Dito de outro modo: ao mesmo tempo em que o sujeito Ž inclu’do no processo de
globaliza•‹o
, verifica-se uma forma de exclus‹o que n‹o s— a econ™mica, mas,
principalmente, a exclus‹o identit‡ria e de pertencimentos. Com a globaliza•‹o, o fim dos
Estados-na•‹o, a queda das fronteiras, a dilui•‹o das identifica•›es culturais, pol’ticas,
sociais, surge no bojo destas transforma•›es, um novo fen™meno, que McLuhan procura
explicar em mais um de seus tropos enunciativos: o do olhar pelo espelho retrovisor, isto Ž, as
tentativas e lutas constantes que os sujeitos realizam de resgate do seu passado, de sua
D%;=K'%(.#!(#;,(#='(!%Z>"Y#9[MMMc#@"(#parte da perda de identidade Ž nostalgia. Por isso h‡ tanto
revival por a’, no vestu‡rio, na dan•a, na mœsica, nos espet‡culos, em tudo. Vivemos de
revivalsM# \-*;# )";# !%W*5# "# L,*# ;"5";# ",# G"5";B#[IiT/j:0.# appr.# ?M# w]_cM
[Grifos do
autor]
Tomando de Ortega y Gasset a no•‹o de homem massa, McLuhan, em uma entrevista
concedida a JofrŽ Berrios (2005), comenta, de maneira peculiar, como e por que ocorre esta
perda de identidade. Segundo McLuhan, ao vivermos neste mundo da simultaneidade,
promovida pelos e atravŽs dos meios, nos envolvemos totalmente com os demais cidad‹os de
Trabalho o termo globaliza•‹o, n‹o exclusivamente como o processo que segundo alguns te—ricos teria
iniciado na segunda metade do sŽc. XX e que tem conduzido ˆ crescente integra•‹o das economias e das
sociedades de v‡rios pa’ses, em especial no que toca ˆ produ•‹o de mercadorias e servi•os, aos mercados
financeiros, e ˆ difus‹o de informa•›es. Utilizo essa terminologia como um conceito ampliado, ou seja, como os
processos baseados essencialmente nas redes e fluxos de informa•‹o, presentes na sociedade contempor‰nea,
com vistas n‹o s— a produzir capital/consumo, mas a moldar culturas e promover exclus›es sociais e pol’ticas.
Para isso lan•o m‹o da idŽia formulada por Armand Mattelart, em palestra proferida dia 29 de janeiro de 2002
durante o F—rum Social Mundial realizado em Porto Alegre, onde ele (G%'5(#L,*#9(#7-"@(-%W(Z>"#4"5*Z",#4"5#(#
conquista das AmŽricas. Foi nesse momento que surgiu o processo de integra•‹o mundial (...) quando a idŽia de
liberdade de troca, liberdade de comunica•‹o, liberdade de comŽrcio, j‡ se encontra inscrita na doutrina de
-*7%=%5(Z>"#!(#4")L,%;=(BM#0*;;*#;*)=%!"#<*X(.#(%)!(.#C(,-"#s('=D.#*5#('=%7"#?,@-%4(!"#)(#'*<%;=(#È7%*1 (p. 71),
no qual o autor trabalha conceitualmente as terminologias globaliza•‹o, mundializa•‹o e internacionaliza•‹o:
9I,)!%(-%W(Z>"# ;*'%(# ,5# ?'"4*;;o ligado ˆs descobertas geogr‡ficas, resultante das grandes navega•›es do
sŽculo XV e XVI. A internacionaliza•‹o seria um processo posterior, que trata das rela•›es entre as na•›es, da
cria•‹o de organismos supranacionais e sup›e a abertura das fronteiras nacionais, sem neg‡-las. A globaliza•‹o,
por sua vez, seria um resultado dos fen™menos anteriores e estaria ligada ˆ constru•‹o de uma identidade
planet‡ria, negando as fronteiras nacionais e o velho nacionalismo. Mas, mesmo considerando a import‰ncia dos
conceitos de mundializa•‹o e internacionaliza•‹o, est‡ claro que a globaliza•‹o Ž resultado de um fen™meno que
teve in’cio pelo menos desde o sŽculo XV, quando os europeus passaram a ocupar terras e estabelecer rela•›es
comerciais e culturais em todos os cantos do planeta, (...) passaram a conduzir a pol’tica econ™mica e
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A partir deste enunciado, chego a uma clarivid•ncia maior que McLuhan trabalha a quest‹o da identidade na
mesma perspectiva de Serres. Quando o autor afirma que vivemos de revivals, quero crer que ele est‡ afirmando
que esta necessidade de buscar constantemente nos moldes do passado os nossos muitos pertencimentos que
deixamos# ;*# *;<(%'# )(# 'f?%!(# *# 4")=Q),(# ?('=%4%?(Z>"# !"# 9=,!"-(7"'(# !(# <%!(# ?-()*=f'%(B.# )"# *)<"-<%5*)="#
profundo dos homens e seus problemas, propiciado pelos meios e tecnologias de informa•‹o/comunica•‹o da
sociedade moderna, os revivals nada mais seriam que um resgate de pertencimentos como parcelas que
complementam a identidade, na f—rmula enunciada por Serres: A=A + pertencimentos Ž igual a identidade do
sujeito, cf. apresento na nota 6.