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confessionais das diferentes denominações religiosas. Apesar do
clamor do episcopado, o governo republicano deixava plena li-
berdade para que a instituição eclesiástica se expandisse e se
fortalecesse nesse período, o que não ocorria na época imperial.
A convite dos bispos e sob o estímulo da Santa Sé, inúmeros
institutos religiosos europeus se estabeleceram no país nas pri-
meiras décadas do regime republicano. A celebração do concílio
plenário latino-americano, em Roma, em 1898, permitiu que a
cúria romana confirmasse de forma definitiva seu domínio sobre
as Igrejas oriundas do colonialismo ibérico. O concílio foi elabo-
rado e conduzido pelos peritos da Santa Sé, cabendo aos prela-
dos apenas ratificar as diretrizes romanas. Um dos pontos mais
enfatizados, pelo concílio, era a necessidade de promoção das
escolas católicas, como forma de se contrapor à perspectiva leiga
dos estados modernos. Afim de levar avante esse projeto, reco-
mendava-se que os prelados latino-americanos continuassem a
obter a colaboração de religiosos da Europa. O tema escola ca-
tólica passou a constituir um enfoque importante da conferência
dos bispos do centro-sul do país, reunidos em São Paulo, em
1910. A escola pública, desprovida do seu caráter sacral, era
condenada explicitamente pelos membros da hierarquia eclesiás-
tica, afirmando que a Igreja Católica
detesta e condena as escolas
neutras, mistas e leigas, em que se suprime todo o ensino da
doutrina cristã.
E acrescentavam em seguida, fiéis às orientações
do concílio latino americano:
Esforcem-se, portanto, os reveren-
dos párocos, pregadores
e catequistas, por dissuadir aos pais de
família, que não poderão prestar pior serviço aos filhos, à pátria
e ao catolicismo, que colocar seus filhos em tais escolas, expos-
tos a perigos tão grandes
. O contraponto era a necessidade de
escolas de confissão católica. O clero diocesano foi incentivado
a que patrocinasse essas fundações, no âmbito de suas paróqui-
as:
Nas circunstâncias em que se acha a Igreja diante do ensino
leigo, é de necessidade inadiável que em todas as paróquias, haja
escolas primárias católicas, a que chamam paroquiais, nas quais a
mocidade nascente encontre o pasto espiritual da doutrina cris-
tã, e de outros conhecimentos para a vida prática. Ordenamos,
portanto, aos reverendos párocos que envidem todos os esfor-
ços para fundá-las o quanto antes, onde as não houver; e não
descansem, enquanto não conseguirem, por si ou por outrem, a
realização deste ideal, em suas paróquias, custe o que custar.
A
finalidade básica da escola paroquial era oferecer aos meninos
uma instrução elementar que lhes permitisse assimilar melhor os