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A estrutura mesmo do processo civil não é moldada pela simples adaptação
técnica do instrumento processual a um objetivo determinado, mas
especialmente por escolhas de natureza política, em busca dos meios mais
adequados e eficientes para a realização dos valores que dominam o meio
social, estes sim estruturando a vida jurídica de cada povo, de cada nação, de
cada estado.
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Este trabalho pretende trazer alguns aspectos dessa problemática, sem
apresentar soluções, mas buscando identificar a atual abrangência legal e algumas
perspectivas reflexivas.
Para tanto, a dissertação compõe-se de cinco capítulos: histórico legislativo;
notas de direito comparado; princípios e regras; poderes do relator na doutrina e
jurisprudência brasileira e exame crítico da concessão de poderes ao relator.
No primeiro capítulo, trazer-se, numa ordem cronológica da legislação, o tema
específico, englobando a evolução do artigo 557 do CPC até sua atual composição,
bem como faz-se referência ao artigo 527 do mesmo diploma legal e ao Regimento
Interno dos Tribunais de Superposição. Tudo para demonstrar que o aumento dos
poderes do relator do recurso é uma tendência que não data de agora, e que
progressivamente veio se firmando e subsiste, com clareza e força em nosso sistema
atual.
No segundo capítulo, expõe-se, sinteticamente, como é o procedimento dos
recursos no Processo Civil de Portugal e da Argentina. Desta análise, embora com
propósito informativo sem intuito de aprofundar a questão, pode-se vislumbrar se
nesses sistemas há possibilidade semelhante ao do direito brasileiro no sentido de
permitir ao relator julgar o mérito do recurso monocraticamente.
No capítulo terceiro, busca-se o conceito e alcance da aplicação dos princípios e
regras, dos quais resultou na premissa de que , em nosso sistema, além das regras,
são aplicáveis no direito os princípios, e se admite, inclusive, a coexistência de
princípios contraditórios na mesma fundamentação. Foi necessária a abordagem de
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OLIVEIRA, Carlos Alberto Alvaro. A garantia do contraditório. Revista da faculdade de direito da UFRGS, v. 15,
1998. p. 7