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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP
A ESTRATÉGIA DA MANUFATURA ENXUTA
APLICADA EM UMA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS.
FERNANDO DE SOUZA
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia de
Produção da Universidade Paulista, para
obtenção do título de Mestre.
SÃO PAULO
2007
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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP
A ESTRATÉGIA DA MANUFATURA ENXUTA
APLICADA EM UMA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS.
FERNANDO DE SOUZA
Orientador: Prof. Dr. José Benedito Sacomano
Área de Concentração: Gerência da Produção
Linha de Pesquisa: Planejamento e Controle da Produção
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia de
Produção da Universidade Paulista, para
obtenção do título de Mestre.
SÃO PAULO
2007
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UNIVERSIDADE PAULISTA UNIP
Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
A ESTRATÉGIA DA MANUFATURA ENXUTA APLICADA EM UMA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS.
III
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, por seus corações e mentes,
À minha esposa e filhos, pelo amor freqüente.
Aos ausentes..., aos presentes...
Aos que amo e aos que odeio de modo veemente,
por suas atitudes conscientes.
Obrigado por germinarem a semente.
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Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
A ESTRATÉGIA DA MANUFATURA ENXUTA APLICADA EM UMA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS.
IV
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Dr. José Benedito Sacomano, agradeço não só pelos
ensinamentos acadêmicos, mas principalmente pela forma sábia com que
conduziu sua orientação, preocupando-se de forma ética e humana com a
possibilidade de seus orientados seguirem pelos caminhos que agreguem
valor às questões acadêmicas, sem perder foco nas questões sociais e
humanitárias que afligem nosso país.
Aos professores do PPGEP da UNIP agradeço não só aos ensinamentos,
mas principalmente pela visão abrangente que me foi passada nas questões
relativas à Engenharia de Produção e à vida acadêmica.
Embora, por questões relativas a confidencialidade, não seja possível
revelar o nome da empresa, objeto do estudo de caso, agradeço
imensamente a forma profissional com que esta tratou todo o processo,
disponibilizando pessoas capacitadas para participarem de forma produtiva,
proativa e sempre paciente, em cada etapa de desenvolvimento da
aplicação da pesquisa.
Agradeço meus amados filhos, Victor e Vinícius, bem como minha adorável
esposa, Rosilene, pela imensa paciência, controlada expectativa, e ativa
disciplina, pois em muito colaboraram para a conclusão de mais este passo
em minha vida.
E por último, contrariando a ordem de grandeza, agradeço ao Grande
Arquiteto do Universo, soberano em todos os princípios e principados,
senhor absoluto do tempo e das verdades, fonte na qual professo meus
credos, buscando vivenciar um mundo justo e perfeito.
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Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
A ESTRATÉGIA DA MANUFATURA ENXUTA APLICADA EM UMA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS.
V
EPIGRAFE
“Não há ervas más, nem homens maus;
há, apenas, mal cultivadores”.
(Victor Hugo)
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Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
A ESTRATÉGIA DA MANUFATURA ENXUTA APLICADA EM UMA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS.
VI
RESUMO
SOUZA, Fernando. A Estratégia da Manufatura Enxuta aplicada em uma
indústria de alimentos. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção).
Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas. Universidade Paulista, 2007.
Este trabalho analisa a aplicação dos conceitos e princípios práticos
de Manufatura Enxuta em uma indústria de alimentos. Para que esta análise
pudesse ser aplicada de uma forma estruturada foram abordados conceitos
de Estratégia, de Competitividade, de Vantagem Competitiva, Estratégias de
Manufatura, e seus Objetivos de Desempenho, a fim de se entender a
importância dos mesmos neste setor reconhecidamente de alta
concorrência. Apresentam-se no mesmo os conceitos da Manufatura Enxuta,
com o objetivo de definir suas diretrizes e seus capacitadores enquanto
paradigma estratégico, e que foram inseridos em um instrumento de
verificação, denominado modelo de pesquisa, devidamente desenvolvido
para a execução da pesquisa aplicada em uma indústria fabricante de
biscoitos. Tal pesquisa, aplicada neste trabalho, pretende analisar a
Manufatura Enxuta como estratégia que garante Vantagem Competitiva a
este tipo de indústria. A metodologia de pesquisa adotada utilizou a
abordagem qualitativa, onde foi aplicado um estudo de caso, através da
estratégia exploratória de investigação, considerando elementos teóricos e
práticos observados na Manufatura Enxuta. Os resultados obtidos
apresentam correlação com os conceitos teóricos apresentados em revisão
bibliográfica, demonstrando que a empresa em estudo ao adotar diretrizes
pertinentes à Manufatura Enxuta, com o propósito de reorientar suas
estratégias competitivas, garantiu em seu desempenho ações que
possibilitam redução de perdas, controle de custos, atendimento aos prazos
de entrega, melhores níveis de qualidade, o que lhe confere a oportunidade
de vir a ser competitiva.
Palavras-chave: Competitividade; Vantagem Competitiva; Estratégias de
Manufatura; Manufatura Enxuta.
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Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
A ESTRATÉGIA DA MANUFATURA ENXUTA APLICADA EM UMA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS.
VII
ABSTRACT
SOUZA, Fernando. Lean Manufacture strategy’s applied in an industry of
foods. Dissertation (Master of Science in Production Engineering). Instituto
de Ciências Exatas eTecnológicas.Universidade Paulista, 2007.
This present paper analyzes the application of the concepts and
practical principles of Lean Manufacture in an industry of foods. So that this
analysis could be applied in a structured way it contain concepts of Strategy,
of Competitiveness, of Competitive Advantage, Strategies of Manufacture,
and their Objectives of Performance, in order to understand each other the
importance of the same ones in this market where are recognized high
competition. It shows the concepts of Lean Manufacture, with the objective of
defining their guidelines and their capable points while strategic paradigms,
which were inserted in a verification instrument, denominated research
models, properly developed for the execution of the applied research in a
manufacturing industry of cookies. Such research, applied in this paper, it
intends to analyze the Lean Manufacture as strategy that guarantees
Competitive Advantage to this kind of industry. The methodology of adopted
research used the qualitative approach, where a case study was applied,
through the exploratory strategy of investigation, considering theoretical and
practical elements observed in the Lean Manufacture. The obtained results
present correlation with the theoretical concepts presented in bibliographical
revision, demonstrating that the company in study when adopting pertinent
guidelines to the Lean Manufacture, with the purpose of reorienting their
competitive strategies, guaranteed in it performance actions that make
possible reduction of losses, control of costs, service to the delivery periods,
better quality levels, what checks it the opportunity to come to be competitive.
Key words: Competitiveness; Competitive advantage; Strategies of
Manufacture; Lean Manufacture.
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Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
A ESTRATÉGIA DA MANUFATURA ENXUTA APLICADA EM UMA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS.
VIII
LISTA DE SIGLAS
ABIA - Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação.
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas.
APPCC - Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle.
BPF - Boas Práticas de Fabricação.
CCAB Comitê do Codex Alimentarius do Brasil.
CNA Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.
CNC Conselho Nacional do Café.
CNI Confederação Nacional da Indústria.
CONMETRO Conselho nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial.
IDEC Instituto de Defesa do Consumidor.
INMETRO - Instituto de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial.
JIT - Just In Time.
MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
MCT Ministério da Ciência e Tecnologia.
MDIC/SECEX Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior/Secretaria do Comércio Exterior.
ME - Manufatura Enxuta.
MS Ministério da Saúde.
PCP - Programação e Controle da Produção.
P&D - Pesquisa e Desenvolvimento.
PROCON - Órgão federal de proteção e defesa ao consumidor.
SICROPROC Sistema de Coordenação de Ordens de Produção e Compra.
STP - Sistema Toyota de Produção.
TPM - Manutenção Produtiva Total.
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A ESTRATÉGIA DA MANUFATURA ENXUTA APLICADA EM UMA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS.
IX
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Etapas a serem desenvolvidas na Pesquisa. ...................................... 22
FIGURA 2 Mutações de Mercado... (adaptada de Azzolini, 2004) ...................... 80
FIGURA 3 Os “cinco” objetivos de Desempenho. ................................................. 84
FIGURA 4 Tipos de Flexibilidade. ......................................................................... 95
FIGURA 5 Tabela modelo de pesquisa para Qualificação de Capacitadores de
Manufatura Enxuta. ......................................................................................... 104
FIGURA 6 Gráfico Modelo ................................................................................... 106
FIGURA 7 - Tabela do Modelo de Pesquisa para Avaliação de Importância de
Objetivo ............................................................................................................ 106
FIGURA 8 Tabela para Avaliação de importância conforme entrevistas. .......... 107
FIGURA 9 Fluxograma da aplicação do modelo de pesquisa ............................ 115
FIGURA 10 Gráfico 1. Avaliação da aplicação de Capacitadores de ME ........... 123
FIGURA 11 Gráfico 2. Verificação de Desempenho em Qualidade ................... 128
FIGURA 12 Gráfico 3. Verificação de Desempenho em Velocidade .................. 136
FIGURA 13 Gráfico 4. Verificação de Desempenho em Confiabilidade ............ 143
FIGURA 14 Gráfico 5. Verificação de Desempenho em Flexibilidade ............... 149
FIGURA 15 Gráfico 6. Verificação de Desempenho em Custos ........................ 155
FIGURA16 Gráfico 7. Percentual de Atendimento aos Objetivos de
Desempenho ................................................................................................... 161
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X
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: Qualificação de Capacitadores de Manufatura Enxuta. 116
TABELA 2: Avaliação de Importância: Objetivo de Desempenho Qualidade. 127
TABELA 3: Avaliação de Importância: Objetivo de Desempenho Velocidade. 135
TABELA 4: Avaliação de Importância: Objetivo de Desempenho Confiabilidade. 142
TABELA 5: Avaliação de Importância: Objetivo de Desempenho Flexibilidade. 148
TABELA 6: Avaliação de Importância: Objetivo de Desempenho Custo. 154
TABELA 7: Dados de resultados atingidos com a adoção da estratégia de gestão
Manufatura Enxuta. 170
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XI
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA..........................................................................................................III
AGRADECIMENTOS...............................................................................................IV
EPIGRAFE.................................................................................................................V
RESUMO ...................................................................................................................VI
ABSTRACT..............................................................................................................VII
LISTA DE SIGLAS.................................................................................................VIII
LISTA DE FIGURAS................................................................................................IX
LISTA DE TABELAS................................................................................................X
SUMÁRIO..................................................................................................................XI
CAPÍTULO 1: APRESENTAÇÃO DO TRABALHO............................................14
1.1 Introdução..........................................................................................................14
1.2 Justificativa........................................................................................................16
1.3 Problema............................................................................................................18
1.4 Objetivos. ...........................................................................................................18
1.5 Delimitação do Trabalho..................................................................................19
1.6 Metodologia.......................................................................................................20
1.7 Estrutura do Trabalho......................................................................................22
CAPÍTULO 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.........................................................24
2.1 Introdução..........................................................................................................24
2.2 A Indústria Alimentícia e o atual padrão competitivo..................................24
2.3 Considerações sobre o desenvolvimento de produtos na indústria
alimentícia no Brasil................................................................................................25
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XII
2.4 O Ambiente Competitivo e Estratégias Competitivas.................................27
2.5. A Manufatura Enxuta......................................................................................38
2.6 Considerações sobre Paradigma Estratégico de Gestão da Manufatura
(PEGEM), conforme Godinho (2004)...................................................................49
2.7 Considerações Complementares...................................................................52
CAPÍTULO 3: ELEMENTOS PARA ESTRUTURAÇÃO DO MODELO DE
PESQUISA...............................................................................................................55
3.1 Considerações sobre a elaboração deste trabalho.....................................55
3.2 Estruturação da Pesquisa...............................................................................56
3.3 Considerações sobre o Método de Trabalho...............................................57
3.4 Desenvolvimento de Conceitos de Manufatura Enxuta para Estruturação
de um modelo de pesquisa....................................................................................58
3.5 Dados significativos no processo de desenvolvimento e fabricação de
alimentos...................................................................................................................70
3.6 Desempenho dos objetivos estratégicos da Manufatura...........................80
3.7 Correlação entre princípios de Manufatura Enxuta e Vantagem
Competitiva............................................................................................................100
3. 8 Desenvolvimento da Estrutura do Modelo de Pesquisa........................103
3. 9 Considerações sobre a Estrutura do Modelo de Pesquisa....................108
CAPÍTULO 4. APLICAÇÃO DA PESQUISA E ANÁLISE DE DADOS........109
4.1 Critério de Escolha........................................................................................109
4.2 Características da Empresa Escolhida......................................................109
4.3 Aplicação do Modelo de Pesquisa..............................................................113
4.4 Considerações sobre o atendimento aos Objetivos de Desempenho
verificados na Pesquisa......................................................................................160
CAPÍTULO 5: CONCLUSÃO..............................................................................162
5.1 Considerações em função dos dados analisados....................................162
5.2 Considerações acerca da questão Problema...........................................167
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XIII
5.3 Conclusões acerca da pesquisa.................................................................168
5.4 Desdobramentos e Continuidade do Trabalho.........................................170
5.5 Conclusão.......................................................................................................171
REFERÊNCIAS:...................................................................................................172
ANEXOS................................................................................................................176
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14
CAPÍTULO 1: APRESENTAÇÃO DO TRABALHO
Neste capitulo será feita apresentação do trabalho, apontando os
fatores que o justificam, seus objetivos, sua delimitação, a metodologia a ser
empregada, e a distribuição dos assuntos através de seus capítulos.
1.1 Introdução.
No Brasil, segundo indicadores econômicos apresentados no ano de
2006 pela Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA),
organismo que representa a cadeia produtiva de alimentos, existe
aproximadamente 42 mil estabelecimentos industriais formais nesta cadeia,
divididos da seguinte forma: 85,3% microempresas; 10,7% pequenas
empresas; 3,2% médias e 0,9% grandes. Esta cadeia gera em torno de 5,9
milhões de empregos diretos e apresentou, em 2005, um faturamento
aproximado de R$ 184,6 bilhões conquistando uma participação no PIB de
9,7 %, de acordo com a ABIA (2006).
Considerando o mercado interno, com milhões de consumidores, uma
das metas é elevar os níveis de vendas, uma vez que a concorrência
externa compete fortemente no mercado aproveitando-se da abertura da
economia ao mercado externo e da estabilidade da economia no país. Um
dos meios para alcançar esta meta é através do desenvolvimento
sistemático e contínuo de novas tecnologias, uma vez que este é um dos
fatores que fundamentam quanto uma organização pode ser competitiva.
Segundo Silva (2001), “para ser fonte de competitividade, o próprio
processo de desenvolvimento de produtos precisa ser eficiente e eficaz”.
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15
Considerando esta afirmação é possível presumir que se faz necessária a
aplicação de estratégias associadas a metodologias capazes de propiciar
tais vantagens. Logo, a dinâmica do processo inovador determinado pelo
avanço da tecnologia e o aumento da velocidade da inovação imposta pelos
exigentes mercados de consumo, faz com que as empresas adotem em sua
rotina administrativa estratégias de gestão que considerem o planejamento
na cadeia, e definam como, onde e a que custo um determinado produto
será produzido.
No atual contexto dos negócios, em todo o mundo, as empresas
adotam estratégias com o intuito de definir seus objetivos, propor
indicadores para avaliar tais objetivos e estabelecer meios alternativos de
gestão que sejam eficazes para seu avanço no mercado ainda mais
competitivo.
O escopo deste estudo é analisar, dentre as possíveis Estratégias
Competitivas, a denominada Manufatura Enxuta (ME), que tem se
apresentado em distintos tipos de indústrias como um modelo de
administração para o alto desempenho, sendo esta um paradigma
estratégico para proporcionar vantagem competitiva, considerando que a
mesma pode garantir o incremento do processo produtivo com maior
qualidade, maior confiabilidade, maior velocidade e flexibilidade, além de
custos adequados ao mercado, sendo todos estes objetivos de desempenho
de fundamental importância para inúmeras indústrias, inclusive as de
alimentação.
Os princípios da “Manufatura Enxuta”, definidos por Womack & Jones
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16
(2004), se estabelecem como um guia de diretrizes voltadas ao balizamento
de ações que possam converter uma empresa de produção em massa, ou
de serviços, em uma organização classificada como “enxuta”. Trata-se de
uma forma sistêmica e orientada de forma lógica para “especificar valor,
alinhar na melhor seqüência as ações que criam valor, realizar as atividades
sem interrupção sempre que alguém as solicita e de modo cada vez mais
eficaz. É uma maneira de fazer mais com o mínimo possível (menor esforço
humano, menor quantidade de equipamentos, menos tempo e menos
espaço), gerando a oportunidade de oferecer aos clientes o que eles
exatamente desejam”. (BORCHARDT, 2005).
1.2 Justificativa.
Segundo o Balanço Anual 2006/2007 da Associação Brasileira das
Indústrias da Alimentação (ABIA), a produção e as vendas do setor de
alimentação deverão atingir um crescimento de 4,5% neste ano. Na
exportação, estima-se que as vendas aumentarão em 10%. No primeiro
quadrimestre de 2007, o setor alimentício teve incremento de 7% em volume
e de 5% em valor, em comparação com o mesmo período de 2006.
Em uma publicação da ABIA (2006), denominada Exportação de
Alimentos Industrializados com Valor Agregado: Sugestão de Políticas
observa-se a seguinte avaliação:
“A indústria brasileira da alimentação apresenta padrão de
competitividade internacional e a possibilidade de expansão nas
exportações de alimentos processados transcende o comércio
com os países desenvolvidos, como ficou evidente em recente
estudo preparado pela ABIA. O estudo surpreende ao apontar
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17
existência de alta sensibilidade nas importações de alimentos
nos países emergentes em relação a sua evolução de renda
(alta elasticidade-renda). Em outras palavras, as importações de
alimentos nos países emergentes (25 países analisados)
possuem correlação superior a 100% com a evolução da renda
disponível por habitante, ou mais precisamente, 175%. A renda
per capita destes países evoluiu 6% ao ano nos últimos cinco
anos, enquanto as importações de alimentos cresciam 10% ao
ano no mesmo período. Os alimentos processados seguem
desempenho semelhante, a despeito de enfrentarem, na maioria
dos casos, tarifas bem mais elevadas em comparativamente às
"commodities”, bem como a falta de incentivos a sua exportação
no Brasil. Vale destacar que as importações de alimentos
destes países já representam mais de US$ 111 bilhões anuais,
equivalente a metade da importação de alimentos nos oito (8)
países mais desenvolvidos. As exportações de alimentos
industrializados já representam a maior parcela das exportações
do agro negócio brasileiro, incentivadas pelo crescimento das
economias intituladas emergentes, segundo padrões
internacionais”.
A indústria brasileira de alimentação ainda apresenta sérias limitações
em seus níveis de qualidade e produtividade. Por não se tratar de uma
indústria intensiva em capital, sua maior deficiência não se verifica em
equipamentos, mas na falta de adoção de métodos gerenciais modernos, ou
seja, de estratégias de gestão que possibilitem a redução de custos via
eliminação de perdas, incrementos na qualidade e na velocidade, e na
redução do excesso de estoques, além do aumento da flexibilidade produtiva
e distributiva. (ABIA, 2006).
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18
Segundo Mendez (2004) em uma indústria de alimentos a principal
preocupação em todo seu processo está centrada na qualidade (praticidade,
cor, odor, sabor, aroma, embalagem e validade), vindo a seguir a
preocupação com a segurança alimentar, que proporciona garantias ao
consumidor em adquirir alimentos conforme seu interesse, destacando-se
nos mesmos os atributos ligados à saúde humana.
A análise dos dados apresentados pela ABIA, considerando os
diversos setores da cadeia que agrega a Indústria de Alimentação, a
importância da indústria brasileira de alimentação no grupo de países
emergentes, e a urgente necessidade que tal tipo de indústria registra no
sentido de estabelecer estratégias de gestão que possam melhorar os níveis
de objetivos de desempenho tais como Qualidade, Velocidade,
Confiabilidade, Flexibilidade e Custos, justifica a proposta deste trabalho.
1.3 Problema.
Considerando a presente justificativa, é que se apresenta o seguinte
problema para este trabalho: “A adoção da Manufatura Enxuta, como
paradigma estratégico de manufatura em indústrias do setor de alimentação
concorre para obtenção de vantagem competitiva”?
1.4 Objetivos.
1.4.1 Objetivo Geral.
Verificar através de um estudo de caso, em uma indústria de
alimentos, se a aplicação de diretrizes da Manufatura Enxuta, irá contribuir,
enquanto estratégia de gestão, para a obtenção de vantagem competitiva.
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19
1.4.2 Objetivos específicos.
1.4.2.a - Apresentar sumariamente aspectos relevantes no atual cenário da
Indústria de Alimentação, a fim de fundamentar o tema proposto;
1.4.2.b - Apresentar, através de revisão bibliográfica, conceitos de
Competitividade, Vantagem Competitiva, Estratégias Competitivas, e
considerações sobre a Manufatura Enxuta, dando ênfase a seus princípios;
1.4.2.c Desenvolver modelo de pesquisa que permita verificar a aplicação
de práticas comuns à Manufatura Enxuta e que impulsionam a vantagem
competitiva em manufatura, para aplicação em um estudo de caso;
1.4.2.d Analisar, através do estudo de caso, a aplicação de “ferramentas”
desta Estratégia de Gestão em indústrias de alimentação.
1.5 Delimitação do Trabalho.
O presente trabalho estará delimitado a um estudo de caso em uma
unidade fabril fabricante de biscoitos, representando um dos setores da
indústria de alimentação. A opção recaiu neste tipo de manufatura por ser o
setor no qual se produzem alimentos fazendo uso de matéria prima que
apresenta alto custo de importação, tendo ainda em vista que é o elo da
Cadeia que gera grande índice de desperdício onerando o custo do produto
final, bem como apresenta problemas de qualidade, permitindo que a
concorrência externa ocupe um espaço cada vez maior no mercado quando
nos referenciamos a este segmento.
Cabe esclarecer que a análise deve se restringir à empresa
pesquisada, e, portanto, seus resultados não devem ser generalizados.
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1.6 Metodologia.
1.6.1. Sujeitos:
Para que o método possa ser aplicado conforme a presente proposta
será convidada uma empresa do setor alimentício que possua
características produtivas na qual se busca fazer a aplicação de algumas
práticas da estratégia Manufatura Enxuta em sua gestão de produção.
Esta empresa será descrita neste trabalho, apontando suas
características básicas, e será analisada diante das respostas obtidas na
aplicação da pesquisa, especialmente elaborada para este projeto.
1.6.2. Instrumentos:
Será aplicado método específico, devidamente desenvolvido
conforme citado no subitem 1.4.2.c, para que as respostas obtidas possam
gerar subsídios para análise do problema formulado.
Para que haja consistência conceitual em todo o trabalho o mesmo
estará sendo suportado além dos conceitos presentes no capítulo referente
à Revisão bibliográfica, também pelos termos conceituais e analíticos
desenvolvidos em projetos de pesquisas realizados por:
a) Azzolini (2004), e apresentados em sua tese de Doutorado,
denominada “Tendência do processo de Evolução dos sistemas
de administração da Produção”;
b) Melo (2005), e apresentados em sua dissertação de mestrado,
denominada “Contribuição à implementação da Manufatura Enxuta
como uma vantagem competitiva”;
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21
c) Godinho (2004), e apresentados em sua tese de Doutorado,
denominada “Paradigmas Estratégicos da Gestão de Manufatura:
configuração, relações com Planejamento e Controle de Produção
e estudo exploratório na indústria de calçados”.
1.6.3. Procedimentos:
Vergara (2005) classifica as pesquisas quanto aos seus fins em:
exploratória, descritiva, explicativa, metodológica, aplicada e
intervencionista. E, quanto aos meios de que se valem, em: de campo, de
laboratório, documental, bibliográfica, experimental, ex post facto”,
pesquisa-ação, e estudo de caso.
Considerando essa classificação, o presente trabalho é um estudo de
caso e se classifica quanto ao seu fim como uma pesquisa exploratória.
Mattar (1996) esclarece que a pesquisa exploratória visa prover o
pesquisador de maior conhecimento sobre o tema ou problema de pesquisa,
sendo útil quando ainda não se tem conhecimento seguro sobre a questão”.
Ainda, conforme a classificação de Vergara (2005), tal pesquisa inclui a
parte bibliográfica e, do ponto de vista metodológico, a pesquisa de campo,
descrita pela autora como “investigação empírica realizada no local onde
ocorre ou ocorreu um fenômeno”, mediante a aplicação de um questionário.
Segundo a abordagem feita por Fachin (2003), a principal função do
estudo de caso é “a explicação sistemática dos fatos que ocorrem no
contexto social e geralmente se relacionam com uma multiplicidade de
variáveis”. Tal condição é a que se identificou para este trabalho, o que
justifica essa forma de investigação.
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1.6.4 Etapas a serem desenvolvidas nesta pesquisa.
FIGURA 1. ETAPAS A SEREM DESENVOLVIDAS NA PESQUISA.
Fonte: versão (baseada em SBRAGIA, 1982).
1.7 Estrutura do Trabalho.
Composto de cinco (05) capítulos, sendo este o primeiro, e os demais:
Capítulo 2, Revisão Bibliográfica, considerando a análise e a descrição dos
seguintes aspectos presentes no trabalho: Caracterização do tipo de
indústria a ser analisada e seus parâmetros de competitividade; Estratégias
Competitivas para o entendimento da aplicação de práticas presentes nos
conceitos de Estratégias de Manufatura Enxuta; e as características básicas
desta estratégia de gestão.
Capítulo 3, Estruturação do modelo de pesquisa, que irá definir como será
estabelecido o estudo de caso, para que com a documentação da pesquisa
e dados obtidos em entrevistas seja possível analisar a efetividade da
Formulação da situação-
Problema,
Das premissas básicas,
Dos objetivos.
Referencial teórico baseado em
fontes tradicionais e eletrônicas-
Caracterização da Indústria,
Estratégias Competitivas,
Manufatura Enxuta.
Determinação da Metodologia a ser
empregada-
Considerações;
Desenvolvimento do Modelo
de Pesquisa.
Execução da pesquisa de
campo-
(coleta de dados)
Descrição dos casos,
Análise.
Análise dos casos e de seus
resultados-
Síntese-
Conclusões.
Recomendações
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A ESTRATÉGIA DA MANUFATURA ENXUTA APLICADA EM UMA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS.
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aplicação da gestão de Manufatura Enxuta em uma empresa do setor
alimentício.
Capítulo 4, Aplicação da pesquisa e análise dos dados coletados a partir do
modelo de pesquisa, conforme proposto no Capítulo 3.
Capítulo 5, Conclusão; onde serão comentados resultados do estudo de
caso em função dos indicadores observados no método aplicado.
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CAPÍTULO 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.
Neste capítulo, serão apresentadas algumas considerações acerca de
temas que neste trabalho são necessários para o alcance do objetivo
proposto, tais como aspectos relativos às características básicas existentes
na indústria alimentícia, os conceitos de Estratégias Competitivas, e
conceitos presentes na Manufatura Enxuta.
2.1 Introdução.
A revisão bibliográfica será iniciada com considerações pertinentes a
alguns aspectos verificados no desenvolvimento de vantagens competitivas
no setor alimentício brasileiro, indicando suas alternativas no contexto da
intensa competitividade vigente.
Na seqüência, será realizada uma abordagem sobre os conceitos
referentes à “Estratégias Competitivas e o Ambiente Competitivo”, onde
importantes autores serão considerados, para que seja possível relacionar
os objetivos deste trabalho com os conceitos de competitividade existentes
no mercado, e que se inserem nos conceitos de Manufatura Enxuta.
Por último, nesta revisão haverá uma abordagem das características
presentes na “Manufatura Enxuta”, esclarecendo seus princípios, suas
práticas, e sua participação objetiva na busca de vantagem competitiva.
2.2 A Indústria Alimentícia e o atual padrão competitivo.
Segundo Mendez (2004), o atual padrão competitivo da indústria
mundial de alimentos apóia-se no processo de inovação e de segmentação
do mercado consumidor”. No passado seu conceito competitivo era focado
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na produção em massa e na busca da redução de custos.
Até meados dos anos 60 o consumo de alimentos pautou-se pelo
processo de consolidação da sociedade de massa em que o
desenvolvimento industrial e a difusão internacional de valores, por meio da
internacionalização das empresas, permitiram a padronização dos produtos.
Nas duas décadas que se seguiram, a expansão dos estratos médios de
renda estimulou a demanda por bens de maior valor agregado, associando-
se à consolidação da produção em escala de alimentos transformados. A
partir dos anos 80 as opções de consumo se ampliaram, o que, associado
ao alto nível de renda nos países industrializados, fortaleceu a diferenciação
dos produtos em função de valores e estilos de vida. A segmentação de
mercado exige o desenvolvimento de novos produtos e serviços. Nesse
processo a tecnologia é orientada no sentido de atender às exigências do
consumidor final sem deixar de lado as preocupações com a minimização de
custos. Essa evolução, contudo, não ocorre de forma uniforme entre países.
As estratégias globais precisam ser adequadas às diferentes situações
regionais. (MENDEZ, 2004).
2.3 Considerações sobre o desenvolvimento de produtos na indústria
alimentícia no Brasil.
O desenvolvimento tecnológico na indústria alimentícia brasileira teve
seu início há cerca de um século, introduzindo novas estratégias como a
produção em larga escala, a manufatura em linha, sistemas de distribuição
mais ágeis e novos processos de conservação. Tais mudanças, de caráter
basicamente tecnológico, somadas ao razoável crescimento do padrão de
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vida dos consumidores, proporcionaram inúmeras oportunidades para o
desenvolvimento de produtos.
Atualmente em função do ostensivo processo de globalização, as
empresas buscam se estruturar para sobreviver a um mercado dinâmico,
instável e evolutivo, onde o ciclo de vida dos produtos é cada vez mais curto
e a concorrência mundial sempre mais competitiva. Assim, o
desenvolvimento de produtos e o estabelecimento de estratégias voltadas à
gestão da produção são fundamentais para a competitividade da indústria
brasileira de alimentos, sobretudo pela possibilidade de incorporação da
inovação tecnológica.
Desta forma, a indústria de alimentos no Brasil vem reestruturando-se
gradualmente com vistas ao desenvolvimento produtivo, comercial e
tecnológico e tem investido de maneira mais intensa no processo de
desenvolvimento de produtos para manter-se competitiva. (MENDEZ, 2004).
Ainda, conforme Mendez (2004), o desenvolvimento de produtos,
associado aos aspectos tecnológicos (inovação em transformação e
conservação de matérias primas, aproveitamento de subprodutos, processos
e alimentos com propriedades funcionais), tem seu papel ampliado ao
envolver aspectos relacionados à gestão do processo de desenvolvimento
do produto/processo e à gestão das cadeias produtivas, em consonância
com a busca da diversificação da oferta de produtos e, o aumento de
qualidade e produtividade do segmento agroindustrial de alimentos. Diante
desta realidade, o processo de desenvolvimento de produtos na indústria
alimentícia ocupa um importante papel estratégico, tornando-se um aspecto
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chave para a obtenção de vantagem competitiva. O processo de
desenvolvimento de produtos envolve todas as áreas da organização e gera
uma gama variada de informações. Compõe-se de etapas interdependentes,
que se iniciam na identificação das necessidades dos consumidores e vão
até o lançamento e acompanhamento do produto final no mercado.
O objetivo de agregar valor por meio de operações de processamento
requer melhor estruturação dos processos nas empresas, passando pelo
desenvolvimento de produtos, bem como dos processos produtivos e da
gestão de produção. Desenvolver produtos mais rapidamente, com maior
eficiência, com menores custos e, adequados às necessidades de clientes
confere à organização significativas vantagens competitivas. O processo de
desenvolvimento de produtos é um processo crítico em qualquer tipo de
indústria e o planejamento estruturado da gestão desse processo pode
garantir que produtos adequados cheguem ao mercado antes dos
concorrentes, gerando vantagens para a empresa. Além disso, a boa gestão
do processo de desenvolvimento de produtos, aliada à capacitação técnica
em todos os níveis profissionais, faz com que problemas críticos sejam
resolvidos nas fases iniciais do processo de desenvolvimento, permitindo
ganhos de desempenho, redução de custo, melhoria na qualidade e ganho
significativo de tempo, principalmente em um setor como o de alimentos
onde a concorrência se apresenta de forma ágil e fortemente competitiva.
2.4 O Ambiente Competitivo e Estratégias Competitivas.
Atualmente, na sociedade chamada de “era dos serviços”, ou ainda
“pós-industrial” as mudanças são processadas de forma rápida e de maneira
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constante, onde as empresas necessitam se ajustar rapidamente aos novos
paradigmas para não perderem vantagens.
Considerando tais condições as empresas em geral precisam adotar
meios estratégicos que possam possibilitar que sua atuação venha a ser
competitiva. Neste item serão citados alguns estudos que tratam desta
questão e que são pertinentes a este trabalho, onde serão abordados os
seguintes aspectos:
1) Competitividade das empresas;
2) Estratégias e seu conceito segundo Porter;
3) Fatores determinantes de competitividade.
2.4.1. Competitividade.
Competitividade tornou-se sinônimo de sobrevivência para as
empresas em geral, ao considerarmos as condições presentes em uma
economia globalizada. Segundo Ferraz e Coutinho (1995), a análise da
competitividade deve considerar a cumulatividade” das vantagens
competitivas conquistadas pelas empresas, sendo necessário ainda que
estas possuam “capacidade” para implantar estratégias fundamentadas na
sua capacitação técnica, no seu desempenho passado traduzido por sua
capacidade financeira, relações com clientes e fornecedores, imagem
conquistada, diferenciação de seus produtos, grau de concentração no
mercado, capacidade inovativa, etc.
A competitividade está relacionada com “..a capacidade de a empresa
formular e implementar estratégias concorrenciais, que lhes permitam
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ampliar ou conservar, de forma duradoura, uma posição sustentável no
mercado” (FERRAZ et al., 1997).
Portanto, a competitividade reflete-se diretamente nas estratégias e
está intrinsecamente relacionada ao padrão de concorrência vigente em um
mercado específico.
Há inúmeros conceitos atribuídos ao termo “estratégia” e que
aparecem na literatura como: “Planos da alta administração para atingir
resultados consistentes com as missões e objetivos da organização”
(MINTZBERG et al., 2000).
Atualmente, as empresas adotam diversas alternativas de gestão para
promover mudanças nas áreas de produção, distribuição, marketing, e
responsabilidade social (recursos humanos e ambientais) e onde tais
alternativas podem estar vinculadas às necessidades dos clientes, à
qualidade total, à gestão participativa, à inovação contínua, à busca de
excelência nos resultados, às parcerias com outras organizações e
situações emergentes que concorrem para novos paradigmas no campo da
gestão empresarial. No entanto, nenhuma dessas alternativas, tratadas
como ferramentas gerenciais, pode substituir de forma efetiva a “estratégia”.
Tais ferramentas auxiliam as empresas a aumentarem seu grau de
competitividade, mas não necessariamente as tornam diferentes das outras.
Zaccarelli (2000), afirma que um fator de competitividade só se
transforma em vantagem competitiva quando os consumidores e clientes
reconhecem que naquele fator a empresa possui uma posição diferenciada
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da de seus concorrentes.
Estabelecer como se mede competitividade não é algo que se
execute de forma simples, pois engloba fatores com variável grau de
complexidade, como: qualidade, flexibilidade, prazos de entrega, conteúdo
tecnológico dos produtos, variabilidade nos processos, instituições com
aceitável nível de eficiência, políticas industriais que favoreçam incentivos de
Pesquisa e Desenvolvimento, e valor dado aos recursos humanos, através
de sistemas educacionais adequados, envolvendo treinamento da mão de
obra e responsabilidade social.
Enfim, para que as empresas venham ser competitivas, é importante
que disponham de vantagens às quais serão obtidas através da formulação
e adoção de estratégias.
Segundo Porter (1991), as estratégias é que possibilitam que as
empresas continuem competindo.
Pelo exposto, é possível afirmar que para que as empresas venham
superar a concorrência buscando vantagens competitivas, é importante que
adotem estratégias que sejam diferenciadas e que as implantem de forma
estruturada e efetiva.
2.4.2. Estratégia.
O termo “estratégia” tem inúmeras definições, as quais caracterizam
um sentido comum, e é através deste que as organizações procuram se
adaptar aos ambientes externo e interno, colocando em prática os planos
que foram estabelecidos, quer sejam eles explícitos ou implícitos.
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Mintzberg et al. (2000), propõe cinco definições em particular para o
termo estratégia, os quais seriam: é um plano; é um padrão; é uma posição;
é uma perspectiva; e pode ainda, como última definição, ser considerada
como uma armadilha.
Como um plano, a estratégia é entendida como “uma direção, um guia
ou um curso de ação para o futuro...”.
Como um padrão, a estratégia é relacionada ao comportamento da
organização ao longo do tempo, ou seja, “... olha para o comportamento
passado”.
A estratégia entendida como uma posição é “a localização de
determinados produtos em determinados mercados”, ou seja, é “a criação de
uma posição única e valiosa, envolvendo um conjunto diferente de
atividades”.
Enquanto perspectiva, a estratégia é entendida como a teoria do
negócio, isto é, “a estratégia olha para dentro da organização, para as
cabeças dos estrategistas e para a visão da empresa”.
E finalmente, como uma armadilha, a estratégia pode ainda ser vista
como um truque para enganar os concorrentes.
2.4.2.1 Conceito de Estratégia segundo Michael Porter.
Porter (1991) propõe a existência de dois níveis de estratégia em uma
empresa diversificada: Estratégia de Unidades de Negócio (normalmente
chamada de “Estratégias Competitivas”, por diversos autores); e Estratégia
Corporativa (aquela que representa a totalidade do grupo empresarial).
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Este trabalho irá considerar basicamente as “estratégias
competitivas”, as quais importam para o setor em estudo, dados os aspectos
e as condições de competitividade no mercado globalizado.
A “Estratégia Corporativa” é a que contabiliza aspectos como, por
exemplo, o ramo de negócios no qual a empresa deve se estabelecer,
considerando ainda como se posicionar, ou como conduzir e integrar as
estratégias das diferentes unidades com as da corporação. Esta é a
estratégia da empresa como um todo e estabelece a forma na qual a
empresa irá competir. (PORTER, 1991).
Quanto à “Estratégias Competitivas”, estas não se preocupam com a
empresa como um todo, mas sim com as unidades de negócio, ou seja,
mantém relação direta com a obtenção de vantagem competitiva em cada
uma das unidades em que o grupo compete. Porter (1991) considera que
uma empresa para enfrentar as cinco forças competitivas (1-Ameaça de
novos Concorrentes; 2-O poder de compras dos clientes; 3-O poder de
influência dos fornecedores; 4-A ameaça de produtos substitutivos; 5-
Rivalidade da concorrência) deverá utilizar três estratégias genéricas:
Liderança Total em Custo, Diferenciação e Enfoque.
Liderança Total em Custo: é a obtenção da liderança total em custo
através de um conjunto de políticas funcionais voltadas a este objetivo. Para
alcançar a liderança total em custos deve ser feito o controle dos custos e
das despesas gerais da empresa (controle rígido em áreas como P&D,
assistência, publicidade etc.). Essa estratégia garante que a empresa
obtenha retornos acima da média em seu setor, a defenda contra a
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rivalidade dos concorrentes e dos compradores poderosos, propicia maior
flexibilidade para enfrentar os fornecedores, e também gera barreiras de
entrada, colocando a empresa em boa posição em relação aos produtos
substitutos.
Diferenciação: é a outra estratégia que a empresa pode utilizar para
obter vantagem competitiva. Consiste na criação de um produto ou serviço
que seja único no âmbito de todo o setor. Faz a utilização de várias formas
para se diferenciar, como por exemplo: através da marca, da imagem, da
tecnologia, dos serviços sob encomenda, da rede de fornecedores, etc. Uma
empresa ao adotar essa estratégia, não significa estar ignorando os custos,
pois neste caso eles não são necessariamente o alvo da estratégia principal.
Esta estratégia pode proporcionar um isolamento contra a rivalidade devido
à lealdade dos consumidores à marca, aumenta as margens, porque exclui a
necessidade de posição de baixo custo, assim como aumentar as margens
proporciona lidar melhor com os fornecedores e diminuir o poder dos
compradores. Dessa forma a empresa estará mais bem posicionada que
seus substitutos, pois se diferenciou para obter lealdade dos consumidores.
“Atingir a diferenciação pode, às vezes, tornar impossível a obtenção
de uma alta parcela de mercado” (Porter, 1991), pois nem todos os clientes
estão dispostos a pagar por preços mais caros. O autor ainda afirma que,
“para desenvolver uma estratégia de diferenciação, é necessário escolher
uma ou mais necessidades valorizadas pelos compradores e ao mesmo
tempo, é importante identificar quais são as atividades da cadeia de valor
que são mais importantes para obter diferenciação” (PORTER, 1997).
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Enfoque: é outra estratégia genérica proposta por Porter (1991) e que
procura enfocar um determinado grupo de compradores, um segmento da
linha de produtos, ou um mercado geográfico. Aplicando essa estratégia, a
empresa aborda um ou mais segmentos de mercado menores, ao invés de ir
atrás de um grande mercado. “O estrategista de focalização deve criar uma
cadeia de valor especificamente projetada para este segmento”. (PORTER,
1997).
2.4.3 Fatores de competitividade.
A competitividade está relacionada ao padrão de concorrência vigente
em determinado mercado. Entende-se por padrão de concorrência “o
conjunto de fatores críticos de sucesso” em um mercado. Logo, considera-se
que empresas de sucesso são aquelas que adotam estratégias competitivas
adequadas ao padrão do seu setor. (SLACK et al., 1999).
Os indicadores de competitividade são instrumentos eficazes para a
análise e avaliação das empresas, partindo do princípio que as empresas
precisam estar constantemente revendo seus processos e relações de
trabalho, sua estratégia e estrutura organizacional, funcionando como um
parâmetro para redefinir suas operações e estratégias empresariais.
De acordo com Coutinho & Ferraz (1995), o desempenho competitivo
de uma empresa depende de diversos fatores: internos à empresa (fatores
empresariais), de natureza estrutural (referentes ao setor) e de natureza
sistêmica (relacionado ao mercado e ao sistema produtivo como um todo).
Para formular e implantar as melhores estratégias é importante que as
empresas identifiquem os fatores relevantes para o sucesso competitivo.
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Segundo Ferraz et al. (1997) esses fatores são:
a) Fatores empresariais: são aqueles em que a empresa detém
poder de decisão e através dos quais procura se distinguir de
seus competidores. As capacitações de uma empresa são
fatores determinantes da competitividade, pois relacionam
diretamente o desempenho da empresa. Dizem respeito ao
estoque de recursos acumulados por esta e às estratégias de
ampliação desses recursos, considerando as quatro áreas de
competência:
a.1) Capacidade inovativa: as estratégias centradas na inovação constituem
o cerne do comportamento das empresas competitivas. Diz respeito ao
conhecimento ou ao acesso disponível, abordando o emprego de novos
materiais, novas tecnologias para produtos e processos.
a.2) Capacidade produtiva: concentra-se no grau de atualização dos
equipamentos, novas técnicas organizacionais (como: just in time, kanban,
redução de estoques, métodos de gestão da qualidade, etc.).
a.3) Eficácia da gestão: corresponde aos aspectos de capacidade de
integração da estratégia, capacitação e desempenho da empresa
(marketing, serviço pós-venda, finanças, administração e planejamento).
a.4) Recursos humanos: relacionam-se com aspectos de produtividade,
qualificação e flexibilidade. O mais recente padrão de relações de trabalho
que as empresas vêm adotando apoia-se na estabilidade, participação nos
processos decisórios e compartilhamento dos ganhos e do aumento da
eficiência, sendo que o elemento chave de todo o processo é o investimento
permanente em treinamento.
b) Fatores estruturais: nestes fatores a capacidade de
intervenção da empresa é limitada pela mediação do processo
de concorrência. Portanto, mesmo não sendo inteiramente
controlados pela firma, estão parcialmente sob sua área de
influência e caracterizam o ambiente competitivo que ela
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enfrenta diretamente. (COUTINHO & FERRAZ, 1995). Podem
ser caracterizados por:
b.1) Mercado: o dinamismo do mercado é um dos principais fatores
indutores de competitividade. São necessários fatores qualitativos e
quantitativos para favorecer a competitividade e que podem ser sintetizados
na existência de elevado grau de exigência dos consumidores, ou seja, o
mercado com seu tamanho, dinamismo e grau de sofisticação.
b.2) Configuração da indústria: com seu desempenho, capacitação, estrutura
produtiva e articulações em cadeia. As mudanças nos padrões de
concorrência estão levando a movimentos diferenciados de ajustes das
configurações industriais. Nos setores de capital intensivo elevado as
empresas preferem se especializar em linhas de produtos afins em termos
de base tecnológica. Já nos setores de menor intensidade de capital, têm
sido formadas redes de cooperativas internacionais. O objetivo é
proporcionar uma maior eficiência empresarial e disponibilizar recursos
produtivos essenciais para a operação em condições competitivas.
b.3) Regime de incentivos e regulação da concorrência: uma das
características das empresas com intensa rivalidade é a prevalência de
condutas baseadas na inovação.
c) Fatores sistêmicos: constituem externalidades para as
empresas, sobre os quais elas detêm escassas ou nenhuma
possibilidade de intervenção. Eficiência, padrões de qualidade,
capacidade de reduzir custos e aprimorar a qualidade são
determinantes sistêmicos de competitividade. Existem diversas
formas de esses determinantes exercerem papel decisivo
sobre a competitividade das empresas. Do lado da oferta,
afetam as condições de custos e qualidade, em que estão
disponíveis os insumos materiais, humanos, organizacionais e
institucionais. Já do lado da procura, definem em que termos e
em que medidas a sociedade demanda o desempenho
competitivo de suas empresas. Estão relacionados à:
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c.1) Determinantes macroeconômicos: regime cambial da economia;
políticas de regulação macroeconômica, ou seja, políticas fiscal, monetária e
de renda, e seus resultados em termos de nível de estabilidade das taxas de
inflação e de crescimento do produto interno; e características do sistema de
crédito da economia (principalmente no que diz respeito à disponibilidade e
custo de financiamento de projetos de longo prazo).
c.2) Determinantes político institucionais: incluem um vasto conjunto de
instituições, políticas e práticas através das quais o Estado se relaciona
ativamente no setor industrial. Destacam-se as políticas de comércio exterior
e tarifária, a política tributária, a política científica e tecnológica e o poder de
compra dos governos.
c.3) Determinantes legais regulatórios: os principais instrumentos
regulatórios (conjunto de políticas em que o Estado cumpre um papel mais
passivo) que afetam a criação e o fortalecimento do ambiente competitivo
são a defesa da concorrência e do consumidor, a defesa do meio ambiente,
o regime de proteção à propriedade intelectual e de controle do capital
estrangeiro.
c.4) Determinantes infra-estruturais: referem-se, principalmente, à oferta, à
qualidade e ao custo de energia, telecomunicações e transporte.
c.5) Determinantes sociais: possuem grande importância para a
competitividade, principalmente no que diz respeito à qualificação, à
educação da mão-de-obra, à natureza das relações trabalhistas e de
seguridade social ao padrão de vida dos consumidores (distribuição de
renda).
c.6) Determinantes internacionais: dizem respeito ao impacto das principais
tendências da economia mundial e da forma de inserção internacional na
economia local, tanto em sua dimensão produtiva quanto financeira.
Em suma, as estratégias empresariais com ou sem sucesso, seguem
padrões específicos de competitividade de acordo com cada setor,
sugerindo que as características do sistema econômico afetam os fatores de
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competitividade, e, portanto, influenciam no desempenho das empresas
(COUTINHO & FERRAZ, 1995).
2.5. A Manufatura Enxuta.
Uma análise acerca da Manufatura Enxuta, originada dos
fundamentos do Sistema Toyota de Produção (STP), e as condições
necessárias para a aplicação de seus princípios serão brevemente descritas,
sendo ainda abordadas algumas considerações observadas em literatura e
relacionadas com os princípios desta estratégia de gestão.
2.5.1 Considerações sobre a Manufatura Enxuta.
Há diferentes definições e descrições para o sistema enxuto ou
Manufatura Enxuta (ME). Flinchbaugh (2003) atenta para o fato de que
algumas empresas e até mesmo alguns autores interpretam “enxuto” como
uma simples aplicação de práticas, tais como: 5S, Just in Time (JIT),
Kanban, Poka-yoke, etc. Outros autores propõem o “sistema enxuto” como
sendo um trabalho aplicado por pessoas capacitadas introduzindo melhorias
através de Kaizen ou Gerenciamento da Qualidade Total (TQM). Ainda,
conforme Flinchbaugh (2003), um “sistema enxuto”, numa visão mais
abrangente, fornece às pessoas, em todos os níveis da organização, as
ferramentas e os conceitos para pensar sistematicamente, proporcionando o
modo de eliminar as perdas, através da concepção e projeto do processo,
das melhorias das atividades, da melhoria entre as conexões entre
processos internos e externos, e do fluxo.
Segundo Shah & Ward (2003) a abordagem da Manufatura Enxuta
engloba ampla variedade de práticas gerenciais, incluindo Just in Time,
manufatura celular, sistemas de qualidade, etc. Ainda, segundo estes
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autores, “o ponto fundamental da ME é que essas práticas devem trabalhar
de maneira sinérgica para criar um sistema de alta qualidade que fabrica
produtos no ritmo que o cliente deseja, sem desperdícios”. (GODINHO &
FERNANDES, 2004).
Godinho (2004) apresenta a Manufatura Enxuta como um Paradigma
Estratégico de Gestão da Manufatura (PEGEM), definindo-a como “um
modelo estratégico e integrado de gestão, direcionado a certas situações de
mercado, que propõe auxiliar a empresa a alcançar determinados objetivos
de desempenho (qualidade e produtividade); paradigmas esses compostos
por uma série de princípios (idéias, fundamentos, regras que norteiam a
empresa) e capacitadores (ferramentas, tecnologias e metodologias
utilizadas)”.
2.5.2 Princípios Gerais da Manufatura Enxuta.
O pensamento enxuto voltado à Manufatura Enxuta, segundo
Womack & Jones (2004), é uma forma de tornar o trabalho o mais
satisfatório possível, oferecendo feedback imediato sobre os esforços para
transformar desperdícios em valor. Portanto, um princípio essencial para a
Manufatura Enxuta é o “Valor”.
A Manufatura Enxuta deverá ter como ponto de partida a prática
consistente da precisa definição de “Valor”, considerando produtos
específicos com capacidades específicas oferecidas a preços específicos
através do diálogo com clientes específicos. Para tanto, pode ser necessário
ignorar os ativos e as tecnologias existentes e repensar as empresas com
base em uma linha de produtos elaborados por equipes de produtos que
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conheçam o Valor sob o ponto de vista do cliente. (WOMACK & JONES,
2004).
A identificação do Fluxo de valor para cada produto é o segundo
princípio da ME. A análise do Fluxo de valor mostra quase sempre que
ocorrem três tipos de ação ao longo da sua extensão: (1) muitas etapas que
certamente criam valor; (2) muitas outras etapas que não criam valor, mas
são inevitáveis e (3) descobre-se que muitas etapas adicionais não criam
valor e devem ser evitadas imediatamente. (BORCHARDT, 2005).
A criação de empresas enxutas exige, segundo Womack & Jones
(2004), uma nova forma de pensar sobre os relacionamentos entre as
empresas, sobre o comportamento entre estas e, também, transparência
quanto a todos os passos dados ao longo do “fluxo de valor”, para que cada
participante possa verificar se as outras empresas estão se comportando de
acordo com princípios especificados.
Conforme Womack & Jones (2004), uma vez que o “valor” tenha sido
especificado com precisão, o “fluxo de valor” dos produtos tenha sido
totalmente mapeado pela empresa, e as etapas geradoras de desperdícios,
eliminadas de forma criteriosa, o próximo passo é fazer com que as etapas
restantes, e que criam valor, possam fluir.
Para isso, será necessária a redefinição dos papéis e das
responsabilidades das funções no trabalho, em todos os departamentos da
empresa, permitindo que todos contribuam de forma positiva para a criação
de valor, apontando inclusive as necessidades reais dos empregados em
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cada ponto da cadeia, para que eles se interessem em fazer o valor fluir.
O primeiro efeito de fácil verificação, da conversão de departamentos
e áreas, em equipes de produção, voltadas ao fluxo de valor, é que o tempo
necessário para passar da concepção ao lançamento, da venda à entrega
dos produtos ao cliente, cai drasticamente. Ao se introduzir o fluxo, os
produtos que consumiam anos ao serem projetados são elaborados em
meses, os pedidos que levavam dias em processamento ficam prontos em
questão de horas, e então, o tempo de processamento para a produção
física convencional acaba sendo reduzido em semanas ou dias.
(BORCHARDT, 2005).
Em um sistema enxuto é necessário, de acordo com Womack &
Jones (2004), que se possa processar prontamente qualquer produto em
produção, em qualquer combinação, de modo a acomodar imediatamente as
mudanças na demanda. A empresa precisa deixar que o cliente “puxe” o
produto, quando necessário. Assim, a produção puxada é considerada o
quarto princípio da Manufatura Enxuta.
O sistema de produção puxada é uma maneira de conduzir o
processo produtivo, de tal forma que cada operação requisite a operação
anterior, e os componentes e materiais para sua implantação, somente para
o instante exato e nas quantidades necessárias. Esse método contraria o
sistema tradicional, aplicado no ocidente, no qual a operação anterior
empurra o resultado de sua produção para a operação seguinte,
independentemente de esta necessitar ou estar pronta para a sua aplicação.
(FERREIRA, 2004).
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No sistema de produção puxada quem decide o que vai ser produzido
é o cliente, uma vez que o processo de puxar a produção transmite a
necessidade de demanda especifica para cada etapa do processo.
À medida que as organizações começarem a especificar valor com
precisão, identificarem o fluxo de valor como um todo, fizerem com que os
passos para a criação de valor fluam continuamente, e deixem que os
clientes puxem o valor da empresa, torna-se evidente a necessidade da
busca pela perfeição. O estímulo mais importante à perfeição é a
transparência, o fato de que em um sistema enxuto todos os envolvidos -
clientes, funcionários, fornecedores, distribuidores, e terceiros possam ver
tudo, e descobrir melhores formas de criar valor (WOMACK&JONES, 2004).
De forma resumida, o que se pode verificar até aqui é que os cinco
princípios gerais da Manufatura Enxuta são: 1) determinar precisamente o
valor do produto específico; 2) identificar o fluxo de valor; 3) fazer o valor fluir
sem interrupções; 4) deixar que o cliente puxe o valor do produtor; e 5)
buscar continuamente a perfeição. Esses princípios são detalhados a seguir.
2.5.2.1 Valor.
“Valor” pode ser considerado como uma combinação de três fatores:
“qualidade”, que no caso de um produto alimentício refere-se ao modo como
este foi elaborado, segundo parâmetros legais, técnicos e de aceitabilidade
do mercado, adotados pela empresa; “serviço”, que se refere ao nível de
serviço percebido pelo cliente e a quantidade de serviços que foram
comprados ou oferecidos juntamente com o pacote de bens ou serviços; e,
“preço”, que se refere à quantia paga pelo bem ou serviço obtido.
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Esses três fatores combinados, conforme Tuckner (1999) formam a
“Proposição de Valor” oferecida aos clientes. O desafio é determinar o que
os clientes valorizam e o que consideram “tratamento justo e apropriado”.
Tuckner (1999) sugere que se os bens e serviços de uma empresa
atendem às necessidades de um comprador e este considera justo o preço
pedido, pode-se afirmar que o negócio produziu valor para o comprador.
Seja qual for a situação da empresa junto ao mercado, existe a
necessidade de que seja efetuada uma análise crítica acerca de sua
“Proposição de valor”.
Para isso Tuckner (1999) sugere os seis itens a seguir:
a) Avaliar se a empresa está competindo em preço e em qualidade
diferenciada. Não há nada de errado em competir em preço, mas a
estratégia de ser “líder em preço baixo” precisa ser eficaz e
sustentável. A empresa pode se re-posicionar e passar a comunicar
as vantagens de qualidade diferenciada seja por uso de tecnologia,
de seus atributos, confiabilidade, etc. (ao invés de preço) ao seu
mercado;
b) Avaliar como a empresa tem agregado valor aos seus clientes.
Identificar de que maneira a empresa cativa a fidelidade de seus
clientes, o quanto foi investido em treinamento dos funcionários, para
estes entregarem valor na linha de atendimento, e quais são as
alternativas utilizadas para agregar valor aos clientes;
c) Analisar o que é exclusivo com relação à “Proposição de valor” da
empresa. O cliente precisa saber o que é exclusivo em sua oferta
(localização, personalização, grau de assistência);
d) Identificar quem é o cliente. Identificar os vários grupos de clientes,
classificando-os em ordem de importância para a empresa e decidir
como entregar valor exclusivo aos clientes mais importantes;
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e) Avaliar como o cliente percebe valor. Algumas vezes, o que os
clientes valorizam não está tão evidente assim, podendo inclusive ser
conscientemente desconhecido pelos próprios clientes, revelando-se
somente quando deixa de ser oferecido. Deve-se começar fazendo
um levantamento da percepção que o cliente tem do valor do negócio
como um todo; e,
f) Identificar o que a empresa está disposta a fazer para entregar melhor
valor. É necessário estar atento à velocidade com que o mercado
muda. Aumentar o valor do produto não significa necessariamente
mudanças revolucionárias no negócio.
Ao definir Valor, Womack & Jones (2004) destacam que “é
fundamental que os produtores conversem de forma diferente com seus
clientes e que muitas empresas ao longo da cadeia de valor conversem
entre si a partir de princípios sistêmicos de gestão”.
Portanto, Valor é definido em termos de produtos ou serviços
específicos, os quais têm capacidades/funcionalidades específicos,
oferecidos a preços específicos, para clientes específicos, em intervalos de
tempo específicos, sendo que devem ser isentos de defeitos.
Uma vez definido o custo-alvo para um produto ou serviço específico,
segundo Womack & Jones (2004), em empresas que buscam ser enxutas,
este custo passa a ser a lente para examinar cada etapa da cadeia de valor,
como por exemplo, o desenvolvimento do produto e registro de pedidos e
produção.
2.5.2.2 Fluxo de Valor = Cadeia de valor.
O fluxo de valor é, conforme Womack & Jones (2004), o conjunto de
todas as ações específicas necessárias para levar um produto específico
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(seja ele um bem ou um serviço, ou ainda uma combinação dos dois) a
passar pelas três tarefas gerenciais críticas em qualquer negócio: a) a tarefa
de desenvolvimento do produto, que vai da concepção até o lançamento do
produto, passando pelo projeto detalhado de engenharia e de marketing; b)
a tarefa de gerenciamento da informação, que vai do recebimento do pedido
até a entrega, seguindo um detalhado cronograma; e, c) a tarefa de
transformação física, que vai da matéria-prima ao produto acabado nas
mãos do cliente.
É a realização progressiva de tarefas ao longo da cadeia de valor
para que um produto passe da concepção ao lançamento, do pedido à
entrega e da matéria-prima às mãos do cliente.
A definição de Porter (1999) acerca de “fluxo de valor” está vinculada
ao modo como a empresa executa atividades individuais, sendo essas um
reflexo de sua história, da estratégia de suas próprias atividades. O que
compõe o fluxo de valor de uma empresa é a reunião de ações executadas
para projetar, produzir, comercializar, entregar e sustentar seu produto.
2.5.2.3 Fluxo.
Womack & Jones (2004) apresentam três etapas necessárias para se
colocar em prática as técnicas de fluxo. A primeira delas, uma vez definido o
valor e identificado o fluxo de valor, é focalizar o objeto real o projeto
específico e o próprio produto e jamais deixar que esse objeto se perca do
início à conclusão. A segunda etapa é ignorar as fronteiras tradicionais de
tarefas profissionais e funções na empresa para criar uma empresa enxuta,
eliminando todos os obstáculos ao fluxo contínuo do produto ou à família
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específica de produtos. A terceira etapa é repensar as práticas e
ferramentas de trabalho específicas, eliminando retro-fluxos de forma que a
fabricação do produto específico possa fluir continuamente.
O projeto de um novo produto não pode deixar de ser abordado
quando se fala em criar valor e criar fluxo de valor eliminando todas as
atividades que não criam valor e que podem ser dispensadas. De acordo
com Womack & Jones (2004), a abordagem enxuta cria equipes de produtos
realmente dedicadas, com todas as habilidades necessárias para conduzir a
especificação do valor, o projeto geral, a engenharia detalhada, as compras,
os equipamentos e o planejamento da produção, em curto período de tempo.
Com relação à produção, Womack & Jones (2004) afirmam que para
obter bens manufaturados para o fluxo, a empresa enxuta usa os conceitos
críticos do just-in-time e a programação em níveis (conforme a estrutura do
produto), transportando-os até a conclusão lógica, colocando os produtos
em fluxo contínuo sempre que possível.
Aspectos como capabilidade dos processos, o uso de dispositivos
poka-yoke, as aplicações de técnicas de Manutenção Produtiva Total (TPM)
combinadas com controles visuais são vitais para se atingir e garantir fluxo
contínuo sem interrupções.
Tais condições reforçam a idéia de continuidade, de sistema de
“produção puxada”, conforme referência ao just-in-time.
2.5.2.4 Produção “puxada”.
Produção “puxada” em termos simples significa que um processo
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inicial não deve produzir um bem ou um serviço sem que o cliente de um
processo posterior o solicite, embora a prática dessa regra seja um pouco
mais complexa. (WOMACK & JONES, 2004).
No princípio “produção puxada” presente na Manufatura Enxuta,
deve-se considerar o tipo de processo em questão e a viabilidade da
aplicação da produção “puxada”. A relação “volume x variedade” de itens a
serem produzido, as flutuações de demanda, os requisitos tecnológicos para
a produção de um bem ou serviços podem não viabilizar o uso da lógica da
produção “puxada”. (BORCHARDT, 2005).
Segundo Melo (2005), o conceito de planejar a produção de acordo
com uma previsão de venda, invariavelmente dá errado, gerando um maior
volume de estoques. “Deve-se jogar fora a projeção de vendas e
simplesmente fazer o que os clientes lhe dizem que precisam, deve-se
deixar que o cliente “puxe” o produto, quando necessário, em vez de
empurrar o produto”. (WOMACK & JONES, 2004).
2.5.2.5 Busca pela perfeição.
A busca pela perfeição pode ocorrer por meio de melhorias contínuas
incrementais, conhecidas como Kaizen, e por meio de melhorias radicais,
conhecidas como Kaikaku. Em ambos os casos, se destacam a necessidade
de formar uma visão do que seria perfeição e identificar que tipos de
desperdícios devem ser atacados primeiro. (BORCHARDT, 2005).
Na Manufatura Enxuta é dada preferência aos pequenos e constantes
incrementos de melhoria, pois estes são mais facilmente absorvidos e
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padronizados pelos colaboradores e em longo prazo produzem maiores
benefícios que as grandes e radicais melhorias. (CARRARO, 2005).
No melhoramento contínuo não é o tamanho de cada passo que é
importante, mas sim a probabilidade de que este melhoramento vai continuar
(ISHIKAWA, 1993).
Womack & Jones (2004) reforçam, como ponto fundamental para o
sucesso da busca pela perfeição, a transparência em tudo. O
desdobramento da política deve operar como um processo aberto, destinado
a alinhar pessoas e recursos com tarefas de melhorias. Para a adoção do
processo de melhoria contínua, é necessário treinar e envolver todos os
colaboradores neste processo, pois nesta cultura o uso de ferramentas de
identificação, análise e solução de problemas é fundamental.
Nesse sentido, as colocações de Womack & Jones (2004) sugerem
que, inicialmente, o grupo de melhoria do processo trabalhará de cima para
baixo, demonstrando diretamente uma melhor forma de fazer as coisas, pois
a necessidade mais urgente é mudar a forma de pensar de seus
funcionários. Entretanto, o grupo de melhoria do processo deverá se
concentrar em transformar cada gerente de linha em agente de mudanças e
cada funcionário em um engenheiro de processo pró-ativo. Um aparente
paradoxo do pensamento enxuto é que as idéias em si são
extraordinariamente anti-hierárquicas e pró-democráticas, mas fazer com
que a massa crítica de funcionários modifique sua forma tradicional de
pensar exige uma liderança firme, na medida em que estes são solicitados a
experimentar coisas que parecem fora de propósito. (BORCHARDT, 2005).
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2.6 Considerações sobre Paradigma Estratégico de Gestão da
Manufatura (PEGEM), conforme Godinho (2004).
Interessa no processo de revisão bibliográfica realizar uma breve
análise do conceito desenvolvido por Godinho (2004), denominado
“paradigma estratégico de gestão da manufatura” para um melhor
entendimento de algumas características das estratégias de manufatura.
Segundo Godinho (2004), “Paradigmas Estratégicos de Gestão de
Manufatura (PEGEM), são modelos/padrões estratégicos e integrados de
gestão, direcionados a certas situações do mercado, que se propõem a
auxiliar as empresas a alcançarem determinado(s) objetivo(s) de
desempenho (daí o nome estratégico); paradigmas estes compostos de uma
série de princípios e capacitadores (daí a denominação gestão) que
possibilitam que a empresa, a partir de sua função manufatura (daí a
denominação manufatura), atinja mais objetivos, aumentando desta forma
seu poder competitivo.”
Esta conceituação definida por Godinho (2004), apresenta quatro (4)
elementos-chave, que representam os pilares de um PEGEM. Tais
elementos são os seguintes:
a) Os direcionadores: são as condições do mercado que
possibilitam ou requerem ou facilitam a implantação de
determinado PEGEM;
b) Os objetivos de desempenho da produção: são os objetivos
estratégicos da produção relacionados com o paradigma.
Cada PEGEM está relacionada a determinados objetivos de
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desempenho da produção;
c) Os princípios: são as regras, ou fundamentos/ensinamentos
que norteiam a empresa na adoção de um PEGEM. Os
princípios representam o “o que” deve ser feito para se
atingir os objetivos de desempenho da produção;
d) Os capacitadores: são as ferramentas, tecnologias e
metodologias que devem ser implementadas. Os
capacitadores representam o “como” seguir os princípios,
alcançando-se desta forma excelentes resultados com
relação aos objetivos de desempenho da produção.
Godinho (2004) classifica como PEGEM os seguintes padrões
produtivos: Manufatura em Massa Atual; Manufatura Responsiva;
Customização em Massa; Manufatura Ágil e Manufatura Enxuta, sendo que
esta última foi adequadamente analisada neste Capítulo.
Apresenta-se neste item uma breve descrição de cada um destes
PEGEMs, sempre conforme conceituação elaborada por Godinho (2004).
Manufatura em Massa Atual apresenta como princípios os seguintes
aspectos, alta especialização do trabalho; o foco em clientes sensíveis aos
baixos preços; a padronização do produto, onde alguma diferenciação seja
possível; e objetivamente o foco na alta produtividade (eficiência
operacional). Seus capacitadores são: a economia de escala; o uso intensivo
de máquinas especializadas; ambientes de produção em massa; roteiros
estritamente fixos e inflexíveis; amplo conhecimento e aplicação prática da
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literatura sobre Manufatura em Massa. Seu objetivo de desempenho
ganhador de pedido tem relação com a Produtividade.
Manufatura Responsiva apresenta como princípios fornecer aos
clientes ampla diversidade de produtos; a escolha do consumo de tempo
como parâmetro crucial; direcionamento da empresa para os clientes mais
atraentes e sensíveis ao tempo; estabelecer o ritmo de inovação do setor
industrial; sistema integrado de trabalho em toda a cadeia e estruturado para
a eliminação de tempos desnecessários; sincronização da programação da
produção e das capacidades na cadeia de suprimentos; utilizar Sistemas de
Coordenação de Ordens de Produção e Compra (SICOPROCs) responsivos;
escolher sistemas de programação com capacidade finita para
complementar SICOPROC. Como capacitadores apresenta a utilização de
medidas de desempenho baseadas no tempo; existência de uma rede de
fornecedores confiável; tecnologias e sistemas de informação voltados para
melhoria da integração interna e melhorias da eficiência no quesito tempo;
capacitadores voltados à redução do tempo de desenvolvimento de novos
produtos; sistemas de produção na maioria das vezes semi-repetitivos;
SICROPOCs responsivos; sistema de programação da produção com
capacidade finita; sistema de classificação e metodologia para a escolha de
sistemas de programação da produção. “Responsividade” é o seu objetivo
de desempenho ganhador de pedido.
Customização em Massa tem como princípios a serem considerados:
atender a demanda fragmentada para diferentes gostos e necessidades;
redução no ciclo de desenvolvimento do produto e também no ciclo de vida
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dos produtos; cadeia de suprimentos preparada para a customização em
massa; participação do cliente ao longo das etapas do ciclo de vida dos
produtos. Como capacitadores apresenta gestão da cadeia de suprimentos
integrada para a customização em massa; tecnologias e sistemas de
informação voltada para o estabelecimento de contato entre cliente e a
empresa visando estabelecer grau de customabilidade; economias de
escopo; área de projeto voltada para customização; SICROPROCs
direcionados à customização. Seu objetivo de desempenho ganhador de
pedido está relacionado com a “Customabilidade”.
Manufatura Ágil tem como princípios, a cooperação interna e externa
para o aumento da competitividade; estratégia baseada no valor, a qual
enriqueça o cliente; domínio das mudanças e incerteza; alavancar o impacto
das pessoas e da informação; redução dos ciclos de vida dos processos e
da empresa. Seus capacitadores são empresas virtual/manufatura virtual;
integração da cadeia de suprimentos voltada para a formação de parcerias
virtuais; gestão baseada em competências chave; gestão baseada na
incerteza e na mudança; gestão baseada no conhecimento; tecnologia e
sistemas de informação voltados para a integração entre empresas visando
parcerias; SICROPROCs voltados especificamente à Manufatura Ágil. Seu
objetivo de desempenho ganhador de pedido está relacionado à Agilidade.
2.7 Considerações Complementares.
No presente capítulo efetuou-se revisão da literatura acerca das reais
condições presentes no setor de fabricação de produtos alimentícios, e dos
principais conceitos sobre estratégias competitivas, fatores de
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competitividade e cadeia de valor, bem como uma revisão teórica de ME.
Fica claro no que foi até aqui apresentado que o setor alimentício
brasileiro tem pela frente uma intensiva concorrência que precisa ser
superada para obter crescimento de mercado e para isso precisam adotar
estratégias voltadas à competitividade, definindo ações que proporcionem
vantagens competitivas.
No que diz respeito à competitividade é importante que as empresas
pertencentes a este setor estejam atentas às mudanças que ocorrem no
ambiente, uma vez que, segundo Porter (1989), a competição vive em
constante estado de mudança, e não busca o equilíbrio. A competitividade
depende de diversos fatores como qualidade, flexibilidade, conteúdo
tecnológico, recursos humanos etc., assim, é importante que as empresas
procurem estar sempre atualizadas, nesses atributos.
Referente ao termo estratégia, observou-se que existem definições
que são quase sempre complementares entre si.
As empresas, considerando suas diferenças culturais, adotam
estratégias que estão de acordo com sua cultura e com o ambiente em que
se encontram inseridas. E esta é uma condição presente em nosso país no
setor em estudo, uma vez que grande parte das empresas presentes neste
setor tem origens em estruturas familiares, e seguem estratégias
relacionadas com a cultura de seus líderes, seus funcionários mais
experientes e com o mercado em que estão inseridas.
Os fatores de competitividade são instrumentos eficazes para a
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análise e avaliação das empresas. As estratégias empresariais tendo
sucesso ou não, seguem padrões específicos de competitividade de acordo
com cada setor, pois a competitividade de uma empresa está relacionada ao
padrão de concorrência vigente em seu mercado de atuação.
Portanto, a vantagem competitiva implica em ser capaz de atingir
melhores níveis de desempenho que a concorrência, balizando-se em
Qualidade, Velocidade, Confiabilidade, Flexibilidade e Custos, que são
objetivos de desempenho presentes nas diretrizes da estratégia de gestão
denominada Manufatura Enxuta.
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CAPÍTULO 3: ELEMENTOS PARA ESTRUTURAÇÃO DO MODELO DE
PESQUISA.
Este Capítulo irá tratar de considerações sobre a indústria de
alimentação, e sobre estratégias de manufatura que permitirão estruturar um
modelo para avaliar estratégias aplicáveis em gestão de Manufatura Enxuta,
e que será aplicada em um estudo de caso para avaliação e análise dos
resultados intrínsecos a vantagem competitiva.
3.1 Considerações sobre a elaboração deste trabalho.
Os critérios para o desenvolvimento deste trabalho se estruturam no
Capítulo 2, onde são apresentadas algumas considerações sobre a
vantagem competitiva no setor alimentício e sobre os conceitos e princípios
presentes na Manufatura Enxuta (ME) e respectivos objetivos de
desempenho. Neste capítulo também serão inseridos aspectos fundamentais
para a indústria alimentícia, como a questão da Segurança Alimentar, e a
Legislação aplicada ao setor, que pressionam fortemente o mercado no
sentido de garantir qualidade ao mercado consumidor.
Após pesquisa, em literatura referenciada ao final deste trabalho, foi
possível verificar algumas propostas de estudos/pesquisas com o objetivo de
contribuir para a implantação dos princípios relacionados à Manufatura
Enxuta, avaliando as questões de Vantagem Competitiva aliada a este
modelo de gestão para vários tipos de indústrias. No entanto, não foram
encontrados relatos de casos que apresentassem um conjunto de ações
práticas, próprias da ME, desenvolvidas para indústrias do setor alimentício,
as quais reconhecidamente sofrem forte pressão para se manterem
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competitivas, dado o cenário de intensa concorrência, o que gradativamente
pode impor a perda de competitividade e rentabilidade para o setor.
Em função deste atual contexto é que surgiu a idéia proposta neste
trabalho, ou seja, analisar os conceitos de vantagem competitiva em uma
indústria de manufatura de produto alimentício, através da aplicação dos
princípios e práticas (ferramentas) presentes na Manufatura Enxuta.
3.2 Estruturação da Pesquisa.
Em função do objetivo geral deste trabalho esta pesquisa pretende
responder um conjunto de questões que estejam relacionadas diretamente
com os conceitos que estruturam a metodologia da estratégia de gestão
denominada Manufatura Enxuta.
Por se tratar de uma pesquisa baseada em entrevistas em uma
empresa do setor alimentício, e em se tratando de um estudo de caso, Yin
(2001), indica ao pesquisador algumas qualidades desejáveis para conduzir
as entrevistas de modo apropriado: determinar perguntas estruturadas e
organizadas; registrar as respostas; ser adaptável e flexível para perceber
oportunidades em situações que se apresentam inesperadas; ter clara noção
das questões que estão sendo estudadas; ser impessoal em relação a
noções preconcebidas estando atento a provas contraditórias.
3.2.1 Análise dos Dados do Estudo de Caso.
A análise das evidências de um estudo de caso, segundo Yin (2001),
é um dos aspectos menos explorados e mais complicados em estudo de
caso. Diferentemente da análise estatística, há poucas fórmulas ou receitas
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fixas para orientar o pesquisador. A análise dos dados depende muito do
próprio estilo de pensar do pesquisador, juntamente com a apresentação
suficiente de evidências e a análise cuidadosa de interpretações alternativas.
Segundo Yin (2001), uma vez estabelecida uma estratégia geral,
podem ser utilizadas várias estratégicas analíticas específicas. Estas podem
ser: a estratégia de utilizar a lógica de adequação ao padrão, a estratégia de
construir uma explanação sobre o caso, e a estratégia de conduzir uma
análise de séries temporais ou a estratégia de uso de modelos lógicos de
programa.
Para este trabalho, considerando a estratégia analítica, utilizou-se a
técnica de construção de uma explanação sobre os dados pesquisados.
3.3 Considerações sobre o Método de Trabalho.
A fim de consolidar os objetivos propostos neste trabalho os passos
necessários para atingi-los, são os descritos a seguir:
Passo 1) pesquisa bibliográfica: consistirá na leitura e na análise de
dados obtidos em pesquisa bibliográfica em publicações nacionais e
internacionais, buscando fundamentação teórica relacionada aos
princípios de Manufatura Enxuta, parâmetros de Competitividade,
conceitos de Estratégias voltadas à Competitividade, e aspectos gerais
presentes em indústrias do setor de alimentação;
Passo 2) desenvolvimento do referencial teórico: com base na pesquisa
bibliográfica, considerando os dados analisados, será elaborado o
referencial teórico necessário para a estruturação deste trabalho;
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Passo 3) estruturação e desenvolvimento do modelo de pesquisa para
aplicação: através do referencial teórico será desenvolvido um modelo de
verificação de dados abordando os aspectos pertinentes ao trabalho;
Passo 4) aplicação do modelo de pesquisa: as entrevistas serão
efetuadas com pessoas que possuem conhecimento adequado da
estrutura técnica, administrativa, operacional, da empresa analisada,
contando com a presença do pesquisador em cada uma das etapas;
Passo 5) consolidação das informações: as informações obtidas através
da aplicação do modelo de pesquisa serão organizadas de modo a
permitir uma visualização adequada dos resultados verificados;
Passo 6) análise dos resultados verificados: os resultados serão
analisados conforme os aspectos propostos na estrutura do modelo de
pesquisa com o objetivo de identificar o nível de desempenho de cada
aspecto pesquisado;
Passo 7) construção da explanação: trata-se da etapa de formalização
documental do estudo de caso, visando o registro de cunho acadêmico
dos resultados, bem como o registro organizacional das medidas
observadas.
Passo 8) conclusão: explanação documentada das considerações
conclusivas sobre a pesquisa.
3.4 Desenvolvimento de Conceitos de Manufatura Enxuta para
Estruturação de um modelo de pesquisa.
Este item apresenta o desenvolvimento de aspectos importantes
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presentes nos conceitos de ME que irão auxiliar na estruturação do modelo
de pesquisa que permitirá coletar dados para dar resposta ao objetivo
formulado neste trabalho, para isso será feita uma abordagem considerando
suas bases teóricas, estrutura e forma de organização das questões e das
respostas, o método de análise e avaliação dos resultados, e que será
utilizado para o levantamento das informações do estudo de caso.
O instrumento (modelo de pesquisa) a ser utilizado visa avaliar o nível
de desempenho da organização em função da importância que a mesma
atribui a cada capacitador prático e conceito teórico relacionado à
Manufatura Enxuta. O nível de desempenho será identificado em função da
aplicação atual dos princípios de ME na organização em relação a cada
termo conceitual e seus possíveis desdobramentos.
3.4.1 Elementos de Análise segundo os princípios de ME.
Os princípios da Manufatura Enxuta, propostos por Womack & Jones
(2004) não necessitam de adaptações para que sejam aplicados na empresa
do setor alimentícios em estudo, já que dadas suas características de
manufatura o modelo de pesquisa a ser desenvolvido enseja apropriado a
este trabalho.
O termo teórico “Manufatura Enxuta”, conforme descrito no Capitulo 2
foi desdobrado em cinco (05) elementos, coerentes com os princípios da
Mentalidade Enxuta. São estes: “valor”, “fluxo de valor”; “fluxo”, “produção
puxada”, e “busca pela perfeição”, que estabelecem a estrutura básica da
cultura da Manufatura Enxuta.
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Esta cultura, também chamada de Mentalidade Enxuta, apresenta-se
norteada por sete princípios chaves, os quais são aqui descritos conforme
observado em artigo elaborado por Melo & Sacomano (2004):
1) Identificação das características que criam valor significa
que o estabelecimento das características que criam valor
deve ser feito pelo cliente final. O primeiro passo na cultura
de ME é especificar o valor com precisão, e este é expresso
pela forma como o produto atende as necessidades e
expectativas do cliente, por certo preço em um determinado
período;
2) Identificação da cadeia de valor a seqüência de atividades
desenvolvidas na produção de um determinado produto é
chamada de cadeia (fluxo) de valor.
3) Fazer com que as etapas fluam desde que exista o
mapeamento da cadeia de valor, e tenham sido eliminadas
as atividades que geram desperdícios, a fase seguinte é
fazer com que a atividades fluam. O fluxo é o movimento
contínuo do produto/serviço, por meio do sistema, até o
cliente. Um dos problemas do fluxo é o processamento de
lotes e o transporte, que aumentam o lead time entre o
pedido do cliente e a entrega do produto e a execução do
serviço.
4) Produção puxada nada se produz até que o cliente seja
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ele interno ou externo, solicite determinado item ou produto.
O pedido do cliente é transformado em uma ordem de
fabricação que é emitida para o último estágio do processo
produtivo e este, por sua vez, solicita na etapa anterior os
itens que lhes são necessários. Aqui duas regras básicas
devem ser seguidas, as quais seriam: o processo
precedente (fornecedor) deve produzir somente na
quantidade requisitada pelo processo subseqüente; e o
processo subseqüente (cliente) deve retirar do processo
precedente (fornecedor) os itens na quantidade e no tempo
requeridos. (MELO & SACOMANO, 2004)
5) Aperfeiçoamento contínuo de todas as atividades da
empresa na busca de excelência desenvolvidas e
superadas as etapas anteriores, haverá a percepção dos
envolvidos de que o processo de redução de custos, tempo,
espaço e eliminação de desperdícios podem ser melhorados
continuamente. Nota-se ainda, que a qualidade é
melhorada, uma vez que a simplificação do processo resulta
na redução da variabilidade presente no mesmo.
6) Educação e treinamento dos empregados para o trabalho
em equipe educar, conscientizando os empregados para a
importância do autodesenvolvimento, e treiná-los para
qualificá-los diante da necessária renovação dos processos
que envelhecem a uma velocidade sempre crescente.
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7) Identificação e eliminação de desperdícios qualquer
atividade que absorve recursos e não cria valor é
considerada como desperdício. Ao se buscar a eliminação
total do desperdício, deve se ter em mente que o aumento
da eficiência só se justifica quando está associado à
redução de custos. Para que se conheça o desperdício é
necessário entender sua natureza, e que podemos
classificar segundo as seguintes categorias:
a) Superprodução a produção não é vendida, gerando um
estoque desnecessário, que irá causar impacto no
resultado, uma vez que incorre em custos de estocagem;
b) Espera ocorre, geralmente, pela falta de insumos, quebra
ou falha de máquinas, falta de pedidos de clientes, entre
outras que causam a espera, o que obviamente não agrega
valor ao produto;
c) Transporte interno o transporte interno eleva o custo para
a empresa, pois adiciona tempo e energia no processo, mas
não adiciona valor aos produtos;
d) Estoque estoque em excesso é o maior dos desperdícios,
pois consome espaço, demanda movimentação dentro da
fábrica, implica no alto risco de danificar material e gera
custo de manutenção do capital;
e) Movimentação todas as atividades realizadas requerem
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63
tempo, e quanto mais movimentações ou atividades forem
desnecessariamente realizadas, mais custos serão
gerados, em virtude de desperdícios que poderão ocorrer;
f) Produtos ou serviços desnecessários em um produto ou
serviço defeituoso pode haver mais desperdício do que a
simples perda do produto ou serviço, pois os processos
subseqüentes podem sofrer como exemplo, uma parada de
linha, ou um re-trabalho caso o defeito seja recuperável,
implicando diretamente no aumento dos custos.
Considerando, até aqui, os termos teóricos citados, é possível
apresentar de forma clara e resumida os “capacitadores” da Manufatura
Enxuta, conforme Godinho (2004), para que seja possível o entendimento do
papel destes “capacitadores” nos conceitos de ME e, também seja possível
estruturar um modelo de pesquisa fundamentado nestes termos e conceitos.
a) Mapeamento do Fluxo de Valor: segundo Rother & Shook
(1998) “... mapear o fluxo de valor de um produto é seguir a
trilha da produção de um produto, desde o consumidor até o
fornecedor, e cuidadosamente desenhar uma representação
visual de cada processo no fluxo de material e informação.
Então, deve-se formular um conjunto de questões chave e
desenhar um mapa relativo ao “estado futuro” de como o
processo deverá fluir. Fazer isso, repetidas vezes, é o
caminho mais simples para que se possa enxergar o valor, e
especialmente, as fontes do desperdício.” Segundo Godinho
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64
(2004), “esta ferramenta é vital para a Manufatura Enxuta”.
b) Melhor relação com os fornecedores: a ME defende uma
abordagem cooperativa com os fornecedores da cadeia,
visando eliminar desperdícios. Segundo Godinho (2004,
apud PANIZOLLO, 1998) identificou-se que a gestão de
relacionamentos externos é crítica para a implantação dos
princípios enxutos na cadeia de valor. (GODINHO, 2004).
c) Recebimento Just in Time: conforme Godinho (2004),
teoricamente este capacitador está diretamente relacionado
com a chegada de produtos/matéria prima na empresa
justamente no momento necessário para a produção. Na
prática isto é difícil de ser seguido para toda linha de
produtos.
d) Tecnologia de grupo / Lay out celular com padrão de
fluxo job shop: a aplicação de lay out é uma forma de
simplificar o fluxo de produção. A Manufatura Enxuta,
trabalhando em ambientes de produção em massa e
repetitivos, utiliza o lay out celular, preferencialmente com
padrão de fluxo job shop. (GODINHO, 2004). O resultado
esperado na adequada aplicação do lay out é, segundo Melo
(2005), o ganho de maior velocidade no fluxo produtivo e
redução de custos pela eliminação de estoques
intermediários e desperdícios de movimentação
desnecessária.
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65
e) Trabalho em fluxo contínuo / Redução do tamanho do
lote: na Manufatura Enxuta o tamanho do lote ideal é de
apenas uma unidade (o que quase sempre é irreal na
prática). Diante disso busca-se minimizar ao máximo os
tamanhos de lote, com o objetivo de minimizar estoques em
processo, obter ganhos de qualidade e auxiliar na obtenção
da diferenciação dos produtos. (GODINHO, 2004).
f) Trabalho de acordo com o takt time: Takt time, segundo
Godinho (2004), é o tempo que sincroniza precisamente a
velocidade da demanda. Portanto, na Manufatura Enxuta o
cálculo das taxas de produção deve ser feito em função da
taxa de demanda.
g) Utilização do sistema kanban: na impossibilidade de se
trabalhar com fluxo contínuo entre as estações de trabalho,
o sistema kanban deve ser utilizado como forma de “puxar” a
produção, produzindo somente o que for necessário.
(GODINHO, 2004). Russomano (2000), afirma que o sistema
kanban é o sistema de movimentação de ordens de
fabricação e materiais do sistema Just in Time (JIT) de
produção, executada através do uso de cartões pré-
impressos. Neste sistema a fabricação de uma nova
quantidade é ditada pelo consumo das peças/matéria-prima,
realizadas pelo setor seguinte e, por isso, denominada
“produção puxada”. (MELO, 2005). A ferramenta kanban
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proporciona a redução do tempo de espera, diminui o
estoque, melhora a produtividade, e interliga as operações
de um processo produtivo em um fluxo uniforme ininterrupto.
Tem como objetivo a conversão de matéria-prima em
produtos acabados, com tempos de espera iguais aos
tempos de processamento, eliminando todo o tempo em fila
do material e todo estoque ocioso. O objetivo uma vez
atendido proporcionará à empresa uma maior flexibilidade
de programação e um efetivo controle visual, em tempo real,
da situação de demanda e estoque de cada área/célula e de
cada material ou produto.
h) Manutenção Produtiva Total (TPM): a manutenção
produtiva total é outra ferramenta da Manufatura Enxuta
relacionada ao Controle da Qualidade, uma vez que a TPM
visa eliminar a variabilidade do processo causada pelas
quebras não planejadas de máquinas. (GODINHO, 2004).
i) Baixos tempos de set up (Troca rápida de ferramentas):
Os tempos de preparação são vistos como desperdícios e,
portanto devem ser combatidos. Este capacitador é um dos
pilares da Manufatura Enxuta desde seus primórdios.
(GODINHO, 2004). Set up é universalmente entendido como
o tempo gasto entre a produção da última peça ou produto
de um lote e a produção da primeira peça ou produto
BOA/BOM do próximo lote a ser produzido.
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j) Aplicação de Kaizen: este capacitador, segundo Godinho
(2004), está relacionado à idéia de que a perfeição será
alcançada pela melhoria contínua, formada por infinitas
etapas de mudanças. Kaizen, que significa “modificar para
melhor” é uma metodologia de trabalho que busca incentivar
melhorias constantes e incrementais. Sua aplicação
normalmente acontece através de eventos que objetivam
atender as metas definidas. Tais metas são estabelecidas a
partir da identificação de necessidades no processo ou no
produto que podem ser, por exemplo, a melhoria da
qualidade, ou o aumento da produtividade de uma
área/célula, ou redução do número de defeitos, ou redução
de re-trabalho, ou redução do tempo de set up, etc. (MELO,
2005). Neste processo de contínua busca da perfeição,
alguns métodos para se alcançar a melhoria podem ser
utilizados, tais como: caixas de sugestões de empregados e
círculos de qualidade (discussões sobre como problemas
podem ser resolvidos). (GODINHO, 2004).
k) Ferramentas de Controle de Qualidade / Zero defeito:
métodos de controle de qualidade são de extrema
importância para a Manufatura Enxuta, como, por exemplo,
a utilização de Controle Estatístico de Processo (CEP),
diagrama de causa e efeito, dentre outros métodos que
muitas vezes podem estar incorporados dentro de um
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programa seis sigma. Na ME busca-se a qualidade six
sigma, com nível de defeitos zero - 3,4 defeitos por milhão.
(GODINHO, 2004).
l) Ferramentas Poka Yoke: Poka Yoke significa à prova de
erros. Este capacitador tem por objetivo prevenir a
ocorrência de erros no produto e também a passagem de
eventuais erros para as etapas seguintes do processo. Isto
pode ser feito, por exemplo, no processo produtivo com a
instalação de dispositivos para a identificação de defeitos ou
mesmo durante a fase do projeto. (GODINHO, 2004).
m) Aplicação de 5S: é um capacitador de significativa
importância na ME. Proporciona benefícios de ordem técnica
e financeira devido à melhoria dos resultados operacionais
que este capacitador promove, bem como proporciona uma
significativa melhoria na cultura organizacional quanto ao
comportamento das pessoas. O 5S encontra-se estruturado
pelos seguintes SENSOS: 1
o
.S - Senso de Utilização:
refere-se a analise criteriosa do que é necessário para a as
atividades executadas e o que não é necessário; 2
o
.S -
Senso de Organização: estabelece que haja um lugar para
tudo e que tudo deve estar em seu devido lugar; 3
o
.S -
Senso de Limpeza: estabelece a necessidade de limpar e
de buscar maneiras de manter limpo; 4
o
.S - Senso de
Higiene: determina que os padrões definidos devem ser
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compartilhados sendo informados de forma prática e de fácil
entendimento e aplicação; 5
o
.S - Senso de Autodisciplina:
refere-se à obediência aos padrões estabelecidos e a
constante manutenção dos 4S anteriores.
n) Empowerment: é um capacitador relacionado com a idéia
de delegar decisões para as pessoas que estão mais
próximas do problema”, segundo Henderson & Larco (2000).
Segundo Slack et al (1999), empowerment significa “dar ao
pessoal a autoridade para fazer mudanças no trabalho em
si, assim como na forma como ele é desempenhado”.
o) Trabalhos em equipes: é um capacitador importante para a
Manufatura Enxuta, sendo que no chão de fábrica esta
estrutura de trabalho é facilitada pela aplicação do lay out
celular, segundo Henderson & Larco (2000).
p) Trabalhador multi-habilitado com rodízio de funções:
dentro de uma equipe de trabalho todos os trabalhadores
devem ser treinados em várias funções para que haja inter-
cambiabilidade de funções. (GODINHO, 2004).
q) Comprometimento dos trabalhadores e da alta gerência:
o envolvimento e comprometimento de todos da empresa,
inclusive da alta gerência, é um capacitador fundamental
para a Manufatura Enxuta. (GODINHO, 2004).
r) Utilização de gráficos de controle visuais/medidas de
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performance: de acordo com Henderson & Larco (2000)
devem ser empregados gráficos visuais como medidas de
performance: de entrega, de qualidade, de custos, de
manutenção, dentre outros; assim o empregado poderá
saber como está sua performance e o da empresa.
(GODINHO, 2004).
s) Aplicação do ciclo PDCA: embora não seja um capacitador
imediato da Manufatura Enxuta, a adoção do “ciclo PDCA”,
conforme apresentado na Norma ISO 9001, contendo as
seguintes definições: Plan (P), estabelecer os objetivos e
processos necessários para fornecer resultados de acordo
com os requisitos e políticas da organização; Do (D),
implementar os processos; Check (C), monitorar e medir os
processos e produtos em relação às políticas, aos objetivos
e requisitos para os produtos, e relatar os resultados; Act
(A), executar ações para promover continuamente a
melhoria do desempenho. Trata-se de um capacitador que
cria valor à Gestão de Manufatura Enxuta.
3.5 Dados significativos no processo de desenvolvimento e fabricação
de alimentos.
Serão apresentados alguns aspectos referentes à Segurança
Alimentar e o controle da Legislação na Indústria Alimentícia, conforme
Mendez (2004), como elementos formadores de dados para estruturação do
modelo de pesquisa e que deverá acrescentar informações para que seja
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possível esclarecer as conclusões acerca da vantagem competitiva no setor
alimentício.
3.5.1 Dados sobre Segurança Alimentar, conforme Mendez (2004).
Segurança em alimentos é um tema na gestão de desenvolvimento
de produtos que tem crescido em importância juntamente aos novos
processos de industrialização e às novas tendências de comportamento do
consumidor. Possui o caráter qualitativo, ou seja, proporciona a garantia de
que o consumidor irá adquirir alimento com atributos de qualidade que sejam
do seu interesse, destacando-se dentro deste caráter os atributos ligados à
sua saúde e segurança. (MENDEZ, 2004).
Através de portarias específicas o governo federal (Ministérios da
Saúde e Agricultura) instituiu a prática obrigatória de programas de Boas
Práticas de Fabricação (BPF) e Análise de Perigos e Pontos Críticos de
Controle (APPCC), estabelecendo roteiro e ferramentas adequadas para
inspeção do setor.
Cabe ressaltar que, por recomendação do Codex Alimentarius,
inúmeros setores produtivos presentes na indústria alimentícia e que
mantêm atividades exportadoras tem sido requisitados pelos órgãos
legisladores de vários países a apresentar seus programas de Boas Práticas
de Fabricação a fim de garantir o livre trânsito de produtos e serviços com
compatíveis critérios de qualidade.
O Código Internacional de Práticas Recomendadas pelo Codex
Alimentarius abrange a aplicação de procedimentos gerais de higiene na
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72
manipulação de alimentos, incluindo cultivo, colheita, preparação,
fabricação, embalagem, armazenamento, transporte, distribuição e comércio
de alimentos para consumo. (MENDEZ, 2004).
O Codex Alimentarius dentro de sua abrangência considera, ainda, a
questão da “Rastreabilidade”, que é definida como a habilidade de seguir o
movimento dos alimentos através de um estágio específico da produção,
transformação e distribuição.
Para entendimento da importância do Codex Alimentarius no atual
cenário das indústrias de alimentos no país, apresenta-se aqui um breve
histórico e a estrutura deste Codex no Brasil. Na década de 80, através das
Resoluções 01/80 e 07/88 do Conmetro foi criado o Comitê do Codex
Alimentarius do Brasil (CCAB) que tem como principais finalidades a
participação, em representação do País, nos Comitês internacionais do
Codex Alimentarius e a defesa dos interesses nacionais, bem como a
utilização das Normas Codex como referência para a elaboração e
atualização da legislação e regulamentação nacional de alimentos.
O CCAB, visando representar todos os segmentos da área de
alimentos, é composto por 12 membros de órgãos do governo, das
indústrias e de órgãos de defesa do consumidor, a saber: Inmetro, MRE,
MS, MAPA, MCT, MJ/DPC, MDIC/SECEX, ABIA, ABNT, CNI, CNA, CNC e
IDEC. O Comitê possui uma estrutura de Grupos Técnicos para
acompanhamento de cada Comitê Codex que são coordenados pelos
membros do CCAB e abertos à participação da sociedade.
Dando continuidade à questão da Rastreabilidade, um aspecto de
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73
fundamental importância no tocante a qualidade, podemos ainda citar sua
definição segundo Regulamento Europeu 178/2002 - artigo 3
o
:
“Rastreabilidade é a possibilidade de achar e seguir o rastro através dos
estágios da produção, transformação e distribuição, de um alimento, grão,
um animal destinado para a produção de alimento ou qualquer substância
que possa ser incluída dentro de um alimento ou grãos ou com a
possibilidade de vir a ser no futuro”.
Desta forma é possível compreender que “rastreabilidade” trata-se de
uma série de ações de cunho técnico, estabelecidas por medidas e
procedimentos específicos, que visam garantir o conhecimento do histórico
do produto, desde seu nascimento até o fim da cadeia comercial, passando
por todos os processos intermediários de produção. Assim, fica fácil notar
que rastreabilidade não pode ser confundida como garantia para alimento
seguro. Trata-se, isto sim, de uma parte complementar de um Sistema de
Gestão adotado por uma empresa, e não necessariamente a solução os
incidentes que envolvem segurança alimentar. (HOLMO, 2006).
A maneira mais adequada de minimizar os riscos de incidentes na
indústria de alimentos é a eficiente aplicação de Boas Práticas de
Fabricação (BPF) e da Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle
(APPCC), no processo industrial.
3.5.1.a Considerações sobre “BPF” e “APPCC”.
O programa APPCC é um processo voltado à aplicação de
metodologia técnica e científica de prevenção de riscos com a finalidade de
garantir a inocuidade dos processos de produção, manipulação, transporte,
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distribuição e consumo dos alimentos. Este processo pretende cobrir todos
os tipos de fatores de risco ou perigos potenciais capazes de afetar a
segurança biológica, química e física do alimento. O programa prevê, dentre
os vários itens de verificação, uma minuciosa avaliação técnica dos produtos
e dos processos, com o objetivo de detectar pontos onde é possível a
contaminação, e conseqüentemente a aplicação de medidas de controle de
modo a garantir a qualidade dos produtos (alimentos).
A efetivação das Boas Práticas de Fabricação tem por objetivo o
incentivo às indústrias no sentido de que busquem a melhoria da qualidade
dos produtos ofertados ao consumidor, bem como o aumento da
confiabilidade e da segurança destes, possibilitando que demonstrem
publicamente o comprometimento para com o cumprimento das normas
legais. Um programa de Boas Práticas de Fabricação contém os seguintes
aspectos:
a) Matérias primas;
b) Edificações e Instalações;
c) Equipamentos e utensílios;
d) Higienização e Higiene pessoal;
e) Fabricação;
f) Identificação, armazenamento, transporte, tanto para
ingredientes, quanto para insumos e produto acabado;
g) Controle de Pragas;
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h) Rastreabilidade;
i) Controle de Qualidade e Garantia.
O programa BPF estabelece, portanto, requisitos essenciais de
higiene e de boas práticas de elaboração para alimentos industrializados
voltados ao consumo humano. Tal programa estabelece práticas que
introduz mudanças nos métodos de produção, atingindo aspectos que
envolvem o projeto, a aplicação e o uso de equipamentos, edifícios e
instalações. Implica ainda em mudanças comportamentais de pessoas
envolvidas desde o processo produtivo até a distribuição dos alimentos,
além de alterações importantes no sistema de gestão, uma vez que
estabelece a prática de inspeções rotineiras e registros de controle
sistêmicos e documentados. Portanto, a metodologia estabelecida em um
programa de BPF procura organizar, sistematizar e documentar sua
aplicação, visando controlar as principais fontes e possibilidades de
contaminação.
A implantação de um programa de BPF, de maneira geral,
compreende: normas para projeto de construção, ampliação e instalação de
máquinas e equipamentos; manutenção, higiene e limpeza programada de
equipamentos e instalações; procedimentos padronizados, documentados e
praticados de operação sob condições sanitárias; uma estrutura
especializada para o controle de qualidade; treinamentos específicos para
todos os níveis, passando por gerentes e membros da operação,
manutenção e de distribuição, inclusive terceiros; e ajuste das ações
previstas na metodologia ao sistema de garantia de qualidade da empresa.
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As metas presentes em um programa BPF são as seguintes:
a) garantir a prevenção;
b) garantir que não haja contaminação, ou seja, evitar a presença de
substâncias, ou de qualquer outro agente estranho de origem
física, química ou biológica que seja nocivo ou não para a saúde
humana;
c) garantir que não haja condições para a multiplicação de
microorganismos e também a formação de toxinas;
d) garantir a rastreabilidade no mínimo uma etapa à frente e outra
etapa atrás, tanto no processo quanto na distribuição do produto;
e) garantir efetivo controle junto ao processo, em todas as etapas de
produção, visando reduzir erros e perdas, e conseqüentemente
diminuindo custos de não conformidades.
Assim, convém que um programa BPF apresente registros em cada um de
seus aspectos, a fim de demonstrar a existência do controle sobre o sistema
e a rastreabilidade sobre os produtos.
Enquanto um programa de BPF busca a eliminação genérica das
fontes de contaminação de produtos alimentícios e ainda cria bases para o
desenvolvimento satisfatório do programa de APPCC, este foca
objetivamente os perigos específicos de cada produto bem como os
presentes na linha de produção. Assim, é cabível afirmar que o programa de
BPF é “pré-requisito para a implantação do APPCC que tem como objetivo
garantir a qualidade do produto e a saúde do consumidor”. (MENDEZ, 2004).
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77
3.5.1.b Considerações sobre competitividade na indústria de alimentos.
Entre as empresas ligadas ao setor alimentício o aumento da
concorrência também é crescente. Estas procuram aumentar suas vendas
diferenciando seus produtos por meio de inovações que incluem aspectos
cada vez mais marcantes de higiene e qualidade. Além disso, vários dos
produtos alimentares recém lançados têm se diferenciado a partir de apelos
evidenciados em sua marca e diretamente relacionados à qualidade e à
segurança do alimento, demonstrando a preocupação sobre os assuntos,
cada vez mais presentes no atual cenário competitivo.
Segundo Mendez (2004), “Avaliar a demanda do consumidor por
atributos relacionados à segurança do alimento é um passo primordial para
que sejam formuladas, no âmbito das estratégias empresariais, ações que
visem a conquista de novos clientes e a manutenção da satisfação dos
consumidores e, sob o enfoque governamental, programas que diminuam os
índices de mortes causadas por alimentos, além de garantir o direito à saúde
e à vida da população”.
Nota-se no atual mercado que para que uma empresa produtora de
alimentos venha a ser competitiva, tanto interna quanto e externamente, esta
deve produzir produtos que possuam prioritariamente atributos de segurança
e qualidade. Ao se desenvolver produtos alimentícios as indústrias deste
setor, devem considerar a importância da adequada aplicação das Boas
Práticas de Fabricação e Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controle,
nas questões que concorrem para os aspectos de vantagem competitiva.
Em se tratando da produção de alimentos todo e qualquer produto a
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ser desenvolvido e elaborado, deve considerar dados técnicos e informações
legais e metodológicas sobre: ingredientes; formulações; detalhes de
composição; flora microbiana natural; matéria-prima; equipamentos
utilizados; manuseio; condições de processamento; condições de tempo e
temperatura; instruções de rotulagem; datas críticas de fabricação e de
consumo; informações sobre materiais de embalagens; métodos de
estocagem e distribuição; especificações de comercialização, e a
expectativa de uso do produto por parte dos consumidores.
Assegurar o controle de qualidade dos alimentos industrializados é
dever das indústrias de alimentos. A garantia de segurança alimentar dos
produtos, exigida por lei, é fundamental para a manutenção da
competitividade e sobrevivência das empresas nos mercado nacional e
internacional. (MENDEZ, 2004).
Associar estes aspectos aos de gestão estratégica de manufatura
concorrem para proporcionar às empresas do setor a oportunidade de
participarem ativamente neste mercado de forma competitiva.
3.5.2 Dados sobre a aplicação e cumprimento da Legislação na
Indústria Alimentícia Brasileira.
A questão de aplicação e cumprimento de legislação na indústria
alimentícia tem relevância neste mercado de forte concorrência, significando
inclusive uma alternativa para obtenção de vantagem competitiva.
No Brasil a fiscalização, no tocante à qualidade mínima exigida para
os alimentos, ocorre nos âmbitos administrativos municipais, estaduais e
federais. Os órgãos responsáveis nestas esferas têm a função de fiscalizar,
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79
conforme as legislações vigentes, conferindo necessariamente as condições
qualitativas e quantitativas mínimas em que são comercializados os
alimentos em geral.
Segundo Mendez (2004) os dois principais serviços de controle
qualitativo dos alimentos são ligados aos órgãos da Agricultura ou da Saúde.
Assim, uma primeira divisão de responsabilidade está relacionada com o tipo
de matéria-prima que dá origem aos alimentos, ou seja: serviço de inspeção
sanitária para produtos de origem animal, ligado à Agricultura e à Vigilância
Sanitária para produtos de origem vegetal, ligada à Saúde.
Uma segunda divisão está relacionada à área de abrangência da
indústria, em termos de mercado. Para os produtos de origem animal, há o
Serviço de Inspeção Federal, Estadual e Municipal, ligados ao Ministério da
Agricultura. Já para os produtos de origem vegetal a fiscalização é articulada
pelo Ministério da Saúde que está organizada em Vigilância Sanitária
Federal, Estadual e Municipal. (MENDEZ, 2004).
É possível ainda citar que existem outros órgãos que atuam
diretamente na fiscalização de alimentos, tal como o Ministério da Indústria,
Comércio e Turismo, que conta com o apoio do Serviço Nacional de
Metrologia e Qualidade Industrial, denominado INMETRO, que fiscaliza as
características quantitativas dos produtos e embalagens, bem como o
Ministério da Justiça, que através do Conselho Federal de Proteção e
Defesa do Consumidor, ligado ao PROCON, segue orientações do Código
de Defesa do Consumidor, atuando em questões gerais quando do
recebimento de reclamações.
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80
3.6 Desempenho dos objetivos estratégicos da Manufatura.
Considerando os aspectos descritos no item 3.5 deste trabalho resta
compreender quais são as estratégias competitivas de manufatura mais
adequadas para a indústria alimentícia considerando os objetivos de
desempenho da empresa. Para isso será utilizado o modelo desenvolvido
por Azzolini (2004), e que se refere às mutações de mercado, onde se
verificam os três principais vertentes da função Planejamento e Controle de
Produção, que aqui denominamos Estratégias de Manufatura, as quais
seriam: “estratégia competitiva”, “paradigmas de manufatura” e “prioridades
competitivas”, conforme se observa na figura 2.
Figura 2 Mutações de Mercado influenciadas por mudanças no cenário
competitivo internacional. (adaptado de AZZOLINI 2004)
Estratégias
de
Manufatura
ME
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81
Destas três vertentes falta realizar uma análise sumaria das
“prioridades competitivas”, para que se possa compor o modelo de pesquisa
que permitirá verificar o objetivo proposto para este trabalho.
Quanto à “estratégias competitivas”, e “paradigmas de manufatura”
que compõem a estrutura teórica deste estudo, estes foram descritos no
Capítulo 2.
Sobre as prioridades competitivas a análise recairá sobre as
considerações realizadas por Melo (2005), no Capítulo 5, de sua
dissertação, elaborada para obtenção do título de Mestre em Engenharia de
Produção na UNIP, intitulada “Contribuição à implementação da Manufatura
Enxuta como Vantagem Competitiva”.
3.6.1 Vantagem Competitiva em Manufatura.
De acordo com Slack et al. (1999), uma função manufatura saudável
dá à empresa a força para suportar o ataque da concorrência, dá vigor para
manter melhoria uniforme e contínua no desempenho competitivo e, talvez o
mais importante, proporciona a versatilidade operacional. (MELO, 2005).
Conforme Melo (2005), “a primeira parte da contribuição da
manufatura para a competitividade da organização é identificar e entender
as necessidades e expectativas (os valores) dos clientes e conformar estes
valores, a segunda parte é alcançar níveis de alto desempenho que a fazem
proeminente aos olhos destes clientes”.
Os fatores que definem as exigências dos clientes denominam-se
“fatores críticos de sucesso”. Segundo Slack et al. (1999), “o grau com que
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uma organização atende às exigências de seus clientes é determinado pelo
desempenho de sua função manufatura nos objetivos de desempenho que
influenciam os fatores críticos de sucesso (competitivos)”. Hill (1993)
distinguiu estes fatores em: ”objetivos ganhadores de pedidos” e “objetivos
qualificadores”.
Slack et al. (1999) definiu tais fatores da seguinte forma:
a) Objetivos Ganhadores de pedidos: são os que direta e
significativamente contribuem para a realização de um
negócio, para conseguir um pedido. São considerados
pelos consumidores como razões-chaves para comprar o
produto ou o serviço. São, portanto, os aspectos mais
importantes da forma como uma empresa define sua
posição competitiva. Aumentar o desempenho de um fator
ganhador de pedidos pode resultar em mais pedidos ou
melhora da probabilidade de ganhar mais pedido.
b) Objetivos qualificadores de pedidos: podem não ser os
principais determinantes do sucesso competitivo, mas são
importantes de outra forma. São aqueles aspectos da
competitividade para os quais o desempenho da produção
deve estar acima de um nível determinado, para ser
sequer considerado pelo cliente. Abaixo do nível
“qualificador” de desempenho, a empresa poderá não ser
considerada como fornecedor potencial por muitos
consumidores. Qualquer melhora nos objetivos
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qualificadores, acima do nível qualificador, provavelmente
não acrescentará benefício competitivo relevante.
c) Aos objetivos qualificadores e ganhadores de pedidos
podem ser acrescentados os objetivos “menos
importantes”, que não são nem qualificadores nem
ganhadores de pedidos. Não influenciam os clientes de
forma significativa, não importa quão bem a função
manufatura se desempenhe com relação a eles.
3.6.2 Cinco objetivos de desempenho.
Segundo Slack et al. (1999) “para qualquer organização que deseja
ser bem sucedida em longo prazo, a contribuição de sua função produção é
vital, pois ela proporciona à organização a vantagem baseada em produção”.
Para que isso seja possível uma organização deverá se apoiar nos cinco
objetivos de desempenho que serão apresentados a seguir.
Em uma estratégia empresarial a função manufatura deve contribuir
para atingir níveis de desempenho que lhe dê vantagem competitiva diante
da concorrência, então deverá fazer certas as coisas para obter “vantagem
em qualidade”, fazer com rapidez para obter “vantagem em velocidade”,
fazer em tempo para obter “vantagem em confiabilidade”, mudar em tempo
hábil o que é feito para obter “vantagem em flexibilidade”, e fazer as coisas
mais baratas para alcançar “vantagem em custos”.
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Proporciona
Figura 3. Os cinco “objetivos de desempenho(adaptado de SLACK et al, 1999).
3.6.2.1 Primeiro objetivo de desempenho: Vantagem em Qualidade.
Qualidade, segundo Feigenbaum (1994), é definida como a
combinação de características de produtos e serviços referentes a
marketing, engenharia, produção e manutenção, correspondendo às
expectativas do cliente. Conforme Garvin (2002) há que se considerar os
seguintes pressupostos:
a) Qualidade é definida do ponto de vista do cliente;
b) Qualidade é relacionada com lucratividade em
ambos os lados: do mercado e de custos;
c) Qualidade é visualizada como uma arma
competitiva;
d) Qualidade é construída desde o processo de
Fazer certo as coisas
Proporciona
Vantagem em
qualidade
Fazer as coisas
com
rapidez
Fazer as coisas
em
tempo
Mudar o que é feito
Fazer as coisas
mais
baratas
Proporciona
Proporciona
Proporciona
Proporciona
Vantagem em
velocidade
Vantagem em
confiabilidade
Vantagem em
flexibilidade
Vantagem em custo
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planejamento estratégico;
e) Qualidade requer um compromisso que envolva
todos os membros da organização.
Para um melhor entendimento do conceito qualidade, Garvin (2002)
estrutura a qualidade em oito dimensões, a saber:
1) Desempenho: refere-se às características básicas de um
produto;
2) Características: são aspectos de caráter secundário do
produto que sob a ótica do cliente o diferenciam de
produtos concorrentes;
3) Confiabilidade: reflete a probabilidade de mau
funcionamento de um produto, bem como a
probabilidade deste falhar em um dado período;
4) Conformidade: refere-se ao grau com que o projeto e as
características operacionais de um produto estão de
acordo com os padrões estabelecidos;
5) Durabilidade: refere-se à medida da vida útil do produto;
6) Atendimento: compreende a rapidez, a eficiência e a
facilidade dos serviços associados ao produto;
7) Estética: objetivamente é a aparência de um produto;
8) Qualidade percebida: são as medidas indiretas usadas
por clientes para avaliar a qualidade de um produto.
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Verificando as proposições apresentadas até aqui para “qualidade”,
podemos inferir que as empresas em seu planejamento estratégico devem
manter como foco a produção de produtos ou serviços sem permitir a
ocorrência de falhas, atendendo de forma determinada suas especificações
de projeto, buscando melhorias graduais e constantes no desempenho do
processo.
Cabe aqui fazer um resumo da evolução do conceito Qualidade,
procurando entender como este conceito e a forma de gestão da Qualidade
evoluíram. Segundo Martins & Costa Neto (1998), tomando como base a
evolução da “gestão pela qualidade total” no Japão, podem ser identificadas
quatro fases de evolução do conceito de qualidade. Conforme Martins &
Costa Neto (1998), “na primeira fase, denominada adequação ao padrão, o
foco era a qualidade de conformação alcançada basicamente por meio de
inspeção. A empresa considerava que o projeto do produto atendia as
necessidades dos clientes, sendo a qualidade um problema de conformação.
Na segunda fase, chamada adequação ao uso, o foco era a qualidade do
projeto que pudesse assegurar a satisfação das necessidades de fato dos
clientes e não aquilo que os projetistas pensavam ser. Entretanto, a
adequação ao uso era obtida basicamente por inspeção, o que elevava o
custo da qualidade. Na terceira fase, chamada adequação ao custo, o foco
era a qualidade da conformidade de acordo com as reais necessidades dos
clientes, onde era necessário obter alta qualidade combinada com baixos
custos. Na quarta fase, chamada adequação às necessidades latentes, o
foco é a concepção de produtos ou serviços que venham satisfazer as
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necessidades dos clientes as quais eles ainda não têm consciência plena”.
Uma análise mais detalhada desta quarta fase enseja um projeto de
estudo com vistas a analisar como os princípios da Manufatura Enxuta se
ajustam à mesma e estão adequados à atual realidade do mercado.
Fusco & Sacomano (2007) consideram que qualidade significa “fazer
certas as coisas”, mas as coisas que a produção precisa fazer certo podem
variar, de acordo com o tipo de operação, sendo assim não é surpresa que
todas as operações considerem qualidade como um objetivo particularmente
importante. Em alguns casos, a qualidade é a parte mais visível de uma
operação. Além disso, normalmente é algo que o consumidor considera
relativamente fácil de avaliar na operação.
Segundo Melo (2005), quando uma empresa define “qualidade” como
seu objetivo estratégico, e alcança a excelência em qualidade de seus
produtos e serviços, há um reflexo positivo sobre o desempenho da
organização em geral, contribuindo para uma maior lucratividade.
3.6.2.1.a Atributos associados à Vantagem em Qualidade.
Para uma adequada avaliação dos aspectos relacionados aos
objetivos estratégicos da empresa em relação à “qualidade”, foram
determinados, a partir dos conceitos acima, os seguintes atributos
pertinentes à Vantagem em qualidade, considerando alguns aspectos
comuns às indústrias alimentícias:
Boas Práticas de Fabricação são aplicadas no processo
produtivo;
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A aplicação de Análise dos Perigos e Pontos Críticos de
Controle (APPCC) é comumente praticada pela empresa;
Fornecimento de produtos cuja qualidade percebida pelo
cliente supera suas necessidades e expectativas;
Controle contínuo de lotes de fabricação com indicação de data
de fabricação e de vencimento, inclusive para monitoramento
de data crítica para consumos de produtos;
Fornecimento de produtos isentos de falhas ou defeitos;
Embalagens correspondentes aos produtos;
Embalagens dos produtos apresentam características de boa
qualidade e de garantia ao produto;
Determinações da Legislação para produtos alimentícios são
aplicadas no processo de fabricação;
A empresa possui um Serviço de Atendimento ao Cliente com
pronta atuação nas questões referentes às reclamações sobre
a qualidade dos produtos;
A empresa possui um Programa voltado à Responsabilidade
Social;
A empresa apresenta anualmente seu Balanço Social no qual
apresenta investimentos e qualidade e meio ambiente;
A empresa possui um Sistema de Qualidade com objetivos e
metas definidos e compromissados através de uma Política de
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Qualidade;
A empresa desenvolve a aplicação prática de ferramentas de
Controle de Qualidade com o intuito de reduzir defeitos/falhas;
A empresa tem um Programa de Treinamento continuado de
Boas Práticas de Fabricação voltado para seus empregados;
Desempenhos individuais são considerados na obtenção dos
melhores níveis de qualidade quando do processamento do
produto;
Entregar o pedido ao cliente em prazo combinado;
Há adequado atendimento e fornecimento nos pontos de maior
consumo, reconhecidos pela empresa.
Segundo Fusco & Sacomano (2007), um ponto importante a
considerar é que o objetivo de desempenho qualidade envolve um aspecto
externo, que lida com a satisfação do consumidor, e um aspecto interno, que
lida com a estabilidade e a eficiência da organização”.
3.6.2.2 Segundo objetivo de desempenho: Vantagem em Velocidade.
Velocidade (rapidez) significa quanto tempo os consumidores
precisam esperar para receber seus produtos ou serviços. (SLACK, et al.
1999). Portanto, “tempo”, uma variável diretamente relacionada com
velocidade (rapidez), torna-se fonte de significativa importância no aspecto
vantagem competitiva para as empresas considerando seu desempenho
organizacional no tocante ao desenvolvimento de produtos, na efetivação de
processos produtivos, na distribuição, venda e entrega de seus produtos.
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Segundo Melo (2005), “mover as informações e materiais mais rapidamente
dentro da operação torna-a mais enxuta e produtiva”.
Velocidade reduz estoques e riscos, e traz benefícios externos (aos
clientes) e benefícios internos (à empresa). Do ponto de vista de benefícios
externos, quanto menor o tempo existente entre a colocação do pedido e o
recebimento do material, provavelmente maior será o tempo para o cliente
postergar a decisão de compra. Referente aos benefícios internos, a
velocidade de entrega aumenta a velocidade do fluxo de materiais entre os
processos, uma vez que material que passa rápido pelos processos gera
menores custos.
3.6.2.2.a Atributos associados à Vantagem em Velocidade.
Para uma adequada avaliação dos aspectos relacionados aos
objetivos estratégicos da empresa em relação à “velocidade”, foram
estabelecidos, a partir dos conceitos acima, os seguintes atributos
pertinentes à Vantagem em velocidade, considerando alguns aspectos
comuns às indústrias alimentícias:
Simplificação do processo de tomada de decisão;
Eliminação das fontes geradoras das causas de problemas de
qualidade;
Eliminação das etapas do processo que não agregam valor;
Redução da distância percorrida pelas informações;
Aproximação entre as operações;
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Diminuição do tamanho dos lotes;
Adequação de set up, adotando a troca rápida na preparação
dos processos;
Adoção de um Programa de Manutenção Preventiva;
Alocação de centros de distribuição de produtos em áreas de
elevado nível de venda;
Preparação de equipes de representantes de vendas e
expositores de produtos, através de treinamentos específicos;
Treinamento de equipes de produção, de estoquistas e de
empresas de transporte para especial atenção ao prazo de
validade dos produtos, com vistas a conscientizar tais equipes
a agilizar a movimentação destes entre postos de distribuição,
e entrega-venda;
Adoção de sistemas informatizados que permita monitorar
tempos críticos entre planejamento, produção e entrega.
Segundo Fusco & Sacomano (2007), o principal benefício do
desempenho em velocidade (rapidez) é que ele enriquece a oferta de uma
forma simples: para a maioria dos bens e serviços quanto mais rápidamente
estiverem disponíveis para o mercado consumidor, maiores serão as
chances de que alguém venha comprá-los.
3.6.2.3 Terceiro objetivo de desempenho: Vantagem em Confiabilidade.
Confiabilidade significa a probabilidade de um item desempenhar
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determinada função, de forma adequada desde que sob condições
específicas, ou seja, conforme estabelecido em projeto, em um pré-
determinado período de tempo. Para este trabalho, em especial, seu
principal significado, conforme Slack et al. (1999), “é fazer as coisas em
tempo para que os clientes recebam seus serviços ou produtos nos prazos
acordados entre as partes”, isto é, o conceito prevalecente neste caso é o da
“pontualidade”. Cumprir de forma pontual as entregas prometidas pode vir a
ser uma importante vantagem competitiva, e se a função manufatura atender
adequadamente essa premissa ela dará à empresa a Vantagem em
Confiabilidade.
Conforme Fusco & Sacomano (2007), a perturbação causada nas
operações pela falta de confiabilidade vai além de tempo e custo. Afeta a
“qualidade” do tempo de operação. Se tudo em uma operação for
perfeitamente confiável, e assim permanecer por algum tempo, existirá um
nível de confiança entre as distintas partes da operação. Não haverá
situações surpreendentes, e tudo será previsível. Não haverá flutuações na
consistência da forma como os produtos são elaborados e ofertados. Sob
tais circunstâncias, cada parte da operação pode concentrar-se em melhorar
sua atividade, sem que sua atenção seja desviada pela falta de serviços
confiáveis de outras partes da operação.
3.6.2.3.a Atributos associados à Vantagem em Confiabilidade.
Para uma adequada avaliação dos aspectos relacionados aos
objetivos estratégicos da empresa em relação à “confiabilidade”, foram
definidos, a partir dos conceitos acima, os seguintes atributos pertinentes à
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Vantagem em confiabilidade, considerando alguns aspectos comuns às
indústrias alimentícias:
Programação de produção sincronizada e balanceada;
Aplicação efetiva de programa de manutenção preventiva;
Monitoramento de datas de entregas e cumprimento dos
prazos;
Monitoramento das datas de fabricação e de vencimento dos
produtos ou serviços;
Planejamento das atividades rotineiras faz parte dos requisitos
do processo de trabalho;
Produtos isentos de defeitos, ou falhas;
Solução dos problemas não é postergada;
Arranjo físico da produção;
Espaço físico adequado para estocagem e apoio logístico no
transporte e movimentação de produtos;
Grupo de apoio logístico comprometido com os padrões de
qualidade e treinado nos diversos aspectos relativos à
qualidade e garantia dos produtos/serviços.
No decorrer do tempo, confiabilidade pode ser mais importante do
que qualquer critério de desempenho. (FUSCO & SACOMANO, 2007).
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3.6.2.4 Quarto objetivo de desempenho: Vantagem em Flexibilidade.
Flexibilidade, segundo Slack et al. (1999), “significa ser capaz de
mudar a operação de alguma forma”. Pode ser alterar o que a operação faz,
como faz, ou quando faz. Mudança é a idéia chave. A maioria das operações
precisa estar em condições de mudar para satisfazer as exigências de seus
consumidores. (FUSCO & SACOMANO, 2007).
Quanto às exigências feitas por consumidores a flexibilidade
apresenta dois significados, segundo Slack et al. (1999):
a) Flexibilidade de faixa: quanto uma operação pode ser mudada;
b) Flexibilidade de resposta: quanto rapidamente uma operação pode
ser mudada.
Estas têm relação com quatro tipos e flexibilidade, conforme figura 4.
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Tipos de
Flexibilidade.
Flexibilidade de faixa Flexibilidade de resposta
De produto
Capacidade de projeção
compra e produção de faixa
de produtos.
Tempo de desenvolvimento ou
modificação do produto e
processso.
De mix de
produtos
Faixa de produtos que pode
produzir.
Tempo de ajuste do mix na
manufatura.
De volume
Nível absoluto de saída
agregada para atingir um
dado mix.
Tempo de mudança no nível de
saída agregado.
De entrega
Quanto às datas de entrega
que podem ser trazidas para
frente
Tempo de reorganização no re-
planejamento de n
ovas datas de
entrega.
Figura 4. Tipos de Flexibilidade. Fonte: Slack et al. (1999)
Uma manufatura flexível melhora seu desempenho mesmo em
ambientes incertos, onde se observa grande variedade nas condições.
Entretanto, é importante observar que a flexibilidade em si trás poucos
méritos. As organizações vendem o que a manufatura flexível pode dar:
maior pontualidade. Menores custos e maior velocidade, pois são estes
requisitos que agregam valor ao produto. A flexibilidade não é adequada
para todas as operações, em quaisquer circunstâncias. De um modo geral,
as organizações precisam desenvolver uma política de flexibilidade
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considerando todas as variáveis, evitando ações complexas e
desnecessárias. (MELO, 2005).
3.6.2.4.a Atributos associados à Vantagem em Flexibilidade.
Para uma adequada avaliação dos aspectos relacionados aos
objetivos estratégicos da empresa em relação à “flexibilidade”, foram
identificados, a partir dos conceitos acima, os seguintes atributos pertinentes
à Vantagem em flexibilidade, considerando alguns aspectos comuns às
indústrias alimentícias:
Monitoramento da capacidade total do processo;
Capacidade de reprogramação, sem afetar os clientes;
Rapidez de mudança de processo;
Transferibilidade de trabalho;
Transferibilidade de mão de obra;
Velocidade com a qual o processo pode ser verificado e
avaliado em determinadas faixas de produtos;
Adoção de troca rápida na preparação dos processos;
Reduzido lead time de compra;
Equipe de produção treinada para realizar rápidas mudanças
nos processos;
Fornecedores adequados às premissas produtivas da empresa
com condições de trocar/mudar matéria prima em tempo hábil.
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3.6.2.5 Quinto objetivo de desempenho: Vantagem em Custos.
De acordo com Slack et al. (1999), quanto menor for o custo de
produzir bens e serviços, menor poderá ser o preço a seus consumidores.
Assim, é claro que buscar reduzir custos passa a ser uma oportunidade
voltada à vantagem competitiva para toda e qualquer organização.
No contexto da manufatura, conforme Melo (2005), a redução de
custos está diretamente associada ao desempenho dos objetivos: qualidade,
velocidade, confiabilidade e flexibilidade, a saber:
a) Melhor qualidade reduz custos, pois ocorrendo um menor
número de falhas em qualquer fase da operação,
conseqüentemente haverá a redução do custo de retrabalho,
de refugo e de desperdício;
b) Maior velocidade, ou seja, a adoção de fluxo mais rápido
permite que o material tenha movimentação mais rápida na
operação, diminuindo o tempo na formação de estoques,
atraindo menos despesas diretas e indiretas;
c) Maior confiabilidade implica na possível eliminação de
despesas com entregas fora de prazo, e custos em
reprogramar pedidos, e replanejar produção;
d) A melhoria de algum tipo de flexibilidade pode reduzir
custos, deixando a produção mudar de produto com pouca
perda de saída, aumentando a flexibilidade de troca de
ferramentas e equipamentos (redução direta de custos),
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98
reduzindo o tempo de fluxo (redução indireta de custos).
Conforme Fusco & Sacomano (2007), “quanto menos o custo para
produzir seus bens e serviços, menor pode ser o preço oferecido aos seus
consumidores”. Cada centavo retirado do custo de uma operação é
acrescido aos seus lucros, ou utilizado como alavanca para a
competitividade no desenvolvimento de novos negócios.
Portanto, é possível observar que a função manufatura deve buscar
estabelecer melhorias cumulativas e sistemáticas dos demais objetivos de
desempenho aqui descritos para alcançar a redução de custos como
vantagem competitiva.
3.6.2.5.a Atributos associados à Vantagem em Custos.
Para uma adequada avaliação dos aspectos relacionados aos
objetivos estratégicos da empresa em relação à “custos”, foram indicados, a
partir dos conceitos acima, os seguintes atributos pertinentes à Vantagem
em custos, considerando alguns aspectos comuns às indústrias alimentícias:
Eliminação de atividades que não agregam valor;
Controle monitorado de mudanças de produtos nas linhas de
produção;
Minimização das mudanças na programação da produção;
Redução de flutuação de volume produzido;
Redução do número de perdas;
Redução de operações de retrabalho;
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Redução do material em estoque;
Redução do material em produção;
Redução de consumo de energia em geral;
Estabelecimento de fluxos de materiais e de informações mais
rápidos;
Investimento em programas de Qualidade;
Estabelecimento de campanhas internas com objetivo de
reduzir custos operacionais tangíveis;
Estabelecimento de programas de treinamento com o objetivo
de conscientizar os grupos de trabalho na busca da redução de
custos;
Implementação de ferramentas da qualidade com foco em
redução de custos.
3.6.3 Considerações sobre os Cinco Objetivos de Desempenho.
Foram descritos os cincos objetivos de desempenho, apresentando
seus significados e efeitos na função produção/ manufatura de uma
organização. Foi possível verificar, segundo observou Fusco & Sacomano
(2007), que cada um dos objetivos de desempenho possuí vários efeitos
externos, sendo que todos eles afetam os custos.
Verificou-se, que em uma operação interna uma forma importante de
melhorar o desempenho dos custos é buscando melhorar o desempenho
dos demais objetivos que proporcionam vantagem competitiva. A implicação
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disso é muito importante, segundo Fusco & Sacomano (2007), porque
proporciona informações sobre o relacionamento entre os aspectos externos
e internos do desempenho das operações.
As organizações, de um modo geral, têm interesse em reduzir o custo
de suas operações. Custos menores permitem a redução dos preços ou o
aumento do lucro, ou mesmo uma combinação de ambos. Assim, como
todas as organizações preocupam-se com o custo de suas operações para
seus consumidores, devem também estar interessadas em qualidade,
velocidade, confiabilidade e flexibilidade. (FUSCO & SACOMANO, 2007).
3.7 Correlação entre princípios de Manufatura Enxuta e Vantagem
Competitiva.
No Capítulo 2, verificaram-se os princípios gerais da Manufatura
Enxuta que se resumem em: 1) determinar precisamente o valor do produto
específico; 2) identificar o fluxo do valor; 3) fazer o valor fluir sem
interrupções; 4) deixar que o cliente puxe o valor do produtor; e 5) buscar a
perfeição. Verificou-se ainda, conforme Melo & Sacomano (2004) que neste
estudo cabem ainda mais dois princípios de ME, a saber: 6) educação e
treinamento dos empregados para o trabalho em equipe, e 7) identificação e
eliminação de desperdícios, revisitados em Womack & Jones (2004), e
apresentados no Capítulo 3 deste trabalho.
Ainda no Capítulo 2, verificou-se que a vantagem competitiva de uma
empresa implica em ser capaz de atingir melhores níveis de desempenho
que a concorrência, buscando foco em Qualidade, Velocidade,
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Confiabilidade, Flexibilidade e Custos, que são objetivos de desempenho
que se apresentam de forma constante entre as diretrizes da ME.
Conforme Capítulo 3 verificou-se, os “qualificadores” de Manufatura
Enxuta, segundo Godinho (2004), e apresentaram-se os “objetivos
estratégicos de desempenho”, segundo Slack (1999), onde foram apontados
inúmeros atributos pertinentes a estes objetivos. Também, foram
apresentados os ”fatores críticos de sucesso”, conforme Hill (1993) e
descritos segundo Slack (1999), denominados “ganhadores” e
“qualificadores” de pedidos.
Todos estes elementos contribuem de forma direta para que uma
organização possa estruturar seus objetivos estratégicos, seja considerando
a Estratégia Corporativa ou Estratégia Competitiva, segundo Porter (1991).
Tais elementos adequadamente ordenados segundo as estratégias
estabelecidas pela organização proporcionam uma adequada estruturação
para a implantação da Manufatura Enxuta.
Segundo Durán & Batocchio (2003) a arquitetura do modelo de
Manufatura Enxuta se estabelece a partir do conjunto de “princípios da ME”,
segue através dos “objetivos de desempenho” estabelecidos pela
organização, e complementa-se com o que denominam “práticas prioritárias”
que devem ser aplicadas pela organização.
As práticas prioritárias propostas por Durán & Batocchio (2003) são as
seguintes:
1. Identificar e otimizar os fluxos dentro da empresa;
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2. Assegurar um fluxo de informações sem interrupções;
3. Otimizar a utilização da capacidade da mão de obra;
4. Permitir a tomada de decisões nos níveis mais baixos da
hierarquia;
5. Implementar projeto de produto e processos de maneira
integrada;
6. Desenvolver relacionamentos baseados na confiança e na
parceria;
7. Focalizar de forma permanente o cliente;
8. Promover lideranças e facilitadores paras o princípios de ME
em todos os níveis;
9. Manter uma cultura de melhoria contínua;
10. Nutrir um ambiente de aprendizado constante;
11. Assegurar que os processos se tornem maduros e
consistentes;
12. Maximizar a estabilidade dos processos, mesmo em um
ambiente sujeito a mudanças.
Este conjunto de conceitos será utilizado na pesquisa a ser
estruturada neste trabalho para a verificação da conformidade de aplicação
das ações adotadas pela organização com o objetivo de consolidar a
estratégia de Manufatura Enxuta como sistema de gestão que irá permitir
Vantagem Competitiva.
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103
3. 8 Desenvolvimento da Estrutura do Modelo de Pesquisa.
Este item apresenta o desenvolvimento do modelo de pesquisa
considerando suas bases teóricas, estrutura e forma de organização dos
atributos, o método de análise destes e a sua avaliação, a serem utilizados
no levantamento das informações do estudo de caso. Aqui serão
desenvolvidos os elementos de construção deste modelo de pesquisa
considerando os conceitos e os requisitos relativos aos princípios da ME,
descritos neste trabalho.
3.8.1 As Bases para a construção do Modelo de Pesquisa.
O instrumento de pesquisa a ser utilizado visa avaliar o modo de
aplicação dos “atributos” indicados nos cinco objetivos de desempenho da
função manufatura considerando a importância que a mesma atribui a cada
termo teórico relacionado à ME. Esta avaliação será verificada em função da
atual aplicação dos princípios de ME na empresa pesquisada, considerando
fatores ganhadores e qualificadores de pedidos para cada atributo, em
relação a cada termo conceitual e seus possíveis desdobramentos presentes
nos objetivos de desempenho que conferem vantagens competitivas.
Assim será possível identificar quais elementos, segundo percepção
da empresa, são relevantes para a implantação de um “sistema enxuto”.
Além disso, esse “instrumento” servirá de guia para as entrevistas e coleta
de outras informações fornecidas pelos entrevistados, uma vez que cada
atributo presente na pesquisa será apresentado pelo pesquisador,
esclarecendo dúvidas, e significados de termos, aos entrevistados indicados
pela direção da empresa que se encontram capacitados quanto ao
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A ESTRATÉGIA DA MANUFATURA ENXUTA APLICADA EM UMA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS.
104
desenvolvimento e a aplicação das ferramentas presentes na ME.
3.8.2 O Modelo de Pesquisa
A presente pesquisa será suportada por quadros modelo que serão
apresentados nos itens que seguem neste trabalho, sendo que os mesmos
serão devidamente descritos conforme sua estrutura e objetivo pretendido.
3.8.2.1 O Modelo de Pesquisa para qualificação de capacitadores de ME
Figura 5. Tabela do Modelo de Pesquisa para Qualificação de Capacitadores de ME.
(Fonte: o autor)
SIM NÃO
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
MODELO de Pesquisa de Dados para implantação de ME
como Vantagem Competitiva
QUALIFICAÇÃO DE
CAPACITADORES DE ME
OBJETIVO: Identificar grau de aplicação de capacitadores de ME verificando diante dos Objetivos Estratégicos de
Manufatura os "ganhadores de pedidos", os "qualificadores de pedidos" e de forma complementar os que são
aplicados somente para "agregar valor"
Unidade:
Setor : Responsável: Data:
Indústria
Todas as células onde há aplicação de Ferramentas de ME
ITEM
CAPACITADORES DE ME
Fator
CONFORMIDADE Não se
Aplica
CONSIDERAÇÕES
a. Mapeamento do Fluxo de Valor
b. Melhorar relação com fornecedores
c. Recebimento Just in Time
d.Tecnologia de grupo/Lay out celularcom padrão de fluxo
job
shop
e. Trabalho em fluxo contínuo/ Redução do tamanho do Lote
f.Trabalhar de acordo com o Takt time
g. Aplicação do kanban
h.Manutenção Produtiva Total (TPM)
I. Baixos tempos de Set up
j.Aplicação de Kaizen
k. Ferramentas de Controle de Qualidade/ Zero Defeito
l. Aplicação de Ferramentas Poka Yoke
m. Aplicação de 5S
n. Empowerment
o. Trabalho em Equipes
p. Trabalhador multi-habilitado com rodízio de funções
q.Comprometimento dos trabalhadores e da alta gerência
r. Utilização de gráficos de controle visuais/medidas de
performance
s. Aplicação de PDCA
Legenda FATOR: G=ganhador de pedidos Q=qualificador de pedidos A=Agrega valor a ME
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A ESTRATÉGIA DA MANUFATURA ENXUTA APLICADA EM UMA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS.
105
A Figura 5 representa a tabela modelo da pesquisa e apresenta uma
coluna contendo os principais capacitadores de ME, segundo Godinho
(2004), ao lado desta coluna existe outra denominada Fator, na qual é
possível apontar quais os fatores ganhadores de pedidos, qualificadores de
pedidos, ou mesmo fatores que criam valor para a prática da gestão de ME,
determinados pela empresa.
Na seqüência, há colunas que irão permitir avaliar se há ou não
conformidade na aplicação do capacitador, sendo que a partir desta
informação será possível gerar uma informação gráfica indicando o
percentual de aplicação efetiva de cada capacitador no sistema de gestão de
ME na empresa pesquisada. A última coluna apresenta considerações
pertinentes a cada capacitador apontando as práticas prioritárias propostas
por Durán & Batocchio (2003), segundo o entendimento da empresa.
Pretende-se aplicar este modelo de pesquisa, através deste quadro,
para verificar dentre os capacitadores de ME, quais os fatores de sucesso a
empresa estabeleceu, baseando-se nos práticas prioritárias de Manufatura
Enxuta, verificando graficamente a efetividade da aplicação destes fatores.
A figura 6 representa o gráfico modelo da pesquisa e apresenta a
avaliação da aplicação dos capacitadores de ME, indicando o percentual dos
fatores de sucesso verificados e o nível de implementação atingido pela
empresa para o alcance de seus objetivos.
Os dados coletados em pesquisa pretendem verificar a evolução da
empresa no sentido de que a mesma possa avaliar se sua estratégia irá lhe
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A ESTRATÉGIA DA MANUFATURA ENXUTA APLICADA EM UMA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS.
106
proporcionar um correto direcionamento aos seus objetivos de desempenho.
Figura 6. Gráfico modelo.
3.8.2.2 O Modelo de Pesquisa para Avaliação de Importância dos
Objetivos de Desempenho.
Figura 7. Tabela Modelo de Pesquisa para Avaliação de Importância de Objetivo de
Desempenho. (Fonte: o autor)
AVALIAÇÃO DA APLICAÇÃO DE CAPACITADORES DE ME
30,00%
15,00%
80,00%
100%
25%
35%
40%
35,00%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Ganhador Qualificador Agregador TODOS
% ÍTENS DE VERIFICAÇÃO NÍVEL DE IMPLEMENTAÇÃO
SIM NÃO
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Legenda FATOR: G=ganhador de pedidos Q=qualificador de pedidos A=Agrega valor a ME
III IV V
Fornos
Todas as células onde há aplicação de Ferramentas de ME AVALIAÇÃO DE IMPORTÂNCIA
ITEM
ATRIBUTOS
Fator
CONFORMIDADE Não se
Aplica
I II
MODELO de Pesquisa de Dados para implantação de ME
como Vantagem Competitiva
Objetivo de Desempenho:
OBJETIVO: avaliação de importância de aplicação dos Atributos, diante dos objetivos estratégicos de manufatura,
indicando os "ganhadores e qualificadores de pedidos" bem como os que são aplicados somente para "agregar
valor" à implantação da Gestão de ME.
Unidade: Setor : Responsável: Data:
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107
A figura 7 representa a tabela modelo para a avaliação de importância
dos objetivos de desempenho e apresenta uma coluna contendo os atributos
pertinentes a cada um dos cinco objetivos de desempenho, conforme
estruturados no item 3.6.2 deste trabalho, e uma segunda coluna
denominada Fator, que servirá para apontar quais são os fatores
ganhadores e qualificadores de pedidos, ou mesmo fatores que criam valor
na prática da gestão de ME, conforme estabelecidos pela empresa.
Na seqüência, há colunas que irão permitir avaliar se há ou não
conformidade na aplicação do atributo, sendo que a partir desta informação
será possível gerar uma informação gráfica indicando o percentual de
aplicação efetiva do total de atributos pertinente aos objetivos de
desempenho da empresa pesquisada. A última coluna composta por cinco
tipos de pontuação apresenta a avaliação de importância conferida pelos
entrevistados, a cada atributo, sendo que os pontos de importância serão
assim estimados:
TIPO
IMPORTÂNCIA
I
o é importante
II
É pouco importante
III
É importante
IV
É muito importante
V
É o mais importante
Figura 8. Tabela para avaliação de importância conforme observação dos entrevistados.
Fonte (adaptado de Melo, 2004).
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108
3. 9 Considerações sobre a estrutura do Modelo de Pesquisa.
A forma com que se estabeleceu a estrutura deste modelo de
pesquisa considera as diretrizes mais adequadas para a implantação dos
conceitos de Manufatura Enxuta, sendo que se pretende que desta maneira
seja possível avaliar se o objetivo geral deste trabalho, (“Verificar através de
um estudo de caso, em uma indústria de alimentos, se a aplicação de
diretrizes da Manufatura Enxuta, irá contribuir, enquanto estratégia de
gestão, para a obtenção de vantagem competitiva”) será atendido a partir da
pesquisa que virá a ser realizada com o apoio deste modelo.
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109
CAPÍTULO 4. APLICAÇÃO DA PESQUISA E ANÁLISE DE DADOS.
Este capítulo apresenta a aplicação do modelo de pesquisa na
empresa avaliada, e a partir dos dados verificados serão apresentadas
algumas considerações acerca de como se observa o atual estágio de
implantação da gestão da Manufatura Enxuta nesta empresa, e sua relação
com aspectos estratégicos que concorrem para a Vantagem Competitiva.
4.1 Critério de Escolha.
O critério para escolha de empresas que pudessem ser participantes
da pesquisa foi estabelecido a partir de uma lista disponibilizada pela
Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA), que indicava
empresas de alimentação que buscam novas estratégias de gestão para se
manterem competitivas no mercado. A escolha foi determinada em função
do aceite ao convite enviado às empresas para participar da pesquisa.
Convém esclarecer que a opção pela obtenção de informações,
conforme estabelecidas no Capítulo 3 e relativas às estratégias de gestão da
produção adotadas pela empresa têm como principal característica a
participação direta dos entrevistados, e de forma confidencial, conforme
exigido pela empresa, o que impossibilita a apresentação neste trabalho de
alguns dados considerados estratégicos aos negócios.
4.2 Características da Empresa Escolhida.
A empresa objeto desta pesquisa é uma multinacional que iniciou
suas operações em 1985 e está situada em zona industrial da região de
Campinas, produzindo biscoitos alimentícios básicos (laminados tipo água e
sal, Maria e maizena), amanteigados, wafer e recheados. Atualmente produz
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110
um volume médio mensal de 3.200 toneladas de biscoitos, com capacidade
nominal instalada para 4.850 toneladas. Possui 595 empregados e
comercializa seus produtos através de grandes e pequenos supermercados
(rede de varejo), lojas de conveniências, e tem como público alvo todas as
classes da sociedade, envolvendo o público infantil e adulto, em todo o
Brasil, e grandes atacadistas que exportam os produtos para países
emergentes.
A unidade tem uma estrutura específica para Programação e Controle
da Produção, a qual tem como principais atribuições: a elaboração do plano
de produção; o controle dos estoques de matérias-primas, do material
complementar, dos produtos em elaboração e acabados; a definição da
seqüência em que as ordens de produção serão executadas; a emissão e
liberação das ordens de fabricação.
A estrutura administrativa da unidade conta com um gerente de
produção, responsável por produção e qualidade, pela tecnologia na planta,
e pelas questões ambientais e de segurança do trabalho, além dos aspectos
administrativos que incluí compras, controle de estoques e recursos
humanos. Cada uma das áreas sob responsabilidade da gerência é
suportada por um coordenador que se responsabiliza pela operacionalização
bem como pelos objetivos e respectivas metas estabelecidas mensalmente.
A unidade possui planejamento estratégico anual e trabalha com
plano de produção mensal, a partir do qual estabelece os níveis de produção
e os recursos necessários para atender a demanda prevista. A definição do
que deverá ser produzido a cada período fica estabelecido através de um
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111
plano-mestre de produção mensal, com base no pedido dos clientes e na
previsão de vendas.
A unidade estabeleceu que o arranjo físico celular é a melhor forma
de atuação para atender seu plano de produção, e busca de forma prática
utilizar princípios do Just in Time, do Kanban, do Kaizen, e Manutenção
Produtiva Total, tendo investido no treinamento de seus empregados para a
aplicação destas técnicas.
A empresa tem claramente definida a composição final dos produtos e
a seqüência das operações de cada um dos produtos devidamente
documentados, com os tempos das operações de produção de cada produto
atualizados periodicamente.
A gestão dos estoques da empresa é feita através da classificação
ABC de materiais, mas a definição da quantidade de material que será
adquirida a cada pedido de compra é realizada em função da previsão de
vendas. Desta forma não são calculados os lotes econômicos de compra e
de fabricação, uma vez que a definição da quantidade que deverá ser
produzida a cada período é realizada a partir da projeção de vendas.
A seqüência de processamento das ordens é feita através de
relatórios, que indicam o que será feito em cada período e que recursos
serão utilizados.
Os entrevistados entendem que, conforme modelo de produção que a
organização desenvolve, parte da produção é “empurrada”, e parte é
“puxada". Isto por que há clientes que determinam o lote de família de
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A ESTRATÉGIA DA MANUFATURA ENXUTA APLICADA EM UMA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS.
112
produtos que necessitam (exportadores), e então estes são produzidos
prioritariamente (produção puxada). Quando não ocorre essa situação o que
se produz é para estoque (produção empurrada), atendendo a previsão de
vendas.
A organização utiliza um software para definição do seqüenciamento
da produção, cujo objetivo primário é reduzir o atraso médio, este software
pertence a um módulo de um aplicativo informatizado utilizado na empresa,
para atender aspectos de produção, da área financeira, e de recursos
humanos.
No controle da produção a empresa lança dados no sistema
informatizado, gerando relatórios de acompanhamento que possibilita
verificar o que ocorre sempre que um lote é produzido ou movimentado entre
as áreas.
Quando são detectadas diferenças entre o previsto e o realizado, o
PCP refaz o planejamento da produção e busca a causa dos desvios. Tais
desvios são compensados com horas-extras ou com retrabalho.
Normalmente a diferença entre real e previsto é devida às deficiências que
ocorrem nos setores produtivos ocasionada por falhas de manutenção ou no
sistema de energia elétrica que encontra problemas na região em que está
sediada, pois existe subdimensionamento na rede da concessionária.
Quando detectam algum problema de qualidade na manufatura dos
produtos, fazem uso de ferramentas de qualidade, tais como: Diagrama de
Ishikawa , utilizado para "solução de problemas gerais"; Diagrama de Pareto,
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113
utilizado para "identificar prioridades para atacar problemas de retrabalho";
Gráfico de Dispersão, utilizado para “indicar os principais problemas de
qualidade verificados”. Estas verificações são devidamente documentadas e
elaboradas em relatórios padrão e disponibilizada em quadros de “gestão a
vista”.
Uma consideração importante a fazer para a empresa é a questão do
set up”, o qual é relativamente baixo uma vez que cada tipo de produto é
produzido em células específicas, dado o layout celular estabelecido em
função da diversidade de equipamentos, principalmente fornos, utilizados
pela produção. Entretanto, há que se atentar para o tempo de limpeza dos
equipamentos os quais ficam impregnados por restos dos produtos
anteriormente elaborados. Embora haja padronização no processo de
limpeza o tempo de preparação de máquinas poderá variar por causas
pertinentes à limpeza, higienização e manutenção preventiva.
4.3 Aplicação do Modelo de Pesquisa.
O modelo de pesquisa foi estruturado a partir dos conceitos e
elementos apresentados nos Capítulos 2 e 3 deste trabalho, sendo que a
apresentação das informações obtidas será realizada conforme a estrutura
proposta.
4.3.1 Aplicação do Modelo de Pesquisa para verificação da qualificação
dos capacitadores de ME.
Inicialmente aplicou-se, na pesquisa junto à unidade em estudo, a
tabela apresentada no Capítulo 3, figura 5, a fim de verificar a qualificação
dos capacitadores de ME. Esta tabela apresenta os capacitadores conforme
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114
Godinho (2004), os fatores de sucesso, conforme Slack et al. (1999), e a
práticas prioritárias conforme Durán & Batocchio (2003) para a implantação
de ME, e que são elementos de verificação considerados para este item.
Nesta verificação obteve-se a participação de dez (10) entrevistados,
e foi possível contar com as pessoas que exercem os seguintes cargos na
empresa: Gerente de Produção; Coordenador de Produção; Coordenador de
Qualidade; Coordenador de Manutenção; Coordenador de PCP;
Coordenador de desenvolvimento e aplicação de processos; Líder de
Almoxarifado e Logística; Líder de Produção (02); Líder de Laboratório.
Em uma reunião realizada para esclarecer o objetivo deste trabalho
todos se interessaram em participar a fim de avaliar o desenvolvimento das
ações que vem sendo tomadas desde o inicio do ano de 2005 quando a
empresa resolveu adotar princípios de Manufatura Enxuta com intuito de
melhorar seu desempenho no mercado uma vez que precisava reduzir suas
perdas, reduzir custos, consolidar sua qualidade, atender demandas legais e
atender o mercado externo através de exportações que se apresentavam
como uma ótima opção de mercado. Ocorre que devido a uma crise
financeira na empresa não havia a possibilidade de se realizar altos
investimentos e por isso a empresa estrategicamente optou por adotar
inicialmente pela aplicação de algumas ferramentas de Manufatura Enxuta e
incentivou o investimento em treinamentos visando preparar seus diversos
níveis hierárquicos para a evolução dos conceitos deste sistema de gestão.
Esta primeira fase da entrevista foi feita em grupo, onde todos os
participantes apresentaram suas opiniões, o que resultou na tabela 1, e que
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A ESTRATÉGIA DA MANUFATURA ENXUTA APLICADA EM UMA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS.
115
retrata a forma com que a empresa entende cada um dos capacitadores de
Manufatura Enxuta, associando-os aos fatores de sucesso. Os entrevistados
indicaram a existência ou não da conformidade do capacitador, com a
indicação da prática prioritária motivadora para a sua implantação.
4.3.1.a Aplicação do Modelo de Pesquisa (Fluxograma)
Reunião com grupo de
entrevistados. (Etapa I)
Grupo analisa e
responde sobre
capacitadores de ME.
Grupo faz Considerações
Entrevistador elabora
planilha e gráfico.
Entrevistador compila
dados elabora planilhas
e gráficos
Reunião com grupo de
entrevistados. (Etapa II)
Cada entrevistado
separadamente avalia
aplicação dos 5
Objetivos de
Desempenho
Entrevistador analisa
dados para conclusão
FIM
INÍCIO
Grupo estabelece fatores
críticos de sucesso para
cada capacitador.
Grupo estabelece fatores
críticos de sucesso para os
atributos de cada Objet
ivo de
Desempenho.
Cada entrevistado avalia o
nível de importância de cada
atributo.
Figura
9. Fluxograma da aplicação do modelo de pesquisa. Fonte: (o autor)
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116
Tabela 1: Qualificação de Capacitadores de ME.
Fonte: (o autor)
SIM NÃO
1
G x
2
Q X
3
G X
4
A X
5
Q X
6
A X
7
Q X
8
G X
9
Q X
10
Q X
11
G X
12
A X
13
Q X
14
A X
15
G X
16
G X
17
Q X
18
A X
19
Q X
MODELO de Pesquisa de Dados para implantação de ME
como Vantagem Competitiva
QUALIFICAÇÃO DE
CAPACITADORES DE ME
Responsável:
Setor :
Data:
a. Mapeamento do Fluxo de Valor
Unidade:
Indústria
CAPACITADORES DE ME
ITEM
Fator
CONFORMIDADE
Não se
Aplica
Todas as células onde há aplicação de Ferramentas de ME
f.Trabalhar de acordo com o Takt time
b. Melhorar relação com fornecedores
j.Aplicação de Kaizen
k. Ferramentas de Controle de Qualidade/ Zero Defeito
g. Aplicação do kanban
h.Manutenção Produtiva Total (TPM)
i. Baixos tempos de Set up
c. Recebimento Just in Time
e. Trabalho em fluxo contínuo/ Redução do tamanho
do Lote
d.
Tecnologia
de
grupo/
Lay
out
celular
com
padrão
de fluxo
job shop
m. Aplicação de 5S
r. Utilização de gráficos de controle visuais/medidas
de performance
s. Aplicação de PDCA
p. Trabalhador multi-habilitado com rodízio de
funções
n. Empowerment
o. Trabalho em Equipes
l. Aplicação de Ferramentas Poka Yoke
q.Comprometimento
dos
trabalhadores
e
da
alta
gerência
OBJETIVO: Identificar grau de aplicação de capacitadores de ME verificando diante dos
Objetivos Estratégicos de Manufatura os "ganhadores de pedidos", os "qualificadores de
pedidos" e de forma complementar os que são aplicados somente para "agregar valor"
CONSIDERAÇÕES
Identificar e otimizar os fluxos dentro da
empresa
Estabelecer relacionamentos de
confiança e parceria
Identificar e otimizar os fluxos dentro da
empresa
Identificar e otimizar os fluxos dentro da
empresa
Identificar e otimizar os fluxos dentro da
empresa
Identificar e otimizar os fluxos dentro da
empresa
Manter uma cultura de melhoria dos
processos de forma contínua
Permitir a tomada de decisões nos níveis
mais baixos da hierarquia
Identificar e otimizar os fluxos dentro da
empresa
Maximizar a estabilidade dos processos
Identificar e otimizar os fluxos dentro da
empresa
Manter uma cultura de melhoria dos
processos de forma contínua
Manter uma cultura de melhoria dos
processos de forma contínua
Legenda FATOR: G=ganhador de pedidos Q=qualificador de pedidos A=Agrega valor a ME
Otimizar a utilização da acapacidade da
mão de obra
Otimizar a utilização da acapacidade da
mão de obra
Promover lideranças e facilitadores para
os príncipios de ME em todos os níveis
Maximizar a estabilidade dos processos
Assegurar que os processos se tornem
maduros e consistentes
Maximizar a estabilidade dos processos
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117
4.3.1.1 Observações verificadas na análise da qualificação dos
capacitadores de ME.
Durante a análise dos dados tabulados foi possível verificar alguns
dos motivos das respostas apresentadas pelos entrevistados, com base em
sua na experiência diária na aplicação de cada capacitador, as quais são
apresentadas de forma resumida neste item do trabalho.
a) Mapeamento do Fluxo de Valor: este mapeamento é um dado
considerado essencial pela unidade e foi desenvolvido por um grupo
formado por membros da corporação da empresa com participação
direta de membros da área de produção, pesquisa e desenvolvimento
e qualidade da unidade produtora. Trata-se de uma informação de
caráter confidencial, pois apresenta a representação visual de cada
etapa do processo no fluxo de material e informação, considerando
cada fase desde o fornecedor até o consumidor. Foi considerado pelo
grupo como um capacitador “em conformidade” dentro desta
estratégia de gestão aplicada na empresa.
b) Melhor relação com os fornecedores: o grupo participante
considerou este capacitador “não conforme”, pois apesar do trabalho
desenvolvido pelo gestor de desenvolvimento de produtos junto aos
fornecedores, há interferências consideradas prejudiciais para a
gestão ocasionadas pelas áreas de Suprimentos da empresa que
atua de forma corporativa e causa dificuldades no processo de
aproximação entre as áreas de desenvolvimento de produtos, e de
recebimento de materiais, com fornecedores.
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118
c) Recebimento Just in Time: trata-se de capacitador que vem
trazendo oportunidade de ganhos e o grupo entende que é uma
ferramenta que apesar de “conforme” deve ter maior atenção por
parte da corporação principalmente da área de Suprimentos, para
garantir um maior compromisso dos fornecedores no atendimento
conforme as programações de produção estabelecidas com base na
previsão de vendas.
d) Tecnologia de grupo / Lay out celular com padrão de fluxo job
shop: esta é uma aplicação básica no processo considerando o tipo
de produção (em massa e repetitivo), e devido à característica de
cada produto, que é produzido em distintos tipos de fornos, passando
por distintas formas de acabamento e de embalagem, o lay out celular
proporciona maior velocidade no fluxo produtivo, a eliminação de
estoques intermediários e perdas devido à movimentação
desnecessária, reduzindo custos. Este capacitador foi considerado
“conforme” pelos entrevistados.
e) Trabalho em fluxo contínuo / Redução do tamanho do lote: esta é
uma prática que vem sendo desenvolvida com base nas estimativas
de venda. Além de buscar minimizar os tamanhos de lote, com o
objetivo de reduzir estoques em processo, e obter ganhos de
qualidade, este capacitador é aplicado, pois a diferenciação dos
produtos (diversos tipos de biscoitos) é tônica no processo de
manufatura e visa ainda facilitar o atendimento às práticas exigidas no
sistema APPCC.
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119
f) Trabalho de acordo com o takt time: apesar dos tempos de
preparação de massa, de cocção em fornos, de preparação de
embalagens, (etapas básicas de maior tempo de duração no
processo), estarem devidamente cronometrados os participantes
consideram que este capacitador é ainda “não conforme”, pois
existem dificuldades operacionais no controle dos equipamentos
voltados à produção, devido falhas no processo de manutenção.
g) Utilização do sistema kanban: aplicado para cada tipo de produto
facilita na movimentação das ordens de fabricação e materiais do
sistema Just in Time (JIT) de produção. Fazem sua aplicação através
do uso de cartões pré-impressos, puxando a produção conforme
ordens de produção estabelecidas a partir de pedidos verificados nos
objetivos de vendas. Também é considerado pelos participantes um
capacitador “conforme”.
h) Manutenção Produtiva Total (TPM): embora considerada “conforme”
pelo grupo, verifica-se que a manutenção produtiva total é um
capacitador inconsistente na gestão, devido a alta rotatividade de mão
de obra, o que implica na necessidade de aplicar treinamentos
constantes o que nem sempre acontece conforme programação
estabelecida, prejudicando a performance dos trabalhadores e
conseqüentemente dos equipamentos.
i) Baixos tempos de set up: os tempos de preparação e de descanso
dos diferentes tipos de massa e recheios, os tempos de aquecimento
dos fornos estão devidamente equacionados, considerando ainda os
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120
tempos de limpeza e de higienização, bem como a preparação das
máquinas de embalagens. Todas as etapas são devidamente
consideradas evitando desperdícios e descontinuidade dos
processos. No entanto, há devido a rotatividade de mão de obra a
dificuldade em se manter os padrões estabelecidos.
j) Aplicação de Kaizen: este capacitador vem sendo aplicado através
da busca do atendimento a metas estabelecidas em função de dados
históricos de perdas, e que levaram a estabelecer metas para
melhoria da qualidade, para o aumento da produtividade de uma
área/célula, para a redução do número de produtos com defeitos
(quebra, queima, variação de peso, e baixa porcentagem de cobertura
e/ou recheio, etc.), redução de retrabalho, e redução do tempo de set
up devido a higienização. É um capacitador em evolução, no entanto
considerado “conforme“ pelo grupo entrevistado.
k) Ferramentas de Controle de Qualidade / Zero defeito: mesmo
sendo os métodos de controle de qualidade avaliados pelos
entrevistados como de alta importância para a ME, estes consideram
o capacitador ainda “não conforme” devido a inconsistência da
aplicação de ferramentas de controle da qualidade no chão de fábrica,
como por exemplo, Diagrama de Ishikawa (diagrama de causa e
efeito); Diagrama de Pareto, Gráficos de Dispersão, para a
identificação de ações práticas voltadas a busca do “Zero defeito” e
na aplicação de Kaizen.
l) Ferramentas Poka Yoke: o grupo considera o capacitador “não
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121
conforme”, pois existe a oportunidade da aplicação do mesmo em
algumas máquinas embaladoras, o que reduziria a ocorrência de
erros na embalagem de alguns produtos evitando a passagem de
eventuais erros para as etapas seguintes do processo, bem como a
ocorrência de acidentes com lesão aos operadores, que
proporcionam a retirada do produto da linha por questões óbvias de
higiene, e de perda de tempo devido a limpeza e manutenção da
linha.
m) Aplicação de 5S: capacitador “em conformidade” e amplamente
aplicado por questões óbvias presentes no sistema APPCC e nas
“Boas Práticas de Fabricação” e aspectos exigidos pela Vigilância
Sanitária voltados à fabricação de alimentos, como por exemplo, a
questão obrigatória da manutenção de um programa contínuo de
Controle de Pragas. Cada fase do 5S, aplicada de forma orientada
permite um melhor nível de conscientização dos empregados.
n) Empowerment: é um capacitador que não evoluiu de forma
satisfatória na unidade, devido à rotatividade de mão de obra, ainda
não equacionada na empresa, e que tem relação direta com as
condições sociais da região, conforme observado pelo grupo
participante. O baixo nível de escolaridade dos trabalhadores dificulta
o entendimento da autonomia que se pretende que os mesmos
tenham para a devida tomada de decisão em aspectos voltados a
qualidade dos produtos e manutenção produtiva total (TPM).
o) Trabalhos em equipes: é um capacitador aplicado com sucesso na
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122
unidade, dadas as características do processo desenvolvido através
da aplicação do lay out celular, portanto se apresenta “em
conformidade”, conforme avaliação do grupo.
p) Trabalhador multi-habilitado com rodízio de funções: outro
capacitador considerado “conforme”, pois os processos de produção
exigem o constante rodízio dos trabalhadores em suas diversas
etapas uma vez que a empresa visa evitar que os trabalhadores
fiquem sujeitos a problemas ergonômicos o que traria perdas de mão
de obra, de produtividade, de qualidade e de custos em geral,
considerando inclusive custos por reclamações trabalhistas, ou
mesmo ações regressivas interpostas pelo órgão previdenciário.
q) Comprometimento dos trabalhadores e da alta gerência: o
envolvimento e comprometimento são considerados pelo grupo como
aspectos em evidência em toda unidade, inclusive há opiniões de que
tal evidência seria um fator gerador de rotatividade de mão de obra na
unidade, uma vez que alguns trabalhadores não conseguem se
integrar a este compromisso e devido a isso buscam se afastar da
empresa por não se ajustarem ao modelo comportamental existente
na planta.
r) Utilização de gráficos de controle visuais/medidas de
performance: a falta de controle na utilização adequada destas
ferramentas, e a má distribuição dos quadros de gestão a vista na
planta foram considerados como aspectos que levam o presente
capacitador a ser “não conforme” pelo grupo.
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123
s) Aplicação do ciclo PDCA: de forma semelhante ao item anterior a
“não conformidade” deste capacitador está centrado na falta de
disciplina na aplicação desta prática que reconhecidamente concorre
para a melhoria contínua dos processos e dos demais capacitadores
presentes na estratégia de manufatura (ME).
4.3.1.2 Considerações sobre a pesquisa para verificação da
qualificação dos capacitadores de ME.
As respostas apresentadas pelo grupo participante, conforme se
verifica na tabela 1, permitiu a elaboração de um gráfico de barras, conforme
Gráfico 1, o qual apresenta pontos sobre o desempenho da empresa na
aplicação dos capacitadores de ME em sua gestão estratégica de
manufatura.
Figura 10. Gráfico 1. Avaliação da aplicação de capacitadores de Mentalidade Enxuta.
Fonte: (o autor)
AVALIAÇÃO DA APLICAÇÃO DE CAPACITADORES DE ME
31,58%
5,26%
63,16%
100%
26%
42%
32%
26,32%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Ganhador Qualificador Agregador TODOS
% ÍTENS DE VERIFICAÇÃO NÍVEL DE IMPLEMENTAÇÃO
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124
Considerando todos os capacitadores aplicados apenas 63,16%
encontra-se em conformidade segundo avaliação dos entrevistados. Sendo
assim classificados:
Fator ganhador de pedidos, que representam 32% dos
capacitadores, tem 26,32% de atendimento de conformidade;
Fator qualificador de pedidos, que representam 42% dos
capacitadores, tem 31,58% de atendimento de conformidade;
Fator criador de valor para ME, que representam 26% dos
capacitadores, tem 5,26% de atendimento de conformidade.
Observa-se desta forma que a empresa prioriza ações sobre os
capacitadores que possuem fatores identificados como ganhadores e
qualificadores de pedidos, exercendo poucas ações sobre os que criam valor
à esta estratégia de gestão.
Embora a classificação dos fatores de sucesso tenha sido
estabelecida pela empresa, para cada capacitador, quando do início do
projeto de implantação de ME, verifica-se um nível mediano de
implementação desta estratégia de gestão uma vez que a maioria das
ferramentas que criam valor à mesma não tem aplicação consistente. Com
isto pode haver inconsistência no desenvolvimento desta estratégia que
busca maximizar a sinergia entre seus capacitadores para a obtenção de
resultados consistentes e passíveis de serem melhorados conforme a
evolução dos processos.
Portanto, cabe à empresa revisar seus objetivos e dar adequado
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125
direcionamento às suas ações de consolidação dos capacitadores, focando
não só os fatores que implicam em ganhar e qualificar pedidos, mas também
àqueles que criam valor à estratégia de gestão, com o intuito de melhorar o
nível de implementação da mesma.
Para analisar de uma forma mais ampla o que se verificou no tocante
a aplicação dos capacitadores verificados, cabe aplicarmos a segunda etapa
da pesquisa que é a verificação dos cinco objetivos de desempenho, os
quais têm relação direta e constante com os objetivos estratégicos da
empresa, e que se enquadram com as diretrizes da Manufatura Enxuta.
4.3.2 Aplicação do Modelo de Pesquisa para verificação dos cinco
objetivos de desempenho.
Para esta etapa do processo de pesquisa, realizada junto à empresa
objeto de estudo, foi aplicada a tabela apresentada no Capítulo 3, figura 7,
desenvolvida para a avaliação de importância dos Objetivos de Desempenho
segundo a classificação de Slack et al. (1999).
Na citada tabela, para cada objetivo de desempenho (Qualidade,
Velocidade, Confiabilidade, Flexibilidade e Custos) levou-se em
consideração os “atributos” pertinentes a cada um destes objetivos, também
apresentados no Capitulo 3, e devidamente indicados em cada tabela
desenvolvida para a pesquisa. Esta avaliação junto ao grupo permitiu que
estes respondessem individualmente, indicando a existência ou não da
conformidade de cada atributo, apontando nesta mesma tabela o grau de
importância, (conforme tabela da figura 8), atribuída pelo respondente, ao
atributo em questão, considerando sua aplicação na gestão em processo.
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126
4.3.2.1 Aplicação do Modelo de Pesquisa para verificação do objetivo
de desempenho: Vantagem em Qualidade
A tabela 2 apresenta os dados tabulados referentes às respostas
individuais apresentadas pelos entrevistados, considerando as expectativas
e as experiências dos mesmos diante da aplicação de tais objetivos,
associados aos aspectos pertinentes à gestão de Manufatura Enxuta na
unidade de fabricação/manufatura de biscoitos da empresa estudada.
Tabela 2. Avaliação de importância de Objetivo de Desempenho: Qualidade.
Fonte: (o autor)
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127
Tabela 2. Avaliação de importância de Objetivo de Desempenho: Qualidade.
Fonte: (o autor)
SIM NÃO
1
G x 0 0 0 4 6
2
G X 0 0 0 0 10
3
G X 0 0 0 0 10
4
Q X 0 0 0 0 10
5
Q X 0 0 0 0 10
6
G X 0 0 0 3 7
7
G X 0 0 0 2 8
8
Q X 0 0 0 4 6
9
Q X 0 0 0 4 6
10
G X 0 0 0 4 6
11
A X 0 0 4 5 1
12
A X 0 3 4 3 0
13
Q X 0 0 0 5 5
14
G X 0 0 0 3 7
15
A X 0 0 4 4 2
16
A X 0 0 4 5 1
17
G X 0 0 0 5 5
MODELO de Pesquisa de Dados para implantação de ME
como Vantagem Competitiva
Objetivo de Desempenho:
QUALIDADE
Responsável:Setor :
Todas as células onde há aplicação de Ferramentas de ME
Data:
a.
Fornecimento
de
produtos
cuja
qualidade
percebida pelo cliente supera suas necessidades e
expectativas
CONFORMIDADE Não se
Aplica
ATRIBUTOS DE QUALIDADE
b. Entregar o pedido ao cliente em prazo combinado
e. Embalagens correspondentes aos produtos
j. A empresa possui um Serviço de Atendimento ao
Cliente (SAC) com pronta atuação nas questões
referentes às reclamações sobre a qualidade dos
produtos
c. Fornecimento de produtos isentos de defeito
f. Embalagens dos produtos apresentam
características de garantia ao produto.
d. Controle contínuo de lotes de fabricação com
indicaçãode data de fabricaçãoe de vencimento, para
monitoramento de data crítica para consumo dos
produtos
h. Determinações da Legislação para produtos
alimentícios são aplicadas no processo de fabricação
i.A aplicaçãode Análise dos Perigos e Pontos Críticos
de Controle (APPCC) é comumente praticada pela
empresa
o. A empresa tem um Programa de Treinamento
continuado de "Boas Práticas de Fabricação" voltado
aos seus empregados
m. A empresa possui um Sistema de Qualidade com
objetivos e metas definidos e compromissados
através de uma Política de Qualidade
g."Boas Práticas de Fabricação" são aplicadas no
processo produtivo
p. Desempenhos individuais são considerados na
obtenção dos melhores níveis de qualidade quando
do processamento do produto
n. A empresa desenvolve a aplicação prática de
ferramentas de Controle de Qualidade com o intuito de
reduzir defeitos/falhas
k.A empresa possui um Programa voltado à
Responsabilidade Social
l. A empresa apresenta anualmente seu Balanço
Social apresentando investimentos em qualidade
q. adequado atendimento e fornecimento nos
pontos de maior consumo reconhecidos pela
empresa
Legenda FATOR: G=ganhador de pedidos Q=qualificador de pedidos A=Agrega valor a ME
OBJETIVO
: avaliação de importância da aplicação dos Atributos de Qualidade, diante dos objetivos estratégicos de
manufatura, indicando os fatores "ganhadores e qualificadores de pedidos", bem como os que são aplicados
especialmente para "agregar valor" à
AVALIAÇÃO DE IMPORTÂNCIA
I II III
Unidade:
Fornos/Biscoitos
ITEM Fator
VIV
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128
4.3.2.1.a Considerações sobre os dados de verificação do objetivo de
desempenho: Vantagem em Qualidade.
Os dados observados na tabela 2 permitiram a elaboração de um
gráfico de barras, Gráfico 2, e que apresenta pontos sobre o objetivo de
desempenho em Qualidade, considerando as respostas dos entrevistados
sobre os atributos de qualidade na gestão estratégica de manufatura.
Figura 11. Gráfico 2. Verificação de Desempenho em Qualidade.
Fonte: (o autor)
Verificando as respostas apresentadas, apenas 76% dos atributos,
considerados no desempenho voltado à obtenção de Vantagem em
Qualidade, encontra-se devidamente aplicado, segundo avaliação dos
entrevistados. Sendo assim classificados:
Fator ganhador de pedidos, que representam 47% dos
atributos, tem 41% de atendimento de conformidade;
Fator qualificador de pedidos, que representam 29% dos
ATRIBUTOS DE QUALIDADE
18% 18%
76%
47%
29%
24%
100%
41%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Ganhador Qualificador Agregador TODOS
% ÍTENS DE VERIFICAÇÃO NÍVEL DE IMPLEMENTAÇÃO
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atributos, tem 18% de atendimento de conformidade;
Fator criador de valor para ME, que representam 24% dos
atributos, tem 18% de atendimento de conformidade.
Observa-se assim que a empresa objetiva em seu desempenho,
voltado à vantagem competitiva em qualidade, os atributos que apresentam
fatores estabelecidos como ganhadores de pedidos, exercendo ações pouco
consistentes sobre os qualificadores de pedido e sobre os que criam valor à
estratégia de gestão.
Segundo os entrevistados (dez profissionais pertencentes ao quadro
da empresa) a avaliação da importância dos atributos, conforme critério
definido na tabela da figura 8, apresentada no Capítulo 3, se distribui
percentualmente da seguinte forma:
a. Fornecimento de produtos cuja qualidade percebida pelo
cliente supera suas necessidades e expectativas: apresenta
40% (quarenta por cento) de avaliação tipo IV (é muito
importante), e 60% (sessenta por cento) de avaliação tipo V
(é o mais importante). Este atributo é considerado
fundamental para os produtos considerados especiais
(biscoitos cobertos e recheados), pois sua qualidade é fator
gerador de distinção da marca do produto.
b. Entregar o pedido ao cliente em prazo combinado:
apresenta 100% (cem por cento) de avaliação tipo V (é o
mais importante). O maior esforço desta unidade se
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130
concentra em dar pleno atendimento a este atributo.
c. Fornecimento de produtos isentos de defeito: apresenta
100% (cem por cento) de avaliação tipo V (é o mais
importante). A importância deste atributo é fortemente
considerada pelo grupo, pois desde a implantação de ME na
unidade é o item que mais evoluiu, garantindo que o
consumidor dificilmente receberá o produto com defeitos.
d. Controle contínuo de lotes de fabricação com indicação de
data de fabricação e de vencimento, para monitoramento de
data crítica para consumo dos produtos: apresenta 100%
(cem por cento) de avaliação tipo V (é o mais importante).
Neste atributo todas as equipes representantes de células
de manufatura receberam treinamento, mas ainda assim
existem falhas de controle que estão sendo apuradas.
e. Embalagens correspondentes aos produtos: apresenta
100% (cem por cento) de avaliação tipo V (é o mais
importante). A adoção do Kanban garantiu a eliminação de
erros no processo de embalagem e empacotamento correto
dos distintos produtos.
f. Embalagens dos produtos apresentam características de
garantia ao produto: apresenta 30% (trinta por cento) de
avaliação tipo IV (é muito importante), e 70% (setenta por
cento) de avaliação tipo V (é o mais importante). A adoção
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131
do JIT e a melhoria na área de estocagem de embalagens
garantiram o não uso de embalagens sujas e expostas por
longos períodos nas células de manufatura.
g. "Boas Práticas de Fabricação" são aplicadas no processo
produtivo: apresenta 20% (vinte por cento) de avaliação tipo
IV (é muito importante), e 80% (oitenta por cento) de
avaliação tipo V (é o mais importante). Atributo amplamente
aplicado em todo processo produtivo.
h. Determinações da Legislação para produtos alimentícios
são aplicadas no processo de fabricação: apresenta 40%
(quarenta por cento) de avaliação tipo IV (é muito
importante), e 60% (sessenta por cento) de avaliação tipo V
(é o mais importante). Atributo reconhecido por todos os
participantes, devido aos treinamentos e constantes
orientações enfatizadas pela área de desenvolvimento de
produtos e de qualidade.
i. A aplicação de Análise dos Perigos e Pontos Críticos de
Controle (APPCC) é comumente praticada pela empresa:
apresenta 40% (quarenta por cento) de avaliação tipo IV (é
muito importante), e 60% (sessenta por cento) de avaliação
tipo V (é o mais importante). Idem ao item anterior (h).
j. A empresa possui um Serviço de Atendimento ao Cliente
(SAC) com pronta atuação nas questões referentes às
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132
reclamações sobre a qualidade dos produtos: apresenta
40% (quarenta por cento) de avaliação tipo IV (é muito
importante), e 60% (sessenta por cento) de avaliação tipo V
(é o mais importante). Serviço realizado pela área
corporativa, mas altamente conceituado na unidade, pois
apresenta indicadores que concorrem para melhorias nas
ações voltadas a qualidade dos produtos.
k. A empresa possui um Programa voltado à Responsabilidade
Social: apresenta 40% (quarenta por cento) de avaliação
tipo III (é importante), 50% (cinqüenta por cento) de
avaliação tipo IV (é muito importante), e 10% (dez por
cento) de avaliação tipo V (é o mais importante). Este
atributo ainda carece de ações mais específicas para que
tenha um melhor atendimento na unidade, embora seja
reconhecida sua existência na unidade através das ações
de prevenção de acidentes e de preservação ambiental.
l. A empresa apresenta anualmente seu Balanço Social
apresentando investimentos em qualidade: apresenta 30%
(trinta por cento) de avaliação tipo II (é pouco importante),
40% (quarenta por cento) de avaliação tipo III (é
importante), e 30% (trinta por cento) de avaliação tipo IV (é
muito importante). É um atributo pouco divulgado na
unidade, dada suas características de balanço financeiro
que é pouco entendido no chão de fábrica.
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133
m. A empresa possui um Sistema de Qualidade com objetivos
e metas definidos e compromissados através de uma
Política de Qualidade: apresenta 50% (cinqüenta por cento)
de avaliação tipo IV (é muito importante), e 50% (cinqüenta
por cento) de avaliação tipo V (é o mais importante). Existe
a necessidade de que seja desenvolvido um novo sistema
de qualidade, uma vez que o atual não vem atendendo as
expectativas estabelecidas.
n. A empresa desenvolve a aplicação prática de ferramentas
de Controle de Qualidade com o intuito de reduzir
defeitos/falhas: apresenta 30% (trinta por cento) de
avaliação tipo IV (é muito importante), e 70% (setenta por
cento) de avaliação tipo V (é o mais importante). A falta de
aplicação de ferramentas específicas de Qualidade é o
maior problema presente no atual sistema de qualidade da
unidade.
o. A empresa tem um Programa de Treinamento continuado
de "Boas Práticas de Fabricação" voltado aos seus
empregados: apresenta 40% (quarenta por cento) de
avaliação tipo III (é importante), 40% (quarenta por cento)
de avaliação tipo IV (é muito importante), e 20% (vinte por
cento) de avaliação tipo V (é o mais importante). O
programa de treinamento é devidamente cumprido, e tem
abrangência pertinente aos aspectos produtivos e
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134
administrativos da unidade.
p. Desempenhos individuais são considerados na obtenção
dos melhores níveis de qualidade quando do
processamento do produto: apresenta 40% (quarenta por
cento) de avaliação tipo III (é importante), 50% (cinqüenta
por cento) de avaliação tipo IV (é muito importante), e 10%
(dez por cento) de avaliação tipo V (é o mais importante).
Este atributo está sendo reconsiderado pela área de
Recursos Humanos corporativa, com o objetivo de verificar
como criar valor aos objetivos estratégicos da empresa.
q. Há adequado atendimento e fornecimento nos pontos de
maior consumo reconhecido pela empresa: apresenta 50%
(cinqüenta por cento) de avaliação tipo IV (é muito
importante), e 50% (cinqüenta por cento) de avaliação tipo V
(é o mais importante). Trata-se de atributo que está
recebendo especial atenção da área corporativa de vendas
para garantir presença no mercado com o diferencial de
pronto atendimento (velocidade).
Nota-se que há por parte dos participantes um elevado grau de
conscientização em relação ao nível de importância dos atributos
estabelecidos ao objetivo de desempenho qualidade, demonstrando que a
empresa reconhece que um bom desempenho em Qualidade proporciona
vantagem competitiva, e que vem considerando como relevante a sua
aplicação no processo de gestão posto em prática.
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135
4.3.2.2 Aplicação do Modelo de Pesquisa para verificação do objetivo
de desempenho: Vantagem em Velocidade.
A tabela 3 apresenta a tabulação dos dados referentes às respostas
individuais apresentadas pelos entrevistados, considerando as expectativas
e as experiências dos mesmos diante da aplicação dos objetivos de
desempenho em Velocidade, associados aos aspectos pertinentes à gestão
de Manufatura Enxuta na unidade em estudo.
Tabela 3. Avaliação de importância de Objetivo de Desempenho: Velocidade.
Fonte: (o autor)
SIM NÃO
1
G x 0 0 0 4 6
2
G X 0 0 0 5 5
3
Q X 0 0 3 3 4
4
A X 0 0 3 3 4
5
A X 0 0 3 3 3
6
G X 0 0 0 4 6
7
Q X 0 0 0 4 6
8
A X 0 0 2 4 4
9
G X 0 0 0 5 5
10
G X 0 0 0 5 5
11
Q X 0 0 2 4 4
12
Q X 0 0 0 4 6
Legenda
FATOR: G=ganhador de pedidos Q=qualificador de pedidos A=Agrega valor a ME
MODELO de Pesquisa de Dados para implantação de ME
como Vantagem Competitiva
Objetivo de Desempenho:
VELOCIDADE
Responsável:Setor :
Todas as células onde há aplicação de Ferramentas de ME
Data:
a. Simplificação do processo de tomada de decisão;
d. Redução da distância percorrida pelas
informações;
Unidade:
Fornos/Biscoito
ATRIBUTOS DE VELOCIDADE
ITEM Fator
CONFORMIDADE Não se
Aplica
l. Adoção de sistemas informatizados que permitam
monitorar tempos críticos entre planejamento,
produção e entrega.
f. Diminuição do tamanho dos lotes;
b. Eliminação das fontes geradoras das causas de
problemas de qualidade;
j. Preparação de equipes de representantes de
vendas e expositores de produtos, através de
treinamentos específicos;
k. Treinamento de equipes de produção, de
estoquistas e de empresas de transporte para
especial atenção ao prazo de validade dos produtos,
com vistas a conscientizar tais equipes a agilizar a
movimentação destes entre postos de distribuição, e
entrega-venda.
g. Adequação de
set up
adotando a troca rápida na
preparação dos processos;
h. Adoção de um Programa de Manutenção
Preventiva;
i. Alocação de centrosde distribuição de produtos em
áreas de elevado nível de venda;
c. Eliminação das etapas do processo que geram
desperdícios;
e. Aproximação entre as operações;
OBJETIVO: avaliação de importância da aplicação dos Atributos de Velocidade, diante dos objetivos estratégicos
de manufatura, indicando os fatores "ganhadores e qualificadores de pedidos", bem como os que são aplicados
especialmente para "agregar valor"
AVALIAÇÃO DE IMPORTÂNCIA
I II III IV V
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136
4.3.2.2.a Considerações sobre os dados de verificação do objetivo de
desempenho: Vantagem em Velocidade.
Os dados observados na tabela 3 permitiram elaborar um gráfico de
barras, Gráfico 3, e que apresenta pontos sobre o objetivo de desempenho
em Velocidade, considerando as respostas dos participantes sobre os
atributos de velocidade na gestão estratégica de manufatura.
Figura 12. Gráfico 3. Verificação de Desempenho em Velocidade.
Fonte: (o autor)
Verificando as respostas apresentadas, apenas 66,67% dos atributos,
considerados no desempenho voltado à obtenção de Vantagem em
Velocidade, encontra-se devidamente aplicado, segundo avaliação dos
entrevistados. Sendo assim classificados:
Fator ganhador de pedidos, que representam 42% dos
atributos, tem 33,33% de atendimento de conformidade;
ATRIBUTOS DE VELOCIDADE
16,67% 16,67%
66,67%
100%
25%
33%
42%
33,33%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Ganhador Qualificador Agregador TODOS
% ÍTENS DE VERIFICAÇÃO NÍVEL DE IMPLEMENTAÇÃO
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137
Fator qualificador de pedidos, que representam 33% dos
atributos, tem 16,67% de atendimento de conformidade;
Fator criador de valor para ME, que representam 25% dos
atributos, tem 16,67% de atendimento de conformidade.
Com estes dados é possível notar que a empresa objetiva em seu
desempenho, voltado à vantagem competitiva em velocidade, os atributos
que apresentam fatores estabelecidos como ganhadores de pedidos,
exercendo ações pouco consistentes sobre os qualificadores de pedido e
sobre os que criam valor à estratégia de gestão, de forma semelhante ao
que se verificou nos atributos dedicados ao objetivo de desempenho voltado
a Qualidade.
Segundo os entrevistados a avaliação da importância dos atributos
dedicados à velocidade se distribui percentualmente da seguinte forma:
a. Simplificação do processo de tomada de decisão: apresenta 40%
(quarenta por cento) de avaliação tipo IV (é muito importante), e
60% (sessenta por cento) de avaliação tipo V (é o mais
importante). Os treinamentos realizados nas mais diversas
atividades garantem que este atributo seja aplicado em toda a
unidade, porém esta prática só usual entre os lideres de células
uma vez que há baixa participação dos trabalhadores devido a
não evolução satisfatória do “empowerment” na planta.
b. Eliminação das fontes geradoras das causas de problemas de
qualidade: apresenta 50% (cinqüenta por cento) de avaliação tipo
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138
IV (é muito importante), e 50% (cinqüenta por cento) de avaliação
tipo V (é o mais importante). Embora reconhecido como um
atributo em conformidade com os padrões de qualidade, o fato de
não haver a aplicação de ferramentas práticas de qualidade que
disciplinem as ações de eliminação de causas, este atributo não
recebeu avaliação mais adequada às necessidades da unidade.
c. Eliminação das etapas do processo que geram desperdícios:
apresenta 30% (trinta por cento) de avaliação tipo III (é
importante), 30% (trinta por cento) de avaliação tipo IV (é muito
importante), e 40% (quarenta por cento) de avaliação tipo V (é o
mais importante). Uma etapa do processo que ocasiona
desperdício é o tempo de espera de aquecimento dos fornos, pois
eficiência da máquina é variável em função de serem antigas, e a
outra etapa é a do transporte das “masseiras” que é realizada
pelos trabalhadores que as empurram para as máquinas que
laminam a massa, seguindo daí para os fornos.
d. Redução da distância percorrida pelas informações: apresenta
30% (trinta por cento) de avaliação tipo III (é importante), 30%
(trinta por cento) de avaliação tipo IV (é muito importante), e 40%
(quarenta por cento) de avaliação tipo V (é o mais importante).
Este atributo necessita ser reavaliado embora tenha havido
evolução conforme relato dos participantes com maior tempo de
casa, no entanto percebe-se que há trabalhadores que
preenchem planilhas que não fazem parte dos procedimentos,
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139
anotando dados referentes à adição de insumos na massa, ou de
tempo de espera para introduzir massa na laminadora, e até
variação de temperatura dos fornos, e que na maioria das vezes
não são integrados nos documentos adequados.
e. Aproximação entre as operações: apresenta 30% (trinta por
cento) de avaliação tipo III (é importante), 30% (trinta por cento)
de avaliação tipo IV (é muito importante), e 40% (quarenta por
cento) de avaliação tipo V (é o mais importante). Não muito
considerado, pois o arranjo físico das células de manufatura já
contempla esta questão, sendo, portanto que há pouco a melhorar
nesta questão.
f. Diminuição do tamanho dos lotes: apresenta 40% (quarenta por
cento) de avaliação tipo IV (é muito importante), e 60% (sessenta
por cento) de avaliação tipo V (é o mais importante). Este atributo
está se consolidando de forma mais consistente com a evolução
da prática da gestão da ME, onde o JIT e o Kanban concorrem
para otimizar o processo, associado à adequada projeção de
vendas.
g. Adequação de set up adotando a troca rápida na preparação dos
processos: apresenta 40% (quarenta por cento) de avaliação tipo
IV (é muito importante), e 60% (sessenta por cento) de avaliação
tipo V (é o mais importante). Outro atributo que vem se
consolidando no tempo, uma vez que há a necessidade de ajuste
entre as áreas de produção e as de manutenção, que se
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A ESTRATÉGIA DA MANUFATURA ENXUTA APLICADA EM UMA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS.
140
apresentam como responsáveis pela efetiva redução do set up.
h. Adoção de um Programa de Manutenção Preventiva: apresenta
20% (vinte por cento) de avaliação tipo III (é importante), 40%
(quarenta por cento) de avaliação tipo IV (é muito importante), e
40% (quarenta por cento) de avaliação tipo V (é o mais
importante). O desenvolvimento do TPM deve gerar consistência
a este programa que ainda se apresenta falho devido ao seu não
cumprimento conforme cronograma estabelecido anualmente.
i. Alocação de centros de distribuição de produtos em áreas de
elevado nível de venda: apresenta 50% (cinqüenta por cento) de
avaliação tipo IV (é muito importante), e 50% (cinqüenta por
cento) de avaliação tipo V (é o mais importante). O que impacta
este atributo é o custo de distribuição, mas de toda forma o
mesmo está sendo avaliado pela área de logística corporativa.
j. Preparação de equipes de representantes de vendas e
expositores de produtos, através de treinamentos específicos:
apresenta 50% (cinqüenta por cento) de avaliação tipo IV (é muito
importante), e 50% (cinqüenta por cento) de avaliação tipo V (é o
mais importante). Ação considerada nos atributos de qualidade, a
área de Recursos Humanos corporativa está estabelecendo
meios para garantir que tais equipes estejam comprometidas com
os objetivos de desempenho da unidade.
k. Treinamento de equipes de produção, de estoquistas e de
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141
empresas de transporte para especial atenção ao prazo de
validade dos produtos, com vistas a conscientizar tais equipes a
agilizar a movimentação destes entre postos de distribuição, e
entrega-venda: apresenta 20% (vinte por cento) de avaliação tipo
III (é importante), 40% (quarenta por cento) de avaliação tipo IV (é
muito importante), e 40% (quarenta por cento) de avaliação tipo V
(é o mais importante). Idem ao item “i” onde a área corporativa de
logística vem adotando especial atenção .
l. Adoção de sistemas informatizados que permita monitorar tempos
críticos entre planejamento, produção e entrega: apresenta 40%
(quarenta por cento) de avaliação tipo IV (é muito importante), e
60% (sessenta por cento) de avaliação tipo V (é o mais
importante). Outro item dependente de apoio corporativo, neste
caso da área de Tecnologia e Informática.
Nota-se que os participantes também conferem um nível de
importância relativamente alto aos atributos estabelecidos ao objetivo de
desempenho velocidade, demonstrando que a empresa considera em sua
gestão estratégica de manufatura as oportunidades geradas pelo bom
desempenho em Velocidade, o que pode propiciar vantagem competitiva.
4.3.2.3 Aplicação do Modelo de Pesquisa para verificação do objetivo
de desempenho: Vantagem em Confiabilidade.
A tabela 4 apresenta a tabulação dos dados referentes às respostas
individuais apresentadas pelos participantes, considerando as expectativas e
as experiências dos mesmos diante da aplicação dos objetivos de
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A ESTRATÉGIA DA MANUFATURA ENXUTA APLICADA EM UMA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS.
142
desempenho em Confiabilidade, associados aos aspectos pertinentes à
gestão de Manufatura Enxuta na unidade em estudo.
Tabela 4. Avaliação de importância de Objetivo de Desempenho: Confiabilidade.
Fonte: (o autor)
SIM NÃO
1
G x 0 0 0 0 10
2
A X 0 0 0 4 6
3
G X 0 0 0 0 10
4
G X 0 0 0 2 8
5
Q X 0 0 0 5 5
6
G X 0 0 0 0 10
7
Q X 0 0 0 2 8
8
G X 0 0 0 5 5
9
Q X 0 0 0 5 5
10
A X 0 0 0 2 8
I II III IV
Legenda FATOR: G=ganhador de pedidos Q=qualificador de pedidos A=Agrega valor a ME
f. Produtos isentos de defeitos ou falhas;
b. Aplicação efetiva de programa de manutenção
preventiva;
j. Grupo de apoio logístico comprometido com os
padrões de qualidade e treinado nos diversos
aspectos relativos à qualidade e garantia dos
produtos/serviços.
g. Solução dos problemas não é postergada;
h. Arranjo físico da produção;
i. Espaço físico adequado para estocagem e apoio
logístico no transporte e movimentação de produtos;
c.Monitoramento dedatas deentregas e cumprimento
dos prazos;
e. Planejamento das atividades rotineiras faz parte dos
requisitos do processo de trabalho;
Unidade:
Fornos/Biscoitos
ATRIBUTOS DE CONFIABILIDADE
ITEM Fator
CONFORMIDADE Não se
Aplica
V
a. Programação de produção sincronizada e
balanceada;
d. Monitoramento das datas de fabricação e de
vencimento dos produtos ou serviços;
Todas as células onde há aplicação de Ferramentas de ME
Data:
MODELO de Pesquisa de Dados para implantação de ME
como Vantagem Competitiva
Objetivo de Desempenho:
CONFIABILIDADE
Responsável:Setor :
OBJETIVO: avaliação de importância da aplicação dos Atributos de Confiabilidade, diante dos objetivos
estratégicos de manufatura, indicando os fatores "ganhadores e qualificadores de pedidos", bem como os que são
aplicados especialmente para "agregar val
AVALIAÇÃO DE IMPORTÂNCIA
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143
4.3.2.3.a Considerações sobre os dados de verificação do objetivo de
desempenho: Vantagem em Confiabilidade.
Os dados observados na tabela 4 permitiram elaborar um gráfico de
barras, Gráfico 4, e que apresenta pontos sobre o objetivo de desempenho
em Confiabilidade, considerando as respostas dos participantes sobre os
atributos de confiabilidade na gestão estratégica de manufatura.
Figura 13. Gráfico 4. Verificação de Desempenho em Confiabilidade.
Fonte: (o autor)
Verificando as respostas apresentadas, apenas 50% dos atributos,
considerados no desempenho voltado à obtenção de Vantagem em
Confiabilidade, encontra-se devidamente aplicado, segundo avaliação dos
participantes. Sendo assim classificados:
Fator ganhador de pedidos, que representam 50% dos
atributos, tem 40% de atendimento de conformidade;
Fator qualificador de pedidos, que representam 30% dos
ATRIBUTOS DE CONFIABILIDADE
10,00%
0,00%
50,00%
100%
20%
30%
50%
40,00%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Ganhador Qualificador Agregador TODOS
% ÍTENS DE VERIFICAÇÃO NÍVEL DE IMPLEMENTAÇÃO
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144
atributos, tem 10% de atendimento de conformidade;
Fator criador de valor para ME, que representam 20% dos
atributos, tem (zero) 0% de atendimento de conformidade.
Observa-se assim que a empresa objetiva em seu desempenho,
voltado à vantagem competitiva em confiabilidade, os atributos que
apresentam fatores estabelecidos como ganhadores de pedidos, exercendo
ações pouco consistentes sobre os qualificadores de pedido e nenhuma
ação sobre os que criam valor à estratégia de gestão.
Segundo os entrevistados a avaliação da importância dos atributos
dedicados à confiabilidade se distribui percentualmente da seguinte forma:
a. Programação de produção sincronizada e balanceada: apresenta
100% (cem por cento) de avaliação tipo V (é o mais importante).
Atributo que concorre fortemente para os objetivos de
desempenho de qualidade, velocidade, flexibilidade e custos, é
tratado de forma especial havendo reuniões diárias entre as
diversas áreas de produção com a equipe de PCP para garantir o
balanceamento e sincronização da programação evitando as
causas de prováveis falhas no processo.
b. Aplicação efetiva de programa de manutenção preventiva:
apresenta 40% (quarenta por cento) de avaliação tipo IV (é muito
importante), e 60% (sessenta por cento) de avaliação tipo V (é o
mais importante). Atributo não conforme devido à falta de mão de
obra que precisa ser equacionada no setor de manutenção.
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145
c. Monitoramento de datas de entregas e cumprimento dos prazos:
apresenta 100% (cem por cento) de avaliação tipo V (é o mais
importante). A programação balanceada e a aplicação do Kanban
garantem a conformidade deste atributo. PCP e Expedição
realizam verificações diárias no sistema para garantir o
cumprimento de prazos.
d. Monitoramento das datas de fabricação e de vencimento dos
produtos ou serviços: apresenta 20% (vinte por cento) de
avaliação tipo IV (é muito importante), e 80% (oitenta por cento)
de avaliação tipo V (é o mais importante). Existe neste atributo a
dependência da participação do grupo logístico que tem atuação
matricial e que busca atuar de forma comprometida para com os
objetivos da unidade.
e. Planejamento das atividades rotineiras faz parte dos requisitos do
processo de trabalho: apresenta 50% (cinqüenta por cento) de
avaliação tipo IV (é muito importante), e 50% (cinqüenta por
cento) de avaliação tipo V (é o mais importante). O grupo
reconhece que o planejamento é vital para a obtenção de
resultados positivos e, portanto confere a este atributo uma alta
importância, uma vez que diversos fatos não rotineiros ainda
ocorrem prejudicando obviamente a dinâmica do processo, o
sequenciamento estabelecido e logicamente a rotina, se esta não
estiver devidamente planejada.
f. Produtos isentos de defeitos ou falhas: apresenta 100% (cem por
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146
cento) de avaliação tipo V (é o mais importante). No caso deste
atributo ainda há dificuldades em se atingir o objetivo
estabelecido. Existem metas para redução de defeitos e falhas e
estas são avaliadas periodicamente, mas ainda assim ocorrem
diversas falhas em todo o processo. Por isso o grupo considera
que o mesmo é não conforme, mas que tem extrema importância
no desempenho.
g. Solução dos problemas não é postergada: apresenta 20% (vinte
por cento) de avaliação tipo IV (é muito importante), e 80%
(oitenta por cento) de avaliação tipo V (é o mais importante).
Outro atributo não conforme, uma vez que apesar dos esforços
ainda há problemas que acabam sendo postergados por
questões financeiras, ou mesmo por falhas de comunicação.
h. Arranjo físico da produção: apresenta 50% (cinqüenta por cento)
de avaliação tipo IV (é muito importante), e 50% (cinqüenta por
cento) de avaliação tipo V (é o mais importante). O sistema de
arranjo celular garante um bom balanceamento aos processos, e
adequação de deslocamento de mão de obra para determinados
pedidos.
i. Espaço físico adequado para estocagem e apoio logístico no
transporte e movimentação de produtos: apresenta 50%
(cinqüenta por cento) de avaliação tipo IV (é muito importante), e
50% (cinqüenta por cento) de avaliação tipo V (é o mais
importante). Este atributo apresenta não conformidade em função
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147
dos problemas com equipamentos de movimentação e transporte
dos produtos que carecem de manutenção.
j. Grupo de apoio logístico comprometido com os padrões de
qualidade e treinado nos diversos aspectos relativos à qualidade
e garantia dos produtos/serviços: apresenta 20% (vinte por cento)
de avaliação tipo IV (é muito importante), e 80% (oitenta por
cento) de avaliação tipo V (é o mais importante). Apesar dos
esforços pessoais dos trabalhadores do grupo logístico no sentido
de colaborar com a unidade, estes carecem de treinamentos
específicos, tais como os realizados para os trabalhadores
lotados em células de manufatura.
É possível notar que os participantes também conferem um nível de
importância relativamente alto aos atributos estabelecidos ao objetivo de
desempenho confiabilidade, demonstrando que a empresa também
considera em sua gestão estratégica de manufatura o bom desempenho em
Confiabilidade um aliado para conquistar vantagem competitiva. No entanto,
existem problemas claros na administração destes atributos que necessitam
ser mais bem observados para atingir o mesmo nível de importância
conferido ao objetivo de desempenho voltado a Qualidade.
4.3.2.4 Aplicação do Modelo de Pesquisa para verificação do objetivo
de desempenho: Vantagem em Flexibilidade.
A tabela 5 apresenta a tabulação dos dados referentes às respostas
individuais apresentadas pelos participantes, considerando as expectativas e
as experiências dos mesmos diante da aplicação dos objetivos de
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A ESTRATÉGIA DA MANUFATURA ENXUTA APLICADA EM UMA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS.
148
desempenho em Flexibilidade, associados aos aspectos pertinentes à
gestão de Manufatura Enxuta na unidade em estudo.
Tabela 5. Avaliação de importância de Objetivo de Desempenho: Flexibilidade.
Fonte: (o autor).
SIM NÃO
1
G x 0 0 0 3 7
2
G X 0 0 0 3 7
3
G X 0 0 0 3 7
4
A X 0 0 0 5 5
5
Q X 0 0 0 3 7
6
A X 0 0 0 4 6
7
Q X 0 0 0 3 7
8
Q X 0 0 0 2 8
9
A X 0 0 0 4 6
10
Q X 0 0 0 4 6
Legenda FATOR: G=ganhador de pedidos Q=qualificador de pedidos A=Agrega valor a ME
Fator
CONFORMIDADE
j. Fornecedores adequados às premissas produtivas
da empresa e em condições de trocar ou mudar
matéria prima em tempo hábil.
g. Adoção de troca rápida na preparação dos
processos;
h. Reduzido lead time de compra;
i. Equipe de produção treinada para realizar rápidas
mudanças nos processos;
Não se
Aplica
Fornos/ Biscoitos
ATRIBUTOS DE FLEXIBILIDADE
ITEM
f. Velocidade com a qual o processo pode ser
verificado e avaliado em determinadas faixas de
produtos;
b. Capacidade de reprogramação, sem afetar os
clientes;
c. Rapidez de mudança de processo;
e. Transferibilidade de mão de obra;
Todas as células onde há aplicação de Ferramentas de ME
a. Monitoramento da capacidade total do processo;
d. Transferibilidade de trabalho;
AVALIAÇÃO DE IMPORTÂNCIA
I II III IV V
MODELO de Pesquisa de Dados para implantação de ME
como Vantagem Competitiva
Objetivo de Desempenho:
FLEXIBILIDADE
Responsável:Setor : Data:
OBJETIVO: avaliação de importância da aplicação dos Atributos de Flexibilidade, diante dos objetivos estratégicos
de manufatura, indicando os fatores "ganhadores e qualificadores de pedidos", bem como os que são aplicados
especialmente para "agregar valo
Unidade:
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A ESTRATÉGIA DA MANUFATURA ENXUTA APLICADA EM UMA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS.
149
4.3.2.4.a Considerações sobre os dados de verificação do objetivo de
desempenho: Vantagem em Flexibilidade.
Os dados observados na tabela 5 permitiram que se elaborasse um
gráfico de barras, Gráfico 5, e que apresenta pontos sobre o objetivo de
desempenho em Flexibilidade, considerando as respostas dos participantes
sobre os atributos de flexibilidade na gestão estratégica de manufatura.
Figura 14. Gráfico 5. Verificação de Desempenho em Flexibilidade.
Fonte: (o autor)
Verificando as respostas apresentadas, apenas 50% dos atributos,
considerados no desempenho voltado à obtenção de Vantagem em
Flexibilidade, encontra-se devidamente aplicado, segundo avaliação dos
participantes. Sendo assim classificados:
Fator ganhador de pedidos, que representam 30% dos
atributos, tem total atendimento de conformidade;
ATRIBUTOS DE FLEXIBILIDADE
10,00% 10,00%
50,00%
100%
30%
40%
30% 30,00%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Ganhador Qualificador Agregador TODOS
% ÍTENS DE VERIFICAÇÃO NÍVEL DE IMPLEMENTAÇÃO
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150
Fator qualificador de pedidos, que representam 40% dos
atributos, tem 10% de atendimento de conformidade;
Fator criador de valor para ME, que representam 30% dos
atributos, tem 10% de atendimento de conformidade.
Neste caso a empresa uma vez mais privilegia os atributos que
apresentam fatores estabelecidos como ganhadores de pedidos, sendo que
as ações para os demais fatores são pouco aplicadas.
Conforme respostas dadas pelos entrevistados a avaliação da
importância dos atributos dedicados à flexibilidade se distribui
percentualmente da seguinte forma:
a. Monitoramento da capacidade total do processo: apresenta 30%
(trinta por cento) de avaliação tipo IV (é muito importante), e 70%
(setenta por cento) de avaliação tipo V (é o mais importante). O grupo
de PCP tem bem estabelecidas as questões que envolvem este
atributo juntamente com a equipe de vendas, considerando ainda que
a unidade não opera com sua total capacidade produtiva nominal.
b. Capacidade de reprogramação, sem afetar os clientes: apresenta
30% (trinta por cento) de avaliação tipo IV (é muito importante), e
70% (setenta por cento) de avaliação tipo V (é o mais importante).
Este atributo é atendido em função das reuniões diárias do grupo de
PCP com as demais áreas de produção, dando cumprimento imediato
aos itens reprogramados.
c. Rapidez de mudança de processo: apresenta 30% (trinta por cento)
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151
de avaliação tipo IV (é muito importante), e 70% (setenta por cento)
de avaliação tipo V (é o mais importante). Exatamente como no item
anterior as ordens expedidas por PCP junto à produção geram a
garantia de planejamento das operações voltadas a realizar as
mudanças necessárias no processo com grande rapidez.
d. Transferibilidade de trabalho: apresenta 50% (cinqüenta por cento) de
avaliação tipo IV (é muito importante), e 50% (cinqüenta por cento) de
avaliação tipo V (é o mais importante). Este atributo ainda não se
encontra devidamente aplicado em função do grau de dificuldade e
de criticidade de determinadas operações junto ao processo,
principalmente as que envolvem a preparação de ingredientes e
formulação dos produtos, e adição de insumos.
e. Transferibilidade de mão de obra: apresenta 30% (trinta por cento) de
avaliação tipo IV (é muito importante), e 70% (setenta por cento) de
avaliação tipo V (é o mais importante). Do ponto de vista operacional
este atributo é mais fácil de ser cumprido quando envolve as
atividades de monitoramento de máquinas, separação de produtos,
preparação para embalagem, operação de empacotamento e
operação de estocagem.
f. Velocidade com a qual o processo pode ser verificado e avaliado em
determinadas faixas de produtos: apresenta 40% (quarenta por cento)
de avaliação tipo IV (é muito importante), e 60% (sessenta por cento)
de avaliação tipo V (é o mais importante). Embora o arranjo físico seja
celular e os trabalhadores treinados há dados concretos de que
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152
algumas falhas que comprometem a qualidade ocorrem por que as
verificações estabelecidas em determinadas etapas do processo,
para diversos produtos, não são cumpridas conforme padrões
estabelecidos.
g. Adoção de troca rápida na preparação dos processos: apresenta 30%
(trinta por cento) de avaliação tipo IV (é muito importante), e 70%
(setenta por cento) de avaliação tipo V (é o mais importante). As
características do processo e de suas máquinas não permitem a
adoção de troca rápida de ferramentas, e nas que existe esta
possibilidade há a dificuldade relativa à manutenção que não atende
a demanda das ações corretivas e preventivas em tempo hábil.
h. Reduzido lead time de compra: apresenta 20% (vinte por cento) de
avaliação tipo IV (é muito importante), e 80% (oitenta por cento) de
avaliação tipo V (é o mais importante). Outro atributo que não
consegue ser atendido adequadamente uma vez que a unidade
depende da área de suprimentos corporativa que não esta
devidamente treinada para atender este modelo de gestão e costuma
reprogramar compras aumentado o lead time.
i. Equipe de produção treinada para realizar rápidas mudanças nos
processos: apresenta 40% (quarenta por cento) de avaliação tipo IV
(é muito importante), e 60% (sessenta por cento) de avaliação tipo V
(é o mais importante). As equipes de produção são treinadas e
praticam, de acordo com o processo produtivo, as mudanças de
processo conforme programação e nos tempos estabelecidos.
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153
j. Fornecedores adequados às premissas produtivas da empresa e em
condições de trocar ou mudar matéria prima em tempo hábil:
apresenta 40% (quarenta por cento) de avaliação tipo IV (é muito
importante), e 60% (sessenta por cento) de avaliação tipo V (é o mais
importante). Este atributo apresenta-se em evolução, junto a área de
pesquisa e desenvolvimento de produtos e de fornecedores.
Uma vez mais os participantes conferem um alto nível de importância aos
atributos, neste caso aos estabelecidos ao objetivo de desempenho
Flexibilidade, demonstrando que a empresa indica os mesmos em sua
gestão estratégica, em busca da vantagem competitiva. No entanto, também
neste quesito existem problemas quanto à administração destes atributos
para os quais a empresa necessita ser mais atenta, buscando atingir um
melhor resultado nos atributos que importam a este objetivo.
4.3.2.5 Aplicação do Modelo de Pesquisa para verificação do objetivo
de desempenho: Vantagem em Custos.
A tabela 6 apresenta a tabulação dos dados referentes às respostas
individuais apresentadas pelos participantes, considerando as expectativas e
as experiências dos mesmos diante da aplicação dos objetivos de
desempenho em Custos, associados aos aspectos pertinentes à gestão de
Manufatura Enxuta na unidade em estudo.
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154
Tabela 6. Avaliação de importância de Objetivo de Desempenho: Custos.
Fonte: (o autor)
4.3.2.5.a Considerações sobre os dados de verificação do objetivo de
desempenho: Vantagem em Custo.
Os dados observados na tabela 6 permitiram a elaboração de um
gráfico de barras, Gráfico 6, e que apresenta pontos sobre o objetivo de
desempenho em Custo, considerando as respostas dos participantes sobre
SIM NÃO
1
G x 0 0 0 4 6
2
G X 0 0 0 4 6
3
Q X 0 0 2 3 5
4
Q X 0 0 0 4 6
5
G X 0 0 0 3 7
6
G X 0 0 0 3 7
7
Q X 0 0 0 5 5
8
Q X 0 0 0 5 5
9
A X 0 0 0 4 6
10
A X 0 0 0 5 5
11
Q X 0 0 0 2 8
12
A X 0 0 2 4 4
13
A X 0 0 0 5 5
14
G X 0 0 0 3 7
Legenda FATOR: G=ganhador de pedidos Q=qualificador de pedidos A=Agrega valor a ME
I II III IV
i. Redução de consumo de energia em geral;
c. Minimização das mudanças na programação da
produção;
e. Redução do número de perdas;
d. Redução de flutuação de volume produzido;
b. Controle monitorado de mudanças deprodutos nas
linhas de produção;
m. Estabelecimento de programas de treinamento com
o objetivo de conscientizar os grupos de trabalho na
busca da redução de custos;
n. Implementação de ferramentas da qualidade com
foco em redução de custos.
l. Estabelecimento de campanhas internas com
objetivo de reduzir custos operacionais tangíveis;
f. Redução de operações de retrabalho;
j. Estabelecimento de fluxos de materiais e de
informações mais rápidos;
k. Investimento em programas de Qualidade;
g. Redução do material em estoque;
h. Redução do material em produção;
Unidade:
Fornos/Biscoitos
ATRIBUTOS DE CUSTO
ITEM GRAU
CONFORMIDADE Não se
Aplica
AVALIAÇÃO DE IMPORTÂNCIA
Todas as células onde há aplicação de Ferramentas de ME
Data:
a. Eliminação de atividades que não agregam valor;
MODELO de Pesquisa de Dados para implantação de ME
como Vantagem Competitiva
Objetivo de Desempenho:
CUSTO
Responsável:Setor :
OBJETIVO: avaliação de importância da aplicação dos Atributos de Custo, diante dos objetivos estratégicos de
manufatura, indicando os fatores "ganhadores e qualificadores de pedidos", bem como os que são aplicados
especialmente para "agregar valor" à imp
V
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155
os atributos de custo na gestão estratégica de manufatura.
Figura 15. Gráfico 6. Verificação de Desempenho em Custo.
Fonte: (o autor)
Verificando as respostas apresentadas, apenas 50% dos atributos,
considerados no desempenho voltado à obtenção de Vantagem em Custo,
encontra-se devidamente aplicado, segundo avaliação dos entrevistados.
Sendo assim classificados:
Fator ganhador de pedidos, que representam 36% dos
atributos, tem 21,43% de atendimento de conformidade;
Fator qualificador de pedidos, que representam 36% dos
atributos, tem 14,29% de atendimento de conformidade;
Fator criador de valor para ME, que representam 29% dos
atributos, tem 14,29% de atendimento de conformidade.
Neste caso a empresa não apresenta consistência para os atributos
ATRIBUTOS DE CUSTO
14,29% 14,29%
50,00%
100%
29%
36%36%
21,43%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Ganhador Qualificador Agregador TODOS
% ÍTENS DE VERIFICAÇÃO NÍVEL DE IMPLEMENTAÇÃO
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em questão e não há determinação objetiva quanto às ações pertinentes aos
fatores estabelecidos como ganhadores e qualificadores de pedidos, bem
como para os criaadores de valor a ME.
Conforme respostas dadas pelos entrevistados a avaliação da
importância dos atributos dedicados à flexibilidade se distribui
percentualmente da seguinte forma:
a. Eliminação de atividades que não agregam valor: apresenta 40%
(quarenta por cento) de avaliação tipo IV (é muito importante), e
60% (sessenta por cento) de avaliação tipo V (é o mais
importante). É interessante observar que os respondentes deram
uma maior importância a este atributo no objetivo de desempenho
voltado a custo do que no de confiabilidade, demonstrando que a
questão é mais significativa para a empresa nos aspectos relativos
a custo. Para este atributo existem ações já concretizadas de
eliminação de atividades que não agregam valor, sendo que
podemos citar como exemplo as atividades anteriormente
executadas por um inspetor de qualidade.
b. Controle monitorado de mudanças de produtos nas linhas de
produção: apresenta 40% (quarenta por cento) de avaliação tipo
IV (é muito importante), e 60% (sessenta por cento) de avaliação
tipo V (é o mais importante). Esta é uma atividade bem
desenvolvida apoiada por ordens de produção e pelo sistema
Kanban.
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c. Minimização das mudanças na programação da produção:
apresenta 20% (vinte por cento) de avaliação tipo III (é
importante), 30% (trinta por cento) de avaliação tipo IV (é muito
importante), e 50% (cinqüenta por cento) de avaliação tipo V (é o
mais importante). Apesar da adoção de ações voltadas para este
atributo ser executado adequadamente, ainda há dificuldades
devidas à demanda de previsão de vendas.
d. Redução de flutuação de volume produzido: apresenta 40%
(quarenta por cento) de avaliação tipo IV (é muito importante), e
60% (sessenta por cento) de avaliação tipo V (é o mais
importante). Apesar da demanda de vendas existe adequado
controle na flutuação do volume de produção, ocorrendo reduções
nos distintos períodos de variação de vendas.
e. Redução do número de perdas: apresenta 30% (trinta por cento)
de avaliação tipo IV (é muito importante), e 70% (setenta por
cento) de avaliação tipo V (é o mais importante). Existem
evidências estatísticas de que a unidade vem conseguindo reduzir
as perdas nos processos, mas o grupo considera que ainda há
muito que consolidar para atingir resultados satisfatórios.
f. Redução de operações de retrabalho: apresenta 30% (trinta por
cento) de avaliação tipo IV (é muito importante), e 70% (setenta
por cento) de avaliação tipo V (é o mais importante). Embora haja
evolução nos processos de redução de perdas, ainda há
excessivo retrabalho, pois existe a possibilidade de
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reaproveitamento dos produtos defeituosos em diferentes
processos, levando os grupos operacionais a realizar atividades
que nem sempre agregam valor ao produto.
g. Redução do material em estoque: apresenta 50% (cinqüenta por
cento) de avaliação tipo IV (é muito importante), e 50% (cinqüenta
por cento) de avaliação tipo V (é o mais importante). As medidas
adotadas junto aos estoques, PCP, colaboram de forma positiva
para a redução de estoque.
h. Redução do material em produção: apresenta 50% (cinqüenta por
cento) de avaliação tipo IV (é muito importante), e 50% (cinqüenta
por cento) de avaliação tipo V (é o mais importante). Neste caso
as células de manufatura embora tenham trabalhadores treinados
ainda mantém excesso de material junto do processo produtivo,
desobedecendo a ordens de produção e o controle pelo Kanban.
i. Redução de consumo de energia em geral: apresenta 40%
(quarenta por cento) de avaliação tipo IV (é muito importante), e
60% (sessenta por cento) de avaliação tipo V (é o mais
importante). Existe dificuldade em manter padrões de consumo de
energia, devido a problemas apresentados pela concessionária e
pela baixa capacidade da instalação da unidade.
j. Estabelecimento de fluxos de materiais e de informações mais
rápidos: apresenta 50% (cinqüenta por cento) de avaliação tipo IV
(é muito importante), e 50% (cinqüenta por cento) de avaliação
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tipo V (é o mais importante). A implantação de programas
específicos monitorados por meio eletrônico permite que o atributo
seja mantido em conformidade, podendo evoluir com os
treinamentos aplicados aos trabalhadores.
k. Investimento em programas de Qualidade: apresenta 20% (vinte
por cento) de avaliação tipo IV (é muito importante), e 80% (oitenta
por cento) de avaliação tipo V (é o mais importante). A falta de
investimento em um programa de qualidade não permite a
evolução adequada deste atributo.
l. Estabelecimento de campanhas internas com objetivo de reduzir
custos operacionais tangíveis: apresenta 20% (vinte por cento) de
avaliação tipo III (é importante), 40% (quarenta por cento) de
avaliação tipo IV (é muito importante), e 40% (quarenta por cento)
de avaliação tipo V (é o mais importante). A área corporativa de
Recursos Humanos vem desenvolvendo metas para este atributo
no sentido de atrelá-lo ao Programa de Participação nos
resultados, de cunho legal em nosso país.
m. Estabelecimento de programas de treinamento com o objetivo de
conscientizar os grupos de trabalho na busca da redução de
custos: apresenta 50% (cinqüenta por cento) de avaliação tipo IV
(é muito importante), e 50% (cinqüenta por cento) de avaliação
tipo V (é o mais importante). Embora haja treinamento voltado aos
aspectos de atendimento às ferramentas previstas em ME, não
existe um programa específico de treinamento que enfoque a
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importância da redução de custos.
n. Implementação de ferramentas da qualidade com foco em redução
de custos: apresenta 30% (trinta por cento) de avaliação tipo IV (é
muito importante), e 70% (setenta por cento) de avaliação tipo V (é
o mais importante). A inexistência deste treinamento se associa à
falta de um programa de qualidade, que segundo os entrevistados
deve ser priorizado pela alta administração da empresa.
Percebe-se através das respostas dadas pelos participantes que os
atributos relativos à Custo têm alta importância para a empresa, no entanto o
mesmo vem sendo tratado de forma inadequada, pois há o entendimento de
que a questão de redução de custos é de responsabilidade do grupo
gerencial, não sendo uma tarefa praticada de forma comum na unidade.
4.4 Considerações sobre o atendimento aos Objetivos de Desempenho
verificados na Pesquisa.
A oportunidade de realizar um estudo de caso contando com o apoio
de um modelo de pesquisa que permite a participação direta dos
entrevistados, no sentido de demonstrarem os pontos que consideram
importantes no desenvolvimento das ações voltadas à estratégia de gestão
desenvolvida na empresa, proporciona também uma verificação bastante
realista com relação às dificuldades que são encontradas na unidade para
dar conformidade aos atributos pertinentes a cada objetivo de desempenho.
Este modo de análise possibilitou verificar que a empresa necessita
estabelecer foco em diversas ações que contemplem as diretrizes de
Manufatura Enxuta, balanceando tais ações para que possam dar
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atendimento mais equilibrado a cada um dos objetivos de desempenho
(Qualidade, Velocidade, Confiabilidade, Flexibilidade, e Custo), conforme
pode ser observado no gráfico 7, que apresenta a distribuição percentual de
atendimento dos objetivos avaliados.
Figura 16. Gráfico 7. Percentual de Atendimento aos objetivos de desempenho.
Fonte: (o autor)
O desequilíbrio verificado entre os objetivos de desempenho não
descaracteriza os esforços realizados pela empresa desde a adoção da
Manufatura Enxuta como estratégia competitiva, mas sinaliza para que
sejam adotadas medidas objetivas cabendo a verificação mais atenta a cada
capacitador de ME, adequando-os de forma ordenada aos objetivos de
desempenho que concorrem para a Vantagem Competitiva.
Percentual de Atendimento aos Objetivos de Desempenho
76%
67%
50% 50% 50%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Qualidade Velocidade Confiabilidade Flexibilidade Custos
Objetivos de Desempenho
Porcentagem
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CAPÍTULO 5: CONCLUSÃO.
Neste capítulo será apresentada a conclusão relativa ao objetivo
proposto neste trabalho, em função dos aspectos observados junto à
empresa pesquisada, quando da verificação da aplicação da estratégia de
Manufatura Enxuta.
5.1 Considerações em função dos dados analisados.
Os resultados verificados indicam que a unidade objeto do estudo,
pode ser considerada “enxuta”, embora a mesma ainda faça a aplicação de
forma inconsistente de algumas práticas presentes nesta modalidade de
gestão. O enfoque prioritário dado à Qualidade se deve ao fato do diferencial
de seus produtos no mercado, particularmente os produtos considerados
“especiais”, que distinguem a marca no mercado. O bom desempenho da
função Qualidade, que conforme vimos na revisão bibliográfica, é um fator
ganhador de pedidos, recebe especial atenção em função das
determinações presentes no programa denominado Boas Práticas de
Fabricação (BPF) e no sistema de Análise dos Perigos e Pontos Críticos de
Controle (APPCC), que enfatizam este objetivo de desempenho como vital
para o processo.
É importante nesta etapa do trabalho, realizar algumas considerações
observadas no programa de BPF da unidade, uma vez que todos os
aspectos presentes a este programa são considerados críticos, e para
assegurar um adequado controle sobre os mesmo são estabelecidos uma
série de requisitos e recomendações específicas para cada etapa do
processo e são adotadas a partir de procedimentos que concorrem para a
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melhoria das práticas e da qualidade dos produtos. A unidade destaca ao
aspecto que se refere às matérias primas, onde há especial atenção desde o
seu recebimento até a destinação para o processo, a fim de garantir que os
insumos/ingredientes sejam correspondentes aos padrões de qualidade
exigidos para o produto, e que os mesmos sejam apropriados ao produto
específico. Outro aspecto enfatizado é o da Higiene pessoal, que é
criteriosamente verificado devido ao forte impacto junto ao consumidor
quando este identifica que o manuseio humano é inadequado na fabricação
dos produtos. Idem para o aspecto Controle de Pragas. Há ainda
significativa importância para o aspecto Fabricação, que deve garantir, com
efeito, a qualidade do produto, destacando especial importância à cor,
aroma, sabor, textura e acabamento do produto. E finalmente o aspecto
Rastreabilidade é o mais um dos pontos críticos considerados, e é
assegurado a todos os produtos através de um sistema de numeração de
lotes, identificando matérias primas, produtos em processo de produção, e
produtos para expedição/distribuição.
Neste caso é possível depreender que para a empresa o objetivo de
desempenho voltado à Qualidade está associado a uma vantagem
competitiva relacionada às exigências legais e do mercado consumidor, e
ainda aos fatores que contribuem para a lucratividade. Um fato a ser
considerado no objetivo de desempenho Qualidade é que apesar da unidade
atribuir a este objetivo um alto grau de importância, a empresa não efetivou
um Sistema de Qualidade, estruturado por um Programa de Qualidade com
seus respectivos elementos capacitantes (ferramentas de qualidade).
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É particularmente interessante notar que o objetivo de desempenho
voltado a Velocidade também é uma premissa dominante na prática da
gestão de Manufatura Enxuta desta unidade produtora, pois a empresa
prima por sua eficiência em atender rapidamente as expectativas do
mercado. Existe aqui uma dicotomia neste objetivo de desempenho, pois a
unidade se mostra rápida no atendimento ao mercado e apresenta,
conforme observado em outros objetivos de desempenho analisados, a não
conformidade relativa ao fluxo interno de materiais entre os processos e
entre estoques. É possível que, pelo fato da capacidade produtiva instalada
ser maior que a demanda de produção, a unidade esteja utilizando a
ociosidade de máquinas para atender com maior velocidade seus pedidos.
Esta condição precisará ser mais bem avaliada pela empresa a fim de
verificar se não está causando perdas aos demais objetivos de desempenho.
No quesito Confiabilidade a empresa já não apresenta desempenho
semelhante aos dois objetivos anteriores. Há dificuldades no controle de
defeitos e falhas acarretadas pela não consistência de um programa de
manutenção preventiva, ocorre ainda problemas com o espaço físico para
estocagem de produtos acabados que muitas das vezes é o causador de
perdas destes produtos, além de inadequação de treinamento da mão de
obra do grupo de apoio logístico, acarretando instabilidade nas questões de
pontualidade de entrega, que é o aspecto mais forte para esta unidade no
tocante ao objetivo de desempenho Confiabilidade.
Quanto aos aspectos que se referem ao objetivo de desempenho
Flexibilidade os problemas apresentados no mesmo em grande parte se
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motivam no fato de que algumas rotinas adequadas aos atributos avaliados
são dependentes da estrutura corporativa da empresa. Ocorre que a
aplicação de ME nesta unidade é uma opção única na empresa, não
ocorrendo a prática desta gestão em outras unidades, mantendo assim o
grupo matricial distante das práticas objetivadas pela unidade em estudo.
Com isso há problemas quanto ao ajuste dos fornecedores nas questões de
atendimento em tempo hábil, uma vez que o lead time de compras é
variável. Também pelas características operacionais dos equipamentos de
produção ocorrem algumas dificuldades nas transferências operacionais de
trabalho reduzindo a flexibilidade da unidade.
Sobre o quesito Custos é possível observar que a unidade buscou
melhorar este objetivo de desempenho a partir do apoio às questões de
Qualidade e Velocidade, com a expectativa de que estes fossem suficientes
para reduzir custos. O problema é que a unidade focou basicamente as
questões pertinentes aos programas de “BPF” e “APPCC”, que a serem
implantados exigem investimentos iniciais, mas, no entanto, não levou em
consideração a importância em investir em um Sistema de Qualidade,
incluindo treinamentos voltados objetivamente à redução de custos, em
todos os níveis. Outro aspecto observado é que este quesito recebeu
tratamento unicamente gerencial, não sendo levado ao chão de fábrica para
que pudesse contar com a participação dos trabalhadores na busca de
resultados positivos, através de campanhas ou programas de redução de
despesas orientadas e com o objetivo de conscientização.
Os resultados analisados para estes cinco objetivos de desempenho,
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na unidade pesquisada, têm relação direta com os resultados observados na
análise dos capacitadores da Manufatura Enxuta para esta mesma unidade.
Tal análise apoiada pelas práticas prioritárias em Manufatura Enxuta,
conforme proposta de Durán & Batocchio, apresenta a necessidade de a
unidade estabelecer ações que visem:
a) Desenvolver relacionamentos baseados na confiança e na
parceria, tanto interna quanto externamente, junto aos
fornecedores;
b) Identificar e otimizar os fluxos dentro da empresa, mantendo essa
proposta como uma condição de melhoria contínua; Permitir a
tomada de decisões nos níveis mais baixos da hierarquia;
c) Assegurar que os processos se tornem maduros e consistentes,
melhorando o programa de treinamentos para todos os níveis da
unidade, buscando garantir a evolução do “empowerment”;
d) Maximizar a estabilidade dos processos;
e) Manter uma cultura de melhoria contínua, assumindo que este é
um capacitador chave para a evolução desta estratégia de gestão.
Cabe à empresa revisar seus objetivos, reorganizar as ações focando
os capacitadores de ME, dar adequado direcionamento às suas ações na
estruturação dos atributos de cada um dos objetivos de desempenho,
aplicando as práticas prioritárias de ME para cada um destes objetivos.
Cabe ainda, estabelecer foco aos “fatores críticos de sucesso”, priorizando
não somente fatores ganhadores de pedidos, como se observa na análise
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junto aos participantes, mas também àqueles que implicam em qualificar
pedidos, bem como aos que criam valor à estratégia de gestão a fim de
melhorar o nível de implementação da mesma.
5.2 Considerações acerca da questão Problema.
A questão formulada para este trabalho, “A adoção da Manufatura
Enxuta, como paradigma estratégico de manufatura em indústrias do setor
de alimentação concorre para obtenção de vantagem competitiva?”
certamente não será plenamente respondida tão somente com as
observações realizadas em uma única pesquisa em uma unidade produtora
de alimentos.
Mas, este trabalho reuniu elementos que permitiram que se fizessem
algumas inferências quanto à aplicação desta estratégia em empresas que
manufaturam alimentos.
O que se observou, considerando os dados pesquisados, é que as
características de gestão de manufatura, presentes em indústrias de
alimentos, possibilitam a implantação de práticas presentes nas diretrizes de
ME, permitindo que estas se capacitem a reduzir perdas, obter ganhos em
produtividade, aumentar flexibilidade e estabelecer estratégias para a
melhoria contínua em seus processos, buscando serem competitivas.
Nesta pesquisa a unidade analisada apresentou características
administrativas e operacionais que demonstram total pertinência com os
princípios propostos na estratégia de gestão de Manufatura Enxuta. Assim, é
possível afirmar que ME é uma estratégia de gestão cabível de ser adotada
e aplicada em empresas do setor.
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Para que esta condição de implantação seja coerente com os
conceitos de ME, as empresas inicialmente deverão estar conscientes da
necessidade de implantarem novos conceitos e técnicas para tornarem-se
“enxutas”, e para isso terão que ajustar-se aos princípios da Mentalidade
Enxuta apresentados por Womack & Jones (2004): definir valor em
conformidade com o ponto de vista do cliente; considerar o fluxo do valor
fazendo com que o valor possa fluir ao longo de toda cadeia de valor através
da eliminação das perdas (realizar as atividades solicitadas de modo cada
vez mais eficaz, sem interrupções); produzir segundo o conceito de
“produção puxada”; buscar a perfeição (melhoria contínua); e estabelecer
uma “gestão de pessoas” que permita que esta seja um elemento chave na
evolução e na consolidação dos princípios propostos.
Voltando ao conjunto de observações presentes na pesquisa é
possível verificar que a unidade avaliada precisa melhorar seu desempenho
focando nesta estratégia os aspectos que possam gerar conformidade e
sinergia a esta metodologia, pois isto poderá garantir a melhoria contínua
dos processos.
5.3 Conclusões acerca da pesquisa.
A metodologia utilizada neste trabalho gerou informações que foram
coletadas através de um instrumento, denominado modelo de pesquisa,
devidamente aplicado na unidade avaliada. Este modelo por sua vez
contemplou requisitos adequados para a avaliação da consistência das
práticas adotadas em um sistema de gestão balizado pelas diretrizes da
Manufatura Enxuta.
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Os requisitos permitiram analises de tal maneira que fosse possível
compreender como a empresa pesquisada se apresenta considerando seu
modelo gerencial diante das premissas da estratégia de gestão em pauta..
Assim, verificando as informações coletadas e as analises realizadas
foi possível avaliar as medidas que podem viabilizar a implantação da
Manufatura Enxuta nas indústrias do setor de alimentação, no sentido de
que estas realizem melhorias sistemáticas com vistas a reduzir perdas,
minimizar custos, cumprir prazos de entrega, elevar nível de qualidade do
produto, e de forma orientada se estruturar para buscar obter vantagem
competitiva.
Finalmente, o que se pode concluir é que o problema formulado neste
trabalho tem resposta positiva quanto à possibilidade da aplicação dos
princípios de ME no setor alimentício, tanto que embora não haja uma
efetiva consistência de algumas práticas desta estratégia de gestão na
unidade pesquisada, alguns resultados positivos puderam ser verificados
nestes quase dois anos de aplicação da estratégia na unidade em questão.
(vide tabela 7. - Dados de resultados atingidos com a adoção da estratégia
ME).
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Tabela 7. Dados de resultados atingidos com a adoção da estratégia ME.
Fonte: (o autor)
Ítem Verificado 2004 2005 2006 2007
Mapa de Fluxo do Valor não existia elaborado revisado validado
Gastos com Manutenção (R$/mês)
142.000 105.000 92.000
Giro de Estoque 2 semanas
2semanas
1 semana 3 dias
Redução de defeitos 32% 28% 30%
Índice de Acidentes 3 2,4 1,6 1,3
Tempo de preparação de máquina
8 horas 5 horas 3 horas 3 horas
Número de fornecedores 284 180 160 140
Em caráter geral é determinante salientar que os resultados obtidos
se restringem à empresa pesquisada e que o tamanho da amostra não
permite generalizações para o setor.
5.4 Desdobramentos e Continuidade do Trabalho.
Este trabalho apresenta as seguintes possibilidades que permitem o
desdobramento dos conceitos e das práticas apresentadas, bem como a sua
possível aplicação em outros setores da cadeia de produção de alimentos,
ou demais setores industriais, considerando que:
a) O conjunto de informações possíveis de se depreender, a partir do
modelo de pesquisa, poderá facilitar a análise da aplicação dos
capacitadores de ME, e de seu objetivos de desempenho, o que
poderá propiciar a adoção de estratégias objetivas no sentido de
implementar a estrutura sistêmica de ME, com o intuito de alcançar
assertivamente as premissas estabelecidas em seus princípios.
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b) A estratégia Manufatura Enxuta poderá ser analisada, identificando
seus pontos fortes e pontos a melhorar, e consequentemente, em
função dos resultados obtidos, haverá a possibilidade da adoção de
planos de ações com o objetivo de que sejam consolidados os
parâmetros estabelecidos neste sistema de gestão.
5.5 Conclusão.
O presente trabalho, estabelecido e estruturado sob as premissas
conceituais estudadas e avaliadas por Azzolini (2004); Godinho (2004) e
Melo (2005), buscou analisar a estratégia de manufatura, denominada
Manufatura Enxuta, em uma indústria de alimentos a partir de uma pesquisa
exploratória, segundo Mattar (1996), desenvolvida com base em conceitos e
diretrizes da citada estratégia, tendo como objetivo principal a verificação da
capacidade desta estratégia proporcionar Vantagem Competitiva à empresa.
Devido a confidencialidade dos dados, logicamente não houve um
aprofundamento nos estudos feitos junto à empresa para obtenção de
informações de indicadores de desempenho que pudessem comprovar o
efetivo êxito desta estratégia adotada pela empresa na unidade em questão.
O que vale declarar é que embora ainda existam dificuldades, como
as apontadas no Capítulo 4, a unidade continuará investindo na estratégia
avaliada, uma vez que a diretoria corporativa da empresa entende que
existem resultados comprovados de melhorias, sendo que alguns poucos,
conforme demonstrados na tabela 7, são considerados suficientes para
demonstrar que a Manufatura Enxuta é uma estratégia de gestão que
contribui positivamente para que busque ter Vantagem Competitiva.
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Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
A ESTRATÉGIA DA MANUFATURA ENXUTA APLICADA EM UMA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS.
176
ANEXOS
A - Fluxograma do Processo (básico).
B - Mapa do Fluxo de Valor.
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A ESTRATÉGIA DA MANUFATURA ENXUTA APLICADA EM UMA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS.
177
A - Fluxograma do Processo
Fluxograma do Processo básico de fabricação de biscoitos detalhando as fases
críticas em que se exige a aplicação do Programa de Boas Práticas de Fabricação
INÍCIO
Recepção e
Estocagem de
Pesagem e Mistura de
Ingredientes
Fermentação da
massa
Laminação e
formação
Molde e Corte
Forneamento
Resfriamento e
aplicação de recheio
Empacotamento
Acondicionamento
Paletização
Expedição
FIM
Fases Críticas
Inspeção /Especificação
Identificação de lote/ FIFO
Aferição / Calibração
Tempo / Temperatura /
Contaminação
Retalho
Tempo / Temperatura
Tempo / Detecção de Metais
Higienização/ FIFO
Lote/ Validade/ Situação
Identificação/ Rastreabilidade
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A ESTRATÉGIA DA MANUFATURA ENXUTA APLICADA EM UMA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS.
178
B - Mapa do Fluxo de Valor.
I
Preparar
Laminar
Vendas
CLIENTES
FORNECEDOR
Embalar /
Encaixar /
Estocar
Expedir
OP
OE
PCP
OP OP
3 h
4,5 h
3 dias
8 h 2 h 4 h
LT= 7 dias
3 dias
Requisições
Pedidos
I
Fornear/
Resfriar/
Rechear
Moldar/
Cortar
0,5 h
1 h
0,5 h 0,5 h
OPOP
I
Preparar
Laminar
Vendas
CLIENTES
FORNECEDORFORNECEDOR
Embalar /
Encaixar /
Estocar
Expedir
OP
OE
PCP
OP OP
3 h
4,5 h
3 dias
8 h 2 h 4 h
LT= 7 dias
3 dias
Requisições
Pedidos
I
Fornear/
Resfriar/
Rechear
Moldar/
Cortar
0,5 h
1 h
0,5 h 0,5 h
OPOP
FLUXO DE VALOR
É a realização progressiva de tarefas ao longo da cadeia de valor para que
um produto passe do desenvolvimento ao lançamento, do pedido à entrega
de insumos e matéria prima, da fabricação às mãos dos clientes.
VALOR
Deve ser visto sob o ponto de vista da percepção do cliente. Define-se Valor
em termos de produtos ou serviços específicos, que contenha capacidades
e/ou funcionalidades específicas, com parâmetros de qualidade avaliáveis
colocados no mercado com preço específicos, em período de tempo
adequado, sem falhas ou defeitos, para atender as expectativas dos clientes,
conforme a percepção dos mesmos.
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