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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
Programa de Pós-Graduação em Odontologia
Dissertação
Cárie dentária em pré-escolares: prevalência,
severidade e fatores associados
Vanessa Dorneles Furtado
Pelotas, 2008
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1
VANESSA DORNELES FURTADO
CÁRIE DENTÁRIA EM PRÉ-ESCOLARES: PREVALÊNCIA,
SEVERIDADE E FATORES ASSOCIADOS
Dissertação apresentada ao programa de Pós-
graduação em Odontologia, Área de
Concentração Odontopediatria da Faculdade de
Odontologia de Pelotas da UNIVERSIDADE
FEDERAL DE PELOTAS, como requisito parcial
à obtenção do título de Mestre em
Odontopediatria.
Orientadora: Prof. Dra. Ana Regina Romano
Co-orientador: Prof. Dr. Pedro Curi Hallal
PELOTAS
Rio Grande do Sul – Brasil
2008
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2
Banca examinadora
Professora Doutora Ana Regina Romano
Professor Doutor Paulo Floriani Kramer
Professor Doutor Maximiliano Sérgio Cenci
3
Dedicatória
Dedico este trabalho
Aos meus pais, Gilberto e Lúcia, que sempre dedicaram suas vidas à vida dos
filhos. De vocês carrego os melhores exemplos... Obrigada pela presença, pelo
carinho e apoio sempre que precisei.
À minha irmã, pela cumplicidade e amizade em todos os momentos.
Ao meu amor, pelo incentivo, pelo ombro amigo, pela palavra de consolo, pela
amizade e atenção sempre... Tua compreensão e teu sorriso tornam meus dias
muito mais alegres!
4
Agradecimentos
À minha orientadora professora Doutora Ana Regina Romano pelo tempo
dedicado à elaboração e execução deste trabalho, pela amizade e atenção que teve
durante todos estes anos de convivência. És uma ótima profissional e amiga... te
agradeço não só por este trabalho, mas por tudo que representastes na minha
formação!
Ao meu co-orientador professor Doutor Pedro Curi Hallal pela disposição e
pelo acesso. Quando tudo estava parecendo difícil, estavas sempre pronto para
apontar os caminhos e propor soluções.
Às minhas amigas e colegas, Flávia e Catiara, pelos dois anos de
convivência, pela ajuda no trabalho, por compartilhar as angústias pessoais...
Amigas, obrigada pelo suporte, sem vocês seria muito difícil!
Às professoras, Doutora Dione e Doutora Maria Laura, pelos ensinamentos
e pela dedicação e orientação na execução deste estudo. Foram muitas as vezes
que precisei de vocês e que sempre encontrei disposição para ajudar. Obrigada pela
amizade e pelo carinho!
À professora Doutora Maria Cecília Assunção por compartilhar os primeiros
passos do trabalho. Obrigada pela prontidão de responder nossas dúvidas sempre
que solicitamos.
Às alunas da graduação Violeta, Tatiene, Rogéria e Patrícia que me
acompanharam na execução do trabalho, sempre com responsabilidade e
dedicação.
5
NOTAS PRELIMINARES
A presente Dissertação foi redigida segundo o Manual de Normas para
Dissertações, Teses e Trabalhos Científicos da Universidade Federal de Pelotas de
2006, adotando o Nível de Descrição 4 Estruturas em Artigos, que consta no
Apêndice D do referido manual.
6
RESUMO
FURTADO, Vanessa Dorneles. Cárie dentária em pré-escolares: prevalência,
severidade e fatores associados. 2008. 83f. Dissertação (Mestrado) - Programa de
Pós-Graduação em Odontologia. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS,
Brasil.
Objetivos: Avaliar a prevalência e a severidade da doença cárie em pré-escolares,
correlacionando-os com fatores demográficos (sexo, idade), socioeconômicos
(escolaridade, renda familiar e tipo de escola), comportamentais (freqüência de
ingestão de açúcar e freqüência de higiene) e biológicos (presença de placa visível).
Metodologia: Estudo observacional transversal, examinando crianças em estágio de
dentição decídua, com idade entre 1 e 5 anos, matriculadas nas pré-escolas de
Pelotas, RS. Um questionário semi-estruturado, abordando variáveis demográficas,
socioeconômicas e relacionadas ao comportamento familiar foi direcionado aos
responsáveis. Os exames físicos foram conduzidos por 3 examinadores treinados e
calibrados, sendo utilizado como critério para diagnóstico da doença o índice ceod
(OMS) com a inclusão de lesões em esmalte (ceod m) e para severidade ceod m=0;
1-4; 5. Resultados: Das 570 crianças examinadas, 71,4% e 50,9% estavam livres
de cárie, considerando os índices ceod e ceod m, respectivamente. Houve um
incremento no índice ceod m com o aumento da idade e a inclusão das lesões em
esmalte, sendo que 38% das crianças aos cinco anos de idade estavam livres de
cárie. A partir da análise ajustada, em razão de prevalência, houve associação entre
a presença da doença e a idade (P<0,001) com as crianças de 3 anos de idade com
2,5 mais chance de desenvolver do que as de 1 ano. Houve associação inversa com
a renda familiar (P=0,009) e com a escolaridade materna (P=0,001). O acúmulo de
placa, quando presente, aumentou em mais de 100% o risco da doença (P<0,001).
Em média, 19,6% das crianças apresentavam ceod m 5, sendo este maior com a
idade, e presença de placa dentária e, diminuindo com aumento da escolaridade
materna. Conclusões: A saúde bucal da criança está diretamente relacionada com a
idade, nível de educação materna, renda familiar e presença de placa bacteriana,
demonstrando a importância dos fatores socioeconômicos familiares no processo
cárie dentária, extrapolando os aspectos biológicos para efetivamente se obter
saúde bucal e qualidade de vida.
Palavras chave: cárie dentária, dentição decídua, epidemiologia, saúde bucal.
7
ABSTRACT
FURTADO, Vanessa Dorneles. Dental caries in preschool aged: prevalence,
severity and associated factors. 2008. 83p. Dissertation (Máster degrre) - Pos-
Graduation Progranin Dentistry, School of Dentistry, Federal University of Pelotas,
Pelotas, RS, Brazil.
AIM: To evaluate pre-school children caries prevalence related to demographic (sex,
age), socioeconomic (schooling, family income and kind of school), behavioral
(sugar-intake and hygiene) and biological (visible plaque occurrence) factors.
METHODOLOGY: Observational cross-sectional study of primary teeth stage
children from 1 to 5 years of age enrolled at pre-school level in Pelotas RS. A semi-
structured questionnaire which focused on demographic, socioeconomic and family
behavior related variables was devised for children’s parents. Physical exams were
performed by three trained and qualified examiners and the dmft (decayed missing
filled teeth) WHO index was adopted as a condition diagnosis criterion, including
enamel lesions (dmft m) as well as severity dmft m = 0,1-4≥5. RESULTS: Of a total
of 570 children examined, 71,4% and 50,9% were caries-free, taking into account the
dmft and dmft m indices, respectively. There was an increase in the dmft m index in
older children; this also occurred when enamel lesions were included; 38% of the five
year old children group were caries-free. From the adjusted analysis, due to
prevalence, there was an association between the condition occurrence and age
(P<0,001) in the 3-year-old children group, who had a 2,5 fold higher chance of
developing caries than those aged 1. There was a reverse association with family
income (P = 0,009) and maternal schooling (P = 0,001). Plaque accumulation, when
it occurred, increased the condition risk in over 100% (P<0,001). On average, 19,6%
of the children showed dmft m 5, and this increased as children grew older, as well
as with dental plaque occurrence, and decreased when there was greater maternal
schooling. CONCLUSIONS: The child’s buccal health is directly associated with age,
maternal schooling, family income and bacterial plaque occurrence, and this proves
the relevance of family socioeconomic factors in the dental caries process,
surpassing biological aspects, to effectively reach buccal health and a greater quality
of life.
Key words: dental caries, primary dentition, epidemiology, oral health.
8
Lista de figura
Artigo
Figura 1. Porcentagem de crianças livres de cárie dentária de acordo com a
idade e o índice utilizado.....................................................................47
9
Lista de Tabelas
Projeto
Tabela 1 Possíveis prevalências para o desfecho................................................. 20
Tabela 2 Critérios para avaliação do índice ceod e ceod m................................... 24
Artigo
Tabela 1 Análise bruta da associação entre “ceod m” e variáveis independentes.. 48
Tabela 2 Análise ajustada da associação entre “ceod m” e variáveis independentes
49
Tabela 3 Análise da severidade da cárie e variáveis independentes...................... 50
10
Lista de abreviaturas e siglas
CEP Comitê de ética em Pesquisa.
ceod Média de dentes decíduos (d) cariados (c), extraídos (e) e obturados (o).
ceod m - Média de dentes decíduos (d) cariados (c), extraídos (e) e obturados (o)
modificado
CNS Conselho Nacional de Saúde.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
FDI - Federação Dentária Internacional.
OMS - Organização Mundial de Saúde.
UFPel – Universidade Federal de Pelotas.
WHO – World Health Organization
IPV – Índice de Placa Visível
11
SUMÁRIO
p.
Resumo ...........................................................................................................
Abstract ...........................................................................................................
Lista de figuras .................................................................................
..............
Lista de tabelas ...............................................................................................
Lista de abreviaturas e siglas .......................................................................
1. Projeto de pesquisa ...................................................................................
1.1. Antecedentes e Justificativas..................................................................
1.2. Objetivos ...................................................................................................
1.3. Metodologia ..............................................................................................
1.4. Cronograma .............................................................................................
2. Relatório do Trabalho de Campo...............................................................
3. Artigo .................................................................................
..........................
4. Conclusões..................................................................................................
Referências..................................................................................................
Apêndices ....................................................................................................
Anexo.............................................................................................................
6
7
8
9
10
12
12
18
19
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28
30
51
52
58
82
12
1. PROJETO DE PESQUISA
1.1 ANTECEDENTES E JUSTIFICATIVA
A saúde bucal é de fundamental importância para o estabelecimento da
saúde geral e para o bem-estar individual. Quando precária, tem sido correlacionada
com um efeito prejudicial na qualidade de vida, no desempenho escolar e no futuro
da criança. Uma boca saudável possibilita ao indivíduo falar, alimentar-se e
socializar-se melhor
(KWAN et al., 2005).
A epidemiologia é a ciência que estuda, na população, a ocorrência, a
distribuição e os fatores determinantes dos eventos relacionados com a saúde
(PEREIRA, 1995). Conforme Pinto (2000), constitui-se em uma ferramenta essencial
para o planejamento e execução de serviços odontológicos, estabelecendo o
caminho adequado para o equacionamento dos problemas de saúde-doença de
cada comunidade. Desta forma, os levantamentos epidemiológicos fornecerão a
base para o planejamento das atividades de atenção à saúde, sejam elas
educativas, preventivas ou curativas, numa abordagem individual ou coletiva
(SILVEIRA; OLIVEIRA; PADILHA, 2002).
Segundo a OMS
(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1997), estes
levantamentos objetivam, inicialmente, fornecer um quadro completo das condições
de saúde da população e, subseqüentemente, controlar as mudanças nos níveis
padrões das doenças. Seus resultados permitem identificar, avaliar e monitorar a
distribuição e as tendências da prevalência e severidade das doenças bucais
(MARCENES; BÖNECKER, 2000).
Poucos estudos epidemiológicos retratam com fidelidade a situação de
saúde bucal de crianças, especialmente na dentição decídua. Porém, tem sido
demonstrado que a prevalência de doenças bucais existe no primeiro ano de vida,
com tendência a aumentar com a idade, principalmente, a doença rie dentária
(WALTER; FERRELE; ISSAO, 1996).
A rie dentária é uma doença crônica, infecciosa e de alta prevalência que
afeta os tecidos mineralizados dos dentes
(THYLSTRUP; FEJERSKOV, 1995). Em
diferentes culturas e em diferentes épocas, o homem tem exibido uma grande
variação no que se refere à susceptibilidade à doença
(MALTZ; CARVALHO, 1997).
13
Porém, esta, continua a ser considerada um grave problema de saúde
pública no mundo, sendo, seguramente, uma das doenças de que mais padecem as
pessoas
(WEYNE, 1997).
algum tempo, a doença cárie tem apresentado uma redução na sua
prevalência, incidência e índice de progressão, principalmente, em países
desenvolvidos
(WALDMAN, 1995). No entanto, nos países subdesenvolvidos e
emergentes o declínio não é tão expressivo, o que evidencia a ausência de políticas
públicas de impacto na saúde bucal da população
(MEDEIROS; WEYNE; MORAES,
2000).
Segundo Thylstrup e Fejerskov (1995), a doença cárie apresenta um caráter
multifatorial com seus fatores determinantes e de confusão ou modificadores,
considerados individuais para diferentes sociedades, nos quais se pode incluir
comportamento, conhecimento, renda e classe social.
Pinto
(1989) constatou que, embora os fatores biológicos sejam essenciais
para o aparecimento de várias doenças na população, outros elementos podem
condicionar seu surgimento e influir no ritmo de sua expansão. Dentre estes
podemos citar o desenvolvimento econômico, social e educacional do país, como
também a cultura e a tradição popular que regulam os hábitos e condutas pessoais e
coletivas. Tais variações levam a comportamentos diferenciados nas populações e
podem vir a contribuir para o risco de desenvolvimento da cárie. Os estudos
sistemáticos dessas variações, juntamente com os fatores chamados determinantes
têm permitido um melhor entendimento da doença.
Para a compreensão do processo saúde-doença cárie sob a óptica da
multicausalidade é válido construir-se um modelo teórico ou hierárquico
(PETRY;
VICTORA; SANTOS, 1996)
. A construção de tal modelo é condicionada pelo
conhecimento dos determinantes sociais e biológicos da doença estudada. Seu
objetivo, além da compreensão das causas da doença, é orientar a análise
estatística dos estudos epidemiológicos, a descrição das variáveis, a associação
entre os fatores de risco e os resultados e o estudo da relação entre os diferentes
fatores de risco
(VICTORA et al., 1997).
Neste modelo, as categorias de primeiro nível o as mais distais na cadeia
de causalidade, e determinam as de níveis inferiores, através das quais exercem ou
não seus efeitos sobre o desfecho. As categorias mais proximais aos desfechos
14
podem atuar como seus determinantes diretos, ou ser um fator mediador do efeito
de uma categoria mais distal
(MONTEIRO, 2003).
Assim, a cárie existe em todo mundo, mas sua prevalência e gravidade
variam de acordo com diferentes faixas etárias e populações
(WYNE et al., 1995).
Para Gibsom e Willians
(1999) a idade influencia na prevalência da doença,
dobrando-se o risco de seu desenvolvimento, para cada ano de idade adicional.
Essa constatação demonstra a necessidade de políticas de saúde baseadas na
intervenção precoce, já que durante a idade pré-escolar a população apresenta altos
índices de cárie.
Estudos epidemiológicos mundiais realizados nas últimas décadas têm
demonstrado um aumento na porcentagem de crianças livres de cárie na faixa etária
de três a cinco anos de idade
(THYLSTRUP; FEJERSKOV, 1995). Os fatores
apontados como prováveis responsáveis pelo declínio na prevalência de cárie no
Brasil são: o aumento e a universalização da exposição das pessoas ao flúor em
suas variadas formas de aplicação, com destaque especial para a água de
abastecimento, a maior ênfase nas atividades de promoção de saúde, a melhoria
nas condições globais de saúde e qualidade de vida e a mudança nos critérios de
diagnóstico de cárie
(NARVAI; CASTELLANOS; FRAZÃO, 2000).
No entanto, determinadas características presentes na população, como
falta de fluoretação da água de abastecimento, falta de acesso a programas
preventivos e baixo nível sócio-econômico-cultural, tornam as pessoas mais
susceptíveis a concentrarem níveis mais elevados da doença
(CARDOSO et al., 2003).
Observa-se uma tendência à polarização na distribuição da doença, isto é, os
valores mais altos do índice ceod (índices de dentes cariados, perdidos e obturados
na dentição decídua) se concentram em um reduzido número de indivíduos
(OLIVEIRA, 2006).
O risco para o desenvolvimento de altos índices de cárie é maior nas
classes sociais mais baixas, sendo o nível de educação um importante marcador
socioeconômico, pois pode ser aplicado a ambos os sexos e ser comparado entre
diferentes regiões. Além disso, altos níveis de educação são, geralmente,
associados aos melhores empregos, moradias e posições sociais
(PERES et al.,
2005).
Segundo Downer
(1995) o fator socioeconômico determina os padrões
comportamentais e o estilo de vida, que são amplamente associados à promoção de
15
saúde e à proteção contra doenças. Conseqüentemente, as práticas de higiene
bucal, os hábitos dietéticos, particularmente o consumo de açúcar, e o acesso aos
serviços odontológicos, são determinados pelo poder aquisitivo da população.
Apesar das condições socioeconômicas estarem diretamente associadas ao
desenvolvimento da cárie dentária, tem-se percebido altas prevalências da doença
nos países desenvolvidos. Na Inglaterra, por exemplo, 47% da população de três
anos de idade têm experiência de cárie, com ceod médio de 4,71
(DAVIES;
BLINKHORN; DUXBURY, 2001)
. Em Manitoba, Canadá, a prevalência encontrada nas
crianças de zero a cinco anos foi de 53,7%, sendo significativamente maior naquelas
que faziam o uso da mamadeira para alimentar-se
(SCHROTH; MOORE;
BROTHWELL, 2005)
.
Os dados referentes ao Brasil também mostram altas prevalências. Em um
estudo em Diadema (SP) com 548 crianças de zero a 36 meses de idade, foi
constatado que a porcentagem de crianças livres de cárie diminuía conforme a idade
aumentava e que, aos três anos de idade, 66,5% das crianças apresentavam a
doença. A presença de manchas brancas foi incluída pelo autor nos critérios de
avaliação e o índice ceod médio aos 36 meses foi 2,54
(BÖNECKER; PINTO;
WALTER, 1997).
Para Leite e Ribeiro (2000) a prevalência de cárie na dentição decídua de
crianças de Juiz de Fora (MG) foi de 49,4% de um total de 338 crianças, sendo que
a média do índice ceod foi 2,03, o qual apresentou-se maior nas crianças que
freqüentavam as creches periféricas da cidade. No mesmo estudo, não foi
encontrada diferença estatisticamente significante entre sexo ou cor da pele.
Nas pré-escolas da rede pública de Pernambuco, foi encontrado que 47%
das crianças apresentavam cárie aos quatro anos de idade, sendo que 8,94% delas,
com grau severo da doença, havendo cárie nos quatro quadrantes,
comprometimento mínimo de 1/3 da coroa de qualquer incisivo e quatro molares
com lesão de cárie clinicamente visível
(FEITOSA; COLARES, 2004).
Uma alta prevalência de cárie também foi encontrada por Cypriano et al.
(2003), com 55,7% dos pré-escolares da cidade de Piracicaba (SP) apresentando a
doença, sendo o componente cariado o de maior peso na composição do índice
ceod. Com relação ao sexo, os meninos apresentaram uma maior experiência de
cárie comparativamente às meninas, na idade dos cinco anos. Ainda, considerando
a variável cor da pele, observou-se que as crianças incluídas no grupo de não-
16
brancos apresentaram um maior percentual de dentes cariados e uma menor
proporção de dentes restaurados, sugerindo um menor acesso a tratamentos
odontológicos.
Ribeiro, Oliveira e Rosenblatt
(2005) examinaram 224 crianças em João
Pessoa (PB) e observaram que a prevalência de cárie foi de 43,7% aos 48 meses,
sendo que esta alta prevalência foi encontrada, principalmente, devido às crianças
de menor nível socioeconômico. No estudo de Gomes et al.
(2004), em Paulínia
(SP), o índice ceod foi de 1,90 aos cinco anos de idade e 54,2% das crianças não
tinham experiência de cárie, atingindo a meta da OMS para o ano 2000.
As escolas municipais atendem as classes sociais mais desfavorecidas
socialmente e o fator socioeconômico está diretamente relacionado com o
desenvolvimento da doença cárie. Para Narvai, Castellanos e Frazão
(2000) a
percentagem de cáries na dentição permanente foi maior nas escolas públicas
comparativamente às escolas privadas, sendo que esta situação foi invertida quando
se considerou o componente dentes restaurados.
De acordo com o estudo de Dini, Holt e Bedi (2000), nas creches municipais
de Araraquara (SP), de um total de 303 crianças examinadas, 112 (46%)
apresentavam lesões de cárie. As crianças que pertenciam às classes sociais mais
baixas apresentaram uma maior prevalência da doença, 52,4% em contraste com os
39% nas classes mais favorecidas. O índice ceod médio foi de 1,8 nas idades entre
três e quatro anos. Também foi encontrada associação entre o nível de escolaridade
materna e o desenvolvimento da doença, sendo que as maiores prevalências foram
apresentadas pelas crianças filhas de mães com os menores níveis de educação.
Segundo o Projeto SB Brasil 2003 do Ministério da Saúde que analisou as
condições de saúde bucal da população brasileira no período entre 2002-2003,
quase 27% das crianças de 18 a 36 meses apresentam pelo menos um dente
decíduo com experiência de cárie dentária, sendo que a proporção chega a quase
60% das crianças de cinco anos de idade. Observa-se, desta forma, o caráter
cumulativo do índice ceod
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).
A meta da OMS para o ano 2000 era que 50% das crianças com idade entre
cinco e seis anos estivessem livres de cárie
(FDI, 1982). O desafio epidemiológico
para as autoridades públicas e privadas, em 2010, é que 90% das crianças aos
cinco anos de idade estejam livres da doença cárie
(WHO). Estas metas, na
realidade, reforçam a necessidade de um aprofundamento da atenção à saúde bucal
17
em estágios iniciais da infância, visto ser a rie uma doença de característica
cumulativa.
A diminuição da doença na população somente será possível quando esta
infecção for pensada, analisada, discutida, prevenida e tratada, não apenas em seu
aspecto biológico, mas, sobretudo, em seus aspectos políticos, sociais e econômicos
(LORETTO; SEIXAS; JARDIM, 2000). As autoridades sanitárias podem e devem
estabelecer metas em saúde bucal coerentes à sua realidade para orientar o
processo de planejamento-avaliação das ações dos serviços de saúde
(MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2004).
Assim, dados epidemiológicos sobre a prevalência de cárie em pré-
escolares na cidade de Pelotas, fazem-se necessários para descrever a freqüência e
as prováveis causas dessa condição, bem como identificar grupos de risco e definir
prioridades de saúde bucal para o município e desta forma, poder formular um
programa de prevenção e intervenção.
18
1.2 OBJETIVOS:
1.2.1 GERAL
Este estudo tem por objetivo determinar a prevalência e a severidade da
doença cárie dentária em crianças de um a cinco anos matriculadas nas pré-escolas
da cidade de Pelotas-RS.
1.2.2 ESPECÍFICOS
Avaliar o índice ceod sem e com a inclusão de lesões de cárie em
esmalte (ceod modificado – ceod m);
Verificar associação entre ceod m com variáveis demográficas: sexo e
idade;
Verificar associação entre ceod m com variáveis socioeconômicas:
escolaridade materna, renda familiar e tipo de escola;
Verificar associação entre ceod m com variáveis comportamentais:
freqüência de ingestão de açúcar; presença e freqüência de higiene
dentária;
Verificar associação entre ceod m e fatores biológicos: presença de
placa visível.
19
1.3 METODOLOGIA
1.3.1 TIPO E DELINEAMENTO DO ESTUDO:
Estudo epidemiológico observacional transversal.
1.3.2 POPULAÇÃO ALVO
A população a ser estudada abrangerá as crianças de um a cinco anos que
estejam matriculadas nas pré-escolas de Pelotas. O município está situado na região
sul do Rio Grande do Sul, a 250 Km de Porto Alegre, capital do estado. É o terceiro
maior município do estado, em população, possuindo aproximadamente 340.000
habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2007). O
abastecimento de água canalizada atinge 97,15% dos domicílios urbanos da cidade
de Pelotas, sendo estes favorecidos, conseqüentemente, pela fluoretação das águas
(LIMA et al., 2004).
Pelotas é conhecida como a “capital do doce no Brasil”, e sua economia é
dependente dessa manufatura
(PERES et al., 2005). A cidade é um grande centro
comercial, possuindo 7507 estabelecimentos, que ocupam aproximadamente 60%
da população ativa
(PREFEITURA MUNICIPAL DE PELOTAS, 2006).
Na cidade existem 57 escolas, sendo 26 públicas e 31 particulares, com
número de 3.521 crianças matriculadas na faixa etária estudada.
1.3.3 AMOSTRA
A amostra será constituída de 500 crianças com idade entre um e cinco
anos, de ambos os sexos, que estejam matriculadas nas pré-escolas do município,
desde que:
- possuam, pelo menos, um dente decíduo eruptado;
- estejam em estágio de dentição decídua, ou seja, não tenham iniciado a
fase de dentição mista.
Para o cálculo tamanho da amostra será utilizado o programa Epi Info 6.0,
considerando as prevalências de cárie referidas por Leite e Ribeiro (2000), onde
49,4% das crianças examinadas apresentavam lesões de rie. Adotou-se as
possíveis prevalências para o desfecho, de acordo com a Tabela 1, com erro
aceitável de 5 pontos percentuais e nível de confiança de 95%, o que recomenda
20
n=306 crianças. A este número, foi acrescido 10% para suprir eventuais perdas e
recusas e 15% para análise estratificada, num total de 387 crianças.
TABELA 1. Possíveis prevalências para o desfecho.
Pr
evalência esperada
N necessário
+ 10 % +15%
20 % 211 266
30% 266 336
40% 296 374
50% 306 387
Para estudo das associações, devido à grande variedade de valores
encontrados na literatura, optou-se por aumentar a amostra para 500 crianças na
tentativa de garantir poder para o estudo.
As unidades amostrais serão as escolas de educação infantil públicas e
particulares da cidade. Segundo a Prefeitura Municipal, Pelotas possui 57 escolas,
sendo 26 públicas e 31 particulares, com número de 3.521 crianças matriculadas na
faixa etária estudada. Será realizada uma estratificação por tipo de escola com
intuito de garantir a proporcionalidade existente na cidade, selecionando-se 30%
destas, o que significará 20 unidades amostrais, 12 particulares e oito públicas. As
escolas participantes do estudo serão sorteadas aleatoriamente, de forma simples
dentro de cada estrato, com exame de todas as crianças na faixa etária.
21
1.3.4 VARIÁVEIS DO ESTUDO
1.3.4.1 Variável dependente (desfecho)
Cárie dentária (índices ceod e ceod modificado).
1.3.4.2 Variáveis independentes Conforme níveis hierárquicos de
causalidade
Primeiro Nível: Variáveis socioeconômicas e demográficas.
Idade: em anos.
Sexo: masculino e feminino.
Escolaridade materna: em anos de estudo.
Renda familiar: em valores contínuos, na moeda nacional.
Segundo Nível: tipo de escola
Municipal
Particular
Terceiro Nível: fatores comportamentais
Hábitos alimentares:
Consumo de alimentos doces: ausente ou presente.
Freqüência de açúcar: vezes ao dia.
Hábitos de higiene:
Escovação dentária: ausente ou presente.
Freqüência de escovação dentária: vezes ao dia.
Quarto Nível: fatores biológicos
Presença de placa visível: ausente ou presente.
22
1.3.5 COLETA DE DADOS
Para a coleta de dados serão formadas três equipes de trabalho, cada uma
composta por um examinador calibrado (Cirurgião-dentista, Pós-graduando em
Odontopediatria)
e um anotador (acadêmico de Odontologia). Esta será baseada em
um questionário e no exame físico da cavidade bucal.
1.3.5.1 Questionário
O questionário semi-estruturado (Apêndice I) é composto por questões
fechadas, onde serão abordados os seguintes dados:
- informações pessoais da criança;
- tipo de escola;
- características familiares;
- inquérito socioeconômico;
- presença e freqüência de escovação dentária;
- presença e freqüência de açúcar.
Também serão abordados outros tópicos, visto que este estudo é parte da
avaliação da situação bucal de pré-escolares da cidade de Pelotas. O questionário
será entregue na própria escola, sendo direcionado ao responsável pela criança,
que deverá retorná-lo respondido. Um pesquisador fica à disposição dos
responsáveis para sanar eventuais dúvidas.
1.3.5.2 Exame Físico
Os exames serão realizados nas próprias salas de aula das escolas,
obedecendo a uma rotina previamente estabelecida.
Primeiramente, será observada e anotada a cor da pele da criança. Durante
a realização do exame as crianças, dependendo da idade, ficarão sentadas com a
cabeça inclinada ou deitadas sobre uma mesa, em decúbito dorsal. O examinador
ficará posicionado de maneira a proporcionar uma melhor visualização, com o
anotador ao seu lado. O exame será realizado o mais próximo possível das janelas,
para que haja um melhor aproveitamento da luz natural. Quando houver problema
de luminosidade, será utilizada luz artificial (lanterna de mão).
23
Será avaliada e anotada a presença de placa de acordo com o Índice de
Placa Visível (IPV), a partir do índice de Silness e Löe
(1964). Após, serão usadas
compressas de gaze estéril para secar os dentes, auxiliando no diagnóstico de
cáries em esmalte.
O método para o diagnóstico de lesão de cárie será visual com auxílio,
quando necessário, da sonda CPI preconizada pela
Organização Mundial de Saúde
(OMS) para levantamentos epidemiológicos (OMS, 1997) e de abaixadores de língua
descartáveis para afastar lábios e língua.
Para a avaliação da experiência de cárie dentária nas crianças, será
utilizado o critério da OMS, ou seja, a soma dos dentes decíduos com cárie
(cavitados), extraídos e restaurados (índice ceod). Além deste critério, também será
utilizado uma modificação no índice, com a inclusão de lesões de cárie em esmalte
(THITASOMAKUL et al., 2006), por serem consideradas sinais da doença. Assim,
para a determinação do índice ceod modificado (ceod m), serão diminuídos dos
dentes classificados como hígidos, os dentes que apresentaram lesões de cárie em
esmalte, conforme observado na tabela 2.
24
Tabela2. Critérios para avaliação do índice ceod e ceod m
Situação
do dente
Escore
e critério
sadio
Dente com esmalte normal ou com hipoplasia
leve;
Lesão em
esmalte
Branca (10): dente com lesão de mancha
branca, ou seja, área de desmineralização do
esmalte com perda de translucidez, de
coloração branca em local de retenção de
biofilme;
Pigmentada (20): dente com lesão em
esmalte pigmentado (amarelado/
acastanhado), resultante da
desmineralização (maior porosidade) causada
pela cárie dentária, em local de retenção de
biofilme.
cariado
(OMS)
Lesão em dentina:
dente com lesão cavitada ( 1) evidente em
fóssula, fissura ou superfície lisa, esmalte
socavado, assoalho ou parede
detectavelmente amolecido;
dente com restauração provisória a base de
óxido de zinco e eugenol;
dente com restauração e ao mesmo tempo
uma ou mais áreas cariadas (cavitadas),
associadas ou não a margem da restauração;
extraído
Quando um dente decíduo foi extraído (e) por causa da cárie e não por outras
razões, como trauma alveolodentário.
Lembrar do fator esfoliação nos incisivos inferiores do grupo com faixa etária de
5 anos.
obturado
Dentes com uma ou mais restaurações (o) e sem evidência alguma de cárie em
qualquer ponto da coroa.
Excluído
Dente que não pode ser avaliado: Hipoplasia severa; presença de banda
ortodôntica; estar ausente por traumatismos alveolodentário, agenesia ou
recente esfoliação; devido algum problema no exame;
não
eruptado
Um dente é considerado presente na boca quando apresenta qualquer parte
visível ou podendo ser tocada com a ponta da sonda sem deslocar (nem
perfurar) tecido mole indevidamente.
1
1
1
1
1
1
2
2
0
0
1
1
0
0
1
1
1
1
0
0
1
1
0
0
1
1
0
0
25
1.3.6 REPRODUTIBILIDADE DOS EXAMES
Para haver uma confiabilidade nos dados levantados, será realizado:
1.3.6.1. Treinamento teórico/prático
Haverá um período destinado ao treinamento dos anotadores e
examinadores, onde será estabelecida uma sistematização para a coleta de dados.
O treinamento inicial será realizado através de uma revisão do conteúdo
teórico, onde serão revistos os conceitos e parâmetros importantes para o estudo e,
visualmente, com o auxílio de imagens e projeção de casos-clínicos, quando serão
estabelecidos os diagnósticos.
Posteriormente, em uma escola particular de educação infantil, serão
examinadas 10 crianças com idade entre três e cinco anos com a finalidade de criar
uma conduta única para a aplicação dos questionários e dos critérios utilizados
durante o exame clínico.
1.3.6.2 Presença de coeficiente kappa intra e inter- examinadores
O processo de calibração será executado na clínica da Faculdade de
Odontologia da UFPel, onde 20 crianças serão examinadas por cinco examinadores
e por um professor especialista, que será considerado o padrão “ouro”.
O coeficiente Kappa será utilizado para avaliar a concordância intra e inter-
examinadores, devendo esta ser superior a 0,70.
1.3.6.3 Qualidade da informação diagnóstica
Ao final de 30 dias, será reexaminada 5% da amostra, escolhida
aleatoriamente, para avaliar a manutenção da concordância intra e inter-
examinadores.
1.3.7 AVALIAÇÃO DOS DADOS
Os dados serão transferidos para arquivos com digitação dupla utilizando
Epi Info 6.0, verificando-se posteriormente a consistência das informações. Para a
análise será utilizado o programa Stata 9.0, sendo inicialmente realizadas análises
descritivas das variáveis coletadas. Testes não-paramétricos (Mann-Whitney e
Kruskall-Wallis) serão utilizados nas comparações dos valores do ceod m entre
categorias. Análises bi e multivariáveis serão realizadas por meio de regressão de
26
Poisson, com resultados expressos em razões de prevalências (BARROS; HIRAKATA,
2003)
. A análise multivariada será baseada em um modelo conceitual previamente
estabelecido, onde serão considerados quatro níveis hierarquizados de
determinação do desfecho. O primeiro será representado pelas variáveis
socioeconômicas e demográficas (idade, renda, educação); o segundo pelo tipo de
escola (municipal ou particular); o terceiro pela freqüência de açúcar de escovação
e, o quarto, pela presença de placa.
1.3.8 IMPLICAÇÕES ÉTICAS
Este trabalho foi submetido à aprovação do CEP (Comitê de Ética em
Pesquisa) da Faculdade de Odontologia da UFPel, sendo aprovado sob o parecer
024/2006 (Anexo I). O mesmo é parte de um levantamento epidemiológico onde
serão avaliados outros itens referentes à situação de saúde bucal dos pré-escolares
da cidade de Pelotas-RS.
Por se tratar de uma pesquisa envolvendo o exame bucal de seres
humanos, sua execução pressupõe a utilização de consentimento livre e esclarecido
(Apêndice II), conforme explicitado no capítulo IV da resolução do Conselho
Nacional de Saúde CNS 196/96
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1999). O termo de
consentimento faz parte da ficha, e esclarecidas as características do exame a ser
realizado, o sigilo dos dados obtidos e a livre decisão de participação por parte dos
responsáveis serão conferidos, sendo devidamente assinado ou identificado por
impressão dactiloscópica.
Os responsáveis pelas crianças nas quais, durante o exame clínico, for
constatada alguma alteração bucal com necessidade de tratamento, serão alertados
sobre o problema e devidamente aconselhados, de forma verbal e escrita, a procurar
um serviço especializado a fim de resolver tal alteração (Apêndice III). A equipe de
realização dos exames também se colocará a disposição para sanar eventuais
dúvidas.
27
1.4 CRONOGRAMA
Ano
2006
2007
2008
Mês
A
S
O
N
D
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
J
F
M
A
M
Revisão de
literatura
X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X
Qualificação
do projeto
X
Ajustes do
projeto
X X X X
Treinamento
e calibração
X X
Trabalho de
campo
X X X X
Analise dos
resultados
X X X
Redação da
dissertação
X X X
Defesa da
dissertação
X
Conclusão/
publicação
X
28
2. RELATÓRIO DO TRABALHO DE CAMPO
Inicialmente para padronização no uso dos critérios de diagnóstico
utilizados, foi realizado um treinamento teórico e um prático realizado em 10
crianças com idade entre três e cinco anos em uma escola de educação infantil.
Após, foi determinado o coeficiente kappa inter-examinadores, sendo examinadas
20 crianças selecionadas, simulando as condições do estudo. Os exames foram
realizados na própria Faculdade de Odontologia, seguindo a mesma rotina por cinco
examinadores e por um professor especialista/doutor, que foi considerado o padrão
“ouro”. Valor kappa maior que 0,70 foi exigido para seguir na coleta de dados,
sendo dois examinadores excluídos.
O valor médio do coeficiente kappa dos três examinadores para o índice
ceod foi de 0,89, diminuindo para 0,72 quando considerada a lesão de cárie em
esmalte (ceod m). A variação intra-examinador foi avaliada pelo cálculo do
coeficiente kappa com o reexame de 10% das crianças, em intervalo de sete dias,
resultando em valor médio de kappa de 0,86 para ceod e 0,85 para ceod m.
Assim, para a realização dos exames foram formadas três equipes de
trabalho, cada uma composta por um examinador calibrado (Cirurgião-dentista, Pós-
graduando em Odontopediatria)
e um anotador (acadêmico de Odontologia). Os
exames foram realizados nas próprias salas de aula das escolas, obedecendo a uma
rotina previamente estabelecida.
As escolas participantes do estudo foram sorteadas aleatoriamente, de
forma simples dentro de cada estrato, com exame de todas as crianças na faixa
etária. Após contato com a escola sorteada, de posse da listagem das crianças,
matriculadas, foi encaminhado para a mãe/pai ou responsável legal um
esclarecimento sobre o levantamento e uma autorização de participação. Para
coleta de dados foi realizado um questionário e o exame físico dos dentes, da
condição gengival e presença de placa visível. O questionário direcionado ao
responsável pela criança foi entregue na escola e o pesquisador ficou à disposição
dos responsáveis para sanar eventuais dúvidas.
Para o exame da cavidade bucal, as crianças, dependendo da idade,
ficaram sentadas com a cabeça inclinada ou deitadas sobre uma mesa, em decúbito
dorsal; o examinador ficava posicionado de maneira a proporcionar uma melhor
29
visualização, com o anotador ao seu lado. O exame foi realizado o mais próximo
possível das janelas, para que houvesse um melhor aproveitamento da luz natural.
Quando houve problema de luminosidade, foi utilizada luz artificial (lanterna de mão).
Compressas de gaze estéril foram utilizadas para remover a placa bacteriana visível,
secar os dentes, auxiliando no diagnóstico de cáries iniciais em esmalte. O método
para o diagnóstico de lesão de cárie foi visual com auxílio, quando necessário, da
sonda CPI preconizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para
levantamentos epidemiológicos
e de abaixadores de língua descartáveis para afastar
lábios e língua. Como critério para o exame, as crianças deveriam ter pelo menos
um dente decíduo em boca e nenhum dente permanente.
A anotação manteve os critérios pré-estabelecidos nas respectivas fichas e
durante a coleta dos dados que ocorreu em quatro meses, houve o reexame de 5%
da amostra, escolhida aleatoriamente, resultando em um coeficiente kappa de 0,87
para cárie dentária, mantendo a qualidade da informação diagnóstica.
A taxa de resposta do estudo foi de 89%
(n= 573), com as perdas e recusas
representando 11% (74 crianças, sendo que 17 eram de escolas públicas e 57 de
escolas particulares). Três crianças foram excluídas da análise, devido à ausência
de algum dado essencial para o desenvolvimento do estudo. Entre os questionários,
algumas questões deixaram de ser respondidas, o que não comprometeu o
aproveitamento dos mesmos, resultando em 570 exames para desfecho cárie
dentária.
30
3. ARTIGO*
Título: Cárie dentária em pré-escolares: prevalência, severidade e fatores
associados
English Title: Dental caries in preschool aged: prevalence, severity and
associated factors.
Vanessa Dorneles Furtado
, Ana Regina Romano
a
, Dione Dias Torriani
a
,
Maria Laura Menezes Bonow
a
,
Pedro Curi Hallal
b
.
a
Programa de Pós-Graduação em Odontologia (PPGO), Faculdade de
Odontologia, Universidade Federal de Pelotas, RS, Brasil.
b
Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, Universidade Federal de
Pelotas, RS, Brasil.
β
Autor para correspondência: Vanessa Dorneles Furtado. Departamento
de Odontologia Social e Preventiva, Faculdade de Odontologia - andar.
Rua Gonçalves Chaves, 457, Pelotas, RS, Brasil. CEP: 96015-560.
*
Artigo formatado segundo normas do periódico Community Dentistry
and Oral Epidemiology.
31
RESUMO
Objetivos: Avaliar a prevalência e a severidade da doença cárie em pré-
escolares, correlacionando-os com fatores demográficos (sexo, idade),
socioeconômicos (escolaridade, renda familiar e tipo de escola),
comportamentais (freqüência de ingestão de açúcar e freqüência de higiene) e
biológicos (presença de placa visível). Metodologia: Estudo observacional
transversal, examinando crianças em estágio de dentição decídua, com idade
entre 1 e 5 anos, matriculadas nas pré-escolas de Pelotas, RS. Um
questionário semi-estruturado, abordando variáveis demográficas,
socioeconômicas e relacionadas ao comportamento familiar foi direcionado aos
responsáveis. Os exames físicos foram conduzidos por 3 examinadores
treinados e calibrados, sendo utilizado como critério para diagnóstico da
doença o índice ceod (OMS) com a inclusão de lesões em esmalte (ceod m) e
para severidade ceod m=0; 1-4; 5. Resultados: Das 570 crianças examinadas,
71,4% e 50,9% estavam livres de cárie, considerando os índices ceod e ceod
m, respectivamente. Houve um incremento no índice ceod m com o aumento
da idade e a inclusão das lesões em esmalte, sendo que 38% das crianças aos
cinco anos de idade estavam livres de cárie. A partir da análise ajustada, em
razão de prevalência, houve associação entre a presença da doença e a idade
(P<0,001) com as crianças de 3 anos de idade com 2,5 mais chance de
desenvolver do que as de 1 ano. Houve associação inversa com a renda
familiar (P=0,009) e com a escolaridade materna (P=0,001). O acúmulo de
placa, quando presente, aumentou em mais de 100% o risco da doença
(P<0,001). Em média, 19,6% das crianças apresentavam ceod m 5, sendo
este maior com a idade, e presença de placa dentária e, diminuindo com
aumento da escolaridade materna. Conclusões: A saúde bucal da criança está
diretamente relacionada com a idade, nível de educação materna, renda
familiar e presença de placa bacteriana, demonstrando a importância dos
fatores socioeconômicos familiares no processo cárie dentária, extrapolando os
aspectos biológicos para efetivamente se obter saúde bucal e qualidade de
vida.
Palavras chave: cárie dentária, dentição decídua, epidemiologia, saúde bucal.
32
INTRODUÇÃO
A saúde bucal é de fundamental importância para o estabelecimento
da saúde geral e para o bem-estar individual. Quando precária, tem sido
correlacionada com um efeito prejudicial na qualidade de vida, no desempenho
escolar e no futuro da criança. Uma boca saudável possibilita ao indivíduo falar,
alimentar-se e socializar-se melhor
1-4
. No entanto, tem sido demonstrado que a
prevalência de doenças bucais existe desde o primeiro ano de vida, com
tendência a aumentar com a idade, principalmente, a doença cárie dentária,
que ainda se configura em um dos principais problemas a serem
equacionados
5-7
. Essa constatação demonstra a necessidade de políticas de
saúde baseadas na intervenção precoce, que durante a idade pré-escolar a
população apresenta altos índices de cárie
8-10
.
Sendo amplamente disseminada como uma doença de caráter
multifatorial, muitos elementos podem condicionar seu surgimento e influir no
ritmo de sua expansão, dentre estes podemos citar o desenvolvimento
econômico, social e educacional do país
11
. Determinadas características
presentes na população, como falta de fluoretação da água de abastecimento,
falta de acesso a programas preventivos e baixo nível socioeconômico, tornam
as pessoas mais susceptíveis a concentrarem níveis mais elevados da
doença
12
. O risco para o desenvolvimento de altos índices de cárie é maior nas
classes sociais mais baixas
7,12,13
, sendo o nível de educação um importante
marcador socioeconômico, pois pode ser aplicado a ambos os sexos e ser
comparado entre diferentes regiões.
Além disso, altos níveis de educação são, geralmente, associados aos
melhores empregos, moradias e posições sociais
12
.
O fator socioeconômico
determina os padrões comportamentais e o estilo de vida, que são amplamente
associados à promoção de saúde e à proteção contra doenças.
Conseqüentemente, as práticas de higiene bucal, os hábitos dietéticos,
particularmente o consumo de açúcar, e o acesso aos serviços odontológicos,
são determinados pelo poder aquisitivo da população
12
.
Como determinante da doença cárie, dentro do fator higiene, está a
placa bacteriana, existindo uma forte associação entre sua presença, altos
índices de cárie e lesões ativas no esmalte dentário
14
. Sendo assim, os locais
33
de maior retenção de placa apresentam uma maior susceptibilidade ao
desenvolvimento das lesões, demonstrando a importância do controle do
biofilme bacteriano na redução da prevalência da doença
14
. Uma higiene bucal
inadequada, avaliada pela presença de placa visível em dentes anteriores, tem
sido identificada como um marcador do risco para o desenvolvimento de rie
dentária em crianças
15
.
Sendo assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar a prevalência e
a severidade da doença cárie na cidade de Pelotas, em crianças de um a cinco
anos de idade, correlacionando-os com fatores demográficos,
socioeconômicos, comportamentais e biológicos.
METODOLOGIA
Neste estudo, do tipo observacional transversal, foram examinadas
crianças em estágio de dentição decídua, com idade entre um e cinco anos,
matriculadas nas pré-escolas Pelotas RS, Brasil. A população da cidade é
composta por aproximadamente 340.000 habitantes e o abastecimento de
água canalizada atinge quase a totalidade dos domicílios urbanos, sendo estes
favorecidos, conseqüentemente, pela fluoretação das águas
16
.
Para o cálculo tamanho da amostra foi utilizado o programa Epi Info
6.0, considerando a prevalência de cárie de aproximadamente 50%
7,17
, um erro
aceitável de 5 pontos percentuais e nível de confiança de 95%, resultando em
500 crianças,devido os 10% de eventuais perdas e recusas, os 15% para
análise estratificada e as possíveis associações.
As unidades amostrais foram as pré-escolas públicas e particulares da
cidade. Segundo a Prefeitura Municipal, Pelotas possui 57 pré-escolas, sendo
26 públicas e 31 particulares, com número de 3.521 crianças matriculadas na
faixa etária estudada. Realizou-se uma estratificação por tipo de escola com
intuito de garantir a proporcionalidade existente na cidade, selecionando-se
30% destas, o que significou 20 unidades amostrais, 12 particulares e oito
públicas. As escolas participantes do estudo foram sorteadas aleatoriamente,
de forma simples dentro de cada estrato, com exame de todas as crianças na
faixa etária.
Após contato com a escola sorteada, de posse da listagem das
crianças, matriculadas, foi encaminhado para a mãe/pai ou responsável legal
34
um esclarecimento sobre o levantamento e uma autorização de participação.
Para coleta de dados foi realizado um questionário e o exame físico dos
dentes.
Questionário
Um questionário direcionado ao responsável pela criança foi entregue
na escola. O mesmo era semi-estruturado composto por questões fechadas,
abordando variáveis demográficas (idade, sexo), socioeconômicas
(escolaridade materna, renda familiar, tipo de escola) e variáveis relacionadas
ao comportamento familiar (hábitos alimentares e de higiene bucal), dentre
outras. O pesquisador ficou à disposição dos responsáveis para sanar
eventuais dúvidas.
Nos fatores socioeconômicos, a escolaridade materna foi avaliada em
anos de estudo, sendo dividida em três grupos: menos que oito anos de
estudo, representando mães que não completaram o ensino fundamental; de
oito a 11 anos, mães que completaram o ensino fundamental ou cursaram
parte ou todo o ensino médio; mães com 12 ou mais anos de estudo. A renda
familiar foi obtida através da soma das percepções mensais de todas as
pessoas economicamente ativas que viviam na casa, sendo sua quantia
relatada através da moeda nacional. No intuito de facilitar a análise dos
resultados optou-se por dividir a renda também em três grupos: famílias que
viviam com uma renda menor ou igual a um salário mínimo (equivalente a
240 dólares); renda acima de um salário até três salários mínimos e meio;
renda superior a três salários mínimos e meio. Com relação ao comportamento,
foram considerados o açúcar; questionando a presença dos doces e a
freqüência de sua ingestão; a presença da escovação dentária e a sua
freqüência.
Exame físico
Para a realização dos exames foram formadas três equipes de
trabalho, cada uma composta por um examinador calibrado (Cirurgião-dentista,
Pós-graduando em Odontopediatria)
e um anotador (acadêmico de
Odontologia). Os exames foram realizados nas próprias salas de aula das
escolas, obedecendo a uma rotina previamente estabelecida.
35
Para o exame da cavidade bucal, as crianças, dependendo da idade,
ficaram sentadas com a cabeça inclinada ou deitadas sobre uma mesa, em
decúbito dorsal; o examinador ficava posicionado de maneira a proporcionar
uma melhor visualização, com o anotador ao seu lado. O exame foi realizado o
mais próximo possível das janelas, para que houvesse um melhor
aproveitamento da luz natural. Quando houve problema de luminosidade, foi
utilizada luz artificial (lanterna de mão). Compressas de gaze estéril foram
utilizadas para remover a placa bacteriana visível, secar os dentes, auxiliando
no diagnóstico de cáries iniciais em esmalte. O método para o diagnóstico de
lesão de cárie foi visual com auxílio, quando necessário, da sonda CPI
preconizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para levantamentos
epidemiológicos
18
e de abaixadores de língua descartáveis para afastar bios
e língua. Como critério para o exame, as crianças deveriam ter pelo menos um
dente decíduo em boca e nenhum dente permanente.
Para a avaliação da experiência de cárie dentária nas crianças, foi
utilizado o critério da OMS, ou seja, a soma dos dentes decíduos com cárie
,
extraídos e restaurados (ceod), com a inclusão de lesões de cárie em esmalte
19
por serem consideradas sinais da doença. Assim, para a determinação do
índice ceod modificado (ceod m), foram diminuídos dos dentes classificados
como hígidos, os dentes que apresentaram lesões de cárie em esmalte. No
exame de placa visível, utilizou-se o Índice de Placa Visível (IPV), a partir do
índice de Silness e Löe
20
, quando foi anotada a presença ou não da condição.
Para padronização no uso dos critérios de diagnóstico utilizados, foi
realizado um treinamento teórico e um prático realizado em 10 crianças com
idade entre três e cinco anos em uma escola de educação infantil. Após, foi
determinado o coeficiente kappa inter-examinadores, sendo examinadas 20
crianças selecionadas, simulando as condições do estudo. O valor médio do
coeficiente kappa dos examinadores para o índice ceod foi de 0,89, diminuindo
para 0,72 quando considerada a lesão de cárie em esmalte (ceod m). A
variação intra-examinador foi avaliada pelo cálculo do coeficiente kappa antes
do início da coleta dos dados, com o reexame de 10% das crianças, em
intervalo de sete dias, resultando em valor médio de kappa de 0,86 para ceod e
0,85 para ceod m. Durante a coleta dos dados houve o reexame de 5% da
36
amostra, escolhida aleatoriamente, resultando em um coeficiente kappa de
0,87 para cárie dentária, mantendo a qualidade da informação diagnóstica.
.
Análise dos dados
Os dados foram transferidos para arquivos com digitação dupla
utilizando EpiInfo 6.04, verificando-se posteriormente a consistência das
informações. Para a análise foi utilizado o programa Stata 9.0, sendo
inicialmente realizadas análises descritivas das variáveis coletadas. Testes
não-paramétricos (Mann-Whitney e Kruskall-Wallis) foram utilizados nas
comparações dos valores do ceod m entre categorias e para sua severidade.
Análises bi e multivariáveis foram realizadas por meio de regressão de
Poisson, com resultados expressos em razões de prevalências
21
. A análise
multivariada foi baseada em um modelo conceitual previamente estabelecido,
onde foram considerados quatro níveis hierarquizados de determinação do
desfecho. O primeiro foi representado pelas variáveis socioeconômicas e
demográficas (idade, sexo, cor, renda, educação); o segundo pelo tipo de
escola (municipal ou particular); o terceiro pela freqüência de açúcar de
escovação e, o quarto, pela presença de placa e de sangramento gengival.
Aspectos éticos
Este trabalho foi aprovado com número 024/2006 no CEP (Comitê de
Ética em Pesquisa) da Faculdade de Odontologia da UFPel, Pelotas, Brasil.
Por se tratar de uma pesquisa envolvendo o exame da cavidade bucal de seres
humanos, sua execução pressupôs a utilização de consentimento livre e
esclarecido, com o objetivo de informar a finalidade do estudo, assim como as
condições de realização do mesmo
.
RESULTADOS
A taxa de resposta do estudo foi de 89%
(n= 573), com as perdas e
recusas representando 11% (74 crianças: 17 de escolas públicas e 57 de
escolas particulares). Três crianças foram excluídas da análise, devido à
ausência de algum dado essencial para o desenvolvimento do estudo. Entre os
questionários, algumas questões deixaram de ser respondidas, o que não
comprometeu o aproveitamento dos mesmos.
37
Das 570 crianças consideradas, 279 (48,9%) eram do sexo feminino e
291 (51,1%) do sexo masculino, sendo que a idade média foi de 48,32 meses.
Quanto ao tipo de escola, 237 (41,6%) estavam matriculadas nas escolas
municipais e 333 (58,4%) nas escolas particulares.
Considerando a escolaridade materna, 20,1% (112/570) possuíam
menos de oito anos de estudo, 51,6% (287/570) entre oito e 11 anos e 28,2%
(157/570) 12 anos ou mais. Ao avaliar a renda familiar, a mesma variou de R$
95,00 (aproximadamente $ 56,00) a R$ 20.000,00 ($ 11.764,00), com média de
R$ 1.436,00 ($ 844,00), sendo que, 26,2% (123/570) recebiam menos ou um
salário mínimo (sm), 41,1% (193/570) acima de um até 3,5 salários mínimos e
32,8% (154/570) acima de 3,5 salários mínimos.
Para avaliação d os índices ceod e ceod m, foram diminuídos 406
dentes que não estavam eruptados e 37 que foram excluídos, sendo
considerados 10.957 dentes. Deles, 559 estavam cariados e cavitados, dois
foram perdidos por cárie, 42 estavam restaurados, 465 tinham lesão branca em
esmalte (99,6 % nos anteriores) e 284 lesões pigmentadas em esmalte (95,1%
nos posteriores). Nas crianças o ceod médio foi de 1,06 e 2,37 com a inclusão
das lesões em esmalte. Aos cinco anos de idade, o componente restaurado
representou 5,4% dos dentes acometidos (30/555), os dentes perdidos 0,2%
(1/555), as lesões cavitadas em dentina 47% (261/555) e as em esmalte 47,4%
(263/555).
Do total de crianças examinadas, considerando tanto o índice ceod
como o ceod m, 71,4% (407/570) e 50,9% (290/570) estavam livres de cárie,
sendo que o valor diminuiu com o aumento da idade (figura 1) e com a inclusão
das lesões em esmalte, chegando, respectivamente, a uma média de 55,5% e
38% das crianças livres de cárie aos cinco anos de idade.
A tabela 1 apresenta a análise bruta da associação entre ceod m e
variáveis independentes, com seus valores mínimos e máximos, e as médias
nos diferentes grupos. Houve diferença estatística quando consideradas as
variáveis idade (P<0,001), escolaridade materna (P<0,001), renda familiar
(P<0,001), tipo de escola (P = 0,015) e presença de placa (P<0,001); não
havendo diferença significante com o sexo da criança (P = 0,077), o número de
escovações dentárias (P = 0,226) e a freqüência do consumo de doce (P =
38
0,083). Ainda na mesma tabela, é possível observar a média do índice ceod e o
desvio-padrão em cada grupo.
A análise ajustada da associação entre ceod m e variáveis
independentes pode ser vista na tabela 2. Com relação ao sexo, foi observado
que os meninos possuem um risco 13% maior que as meninas de desenvolver
a doença cárie, porém sem confirmação estatística (P=0,094). No entanto,
através das razões de prevalência bruta, foi possível verificar que o
desenvolvimento da doença está significativamente associado com a idade da
criança (P<0,001), sendo que quando comparadas às crianças de um ano de
idade, as de três anos m duas vezes mais chance de desenvolver a doença.
Quando realizada a análise ajustada essa chance é exacerbada, passando
para 2,5 vezes mais.
Também houve associação significativa com a escolaridade materna,
quando realizadas as análises brutas (P<0,001) e ajustadas (P=0,001). As
mães com escolaridade ≥12 anos de estudo, possuem 56% menos chance de
desenvolver a doença que as que têm entre 8-11 anos, sendo que as últimas
possuem 81% menos chance que as que têm <8 anos de estudo, com a
realização de análise bruta. Após realização de análise ajustada os riscos
diminuem, no entanto, continuam a existir, principalmente com relação aos dois
extremos, com as mães com as maiores escolaridades possuindo um risco
65% menor no desenvolvimento da doença cárie.
Com relação à renda familiar (P<0,001), as maiores rendas foram
consideradas fatores de proteção contra a doença. As famílias com renda
inferior a 3,5 sm duas vezes mais chance de desenvolvê-la (análise bruta),
diminuindo esta chance para cerca de 80% com a análise ajustada.
Analisando a freqüência de consumo de doce, quando eliminados os
fatores confundidores (análise ajustada) o risco do desenvolvimento da doença
desapareceu. Entretanto, apenas 3,2% e 5,6% dos participantes relataram não
gostar de doces e comer doces menos de uma vez por dia, respectivamente.
Considerando o tipo de escola, as crianças das escolas municipais
possuíam 25% mais chance de ter cárie dentária que as das escolas
particulares (P=0,007). Com a realização da análise ajustada, essa tendência
foi invertida, com as crianças de escolas particulares possuindo 18% mais
chance que as de escolas públicas (0,050). Na avaliação da variável freqüência
39
de escovação, não pôde ser observada diferença estatística em nenhuma das
análises (bruta: P=0,147; ajustada P=0,676), apesar da menor prevalência de
cárie (37,8%) ser encontrada nas maiores freqüências.
Quanto à presença de placa, as crianças que apresentam placa
generalizada possuem risco quase três vezes maior de desenvolver a doença,
que as crianças com ausência de placa, sendo que quando comparada esta
última com a presença de placa localizada, a presença do fator determinante
aumenta em mais de 100% o risco da doença (análise bruta: P<0,001). Com a
análise ajustada, essa relação continua existindo (P<0,001).
Para severidade da cárie, as crianças foram agrupadas em ceod m=0;
ceod m 1-4 e ceod m 5
27,35
. O número de dentes acometidos foi no máximo
17, sendo 29,5% (168/570) com ceod m 1-4, 19,6% (112/570) com ceod m 5,
representando 67% (906/1352) de todas as lesões. O sexo não mostrou ter
significância com a severidade, embora maior nos meninos (tabela 3). A idade
influenciou na severidade, sendo que, com um ano nenhuma das crianças tinha
5 ou mais dentes acometidos. Nas demais idades os valores foram de 14%
(10/72), 14,8% (20/135), 20% (34/169) e 29,5% (48/163) das crianças com
ceod m 5, respectivamente para dois, três, quatro e cinco anos. As crianças
com ceod m
≥5 passaram de 7% para 33%, quando a escolaridade materna
reduziu de 12 ou mais anos para menos de 8 anos de estudo.
DISCUSSÃO
Através deste estudo foi possível constatar que aproximadamente
metade da população estudada, tem ou teve a doença cárie dentária em algum
momento da vida, quando utilizado o índice ceod m. Poucos estudos incluíram
as lesões em esmalte nos critérios de diagnóstico da doença, o que dificulta a
comparação em nível nacional, principalmente quando consideradas as lesões
pigmentadas. No entanto, estas lesões ao microscópio eletrônico de varredura,
possuem o mesmo aspecto ultra-estrutural do esmalte da lesão de cor branca,
podendo ser a pigmentação proveniente de colorações exógenas ou material
orgânico da saliva e/ou de origem bacteriana
22
. Além disso, lesões pigmentadas
em superfícies oclusais, consideradas como acometendo esmalte, podem estar
em nível de dentina
23
.
40
Ao comparar os índices ceod e ceod m na faixa dos cinco anos de
idade, pôde-se perceber que com a inclusão das lesões em esmalte o valor
médio do índice dobrou, passando de 1,79 para 3,40, o que demonstra uma
diminuição na prevalência da doença quando computadas apenas as lesões
cavitadas. A avaliação da experiência de cárie deve ser conduzida para permitir
um planejamento que não se resuma em ações restauradoras da forma
dentária perdida, mas que inclua ações educativas, preventivas para
restabelecer o equilíbrio da cavidade bucal e manutenção das estruturas
dentárias.
Assim, com a detecção das lesões de esmalte pode-se planejar
ações de acordo com a necessidade da população. Considerando este estudo
55% das crianças tinham lesão de cárie em esmalte; como exemplo, os
segundos molares aos três anos apresentavam 28 lesões em dentina cavitada
e 33 lesões de esmalte pigmentado e aos quatro anos havia 59 dentes
cavitados, sugerindo uma progressão da lesão, como comprovado em estudo
longitudinal para os incisivos anteriores
19
. Portanto, se houvesse um
diagnóstico precoce, controlando os fatores determinantes da presença da
doença com equilíbrio no processo cárie dentária, não haveria necessidade de
tantas intervenções restauradoras.
No entanto, foram utilizados alguns dados com base no índice ceod,
podendo assim traçar uma comparação com estudos realizados no território
Nacional
e com as metas da OMS para 2010
24
. Em 1999 na cidade de
Diadema, Brasil, 56.6% das crianças aos quatro anos estavam livres de cárie
25
,
assim como na cidade de Araraquara, onde este resultado foi de 54%,
considerando as idades de três a quatro anos
17
. Neste estudo, os valores foram
de 69,2% das crianças livre de cárie aos quatro anos de idade, evidenciando
valores melhores, embora com um intervalo de mais de seis anos entre os
estudos.
Quando comparado aos dados de 2003 do Brasil
26
em que, na idade
de cinco anos, quase 60% das crianças apresentavam a doença, com índice
ceod 2,80, nossos resultados foram uma prevalência de 44,8% e índice ceod
de 1,79. Apesar das prevalências terem diminuído neste intervalo de quatro
anos, estamos aquém das metas traçadas pela OMS para o ano de 2010
24
,
quando 90% das crianças deverão estar livres da doença. Retornando ao
41
índice com inclusão das lesões em esmalte, nossa prevalência aumenta para
62% das crianças aos 5 anos com algum sinal da doença cárie.
Considerando toda a população o aumento é de 28,6% para 49,1%,
resultado consistente com o de Ferreira SH et al.
7
, que estudando uma
população em situações semelhantes encontrou uma prevalência de cárie de
40%, sendo que a diferença foi possivelmente devido à inclusão de lesões
pigmentadas em nosso estudo, que representou 38% (284/749) das lesões
consideradas em esmalte.
Embora estudos apontem o fenômeno da polarização em crianças
mais forte, podendo acometer 9,6% a 12% das crianças
7, 27
, nossos dados
mostraram um leve aumento, provavelmente em função do ceod m, quando um
pouco menos de 20% das crianças detinham 67% das lesões, no entanto
segue o que é estimado para a população, justificando modelos de predição de
cárie
28
.
Quanto ao sexo, não observamos diferença estatística na
susceptibilidade e severidade da cárie entre meninos e meninas. Portanto,
apesar da tendência do sexo masculino apresentar um maior número de lesões
de cárie dentária e maior severidade, não podemos considerar o mesmo como
um fator de proteção para a doença. No entanto, pode ser encontrada
diferença entre os sexos, com os meninos apresentando maior probabilidade
de desenvolver a doença que as meninas, mas as meninas apresentarem
significativamente maior severidade
27
.
O acréscimo na prevalência de cárie com o aumento da idade também
foi consistente com a literatura
5, 7, 29
. Porém, considerando o caráter cumulativo
da doença, não podemos considerar as crianças mais velhas como mais
vulneráveis. No presente estudo os maiores incrementos encontrados, foram
de um para dois anos de idade, quando a probabilidade do desenvolvimento da
doença aumenta em quase 100%. Esta aumentou ainda mais quando
comparadas às idades de um e três anos, quando provavelmente, as crianças
apresentam dentição decídua completa. Isso demonstra a necessidade de um
aprofundamento da atenção à saúde bucal em estágios iniciais da infância,
com as políticas públicas voltadas à atenção precoce. Também o número de
lesões aumentou com a idade, sendo que as crianças com cinco ou mais
42
lesões, passaram de 14% aos dois anos de idade para 29,5% para aos cinco
anos de idade.
Vários estudos
7, 12, 17, 30, 31
, mostram uma forte associação da
prevalência e severidade de cárie dentária com o fator socioeconômico
(escolaridade materna e renda familiar). Este, por sua vez, determina os
padrões comportamentais e o estilo de vida, que são amplamente associados à
promoção de saúde e à proteção contra doenças
12
. O nível de educação é
considerado um importante marcador socioeconômico, pois pode ser aplicado
a ambos os sexos e ser comparado entre diferentes regiões
12
.
Além disso,
altos níveis de educação são, geralmente, associados às maiores
responsabilidades, aos melhores empregos, moradias e posições sociais, o
que reflete no estado de saúde da população
12
.
Com relação ao tipo de escola não fica clara sua influência sobre a
cárie dentária. No entanto, se o considerarmos dentro do fator socioeconômico,
constatamos que as escolas municipais atendem as classes sociais mais
desfavorecidas socialmente, o que está diretamente associado com o
desenvolvimento da doença.
Quando considerados os hábitos comportamentais, freqüência de
consumo de doce e de escovação, apesar da estabelecida influência que
exercem sobre a doença
32, 33
, não encontramos relação significante mediante
análise ajustada. Entretanto, com relação ao consumo de alimentos
açucarados, sua freqüência possuiu relação direta com o risco de
desenvolvimento da doença, com as maiores freqüências associadas aos
maiores índices ceod m. Porém, novamente os resultados podem sofrer
influência de outros fatores, como o fator socioeconômico, especialmente com
relação à classe social
34
, e os hábitos familiares, que regulam as preferências
alimentares das crianças
35
. Sendo assim, mesmo que não influencie
momentaneamente no desenvolvimento da doença, o consumo de doces nas
fases iniciais da vida pode refletir na saúde bucal da criança mais tarde
36
.
No que diz respeito à freqüência de escovação dentária, nossos dados
são semelhantes aos de outro estudo
13
, no qual também não foi encontrada
diferença estatisticamente significante com relação aos hábitos de higiene
bucal. No entanto, pôde-se constatar que o menor risco de desenvolvimento da
doença cárie dentária foi observado com as maiores freqüências de escovação,
43
ou seja, quatro vezes diárias ou mais, sugerindo o papel do controle do biofilme
bacteriano no desenvolvimento da doença. Percebemos também que a grande
maioria dos responsáveis (71,8%) relataram uma freqüência de escovação
entre duas e três vezes diárias, o que nos alerta para um possível
condicionamento das respostas, visto que as campanhas publicitárias indica
que escovar os dentes três vezes por dia seria o ideal.
A relação entre placa e cárie dentária existe
13, 37
, sendo esta
considerada o fator determinante no desenvolvimento da lesão. Essa
associação também foi encontrada por nós, visto que a probabilidade do
desenvolvimento da doença aumentou conforme o acúmulo de placa. Das
crianças que apresentavam placa generalizada, 90% possuíam lesões de cárie
dentária. A presença de placa dentária nos incisivos superiores é uma
evidência clínica facilmente perceptível
13
, que é relevante na determinação de
grupos de risco para o desenvolvimento da doença, especialmente
considerando que estes são os dentes mais afetados e que a lesão pode
ocorrer de 3-6 meses após a sua erupção
19
. Isso demonstra a importância do
controle do biofilme bacteriano na redução da prevalência da doença
14
,
justificando a introdução da limpeza da cavidade bucal de forma precoce e
efetiva para instituir o bom hábito familiar.
CONCLUSÕES
Os resultados encontrados neste estudo nos mostraram que:
Considerando os índices ceod e ceod m, respectivamente, 71,4% e
50,9% das crianças estavam livres de cárie, sendo para a idade de cinco anos
em média de 55,5% e 38%, respectivamente;
Em média, 19,6% das crianças apresentavam ceod m 5,
aumentando com a idade, presença de placa dentária e, diminuindo com
aumento da escolaridade materna;
A prevalência de cárie diminuiu quando comparada ao histórico
nacional, mas continua sendo alta, principalmente se consideradas as lesões
em esmalte e a severidade de seu acometimento;
A saúde bucal da criança está diretamente relacionada com a idade,
nível de educação materna, renda familiar e presença de placa bacteriana,
demonstrando a importância dos fatores socioeconômicos familiares no
44
processo cárie dentária, extrapolando os aspectos biológicos para efetivamente
se obter saúde bucal e qualidade de vida.
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47
96,8
87,5
79,3
69,2
55,2
71,4
77,4
59,7
54,8
51,5
38
50,9
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos Média
total
%
ceod ceod m
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FIGURA
Figura 1. Porcentagem de crianças livres de cárie da dentária de acordo
com a idade e o índice utilizado (n=570)
48
TABELAS
Tabela 1 Análise bruta da associação entre “ceod m” e variáveis independentes.
Variáveis
ceod com lesões iniciais de cárie
(ceod m)
N(%) Mín Máx Média(DP)
P*
ceod
(DP)
Sexo
0,077
Masculino 291 (51,1) 0 16 2,53 (3,29) 1,16(2,34)
Feminino 279 (48,9) 0 17 2,21 (3,40) 0,95(2,16)
Idade
(anos)
<0,001
1 ano 31 (5,4) 0 4 0,68 (1,40) 0,03(0,18)
2 anos 72 (12,6) 0 13 1,88 (2,94) 0,58(1,90)
3 anos 135 (23,7) 0 15 1,98 (2,95) 0,59(1,54)
4 anos 169 (29,6) 0 17 2,21 (3,12) 1,12(2,33)
5 anos 163 (28,6) 0 16 3,40 (4,00) 1,79(2,76)
Escolaridade materna
<0,001
< 8 anos 112 (20,1) 0 16 3,88 (3,78) 1,62(2,66)
8-11 anos 287 (51,6) 0 17 2,45 (3,42) 1,22(2,43)
≥12 anos 157 (28,2) 0 14 1,15 (2,33) 0,33(1,13)
Renda familiar
<0,001
≤1 sm** 123 (26,2) 0 16 3,08 (3,94) 1,46(2,78)
1,1-3,5 sm 193 (41,1) 0 17 2,73 (3,34) 1,13(2,29)
>3,5 sm 154 (32,8) 0 12 0,97 (2,05) 0,34(1,14)
Tipo de escola
0,015
Municipal 237 (41,6) 0 17 2,69 (3,49) 1,29(2,54)
Particular 333 (58,4) 0 15 2,14 (3,23) 0,89(2,01)
Fr
eqüência de consumo de doce
0,083
Não gosta de doce 18 (3,2) 0 9 1,39 (2,55) 0,67(1,33)
< 1 vez/dia 275 (49,5) 0 17 2,35 (3,42) 1,02(2,30)
1 - 4 vezes/dia 252 (45,3) 0 15 2,44 (3,34) 1,11(2,23)
> 4 vezes/dia 11 (2,0) 0 13 4,27 (3,82) 2,09(3,36)
Freqüência escovação
0,226
Não escova 21 (3,8) 0 13 2,95 (3,47) 1,10(2,70)
<1 vezes/dia 31 (5,6) 0 9 2,52 (3,00) 1,03(1,94)
1 vezes/dia 60 (10,8) 0 11 2,83 (3,34) 1,32(2,36)
2 vezes/dia 210 (37,8) 0 15 2,33 (3,38) 1,06(2,20)
3 vezes/dia 189 (34,0) 0 17 2,43 (3,51) 1,11(2,47)
≥ 4 vezes/dia 45 (8,1) 0 13 1,56 (3,00) 0,67(1,54)
Presença de Placa
<0,001
Ausente 372 (65,5) 0 14 1,27 (2,34) 0,58(1,64)
Localizada 176 (31,0) 0 16 4,08 (3,56) 1,59(2,31)
Generalizada 20 (3,5) 0 17 8,15 (4,99) 5,35(4,89)
* Testes Mann–Whitney (sexo, cor da pele, tipo de escola, sangramento gengival) ou Kruskal–
Wallis (idade, educação materna, renda familiar, número escovações, consumo de doce, presença
de placa).
** sm= salários mínimos
49
Tabela 2 Análise ajustada da associação entre “ceod m” e variáveis
independentes; RP =razão de prevalência
Variáveis
Presença de cárie
Análise bruta Análise ajustada
% RP IC
95%
P RP IC
95%
p
Sexo
0,094
h
0,114
h
Masculino 52,6 1,00 - 1,00 -
Feminino 45,5 0,87 0,73-1,02 0,86 0,72-1,04
Idade
(anos)
<0,001
t
<0,001
t
1 ano 22,6 1,00 - 1,00 -
2 anos 40,3 1,78 0,88-3,63 1,97 0,87-4,44
3 anos 45,2 2,00 1,02-3,94 2,47 1,15-5,34
4 anos 48,5 2,15 1,10-4,20 2,84 1,33-6,08
5 anos 62,0 2,74 1,41-5,33 3,34 1,57-7,11
Escolaridade materna
<0,001
t
0,001
t
< 8 anos 74,1 2,37 1,84-3,07 1,65 1,15-2,36
8-11 anos 48,8 1,56 1,20-2,03 1,16 0,82-1,63
≥12 anos 31,2 1,00 - 1,00 -
Renda familiar
(sm*)
<0,001
t
0,009
t
≤1 sm 56,9 2,14 1,58-2,90 1,80 1,23-2,62
1,1-3,5 sm 57,0 2,14 1,60-2,86 1,84 1,30-2,62
>3,5 sm 26,6 1,00 - 1,00 -
Tipo de escola
0,007
h
0,050
h
Municipal 55,7 1,25 1,06-1,48 0,82 0,67-1,00
Particular 44,4 1,00 - 1,00 -
Freqüência de consumo de doce
0,038
t
0,075
t
o come doce
38,9 1,00 - 1,00 -
< 1 vez/dia 46,6 1,20 0,66-2,17
1,04 0,58-1,85
1 - 4 vezes/dia 51,2 1,32 0,73-2,38
1,16 0,65-2,07
> 4 vezes/dia 81,8 2,10 1,11-4,00
1,85 1,01-3,41
Freqüência escovação
0,147
t
0,676
t
Não escova 57,1 1,51 0,89-2,56 1,37 0,60-1,96
<1 vez/dia 51,6 1,37 0,82-2,27 1,06 0,49-1,58
1 vez /dia 58,3 1,54 1,00-2,38 1,23 0,77-1,86
2 vezes/dia 45,7 1,21 0,81-1,81 1,18 0,74-1,63
3 vezes/dia 50,8 1,34 0,90-2,01 1,23 0,82-1,79
4 vezes/dia 37,8 1,00 - 1,00 -
Placa visível
<0,001
t
<0,001
t
Ausente 34,7 1,00 - 1,00 -
Localizada 75,6 2,18 1,85-2,56 2,06 1,70-2,49
Generalizada 90,0 2,60 2,12-3,18 2,02 1,53-2,67
h
Teste de Wald para heterogeneidade * sm= salários mínimos
t
Teste de Wald para tendência linear
50
Tabela 3 Análise da severidade da cárie e variáveis independentes,
Incluindo as lesões em esmalte
Variáveis
Dentes acometidos
N (%) ceod m 0(%) ceod m 1-4(%)
ceod m 5(%)
Sexo *
Masculino 291 (51,1) 138(47,4) 92(31,6) 61(21,0)
Feminino 279 (48,9) 152 (54,5) 76(27,2) 51(18,3)
Idade**
1ano 31 (5,4) 24 (77,4) 07(22,6) 0
2 anos 72 (12,6) 43(59,7) 19(26,3) 10(14,0)
3 anos 135 (23,7) 74(54,8) 41(30,5) 20 (14,7)
4 anos 169 (29,6) 87(51,5) 48(28,5) 34 (20,0)
5 anos 163 (28,6) 62(38,0) 53(32,5) 48 (29,5)
Escolaridade materna**
< 8 anos 112 (20,1) 29 (25,9) 46 (41,1) 37(33,0)
8-11 anos 287 (51,6) 147 (51,2) 78(27,2) 62(21,6)
≥12 anos 157 (28,2) 108(68,8) 38(24,2) 11 (7,0)
Presença de
Placa**
Ausente 372 (65,5) 243(65,3) 95(25,5) 34 (9,2)
Localizada 176 (31,0) 43(24,4) 70 (39,8) 63 (35,8)
Generalizada 20 (3,5) 02(10,0) 03(15,0) 15 (75,0)
* NS (não significante, >0,05,Mann–Whitney);
** S (significante <0,05, Kruskal–Wallis)
51
4. CONCLUSÕES
Os resultados encontrados neste estudo nos mostraram que:
Considerando os índices ceod e ceod m, respectivamente, 71,4% e
50,9% das crianças estavam livres de cárie, sendo para a idade de cinco anos
em média de 55,5% e 38%, respectivamente;
Houve associação direta entre a doença e a idade e presença de placa
dentária e inversa com a renda familiar e com a escolaridade materna;
Em média, 19,6% das crianças apresentavam ceod m 5,
aumentando com a idade, presença de placa dentária e, diminuindo com
aumento da escolaridade materna;
A prevalência de cárie diminuiu em nível nacional, mas continua sendo
alta, principalmente quando consideradas as lesões em esmalte e a severidade
de seu acometimento, sugerindo a necessidade de ações educativas,
preventivas para restabelecer o equilíbrio da cavidade bucal e manutenção das
estruturas dentárias;
A saúde bucal da criança está diretamente relacionada com a idade,
nível de educação materna, renda familiar e presença de placa bacteriana,
demonstrando a importância dos fatores socioeconômicos familiares no
processo cárie dentária, extrapolando os aspectos biológicos para efetivamente
se obter saúde bucal e qualidade de vida.
52
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