Um funcionário público de elevada categoria, da maior moralidade e de tal conceito, que a
sua assinatura, no cargo da maior confiança e responsabilidade, que exerce, é prova
irrefutável da verdade. É gordo, muito alto, moço, tipo moreno, altamente judicioso e bem
inteligente, sendo aliás baldo de ilustração, que só tem muito limitada, apesar de alguma
leitura. Mediunizado, fica inteiramente á vontade, com plena consciência do que está
fazendo. Toma água, ora pedindo-a, ora indo ao lugar em que ela se acha; tira o paletó, solta
o colarinho quando sente calor; ás mais das vezes, trabalha de pé, representando as cenas ao
vivo, como um artista de teatro (Vasconcelos, 1936, p. 354).
Antão de Vasconcelos declara em seu livro que depositava inteira confiança no
médium sonambúlico que participava de seu grupo espírita e, ainda em outro trecho de seu
relato, descreve como este médium preparava o grupo para o início das atividades:
Mediunizado, é auditivo, vidente, psicográfico e falante. Vê o espírito que se aproxima e
descreve-o; escreve o que é preciso fazer, declara se a concentração não é homogênea,
conhece e aponta para o lado onde se está dando a falta, prepara, enfim, o ambiente com a
tensão que convenha ao trabalho a fazer, e só então recebe o obsessor (Vasconcelos, 1936,
p. 356).
Ainda em outro ponto, ao descrever como se dava o inicio da incorporação do espírito
obsessor pelo médium, Vasconcelos compara o seu estado durante a sessão como sendo
similar ao de um alcoólatra ou viciado em clorofórmio. Nesse sentido, a mediunidade
possuiria a capacidade de produzir uma alteração no estado de consciência do médium:
Colocados em confronto, o cloroformizado, o alcoolista e o - médium - sonambúlico, são
eles perfeitamente idênticos, nos três períodos comuns. No primeiro o - médium - desde que
se aproxima o espírito, fica excitado; dá socos, bate com os pés; levanta-se, senta-se, sempre
a pestanejar, e grita muitas vezes. Daí, fica apossado de tremura, em todo ou parte do corpo;
debate-se fracamente, fica dispnético até que cai na letargia profunda, ordinariamente
roncando como boi de trabalho em prolongado cansaço, perfeito abandono do corpo.
Sucede então a manifestação (Vasconcelos, 1936, p. 365).
Outro membro importante do grupo descrito por Vasconcelos era denominado de
médium evocador. O autor descreve o tipo de atividade que era desenvolvida por este tipo
de médium no grupo e quais seriam as qualidades intelectuais e morais que o evocador
deveria possuir para que conseguisse cumprir sua função de modo satisfatório, já que era
este o médium encarregado de realizar a doutrinação espiritual da entidade obsessora:
O Evocador é a parte principal; é o único que se dirige ao espírito e vice-versa. Deve ter
qualidades especiais e indispensáveis para o exercício de tais funções; deve ser: inteligente,
ilustrado e verboso. Por vezes, travam-se discussões calorosas sobre pontos científicos e
filosóficos. Embora seja o obsessor, sempre atrasado moralmente, pode ser de um notável