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Neste processo dialético os espaços ganham forma conforme os
contextos históricos, estando sempre em transformação, numa totalidade
2
em
permanente processo de totalização.
Esse processo depende de diversas relações, sejam elas “horizontais”;
no caso da feira, entende-se por “horizontais” as relações tecidas no cotidiano
entre os feirantes. Também, existem relações “verticais”, entendendo-se por
“verticais” as relações com entes externos à feira como, por exemplo, entre os
feirantes e o poder público, seus fornecedores e consumidores. Nessas
relações, os feirantes estão também a mercê de fatores externos, que podem
estar longe de sua influência e poder de decisão.
Há diversos fatores externos que influenciam no processo de criação
do espaço; pois, com a globalização, o local se tornou também global
3
. Não
que todos os espaços estejam inseridos totalmente na globalização,
principalmente no tocante às decisões, porém as influências de decisões
externas podem alterar o andamento do processo interno de decisão e
consequentemente a construção do espaço do lugar, entendendo no lugar:
um cotidiano compartido entre as mais diversas pessoas, firmas e
instituições - cooperação e conflito são a base da vida comum. Porque
cada qual exerce uma ação própria e a vida social se individualiza; e
porque a contigüidade
é
criadora de comunhão, a política se
territorializa, com o confronto entre organização e espontaneidade. O
lugar é
o
quadro de uma referência pragmática ao mundo, do qual lhe
vem solicitações e ordens precisas de ações condicionadas, mas e
2
A noção de Totalidade se dá pelo pensamento que todas as coisas do universo formam uma
unidade. Cada coisa nada mais é que parte da unidade, do todo, mas a totalidade não é uma
simples soma das partes. As partes que formam a Totalidade não bastam para explicá-la. Ao
contrário, é a Totalidade que explica as partes. A Totalidade B, ou seja, o resultado do
movimento de transformação da Totalidade A, dividi-se novamente em partes. As partes
correspondentes à Totalidade B, já não são as mesmas partes correspondentes à Totalidade
A. (SANTOS, 2006. Pags. 115, 116)
3
Segundo SANTOS (2006, pag. 279):” O fato de que a rede é global e local, uma e múltipla,
estável e dinâmica, faz com que a sua realidade, vista num movimento conjunto, revele a
superposição de vários sistemas lógicos, a mistura de várias racionalidade.”