Teologia Dogmática
27
. Devido a sua habilidade com o Direito Canônico, Dom
Romualdo, além de confiar-lhe cadeira de importância no seminário diocesano como
professor, o nomeou Procurador do Cabido da Sé Metropolitana
28
, cargo da mais alta
confiança do Arcebispo, pois deveria resolver, com seus pareceres, todas as
pendências ou discórdias jurídicas no que se refere à convivência entre os membros do
clero ou outras questões que envolvessem a Arquidiocese baiana
29
.
Cândido da Costa e Silva qualifica a formação do clero brasileiro, quando este ia
aprofundar os seus estudos em Coimbra, como “sistematicamente formada na tradição
do absolutismo português, mediante o direito ditado em Coimbra”. Segundo Silva,
apenas o curso de Teologia, no Curso de Direito Canônico, tinha como disciplina
principal a jurisprudência Canônica. De acordo com os estatutos, esse “Direito assim
Público, como particular, ou he commum da Igreja Universal, ou he especial das Igrejas
Nacionais; e a cada Nação he da última importância conhecer perfeitamente o Direito
Canônico, e especial da sua Igreja”
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. Daí a preferência do Arcebispo baiano em confiar
a Procuradoria do Cabido um sacerdote preparado nas lições de Coimbra, que
reforçava o estudo dos cânones eclesiásticos.
Segundo Sacramento Blake, no seu Dicionário Bibliográfico Brasileiro, depois da
sua formação como sacerdote secular, antes de chegar ao Brasil, o padre Benigno de
Carvalho ingressou na Congregação da Missão, onde aprendeu idiomas orientais,
próprios para o trabalho de missionário
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. Na documentação que consultamos,
encontramos poucos dados que comprovam a presença do padre Benigno entre os
lazaristas, como eram conhecidos os padres dessa Congregação. Porém, há alguns
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BLAKE, Sacramento. Dicionário Bibliográfico Brasileiro..., p. 392.
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CUNHA, Benigno José de Carvalho e. Discurso recitado na Igreja Matriz de Santo Amaro da Purificação por
occasião da festividade celebrada no dia 5 de Fevereiro do corrente anno, pelo consócio de S. Majestade Imperial o
Senhor D. Pedro I, Imperador constitucional ... com a Princeza de Leuctemberg e Eiscthoedt. Bahia: Typ. Nacional
e Imperial, 1830, p. 01.
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O Cabido da Sé funcionava como um conselho da Arquidiocese, cujos membros eram os Cônegos, que gozavam
de privilégios perante o clero local.
29
SEIXAS, Dom Romualdo. Memórias... 1861, p. 146. Segundo Kátia Mattoso, os integrantes do Cabido eram
“integrantes do alto clero baiano originários das famílias mais importantes da cidade e de seu Recôncavo. Seus
cargos serviam, antes de mais nada, para aumentar o prestígio social de que eles e suas famílias gozavam, pois as
rendas auferidas na Igreja vinham de uma Coroa pouco generosa com seus servidores. Superavam as recebidas pelos
seus titulares de paróquias, mas eram muito inferiores às recebidas pelos católicos europeus”. Cf.: MATTOSO, Kátia
M. de Queiroz. Bahia século XIX, uma Província do Império. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992, p. 334.
30
SIILVA, Cândido da Costa e. Os Segadores . . . , 2001, p. 161.