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Seguindo a gênese progressiva da experiência, é seu fato
fundamental que nós abordamos com a produção dos conceitos: a
saber, que nós temos de nos haver com coisas singulares em
séries. Ao simples fato da semelhança das características das
coisas, fato que se dá em uma super abundância indefinidamente
explorável, na sua complexidade indefinida dos temas e das suas
variações, responde essa situação empírica que é a nossa. Sobre
a gênese subjetiva dessa relação às séries nos conceitos,
Ockham foi pouco esclarecedor. É, entretanto, essa gênese, essa
situação do pensamento – ou do espírito – no meio das séries que
todas as descrições de aspecto fenomenológico da apreensão
esclarece de um dia novo. Ao invés de fundamentar as séries
sobre algum modelo comum real das características do ser,
Ockham as fundamenta sobre a simples semelhança e sobre um
verdadeiro trabalho de seriação no pensamento. O fato de nós
termos de nos haver com séries, com tal homem como um
homem entre os outros, tal rosa como uma flor entre as outras, é
dessa forma que ao mesmo tempo reconhecido como um fato
amplamente dominante e entretanto, como derivado, não original
resultando de uma elaboração. É a partir da relação original no
singular como tal, essa derivação é reconstituída. E é, ao mesmo
tempo, toda a experiência que deve ser invocada. Esse trabalho
se enveredou secretamente << de modo oculto>> desde a
intuição original e imediata do singular, ao distanciamento decisivo
do ato e do objeto. Nesse distanciamento primeiro, assinalado
pelo paradoxo da intuição de uma coisa ausente, o motor de toda
elaboração arrancou: é o hábito, o princípio interno de repetição
dos atos na ausência do seu objeto. E assim, ao se deparar com
uma coisa singular, se inicia como uma máquina a produzir atos
em série. Um mesmo traço, ou um mesmo ato repetitivo que se
libera de sua origem (abstração, imaginação, memória intelectual);
depois, vários traços ou atos que se sobrepõe, e formam o tema
de uma visão de várias coisas (conceito). No interior,
arrebentação de atos repetidos como uma projeção autônoma
para o singular, incessante mas descontínua; no exterior
alinhamento dos singulares de acordo com suas semelhanças, se
deixando visar doravante através das semelhanças como um
tema no qual existe apenas variações: séries exteriores e séries
interiores (ALFÉRI, 1989, p. 212-213).
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Suivant la genèse progressive de l’expérience, c’est son fait fondamental que nous abordons
avec la production des concepts: à savoir que nous avons affaire aux choses singulières dans des
séries. Au pur fait de la ressemblance du côté des choses, fait qui se donne dans une
surabondance indéfiniment explorable, dans la complexité indéfinie des thèmes et de leurs
variations, répond cette situation empirique que est la nôtre. Sur la genèse subjective de ce rapport
aux séries dans les concepts, Ockham fut peu bavard. C’est pourtant cette genèse, cette situation
de la pensée – ou de l’esprit – au milieu des séries que toute as description d’allure
phénoménologique de l’appréhension éclaire d’um jour noveau. Au lieu de fonder les séries sur
quelque modèle commum réel du côté d l’étant, Ockham les fonde sur de simples ressemblances
et sur um véritable travail de sérialisation dans la pensée. Le fait que nous avons affaire à des
séries, à tel homme comme um homme parmi d’autres, telle rose comme une fleur parmi d’autres,
est ainsi à la fois reconnu comme um fait largement dominante et pourtant comme dérivé, non
originaire résultant d’une élaboration. C’est à partir du rapport originaire au singulier em tant que tel
cette dérivation est reconstituée. Et c’est, du même coup, toute l’expérience qui doit être invoquée.
Ce travail, il s’est engagé secrètement, <<de façon occulte>> dès l’intuition originaire et immédiate