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sobre as quais se estabelecem no presente, a integração rural-urbana no Brasil,
passando os produtores rurais a conviver com as novas situações de mercado que
os envolvem em uma complexa rede de interesses.
Nesse novo padrão de articulação rural-urbano, a agricultura se integra
com outros ramos de produção denominados de setores “a montante” e “a
jusante”
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. Para produzir, observam Kageyama et al. (1990), a agricultura
depende dos insumos que recebe de determinadas indústrias e não produz mais
apenas bens de consumo final, mas basicamente bens intermediários ou matérias
–primas para outras indústrias de transformação. Por meio dessa integração são
definidos modelos, os quais implicam certa divisão de tarefas entre os membros
do CAI e entre esses e o seu ambiente, a definição de regras de condutas,
produtos a valorizar em função de uma finalidade, processos técnicos a serem
utilizados e, até mesmo, atores a serem incluídos ou excluídos por razões
estritamente econômicas. Todavia, em um complexo não coexistem apenas
agricultores, as firmas, os comerciantes, mas também forças intelectuais como,
por exemplo, pesquisa e desenvolvimento, assistência técnica, serviços
desenvolvimento do cerrado, aproveitamento de várzeas, entre outros), incentivos aos
investimentos privados em reflorestamento e à abertura de grandes fazendas nas regiões centro-
oeste e amazônica, desenvolvimento das indústrias de insumos, máquinas e equipamentos para a
agricultura, reestruturação da pesquisa agropecuária e da extensão rural, incremento do crédito
rural, geralmente a taxas de juros negativas (isto é, inferiores a taxas de inflação) e subsídios para
aquisição de insumos e máquinas (Alencar, 2000).
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Complexo agroindustrial é definido por Muller (1989, p.25) como um conjunto de processos
técnico-econômicos ligados à produção agrícola, ao beneficiamento de sua produção, à produção
de bens industriais para a agricultura e aos serviços financeiros e comerciais correspondentes.
Embora o processo de capitalização da agricultura tenha sido predominante nas últimas décadas,
não significa a homogeneização das formas de produzir na agricultura e nem a integração
intersetorial completa em todos os tipos de atividades (Kageyama et al., 1990).
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Os componentes do complexo agroindustrial podem ser classificados como setores “a
montante” e a “jusante” à agricultura (Delgado, 1985). O setor “a montante” refere-se ao conjunto
de indústrias que fornecem ao setor agrícola insumos, máquinas e equipamentos, bem como os das
demais empresas prestadoras de serviços, que são classificados como “inputs” ao processo de
produção agropecuário (por exemplo: pesquisa, assistência técnica, crédito para custeio e
investimento). O setor “a jusante refere-se ao conjunto de indústrias que têm a agropecuária como
fonte de serviços relacionados à comercialização de produtos agrícolas, armazenagem, entre outros
(Alencar & Amâncio, 1993).