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Podemos dizer, então, que a relação entre o ser humano e a sua
transcendência desperta em seu interior uma expectativa superior em relação à
própria vida. É o desejo de algo mais, que denominamos, por fim, de esperança.
Logo, é certo afirmarmos que, esperança “é a expectação de algo superior e
perfeito”
12
. Assim, a pessoa que a tem “aguarda algo de maior, de melhor, de mais
perfeito, que venha a suceder”
13
. Isso já demonstra a sua relação com o futuro,
com o éschaton, o que faz da sua fundamentação algo de grande importância para
a escatologia atual
14
. Por esta razão, é válido ressaltarmos que:
A esperança não é produto de nossa vontade, mas de uma espontaneidade, cujas
raízes nos escapam, porque ela não é genuinamente uma manifestação do homem,
12
SANTOS, M. F. Op. cit., p. 1408.
13
Ibid.
14
A escatologia cristã não é mais entendida hoje apenas como um discurso antecipador, referindo-
se somente aos novíssimos. Trata-se de um discurso performativo, ou seja, implica-se na realidade
histórica de maneira a transformá-la. A atenção não se concentra mais nas coisas últimas e, sim, no
último, no futuro absoluto, no éschaton. Como atesta Von Balthasar, em Cristo, “personificação
das coisas últimas”. Assim, Cristo é o sentido último da história, o que vai fazer da escatologia
uma articulação também cristológica, pois Jesus Cristo é o sujeito da esperança; ou ainda, o
ressuscitado é a nossa esperança (cf. Cl 1,27). Para MOLTMANN, o autor que iremos trabalhar
posteriormente, a escatologia cristã fala de Cristo e de seu futuro. Logo, ele é o fundamento de
todo enunciado escatológico. Para compreendermos então a esperança em toda a sua dimensão
antropológica, teológica e filosófica a escatologia afundará as suas raízes no ser humano, portador
da revelação de Deus, portador da esperança. Cf. TAMAYO, J-J. Escatologia cristã. In: Dicionário
de conceitos fundamentais do cristianismo, p. 223. Além das obras de MOLTMANN que tratam
desta questão específica e irão aparecer no decorrer do trabalho, destacamos aqui outras obras e
autores, que tivemos acesso, que tratam da Escatologia no contexto atual: BARBAGLIO, G.;
DIANICH, S. Nuovo dizionario di teologia. Milano: Paoline, 1985, p. 382-411. NOCKE, F-J.
Escatologia. In: SCHNEIDER, T. Manual de dogmática. v. II. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.
VORGRIMLER, H. Escatologia/juízo. In: Dicionário de conceitos fundamentais de teologia. São
Paulo: Paulus, 1993. LIBÂNIO, J. B.; BINGEMER, M. C. L. Escatologia cristã. O Novo Céu e a
Nova Terra. Petrópolis: Vozes, 1985. RAHNER, K. Curso fundamental da fé. Introdução ao
conceito de cristianismo. 3. ed. São Paulo: Paulus, 2004, especialmente, p. 498-516. Id. O morrer
cristão. In: Mysterium salutis. v. 2. Petrópolis: Vozes, 1984, p. 233-259. RATZINGER, J.
Escatologia: La muerte y la vida eterna. Barcelona: Herder, 1984. LEPARGNEUR, H. Esperança
e escatologia. São Paulo: Paulinas, 1974. BLANK, R. Escatologia do mundo. O projeto cósmico
de Deus. São Paulo: Paulus, 2001. Id. Escatologia da pessoa. Vida, morte e ressurreição. São
Paulo: Paulus, 2000. BOFF, L. Vida para além da morte. Op. cit. Id. A nossa ressurreição na
morte. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 1997. Id. O destino do homem e do mundo. 7. ed. Petrópolis:
Vozes, 1991. KEHL, M. Escatología. Salamanca: Sígueme, 1992. Id. O que vem depois do fim?
Sobre o ocaso do mundo, consumação, renascimento e ressurreição. São Paulo: Loyola, 2001.
SCHMAUS, M. A fé da Igreja. v. IV. Petrópolis: Vozes, 1977. Id. Le ultime relalità. Paoline, [?].
BOFF, Lina. A fé na comunhão dos santos. Atualidade teológica, ano VIII, n. 16, jan./abr., Rio de
Janeiro, 2004, p. 25-47. Id. Da Protologia à Escatologia. In: MÜLLER, I. (Org.). Perspectivas
para uma nova teologia da criação. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 111-129. Id. Índole escatológica
da igreja peregrinante. Atualidade teológica, ano VII, n. 13, jan./abr., Rio de Janeiro, 2003, p. 9-
31. TORNOS, A. Escatologia I. Madrid: UPCO, 1991. Id. Escatologia II. Madrid: UPCO, 1991.
ALTOBELLI, R.; PRIVITERA, S. Speranza umana e speranza escatológica. Turin: San Paolo,
2004. LA PEÑA, J. L. R. La pascua de la creacion. 3. ed. Madrid: B.A.C., 2000. Id. La otra
dimension: Escatología cristiana. 3. ed. Santander: Sal Terrae, 1986. Algumas destas obras
poderão aparecer no decorrer de nosso trabalho de maneira mais precisa.