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SUJEITO L: A onde é que sobrô eu direi, aonde é que faltô eu aumendei. No caso
eu pego assim, e vô botando assim... (registra no papel) (...) Entón eu faço uma mé-
dia, vira um quatrado. Mais isso é a Matimática... (risos) Mais tampem, tampém... dá
pra fazê assim vamo supor é, é... como é que ainda... cendo e vinde sete vezes...
(...) Hoje eu to fraco na Matimática, mais quando eu estutava eu era... nós fazia
sembre, nós sembre fazia crêmio e inder na sala de aula, em quarta e quinta série,
etón a minha professora naquele tembo era Cleusa Gheno... entón ela era uma poá
professora né, entón ela sembre fazia tois crupo... aí percuntava assim... aí na quinta
série quando eu estudava de manhã e de noite né... de noite entón o professor, ele
me conhecia que eu era fera! Na tabuada eu era fera naquela época, eu era campe-
ão. Era difícil me derubá, aí nós fizemo de noite também, entón no fim sobro eu e
mais uma outra aluna, era uma... (...) aí sobro só ela, entón vai, vai, e aquilo nón
morria, nón morria... (...) aí tinha não quados secundo pra respondê, aí nón tinha
como derubá ela, nón tinha, nón tinha... de repende eu pensei, pensei... e o profes-
sor tava de olho em mim, tava sabendo que eu tava preparando uma, aí de repende,
ela percuntô, eu respondi e eu percundei: zero e sete? Quarenda e nove. Não pode!
Caiu do cavalo!
(...)
SUJEITO L: Eu tô ah... eu vô te confessá: no papel eu tô mal! Porque a calculatora
estraga a pessoa!
PESQUISADORA: Tu usa calculadora?
SUJEITO L: Ultimamente eu só trabalho mais com calculadora. Isso aqui no papel
isso era a anos atrás! Ultimamente se eu tenho uma conda pra fazê, multiplicações,
divisões, essas coisa tudo... depois que tu te acostumo, a memória fica priguiçosa!
Não é verdade? A mesma coisa no colégio, quando... hoje em dia eles usam aquela
calguladora científica, entón aquilo ali depois que tu te viciô, te acostumo tu fica com
a mende priguiçosa! Tu não qué mais, usá, esforçá a mende pra fazê os cálgulo!
PESQUISADORA: Então tu faz tudo na calculadora.
SUJEITO L: Faz na calguladora, que ela é mais certa e mais fácil, e... mais ágil né!
quanto tempo tu fica... ali pra pa pa... com a calguladora chá aprondô faz tembo!
(...)
SUJEITO L: Mais quando eu fiquei na túvida, aí eu pego... como de repnde tu nón
ouviu falá desse estilo de fazê pra, prá... fazê a correçón né. Entón porque... eu
quando eu ia no colégio quando eu fiz o curso de mecânica cheral de indústria entón
tinha que calculá peça e entón é...
PESQUISADORA: E quando for um cálculo de uma área circular?
SUJEITO L: Aí, aí agora tu me mata! Aí... eu aprendi aquilo mais nunca mais usei.
PESQUISADORA: E cubagem de madeira por exemplo?
SUJEITO L: Tá... isso eu... essa conda as vez é, é... eu vô na cerraria e o cara diz:
não é assim, assim que é calculado a tora. aquilo entra ali e sai ali (mostra levando
as mãos até os ouvidos) (risos) Agora tu me apertou! Isso é... praticamente a gente
não usa né! Entón ah... se a gente usasse...
PESQUISADORA: O que tu pensa assim... se tu pudesse mudar o ensino da Mate-
mática o que tu acha que seria bom melhorá?
SUJEITO L: Olha! O que que eu vô te dizê? Esse mundo moderno hoje, entón ah...
eu não sei... pra tizê agora assim ah... eu acho que tem certos tipos de Matimática
que a pessoa estuda, nunca não sei como funciona na facultade, a Matimática, mais
ah... eu acho que é mais pra, pra, pra melhorá a mende da pessoa, porque a maioria
daquela Matimática é difícil de se usada, não se usa muito!
(...)