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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
CÁLCULO DO INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GASES
EFEITO ESTUFA
ESTUDO DE CASO EM UMA INDÚSTRIA QUÍMICA
Elzbieta Mitkiewicz
Orientador:
Marco Antonio Gaya de Figueiredo, D.Sc, IQ/UERJ
Rio de Janeiro, Agosto, 2007
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
Cálculo do Inventário de Emissões de Gases Efeito Estufa
Estudo de caso em uma Indústria Química
ELZBIETA MITKIEWICZ
Dissertação submetida ao corpo docente do Programa de Pós-graduação em
Engenharia Química do Instituto de Química da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro como requisito final para a obtenção do título de Mestre em Ciências em
Engenharia Química.
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________
Prof. Dr. Marco Antonio Gaya de Figueiredo – PPGEQ/UERJ (orientador)
_____________________________________________________________
Prof. Dr. Fernando Altino Medeiros Rodrigues – IQ/UERJ
_____________________________________________________________
Dr. Roberto de Barros Emery Trindade - Petrobras
_____________________________________________________________
Prof. Dr. Ubirajara Aluizio de Mattos - FEN / UERJ
Rio de Janeiro, RJ – Brasil
Agosto - 2007
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iii
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ/REDE SIRIUS/CTC/Q
M684 Mitkiewicz, Elzbieta
Cálculo do inventário de emissões de gases efeito estufa, estudo
de caso em uma indústria química. / Elzbieta Mitkiewcz. – 2007.
X, 162 f.
Orientador : Marco Antonio Gaya de Figueiredo
Dissertação (mestrado) Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, Instituto de Química.
1. Gases de combustão Levantamentos Teses. 2. Dióxido de
carbono Estudo de casos – Teses. 3. Ar - Poluição – Teses. I.
Figueiredo, Marco Antonio Gaya de. II. Universidade do Estado do
Rio de Janeiro. Instituto de Química. III. Título.
CDU 504.3
iv
RESUMO
O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC) tem comprovado com
nível de confiança cada vez maior, ao longo dos últimos anos, a forte relação entre o aumento
da temperatura média global e o aumento dos gases de efeito estufa (GEE’s) principalmente
quanto ao gás que mais contribui para a composição desses gases: o gás carbônico ou CO
2
.
O Brasil se insere no rol dos emissores desse gás, principalmente devido ao desmatamento
das reservas florestais que possui. Assim, assumiu o compromisso na Convenção Quadro das
Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (United Nations Framework Convention on
Climate Change UNFCCC) de estabilizar suas emissões e inventariar periodicamente os seus
GEE’s. Dentro deste contexto, cabe também à indústria levantar sua parcela de
responsabilidade significativa neste processo ameaçador para a vida no planeta terra.
Desta forma, o principal objetivo do presente trabalho foi o de levantar e contabilizar o
Inventário dos GEE’s emitidos em 2006 por uma empresa que produz importantes insumos
para a indústria de petróleo. A pesquisa bibliográfica sobre a metodologia mais adequada e
sua aplicação para a empresa em estudo foram os principais objetivos específicos.
A autora não encontrou fatores de emissão de CO
2
(kg CO
2
/TJ do combustível, detalhado no
decorrer deste trabalho) desenvolvidos no Brasil para levantar o inventário, com um nível
razoável de confiança, que reflita a situação real e local. Toda a pesquisa bibliográfica feita
mostrou que os trabalhos realizados mesmo por órgãos governamentais brasileiros usaram a
metodologia do IPCC (versão anterior à usada neste trabalho) que foi elaborada por países
desenvolvidos, que não é o nosso caso ou realidade.
Foram feitas diversas visitas à empresa, levantadas todas as fontes potenciais de emissão,
consumos e características de todos os combustíveis usados, bem como o levantamento do
trabalho desenvolvido sobre geração de mudas de plantas no seu horto.
Através de cálculos por essa metodologia reconhecida mundialmente (IPCC) a autora
encontrou um valor em torno de 76.000 toneladas de CO
2
emitidos pela empresa em 2006. A
empresa neutralizou cerca de 80 toneladas de CO
2
, através da produção de mudas (para
doação e plantio em torno de uma área que é um passivo ambiental) em seu horto e o que
plantou na área desse passivo em 2006. Isso significou cerca de 0,1% do que emitiu.
Palavras-chave:
Inventário de emissões de gases de efeito estufa;
Metodologias para Inventário de emissões e de captura, armazenamento e seqüestro de CO
2
.
v
ABSTRACT
The Intergovernamental Panel Climate Change - IPCC from ONU has proved with higher
level of confidence, along last years, a strong relation between the global average temperature
increasing and the Greenhouse Gases increasing mainly about the biggest contributor to the
composition in these gases: the carbonic gas or CO
2
.
Brazil is included in the list of these gas polluters, mainly because of its deforestation. Then,
it assumed the commitment with United Nations Framework Convention on Climate Change
UNFCCC of stabilize and calculate his Greenhouse Gases (GHG) Inventory. In this context,
the industries must to survey their part of responsibility in this threatening process for the life
in this planet.
For the reasons above, the main purpose from the present work is to calculate the Greenhouse
Gases emissions inventory in 2006 from a enterprise that produces important inputs for a
petroleum industry.
The specific purposes were to research the bibliography about the most suitable methodology
and its application for this enterprise.
The author of this work didn’t find any emission factors for CO
2
developed in Brazil for
calculate the inventory, with a reasonable level of confidence, which can show the real and
local situation about this subject. Then, the entire bibliographic search done showed that the
works found even in governmental institutions used the IPCC methodology, done by
developed countries, that isn’t our reality.
For this study, it was done several visits to that enterprise and identified all the sources from
these GHG, fuel uses and their quantities and intensive bibliographic searches about several
national and international methodologies. It was seen the developed work done by this
enterprise about generation of seedling (plants) in its market garden. It was chosen the IPCC
methodology that was the tool to calculate about 76.000 t of CO
2
emitted by the enterprise in
2006. This studied enterprise neutralized 80 t of CO
2
, through the production of plants
cuttings (for donation to people and to plant in around an area that is an environmental
passive) in its market garden and what it planted in that passive area in 2006. This was about
0,1% on that it emitted.
Key- words:
Greenhouse gases Emissions Inventory.
Methodologies for Greenhouse gases Emissions Inventory and CO
2
capture and storage.
vi
SUMÁRIO
RESUMO...................................................................................................................................iv
ABSTRACT................................................................................................................................v
LISTA DE FIGURAS E DE GRÁFICOS...............................................................................viii
LISTA DE TABELAS...............................................................................................................ix
LISTA DE ABREVIATURAS..................................................................................................xi
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................1
2. METODOLOGIA DE TRABALHO ..................................................................................4
3. EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA ...............................................................6
3.1 Mudanças Climáticas e Emissões......................................................................................7
3.1.1 Quais são os GEE’s e suas fontes?.....................................................................................7
3.1.2 O que é efeito estufa e qual o processo de sua formação?..............................................11
3.1.3 Quais e porque as conseqüências tão temidas? ..............................................................13
3.2 Histórico.............................................................................................................................22
3.2.1 Mudanças Climáticas: Evolução dos debates.................................................................22
3.3 O Protocolo de Kyoto........................................................................................................26
4. MECANISMOS PARA CAPTURA, ESTOCAGEM E FIXAÇÃO DE CO
2
...............28
4.1 Principais métodos para captura de CO
2
.......................................................................29
4.2 Principais métodos para estocagem de CO
2
...................................................................29
4.3 Reflorestamento................................................................................................................32
5. PRINCIPAIS TRABALHOS COM METODOLOGIAS DE INVENTÁRIO DE
EMISSÕES..............................................................................................................................45
5.1 Primeiro inventário brasileiro de emissões antrópicas de gases de efeito estufa
emissões de dióxido de carbono por queima de combustíveis: abordagem “top-down”. 47
5.2 - Coeficientes da matriz de emissões ..............................................................................52
5.3 - Avaliação das Emissões de CO
2
pelo uso do Processo “Top-Down” Estendido.......55
5.4 Primeiro inventário brasileiro de emissões antrópicas de gases de efeito estufa por
queima de combustíveis (abordagem bottom-up) COPPE/MCT.......................................56
5.5 Transportes........................................................................................................................57
5.6 - IPCC 2006 .......................................................................................................................60
5.7 – Projeto de Norma ABNT/CB-38 38:009.01-001/1.......................................................62
6. ESTUDO DE CASO............................................................................................................64
vii
6.1 - Descrição Resumida da Empresa .................................................................................64
6.2 Situação ambiental da empresa pesquisada...................................................................66
6.2.1 Caracterização Geológica da região de contorno da empresa estudada.......................66
6.2.2 Caracterização Hidrogeológica......................................................................................66
6.2.3 Histórico do passivo ambiental .......................................................................................66
6.2.4 Ações na área ambiental..................................................................................................67
6.3 Levantamento do Inventário de emissões ......................................................................70
6.3.1 Considerações preliminares............................................................................................70
6.3.2 Levantamento por Fontes e Gases emitidos...................................................................75
6.3.3 Síntese dos resultados......................................................................................................92
7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.........................................................................96
7.1 Conclusões..........................................................................................................................96
7.2 Recomendações específicas à empresa ...........................................................................97
7.3 Recomendações gerais......................................................................................................97
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA......................................................................................98
ANEXO I
ANP - PORTARIA Nº 104, DE 8 DE JUlHO DE 2002 Especificação de GN
ANEXO II
ABNT/CB-38 PROJETO 38:009.01-001/1 JANEIRO:2007
ANEXO III
Dados e cálculo de CO
2
absorvido pela vegetação da empresa estudada
ANEXO IV
GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA E CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS
ANEXO V
ANUÁRIO ESTATÍSTICO da ANP de 2005
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1. Participação relativa dos GEE´s na atmosfera .......................................................12
Figura 3.2 Processo de formação do efeito estufa....................................................................13
Figura 3.3 Concentrações atmosféricas passadas e futuras de CO
2
..........................................15
Figura 3.4 Variação da temperatura da superfície da terra de 1000 a 2100 .............................16
Figura 3.5 Concentrações atmosféricas de importantes GEE’s de vida longa nos últimos 2.000
anos...........................................................................................................................................18
Figura 3.6 Variação da temperatura da superfície da terra com a da concentração de CO
2
atmosférico................................................................................................................................19
Figura 3.7 Mudanças na temperatura, nível do mar e cobertura de neve no hemisfério
norte..........................................................................................................................................20
Figura 3.8 Contribuição para a força radiativa.........................................................................21
Figura 3.9 Interações entre os parâmetros que influenciam no clima.......................................22
Figura 4.1 Alternativas para captura e estocagem de CO
2
........................................................30
Figura 4.2 Alternativas para armazenamento geológico...........................................................31
Figura 4.3 Esquema simplificado da fotossíntese.......................................
..............................35
Figura 4.4 – Cloroplastro..........................................................................................................36
Figura 4.5 Representação de fotossíntese.................................................................................36
Figura 6.1 Fluxograma da empresa avaliada............................................................................65
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 6.1 - Participação por tipo de emissão........................................................................92
Gráfico 6.2 - Determinação da maior fonte das emissões diretas............................................93
Gráfico 6.3 - Participação das fontes de outras emissões indiretas.........................................94
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 Potenciais de aquecimento Global (GWH) e tempos de vida atmosférica
(anos).........................................................................................................................................10
Tabela 4.1 Listagem das espécies trabalhadas com o respectivo valor do carbono resgatado
por indivíduo por ano................................................................................................................39
Tabela 4.2 Densidade e estrutura de algumas espécies maduras da mata atlântica................44
Tabela 5.1 Fatores de emissão FEC (t C/TJ) usados no 1º Inventário Brasileiro (Top Down)50
Tabela 5.2 Fração de carbono oxidado.....................................................................................53
Tabela 5.3 Valores comparativos de FEC’s para 2004.............................................................55
Tabela 5.4 Fatores de emissão para carros de passeio..............................................................59
Tabela 5.5 Fatores de emissão para ônibus...............................................................................59
Tabela 6.1 Valores de tC/TJ de CO
2
e de kg CO
2
/TJ (IPCC 1996 e 2006)..............................72
Tabela 6.2 FE’s de CH
4
e N
2
O para fontes estacionárias.........................................................73
Tabela 6.3 Diferença de FE’s por equipamento........................................................................73
Tabela 6.4 FE’s de CH
4
e N
2
O para fontes móveis..................................................................74
Tabela 6.5 Consumo de matérias primas (Potenciais geradores de GEE’s no Processo).........76
Tabela 6.6 – Consumos de combustíveis pela retroescavadeira, empilhadeiras e refeitório... 76
Tabela 6.7 - Dados e cálculo do consumo em litros de óleo diesel em transporte de cargas....77
Tabela 6.8 Dados e cálculo de consumos totais dos combustíveis para transporte de pessoas79
Tabela 6.9 Balanço de massa da sacarose para tratamento.......................................................80
Tabela 6.10 Dados de entrada para o cálculo dos consumos de combustíveis em unidades de
energia.......................................................................................................................................81
Tabela 6.11 Cálculo das Emissões Diretas de GEE’s...............................................................83
Tabela 6.12 Cálculo de Outras Emissões Indiretas de GEE’s..................................................85
Tabela 6.13 Cálculo de FEC e de CO
2
emitido de Álcool Etílico Anidro Combustível .........86
Tabela 6.14 Cálculo das emissões de CO
2
das biomassas........................................................87
Tabela 6.15 Geração de energia elétrica e consumo de combustíveis......................................88
Tabela 6.16 Consumo de combustíveis na geração de eletricidade no Brasil em 2006 e cálculo
de suas emissões........................................................................................................................90
Tabela 6.17 Cálculos das emissões nacionais em t CO
2
e / GWh.............................................91
x
LISTA DE ABREVIATURAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica
ANP – Agência Nacional do Petróleo
BEN - Balanço Energético Nacional
“Bottom-up” – “de baixo para cima”
CCS (Carbon Dioxide – CO
2
– Capture and Storage) – Captura e Armazenamento de dióxido
de carbono – CO
2
CCX – (Chicago Climate Exchange) – Bolsa do Clima de Chicago
CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (SP)
CFC’s - Clorofluorcarbonos
CO – Monóxido de carbono
COP – (Conference of Parties) Conferência das Partes
COPPE – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisas de Engenharia
DOE – (U.S. Department of Energy) – Departamento de Energia dos EUA
Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EUA – Estados Unidos da América
FE’s – Fatores de Emissão de GEE’s
FEC’s – Fatores de Emissão de Carbono
FEEMA – Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente
GEE’s – Gases de Efeito Estufa
GWP – (Global Warming Potential) – Potencial de Aquecimento Global (PAG)
HCFC’s Hidroclorofluorcarbonetos
IPCC – (Intergovernmental Panel on Climate Change) - Painel Intergovernamental de
Mudanças Climáticas
IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais
IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
ISO – (International Organization for Standarization) – Organização Internacional para
Padronização
MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia
MDL - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
MME – Ministério de Minas e Energia
xi
MOP – (Meeting of Parts) - Encontro das Partes
O
3
– Ozônio
ONS – Operador Nacional do Sistema elétrico
ONU – Organização das Nações Unidas
OSCIP e&e - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público Economia e Energia
PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
PPE - Programa de Planejamento Energético
Reference Manual – Manual de referência
SEMADS - Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
SO
x
– Óxidos de enxofre
SRES – (Special Report on Emissions Scenarios) - Relatório Especial sobre cenários de
emissão
tep – tonelada equivalente de petróleo
“Top-down” – “de cima para baixo”
UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
UNFCCC – (United Nations Framework Convention on Climate Change) – Convenção
Quadro das Nações Unidas para Mudança do Clima
WMO – (World Meteorological Organization) – Organização Meteorológica Mundial
1
1. INTRODUÇÃO
Diante dos constantes alertas sobre as mudanças climáticas globais e suas onerosas
conseqüências, além das catástrofes cada vez mais freqüentes observadas de fato, a
humanidade está começando a voltar sua atenção para a exausta fonte de vida que a acolhe: a
terra.
O IPCC - Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU tem emitido vários
relatórios alarmantes ao longo de 2007 (com nível de confiança cada vez maior que os dos
anos anteriores) que o aumento da temperatura média global está diretamente relacionado
com o aumento dos gases de efeito estufa (GEE’s) de origem antrópica, principalmente
quanto ao que mais contribui para a composição desses gases: o gás carbônico ou CO
2
.
O Brasil tem compromisso assumido em inventariar periodicamente os seus GEE’s, de acordo
com o artigo 4 [1] da Convenção-Quadro das Nações Unidas para Mudança do Clima
(UNFCCC, em inglês) quando a assinou em junho de 1992. Essa Convenção foi ratificada
pelo Congresso Nacional, em fevereiro de 1994. A Convenção entrou em vigor para o Brasil
em maio de 1994, no nonagésimo dia após a ratificação pelo Congresso Nacional. Dentro
deste contexto, cabe à indústria levantar sua significativa parcela de responsabilidade neste
processo ameaçador para a vida neste planeta.
O objetivo geral deste trabalho foi o de levantar e contabilizar o Inventário dos GEE’s
emitidos em 2006 por uma indústria química que produz importantes insumos para a indústria
de petróleo, bem como o CO
2
fixado através da produção, doação e plantação de mudas em
seu horto.
Para tal fim, os objetivos específicos foram:
Pesquisar e encontrar métodos confiáveis e adotados no País ou no exterior para o
cálculo do inventário de emissões da empresa;
Aplicar o método mais confiável e referenciado nacional e internacionalmente, que foi
o do IPCC na sua última versão (2006) e encontrar a forma de apresentar o inventário.
Pesquisar e encontrar bibliografia sobre cálculo de fixação (ou neutralização no
sentido de compensação) de CO
2
pela vegetação plantada na empresa ou doada a 3
os
.
2
Todos os trabalhos pesquisados sobre levantamento desse tipo de inventário se basearam nos
métodos do IPCC, principalmente em suas versões anteriores. Como exemplo, o 1º Inventário
Nacional de GEE’s, coordenado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) foi
realizado, usando a versão do IPCC de 1996 revisada com algumas adaptações ao sistema
energético brasileiro.
É importante frisar que o inventário da empresa estudada neste trabalho não foi obtido por
medições dos gases de efeito estufa e sim através de cálculos das emissões desses GEE’s, a
partir de fatores de emissão (tabelados nos métodos do IPCC) expressos em toneladas de GEE
por unidade energética (em terajoule ou TJ = 10
12
J) dos combustíveis usados.
O método do IPCC escolhido para este trabalho se baseia principalmente no uso desses
fatores de emissão para cada combustível e para cada um dos GEE’s emitidos por diversas
fontes (estacionárias e móveis) de diferentes setores (no caso específico da empresa, foi
adotado o setor energia, pois usa combustíveis fósseis para geração de calor nas fontes
estacionárias e para força motriz em suas fontes móveis).
Esses fatores de emissão de carbono C (doravante denominados FEC’s) ou CO
2
(definidos no
Capítulo 5) são padrões (default, em inglês), apesar de que o teor de carbono varia até para o
mesmo combustível, pois não é uma substância pura e sim, uma mistura de hidrocarbonetos
que pode variar até mesmo entre campanhas ou bateladas. O mesmo acontece com a energia
liberada. Por esse motivo, as incertezas na determinação quantitativa das emissões são altas,
quando se usa os fatores do IPCC, que foram elaborados por outros países, onde os petróleos,
processos e derivados são diferentes entre si e do Brasil.
Apenas para se ter uma idéia da variabilidade das características dos combustíveis até dentro
do Brasil, o gás natural (um dos mais simples quanto à composição) principal combustível
usado pela empresa mencionada, tem especificações da ANP diferentes para o sudeste e norte
(ANEXO I).
Na pesquisa bibliográfica realizada, constatou-se que o Brasil ainda não desenvolveu seus
próprios fatores de emissão de GEE’s (doravante identificados por FE’s), ou seja, os fatos são
esses: ainda
temos que usar os fatores fora da nossa realidade, mas consagrados
3
mundialmente. Isso reforçou a autora usar os fatores tabelados da versão 2006 do IPCC.
Cumpre destacar a dificuldade para encontrar na pesquisa bibliográfica, as características
físico-químicas dos combustíveis brasileiros, necessárias para o cálculo do inventário em
questão. Foi encontrada apenas uma fonte (ANP) que continha valores médios dessas
características, sem considerar as faixas, num nível de confiança aceitável.
Quanto à fixação de CO
2
por vegetação, foram usados os valores de carbono resgatado pelas
espécies nativas do Paraná (de um artigo encontrado e apresentado no decorrer desta
dissertação) comuns às que foram plantadas na área da empresa. Para as espécies que não são
comuns às do artigo, estimou-se um valor médio na literatura encontrada, por sugestão da
bióloga da empresa estudada.
O presente trabalho apresenta no Capítulo 2, a metodologia de trabalho adotada para realizar
esta dissertação.
O capítulo 3 mostra o problema de Mudanças Climáticas, suas causas e conseqüências, além
de definir o que é o efeito estufa e os gases que o provocam.
O Capítulo 4 apresenta as tecnologias e procedimentos para captura e estocagem do principal
gás de efeito estufa (GEE): o gás carbônico ou CO
2
. Nesse Capítulo também são apresentados
trabalhos sobre seqüestro de CO
2
por vegetação.
O resultado da pesquisa dos trabalhos realizados com métodos existentes para o cálculo do
inventário de emissões de GEE’s está no Capítulo 5.
O Capítulo 6 apresenta a empresa em questão e o levantamento de suas fontes emissoras, bem
como o cálculo das emissões (inventário) através da metodologia escolhida e detalhada. Além
disso, apresenta e quantifica a situação atual da empresa, em termos de neutralização destes
gases.
Finalmente, no Capítulo 7 constam as conclusões e recomendações.
4
2. METODOLOGIA DE TRABALHO
Para levantar o inventário de GEE’s emitidos pela empresa estudada, foi realizada pesquisa
em diversas fontes bibliográficas nacionais e internacionais sobre cálculos de emissões desses
gases. Nessa pesquisa, ficou claro que não foram desenvolvidos fatores de emissão nacionais,
para diminuir as incertezas e refletir melhor a realidade brasileira quanto às suas emissões em
toneladas de GEE por unidade energética dos combustíveis.
Todos os trabalhos vistos adotaram os métodos do IPCC (versões anteriores) usando seus
fatores internacionais, à exceção de um estudo, que usou os fatores da versão mais nova do
IPCC (2006).
Foram também pesquisadas na internet (sites e e-mails para o MME, MCT, ANP) as
características médias dos combustíveis nacionais com seus desvios padrão (pelo menos
regionalmente) na tentativa de conseguir “fabricar” fatores de emissão locais e, portanto, mais
confiáveis.
Foi realizado um delineamento dos limites do projeto (físicos e temporais) e dos critérios
correspondentes adotados. Assim, foi definido o ano base (2006), bem como identificadas e
delimitadas as fontes sob a responsabilidade da empresa estudada. Não foram consideradas
neste trabalho, as emissões relacionadas com a obtenção dos insumos utilizados no processo
de fabricação do produto principal, a geração decorrente da utilização do produto gerado no
processo e nem do transporte aéreo.
Realizados levantamentos (através de visitas locais à empresa em questão) de todas as fontes
físicas de emissões diretas dos GEE’s, incluindo outras fontes de emissões indiretas (definidas
no Capítulo 5) bem como dos combustíveis usados nessas fontes, decorrentes das atividades
da empresa.
Foram levantados os consumos por equipamento (desde que disponíveis) visando diminuir a
incerteza dos resultados obtidos, através de detalhamentos maiores (explicados no Capítulo 5
– Principais Trabalhos com Metodologias de Inventário de Emissões).
5
Coletadas todas as informações disponíveis com o Consultor Técnico de Meio Ambiente da
empresa e outros funcionários responsáveis pela unidade fabril.
Foram feitos levantamentos, através de visitas locais à empresa e diversos contatos com uma
bióloga da empresa, sobre o horto e o entorno de um lago que é um passivo ambiental
(descrito no Capítulo 6) e consultas a bibliografias específicas referentes à fixação de CO
2
por
plantas mais compatíveis com a área de influência da empresa;
Foram feitos vários contatos e consultas com o MME e o ONS, MCT e ANEEL, solicitando a
matriz de geração eletricidade. O MME forneceu essa matriz, que serviu de base para a autora
desta dissertação calcular o fator de emissão nacional por GWh (em toneladas de CO
2
/GWh)
produzido no Brasil.
Foi feita adaptação ao método do IPCC de 2006, com relação à gasolina C, que é uma mistura
de gasolina A com álcool (diferente das gasolinas usadas nos países desenvolvidos).
Foram realizados os cálculos dos GEE’s correspondentes a todas as fontes mencionadas
(agrupadas ou separadas, dependendo dos dados disponíveis, apresentados no Capítulo 6).
Apresentado o inventário à luz do projeto de Norma ABNT 38:0009.01-001/1 (ANEXO II)
[2] (correspondente à Norma ISO 14064 - Parte) cujo título é: “Especificação com
orientação a organizações para a quantificação e a elaboração de relatórios de emissões e
remoções de gases de efeito estufa”.
Pesquisada bibliografia sobre a capacidade de absorção de carbono por tipo de vegetação.
Foram obtidas informações sobre o horto e a taxa de crescimento das mudas, através dos
responsáveis pelo horto da fábrica objeto do levantamento de dados.
Foi realizado o levantamento sobre a situação da empresa em 2006, sobre fixação de carbono
por vegetação.
6
3. EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA
Para entender melhor o assunto apresentado na introdução, o presente capítulo abordará as
seguintes questões:
1. Quais são os GEE’s e suas fontes?
2. O que é efeito estufa e qual o processo de sua formação?
3. Quais e porque as conseqüências tão temidas?
4. Como evoluiu no tempo e espaço esse grave problema, que ameaça a vida no planeta?
5. Quais as medidas já tomadas a nível global?
Ultimamente, em várias páginas da internet [3,4,5] ou mídias impressas [6], faladas ou mesmo
filmadas (como o documentário “Uma verdade inconveniente” do Al Gore, ex vice-presidente
dos EUA) tem-se visto alertas sobre gases de efeito estufa (GEE’s) que provocam mudanças
climáticas e desastres naturais ocorridos com freqüência e intensidade cada vez maiores.
Esses alertas se tornaram mais freqüentes após a publicação, em abril do corrente ano, da
parte do Relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas
(Intergovernmental Panel on Climate Change IPCC) da ONU, após consenso de cerca de
500 cientistas e relatores em Paris.
O IPCC, criado pela Organização Meteorológica Mundial (WMO) e pela Organização
Meteorológica Mundial, em 1988, é uma fonte confiável que reúne 2.500 cientistas de mais de
130 países. Esses cientistas se baseiam em obras técnicas e cientificas publicadas, para
elaborar relatórios de avaliação, relatórios especiais, artigos técnicos, além de materiais-
suporte e metodologias que são muito utilizados por pesquisadores e tomadores de decisão.
Quando solicitado, o IPCC presta assessoria à Conferência das Partes (COP) da Convenção
Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima. Seu principal trabalho são os relatórios
de avaliação (assessment reports) emitidos a cada cinco anos) das mudanças climáticas, que
serão mencionados no item 3.2 (Histórico).
7
3.1 Mudanças Climáticas e Emissões
3.1.1 Quais são os GEE’s e suas fontes?
Os principais gases de efeito estufa são:
Dióxido de Carbono: CO
2
Óxido Nitroso: N
2
O
Metano: CH
4
Vapor d’água (nuvens)
Clorofluorcarbonos (CFC’s)
Hidroclorofluorcarbonetos (HCFCs)
Os três primeiros GEE’s mencionados são emitidos e retirados da atmosfera por processos
naturais. Entretanto, suas concentrações têm aumentado acentuadamente nos dois últimos
séculos, devido ao aumento das atividades humanas (origem antrópica) conforme o último
relatório (2007) do IPCC, cujas conclusões parciais serão apresentadas no item 3.1.3.
A atmosfera terrestre é composta em volume, por nitrogênio (78%) e oxigênio (21%). Em
seguida, vem argônio com 0,9%. O 0,1% restante da atmosfera [7] é composto por gases
chamados de “gases traços”, constituídos por gases nobres, inertes, não reativos e os GEE’s.
É importante diferenciar os denominados GEE’s dos gases poluentes convencionais do ar
(CO, SO
x
, NO
x
, HC, O
3
). Os primeiros se misturam uniformemente na atmosfera (“well
mixed” em inglês) devido ao seu relativo longo tempo de vida e, assim, seus impactos
ambientais não são relacionados ao local de sua emissão. Ao contrário, os gases
convencionais têm vida curta e impactam próximo às suas fontes de emissão [8].
Vapor d’água (nuvens ou H
2
O) não tem vida longa, apesar de ser o GEE mais abundante na
atmosfera, além de o misturar-se bem com ela. Sua concentração global não sofre
influência direta das atividades antrópicas, mas o aumento dos outros GEE’s pode alterar o
ciclo hidrológico. Quanto maior a temperatura (provocada pelo aumento dos outros GEE’s)
maior a capacidade da atmosfera em reter a água e formar nuvens, que influenciam no efeito
estufa, que será apresentado no item 3.1.2.
8
Gás carbônico (dióxido de carbono ou CO
2
) é um gás produzido na natureza por
microorganismos na fermentação e na respiração celular. As plantas captam o CO
2
da
atmosfera durante sua fotossíntese, para formar carboidratos, liberando oxigênio para a
atmosfera que depois é usado na sua própria respiração (liberando CO
2
) e de organismos
heterotróficos (organismos que utilizam matéria orgânica sintetizada por outros organismos
como fonte de energia e nutrição) formando parte do ciclo biogeoquímico do carbono. [8]
A concentração de CO
2
na atmosfera é aumentada por fontes antrópicas, tais como: queima de
combustíveis fósseis obtidos do petróleo ou carvão em termelétricas, em indústrias para
geração de calor, na produção de cimento, em veículos, na queima de árvores e do lixo sólido
(fontes que aumentam cada vez mais sua concentração). Além das fontes mencionadas, é
emitido pela emanação de animais e erupção de vulcões, entre outros. O CO
2
é responsável
por cerca de 60% [9] do efeito estufa.
Metano ou CH
4
é emitido principalmente por matéria orgânica em decomposição anaeróbica
(sem oxigênio), tanto pela ação da natureza, como antrópica. Origens antrópicas: florestas
derrubadas; hidrelétricas que represam e inundam extensas áreas vegetais; agriculturas em
áreas alagadas como arroz; gado; degradação de lixo orgânico em aterros; queima de
biomassa e combustíveis fósseis. Além dessas fontes, é também emitido durante a produção e
transporte do carvão, do gás natural, e do petróleo. [10].
Óxido nitroso ou N
2
O
participa do ciclo natural do nitrogênio através do ar, solo e
organismos vegetais e animais. O nitrogênio do ar compõe a matéria biológica, através das
bactérias e algas, pelo processo denominado fixação de nitrogênio. Após vários processos
bioquímicos, são formados os nitratos que nutrem o vegetal para o seu crescimento. Outras
bactérias no solo convertem esses nitratos a nitrogênio gasoso (reação de denitrificação),
completando o ciclo mencionado. O N
2
O (um potente GEE) é um subproduto dessa reação.
Suas fontes antropogênicas significativas são: produção de ácido adípico (matéria prima para
a produção de nylon), ácidos nítricos, carros com três modos de conversão catalítica (three
way, em inglês), queima de biomassa e de combustíveis fósseis. [8] É ainda emitido por
atividades agricultoras, bem como pela combustão de resíduos sólidos [10].
9
Halocarbonetos como os clorofluorcarbonetos (CFC’s), hidroclorofluorcarbonetos
(HCFC’s), perfluorcarbonetos (PFC’s), constituídos por cloro, flúor e carbono, além de
hexafluoreto de enxofre (SF
6
) são compostos produzidos pelo homem.
Os CFC’s são usados como gases refrigerantes (ar condicionado, refrigeradores) e
componentes de aerossóis. Cabe ressaltar que apesar de contribuírem para o aumento do
efeito estufa, os CFC’s não são considerados pela Convenção do Clima, mas são tratados pelo
Protocolo de Montreal, pois afetam a camada de ozônio [8].
As maiores fontes dos perfluorocarbonetos (PFC’s) CF
4
e C
2
F
6
são a produção de alumínio
primário e fabricação de semicondutores. HFC’s são usados como substitutos de compostos
destruidores da camada de ozônio. PFC’s e SF
6
(hexafluoreto de enxofre) são emitidos na
produção de alumínio, de semicondutores, transmissão e distribuição de eletricidade [8].
Para comparar os efeitos radiativos (ou capacidades de prender calor) relativos das emissões
de vários gases de efeito estufa através de uma medida simples, foi desenvolvido o conceito
do Potencial de Aquecimento Global (Global Warming Potential GWP, em inglês). Esse
índice é definido como o forçamento radiativo (ou aquecimento) cumulativo causado por uma
unidade de massa de GEE emitida agora, até algum horizonte de tempo escolhido, expresso
em relação ao de um gás de referência (é usado o CO
2
). [11]
O aquecimento global futuro (em um determinado horizonte de tempo) provocado por um gás
de efeito estufa pode ser avaliado, multiplicando-se quantidade emitida desse gás pelo seu
PAG (GWP) para esse horizonte de tempo [11]. Ou seja, o PAG permite converter as
emissões de vários GEE’s numa mesma medida (para agregar os impactos de vários GEE’s)
em carbono ou equivalentes em dióxido de carbono (CO
2
e). A incerteza associada aos valores
dos PAG’s gira em torno de ± 35%, sem considerar a incerteza da estimativa do CO
2
[12].
O IPCC publicou estimativas mais atuais dos valores de referência para PAG’s de diversos
GEE’s no Terceiro Relatório de Avaliação do IPCC com relação aos do Relatório, como
parte de suas avaliações científicas sobre mudança do clima. Essas diferenças não ultrapassam
a incerteza de ± 35% (já mencionada) dos PAG’s.
10
três principais grupos ou tipos gases com altos PAG’s: hidrofluorocarbonos (HFC’s),
perfluorocarbonos (PFC’s), e hexafluoreto de enxofre (SF’
6
). Esses compostos são os mais
potentes GEE’s. A tabela 3.1 apresenta esses valores de PAG.
Tabela 3.1
Potenciais de Aquecimento Global (PAG) e tempos de vida atmosférica (anos) [13]
Gás Tempo de vida atmosférica PAG
a
Dióxido Carbono (CO
2
) 50-200 1
Metano (CH
4
)
b
12±3 21
Óxido Nitroso (N
2
O) 120 310
HFC-23 264 11,700
HFC-32 5.6 650
HFC-125 32.6 2,800
HFC-134a 14.6 1,300
HFC-143a 48.3 3,800
HFC-152a 1.5 140
HFC-227ea 36.5 2,900
HFC-236fa 209 6,300
HFC-4310mee 17.1 1,300
CF
4
50,000 6,500
C
2
F
6
10,000 9,200
C
4
F
10
2,600 7,000
C
6
F
14
3,200 7,400
SF
6
3,200 23,900
a
Horizonte de tempo de 100 anos;
b
O PAG do metano inclui os efeitos diretos e aqueles indiretos devido à produção de vapor de
ozônio troposférico e vapor d’água estratosférico. O efeito indireto devido à produção de CO
2
não foi incluído.
11
3.1.2 O que é efeito estufa e qual o processo de sua formação?
Até uma determinada concentração, os gases de efeito estufa (GEE’s) o benéficos à terra,
pois equilibram sua temperatura, aquecendo-a e impedindo que fique congelada à noite. Os
GEE’s formam uma camada que permite a entrada dos raios solares de ondas curtas em
direção a terra, mas absorvem a radiação infravermelha de ondas longas do calor de volta da
superfície da terra em direção à atmosfera, aquecendo-se e elevando a temperatura média do
planeta. Esse aquecimento e elevação da temperatura global é o famoso Efeito Estufa.
Em outras palavras, durante o dia, parte da energia solar é captada pela superfície da Terra e
absorvida e outra parte é irradiada para a atmosfera. Os gases naturais que existem na
atmosfera funcionam como uma capa protetora que impede a dispersão total desse calor para
o espaço exterior e o planeta permanecer quente.
O processo que cria o efeito estufa é natural e é responsável pelo aquecimento do planeta.
Certos gases, como o dióxido de carbono, criam uma espécie de telhado, como o de uma
estufa, sobre a Terra - daí o nome do fenômeno -, deixando a luz do Sol entrar e não deixando
o calor sair.
Se não existisse efeito de estufa natural, a temperatura da superfície terrestre seria, em média,
cerca de 33ºC [4] mais fria do que é hoje. Assim, o efeito estufa gerado pela natureza é
imprescindível para a manutenção da vida sobre a terra. Se a composição dos GEE’s for
alterada, para mais ou para menos, o equilíbrio térmico da terra sofrerá conseqüentemente.
Entretanto, quando a concentração dos GEE’s atinge valores muito altos, provenientes
principalmente das atividades humanas, mais concentrada e densa será a camada da “estufa” e
mais calor será absorvido por ela, impedindo-o de se dissipar para espaços além da troposfera
(camada mais próxima da Terra que se estende até uma altitude de 10 km nas regiões polares
e até 16 km acima do equador) aumentando assim, a temperatura média global da terra e
acarretando conseqüências apresentadas no decorrer deste Capítulo.
Em junho de 2006, durante a Conferência Internacional Ethos [14] Fabio Feldmann
apresentou a seguinte figura (3.1) sobre a contribuição relativa de gases provenientes de
12
atividades antrópicas ao efeito estufa:
Figura 3.1. Participação relativa dos GEE´s na atmosfera [14]
Diante dessa alta contribuição (60%) do CO
2
na atmosfera, entende-se porque esse gás recebe
maior atenção quando se fala em projetos de redução de emissões dos GEE’s. Outra fonte
mais recente [8] já menciona uma participação maior deste gás: 83%.
Fabio Feldmann também define o efeito estufa como um fenômeno natural gerado por gases
causadores de efeito estufa -GEE-, os quais absorvem luz infravermelha rmica que deveria
ser direcionada ao espaço, aquecendo a atmosfera e garantindo a vida no planeta.
É interessante comentar os tempos levados para alcançar o equilíbrio, após redução da
emissão de CO
2
: a concentração do próprio CO
2
atmosférico se estabiliza de 100 a 300
anos; o vel do mar aumenta durante vários milênios devido ao derretimento do gelo e de
séculos a milênios devido à sua expansão térmica e a temperatura se estabiliza após alguns
séculos [15].
A figura 3.2 [16] mostra como ocorre o efeito estufa, onde se vê que os raios solares
atravessam a atmosfera e parte deles é absorvida pela terra, que reflete outra parcela da
radiação solar para o espaço. Uma parte refletida pela terra (radiação infravermelha ou calor)
não atravessa a atmosfera, pois os GEE’s os absorvem, aquecendo a superfície da terra.
Assim, pode-se concluir que o aumento da temperatura média terrestre é proporcional à
concentração dos GEE’s na atmosfera.
13
Figura 3.2 Processo de formação do efeito estufa [16]
3.1.3 Quais e porque as conseqüências tão temidas?
Como foi visto, o efeito estufa é essencial à vida sobre a terra. Entretanto, se a concentração
dos gases que o provocam for muito elevada, esse efeito se intensifica e a temperatura média
global aumenta, desequilibrando o padrão de correntes atmosféricas, marítimas e de
precipitações, acarretando então, secas em regiões outrora férteis e vice versa (inundações em
áreas outrora secas) bem como desastres naturais cada vez mais intensos e freqüentes como
tempestades, ondas intensas de calor, incêndios, degelo, secas e furacões, com perdas de vidas
humanas e econômicas incalculáveis e muitas vezes irreparáveis.
A parte do relatório do IPCC foi divulgada [3] no dia 2 de fevereiro de 2007, em Paris
(França). O estudo concluiu que o planeta pode ficar 4
o
C mais quente a 2100, como
conseqüência das alterações climáticas provocadas pelo aumento do efeito estufa de origem
antrópica. Isso acarretaria o aumento do nível do mar e catástrofes climáticas cada vez mais
intensas e freqüentes. “A emissão de gases de efeito estufa nas taxas atuais ou maiores têm
90% de chance de causar aquecimento global e alterações climáticas durante o século XXI
maiores do que aquelas observadas no século XX”, segundo o relatório.
14
O relatório apresentou o consenso de que o aumento médio da temperatura da terra será de
1,8
o
C, até o ano de 2100. Este valor é uma média da maioria das hipóteses levantadas, mas na
pior delas, esse aumento pode chegar a 6,4
o
C.
Os cientistas relataram que basta um aumento de 1
o
C na temperatura global para causar
grandes catástrofes, como o derretimento das geleiras nos pólos do planeta e o conseqüente
aumento no nível do mar. Segundo o relatório, é possível o derretimento total do gelo no
verão do Pólo Norte por volta de 2100, e conseqüente elevação do nível dos oceanos em até
59 cm.
Segundo os especialistas, as causas principais do aquecimento global são o aumento das
emissões e da concentração de CO
2
na atmosfera, principalmente devido ao uso de
combustíveis fósseis. O CO
2
atmosférico impede a saída do calor, causando grande
incremento no efeito estufa. De acordo com o relatório, são de mais de 90% as chances do
maior aquecimento global ter sido causado pelo homem, nos últimos 50 anos.
Esse relatório, que tem como objetivo estabelecer as conclusões das bases científicas da
mudança climática foi o primeiro de vários que o IPCC divulgará durante o ano de 2007 sobre
o impacto do aquecimento e as alternativas para contê-lo, finalizando com o documento de
síntese, que deverá ser apresentado em Valência (Espanha) em novembro deste ano. Os
autores do relatório afirmam que 11 dos 12 anos mais quentes ocorreram a partir de 1995,
desde que foram iniciados os registros climáticos confiáveis, em meados de século XIX.[17]
A parte do Relatório do IPCC [18] divulgada em 6 de abril de 2007, em Bruxelas,
mostra principalmente a urgência de implantar um modelo de desenvolvimento realmente
sustentável. (Segundo a ex-primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, que
presidiu a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1987, o
desenvolvimento sustentável "satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a
capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades").
Um dos principais cenários apresentados nesse relatório do IPCC foi a previsão da ameaça de
extinção de até 30% das espécies de plantas e animais existentes, se a temperatura aumentar
entre 1,5 e 2,5º C.
15
foi percebido e comprovado o derretimento parcial das calotas polares, que provocam o
aumento dos níveis dos oceanos que acarretam inundações no litoral dos continentes,
ameaçando até o desaparecimento de pequenos países insulares inteiros.
Concentrações de CO
2
e temperaturas médias globais continuarão a se elevar, como mostram
os gráficos da figura 3.3 a seguir: [15]
Figura 3.3 Concentrações atmosféricas passadas e futuras de CO
2
[15]
(a) Dados de concentração de CO
2
pelo “ice core”
(b) Medidas diretas das concentrações de CO
2
(c) Projeções futuras para as concentrações de CO
2
A figura 3.3 mostra que a concentração de CO
2
permaneceu razoavelmente constante desde o
ano 1000 (através do “ice core” que será explicado mais adiante) até em torno de 1800,
próximo à revolução industrial (1750) quando se iniciou a produção de bens de consumo em
(a)
(b)
(c)
Cenários
Concentrações atmosféricas passadas e futuras de CO
2
16
grandes unidades industriais e com recurso a máquinas a carvão e, mais tarde, a petróleo, gás
natural e eletricidade [19].
A partir daí, sofreu um suave aumento até em torno de 1960, disparando (acentuando a curva
ascendente) entre esse ano e 2000, quando as concentrações de CO
2
começaram a ser medidas
diretamente na atmosfera (diferentemente do “ice core”, definido adiante). A partir daí, a
curva apresenta diversas projeções para diferentes cenários, que refletem crescimentos
econômicos mais ou menos sustentáveis a serem adotados pela humanidade [15].
A próxima figura 3.4 (apesar da fraca visibilidade, foi a única encontrada, recente e do IPCC,
que não deixa margem a dúvidas) mostra um gráfico da variação da temperatura da
superfície terrestre, indicando a mesma tendência do aumento de CO
2
na atmosfera,
apresentada na figura anterior (3.3). O gráfico desta figura (3.4) apresenta também projeções
para diversos cenários com desenvolvimentos econômicos em diferentes níveis de
sustentabilidade, a partir do ano de 2000 (todas as curvas foram fortemente ascendentes).
Figura 3.4 Variação da temperatura da superfície da terra de 1000 a 2100 [15]
Observações
globais
instrumentais
Observações do Hemisfério
Norte (dados indiretos
(1)
)
Projeções
Vários
modelos
para
diferentes
cenários
SRES (2)
A partir da temperatura de 1990,
o
C
Barras
mostram a
faixa em
2100
produzida
por vários
modelos
Cenários
Ano
17
Legenda (Figura 3.4):
Dados indiretos (1) são obtidos através de corais, “ice cores” (explicados adiante) e registros
históricos.
SRES (2) significa “Special Report on Emissions Scenarios” em inglês, cuja tradução é:
Relatório especial sobre cenários de emissão.
Na figura 3.4, a 1ª parte do gráfico (do ano 1000 até ~ 1860) mostra as variações da
temperatura média da superfície do Hemisfério Norte. De 1860 a 2000, são mostradas as
variações da temperatura média da superfície terrestre, através de observações instrumentais.
De 2000 a 2100, são apresentadas as projeções para a temperatura média global, em função de
desenvolvimentos mais ou menos sustentáveis (definidos anteriormente). Essas variações são
referentes ao ano de 1990.
“Ice-core”, comentado na figura 3.3 e 3.4 é uma amostra cilíndrica retirada a diferentes
profundidades e locais (Groelândia, Antártica) de neve ou gelo acumulado ao longo de muitos
anos, que preserva a atmosfera antiga (“prende” o ar da época) e fornece informações que
podem ser usadas para reconstruir o quadro da mudança climática passada e é um exemplo de
registro não instrumental. [20]. Para avaliar temperaturas de tempos muito antigos, usa-se
uma técnica denominada paleotermômetro que se baseia na composição isotópica do gelo que
varia com a temperatura da neve no local de sua formação. [21]
A figura 3.5 a seguir mostra as concentrações de CO
2
, CH
4
e N
2
O ao longo dos últimos 2.000
anos. Os aumentos verificados desde cerca de 1750 são atribuídos a atividades humanas na
era industrial. As unidades de concentração são expressas em partes por milhão (ppm) ou
partes por bilhão (ppb) indicando o número de moléculas do GEE por milhão ou bilhão de
moléculas de ar, respectivamente, na amostra atmosférica.
18
Figura 3.5
Concentrações atmosféricas de importantes GEE’s de vida longa nos últimos 2.000 anos [22]
A figura 3.6 a seguir apresenta outro gráfico, indicando a relação entre o aumento da
temperatura com o aumento de CO
2
atmosférico para períodos anteriores (400.000 anos atrás)
aos das figuras 3.3 a 3.5 (1.000 anos atrás) [21].
FAQ 2.1, Figure 1
Ano
Concentrações de GEE’s de 0 a 2005
Dióxido de carbono (CO
2
)
Metano (CH
4
)
Óxido Nitroso (N
2
O)
19
Figura 3.6 [21]
Variação da temperatura da superfície da terra com a da concentração de CO
2
atmosférico
A próxima figura (3.7) mostra as mudanças observadas na: (a) temperatura média da
superfície global (curva ascendente); (b) o nível médio global do mar (ascendente) avaliado
por medidores instrumentais de marés e (c) a cobertura de neve no Hemisfério Norte
(descendente) nos meses de março a abril. A linha representa valores médios por décadas,
enquanto os círculos mostram valores anuais. A área larga em azul representa os intervalos de
incertezas estimadas. Percebe-se que com o aumento da temperatura, o nível do mar sobe e a
cobertura de neve cai, indicando as conseqüências do aumento dos GEE’s de origem
antrópica, que aumentam a temperatura terrestre.
T
e
m
p
e
r
a
t
u
r
a
o
C
20
Figura 3.7
Mudanças na temperatura, nível do mar e cobertura de neve no hemisfério norte: [23]
Um índice importante no mecanismo potencial de mudança de clima é a força radiativa
(medida pela razão watts/m
3
) que é uma medida da influência que um fator tem em alterar o
balanço de energia de entrada e de saída no sistema terra – atmosfera. Forças positivas tendem
a aquecer a superfície, enquanto as negativas tendem a esfriá-la. [24].
A próxima figura 3.8 apresenta os fatores que influenciaram no clima terrestre em 2005,
através das estimativas e faixas de suas forças radiativas globais médias que aquecem ou
esfriam a terra, se estiverem à direita ou à esquerda do eixo vertical em zero, respectivamente
Esse eixo parte do valor zero e fica entre os limites -1 e 1 da abscissa. Os GEE’s são positivos
e são bem dispersos (“well mixed”, em inglês) na atmosfera global, enquanto a família dos
aerossóis fica mais próxima da área onde são emitidos, em geral.
Temperatura média global
Nível médio global do mar
Cobertura de neve no Hemisfério Norte
Ano
21
Figura 3.8 Contribuição para a força radiativa [25]
Legenda da figura 3.8:
(1) LOSU (explicado adiante);
(2) Vapor de água estratosférico de CH
4
;
(3) Efeito direto;
(4) Efeito albedo das nuvens (explicado adiante);
FR – Forçamento radiativo.
O forçamento radiativo antropogênico líquido (em valores), sua faixa e o nível avaliado de
entendimento científico (LOSU-Level of Scientific Understanding, em inglês) são mostrados
também na figura 3.8. Esses forçamentos radiativos requerem a soma de estimativas com
incertezas assimétricas dos termos componentes e não podem ser obtidos por simples adição.
Albedo é a razão entre a parcela do volume de luz refletida na superfície de um planeta e o
total que este recebe do sol. Áreas cobertas por neve têm alto albedo, devido a sua cor branca.
a vegetação tem baixo albedo, devido a sua cor escura e em função de parte da luz ser
Figure SPM.2
Forçamento radiativo, Wm
-
2
GEE’s de {
longa vida
Irradiação
solar
Total líquido
a
ntropogênico
(4)
(3)
(2)
Uso terra
Carbono negro na
neve
Estratosférico Troposférico
Ozônio
Valores
FR Wm
-2
Escala
espacial
(1) Termos FR
Alto
Alto
Baixo
Méd.
Baixo
Méd.
Baixo
Baixo
Baixo
Baixo
Médio
Albedo de
superfície
22
absorvida pela fotossíntese. As nuvens têm albedo intermediário e o os maiores
contribuintes para o albedo agregado da Terra. [26]
O Sistema Climático da Terra é o resultado de múltiplas interações entre o espaço, a
atmosfera, a biosfera, os oceanos e os continentes, como mostra a figura 3.9, a seguir. Se
algum desses fatores se altera, suas interações também sofrerão mudanças proporcionais, pois
o equilíbrio entre eles é dinâmico e não estável.
bio a biosfera, os oceanos e os continentes, como mostra a figura 3.9, a seguir
Figura 3.9 Interações entre os parâmetros que influenciam no clima [28]
3.2 Histórico
3.2 Histórico
3.2.1 Mudanças Climáticas: Evolução dos debates
A partir da década de oitenta, com o surgimento das primeiras evidências científicas que
relacionavam as atividades antrópicas (causadas pela ação do homem no meio ambiente) com
o aquecimento global, aumentou o interesse público em se discutir as questões das mudanças
climáticas e o mundo começou a se preocupar com o que aconteceria no futuro.
Radiação solar
incidente (onda
curta)
Nuvens
Precipitação
Interações
ar
-
gelo
Gelo marinho
Interações
gelo-oceano
Correntes
Interação
ar-mar
Vento
Lagos e
Rios
Processos no
solo
Descarga
fluvial
Atividades
Humanas
Gelo / Neve
Gases e
partículas
vulcânicas
Radiação terrestre
líquida
(ondas longas)
Absorção
Reflexão
Emissão
Figura 3.9 – Interações entre os parâmetros que influenciam no clima [27]
23
Resumidamente, a evolução dos debates seguiu a seguinte cronologia:
1873 Foi criada a Organização Internacional de Meteorologia (World Meteorological
Organization - WMO) e, em 1950 discutia questões do clima com 187 estados membros.
1972 Conferência de Estocolmo primeira convenção mundial sobre meio ambiente, na
Suécia. Essa conferência teve como resultado a ação do Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente (também conhecido por PNUMA). Pela Declaração de Estocolmo, um meio
ambiente sadio e equilibrado passou a ser reconhecido como um direito fundamental dos
indivíduos, tanto para as gerações presentes quanto para as futuras.
1979 – A Primeira Conferência Mundial sobre o Clima reconheceu a mudança do clima como
um problema grave e de interesse global. Nesse ano, foi realizada a Primeira Conferência
Mundial sobre o Clima, evento inaugural de uma série que propiciou a união do PNUMA e da
Organização Meteorológica Mundial, de cujos estudos extraiu-se a base teórico-científica para
a elaboração da Convenção-Quadro das Nações Unidas Sobre a Mudança do Clima
(UNFCCC), adotada na Rio-92 (Cúpula da Terra). Essa Convenção entrou em vigor desde
março de 1994, em que se fixou, como meta, “a estabilização das concentrações de gases de
efeito estufa na atmosfera num vel que impeça uma interferência antrópica perigosa no
sistema climático”.
1988 - A Organização Meteorológica Mundial (WMO) e Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente (PNUMA) criam o IPCC, com o objetivo de fornecer informações científicas,
técnicas e sócio-econômicas relacionadas às mudanças climáticas globais e melhorar o
entendimento científico sobre o tema, através da cooperação dos países membros da ONU.
1990 - A Assembléia Geral da ONU inicia as negociações para a adoção da Convenção sobre
Mudanças Climáticas, sob recomendação do IPCC, que publicou o 1º relatório nesse ano.
1992 - A Convenção Quadro das Nações Climáticas (UNFCCC) é adotada em 9 de maio, em
Nova York. O Brasil é o primeiro país a assinar a Convenção, em 4 de junho, durante a
Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Eco - 92),
no Rio de Janeiro.
24
1994 - A Convenção é ratificada pelo Brasil em 28 de fevereiro e entra em vigor em 21 de
março. A UNFCCC admitiu as mudanças climáticas como um problema ambiental real e
global; reconheceu a interferência humana nessas mudanças e a necessidade de cooperação
internacional na solução da emissão de gases que contribuem com o efeito estufa num nível
em que as atividades humanas não afetem o clima ou que as mudanças ocorram lentamente,
além de assegurar que a produção de alimentos e o desenvolvimento econômico sejam
sustentáveis.
1995 - O segundo relatório do IPCC foi publicado e ofereceu incentivo para as negociações
do que viria a ser o Protocolo de Kyoto, que será melhor apresentado adiante. No dia 7 de
abril, em Berlim (Alemanha) acontece a primeira reunião anual dos representantes dos
países signatários da UNFCCC. O encontro é denominado Conferência das Partes (COP).
Na COP - 1 é proposta a constituição de um protocolo e decisões sobre o acompanhamento
das obrigações da Convenção, batizado em 1997 como Protocolo de Kyoto.
1996 - Entre os dias 8 e 19 de julho acontece a COP - 2, em Genebra (Suíça). Neste
encontro, por meio da Declaração de Genebra, é firmada a criação de obrigações legais com
metas de redução na emissão de gases que aumentam o efeito estufa.
1997 - A COP - 3, no dia 11 de dezembro, em Kyoto (Japão) dá continuidade às negociações
da conferência anterior e culmina com a adoção do Protocolo de Kyoto, estabelecendo metas
de redução de gases de efeito estufa para os principais países emissores, chamados países do
anexo I. O referido Protocolo será apresentado posteriormente.
1998 - O Protocolo de Kyoto é aberto à assinatura em 16 de março, em Nova York, e a COP
- 4 acontece em Buenos Aires, direcionando os trabalhos para implantar e ratificar o Protocolo
de Kyoto.
1999 - De 22 de outubro a 5 de novembro é realizada a COP - 5 em Bonn (Alemanha) dando
continuidade aos trabalhos iniciados em Buenos Aires.
2000 - Na COP - 6, de 13 a 24 de novembro, em Haia (Países Baixos), as negociações são
suspensas por falta de acordo entre a União Européia e os Estados Unidos em relação aos
25
sumidouros e às atividades de mudança do uso da terra. No Brasil, um Decreto Presidencial
cria o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.
2001 - As discussões são retomadas na COP - 6 e 1/2, em 27 de junho, em Bonn (Alemanha),
sem contar com os Estados Unidos, que se retira sob a alegação de que os custos para a
redução de emissões seriam muito elevados para a economia norte-americana. Os Estados
Unidos contestam também a ausência de metas de redução para os países do Sul, em especial
a China, Índia e o Brasil. Cabe lembrar que os Estados Unidos são responsáveis por cerca de
25% das emissões globais de gases de efeito estufa, conforme os registros de 1990 utilizados
como parâmetro. O terceiro relatório do IPCC foi lançado nesse ano e continuou o trabalho
de oferecer informações sobre as mudanças climáticas, subsidiando as discussões da COP7.
No mesmo ano, entre 29 de outubro e 10 de novembro, em Marrakesh (Marrocos) acontece a
COP 7, onde foi decidido que os relatórios do IPCC continuariam sendo produzidos como
fonte constante de dados confiáveis sobre mudanças climáticas.
2002 - A Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+10) acontece entre os
dias 26 de agosto e 4 de setembro, em Johanesburg, África do Sul. As negociações
internacionais não têm grandes avanços. Entretanto, inicia a discussão sobre o
estabelecimento de metas de uso de fontes renováveis na matriz energética dos países. Entre
os dias 23 de outubro e 1° de novembro acontece a COP - 8, em Nova Deli, na Índia.
2003COP-9 realizada entre 1 e 12 de dezembro em Milão, Itália - Destacou-se a questão da
regulamentação de sumidouros de carbono no âmbito do MDL. No mesmo ano foi realizada a
conferência Mundial sobre Mudanças Climáticas, em Moscou, com o objetivo de ratificação
do Protocolo de Kyoto pela Rússia. Diante da insegurança econômica dos russos, o Presidente
Vladimir Putin não ratificou o Protocolo e adiou sua decisão para o segundo semestre de
2004. O governo russo também reforçou as incertezas científicas sobre a existência do
aquecimento global, seguindo o discurso do governo americano, o que é inconcebível que
muitos estudos científicos indicam que o aquecimento global está em curso e que se por
razões antropogênicas. [5]
2004 Em 30 de setembro, a Rússia ratifica sua adesão ao Protocolo de Kyoto. A Rússia,
terceiro maior emissor (cerca de 17% do total global) era o único país capaz de fazer o
protocolo entrar em vigor, pois o maior emissor (EUA) tinha se retirado, conforme
26
mencionado. Na COP-10, delegados de cerca de 150 governos marcaram o relançamento das
negociações sobre a mudança climática, com o novo impulso imprimido pela ratificação russa
ao protocolo de Kyoto.
2005 Em 16 de fevereiro entra em vigor o Protocolo de Kyoto.
A COP-11 foi marcada por um pacto estabelecido entre União Européia, Canadá e países em
desenvolvimento (G77). O pacto ainda tem de se tornar oficial com a aceitação formal de
todas as partes e concentra-se na adoção de oficinas de trabalho para definir passos contra o
efeito estufa e as mudanças climáticas. [28]
2005 em Montreal, Canadá Foi realizada em paralelo a 1
a
Conferência das Partes do
Protocolo de Kyoto (COP/MOP 1). Foram duas reuniões de extrema importância, uma vez
que a COP 11 e a COP/MOP 1 foram as primeiras conferências realizadas após a entrada em
vigor do Protocolo de Kyoto, em 16 de fevereiro de 2005. As discussões giraram em torno das
perspectivas para o segundo período do acordo, pós 2012. As associações ambientais da
Europa apontam para a necessidade de uma redução de 20 a 30% das emissões de gases de
efeito de estufa (com base no ano de 1990) até 2030 e de 60% a 80% até 2050.
2006 COP-12/ MOP-2 em Nairobi, Quênia Representantes de 189 nações assumiram o
compromisso de levar aos seus países a missão de rever os prós e os contras do Protocolo de
Kyoto. A revisão do tratado deve ocorrer em 2008, mas o assunto será retomado na próxima
conferência do clima, na Indonésia, em 2007. Durante o evento também foram estipuladas
regras do Fundo de Adaptação, ferramenta para o financiamento de projetos que ajudem os
países mais pobres a se adaptarem às conseqüências das mudanças climáticas, como
inundações e secas. O Brasil participou da convenção com uma proposta de criação de um
mecanismo de incentivos positivos para países em desenvolvimento que reduzirem suas
emissões de gases de efeito estufa, através do combate ao desmatamento. [5]
3.3 O Protocolo de Kyoto
Na primeira sessão da Conferência das Partes (COP-1) que ocorreu em Berlim, em 1995, as
Partes concluíram que o compromisso dos países desenvolvidos de voltar suas emissões para
os níveis de 1990, até o ano 2000, era insuficiente para se atingir o objetivo de longo prazo da
27
Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança de Clima, que consiste em impedir
uma interferência antrópica (produzida pelo homem) perigosa no sistema climático.
Ministros e outras autoridades responderam com a adoção do “Mandato de Berlim” e com o
início de uma nova fase de discussões sobre o fortalecimento dos compromissos dos países
desenvolvidos. O grupo sobre o Mandato de Berlim foi então formado para elaborar o esboço
de um acordo que, após oito sessões, foi encaminhado a COP-3 para negociação final.
Cerca de 10.000 delegados, observadores e jornalistas participaram desse evento de alto nível
realizado em Kyoto, Japão, em dezembro de 1997. A conferência culminou na decisão por
consenso de adotar-se um Protocolo segundo o qual os países industrializados reduziriam suas
emissões combinadas de gases de efeito estufa em pelo menos 5% com relação aos veis de
1990, até o período entre 2008 e 2012. Esse compromisso prometia produzir uma reversão da
tendência histórica de crescimento das emissões iniciadas nesses países havia cerca de 150
anos.
O Protocolo de Kyoto foi aberto para assinatura em 16 de março de 1998. Entraria em vigor
90 dias após a sua ratificação por pelo menos 55 Partes da Convenção, incluindo os países
desenvolvidos que contabilizaram pelo menos 55% das emissões totais de dióxido de carbono
em 1990 desse grupo de países industrializados, chamados países do anexo I. Enquanto isso,
as Partes da Convenção sobre Mudança do Clima continuariam a observar os compromissos
assumidos sob a Convenção e a preparar-se para a futura implantação do Protocolo.
O Protocolo também trouxe a opção dos países do Anexo I compensarem suas emissões,
através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) considerando como medida de
redução os projetos sócio - ambientais sustentáveis implementados nos países em
desenvolvimento.
Em 2001, os Estados Unidos se retiraram das discussões dos COP´s sob a alegação de que os
custos para a redução de emissões seriam muito elevados para a economia norte-americana.
Os Estados Unidos contestaram também a ausência de metas de redução para os países do
Sul, em especial a China, Índia e o Brasil. Cabe lembrar que os Estados Unidos são
responsáveis por cerca de 25% das emissões globais de gases de efeito estufa, conforme os
registros de 1990 utilizados como parâmetro.
28
4. MECANISMOS PARA CAPTURA, ESTOCAGEM E FIXAÇÃO DE CO
2
Diante do aumento acelerado (provocado por atividades antrópicas) de concentrações de CO
2
(principal GEE) com seus níveis atuais considerados perigosos (>380 ppm) e da alta certeza
(>90%) de sua relação com os acidentes climáticos ocorridos nos últimos anos, apresentada
pelo último relatório do IPCC, a comunidade científica mundial tem focado em tecnologias
para estabilização desses níveis atuais de GEE’s.
O DOE (Departamento de Energia dos EUA) define o seqüestro de carbono como: “Captura e
armazenagem segura de CO
2
que de outro modo seria emitido para a atmosfera ou
permaneceria nela”.
Existem dois tipos de seqüestro de CO
2
:
Direto Captura de fontes estacionárias de CO
2
e armazenamento (ou estocagem)
em sumidouros
Indireto Fixação do CO
2
atmosférico, através da estimulação de processos
naturais.
O IPCC, no seu Relatório especial (Special Report) de setembro de 2005, define a “captura e
o armazenamento do dióxido de carbono (CO
2
) (“Carbon dioxide Capture and Storage”
CCS) como um processo que consiste na separação do CO
2
das fontes industriais e fontes
energéticas, do seu transporte a um local de armazenamento e de seu isolamento da
atmosfera por longo prazo”. Basicamente, envolve a captura e compressão de CO
2
das
principais fontes, transporte do CO
2
comprimido e estocagem do CO
2
comprimido.
Outras opções de atenuação, diz o relatório, incluem melhorias da eficiência energética,
mudança para combustíveis menos intensivos em carbono, energia nuclear, fontes de energia
renováveis, aumento de sumidouros biológicos, e redução de emissões de outros GEE’s que
não o CO
2
. Além disso, menciona que a aplicação difundida de CCS dependeria da
maturidade técnica, dos custos, do potencial total, difusão e transferência da tecnologia aos
países em desenvolvimento e sua capacidade aplicar a tecnologia, aspectos regulatórios,
questões ambientais e percepção pública.
Esse relatório mostra que nenhuma opção tecnológica única e simples forneceria todas as
29
reduções de emissão necessárias para alcançar a estabilização dos GEE’s, mas seria
necessário um portfólio de medidas de atenuação.
4.1 Principais métodos para captura de CO
2
Primeiramente, deve-se levar em conta que apenas o CO
2
emitido por grandes fontes têm
viabilidade técnica econômica para ser capturado e enviado para armazenamento [29]. Assim,
o CO
2
tem que ser comprimido nessas fontes e transportado para os locais de armazenamento.
Os dutos são preferidos para transportar grandes quantidades de CO
2
para distâncias até cerca
de 1.000 quilômetros. Para quantidades menores do que alguns milhões de toneladas de CO
2
por ano ou para maiores distâncias, o uso de navios, onde aplicável, poderia ser
economicamente mais atrativo. O transporte por dutos do CO
2
opera como uma tecnologia
madura de mercado (nos EUA, mais de 2.500 quilômetros de dutos transportam acima de 40
toneladas métricas de CO
2
por ano).
O transporte do CO
2
, análogo ao transporte de gases liquefeitos de petróleo, é
economicamente viável sob condições específicas, mas é geralmente realizado em pequena
escala, devido à demanda limitada. O CO
2
pode também ser transportado por tanques
ferroviários ou rodoviários, mas é improvável que estas poderiam ser opções atrativas para o
transporte de CO
2
em grande escala.
4.2 Principais métodos para estocagem de CO
2
Os métodos técnicos potenciais de armazenamento de CO
2
são:
Armazenamento geológico em formações geológicas, tais como campos de óleo e de
gás explorados, leitos de carvão não mineráveis e formações salinas profundas;
Armazenamento no oceano (lançamento direto na coluna d’água do oceano ou no
fundo do oceano) e
Fixação industrial de CO
2
em carbonatos inorgânicos.
O relatório especial do IPCC de 2005 (Carbon Dioxide Capture and Storage) sugere [30] que
30
o armazenamento geológico ainda é a melhor opção, devido aos menores riscos ambientais,
maiores tempos de retenção e maior maturidade tecnológica, em relação às outras opções de
armazenamento. Com o decorrer do tempo, o CO
2
dissolve ou reage com minerais na rocha,
resultando num processo mais seguro. Até 2005, existiam 3 projetos operando em escala
industrial: na Noruega, Canadá e região do Saara em Algeria. A figura 4.1 apresenta algumas
alternativas de armazenamento e estocagem (CCS, em inglês) de CO
2
.
Figura 4.1 Alternativas para captura e estocagem de CO
2
[29]
Essa figura (4.1) mostra as fontes para as quais o CCS pode ser relevante e opções de
transporte e estocagem de CO
2
, tais como estocagem geológica e oceânica, carbonatação
GN +
captura de
CO
2
Estocagem oceânica
(Navio ou duto)
Óleo
Gás para
suprimento
doméstico
Carvão Biomassa
Cimento, aço,
refinarias, etc.
Geração de eletricidade
+ Captura de
CO
2
Futuro uso
de H
2
Plantas
petroquímicas
Estocagem
geológica
de CO
2
Estocagem
geológica
de CO
2
Carbonatação mineral
Usos industriais
31
mineral e usos industriais. Nela, pode-se observar o fluxo de entrada de energia nas diversas
atividades humanas e a saída (saldo) do CO
2
, com várias destinações possíveis.
Como possibilidade de ocorrer escapamento de um reservatório de armazenamento, a
fração retida é definida como a fração da quantidade acumulada de CO
2
injetado que é retido
por um período de tempo especificado, segundo o mesmo relatório.
Figura 4.2 Alternativas para armazenamento geológico [29]
A figura 4.2 mostra uma visão geral das opções de armazenamento geológico, quais sejam:
(1) em reservatórios esgotados de óleo e gás; (2) uso do CO
2
para aumento da recuperação de
óleo e gás; em formações salinas profundas (3a) offshore (no mar) e (3b) onshore (na terra);
(4) uso de CO
2
na recuperação de metano em leito de carvão.
O ponto comum a todas essas tecnologias apresentadas de uma forma bastante simplificada, é
que tentam evitar ou diminuir a emissão do carbono e seus derivados (GEE’s) para a
Óleo ou gás
produzido
CO
2
injetado
CO
2
armazenado
32
atmosfera, através de seu aprisionamento ou isolamento.
Entretanto, outras formas de atingir o objetivo da diminuição dos GEE’s lançados para a
atmosfera, que podem ser resumidas numa palavra: Descarbonização, que consiste no uso das
seguintes fontes de energia (ou combustíveis):
Com menor relação C/H (Carbono/Hidrogênio);
Hidrogênio;
Energia nuclear e
Fontes Renováveis de energia: Solar, Eólica, Biomassa, Geotérmica, Hidrológica.
4.3 Reflorestamento
No início deste capítulo, foi visto que além da forma direta de seqüestro de carbono (captura
na fonte, transporte e estocagem) existe uma forma indireta de seqüestro: a da absorção do
CO
2
por estímulo de processos naturais, ou seja, através de biomassa, que depende desse gás
para se desenvolver.
Neste capítulo, será abordado o reflorestamento, que é uma forma de “neutralizar ou
compensar” o que já foi ou está sendo emitido, pois não se trata de uma captura industrial do
gás para estocá-lo em reservatório seguro.
Cabe mencionar algumas experiências realizadas por algumas empresas no Brasil, que
adotam essa forma de seqüestro, com retornos financeiros muitas vezes nada desprezíveis.
Peugeot
A Peugeot
[31] se engajou num programa de neutralização de GEE’s veiculares, através do
seu projeto denominado “Poço de Carbono”. Por esse projeto, a empresa pretendia neutralizar
dezenas de milhões de toneladas de carbono por ano, pela reabilitação de vários milhões de
árvores em 5.000 ha de terra no Estado do Mato Grosso, através do reflorestamento de zonas
antigamente transformadas em pastagens, ao longo de 40 anos.
33
Entretanto, o impacto comercial pretendido pela empresa esbarrou no alto grau de ambição do
projeto. A principal causa para o insucesso da empreitada foi relacionada a uma baixa taxa de
sobrevivência das mudas florestais plantadas num pasto de brachiária (colmo caule com nós
- herbáceo florescendo todos os anos com flor hermafrodita masculina ou feminina) e as
repercussões das tentativas feitas para superar este obstáculo, ao optar pela pulverização aérea
do herbicida Roundup. [32]
Assim, o projeto foi redirecionado e teve seu objetivo modificado para reflorestamento de
2.000 ha (ao invés de 5.000 ha) e a estimativa inicial de 2 milhões de t C a ser atingido em 40
anos foi reduzida para 500.000 t C em 100 anos.
Projeto PLANTAR em Curvelo, MG
Segundo Chang Man Yu [32] o Projeto Plantar é um projeto comercial, pois foi fundado no
final dos anos 60 devido aos incentivos fiscais para reflorestamento. Mais tarde, foi integrado
à produção de ferro gusa para agregar valor, aproveitando a própria matéria prima.
O projeto se situa numa região abastecedora de carvão vegetal para as indústrias metalúrgicas
de Minas Gerais. (central do cerrado desse estado). O uso do carvão vegetal (ao invés do
carvão mineral) como redutor na produção do ferro gusa foi a justificativa do projeto para se
candidatar ao MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, mencionado no Histórico -
Protocolo de Kyoto), visando obter créditos de carbono para vender aos países
(desenvolvidos) do Anexo I desse Protocolo.
Foi estimado que o projeto poderia gerar créditos de cerca de 1,2 milhões de toneladas pelo
reflorestamento de 23.000 ha com eucalipto e de 2,1 milhões t C oriundas do uso do carvão
vegetal, ao longo de 28 anos.
34
Klabin [33]
A Klabin, maior produtora e exportadora de papéis do Brasil assumiu o compromisso com a
bolsa internacional de intercâmbio de emissões de GEE’s (CCX - Chicago Climate Exchange,
em inglês, nos Estados Unidos) de reduzir suas emissões desses gases em torno de 1% por
ano, a partir de 2003, visando chegar a 6% em 2010. A sistemática de cálculo considera a
meta de redução e as emissões reais comprovadas ao longo do período.
Esse projeto visa plantar 32 000 hectares de florestas de eucalipto. O carbono seqüestrado,
elegível segundo as regras do CCX, representa em torno de 25 toneladas de CO
2
por
hectare/ano de créditos de carbono.
A Klabin foi a primeira empresa brasileira a aderir à CCX, em 2004, habilitando-se a vender
créditos de carbono para empresas que necessitam reduzir seus GEE’s emitidos.
Eventos Couromoda e SPFW [34]
Os responsáveis pelo evento Couromoda (maior feira de calçados da América Latina) de
2007, realizado em São Paulo de 15 a 18 de janeiro, se comprometeram em neutralizar todo o
carbono emitido durante os dias da feira, através do plantio de árvores, junto com a Fundação
SOS mata atlântica e a Key Associados.
o evento de moda São Paulo Fashion Week (SPFW) realizado de 24 a 29 de janeiro na
Bienal neutralizou sua edição deste ano, da revista e do SPFW Journal. A ONG Iniciativa
Verde (The Green Initiative) calculou as emissões do evento, revista, jornal, produtora e do
site e ficou de plantar e acompanhar as mudas de 4.290 árvores de mais de 80 espécies nativas
em uma área degradada da mata atlântica, durante dois anos.
Antes de abordar a metodologia do reflorestamento propriamente dita, é importante
apresentar dois processos biológicos fundamentais na troca de oxigênio e CO
2
entre o ar e as
plantas: Fotossíntese e respiração.
35
Fotossíntese
Uma árvore necessita de CO
2
para se desenvolver e crescer, através do processo biológico
denominado fotossíntese, no qual praticamente toda energia entra na biosfera. Pode ser
resumida de maneira muito simplificada pela seguinte reação química:
Radiação solar
6CO
2
+ 6H
2
O C
6
H
12
O
6
+ 6O
2
Clorofila
Glicose
Durante a fotossíntese, a energia solar quebra a molécula da água (fotólise) além de ser
absorvida pelos cloroplastos (definidos adiante) formando oxigênio gasoso e íons de
hidrogênio que reduzem as moléculas de CO
2
, transformando-as em açúcares (como a
glicose) ou carboidratos [35]. Dessa forma, a planta cresce, floresce e dá frutos.
O termo “fotossíntese” significa “síntese que usa luz”. Organismos fotossintéticos usam
energia solar para formar compostos orgânicos que não poderiam ser produzidos sem essa
energia.
Figura 4.3 Esquema simplificado da fotossíntese. [36]
Cloroplastos são unidades fotossintéticas formadas por moléculas de clorofila (pigmento
verde) agrupadas de forma ordenada. A energia da luz solar é primeiramente absorvida pelos
pigmentos da planta. Quando a luz incide em uma molécula de clorofila, esta absorve uma
parcela dessa energia e catalisa a reação do CO
2
com água, formando carboidratos e liberando
Açúcares
36
oxigênio, conforme já exposto. Assim, a clorofila não se desgasta nem é consumida.
O CO
2
é retirado da atmosfera e absorvido pelas folhas. A água é vem do solo pela raiz e sobe
pelos vasos como seiva. A energia luminosa vem da luz solar.
Figura 4.4 – Cloroplastro [37]
Outra forma de representar a fotossíntese está representada na figura 4.5 [37]:
Figura 4.5 Representação de fotossíntese [37]
A fotossíntese é fundamental para o homem. O primeiro e principal processo de
transformação de energia no ambiente terrestre ocorre na fotossíntese realizada pelas plantas.
Quando o homem ou animal ingere o alimento vindo das plantas, parte das substâncias entra
na composição celular e outra parte fornece energia necessária às suas atividades, como o
crescimento, força, reprodução, etc.
37
Respiração
As plantas respiram, num processo inverso ao da fotossíntese [35]: absorvem o oxigênio do ar
para converter os carboidratos em energia para sua manutenção e desenvolvimento. Nesse
processo, são produzidos CO
2
, água e a energia mencionada. A respiração pode ser
representada pela reação abaixo:
C
6
H
12
O
6
+ 6O
2
6CO
2
+ 6H
2
O + energia
As plantas não deixam de respirar na presença de luz, mas sua fotossíntese ultrapassa sua
respiração. Sem luz, a taxa respiratória é maior e a planta não tem atividade fotossintética. Em
condições ideais, a taxa fotossintética nas partes verdes das plantas é cerca de 30 vezes maior
do que a taxa de respiração nas mesmas partes. Dessa forma, a fotossíntese é um processo
muito significativo para regular o CO
2
e oxigênio terrestres [35].
O carbono pode ficar retido na biomassa (parte aérea e raízes) ou emitido para a atmosfera na
queima da mesma. O crescimento da planta ou aumento da biomassa se processa devido à
absorção do CO
2
.
Serão apresentadas a seguir questões mais relevantes no que tange ao Reflorestamento, para
seqüestro indireto de CO
2
.
É importante conhecer os seguintes conceitos sobre floresta, florestamento e reflorestamento,
segundo definições adotadas nas reuniões das COP’s retiradas da categoria Land Use, Land
Use Change and Foresty (LULUCF Uso da Terra, Mudança do Uso da Terra e Florestas) e
da COP 9 (Decisão 19/ CP.9). [38]
Floresta
Floresta “é a área mínima de terra de 0,05 1 hectare com cobertura de árvore (ou nível
equivalente de estoque) de mais de 10 a 30% com árvores com potencial de alcançar uma
altura mínima de 2 – 5 metros na maturidade in situ. Uma floresta pode consistir de formações
florestais fechadas, onde árvores de várias alturas e vegetação e sub bosque cobrem uma
grande parte da terra ou floresta aberta Estandes naturais jovens e todas as plantações que
38
ainda forem atingir uma densidade de copa de 10 30 por cento ou altura de árvore de 2 5
metros são consideradas floresta, assim como áreas que normalmente formam parte de uma
área florestal e que estão temporariamente sem estoque como resultado de intervenção
humana tal como corte ou causas naturais e que são esperadas a reverter para floresta
(CMP.1- Uso da Terra, Mudança de Uso da Terra e Florestas)”. [38]
“Florestamento é a conversão induzida diretamente pelo homem de terra que não foi
florestada por um período de pelo menos 50 anos em terra florestada por meio de
plantio, semeadura e/ou a promoção induzida pelo homem de fontes naturais de
sementes; (CMP.1- Uso da Terra, Mudança de Uso da Terra e Florestas)”. [38]
“Reflorestamento é a conversão, induzida diretamente pelo homem, de terra não-
florestada em terra florestada por meio de plantio, semeadura e/ou a promoção
induzida pelo homem de fontes naturais de sementes, em área que foi florestada mas
convertida em terra não-florestada em 31 de dezembro de 1989 (CMP.1 - Uso da
Terra, Mudança de Uso da Terra e Florestas)”. [38]
Como foi exposto, uma das formas de seqüestrar o CO
2
emitido é pela vegetação, através
da fotossíntese, formando a biomassa. Entretanto, sabe-se também que as espécies têm
diferentes capacidades de absorver esse gás, dependendo dos seus potenciais
fotossintetizadores, que por sua vez, dependem do “DNA” da planta.
Renner, R.M [39] apresentou uma lista com 67 espécies nativas do Paraná e seus respectivos
valores de carbono resgatado por indivíduo por ano, visando apresentar o benefício da
recuperação florestal pelo Programa Mata Ciliar naquele Estado. No seu trabalho, a autora
estimou a biomassa aérea (acima do solo) para as mudas plantadas, usando dados de literatura
com a seguinte equação:
Biomassa acima do solo (em t/ha) = Vol * Dens * Fexp,
onde:
Vol: volume por hectare (m
3
)
Dens: Densidade baseada na massa seca (t/m
3
ou gramas/ cm
3
)
39
Fexp: fator de expansão da biomassa foi adotado como 1,74, sugerido por Brown (1997)
segundo a autora.
O volume foi estimado a partir da área basal, multiplicando o diâmetro médio pela altura
média e pelo fator de forma 0,5. Foram usados os dados de densidade da madeira úmida dos
trabalhos do IPT (1989), Carvalho (1994), Lorenzi (1992; 1998) e Embrapa (1986), segundo a
autora do artigo. Esses valores de densidade (12 a 15 % de umidade) foram transformados
para densidade baseada no peso seco pela fórmula:
y = 0,0134 0,800*x (Brown, 1997) onde y é a densidade baseada no peso seco e x é a
densidade a 12 % de umidade.
A biomassa por indivíduo foi assim obtida e dividida pela idade, para calcular o incremento
anual de biomassa por indivíduo. O valor de incremento de carbono (C) por indivíduo em
toneladas por ano foi calculado, multiplicando a biomassa pelo fator 0,5 (C 50% da
biomassa).
Foram consideradas as 67 espécies nativas mais utilizadas no programa mata ciliar e o
percentual de participação de cada uma delas nos plantios, para o cálculo do valor médio de
carbono acumulado por indivíduo. O valor médio encontrado foi de 0,0055 tC/ind/ano.
O número de indivíduos considerado para o cálculo efetivo foi baseado na média dos dados de
sobrevivência ( 55%) de mudas obtidos em vistorias de campo. A tabela 4.1 apresenta os
resultados obtidos por esse trabalho.
Tabela 4.1 Listagem das espécies trabalhadas com o respectivo valor do carbono resgatado
por indivíduo por ano [39]
NOME CIENTÍFICO t C/ind/ano
Luehea divaricata 0,0050
Pterogyne nitens 0,0015
Anadenanthera colubrina 0,0121
Anadenanthera macrocarpa 0,0143
Psidium cattleianum 0,0007
Annona cacans 0,0269
40
Araucaria angustifólia 0,0039
Schinus terebenthifolius 0,0022
Mimosa scabrella var. aspericarpa 0,0156
Mimosa flocculosa 0,0015
Minosa scabrella 0,0249
Sebastiana commersonia 0,0048
Peltophorum dubium 0,0046
Nectandra lancelota 0,0007
Ocotea puberula 0,0012
Croton floribundus 0,0021
Myrsine ferruginea (Rapanea ferruginea) 0,0061
Clethra scabra 0,0055
Jacaranda puberula 0,0051
Phytolacca dióica 0,0055
Cedrela fissilis 0,0012
Cecropia hololeuca 0,0055
Ilex paraguariensis 0,0007
Albizia hassieri 0,0055
Lonchocarpus muehlbergianus 0,0001
Solanum sp. 0,0055
Campomanesia xanthocarpa 0,0015
Callophyllum brasiliense 0,0011
Schizolobium parahyba 0,0145
Astronium graveolens 0,0059
Parapiptadenea rígida 0,0015
Inga sessilis 0,0015
Tabebuia chrysotricha 0,0007
Tabebuia heptaphylla 0,0011
Cybistax antisyphulitica 0,0059
Heliocarpus americanus 0,0055
Mimosa regnelli 0,0055
41
Peschiera funchsiaefolia 0,0055
Bastardiopsis densiflora 0,0176
Cordia trichotoma 0,0051
Didimopanax morototoni 0,0127
Senna macranthera 0,0055
Mimosa bimucronata 0,0032
Ruprechia loxiflora 0,0004
Guazuma ulmifolia 0,0103
Chorisia speciosa 0,0015
Euterpe edulis 0,0040
Bauhinia forficata 0,0007
Senna multijuga 0,0033
Gallesia integrifólia 0,0020
Cytarexylum myrianthum 0,0011
Caesalpinia férrea 0,0033
Piptadenia gonoacantha 0,0174
Trema micrantha 0,0072
Aegiphila sellowiana 0,0020
Vochysia tucanorum 0,0055
Aspidosperma polyneuron 0,0004
Prunus brasiliensis 0,0018
Podocarpus lambertii 0,0015
Eugenia uniflora 0,0004
Tibouchina sellowiana 0,0055
Croton urucurama 0,0089
Alchornea glandulosa 0,0132
Cyntharexylum myrianthum 0,0011
Vitex polygama 0,0055
Eugenia pyriformis 0,0006
Piptacarpha angustifólia 0,0055
42
A média do carbono resgatado por ano é de 5,4kg de C resgatado /indivíduo/ano (kg
C/ind./ano) calculando pelos dados da tabela 4.1. Os valores variaram de 0,1 a 24,9 kg
C/ind./ano. Isso mostra como podem variar os incrementos ou absorção de carbono (ou CO
2
)
para formar a biomassa. Esse foi um dos dados de literatura pesquisados.
Outra referência interessante [40] diz que diferentes madeiras (ou árvores) apresentam
diferentes densidades (biomassa/volume), ou seja, refletem diversas durezas e celuloses por
volume de madeira. As menos duras ou “madeiras brancas” são de rápido crescimento, baixa
densidade e têm menor valor comercial.
A autora desse trabalho [40] considerou o plantio e acompanhamento de uma árvore
hipotética por 20 anos, para calcular o C ou CO
2
absorvido por ela, através de sua
fotossíntese. Segundo ela, essa árvore pode atingir uma altura de 15 metros com 28cm de
diâmetro, densidade de 0,48g/cm
3
e teor de carbono de 50%, desde que haja boas condições
de plantio. Não foi descontada a umidade, pois está incluída na densidade, que é calculada
pela massa de madeira seca por volume da árvore viva (úmida na natureza).
Assim, o cálculo do carbono contido foi feito pela equação:
Carbono na árvore = AB x H x DB x TC x FFA
Onde:
AB = Área Basal da árvore (m
2
) estimada a partir de dados de campo;
H = Altura total da árvore (m);
DB = Densidade básica (massa de madeira seca / volume da madeira fresca; kg/m
3
);
TC = Teor de carbono, considerado como 50% da biomassa seca;
FFA = Fator de forma arbóreo, pois a árvore não é um cilindro; é semelhante a um cone com
expansão dos galhos da copa. Este fator é calculado experimentalmente e foi adotado o valor
de 0,72.
Assim, árvore hipotética considerada tem:
Carbono na árvore = (0,28m/2)
2
(m
2
) x Pi x 15(m) x 0,5 (t/m
3
) x 0,5 (%) x 0,72
43
Carbono na árvore = 166 kg de C ou 598 kg de CO
2
.
O número de árvores a serem plantadas para absorver o CO
2
emitido é calculado a partir da
divisão do total desse CO
2
pelo CO
2
equivalente retido na biomassa da árvore hipotética
mencionada.
Entretanto, lembra a autora, a taxa de absorção do CO
2
pelas árvores é muito menor do que a
taxa que o homem emite esse GEE. Ou seja, o que se emite hoje, só será absorvido daqui a
anos (o tempo de crescimento das árvores).
Ela afirma que é impossível estimar com precisão quanto CO
2
uma árvore é capaz de absorver
durante seu crescimento, pois muitas variáveis influentes nesse processo: a espécie
plantada, a fertilidade do solo, temperatura do ambiente, quantidade e distribuição da chuva
ao longo do ano, predadores, doenças, densidade do plantio, luminosidade, dentre outros
fatores.
De acordo com a autora, uma floresta clímax da mata atlântica estoca cerca de 400 toneladas
(t) de biomassa (~ 200 t/ha) por hectare (ha) por ano, que equivalem a 720 t (730 pelos
cálculos da autora da dissertação) de CO
2
. Segundo a autora, o brasileiro emite cerca de 0,6
toneladas de CO
2
por ano ou 48 toneladas ao longo da vida, considerando 80 anos de idade.
Logo, um hectare de floresta pode estocar as emissões de cerca de 15 pessoas.
Uma árvore com 90 cm de diâmetro por 30 metros de altura (grande porte) pode estocar cerca
de 6 (6,9 pelos cálculos da autora da dissertação) toneladas de carbono (mais de 20 toneladas
de CO
2
) o equivalente às emissões de 33 pessoas/ano. Mas, uma árvore deste porte leva mais
de cem anos para atingir essas dimensões, mesmo tempo para uma floresta atingir seu estágio
de capacidade máxima de estocagem de carbono. Nessas estimativas de estocagem não foi
considerado o carbono do solo, que aumenta com a maturidade de uma floresta.
Nesta referência foi apresentada a seguinte tabela (4.2) com alguns dados de densidade e
estrutura de espécies adultas de mata atlântica, encontrados na literatura pesquisada [40]:
44
Tabela 4.2 Densidade e estrutura de algumas espécies maduras da mata atlântica [40]
Nome vulgar
Espécie
Família
Densidade
(g/cm
3
)
Diâmetro (cm)
e altura (m) de
uma arvore
adulta
Guapuruvu
Schizolobiun
parahyba
Caesalpinaceae 0,38 80-100 / 20-30
Caixeta
Tabebuia
cassinoides
Bignoniaceae 0,39 30-40 / 12-22
Embaúba
Branca
Cecropia
hololeuca
Cecropiaceae 0,43 20-30 / 6-12
Ingá Ingá vera Mimosaceae 0,58 20-30 / 5-10
Bracatinga
Mimosa
scabrella
Mimosaceae 0,67 30-40 / 5-15
Canela-preta
Ocotea
catharinensis
Lauraceae 0,75 60-90 / 25-30
Jequitibá
Cariniana
estrellensis
Lecythidaceae 0,78 90-120 / 35-45
Ipê-Roxo
Tabebuia
impetiginosa
Bignoniaceae 0,96 60-90 / 20-30
Maçaranduba
Manilkara
salzani
Sapotaceae 1,03 40-70 / 10-25
Angico
Anadenanthera
macrocarpa
Mimosaceae 1,05 40-60 / 13-20
45
5 PRINCIPAIS TRABALHOS COM METODOLOGIAS DE INVENTÁRIO DE
EMISSÕES
Antes de mostrar algumas metodologias encontradas, é conveniente apresentar alguns
conceitos, tais como [41]:
Fatores de Conversão o coeficientes que transformam as quantidades expressas numa
unidade de medida para quantidades expressas em outra unidade. No Brasil, para converter 1
tonelada de lenha em tep (toneladas equivalentes de petróleo), usa-se o coeficiente 0,306, que
é a relação entre o poder calorífico da lenha e o do petróleo (3300 kcal/kg / 10800 kcal/kg), ou
seja, 1 t de lenha = 0,306 tep.
Caloria (cal) - quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de um grama de água
de 14,5 ºC a 15,5 ºC, à pressão atmosférica normal (760 mm Hg).
1 cal = 4,1855 J e 1 J = 0,239 cal
Poder Calorífico - quantidade de calor, em kcal, produzida na combustão completa por 1 kg
ou 1m
3
N de combustível [42].
Poder calorífico superior (PCS) e inferior (PCI): [43]
Poder calorífico é a quantidade de calor produzida pela combustão completa de uma unidade
de massa do combustível, expresso geralmente em kcal/kg. O calor liberado pela combustão
de uma unidade de massa de um combustível numa bomba de volume constante, com toda a
água produzida no estado líquido é definido como Poder Calorífico Superior (PCS). Já o
Poder Calorífico Inferior (PCI) é o calor liberado pela combustão de uma unidade de massa de
um combustível, em pressão constante, com a água vaporizada.
PCI = PCS - entalpia de vaporização da água
Para calcular os GEE’s emitidos em todos os métodos pesquisados, deve-se transformar o
consumo de cada combustível usado de suas unidades originais (m
3
, litros, toneladas, etc.)
para unidades energéticas (em TJ) através do seu Poder Calorífico Inferior (PCI). Depois,
46
multiplica-se esse consumo energético pelo fator de emissão de cada GEE, expresso em kg ou
toneladas do GEE por TJ (tabelado pelo IPCC ou desenvolvido no País) para esse
combustível e chega-se a um valor de kg do GEE emitido.
Repete-se o procedimento para cada combustível consumido e cada GEE. Para obter o
resultado final, somam-se todas essas parcelas. Caso o inventariante queira obter os resultados
de todos os GEE’s baseados em CO
2
, basta converter os GEE’s não CO
2
em CO
2
e (CO
2
equivalente) através dos seus PAG’s correspondentes.
Para o GEE CO
2
, os fatores de emissão refletem o teor padrão (default, em inglês) de carbono
de cada combustível por unidade de energia contida (no setor energia) que é baseada no PCI
do combustível. Nas versões anteriores à do IPCC 2006, os fatores eram expressos em
toneladas de carbono (C) por TJ. Os fatores padrões de emissão (FE’s) para os outros GEE’s
não CO
2
, tais como metano (CH
4
) e óxido nitroso (N
2
O) também são expressos em kg CH
4
/TJ
e kg N
2
O/TJ, respectivamente.
Os métodos do IPCC também apresentam três níveis de complexidade relativos aos fatores de
emissão, visando diminuir as incertezas, que vão desde os valores padrões tabelados (nível 1)
até a tecnologia do equipamento de combustão, condições operacionais, etc.(nível 3) passando
pelos fatores desenvolvidos pelo país sendo inventariado (nível 2) para a versão 2006.
O conceito desses níveis mudou das versões anteriores do IPCC para a de 2006, mas não é o
foco por ora, pois o método adotado no inventário do estudo de caso adotou a de 2006.
As metodologias das versões anteriores do IPCC pesquisadas adotaram a seguinte equação
(de formas ligeiramente diferentes) para o cálculo de emissões de CO
2
:
CO
2
= Mc*PCI*FE*44/12
Onde:
CO
2
é a quantidade em t ou kg do CO
2
emitido, quer seja CO
2
ou CO
2
eq (de outros GEE’s);
Mc é a massa do combustível consumido em Gg (Gg = gigagrama = 10
9
g) t ou kg para fins
energéticos;
PCI é o poder calorífico inferior geralmente expresso em TJ/kg , definido anteriormente neste
47
capítulo;
FE é o fator de emissão de carbono, expresso em tC/TJ;
44/12 é a relação de pesos moleculares de CO
2
/C, para transformar a massa de carbono em
CO
2
.
Quase todos os métodos encontrados se basearam nos fatores de emissão (FE em tC/TJ da
equação 1 apresentada) do IPCC 1996, pois a versão mais nova é a de 2006, onde os FE’s
são expressos em kg de CO
2
/TJ. Assim, a equação 1 não usa o fator 44/12, para a última
versão 2006 pesquisada e adotada no trabalho desta dissertação.
Na pesquisa realizada, foram encontrados os seguintes trabalhos para o cálculo de emissões
de GEE´s:
5.1 Primeiro inventário brasileiro de emissões antrópicas de gases de efeito estufa por
queima de combustíveis: abordagem “top-down”.
Em escala macro, o COPPE elaborou e o MCT coordenou esse inventário pela metodologia
Top-down [44] recomendada pelo IPCC de 1996 (Reference Manual) [45] mas adaptada para
calcular as emissões de carbono do sistema energético brasileiro. O trabalho visou comparar a
evolução das emissões de CO
2
de 1990 a 1994, por setores e seus consumos de combustíveis
fornecidos em tep pelo BEN (Balanço Energético Nacional).
A tep representa a energia contida em uma tonelada do petróleo médio consumido, que, em
média, é 10.000 Mcal. No Brasil, essa energia corresponde a 10.800 Mcal ou 45,217 x 10
-3
TJ, que é função do tipo de petróleo adotado. Assim, se 1 tep padrão é igual a 10.000 Mcal
(41,868 x 10
-3
TJ), 1 tep brasileira será igual a 10.800/10.000 x 41,868 x 10
-3
TJ = 45,217 x
10
-3
TJ ~ 45,22 x 10
-3
TJ
Os dados fornecidos pelo BEN (consumo em tep) se baseiam no PCS ao invés do PCI (os
fatores de emissão do IPCC se baseiam no PCI) dos combustíveis. Assim, não é possível
transformar as quantidades expressas em tep diretamente para TJ. Nesse trabalho do MCT,
cada tep com base no PCS foi convertido para TJ baseado no PCI, através da seguinte
expressão:
48
Fator de conversão (tep com base em PCS para TJ com base em PCI) = 45,22x10
-3
x fator de
correção;
onde o fator de correção para os combustíveis sólidos e líquidos é 0,95 e 0,90 para os
combustíveis gasosos, conforme recomendação do método do IPCC empregado nesse
trabalho do MCT.
Esse método permite calcular as emissões de CO
2
, apenas com dados sobre a oferta de energia
do país sem detalhar o destino onde esta energia é consumida. Consiste na quantificação da
produção doméstica (brasileira, no caso) de combustíveis primários, das importações e
exportações de combustíveis primários e secundários e da variação interna dos estoques
destes combustíveis.
A metodologia top-down considera que, uma vez introduzido na economia nacional, em um
determinado ano, o carbono contido em um combustível fóssil ou é emitido para a atmosfera
ou é retido de alguma forma (por exemplo, sua transformação em produtos não energéticos,
da sua retenção parcial não oxidada nos resíduos da combustão ou através do aumento do
estoque do combustível).
Para se ter uma idéia, pode-se resumir essa metodologia nas seguintes etapas:
1. Avaliação do consumo dos combustíveis, nas suas unidades de medida originais.
2. Conversão desse consumo para uma unidade de energia (TJ) através do PCI de cada
combustível.
3. Transformação desse consumo de cada combustível em conteúdo de carbono, através
da sua multiplicação pelo fator de emissão de carbono do combustível considerado.
4. Quantificação do carbono de cada combustível destinado para fins não energéticos e
dedução desta quantidade de carbono contido no consumo citado no item 3, para
calcular o conteúdo real de carbono que pode ser emitido.
5. Correção dos valores encontrados na etapa 4, considerando combustão incompleta do
combustível, descontando a fração não oxidada (fornecida pelo IPCC) para calcular a
quantidade de carbono oxidado na combustão.
6. Conversão da quantidade de carbono oxidado em emissões de CO
2
, através da razão
do peso molecular de CO
2
(44) com o peso atômico do carbono (12).
A emissão de CO
2
pelo uso de uma fonte de energia pode ser determinada, através da seguinte
49
equação:
onde:
ω = emissão anual real de CO
2
(Gg CO
2
)
α = produção anual doméstica de energia primária, medida em unidade original
β = importação anual de energia primária e secundária, medida em unidade original
χ = exportação anual de energia primária e secundária, medida em unidade original
δ = energia anualmente embarcada em bunkers internacionais, medida em unidade original
ε = variação anual dos estoques de energia (positiva, caso haja aumento dos estoques),
medida em unidade original
Φ = fator de conversão da unidade original para terajoules (TJ/unidades originais)
γ = fator de emissão de carbono por unidade de energia contida no combustível (t C/TJ)
η = quantidade anual de carbono estocado em produtos não energéticos (t C)
λ = fração do carbono realmente oxidado na combustão
Esse método adotado pelo MCT não apresenta qualquer detalhamento do setor ou tecnologia
onde os combustíveis (ou energéticos) foram usados, ou destinos (veículo, equipamento, etc.)
e teve a finalidade de calcular as emissões do País. Além disso, os fatores de emissão são
meras cópias da tabela 1.1 na página 1.13 do capítulo 1 (Energia) do Manual de Referência do
IPCC 1996 [46]. A exceção ficou por conta do álcool, cujo valor foi a média obtida na
CETESB (1994) dos fatores de emissão da frota nacional. A tabela 5.1, a seguir, mostra os
fatores de emissão de carbono (tC/TJ) usados. [44]
50
Tabela 5.1 Fatores de emissão FEC (t C/TJ) usados no 1º Inventário Brasileiro (Top Down)
[44]
Combustível
FEC
Petróleo 20
Primários
Líquidos de Gás Natural 17.2
Gasolina 18.9
Querosene de Aviação 19.5
Querosene Iluminante 19.6
Óleo Diesel 20.2
Óleo Combustível 21.1
GLP 17.2
Nafta 20
Asfalto 22
Lubrificantes 20
Coque de Petróleo 27.5
Outros Produtos Secundários de Petróleo 20
Fósseis-Líquidos
Secundários
Outros Produtos Não Energéticos de
Petróleo
20
Carvão Metalúrgico 25.8
Primários
Carvão Vapor 25.8
Alcatrão 25.8
Fósseis-Sólidos
Secundários
Coque de CM 29.5
Primários Gás Natural 15.3
Fósseis-Gasosos
Secundários
Gás de Refinaria 18.2
Outras Primárias Fósseis
20
Lenha para Queima Direta 29.9
Lenha para Carvoejamento 29.9
Bagaço de Cana 29.9
Resíduos Vegetais 29.9
Biomassa-Sólida
Carvão Vegetal 29.9
Caldo de Cana 20
Melaço 20
Álcool Anidro 14.81
Biomassa-Líquida
Álcool Hidratado 14.81
51
Os fatores desta tabela (5.1) são os recomendados pelo IPCC (IPCC, 1996), com as exceções
a seguir:
Para os outros produtos não energéticos do petróleo e outros produtos secundários do
petróleo foram adotados o FE do Other Oil definido no IPCC.
Para o carvão vapor, adotou-se o mesmo valor do FE do carvão betuminoso - Other
Bituminous Coal, pois não há recomendação do IPCC.
Para o alcatrão obtido como subproduto da transformação do carvão metalúrgico em
coque, adotou-se o mesmo FE do carvão metalúrgico (não recomendação do
IPCC).
É desconhecida a composição das fontes incluídas em outras fontes primárias fósseis.
Sendo assim, adotou-se o mesmo FE do petróleo.
Para o álcool etílico, adotou-se o FE médio da frota nacional, calculado no módulo
específico de transporte a partir dos dados obtidos na CETESB (1994), para o período
1990/1994.
Esta metodologia apresenta ainda as estimativas das emissões de CO
2
oriundas do consumo de
biomassa no sistema energético e analisa a sua evolução ao longo do tempo, no período já
mencionado (1990 a 1994). As estimativas das emissões de CO
2
da biomassa foram incluídas
no inventário nacional apenas como informação (segundo recomendação do IPCC) sem
adicionar às emissões dos combustíveis fósseis. Ressaltam-se as vantagens comparativas do
Brasil, relativas às emissões de CO
2
do seu sistema energético pelo uso de fontes renováveis,
e a necessidade de implantar políticas para a manutenção dessas vantagens. [47]
No final do relatório, é apresentada uma metodologia diferente do IPCC, levando em conta o
uso de biomassa para energia e a diferenciação entre biomassa renovável da não renovável
(função do uso da mesma). Assim, a quantidade de biomassa renovável variou de acordo com
o setor de consumo, para o caso da lenha utilizada por queima direta. [47]
Foi considerado que 50% da lenha energética para o setor residencial eram renováveis, pelo
tipo de coleta praticado aparas de árvores e lenha catada do chão. Logo, somente 50% do
52
consumo residencial contribuíram para o aumento do efeito estufa. Para o setor industrial,
levou-se em conta que apenas 20% da lenha usada eram de origem renovável (principalmente
nas indústrias de papel e celulose) pelos programas de reflorestamento.
Considerou-se que toda a lenha consumida era renovável, para as usinas autoprodutoras de
eletricidade. Essas hipóteses foram adotadas com base na experiência da equipe do
PPE/COPPE sobre o assunto, já que não foram encontradas estatísticas publicadas sobre uso
de lenha nativa para queima direta.
5.2 - Coeficientes da matriz de emissões
O objetivo desta metodologia [48] "Fornecimento de Instrumentos de Avaliação de Emissões
de Gases de Efeito Estufa acopladas a uma Matriz Energética" foi estimar a matriz de emissão
dos GEE’s oriundos da queima dos combustíveis usados em vários setores da economia.
Para tal finalidade, o referido trabalho visou obter um coeficiente que, multiplicado pelo
consumo de cada energético em um específico setor da economia, forneça a quantidade
emitida de cada um dos gases do efeito estufa.
No cálculo, foram usados os valores dos fatores de emissão fornecidos pelo IPCC, revisão de
1996. Segundo o trabalho, a metodologia do IPCC separa o cálculo dos gases do efeito estufa
da seguinte forma:
a. Emissão de CO
2
a partir do teor de carbono dos combustíveis;
b. Emissão de CH
4
, N
2
O, NO
x
e CO a partir do consumo do energético organizado por
setor da economia;
c. Emissão de SO
2
a partir do teor de enxofre no combustível e da retenção de enxofre
nas cinzas.
A seguir, são descritos os passos usados nessa metodologia:
a) Coeficientes para emissão de CO
2
a.1) Conversão de massa, volume ou tep (tonelada equivalente de petróleo) para terajoule
53
(TJ), usando o seguinte cálculo: 1tep = 10.000 Mcal = 41,868TJ*10
-3
. Ou seja, o fator de
conversão para terajoule usado é A = 41,868 TJ/ 10
3
tep.
a.2) Multiplicação pelo fator de emissão para calcular o teor de carbono.
O IPCC fornece fatores de emissão (em toneladas de C/TJ) para líquidos fósseis primários e
secundários, sólidos fósseis primários e secundários, gás natural e biomassa sólida, líquida e
gasosa. Assim, o fator de emissão de carbono passou a ser identificado por B (B = fatores de
emissão de carbono do energético).
a.3) Correção para carbono oxidado.
Nem todo o energético (ou combustível) é totalmente queimado ou oxidado para CO
2
+ H
2
O e
parte dele se transforma em fuligem (C não oxidado). Portanto, apenas a fração oxidada da
Tabela 5.2 deve ser considerada para efeitos de emissão de CO
2
.
Tabela 5.2 Fração de carbono oxidado [48]
Carvão 0,98
Petróleo e seus produtos 0,99
Gás 0,995
Ficou então estabelecido que C = Fração de carbono oxidado do energético.
a.4) Conversão do carbono oxidado em emissão de CO
2
.
Assim, o coeficiente de emissão de carbono em Gg/10
3
tep de combustível pode ser obtido,
multiplicando-se o fator de conversão (item 1) pelo fator de emissão (item 2) para um
determinado combustível (vezes10
-3
para termos o fator em Gg de C/TJ) e pela fração de
carbono oxidado correspondente (item 3). Para se obter o coeficiente de emissão de CO
2
basta
multiplicar esse coeficiente (de carbono) por 44/12 (PM de CO
2
/ PA de C). Assim, tem-se a
seguinte equação:
Coeficiente de emissão de CO
2
= A* B*10
–3
* C* 44/12 (Gg de CO
2
/10
3
tep).
b) Coeficientes para emissão de CH
4
, N
2
O, NO
x
e CO
b.1) Conversão para terajoule.
54
O fator de conversão para terajoule usado é A = 41,868 TJ/10
3
tep.
b.2) Multiplicação pelo fator de emissão (do respectivo gás) para o setor da economia e
referente a esse combustível.
O IPCC fornece fatores de emissão para esses GEE’s (item b) para os energéticos e setores da
economia (em kg/TJ) a seguir:
Energético: petróleo, gás natural, gasolina, diesel, carvão, lenha e rejeitos de lenha, biomassa
e outros.
Setor: Indústria de energia, Indústria manufatureira e Construção, Transporte (aéreo,
rodoviário, ferroviário e hidroviário) e Outros Setores (comercial/institucional, residencial,
agricultura, silvicultura e pesca).
Ficou definido que B = fator de emissão de cada um desses energéticos para cada setor da
economia.
O coeficiente de emissão do GEE em Gg/10
3
tep pode ser obtido, multiplicando-se o fator de
conversão pelo fator de emissão (vezes 10
-6
para obter Gg do GEE/TJ) de acordo com a
seguinte equação:
Coeficiente de emissão (do respectivo gás) = A* B*10
-6
(Gg / 10
3
tep)
c) Coeficiente para emissão de SO
2
c.1) Conversão para terajoule.
O fator de conversão para terajoule usado é A = 41,868 TJ/10
3
tep;
c.2) Cálculo do fator de emissão de SO
2
. B = 2* [(% do teor de enxofre /100)]*[1/valor
calorífico líquido]*[(100-% retenção do enxofre na cinza)/100.
Coeficiente de emissão de SO
2
= A*B*
(Gg/10
3
tep).
55
5.3 - Avaliação das Emissões de CO
2
pelo uso do Processo “Top-Down” Estendido
O trabalho trata de um levantamento de dados para revisão do Balanço de Carbono, objeto do
Termo de Parceria entre a OSCIP e&e e o MCT. Apresenta a tabela 5.3 que chamou atenção
da autora, por comparar diversos Fatores de Emissão [49]:
Tabela 5.3 Valores comparativos de FEC’s para 2004[49]
Utilizado COPPE Obtidos MCT IPCC
e&e e&e*
BEN tC/TJ tC/TJ tC/TJ tC/TJ tC/TJ IPCC
Petróleo 20.0 20.0 20 Crude Oil
Líquidos de Gás Natural 17.2 17.2 17.2 Natural Gas Liquids
Gasolina 18.9 18.9 18.9 18.9 Gasoline
Querosene de Aviação 19.5 19.5 19.5 19.5 Jet Kerosene
Querosene Iluminante 19.6 19.6 19.6 19.6 Other Kerosene
Óleo Diesel 20.2 20.2 20.2 20.2 Gas/Diesel
Óleo Combustível 21.1 21.1 21.1 21.1 Residual Fuel Oil
GLP 17.2 17.2 17.2 17.2 LPG
Nafta 20.0 20.0 20.0 20.0 Naphta
Asfalto 22.0 22.0 22.0 22.0 Bitumen
Lubrificantes 20.0 20.0 20.0 20.0 Lubricants
Outros Não Energéticos de Petr. 20.0 20.0 20.0 20.0 Other Oil
Coque de Petróleo 27.5 27.5 27.5 27.5 Petroleum Coke
Carvão Vapor 25.8 25.8 25.8 25.8 Other Bituminous Coal
Carvão Metalúrgico 25.8 25.8 25.8 25.8 Coking Coal
Alcatrão 25.8 25.8 25.8 Tars
Coque de CM 29.5 29.5 29.5 29.5 Coke Oven / Gas Coke
Gás Natural 15.3 15.3 15.3 15.3 Natural Gas (Dry)
Gás de Refinaria 18.2 18.2 18.2 18.2 Other Oil
Outras Fontes Secundárias Petr. 20.0 20.0 20.0 20.0 Other Oil
Gás Canalizado 18.2 15.3
Gás de Coqueria 29.5 29.5 29.5 13.0 Coke Oven Gás
Lenha Queima Direta 28.6* 29.9 28.6 29.9 29.9 Solid Biomass
Lenha Carvoejamento 28.6* 29.9 28.6 12.4 29.9 Solid Biomass
Carvão Vegetal 29.9 29.9 20.5 32.2 29.9 * Solid Biomass
Caldo de Cana 20.0 20.0 20.0 Liquid Biomass
Melaço 20.0 20.0 20.0 Liquid Biomass
Bagaço 24.2* 29.9 24.2 29.9 29.9 Solid Biomass
Resíduos Vegetais 29.9 29.9 29.9 29.9 Solid Biomass
Turfa 28.9 Peat
Outros Primárias Fósseis 20.0 20.0 20.0 20.0 Other Primary Fuel Fóssil
Lixívia 20.0 20.0 20.0 20.0 Liquid Biomass
Álcool Etílico Anidro 18.8* 14.8 18.8 14.8 20.0 Liquid Biomass
Alcool Etilico Hidratado 18.8* 14.8 18.8 20.0 Liquid Biomass
Alcatrão + Pirolenhoso 23.9 Solid Biomass
Convenção da
Tabela 2.2
Coincidentes com IPCC e outros
*
Adotados IPCC
Cálculo e&e
(*) Os valores recomendados pelo IPCC referem-se genericamente à biomassa líquida ou sólida.
56
A tabela 5.3 mostra que quase todos os valores de fatores de emissão coincidem com os do
IPCC, salvo as seguintes exceções:
Lenha queimada e carvoejamento Diferença entre e&e (Organização Social
Economia e Energia) e IPCC
Carvão vegetal - Diferença entre e&e, MCT e IPCC
Bagaço - Diferença entre e&e e IPCC
Álcool Etílico Anidro - Diferença entre e&e e IPCC (Posteriormente no capítulo 4,
serão mostrados vários FE’s para o álcool, de diversas referências)
Álcool Etílico Hidratado - Diferença entre COPPE, e&e e IPCC (Observação da
autora deste trabalho: única diferença vista dos valores da COPPE com os do IPCC?).
5.4 Primeiro inventário brasileiro de emissões antrópicas de gases de efeito estufa por
queima de combustíveis (abordagem bottom-up) COPPE/MCT [50]
O relatório desse inventário apresenta estimativas das emissões de dióxido de carbono (CO
2
)
metano (CH
4
) monóxido de carbono (CO) óxidos de nitrogênio (NO
x
) óxido nitroso (N
2
O) e
de compostos orgânicos voláteis não metânicos (NMVOC) oriundos da queima de
combustíveis no Brasil no período de 1990 a 1994 [50].
Esse trabalho se baseou na abordagem bottom-up das Diretrizes Revisadas de 1996 do IPCC
[51]. O inventário calculou o CO
2
pelo nível 1 e os outros gases pelo nível 2 (mais detalhado)
de acordo com a versão do IPCC adotado na época.
O relatório desse inventário foi dividido em duas partes. A primeira apresentou os cálculos e
análises das emissões de CO
2
por setor e a segunda, das emissões setoriais dos outros GEE’s.
As análises das emissões foram feitas à luz das peculiaridades da matriz energética brasileira
oferecida ao País da época, em que predominou o uso de fontes de energias renováveis,
energia hidráulica, bagaço e álcool de cana-de-açúcar, o carvão vegetal e lenha.
57
Dos gases não-CO
2
, apenas o CH
4
e o N
2
O são gases de efeito estufa direto. As emissões de
CH
4
e N
2
O foram principalmente associadas a quatro combustíveis: o Álcool Etílico, a Lenha,
o Bagaço e o Carvão Vegetal. Esses quatro combustíveis juntos foram responsáveis por 96%
das emissões de CH
4
e de 73% das emissões de N
2
O.
A metodologia do IPCC tem como referência [50] pesquisas e metodologias elaboradas por
especialistas de países desenvolvidos, onde as emissões oriundas da queima de combustíveis
fósseis significam a maior parcela de suas emissões.
Assim, a metodologia e os fatores de emissão devem ser aplicados com cuidado, pois não
refletem totalmente, a realidade brasileira. “O uso da metodologia do IPCC pelos países em
desenvolvimento impõe a esses países um ajuste a um sistema para cuja elaboração pouco
contribuíram”, segundo o relatório do inventário em referência. Mas não há pesquisa no Brasil
para avaliar os fatores apresentados e a metodologia proposta, segundo esse relatório
(COPPE/MCT).
Segundo o mesmo relatório, ainda não no Brasil, legislação que obrigue as empresas a
fornecer informações com respeito às suas emissões de GEE’s. Além disso, a busca e coleta
de informação não são adequadas por causa do alto custo de obtenção e armazenamento de
dados, quando comparado a qualquer melhoria da precisão da estimativa.
Portanto, não se justifica o inventário de emissões de GEE’s por si só. Assim, devem-se
priorizar estudos e pesquisas de emissões nos setores e GEE’s principais, pois as estimativas e
a qualidade dos dados podem melhorar ao longo do tempo, ainda aponta esse relatório.
5.5 Transportes [40]
Segundo Tannizak, Lenny, autora do trabalho “Base teórica para o cálculo de emissões de
CO
2
relacionadas a meios de transporte”, os combustíveis mais usados em transportes no
Brasil são [40]:
Gasolina (automotivo ou aéreo)
Diesel (automotivo)
58
Gás Natural Veicular (GNV) (automotivo)
Querosene de Aviação (QAV) (aéreo)
De acordo com a autora, deve-se avaliar o consumo do combustível (ou teor de carbono), do
rendimento e da maneira como o motorista dirige o veículo, para se calcular a emissão de CO
2
(principal GEE veicular). Entende-se a maneira que o motorista dirige o veículo, como muitas
paradas ou freadas seguidas de mais ou menos bruscas acelerações, etc.
Na metodologia em questão, foi considerado carro de passeio como o veículo com apenas um
passageiro e os ônibus com 30 passageiros. O cálculo anual considera a distância percorrida
por dia multiplicada por 365 dias por ano. Essa consideração visou a emissão causada pelo
transporte por pessoa. Para calcular as emissões causadas pelo transporte de uma pessoa,
foram adotadas as equações abaixo:
Carro:
Emissões (kg de CO
2
) = CC x DP x DC x TC x 3,6
Ônibus:
Emissões (kg de CO
2
) = CC x DP x DC x TC x 3,6 / NP
Onde:
CC = Consumo de combustível (l/km)
DP = Distância percorrida (km)
DC = Densidade do combustível (kg/l)
TC = Teor de carbono no combustível (%)
NP = Número de passageiros
TO = Taxa de ocupação dos assentos
No trabalho em referência, foi feita a tabela 5.4 abaixo, com fatores de emissão por
quilômetro percorrido. Para carros de passeio, o consumo de gasolina é função da potência do
veículo.
59
Tabela 5.4 Fatores de emissão para carros de passeio [40]:
Combustível
Teor
C
Densidade
(kg/l ou m
3
)
Potência
do Motor
Consumo km/l ou
km/m
3
ou (l/km)
Emissões (kg
CO
2
/km)
Gasolina* 0,67 0,800 1,0 a 1,4 12 (0,08) 0,161
Gasolina* 0,67 0,800 1,5 a 2,0 10 (0,1) 0,194
Diesel 0,84 0,840 1,0 a 1,4 12 (0,08) 0,212
Diesel 0,84 0,840 1,5 a 2,0 10 (0,1) 0,254
GNV 0,75 0,750 1,0 a 1,4 12 (0,8) 0,169
GNV 0,75 0,750 1,5 a 2,0 10 (0,1) 0,203
*- Com 20% de álcool incluído.
Tabela 5.5 Fatores de emissão para ônibus [40]:
Combustível
Teor
C
densidade
(kg/l)
Pass./ônibus
Consumo
km/l
ou (l/km)
Emissões
(kgCO
2
/km)
diesel 0,84
0,840 30 4 (0,25) 0,0059
Transporte aéreo: não foi incluído neste trabalho [40], por não ser objeto do estudo proposto.
60
5.6 - IPCC 2006
A metodologia do IPCC 2006 [52] Diretrizes para Inventários Nacionais de GEE’s que
atualizou a de 1996 é composta por 6 volumes, quais sejam:
“Diretrizes para Inventários Nacionais de GEE’s” (com 4 capítulos)
“Volume 1 Orientação Geral e Relatório” (com 8 capítulos)
“Volume 2 Energia” (com 6 capítulos)
“Volume 3 Processos Industriais e Uso do Produto” (com 8 capítulos e 4 anexos)
“Volume 4 Agricultura, Silvicultura e Outro Uso da Terra” (com 12 capítulos e 3
anexos)
“Volume 5 Lixo”
Essas novas diretrizes de 2006 abrangem novas fontes e gases e atualizam os métodos
anteriormente aplicados onde houve progresso do conhecimento técnico e científico.
O IPCC apresenta vários métodos ou níveis (Tiers, em inglês) de complexidade metodológica,
para serem escolhidos, dependendo dos dados disponíveis para o responsável pelo inventario.
Esses níveis vão do número 1 que é o mais simples até o 3, que é o mais complexo e
conseqüentemente mais preciso, por requerer dados mais detalhados, tanto dos equipamentos
quanto dos combustíveis usados (tecnologia, condições operacionais, setor-atividade, etc.).
Nível 1
O Nível 1 é um método que se baseia na quantidade de cada combustível queimado e nos seus
fatores “default” de emissão, que o IPCC disponibiliza para todos os GEE’s relevantes (CO
2
,
CH
4
e N
2
O).
A qualidade desses FE’s varia entre os GEE’s. Os FE’s para o CO
2
dependem principalmente
do conteúdo de carbono (C) no combustível, não tendo importância significativa as condições
de combustão (eficiência, carbono retido nas cinzas, etc.). Assim, tem-se um valor bem
preciso através da quantidade de combustíveis queimados e do conteúdo padrão de C de cada
combustível. Os FE’s (default) do IPCC para cada combustível e cada GEE podem ser
encontrados nos capítulos 2 e 3 do Volume 2 (Setor Energia), para as fontes estacionárias e
61
móveis, respectivamente.
Para os GEE’s CH
4
e N
2
O, os FE’s dependem da tecnologia de combustão e condições
operacionais e variam significativamente, tanto entre instalações de combustão individuais,
como ao longo do tempo (tempo: tecnologia ou idade do equipamento, segundo interpretação
da autora desta dissertação). Assim, o uso desses FE’s “default” introduz grandes incertezas,
devido à grande variabilidade nas condições tecnológicas, segundo o IPCC.
Para os esses GEE’s não CO
2
, o IPCC tenta diminuir as incertezas, usando fatores de emissão
por tipo de equipamento ou veículo; por exemplo, o fator de emissão “default” de N
2
O para
gás natural queimado em equipamentos não discriminados em indústrias (0,6 kg N
2
O/TJ) é
diferente do fator para caldeiras, usando o mesmo gás natural (1 kg N
2
O/TJ). Ambos os
fatores são fornecidos pelo IPCC.
Por essa razão, foi citado no Capítulo 2, página 6, que quanto maior o detalhamento do
consumo de combustível por equipamento, melhor será o resultado, quanto à precisão. Em
outras palavras, menores serão as incertezas.
Nível 2
O Nível 2 é similar ao nível 1, com a diferença da exigência de usar FE’s desenvolvidos no
País. Cabe ressaltar que nas versões anteriores, a definição dos níveis era diferente da de
2006. O nível 2 não exigia FE’s desenvolvidos no País inventariante. Esse método de 2006
também reforça que, quanto mais desagregadas as fontes de emissão e seus consumos, além
dos reais conteúdos de C, menores serão as incertezas.
Nível 3
O Nível 3 demanda modelos de emissão detalhados ou medidas e dados com detalhamento de
plantas individuais, embora considere o custo de esforços e informações mais detalhadas, para
os GEE’s não CO
2
, principalmente. Segundo a descrição desse nível, o monitoramento
contínuo do fluxo dos gases emitidos não se justifica apenas para medições precisas de CO
2
(devido ao custo relativamente alto), mas podem ser aproveitados medidores já instalados que
62
estejam medindo outros poluentes como SO
2
ou NO
x
.
Na versão do IPCC de 2006, os fatores “default” de emissão são fornecidos em kg de
CO
2
/TJ. Esses FE’s em kg de CO
2
/TJ, nada mais são do que os FE’s do IPCC 1996 (carbono
padrão contido no combustível em tC/TJ à exceção de poucos FE’s que foram modificados ou
incluídos) multiplicados por 44/12, que é a relação da massa molecular do CO
2
para a massa
atômica do carbono
Cabe ressaltar que o IPCC 2006 Volume 2 - Energia adotado apresenta os resultados das
emissões por fontes estacionárias separadas das móveis, por combustível e por GEE,
diferentemente da abordagem da metodologia da ABNT, a seguir.
5.7 – Projeto de Norma ABNT/CB-38 38:009.01-001/1 [2] ANEXO II
Os projetos de Norma da ABNT são compostos por 3 partes:
Parte 1: Especificação com orientação a Organizações para a quantificação e a elaboração de
relatórios de emissões e remoções de gases de efeito estufa
Parte 2: Especificação com orientação a Projetos para quantificação, monitoramento e
elaboração de relatórios das reduções de emissões ou melhoria da remoção de gases de efeito
estufa
Parte 3: Especificação com orientação para a validação e verificação de declarações relativas
a gases de efeito estufa
Apenas o projeto de Norma ABNT/CB-38 38:009.01-001/1 Parte 1 (que corresponde à
Norma ISO 14064 - Parte) foi usado neste trabalho, pois trata da orientação a organizações
para quantificar e elaborar os relatórios de emissões, um dos objetos desta dissertação. Define
o que são fontes diretas e indiretas de emissões de GEE’s, além de especificar princípios e
requisitos para a quantificação e elaboração de relatórios de emissão de GEE’s. Em outras
palavras, orienta a forma de apresentação dos resultados, mediante suas definições.
63
A seguir, são mostradas as definições adequadas ao presente inventário e adotadas por esse
projeto de Norma da ABNT, visando organizar os resultados por fontes usuárias de
combustíveis e os gases emitidos. Assim, o projeto define:
Inventário de gases de efeito estufa como fontes de gases de efeito estufa,
sumidouros de gases de efeito estufa, emissões e remoções de GEE de uma
organização.
Emissão direta como emissão de GEE de fonte de gases de efeito estufa pertencente
ou controlada pela organização. O item 2.14 mencionado no projeto de norma define
fonte de gases de efeito estufa como unidade sica ou processo que libera um GEE
na atmosfera.
Emissão indireta de gases de efeito estufa por uso de energia como a emissão de
GEE na geração de eletricidade, calor ou vapor importados pela organização, para seu
consumo.
Outras emissões indiretas de gases de efeito estufa como emissões de GEE não
associadas à energia importada, e que sejam uma conseqüência de atividades da
organização, mas advindas de fontes de gases de efeito estufa que pertencem ou são
controladas por outras organizações.
Dióxido de carbono equivalente CO
2
e como unidade para comparar a intensidade de
radiação de um GEE ao do dióxido de carbono.
Potencial de aquecimento global PAG como fator que descreve a intensidade da
irradiação de uma unidade de massa de um dado GEE relativa a uma unidade
equivalente de dióxido de carbono durante um dado período de tempo.
A forma de apresentação dos resultados por este projeto de Norma (fontes diretas e indiretas)
difere da do IPCC (fontes estacionárias e móveis) e foi adotada neste trabalho.
É importante ressaltar que esse projeto não propõe qualquer método para o cálculo do
inventário de emissões, como pode ser visto no ANEXO II. A escolha do método de cálculo
fica por conta do responsável pelo inventário. Ele apenas ajuda a organizar os dados, os
resultados e na apresentação do relatório do inventário.
64
6. ESTUDO DE CASO
6.1 - Descrição Resumida da Empresa
A empresa está situada no Rio de Janeiro e emprega aproximadamente 500 trabalhadores,
entre empregados e terceiros.
Ela produz insumos para indústria de petróleo, suprindo o mercado nacional e parte do
mercado Latino Americano, com capacidade instalada de 32.000 t/ano dos produtos. Essa
empresa não autorizou divulgar o tipo de produtos, sua razão social e nem esclarecer seu
fluxograma. Entretanto, forneceu e autorizou a divulgação do fluxograma simplificado,
conforme a figura 6.1 a seguir.
As fontes emissoras de GEE’s são: 3 Secadores Flash (“Flash Driers”) 3 Calcinadores, 1
Secador Spray (“Spray Drier”) e 2 caldeiras aquotubulares que fornecem 30 toneladas por
hora de vapor d'água à pressão de 14 kgf/cm
2
ao processo. O combustível usado em todos
esses equipamentos mencionados (fontes estacionárias) é o Gás Natural (doravante
denominado GN).
65
Figura 6.1 Fluxograma da empresa avaliada
Aluminato
BOC
H2SO4
BOC
NaOH
Natal
Caulim
Sulfato de
Aluminio
Caulim
Água
Suspensão de Caulim
Terras Raras
NaHMP
ReCl3
HCl
Al2(SO4)3
ReCl3
Preparo da
Suspensão
de Cogel
Preparo da
Semente
Silicato de Sódio
Soda Cáustica
Preparo da
Alumina
Água Decationizada
Preparo da
Zeólita NaY
Soda Cáustica
Troca Iônica
Moagem,
Secagem e
Calcinação
Solução de Troca Iônica
Solução Amoniacal
Recuperação do NH3
Amô
nia Recuperada
PREPARO DA
ALUMINA H
Preparo de FCC Bruto
"Strike"
Silicato de Sódio
Soda Cáustica
Água Decationizada
Água Decationizada
Recuperação de Finos
Solução Amoniacal ((NH4)2SO4
e água p/ lavagem
Secagem "Flash"
FCC Acabado
Silicato de Sódio
Recuperação do
RE
Ácido Nítrico 54%
BOC
NaOH 50%
HCS seed
Água
Silicato de Sódio
ou Sisol
Ácido Fosfórico 33%
Ácido Sulfúrico 30%
Queima de Gases (TDU)
Calcinação
Gases
Atmosfera
Efluente Para
Tratamento Externo
Solução de PRA
Secagem "Spray"
Lavagem
66
6.2 Situação ambiental da empresa pesquisada
6.2.1 Caracterização Geológica da região de contorno da empresa estudada:
A geologia da área é marcada pela presença de depósitos fluviais intercalados com depósitos
marinhos, composta predominantemente por argila e secundariamente por areia.
6.2.2 Caracterização Hidrogeológica:
Existe o Canal de São Francisco a uma distância aproximada de 0,5 km a leste da fábrica.
Deste canal, atualmente é bombeada a água que abastece a empresa depois de ser processada
em sua estação de tratamento de água.
6.2.3 Histórico do passivo ambiental
Inicialmente, durante os 5 primeiros anos de operação da fábrica, de 1988 a 1993 eram
estocados cerca de 1.000 toneladas de um resíduo da fábrica dentro de sua própria área de
aproximadamente 6,0 ha, localizada na borda leste da mesma. Durante 2 anos seguidos, esse
resíduo foi destinado para tratamento externo. Em 1995, o resíduo apresentou granulometria
mais grossa, ou seja, d50 de 30 micra (50% retido na peneira de 30µ) e foi novamente
armazenado no mesmo local anterior (aproximadamente 600 t em base seca). Posteriormente,
este despejo no terreno sofreu uma terraplanagem com uma cobertura de argila com cerca
de 20 cm de espessura.
Esse resíduo sólido gerado pela fábrica é seco, com fração de argila e composto por sódio,
cloreto, amônia, sulfato e elementos da família dos lantanídeos (terras raras) possuindo como
principal característica a salinidade (prejudicial ao meio ambiente) com a seguinte
composição em base seca: 9.4 % Na
2
O, 6.03 % de SO
4,
2.963 ppm de Cl, 53,9% SiO
2 ,
130
ppm de NH
4
e 3,8% de Óxido de Terras Raras. O resíduo foi caracterizado como não inerte
classe II, segundo a norma 10.004 da ABNT, em função da presença de sulfato e cloreto de
sódio.
67
6.2.4 Ações na área ambiental
Em 2000, foi assinado o Termo de Compromisso de Ajuste Ambiental entre a empresa,
FEEMA e SEMADS (Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável). Como conseqüência desse Termo, foi criado em 2001 e mantido até hoje, um
horto florestal de 1007,5 m
2
, onde são produzidas mudas para o reflorestamento do entorno do
lago formado para dessalinização da área mencionada.
Em 2001, foi iniciado o processo de dessalinização da área de deposição de resíduos (Área do
entorno do lago: 81.525,85 m
2
e do espelho d’água do lago: 60.000,00 m
2
) utilizando o
efluente da área de utilidades da fábrica com as seguintes características:
pH alcalino (máximo 9,5)
teores altos de sólidos em suspensão e alumínio (450 ppm e 100 ppm,
respectivamente)
vazão ao redor de 15 m
3
/hora;
elevada condutividade elétrica (600 a 900 microsiemens/centímetro ou µScm
-1
).
Condutividade elétrica é a propriedade que a água tem de conduzir corrente elétrica e é
relacionada com a presença de íons dissolvidos, que são partículas carregadas eletricamente.
Quanto maior a quantidade de íons dissolvidos, maior será a condutividade elétrica da água.
[28].
Em 2002, passou a ser utilizada parte da água bruta captada do canal mencionado em
substituição à da área de utilidades com as seguintes características vantajosas:
pH na faixa de especificação da FEEMA (6,0 a 9,0);
baixa condutividade elétrica (80 a 100 µScm
-1
);
menores teores de sólidos em suspensão (em relação aos anteriores) incorporando
menos resíduos no lago de dessalinização;
vazão em torno de 70m
3
/h.
Em novembro de 2001, iniciou-se o processo de reflorestamento da área do entorno do local
em dessalinização, através do plantio de 1200 mudas de espécies nativas e exóticas (Ipê Rosa
68
(Tabebuia impetiginosa), Ipê Roxo (Tabebuia heptaphyla), Albízia (Albizia Lebecck),
Jamelão( Syzygium cumini (L.) ), Aroeira (Schinus terebinthifolius ), Guapuruvu
(Schizolobium parahyba), Orelha de Negro (Enterolobium contortisiliquum), Olho de Dragão
(Adenanthera pavonina ), Cedro Rosa (Cedrela fissilis), Pata de Vaca (Bauhinia fortificata),
Sabiá (Mimosa caesalpineafolia) e Topã (Ochroma pyramidale) produzidas no próprio horto
florestal da fábrica.
O reflorestamento foi efetuado primeiramente ao redor da área do dique construído para a
criação do lago. O processo de reflorestamento iniciou-se com uma cobertura verde,
amenizando o impacto visual e formando posteriormente uma floresta secundária.
Como atividades da empresa em relação ao horto, também são realizadas as seguintes ações:
produção de mudas e compostagem de escolas de municípios vizinhos e entidades
governamentais, doações de mudas a pessoas físicas, jurídicas e entidades governamentais
interessadas e práticas de educação ambiental. Compostagem é o tratamento de resíduos
orgânicos através de sua biodegradação controlada e pode ser definida como um processo
aeróbico (presença de ar).
O horto da empresa é composto por seis áreas: preparo das sementes e transplantes de mudas,
sementeira, viveiro, canteiro de crescimento de mudas, compostagem e canteiro para cultivo
de plantas medicinais. O viveiro possui uma área de compostagem para a produção de adubo
orgânico que é utilizado no próprio horto florestal.
A matéria prima para o processo de compostagem é gerada pelos resíduos de poda,
jardinagem e pó de café usado do restaurante. Toda a matéria orgânica produzida pelos
resíduos de poda e jardinagem é acondicionada em baias do horto, para a decomposição
orgânica que dura 90 dias em média e produção de composto orgânico.
Cada baia mede 2,5 x 2,0 x 2,0 m = 10m
3
. Como há 21 baias, seu volume total é de 210m
3
.
O aporte médio mensal de insumos é de 20m
3
e a densidade do composto gira em torno de
0,62g/ml.
69
A empresa produz cerca de 1500 mudas por mês, originárias do seguinte processo:
1. Compra de sementes em instituições reconhecidas, tais como UFRRJ e IPEF
(Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais) ou realização da prática de coleta de
sementes e de propagação de plantas existentes nas localidades.
2. Priorização das espécies nativas da mata atlântica. Quando não disponibilidade de
sementes de espécies nativas nas instituições, é realizada a compra de sementes de
plantas exóticas, que se adaptam às condições de clima, solo e vegetação da área de
influência da empresa.
3. Essas sementes vão para a sementeira para germinarem, onde ficam cerca de 30 dias,
conforme a espécie.
4. Após esse tempo, essas sementes germinadas vão para a área com sombrite, uma fase
intermediária para o desenvolvimento, onde permanecem de 30 a 40 dias. O sombrite
é uma tela que permite uma distribuição uniforme da luz no interior do viveiro,
evitando o desenvolvimento irregular das mudas.
5. Finalmente, vão para uma área externa (ao sol) prontas para serem doadas.
Foi realizada uma estimativa da capacidade de absorção de CO
2
pelas mudas do horto, cujos
valores foram os encontrados na literatura [39] para as plantas comuns a essas mudas e estão
apresentados na tabela do ANEXO III. Para as mudas de plantas sem referência bibliográfica,
adotou-se um valor de 2,5 kg de C resgatado por indivíduo e por ano (ou absorção de 8,5 kg
CO
2
/ind./ano), baseando-se na sugestão da bióloga da empresa um valor aproximado da
média dos dados dessa referência [39] (2,7 kg C/indivíduo/ano) considerando uma
sobrevivência das mudas em torno de 50%, também adotada nessa referência.
A base de cálculo para a estimativa das capacidades de absorção de CO
2
fixado no composto
orgânico, bem como resultado por indivíduo e total absorvido pelas plantas estão no ANEXO
III.
70
6.3 Levantamento do Inventário de emissões
6.3.1 Considerações preliminares
Adotando as definições do mencionado projeto da ABNT, o presente trabalho separou os
inventários por emissões diretas, indiretas e outras indiretas (para somar todas as emissões no
final). Ficou definido que as emissões diretas da empresa são provenientes de todos os
equipamentos que usam combustíveis dentro da área da empresa e sob sua responsabilidade.
Conforme essas considerações, as fontes de emissões diretas de GEEs da empresa foram
provenientes da combustão de gás natural (GN) no processo, de óleo diesel na
retroescavadeira e do GLP usado nas empilhadeiras e no refeitório durante o ano de 2006,
que foi o ano base adotado de comum acordo.
A eletricidade comprada e consumida foi a fonte de emissão indireta da empresa. Para saber
ou calcular quanto emite cada GWh produzido, a autora deste trabalho solicitou dados da
matriz de geração de eletricidade junto a diversas instituições, quais sejam: ANEEL, ONS,
MCT, COPPE e MME. Apenas o MME forneceu os dados apresentados no ANEXO IV, que
serviram de base para os cálculos (pela autora desta dissertação) da emissão de CO
2
por GWh
produzido no Brasil.
Quanto às outras emissões indiretas, as fontes foram o transporte veicular de cargas e
pessoas, além do tratamento do efluente contendo sacarose em uma empresa vizinha à em
estudo (não autorizadas suas identificações).
Ficou estabelecido que a abrangência do inventário incluiria essas emissões mencionadas, não
levando em conta as emissões decorrentes da fabricação das matérias primas ou do uso do
produto da empresa. Além disso, não foram também consideradas as viagens reas dos
funcionários da empresa em questão.
Apesar da adoção da metodologia do IPCC que separa os resultados das emissões por fontes
móveis das de fontes estacionárias, os resultados deste trabalho foram apresentados pelas
definições de fontes diretas e indiretas do Projeto 38:009.01-001/1 de Norma da ABNT [2]
71
sobre “Especificação e orientação a organizações para a quantificação e a elaboração de
relatórios de emissões e remoções de gases de efeito estufa” de janeiro de 2007.
Entretanto, nada impede apresentar também os resultados de acordo com o IPCC, somando
separadamente as emissões de todas as fontes e de todas as estacionárias. O resultado final é o
mesmo, pois os resultados são apenas organizados e apresentados de outra forma.
Conforme exposto anteriormente, o método de cálculo das emissões do IPCC apresenta 3
níveis de complexidade, principalmente para os gases não CO
2
(CH
4
e N
2
O). No caso em
estudo, foi adotado o método do nível 1 do IPCC versão 2006, pois ainda não FE”s
desenvolvidos no Brasil, para aplicar o método do nível 2.
Para os combustíveis usados pela empresa, os FE’s em kg de CO
2
/TJ, adotados pelo IPCC
2006, nada mais são do que os FE’s do IPCC 1996 (carbono padrão contido no combustível
em tC/TJ ou toneladas de carbono por terajoule), multiplicados por 1000 (de t para kg) e por
44/12 que é a relação da massa molecular do CO
2
para a massa atômica do carbono, conforme
citado anteriormente no Capítulo 5. Para exemplificar e comparar, a tabela 6.1 a seguir
apresenta os valores dos FE’s dos IPCC de 1996 e os de 2006, para os combustíveis usados
pela empresa estudada.
Essa tabela 6.1 é a tradução (pela autora) de parte da tabela 1-1 da página 1.13 do capítulo 1 –
Energia do Manual de Referência das Diretrizes Revisadas de 1996 para Inventários
Nacionais de GEE’s [53] e de parte da tabela 1-4 da página 1.23 do capítulo 1 Energia
Introdução das Diretrizes de 2006 para Inventários Nacionais de GEE’s [54], ambas do IPCC.
No presente trabalho, para o cálculo das emissões de CO
2
, foram usados esses valores
“default” dos FE’s do IPCC 2006 (tabela 6.1) em kg CO
2
/TJ, como apresentados na tabela
6.1, para os combustíveis usados pela empresa estudada, para fontes estacionárias e móveis,
pois foi comentado na gina 60 que os “FE’s para o CO
2
dependem principalmente do
conteúdo de carbono (C) no combustível, não tendo importância significativa as condições de
combustão (eficiência, carbono retido nas cinzas, etc.).”
72
Tabela 6.1 Valores de tC/TJ de CO
2
e de kg CO
2
/TJ (IPCC 1996 e 2006) [53] [54]
IPCC 1996
[53]
Em tC/TJ
IPCC 2006 [54]
Em kg CO
2
/TJ
Combustível
Valor
“default”
Valor
“default”
Limite inferior
(*)
Limite superior
(*)
Gás Natural 15,3 56.100 54.300 58.300
Gasolina 18,9 69.300 67.500 73.000
GLP 17,2 63.100 61.600 65.600
Óleo diesel 20,2 74.100 72.600 74.800
(*) Intervalo de confiança igual a 95%
Para transformar o consumo do combustível em energia (TJ) foram usados os valores dos
PCI’s e densidades dos combustíveis usados pela empresa e encontrados no Anuário
estatístico de 2005 da ANP ANEXO V Cabe destacar que essa foi a única referência
encontrada com esses dados, após diversas pesquisas bibliográficas. Mesmo assim, esse
Anuário apresentou apenas os valores médios, sem qualquer informação sobre desvios
padrões dessas características, apesar dos combustíveis não serem substâncias puras, devendo
apresentar faixas de variação, dentro de um intervalo de confiança aceitável.
Para exemplificar a variabilidade dos derivados de petróleo mesmo no Brasil, basta dizer que
a especificação da ANP no ANEXO I [55] para o PCS do GN (combustível composto
praticamente só por metano e etano) varia de região para região no Brasil e até dentro da uma
mesma região, ou seja, de 34.000 a 38.400 kJ/m
3
na região Norte.
Para as outras regiões, incluindo o Sudeste (onde se encontra a empresa estudada) os valores
especificados vão de 35.000 a 42.000 kJ/m
3
. Sua composição também varia entre essas
regiões: mínimo 68% para metano e máximo 12% de etano para a região Norte e mínimo 86%
e máximo 10%, respectivamente para esses compostos, nas outras regiões (incluindo o
Sudeste, por essa especificação da ANP.
Para calcular os GEE’s CH
4
e N
2
O (gases não CO
2
) foram usados os FE’s (“default”) da
tabela 2.3 de página 2.18 do Capítulo 2: Combustão Estacionária (quanto às fontes) e os FE’s
73
da tabela 3.2.2 da página 3.21 do Capítulo 3: Combustão Móvel (fontes móveis) ambos do
Volume 2 Energia das Diretrizes do IPCC de 2006 para Inventários Nacionais de GEE’s.
Parte dessas tabelas foi traduzida pela autora deste trabalho, gerando as tabelas 6.2 e 6.4 com
os FE’s dos combustíveis usados pela empresa.
Tabela 6.2 [56]
FE’s de CH
4
e N
2
O para fontes estacionárias
FE’s “default” para combustão estacionária em Indústrias
kg GEE/TJ com base no PCI
GEE CH
4
N
2
O
Combustível
Valor
Default
Limite
inferior
Limite
superior
Valor
Default
Limite
inferior
Limite
superior
Gás Natural
(GN)
1
0,3
3
0,1
0,03
0,3
GLP 1 0,3 3 0,1 0,03 0,3
O próprio nome da tabela 6.2 já indica que esses FE’s são usados para qualquer fonte
estacionária industrial (sem discriminação do equipamento). Entretanto, o IPCC prevê uma
desagregação, através de FE’s específicos para cada equipamento de combustão industrial
(Tabelas 2.6, 2.7 e 2.8 nas páginas 2.25 a 2.27, respectivamente no capítulo 2: Combustão
Estacionária do Volume 2 - Energia) e numa parte traduzida e condensada pela autora na
tabela 6.3 abaixo (para o GN - único combustível usado no processo da fábrica em questão):
Tabela 6.3 Diferença de FE’s por equipamento [57]
Equipamento a GN FE’s, kg/TJ
GEE CH
4
N
2
O
Caldeiras (“Boilers”)
1 1
Secadores (“Driers”)
1,1 ND
ND = Não disponível
O valor do FE para o N
2
O desta tabela 6.3 (1 kg/TJ) difere cerca de 10 vezes do da tabela 6.2
(0,1 kg/TJ), para o mesmo combustível (GN) e o mesmo GEE. Essa diferença mostra como é
importante desagregar os consumos dos combustíveis nos equipamentos. A empresa estudada
74
não tinha os valores de GN por equipamento, acarretando o uso dos valores “default” dos
FE’s da tabela 6.2 (consumo de GN agregado ou total usado em todos os equipamentos do
processo).
Tabela 6.4 FE’s de CH
4
e N
2
O para fontes móveis [58]
FE’s “default” de CH
4
e N
2
O e faixas de incerteza para transporte rodoviário
GEE CH
4
(kg/TJ)
N
2
O
(kg/TJ)
Combustível / Categoria
representativa do veículo
Valor
Default
Valor
Inferior
Valor
Superior
Valor
Default
Valor
Inferior
Valor
Superior
Motor a gasolina – sem
catalisador
33
9,6
110
3,2
0,96
11
Motor a gasolina – com
catalisador de oxidação
25
7,5
86
8,0
2,6
24
Óleo diesel 3,9 1,6 9,5 3,9 1,3 12
Gás Natural 92 50 1540 3 1 77
GLP 62 Nf (*) Nf (*) 0,2 Nf (*) Nf (*)
Carros a Etanol (Brasil) 18 13 84 Nf (*) Nf (*) Nf (*)
Essa tabela 6.4 mostra a diferença entre as emissões dos motores a gasolina sem e com
catalisador, tanto para o CH
4
(33 e 25 kg/TJ) como para o N
2
O (3,2 e 8,0 kg/TJ), confirmando
o que já foi mencionado sobre a influência da tecnologia sobre a emissão desses gases. Assim,
quanto mais desagregados (ou separados) os consumos por equipamento, mais específicos e,
portanto, mais precisos serão os resultados, mesmo no nível 1 do IPCC.
Para os GEE’s CH
4
e N
2
O, foram calculadas as emissões em CO
2
e, através da multiplicação
das quantidades calculadas desses gases pelos seus respectivos PAG’s (em relação ao CO
2
)
cujos valores são
21 e 310, respectivamente.
A CETESB publicou um trabalho em 2006 [59], mostrando o teor médio de emissão de CO
2
(não tinha as de CH
4
e de N
2
O) para veículos leves novos, para a gasolina C, que é uma
mistura de 78% de gasolina A com 22% de álcool. Mas, tanto o IPCC [59] diz que “As
emissões de CO
2
da combustão de biomassa não são incluídas nos totais nacionais, mas são
75
registradas como um item de informação” como o Projeto de Norma da ABNT [2] diz: “As
emissões de CO
2
originadas da combustão de biomassa deverão ser quantificadas
separadamente”. Assim, ambas prevêem o cálculo separado para as emissões de biomassa,
como é o caso do álcool na gasolina C.
Assim, foi decidido separar as emissões do álcool e calcular separadamente da gasolina A. As
emissões do tratamento do efluente contendo sacarose também foram contabilizadas à parte,
pelos mesmos motivos. Para calcular as emissões de CO
2
do álcool, foi considerada sua
queima total pela reação de combustão apresentada e comentada posteriormente na tabela
6.13 e comparadas essas emissões, usando o FEC desenvolvido por esta autora e o FE
adotado pelo IPCC para “biogasoline”.
6.3.2 – Levantamento por Fontes e Gases emitidos
Como foi comentado, para calcular a quantidade emitida do GEE por um determinado
combustível, multiplica-se o seu fator de emissão (kg de GEE/TJ) para esse combustível pelo
seu volume queimado e transformado em energia, através do seu PCI em TJ/l ou TJ/kg. Os
fatores de emissão usados já foram apresentados nas tabelas 6.1, 6.2 e 6.4.
A empresa avaliada forneceu o consumo mensal de gás natural em m
3
(sem discriminar o
consumo por equipamento) e de solução a 66% de sacarose em toneladas (Tabela 6.5) ambos
usados no processo. Forneceu também o consumo de óleo diesel para a retroescavadeira e o
GLP usado nas empilhadeiras e no refeitório durante o ano de 2006 (Tabela 6.6).
76
Tabela 6.5 Consumo de matérias primas (Potenciais geradores de GEE’s no Processo)
CONSUMO DE MATÉRIAS PRIMAS PARA O PROCESSO
ANO MÊS
SACAROSE
comprada, t (sol. a
66%)
Consumo de
GÁS NATURAL
no Processo, m
3
Jan 209,21 2350656,00
Fev 315,17 2536684,00
Mar 268,90 2518064,00
Abr 274,36 2102506,00
Mai 353,30 2308376,00
Jun 292,57 2612423,00
Jul 388,13 3094374,00
Ago 335,61 2595767,00
Set 233,46 2629830,00
Out 301,48 2879101,00
Nov 272,79 2713489,00
Dez 37,92 787923,00
3282,90 29129193
Tabela 6.6 – Consumos de combustíveis pela retroescavadeira, empilhadeiras e no refeitório
Equipamento Combustível
Consumo mensal
Consumo anual
Retroescavadeira Óleo diesel 250 litros 3000 litros
Empilhadeiras (2)
GLP 1920 kg 23040 kg
Refeitório GLP 405 kg 4860 kg
A empresa também forneceu o consumo de eletricidade (fonte de emissão indireta) cujo
valor foi de 43,3 GWh dos quais 35% são usados na geração de utilidades (vapor, ar de
instrumento e processo, água gelada, de refrigeração, processo e potável) e 17% no
equipamento spray drier. O restante é usado num varejo de mais de 550 motores para bombas,
agitadores, sopradores, etc. O cálculo da emissão será detalhado na tabela 6.16.
Para o cálculo das outras emissões indiretas, a empresa forneceu o consumo veicular de
cargas e pessoas, a distância média percorrida por viagem, bem como o número de viagens
por/mês ou por/ano, além do consumo médio de cada veículo apresentados nas tabelas 6.7 e
6.8. Esses dados foram organizados e os totais de combustíveis para cada tipo de veículo
77
foram calculados (pela autora desta dissertação) nas 2 últimas colunas (Tabelas 6.7 e 6.8).
Tabela 6.7 - Dados e cálculo do consumo em litros de óleo diesel em transporte de cargas
Modelo
do veículo
Tipo do
combustível
Consumo
médio de
combustível
km/l
Quantidade
transportada
em t por
viagem
Distância
média
por
viagem
em km
Numero
de
viagem
por ano
Total km
ano
Consumo
combustível
litros
Caminhão
TRUCK
Diesel 4 1 500 120 60000 15000
Diesel 4 24,91 440 82 36080 9020
Diesel 4 10,95 70 387 27090 6772,5
Caminhão
caçamba
Diesel 4 3,114 25 8 200 50
Caminhão
com
caçamba
Diesel 4 0,88 41 13 533 133,25
Caminhão
Diesel 4 0,393 41 8 328 82
Caminhão
Diesel 4 1,697 41 53 2173 543,25
Caminhão
Diesel 4 4,784 41 27 1107 276,75
Caminhão
Diesel 4 1,8 70 50 3500 875
Caminhão
Diesel 4 1 70 31 2170 542,5
Caminhão
Diesel 4 0,3953 70 86 6020 1505
Caminhão
Diesel 4 8,8 70 21 1470 367,5
Caminhão
Diesel 4 1,287 65 6 390 97,5
Caminhão
Diesel 4 0,24 95 5 475 118,75
Caminhão
TRUCK
Diesel 4 28 1190 1330 1582700
395675
Caminhão
TRUCK
Diesel 4 31 510 492 250920 62730
Caminhão
TRUCK
Diesel 4 21 290 350 101500 25375
Caminhão
TRUCK
Diesel 4 26 980 54 52920 13230
Caminhão
TRUCK
Diesel 4 26 680 20 13600 3400
78
Tabela 6.7 Dados e cálculo do consumo em litros de óleo diesel em transporte de cargas
Continuação
Modelo do
veículo
Tipo do
combustível
Consumo
médio de
combustível
km/l
Quantidade
transportada
em ton por
viagem
Distância
média por
viagem
em km
Numero
de viagem
por ano
Total km
ano
Consumo
combustível
litros
Caminhão
TRUCK
Diesel 4 26 710 796 565160 141290
Caminhão
TRUCK
Diesel 4 26 470 308 144760 36190
Tubovia - 4 - - - 0
Caminhão Diesel 4 25 650 702 456300 114075
Navio
(Amapá)
4 1400 6000 1 6000 1500
Caminhão
(granel)
4 20 25 70 1750 437,5
Caminhão Diesel 4 25 1900 220 418000 104500
Navio
(China)
4 500 18900 4 75600 18900
Caminhão
(big bag)
Diesel 4 19 85 105 8925 2231,25
Caminhão
TRUCK
4 19 420 56 23520 5880
Navio
(Alemanha)
4 630 9400 4 37600 9400
Caminhão
(big bag)
Diesel 4 25 85 100 8500 2125
Caminhão
TRUCK
Diesel 4 23 380 143 54340 13585
Caminhão Diesel 4 18 600 6 3600 900
Caminhão Diesel 4 18 500 4 2000 500
Caminhão
TRUCK
Diesel 4 18 500 20 10000 2500
Caminhão Diesel 4 18 500 12 6000 1500
Caminhão Diesel 4 18 500 7 3500 875
Caminhão Diesel 4 18 500 3 1500 375
Caminhão Diesel 4 18 500 9 4500 1125
Caminhão
TRUCK
Diesel 4 25 8 16 128 32
Tubovia - 4 - - - 0
Caminhão Diesel 4 16 530 24 12720 3180
Caminhão Diesel 4 16 530 20 10600 2650
999545
Total de óleo diesel consumido pela empresa, l
79
Tabela 6.8 Dados e cálculo de consumos totais dos combustíveis para transporte de pessoas
Tipo do
veículo
Tipo do
combustível
Consumo médio de
combustível
Distância
média
por
viagem
em km/
veículo
Numero
de
viagem
por mês
Total
km/
veículo
Total km
todos
veículos
Total
consumo
todos
veículos
Automóvel
(14
veículos de
passeio)
GNV,
km/m
3
14 122 2520 307440
4304160
307440
m
3
Ônibus (6)
Diesel
km/litro
3 163 122 19886 119316 39772 l
Automóvel
GNV,
km/m
3
14 200 22 4400 4400 314 m
3
Automóvel
GNV,
km/m
3
14 125 872 109000
109000 7786 m
3
Automóvel
(3 veículos
de passeio)
Gasolina
km/litro
12 168 22 3696 11088 924 l
Automóvel
(2 veículos
de passeio
com
catalisador)
Gasolina
km/litro
12 140 22 3080 6160 513 l
Automóvel
(9 veículos
de passeio)
GNV,
km/m
3
14 50 234 11700 105300 7521 m
3
Automóvel
(2 veículos
de passeio)
GNV,
km/m
3
14 40 120 4800 9600 686 m
3
Ônibus
Diesel
km/litro
3 40 22 880 880 293 l
km Volume
Total Gás Natural Veicular (GNV), km e
m
3
4532460
323747
Total Óleo Diesel, km e l
120196 40065
Total Gasolina, km
e litros
17248 1437
A empresa também forneceu dados que permitiram fazer o balanço de massa da sacarose e,
consequentemente, calcular as emissões de CO
2
. A tabela 6.9 apresenta esses dados também
organizados e o balanço de massa da sacarose excedente para tratamento (calculado pela
autora deste trabalho).
80
A tabela 6.9 mostra o total de solução a 66% de sacarose comprada (3282,9 t de solução que
corresponde a 2166,7 t de sacarose base seca, tbs) e do produto (11809,0 t) que reteve 0,8%
de sacarose (cerca de 94 t de sacarose base seca, tbs) permitindo calcular a quantidade que
sobrou (ou excedente) de sacarose (2073 t) enviada no efluente a ser tratado numa outra
empresa.
Tabela 6.9 Balanço de massa da sacarose para tratamento
PRODUÇÃO, toneladas base seca (tbs) Consumo
ANO MÊS
Produção produto com
0,8% de sacarose, tbs
(base seca)
SACAROSE
(sol. a 66%), t
Janeiro 783,1
209,2
Fevereiro 1102,6
315,2
Março 1022,8
268,9
2
Abril 1098,9
274,4
0
Maio 1319,2
353,3
0
Junho 915,2
292,6
6
Julho 1375,7
388,1
Agosto 1217
335,6
Setembro 822,0
233,5
Outubro 1003
301,5
Novembro 881,5
272,8
Dezembro 268,1
37,9
Total produto com 0,8% de sacarose, tbs 11809
3283
Total sacarose no produto e comprada, tbs 94 (a) 2167 (b)
Total Sacarose no
produto (0,8%), tbs
(base seca)
Total
Sacarose
comprada,
tbs (base
seca)
(b-a)
2073 Toneladas de sacarose
excedente
Tratamento efluente
81
A tabela 6.10 a seguir apresenta o resumo das características dos combustíveis fornecidas pela
ANP (ANEXO V) e seus consumos (pela empresa) para calculá-los em unidades de energia,
através dos seus PCI’s e densidades.
Tabela 6.10
Dados de entrada para o cálculo dos consumos de combustíveis em unidades de energia
Dado Valor
Consumo de GN no processo, m
3
29.129.193
PCI do GN, kcal/kg 11900
Densidade do GN, t/ m
3
ou kg/l 0,00074
Consumo de GLP no Refeitório, kg 4860
PCI do GLP 11300
Consumo de óleo diesel na retroescavadeira, l 3000
PCI do óleo diesel, kcal/kg 10350
Densidade do óleo diesel, t/ m
3
ou kg/l 0,8520
Consumo de GLP nas empilhadeiras, kg 23040
Consumo de Óleo diesel para transporte de cargas, l
999545
Consumo de Óleo diesel para transporte de pessoas, l
480784
Consumo de gasolina C para transporte de pessoas, l 11088 (1)
PCI de gasolina A, kcal/kg 10550
Densidade da gasolina A, kg/l 0,742
Consumo de gasolina C para transporte de pessoas, l 6160 (2)
Consumo de GN para transporte de pessoas, m
3
3884966
(1) Carros sem catalisador
(2) Carros com catalisador
foi possível detalhar mais (desagregar) as emissões (gases não CO
2
) dos veículos com
catalisador dos sem catalisador, pois foram fornecidos os dados de consumo de cada tipo.
Assim, foram adotados os FE’s “default” do IPCC mais precisos, por estarem desagregados
os consumos.
Os dados da tabela 6.10 permitiram transformar os consumos de cada combustível em energia
(kcal e depois em TJ) através dos seus respectivos PCI’s (e densidades, quando a unidade
82
original foi fornecida em volume), como já foi comentado anteriormente.
Depois foi multiplicar esses consumos em TJ pelos respectivos FE’s (em kg/TJ do GEE)
para cada GEE e cada combustível, apresentados nas tabelas 6.1, 6.2 e 6.4, obtendo-se
assim, as quantidades totais de GEE’s de cada fonte. Para os GEE’s não CO
2
, usou-se ainda o
PAG do CH
4
e do N
2
O, para calcular essas emissões em CO
2
equivalente (CO
2
e).
Dessa forma, foram elaboradas as tabelas 6.11 e 6.12 a seguir, para as emissões diretas e
outras emissões indiretas, respectivamente. Para calcular as emissões indiretas, foi
construída a tabela 6.17 detalhada posteriormente, a partir dos dados fornecidos (matriz de
geração de eletricidade) pelo MME, conforme já citado.
Para esclarecer melhor a elaboração dessas 2 tabelas, toma-se como exemplo na tabela 6.11, o
cálculo da emissão de GEE’s do GN total no processo, cujo consumo foi de 29.129.193 m
3
,
com PCI de 11.900 kcal/kg e densidade de 0,00074 t/m
3
. Multiplica-se o PCI (kcal/kg) pela
densidade (t/m
3
) e por 1000 (t para kg), para se obter 8806 kcal/m
3
. Multiplica-se esse valor
pelo consumo total do GN (29.129.193 m
3
), para obter-se o consumo em 2,57*10
11
kcal, que
é transformado em TJ, dividindo esse valor por 2,39*10
8
(1TJ = 2,39*10
8
kcal), resultando
em 1.073,3 TJ de consumo de GN no processo, em unidade energética.
Para calcular o CO
2
emitido, basta multiplicar esse consumo energético calculado em TJ
(1.073,3 TJ) pelo FE de CO
2
para o GN (56.100 kg CO
2
/TJ na Tabela 6.1, chegando-se ao
valor de 60210481 kg de CO
2
emitidos no processo. Para os outros GEE’s, adota-se o mesmo
procedimento, substituindo o FE do CO
2
, pelos do N
2
O (0,1 kg/TJ) e do CH
4
(1 kg/TJ),
conforme apresentados na tabela 6.2, chegando a valores de 107 kg de N
2
O (em laranja) e de
e 1.073,3 kg de CH
4
(em verde). Multiplicando-se esses valores pelos respectivos PAG’s
(310 e 21, respectivamente), obtém-se os valores de 33.271 kg CO
2
e para o N
2
O e de 22.539
kg CO
2
e para o CH
4
.
Somando todos esses valores (em CO
2
e), chega-se a um valor total de 60266291 kg de CO
2
e
emitidos no processo. Repete-se esse procedimento para todas as outras fontes, usando os
dados específicos dos FE’s para cada combustível, bem como suas características listadas na
Tabela 6.10. Resumindo, basta fazer uma planilha em Excel e entrar com dados de consumo,
características de cada combustível por equipamento, PAG’s e os FE’s do IPCC ou do País.
83
Tabela 6.11 Cálculo das Emissões Diretas de GEE’s
Consumo
GN
Processo
,
29129193
m
3
PCI = 11900 kcal/kg
8806
kcal/m
3
Densidade = 0,00074
t/m
3
Consumo GN (em energia) 2,57E+11 kcal
1073,3 TJ
FE CO
2
GN
56100 kg/TJ
Emissão CO
2
:
60210481
kg CO
2
FE N
2
O GN
0,1 kg/TJ
Emissão N
2
O:
107
kg N
2
O
(2) PAG N
2
O = 310
Emissão de CO
2
e:
33271
kg CO
2
e
FE CH
4
GN
1 kg/TJ
Emissão CH
4
:
1073,3
kg CH
4
PAG CH
4
=
21
Emissão de CO
2
e:
22539
kg CO
2
e
Total
Emissão CO
2
e:
60266291
kg CO
2
e
Consumo
GLP
=
4860
kg
PCI= 11300 kcal/kg
Consumo GLP (em energia) 54918000 kcal
0,23
TJ
FE CO
2
GLP
63100 kg/TJ
Emissão CO
2
:
14499
kg CO
2
FE N
2
O GLP
0,1 kg/TJ
Emissão N
2
O:
0,023
kg N
2
O
(2) PAG N
2
O = 310
Emissão de CO
2
e:
7
kg CO
2
e
FE CH
4
GLP
1 kg/TJ
Emissão CH
4
:
0,23
kg CH
4
PAG CH
4
=
21
Emissão de CO
2
e:
5
kg CO
2
e
Total
Emissão CO
2
e:
14511
kg CO
2
e
Consumo
óleo diesel
3000
litros
PCI = 10350 kcal/kg ? 8818 kcal/l
Densidade = 0,852 kg/l
Consumo óleo diesel (em energia) 26454600 kcal
0,11
TJ
FE CO
2
Óleo Diesel
74100 kg/TJ
Emissão CO
2
:
8202
kg CO
2
FE N
2
O Óleo Diesel
3,9 kg/TJ
Emissão N
2
O:
0,432
kg N
2
O
(2) PAG N
2
O = 310 Emissão de CO
2
e:
134
kg CO
2
e
FE CH
4
Ól. Dies.
3,9 kg/TJ
Emissão CH
4
:
0,43
kg CH
4
PAG CH
4
=
21
Emissão de CO
2
e:
9
kg CO
2
e
Total
Emissão CO
2
e:
8345
kg CO
2
e
Consumo de
GLP
23040
kg
PCI= 11300 kcal/kg ?
Consumo GLP (em energia) 2,6E+08 kcal
1,09
TJ
FE CO
2
GLP
63100 kg/TJ
Emissão CO
2
:
68737
kg CO
2
FE N
2
O GLP
0,2 kg/TJ
Emissão N
2
O:
0,22
kg N
2
O
(2) PAG N
2
O = 310 Emissão de CO
2
e:
68
kg CO
2
e
FE CH
4
GLP
62 kg/TJ
Emissão CH
4
:
67,5
kg CH
4
PAG CH
4
=
21
Emissão de CO
2
e:
1418
kg CO
2
e
Total
Emissão CO
2
e:
70223
kg CO
2
e
Produto
PAG(4)
kg CO
2
eq
CFC-12
10600
27
kg
286200
HCFC-22
1700
204
kg
346800
HFC-134a
1300
68,1
kg
88530
721530
kg CO
2
eq
Total Emissões Diretas (ABNT)
61080900
kg CO
2
e
(1) Anuário Estatístico da ANP
(2) Potencial de Aquecimento Global
EMPILHADEIRA
Outras Fontes estacionárias
Consumo
RETROESCAVADEIRA
Emissões Diretas (ABNT)
Considerando
ANP 2005
(1)
PROCESSO
REFEITÓRIO
84
Na tabela 6.11 são também apresentadas as emissões diretas dos gases refrigerantes: CFC-12
(27 kg/ano), HCFC-22 (204 kg/ano), HFC-134a (68,1 kg/ano) de outras fontes estacionárias.
Essas quantidades foram fornecidas pela empresa, considerando o volume usado para
completar o nível dos equipamentos em 2006, ou seja, para substituir o que foi perdido para a
atmosfera. A quantidade de cada um desses gases foi multiplicada pelo seu respectivo PAG,
para transformá-la em CO
2
e e somar às outras emissões em CO
2
ou CO
2
e.
Quanto às outras emissões indiretas (transporte de cargas e pessoas) descritas na planilha da
tabela 6.12, o procedimento é o mesmo do exemplo do GN da tabela 6.11, mas usando os
valores dos FE’s da Tabela 6.4, para os GEE’s não CO
2
das fontes móveis. Cumpre descrever
a adaptação que se fez ao método do IPCC, no que tange às emissões da gasolina C, composta
de 78% de gasolina A e 22% de álcool de mínimo 99,3º INPM (ou 99,3% em peso de etanol).
Decidiu-se calcular separadamente as emissões da gasolina A ao considerar como quantidade
consumida sua fração (78%) multiplicada pelo volume total de gasolina C, chegando-se a
valores de 8.649 litros (78% do volume de 11.088 l de gasolina C) de gasolina A nos
veículos sem catalisador e de 4.805 litros nos veículos com catalisador.
Essa adaptação se deveu às orientações do IPCC e do projeto da ABNT de não incluir as
emissões de biomassa no inventário, bastando anotar essas emissões. Assim, para calcular as
emissões do álcool contido nos veículos a gasolina C (com e sem catalisador) foi considerada
queima total do etanol (a 100%, após transformação do álcool a 99,3º INPM) na reação de
combustão, levando em conta as relações estequiométricas dos reagentes (etanol com
oxigênio) com os produtos (CO
2
e água). Esses cálculos estão apresentados na planilha da
Tabela 6.13.
Foi também calculado o FEC para o álcool, através do seu PCI (6750 kcal/kg) e da relação do
peso molecular do etanol para 2 átomos de carbono (relação estequiométrica) na mesma
tabela 6.13. O FEC assim calculado (18,3 tC/TJ) foi comparado aos FEC’s obtidos de outras
fontes mencionadas na pesquisa bibliográfica. O valor calculado para a emissão de CO
2
a
partir desse FEC calculado (5648 kg de CO
2
) ficou próximo do valor calculado pela
estequiometria da reação (5702 kg de CO
2
) e do valor a partir do FEC do IPCC de 19,3 tC/TJ
ou FE de 70800 kg CO
2
/TJ (5960 kg de CO
2
).
85
Tabela 6.12 Cálculo de Outras Emissões Indiretas de GEE’s
Consumo
óleo diesel
999545
litros
PCI = 10350 kcal/kg ? 8818 kcal/l
Densidade = 0,852 kg/l
Consumo óleo diesel (em energia) 8,81E+09 kcal
37
TJ
FE CO
2
Óleo Diesel
74100 kg/TJ
Emissão CO
2
:
2732766
kg CO
2
FE N
2
O Óleo Diesel
3,9 kg/TJ
Emissão N
2
O:
144
kg N
2
O
(2) PAG N
2
O = 310 Emissão de CO
2
e:
44587
kg CO
2
e
FE CH
4
Ól. Dies.
3,9 kg/TJ
Emissão CH
4
:
144
kg CH
4
PAG CH
4
=
21
Emissão de CO
2
e:
3020
kg CO
2
e
Total
Emissão CO
2
e:
2780374
kg CO
2
e
Consumo
óleo diesel
480784
litros
PCI = 10350 kcal/kg ? 8818 kcal/l
Densidade = 0,852 kg/l
Consumo óleo diesel (em energia) 4,24E+09 kcal
17,7
TJ
FE CO
2
Óleo Diesel
74100 kg/TJ
Emissão CO
2
:
1314469
kg CO
2
FE N
2
O Óleo Diesel
3,9 kg/TJ
Emissão N
2
O:
69,2
kg N
2
O
(2) PAG N
2
O = 310 Emissão de CO
2
e:
21447
kg CO
2
e
FE CH
4
Ól. Dies.
3,9 kg/TJ
Emissão CH
4
:
69
kg CH
4
PAG CH
4
=
21
Emissão de CO
2
e:
1453
kg CO
2
e
Total Emissão CO
2
e: 1337368 kg CO
2
e
PCI (
gas. A
) = 10550 kcal/kg ? 7828 kcal/l
Densidade= 0,742 kg/l
Cons.gas. C
carros
s
/cat.,
l 11088
8649
gas. A, l
67702419 kcal
TJ
0,283
Cons.gas. C
carros
c
/cat.,
l 6160
4805
gas. A, l
37612455 kcal
TJ
0,157
FE CO
2
gas. A
69300
kgCO
2
/TJ Emissão CO
2
:
30537
kg CO
2
FE N
2
O
gas. A s
/cat.
3,2 kg/TJ
Emissão N
2
O:
0,91
kg N
2
O
FEN
2
O
gas. A c
/cat.
8 kg/TJ
Emissão N
2
O:
1,26
kg N
2
O
(2) PAG N
2
O = 310 Emissão de CO
2
e:
671
kg CO
2
e
FE CH
4
gas. A. s
/cat.
33 kg/TJ
Emissão CH
4
:
9,3
kg CH
4
FE CH
4
gas. A. c
/cat.
25 kg/TJ
Emissão CH
4
:
3,9
kg CH
4
PAG CH
4
=
21
Emissão de CO
2
e:
279
kg CO
2
e
Total Emissão CO
2
e: 31487 kg CO
2
e
Consumo
GN 3884966 m
3
PCI = 11900 kcal/kg
8806
kcal/m
3
Densidade = 0,00074
t/m
3
Consumo GN (em energia) 3,42E+10 kcal
143,1
TJ
FE CO
2
GN
56100 kg/TJ
Emissão CO
2
:
8030283
kg CO
2
FE N
2
O GN
3 kg/TJ
Emissão N
2
O:
429
kg N
2
O
(2) PAG N
2
O = 310 Emissão de CO
2
e:
133122
kg CO
2
e
FE CH
4
GN
92 kg/TJ
Emissão CH
4
:
13169
kg CH
4
PAG CH
4
=
21
Emissão de CO
2
e:
276551
kg CO
2
e
Total
Emissão CO
2
e:
8439956
kg CO
2
e
(1) Anuário Estatístico da ANP
Emissões Diretas (ABNT)
61080900
kg CO
2
e
Emissõe indiretas (eletricidade) ABNT
2416802
kg CO
2
e
Outras emissões indiretas (ABNT)
12589185
kg CO
2
e
Total emissões, kg
76086887
kg CO
2
e
Total emises, ton. 76087
t CO
2
e
Outras Emissões Indiretas (ABNT)
TRANSPORTE CARGAS
TRANSPORTE PESSOAS
Considerando
ANP 2005
(1)
86
Tabela 6.13 Cálculo de FEC e de CO
2
emitido de Álcool Etílico Anidro Combustível (AEAC)
Consumos de AEAC nos veículos sem e com catalisador (22% na gasolina A)
Consumo
AEAC
s/cat.,l
2439 1916 kg Etanol
Consumo
AEAC
c/cat.,l
1355 1064 kg Etanol
Total de etanol (100%) consumido
2980
kg etanol
1 -Por estequiometria:
Considerando combustão total:
Etanol
CO
2
C
2
H
6
O
+ 3O
2
2
CO
2
+ 3H
2
O
46 88
46
kg
C
2
H
6
O 88
kg
CO
2
2980
x
x=
5702
kg CO
2
CO
2
emitido pelo AEAC total
2 - Cálculo do FEC de AEAC:
C
2
H
6
O
+ 3O
2
2
CO
2
+ 3H
2
O
46
kg
C
2
H
6
O 88
kg
CO
2
Transformação unidades:
46
kg
C
2
H
6
O 24
kg
C
1TJ = 2,39E+08 kcal
xTJ = 6750 kcal (PCI)
PCI AEAC 6750 kcal/kg 2,82E-05 TJ/kg 1,30E-03 TJ em
46
kg
C
2
H
6
O
23,8 (*)kg
C
1,30E-03 TJ x= 1,83E+04 kg
C/
TJ
x kg
C
1 TJ
1,83E+01 t
C
/
TJ
FEC do AEAC
18,3
t
C
/TJ
Essas considerações são para a queima completa do AEAC, conforme a reação acima
PCI AEAC: 2,82E-05 TJ/kg
19,3
AEAC consumido, kg 2980 kg
2 - CETESB 1994
14,81
AEAC consumido, TJ 8,42E-02 TJ
e&e
18,8
(**)
COPPE
14,8
MCT
20
Autora (Elzbieta)
18,3
(***)
Pelo
FEC 18,3 tC/TJ
5648
kg CO
2
(*) O teor mínimo de etanol puro no AEAC é 99,3%
(ANP RT 7/2005)
(**) Considerou todo ciclo de vida (insumos para a produção do álcool)
(***) AEAC (só CO
2
emitido, sem ciclo de vida)
3 - Pelo FE do IPCC "Biogasoline":
70800
kg CO
2
/TJ
5960
kg CO
2
Outras referências, FEC Álcool Etílico
Densidade do AEAC, kg/l
= 0,791 (99,3% etanol)
Referência
1 - IPCC 2006
(Biogasoline)
Fatores de Emissão,
tC/TJ
87
Na tabela 6.14, foi mostrado o resultado das emissões do tratamento do efluente contendo
sacarose em uma empresa vizinha à indústria em estudo, bem como as emissões da queima do
álcool da gasolina C. Os cálculos de carbono na sacarose nesta tabela se basearam na relação
entre a massa de carbono (C) contida na sacarose e a massa molecular desta (12*12/342 =
0,42105). Assim, multiplicando esse valor encontrado pela massa de sacarose excedente
(0,42105*2072) chegou-se ao valor de 873 toneladas de carbono para o tratamento.
Como 40 a 60% de C são transformados em CO
2
(referência [60] na tabela 6.14), multiplica-
se a massa de C (873 t) contido na sacarose por 0,4 e 0,6 e por 44/12 (CO
2
/C) para calcular o
limite mínimo e máximo de 1279,7 a 1919,6 toneladas de CO
2
emitidos no tratamento de
sacarose, respectivamente. Somando esses valores à média do CO
2
emitido pelo álcool (5,8 t)
calculada a partir dos FE’s da tabela 6.13, as emissões totais produzidas pelas 2 fontes
renováveis (álcool e tratamento do efluente orgânico) totalizaram de 1285,5 a 1925,3
toneladas de CO
2
, como mostra essa Tabela 6.14.
Tabela 6.14 Cálculo das emissões de CO
2
das biomassas [60]
Sacarose
excedente, t
2072
Peso molecular de C
12
H
22
O
11
342
Relação C/Sacarose = 0,42105
Relação C/Sacarose Empresa: 873 t C
1279,7
t CO
2
a
1919,6
t CO
2
5648
kg CO
2
Pelo FE do IPCC "Biogasoline":
5960
kg CO
2
Por estequiometria:
5702
kg CO
2
Média desses valores, total de t de CO
2
emitido
5,8
t CO
2
1 - Emissões de CO
2
no Tratamento do Efluente (sacarose)
Pelo FEC 18,3 tC/TJ cálculo (pela autora da
dissertação) na tabela 6.13
2 - Emissões de CO
2
do Álcool contido no total da gasolina C consumida
Pela referência [60], 40 a 60% de
C
vai para o crescimento de microorganismos (MO) do
tratamento do efluente. Portanto de 40 a 60% de
C
se transforma em CO
2
.
Assim, foram
emitidas de:
3 - Total CO
2
emitido pelas biomassas
sacarose + álcool, t
1285,5 1925,3a
88
Quanto às emissões indiretas da empresa causadas pelo consumo de eletricidade, a tabela
6.15 mostra os dados de consumo de combustíveis na matriz brasileira de geração de
eletricidade no ano de 2006, fornecida pelo MME [61].
Tabela 6.15 Geração de energia elétrica e consumo de combustíveis [61]
2006
BRASIL CENTRAIS PÚBLICAS
FONTES DE ENERGIA
Consumo de
combustíveis
(unidade física)
Consumo de
combustíveis
(mil tep)
Geração GWh
GÁS NAT.ÚMIDO milh m3 0
0
GÁS NAT. SECO milh m3 2.928
2.577
13.049
C.VAPOR 3100
mil t 390
115
269
C.VAPOR 3300
mil t 2.130
660
1.672
C.VAPOR 4200
mil t 82
33
44
C.VAPOR 4500
mil t 2.825
1.200
4.458
C.VAPOR 4700
mil t 0
0
C.VAPOR 5200
mil t 0
0
C.VAPOR 6000
mil t 73
42
80
HIDRÁULICA GWh 335.761
28.875
335.761
LENHA mil t 158
49
152
BAGAÇO DE CANA mil t 0
0
LIXÍVIA mil t 0
0
OUTRAS RENOV. mil tep 35
35
237
ÓLEO DIESEL mil m3 1.613
1.368
5.484
ÓLEO COMBUST. mil m3 632
606
2.684
GÁS DE COQUERIA
milh m3 0
0
URÂNIO C. UO2 t 48
3.582
13.754
GÁS DE REFINARIA mil m3 0
0
OUT.EN. PETRÓLEO mil m3 0
0
ALCATRÃO mil m3 0
0
TOTAL DE GERAÇÃO 377.644
GERAÇÃO POR DERIVADOS DE PETRÓLEO 8.168
A tabela 6.16 a seguir mostra os resultados dos cálculos de emissões (a partir da tabela 6.15 e
dos dados de combustíveis) por GWh produzido no País.
Para esclarecer como essa tabela 6.16 foi construída, focando no GN Seco participante na
89
geração de eletricidade, deve-se transformar seu volume (2.928.200 mil m
3
) em energia, como
foi feito na tabela 6.11, ou seja, multiplicar seu PCI (11.900 kcal/kg) pela sua densidade
(0,00074 t/ m
3
) e por 1.000 (t para kg), obtendo-se o valor de 8.806 kcal/m
3
.
Esse valor é multiplicado pelo volume mencionado (2.928.200 mil m
3
) e por 1000 (mil m
3
para m
3
) chegando ao valor de 2,58*10
13
kcal. Depois, transforma-se esse valor em kcal para
TJ, encontrando o valor de 107.890 TJ. Finalmente, multiplica-se esse valor pelo FE do GN
(56.100 kg CO
2
/TJ) cujo resultado foi 6.052.634 toneladas de CO
2
emitido pelo GN seco, que
é um dos componentes da geração de eletricidade que contribuem para a emissão deste GEE.
Repete-se esse procedimento para cada um dos componentes (em amarelo) que são emissores
de CO
2
. Não foram considerados emissores deste GEE, a energia hidráulica, urânio, lenha e
outras fontes renováveis. Tem-se a o CO
2
emitido (21.078.322 t) pela geração total de
eletricidade brasileira em 2006.
Para GEE’s CH
4
(verde) e N
2
O (laranja) o procedimento foi similar ao descrito no parágrafo
anterior e foi construída a tabela 6.17, considerando os FE’s para cada um deles e para cada
combustível, além dos seus PAG’s: 21 e 310, respectivamente. Foram obtidos os valores de
26750 e 61537 t para o CO
2
e do CH
4
e do N
2
O, respectivamente
Somam-se então as parcelas calculadas de CO
2
emitido da tabela 6.16 com os valores de
CO
2
e do CH
4
e do N
2
O da tabela 6.17, para calcular a emissão total de CO
2
e cujo resultado
foi 21.166.609 t. Divide-se esse total (21.166.609 t de CO
2
e) pelo total de energia gerada
(377.644 GWh) para encontrar a emissão por GWh gerado, cujo resultado foi 56 t
CO
2
/GWh.
Esse resultado ficou próximo ao encontrado num trabalho realizado pela empresa ICF
International para a indústria Aracruz Celulose [62] em 2005, cujo valor foi 54,3 t CO
2
/GWh.
Multiplicando esse último valor pelo consumo de eletricidade pela empresa em estudo (43,3
GWh) chega-se a um valor de 2425 t. de CO
2
emitido por essa fonte indireta.
90
Tabela 6.16 Consumo de combustíveis na geração de eletricidade no Brasil em 2006 e cálculo
de suas emissões
BRASIL
Consumo
combustíveis
(unidade
física)
Geração
GWh
Consumo
combustível,
kcal (a)
Consumo
combustível,
TJ (b)
FE, t
CO
2
/TJ
IPCC
(c)
CO
2
emitido, t
(d=b*c)
GÁS NAT.ÚMIDO
milh m
3
0
GÁS NAT. SECO
mil m
3
2.928.200 13.049
2,58,E+13 107890 56,1 6052634
C.VAPOR 3100 mil t 390 269
1,21,E+12 5059 94,6 478541
C.VAPOR 3300 mil t 2.130 1.672
7,03E+12 29410 94,6 2782190
C.VAPOR 4200 mil t 82 44
3,44E+11 1441 94,6 136319
C.VAPOR 4500 mil t 2.825 4.458
1,27E+13 53190 94,6 5031810
C.VAPOR 4700 mil t 0
C.VAPOR 5200 mil t 0
C.VAPOR 6000 mil t 73 80
4,38E+11 1833 94,6 173367
HIDRÁULICA GWh 335.761 335.761
LENHA mil t 158 152
BAGAÇO DE CANA mil t 0
LIXÍVIA mil t 0
OUTRAS RENOV. mil tep 35 237
ÓLEO DIESEL
mil m
3
1.613 5.484
1,42,E+13 59528 74,1 4411053
ÓLEO COMBUST.
mil m
3
632 2.684
6,21E+12 26000 77,4 2012408
GÁS DE COQUERIA
milh m
3
0
URÂNIO C. UO2 t 48 13.754
GÁS DE REFINARIA
mil m
3
0
OUT.EN.PETRÓL.
mil m
3
0
ALCATRÃO
mil m
3
0
TOTAL DE GERAÇÃO, GWh
377.644
Total CO
2
emitido, t
21078322
FONTES DE ENERGIA
CENTRAIS PÚBLICAS
Cálculos (pela autora da dissertação) das
emissões nacionais de CO
2
da geração de
eletricidade, t
91
Tabela 6.17 Cálculos (pela autora da dissertação) das emissões nacionais em t CO
2
e / GWh
BRASIL
Consumo
combustível,
TJ (b)
FE, kg
CH
4
/TJ
IPCC (e)
CH
4
emitido,
kg (f)
FE, kg
N
2
O/TJ
IPCC (g)
N
2
O
emitido,
kg (h)
GÁS NAT. ÚMIDO
milh m
3
GÁS NAT. SECO
mil m
3
107890 1 107890 0,1 10789
C.VAPOR 3100 mil t
5059 10 50586 1,5 7588
C.VAPOR 3300 mil t
29410 10 294100 1,5 44115
C.VAPOR 4200 mil t
1441 10 14410 1,5 2162
C.VAPOR 4500 mil t
53190 10 531904 1,5 79786
C.VAPOR 4700 mil t
C.VAPOR 5200 mil t
C.VAPOR 6000 mil t
1833 10 18326 1,5 2749
HIDRÁULICA GWh
LENHA mil t
BAGAÇO DE CANA mil t
LIXÍVIA mil t
OUTRAS RENOV. mil tep
ÓLEO DIESEL
mil m
3
59528 3 178585 0,6 35717
ÓLEO COMBUST.
mil m
3
26000 3 78000 0,6 15600
GÁS DE COQUERIA
milh m
3
URÂNIO C. UO2 t
GÁS DE REFINARIA
mil m
3
OUT.EN.PETRÓLEO
mil m
3
ALCATRÃO
mil m
3
TOTAL de GERAÇÃO, GWh:
377.644 1273802
kg CH
4
198505
kg N
2
O
(f) = (b)*(e)
(h) = (b)*(g)
26750
t CO
2
e
61537
t CO
2
e
21166609
(j) Divisão de (i) pelo total de geração nacional em GWh
56
t CO
2
e/GWh
Somando o CO
2
calculado na tabela 6.16 com os CO
2
e do
CH
4
e do N
2
O, teremos
total
de
CO
2
e
,
em
t
(i):
21078322+26750+61537 =
Cálculos (pela autora da dissertação) das emissões nacionais em
t CO
2
e / GWh
produzido
PAG =
21
PAG =
310
FONTES DE ENERGIA
92
6.3.3 Síntese dos resultados
A tabela 6.12 apresentou as quantidades totais de emissões em CO
2
e (transformadas de kg
para toneladas abaixo) emitidas pela empresa do estudo de caso, quais sejam:
Emissões Diretas – 61081 t
Emissões Indiretas – 2417 t
Outras Emissões Indiretas – 12589 t
Somando todas essas emissões, chegou-se ao valor total emitido de 76.087 toneladas de
CO
2
e.
É interessante calcular a participação em % de cada tipo de emissão, como apresentado pelos
gráficos abaixo:
Gráfico 6.1 - Participação por tipo de emissão
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
%
Participação por Tipo de Emissão
Outras emissões
indiretas
16,5
Emissões indiretas
(eletricidade)
3,2
Emissões Diretas
80,3
Tipo de Emissão
Pelo gráfico 6.1, percebe-se que as emissões diretas são predominantes, com valor de 80,3 %
das emissões totais.
93
Para saber qual a fonte que mais contribuiu para as emissões diretas (maior participação)
verifica-se no gráfico 6.2 a seguir que o maior responsável foi o processo.
A identificação das fontes neste gráfico 6.2 é:
Process significa Processo
Refeitóri significa Refeitório
Retroes significa Retroescavadeira
Empilha significa Empilhadeira
Outras significam as fontes estacionárias de gases refrigerantes.
Gráfico 6.2 - Determinação da maior fonte de emissões diretas
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
%
Fontes
Emissões Diretas
Processo
98,67 0,02 0,01 0,11 1,18
Process Refeitóri Retroes Empilha Outras
O tipo de emissão de maior peso é o de outras emissões indiretas (1,18%) geradas pelo
transporte de pessoas e de cargas, cujos pesos (em %) são mostrados no gráfico 6.3 a seguir:
94
Gráfico 6.3 - Participação das fontes de outras emissões indiretas
22,09
77,91
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
%
Transporte Cargas Transporte Pessoas
Fonte
Outras Emissões Indiretas
A fonte com maior peso entre as fontes de outras emissões indiretas foi a de transporte de
pessoas (~78%). Cabe lembrar que não foram contabilizadas nesses valores as emissões de
álcool da gasolina C e nem tampouco as do tratamento do efluente com sacarose excedente,
por se tratarem de biomassas.
As emissões causadas pela combustão de GN no processo (60.267 t de CO
2
e) foram as mais
significativas dentre todas as outras e representou cerca de 79% das emissões totais e quase
99% das emissões diretas (controladas pela empresa).
Entre as outras emissões indiretas (controladas por outras empresas, mas causadas pelas
atividades da empresa em estudo) a que mais pesou foi a causada pelo transporte de pessoas
(9.809 t de CO
2
e), representando cerca de 78% dessas emissões e 13% das emissões totais.
As fontes que mais emitiram nessa categoria foram os veículos a GN (86% das emissões do
transporte de pessoas).
Somando apenas as emissões dessas duas fontes (Processo e transporte de pessoas) chega-se a
uma participação de 92% do total emitido pela empresa.
O efluente contendo sacarose emitiu no tratamento aeróbico de 1285,5 a 1925,3 toneladas
de CO
2
(tabela 6.14), levando em conta que cerca de 40 a 60% do insumo em carbono se
transforma em CO
2
, de acordo com a referência mencionada nessa tabela.
95
O Álcool total contido na gasolina C usada emitiu 5,8 toneladas de CO
2
. Esse valor foi
obtido tanto pela estequiometria da reação de combustão do álcool, como pelo fator de
emissão do IPCC (“biogasoline”) e do calculado pela autora deste trabalho.
Somando as emissões da sacarose com as do álcool, o total de CO
2
emitido ficou entre
1285,5 e 1925,3 toneladas, que não são incluídas no inventário total da empresa (citação nas
páginas 74 e 75).
A empresa produz no horto, cerca de 360 plantios de mudas de espécies resistentes à
salinidade da área por ano. Isso significa uma captação de cerca de 900kg de CO
2
captado,
que somados às 80 toneladas produzidas no horto, um total de cerca de 81 toneladas de
CO
2
captado em 2006. Isso representa aproximadamente 0,1% do que foi emitido pela
empresa (76.087 toneladas de CO
2
) em 2006.
96
7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
7.1 Conclusões
Não existem fatores de emissão desenvolvidos no Brasil, para permitir adotar o método de
nível 2 do IPCC, mais preciso que o de nível 1 usado neste trabalho. Nem mesmo as
características físico-químicas básicas dos combustíveis (PCI e densidade) encontradas na
única fonte encontrada na pesquisa (ANP) foram apresentadas com faixas de valores, mas
apenas um valor, como se esses produtos fossem substâncias químicas puras, o que não é
verdade.
Cabe lembrar que esses FE’s foram desenvolvidos por países desenvolvidos, o que não reflete
a realidade brasileira, onde os combustíveis devem ter diferentes conteúdos padrões de
carbono, pois são obtidos a partir de outros petróleos e outros esquemas de refino. Em outras
palavras, um valor obtido no País com os teores reais e locais de carbono dos seus
combustíveis geraria resultados mais precisos e confiáveis.
Os métodos do IPCC são internacionais e são os mais usados em todas as referências
consultadas sobre cálculos de GEE’s.
Assim, ainda é necessário usar os FE’s e PAG’s do IPCC, enquanto o Brasil não desenvolver
faixas confiáveis das características de seus combustíveis, principalmente no que tange aos
teores de carbono e dos PCI’s.
97
7.2 Recomendações específicas à empresa
Com base nos valores obtidos e considerando as informações prestadas pela empresa,
recomenda-se:
Instalação de sistema de medição nos equipamentos que utilizam o gás natural no
processo (maior emissor de GEE’s) visando implantar um programa de identificação e
racionalização do uso do referido combustível por equipamento;
Estudo da viabilidade técnica e econômica da substituição total ou parcial do gás
natural por outra fonte de energia renovável;
Participação da empresa em projetos de reflorestamento regional ou nacional, posto
que, por sua iniciativa para neutralização, seria necessário um aumento de mil vezes
do que faz atualmente;
Incentivo do uso de combustíveis de origens renováveis às empresas transportadoras
de pessoas, principalmente, por serem as fontes com maior peso (em torno de 78%)
dentro das emissões indiretas.
7.3 Recomendações gerais
Envidar esforços para o País desenvolver seus próprios fatores de emissões, visando
avaliar melhor sua realidade emissora e impactante.
Para alcançar esse objetivo, seria necessário conhecer melhor as faixas das
características dos combustíveis por equipamento, principalmente dos seus teores de
carbono e PCI’s.
98
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17/08/2007
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[3] Disponível em www.noticias.terra.com.br/ciencia/interna acesso em 02/02/2007
[4] Disponível em www.conpet.gov.br acesso em 03/02/2007
[5] Disponível em www.carbonobrasil.com acesso em 03/02/2007
[6] Jornal O Globo e Jornal do Brasil de 03/02/2007
[7] Santos, M. A., Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa Derivadas de
Hidrelétricas. Tese* de D. Sc., COPPE/UFRJ, RIO DE JANEIRO, RJ, Brasil, 2000.
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metodologias para elaboração de inventários setoriais e cenários de emissões como
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[10] Disponível em www.epa.gov/climatechange/emissions acesso em 06/07/2007
[11] Disponível em http://www.eia.doe.gov/oiaf/1605/gg04rpt/global.html acesso em
16/08/2007
[12] Disponível em http://200.130.9.7/Clima/ciencia/relato06.htm acesso em 20/08/2007
[13] Disponível em www.epa.gov/nonco2/econ-inv/table.html (tabela traduzida) acesso em
01/04/2007
[14] Conferência Internacional Ethos Empresas e Responsabilidade Social, em São Paulo
(junho de 2006)
[15] Climate Change 2001 Synthesis Report – Summary for Policemakers (IPCC)
[16] Disponível em www.rudzerhost.com/ambiente/estufa acesso em 02/04/2007
[17] Disponível em www.ethanolsummit.com acesso em 15/04/2007
[18] Jornal O Globo de 7/04/2007
[19] Disponível em www.atmosphere.mpg.de acesso em 20/07/2007
[20] Disponível em www.earthscape.org/r1/ari02/glossary.html acesso em 15/08/2007
[21] Disponível em http://www.sciencepoles.org/index.php?s=2&rs=home&uid=650&lgen
acesso em 16/08/2007
[22] IPCC Fourth Assessment Report – Working Group I Report “The Physical Science
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99
[23] Sumário da contribuição do grupo de trabalho I para o 4º Relatório de Avaliação (AR4)
do IPCC (2007)
[24] Disponível em www.ipcc.ch/SPM2feb07.pdf acesso em 16/05/2007
[25] IPCC/TAR/WG1/SPM, adapted Prather
[26] Disponível em http://www.ivig.coppe.ufrj.br/pbr/livro01_glossario.htm acesso em
28/08/2007
[27] A Circulação Oceânica em Grande Escala e sua importância no Sistema Climático
Prof. Dr. Edmo Campos Depto. de Oceanografia Fisica, Química e Geológica IOUSP 2005
encontrado em www.labmon.io.usp.br/cursos/difusao_cultural/Aula_Sep_2007.ppt acesso em
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[28] Disponível em www.ambientebrasil.com.br acesso em 09/08/2007
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[30] Disponível em www.greenhouse.gov.au/ccs/publications/key-findings.html acesso em
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[31] Disponível em www.peugeot.com.br acesso em 06/05/2007
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UFPR em janeiro de 2004.
[33] Disponível em www.embalagemmarca.com.br acesso em 06/05/2007
[34] Disponível em www.latinchemical.com.br acesso em 04/05/2007
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[36] Disponível em www.ciagri.usp.br/~luagallo/FOTOSSINTESE acesso em 01/05/07
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[38] Disponível em http://www.cepea.esalq.usp.br/pdf/Artigo_projetos%20florestais.pdf
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Ciliar no Estado do Paraná; www3.pr.gov.br/mataciliar/metodologia_carbono.php em
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[40] Tannizak, Lenny – “Base teórica para o cálculo de emissões de CO
2
relacionadas a meios
de transporte” no site www.florestas dofuturo.org.br, acesso em 16/04/2007.
100
[41] Economia e Energia, ano II, No 11- Nov/Dez 1998
[42]Economia & Energia No 40: Setembro-Outubro 2003
[43] Disponível em www.demec.ufmg.br acesso em 08/03/2007
[44] Disponível em www.mct.gov.br acesso em 24/01/07
[45] Manual de Referência do IPCC,1996
[46] Revised 1996 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gás Inventories: Reference
Manual
[47] Rosa, Luiz Pinguelli et al. Primeiro Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas de
Gases de Efeito Estufa - Relatórios de Referência Elaborado conforme contrato entre o
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD, a agência implementadora do
Fundo Global para o MeioAmbiente - GEF, e o Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em
Engenharia - COPPE, no âmbito do Projeto BRA/95/G31. Abordagem top-down 2006.
[48] Disponível em www.ecen.com acesso em 23/01/07
[49] Disponível em www.ecen.com/eee58/eee58p/avaliacao_das_emissoes_de_co2_.htm
acesso em 23/04/07
[50] Primeiro inventário brasileiro de emissões antrópicas de gases de efeito estufa emissões
de gases de efeito estufa por queima de combustíveis abordagem bottom-up COPPE/MCT
[51] Diretrizes Revisadas de 1996 do IPCC, editado em 1997
[52] Disponível em www.ipcc-nggip.iges.or.jp/public/2006gl/index.htm acesso em
05/07/2007
[53] Revised 1996 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories: Reference
Manual pág. 1.13
[54] 2006 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories – Volume 2: Energy
Chapter 1: Introduction
[55] PORTARIA ANP Nº 104, DE 8.7.2002 - DOU 9.7.2002
[56] Tradução de parte da tabela 2.3 da página 2.18 do Capítulo 2: Combustão Estacionária
Volume 2 – Energia das Diretrizes do IPCC de 2006
[57] Tabelas 2.6, 2.7 e 2.8 nas páginas 2.25 a 2.27, respectivamente no capítulo 2: Combustão
Estacionária do Volume 2 - Energia
[58] Tradução de parte da tabela 3.2.2 da página 3.21 do Capítulo 3: Combustão Móvel
Volume 2 – Energia das Diretrizes do IPCC de 2006
[59] Relatório de qualidade do ar no Estado de São Paulo
[60] Madigan, Michael T., Martinko, John, M. e Parker, Jack. (2004). Microbiologia de
101
Brock. Capítulo 5: Nutrição, Cultivo Laboratorial e Metabolismo dos Microrganismos. 10
a
Edição, Prentice-Hall.
[61] Dados fornecidos pelo Departamento de Planejamento Energético - Secretaria de
Planejamento e Desenvolvimento Energético - Ministério de Minas e Energia
[62] Protocolos para Medição e Geração de Dados relativos a Gases de Efeito Estufa (GEE)
elaborados pela ICF International para a Aracruz Celulose, editados em 2006.
Livros Grátis
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