lógica, com o objetivo de analisar a inefabilidade das verdades éticas. Nesse
sentido, Monk refere:
Aquilo que a teoria dos tipos procura dizer pode ser mostrado por um
simbolismo apropriado e o que se deseja dizer acerca da ética só pode ser
mostrado intuindo-se o mundo sub specie aeternitatis: “Há por certo o
inefável. Isso se mostra, é o Místico”. A famosa última frase do livro – sobre
aquilo de que não se pode falar, deve-se calar – expressa ao mesmo
tempo uma verdade lógico-filosófica e um preceito ético. (1995, p. 150).
Paradoxalmente, Wittgenstein introduz em seu discurso aforismático uma
interdição ao dizer, impondo o calar, reafirma desta forma, uma forte tradição a
Filosofia como crítica da linguagem, ou seja, pretendeu chegar as últimas
conseqüências para o dizer, e após mergulhar em um solipsismo, influenciado, por
Schopenhauer e Weininger, como se constata anteriormente.
O filósofo referiu, por exemplo, em seu escrito Notas sobre lógica que:
“desconfiar da gramática é o primeiro requisito para fazer filosofia” (1982, p.160). A
crítica da linguagem, esclarecida pela gramática da linguagem, é para ele a instância
que reside o problema filosófico. Reconstruir uma espécie de simetria entre
linguagem e mundo, este é o propósito dogmático de Wittgenstein.
Para se apropriar dessa perspectiva, necessita-se ter presente a segunda e
mais importante obra: Investigações filosóficas,
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haja vista demonstrar de forma
mais clara sua proposta sobre o que chamou “jogos de linguagem”, em que revê o
logicismo anterior, implicando um novo conceito de linguagem visto, dessa vez,
através de funções múltiplas da linguagem em seu uso e significado.
Agora, portanto, abriu mão de uma proposta unicamente lógico-formal para a
linguagem, conforme está no Tractatus e que representa o desafio primeiro, cito
Glock (1998, p.193) quando afirma “A noção de gramática chama a atenção para o
fato de que falar uma língua é, entre outras coisas, tomar parte em uma atividade
guiada por regras.” Essa proposta foi mantida nas duas obras supracitadas.
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No Tractatus logico-philosophicus (1921), Wittgenstein quer “traçar um limite para o pensar, ou
melhor, não para o pensar, mas para a expressão dos pensamentos” (2001, p.131), pois, a partir de
sua introdução, esse limite deveria ser traçado na linguagem. Ele examina, portanto, a essência da
linguagem, ao passo que em sua segunda obra, intitulada Investigações filosóficas (1953), refere:
“Não devemos perguntar o que é a linguagem, mas de que modo ela funciona. Não nos cabe buscar
uma suposta essência oculta na linguagem, mas tão-somente compreender os diversos usos da
linguagem.” (WITTGENSTEIN, 1998, p. 86).