constar expressamente na alínea c do art. l.° do Regimento da Faculdade
Nacional de Filosofia. (35)
21 . Embora pareça prematura a alguns, já não achamos sem propósito
uma especialização ou pelo menos um tratamento mais demorado e extenso
do pensamento brasileiro nos programas de história da filosofia. País
novo, sem tradição filosófica, nem por isso se deve abandonar a pesquisa
das possíveis fontes que, a este respeito, tenham existido no Brasil. Se
não apresentam inequívoco sentido de originalidade, pouco importa, de vez
que o maior interesse reside justamente em catalogar, analisar e sistematizar,
através de uma reflexão crítica, os autores e correntes que trataram de
problemas de natureza filosófica. Antes de qualquer atitude de exagerado
pessimismo quanto a esta ausência de pensamento próprio, devemos proceder
previamente a um balanço severo e exaustivo do material existente.
Andou bem o Pe. Leonel Franca ao retomar esta tarefa iniciada há
oitenta anos por Sílvio Romero. Explicava êle no prefácio da 2ª edição do
seu compêndio (Noções da História da Filosofia) : «Escrevendo no Brasil
e para estudantes brasileiros era realmente de lamentar o silêncio que sobre
este ponto havíamos guardado na primeira edição. Na segunda tentamos
encher esse vazio. Demos até ao estudo dos filósofos patrícios um desen-
volvimento que, a considerar-se em absoluto, estaria em visível desproporção
com o resto do livro. As circunstâncias, porém, do lugar em que escrevemos
e dos leitores a que nos dirigimos explicam facilmente a importância relativa
que lhe atribuímos». (36)
É este o argumento: estamos estudando filosofia no Brasil e é preciso
bem conhecer os reflexos das correntes universais do pensamento em nossa
(35) Sobre a missão e a necessidade de reforma das Faculdades de Filosofia, podem
ainda ser vistos: Delfim Santos, Joaquim de Carvalho e Miguel Reale — Estará em crise
a Universidade? Depoimentos, in Rev. Br. de Fi!.. n." 3, 1951, págs. 321-329; Amaro Xisto
de Queirós, Vocação e destino das Faculdades de Filosofia, in Kriterion, jan/junho 1956,
págs. 11-16; D. Beda Kruse, O.S.B., Desenvolvimento e importância das Faculdades de
Filosofia no plano educacional brasileiro de 1936 a 1950, in Kriterion, nos. I, II, III e IV,
jan./junho 1952 a jul./dez. 1953; E. de Sousa Campos, Educação superior no Brasil, Rio,
1940, págs. 411-412; Afr. Coutinho, As Faculdades de Filosofia, in jRev. Br. de Fil., n.° 23,
jul./set. 1956, págs. 426-427; O que é uma Faculdade de Filosofia, concurso promovido
pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Cientificas da FNF, da UB. in Correio da Manhã.
23-3-58.
(36) Já no corpo da obra, escrevia Pe. Leonel Franca — Noções de História da
Filosofia, 14.º cd., Rio, 1955, pág. 262, nota 266: «Quase nada encontramos feito acerca da
história da filosofia no Brasil. Neste género só conhecemos o livrinho de Silvio Romero, a
Filosofia no Brasil, publicado em 1878 e contendo o estudo de 10 autores».
De lá para cá, sem dúvida, já se vem fazendo muita coisa neste sentido. Várias e
valiosas são as contribuições trazidas ao acervo da história do pensamento filosófico no
Brasil, de autoria, entre outros, de Miguel Reale. Almeida Magalhães, J.C. de Oliveira
Torres, J. Cruz Costa, Ivan Lins, Jamil A. Haddad, L. Washington Vita, Renato
C. Czerna, Sílvio Rabelo, Hermes Lima, Laerte Ramos Carvalho, etc.
Os recentes compêndios de filosofia e de história da filosofia, publicados entre nós, já
dedicam pequenos capítulos ao assunto: Teobaldo Miranda Santos, Manual de Filosofia,
9ª ed., São Paulo, 1957, págs. 495-505; H. Padovani — L. Castagnola, História da
Filosofia, 2.ª ed., São Paulo, 1956, págs. 467-503.
A Revista Brasileira de Filosofia mantém uma seção cspecial a este respeito- Documentá-
rio da Filosofia no Brasil.