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A Volta Epistemológica se destina nos olhares do nosso tempo possível, olhamos bem
em experiências atuais desde o olhar histórico do passado até o presente, que registra as
experiências pedagogias com referência aos surdos, mesmo durante nas colonizações
ouvicêntricas, mesmo no que impõe uma única língua ouvicêntrica. Analiso essa instabilidade,
defino esta “volta” que divide-se em: a) um desejo, b) uma necessidade essencial, c) um olhar
para si, d) um olhar para o olhar histórico, e) uma nostalgia.
a) Um desejo:
Silva explicita o que é “desejo”, em seu livro Teoria cultural e educação, um vocabulário
crítico, 2000, p. 37:
Na crítica cultural contemporânea, a idéia de “desejo” remete, quase sempre, para o
tratamento que lhe foi dado pela Psicanálise, sobretudo por Freud e Lacan. O conceito
tem, entretanto, na tradição filosófica ocidental, uma história bem mais antiga,
remontando pelo menos a Platão e recebendo a atenção de filósofos tão diversos quanto
Agostinho, Hegel e Spinoza. Nesta tradição, a idéia de “desejo” está relacionada, em
geral, à idéia de “carência” ou “falta”: deseja-se, sempre, algo que não se tem, algo,
em geral, difícil de ser obtido. Além disso, o desejo é, nos termos colocados pela
fórmula lacaniana, “desejo do outro”, no sentido duplo e ambíguo de “ desejo pelo
outro” e desejo do desejo do outro”. Numa tendência que foi continuada pela
Psicanálise, o conceito de “desejo” remete, nessa mesma tradição, a algum impulso
primordial, original, em geral de ordem biológica. Dada a separação entre política e
desejo que tradicionalmente tem caracterizado as teorias sociais mais politizadas, como
o marxismo, por exemplo, tem –se buscado, de um lado, “politizar o desejo e, de outro,
“erotizar” a política, destacando-se, nesse sentido, as teorizações de Wilhelm Reich e
Herbert Marcuse. Por outro lado, teóricos como Michel Foucault, por exemplo,
recusam-se, preliminarmente, a conceder qualquer status teórico ao conceito de
“desejo”, por suas conotações claramente psicológicos ou até mesmo biológicas. Mais
geralmente, no contexto da chamada “virada lingüistica” que caracteriza o pós -
estruturalismo, a questão está em como conceber o desejo em termos de discurso e
linguagem, sem lançar mão de qualquer idéia sobre alguma suposta “força” que seja
anterior ou transcendente à sua formulação lingüística ou discursiva. Mais
recentemente, Gilles Deleuze e Félix Guattari, desenvolveram, no livro O anti-Édipo,
uma tentativa de síntese teórica entre, de um lado, a dinâmica da produção econômica
que está no centro das teorias sociais ”politizadas”, sobretudo as marxistas, e, de outro,
a dinâmica do desejo, interpretando-o, entretanto, de uma forma completamente
diferente das tradições que o vêem como carência e como impulso biológico ou
psicológico primordial.
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O português a língua do outro ouvinte, é para nós segunda língua, estrangeira e difícil, é quase inacessível, apesar
de ser a de nosso país. Dentro da universidade as redes de poder e saber da língua nos fez obrigar a escrever em tese
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Entrevista publicada na Internet/FENEIS. www.feneis.com.br/Educacao/artigos_pesquisas/gladis.htm - 6k -