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Anexo G (cont.)
inspirava em todos ... Sem querer a gente recitava a quadrinha popular e buliçosa, que
constituia uma resposta e um aviso a certas ameaças veladas: ‘Olímpio Dias quando soube
deu grito no terreiro; se matar Camilo Prates, morre gente o ano inteiro’.
De Juramento chega Luis Maia, dono do distrito. Calmo, caladão, mas firme e
decidido.
Agora, há um reboliço maior, chegam trezentos e tantos cavaleiros com violas e
violões. Vem cantando e dando ‘vivas’ a Camilo Prates. Todos já esperavam por eles, vém
do Mandacarú. São eleitores de Juca Souto – o Neco Santa Maria do passado.
A praça enche de cavaleiros e pedestres. E um estado de euforia incerteza de vitoria
invade o coração dos ‘estrepes’.
Durante toda a noite há ‘comes e bebes’a fartar. Musicas, cantos, Batucadas.
Vespera de eleição – festa para o estomago e para o espirito ...
Seu Camilo não dorme. De rancharia em rancharia visita durante a noite seus
eleitores, conversando e auscultando. Ao lado de seu Camilo podem ver-se os camilistas
vermelhos, chamados naquele tempo de ‘estrepes laportes’ – Basilio de Paula, Chico
Souto, Augusto Dias de Abru, Olimpio Dias de Abreu, Antonio Lucrecio, Jacinto Ataide,
Sebastião Tupinambá Quincas Costa João Figueiredo, José de Cacau, Americo Pio,
Antonio Narciso Soares, Antonio Emidio, Etelvino Teixeira, Manoel Crispim, Professor
Pedro Guimarães, Joaquim Mangabeira, Justino Guimarães, Antonio Francelino Lafetá,
major Antonio Prates Sobrinho, Jorge de Souza Santos, Teodomiro Paulino, Olimpio
Quintino, João Chaves, Juca Prates, Niquinho Teixeira.
Camilo Prates sabia fazer amigos. De tal maneira eram ligados a ele, que não se
pode falar em Camilo Prates isoladamente. Seria uma amputação.
É por isto que estou citando aqui alguns de seus líderes, apenas os que a minha
memória poude recolher de relance. Muitos já fizeram, como ele, a última viagem. Outros,
porém estão aí, estão aqui presentes.
Não houve convite nominal para esta festa de gratidão. Os que aqui estão, vieram
espontaneamente.
É comovedor este espetáculo de amizade demonstrado por João Vovô, Mestra Bila
e Adeodato Cunha. Leram a notícia das festividades do centenário do nascimento de
Camilo Prates e sem medir sacrifícios transportaram de Brasilia e aqui se acham
abrilhantando esta homenagem ao grande e saudoso amigo. De mais longe veio João de
Faria – outro fiel amigo de Camilo Prates.
Neste momento de ternura quando queremos perpetuar em praça pública a grande
figura de Camilo Prates, é de justiça que se rendam também homenagens aqueles
montesclarenses, sob todos os aspectos dignos de nossa admiração, aos quais Montes
Claros muito deve e que, na política, estavam situados do outro lado.
Dr. Honorato José Alves, primeiro cirurgião de Montes Claros, professor
catedrático de oftalmologia da faculdade de Medicina de Minas Gerais, deputado federal
por Minas de dois decênios.
Desembargador Antonio, Augusto Veloso, que era nosso representante na
Assembléia provincial, íntegro defensor da Justiça e profundo conhecedor do direito.
Dr. João José Alves, que disputava o poder municipal, médico humanitário e
incansável, que devido a sua dedicação durante a gripe espanhola, apesar de uma crise
política e de ser político militante, foi alvo de uma homenagem publica por todas as
correntes políticas.