trabalho, de geografia urbana e das ciências sociais como um todo. Este marco,
embasado na noção de sistemas de fluxo, contribui para a “localização econômico-
espacial do que vem sendo chamado de ‘pobreza urbana’ ou trabalhadores do setor
informal” (COELHO; VALLADARES, 1987: 221).
6.2 Milton Santos: sistemas e circuitos
Depois de uma longa jornada de formulação de conceitos para a Geografia e
outras ciências, figurando entre os maiores pensadores da realidade brasileira, Milton
Santos avançou bastante na conceituação de espaço geográfico. No início desta jornada,
o autor (SANTOS, 1980) oferece uma idéia que vem contribuir muito na nossa procura,
pois se “a análise de sistemas parece servir ao conhecimento da realidade já que ela se
interessa pelas partes e pelas modalidades de sua interação”, isto se dá principalmente
pelo fato de que:
O conhecimento real de um espaço não é dado pelas relações e, sim
pelos processos. (...) [Assim] esse método de análise [sistêmico] permite
reconstituir o todo, se tenta compreender a situação atual por intermédio da
evolução das variáveis, do seu funcionamento e dos resultados sucessivos,
para cada subsistema do ponto de vista espacial. (SANTOS, 1980, p. 61)
Mais tarde, ocorreu a incorporação da complexidade ambiental ao que, antes,
fazia parte de dois subsistemas diferenciados (SANTOS, 2002: 22):
A partir da noção de espaço, como um conjunto indissociável de
sistemas de objetos e sistemas de ações, podemos reconhecer suas
características analíticas internas. Entre elas estão as paisagens, a
configuração territorial, a divisão territorial do trabalho, o espaço produzido
ou produtivo, as rugosidades e as formas-conteúdo. Da mesma maneira e
com o mesmo ponto de partida, levanta-se a questão dos recortes espaciais,
propondo debates de problemas como o da região e o do lugar, o das redes e
das escalas. Paralelamente, impõem-se a realidade do meio com seus diversos
conteúdos em artifício e a complementaridade entre a tecnosfera e uma
psicosfera. E do mesmo passo podemos propor a questão da racionalidade do