que podem me conduzir aos objetivos planejados. Torna-se difícil escolher um a
princípio. Escolho alguns para começar, com a certeza de que poderei continuá-
los, combinando-os entre si ou com outros ainda, se necessário, até chegar a um
estágio satisfatório ou voltar ao início desfazendo o não necessário. Nas idas e
vindas de um processo de gravação, percebo alguns resultados involuntários
próprios dos materiais usados, como resinas, ácidos ou ainda as diferentes
ferramentas e a matéria do próprio metal. Estes resultados são recursos que
associo às necessidades de expressão. Ainda durante a gravação, vislumbro
muitas figuras – novas na forma e na atmosfera – mesmo que vinculadas ainda à
primeira imagem gravada; algumas delas são percebidas muito depois de
concluídos alguns estágios e impressas em papel. Neste caso, quando me valho
destas novas figuras, volto a trabalhar a matriz até o momento de inseri-las em
novo contexto. Gosto de começar a gravura pelo processo da água-forte ou do
buril, porque os considero um meio mais direto e eficiente para trabalhar a
superfície de cobre e chegar à forma. A linha gravada, que na gravura é corte e
pressupõe uma volumetria, é a resposta para minhas dúvidas iniciais de como
proceder para materializar uma idéia ou um sentimento que gostaria de
compartilhar com todos os outros. Depois de traçado o principal de uma figura (o
seu caráter), continuo a construí-la por tramas lineares que posso inventar e que
resultam em texturas, valores tonais e volume, uma característica das estampas
obtidas por estes processos de gravação.
Interessa-me hoje limitar-me desenhar sobre a prancha de cobre e com
ela estar satisfeito quando percebê-la como o objeto de minhas intenções,
evitando os excessos de informação que me impediriam de tentar em cada matriz
a possibilidade de uma condensação e síntese indispensáveis às manifestações e
operações de uma poética, que este tipo de processo gráfico tem, a meu ver,
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