0,00 0 0,00 1,11 5,57 0,78
Peltogyne angustifolia
4 0,50 0,14 0,32 0,50 4 0,50 0,12 0,31 0,61 0 0,00 0 0,00 1,97 4,93 0,52
Delonix regia
3 0,37 0,25 0,31 0,36 3 0,37 0,20 0,29 0,32 0 0,00 0 0,00 6,78 22,60 1,40
Jacaranda cuspidifolia
3 0,37 0,16 0,27 0,48 3 0,37 0,03 0,20 0,45 0 0,00 0 0,00 0,64 2,12 0,78
Cordia superba
1 0,12 0,37 0,24 0,16 1 0,12 0,04 0,08 0,15 0 0,00 0 0,00 6,21 62,07 3,02
Samanea tubulosa
3 0,37 0,06 0,21 0,25 3 0,37 0,68 0,52 0,32 0 0,00 0 0,00 5,09 16,98 1,22
Mimosa caesalpinifolia
2 0,25 0,10 0,18 0,20 2 0,25 0,27 0,26 0,23 0 0,00 0 0,00 9,55 47,75 0,52
Erythrina mulungu
2 0,25 0,09 0,17 0,32 2 0,25 0,35 0,30 0,23 0 0,00 0 0,00 4,46 22,28 1,92
Cariniana estrellensis
1 0,12 0,20 0,16 0,02 1 0,12 0,02 0,07 0,15 0 0,00 0 0,00 2,90 28,97 2,25
Croton floribundus
1 0,12 0,19 0,16 0,16 1 0,12 0,20 0,16 0,15 0 0,00 0 0,00 1,24 12,41 2,80
Schinnus terebinthifolius
2 0,25 0,06 0,15 0,32 2 0,25 0,12 0,18 0,30 0 0,00 0 0,00 -3,76 -18,78 1,70
Terminalia kuhlmannii
2 0,25 0,05 0,15 0,32 2 0,25 0,17 0,21 0,23 0 0,00 0 0,00 3,34 16,71 2,91
Prunus domestica
2 0,25 0,05 0,15 0,04 2 0,25 0,01 0,13 0,30 0 0,00 0 0,00 1,08 5,41 0,57
Cedrela fissilis
1 0,12 0,13 0,13 0,16 1 0,12 0,09 0,11 0,15 0 0,00 0 0,00 0,32 3,18 0,50
Jacaratia heptaphylla
2 0,25 0,01 0,13 0,32 2 0,25 0,47 0,36 0,23 0 0,00 0 0,00 11,62 58,09 1,51
Eugenia uniflora
1 0,12 0,09 0,11 0,16 1 0,12 0,01 0,06 0,15 0 0,00 0 0,00 -2,51 -25,15 -0,30
Genipa americana
1 0,12 0,08 0,10 0,16 1 0,12 0,65 0,39 0,15 0 0,00 0 0,00 17,03 170,30 0,00
Crescentia cujete
1 0,12 0,04 0,08 0,16 1 0,12 0,01 0,07 0,15 0 0,00 0 0,00 0,70 7,00 0,42
Eugenia involucrata
1 0,12 0,02 0,07 0,02 1 0,12 0,01 0,07 0,15 0 0,00 0 0,00 0,99 9,87 1,38
Luehea divaricata
1 0,12 0,02 0,07 0,16 1 0,12 0,11 0,12 0,15 0 0,00 0 0,00 2,26 22,60 2,02
Eriotheca gracilipes
1 0,12 0,01 0,07 0,16 1 0,12 0,05 0,09 0,15 0 0,00 0 0,00 1,69 16,87
0,51
Continua...
55
58
Tabela 5 – Cont.
Espécie
2004/2005
2005/2006
M TM I TI CB IPA CH
NI DR DoR IVC PSR NI DR DoR IVC PSR
Sp 1
1 0,12 0,01 0,07 0,16 0 0,00 0,00 0,00 0,00 1 100,00 0 0,00 -3,02 0,00 -5,10
Parkia pendula
1 0,12 0,01 0,07 0,16 1 0,12 0,05 0,09 0,15 0 0,00 0 0,00 1,37 13,69 1,43
Dalbergia nigra
1 0,12 0,01 0,07 0,04 2 0,25 0,10 0,18 0,23 0 0,00 1 50,00 5,12 25,62 0,13
Hymenaea stilbocarpa
1 0,12 0,01 0,07 0,02 1 0,12 0,01 0,07 0,15 0 0,00 0 0,00 1,53 15,28 1,37
Sparattosperma leucanthum
1 0,12 0,01 0,07 0,16 1 0,12 0,09 0,11 0,15 0 0,00 0 0,00 0,89 8,91 2,00
Rollinia mucosa
1 0,12 0,01 0,06 0,16 2 0,25 0,03 0,14 0,30 0 0,00 1 50,00 4,46 22,28 1,82
Mangifera indica
1 0,12 0,003 0,06 0,02 1 0,12 0,00 0,06 0,15 0 0,00 0 0,00 0,67 6,68 1,27
Persea americana
1 0,12 0,003 0,06 0,16 1 0,12 0,02 0,07 0,15 0 0,00 0 0,00 0,67 6,68 1,04
Siparuna guianensis
1 0,12 0,003 0,06 0,16 1 0,12 0,01 0,07 0,15 0 0,00 0 0,00 0,80 7,96 0,07
Sp 2
1 0,12 0,002 0,06 0,16 1 0,12 0,01 0,07 0,15 0 0,00 0 0,00 0,48 4,77 0,54
Machaerium scleroxylon
1 0,12 0,002 0,06 0,02 1 0,12 0,00 0,06 0,15 0 0,00 0 00,0 0,92 9,23 1,40
Parkia nitida
1 0,12 0,001 0,06 0,16 1 0,12 0,57 0,35 0,08 0 00,0 0 0,00 10,73 107,27 1,18
Pyterigota brasiliensis
0 0,00 0,00 0,00 0,00 1 0,12 0,02 0,07 0,15 0 00,0 1 100,0 15,95 159,58 3,90
Syzygium malaccense
0 0,00 0,00 0,00 0,00 1 0,12 0,01 0,07 0,15 0 00,0 1 100,0 3,82 38,20 3,64
Terminalia catappa
0 0,00 0,00 0,00 0,00 1 0,12 0,00 0,06 0,01 0 00,0 1 100,0 2,16 21,65 2,00
56
As espécies Anadenanthera colubrina, Caesalpinia leyostachia, Acacia
auriculiformis, Acacia mangium, Tabebuia serratifolia, Inga edulis, Joannesia
princeps, Schizolobium parahyba, Pterogyne nitens, Enterelobium contortisiliquum,
Peschieria fuchsiaefolia, Anthocephalus indicus, Psidium guajava, Jacaranda
brasiliana e Peltophorum dubium foram responsáveis por mais de 50% dos valores
dos parâmetros número de indivíduos (NI), densidade relativa (DR), dominância
relativa (DoR), índice de valor de cobertura (IVC) e posição sociológica (PSR) nos
dois momentos de inventário (2004/2005 e 2005/2006). Na figura 2, são
representados os índices de valor de cobertura das 15 espécies ordenadas para
cada um dos valores nos inventários 2004/2005 e 2006/2005, respectivamente.
Figura 2 - Índice de valor de cobertura (IVC) para as 15 espécies com maior valor.
Para cada espécie são apresentados os valores de IVC para os
inventários 2004/2005 e 2006/2005, respectivamente.
Das 15 espécies com maior IVC, 8 (53,33%) são autóctones e apresentaram
comportamento relativo à evolução do IVC de 35,05% em 2004/2005 para 40,29%
em 2005/2006. As espécies alóctones são 7 (46,67%) e apresentaram
57
60
comportamento relativo à evolução do IVC de 21,42% em 2004/2005 para 16,35%
em 2005/2006. Este comportamento reflete que a ocupação do sítio está sendo
edificada, até o presente momento de monitoramento, dominantemente por espécies
autóctones. O comportamento do IVC estava praticamente constante à densidade
relativa das espécies, devido à pequena mortalidade e pequeno ingresso de
indivíduos, sendo assim influenciado predominantemente pela dominância relativa
das espécies. Portanto, a espécie Joannesia princeps foi a que apresentou maior
incremento de IVC.
A estrutura vertical, neste estudo, foi determinada pela posição sociológica,
sendo as classes de altura em que os indivíduos se encontram no presente
momento determinada pela média das alturas dos indivíduos ± um desvio padrão.
Desta forma, a classe de altura A abriga indivíduos com altura total menor ou igual
que 2,68 m, a classe de altura B abriga os indivíduos com altura total entre 2,69 m e
7,72 m e a classe de altura C abriga indivíduos com altura total maior ou igual a 7,73
m.
Na tabela 6, são apresentados os resultados relativos ao número de espécies
e de indivíduos de acordo com as três classes de altura para as guildas e para a
origem silvestre nos inventários 2004/2005 e 2005/2006.
58
Tabela 6 – Número de espécies e de indivíduos para a área total de acordo com a classe de altura inferior, média e superior para
as guildas de regeneração, estratificação e dispersão e para a origem silvestre nos inventários 2004/2005 e
2005/2006. Onde: NE = número de espécies; NI = número de indivíduos; PI = pioneira; CL = clímax exigentes de luz;
CS = clímax tolerantes à sombra; PEQ = estrato pequeno; MED = estrato médio; GRA = estrato grande; ZOO =
dispersão zoocórica; AUT = dispersão autocórica; ANE = dispersão anemocorica; AU = origem silvestre autóctone; AL
= origem silvestre alóctone; Ind. = indeterminado
Guildas e
Origem
Silvestre
NE NI
Classe de Altura A Classe de Altura B Classe de Altura C Classe de Altura A Classe de Altura B Classe de Altura C
2004/2005 2005/2006 2004/2005 2005/2006 2004/2005 2005/2006 2004/2005 2005/2006 2004/2005 2005/2006 2004/2005 2005/2006
PI 22 7 42 42 18 28 44 11 263 222 78 150
CL 15 4 32 38 14 21 24 5 204 187 54 92
CS 3 1 10 11 5 8 9 1 100 94 20 34
Ind. 1 0 3 1 0 1 3 0 5 5 0 1
PEQ 7 4 13 14 5 7 19 6 55 63 6 10
MED 23 8 51 56 20 31 41 11 363 319 88 164
GRA 10 0 20 21 12 19 17 0 149 121 58 102
Ind. 1 0 3 2 0 1 3 0 5 5 0 1
ZOO 14 5 24 28 8 14 32 9 131 129 25 50
AUT 13 1 33 33 18 24 22 1 232 196 88 143
ANE 14 6 28 31 11 20 26 7 207 182 39 84
Ind. 0 0 2 1 0 0 0 0 2 1 0 0
AU 16 5 38 42 15 24 38 9 343 297 99 177
AL 24 7 46 49 22 33 39 8 224 206 53 99
Ind. 1 0 3 2 0 1 3 0 5 5 0 1
59
A espécie Tabebuia serratifolia apresentou maior posição sociológica
relativa, porém, em número de indivíduos é superada por Anadenanthera colubrina
na classe de altura A e C.
Todas as espécies, com exceção de Joannesia princeps tiveram maior
número de indivíduos na classe de altura C, uma vez que a maior parte do número
de indivíduos encontra-se na classe de altura A, nos dois inventários (2004/2005 e
2005/2006). Apenas as espécies Caesalpinia leyostachia, Zeyheria tuberculosa,
Tabebuia heptaphylla, Guarea guidonea, Anthocephalus indicus e Inga cylindrica
não apresentam indivíduos na classe de altura A. As espécies que apresentaram
indivíduos na classe de altura C são Inga edulis, Dpteryx alata, Jacaranda brasiliana,
Psidium guajava, Tabebuia heptaphylla, Tabebuia riodocensis e Inga cylindrica.
As espécies que apresentaram indivíduos em todas as três classes de altura
(A, B e C) nos dois inventários (2004/2005 e 2005/2006) foram Tabebuia serratifolia,
Anadenanthera colubrina, Pterogyne nitens, Joannesia princeps, Schizolobium
parahyba, Peschieria fuchsiaefolia e Swietenia macrophylla.
Nos períodos entre os dois momentos de inventário (2004/2005 e
2005/2006), observou-se que para as guildas de regeneração houve concentração
de indivíduos na classe de altura C, sendo que o maior número de indivíduos nesta
classe (150 indivíduos) e o maior percentual de aumento (92,30%) foram de
indivíduos com guilda de regeneração pioneira da classe de altura C. Na classe de
altura B, observa-se o domínio numérico das espécies não pioneiras (CL e CS), em
superação ao número de indivíduos com guilda de regeneração pioneira.
Para as guildas de dispersão, as espécies e os indivíduos autocóricos são
maioria apenas nas classes de altura B e C. Na classe de altura A, as espécies
anemocóricas apresentaram maior número de indivíduos. As espécies autocóricas
na classe de altura B permaneceram com mesmo número em ambos os inventários.
Quanto à origem silvestre das espécies existentes nas classes de altura, as
espécies alóctones possuíram um maior número que as autóctones, em 2004/2005
e 2005/2006. As espécies autóctones apresentaram mudanças de classes de altura
de seus representantes em 2005/2006, diminuindo o número de espécies na classe
A (68,7%) e aumentando nas classes B (10,5%) e C (60%). As espécies alóctones,
também tiveram um decréscimo na classe A (70,8%) e aumento nas classes B e C
de 6,5% e 50%, respectivamente. Para o número de indivíduos das espécies quanto
à origem silvestre, as autóctones dominaram nas classes de altura B e C em
60
63
2004/2005 e na classe A, os indivíduos alóctones superaram 2,6% os indivíduos
autóctones. No inventário 2005/2006, os indivíduos autóctones são maioria nas três
classes de altura (A, B e C), com menor número de indivíduos, em relação ao
inventário de 2004/2005, nas classes de altura A (76,3%) e B (13,4%), e
aumentando (78,8%) na classe C. Isto também ocorre com os indivíduos de origem
silvestre alóctone, diminuindo 79,5% na classe A e 8% na classe B, e aumentando
86,8% na classe C.
De modo geral, a classe de altura B foi a que apresentou maior número de
espécies e indivíduos para todas as guildas e para a origem silvestre. Esta classe de
altura é a que compreende os indivíduos com altura maior ou igual a 2,68 e menor
ou igual a 7,2 m. Os indivíduos ainda estão em fase de crescimento e como também
foi encontrado um maior número de indivíduos de porte médio quando adultos,
provavelmente os indivíduos atingirão esta classe de altura na maturidade, formando
uma floresta de dois estratos definidos, sendo o porte médio predominante.
Os indivíduos e espécies da guilda de regeneração pioneira também foram
maiores nas três classes de altura determinadas pela posição sociológica, onde
nestas classes existiam indivíduos pioneiros dando condições para que aqueles
clímax exigentes de luz e clímax tolerantes à sombra se desenvolvam em todas as
classes de altura. Como as espécies pioneiras têm ciclo de vida curto, pode ocorrer
de as espécies clímax exigentes de luz e, principalmente, as clímax tolerantes à
sombra não se adaptarem a um ambiente com uma maior quantidade de luz e virem
a ter um menor desenvolvimento.
A dispersão autocórica foi predominante em todas as classes de altura,
sendo este tipo de dispersão feito pelas próprias espécies. Como a dispersão
zoocórica é predominante em ambientes ciliares, verifica-se que nessa situação
pode ocorrer a predominância de espécies com esse tipo de dispersão e ocasionar
um agrupamento de indivíduos da mesma espécie na área como um todo.
E para a origem silvestre, as espécies alóctones foram mais predominantes
em todas as classes, enquanto os indivíduos autóctones foram mais númerosos nas
três classes de altura. Como os indivíduos somaram um maior número na área como
um todo, o seu processo de dispersão deve ser eficaz na disseminação de novos
indivíduos com essa origem, garantindo que a área ciliar seja composta por espécies
de ocorrência natural e de parâmetros próprios de matas ciliares da região.
61
64
Esses resultados demonstram que o povoamento misto equiâneo, em
função da grande heterogeneidade de espécies, dos comportamentos muito distintos
das mesmas e da ausência de regeneração natural na classe de inclusão de DAP
inventariada, pode-se dizer que o mesmo encontra-se em estágio inicial de
ocupação do sítio e as espécies plantadas ainda estão distantes de atingirem o porte
em altura em relação a suas respectivas guildas de estratificação.
4.3. Dinâmica da estrutura horizontal do povoamento implantado
A dinâmica da estrutura horizontal foi avaliada por meio de comparações
dos parâmetros de mortalidade, ingresso, crescimento bruto (altura e diâmetro) e
incremento periódico anual, observado entre o inventário 2004/2005 e 2005/2006.
Esses resultados foram avaliados de forma a entender as alterações que ocorreram
durante o período de monitoramento. Os resultados desses parâmetros encontram-
se na tabela 5.
No primeiro inventário (2004/2005), foram amostrados 804 indivíduos. No
segundo inventário (2005/2006), não foram observadas grandes alterações no
número de indivíduos, encontrando-se no total 801 indivíduos.
O total de indivíduos mortos foi de 16, representando 2% do total de
indivíduos observados em 2004/2005, sendo que foram das espécies: Schizolobium
parahyba, Guarea guidonea, Sp1; Inga edulis, Schizolobium parahyba, Acacia
auriculiformis, Sapindus saponaria, Schefflera sp e Peschieria fuchsiaefolia; Acacia
mangium, Swietenia macrophylla, Tabebuia heptaphylla, Tabebuia riodocensis,
Guarea guidonea e Anacardium occidentale.
O total de indivíduos que ingressaram no inventário de 2005/2006, por razão
de sua inclusão na classe mínima de DAP foi de 14 (1,75%), pertencentes às
espécies: Rollinia mucosa; Tipuana tipu; Dalbergia nigra; Inga edulis, Tabebuia
serratifolia; Gallesia integrifólia; Guarea guidonea; Inga cylindrica; Litchi chinensis;
Zeyhera tuberulosa; Jacaranda brasiliana; Terminalia cattapa; Pterygota brasiliensis
e Syzygium malaccense (estas três últimas espécies surgindo apenas no segundo
inventário - 2005/2006). A taxa de mortalidade foi maior do que a taxa de ingresso,
sendo ambas pequenas.
O crescimento em diâmetro foi de 1783,52 cm. Esse valor representou um
acréscimo de 20,26% no diâmetro absoluto da comunidade, de 2004/2005 para
62
65
2005/2006. A espécie que apresentou maior crescimento em diâmetro, em relação
ao número de indivíduos, foi Genipa americana, com crescimento de 17,03 cm.
Observou-se na dinâmica que as espécies pioneiras (PI), juntamente com as
espécies clímax exigentes de luz (CL), apresentaram maior ingresso e ao mesmo
tempo maior mortalidade do que as espécies clímax tolerantes à sombra (CS). A
mortalidade tem papel importante na estruturação do ambiente, pois acarreta a
remoção de indivíduos de mesma espécie ou de espécies diferentes, entretanto
fornece, por outro lado, recursos ao ecossistema, influenciando no surgimento de
novos indivíduos e espécies.
As espécies que apresentaram maior crescimento em altura foram
Anadenanthera colubrina (CH = 5,43) e Joannesia princeps (CH = 5,23) em um ano.
Algumas espécies tiveram crescimento negativo ou nulo, por não terem apresentado
nenhum acréscimo na sua altura total ou por motivo de morte de indivíduos.
4.4. Estrutura diamétrica do povoamento implantado
Para a análise da estrutura diamétrica, considerou-se o número de
indivíduos e de espécies inventariados nos períodos de 2004/2005 e 2005/2006,
com diâmetro mínimo de 1,5 cm e máximo de 41,4 cm e amplitude de classe de 2
cm.
Conforme se observa, houve uma concentração de indivíduos nas classes
iniciais de diâmetro. Em 2004/2005, a classe de diâmetro de 2,5 cm representa 28%
do total de indivíduos, e juntamente com as classes de 4,5 cm, 6,5 cm e 8,5 cm
totalizaram 75,98% dos indivíduos. E em 2005/2006 a classe de 4,5 cm tinha maior
número de indivíduos (19,88%), totalizando 66,52% juntamente com a classe de 2,5
cm e as duas classes subseqüentes.
O deslocamento do número de indivíduos em direção às classes de DAP
maiores é decorrente ao fato deste povoamento ser novo e, portanto, ainda se
encontra em desenvolvimento. Nas três primeiras classes de DAP, o número de
indivíduos diminuiu pelo ingresso ser menor do que o crescimento e porque também
ainda não se observa o ingresso de indivíduos originados da regeneração natural de
espécies no povoamento. Estas constatações podem ser melhor observadas na
figura 3.
63
66
0
50
100
150
200
250
300
350
2,5 4,5 6,5 8,5 10,5 12,5 14,5 16,5 18,5 20,5 22,5 24,5 26,5 28,5 30,5 32,5 34,5 36,5 38,5 40,5
Centro de Classe de Diâmetro (cm)
Individuos
IND
CL
CS
PI
Figura 3 – Distribuição do número de indivíduos por classe de diâmetro e por guilda
de regeneração em 2004/2005 (primeira coluna) e 2005/2006 (segunda
coluna) para a área inventariada.
Dos indivíduos existentes na área, mais de 52,92% em 2004/2005 e 51,94%
em 2005/2006 pertenciam à guilda de regeneração de pioneiros (PI), sendo os mais
abundantes em 65% das classes de diâmetro. Os indivíduos clímax tolerantes à
sombra (CS) totalizaram 14,12% e 14,33%, clímax exigentes de luz (CL) totalizaram
32,22% e 33,22%, e os de guilda de regeneração indefinida (IND) apenas 0,73% e
0,51%, em 2004/2005 e 2005/2006, respectivamente. Essa relação de predomínio
de indivíduos pioneiros com o desenvolvimento da estrutura da floresta vem
confirmar alguns dos parâmetros mais marcantes deste grupo de regeneração, que
é o rápido crescimento e ocupação do ambiente e ciclo de vida curto (BUDOWSKI,
1965). As espécies também foram mais predominantes nas classes iniciais, com
64
67
maior proporção de representantes pioneiros em todas as classes de diâmetro, com
exceção da classe de 30,5 cm em 2005/2006 e 36,5 cm em 2005/2006 que não
apresentaram indivíduos.
Nota-se, que a distribuição diamétrica da população apresentou forma de “J
invertido”, no inventário 2004/2005, o que em florestas inequiâneas naturais é
conseqüência do equilíbrio dinâmico, considerando que a maior parte dos indivíduos
se concentra nas menores classes diamétricas, diminuindo progressivamente até
atingir menor proporção nas classes maiores. No entanto, no inventário 2005/2006
pode se observar uma alteração no comportamento da curva, principalmente na
base da mesma (menores classes de diâmetro) em função de o crescimento ser
maior do que o ingresso. O ingresso foi representado apenas por indivíduos que
foram plantados na área e que entraram na classe de inclusão do primeiro inventário
para o segundo. A regeneração natural das espécies, que em florestas naturais é a
responsável pela estruturação da curva em “J invertido”, ainda é incipiente neste
povoamento.
Verifica-se que o número de indivíduos e espécies pioneiras, clímax
tolerantes à sombra e clímax exigentes de luz vai diminuindo gradualmente entre as
classes em 2004/2005 e em 2005/2006. Os indivíduos pioneiros, encontrados em
grandes proporções nas classes iniciais de diâmetro, criam condições para que
aqueles clímax exigentes de luz e clímax tolerantes à sombra, em menores
proporções, desenvolvam-se e atinjam as classes de maior diâmetro na fase adulta.
Como este povoamento em estudo ainda é jovem, os indivíduos de espécies (PI),
(CS) e (CL), concentram-se nas classes inferiores e ainda se encontram em
processo de desenvolvimento e estruturação na floresta implantada.
4.5. Indicadores de sustentabilidade
As estratégias utilizadas para a revegetação de áreas degradadas em áreas
de preservação permanente têm feito uso de uma baixa diversidade de espécies
com baixa riqueza e equabilidade, com o uso maciço de algumas espécies mais
comuns, às vezes de ambientes diferentes, aos quais são utilizadas, com ciclo de
vida curto entre outros aspectos que comprometem a manutenção da biodiversidade
e sustentabilidade ecológica das áreas sobre recuperação.
65
68
Associado a esse fato, a grande variedade de conceitos e práticas teóricas
para a revegetação de áreas degradadas, a falta de parâmetros comparativos para
avaliação dos projetos de revegetação de áreas degradadas e os poucos critérios
legais com fundamentação técnica, permite estabelecer um paralelo entre os
indicadores e verificadores florísticos e fitossociológicos apresentados na tabela 1 e
os limites mínimos e recomendações observadas nas resoluções SMA 21 (2001) e
SMA 47 (2003) do Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais –
DEPRN/SP, para inferir sobre a sustentabilidade da recuperação de área de
estudos.
Neste contexto, a sustentabilidade da área apresenta como pontos
favoráveis: o elevado número de espécies proporcionando uma elevada diversidade,
pautada pelo grande número de espécies utilizadas em baixa densidade (“raras”)
que são em sua maioria de origem silvestre autóctones; a utilização de espécies de
grupos ecológicos diferentes (pioneiras e não pioneiras); a proporção equilibrada
entre número de indivíduos dos dois grandes grupos ecológicos, ou seja, próximo de
1, com dominância excessiva de um em relação ao outro; foram utilizadas espécies
com porte pertencente as três guildas de estratificação, proporcionando a divisão do
povoamento em estratos à semelhança do que é observado em povoamentos
naturais; as espécies empregadas apresentam dispersão primária dividida
equilibradamente em mecanismos que dependem de condições ambientais
(anemocoria), de parâmetros da própria espécie (autocoria) e da interação com a
fauna (zoocoria) sendo favorável por não estar baseada apenas em uma estratégia
de dispersão dos propágulos; a baixa taxa de mortalidade indica a qualidade das
atividades realizadas durante a implantação do povoamento e a adaptação inicial
das espécies ao local.
Quanto à fragilidade, observa-se o uso de aproximadamente 25% de
indivíduos de origem silvestre alóctone (de outros ambientes e outras tipologias de
vegetação) sendo que 22 espécies não ocorrem naturalmente na flora brasileira,
representando uma descaracterização parcial da área quanto às funções previstas
na legislação de se manter e resguardar a flora natural; a não ocorrência de
regeneração natural das espécies utilizadas na revegetação ou de outras espécies
que existam em fragmentos próximos representa uma fragilidade à sustentabilidade
do povoamento, e caso persista, representará a extinção do mesmo e o retorno da
área a um estado de degradação próximo ao anterior às práticas de recuperação.
66
69
Em geral, o povoamento apresenta um potencial de se sustentar ao longo do
tempo, à medida que a regeneração natural começa a se estabelecer, conforme
observado no histórico da área, a partir do ano 2004/2005 vem sendo favorecido
pelas orientações de não execução de práticas de roçada da vegetação espontânea
(regeneração natural). Práticas silviculturais de plantio de enriquecimento e de
regeneração sob a cobertura vegetal podem ser implementadas para orientar a
diversidade de espécies, para que haja uma maior afinidade com a florística e
estrutura fitossociológica das matas ciliares da região. Outras práticas silviculturais
como anelamento ou envenenamento podem ser empregadas em conjunto com as
anteriormente citadas, para controle e adeqp[(anter6m aspopul )]TJ1.9565 0 TD-.0025 Tc.0624 Tw[tações de espéciec
70
5. CONCLUSÕES
De acordo com os resultados obtidos nesse estudo, pôde-se concluir que a
composição florística, a estrutura e a diversidade na área não diferiram entre os
períodos de monitoramento.
O povoamento implantado encontra-se em processo inicial de estruturação,
sendo ainda insipiente a dinâmica de mortalidade e ingresso de indivíduos.
As espécies pioneiras e clímax exigentes de luz foram as que predominaram
a estrutura vertical e horizontal na área estudada.
A distribuição diamétrica da comunidade implantada ocorre em foram de J
invertido, havendo a predominância de indivíduos pioneiros em todas as classes de
DAP, principalmente as de menor diâmetro.
As espécies utilizadas como edificadoras da revegetação da área de mata
ciliar estudada foram: Anadenanthera colubrina, Caesalpinia leyostachia, Acacia
auriculiformis, Acacia mangium, Tabebuia serratifolia, Inga edulis, Joannesia
princeps, Schizolobium parahyba, Pterogyne nitens, Enterelobium contortisiliquum,
Peschieria fuchsiaefolia, Anthocephalus indicus, Psidium guajava, Jacaranda
brasiliana e Dpteryx alata
As espécies encontradas em todas as classes de altura foram: Tabebuia
serratifolia, Anadenanthera colubrina, Pterogyne nitens, Joannesia princeps,
Schizolobium parahyba, Peschieria fuchsiaefolia e Swietenia macrophylla.
71
As espécies utilizadas pertencem predominantemente as guildas de não
pioneiras (CL e CS), de médio porte (entre 8 e 17,5m), de dispersão autocórica e de
origem silvestre autóctone.
A utilização de critérios, indicadores e descritores de sustentabilidade
baseados nos estudos florísticos e estruturais se mostrou uma ferramenta de fácil
aplicação e entendimento para caracterização da área quanto ao seu estágio de
recuperação e sustentabilidade.
A área estudada se encontra em estágio médio do processo de recuperação,
mediante reabilitação de área de mata ciliar degradada.
69
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