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novas maneiras de fazer e de pensar, essas supondo um trabalho de
elaboração coletiva, um trabalho de ressimbolização da experiência
subjetiva de um meio de trabalho. O objetivo seguido, está menos do
lado do cuidado da saúde que do desenvolvimento das possibilidades, da
criação, “pois, somos realmente pobres se somos apenas sãos.”
(Winnicott), e a vida não é ajuste a normas, adaptações a constrições
exteriores, mas invenção de normas, criação. (Canguilhen, 1966). A vida
criativa é um fazer, “a capacidade de conservar ao longo da vida alguma
coisa que é própria da experiência do bebe: a capacidade de criar o
mundo (Winnicott -1970)” (LHUILIER, 2006, p.183-184)
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.
Ainda de acordo com este autor (idem, p.184), a Clínica do Trabalho tem colocado
para si diferentes objetivos orientados, ao mesmo tempo, pela demanda e pela orientação do
médico do trabalho: investigação do trabalho realizado além do real (do trabalho), do
trabalho de organização do coletivo no seu meio, da formalização de experiência para
torná-la transmissível, desenvolvimento das controvérsias do trabalho, elaboração do
sofrimento no trabalho e libertação dos impasses das estratégias coletivas de defesa; Estas
são as diversidades de objetivos que estruturam e orientam a fala e a escuta do trabalho de
co-análise. Mas ressalta-se que é sempre um trabalho inscrito em quadros sociais, o que
impõe levar em conta a dimensão organizacional.
No que se refere ao processo de produção de conhecimento, Lhuilier, (2006, p.181-
182), levanta a questão de ser a Clinica da Atividade local de produção de conhecimento. A
fim de responder a esta questão, ele afirma que o conhecimento é o resultado de uma
atividade reflexiva na ação e, reciprocamente, esta é fonte de validação do conhecimento
50
.
Segundo ele, não se trata somente de levantar e analisar dados, realizar observações
individuais ou grupais, mas, antes, de favorecer a co-produção da compreensão do sentido
das condutas em situação de trabalho. Trata-se de dispositivos que criam uma situação que
favorece a emergência de uma “reflexividade subjetivante”
51
. E nestes dispositivos, não
basta “que fale do trabalho” para que seja elaborada e transformada em profundidade a
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Concept qui invite à un déplacement de la conception traditionnelle du pouvoir, souvent réduite à celle du
pouvoir dês uns sur lês autres, aux relations de pouvoir et de domination-soumission. Il s’agit bien de gagner
des marges de liberté d’action, de see dégager des impasses problématiques pour inventer de nouvelles
manières de faire et de penser, celles-ci supposant un travail d’élaboration collectif, un travail de
resymbolisation de l’expérience subjective d’un milieu de travail. La visée poursuivie est moins du cote du
sion, de la santé que du développement des possibles, des la créatio. Car “nous sommes vraiment pauvres si
nous ne sommes que sains” (Winnicott, 1945), et la vie n’est pas ajustement à des normes, adptation à des
contraintes extérieures, mais invention de normes, création (Canguilhen, 1966). La vie criaative est un faire,
“la capacité de conserver tout au long de la vie quelque chose qui est prope à l’expérience du bébé: la capacité
à créer le monde” (Winnicott, 1970). (LHUILIER, 2006. p.183-184).
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La production de connaissance est le résultat d’une activité réflexive dans l’action et, eciproquement, cette
dernière est source de validation de la connaissance (LHUILIER, 2006. p.182).
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Dispositif qui crée une situation em décalage à l’intérieur du cadre habituel et induit ainsi une rupture par
rapport à l’ordinaire. C’est ce décalage qui favorise l’émergence d’une réflexivité subjectivante (LHUILIER,
2006. p.182).