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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
DECLÍNIO COGNITIVO LEVE EM OCTOGENÁRIOS E NONAGENÁRIOS
RESIDENTES NO MUNICÍPIO DE SIDERÓPOLIS / SC: UM ESTUDO DE
PREVALÊNCIA E QUALIDADE DE VIDA.
LORENA PARATELLA ZUPPO
CRICIÚMA – SANTA CATARINA
2007
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1
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
DECLÍNIO COGNITIVO LEVE EM OCTOGENÁRIOS E NONAGENÁRIOS
RESIDENTES NO MUNICÍPIO DE SIDERÓPOLIS / SC: UM ESTUDO DE
PREVALÊNCIA E QUALIDADE DE VIDA.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências da Saúde da Universidade
do Extremo Sul Catarinense, para obtenção do
título de Mestre em Ciências da Saúde.
Orientador: Dr. Flávio Merino de Freitas Xavier
Co-orientador: Dra. Clarissa Marceli Trentini
CRICIÚMA – SANTA CATARINA
2007
I
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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
DECLÍNIO COGNITIVO LEVE EM OCTOGENÁRIOS E NONAGENÁRIOS
RESIDENTES NO MUNICÍPIO DE SIDERÓPOLIS / SC: UM ESTUDO DE
PREVALÊNCIA E QUALIDADE DE VIDA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências da Saúde da Universidade
do Extremo Sul Catarinense, para obtenção do
título de Mestre em Ciências da Saúde.
Orientador: Dr. Flávio Merino de Freitas Xavier
Co-orientador: Dra. Clarissa Marceli Trentini
CRICIÚMA – SANTA CATARINA
2007
II
3
Dedico esta dissertação aos meus pais
Eduardo e Ada pelo amor incondicional, e
ao meu marido e companheiro Marcelo pelo
apoio e força, acreditando sempre na minha
capacidade de realização desta etapa.
III
4
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, por serem exemplo de conduta moral e ética e
principalmente por semearem a semente da busca pelo conhecimento e da importância
do estudo e também por me ensinarem que a vida é feita de sonhos e de realizações;
Ao meu marido e companheiro Marcelo, que esteve sempre ao meu lado
dividindo todos os momentos desta trajetória, meu exemplo de força, determinação e
compreensão;
Aos meus irmãos Larissa e Daniel que mesmo de longe estiveram tão perto e
a minha cunhada Raquel pela assessoria técnica na informática;
Ao meu afilhado Dudu, que soube entender meus momentos de ausência;
A minha grande amiga Karin que esteve sempre ao meu lado, encorajando e
compartilhando momentos de dúvidas e de conquistas no decorrer deste meu objetivo;
Aos meus amigos Fernanda e Tiago Alvim, que souberam compreender os
momentos em que estive distante;
A minha amiga Vanessa pelo incentivo e pela grande escuta;
Ao Professor Dr Felipe Dal Pizzol (UNESC), a Dra. Irani Argimon (PUCRS),
Dra. Silvana (UFRGS) pelas contribuições na construção desta dissertação,
Ao meu orientador Flávio Xavier pela serenidade e conhecimento que se
fizeram presentes;
A minha co-orientadora Clarissa Trentini, pela colaboração, sabedoria,
confiança e acolhimento;
As minhas amigas Cláudia e Leila que se tornam tão presentes, pela
amizade e colaboração fortaleceram nossos laços;
IV
5
À Mônica (mestrado) e a Bia, pelo carinho, amizade, paciência e dedicação.
Aos doutores do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde pelos
ensinamentos compartilhados;
Aos idosos de Siderópolis que prontamente compartilharam comigo um pouco
de suas vidas;
À Secretaria de Saúde de Siderópolis e suas agentes comunitárias de saúde,
que depositaram confiança neste projeto e estiveram tão presentes na coleta de dados;
À Deus.
Agradeço a todos que participaram da construção da realização deste
objetivo. Sem vocês não teria sido possível.
V
6
RESUMO
O Declínio Cognitivo Leve (DCL) é entidade freqüente entre idosos, ainda
que a exata prevalência entre os sujeitos acima de 80 anos não esteja estabelecida.
Como uma categoria pré-clínica de demência, o DCL pode causar um impacto na
atividade da vida diária. Diferentes sujeitos com DCL podem ter percepção e grau de
sofrimento variáveis com suas disfunções de memória. O impacto de mudanças
cognitivas leves sobre a qualidade de vida pode ser bem pequeno. Sendo assim, os
objetivos deste estudo foram: determinar a prevalência de DCL entre sujeitos acima de
80 anos residentes na comunidade de Sideropólis/SC; comparar controles cognitiva e
funcional saudáveis nos escores dos diferentes domínios de qualidade de vida;
caracterizar os octagenários quanto a performance em testes neuropsicológicos
fundamentais para o diagnóstico de DCL. O estudo é transversal censitário quantitativo
de prevalência. Instrumentos e procedimentos: um total de 135 habitantes maiores de
80 anos em um corte geograficamente representativo no Sul do Brasil foram
identificados. O estudo foi desenhado em duas etapas, sendo a primeira visita realizada
(n= 132) com o objetivo de excluir sujeitos com comprometimento cognitivo mais severo
(MEEM abaixo do esperado para o ponto de corte específico para a faixa de
escolaridade). Sujeitos com demência (DSM IV) foram excluídos. Nesta etapa os
sujeitos também foram avaliados quanto a funcionalidade (AVD e AIVD), quanto a
sintomas depressivos (GDS), e quanto a Qualidade de Vida (WHOQOL-Bref). A
segunda etapa (n=61) teve como objetivo realizar uma testagem neuropsicológica
detalhada, e identificar sujeitos com DCL, foram utilizados os seguintes instrumentos:
questionário de avaliação da queixa subjetiva de memória Short-care, Teste de
Evocação Seletiva e com Pistas de Buschke, Memória de lista de palavras, Fluência
verbal, Bateria Wescheler (Wais III- subtestes: completar figuras, vocabulário, cubos,
semelhança, dígitos). Foram obtidos os seguintes resultados: A prevalência de DCL em
idosos muito idosos foi de 1,5%. Sujeitos com DCL e controles normais apresentavam-
se com níveis de qualidade de vida equivalentes em todos os domínios estudados.
Concluiu-se que: as taxas de prevalência de DCL neste estudo, utilizando avaliação
mais sensível de outras funções cognitivas não memória foi mais baixa que a
encontrada em outros estudos. Aplicando diferentes critérios operacionais, esta taxa
poderia variar de 1,5% a 18,9%. Idosos controle e com DCL o diferem nos padrões
de QV. Sujeitos idosos moradores da comunidade com DCL apresentavam uma
intensidade de disfunção cognitiva não tão grave para causar impacto significativo na
qualidade de vida. Discute-se que o DCL quando identificado na comunidade poderia
ser mais brando, do que o DCL identificado no setting de clínicas de memória e de
hospitais.
Palavras-chave: Declínio Cognitivo Leve. Testes Neuropsicológicos. Idosos - Muito -
Idosos. Qualidade de Vida.
VI
7
ABSTRACT
Mild Cognitive Impairment is frequent entity among the elderly group, even
thought the accurate presence among subjects older than 80 years has been
established. As a pre- face dementia mild cognitive impairment could cause an impact
on the daily activities. Different people with MCI may have a different perception and
different levels of suffering according to the memories diffusion. The impact from Mild
Cognitive Impairment upon one’s quality of life can be insignificant. So the purpose of
this paper are to establish MCI among people over 80 years old who live in the
community of Siderópolis/SC; compared the cognitive controls and healthy issues
among the different scores of quality of life; to characterize on the elderly how much
can they perform in basic neuropsychological tests for the MCI diagnosis. The study is
transversal quantitative prevalence. Instruments and procedures: a total of 135
inhabitants older than 80 years in one geographically representative cut in the South of
Brazil had been identified. The study was divided in two faces, the first one
accomplished (n= 132) the objective was to exclude subjects with more severe problems
of cognitive (MMSE) below expected for the specified point of literacy. Subjects with
dementia (DSM IV) had been excluded. In this stage the subjects had been also
evaluated according to their functionality (ADL and IADL), according to their the
depressive symptoms (GDS), and also according to their quality of Life (WHOQOL-
Bref).The second stage (n=61) had as objective to carry through a detailed
neuropsychological test, and identified subjects with MCI, the following methods were
used: question’naire of evaluation about how much the individual complained about the
Short memory loss , Test of Selective Mandate and with Buschke tips, Memory of words
list, verbal Fluency, Battery Wescheler (wais III subtests: to complete pictures,
vocabulary, cubes, similarity, digits). The following results had been gotten: The
prevalence of MCI in the aged people was of 1,5%. Individuals with MCI and normal
controls presented levels of quality of life equivalent in every studied. It was concluded
that the leves of prevalence of MCI in this study, using more sensible evaluation than
cognitive functions the memory was not lower than the found one in other studies.
Applying different operational criterion, this level could vary of 1,5% to 18.9%. Controlled
Aged individuals and with MCI they do not differ in the QV standards. Living elderly
subjects of the community with MCI presented an intensity of cognitive disjunction not so
serious to cause significant impact in the quality of life. It has been argued that the MCI
when identified in the community could be milder than the MCI identified in setting of
memory clinics and hospitals.
Keywords: Mild Cognitive Impairment. Neuropsychological Tests. Eldesty. Quality of
Life.
VII
8
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AAN - Americam Academy of Neurology
Adcl - Declínio Cognitivo Leve Tipo Aminestico
AIVD - Atividades Instrumentais para a Vida Diária
AVD - Atividades de Vida Diária
Busckhe - Teste de Lembrança Seletiva e com Pistas
CDR - Escala Clinica de Demência
CERAD - Consortium to Establish a Registry for Alzhmer”s Disease
DA - Doença de Alzheimer
DCL - Declínio Cognitivo Leve
DP - Desvio Padrão
DSM-IV-TR - Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais
FV - Fluência Verbal
GDS - Geriatric Depression Scale
MCI - Mild Cognitive Impairment
mdcDCL - Declínio Cognitivo Leve Tipo Múltiplos Domínios Cognitivos
MEEM - Mini Exame do Estado Mental
MLP - Memória de Lista de Palavras Pertencentes a Bateria CERAD
naDCL - Declínio Cognitivo Leve Não Memória
OMS - Organização Mundial de Saúde
QSM - Queixa Subjetiva de Memória
QV - Qualidade de Vida
Short-care - Instrumento para Avaliação de Queixa Subjetiva de Memória
VIII
9
WAIS III - Escala de Inteligência Wechsler para Adultos
WHOQOL - World Health Organization Quality of Life Group
WHOQOL/-Bref - Escala de Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde
IX
10
SUMÁRIO
PARTE I..............................................................................................................................11
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................11
1.1 Conceito de DCL...........................................................................................................13
1.1.1 Critérios Operacionais...............................................................................................13
1.1.2 Subtipos ....................................................................................................................15
1.2 Outras categorias correlatas com DCL: evolução histórica do conceito.......................16
1.3 Prevalência do DCL......................................................................................................20
1.4 Prevalência de DCL Após os 75 Anos..........................................................................21
1.5 Etiologia e Evolução Clínica do DCL............................................................................22
1.6 Qualidade de Vida em Idosos.......................................................................................24
2 OBJETIVOS.....................................................................................................................27
2.1 Objetivo Geral...............................................................................................................27
2.2 Objetivos Específicos....................................................................................................27
PARTE II.............................................................................................................................28
3 APRESENTAÇÃO...........................................................................................................28
4 Capítulo I ARTIGO I - ......................................................................................................31
5 Capítulo II ARTIGO II - ....................................................................................................58
PARTE III............................................................................................................................82
6 DISCUSSÃO....................................................................................................................82
7 CONCLUSÃO..................................................................................................................91
8 REFERENCIAS...............................................................................................................93
ANEXOS...........................................................................................................................103
X
X
11
PARTE I
1 INTRODUÇÃO
A população mundial está envelhecendo. A proporção de idosos cresce de uma
f
orma constante quando comparada a outras faixas etárias, particularmente para o grupo
com 85 ou mais anos de idade (LAUTENSCHLANGER, 2002). O Brasil vem
envelhecendo de forma rápida e intensa e conta hoje com mais de 17,2 milhões de
idosos (IBGE, 2002).
A maior longevidade pode levar a um aumento significativo na prevalência de
doenças relacionadas à idade (CANINEU, BASTOS, 2002). Este quadro de enfermidades
podem gerar incapacidades e causar dependência com ônus sobre o idoso, a família e o
sistema de
saúde (CALDAS, 2003). Um dos problemas de saúde mais freqüentes em
fases tardias da vida é a demência, sendo esta uma das principais causas de perda da
capacidade funcional em idosos (LAUTENSCHLANGER, 2002). Uma das principais
conseqüências do crescimento
da parcela idosa da população é o aumento da
prevalência das demências, especialmente a doença de Alzheimer (DA) (PRINCE, 2003).
A prevalência de demência aumenta com a idade, praticamente dobrando a
cada período de 5 anos (ALMEIDA, NITRINI, 1995). Aproxi
madamente 5% dos indivíduos
com mais de 65 anos de idade e 20% daqueles com mais de 80 anos apresentam um
quadro demencial (JORM et al, 1987). Demência é definida como uma ndrome
caracterizada pelo desenvolvimento de múltiplos déficits cognitivos de seve
ridade
suficiente para atrapalhar as atividades de vida diária dos indivíduos.
(LAUTENSCHLAGER, 2002).
12
O aumento da expectativa de vida reacendeu o interesse pelo diagnóstico e
tratamento dos quadros demenciais, tanto leves quanto severos, uma vez que as
capacidades cognitivas em bom funcionamento são cruciais para a manutenção da
qualidade de vida dos indivíduos (GOLOMB et al, 2001).
A identificação de indivíduos com potencial risco de desenvolver demência é
tarefa fundamental (CHARCHAT-FICHMAN et al, 2005).
Uma vez que o diagnóstico
precoce das demências pode levar a intervenções terapêuticas precoces diminuindo os
níveis de estresse para os familiares, reduzindo riscos de acidentes, e prolongando a
autonomia. Pretende-se que no futuro, com o surgimento d
e fármacos efetivos, as
intervenções mais precoces possam vir a evitar ou retardar o início do processo
demencial (PETERSEN et al, 2001).
Estudos apontam que anos antes da instalação da Doença de Alzheimer (DA)
aparecem dificuldades cognitivas (SMALL et al, 2003).
Este quadro, atualmente
conhecido por Declínio Cognitivo Leve (DCL), termo que vem do inglês Mild Cognitive
Impairment (MCI), tem se tornado um proeminente foco de pesquisa para muitos
investigadores no campo do envelhecimento e da demência (PETERSEN, 2005).
DCL é uma entidade heterogênea com diferentes sintomas subclínicos que vão
se modificando tendo uma gama ampla de diferentes evoluções (RITCHIE, 2004).
Estudos populacionais desta desordem permitem entender que o DCL não é uma
entidade unifor
me, é de se supor que cada subtipo de DCL tenha diferentes fatores de
risco (RITCHIE, 2004).
Existe uma expectativa de que a utilização de estratégias terapêuticas
adequadas sobre DCL possa impedir a progressão para quadros demenciais, o que
13
poderia contri
buir para um envelhecimento bem sucedido e para um aumento da
qualidade de vida da população idosa (GOLOMB et al, 2001).
O presente estudo integra-
se ao Projeto Sideropólis, do grupo de pesquisadores
do laboratório de Biologia do Envelhecimento da Universi
dade do Extremo Sul
Catarinense, coordenado pelo professor Dr. Flávio M.F. Xavier. Este estudo fez parte de
um estudo maior onde foram avaliadas outras variáveis além da cognição, como estresse
oxidativo, disfunção executiva e outros aspectos relacionados ao envelhecimento.
1.1 Conceito de DCL
1.1.1 Critérios Operacionais
O DCL é uma ndrome recentemente descrita que ocorre na transição entre
saúde cognitiva e a demência (DE CARLI, 2003). Se refere a um estado clínico no qual
uma declínio da memória com preservação das atividades da vida diária, sem a
severidade necessária para cumprir critérios diagnósticos da DA.
A Americam Academy of Neurology (AAN) publicou os seguintes critérios
anteriormente utilizados por Petersen e cols, (1999) para o diagnóstico de DCL:
1. Queixa de memória por parte do indivíduo e preferencialmente
corroborada por um informante;
2. Comprometimento objetivo da memória, diagnosticado através de testes,
(desempenho de aproximadamente 1,5 desvio padrão abaixo da média
de controles normais da mesma idade).
3. Funções cognitivas gerais normais;
14
4. Ausência de alterações das atividades da vida diária;
5. Manifestações não suficientemente graves para o diagnóstico de
demência.
Em Setembro de 2003 em Stockholm na Suécia, um grupo internacional de
pesquisadores se reuniu objetivando integrar perspectivas clínicas e epidemiológicas do
tópico DCL (WINBLAND, 2004). Este mesmo grupo trouxe como uma de suas
recomendações os critérios gerais para DCL, os quais foram utilizados nesta pesquisa
(Tabela 1).
Tabela 1. Recomendações do Grupo de Estudo da Suécia Sobre Critérios Gerais para
DCL.
Recomendações – Critérios Gerais para DCL
I. Nem normal e nem demente (não encontrados critérios diagnósticos: DSM IV para síndrome
demencial).
II. Declínio Cognitivo
O sujeito e /ou informante relatarem declínio nas tarefas cognitivas. E/ou evidência de declínio cognitivo
mensurado em testes neuropsicólogicos.
III. Preservação de atividades básicas vida diária/ mínimo declínio nas funções instrumentais
Fonte: WINBLAND, (2004).
O primeiro item dos critérios para o diagnóstico de DCL foca o declínio da
memória e a probabilidade da possível progressão clínica da Doença de Alzheimer.
(GANGULI et al, 2004).
Petersen e col. estabeleceram critérios diagnósticos para DCL, estes critérios
incluem a forma amnésica, que é a mais difundida e estudada. A falta da incorporação
15
de outras funções cognitivas diferentes da memória na definição de DCL se deve a
princípio, a dificuldade para medi-las (RONALD et al, 2003).
1.1.2 Subtipos
Em estudo recente, Petersen e cols. (2001b) aborda a heterogeneidade do
quadro de DCL. Uma das evidências que apontam para a heterogeneidade é a variável
progressão dos diferentes pacientes. A progressão de DCL pode se dar para quadros
de demência vascular, de demência fronto-temporal, de afasia progressiva primária,
DA, sendo que ainda um outro grupo pode se manter com DCL ou mesmo melhorar
cognitivamente.
Observando o tipo de evolução, diferentes autores começaram a tipificar
subgrupos de DCL. Foi observado que sujeitos com déficits cognitivos na linguagem,
tinham mais risco de evolução para afasia progressiva primária. Sujeitos que tivessem
um DCL marcado por déficits atencionais tinham maior probabilidade de desenvolver
demência do tipo fronto-temporal. Diante disto, Petersen e cols. (2004) propuseram
uma classificação mais específica, abrangendo subtipos de DCL:
1. DCL - Amnestic, (tipo amnéstico) cuja função cognitiva afetada é a
memória. Esse tipo tende a evoluir para DA;
2. DCL - Multiple Domains Slightly Impaired (tipo múltiplos domínios
cognitivos levemente deteriorados) em que duas ou mais funções
cognitivas diversas estão levemente prejudicadas. Esse tipo tende a
evoluir para a DA, Demência Vascular ou poderia ser associado ao
16
envelhecimento normal (essa última relação ainda não está bem
estabelecida);
3. DCL Single Nonmemory Domain (um único domínio cognitivo afetado,
exceto a memória) em que um domínio cognitivo qualquer estaria
afetado, com exceção da memória. Esse tipo pode evoluir para diversos
quadros, como demência fronto-temporal, demência associada aos
corpúsculos de Lewi, demência vascular, afasia progressiva primária, DA
e doença de Parkinson.
1.2 Outras categorias correlatas com DCL: evolução histórica do conceito
Os estudos epidemiológicos da cognição de idosos permitem identificar nas
populações três categorias de sujeito: aqueles que são demenciados, aqueles que não
são demenciados e um terceiro grupo de indivíduos que não podem ser classificados
como normais ou como demenciados, embora possuam prejuízo cognitivo,
predominantemente mnemônico. As alterações cognitivas que não se caracterizam
como demenciais são comuns entre os idosos, adquirindo significância clínica apenas
quando acarretam prejuízo no desempenho das atividades diárias dos indivíduos
(PETERSEN et al, 2001).
Nos últimos 30 anos, diversos conceitos foram propostos para denominar as
perdas cognitivas não suficientemente intensas para atender o diagnóstico de
demência. Há ainda dificuldade de distinção entre idosos saudáveis e idosos com
algum déficit cognitivo, uma vez que, em virtude das modificações cerebrais usuais
17
durante o envelhecimento, é possível que ocorram perdas cognitivas “esperadas” e que
não sejam DCL. Precisar o limite entre a normalidade e a patologia pode ser na prática,
bastante difícil (LINDEBOOM & WEISTEIN, 2004).
A tabela 2 resume a lista de diferentes conceitos, previamente propostos
para denominar as perdas mínimas cognitivas ainda não suficientes para compor a
síndrome de demência. Percebe-se uma evolução histórica dos construtos para dar
conta deste mesmo quadro “sub-demencial”, sendo que cada época e autor propõe
diferentes conjuntos de critérios e formas de classificação desta mesma realidade
clínica.
Tabela 2: Evolução dos Conceitos de Perdas Cognitivas não Demenciais ou Leves
Ano / Autor Construto Critérios Diagnósticos
1962 - Kral
“Esquecimento Senil Benigno “
ESB
- Incapacidade para lembrar dados relativamente
pouco importantes e partes de uma experiência
(como nomes, lugares e datas). Porém, mesmo
sem lembrar de partes da experiência o idoso pode
lembrar da experiência como um todo.
- O mesmo dado esquecido em um momento
poderia ser lembrado em outro momento.
1982 -Hughes
et al
Demência Questionável
(QD)
- CDR 0,5 indivíduo não é saudável nem
demenciado, déficits de memória que não
interferem significativamente na vida do indivíduo.
Crook et al
1986 - em
Collie &
Maruff 2000
Déficit Memória associado à
idade (AAMI)
- Queixa de memória: ausência de demência,
escores abaixo de 1 DP em testes
neuropsicológicos de memória.
1994
American
Psychiatric
Association
em Collie,
Distúrbio Neurocognitivo
associado ao envelhecimento
(MND)
- Déficits em pelo menos 2 domínios cognitivos
(atenção, memória, linguagem, etc); ausência de
demência ou de outra doença mental; função social
prejudicada, associação com alguma condição
médica geral.
Continua =>
18
Maruff 2000
(Descrito pelo
DSM IV)
Ritchie, 2000)
1994
Levy e cols.
Declínio Cognitivo associado ao
envelhecimento (DCAE)
- Presença de declínio cognitivo gradual por parte
de um indivíduo ou de um informante por pelo
menos 6 meses;
- Prejuízo em alguma(s) da(s) funções cognitivas
(memória e aprendizado, atenção, concentração,
pensamento, linguagem ou funcionamento viso-
espacial);
- prejuízo cognitivo
em avaliações quantitativas
(abaixo de 1 DP);
- ausência de doenças psiquiátricas e neurológicas.
1998
American
Pshycology
Association
Declínio Cognitivo relacionado a
idade (ARCD)
- Julgamento clinico por parte de psicólogos
baseado em avaliação neuropsicológica ou
testagem cognitiva compreensiva; deve-se
comparar o nível de funcionamento atual e pré-
mórbido; exclusão de quadros depressivos; obter
informação de familiares ou informante acerca do
paciente.
1999
Joanette
Declínio Cognitivo Leve(DCL)
- queixas de declínio cognitivo do paciente,
informante ou desacordo entre eles;
- déficits prejudicam atividades complexas da vida
diária;
- ausência de demência;
- dificuldades de desempenho em testes de
memória ou outra habilidade cognitiva (abaixo 1,5
DP)
1999
Petersen e
cols.
2001-
Petersen e
cols.
Declínio Cognitivo Leve (DCL)
- queixa de memória, corroborada por um
informante;
- comprometimento objetivo da memória;
- funções cognitivas gerais normais;
- atividades da vida diária intacta;
- ausência de demência.
2001-
Golomb,
Kluger, Ferris
Declínio Cognitivo Leve(DCL)
- globalmente, escorres de 0,5 no CDR e 3 no GDS;
- declínio cognitivo leve; reportado pelo paciente ou
um informante e confirmado objetivamente;
Continuação
Continua =>
19
& Garrard
- o declínio leve envolve a memória e geralmente
outro domínio cognitivo;
- atividades comuns da vida diária intactas, mas
pode haver declínio súbito das atividades
complexas;
- usualmente representa um pródomo de demência
provocada por doença neuro-degenerativa.
2001b
Petersen e
cols.
Declínio Cognitivo Leve(DCL)
- os critérios constituem os mesmos citados
anteriormente;
- variam os domínios cognitivos: 1) apenas a
memória é afetada (MCI amnestic); 2) múltiplos
domínios cognitivos são levemente afetados (MCI
multiple domains slightly impaired); 3) um único
domínio cognitivo é afetado, exceto a memória (MCI
– single nonmemory domain).
Fonte: PARENTE, (2006) - modificada.
Os critérios acima divergem conceitualmente, como destacado por Petersen
e cols. (1999). AAMI (déficit de memória associado a idade) e AACD (declínio cognitivo
associado ao envelhecimento) não são sinônimos de DCL. Na definição de AAMI deve
haver um déficit de memória, que cresce com o passar do tempo. Quando ao AACD, a
perda cognitiva consiste em declínio leve em múltiplos domínios. Petersen e cols.
(2001b) acrescentam que os termos esquecimento benigno do envelhecimento” (BSF),
AAMI e AACD estão mais próximos da descrição dos extremos do envelhecimento
normal do que propriamente da identificação de um quadro precursor do
envelhecimento patológico.
Recentemente um grupo internacional e multidisciplinar de experts (Ásia,
Austrália, Europa, e América do Norte) publicou o resultado de uma discussão sobre a
definição atual e as futuras direções de pesquisa acerca do DCL. Foram apontadas a
fragilidade no conceito e o que se entende como necessidade de maior clareamento no
20
futuro, no campo da apresentação clínica, da avaliação cognitiva e funcional, do papel
da neuroimagem e dos marcadores biológicos e genéticos (WINBLAND et al, 2004).
Mediante a tantas discussões sobre o critério de DCL, alguns autores
referem que a construção desta definição seria um trabalho em progresso. (Alzheimer
Association, 2005).
1.3 Prevalência do DCL
Ainda são poucos os estudos sobre a prevalência de DCL nas populações, e
menor o número de estudos que fazem uso dos critérios de DCL estritos. Os poucos
estudos populacionais com idosos estimam que a prevalência oscile entre 3% a 19%
(BUSSE, 2003; RITCHIE, 2004).
Essa variabilidade marcada da taxa de prevalência decorre de diferenças
significativas entre os vários estudos: diferenças nas amostras, nos testes cognitivos
escolhidos, nas taxas de perdas devido a mortalidade e recusa. Tendo como base
apenas os estudos em que os critérios de DCL tenham sido cuidadosamente aplicados,
é provável que a prevalência seja mais próxima de 3% do que 19% (BUSSE, 2003;
RITCHIE, 2004).
Para Fratiglioni (2005) a variabilidade na taxa de prevalência estimada do
DCL é maior do que aquela observada na demência. Esta variabilidade na estimativa
pode decorrer de dois fatores: um conceitual e o outro operacional. Não há uma
definição consensual da entidade DCL, e devemos lidar com diferentes conceitos. A
prevalência varia também em função de quais métodos operacionais se utiliza no
21
estudo: por exemplo, a prevalência do DCL passa de 1 para 3% quando o critério de
déficit subjetivo de memória e o critério de funcionamento intacto na vida cotidiana não
são exigidos para definição de caso.
A tabela 3 resume a prevalência de DCL encontrada nos diferentes estudos
populacionais. Em um estudo de base populacional geral em idosos acima de 60 anos,
com aplicação retrospectiva dos critérios neuropsicológicos de declínio de memória, a
prevalência de DCL foi estimada em 3,2% (LUIS et al, 2003). Em outro estudo
epidemiológico realizado na Austrália publicado em 2005, em uma comunidade de
idosos de 60-64 anos, encontrou-se um taxa de prevalência de DCL de 3,7% (KUMAR,
2005). Alguns grupos Europeus, reportaram a prevalência de DCL entre 2,8 e 6,1%
(GANGULI, 2004; RITCHIE et al, 2001; BUSSE et al, 2003).
Tabela 3: Taxas de Prevalência para DCL e de DCL Critérios Revisados.
Autor País n Prevalência de DCL (%) Prevalência modificada de
DCL (%)
Busse et al., 2003 Alemanha 1265 3,1 5,1
Fisk et al., 2003 Canada 1790 1,3 3,02
Ritchie et al., 2001 França 833 3,2 19,3
Tervo et al., 2004 Finlândia 806 8,8 ------
Lopez et al., 2003 USA 3608 19 -------
1.4 Prevalência de DCL Após os 75 Anos
Com o aumento do número de pessoas cada vez mais idosas, surge também
um aumento na prevalência na população geral das doenças típicas dos idosos como
22
DCL e demência. A prevalência das demências aumenta com a idade, praticamente
dobrando a cada 5 anos (JORN et al, 1987).
Em estudo realizado numa comunidade de octogenários na região Sul do
Brasil verificou-se uma taxa de prevalência de 20% de declínio cognitivo associado ao
envelhecimento, sendo este o problema mental mais comum entre os octogenários
daquela comunidade (XAVIER, 1999).
Em estudo realizado em uma comunidade na Alemanha, com idosos acima
de 75 anos verificou-se uma taxa de prevalência de DCL 3% para 36% de acordo com
o conceito aplicado (BUSSE, 2003).
Em um estudo americano, foi encontrado um aumento na taxa de
prevalência de DCL, de acordo com a idade. Aos 60 anos de idade a prevalência era de
1%; 6% aos 65 anos; 12% aos 70 anos; 20% aos 75 anos; 30% aos 80 anos e 42%
em sujeitos acima de 85 anos (GOLOMB et al, 2004).
Em outro estudo realizado em uma comunidade de Roschester, com idosos
acima de 90 anos, verificou-se uma taxa de prevalência de DCL de cerca de 12%
(BOEVE et al, 2003).
1.5 Etiologia e Evolução Clínica do DCL
O DCL tem diferentes evoluções, fato que pode sugerir que eventualmente
seja uma entidade de múltiplas etiologias. São possíveis etiologias de DCL variáveis
degenerativas vasculares, causas metabólicas, depressão e traumáticas (RONALD et
al, 2003).
23
Uma grande porcentagem de indivíduos com DCL evolui para DA. Isso é
comprovado por estudos que apontam que anos antes da instalação da DA aparecem
dificuldades cognitivas (SMALL et al, 2003), quadro atualmente conhecido por declínio
cognitivo leve (DCL), (GOLOMB et al, 2001; JOANETTE, 1999; PETERSEN et al, 1999
e 2001). Esta entidade clínica constitui um dos grande focos de pesquisa nos estudos
sobre envelhecimento cognitivo.
Outros estudos sugerem que, essencialmente, todos os casos de DCL
progridem para DA ou outra forma de demência. Isto pode significar que o DCL é
simplesmente uma fase bem inicial de demência. Outros estudos sugerem que algumas
pessoas com DCL podem não desenvolver demência, mas existe um alto risco de
desenvolvê-la. Ainda, outros estudos indicam que um número significantivo de pessoas
diagnosticadas com DCL podem reverter ao normal (ALZHEIMER’S ASSOCIATION,
2005).
Estudos longitudinais em amostra de população geral com déficits cognitivos
subclínicos, têm demonstrado muitos padrões de mudanças cognitivas com variados
resultados clínicos, incluindo demência, depressão, doenças cardiovasculares e
doenças respiratórias. Estudos populacionais permitem-nos desenvolver modelos de
etiologia da doença dentro deste contexto mais complexo (RITCHIE, 2004).
O critério inicial de DCL focalizava o declínio de memória e a probabilidade
de progreso para os aspectos clínicos da doença de Alzheimer. Vários outros
estudos foram aparecendo na literatura usando critérios similares e também
demonstrando que estes indivíduos tiveram um incremento no risco de progressão para
doença de Alzheimer, em uma rápida taxa (PETERSEN, 2005).
24
Em 2001 a Academic American Neurology (AAN) publicou tabela de
parâmetros práticos para detecção precoce da demência e endossou a construção do
DCL como sendo clinicamente relevante, uma vez que estes indivíduos tiveram
incremento para o risco de progressão para Demência. Seguindo este trabalho, estudos
longitudinais adicionais foram completados atestando não somente o incremento do
risco de progressão, mas também para a variabilidade dos resultados (PETERSEN,
2005).
Petersen e cols. (2001b), afirmam que existe uma heterogeneidade do
quadro, sendo que alguns casos evoluem para DA, outros não. Podendo evoluir para
demência vascular, demência fronto-temporal, afasia progressiva primária, etc. Por
exemplo, o indivíduo que tivesse inicialmente apenas déficits atencionais (em termos de
domínio cognitivo afetado) poderia ter uma probabilidade maior para desenvolver
demência do tipo fronto-temporal. Caso o sujeito tivesse déficits cognitivos na
linguagem, poderia, por exemplo, evoluir para afasia progressiva primária.
1.6 Qualidade de Vida em Idosos
Além de investigar e determinar o ritmo do envelhecimento populacional,
também a preocupação de estudar a qualidade do envelhecimento e, em um segundo
momento desenhar intervenções capazes de provocar impacto em direção a um
processo de envelhecimento saudável (CHACHAMOVICH, 2005). A investigação sobre
as condições que permitem uma boa qualidade de vida na velhice é de interesse
científico e social (FLECK, 2003).
25
Qualidade de Vida (QV) tem sido recentemente reconhecida como um dos
objetivos centrais do atendimento em saúde (KATSCHNIG,1997). Historicamente, o
desenvolvimento do conceito de QV perpassou por fases de interesse científico
distintos, criando um embasamento teórico lido (CHACHAMOVICH, 2005). O
conceito de QV não desfruta de consenso ao presente momento. (BOWLING, 1995;
WILSON et al, 1995; TESTA et al, 1996; HUNT, 1997; KATSCHNIG, 1997; BERLIM,
2003).
O grupo de QV da divisão de Saúde Mental da Organização Mundial da
Saúde, representada pelo grupo WHOQOL, publicou em 1994 uma conceituação que
gera concordância entre as várias definições. Assim, definiram QV como sendo “a
percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura sistema de
valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e
preocupações” (THE WHOQOL - GROUP, 1994, tradução nossa).
Esta definição traz
três áreas de fundamentação. Primeiramente, a percepção subjetiva do indivíduo, em
segundo lugar a multidimensionalidade do construto (sendo os instrumentos de aferição
compostos por domínios como por exemplo: domínios físicos, psicológicos e
relacionamento social, ilustrando que QV é um produto da interação de diversas áreas
independentes da vida do indivíduo), e em terceiro lugar o reconhecimento que o
construto é composto por dimensões positivas (por exemplo: funcionalidade,
mobilidade) e negativas (por exemplo: sentimentos negativos de dependência de
medicações) (WHOQOL-GROUP, 1995).
Mais recentemente, com o destaque do construto QV em diferentes
populações, os pesquisadores na área da geriatria passaram a demonstrar interesse
em determinar quais fatores são relevantes para a QV em idosos (XAVIER et al, 2003).
26
Conhecer os determinantes da QV, como as condições de saúde do idoso e as
múltiplas facetas da velhice, tornou-se de grande importância, que boa saúde é
imperativa às pessoas mais velhas para que permaneçam independentes e continuem
a contribuir em suas famílias e comunidade (WHOQOL-GROUP, 2004).
A QV pode ser medida pela saúde física, capacidade funcional, percepção
pessoal de rendimento adequado, contatos sociais, ausência de aflições psicológicas e
capacidade cognitiva. Dentre os indicadores de uma boa qualidade de vida estão a
saúde, rendimentos adequados, ausência de problemas psicológicos e disponibilidade
de apoio familiar e de amigos (HAUG; FOLMAR, 1986)
Em um estudo com idosos acima de oitenta anos, (XAVIER et al, 2003),
observou-se que 57% dos participantes da pesquisa avaliaram sua qualidade de vida
como positiva, ao passo que 18% a classificaram como negativa.
O projeto WHOQOL-OLD é um estudo multicêntrico iniciado em 1999,
objetivando desenvolver e testar um módulo específico de avaliação de QV em idosos
com propriedade de uso transcultural. O World Health Organization Quality of Life Group
(WHOQOL) criou um instrumento genérico de qualidade de vida composto por 26 itens
com escala de respostas tipo Likert de 5 pontos. Esse instrumento é composto por
quatro domínios (Físico, Psicológico, relações Sociais e meio-ambiente) e um escore
global (overall). Conta com uma versão validada para o português.
27
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Estudar a entidade DCL em idosos acima de 80 anos residentes na
comunidade.
2.2 Objetivos Específicos
Identificar a prevalência de DCL entre idosos acima de 80 anos residentes
no município de Siderópolis/SC;
Comparar controles cognitiva e funcionalmente saudáveis com idosos
portadores de DCL nos escores dos diferentes domínios da qualidade de
vida.
Caracterizar os octogenários estudados quanto a performance em
diferentes testes neuropsicólogicos fundamentais para o diagnóstico de
DCL.
28
PARTE II
3 APRESENTAÇÃO
Esta segunda parte da dissertação será apresentada em capítulos. A partir
do presente estudo foram produzidos 2 artigos até o presente momento, os quais serão
apresentados nesta seção. Sendo estes:
CAPÍTULO 1 - ARTIGO 1 - Declínio cognitivo leve em uma população de idosos
muito idosos do sul do Brasil residentes na comunidade: taxa de prevalência e escore
no instrumento de qualidade de vida da Organização Mundial de Saúde (WHOQOL-
Bref).
Autores: Lorena Paratella Zuppo* / Leila Mara Lucchesi*/ Claudia Heluany*/
Clarissa Marceli Trentini** / Flávio Merino de Freitas Xavier*.
* UNESC- Universidade do Extremo Sul Catarinense
** UFRGS- Universidade Federal do rio Grande do Sul
Situação do artigo quanto à publicação: O presente artigo foi submetido a
revista Quality of Life Researsch. (Qualis A –Internacional)
Apresentação: este artigo tem como foco a analise da taxa de prevalência de
DCL. Também foi possível apresentar a prevalência de subtipos de DCL, ainda que
seja pouco comum na literatura ver exatamente como os autores operacionalizam seus
subtipos propostos. Dada esta dificuldade, só encontramos critérios operacionais claros
de dois autores, com os quais podemos calcular nossas taxas de prevalência de cada
subtipo. Por fim comparamos os 9 sujeitos com DCL da nossa comunidade com
29
controles sem qualquer teste de cognição ou funcionalidade alterados com objetivo de
ver se haviam algumas diferenças em padrões clínicos que fosse significativa entre os
dois grupos.
CAPÍTULO 2 - ARTIGO 2 - O desempenho em testes neuropsicológicos de
octagenários não-dementes e com baixa escolaridade em duas comunidades do sul do
Brasil.
Autores: Flávio Merino De Freitas Xavier
*
, Irani Iracema de Lima Argimon** ,
Lorena Paratella Zuppo,
*
Leila Mara dos Santos Lucchesi
*
, Claúdia Cipriano Vidal
Heluany
*
, Clarissa Marceli Trentini
***
.
* UNESC - Universidade do Extremo Sul Catarinense
** PUCRS - Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do SUL
*** UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Situação do artigo 2 quanto a publicação: Recebido em 25/05/2006.
Aceito em 28/08/2006 e publicado em na Revista Psico Vol 37 edição nº3 de set/dez
2006. (Qualis A -Nacional).
Apresentação: Este artigo foi pensado inicialmente como um tabela que seria
necessária expor para embasar o artigo de prevalência de DCL. Era preciso expor qual
a media e desvio padrão de idosos muito idosos nos instrumentos que fizemos uso para
diagnostico de DCL. Como na literatura em geral, e ainda mais na literatura nacional, há
poucos dados de média e desvio padrão de idosos nos testes usuais de memória e
cognição, foram os objetivos do artigo: ser um artigo de revisão de referências
internacionais de média e desvio padrão em diferentes testes e b) expor nossos dados
particulares de Siderópolis, ao mesmo tempo que ampliar publicação anterior de
Argimon com dados de desempenho em outra comunidade análoga em termos de faixa
30
etária. A necessidade de descrever os desvios padrões visando instrumentalizar o
artigo 1.
Confirmação de Submissão do Artigo I
De:
"Carolien van der Gaag" <Carolien.vandergaag@springer.com>
javascript:d
ocument.frmAddAddrs.submit()Adicionar endereço
Para: lor[email protected].br
Assunto: Submission Confirmation
Data: Sun, 11 Mar 2007 19:59:46 –0400
Dear Zuppo,
Thank you for submitting your manuscript,
"Mild cognitive impairment in an oldest-old community-dwelling
population in southern Brazil: prevalence rate and score in the World Health
Organization Quality of Life instrument (WHOQOL Bref).", to Quality of
Life Research
During the review process, you can keep track of the status of your
manuscript by accessing the following web site:
http://qure.edmgr.com/
We will also need to receive a signed copyright transfer form from you.
You can locate the form on the opening page of Editorial Manager under
'AUTHORS'.
Please print the form, sign it and return it to us.
Thank you.
If your manuscript is accepted for publication in Quality of Life
Research, you may elect to submit it to the Open Choice program. For
information about the Open Choice program, please access the following URL:
http://www.springer.com/openchoice
With kind regards,
Carolien van der Gaag
Editorial Office Quality of Life Research
Springer
P.O. Box 990
3300 AZ DORDRECHT
The Netherlands
Fax: +31 (0)78 657 6254/6801
31
CAPÍTULO I - ARTIGO I
Declínio cognitivo leve em uma população de idosos muito idosos do sul
do Brasil residentes na comunidade: taxa de prevalência e escore no instrumento
de qualidade de vida da Organização Mundial de Saúde (WHOQOL Bref).
Autores
Lorena Paratella Zuppo*/ Leila Mara Lucchesi*/ Claudia C. Heluany*/ Clarissa Marceli
Trentini**/ Flávio Merino de Freitas Xavier*.
* UNESC – Universidade do Extremo Sul Catarinense
** UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Centro onde o trabalho foi executado: Laboratório de Biologia do Envelhecimento.
Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC). Brasil.
Palavras-chaves: Declínio cognitivo leve, memória, envelhecimento, declínio cognitivo,
neuropsicologia, idosos muito idosos.
32
RESUMO
Antecedentes: Como uma categoria pré-clínica de demência, o Declínio
Cognitivo Leve pode causar um impacto na qualidade de vida no dia -a -dia. Diferentes
sujeitos com DCL podem ter percepção variáveis e sofrer com suas disfunções de
memória. O impacto de mudanças cognitivas sutis sobre a qualidade de vida podem ser
tão pequenos que não sejam percebidos pelo sujeito.
Materiais e métodos: De um total de 135 habitantes com mais de 80 anos
de um corte geograficamente representativo no Sul do Brasil (cidade de Siderópolis/
SC), uma sub-amostra de 61 sujeitos pontuaram o mini exame do estado mental
(MEEM) em um escore igual ou maior ao esperado para seu vel de escolaridade.
Com o objetivo de identificar os casos com DCL, esta subamostra foi submetida a uma
avaliação neuropsicológica (Buschke-Fuld, bateria do CERAD, teste de fluência verbal,
5 subtestes do WAIS e dois subtestes do MEEM), a uma avaliação clínica e a um
questionário estruturado sobre o estado geral de saúde e sobre queixas subjetivas de
declínio cognitivo. O escore do instrumento de qualidade de vida da Organização
Mundial de Saúde (WHOQOL-BREF) foi comparado entre sujeitos com DCL e controles
cognitivamente normais (sujeito com normalidade em qualquer teste de memória e em
outros testes cognitivos neuropsicológicos e sem mudanças no AIVD).
Resultados: De acordo com uma definição mais literal, um grupo de 1,5%
dos octogenários apresentava DCL, porém essa taxa de prevalência poderia dobrar se
o critério de queixa subjetiva de memória não fossem incluídas na definição de casos.
Sujeitos com DCL quando comparados com controles normais mantinham os mesmos
33
escores de qualidade de vida em todos os domínios estudados e na avaliação global
(“overall”).
Conclusão: Esses idosos muito idosos tinham uma taxa mais baixa de
prevalência que aquela encontrada nos estudos anteriores. Aplicando diferentes
critérios operacionais, esta taxa poderia variar de 1,5% a 18,9%. Sujeitos idosos
moradores da comunidade com DCL, apresentam uma intensidade de disfunção
cognitiva não tão grave para causar impacto significativo na qualidade de vida.
Introdução
De acordo com a proposta específica de Petersen et al¹, o Declínio Cognitivo
Leve é uma condição caracterizada pela presença de declínios isolados de memória
além do esperado pelo processo de envelhecimento normal. O comprometimento
cognitivo não deve ser tão severo para causar impacto na funcionalidade. Essa
proposta geral é operacionalizada em um espectro muito amplo nos diferentes estudos
de prevalência, e, como conseqüência, ainda não se chegou a uma concordância sobre
as taxas de prevalência de DCL em idosos. A tabela 1 apresenta alguns dos mais
importantes estudos baseados em comunidades, com diferentes metodologias e
critérios operacionais para diagnosticar o DCL e suas respectivas taxas de prevalência.
34
Tabela 1: Taxas de prevalência de declínio cognitivo leve (DCL) baseadas em
estudos populacionais.
Referências
Local
N sujeitos
Idade
(anos)
Nível de
educação
média
(anos)
O diagnóstico é
semelhante à
proposta de
Petersen?
Diagnóstico
Taxa
preva-
lência
(%)
Frisoni et al² Suécia 1435 Não: uso de 1 DP
como ponto de corte
para definição de
caso e a
normalidade em
outras áreas “não
memória” foi
definida somente
baseada no MEEM
15
Ritchie et al³ França 833 Não: uso de 1 DP to
de corte para
definição de caso
3.2
Hanninen et al
4
Finlândia 1150 68,1 - DCL
DCL (educ.: 0-5 anos)
DCL (educ.: 6-8 anos)
DCL(educ.: >9 anos)
5.3
13
6.3
3.0
Busse et al
5
Alemanha
1265 - Não: uso de 1 DP
como ponto de
corte para
definição de caso
e a normalidade
em outras áreas
“não memória” foi
definida somente
baseada no
MEEM
DCL
DCL (SMC-)
DCL (80 anos)
DCL >85anos
3.1
5.1
3.2
3.9
Fisk et al
6
Canadá 1790 78-80 9,3 sim DCL
DCL (SMC-)
1.03
3.02
Lopez et al
7
EUA 3608 - - sim DCL
aDCL
mcdDCL
DCL( baixo nível educ.l)
DCL (alto nível educ.)
DCL(80anos)
DCL(>85 anos)
19
6
16
23
13
22
28
Ganguli et al
8
EUA 1248 74 Sim aDCL
3,2
Solfrizzi et al
9
Itália 2963 Pessoas
institucionalizadas
3,2
35
foram incluídas
Low et al
i0
Austrália 150 74,3 11,2 Não: A normalidade
em outras áreas
“não memória” foi
definida somente
baseada no MMSE
> 24/ QSM+
ADCL
9,8
Boeve et al
11
EUA 160 94,3 12,8 Sim/ QSM+ aDCL
12
Kivipelto et al
12
Finlândia Não/ a definição
assemelha-se à
AACD
6,1
Nota: DCL: Declínio cognitivo leve. (aDCL: DCL amnéstico/ mcdDCL: múltiplos domínios cognitivos) QSM:
Queixa subjetiva de memória. MEEM: Mini exame do estado mental. DP: desvio padrão. AACD: declinio
cognitivo associado à idade.
Diferentes estudos, como resumido por Panza et al
13
, confirmam que o DCL
é uma situação clínica com taxa de progressão para demência de 3,8 -11% por ano.
Como uma condição pré-clínica ou uma doença demencial em uma fase muito inicial, o
DCL poderia causar alguma disfunção na qualidade de vida. A intensidade desse
possível prejuízo na qualidade de vida deve ser menor entre sujeitos residentes na
comunidade e maior entre pacientes ambulatoriais que procuram por ajuda para suas
queixas de memória. Rebeca Ready
14
, do departamento de psicologia da Universidade
de Massachusetts publicou alguns resultados sobre o impacto do DCL na qualidade de
vida (QOL), mas sua população estudada é ambulatorial e seus instrumentos de
avaliação do DCL derivam do setting do Alzheimer. A proposta do presente estudo foi
avaliar se o DCL em populações residentes na comunidade esta associado com
conseqüências na qualidade de vida diária medida pelo instrumento de qualidade de
vida da Organização Mundial da Saúde. (WHOQOL Bref).
36
Métodos
Local do estudo e população: O município de Siderópolis foi escolhido
como uma área geograficamente conveniente, que possui um Censo bem definido,
dados sobre a população mais velha e inclui uma pequena cidade e uma área rural, no
Estado de Santa Catarina, (Sul do Brasil). A população total é composta de 12.929
habitantes (IBGE 2002)
15.
Foi obtido junto ao Serviço de Saúde do município uma lista
com todos os indivíduos que estavam nesta faixa etária em 2005, contendo dados do
censo (SIAB Sistema de Informação de Atenção Básica em Saúde, 2005). O estudo
foi baseado em uma população com 80 anos ou mais, morando em casa. Não foram
encontrados indivíduos institucionalizados na coorte e 135 sujeitos foi o total da
população de idosos muito idosos no município. O critério de inclusão foi idade acima
de 80 anos, morando na comunidade, na época do recrutamento. Nesse grupo de
entrada, 3 sujeitos se recusaram a participar do estudo .
Avaliação diagnóstica: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética local e
todos os participantes assinaram o termo de consentimento. Todos os participantes
foram submetidos a uma entrevista estruturada incluindo informações demográficas,
história médica, medicamentos atuais, história de tabagismo, consumo de álcool,
presença de depressão e uma avaliação subjetiva de distúrbios de memória. A
investigação foi desenvolvida por meio de visitas domiciliares e em duas fases. A
primeira fase consistiu em uma avaliação clínica e um rastreio para discriminar entre
sujeitos com e sem possível declínio cognitivo. A presença de demência ou delírio foi
37
avaliada baseada no DSM – IV
16
. O Mini exame do estado mental (MEEM)
17
foi
administrado como uma ferramenta de rastreio: sujeitos com escolaridade primária e
escore no MEEM menor a 18 foram considerados como tendo possível demência e
foram excluídos. A versão brasileira do MEEM usada foi validada para o português por
Bertolucci et al
18
. Nesta fase, as entrevistas foram conduzidas por estudantes de
medicina bem treinados no protocolo. Ao total, esta entrevista durava aproximadamente
30 minutos.
Desta forma, para a segunda fase, sujeitos cujo escore de MEEM sugeria
demência foram excluídos. Um psicólogo pesquisador executou a avaliação nas
residências dos sujeitos. A avaliação da presença de queixa subjetiva de memória foi
executada com o Short Care Instrument
19
. Os seguintes testes neuropsicológicos
administrados por psicólogos foram usados para avaliar diferentes domínios cognitivos:
(1) Memória Visual e Aprendizado: O teste Evocação Seletiva e com Pistas
de Buschke (Buschke) ²º aplicado de acordo com a metodologia proposta
pela clínica Mayo ²¹, sendo o escore o número total de lembranças
(soma das lembranças livres e com pistas), em seis apresentações
(escore máximo de 96 pontos);
(2) Memória Verbal: Lembrança tardia das 10 palavras do teste de Lista de
Palavras da bateria neuropsicológica do “Consórcio para estabelecer um
registro da doença de Alzheimer (CERAD)²², sendo o escore o número
de palavras lembradas.
(3) Atenção: o subteste Digit span” (DS) da escala Wechsler de inteligência
para adultos III (WAIS-III)²³. O escore é o resultado ponderado.
38
(4) Habilidade verbal: O teste de Fluência Verbal (FV), categoria animal
24
,
versão brasileira
25
, sendo o escore o número de nomes de animais
lembrados em um minuto;
(5) Pensamento abstrato: Foi avaliado usando o subteste de similaridade
WAIS-III
23
.
(6) Outras funções corticais: (p.ex. afasia, apraxia, agnosia, e habilidade
construtiva) foram examinadas usando subtestes da bateria de testes
WAIS–III
23
: (a) Cubos (b) Vocabulário (c) Completar figuras;
Avaliações adicionais: Os sintomas depressivos foram avaliados usando a
Escala de Depressão Geriátrica – 15 questões (GDS)
26
.
O Status físico total foi
calculado por um escore geral chamado Cumulative Illness Rating Scale- Geriatric
(CIRS-G)
27
, um genérico e compreensivo escore sobre saúde geral que avalia 14
sistemas orgânicos. Um médico geriatra pesquisador avaliou e atribuiu os escores na
escala CIRS. A habilidade funcional para as atividades da vida diária da vida normal
foram calculadas através dos escores das Atividades da Vida Diária (AVD)
28
e do
escore da “Atividade Instrumental da Vida Diária (AIVD)
29
.
A qualidade de vida foi
avaliada através do “Instrumento de Qualidade de Vida da Organização Mundial de
Saúde (WHOQOL-BREF)
30
, versão brasileira
31
.
Métodos estatísticos: Os dados foram analisados usando o SPSS V 10.0
(SPSS Inc, 2000). As diferenças entre sujeitos com DCL e aqueles com cognição
normal foram examinadas em variáveis previamente encontradas na literatura, para a
distinguir entre sujeitos com declínio cognitivo ou demência, dos sujeitos sem declínio.
39
Essas diferenças foram analisadas usando os testes t, א2 and Mann-Whitney, conforme
o caso. Possíveis diferenças nas taxas de prevalência entre homens e mulheres foram
analisadas pelo teste א2. Para todas as análises, um nível α de 0,05 foi usado.
Resultados
Perfil cognitivo da totalidade da população: Na etapa 1, na qual todos os
135 habitantes do município com mais de 80 anos foram contatados, 3 sujeitos
recusaram-se a participar do estudo. A figura 1 representa o perfil cognitivo dos 135
habitantes do município.
40
DCL
3%
impossibilitade
para o teste
2%
demência
7%
recusaram
2%
cognitivamente
normal
39%
MEEM abaixo da
expectativa pela
escolaridade
43%
MEEM normal, mas
vários outros testes
alterados
4%
Figura 1- Perfil cognitivo dos 135 idosos examinados
Na etapa 1, do grupo total de sujeitos, um percentual de 60% era composta
de sujeitos femininos. A idade média da população foi 85,06 4,03 anos). A idade
média dos sujeitos masculinos (85,3 anos) e femininos (84,8 anos) o apresentaram
diferença estatisticamente significante (p=0,48). A metade dos sujeitos (55%) tinha
entre 80 e 84 anos de idade. Na população em geral, 34% dos sujeitos não possuíam
escolaridade alguma e um grupo de 57,7% tinham apenas entre 1 a 4 anos de
escolaridade formal. Uma percentual de 62% dos sujeitos residia em áreas urbanas e
41
38% residia em área rural. Uma percentual de 60% dos sujeitos eram viúvos, 36,6%
eram casados e 3% solteiros.
Dos 135 sujeitos, 61 foram incluídos na etapa 2. Nessa segunda etapa, o
percentual de 59% (36/61) eram do gênero feminino, a idade média 83,9 anos (3,05)
sem diferença de idade entre homens (84,4 anos) e mulheres (83 anos) com p=0,26.
Dois terços dos sujeitos (64%) tinham entre 80 e 84 anos de idade. No subgrupo que
participou na segunda etapa, somente 13% nunca havia ido à escola, e um grupo de 50
sujeitos (82%) tinham feito o estudo primário (entre 1 e 4 anos de escolaridade formal).
Escore nos testes neuropsicológicos: Para a identificação do ponto de
corte divisório entre normalidade e anormalidade, a seguinte metodologia foi utilizada:
dos 61 sujeitos examinados, existia uma sub-amostra (11 sujeitos) sem enfermidades
médicas e uso de medicamentos que pudessem causar impacto na cognição. Os 11
sujeitos desse subgrupo denominado “Grupo de Referência” não utilizavam remédios
listados por SMALL
32
com potencial de impacto sobre a cognição e, não tinham
doenças psiquiátricas.
O ponto de corte para normalidade nos testes neuropsicológicos foi arbitrado
como sendo o escore igual ou inferior a um desvio padrão e meio abaixo do escore
médio atingido pelos 11 sujeitos do grupo de referência. Apenas para os subtestes da
bateria WAIS –III, o ponto de corte identificado não foi definido através deste grupo de
referência, mas foi sim determinado pelas normas propostas pelo manual WAIS –III
23
(que informa as médias e os desvios padrões esperados para a faixa etária). O ponto
de corte esperado pelos subtestes WAIS-III foi, desta forma, identificado como sendo
um desvio e meio padrão abaixo da média fornecida pelo manual (média ponderada=10
42
e desvio padrão = 4,5). Também o escore “anormal” na escala de presença de queixa
subjetiva não foi calculado em referência ao grupo saudável: pelos critérios de
Tobiansky
19
, um escore maior ou igual a 4 pontos no instrumento Short Care era
compatível com a presença de percepção subjetiva de perda de memória.
Neste estudo, como havia marcada homogeneidade no tempo de
escolaridade formal (na fase 2, 95% dos sujeitos tinham nível primário entre 0 - 4 anos
de escolaridade) não foi necessário criar níveis de pontos de corte ajustados para
escolaridades diferentes. Também devido a homogeneidade de faixa etária (todos os
sujeitos tinham mais de 80 anos), o ponto de corte dos testes não foi ajustado para
grupos diferentes quanto a idade. A tabela 2 apresenta o escore médio (e o desvio
padrão) do grupo de referência para cada teste. Também são apresentados os pontos
de corte (1,5 desvio padrão abaixo da média).
43
Tabela 2: Escore médio (EM) nos testes neuropsicológicos encontrados no
subgrupo saudável (n=11) do total da amostra estudada, com o
corte para a classificação DCL.
Escore médio Desvio Padrão) do grupo
de referência (n= 11 sujeitos)
Testes neuropsicológicos
Teste de lembrança seletiva de Buschke
95 (± 2)
Ponto de corte Impacto na memória se 92
Lista de palavras
6 (± 2)
Ponto de corte Impacto na memória se 3
Fluência verbal
14 (± 4)
Ponto de corte Impacto na fluência se 8
MEEM (subteste de linguagem)
7 (± 1)
Ponto de corte Alteração na linguagem se 5
MEEM (subteste de orientação)
9 (± 1)
Ponto de corte Alteração a orientação se 7
Escore AIVD
25 ( ± 2)
Ponto de corte Impacto no AIVD se 21.
A tabela 3 apresenta o percentual de sujeitos do grupo de 61 sujeitos
testados que tinham disfunção nos testes neuropsicológicos.
44
Tabela 3: Percentual de sujeitos que apresentam alterações (segundo os
critérios de ponto de corte da tabela 2) em cada teste.
Função Mental
Média
Percentual de sujeito
com teste anormal
Testes neuropsicológicos
SHORT-CARE Queixa subjetiva de
memória
80% ( 49/61)
Teste de lembrança seletiva e com pistas de
Buschke
Memória 16% (10/61)
Lista de palavras Memória 6% (4/61)
Fluência verbal Função executiva 8% (5/61)
MEEM (subteste de linguagem) Linguagem 19% (12/61)
MEEM (subteste de orientação) Orientação 5% (3/61)
Escore AIVDS Funcionalidade 41% (25/61)
Wais-III (Completar figuras) Função executiva,
memória visual
Ø (0/61)
Wais-III (Vocabulário) Linguagem, nível de
escolaridade
24% (15/61)
Wais-III (Desenho de blocos) Conceitualização
abstrata, área
executiva
5% (3/61)
Wais-III (Similaridades) Pensamento abstrato
Ø (0/61)
Wais-III (Dígitos) Atenção Ø (0/61)
Prevalência de DCL: entre os 135 sujeitos residentes na comunidade, 3
sujeitos não estavam aptos a participar da testagem neuropsicológica da cognição
devido a problemas músculo-esqueléticas. Desta forma, dos 132 sujeitos elegíveis para
a testagem, a prevalência de DCL variou de 1,5 a 3,7 conforme o critério adotado.
45
Tabela 4: Critérios individuais e combinados para DCL e as respectivas taxas de
prevalência (total da população = 132 sujeitos)
Critério individual n %
1 Disfunção objetiva da memória (por Buschke e/ou lista
de palavras)
13 9.8
Somente Buschke 9 6.8
Somente lista de palavras 3 2.2
Ambos 1 0.7
2 Oito testes neuropsicológicos “não memória” normal. 29 21.9
3 Sete testes neuropsicológicos normais (um alterado) 48 36.3
4 Funcionalidade diária normal, AIVD intacta (AIVD 22
pontos de 27)
36 27.2
5 Perda subjetiva de memória, queixa de memória pelo
paciente, short care 4 pontos
49 37.1
Critérios combinados (com 2)
(1) + (2) 5 3.7
(1) + (2) + (4) 4 3.0
(1) + (2) + (4) + (5) 2 1.5
(1) + (2) + (5) 3 2.2
Critérios combinados (com 3)
(1) + (3) 9 6.8
(1) + (3) + (4) 5 3.7
(1) + (3) + (4) + (5) 2 1.5
(1) + (3) + (5) 6 4.5
Se considerarmos um critério amplo de DCL, conforme apresentado na
tabela 4 com a combinação (1) + (3), nove sujeitos (9/132=6,8%) teriam DCL. Entre os
61 sujeitos avaliados nos testes neuropsicológicos, homens (16%) e mulheres (13%),
não tiveram diferença significativa na freqüência com que apresentavam DCL. Os
sujeitos com pontuação na escala de sintomas depressivos sugestiva de depressão
(mais que 5 sintomas depressivos pelo GDS-15) tinham em 13% das vezes DCL,
enquanto os normais do humor tinham uma prevalência de DCL de 15%. A taxa de
prevalência de DCL estatisticamente não diferia também entre sujeitos mais jovens (80-
46
84 anos) e mais velhos (acima de 85 anos): os mais velhos tinham 9% de DCL e os
mais jovens 17%.
Subtipos de DCL: Os subtipos de DCL em evidência na literatura são os
subtipos: amnéstico (a-DCL), quase que um sinônimo para DCL geral para diversos
autores e o subtipo múltiplos domínios cognitivos (mcd-DCL). Diferentes autores,
contudo apresentam critérios operacionais amplamente variáveis para identificação
destes subtipos. Na tabela 5 estão apresentadas as freqüências de cada subtipo em
nossa amostra segundo os critérios de dois autores diferentes. Na tabela 5 também,
estão resumidos os critérios operacionais propostos pelos autores na definição do
subtipo.
Tabela 5: Prevalência de diferentes subtipos de DCL, utilizando diferentes
critérios operacionais para o diagnóstico.
Número
de
sujeitos
% em 132
sujeitos
A
a) Prevalência de subtipos - Jungwirth*
a) CIND (declínio cognitivo sem
demência)
37
28%
Critério operacional: 1,5 DP abaixo da média em pelo menos
uma das 8 dimensões cognitivas
a1) Perda de memória seletiva (SMI)
5 3.7%
Critério operacional: 1.5 DP abaixo da média apropriada
para a idade em pelo menos um dos testes de memória
(lista de palavras, Buschke) e nenhuma disfunção em outras
áreas
Queixas de memória
3 2.2%
Sem queixas de memória
2 1.5%
a2) Declínio de memória. Mais declínio de
função não memória (MI+)
8
6.0%
Critério operacional: 1.5 DP abaixo da média de idade
apropriada em pelo menos um teste de memória (lista de
palavras, Buschke) em pelo menos um teste não-memória
Queixas de memória
7 5.3%
Sem queixas de memória
1 0.7%
a3) Disfunção não memória (NMI)
24 18.1%
Critério operacional: 1.5 DP abaixo da média de idade
47
apropriada em pelo menos um teste não-memória mas não
em qualquer teste de memória
Queixas de memória
19 14.3%
Sem queixas de memória
5 3.7%
b)Prevalência de subtipos de Zanetti**
b) Qualquer (1 ou mais) subtipos de
DCL de Zanetti
25
B
18.9%
b1) DCL amnéstico (aDCL) 11 8.3%
Critério operacional: 1.5 DP abaixo das normas específicas
para idade e escolaridade em testes de memória e sem
disfunção (escore > 1,5 DP) em outra área do funcionamento
cognitivo e sem disfunção no AIVD
Queixas de memória
7 5.3%
Sem queixas de memória
4 3.0%
b2) Disfunção em múltiplos domínios cognitivos
(dmdcDCL)
12 9.0%
Critério operacional: Disfunção em pelo menos dois
domínios cognitivos (com mais de 1 DP abaixo da média
para a idade e para o nível de escolaridade + queixas
subjetivas de declínio em funções cognitivas /+
Funcionalidade preservada (sem alterações no AIVD)
b3)Único domínio não memória (na- DCL) 8 6.0%
Critério operacional: Perda em somente um domínio isolado
não memória. Um ponto de corte maior que 1 DP abaixo da
média é usado para definir anormalidade em “outra” função
não memória.
Queixas de memória (avaliação subjetiva)
5 3.7%
Sem queixas de memória
3 2.2%
* Prevalência dos subtipos proposta por Jungwirth S, 2005
33
(operacionalizado como proposto pelo autor)
** Prevalência dos subtipos proposta por Zanetti S, 2006
34
(operacionalizado como proposto pelo autor)
A) Em uma população total de 135 residentes no município de Siderópolis, 3 sujeitos estavam incapazes de
ser avaliados pelos testes cognitivos porque possuíam perda músculo-esquelética. Por isso, a prevalência
total foi calculada com referência de 132 sujeitos.
B) Como diferentes subgrupos usaram diferentes níveis de DP para a definição de caso, é possível que um
sujeito seja incluído em dois ou talvez em três grupos. (20 sujeitos em um subtipo, 4 sujeitos em 2 subtipos e
1 sujeito em 3 subtipos ao mesmo tempo).
AIVD: Atividade Instrumental da Vida Diária: DCL: Declínio cognitivo leve. (aDCL: DCL amnéstico/ mcdDCL
múltiplos domínios cognitivos) PSM: perda subjetiva de memória.
Comparação normal X DCL: Dos 61 sujeitos que foram objetos da
detalhada avaliação neuropsicológica, um conjunto de 20 sujeitos não apresentou
alteração, nem em testes de memória (Lista de palavras e Buschke), nem em qualquer
outro teste de outras funções cognitivas (5 subtestes de WAIS III, nenhuma alteração
na linguagem e orientação no MEEM nem alteração em fluência verbal).
48
Esse subgrupo de 20 sujeitos, também sem disfunção nas AIVDs
(denominados de grupo cognitivo normal ou de grupo de controle) foi comparado com o
grupo de sujeitos com DCL (denominado de Grupo DCL”), o grupo com DCL foi
selecionado entre os 9 sujeitos com a definição de caso (1) + (3) da tabela 4. A tabela
6 compara alguns parâmetros gerais de saúde e demográficos entre ambos os grupos.
Entre os parâmetros comparados, somente o MEEM mostrou uma diferença estatística
significante.
Tabela 6: Controles normais e sujeitos com DCL comparados com
parâmetros demográficos, exames cognitivos gerais,
funcionalidade, nível de saúde física e número de sintomas
depressivos.
Presença de DCL
DCL
(n=9)
Controle normal *
(n=20)
P
Idade
Média (±SD)
83.0 (±2.18) 84.1 (±3.87)
Mediana
83.0 83.0 0.489
a)
Teste do relógio¹
Média (±SD)
5.0 (±1.63) 6.61 (±2.87)
Mediana
5.0 8.0 0.319
a)
Total Mini Mental
Média (±SD)
22.0(±3.12) 24.8 (±2.53)
Mediana
21.0 25.0 0.029
a)
Funcionalidade nas
atividades da vida diária (pelo
AVD)
Média (±SD)
5.0 (±2.0) 5.8 (±0.37)
Mediana
6.0 6.0 0.193
a)
Nível de saúde sica ( escala
CIRS)
Média (±SD)
4.33 (±2.1) 4.63.9)
Mediana
3.0 4.0 0.757
a)
Número de sintomas
depressivos (GDS-15)
Média (±SD)
4.22(±3.8) 2.50(±1.57)
Mediana
3.0 2.0 0.326
a)
a) Teste Mann-Whitney
1. Somente 4 sujeitos no grupo DCL e somente 18 sujeitos no grupo de controle executaram o teste do
relógio.
A tabela 7 apresenta a comparação da qualidade de vida entre sujeitos com
DCL e com controles cognitivamente normais. Para cada diferente domínio da
49
qualidade de vida, sujeitos com disfunção de DCL pontuavam em padrões piores que
os controles, porém este escore pior não mostrava diferenças estatisticamente
significativas em uma análise não paramétrica.
Tabela 7: Declínio Cognitivo Leve e Qualidade de vida, através do Instrumento
de Qualidade de vida da Organização Mundial de Saúde (WHOQOL
Bref).
Presença de DCL
Domínio DCL
(n=9)
Controle normal *
(n=20)
P
Físico
Média (±SD)
55.1(±25.9) 67.5(±18.5)
Mediana
53.5 66.0 0.21
a)
Psicológico
Média (±SD)
67.1 (±23.3) 76.2(±10.9)
Mediana
70.8 75.0 0.29
a)
Relações social
Média (±SD)
77.7 (±13.1) 78.7(±10.9)
Mediana
75.0 83.3 0.79
a)
Ambiental
Média (±SD)
66.3 (±10.9) 72.1(±12.2)
Mediana
65.6 71.8 0.31
a)
Global (“total”)
Média (±SD)
59.7 (±19.5) 65.6(±15.1)
Mediana
62.5 62.5 0.65
a)
a) Teste Mann-Whitney
Discussão
Adotando estritamente a definição de Pertersen, a prevalência de DCL entre
idosos muito idosos foi de 1,5%, taxa que contrasta com a encontrada por Lopez
7
(entre 22% para sujeitos de 80 anos e 28% para sujeitos acima de 85 anos) e difere
também da taxas encontradas por Busse
5
de 3,2% para sujeitos com 80 anos e 3,9%
para sujeitos com mais de 85 anos. Mais provavelmente essas variações nas taxas de
50
se devam a critérios de operacionalização do que a verdadeiras diferenças nas taxas
de prevalência em função das diferenças culturais. Dado o tempo de escolaridade
média significativamente menor da população em nosso estudo em comparação com a
escolaridade dos sujeitos nos estudos anteriores, a diferença esperada seria que a taxa
de prevalência da população de Siderópolis fosse maior, e não menor. O método
adotado de rastreio inicial com o mini exame do estado mental pode em parte explicar
um eventual subestimação das taxas de prevalência em Siderópolis, mas não
justificaria o fato da taxa ser tão menor que as anteriormente encontradas em outros
estudos.
Dois principais critérios para definição de casos foram usados no diagnóstico
do DCL: a) a presença de disfunção de memória e b) ausência de disfunção em uma
área “não memória” de cognição. Sobre a segunda exigência, alguns autores não
operacionalizam a avaliação de uma “ausência” de disfunção em uma outra área
baseados em uma larga e adequada avaliação neuropsicológica. Freqüentemente
5 8
a
avaliação da normalidade cognitiva em áreas não memória é baseada somente no
escore do MEEM. A sensibilidade relativamente baixa do MEEM quando comparada
com uma bateria neuropsicológica mais extensa pode explicar a prevalência maior de
DCL encontrada em estudos que usam o MEEM como um critério para “função
cognitiva normal”.
Em nossa amostra, devido a falta de recursos gerais nas áreas rurais, não há
instituições asilares para os idosos. Em cidades maiores próximas, como Criciúma,
existem instituições para atendimento gerontológico, em caráter asilar. É possível que
alguns sujeitos com DCL de Siderópolis tenham sido encaminhados para asilos em
Criciúma. Vários estudos
4 5 6 8 35
com prevalência
de DCL maior do que a encontrada
51
em Siderópolis incluíram adultos institucionalizados e esta diferença pode ter relação
com a alta taxa de prevalência nesses estudos.
Quando comparados com sujeitos estritamente saudáveis em parâmetros
cognitivos e de funcionalidade, os sujeitos com DCL não apresentaram diferença
significativa nos domínios de qualidade de vida. Como a presente população foi
composta por sujeitos residentes na comunidade e não por idosos que buscavam
clínicas de memória, é possível que a intensidade do declínio de memória seja tão leve
que não cause qualquer conseqüência na vida diária.
Outra possibilidade é que apenas um subgrupo de sujeitos com DCL tenha
perdas na qualidade de vida pelo comprometimento da memória. Como se sabe por
estudos longitudinais, o DCL é uma categoria muito heterogênea, incluindo estados
prodômicos e estados pré-clínicos de diferentes doenças da cognição (Alzheimer e
demência vascular são dois dos desfechos mais freqüentes encontrados, mas não são
os únicos). É possível que sujeitos com DCL que progridem para a demência pontuem
significativamente pior na qualidade de vida do que o subgrupo que evolui para a
manutenção do DCL e pior também do que o subgrupo que resolve a disfunção de
memória, retornando aos escores de normalidade na testagem neuropsicológica.
52
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5 CAPÍTULO II – ARTIGO II
SUBMISSÃO DO ARTIGO II
Assunto: RES: Artigo 114
Data: Mon, 12 Mar 2007 12:50:35 -0300
De: "Djone Brahm de Sa Brito" <djone.brito@pucrs.br>
Para: "Irani Iracema Lima Argimon" <argimoni@rigel.pucrs.br>
Prezada Autora
Sra. Lorena Zuppo
Temos a grata satisfação de lhe informar que recebemos seu manuscrito
"O desempenho em testes neuropsicológicos de octagenários não dementes e com
baixa escolaridade em duas comunidades do Sul do Brasil", na data de 25 de maio de
2006, proposto para publicação na PSICO.
Este trabalho será encaminhado, sem a identificação de autor(es), a dois pareceristas
ad hoc, para leitura e avaliação, e posterior decisão da Comissão Editorial.
Atenciosamente,
PSICO, Revista Quadrimestral da Faculdade de Psicologia da PUCRS
-*********************
Djone Brahm
Secretário da Revista PSICO
Faculdade de Psicologia - PUCRS
Av. Ipiranga, 6681 - Prédio 11 - 9º and.
CEP: 90619-900 Porto Alegre /RS
Fone / Fax: 51 3320-3633
59
Sent: Friday, April 13, 2007 11:29 AM
Subject: Confirmação de publicação P S I C O vol 37, n3, Set/Dez , 2006
Caro Prof. Flávio,
Artigo “O desempenho em testes neuropsicológicos de octogenários não
dementes e com baixa escolaridade em duas comunidades do Sul do Brasil”
Flávio Merino de Freitas Xavier (UNESC), Irani Iracema de Lima Argimon (PUCRS),
Lorena Zuppo, Leila Mara dos Santos Lucchesi, Claudia Cipriano Vidal Heluanyc
(UNESC) Clarissa Marceli Trentini (UFRGS)
Artigo publicado na versão impressa: PSICO (PUCRS) Vol 37, n 3, 2006 pp. 221- 232.
Artigo publicado na versão On line: http://caioba.pucrs.br/revistapsico/ojs
Atenciosamente,
PSICO, Revista Quadrimestral da Faculdade de Psicologia da PUCRS
-*********************
Djone Brahm
Secretário da Revista PSICO
Faculdade de Psicologia - PUCRS
Av. Ipiranga, 6681 - Prédio 11 - 9º and.
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ARTIGO II
O desempenho em testes neuropsicológicos de octagenários
não-dementes e com baixa escolaridade em duas
comunidades do sul do Brasil
Flávio Merino de Freitas Xavier
Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC)
Irani Iracema de Lima Argimon
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)
Lorena Zuppo
Leila Mara dos Santos Lucchesi
Claudia Cipriano Vidal Heluanyc
Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC)
Clarissa Marceli Trentini
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
RESUMO
Com o objetivo de investigar qual o desempenho em testes neuropsicológicos
de idosos acima de 80 anos com poucos anos de escolaridade formal foram avaliadas
duas comunidades distintas (Veranópolis, no Rio Grande do Sul e Siderópolis, no sul de
Santa Catarina). Os testes neuropsicológicos aplicados foram: teste de Buschke,
61
Memória de lista de palavras, Fluência verbal, Mini-exame do estado mental e partes da
WAIS-III (semelhanças, dígitos e cubos). Os desempenhos gerais e específicos em
cada teste nas duas comunidades são apresentados. Os desempenhos conforme a
faixa de escolaridade e grau de saúde física, também estão ilustrados. Em contraste
com o desempenho de populações de alta escolaridade, os escores dos testes fluência
verbal e dígitos (WAIS-III) se mostraram mais baixos nas duas comunidades estudadas.
Tal resultado poderia revelar uma associação positiva entre a variável tempo de
escolaridade formal desempenho em certos testes neuropsicológicos.
Palavras chave: Idosos; baixa escolaridade formal; testes neuropsicológicos.
ABSTRACT
Neuropsychological test performance of older adults no dements above 80
years old with lower level of formal education and no dementia in two communities of the
south of Brazil In order to investigate the performance of older adults above 80 years old
and with lower level of formal education in neuropsychological tests, two different
communities (Veranópolis in RS and Siderópolis in the south of SC) were assessed.
Tests Buschke, World list, Verbal fluency semantic, Mini-mental state examination,
WAIS-III (similarities, digit symbol and block design) were applied. General and specific
performances in each test in both communities are shown. Specific performances
considering level of education and level of physical health are also illustrated. Opposite
the performance of populations of higher
62
education levels, test scores for Verbal fluency semantic and Digit symbol (WAIS-III)
were lower in both communities studied. Such result could revel a positive association
between the time of formal education variable and performance in neuropsychological
tests.
Key words: Older adults; lower level of formal education; neuropsychological tests.
INTRODUÇÃO
A população de idosos acima de 80 anos, seja pela fragilidade física ou pelo
maior grau de dependência, apresenta uma especificidade com relação aos demais
idosos que ainda não tem sido bem caracterizada. Contudo, apesar do relativo
desconhecimento sobre a cognição, saúde física e funcionalidade dos octagenários,
estima-se que entre as crianças americanas nascidas na década de noventa, 55% das
meninas 35% dos meninos celebrem seus 85 anos no futuro (Campion, 1994). Quando
comparados com os sexagenários, os idosos mais velhos têm uma freqüência maior de
inabilidade funcional e um número crescente de doenças crônicas. Metade dos idosos
acima de 80 anos tem problemas de audição. Problemas de visão, quedas, fraturas de
colo de fêmur, AVC, câncer e doenças cardiovasculares são mais prevalentes. Perto de
um terço dos muito idosos tem algum grau de demência. Aproximadamente 45% dos
que moram na comunidade precisam de algum grau de assistência. Segundo dados de
outros países, a metade dos homens acima de 85 anos moram com suas esposas. Mas
como as esposas tendem a ser mais jovens e a viverem mais, somente 10% das idosas
63
octagenárias vivem com seus maridos. Aparentemente, em associação com o
crescimento do tempo de escolaridade formal em países desenvolvidos, a realidade do
idoso mais idoso é progressivamente de melhora tanto em padrões de funcionalidade
como de saúde geral (Manto, 1993). evidências de diminuição no número de
sujeitos disfuncionais entre os mais velhos. Dados epidemiológicos apontam que
mulheres acima de 85 anos podem esperar que dois terços de seus anos de vida sejam
livres de sérias disfunções. Para os homens, um total de 80% do tempo que resta seria
livre de sofrimentos e limitações com a saúde (Suzman, Willis e Manton, 1992).
No sentido de melhor conhecer a população dos idosos-muito idosos, um dos
pontos mais relevantes é caracterizar quanta morbidade e disfunção estará presente
nesta população cada vez mais freqüente. Especificamente no campo das disfunções
cognitivas, determinar a prevalência de demência e de perda cognitiva leve tem
marcada importância. ainda no Brasil poucos estudos tanto de prevalência de leves
problemas cognitivos quanto de prevalência de franca demência, sendo o estudo
pioneiro de Catanduva um dos mais importantes nesta área (Herrera, Caramelli, Silveira
e Nitrini, 2002).
Quando se estuda o funcionamento cognitivo dos idosos, a metodologia
dependerá da aplicação de testes neuropsicológicos que avaliem funções como
memória, função executiva, orientação e linguagem. Contudo, o desempenho nos
testes depende tanto da faixa etária do idoso (em geral idosos mais idosos sem
comprometimento cognitivo apresentam pontuação esperada menor nos testes) como
do tempo de escolaridade (para a maior parte dos testes, idosos com menos
escolaridade e sem demência apresentam pontuação esperada menor).
64
Provavelmente devido ao fato de que a parcela de idosos muito-idosos
represente apenas 10% da parcela das pessoas acima de 65 anos, existe
internacionalmente uma escassez de estudos sobre os escores adequados para
pessoas acima de 80 anos. No Brasil ainda são poucos os estudos que informam sobre
os escores esperados como “normais” entre sujeitos não dementes acima de 80 anos,
sendo um estudo específico com esta faixa etária o de Argimon e Stein (2005).
Nos países europeus e nos Estados Unidos, o tempo médio de escolaridade
formal é marcadamente maior que o tempo de escola dos brasileiros. Reproduzir
protocolos de avaliação da cognição usados em paises com 10-17 anos de
escolaridade formal média, em populações como a nossa, de um ou dois anos de
escolaridade formal média, exige adaptações e normatizações. Uma das adaptações
necessárias é redefinir escores esperados para diferenciar a normalidade da
anormalidade cognitiva nos testes entre as populações com menor tempo médio de
escolaridade. Uma segunda adaptação é avaliar e escolher quais os testes que são
menos sensíveis a influência da escolaridade, com objetivo de não confundir um mau
desempenho no teste devido a doença demencial com um mau desempenho no teste
devido a um constrangimento ou falta de treino em habilidades que dependam de
escolaridade formal (desenhar pentágonos, calcular subtrações, escrever frases).
No presente artigo é apresentado o relato do desempenho cognitivo de
idosos não dementes residentes na comunidade dos municípios de Siderópolis e
Veranópolis. Foram analisados os escores normais esperados entre idosos acima de 80
anos nos dois municípios. Em ambos os municípios foram vistos apenas idosos acima
de 80 anos e em ambos o tempo de escolaridade formal médio não era maior do que
dois anos.
65
Considerando de pertinência científica ter uma referência de normalidade
corrigida para idade avançada e para baixa escolaridade, o presente relato objetiva
descrever o desempenho de idosos de baixa escolaridade, sem demência e com idade
acima de 80 anos em testes cognitivo usuais. Padrões de normalidade importam para
que os testes possam ser adequados e úteis na determinação da freqüência de
disfunção cognitiva entre longevos acima de oitenta anos.
MÉTODO
Amostra, instrumentos e procedimentos
Na cidade de Siderópolis, o estudo foi desenhado em duas etapas: na etapa
I, foi entrado em contato com a população total de idosos acima de 80 anos (135
idosos). Desses, um grupo de nove idosos não foram entrevistados por apresentarem
ou demência ou delirium. Também, três idosos não foram vistos por recusa em
participar do estudo. Para esse grupo de 123 idosos muito idosos foi aplicado, em uma
primeira visita, o Mini-Exame do Estado Mental.
Na etapa II foi a fase da testagem neuropsicológica mais detalhada, levada a
cabo por psicólogas treinadas e com pratica em psicometria. foram chamados para
a etapa II, idosos que tinham um Mini-Exame do Estado Mental indicativo de função
cognitiva preservada (não demencial), o que para idosos com escolaridade primária era
um escore de mais de 18 pontos. Um total de 64 idosos (64/123 ou 52%) apresentaram
escore do Mini-Exame do Estado Metal dentro do esperado para a faixa de
66
escolaridade e passaram para a fase seguinte. Na etapa II, apesar de não ter havido
recusas, 3 idosos não puderam responder aos testes
devido marcado comprometimento psicomotor por lesões de artrose. Assim, o número
de idosos avaliados quanto à cognição com detalhada testagem neuropsicológica foi de
61 sujeitos.
Em Veranópolis, entre uma população total de 219 idosos-muito idosos
(acima de 80 anos), foi sorteada e entrevistada uma amostra de 77 idosos. Desses,
quatro idosos se recusaram a participar do estudo, quatro tinham demência e dois,
delirium pelos critérios da DSM-IV. Uma pessoa, devido a intensa ansiedade, não pôde
ser testada. Assim, a população final entrevistada foi de 66 sujeitos. Em Veranópolis,
todos os 66 idosos foram testados independentemente do escore do Mini-Exame do
Estado Mental. Ao contrário do que foi feito em Siderópolis, a testagem não foi dividida
em duas fases de aplicação. Em ambas as comunidades, foram usados os seguintes
testes neuropsicológicos:
1 O Teste da Evocação de Buschke (Buschke e Fuld, 1974), aplicado de
acordo com a metodologia proposta pela clínica Mayo (Petersen Smith et al.,
1992), sendo o escore o número total de lembranças (soma de lembranças
livres e lembranças conseguidas com pistas) em seis apresentações (o
escore máximo é de 96 pontos).
2 A lembrança tardia das 10 palavras do teste Lista de Palavras da bateria
CERAD (Consortium toEstablish a Registry for Alzheimer’s Disease), (Morris
et al., 1984) (Welsh et al., 1994), sendo o escore o número de palavras
lembradas.
67
3 O teste da Fluência Verbal (Butters et al., 1987), Categoria Animal, sendo
o escore total o número de animais lembrados em 1 minuto.
4 Mini-Exame do Estado Mental (Folstein, 1975; Bertolucci et al., 2001),
sendo a pontuação máxima de 30 pontos. Nas duas comunidades foi
analisado em separado o escore das perguntas de orientação (com escore
máximo de 10 pontos, sendo cinco de orientaçao espacial e cinco de
orientação temporal) e o escore das perguntas de linguagem. O escore
máximo da linguagem também era de 8 pontos (a soma de nomear (2
pontos)/repetir frase (1 ponto)/seguir o comando (3 pontos)/ler e obedecer (1
ponto)/escrever a frase (1 ponto). Não entra, portanto, a cópia de pentágono.
5 Subteste do WAIS-III (Wechsler, 1997; Nascimento, 2000): gitos, sendo
o escore máximo para os resultados denominados brutos de 30 e o escore
máximo para os resultados denominados de ponderados de 19.
Na comunidade de Siderópolis, ainda foram aplicados mais dois substestes
da bateria WAIS-III, o subteste de cubos, cujo o escore máximo é de 68 e o
subteste de semelhanças, cujo o escore máximo é de 38. Os dados foram examinados
com o auxílio dos recursos estatísticos do programa Excel (freqüências simples, médias
e desvios-padrão) e com o auxílio do pacote estatístico SPSS Versão 11.5. Não foi
possível avaliar as diferenças de escore entre as duas cidades, uma vez que a
população de Siderópolis foi triada para incluir apenas idosos com a função cognitiva
preservada (Mini-Exame do Estado Mental com pontuação acima do ponto de corte
para a escolaridade) e a população de Veranópolis foi avaliada em geral, sem esse
critério de escore do Mini-Exame do Estado Mental.
68
RESULTADOS
Os resultados estão dispostos em forma de tabelas, nas quais estão
distribuídas as referências encontradas de outros estudos sobre esta temática e os
resultados encontrados nas comunidades de Siderópolis e Veranópolis. Na Tabela 1
estão identificados os estudos mais atuais que referem o uso do Teste de Evocação de
Buschke, os resultados encontrados na cidade de Siderópolis e de Veranópolis,
considerando o total de lembranças livres e com pistas, a idade média dos idosos, a
escolaridade, a média e o desvio padrão de pontos alcançados e o número de idosos
examinados. Na Tabela 2 estão descritas as médias e desviopadrão do número de
palavras verbalizadas pelos idosos, nomeados em estudos de referência, no Teste Lista
de palavras (evocação tardia), também com as médias encontradas nos idosos de
Siderópolis e Veranópolis.
Estudos (Spreen e Benton, 1977; Argimon e Camargo, 2000) têm referido o
Teste de Fluência Verbal Categoria Animal, como um instrumento de fácil aplicação e
correção, sendo o escore total o número de animais lembrados em um minuto. Na
Tabela 3 observa-se os estudos encontrados, a idade média dos idosos, o número
médio de animais lembrados e desvio padrão de acordo com faixas de escolaridade
assim como os encontrados nos idosos pesquisados em siderópolis e Veranópolis. Nas
Tabelas 4, 5 e 6 estão descritos achados relacionados a pontuação média do Mini-
Exame do Estado Mental sendo que na Tabela 4 estão os dados relacionados ao
subteste Orientação, na Tabela 5 ao subteste da linguagem e na Tabela 6 ao resultado
total do MEEM. A importância dos dados apresentados está relacionada à diferenciação
69
dos grupos sem escolaridade, os grupos com escolaridade mínima e os grupos com
mais escolaridade, o que permite respeitar as diferenças culturais destes idosos.
TABELA 1
Estudos com referência ao uso do Teste Buschke SOLP – Lembranças Livres
e com Pistas, idade dos participantes, escolaridade, média e desvio padrão da
pontuação apresentada.
70
Na Tabela 7 está descrita a pontuação alcançada no subteste Semelhanças
da bateria do WAIS III nos idosos de Siderópolis, a idade média e desvio-padrão, as
respostas do subgrupo sem escolaridade e do grupo com escolaridade, também uma
subdivisão considerando a saúde física dos mesmos.
Wechsler (1997) estudou o desempenho de 475 sujeitos com mais de 60
anos e encontrou uma pontuação média de 8,82 (DP = 2,89) na execução de dígitos.
71
No que diz respeito à influência da escolaridade e da idade sobre o
desempenho em dígitos, Osterweil, Mulford, Syndulko e Martin (1994) não encontraram
diferença no desempenho dos idosos quando comparados com sujeitos mais jovens.
Na Tabela 8 estão apresentados os estudos, idade dia e desvio-padrão dos idosos,
anos de escolaridade e a média do desempenho no subteste de dígitos da escala do
WAIS III. Na Tabela 9 estão descritos os resultados da pontuação no subteste de
Cubos da Escala do WAIS III, com a idade média dos idosos de Siderópolis,
escolaridade (subamostra sem escolaridade e com escolaridade) média dos resultados
brutos e ponderada com o desvio-padrão correspondente e o número dos idosos que
participaram do estudo.
TABELA 3
Idade média dos idosos, escolaridade, média e desvio padrão na pontuação no Teste
Fluência Verbal – Categoria Animal em estudos de referência e em idosos das cidades
de Siderópolis e Veranópolis.
72
73
TABELA 4
Descrição de idade média, escolaridade, média e desvio padrão apresentado no Teste Mini-Exame
do Estado Mental – Orientação em estudos de referência e nos idosos das cidades de Siderópolis e
Veranópolis
74
75
76
DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora o objetivo deste estudo não fosse estabelecer uma relação entre o
desempenho cognitivo de idosos com mais de oitenta anos residentes em duas
comunidades distintas no Brasil, mas sim demonstrar os desempenhos dos idosos de
ambas as comunidades,observou-se a semelhança no padrão de respostas das
mesmas.
Por outro lado, ao se comparar a performance das médias encontradas em
comunidades brasileiras com as médias de comunidades de países desenvolvidos,
verifica-se um pior desempenho cognitivo em octagenários brasileiros. Não fica claro,
em função da metodologia do estudo, se esse pior desempenho é devido apenas à
diferença de escolaridade ou também a uma eventual inadequação da adaptação
cultural dos testes usuais às nossas populações. Existe a possibilidade que, na
77
aplicação em nossa população, haja a necessidade de melhorar a adaptação e a
validade dos testes neuropsicológicos utilizados. Eventualmente as habilidades que
estariam sendo testadas simplesmente não seriam importantes, de fato, no dia-a-dia
das populações.
Mesmo que não seja possível identificar se o pior escore seja devido a
aspectos de inadequação dos instrumentos, também chama a atenção que, em média,
as idosas das comunidades tinham algo em torno de dois anos de escolaridade formal,
o que é um tempo quase cinco vezes menor que a escolaridade encontrada na
literatura de países desenvolvidos.
A demonstração de tal achado é significativa na medida em que existe uma
escassez de testes neuropsicológicos válidos e adaptados e/ou normatizados
em nosso meio, especialmente para a população idosa-muito idosa. Contrasta com
essa escassez, contudo, a necessidade de avaliação das funções cognitivas
em um projeto de melhor caracterizar as condições dos velhos-velhos. Deste modo, o
presente trabalho alerta para a necessidade da observância dos dados idade e
escolaridade formal, além de fatores culturais presentes. Muitas vezes na prática
clínica, as avaliações neuropsicológicas estão sustentadas em médias e desvios de
amostras de países desenvolvidos, e propostas de tratamento são realizadas a partir de
tais achados. Para um paciente em avaliação, uma constatação de anormalidade ou
doença baseada em critérios não adaptados seria imprecisa ou incorreta.
Os instrumentos de avaliação psicológica devem apresentar caráter de
legitimidade (Pasquali, 2001; Pasquali, 2003), produzindo, assim, resultados confiáveis.
Tal preocupação está cada vez mais presente e esforços no sentido de responder às
questões de avaliação com testes complementares válidos e fidedignos têm sido feitos,
78
a exemplo da iniciativa do Conselho Federal de Psicologia. Especificamente em relação
a população idosa, cada vez mais freqüente, também observa-se o crescimento de
trabalhos nesse intuito.
Estudos normativos e comparativos por regiões estão aconselhados tendo
em vista a sugestão de diagnósticos ou prognósticos possíveis. Apesar de restrito, o
presente trabalho sugere ao avaliador que faz uso de testes na prática clínica, um
parâmetro mais próximo da realidade brasileira. Sugere ao pesquisador que trabalha
com amostras populacionais com baixa escolaridade, especialmente o pesquisador de
países como o Brasil, critérios de classificação de normalidade/anormalidade cognitiva
mais precisos e ajustados.
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79
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82
PARTE III
6 DISCUSSÃO
O Declínio Cognitivo Leve (DCL) tem sido descrito na literatura como sendo o
estágio intermediário entre o envelhecimento cognitivo normal e a demência. O DCL
tem seu quadro caracterizado por dificuldades cognitivas, sendo estas dificuldades não
suficientemente graves para um diagnóstico de demência. Com o aumento da
expectativa de vida, é crescente a preocupação com déficits cognitivos durante o
envelhecimento. A identificação de sujeitos com possível risco de desenvolver
demência é tarefa fundamental (CHARCHAT- FICHMAN et al, 2005). Uma vez que o
diagnóstico precoce das demências pode levar a intervenções terapêuticas precoces
diminuindo riscos de acidentes, e prolongando a autonomia (PETERSEN et al, 2001).
Desta forma, o declínio cognitivo passa a ser uma das grandes preocupações dos
estudiosos. O interesse em estudar o DCL tem sido refletido na literatura; de 1990 a
1999 foram publicados 176 artigos científicos sobre esse tema. Entretanto, nos últimos
5 anos (de 2000 a 2004) foram publicados 991 artigos, demonstrando assim, o
interesse emergente por esta área de pesquisa (PETERSEN, 2005). Apesar da grande
dificuldade no diagnóstico de DCL, este pode ser um bom preditor para o
desenvolvimento de demências, assim como os fatores de risco genéticos os são
(COLLIE e MARUFF, 2000).
A presente dissertação teve como objetivo estudar a entidade DCL em
idosos muito idosos (idade acima de 80 anos), residentes em uma comunidade no sul
83
do Brasil (Siderópolis / SC), identificando a prevalência de DCL entre esses
octogenários e nonagenários.
Foi encontrada no presente estudo a taxa de prevalência de DCL entre
idosos muito idosos residentes na comunidade de 1,5%, quando consideramos
estritamente a definição de Petersen (1999).
Em concordância com a taxa encontrada em Siderópolis, um estudo
realizado por Fisk et al (2003), utilizando critérios de diagnóstico semelhantes a
proposta de Petersen, verificou-se uma taxa de prevalência de DCL de 1,03%. A maior
parte dos demais dados da literatura demonstram, contudo, taxas de prevalência bem
mais altas que as encontradas em Siderópolis. Busse et al (2003) encontraram uma
taxa de prevalência, de 3,2% para sujeitos com 80 anos, e de 3,9% para sujeitos com
mais de 85 anos. Lopez et al (2003), encontraram em seu estudo, 22% de prevalência
de DCL para sujeitos com 80 anos e 28% para sujeitos acima de 85 anos.
Existem diversas possibilidades para o resultado da taxa de prevalência do
presente estudo ser mais baixa que a encontrada na literatura. Os sujeitos na fase um
foram triados com MEEM, fato que pode ter já nesta primeira etapa diagnosticado como
dementes (portanto não candidatos a um diagnóstico de DCL) um número excessivo de
sujeitos. O MEEM se torna progressivamente menos útil para fins de rastreio, quanto
menor a escolaridade da população. Outra explicação para a taxa tão mais baixa seria
a inexistência de asilos em Siderópolis, enquanto nos estudos citados muitos dos
idosos eram asilados. Outra explicação ainda seria a presença de uma suposta maior
mortalidade (ou taxa de progressão para Alzheimer) dos idosos com DCL de baixa
escolaridade, quando comparados com os de maior escolaridade. Por fim, o excesso de
cuidados para definir “normalidade cognitiva em outras áreas não memória” adotados
84
no presente estudo, também não é usual nos demais estudos de prevalência. Este
excesso de cuidados relativo, em parte pode ter contribuído para um pequeno número
de sujeitos diagnosticados com DCL na presente avaliação. Entre os diversos estudos,
de fato existe uma ampla variabilidade na taxa de prevalência do DCL. A variabilidade
na estimativa do DCL é maior do que a observada na demência, esta variabilidade pode
decorrer de dois fatores: um conceitual e o outro operacional. Ainda não há uma
definição conceitual da entidade, e devemos lidar com diferentes conceitos. A
prevalência varia também em função de quais métodos operacionais se utiliza no
estudo (FRATIGLIONI, 2005). Este dado também foi verificado no presente estudo.
Ainda existe uma notável incerteza conceitual sobre a definição de DCL, e
para aumentar a sensibilidade da definição de DCL, Petersen (2001) fracionou o
conceito em subtipos. Ao variar a definição de DCL utilizada, variam também a
estimativa da prevalência (Fratiglioni, 2005). Busse et al (2003) demostrou esta
variabilidade aplicando critérios, definições e cut-off diferentes para DCL em uma
mesma população, percebeu-se por exemplo que excluindo o critério de déficit cognitivo
subjetivo, se obtém um aumento na prevalência de DCL, o que também foi observado
em nosso estudo. A taxa de prevalência sofre alterações conforme os critérios
operacionais incluídos ou excluídos. A prevalência varia também em função de quais
métodos operacionais se utiliza no estudo: por exemplo, a prevalência de DCL passa
de 1 para 3% quando o critério de déficit subjetivo de memória e o critério de
funcionamento intacto na vida cotidiana vem diferentemente operacionalizados
(FRATIGLIONI, 2005). De acordo com esta afirmação foi observado em nosso estudo
que aplicando diferentes critérios operacionais, a taxa de prevalência de DCL variou de
1,5% a 18,9%. Foi observado no presente estudo que 80% dos sujeitos tiveram
85
alteração no critério de queixa subjetiva de memória, o que influencia diretamente a
taxa de prevalência, mas somente 16% apresentaram alteração objetiva de memória no
Teste de lembrança seletiva de Buschke.
O método adotado de rastreio inicial com o MEEM e o fato da população do
presente estudo apresentar um grau de escolaridade muito baixo quando comparado a
outros estudos relatados anteriormente, podem em parte explicar uma eventual
subestimação das taxas de prevalência em Siderópolis. Segundo Argimon (2006), nos
países europeus e nos Estados Unidos, o tempo de escolaridade formal é
marcadamente maior que o tempo de escolaridade dos brasileiros.
Dois principais critérios para definição de casos foram utilizados no
diagnóstico de DCL em nosso estudo: a) presença de disfunção de memória e b)
ausência de disfunção em uma área o memória da cognição. Alguns autores não
operacionalizam a avaliação de uma “ausência” de disfunção em uma outra área
baseada em uma larga avaliação neuropsicológica, como foi o caso do presente
estudo. Freqüentemente, conforme o estudo de Busse et al (2003) e Gangulin et al
(2004), a avaliação da normalidade cognitiva em áreas não memória é baseada apenas
em escores do MEEM. A sensibilidade relativamente baixa do MEEM, quando
comparada a uma bateria de testes neuropsicológicos mais especifica, pode explicar a
maior prevalência de DCL encontrada em estudos que usam apenas o MEEM como
um critério para avaliação da função cognitiva normal.
Outro aspecto relevante se relaciona ao fato de vários outros estudos que
demonstraram taxas de prevalência de DCL maior do que a encontrada em Sideropólis
incluírem idosos institucionalizados. Na comunidade atual não instituições de
cuidados de enfermagem contínuos para idosos. É possível que sujeitos com DCL
86
tenham sido encaminhados para asilos em Criciúma (cidade próxima com mais
recursos).
Mesmo que não seja possível ter uma noção clara, existe a possibilidade que
os casos de DCL entre sujeitos de escolaridade baixa tenham uma taxa de evolução
mais rápida para demência. Em parte, o fato de que na fase 1 um percentual alto de
43% dos sujeitos tivessem MEEM abaixo do ponto de corte (portanto sugestivo de
demência) mostra que o percentual de estados demenciais é alto nesta comunidade,
algo em torno de 50%, o que pode caracterizar uma evolução de DCL para demência
antes dos 80 anos. Apesar da diversidade metodológica de diferentes sistemas de
classificação diagnóstica, estudos epidemiológicos confirmam que idosos com DCL
apresentam maior risco de desenvolver demência (CHARCHAT-FICHEMAN et al, 2005,
PETERSEN et al, 2001; RITCHIE et al, 2001). Uma grande porcentagem de indivíduos
com DCL evolui para doença de Alzheimer. Isso é comprovado por estudos que
apontam que anos antes da instalação da doença de Alzheimer (DA) aparecem
dificuldades cognitivas (SMALL et al, 2003), quadro atualmente conhecido por declínio
cognitivo leve (DCL), (GOLOMB et al, 2001; JOANETTE,1999; PETERSEN et al, 1999;
PETERSEN et al, 2001). Esta entidade clínica constitui um dos grandes focos de
pesquisa nos estudos sobre envelhecimento cognitivo. O que ainda não esta descrito
na literatura seria o fato de um DCL entre idosos com pouca escolaridade ser mais
propenso para progressão para demência.
De acordo com Ritchie (2004) a probabilidade da taxa de conversão de DCL
para demência está estimadamente em torno dos 15%. Enquanto Zanetti et al (2006)
encontrou em seu estudo uma taxa de progressão para demência de 31%, Luis et al
87
(2003), em seu estudo longitudinal, encontrou taxas anuais de progressão para
demência entre 10% e 30% , 20% a 66% entre 3 e 4 anos.
A investigação sobre as condições que permitem uma boa qualidade de vida
na velhice é de interesse científico e social (FLECK, 2003). A qualidade de Vida (QV)
tem sido recentemente reconhecida como um dos objetivos centrais do atendimento em
saúde (KATSCHNIG,1997). Foi objetivado neste estudo, também, a comparação de
controles cognitiva e funcionalmente saudáveis com idosos portadores de DCL nos
escores dos diferentes domínios da qualidade de vida. Quando comparados com
sujeitos estritamente saudáveis em parâmetros cognitivos e de funcionalidade, os
sujeitos com DCL pontuaram em padrões piores que os controles, porém este escore
não apresentava diferença estatisticamente significativa nos domínios de qualidade de
vida. Como a população do presente estudo foi composta por sujeitos residentes na
comunidade e não por sujeitos institucionalizados ou que buscavam clínicas de
memória para suas desordens, é possível que a intensidade do declínio de memória
seja tão leve que não cause qualquer conseqüência na vida diária.
Segundo Argimon (2005), corroborando nosso estudo, idosos pertencentes a
uma comunidade específica ainda conservam determinada autonomia, sem muitas
mudanças nas atividades do dia-a-dia, e participando de uma rede familiar e social
sólida. Um número maior de atividades realizadas por esses indivíduos na vida diária,
tais como envolvimento com amigos, igreja, e atividades físicas, mesmo que apenas
caminhadas para deslocamento, parecem ter servido como um fator protetor de suas
condições cognitivas.
88
Em um estudo com idosos acima de oitenta anos, (XAVIER et al, 2003),
observou-se que 57% dos participantes da pesquisa avaliaram sua qualidade de vida
como positiva, ao passo que 18% a classificaram como negativa.
Dados epidemiológicos referem como uma dimensão imprescindível para
uma boa qualidade de vida, a auto-suficiência no cuidado consigo mesmo, destacando
a importância da manutenção de diferentes opções de atividades de lazer como um
fator de maior autonomia e bem-estar emocional (FORLENZA, CARAMELLI, 2001).
No Brasil existem poucos estudos, tanto de prevalência de leves problemas
cognitivos quanto de prevalência de franca demência, sendo o estudo pioneiro de
Catanduva um dos mais importantes dessa área (HERRERRA et al, 2002). Desta
forma, no Brasil ainda são poucos os estudos que informam sobre os escores
esperados como “normais” entre sujeitos não dementes acima de 80 anos, sendo um
estudo específico com essa faixa etária o de Argimon e Stein (2005). Considerando de
pertinência científica ter uma referência de normalidade corrigida para idade avançada
e para baixa escolaridade, o presente estudo objetivou também descrever o
desempenho de idosos de baixa escolaridade, sem demência e com idade acima de 80
anos em testes cognitivos usuais, caracterizando os octagenários estudados quanto a
performance em diferentes testes neuropsicólogicos fundamentais para o diagnóstico
de DCL. Padrões de normalidade importam para que os testes possam ser adequados
e úteis na determinação da freqüência de disfunção cognitiva (XAVIER, 2006). As
habilidades cognitivas enfocadas foram: memória visual e aprendizado (através do
Teste de Evocação seletiva e com Pistas de Buschke), memória verbal (Teste de lista
de palavras da bateria neuropsicológica CERAD), atenção (subteste digit span da
89
escala Weschler de inteligência para adultos III – Wais III) e habilidade verbal (teste de
fluência verbal categoria animal).
Ao se comparar a performance das médias encontradas em comunidades
brasileiras com as médias de comunidades de países desenvolvidos, verifica-se um pior
desempenho cognitivo em octagenários brasileiros. Não fica claro, em função da
metodologia do estudo, se esse pior desempenho é devido apenas à diferença de
escolaridade ou também a uma eventual inadequação da adaptação cultural dos testes
usuais às nossas populações. Existe a possibilidade que, na aplicação em nossa
população, haja a necessidade de melhorar a adaptação e a validade dos testes
neuropsicológicos utilizados. Mesmo que não seja possível identificar se o pior escore
seja devido a aspectos de inadequação dos instrumentos, também chama a atenção
que, em média, os idosos das comunidades tinham algo em torno de dois anos de
escolaridade formal, o que é um tempo quase cinco vezes menor que a escolaridade
encontrada na literatura de países desenvolvidos (XAVIER, 2006).
A demonstração de tal achado é significativa na medida em que existe uma
escassez de testes neuropsicológicos válidos e adaptados e/ou normatizados em nosso
meio, especialmente para a população idosa-muito idosa. Contrasta com essa
escassez, contudo, a necessidade de avaliação das funções cognitivas de melhor
caracterizar as condições dos velhos-velhos. Deste modo, o presente estudo alerta
para a necessidade da observância dos dados idade e escolaridade formal, além de
fatores culturais presentes. Muitas vezes na prática clínica, as avaliações
neuropsicológicas estão sustentadas em médias e desvios de amostras de países
desenvolvidos, e propostas de tratamento são realizadas a partir de tais achados. Para
um paciente em avaliação, uma constatação de anormalidade ou doença baseada em
90
critérios não adaptados seria imprecisa ou incorreta. O presente estudo sugere ao
avaliador que faz uso de testes neuropsicológicos na prática clínica, e ao pesquisador
que trabalha com amostras populacionais com baixa escolaridade, especialmente o
pesquisador de países como o Brasil, critérios de classificação de normalidade
/anormalidade cognitiva mais precisos e ajustados.
Torna-se importante o estudo do DCL para que se possa clarificar e melhor
entender as diferenças entre as perdas cognitivas não evolutivas para demência e as
perdas cognitivas pré-demenciais. Considerando o DCL como uma entidade
diagnóstica, pesquisas futuras podem levar a intervenções terapêuticas mais precoces,
o que poderia contribuir para um envelhecimento bem sucedido e para o aumento da
qualidade de vida dos idosos e seus familiares (GOLOMB et al., 2001). Além disso,
pode possibilitar a identificação de possíveis marcadores biológicos específicos para
aqueles grupos de sujeitos que possam vir a desenvolver demência (FRATIGLIONI,
2004). Espera-se que o desenvolvimento de estudos sobre DCL possibilite uma
padronização dos critérios e das formas de avaliação, a fim de criar um diagnóstico
único, que facilite a comunicação entre profissionais de saúde. É importante o
aparecimento de mais estudos relativos a outros domínios cognitivos podendo contribuir
para investigar e homogeneizar o quadro. Desta forma, os achados demostram que o
DCL tem uma prevalência de 1,5% entre os muito idosos e que a presença de DCL não
tinha um impacto marcante na qualidade de vida. Também são evidências encontradas,
as médias e desvios padrões significativamente piores nos testes neuropsicológicos
dos idosos de baixa escolaridade, quando comparados com os idosos de alta
escolaridade referidos pela literatura.
91
7 CONCLUSÃO
A partir do presente estudo conclui-se que:
1. As taxas de prevalência de DCL em estudo de octogenários e nonagenários
residentes na comunidade, utilizando critérios diagnósticos com específica
avaliação de outras funções cognitivas não memória é mais baixa do que a
encontrada em outros estudos.
2. A taxa de prevalência de DCL sofre alterações conforme os critérios
operacionais incluídos ou excluídos.
3. As taxas de prevalência de DCL em estudos populacionais brasileiros é mais
baixa do que a encontrada em outros estudos pode se dever ao fato dos
diferentes critérios operacionais devido a média de escolaridade.
4. O baixo grau de escolaridade da população brasileira pode ter influenciado no
screning inicial da prevalência de DCL.
5. O critério de queixa subjetiva de memória interfere diretamente na taxa de
prevalência de DCL.
6. A caracterização de octogenários e nonagenários quanto a performance e
desempenho em testes neuropsicológicos é fundamental para o diagnóstico
de DCL, principalmente em nosso país, onde são raros esses estudos.
7. Ao demonstrar o desempenho de idosos muito idosos em testes
neuropsicológicos em duas comunidades do sul do Brasil, foi observada
semelhança no padrão das respostas.
8. Quando comparadas as médias brasileiras com as médias de países
desenvolvidos dos resultados dos testes neuropsicológicos aplicados em
92
populações de idosos muito idosos, observou-se um pior desempenho
cognitivo por parte dos brasileiros. Fato este que pode estar relacionado com
a escolaridade ou com a adaptação e validade dos testes neuropsicológicos.
9. Quando comparados controles cognitiva e funcionalmente saudáveis com
idosos muito idosos residentes na comunidade portadores de DCL nos
escores dos diferentes domínios cognitivos da qualidade de vida não
houveram diferenças estatisticamente significativas.
10. Octogenários e nonagenários com DCL residentes na comunidade,
apresentam intensidade de disfunção cognitiva não tão grave para causar
impacto significativo na qualidade de vida.
93
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103
ANEXOS
104
ANEXO 1 - TERMO DE CONSENTIMENTO PÓS INFORMAÇÃO
Estudo - Envelhecimento Bem Sucedido
Responsável: Dr.Flavio Xavier / Dr. Felipe Dal Pizzol / Cláudia Heluany/ Leila
Luchesi / Lorena Zuppo – PPG-CS Mestrado em Ciências da Saúde - UNESC
Esta sendo realizado no Laboratório do Envelhecimento do curso de
Mestrado em ciências da Saúde da Universidade do Extremo Sul Catarinense um
estudo do Projeto Siderópolis para verificar a relação entre o envelhecimento e a
produção de radicais livres. Estas substâncias são produzidas normalmente em
pequenas quantidades no corpo, ajudando em diversas funções. Em certas situações
os radicais livres aumentam muito podendo prejudicar o organismo. O objetivo deste
trabalho é determinar se os radicais livres são produzidos em maior quantidade durante
o envelhecimento e se isto apresenta alguma relação com o envelhecimento bem
sucedido, alterações de memória e de funções executivas.
Para participar do estudo será necessário coletar, além dos exames
habituais determinados pelo geriatra da equipe, 5 ml de sangue do braço. A retirada de
sangue apresenta risco muito pequeno de complicações, principalmente o
aparecimento de pequenos hematomas. Esse sangue será armazenado para possíveis
análises posteriores. Serão aplicados também um questionário de identificação e
escalas científicas e neuropsicológicas
Mesmo que o (a) senhor (a) decida não participar do estudo sobre radicais
livres, não haverá nenhum prejuízo no seu atendimento na Secretaria de Saúde de
Siderópolis.
105
Declaro ter lido as informações sobre o estudo acima. Concordo em participar
do estudo e em coletar sangue para medir os radicais livres.
Estou de acordo que os resultados do estudo sejam publicados de forma
anônima numa revista científica.
Siderópolis, ____ de _______de 200_
Paciente_____________________________________________________
Fone para contato: 48 431 2641
106
ANEXO 2 – FICHA DE IDENTIFICAÇÃO
I - IDENTIFICAÇÃO
- Número
- Nome
- Nome da Mãe
- Endereço: (rua, número, telefone)
- Zona de Siderópolis 1. Centro
2. Rural
- Idade em anos
- Faixa etária 1. 80-85
2. 86-90
3. 91-95
4. 96-100
5. + 100
- Data de nascimento: dia / mês / ano
- Foi visto o documento da data de nascimento
1. Sim
2. Não
3. Não tem
- Qual 1. ID
2. Cart. Trab
3. Cert.Nasc.
4. Cert.Cas.
5. Outros
- Raça 1. Branca
2. Negra
3. Amarelo
4. mestiço
- Estado civil (pode ser mais de um, como em viúvo e casado) 1. Viúvo
2. Casado/companheiro
3. Solteiro
4. Separado
5. Nunca casado
- Há quantos anos está na condição acima
- Escolaridade 1. 0 ano
2. 1-4 anos
3. 4-8 anos
4. 9-11 anos
5. Mais que 12 anos
- Tem filhos 1. Sim
2. Não
107
- Número de filhos vivos 1. 1
2. 2
3. 3
4. 4
5. 5
6. 6
7. 7
8. 8
9. 9
10. 10
11. + de 10
12. 0
-Tem netos 1.Sim
2.Não
- Origem 1. Italiana
2. Brasileira
3. Outra; qual?
- Município de nascimento 1. Siderópolis
2. Outros
- Se não nasceu aqui, com que idade veio para esse município 1. até 10 a
2. 11 – 20
3. 21-40
4. 41-60
5. 61-80
6. Após 80 anos
7. Não lembra
- Onde nasceu 1. Rural
2. Cidade
3. Não sabe
- Se mudou do campo para a cidade, com que idade 1. Até 10 a
2. 11 – 20
3. 21-40
4. 41-60
5. 61-80
6. Após 80 anos
7. Não sabe
Memória:
-Nota-se perda de memória? PACIENTE 1.Não
2.Discreta
3.leve
4. moderada
5.severa
-Nota-se perda de memória? ACOMPANHANTE 1.Não
2.Discreta
3.leve
4. moderada
4.severa
108
ANEXO 3 - MINI-EXAME DO ESTADO MENTAL
(Folstein, 1975) - (Bertolucci et al, 1994)
ORIENTAÇÃO PONTOS
Dia da semana 1
Dia do mês 1
Mês 1
Ano 1
Hora aproximada 1
Local específico (aposento ou setor) 1
Instituição (hospital, residência, clínica) 1
Bairro ou rua próxima 1
Cidade 1
Estado 1
MEMÓRIA IMEDIATA
Vaso, carro, tijolo 3
ATENÇÃO E CÁLCULO
100 – 7 sucessivos (5 vezes) 5
EVOCAÇÃO
Recordar as 3 palavras 3
LINGUAGEM
Nomear um relógio e uma caneta 2
Repetir: “Nem aqui, nem ali, nem lá”. 1
Comando: “Pegue este papel com sua mão direita,
dobre ao meio e coloque no chão” 3
Ler e obedecer: “Feche os olhos” 1
Escrever uma frase 1
Copiar um desenho 1
ESCORE 30 30
109
ANEXO 4: ESCALA DE AVD (ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA
Modificado de Katz (Katz et al, 1970)
Projeto Siderópolis
Saúde Funcional
Atividade
Independente Sim
Não
1.Banho
Não recebe ajuda ou somente recebe ajuda para
uma parte do corpo
2.Vestir-se Pega as roupas e se veste sem qualquer ajuda,
exceto para amarrar os sapatos.
3.Higiene Pessoal Vai ao banheiro, usa o banheiro, veste-se e
retorna sem qualquer ajuda (pode
usar o andador
ou bengala)
4.Transferência Consegue deitar na cama, sentar na cadeira e
levantar sem ajuda(pode usar andador ou
bengala)
5.Continência Controla completamente urina e fezes
6.Alimentação Come sem ajuda(exceto para cortar carne ou
passar manteiga no pão)
O escore total é o somatório de respostas “sim”.
Total de:
6 pontos significa independência AVD
4 pontos, dependência parcial.
2 pontos, dependência importante.
110
ANEXO 5 – Escala AIVD (Atividades Instrumentais para a Vida Diária)
(Lawton et al, 1969).
Para cada questão:
sem ajuda” significa independência.
com ajuda parcialsignifica capacidade com ajuda.
não consegue” significa dependência.
3
2
1
sem ajuda
com ajuda parcial
não
consegue
4.O(a) Sr.(a) consegue preparar suas próprias refeições?
3
2
1
sem ajuda
com ajuda parcial
não
consegue
3.O(a) Sr.(a) consegue fazer compras?
3
2
1
sem ajuda
com ajuda parcial
não
consegue
2.O(a) Sr.(a) consegue ir a locais distantes, usando algum
transporte, sem necessidade de planejamentos especiais ?
3
2
1
sem ajuda
com ajuda parcial
não
consegue
1.O(a) Sr.(a) consegue usar o telefone?
3
2
1
sem ajuda
com ajuda parcial
não consegue
8.O(a) Sr.(a) Consegue tomar seus remédios na dose certa e
horário certo?
3
2
1
sem ajuda
com ajuda parcial
não consegue
7.O(a) Sr.(a) consegue lavar e passar a sua própria roupa?
3
2
1
sem ajuda
com ajuda parcial
não
consegue
6. O(a) Sr.(a) consegue fazer os trabalhos manuais
domésticos, como pequenos reparos?
3
2
1
sem ajuda
com ajuda parcial
não consegue
5.O(a) Sr.(a) consegue arrumar a casa?
3
2
1
sem ajuda
com ajuda parcial
não consegue
9.O(a) Sr.(a) consegue cuidar de suas finanças?
111
ANEXO 6: GDS (Geriatric Depression Scale)
Abreviada por Yesavage (Yesavage et al,1983) .
1. Satisfeito com a vida? (não)
2. Interrompeu muitas de suas atividades? (sim)
3. Acha sua vida vazia? (sim)
4. Aborrece-se com freqüência? (sim)
5. Sente-se de bem com a vida na maior parte do tempo? (não)
6. Teme que algo de ruim lhe aconteça? (sim)
7. Sente-se alegre a maior parte do tempo? (não)
8. Sente-se desamparado com freqüência? (sim)
9. Prefere ficar em casa a sair e fazer coisas novas? (sim)
10. Acha que tem mais problemas de memória que as outras pessoas? (sim)
11. Acha que é maravilhoso estar vivo agora?(não)
12. Vale a pena viver como vive agora?(não)
13. Sente-se cheio(a) de energia?(não)
14. Acha que sua situação tem solução? (não)
15. Acha que tem muita gente em situação melhor? (sim)
0= quando a resposta for diferente da entre os parênteses
1= quando a resposta for igual da entre os parênteses
Total >5 suspeita de depressão
112
ANEXO 7 - Teste do Relógio
(Sunderland et al,1989)
Teste do Relógio
Dê-lhe uma folha de papel em branco e diga-lhe: “Desenhe um relógio
com todos os números. Coloque os ponteiros marcando 2h45min.”
Avaliação:10-6:número e relógio estão corretos.
10-hora certa
9-leve distúrbio nos ponteiros
8-distúrbios mais intensos nos ponteiros
7- ponteiros completamente errados
6-uso inapropriado(relógio digital, etc)
5- números em ordem inversa ou concentrados em alguma parte do
relógio.
4- números faltando ou situados fora dos limites do relógio
3- números e relógio não mais conectados.Ausência de ponteiros
2-alguma evidência de ter entendido as instruções, mas o desnho
apresenta vaga semelhança com um relógio.
1-não tentou ou não conseguiu representar um relógio
113
ANEXO 8 - WHOQOL – Abreviado
Versão em Português
PROGRAMA DE SAÚDE MENTAL
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE -GENEBRA
Coordenação do GRUPO WHOQOL no Brasil
Dr. Marcelo Pio de Almeida Fleck
Professor Adjunto
Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Porto Alegre – RS - Brasil
Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule no número e lhe
parece a melhor resposta
.
muito
ruim
Ruim
nem ruim
nem boa
boa
muito
boa
1
Como você avaliaria sua
qualidade de vida?
1
2
3
4
5
muito
insatisfeito
Insatisfeito
nem
satisfeito
nem
insatisfeito
satisfeito
muito
satisfeito
2
Quão
satisfeito(a)
você está
com a sua
saúde?
1
2
3
4
5
As questões seguintes são sobre o quanto você
tem sentido algumas coisas nas últimas duas semanas.
nada
muito
pouco
mais
ou
menos
bastante
extremame
nte
3
Em que medida você acha
que sua dor (física) impede
você de fazer o que você
precisa?
1
2
3
4
5
114
4
O quanto você precisa de
algum tratamento médico
para levar sua vida diária?
1
2
3
4
5
5
O quanto você aproveita a
vida?
1
2
3
4
5
6
Em que medida você acha
que a sua vida tem sentido?
1
2
3
4
5
7
O quanto você consegue se
concentrar?
1
2
3
4
5
8
Quão seguro(a) você se
sente em sua vida diária?
1
2
3
4
5
9
Quão saudável é o seu
ambiente físico (clima,
barulho, poluição,
atrativos)?
1
2
3
4
5
As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem sentido ou é capaz
de fazer certas coisas nestas últimas duas semanas.
nada
muito
pouco
médio
muito
completamente
10
Você tem energia suficiente
para seu dia-a- dia?
1
2
3
4
5
11
Você é capaz de aceitar sua
aparência física?
1
2
3
4
5
12
Você tem dinheiro
suficiente para satisfazer
suas necessidades?
1
2
3
4
5
13
Quão disponíveis para vo
estão as informações que
precisa no seu dia-a-dia?
1
2
3
4
5
14
Em que medida você tem
oportunidades de atividade
de lazer?
1
2
3
4
5
As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito você se sentiu a respeito de
vários aspectos de sua vida nas últimas duas semanas.
muito ruim
ruim
nem ruim
nem bom
bom
muito
bom
15
Quão bem você
é capaz de se
locomover?
1
2
3
4
5
muito
insatisfeito
Insatisfeito
nem
satisfeito
nem
insatisfeito
satisfeito
Muito
satisfeito
16
Quão
satisfeito(a)
você está com
o seu sono?
1
2
3
4
5
17
Quão
satisfeito(a)
1
2
3
4
5
115
você está com
sua capacidade
de
desempenhar
as atividades
do seu dia-a-
dia?
18
Quão
satisfeito(a)
você está com
sua capacidade
para o
trabalho?
1
2
3
4
5
19
Quão
satisfeito(a)
você está
consigo
mesmo?
1
2
3
4
5
20
Quão
satisfeito(a)
você está com
suas relações
pessoais
(amigos,
parentes,
conhecidos,
colegas)?
1
2
3
4
5
21
Quão
satisfeito(a)
você está com
sua vida
sexual?
1
2
3
4
5
22
Quão
satisfeito(a)
você está com
o apoio que
você recebe de
seus amigos?
1
2
3
4
5
23
Quão
satisfeito(a)
você está com
as condições do
local onde
mora?
1
2
3
4
5
24
Quão
satisfeito(a)
você está com
o
seu acesso aos
serviços de
saúde?
1
2
3
4
5
25
Quão
satisfeito(a)
você está com
o seu meio de
transporte?
1
2
3
4
5
116
As questões seguintes referem-se a com que freqüência você sentiu ou
experimentou certas coisas nas últimas duas semanas.
nunca
Algumas
vezes
freqüentemente
muito
freqüentemente
Sem-
pre
26
Com que
freqüência
você tem
sentimentos
negativos
tais como
mau humor,
desespero,
ansiedade,
depressão?
1
2
3
4
5
Alguém lhe ajudou a preencher este questionário?
..................................................................
Quanto tempo você levou para preencher este questionário?
..................................................
Você tem algum comentário sobre o questionário?
OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO
117
ANEXO 9 – CIRS (G)
Cumulative Illness Rating Scale – Geriatric
Instruções: Anote as descrições dos problemas médicos que justifiquem a
pontuação a cada item.(se necessário utilize a página atrás)
Pontuação:
0- Sem Problema
1- Problema de média intensidade ou problema passado significante
2- Morbidade ou disabilidade aguda ou que necessitem de terapia de primeira linha
3- Disabilidade severa ou constante ou doença crônica incontrolada
4- Necessidade de tratamento severo imediato ou extremo ou falência final de órgão
ou grave compromentimento funcional
Coração ------------------------------------------------------------------------- ______
Vascular ------------------------------------------------------------------------ _______
Hematopoiéitico -------------------------------------------------------------- _______
Respiratório ------------------------------------------------------------------- _______
Olhos, ouvidos, nariz, garganta e laringe --------------------------------- _______
Trato gastrointestinal superior --------------------------------------------- _______
Trato Gastrointestinal Inferior --------------------------------------------- _______
Fígado ------------------------------------------------------------------------ _______
Rim --------------------------------------------------------------------------- _______
Genito-Urinário ------------------------------------------------------------- _______
Musculoesquelético/ tegumento ------------------------------------------ _______
118
Neurológico ----------------------------------------------------------------- _______
Endócrino/metabólico e mama ------------------------------------------- _______
Doença Psiquiátrica -------------------------------------------------------- _______
Número Total de categorias anotadas ----------------------------------- _______
Score total -------------------------------------------------------------------- ______
Index de severidade: ( escore total/número de categorias anotadas ) _______
Numero de categorias com n´vel 3 de severidade --------------------- _______
Número de categorias com nível 4 de severidade --------------------- _______
119
ANEXO 10 - Questionário sobre Percepção Subjetiva de Perda de memória – Short
– Care
120
ANEXO 11 - Teste de Evocação Seletiva e com pistas de Buschke
(Buschke et al, 1974).
121
ANEXO 12: Memória de Lista de Palavras e Reconhecimento de Lista de Palavras
(Welsh et al, 1994).
122
123
ANEXO 13: Subtestes da Escala Wechsler de Inteligência para adultos
(Wechsler, 1997).
124
125
126
127
128
129
130
ANEXO 14 - Fluência Verbal
(Brucki et al, 1997).
“Fale todos os animais que conseguir lembrar. Vale qualquer tipo de
bicho".
Um minuto é contado a partir do final do comando e o escore
corresponde ao número de animais lembrados nesse período.
Quando são lembrados animais cuja denominação de gênero é
semelhante (p. ex. gato e gata), um deles não é pontuado, mas quando a
denominação é diferente (p. ex. cavalo e égua), ambos são pontuados.
É pontuada a denominação genérica de subcategorias de animais (p. ex.
peixe ou pássaro), mas, apenas quando não seguida por exemplos da
classe, quando não é considerada a denominação de classe e são
contados os exemplos.
Ex.: A seqüência "gato, cavalo, peixe, vaca" receberia 4 pontos, e a
seqüência "gato, gata, peixe, tubarão, baleia" receberia 3 pontos.
131
132
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