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DENISE CATARINA SILVA MANGUE
(IN)FORMAÇÃO, UM CAMINHO PARA A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA?
UM ESTUDO DE CASO SOBRE O PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PARA A
CIDADANIA DA ALMG
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
Escola de Ciência da Informação da UFMG
Belo Horizonte
2008
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DENISE CATARINA SILVA MANGUE
(IN)FORMAÇÃO, UM CAMINHO PARA A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA?
UM ESTUDO DE CASO SOBRE O PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PARA A
CIDADANIA DA ALMG
Trabalho apresentado ao Programa de Pós-graduação em
Ciência da Informação, como requisito parcial para
obtenção do título de mestre em Ciência da Informação
pela Escola de Ciência da Informação da UFMG.
Linha de pesquisa:
ICS – Informação, Cultura e Sociedade
Orientadora:
Maria Guiomar da Cunha Frota
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
Escola de Ciência da Informação da UFMG
Belo Horizonte
2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ESCOLA DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
Mangue, Denise Catarina Silva
(In)formação, um caminho para a participação política? Um estudo de
caso sobre o programa de educação para a cidadania da ALMG / Denise
Catarina Silva Mangue. – Belo Horizonte, 2008.
178 fl. : il.
Orientadora: Maria Guiomar da Cunha Frota
Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) Programa de Pós-
Graduação em Ciência da Informação, UFMG.
1. Informação. 2. Educação. 3. Cidadania. 4. Política 4.Programas
públicos. 5. Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais. 6. Parlamento
Jovem. I. Maria Guiomar da Cunha Frota. II. Universidade Federal de Minas
Gerais. III. Tit.
Belo Horizonte, 2008
É certo que mulheres e homens podem mudar o mundo para melhor, para fazê-lo
menos injusto, mas a partir da realidade concreta a que “chegam” em sua geração. E
não fundadas ou fundados em devaneios, falsos sonhos sem raízes, ilusões. O que não
é porém possível é sequer pensar em trans-formar o mundo sem sonho, sem utopia e
sem projeto.
(Paulo Freire)
AGRADECIMENTOS
Nós das ciências humanas e sociais não estamos às voltas com invenções de tamanhas
proporções como a da roda, do fogo, da energia elétrica, do cimento, do telefone, da televisão,
de novos meios de transporte, de novas tecnologias de comunicação e informação ou novos
medicamentos para doenças crônicas ou incuráveis. Não queremos dizer com isto, que os
esforços para os que se debruçam sobre os livros e sobre a realidade, em busca de respostas
para as questões acerca do homem e da sociedade, não sejam intensos e muitíssimo sofridos!
Nunca, em toda a história da humanidade, o homem foi dono de tamanha riqueza e
capacidade de exploração científica e tecnológica dos produtos e insumos que a natureza lhe
oferece. Tal capacidade chegou a tal ponto que, em dados momentos, a oferta de
determinados alimentos, por exemplo, supera a capacidade de compra e consumo dos
mesmos. Como conseqüência (apesar de milhares de pessoas famintas espalhadas pelos
quatro cantos da terra), toneladas de alimentos em perfeito estado são desperdiçadas.
E é justamente que se encontra o dilema das ciências sociais. Ao lado de toda a riqueza
acumulada, de todo o conhecimento produzido, os homens ainda convivem em condições
extremamente díspares. Alguns com opulência exacerbada, outros na pobreza absoluta. E são
os problemas da sociedade contemporânea (stress, depressão, infelicidade, obesidade, fome,
violência, morte...) cujo cerne está justamente nesta disparidade, que movem e tornam as
ciências sociais e humanas imprescindíveis e relevantes. Assim, apesar da recorrência de
temas de há séculos atrás e de a inovação não se fazer central nos resultados de nossas
pesquisas, essas não deixam de ter o mesmo peso daquelas empreendidas no campo das
ciências exatas e biológicas.
E foi com este espírito que nos enveredamos pelos estudos que se consubstanciam neste
singelo trabalho, fruto de suor e grimas, mas também de esperanças e utopias. Convicta de
que minhas contribuições estão muito distantes de uma solução para problemas tão
complexos, também estou certa de que ofereço, aqui, uma pequenina cota parte para o que
de mais importante na produção científica das ciências humanas e sociais. E como este
caminho foi penoso e cheio de espinhos, não poderia deixar de agradecer àquelas pessoas que
fizeram brotar as rosas na estrada. Por isto, dedico os meus sinceros e calorosos
agradecimentos:
À Deus, em quem creio e confio com todas as minhas forças e que me ajudou a realizar o
milagre de concluir o mestrado. Aos dois homens de minha vida: Manito (por ser meu esposo
e amigo, companheiro, amante, ouvinte, leitor crítico-participante e atento, enfim, por todo o
amor que se transforma em vida plena e em abundância) e Kweisi, nosso primeiro filho,
nascido durante o desenrolar da pesquisa (por me oferecer os momentos mais sublimes de
alegria e por me revigorar, diariamente, o ânimo e a disposição para a luta). À minha amada e
querida mãe, pela dedicação, por sofrer e sorrir comigo, em tudo e sempre, por ser meu
amparo nos momentos dolorosos e pelas muitas horas passadas com o neto para que eu
terminasse de escrever a dissertação. Aos familiares e parentes que tanto amo, e que
contribuíram para que eu fosse a pessoa que sou. Aos amigos que tantas vezes me fizeram
desafogar do desespero criando momentos de descontração e diversão. À Alcenir que se fez
orientadora nas entrelinhas quando me apresentou José Murilo de Carvalho. À Cida Moura
por suas preciosas intervenções. À Leo e Lucinha por me iniciarem na discussão sobre a
pessoa e o pensamento de Paulo Freire e por compartilharem dos sonhos por um Brasil e um
Moçambique mais cidadãos, mais democráticos, mais justos. À Rosemary Dore por me
conduzir nos primeiros estudos sobre a pessoa e as idéias de Gramsci e por ser inspiração para
a disciplina nos estudos. À FAE por me permitir estreitar os laços com o pensar sobre a
educação do povo brasileiro. Ao pessoal da ALMG que me recebeu com disposição e boa
vontade. À Nilson pelas dores e alegrias compartilhadas. Àqueles colegas de trabalho do
Ministério Público que estiveram na torcida declarada, ou silenciosa, especialmente à Shirlene
por ser meu ombro amigo nas horas mais angustiantes e difíceis. À Cristina, por ter sido a
ponte entre mim e os programas de educação para a cidadania. À e Gilda, tio Renato, tio
Trindade, tia Bernadete, aos novos primos e primas, tios e tias que me acolheram de braços
abertos em Moçambique, especialmente ao “tio Nuno”, meu fiel escudeiro e socorro
incondicional nos momentos finais de elaboração desse trabalho. Ao povo de Moçambique,
minha segunda tria e minha gente por opção, em especial aos colegas e amigos do CFJJ
pelo apoio e compreensão. Por fim, como não poderia deixar de ser e por ser mais do que
merecido, à Guiomar, minha orientadora de última hora, mas que ofereceu uma orientação
“de primeira”, assumindo o papel não de tutora, mas também de amiga, abraçando com
coragem e afinco ao desafio de uma orientação louca, porque cheia de percalços e atropelos.
RESUMO
Não obstante a discussão da democratização da informação produzida pela esfera pública e
governamental seja uma condicionante fundamental para o exercício da cidadania, esta não
pode se concretizar se o houver, antes, a democratização da informação sobre a esfera
pública e governamental, seu funcionamento e seus fundamentos. Esta proposta de pesquisa
pretendeu discutir os aspectos da relação entre informação, práticas pedagógicas e cidadania.
Seu núcleo argumentativo sustentou-se no pressuposto de que a falta de um conhecimento
pleno acerca do funcionamento do Estado e de suas funções, por parte da sociedade, pode
redundar numa fraca e falha participação política. Ante tal problemática, duas questões se
colocaram: 1) a de saber qual é a relação entre o acesso às informações disponibilizadas e
veiculadas por programas de educação para a cidadania desenvolvidos por órgão públicos e o
exercício da dimensão política de cidadania por parte dos cidadãos por eles contemplados; e
2) a de verificar de que modo tais programas podem se constituir como fontes de informação
para o exercício da dimensão política de cidadania. Para responder a essas duas perguntas,
estudamos um programa de educação para a cidadania desenvolvido por um órgão público – o
programa “Educação para a Cidadania” da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais
(ALMG).
O enfoque escolhido para a análise da relação entre o acesso à informação e o
exercício da dimensão política da cidadania transitou em três grandes áreas do conhecimento:
a Ciência da Informação, a Ciência Política e a Educação. Dentre as conclusões a que
chegamos estão a de que a apropriação da informação não se dá de forma uniforme e a de que
os programas de educação para a cidadania podem se constituir como fontes de informação,
mas sempre sofrerão a influência da diferença de posições, motivações e intenções dos atores
envolvidos.
Palavras-chave:
Informação; Educação; Cidadania; Política; Programas públicos; Assembléia
Legislativa do Estado de Minas Gerais; Parlamento Jovem.
ABSTRACT
In spite of the discussion about the democratization of information produced by the public
and governmental sphere being a fundamental determiner for the exercise of citizenship, it
cannot be materialized if, beforehand, there is not the democratization of the information of
the very public and governmental sphere, its operations and foundations. This research
proposal has tried to discuss the aspects of the relationship among information, pedagogical
practises and citizenship. Its argumentative core was based on the premise that the lack of
knowledge about the functioning of the State and its roles, concerning society, could result in
a weak and defective political participation. Before such problem, two questions could be
posed: 1) to inquire which is the relationship between the access to the information made
available and propagated through education programmes that are developed by public
agencies and the exercise of the political dimension of citizenship of the citizens that are
contemplated with these programmes; and 2) to verify in which way such programmes can be
regarded as information sources for the exercise of the political sense of citizenship. In order
to answer these two questions, we studied a citizenship education programme developed by a
public agency - "Education for Citizenship" by the Assembléia Legislativa do Estado de
Minas Gerais (ALMG) (Minas Gerais State Legislative Assembly). The focus, which was
chosen for the analysis of the relationship between the access to information and the exercise
of the political dimension of citizenship, comprehended three large fields of study:
Information Science, Political Science and Education. Out of the conclusions, at which we
have arrived, two are: that the appropriation of information does not occur in a uniform
manner and that the citizenship education programmes can be regarded as sources of
information, but they will always be influenced by the difference in positions, motivations,
and intentions of the different parts involved.
Key words: Information, Education, Citizenship, Politics, Public Programmes, Assembléia
Legislativa do Estado de Minas Gerais; Parlamento Jovem.(Young Parliament).
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Modelo Participativo-Comunicacional de Paulo Freire
Foto 1 - Escolha do Tema do PJ/2007
Foto 2 - Oficina oferecida aos monitores pela ALMG: “Organização do Estado e dos Poderes”
Foto 3 - Oficina de funcionamento do GPI oferecida aos monitores
Foto 4 – Oficina de Teatro: dinâmica de relaxamento e concentração
Foto 5 Oficina de Teatro: técnica de teatro improvisacional discussão e elaboração das
peças apresentadas pelos grupos
Foto 6 – “Oficina de Redação”
Foto 7 – Reunião dos GT’s
Foto 8 – Reunião dos GT’s
Foto 9 – Reunião dos GT’s
Foto 10 – Sessão do Parlamento Jovem 2007: votação de uma das propostas
Foto 11 Sessão do Parlamento Jovem 2007: argumentação de um aluno em favor de uma
proposta
Gráfico 1 – Municípios de proveniência dos alunos do grupo experimental
Gráfico 2 – Municípios de proveniência dos alunos do grupo de controle
Quadro 1 – Alguns requisitos de uma democracia para um grande número de pessoas
Quadro 2 - Quadro analítico-sintético sobre os elementos necessários ao exercício da
dimensão política da cidadania
Quadro 3 – Categorias de informação para o exercício da dimensão política da cidadania
Quadro 4 – Motivos apontados pelo grupo experimental para a participação no PJ/2007
Quadro 5 – Palavras das quais se lembra quando se fala em Assembléia Legislativa do Estado
de Minas Gerais
Quadro 6 Acréscimo às Categorias de informação para o exercício da dimensão política da
cidadania previstas no quadro 3
Tabela 1 - Índice de resposta aos questionários dirigidos aos alunos de ensino médio
participantes do Parlamento Jovem/2007 e aos alunos que compuseram o grupo de controle
Tabela 2 - Mecanismo adotado para equiparar o número de questionários respondidos pelos
alunos do ensino médio pertencentes ao grupo experimental e ao grupo de controle, para
efeitos de análise estatística dos dados
Tabela 3 Regiões Administrativas ou Municípios onde residem os alunos do grupo
experimental
Tabela 4 Regiões Administrativas ou Municípios onde residem os alunos do grupo de
controle
Tabela 5 – Você discuti política com sua família?
Tabela 6 – Você conversa sobre voto e eleições com sua família?
Tabela 7 – Alunos que já ouviram falar sobre a(s) Constituição(ções) na escola
Tabela 8 – Ciência da existência da(s) Constituição(ções) na biblioteca da escola
Tabela 9 – Qual é o nome do atual governador do Estado de Minas Gerais?
Tabela 10 – Qual é o partido do atual Presidente da República?
Tabela 11 – Participação como eleitor nas últimas eleições
Tabela 12 – Razão pela qual não votou nas últimas eleições
Tabela 13 - Motivos apontados pelo grupo de controle para a não participação no PJ/2007
Tabela 14 – Motivos apontados pelo grupo de experimental para a participação no PJ/2007
Tabela 15 – Conhecimentos gerais acerca da Comissão de Participação Popular
Tabela 16 Informações acerca das competências da Comissão de Participação Popular da
ALMG
Tabela 17 Informações acerca das formas de participação popular na ALMG por meio da
Comissão de Participação Popular
Tabela 18 – Você já leu ou consultou a Constituição?
Tabela 19 – Conhecimento acerca do papel dos deputados estaduais
Tabela 20 – Relações que o cidadão deve ou não manter com os representantes eleitos
Tabela 21 – A qual Poder pertence a Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais
Tabela 22 – Qual é o nome do atual presidente da Assembléia Legislativa do Minas Gerais?
Tabela 23 – Qual é o partido do atual Presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais?
Tabela 24 – Palavras das quais se lembra quando se fala em Assembléia Legislativa do Estado
de Minas Gerais
Tabela 25 O que os alunos do grupo experimental e do grupo de controle consideram como
direitos e/ou deveres políticos
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ALMG –
Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais
CI –
Ciência da Informação
Col. Batista –
Colégio Batista Mineiro
Col. C. Líbano –
Colégio Municipal Caio Líbano Soares
Col. Frei Orl. I –
Colégio Frei Orlando – unidade I
Col. Frei Orl. II –
Colégio Frei Orlando – unidade II
Col. M. Campos –
Colégio Estadual Milton Campos
Col.Stº Antônio –
Colégio Santo António
Estadual Central –
Colégio Estadual Milton Campos
ICS –
Informação, Cultura e Sociedade
IMACO –
Colégio Municipal IMACO (Instituto Municipal de Administração e Ciências
Contábeis)
PJ –
Parlamento Jovem
PJ/2007 –
Versão do Parlamento Jovem realizada em 2007
SEE/MG –
Secretaria de Estado da Educação do Estado de Minas Gerais
LISTA DOS ENTREVISTADOS
Entrevistado A Professor do ensino médio – Colégio Caio Líbano
Entrevistado B Professor do ensino médio – Colégio Batista
Entrevistado C Professor do ensino médio – Colégio IMACO
Entrevistado D Professor do ensino médio – Colégio Frei Orlando I
Entrevistado E Professor do ensino médio – Colégio Estadual Central
Entrevistado F – Professor do ensino médio – Colégio Frei Orlando II
Entrevistado G Monitor da PUC que participou pela primeira vez do PJ em 2007
Entrevistado H Monitor da PUC que participou pela segunda vez doPJ em 2007
Entrevistado I Monitor da PUC que participou pela quarta vez do PJ em 2007
Entrevistado J – Coordenação 1 do PJ (ALMG)
Entrevistado K Coordenação 2 do PJ (PUC)
Entrevistado L Coordenação 2 do PJ (PUC)
Entrevistado M – Coordenação 2 do PJ (PUC)
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................
10
CAPÍTULO 1- Estado e Cidadania ...................................................................................................... 17
1.1 O Estado moderno............................................................................................................................... 17
1.2 A cidadania na sociedade moderno-contemporânea .......................................................................... 27
1.3 Cidadania e democracia no Brasil ......................................................................................................
33
CAPÍTULO 2- Informação e educação para o exercício da cidadania ............................................. 40
2.1 Democracia, participação e deliberação ............................................................................................ 40
2.2 As formas de participação .................................................................................................................. 45
2.3 Educação para a cidadania ................................................................................................................. 52
2.4 Informação para a cidadania .............................................................................................................. 64
2.5 Educação e informação para a cidadania ...........................................................................................
72
CAPÍTULO 3 – Metodologia ................................................................................................................ 75
3.1 Do objeto de análise ........................................................................................................................... 75
3.2 Das técnica(s) e instrumentos de coleta de dados .............................................................................. 79
3.3 Coleta de dados em fontes bibliográficas e documentais .................................................................. 84
3.4 Dos métodos e instrumentos de análise dos dados ............................................................................ 84
3.4.1 Dados de base bibliográfica-documental ........................................................................................ 85
3.4.2 Dados obtidos junto aos atores intervenientes ................................................................................
85
CAPÍTULO 4 - Educação e informação para a cidadania na ALMG: programas, projetos e
ações..........................................................................................................................................................
89
4.1 Participação popular, informação e educação para a cidadania: programas, projetos e ações .......... 89
4.2 A Escola do Legislativo e o programa “Educação para a cidadania ..................................................
96
CAPÍTULO 5- Programa “Educação para a cidadania” como um dos espaços de (in)formação
e participação na ALMG: o projeto Parlamento Jovem ....................................................................
97
5.1 O projeto Parlamento Jovem .............................................................................................................. 100
5.2 Perfil das instituições e dos alunos participantes do PJ/2007 ............................................................ 110
5.2.1 Perfil dos monitores da PUC ........................................................................................................... 111
5.2.2 Perfil dos colégios participantes ..................................................................................................... 111
5.2.3 Perfil dos alunos de ensino médio que compuseram o grupo experimental (participantes do PJ)
e o grupo de controle (não participantes do PJ) .......................................................................................
121
CAPÍTULO 6 - O Programa “Educação para a Cidadania” como fonte de (in)formação para a
participação política: limites e possibilidades .....................................................................................
133
6.1 Parlamento Jovem: fonte de informação para o exercício da dimensão política da cidadania .......... 133
6.2 Estrutura, organização, estratégias, táticas e mecanismos pedagógico-informacionais presentes no
Programa “Educação para a Cidadania” ..................................................................................................
155
6.2.1 Estrutura e organização ................................................................................................................... 156
6.2.2 Estratégias, táticas e mecanimos pedagógico-informacionais ........................................................
158
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................
165
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................
171
ANEXOS
10
(IN)FORMAÇÃO, UM CAMINHO PARA A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA? O
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA DA ALMG
PALAVRAS-CHAVE
Informação, educação, cidadania, política, programas públicos.
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, a reflexão em torno do exercício da cidadania vem ganhando destaque e
relevância no Brasil em decorrência do processo de redemocratização do país, aliado à
discussão sobre a eficiência governamental e à crescente valorização dos direitos humanos em
âmbito global.
A Ciência da Informação (CI) não ficou alheia a tal dinâmica discutindo, em escala cada vez
mais ampla, o dever dos diferentes atores na tarefa de “democratizar”, de forma eficaz e
racional, as informações para o exercício da cidadania; o direito do cidadão de acesso a tais
informações; e o uso cidadão das mesmas.
Na presente pesquisa, nosso foco se concentrou na investigação da informação enquanto
produto social que resulta das interações entre os homens e que pode se constituir como
elemento de transformação das estruturas e de emancipação, tendo como sujeito do
conhecimento, o cidadão, inserido numa dada realidade social, partindo-se do princípio de que
a participação dos cidadãos socialmente excluídos, mediante o exercício da dimensão política
da cidadania, abre possibilidades para que as estruturas sociais hegemônicas e de opressão
sejam questionadas ou a mesmo modificadas, conforme a força e a capacidade de
articulação dos atores contra-hegemônicos.
Com tal fim, se fez mister tecer alguma reflexão em torno das novas formas de participação
necessárias e decorrentes do processo de redemocratização do país e, para tal, discutimos o
surgimento de um novo sujeito-cidadão capaz de participar a partir do despontar dos
movimentos sociais surgidos no seio da sociedade civil na década de 70.
11
Tendo como premissa que a informação constitui um dos elementos importantes na promoção
da participação do cidadão e de que as fontes de informação para tal fim têm várias
procedências e são complementares entre si, procuramos identificar as contribuições que o
acesso às informações disponibilizadas por programas de educação para a cidadania
desenvolvidos por órgãos públicos pode oferecer para que os cidadãos exerçam a dimensão
política da cidadania.
A escolha de nosso objeto de estudo deriva-se, principalmente, de dois fatores:
primeiramente, da constatação de que, apesar de todos os avanços alcançados principalmente
a partir das décadas de 70 e 80 pela ação dos movimentos sociais surgidos naquele período,
ainda existe um grande fosso entre a teoria e a prática do exercício da dimensão política da
cidadania no Brasil. É indisfarçável a infinidade de questões que apontam, cotidianamente,
para a necessidade de amadurecimento político do povo brasileiro.
O segundo fator motivador para o desenvolvimento deste estudo foi a constatação de que
grande parte da pesquisa desenvolvida em CI acerca da informação para a cidadania refere-se
à democratização, isto é, ao franco acesso à informação blica e governamental
(essencialmente aquela relativa às ações, atos e decisões do poder executivo). Entretanto,
pouco se discute sobre a informação que suporte ao uso pleno e à compreensão dessa
informação de cunho governamental.
Perante tal problemática observamos que, não obstante a discussão da democratização da
informação produzida pela esfera pública e governamental seja uma condicionante
fundamental para o exercício da cidadania, esta não pode se concretizar se o houver, antes,
a democratização da informação sobre a esfera pública e governamental, seu funcionamento
e seus fundamentos.
Dessa forma, ao adotar um programa de educação para a cidadania desenvolvido por um
órgão público – o programa “Educação para a Cidadania” da Assembléia Legislativa do
Estado de Minas Gerais (ALMG) como estudo de caso, tencionávamos identificar as
possibilidades e limitações intervenientes no cumprimento desse objetivo e a relação entre a
informação por ele veiculada e o exercício da cidadania por parte do público dele participante.
12
Nossa opção por investigar uma instituição estatal e não uma organização da sociedade civil
ou movimento social como fonte de informação para o exercício da cidadania decorreu do
anseio de verificar como se daria, na prática, a disseminação de informações sobre o
funcionamento e a estrutura de uma instituição governamental por meio dela mesma, uma vez
que, teoricamente, essa estaria em melhores condições de munir qualquer cidadão com
informações a seu próprio respeito. Por outro lado, a opção por programas públicos deve-se
principalmente a três elementos:
1. o fato de a pesquisadora ter trabalhado numa instituição do Estado O Ministério
Público do Estado de Minas Gerais – ficando incomodada ao constatar que, não
obstante o papel fundamental que compete àquela instituição na garantia e na defesa
dos interesses da sociedades de forma geral, a mesma não oferece nenhum programa
de educação para a cidadania nos moldes do estudado e, ao mesmo tempo, tem sido
apontada em alguns estudos como pouco conhecida pelos cidadãos, o que foi
igualmente constatado pela pesquisadora no contato com as pessoas e no exercício
cotidiano de suas atividades enquanto esteve ligada à instituição.
2. a participação da pesquisadora, em junho de 2004, como ouvinte e representante do
Ministério Público, no “Encontro de Educação para a Cidadania” promovido pela
ALMG. Participação essa que lhe trouxe maiores informações sobre vários programas
deste cunho desenvolvidos por órgãos blicos, além de lhe permitir um primeiro
contacto com seus gestores, facilitando o acesso aos mesmos.
3. o anseio de verificar se instituições que atendem principalmente aos interesses do
Estado conseguiriam, de fato, contribuir para a formação e disponibilização/veiculação
de informações pertinentes para o esclarecimento e capacitação do cidadão no que
concerne ao exercício da dimensão política da cidadania.
Importa referir que optamos pela dimensão política da cidadania e não por uma das demais
dimensões (social ou civil) por compreendermos que o conceito e o conteúdo da cidadania
têm se ampliado nas últimas décadas em virtude das lutas políticas empreendidas por
diferentes movimentos sociais, ou pelo esforço em comum de alguns cidadãos.
Sendo esse o nosso dínamo, optamos por discutir o exercício da dimensão política da
cidadania, acreditando que este seja um veículo e um instrumento de luta pelos direitos sociais
e humanos, de forma geral.
13
Por fim, cabe referir que alguns segmentos da sociedade, incluindo-se órgãos públicos e
Organizações Não Governamentais (ONG´s), têm demonstrado interesse pela questão da
educação do cidadão, apresentando propostas concretas de educação para a cidadania e
desenvolvendo ações que visam munir os cidadãos com informações e conhecimentos sobre a
estrutura e o funcionamento do Estado, sobre o que ele faz, como e porque faz, dentre outras.
Todavia, a proliferação desordenada e desarticulada, de uma variedade de iniciativas,
especialmente em se tratando de iniciativas oficiais, pode gerar sérios problemas, tais como:
re-trabalho, duplicação de esforços e de recursos para fins idênticos e, conseqüentemente, a
aplicação do dinheiro público, entre outros. É também neste sentido que importa
investigar a eficácia e identificar formas de atuação aplicáveis aos programas públicos de
educação para a cidadania.
Com essa perspectiva procuramos apontar, com base na literatura da área, algumas práticas
pedagógicas que podem contribuir para que sejam atingidos os objetivos propostos pelos
programas que visam educar o cidadão para o exercício da dimensão política da cidadania,
numa realidade em que ainda vigora uma imensa desigualdade social e cultural.
A fim de obter o aporte teórico que nos permitiria realizar nossa reflexão, revisitamos também
os estudos acerca do conceito, conteúdo, conquista e exercício da cidadania no Brasil, a partir
dos três componentes da cidadania o componente social, o componente civil e o
componente político postulados por Marshall
1
, contrapondo-os às reflexões de José Murilo
de Carvalho
2
e de Dallari
3
, especialmente no que concerne à conquista da dimensão política
da cidadania no Brasil e dos elementos necessários ao seu exercício.
Cabe sublinhar que não fizemos uma análise histórica aprofundada em torno da cidadania,
assunto que foi objeto de muitos e ricos estudos, concentrando-nos apenas em estabelecer
vínculos entre o exercício da dimensão política da cidadania e o modelo de democracia
vigente no país a partir de meados da década de 80 até os dias atuais, em que novos impasses
e possibilidades são impostos à temática da democracia e da cidadania.
1
Vide MARSHALL, T. H. 1976.
2
Vide CARVALHO, José Murilo de. 2004.
3
Vide DALLARI, Dalmo de Abreu. 2004.
14
Alicerçados nesta estrutura teórica, definimos uma plataforma mínima de categorias
4
de
informação para o exercício da dimensão política da cidadania para, então, partirmos a
campo, procurando identificar, dentre essas categorias, quais são disponibilizadas pelo
programa “Educação para a Cidadania”, desenvolvido pela ALMG, apontando as estratégias e
táticas adotadas na disponibilização e veiculação dessas informações.
Em suma, esta proposta de pesquisa pretendeu discutir os aspectos da relação entre
informação, práticas pedagógicas e cidadania. Seu núcleo argumentativo sustentou-se no
pressuposto de que a falta de um conhecimento pleno acerca do funcionamento do Estado e de
suas funções, por parte da sociedade, pode redundar “num exercício falho da cidadania
política”, como afirma Carvalho (1992).
Tomando esse pressuposto como norte, estabelecemos como objetivo geral de nossa pesquisa:
problematizar a relação entre o acesso às informações disponibilizadas e veiculadas por
programas de educação para a cidadania desenvolvidos por órgãos públicos, e o exercício da
dimensão política da cidadania por parte dos cidadãos por eles contemplados; e identificar de
que modo tais programas podem se constituir como fontes de informação para o exercício da
dimensão política da cidadania.
Para cumprir tais objetivos, procuramos, de modo específico: 1) estabelecer uma plataforma
mínima de categorias de informações para o exercício da dimensão política da cidadania que
podem e/ou devem ser disponibilizadas e difundidas por programas de educação para a
cidadania desenvolvidos por órgãos públicos; 2) descrever a estrutura e organização do
programa escolhido para um estudo de caso; 3) apontar e avaliar as estratégias, táticas e
mecanismos pedagógicos/informacionais adotados por esse programa para disponibilizar,
dinamizar, promover e difundir as informações; 4) identificar fatores intervenientes que
interferiram na formação, disponibilização e difusão das informações e influiram no alcance
4
Para efeitos desse estudo, o termo categoria foi adotado como sinônimo do termo espécie que, nesse caso, deve
ser compreendido a partir dos conceitos de gênero ou de classe. Gênero, de acordo com o Aurélio, é “1. a classe
cuja extensão se divide em outras classes, as quais, em relação às primeiras, são chamadas espécies;[...] 3.Por
extensão, é qualquer agrupamento de [...] idéias que tenham caracteres comuns”. Classe, por sua vez, é 1.
Numa série ou num conjunto, um grupo ou divisão que apresenta características semelhantes; [...] 7. Coleção
ou grupo de coisas que se distinguem pela natureza, uso, etc.:; [...] 22. Agrupamento de objetos que têm uma ou
mais características em comum.” (Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 5.11)
15
dos objetivos do programa; 5) identificar quais e contextualizar de que forma as categorias de
informação para o exercício da dimensão política da cidadania são apropriadas pelo público
participante das atividades promovidas pelo programa investigado; e 6) relacionar possíveis
contribuições para o exercício da dimensão política da cidadania advindas do acesso às
informações disponibilizadas e difundidas pelo referido programa.
O programa “Educação para a cidadania” foi selecionado para o estudo de caso porque tem
como um de seus objetivos disponibilizar informações e fornecer formação para o exercício
da dimensão política da cidadania. Acreditávamos que ao estudá-lo, seríamos munidos de
dados que nos permitiriam fazer inferências e ampliar conclusões aplicáveis ao universo de
programas deste tipo, desenvolvidos por órgãos públicos.
Convictos de que toda pesquisa é permeada pelas crenças e interesses do pesquisador e de que
não isenção ou imparcialidade nas Ciências Sociais, que têm como objeto de estudo algo
tão complexo como a sociedade e suas relações, procuramos nos colocar numa posição de
abertura aos diferentes enfoques, evitando cair numa análise preconceituosa e limitada da
realidade que nos propusemos estudar.
Com esta predisposição, esperamos que o estudo aqui empreendido traga contribuições e
avanços para linhas e correntes da CI dedicadas aos problemas em torno da Informação,
Cultura e Sociedade (ICS). Nosso anseio é de que a definição de algumas categorias de
informação para o exercício da dimensão política da cidadania e a constituição de uma
abordagem de análise acerca da função da informação como elemento facilitador para o
exercício dessa dimensão da cidadania constituam contribuições relevantes para o campo,
podendo fomentar e balizar novos estudos deste caráter.
A presente dissertação está dividida em sete capítulos e a fundamentação teórica está
distribuída nos dois primeiros. O enfoque por nós escolhido e nela materializado para a
análise da relação entre o acesso à informação e o exercício da dimensão política da cidadania
transita em três grandes áreas do conhecimento: a Ciência da Informação, a Ciência Política e
a Educação. A Ciência da Informação constitui o eixo central da investigação e nela
procuramos os elementos que nos permitiram trabalhar com um conceito de informação
vinculado ao exercício da cidadania.
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Os teóricos da Ciência Política com quem dialogamos contribuíram na definição das
principais características do Estado moderno e na delimitação das vertentes conceituais de
cidadania e democracia que nos serviram de aporte, visto que, para levar a cabo um estudo
deste cunho, faz-se indispensável um entendimento mínimo desses conceitos que são
amplamente debatidos por diferentes correntes e sofrem abordagens distintas e por vezes
contraditórias.
Por outro lado, dada a abrangência dos conceitos de cidadania e democracia, restringimo-nos
a analisar sua prática no contexto brasileiro, especialmente no período que vai de meados da
década de 80 até os dias atuais. É nesse período que o país assistiu ao restabelecimento do
regime democrático e ao fortalecimento de duas das três dimensões da cidadania – a dimensão
política e a civil –, relegadas durante o regime ditatorial.
Por fim, procuramos estabelecer os elos entre educação e informação para a cidadania e
identificar algumas das práticas pedagógicas possíveis quando se trata de educar/formar e
informar para o exercício da cidadania, sendo Paulo Freire, nosso principal interlocutor nesse
aspecto.
A metodologia adotada para e execução da pesquisa foi descrita no capítulo 3. No capítulo 4,
apresentamos um leque de opções oferecidas pela ALMG como forma de participação
popular e inserção do cidadão. Esse conjunto foi retomado no capítulo 6 com o objetivo de se
contrapor as opções oferecidas e o volume de informações veiculadas e disseminadas sobre as
mesmas pelo programa adotado como estudo de caso. O capítulo 5 traz detalhes acerca do
programa, aprofundando no que tange ao projeto denominado “Parlamento Jovem” que é
parte integrante do mesmo e que foi escolhido como componente específico a ser observado
no estudo de caso. No mesmo capítulo traçamos também o perfil das instituições e dos alunos
participantes da edição de 2007 do referido projeto. Por fim, o capítulo 6 compreende a
análise dos dados coletados em campo que é retomada e sintetizada no capítulo das
considerações finais.
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CAPÍTULO 1
Estado e Cidadania
1.1 O Estado moderno
Antes de discutirmos cidadania e democracia, discorreremos sobre o conceito de Estado e
suas componentes fundamentais. Tal reflexão é útil tendo-se em conta que o caráter e a
qualidade da cidadania de um povo estão relacionados ao tipo de Estado ao qual esse pertence
e do quão democrático ou não é tal Estado, assim como o grau e a qualidade da democracia
em um Estado estão intimamente ligados à cultura de participação política do seu povo.
Naturalmente, não é nosso objetivo examinar criticamente todas as formulações acerca do
Estado em todas as suas conexões. Limitaremo-nos a identificar elementos que contribuíram
para a configuração do Estado brasileiro contemporâneo. Para tal, partimos da análise do que
é hoje denominado pela Ciência Política de “Estado moderno”, que não consubstancia um
novo Estado, mas trata-se da mesma instituição que foi sofrendo modificações e adaptando-se
aos diferentes momentos históricos, até materializar-se na forma atual.
Vários fatores contribuíram para a composição do Estado moderno que teve como nascedouro
a Europa ocidental, principalmente a Inglaterra do século XIII e a França do culo XIX.
Entre esses fatores destacamos os processos de secularização, racionalização e
individualização.
Segundo Gruppi (1980), o Estado moderno apresenta três características que o distinguem dos
“Estados do passado”. A primeira delas é o seu caráter unitário. O Estado moderno é
soberano, pleno de autonomia e independente de qualquer outra autoridade como acontecia no
Estado feudal, sobre o qual a Igreja Católica Romana exercia grande domínio.
A segunda característica é a da distinção entre Estado e sociedade civil que se evidencia no
século XVII, em especial na Inglaterra, com a ascenção da burguesia. A partir de então, os
grandes pensadores da época contribuirão para que a sociedade passe a ser vista e
compreendida como composta por duas partes distintas e separadas: a sociedade civil e a
18
sociedade política (Estado). Esta idéia acerca da constituição do Estado perdurará por todo o
século XVIII e será questionada mais tarde com o surgimento da ideologia marxista e do
comunismo.
A terceira característica que diferencia o Estado moderno em relação ao Estado medieval, é a
da sua propriedade. Isto porque, enquanto o Estado medieval era patrimonial, isto é, pertencia
aos que detinham a posse da terra – ao monarca, ao marquês, ao conde, ao barão, etc. – e estes
podiam dispor do território e de tudo o que nele estivesse (homens e bens) como bem
entendêssem; o Estado moderno, logo que se estabelece, passa a pertencer única e
exclusivamente ao monarca, “o qual representa a soberania estatal” (Gruppi, 1980, p. 10).
Além das três características do Estado moderno apontadas por Gruppi (1980), atualmente o
Estado é caracterizado por se basear no monopólio da força aliado à busca pelo consenso e
pela hegemonia mencionadas pela primeira vez pelo estadista Jean Bodin, mas
profundamente exploradas e atualizadas por António Gramsci, que também foi um grande
crítico do Estado.
Apesar de a modernização da sociedade, que tem seu ponto ápice com a Revolução Industrial,
ser um dos principais elementos que contribuíram para a constituição do Estado moderno, este
não surgiu de uma só vez, evidentemente, mas constituiu-se e moldou-se gradativamente, num
longo processo que durou mais de três séculos. Por isto costuma-se dizer, para fins didáticos,
que há quatro fases do Estado Moderno.
Na fase mais antiga, ou primeira fase, predomina o que Karl Marx denominou de
“acumulação primitiva de capital” e a exploração e opressão desmedidas e descontroladas do
homem pelo homem. Tal realidade social promoverá o estabelecimento da soberania do
Estado baseando-se na necessidade da existência de um poder autorizado a deter o monopólio
da violência e o controle das relações humanas, por meio da força, como mecanismo limitador
das liberdades individuais que obrigaria e coagiria a todos para que contivessem seus
impulsos como forma de se obter a autoconservação e uma vida mais confortável em
sociedade. Dentre os principais estadistas dessa época estão Nicolau Maquiavel (1469-1527),
Jean Bodin (1530-1596) e Thomas Hobbes (1588-1679)
19
A segunda fase do Estado Moderno tem início com as Revoluções burguesas que tiveram
lugar nos culos XVII e XVIII na França, Estados Unidos e Inglaterra. Tais revoluções
potencializaram, entre outras coisas, ao aparecimento do ideal dos Direitos do Homem e da
Separação de poderes no Estado. Também surgiram nessa fase a concepção liberal e a
concepção democrática do Estado, ambas alicerçadas nos ideais de liberdade e igualdade, mas
com interpretações bastante distintas para cada um deles.
Quanto à visão liberal, John Locke (1632-1704) e Emmanuel Kant (1724-1804) firmaram as
suas bases ao estabelecerem a relação indissociável entre liberdade e propriedade definindo,
por um lado, que apesar da necessidade de se estabelecer um contrato com o estado como
forma de se garantir a propriedade e determinadas liberdades, se esse contrato não fosse
respeitado pelo Estado, poderia ser desfeito como qualquer outro; e que apesar da soberania
pertencer ao povo, apenas os cidadãos independentes (aqueles que não dependiam de outros
para exprimir uma opinião política, podendo decidir acerca da política do Estado - os
proprietários) eram de fato soberanos, ficando os cidadãos o-independentes impedidos de
expressar sua opinião na esfera pública.
Kant também estabeleceu as bases para o que veio a ser o Estado de Direito tal como
conhecemos hoje ao afirmar que a lei sobrepõe-se à soberania do povo, já que regula direitos
e liberdades fundamentais como: o direito à propriedade, à liberdade de palavra, de expressão,
de reunião e de associação.
Frontalmente à ideologia liberal do Estado, Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) trará à tona
outra concepção fortemente presente na teoria do Estado moderno: a concepção do Estado
democrático que defende a igualdade como um princípio fundamental, sem a qual não
liberdade.
Aqui reside a grande diferença entre a concepção democrática e a liberal, pois, para a
primeira, o único fundamento da liberdade é a igualdade, enquanto para os liberais,
contrariamente, liberdade na medida em que se leve em consideração a desigualdade
entre proprietários e não-proprietários. Na ótica rousseauniana, a igualdade tem a ver com a
igualdade perante a lei constituindo, portanto, uma igualdade jurídica, mas ele também
defende uma igualdade econômico-social ao negar a propriedade privada afirmando que os
frutos são de todos e a terra não pertence a ninguém”. Todavia, apesar de apontar a
20
propriedade privada como um dos principais responsáveis pelos problemas da humanidade,
Rousseau não consegue estabelecer condições para a sua abolição.
Rousseau acreditava também que o único poder deve ser o da assembléia, não podendo haver
um poder executivo distinto do poder representativo. Isto porque, para ele, a soberania
pertence ao povo (e não ao Estado), na sua concepção, a sociedade civil é superior ao Estado e
este pensamento constituirá o cerne da concepção democrática do Estado.
Após as cadas de 1860 e 1870, a corrente liberal torna-se hegemônica em toda a Europa
estabelecendo é uma espécie de democracia burguesa que constitui um misto de liberalismo e
Estado de direito onde, ao lado da ampliação do sufrágio universal e da igualdade jurídica (em
grande medida meramente formal), reafirma-se sempre o direito à propriedade, tutela-se a
iniciativa privada e o desenvolvimento capitalista.
Dentre os principais construtos teóricos e visões de mundo que se destacaram durante essa
fase do Estado Moderno estão os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, que foram o
lema da Revolução Francesa, cuja principal conquista foi o reconhecimento dos Direitos
Humanos com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
O direito à liberdade, cuja busca perpassa toda a história da humanidade, se firmará como um
ideal, como um fundamento da vida em sociedade. A liberdade “física” que se traduz no
direito de ir, vir e permanecer ganha status de direito fundamental e toda a espécie de
escravidão do homem pelo homem passa a ser reprimida e combatida. Da mesma forma,
outras modalidades de liberdade são igualmente defendidas e perseguidas, tais como: a
liberdade de pensamento, de expressão, de consciência, de crença, de informação, de decisão,
de reunião, de associação, etc.
Uma das tônicas em torno do ideal da liberdade que ganhou ímpeto naquele período e
permanece ainda hoje é a de que para que o homem seja considerado livre, deve-se
desprendê-lo das amarras da miséria, do analfabetismo, do subemprego, da subalimentação,
da submoradia, dentre outras formas de escravidão e subjugação. Essas exigências sociais são
amplamente perseguidas e garantidas em alguns países ao longo do século XIX. Todavia, em
finais daquele século o Estado Liberal entra em crise por se mostrar incapaz de responder às
21
crescentes demandas sociais. Surgem então as ideologias de Direita (Fascismo) e de Esquerda
(Comunismo), dando lugar à terceira fase do Estado Moderno.
Os mentores da ideologia marxista, karl Marx e Friedrich Engels (1820-1895), concluem que
o Estado teria surgido para refrear o antagonismo entre as classes e a diferenciação da posição
dos homens nas relações de produção. Todavia, por surgir no seio dos conflitos de classes, o
Estado terminaria por representar e afirmar a dominação da classe economica e politicamente
mais poderosa.
A estrutura de Estado presente à época de Marx e Engels está estreitamente relacionada à
coerção, já que a burguesia governava estritamente por meio da força. Para que se alcançasse
a liberdade e a igualdade universais, o marxismo irá propor a fórmula da revolução
permanente que passaria pela derrubada violenta da burguesia e pela tomada do poder político
pelo proletariado. No entanto, tal proposta o logrou os resultados que Marx e Engels
vislumbravam em virtude de uma série de novos elementos que vieram compor as relações
sociais, econômicas políticas e culturais durante o século XX.
Em contrapartida, e também naquele século, o ideal democrático ganhou terreno no campo do
acesso à justiça e dos direitos. E foi em virtude disto que António Gramsci (1891-1937),
diante do fracasso e do retrocesso de algumas experiências socialistas e na tentativa de
compreender todas as mudanças ocorridas na sociedade capitalista a partir de 1848
5
irá se
dedicar a analisar os motivos que fizeram com que a fórmula da revolução permanente não
vingasse, propondo então a fórmula da hegemonia civil na qual a ideologia da luta armada e
da revolução seria substituída pela do diálogo e da busca do convencimento e do consenso.
Essa mudança de relação entre sociedade e Estado torna-se possível a partir do momento em
que a burguesia percebe que para reagir às constantes e crescentes crises advindas das
contradições e desigualdades econômicas, sociais e políticas produzidas pelo sistema
capitalista, o Estado não poderia ser concebido como uma mera dominação burguesa,
devendo se reorganizar de modo a exprimir e a incluir não apenas os seus interesses, mas
5
A teoria da revolução do proletariado, nos termos da “revolução permanente”, foi formulada por volta de 1848
quando Marx e Engels, tomando como referência a experiência dos jacobinos na Revolução Francesa,
reformularam cientificamente aquele conjunto de princípios, estratégias e táticas políticas adotados durante a
revolução e elaboraram a fórmula da revolução permanente que está contida no Manifesto do Partido
Comunista.
22
também uma parte das demandas e reivindicações das classes subalternas. Para tal, ambas as
classes deveriam buscar a hegemonia e o consenso em torno de seus ideais e preferências
Portanto, a hegemonia civil, tal como concebida por Gramsci, implica a resolução dos
problemas das massas populares mediante seu envolvimento e participação nas diversas
formas de associações da vida civil. Tal formulação tem, ainda hoje, uma forte influência
sobre o modelo de Estado moderno em vigor.
Em concomitância com os estudos e escritos empreendidos por Gramsci, a ineficácia do
Estado liberal para responder aos problemas sociais da sociedade contemporânea fica
comprovada em virtude da grande crise econômica e social de 1929. Assim tem início a
quarta fase do Estado moderno que fica marcada pelo aparecimento do que acabou por se
designar “Estado Democrático Liberal”.
Em 1930, o liberal Benedetto Croce (1866-1952) finalmente explicitará as diferenças entre a
concepção liberal e a democrática ao apontar que, apesar da pressuposta fusão entre aquelas
duas concepções de Estado na sociedade Européia do século XIX, tais concepções possuiam
diferenças marcantes entre si, uma vez que, apesar de concordarem quanto à exigência de
liberdade individual, de igualdade civil e política e de soberania popular, a compreensão da
igualdade, dos indivíduos, da soberania e do povo era profundametne distinta em cada uma
delas.
Assim, apesar da indistinção entre liberalismo e democracia e do aparente entrelaçamento
entre as duas concepções em finais do século XIX e início do século XX, o que houve na
verdade foi o estabelecimento de um Estado marcadamente liberal juntamente com a adoção,
muitas das vezes meramente formal, de alguns ideais democráticos.
No entanto, durante o século XX verifica-se uma mudança na forma hegemônica de
concepção do Estado em virtude da efervescência de movimentos que, impulsionados pelo
ideal da democracia, reivindicaram e alcançaram o reconhecimento da igualdade entre
homens e mulheres, entre brancos e negros, etc.
É também noculo XX que se consolida o princípio da igualdade na diversidade, que
consiste em defender-se a igualdade onde as diferenças perpetuam injustiças e inferiorizam as
23
minorias ou as classes menos favorecidas e; de enfatizar e garantir as diferenças, quando a
igualdade descaracteriza ou oprime os sujeitos. E são esses postulados que irão nortear a
participação da sociedade civil na defesa e construção da noção de Estado que temos hoje.
Este alargamento da democracia e dos direitos de cidadania a toda a sociedade teve como
mote as pressões sofridas pelo Estado Liberal que, como dissemos, mostrou-se incapaz de
responder aos problemas sociais da sociedade. Medidas de cunho social foram adotadas para a
sua administração e disto resultou o que ficou conhecido, na Europa e no mundo ocidental,
como Estado-providência (também chamado de Welfare State ou Estado de bem estar social),
resultado da segunda metade da II Guerra Mundial, mas filho direto da crise de 1929.
Além das quatro fases anteriormente descritas pelas quais passou o Estado moderno, diríamos
que esse atravessa sua quinta fase, a fase da crise do Estado Providência, ou do Estado de bem
estar social. Essa é marcada pela propagação de um discurso de crise gerencial, econômica e
fiscal do Estado e pelo movimento denominado neoliberalismo, que busca o re-alargamento
do Estado Liberal cujo maior impulso vem do processo que hoje conhecemos como
globalização.
Em finais do século XX e limiares do novo século, são inúmeras as discussões acerca da crise
do Estado que buscam demonstrar que além dos mencionados problemas fiscais e
operacionais, este tem vindo a perder a legitimidade social no seu modo de intervenção. Nesse
aspecto, quanto aos países onde o denominado Welfare State foi de fato consolidado, uma
vasta literatura que destaca entre as razões da crise, a perda da capacidade do Estado de operar
satisfatoriamente após o colapso do mundo do trabalho.
Em acréscimo, o desemprego e o envelhecimento das populações desses países também são
apontados por exercerem pressão sobre a população ativa, provocando assim a ruptura da
universalização do seguro desemprego e de outros direitos sociais e dando origem a uma
imensurável exclusão social que coloca em xeque o modelo vigente.
Todavia, autores como Bursztyn (1998) irão apontar que a crise do Estado de bem estar social
não é uma realidade em países como o Brasil. O autor assinala que, em grande parte dos
países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, apesar da adoção de alguns benefícios que
compõem o estado de bem-estar social – tais como a regulamentação do mercado e das
24
relações de trabalho; o sistema previdenciário e o seguro desemprego, dentre outros, tais
benefícios nunca chegaram a ser universais, e outros sequer foram alcançados.
Bursztyn (1998) aponta que no Brasil a crise não decorre do desencantamento com um Estado
de bem-estar, mas tem fundamento num conjunto de fatores, dentre os quais: 1) uma enorme
carência de políticas de bem-estar e na perda de efetividade, junto às populações carentes, das
poucas políticas existentes; 2) um Estado que ainda apresenta resquícios do patrimonialismo
herdado do passado, no qual os mais abastados e politicamente influentes sobreviviam às
custas da máquina pública; 3) as mudanças na economia política internacional que levaram à
erosão do compromisso entre capital e trabalho; 4) as mudanças na estrutura de classes e nos
padrões de consumo que culminaram com a erosão da aliança entre as classes médias e os
trabalhadores pelo bem-estar público e com a erosão da solidariedade de classe entre os
próprios trabalhadores; e 5) a incompatibilidade do modelo de Estado de bem estar com a
economia de mercado vigente e o modelo baseado no crescimento que lhe impedem de
assegurar um real bem-estar individual e social.
Este último fator está estreitamente relacionado ao processo de globalização e à ideologia
neoliberal anteriormente mencionados. Para a consolidação desses dois ideais, os grandes
empresários, as multinacionais e os países e indivíduos que detém o domínio econômico do
mercado mundial se esforçam por disseminar a idéia de que o Welfare State é antieconômico,
improdutivo, ineficiente, não-efetivo, despótico e que é a negação da liberdade. Este discurso
vem ganhando força nas últimas décadas quando muitos acabam por defender a ideia da
morte ou do fim do Estado. No Brasil, tal discurso traduziu-se nos fortes debates em torno da
reforma do Estado e da privatização das empresas estatais.
Um importante estudo sobre a globalização foi empreendido por Milton Santos (2000) que irá
se opor ao discurso da morte/fim do Estado quando procura demonstrar que, na verdade, “o
que estamos vendo é seu fortalecimento para atender aos reclamos da finança e de outros
grandes interesses internacionais, em detrimento dos cuidados com a população cuja vida se
torna mais difícil.” (Santos, 2000, p. 19).
Milton Santos analisou o fenômeno da globalização a partir de três pontos de vista: da
globalização como bula, como perversidade e como possibilidade aberta ao futuro de uma
nova civilização.
25
Para o autor, o mundo globalizado pode ser classificado como uma fábula quando erige uma
série de fantasias como se fossem verdades, tais como: 1) a idéia de aldeia global por meio da
qual se procura fazer crer que a difusão instantânea de notícias realmente informa as
pessoas” (SANTOS, 2000, p. 19); 2) a idéia de que um encurtamento das distâncias
(espaço e tempo contraídos); 3) a idéia do surgimento de uma humanidade desterritorializada
e de uma cidadania global enquanto o culto ao consumo é que é estimulado, pois o é a
figura do cidadão (que exige e exerce direitos e deveres no âmbito da esfera pública), mas a
do consumidor (que exerce direitos no âmbito do mercado), que tem relevo.
Contraditoriamente, os direitos do consumidor também dependem de uma ação
governamental para que sejam garantidos dentro de um território; 4) a idéia de que a morte do
Estado traria benefícios para a sociedade e o mercado ao permitir a ampliação da liberdade de
produzir, consumir e viver, mas na realidade, o que se observa com a não intervenção estatal é
que somente um pequeno número de empresas realmente se beneficiam com tal medida
enquanto há um aumento significativo das desigualdades entre os indivíduos.
Ao discutir a globalização como perversidade, o autor procura demonstrar o fenômeno tal
como ele é, ou seja, como uma grande fábrica de perversidades para a maior parte da
humanidade, e que favorece a uma pequena minoria que adere, desenfreadamente, aos
comportamentos competitivos e à tirania do dinheiro, da competitividade e da manipulação e
monopólio da informação. Como exemplo das perversidades fabricadas, o autor cita: a crise
crônica de desemprego, o aumento da pobreza, a perda de qualidade de vida nas classes
médias, uma queda nos salários médios, fome e desabrigo generalizados, surgimento de novas
enfermidades e retorno de antigas doenças, persistência e ampliação da mortalidade infantil,
queda na qualidade da educação, aprofundamento de males espirituais e morais como o
individualismo, o cinismo e a corrupção.
Por fim, o autor apresenta uma visão otimista para o fenômeno ao buscar demonstrar que ele
pode vir a ser diferente, mais humano e servindo a outros objetivos. Para Milton Santos, esta
outra globalização se dará através de um movimento de baixo para cima, tendo como atores
principais os países subdesenvolvidos, os deserdados, os pobres e oprimidos e aqueles que
estão livres do discurso único da globalização como fábula.
O momento presente é caracterizado pela busca de se estabelecer um novo modelo de Estado
moldado pelos ideais neoliberais que se amparam na disseminação da ideologia da
26
globalização como fábula para camuflar as conseqüências do gradativo e real estabelecimento
de uma globalização como perversidade por eles desencadeada.
Por outro lado, o estabelecimento e o fortalecimento de uma relação com o Estado pautada na
busca pelo consenso e pela hegemonia, herança de um passado recente de lutas e
mobilizações no seio da sociedade civil, permanece como ideal a ser mantido. Neste sentido,
apesar das fortes pressões econômicas e mercadológicas a que o Estado moderno se vê
submetido, por outro lado a disputa por parte da sociedade civil que, ao assumir um papel
de protagonista na busca pela manutenção e ampliação dos direitos e conquistas políticas,
civis e sociais até então alcançados, coloca em voga a questão da garantia dos direitos de
cidadania.
E é essa disputa entre mercado, Estado e sociedade civil pela garantia dos direitos de
cidadania que vem provocando uma mudança no comportamento e atuação de diferentes
órgãos e agências estatais. Nos últimos anos, a abertura para a participação popular e a
promoção do acesso às informações produzidas pela administração pública e sobre a
administração pública ganharam espaço crescente e tornaram-se uma prática constante em
muitas instituições estatais.
O próprio direito à informação inscreveu-se como uma das condições centrais para a
cidadania, ao se firmar como um dos direitos difusos que, segundo Cepick,
não são simplesmente resíduos jurídicos ou aspectos derivados de outros
tipos de direitos mas, devido à centralidade dos processos sociais
associados com a sua emergência, formam uma dimensão historicamente
nova da cidadania, que agora começa a adquirir lugar no sistema jurídico.
Sua conquista e fruição [...] pode ajudar a qualificar a relação entre
sujeitos autônomos numa esfera pública reconstruída (CEPICK, 2000, p.
46)
Da mesma forma, a constante necessidade de auto afirmação da instituição Estado e o
estabelecimento do princípio da hegemonia e da busca pelo consenso decorrentes dos últimos
fatos históricos anteriormente relatados serão os responsáveis por colocar ao Estado a
exigência conflitiva de devolução para a sociedade dos dados e
informações necessários ao conhecimento mais preciso de suas
características e carecimentos. Tal operação, mesmo nos países com alto
grau de institucionalização das organizações estatais responsáveis pela
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gestão informacional, envolve custos decisórios altos, conflitos
distributivos e redesenho organizacional nada simples. Este dilema conduz
o direito à informação para o cerne dos problemas da democracia
contemporânea, para a irresolvida contradição entre complexidade
institucional e participação individual e coletiva. (CEPICK, 2000, p. 46)
É em torno destas questões que tecemos as reflexões a seguir, procurando estabelecer algumas
conexões entre democracia, participação, cidadania e informação.
1.2 A cidadania na sociedade moderno-contemporânea
Apesar de a noção de cidadania não ser em si nova e remontar à Grécia e Roma antigas,
ganhando hoje um papel de destaque em todo o mundo, seus significados são extremamente
diversos de uma época para outra, de um país para outro e até mesmo dentro de um mesmo
país.
Como vimos, o Estado moderno é concebido, principalmente, sob duas vertentes a liberal e
a democrática e ambas têm forte influência sobre o conceito de cidadania que se consolidou
em todo o ocidente (e em parte do oriente), especialmente nos últimos séculos do segundo
milênio. Além disto, o recente fenômeno da globalização também trouxe novos elementos que
reafirmam e/ou remodelam o que se entende por cidadania na sociedade atual.
Podemos dizer que, regra geral, os princípios constitutivos do atual conceito de cidadania têm
suas raízes na antiguidade clássica e foram se readaptando aos diferentes tipos de relação e de
vida em sociedade estabelecidos pelo homem ao longo de séculos. Conforme dissemos,
para efeitos deste estudo, interessa-nos a compreensão moderno-contemporânea da cidadania.
Na sociedade atual e de acordo com a vertente democrática de governo da sociedade, o
exercício da cidadania pressupõe indivíduos conscientes de seus deveres e direitos num
contexto local, regional e global e, especialmente, capazes de participar na construção de
realidades mais justas, que atendam aos interesses da coletividade.
Quando bem exercida, a cidadania traz benefícios como aqueles alcançados gradativamente,
em todo o mundo, embora de maneiras distintas, no âmbito dos direitos civis, políticos e
28
sociais, tais como: os direitos trabalhistas, a proteção das crianças e adolescentes, o direito a
um meio ambiente saudável, o combate à violência contra a mulher e ao racismo, o acesso à
saúde e educação, o sufrágio universal, entre outros.
Acerca da concepção de cidadania moderno-contemporânea, as Revoluções Inglesa, Norte
americana e Francesa são um marco histórico.
As Revoluções Inglesas de 1640 e 1688 trouxeram as primeiras luzes para o que mais tarde
viriam a ser os direitos civis por terem como eixo central a disputa pelo estabelecimento das
liberdades individuais. Todavia, como vimos anteriormente, as liberdades que se
estabeleceram a partir daí foram, durante um longo período, associadas ao critério excludente
de “ser proprietário”, por isto, os direitos civis são freqüentemente classificados como parte
da concepção liberal de cidadania.
Mas não se pode negar que apesar dessa concepção de cidadania possuir um caráter
excludente e diferenciador, categorizando os cidadãos em: “cidadãos ativos” e “cidadãos
passivos”, “cidadãos com posses” e “cidadãos sem posses”, ela foi “um primeiro – e grande
passo para romper com a figura do súdito que tinha apenas e tão somente deveres a prestar.”
(MONDAINI, 2003, p. 131)
De sua parte, a Revolução Norte Americana colocou em cena a questão da igualdade entre os
indivíduos, apesar das falhas evidentes na consecução do ideal revolucionário, uma vez que, a
igualdade alcançada não era “tão igual” para negros, pobres, índios, etc. De qualquer forma, a
Revolução cumpriu papel determinante no estabelecimento dos direitos universais do homem.
Por fim, a Revolução Francesa realizou a fusão, mesmo que apenas formal em muitos
aspectos, dos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade.
O inglês T. H. Marshall (1976) é um dos principais pensadores contemporâneos envolvidos na
discussão em torno do conceito de cidadania. Uma de suas maiores contribuições neste
sentido foi a de sintetizar o processo de evolução dos direitos de cidadania na Inglaterra.
Marshall decompôs o conceito de cidadania em três componentes ou dimensões principais: a
dimensão civil, a política e a social, da seguinte forma:
29
Os direitos civis são os direitos necessários à liberdade individual
liberdade de ir e vir, liberdade de imprensa, pensamento e fé, o direito à
propriedade e de concluir contratos válidos e o direito à justiça. O direito
político é o direito de participar no exercício do poder político como
membro de um organismo investido de autoridade política ou como eleitor
dos membros de tal organismo. Os direitos sociais incluem tudo que vai
desde o direito a um mínimo bem-estar econômico e segurança, ao direito
de participar, por completo, na herança social e levar a vida de um ser
civilizado de acordo com os valores que prevalecem na sociedade
(MARSHALL, 1976, P. 63-64)
Após definir em que consistia cada um dos direitos de cidadania na sua concepção, Marshall
descreve o percurso da conquista desses direitos em seu país, demonstrando que esses se
desenvolveram em fases diferentes: os direitos civis se afirmaram no século XVIII, seguidos
pelos direitos políticos nos século XIX e, por fim, pelos direitos sociais que ganham ímpeto
no culo XX. Para Marshall esta seria a seqüência histórica e obrigatória de obtenção dos
direitos de cidadania para que se alcançasse um Estado de Bem-Estar Social.
Para ratificar tal postulado o autor procura demonstrar que haveria uma razão lógica na
seqüência em que os direitos de cidadania foram adquiridos e garantidos na Inglaterra. Assim,
ao adquirir os direitos e liberdades civis foi que os ingleses puderam reivindicar os direitos
políticos de votar e de participar no governo do país. E foi esta participação que permitiu a
eleição de operários e a criação do Partido Trabalhista, que foram os responsáveis pela
introdução dos direitos sociais” (CARVALHO, 2005, p. 11).
Em virtude da relevante síntese realizada por Marshall acerca da evolução dos direitos de
cidadania, Araújo (1998) afirma que Citar Marshall, é optar pela análise da cidadania no
contexto da modernidade”, todavia, o que se percebe é que a seqüência por ele idealizada não
foi cumprida à risca por praticamente nenhum outro país senão a Inglaterra. A conquista dos
direitos de cidadania seguiu cursos bastante distintos em todo o mundo.
Em diversos trabalhos que se dedicam a discutir a cidadania a partir da caracterização feita
por Marshall os termos “cidadania política”, “cidadania social” e cidadania civil” são
adotados quando se quer mencionar uma daquelas três dimensões da cidadania. Todavia,
entendemos que tal nomenclatura pode provocar alguma confusão para um leitor desavisado,
fazendo-o crer que existem três tipos de cidadania distintos entre si. Por esta razão, optamos
por discutir cada um dos componentes da cidadania mencionando-os sempre como dimensões
da mesma.
30
A partir de Marshall, ao se falar em dimensão civil da cidadania está-se a referir, portanto, aos
direitos de participar da vida em sociedade e aos deveres/responsabilidades decorrentes desta
participação. São esses direitos e deveres que garantem que as relações entre os indivíduos
sejam civilizadas e que a estrutura de sociedade civil se mantenha.
Explicando em miúdos, e nas palavras de Manzini-Covre (2006), Carvalho (2005) e Pinsky e
Pinsky (2003), a dimensão civil da cidadania, conforme estabelecida hoje, diz respeito aos
direitos fundamentais à vida, de dispor do próprio corpo, de locomoção (ir e vir), à segurança,
à liberdade de escolha, à propriedade e à igualdade “perante a lei”.
Tal dimensão da cidadania se materializa, segundo os três autores, de diferentes formas,
dentre as quais: na escolha do trabalho; na liberdade de manifestação de pensamento; na
garantia de organizar-se; na inviolabilidade do lar e da correspondência; na garantia de não
ser preso, exceto por autoridade competente e de acordo com as leis e de o ser condenado
sem processo legal e regular, entre outras.
Por sua vez, a dimensão política da cidadania diz respeito aos direitos de participar do
governo da sociedade, ou, em outras palavras e também segundo Manzini-Covre (2006),
Carvalho (2005) e Pinsky e Pinsky (2003), diz respeito à capacidade e direito de se fazer
demonstrações políticas, de organizar-se em partidos, de votar, de ser votado, à deliberação do
homem sobre sua vida e sobre os destinos da sociedade e ao direito de ter livre expressão de
pensamento e prática religiosa.
Em muitas sociedades, quando se fala em direitos políticos, há uma tendência em restringi-los
ao direito de voto, mas como ficou demonstrado, o alcance e magnitude dessa dimensão de
direitos vai muito além disto. Porém, a garantia dos direitos políticos depende, em grande
medida, da consciência e do preparo dos cidadãos para a participação, tanto no sentido de se
responsabilizarem e mobilizarem em torno de causas coletivas, quanto no sentido de exigirem
de seus representantes uma ação verdadeiramente em prol do bem comum. Depende também
da clareza dos cidadãos sobre os direitos que lhes são devidos pelo Estado e pela sociedade,
bem como dos impasses a que um e outro estão sujeitos para a garantia de tais direitos.
Por fim, e ainda de acordo com Manzini-Covre (2006), Carvalho (2005) e Pinsky e Pinsky
(2003), a dimensão social da cidadania está ligada aos direitos de participar da distribuição da
riqueza coletiva. Diz respeito ao atendimento das necessidades humanas básicas com vistas
a repor a força de trabalho e sustentar o corpo humano(Pinsky e Pinsky, 2003).
31
Entre os direitos sociais se incluem: o direito à educação, ao trabalho, ao salário justo e
decente, à saúde, à habitação, à aposentadoria que garanta uma velhice tranqüila, etc.
Conforme Carvalho (2005), a garantia desses direitos “depende da existência de uma eficiente
máquina administrativa do Poder Executivo”.
Nas sociedades contemporâneas, o conceito e o conteúdo da cidadania vêm se ampliando em
decorrência das lutas políticas travadas por diferentes movimentos sociais, ou pelo esforço em
comum de alguns cidadãos. Assim, embora a dimensão política da cidadania dependa da
dimensão social e da civil para se efetivar, por outro lado, é a dimensão política da cidadania
que permite que a componente social e a civil se concretizem.
Cabe referir que aqui reside o dilema dos países em desenvolvimento, com índices elevados
de desigualdade social, com uma distribuição de renda desequilibrada, com um acesso
profundamente díspar à educação e informação e com sistemas democráticos muito “jovens”,
ainda em fase de maturação, como é o caso do Brasil, onde a principal questão que se impõe é
a de equilibrar o exercício e o acesso às dimensões política e social de cidadania.
Não nos restam dúvidas de que o indivíduo sem acesso à dimensão social é também excluído
do exercício da dimensão política da cidadania em sua plenitude, seja por falta de formação,
conhecimento e informação para tal, seja pelo desinteresse, face a uma série de necessidades
básicas mais urgentes e não satisfeitas.
Por outro lado, o indivíduo destituído de conhecimentos e dos recursos para a prática da
dimensão política da cidadania também é tolhido na luta para ter acesso às dimensões civil e
social da cidadania e, conseqüentemente, do acesso a muitos de seus direitos civis e sociais
básicos.
No caso brasileiro, a sociedade apresenta-se estratificada em termos de cidadania. Este dilema
é minimizado pelo fato de que, a partir da Constituição de 1988, a dimensão civil da cidadania
foi finalmente ampliada e garantida a todos, ainda que apenas formalmente em determinados
casos. No entanto, equilibrar as dimensões política, social e civil da cidadania ainda é uma
realidade muito distante.
32
Partindo-se da definição de que o cidadão pleno seria aquele que fosse titular dos três
direitos. Cidadãos incompletos seriam os que possuíssem apenas alguns dos direitos. Os que
não se beneficiassem de nenhum dos direitos seriam não-cidadão(CARVALHO, 2005, p.
9), o equilíbrio entre essas três dimensões da cidadania é que permitiria uma mudança
substancial em termos de constituição da sociedade, que deixaria de ser composta, quase que
em sua totalidade, por cidadãos incompletos e não-cidadãos, para ter a figura do cidadão
pleno como uma constante..
discutimos que a sociedade contemporânea enfrenta hoje uma série de dificuldades para
ultrapassar as gritantes desigualdades sociais em seu seio. Ao lado da ampliação dos direitos
de cidadania a partir do momento em que os direitos deixaram de ser privilégios de
determinadas classes sociais, tornando-se todos os seres humanos portadores de direitos
universais, coloca-se o problema da impossibilidade de participação efetiva de todos nas
decisões acerca do governo da sociedade, nos moldes das sociedades clássicas.
Assim, a cidadania moderna ampliou-se em contraposição à cidadania antiga, em virtude da
possibilidade de participação de um número maior de membros de uma mesma nação. Mas,
por outro lado, teve seu raio de ação reduzido, pois, a decisão política foi transferida aos
eleitos e representantes.”(ARAÚJO, 1998, p. 9)
Um dos impasses das sociedades atuais e que surge justamente como conseqüência desse
distanciamento do cidadão das arenas de decisão política é um crescente processo de
degradação da política e de descrença em suas instituições.
Novas arenas e formas de participação vêm ganhando terreno e se fortalecendo, levando a
algumas constatações no sentido de que em muitas situações os cidadãos passam a acreditar
que são mais respondidos e contemplados “através do consumo privado de bens e dos meios
de comunicação de massa do que nas regras abstratas da democracia ou pela participação
coletiva em espaços públicos” (GARCÍA CANCLINI, 1996, p. 13).
Sobre esse aspecto, consideramos perfeitamente aceitável e desejável que existam outras vias
para a resolução dos problemas cotidianos. Os resultados e conquistas obtidos por meio dos
movimentos e organizações da sociedade civil, por exemplo, são profundamente relevantes.
33
No entanto, ao nosso ver, é muito perigoso o afastamento total das instituições políticas e do
Estado como ente que as dirige, visto que, como ressalta Ribeiro (c1986),
a política não é (...) apenas uma coisa que envolve discursos, promessas,
eleições e, como se diz freqüentemente, ‘muita sujeira’. Não é uma coisa
distinta de nós. É a condução de nossa própria existência individual, nossa
prosperidade ou pobreza, nossa educação ou falta de educação, nossa
felicidade ou infelicidade. É claro que uma pessoa pode não se preocupar
com a Política ou os políticos. Trata-se de uma escolha pessoal
perfeitamente respeitável. Mas, quando se age assim, deve-se ter
consciência das implicações, pois se trata de uma atitude de passividade
que sempre favorece a quem, em dado momento, está numa situação de
mando dentro da coletividade. (RIBEIRO, c1986, p. 27)
Neste sentido, que se questionar a busca de soluções de conflitos por parte dos cidadãos
somente em outras esferas que não as públicas e, noutro prisma, importa retomar a questão do
acesso à formação/educação e informação popular como forma de as pessoas tomarem
conhecimento de seus direitos para se organizaram e lutarem por eles em todas as esferas,
inclusive a pública.
1.3 Cidadania e democracia no Brasil
Historicamente o Brasil conheceu breves momentos democráticos. Em nenhum desses
momentos a democracia alcançou patamares como os que atinge hoje. Os direitos de
cidadania acompanharam este mesmo percurso, sofrendo avanços e retrocessos.
A conquista da cidadania no país, assim como em vários outros, não cumpriu o percurso
descrito pelo cientista inglês T. H. Marshall. Ao descrever o caminho para o estabelecimento
da cidadania no Brasil, José Murilo de Carvalho (2005) demonstra que, em relação ao modelo
inglês, tal caminho sofreu “pelo menos duas diferenças importantes. A primeira refere-se à
maior ênfase em um dos direitos o social em relação aos outros. A segunda refere-se à
alteração na seqüência em que os direitos foram adquiridos: entre nós, o social precedeu os
outros.” (CARVALHO, 2005, p. 11)
Ainda hoje, os direitos políticos enfrentam, de um lado, a indiferença, e muitas das vezes, o
desconhecimento dos cidadãos acerca das estruturas e dos mecanismos de participação
34
política e, de outro, a forte presença de uma minoria dominante que lucra e tem interesse na
manutenção de tal situação.
Acerca da garantia dos direitos sociais no Brasil, não muito o que se discutir. Evidencia-se
diariamente, nas ruas e nas manchetes dos jornais, a situação de pobreza e injustiça a que são
submetidas grandes parcelas da população.
Além disto, analisando a história brasileira, fica evidente que, apesar da maior ênfase dada aos
direitos sociais logo de início, especialmente nas décadas de 30 e 60 quando, regra geral, tais
direitos não foram alcançados por meio da luta e do engajamento pleno e consciente das
classes populares, mas como concessão das elites brasileiras às classes médias, com o claro
intuito de mantê-las sob seu comando e de conter revoltas contra sua política exploratória.
É em virtude disto que José Murilo de Carvalho (2005) denuncia tal inversão de percurso
como algo sintomático e como um processo distorcido de obtenção dos direitos de cidadania.
Para o autor, uma vez que a seqüência inglesa de conquista dos direitos de cidadania, exposta
por Marshall, não tinha um caráter meramente cronológico, mas também lógico, uma
alteração dessa lógica afeta a natureza da cidadania” (CARVALHO, 2005, p. 12).
Tal afirmativa comprova-se pela coexistência de um mero exíguo do que Carvalho (2005)
denomina de cidadãos plenos, ao lado de parcelas consideráveis de cidadãos incompletos e
uma grande maioria de não-cidadãos no país.
Durante o longo período que antecedeu ao processo de redemocratização desencadeado a
partir de meados da década de 70 e que culminou com as eleições de 1985, o regime
democrático e o exercício da cidadania no Brasil enfrentaram uma série de limitações em
virtude da concepção de Estado e sociedade então vigentes.
No entanto, os anos 70 assistiram a uma multiplicação de movimentos sociais que
valorizavam e privilegiavam as práticas sociais do cotidiano popular. Esses novos modos de
ação e organização da sociedade civil trouxeram consigo novos discursos baseados na luta
pela conquista dos direitos de cidadania(ARAÚJO, 1998)
Entre as instituições e movimentos sociais de maior prestígio e projeção naquele período
estão: a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI),
35
a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência (SBPC) e a União Nacional dos Estudantes (UNE), além dos sindicatos
que ganharam novo ânimo com o surgimento de novas lideranças. Todos esses movimentos,
embora portassem reivindicações distintas, tinham um objetivo comum: a redemocratização
do país.
No mesmo sentido, Frota (2004) salienta que o Movimento Feminino pela Anistia, as
Comunidades Eclesiais de Base e o novo sindicalismo tiveram papel de destaque na condução
e direcionamento de distintos grupos da sociedade civil organizada em prol do Estado de
Direito.
Por outro lado, em decorrência das mobilizações sociais originadas nesses movimentos, o
final da década de 70 e início dos anos 80, foi uma época de grande efervescência política
(ARAÚJO, 1998) que fortaleceu a luta pela redemocratização do país, incitando a sociedade a
um engajamento em prol de diversos interesses e empreendendo uma série de mobilizações,
dentre as quais se destacam: o Movimento do Custo de Vida, o movimento das Diretas-Já, o
Movimento dos Direitos Humanos, e o da Anistia.
Foi este conjunto de ações coletivas que contribuiu para o fim da ditadura e o
restabelecimento da ordem democrática e dos direitos de cidadania no país, principalmente
porque,
Conservadas as diferenças, o pano de fundo comum era a democratização
política associada à democratização social. Reivindicava-se o acesso aos direitos
de cidadania, não como concessão do Estado ou projeto liberal restrito às elites
políticas que pactuaram a transição, mas como conquista cotidiana resultante do
engajamento e da ação dos sujeitos coletivos, excluídos do acesso aos direitos, e
dos atores e lideranças de base identificados a estes sujeitos. (FROTA, 2004, p.
46)
Assim, nos anos 80 a sociedade civil ampliou seu raio de ação realizando intensas
mobilizações que acabaram por acelerar o processo de redemocratização do país e por obter
novos direitos de cidadania, além de estabelecer novas instâncias de participação popular.
Desde então essa participação tem se feito cada vez mais presente e consistente.
Houve, portanto, uma inversão do legado histórico de silêncio ou inércia das classes populares
para a crescente constituição e ampliação de espaços de atuação da sociedade civil de tal
36
forma que hoje, com o crescente processo de especificação de direitos, [já] não é possível
analisar a questão da extensão da cidadania considerando exclusivamente clivagens de
classe. Principalmente quando o considerados os direitos sociais, o espectro de atores
envolvidos é bastante amplo e heterogêneo. (FROTA, 2004, p. 21)
Um ponto central nesse processo é o ano de 1985 que marcou o início desse novo momento
democrático no país. A Assembléia Constituinte estabelecida em 1986 para a elaboração de
uma nova constituição contou com uma intensa participação popular que é relatada por
Araújo (1998) nos seguintes termos: milhões de pessoas se reuniram para discutir a Lei
Maior e influenciaram o Congresso Nacional ao proporem artigos de lei. Foi um momento de
exercício de cidadania(ARAÚJO, 1998, p. 60).
Como resultado, a partir da Constituição Federal de 1988 (CF/88), muitos dos direitos de
cidadania passam a ser garantidos e protegidos por lei. Como exemplo, Carvalho (2005)
menciona a liberdade de expressão; a liberdade de imprensa; a liberdade de organização; o
habeas data que garante a qualquer pessoa o direito de exigir do governo acesso às
informações existentes a seu respeito nos registros públicos; o mandado de injunção que
permite a interposição de recurso à justiça para a exigência do cumprimento de dispositivos
constitucionais que ainda não estejam regulamentados; os direitos do consumidor; a facilidade
de acesso à justiça mediante a criação de instituições como os Juizados Especiais de Pequenas
Causas Cíveis e Criminais, entre outros.
Movimento semelhante também ocorreu em nível estadual. Minas Gerais, por exemplo,
assistiu ao afluxo da sociedade civil mineira que se fez presente e atuante de diferentes
formas, manifestando-se com contribuições à Constituinte que comprovaram a novidade
daquele novo período democrático, muito mais aberto à participação das massas, de tal forma
que muitas das reivindicações dos movimentos populares fizeram-se registrar na Constituição
Estadual de 1989.
Não obstante, vários fatos nos fornecem os indicadores de que em virtude de um legado
político com fortes raízes no clientelismo, patrimonialismo e populismo, ainda é longo o
caminho a ser percorrido para que uma visão ética e coerente com os propósitos das
37
democracias representativas se consolidem no país e para que o exercício da cidadania
responsável se torne um hábito em todas as classes sociais brasileiras.
Mesmo após a redemocratização e com o estabelecimento de um verdadeiro Estado
Democrático de Direito, ainda é possível notar a presença do populismo na política brasileira.
Por essa razão, os traços aos quais Chauí (1994) circunscreve o conceito de populismo são
fundamentais por nos permitirem levantar alguns dos conteúdos relevantes em programas que
trabalham com a educação para a o exercício da dimensão política da cidadania, devendo
estes, fornecer informações e conduzir a uma reflexão sobre:
a importância e o papel da mediação política e das instituições políticas partidos,
sociedade civil e estrutura organizacional do Estado – que a realizam;
a urgência e motivos para se eliminar as relações de tutela, favor e clientelismo entre
sociedade civil e Estado, esclarecendo aos cidadão acerca de como deve ser seu
relacionamento com seus representantes políticos e com as instituições políticas;
a falácia do messianismo, buscando demonstrar que não lideranças perfeitas, que o
poder o pode e não deve ser personificado na pessoa de quem se elege, delegando-
se-lhe total liberdade para deliberar sobre tudo sem que seja questionada e avaliada
por quem a elegeu;
e os perigos de governos autocráticos, autoritários, enfim, populistas.
Face ao exposto, nota-se que como qualquer Estado recém democrático, o Estado brasileiro
sofreu e ainda sofre grandes avanços e retrocessos no que concerne à participação dos
cidadãos na distribuição da riqueza da sociedade (direitos sociais); participação da vida em
sociedade (direitos civis); e participação no governo da sociedade (direitos políticos).
Desta forma, o exercício da dimensão política da cidadania, entendido aqui como a
participação política do cidadão nas diferentes esferas da vida e governo da sociedade pode
configurar um problema em um contexto como o brasileiro no qual, comprovadamente,
poucos o os que estão conscientes, de fato, das formas e da relevância desse exercício
participativo. Muitas das vezes, as massas populares desconhecem que têm direito de ter e
defender seus direitos e, por outro lado, em virtude da desigualdade social, acabam por
estabelecer e se sujeitar a regras de convivência impostas por uma espécie de Estado paralelo,
no qual esse direito de ter direitos não é respeitado ou valorizado.
38
Tudo isto comprova a necessidade de que todos os cidadãos sejam informados e munidos de
conhecimentos acerca, não dos mecanismos de participação disponíveis numa democracia
representativa (que resumem-se em quase sua totalidade à escolha dos representantes), como
também acerca das novas possibilidades que têm surgido como conquista da sociedade civil
organizada no sentido de se implementar uma democracia mais participativa e deliberativa
que atue numa perspectiva mais abrangente em termos de garantia de direitos.
Neste aspecto, Costa (1997) afirma que a aptidão dos cidadãos para o efetivo exercício dos
direitos constituídos [...] depende da implementação constante do princípio da educação e
informação [...]. E Silveira (2001) complementa ao afirmar que esta aptidão depende não
apenas do efetivo acesso, como também da capacidade de entendimento e compreensão da
informação disponibilizada.
Lima (1997) também corrobora com tal linha de pensamento quando postula que
cidadania é uma prática sociopolítica que necessita de certas condições
para se efetivar, estando vinculada à capacidade que têm os homens de
exercerem seus direitos e deveres de cidadãos: os civis, relativos às
liberdades individuais, para que possam dispor do próprio corpo e
locomover-se; os sociais, atinentes ao acesso às políticas públicas e à
satisfação das necessidades básicas de sobrevivência; os políticos,
relacionados às deliberações pessoais sobre formas de expressão,
pensamento e práticas políticas e religiosas.(LIMA, 1997, p. 160 - grifo
nosso)
Diversos elementos apontam que, apesar de possuirmos uma Constituição consideravelmente
avançada em termos de defesa dos direitos humanos e fundamentais, na prática, os problemas
são inúmeros. O papel dos cidadãos nesse cenário é fundamental no sentido de acompanhar e
exigir, de seus representantes, atitudes pró-ativas e que atuem em favor do bem comum
defendendo interesses individuais e coletivos.
Por outro lado, (in)formar para a cidadania parece-nos ainda mais crucial no contexto atual
em que interesses meramente econômicos primam por turvar a visão e compreensão do
cidadão comum acerca dos arranjos econômicos, políticos, sociais e culturais para a
manutenção de uma estrutura de dominação e exploração que muitas das vezes o subjuga e
submete a condições de vida subumanas.
39
Por tais motivos, para nós, o conceito de cidadão pleno deve ser ampliado, referindo-se não
apenas aquele que é titular dos direitos previstos nas três dimensões da cidadania e que está
apto a exigir e lutar pela garantia de tais direitos, mas também àquele que se co-responsabiliza
na busca de alternativas para que tais direitos sejam alcançados por todos e garantidos a todos
os cidadãos.
É com esta tônica que pretendemos tecer uma discussão sobre a (in)formação para o exercício
da dimensão política da cidadania de forma a orientar os cidadãos no sentido de assumirem o
seu papel de acompanhar e exigir dos representantes, atitudes pró-ativas e que atendam aos
interesses individuais e coletivos necessários ao bem comum.
40
CAPÍTULO 2
Informação e educação para o exercício da cidadania
2.1 Democracia, participação e deliberação
Como vimos, o modelo de Estado vigente atualmente tem um forte viés democrático com
nuances liberais. Ao longo do conturbado processo no qual o Estado moderno foi se
constituindo e reformulando, o conceito de democracia foi igualmente alvo de numerosos e
variados estudos e formulações.
Dentre as concepções de democracia presentes no Estado moderno está a visão rousseauniana
que considera que a soberania pertence ao povo (e não ao Estado), não podendo ser
transferida em hipótese alguma. Porém, o modelo rousseauniano de democracia, inspirado na
democracia da antiga Atenas, desconsidera que esse tipo de democracia implica que todos
tenham disponibilidade para participar integralmente dos assuntos que envolvem a sociedade.
Na democracia ateniense, enquanto os “cidadãos” se reuniam em assembléia, outras pessoas
(os “não-cidadãos”: escravos e os metecos) trabalhavam para eles. Portanto, a proposta de
Rousseau exige que o cidadão não trabalhe para poder se dedicar inteiramente às questões do
Estado, o que seria inviável na sociedade moderna.
A ampliação da cidadania a todas as classes sociais trouxe consigo um problema de
efetividade do regime democrático: a impossibilidade de voz ativa para todos nas decisões
acerca do governo da sociedade, conforme ocorria nas sociedades clássicas em que os que
eram tidos como cidadãos, participavam efetivamente. Como alternativa surgiram os sistemas
representativos, onde a participação do cidadão passa a se efetivar quase que essencialmente
por meio do voto.
Para nós não interessa e nem caberia, no momento, realizar uma análise aprofundada acerca
dos dilemas impostos ao ideal democrático. Importa-nos tão e somente apontar que existe um
certo consenso em torno da idéia de que o regime democrático de governo é aquele que se
configura hoje como o mais capaz de contribuir para o estabelecimento e alcance dos direitos
41
de cidadania; e por outro lado, estabelecer a relação entre o acesso à informação que, em
última análise, amplia as possibilidades de exercício da dimensão política da cidadania e o
processo de democratização política.
Após Rousseau, várias correntes teóricas que analisam e procuram caracterizar e descrever o
que vem a ser um regime democrático de governo no Estado moderno despontaram. Diversas
abordagens do conceito são empreendidas e esse passa a ser adjetivado ou reformulado de
diferentes formas. É assim que surgem nomenclaturas como: democracia participativa,
democracia representativa, democracia delegativa, democracia elitista, poliarquia, dentre
outras.
A disputa que se estabelece em torno dessas diferentes teorias democráticas é dividida em
dois pólos, o da concepção hegemônica de democracia e o das concepções contra-
hegemônicas. A concepção hegemônica é representada, basicamente, pela teoria elitista de
democracia. As concepções contra-hegemônicas são aquelas que vêem na participação
política dos atores sociais um caminho para a inovação e renovação do agir democrático
(PRATA, 2007, p. 38). Além dessas duas vertentes, Robert Dahl elabora uma concepção
intermediária de democracia, por ele denominada de poliarquia.
A concepção hegemônica de democracia, que tem em Joseph Schumpeter
6
um de seus
principais teóricos, é denominada por David Held (1987) e outros autores como “democracia
elitista” por considerar que o povo é incapaz de exercer a política, cabendo tal função a um
pequeno grupo de indivíduos moral e intelectualmente superior. Nessa ótica, o cidadão
comum é tido como um indivíduo isolado e vulnerável em um mundo de embates das elites,
sendo-lhe reservada apenas a possibilidade de escolher seus governantes e representantes,
estes sim, capazes de discutir os assuntos de interesse público e de atuarem com alto nível de
rendimento mental no campo político.
Tal teoria exclui, necessariamente, qualquer discussão em torno da relação entre o acesso à
informação e o exercício da dimensão política da cidadania por parte dos cidadãos, sob o
ponto de vista por nós abordado, que pré-estabelece que nem todos os cidadãos estão aptos
6
Cf SCHUMPETER, Joseph Alois. Capitalismo, socialismo e democracia. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura,
1961 e para uma crítica à teoria schumpeteriana, Cf. AVRITZER, Leonardo. A moralidade da democracia:
ensaios em teoria habermasiana e teoria democrática. São Paulo: Perspectiva, 1996. 168 p.
42
a tal exercício, mas ao contrário, apenas uma minoria estaria capaz de realizá-lo e, por ser esta
constituída por uma elite intelectual, a questão do acesso à informação não se colocaria como
uma questão problemática.
Por seu turno, partindo do pressuposto de que uma característica-chave da democracia é a
contínua responsividade do governo às preferências de seus cidadãos considerados como
politicamente iguais (DAHL, 2005, p. 25), Robert Dahl irá afirmar que nenhum grande
sistema no mundo real é plenamente democratizado já que nenhum deles é inteiramente
responsivo, ou quase inteiramente responsivo a todos os seus cidadãos.
O autor define que para que um governo seja responsivo às preferências de seus cidadãos esse
deve oferecer-lhes oportunidades plenas de: formular suas preferências; expressar suas
preferências a seus concidadãos e ao governo através da ação individual e/ou coletiva; e ter
suas preferências igualmente consideradas na conduta do governo, sem discriminação do
conteúdo ou da fonte da preferência.
Por outro lado, para que essas três oportunidades se efetivem, Dahl acrescenta a necessidade
de algumas garantias institucionais que são arroladas no quadro a seguir:
Quadro 1 – Alguns requisitos de uma democracia para um grande número de pessoas
Para a oportunidade de: São necessárias as seguintes garantias institucionais
I. Formular preferências 1. Liberdade de formar e aderir a organizações
2. Liberdade de expressão
3. Direito de voto
4. Direito de líderes políticos disputarem apoio
5. Fontes alternativas de informação
II. Exprimir preferências 1. Liberdade de formar e aderir a organizações
2. Liberdade de expressão
3. Direito de voto
4. Elegibilidade para cargos políticos
5. Direito de líderes políticos disputarem apoio
6. Fontes alternativas de informação
7. Eleições livres e idóneas
III. Ter preferências igualmente
consideradas na conduta do governo
1. Liberdade de formar e aderir a organizações
2. Liberdade de expressão
43
3. Direito de voto
4. Elegibilidade para cargos políticos
5. Direito de líderes políticos disputarem apoio
5a. Direito de líderes políticos disputarem votos
6. Fontes alternativas de informação
7. Eleições livres e idôneas
8. Instituições parra fazer com que as políticas
governamentais dependam de eleições e de outras
manifestações de preferência.
Fonte: DAHL, 2005, p. 27 (grifo nosso)
Note-se o destaque dado à informação que, dentre as oito garantias institucionais necessárias
para que um governo seja caracterizado como responsivo às preferências de seus cidadãos, se
faz presente nos três tipos de oportunidades de participação do cidadão, apontadas pelo autor
como requisitos de uma democracia para um grande número de pessoas.
As oito garantias são ainda divididas pelo autor em duas dimensões: a dimensão da oposição
(ou constestação) pública ao governo e a da inclusividade (ou direito de participação no
governo, por meio de eleições ou em cargos públicos).
Após estabelecer essas duas dimensões teóricas da democratização (oposição e inclusividade),
o autor ilustra quatro tipos de regimes de governo por ele denominados de: oligarquias
competitivas, hegemonias fechadas, hegemonias inclusivas e poliarquias.
As hegemonias fechadas seriam os regimes menos democráticos, nos quais não haveria
nenhuma abertura para a contestação do governo ou para a participação no mesmo,
reduzindo-se tal exercício a uma pequena minoria. As oligarquias competitivas apesar de
serem mais liberais no sentido de permitir a contestação pública, por outro lado, não
aceitariam a participação no governo. As hegemonias inclusivas seriam aquelas com alto nível
de abertura à participação e baixos índices de liberdade da oposição ao governo. Finalmente,
as poliarquias seriam aqueles regimes que mais se aproximariam do ideal da democracia ao
possibilitarem altos níveis de participação no governo e serem bastante abertos à contestação
pública.
44
Dahl salienta, por fim, que os países diferem na amplitude com que proporcionam
oportunidades para a contestação e a participação nos processos não do governo, mas
também de várias organizações sociais e governamentais subordinadas.” (DALH, 2005, p.
34). E acrescenta que além das descrições integrais das oportunidades disponíveis para a
participação e contestações no interior de um país, também são igualmente importantes as
descrições acerca das oportunidades disponíveis no interior das unidades subnacionais.
Nesse aspecto, as formulações de Dahl (2005) o particularmente relevantes e pertinentes
para o presente trabalho que está focado justamente numa das unidades subnacionais o
estado de Minas Gerais e, mais especificamente, numa de suas instituições, a ALMG.
Após essa rápida análise da teoria da poliarquia que se apresenta como um modelo
intermediário entre as concepções hegemônicas e as contra-hegemônicas da democracia,
partiremos agora para uma breve discussão acerca dessas últimas.
As concepções contra-hegemônicas de democracia, segundo Prata (2007), são aquelas que
defendem a possibilidade de participação e deliberação dos cidadãos como forma de se
atingir um novo patamar institucional da democracia (PRATA, 2007, p. 48). Os estudos
acerca da intensidade e efetividade dessa participação e/ou deliberação são vastos e
divergentes, o obstante, todos concordam que é necessário combinar o processo eleitoral
com mecanismos de participação dos cidadãos como forma de fomentar e incrementar o
controle da atuação dos governantes e das instituições do Estado.
A informação é focalizada por essas concepções de democracia principalmente sob dois
pontos de vista: o das burocracias estatais e o do cidadão. O primeiro está relacionado à
capacidade das burocracias estatais de absorverem e lidarem com o grande volume de
informações envolvidas na gestão pública. O segundo coloca a informação como uma das
condições essenciais a serem asseguradas aos cidadãos como forma de superar o desafio da
criação e desenvolvimento de espaços para a participação democrática dos mesmos.
No nosso caso, interessa-nos particularmente a segunda vertente de estudos que relacionam a
questão informacional e a participação democrática que comungamos do mesmo fio de
pensamento de Boaventura de Souza Santos quando afirma que quem não dispõe da
45
informação necessária a uma participação esclarecida, equivoca-se quer quando participa,
quer quando não participa” (SANTOS, 2006, p. 1).
Nossa contribuição para as discussões em torno da participação democrática inclui-se,
portanto, dentre aquelas que se preocupam em estabelecer e identificar mecanismos que
buscam ampliar a participação e deliberação dos cidadãos, por meio de medidas e
instrumentos que permitam minimizar as assimetrias na distribuição e acesso à informação e
aos recursos cognitivos, a fim de promover a participação política.
2.2 As formas de participação
No que tange à participação política, ou à dimensão política da cidadania, nota-se que uma
tendência em se associá-la ao exercício do voto e às eleições. No entanto, tal dimensão da
cidadania vai muito além da participação eleitoral. Assim, não obstante o processo eleitoral
ofereça algum espaço (mesmo que falho) para que o povo manifeste sua vontade, a dimensão
política da cidadania, que em outros termos, pode ser compreendida como a participação
política do cidadão, deve ser considerada num quadro muito mais amplo que inclui outras
formas de participação” (DALLARI, 2004, p. 42).
Dentre as diferentes formas de participação algumas são, por vezes, até mais relevantes e
eficazes do que a via eleitoral podendo, inclusive, influir sobre esta de maneira a torná-la mais
autêntica, ética e honesta.
Apresentamos a seguir um apanhado de quatro formas de participação política identificadas
nas reflexões de Dallari (2004) sobre o tema, quais sejam: participação individual,
participação coletiva, participação eventual e participação organizada. Importa deixar claro
que, com isto, não pretendemos esgotar o leque de opções de participação política que já
existem e que poderão surgir a partir das interações sociais, da necessidade, criatividade e
desenvolvimento humanos.
Salientamos ainda que a classificação das formas de participação política em quatro tipos é
meramente didática, visto que, na prática elas se entrelaçam de tal forma que, uma mesma
46
prática pode ser classificada como participação individual eventual, ou coletiva eventual,
assim como individual organizada ou coletiva organizada.
Participação individual
Como discutimos no capítulo anterior, um dos princípios básicos da sociedade contemporânea
é o da liberdade do indivíduo. Este direito nem sempre foi extensivo a todos. A conquista do
direito à liberdade foi o ápice de uma luta histórica e repleta de percalços. Tempos não muito
distantes assistiram ao domínio do homem pelo homem na sua forma mais vil e mesquinha,
quando um semelhante tratava o outro como escravo. Hoje, pelo menos em tese, tais práticas
são rotuladas como abomináveis, devendo ser severamente reprimidas e eliminadas.
Partindo-se do direito à liberdade de que todo indivíduo goza, sempre situações nas quais
esse deve decidir e optar por sua própria conta, tomar suas próprias decisões. No entanto,
sabe-se também que qualquer atividade ou ação empreendida por um indivíduo sempre
repercute na sociedade como um todo. É nesta esfera que se a participação individual que
pode se definida como toda e qualquer ação de um indivíduo, em qualquer situação que
requeira seu posicionamento e escolha e que tenha repercussões sobre a vida em sociedade.
Como peça fundamental e premissa básica para que esta participação se concretize de maneira
responsável e justa, trazendo mudanças e benefícios profundos para a sociedade, o primeiro
passo, segundo Dallari (2004) se dá no plano da consciência, visto que,
Dado esse passo está aberto o caminho para a plena participação, pois o
indivíduo conscientizado não fica indiferente e não desanima perante os
obstáculos. Para ele a participação é um compromisso de vida, exigida
como um direito e procurada como uma necessidade. (DALLARI, 2004, p.
43)
Por outro lado, Dallari também salienta que as possibilidades para que um indivíduo
marginalizado e dominado descubra sozinho que pode reagir são infinitamente menores do
que quando lhe é oferecida qualquer oportunidade de conscientização e esclarecimento.
Assim, faz-se necessário que todos aqueles que tomaram consciência passem a fazer um
trabalho de “conscientização dos demais, falando, discutindo, ensinando, demonstrando pelos
exemplos históricos que os mais fracos podem vencer os mais fortes e que a força do grupo
47
pode compensar a fraqueza dos indivíduos (DALLARI, 2004, p. 37). O autor continua
afirmando que
para que os indivíduos marginalizados conquistem a possibilidade de participar
ativamente das decisões é indispensável que ocorra primeiro sua transformação
interior. É preciso que dentro de cada um nasça a convicção de que é justo e
possível participar. Depois virá automaticamente o desejo de participação,
sobretudo para os mais injustiçados. (DALLARI, 2004, p. 37)
Portanto, a participação individual pode também ser compreendida como “uma constante
busca dos melhores caminhos, bem como o aproveitamento de todas as oportunidades para
conscientizar os outros e para cobrar a participação de todos.” (DALLARI, 2004, p. 44).
Ainda segundo Dallari (2004), esta busca de caminhos ocorre por meio de três processos: (1)
observação da realidade, (2) definição de valores e de objetivos e (3) escolha do modo e do
lugar de atuação. Assim, e a partir desta escolha e lugar de atuação, todo cidadão participa:
a) na esfera estritamente individual:
- analisando criticamente;
- falando, escrevendo;
- discutindo;
- denunciando;
- cobrando responsabilidades;
- encorajando os tímidos e indecisos;
- e aproveitando todas as oportunidades para acordar as consciências adormecidas.
b) individualmente, mas como parte de processos invariavelmente coletivos:
- escolhendo por meio do voto;
- e/ou acompanhando a atuação de representantes eleitos.
Sobre as formas de participação do primeiro bloco (a), deve-se ressaltar que a liberdade de
ação e de escolha é direta e imediata. Um exemplo desse tipo de participação é o Orçamento
Participativo (O.P.), já que nele o indivíduo deve analisar criticamente, falar, discutir, além de
buscar convencer os demais acerca das vantagens de que determinada obra seja realizada em
sua comunidade.
48
Em contrapartida, acerca das formas de participação do segundo bloco (b), deve-se sublinhar
que a escolha pode ser direta ou indireta dependendo da esfera de participação e dos regimes
de governo.
Assim, se a escolha se der no âmbito de uma associação, de um grupo específico que se reúne
para defender e reivindicar direitos, a escolha pode ser direta. No entanto, numa esfera mais
ampla, como no caso das decisões políticas aplicáveis no âmbito de um município, estado ou
de caráter nacional, em países onde vigora o regime democrático e, mais especificamente, a
democracia representativa, a escolha é indireta e se por meio dos representantes eleitos em
processo eleitoral.
Participação coletiva
Como exemplo de participação coletiva podemos mencionar os abaixo-assinados. No Brasil
existe a possibilidade de, em determinados casos, a sociedade civil encaminhar projetos de lei
para análise do Poder Legislativo, todavia, para tal é necessário um número de assinaturas
para que o projeto seja aceito e submetido à votação. Assim, a instituição que elaborou o
projeto põe-se a trabalhar em busca de alcançar o número exigido de assinaturas. Os
indivíduos que se dispõem a assinar a lista não participaram da elaboração do referido projeto,
e podem não acompanhar o desenrolar do processo, nem fazer parte da instituição que
empreendeu a coleta das assinaturas (que neste caso seria uma participação organizada), mas
se dispõem a assinar a lista. Assim, o indivíduo participa de forma coletiva da possível
tramitação de um projeto de lei. Observemos que, nesse caso, trata-se de uma participação
coletiva e, ao mesmo tempo, eventual.
Dallari menciona ainda, a título de exemplo: a burguesia no começo de sua história, quando
teve que lutar para exterminar o feudalismo na Europa e se libertar do julgo da exploração; ou
os movimentos operários do começo do século dezenove; ou ainda a luta das mulheres pelo
direito ao voto e pelo direito de serem tratadas como iguais aos homens e não como pessoas
de segunda categoria.
A participação coletiva pode ser definida e concretiza-se, portanto,
49
por meio da integração em qualquer grupo social. As formas e as
finalidades imediatas das associações são infinitas. Basta um pequeno
grupo de pessoas, com algum objetivo definido e a disposição de
trabalharem continuamente em busca desse objetivo, para se ter uma
associação.(DALLARI, 2004, p. 44)
É interessante observar que o O.P. também pode ser classificado como uma forma de
participação coletiva que por meio dele o cidadão se inserido num grupo social (os
moradores de seu bairro, por exemplo) com um objetivo bem definido (aprovar na reunião do
O.P. a construção de uma ponte, de uma praça, de uma creche, posto de saúde, etc. no bairro)
e com disposição para trabalhar continuamente com esse grupo em busca desse objetivo.
Vejamos agora em que consiste a participação eventual.
Participação eventual
Dallari (2004) classifica como participação eventual, aquelas situações nas quais a
participação se torna possível de modo excepcional e imprevisível. Como exemplos ele
menciona, a influência que determinado profissional pode exercer, quando é contatado para
orientar determinado grupo social que luta por um objetivo justo e que, em dado momento,
necessita da ajuda de alguém que exerça aquela profissão. “Muitas vezes essa ajuda se torna
decisiva ou pelo menos importante, para que o movimento seja bem-sucedido” (DALLARI,
2004, p. 49). Ou ainda, o papel do ocupante de um cargo (independentemente do seu grau
hierárquico) que, em certo momento, deve tomar uma decisão ou fornecer uma informação
que terá efeito decisivo para uma reivindicação social.
Em suma, a participação eventual pode ser definida como aquela que tem um caráter
excepcional e imprevisível, mas que tem tanta relevância quanto as demais formas de
participação.
Retomemos aqui o exemplo da coleta de assinaturas mencionada como participação coletiva.
Os indivíduos colaboram eventualmente, naquele caso, quando se restringem a assinar a lista
e, ao mesmo tempo, contribuem decisivamente para que o objetivo de se encaminhar o projeto
para discussão seja alcançado.
Participação organizada
50
A participação organizada é aquela que se desenvolve a partir de uma clara definição de
objetivos e que procura tirar o máximo proveito dos recursos disponíveis em cada momento,
assegurando a continuidade das ações (Dallari, 2004, p. 47), por meio de um trabalho
constante e sistemático. Este tipo de participação é fundamental quando se procura atingir
grandes objetivos políticos, que tragam modificações para a vida social, podendo, por isto,
encontrar resistências por parte dos acomodados, dos que têm seus interesses bem
estabelecidos na ordem vigente, ou daqueles que têm medo de transformações e que podem,
por vezes, chegar inclusive a violência para que as mudanças não aconteçam.
Por conseguinte, a participação organizada redunda numa série de vantagens como: soma de
forças, maior proteção aos que trabalham pela mudança, divisão do trabalho, acesso a um
volume maior de informações relevantes, obtenção de maior rapidez e amplitude na
divulgação das propostas, avaliação mais perfeita dos recursos, dos obstáculos e dos
resultados conseguidos.
As formas mais comuns de participação política organizada são:
a) Pertencer a um partido político;
b) Exercer uma função pública;
c) Participar em reuniões políticas (como por exemplo audiências públicas, reuniões do
Orçamento Participativo, etc);
d) Participar em movimentos sociais, sindicatos e/ou associações.
A partir dessas formas de participação política que, em ntese, configuram e materializam a
dimensão política da cidadania, relacionamos uma série de elementos necessários para que
seja possível exercer essa dimensão da cidadania.
51
Quadro 2 - Quadro analítico-sintético sobre os elementos necessários ao exercício da dimensão
política da cidadania
FORMA DE
EXERCÍCIO
MATERIALIZAÇÃO ELEMENTOS
NECESSÁRIOS PARA O
EXERCÍCIO
1.1) na esfera estritamente individual:
analisando criticamente, falando, escrevendo,
discutindo, denunciando, cobrando responsabilidades,
encorajando os midos e indecisos e aproveitando
todas as oportunidades para acordar as consciências
adormecidas.
1)
Participação
individual
1.2)individualmente, mas como parte de processos
invariavelmente coletivos. Ex: escolhendo por meio
do voto e/ou acompanhando a atuação de
representantes eleitos.
2)
Participação
coletiva
Integração em qualquer grupo social (organizado ou
não) com algum objetivo definido e disposição para
trabalhar continuamente em busca desse objetivo. Ex:
assinando uma lista de apoio à tramitação de um
projeto de lei de iniciativa da sociedade civil
organizada.
3)
Participação
eventual
De maneira excepcional, sazonal e imprevisível. Ex:
fornecendo informações relevantes para um grupo de
indivíduos que reivindica algum direito junto ao
poder público.
4)
Participação
organizada
4.1) Pertencendo a um partido político;
4.2) Exercendo uma função pública;
4.3) Participando em reuniões políticas (como por
exemplo audiências públicas, reuniões do Orçamento
Participativo, etc);
4.4) Participando em movimentos sociais, sindicatos
e/ou associações.
Educação/formação; acesso
à informação que inclua
diferentes pontos de vista
sobre os temas de interesse
da sociedade em geral;
capacidade de análise e
crítica da informação
disponível (cidadãos aptos a
interpretar a realidade e
atribuir-lhe sentido);
vontade política; interesse
pela esfera pública;
capacidade de articulação,
mobilização e
argumentação;
disponibilidade e
motivação.
Dentre os elementos necessários ao exercício da dimensão política da cidadania acima
arrolados, concentramo-nos em apenas dois: a educação e a informação.
Em décadas passadas (e talvez ainda hoje, em escala menor), a ideologia de que os problemas
do Estado deveriam ser deixados a cargo de uma elite intelectual encontrava eco entre alguns
grupos sociais brasileiros. Tal ordem é descrita (e posteriormente criticada) por Ribeiro
(c1986) quando discute que
[...] para certos temperamentos políticos, certas maneiras de pensar, a
democracia é um sistema excessivamente imperfeito, trabalhoso e
prejudicial ao bom andamento da administração pública. Afinal, de que é
que o povo entende? O povo, de modo geral, é ignorante, preguiçoso, sem
visão histórica, busca apenas vantagens individuais, quando pode.
Portando, o governo deve ser deixado às elites, pois elas são melhores
mesmo do que o comum dos mortais e sabem perfeitamente o que estão
fazendo.(RIBEIRO, c1986, p. 117-118)
52
Tal assertiva é questionável porque, como o próprio autor sinaliza, o problema reside muito
mais em tornar o povo apto para a participação, visto que, como comprovam diferentes fatos
históricos em todo o mundo, quanto mais cosmopolitas e politicamente preparados, mais os
indivíduos desenvolvem sua capacidade de influenciar e analisar criticamente a atuação do
Estado na sociedade.
E é justamente neste aspecto que a informação pode exercer um papel chave no sentido de
fornecer elementos que capacitem e habilitem para a participação.
Para exemplificar podemos mencionar que em alguns países, nos quais houve uma maior
preocupação em se garantir o acesso à educação e informação e a outras condições sociais
básicas, a qualidade do exercício da cidadania é marcada por altos índices de participação
civil e cívica.
Nestes termos, estudos recentes apontam que uma das ferramentas para a preparação política
dos cidadãos para a participação está em educá-los e muni-los com informações relevantes.
Acontece que todo processo educativo passa pela troca e disseminação de informações. E toda
informação necessita do suporte de um processo educativo anterior ou simultâneo ao
momento em que se faz uso da mesma. Portanto, informação e educação são duas faces de
um processo simbiótico que chamaremos aqui de processo (in)formativo. Tal processo tem
papel preponderante na preparação dos sujeitos para a participação e o exercício da dimensão
política da cidadania.
2.3 Educação para a cidadania
Obviamente, também não é nosso intuito realizar uma análise aprofundada acerca de práticas
educativas condizentes com o objetivo de se fornecer informações que contribuam para o
exercício da dimensão política da cidadania. Procuramos somente analisar algumas dessas
práticas sem nos descurarmos da necessidade de estudos mais abrangentes sobre o tema.
Esperamos, contudo, que a breve análise aqui realizada venha a oferecer algumas ferramentas
aos programas de educação para a cidadania que lhes permitam aprimorar suas práticas
53
educativas no sentido de uma efetiva disseminação de informações para o exercício da
cidadania, especialmente em sua dimensão política.
Com a CF/88, o tema da educação para a cidadania é retomado no Brasil já que, dentre outros
avanços neste sentido, a Lei Magna inscreve a educação entre os atos necessários ao exercício
da cidadania, ao plasmar em seu Art. 205 que “a educação, direito de todos e dever do
Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando
ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.” (BRASIL. Constituição, 1998 - Grifo nosso)
Por sua vez, a Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases LDB)
que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, em conformidade com a CF/88
define, em seu art. 35, II que
o ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de
três anos, terá como finalidades: [...]I - a consolidação e o aprofundamento
dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o
prosseguimento de estudos; II - a preparação básica para o trabalho e a
cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz
de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou
aperfeiçoamento posteriores; III - o aprimoramento do educando como
pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da
autonomia intelectual e do pensamento crítico[...](BRASIL, Lei 9.394,
art. 35, I, II e III - grifo nosso)
Legalmente, portanto, a educação brasileira deve preocupar-se em fomentar o aprimoramento
do indivíduo como pessoa humana, formando-o eticamente e contribuindo para o
desenvolvimento de sua autonomia intelectual e pensamento crítico, em especial durante o
ensino médio, quando as capacidades de exercício da cidadania devem ser consolidadas.
Certamente por isto, a LDB recentemente regulamentada pela Resolução 04/2006 do
Conselho Nacional de Educação (CNE) estabelece como conteúdo integrante do currículo
do ensino médio, o domínio dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia necessários ao
exercício da cidadania.
54
No âmbito do estado de Minas Gerais, obedecendo às diretrizes nacionais, os conteúdos de
cidadania se fazem fortemente presentes no ensino básico, em especial nos últimos anos do
ensino fundamental e no ensino médio.
Assim, na Resolução 666/2005, da Secretaria de Estado da Educação (SEE) são
estabelecidos os Conteúdos Básicos Comuns CBC’s a serem obrigatoriamente ensinados,
enriquecidos, ampliados e adaptados às características regionais e às necessidades dos alunos
pelas unidades de ensino estaduais que oferecem as séries finais do ensino fundamental e o
ensino médio. Os conteúdos que envolvem a temática da cidadania estão presentes nas
disciplinas de geografia e história ministradas nos últimos anos do ensino fundamental e no
ensino médio de forma mais ampla.
Quanto aos conteúdos de Sociologia e Filosofia abordados no ensino médio, em 2005 foi
aprovada a lei estadual 15.476 que determina a inclusão de conteúdos referentes à
cidadania nos currículos das escolas de ensino fundamental e médio.
A lei que pode ser considerada um marco importante para a garantia de que os conteúdos de
cidadania sejam incorporados, definitivamente, aos currículos do ensino fundamental e médio,
menciona como temas integrantes do conteúdo referente à cidadania: 1) os direitos humanos,
compreendendo os direitos e garantias fundamentais; os direitos da criança e do adolescente; e
os direitos políticos e sociais; 2) noções de direito constitucional e eleitoral; 3) organização
político-administrativa dos entes federados; 4) educação ambiental; 5) direitos do
consumidor; 6) direitos do trabalhador; e 7) formas de acesso do cidadão à justiça.
A síntese anteriormente traçada acerca das diretrizes e bases estabelecidas legalmente para a
educação do cidadão brasileiro – e em particular do mineiro permite notar que os conteúdos
referentes à cidadania estão obrigatoriamente presentes no ensino básico devendo ser
consolidados e aprofundados durante o ensino médio.
Todavia, a determinação legal do acesso aos conteúdos referentes à cidadania por meio da
educação formal não são, em si, uma garantia de que nossos jovens estarão aptos a exercerem
a dimensão política da cidadania. Para além desses instrumentos, outros meios e métodos
podem e devem ser utilizados para que tal fim seja alcançado. É aqui que se incluem as ações
55
e programas de educação para a cidadania empreendidos fora da instituição formal de
educação, isto é, da escola.
Acreditamos estar claro que nossa opção neste estudo é de buscar alternativas à efetivação da
dimensão política da cidadania, especialmente entre as classes subalternas, para que essas
alcancem condições de vida mais dignas e sejam libertas da opressão a que estão sujeitas,
principalmente em virtude das desigualdades sociais. Nossa preferência pelas classes
subalternas justifica-se pelo fato de as classes dominantes serem dotadas de muito mais
recursos para a participação política e, conseqüentemente, para a defesa e manutenção dos
seus interesses.
Por esta razão, neste tópico nos propomos a realizar uma digressão no pensamento de um dos
principais filósofos da educação popular Paulo Freire –, cujas idéias trazem contribuições
práticas de grande repercussão, ainda hoje, inclusive no tocante às ações de educação para a
cidadania.
Freire desenvolveu um novo todo de ensino que ganhou força durante os anos 50 e início
dos anos 60 no Brasil. Sua proposta obteve adesão de grupos e movimentos populares que
buscavam encontrar formas de restabelecer e fortalecer a democracia no país e de lutar contra
a opressão e a desigualdade social. A preocupação de Paulo Freire com as classes subalternas
é evidente e a eficácia de seu método é meritória e internacionalmente reconhecida.
Destarte, esperamos que ao discutir e refletir acerca de suas idéias consigamos delinear
algumas ações educativas condizentes com os objetivos e intencionalidades de programas que
visam educar para a cidadania, partindo do pressuposto de que dentre esses objetivos está o de
fornecer informações que contribuam para o exercício da dimensão política da cidadania.
A práxis pedagógica de Freire foi, desde sempre, resultante da constatação da desumanização
histórica dos homens, da o concretização da vocação de ser mais humanos, a partir do
momento em que os que detêm o poder passaram a utilizá-lo para dele obter e manter
determinados privilégios, em prejuízo dos demais. Essa desumanização, na visão de Freire,
não incide apenas sobre o oprimido, mas também sobre o opressor, conforme menciona
Barreto (1998):
56
[...] a estrutura social de dominação desumanizou os oprimidos, pois os
transformou em objetos negando-lhes a condição de sujeitos que lhes é
própria. Mas também desumanizou os opressores, que não é próprio dos
seres humanos tratar como coisas ou objetos outros seres humanos.
(BARRETO, 1998, p. 56)
É assim que Freire busca desenvolver uma pedagogia com vistas a romper com a estrutura de
oprimidos e opressores e humanizá-los novamente. Dono de uma profunda e esperançosa
crença no homem, ele acreditava que se os oprimidos compreendessem seu valor enquanto
homens; se alcançassem uma consciência crítica das condições sociais a que eram submetidos
e dos motivos para tal; e se eles se organizassem politicamente, poderiam mudar a realidade
social vigente.
O pedagogo dos oprimidos denuncia que a adoção de métodos empregados na educação que
servem ao opressor, negando a ação pedagógica no processo de libertação e lançando mão de
uma propaganda para convencer os oprimidos da sua libertação tem que ser substituída por
uma pedagogia na qual, “[...] desde o começo mesmo da luta pela humanização, pela
superação da contradição opressor-oprimidos, é preciso que eles se convençam de que esta
luta exige deles, a partir do momento mesmo em que aceitam, a sua responsabilidade total.”
(FREIRE, 2005, p. 62)
Freire também aponta para os riscos que podem decorrer do engajamento das elites nas causas
dos oprimidos, salientando que essas podem, inconscientemente, trabalhar num sentido que só
contribua para perpetuar a estrutura de opressão. Ele explica quando comenta:
...o fato de que alguns membros da classe dos opressores unam-se aos
oprimidos em sua luta pela liberdade, deslocando-se assim de um pólo da
contradição a outro. Seu papel é e foi fundamental durante toda a história
deste combate. Sucede que, no entanto, como deixam de ser exploradores,
espectadores indiferentes ou simplesmente herdeiros da exploração, para
passar ao lado dos explorados, trazem sempre consigo as marcas de sua
origem: preconceitos e deformações como, entre outros, a falta de
confiança no povo como capaz de pensar, de querer e de saber.
Conseqüentemente, os que aderem á causa do povo correm constantemente
o perigo de cair num tipo de generosidade tão maléfica como a dos
opressores. [...] por causa de seus antecedentes, pensam que lhes
corresponde serem os realizadores da transformação. Falam de “homens”,
mas não têm confiança neles (FREIRE, 1979a, p. 59-60)
Com esta opção é que Freire critica a prática da educação que ele denomina de “educação
bancária”, na qual o professor ensina, os alunos são ensinados; o professor sabe tudo, os
alunos nada sabem; o professor pensa para si e para os estudantes; o professor fala e os alunos
57
escutam, o professor estabelece a disciplina e os alunos são disciplinados; o professor escolhe,
impõe sua opção, os alunos submetem-se; o professor atua e os alunos têm a ilusão de atuar
graças à ação do professor; o professor escolhe o conteúdo do programa e os alunosque não
foram consultados – adaptam-se; o professor confunde a autoridade do conhecimento com sua
própria autoridade profissional, que ele opõe à liberdade dos alunos; o professor é sujeito do
processo de formação enquanto que os alunos são simples objetos dele.
Com esta mesma tônica, Weffort discutirá em 1969, no prefácio da primeira edição de
Educação como prática da liberdade, que
... de acordo com a pedagogia da liberdade, preparar para a democracia
não pode significar somente converter o analfabeto em eleitor,
condicionando-o às alternativas de um esquema de poder já existente. Uma
educação deve preparar, ao mesmo tempo, para um juízo crítico das
alternativas propostas pela elite, e dar a possibilidade de escolher o
próprio caminho. (FREIRE, 1975, p.22)
Alicerçado nesses princípios, Freire compõe o eixo central de suas idéias sobre três pilares
que ele considera essenciais no processo formativo/educativo: o momento da conscientização,
o da indignação e busca por transformação social, e o da participação popular. Estes três
pilares o-nos especialmente relevantes em virtude de sua evidente conexão com o exercício
da dimensão política da cidadania.
Quanto ao primeiro pilar a conscientização, a principal preocupação de Freire foi a de
encontrar um método pedagógico que promovesse a alfabetização e propiciasse, ao mesmo
tempo, a passagem de uma “consciência ingênua” a uma “consciência crítica”.
A consciência ingênua seria caracterizada por Freire, dentre outras coisas, pela simplicidade
da interpretação dos problemas, pela impermeabilidade à investigação, pela fragilidade na
argumentação, pelo forte teor de emocionalidade, pela prática da polêmica e o do diálogo e
pelo apelo às explicações míticas.
A consciência crítica se caracterizaria pela profundidade na interpretação dos problemas, pela
substituição das explicações míticas por princípios causais, pela prática de testes em
detrimento de preconceitos na análise e apreensão dos problemas, pelo diálogo e não a
polêmica, pela racionalidade (em contraposição à falta de objetividade como resultado do
58
domínio das emoções), dentre outras características. Em suma, a consciência crítica seria
aquela que permitiria a representação dos fatos como eles se dão na existência empírica,
considerando-se suas relações causais e circunstanciais.
A indignação e busca por transformação social e em última instância, pela emancipação,
viriam como conseqüência da etapa em que as massas populares fossem levadas a abandonar
a consciência ingênua e a fazer uso da consciência crítica. E a concretização do processo se
daria com a participação dessas massas na resolução dos seus problemas, a partir da
conscientização. Nas palavras do próprio autor, a participação pode ser traduzida
... enquanto exercício de voz, de ter voz, de ingerir, de decidir em certos
níveis de poder, enquanto direito de cidadania [que] se acha em relação
direta, necessária, com a prática educativo-progressista, se os educadores
e educadoras que a realizam são coerentes com seu discurso. (FREIRE,
2001, p. 73)
Em seu método de alfabetização de adultos, Freire procurou criar condições para se atingir
essas três etapas que compõem o cerne de seu pensamento. Assim, o método inclui: a) a
participação dos candidatos à alfabetização em círculos de cultura como meio de
conscientizá-los acerca da situação de dominação a que estão submetidos para que lutem por
sua libertação; b) a pesquisa exploratória da realidade dos alfabetizandos por parte da equipe
pedagógica, com vistas a propiciar aos alfabetizadores estabelecer uma relação dialógica com
os alfabetizandos durante o percurso da alfabetização, a partir da realidade concreta; e c) a
discussão política de temas profundamente inseridos na realidade social dos alfabetizandos, a
partir das palavras e dos temas geradores por eles sugeridos.
Em termos da comunicação (entendida como transferência de informações/conhecimentos)
entre educador e educando, a filosofia que perpassa as etapas do método de Freire extrapola o
modelo difusionista de comunicação e foi por ele sintetizada no esquema a seguir:
59
Figura 1 – Modelo Participativo-Comunicacional de Paulo Freire
MODELO PARTICIPATIVO-COMUNICACIONAL
Emissor e receptor realizam pesquisa conjunta sobre:
Fonte: FREIRE, 1977
Araújo (1998) classifica o esquema proposto por Freire como o fundamento de um novo
modelo de transferência da informação que ela denomina de paradigma participativo de
transferência de informação
7
. Para a autora,
este modelo rompe com o esquema centro-periferia do modelo difusionista,
pois no mesmo, não apenas o emissor gera/transmite informações, mas
também o receptor gera/envia para este informações relativas ao seu nível
de conhecimento sobre o tema em discussão, bem como, sobre suas
necessidades de informação e em conjunto (emissor e receptor) podem
verificar o nível de utilidade das informações
geradas/transferidas.(ARAÚJO, 1998, p. 43)
Por outro lado, no que tange à forma de transmissão do conhecimento, Freire posiciona-se
afirmando que
[...] o educador não pode furtar-se, em determinados momentos, de
informar. E o pode na medida mesma em que conhecer o é adivinhar.
O fundamental, porém, é que a informação seja sempre precedida e
associada à problematização do objeto em torno de cujo conhecimento ele
esta ou aquela informação. Desta forma, se alcança uma síntese entre o
conhecimento do educador, mais sistematizado, e o conhecimento do
7
Segundo Araújo, no paradigma participativo de transferência de informação, o receptor também assume um
papel ativo no processo de comunicação na medida em que a transferência de informação é dada como
completa no momento em que o receptor-usuário da informação compreende a mensagem, transforma-a e
utiliza-a em situações existencias concretas. Por outro lado, neste modelo, o emissor toma conhecimento da
apropriação que é feita pelo receptor das informações a partir do momento que realizam juntos a pesquisa sobre
o nível de utilidade das informações recebidas. Para mais detalhes sobre o modelo participativo, vide ARAÚJO,
Eliany Alvarenga de. Transferência de informação como processo social: uma proposta de paradigma. Inf. &
Soc.:Est, João Pessoa, v.7, n.1, p.68-73, jan./dez. 1997.
EMISSOR/GERADOR DE
INFORMAÇÃO
RECEPTOR/USUÁRIO
DE INFORMAÇÃO
- nível de conhecimento sobre o tema discutido;
- necessidade de informação sobre o tema discutido;
- nível de utilidade das informações recebidas (
uso/incorporação das
informações em situações existenciais concretas);
- sistema de conhecimento tradicional
60
educando, menos sistematizado síntese que se faz através do
diálogo.(FREIRE, 1982, p. 54)
Freire atribui ao educador o papel de facilitador, de um “co-ordenador”. Para ele, o professor
é aquele que coordena o grupo de educandos/alfabetizandos sob sua responsabilidade,
aproveitando-se do conhecimento de seus “alunos”, que provém do senso comum, para
colaborar na aprendizagem.
Importa agora demonstrar que a metodologia de Freire é perfeitamente aplicável aos
programas de educação para a cidadania desenvolvidos por órgãos públicos, especialmente
nos seguintes aspectos:
Assim como o método prevê uma pesquisa junto aos futuros educandos para conhecer
sua realidade e tirar daí os temas geradores, da mesma forma os programas de
educação para a cidadania desenvolvidos por órgãos públicos podem pesquisar junto
ao seu público alvo, com vistas a descobrir, por exemplo, os principais problemas por
ele enfrentados, seus anseios, suas dúvidas e dificuldades no acesso aos serviços
prestados pela instituição mantenedora do programa e as idéias pré-concebidas em
relação à mesma, etc.;
Quanto aos critérios para escolha dos temas geradores a serem abordados durante o
desenvolvimento das atividades oferecidas por esses programas, tal como sugere o
Método Paulo Freire, esses devem priorizar os critérios semânticos e de poder de
conscientização, isto é, que sejam capazes de gerar reações sócio-culturais nas pessoas
ou no grupo alvo; e
no que toca à criação de situações existenciais típicas na forma de desafio para os
participantes, assim como sugere Freire, o debate em torno dessas situações deve ser o
veículo para que os grupos se conscientizem e para que percebam as diferentes formas
de participação política, enfim, de exercício da dimensão política da cidadania, de
forma a serem motivados para a participação.
Por fim, quanto à participação dos educandos em círculos de cultura como meio de
conscientizá-los acerca da situação de dominação a que estão submetidos para que
lutem por sua libertação, os próprios programas de educação para a cidadania,
dependendo da forma como o organizados, passam a constituir eles mesmos um
círculo de cultura.
61
O papel do educador delineado por Freire tem relevância para programas de educação para a
cidadania no sentido de considerar que o conhecimento, a experiência de vida dos educandos
tem muita relevância no processo de ensino-aprendizagem. Sendo assim, a relação não deve
ser de um educador que fala e de educandos que apenas escutam, mas, ao contrário, deve ser
construída no diálogo, na participação daqueles que, no exercício de aprender, também podem
ensinar a ser cidadão.
Como dissemos, a forma de transmissão de informações para a construção de conhecimentos,
na ótica de Freire, deve se dar fora do modelo centro-periferia e para além do modelo
difusionista. O educando/receptor de informações deve também ser gerador/transmissor de
informações. Enquanto o educador/gerador e transmissor de informações, também assume o
papel de receptor de informações.
Portanto, uma das contribuições fundamentais dos princípios paulofreirianos para os
programas de educação para a cidadania está na proposta de que o educador não deve se furtar
da missão de informar, já que detém conhecimento considerável acerca das informações
demandadas pelos educandos. No entanto, nesse processo de geração/transmissão/recepção de
informações, educador e educando devem verificar, em conjunto, o nível de utilidade das
informações geradas/transferidas, num processo de constante construção e remodelagem dos
esquemas de ensino/aprendizagem, enfim, de (in)formação para o exercício da cidadania.
Ainda com Freire é possível apontar para outros aspectos igualmente relevantes para os
programas de educação para a cidadania. O primeiro refere-se à necessidade de que seus
gestores devem ter a clareza de que ao assumirem o papel de educar para a cidadania, estão
assumindo uma atividade fundamentalmente política e que, por esta razão, todas as ações
empreendidas estarão contra certos princípios e a favor de outros.
Segundo Freire, numa postura ética e consciente, a opção de a favor de quem se quer trabalhar
das classes oprimidas ou das classes opressoras, dos subalternos ou dos dominantes deve
ser feita e assumida desde o início pelo educador no nosso caso pelos gestores e promotores
dos programas em questão. E aqui reside um dos grandes desafios para que programas de
educação para a cidadania desenvolvidos por órgãos públicos trabalhem a favor das classes
62
oprimidas, visto que, nem sempre seus gestores serão capazes de se posicionarem do ponto de
vista dos oprimidos, em virtude de suas opções e convicções políticas.
Por esta razão, também é relevante a colocação de Paulo Freire quanto ao papel das elites que
se engajam nas causas dos oprimidos, uma vez que, sendo elaborados e projetados por
servidores públicos, os programas de educação para a cidadania desenvolvidos por órgãos
públicos estão sujeitos, necessariamente, às idéias e ideologias de uma classe média/alta que,
por acréscimo, também serve e pertence a uma instituição política do Estado.
Ao demonstrar que a luta ideológica, política, pedagógica e ética faz parte da vida em
sociedade e que, se por um lado a reação imobilizante tem eficácia, do outro ela pode ser
contestada, Freire busca delinear o papel do educador que se quer progressista, isto é, que
deseja atuar como dinamizador da mudança das estruturas opressoras. Assim ele irá dizer que
o posicionamento progressista não escolhe lugar nem hora. Tanto se verifica em casa, nas
relações com os pais, mães, filhos, filhas, quanto na escola, não importa o seu grau, ou nas
relações de trabalho.” (FREIRE , 2000, p. 26)
Ao evocar tal aspecto da educação ou da formação não como puro treinamento, mas como
uma prática estimuladora da curiosidade e da crítica, da procura constante por dar ou
identificar a razão de ser dos fatos, Freire sinaliza para a problemática de que uma tal postura
não pode e jamais será aceita pacificamente por aquele que tem na maior ou menor
permanência do status quo, a defesa de seus interesses. Ou por que, atrelado aos interesses
dos poderosos, a eles ou a elas serve.” (FREIRE, 2000, p. 27-28)
É assim que quando desenvolve suas teorias pedagógico-educacionais, ao mesmo tempo em
que reconhece os limites da educação, formal e informal, ele também valoriza e salienta a sua
força apontando que
A tarefa progressista é [...] estimular e possibilitar, nas circunstâncias mais
diferentes, a capacidade de intervenção no mundo, jamais o seu contrário, o
cruzamento de braços em face dos desafios. [...] Em última análise, se
progressista coerente, devo permanentemente testemunhar aos filhos, aos alunos,
às filhas, aos amigos, a quem quer que seja a minha certeza de que os fatos
sociais, econômicos, históricos ou o, se dão desta ou daquela maneira porque
assim teriam de dar-se. Mais ainda, que não se acham imunes de nossa ação
sobre eles. Não somos apenas objetos de sua “vontade”, a eles adaptando-nos,
mas sujeitos históricos também, lutando por outra vontade diferente: a de mudar
o mundo (FREIRE, 2000, p. 28)
63
Nessa mesma direção, as reflexões do autor são relevantes ao suscitarem o debate em torno da
educação como uma possibilidade e um veículo de transformação das estruturas e de
emancipação ou de manutenção das mesmas. Ressalte-se que tal reflexão vem de encontro aos
propósitos de analisarmos a questão da (in)formação para o exercício da dimensão política da
cidadania como demonstra o seguinte trecho de seu livro Pedagogia da indignação:
A escolha e a decisão, atos de sujeito [...] necessariamente sublimam a
importância da educação. Da educação que, não podendo jamais ser neutra,
tanto pode estar a serviço da decisão, da transformação do mundo, da inserção
crítica nele, quanto a serviço da imobilização, da permanência possível das
estruturas injustas, da acomodação dos seres humanos à realidade tida como
intocável. (FREIRE, 2000, p. 27)
Todavia, o autor também aponta que esta opção por um testemunho antifatalista e de defesa
das possibilidades de intervenção no mundo não deve se dar de forma voluntaristas e
inconseqüente. Para ele, o educador progressistas não deve desconsiderar a existência e a
força dos condicionamentos. Deve antes recusar a determinação, mas jamais negar tais
condicionamentos.
Assim, apropriando-nos do pensamento de Freire, especialmente na vertente do exercício de
se educar para libertar, pode-se dizer que para que os programas de educação para a cidadania
desenvolvidos por órgãos públicos promovam ou contribuam, de fato, para o exercício da
dimensão política da cidadania, é indispensável que seus gestores façam sua auto-crítica para
que, não obstante tenham a intenção de promover a libertação dos oprimidos, não acabem por
trabalhar, mesmo que inconscientemente, num sentido que contribua para perpetuar as
estruturas de opressão.
Por outro lado, quanto à concepção desses programas concluímos, a partir de Paulo Freire,
que esses, se têm de fato o propósito de promover a participação ativa e capaz de provocar
transformações sociais e a emancipação dos cidadãos, não podem descurar da busca pela
conscientização das massas subalternas acerca da sua situação de opressão, assim como
devem procurar sensibilizar as classes mais privilegiadas ou dominantes acerca das
atrocidades que realizam no seu papel de opressoras.
64
Entretanto, os idealizadores e gestores dos programas também devem estar claros de que
somente os oprimidos poderão romper com a estrutura que desumaniza opressores e
oprimidos (já que os primeiros têm o interesse na manutenção do sistema). Por esta razão, tais
programas devem ser conduzidos de tal forma que dêem a conhecer aos seus participantes que
a mudança dessas estruturas depende da sua responsabilidade e envolvimento total na luta
pela emancipação e por tal transformação.
2.4 Informação para a cidadania
A partir das discussões tecidas em torno da democracia e cidadania e após deixarmos clara
nossa opção por direcionar nossa análise e resultados para as questões voltadas às classes
populares, finalmente alcançamos o nosso objeto central na presente dissertação. Cabe agora
evidenciar o núcleo ideológico que nos orientou durante toda a discussão em torno da
informação no contexto por nós investigado.
Ao investigarmos o fenômeno informacional no âmbito por nós proposto, procuramos
incorporar e ter sempre em consideração as seguintes questões colocadas por Reis (1999):
- a compreensão de que a seleção, organização e disseminação de informação, por o
se constituírem em atividades neutras, nelas estão presentes a dimensão retórica e
ideológica;
- a necessidade de desvelamento e apreensão, sob perspectiva crítica, da dimensão
ideológica subjacente ao discurso informacional; e
- a importância de se estar atento para a necessidade de difundir informações que façam
o contraponto entre visões ideológicas e visões utópicas.
Após definidos os aportes teóricos norteadores do nosso olhar sobre a questão da informação,
deixemos claro que, em conformidade com os objetivos do presente trabalho, adotamos como
conceito de informação aquele elaborado por Reis (1999) que a definiu como um substrato
da vida social, fundamental à compreensão dos fenômenos, requerendo daquele que a recebe
submetê-la a um processo de análise, crítica, reflexão, para que, inserindo-a na historicidade
dos processos sociais possa ser incorporada como conhecimento, norteando a ação”(REIS,
1999, p. 155).
65
A informação para o exercício da dimensão política da cidadania constitui objeto de análise
da linha de pesquisa que, na Escola de Ciência da Informação da UFMG é hoje denominada
“Informação, Cultura e Sociedade” - (ICS). A cada de 1970 é um marco para as correntes
da CI dedicadas aos problemas que se enquadram nessa linha. É nesta época que, segundo
Araújo (2003), “a ciência da informação inaugura uma discussão sobre a especificidade da
ciência social (tal como a ciência social como um todo realizou, ainda na época, da
apropriação dos princípios filosóficos da dialética) sob o referencial teórico marxista.”
(ARAÚJO, 2003, p. 24).
Numa tentativa de aproximação e de sistematização da linha de pesquisa então denominada
“Informação Social” e que viria a constituir o que conhecemos hoje como ICS”, em 1994,
Cardoso define os elementos que considerava norteadores para a análise do objeto de estudo
dessa corrente de pesquisa, quais sejam: a historicidade dos sujeitos cognoscentes e dos
objetos cognoscíveis, numa relação culturalmente determinada; a totalidade dos fenômenos
sociais; e a tensionalidade constante que está presente na sociedade determinando as relações
e a produção de sentido sobre elas.
Araújo (2003) enfatiza que a historicidade é uma condição para a explicação dos fenômenos,
do conflito, da “inserção de todo fato isolado no contexto global de relações de luta por
poder”. O autor menciona como exemplos de estudos realizados nesta perspectiva os que
contemplam temas como:
informação e cidadania, ação cultural, exclusão informacional, informação
rural, processos de leitura chegando até a preocupações atuais
relacionadas aos dilemas da sociedade da informação, da revolução
tecnológica e da globalização (que não deixaram de se preocupar com a
democratização da informação, as condições de acesso, a
exclusão).(ARAÚJO, 2003, p. 25)
Reis (2007) avança acrescentando que a historicidade, tensionalidade e totalidade, enquanto
referenciais advindos de uma compreensão dialética da realidade social é que permitirão que,
no processo de apreensão do fenômeno da informação, este seja analisado sob um prisma
global e que evidencie suas contradições e limites.
66
Por sua vez, ao considerarmos o elemento informação, ponderamos que seu conceito é
polissêmico em virtude da sua diversificada aplicabilidade e adoção, com definições diversas
e, em certos casos, quase antagônicas, conforme a corrente que o discute.
Destarte, e para efeitos deste estudo, dentre as diversas formas de compreensão desse termo
apoiamo-nos em duas perspectivas: a que compreende a informação como um produto social
que resulta das interações entre os homens, nela incorporando as dimensões históricas,
econômicas, políticas e culturais; e a que leva em consideração a compreensão da não
neutralidade da informação, tendo em vista a dualidade intrínseca à mesma de poder se
constituir como um elemento de legitimação do status quo e de acomodação, ou como
elemento capaz de facilitar e fomentar a mudança e transformação, enfim, a emancipação.
Importa aqui salientar que a compreensão da informação como fator de mudança está presente
tanto nas abordagens de inspiração mais sistêmica e positivista, quanto nas abordagens
dialéticas e historicistas.
Alguns estudos de abordagem sistêmica são bastante pragmáticos e/ou estruturalistas ao
apontarem a informação como um elemento redutor de incertezas ou que pode provocar
transformações nas estruturas considerando que, quando uma mensagem (conjunto de
informações) é enviada, ela pode ser interpretada e adquirir sentido, contribuindo para que o
indivíduo (ou grupo) que a recebe, resolva determinado problema ou se informe sobre
qualquer situação, produzindo, assim, um novo conhecimento e um novo modo de agir.
Para os adeptos dessa corrente que encontra em Brookes
8
um de seus principais defensores,
[...] o nosso estado (ou nossos estados) de conhecimento sobre determinado
assunto, em determinado momento, é representado por uma estrutura de
conceitos ligados por suas relações, isto é, a nossa imagem do mundo, ou a
nossa visão de mundo. Quando constatamos uma deficiência ou uma
anomalia desse(s) estado(s) de conhecimento(s), encontramo-nos em estado
anômalo de conhecimento. Ao tentarmos obter uma informação ou
informações que corrigirão esta anomalia, criaremos um novo estado de
conhecimento, que uma vez aplicado a determinada situação problemática,
pode provocar uma nova situação ou uma transformação nas estruturas
(ARAÚJO, 1998, p. 16).
8
Para maiores informações acerca das idéias de Brookes, consultar BROOKES, B. C. The foundations of
Information Science. Journal of Information Science. v. 2, p. 209-221, 1980.
67
Todavia, neste tipo de definição o que fica implícito é uma espécie de apologia e reificação da
informação como se, numa lógica bastante matemática, o acesso à mesma necessariamente
esclarecesse dúvidas e reduzisse incertezas, gerasse novo conhecimento, transformasse as
estruturas cognitivas e, conseqüentemente as estruturas sociais.
Tais abordagens desconsideram que, muitas das vezes, no lugar de reduzir incertezas, a
informação pode ampliá-las, assim como, ao invés de transformar as estruturas cognitivas e
sociais, ela pode simplesmente consolidar ou legitimar as estruturas pré-existentes e/ou
dominantes. Em ntese, tais abordagens o destituídas de uma visão dialética do fenômeno
informacional.
Como dissemos, os estudos da área de ICS consideram a informação como um fenômeno
produzido socialmente, a partir de um contexto histórico específico e de um conjunto de
fenômenos sociais, que sofre as influências das relações de tensão entre os sujeitos, relações
essas que, em última análise, interferem na produção e atribuição de sentido a essa
informação.
Em concordância e assim como Reis (2007), também acreditamos que ao se analisar a
informação como um elemento capaz de provocar transformação nas estruturas, torna-se
“imprescindível relativizar o poder que lhe é atribuído [...] ‘ler a informação’ não como algo
neutro, inocente, mas fundamentalmente como produto das relações humanas, no contexto de
uma sociedade de classes e no qual interesses divergentes se encontram presentes na arena
social.” (REIS, 2007, p. 26)
Em outros termos, para que as relações informativas se estabeleçam, antes é necessário um ser
social, um ser em constante relação e interação com seus semelhantes e com o meio no qual
está inserido. E essa interação social se na forma de cooperação, competição e/ou conflito.
E é em decorrência da forma de interação que serão moldadas a produção, disseminação,
veiculação, promoção, difusão e transmissão, bem como a apropriação, compreensão e uso da
informação pelos sujeitos.
Para nós, tal compreensão é vital por fazer ver que ao se analisar ou fomentar um processo de
transmissão/recepção/utilização de informações junto às classes sociais, é necessário
68
considerar que tal processo é sempre moldado pelas experiências e preferências dos sujeitos
do conhecimento (no nosso caso, o cidadão participante de um programa de educação para a
cidadania desenvolvido por um órgão público) e pelas agências, meios ou veículos de
disseminação e transmissão dessa informação. Da mesma forma, essa visão contribui por
ressaltar que as experiências e preferências dos sujeitos do conhecimento se constroem a
partir do lugar de onde esses sujeitos vêm, da realidade social ou do “mundo da vida” (para
usar uma expressão habermasiana).
Na presente dissertação esta problemática se fez particularmente presente a partir do momento
em que nos propusemos a analisar a apreensão e compreensão das informações veiculadas
pelo programa “Educação para a Cidadania” por parte do público por ele atendido; e quando
nos dedicamos a identificar fatores que interferiram na formação, disponibilização e difusão
das informações, bem como no alcance dos objetivos do programa.
Ainda nesse aspecto, o artigo no qual estabelece a relevância de se ter em consideração os
conceitos de retórica e ideologia nos focos de análise da questão informação na CI, Reis
(1999) aponta para alguns aspectos particularmente relacionados e pertinentes a nossa
discussão.
A autora começa por definir retórica como a ação de “efetivar-se um discurso convincente, em
que o sujeito ‘convencido’ não coloque em dúvida a legitimidade do processo(REIS, 1999,
p. 104). Em seguida, ela contrapõe duas possíveis visões sociais de mundo que identifica com
base na literatura, quais sejam: a ideologia e a utopia.
Segundo ela, enquanto as ideologias são todos aqueles conjuntos estruturados de valores,
concepções, representações, idéias e orientações cognitivas que, unificados pela perspectiva
ou ponto de vista social da classe dominante, atuam para legitimar, justificar, defender e
manter a ordem social vigente; as utopias, unificadas pela perspectiva ou ponto de vista social
das classes subalternas e populares, aspiram a uma outra realidade atuando em busca do
estabelecimento de uma realidade ainda inexistente.
Diante do que discutimos até aqui, traçamos agora o viés por nós escolhido para analisar a
relação informação–exercício da cidadania.
69
O exercício da dimensão política da cidadania pode ser traduzido, em poucas palavras, como
a participação política do cidadão nas diferentes esferas da vida e governo da sociedade.
Participação essa que considera tanto os deveres do cidadão para com essa sociedade
(dimensão civil) quanto os seus direitos (dimensão cívica), nas relações sociais que
estabelece.
Essa definição traz em seu bojo o pressuposto de que o indivíduo deve estar informado sobre
tais direitos e deveres e de que, na sociedade contemporânea, entre as condições para que a
dimensão política da cidadania se efetive es o acesso às informações sobre a estrutura,
missão e funcionamento do Estado, de suas instituições e agências e dos demais poderes
instituídos. Isto porque, se pode interferir, participar e opinar com propriedade e segurança
sobre algo que se conhece.
Em suma, a democracia e a cidadania se concretizam na medida em que, dentre outros fatores,
o cidadão é bem (in)formado, sabendo a quem, quando e como recorrer para garantir seus
direitos e cumprir suas obrigações, tornando-se co-responsável e assumindo papel ativo no
governo da sociedade.
Ainda neste aspecto, é indiscutível que a seara do Estado é um universo obscuro e complexo
ao simples cidadão. Compreender esta engrenagem não é tarefa fácil. Tal afirmativa é
confirmada por Schmidt (1994), por exemplo, quando apresenta as dificuldades enfrentadas
durante a formação dos cidadãos para a coisa pública, através de sua participação no processo
do Orçamento Participativo (O.P.) de Porto Alegre. O autor relata que
A coordenação do processo do O.P. aumentara o tempo dedicado a explicar
aspectos da receita e da despesa, para credenciar os participantes a entenderem
e a decidirem com conhecimento de causa. A quantidade e a complexidade das
informações recebidas era de tal ordem que dificultava a transmissão e a
alguma priorização na hora de fazer a “correia de transmissão [...]Pode-se dizer
que ao longo de um ano de participação no Fórum, as queixas sobre a
dificuldade de compreensão reapareciam constantemente, mostrando a vontade
dos cidadãos de entender, e as limitações do poder público em simplificar as
explicações ou mesmo em explicar, porque até então não estava acostumado,
muito menos obrigado a fazê-lo (SCHMIDT, 1994, p. 42 e 44).
O trecho acima serve para exemplificar que a disseminação de informações sobre o Estado e
sobre as instituições públicas, mesmo quando realizada pelo próprio Estado ou instituição
70
pública, não constitui um movimento simples e previsível. As ações empreendidas pelo
Estado nos últimos anos nesse sentido são muitas e ainda hoje enfrentam alguns impasses
para estabelecer formatos e caminhos para a promoção do acesso à informação que, como
dissemos, é hoje um direito garantido por lei a todo e qualquer cidadão.
Não são poucas, no entanto, as críticas apontadas a tais iniciativas do Estado. O principal
argumento esem se afirmar que esse tipo de espaço público é constituído pelo Estado
com intenções autolegitimadoras e como instrumento de cooptação. Tais interpretações não
são descabidas, tendo-se em conta o permanente conflito de interesses entre o Estado e a
sociedade civil.
Todavia, Dagnino (1994) antecipa dois alertas com o intuito de evitar simplificações
excessivas da situação real decorrente das concepções que costumam classificar os espaços de
participação popular oferecidos pelo Estado apenas como pura instrumentalização. A autora
salienta que os movimentos populares têm uma longa e sólida história de luta, que inclui não
a construção institucional de associações, como um esforço constante de construir
estruturas de representação democráticas e transparentes e de co-gestão dos serviços que
significam o atendimento e garantia dos direitos sociais por meio do Estado. Além disso, ela
acrescenta que tais movimentos têm uma vinculação partidária bastante diversificada.
Portanto, e a partir do que coloca Dagnino, apesar de inicialmente serem concebidos como
forma de legitimação do poder Estatal, os espaços de participação fornecidos por órgãos
públicos, por exemplo, podem sim se constituir como “espaços públicos onde os interesses
comuns e os particulares, as especificidades e as diferenças podem ser discutidos”
(DAGNINO, 1994, p. 110.
Discutir a promoção da dimensão política da cidadania na contemporaneidade é também e
portanto, discutir uma infinita gama de possibilidades que devem ser incentivadas como
forma de ao menos minimizar a falta de conhecimento, ou de dar vazão aos inúmeros
problemas informacionais relevantes para a construção dessa dimensão da cidadania. Dentre
tais possibilidades também se incluem as iniciativas do Estado.
71
Quando nos lançamos à tarefa de responder aos nossos problemas de pesquisa, percebemos à
partida que tal empreitada exigiria a definição de alguns parâmetros de observação, que
ambos os conceitos que constituíam o cerne das nossas questões informação e exercício da
dimensão política de cidadania são bastante abrangentes. Foi por esta razão que procuramos
estabelecer uma plataforma mínima de categorias de informações para o exercício da
dimensão política de cidadania.
Assim, a partir da literatura com a qual trabalhamos, conseguimos chegar a três classes de
informação para o exercício da dimensão política da cidadania:
1. Informações para a defesa e exposição de posições e opções políticas
2. Informações para a participação no sistema democrático e na escolha de representantes
3. Informações para a participação no governo da sociedade e defesa dos direitos de
cidadania
Essas classes, por sua vez, subdividem-se em diversas categorias. As principais categorias por
nós identificadas e pertencentes a cada uma dessas classes são apresentadas no quadro 3.
Quadro 3 – Categorias de informação para o exercício da dimensão política da cidadania
CLASSE CATEGORIA DE INFORMAÇÃO
1)INFORMAÇÃO PARA
A DEFESA E
EXPOSIÇÃO DE
POSIÇÕES E OPÇÕES
POLÍTICAS
1.1 A forma e a postura para a realização de demonstrações e defesa de
posições (expressão corporal)
1.2 Mecanismos e instrumentos adequados aos objetivos que se deseja com
cada tipo de exposição de posições e opções políticas (escrita ou fala,
dirigida a pequenos grupos ou a grandes públicos, o tipo de linguagem
adequada para cada público – retórica –, etc.)
1.3 Direitos e deveres concernentes à livre expressão de pensamento e prática
religiosa
2) INFORMAÇÃO PARA
A
PARTICIPAÇÃO NO
SISTEMA
DEMOCRÁTICO E NA
ESCOLHA DE
REPRESENTANTES
2.1 A importância e o papel da mediação política e das instituições políticas
sociedade civil e Estado – que a realizam
2.2 Quesitos a se observar na escolha dos representantes políticos (populismo,
messianismo X responsabilidade, ética, etc)
2.3 Responsabilidade e consciência no exercício de uma função pública ou
política
2.4 O papel de cada um dos representantes políticos em cada um dos três
poderes e nas três esferas (municipal, estadual e federal)
2.5 Tipos de relação que o cidadão deve, ou não, estabelecer com os
representantes políticos (tutela, favor, clientelismo X responsabilidade,
compromisso e controle)
3) INFORMAÇÃO PARA
3.1 Importância, objetivos, formas e mecanismos de participação, deliberação
e controle popular no governo da sociedade:
No nível micro (escola, bairro, cidade, etc.), ou macro (estado,
país ou em escala global)
Por meio dos recursos de participação oferecidos pela
sociedade civil (movimentos sociais, ONG´s, sindicatos ou
associações, partidos políticos, etc.)
72
A
PARTICIPAÇÃO NO
GOVERNO DA
SOCIEDADE E
DEFESA DOS DIREITOS
DE CIDADANIA
Por meio dos recursos de participação oferecidos pelo Estado
e suas instituições (poder Executivo, Poder Legislativo e
Poder Judiciário na esfera municipal, estadual ou federal)
Incluem-se aqui as informações sobre o papel, a função, a
estrutura e o funcionamento dessas instituições
3.2 O dever e a importância da participação X os perigos da omissão e do
analfabetismo político
3.3 Consciência e responsabilidade no uso dos mecanismos de participação e
deliberação popular
Cabe reforçar que o termo “categoria” deve ser compreendido, aqui, como sinônimo do termo
espécie que, nesse caso, deve ser compreendida a partir dos conceitos de nero ou de classe.
Logo e por definição, categorias de informação para o exercício da dimensão política de
cidadania são subgrupos ou subdivisões de informações que, dentro de uma determinada
classe (grupo ou divisão) de informações, reúnem caracteres comuns, características
semelhantes e se distinguem pela natureza, uso, aplicabilidade, etc.
Importa salientar, por fim, que o estabelecimento dessas categorias tem fins puramente
didáticos e visam facilitar e fornecer elementos que contribuam para o desenvolvimento de
estudos e pesquisas ligadas ao tema informação para a cidadania na área de ICS. No entanto,
estamos cientes de que uma categoria, em determinadas circunstâncias, pode perfeitamente
integrar outra classe que não aquela na qual a enquadramos e que, da mesma forma, outras
categorias não previstas aqui podem vir a integrar uma ou outra classe assim como outras
classes não contempladas poderão ser identificadas.
2.5 Educação e informação para a cidadania
Tendo-se à priori que o ato de educar, dentre outras definições, pode ser compreendido como
o ato de disseminar informações que contribuem para a construção do conhecimento, pode-se
dizer que a escola vem se estabelecendo ao longo da história como o lugar privilegiado para a
transmissão e troca de saberes que permitirão perpetuar o conhecimento acumulado pelo
homem ao longo dos séculos. Mas esta não é a única instituição e a única via disponível
quando se fala em educar para a cidadania.
Programas de educação para a cidadania desenvolvidos por órgãos públicos são, por analogia,
um locus de transmissão e troca de informações que permitem, dentre outras coisas, a
73
constituição e/ou solidificação de conhecimentos acerca da dimensão política da cidadania. E
a dimensão política da cidadania, por sua vez, é aqui compreendida como a participação
política do cidadão nas diferentes esferas da vida em sociedade, que incluem as instituições e
agências públicas e estatais.
Como discutido anteriormente, um acesso precário ou o o acesso à dimensão social da
cidadania concorre, também, para a exclusão do acesso ao exercício da dimensão política da
cidadania em virtude da falta de formação e conhecimentos para tal, ou pelo desinteresse em
participar politicamente na resolução dos problemas coletivos, face às necessidades
individuais básicas ainda não satisfeitas.
Gera-se aí um círculo vicioso na medida em que aqueles que não dispõem de conhecimentos e
recursos para a prática da dimensão política da cidadania também são destituídos de
condições de lutar por sua cidadania social e, conseqüentemente, têm dificuldade em ser
atendidos nos seus direitos sociais básicos.
Os recursos econômicos de que as classes dominantes dispõem lhes dão acesso aos direitos
sociais como, por exemplo, a posse de conhecimentos e informações relevantes. Por outro
lado, em termos econômicos, desde a infância elas podem ser mais facilmente dotadas de
condições psíco-fisicas e de uma formação adequada para o trabalho intelectual de combinar
indução e dedução, de generalizar; de transferir determinados critérios de discriminação de
uma dada situação para outra.
São esses recursos e condições que tornam a classe dominante mais apta a conduzir o governo
da sociedade a seu bel prazer, com uma facilidade muito maior do que a classe subalterna. Daí
advém a importância de se educar e informar os cidadãos pertencentes a essa segunda classe,
munindo-os assim de melhores condições para o exercício da cidadania.
Importa ter-se em conta, nesse exercício de educar para a cidadania que o ato de educar se
realiza por meio de um processo informativo, assim como a disseminação, veiculação,
apreensão e uso da informação são perpassados e dependem de um processo educativo
anterior ou simultâneo.
74
Em síntese, informação e educação são dois elementos indissociáveis, que interagem e
correlacionam-se incessantemente em qualquer processo que vise educar pessoas para o
exercício da cidadania.
75
CAPÍTULO 3
Metodologia
3.1 Do objeto de análise
Em nossa pesquisa, a fim de identificar de que modo programas de educação para a cidadania
desenvolvidos por órgãos públicos podem se constituir como fontes de informação para o
exercício da dimensão política da cidadania, selecionamos um único programa como objeto
de análise.
A seleção do programa “Educação para a Cidadania” como nosso foco de estudo justifica-se,
por esse ser desenvolvido por um órgão público mineiro com o propósito de formar e
disponibilizar/difundir informações para o exercício da dimensão política da cidadania. Além
disso, foi determinante o fato de esse programa possuir uma trajetória maior e mais
consolidada em relação aos demais programas deste gênero no estado.
Um terceiro fator considerado quando da seleção do programa foi o fato deste trabalhar com
outras componentes da dimensão política da cidadania que não apenas o processo eleitoral,
quais sejam: o controle social e a participação do cidadão.
Acrescente-se a isso a vantagem de que, apesar de projetado especificamente para o Poder
Legislativo estadual, determinados aspectos do programa são generalizáveis e podem ser
aplicados às demais esferas do Legislativo e no âmbito do Executivo e do Judiciário.
Por fim, a escolha foi reforçada com a constatação de que, em anos eleitorais, -se lugar a
um trabalho conjunto com o programa desenvolvido pelo TRE, como forma de atender às
demandas de formação e informação acerca das eleições e de todo o processo nelas envolvido.
Ao definir nossa amostra e visando abranger a totalidade da questão que nos propusemos
analisar, postulamos que:
76
1) a amostragem da população a ser estudada deveria contemplar jovens e adultos em
idade eleitoral, ou próximos de alcançá-la, visto que um dos elementos da cidadania
política em sistemas democráticos é o direito ao voto.
2) os resultados da pesquisa teriam maior relevância se oferecessem uma análise
comparativa do impacto das informações disponibilizadas pelo programa em
diferentes públicos, o da população de classe média/baixa e o das classes mais
privilegiadas economicamente.
Foi assim que, dentre os diversos projetos que constituem o escopo do programa “Educação
para a Cidadania”, optamos por concentrar nossa análise no projeto “Parlamento Jovem” (PJ)
e, mais precisamente, em sua quinta versão (PJ/2007), realizada no primeiro semestre de
2007, em Belo Horizonte.
A opção por trabalhar exclusivamente com o PJ/2007 foi em razão de acreditamos que, nesse
momento, o projeto teria alcançado um grau de maturidade aceitável para os fins desta
pesquisa.
Além disto, pareceu-nos que sua estrutura nos permitiria alcançar o segundo objetivo de nossa
pesquisa, qual seja: problematizar a relação entre o acesso às informações disponibilizadas e
veiculadas por programas de educação para a cidadania desenvolvidos por órgãos públicos e o
exercício da dimensão política da cidadania por parte dos cidadãos por eles contemplados.
Durante a coleta de dados procuramos contemplar todos os sujeitos envolvidos na atividade,
quais sejam: a coordenadora do PJ na ALMG e os professores da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais Campus de Belo Horizonte (PUC/BH) que coordenam o projeto;
os professores de ensino médio que acompanharam os alunos durante as atividades realizadas
pelo PJ; os alunos de ensino médio; e os alunos do curso de Ciências Sociais da PUC/BH, que
atuaram como monitores na edição de 2007.
O presente estudo se enquadra entre aqueles que adotam como estratégia de pesquisa o estudo
de caso, já que, utilizando-se de dados existentes, buscou-se investigar, da forma mais
exaustiva possível, de que modo o programa de educação para a cidadania desenvolvido pela
77
ALMG se constitui como fonte de informação para o exercício da dimensão política da
cidadania.
Procurou-se, por fim, problematizar a relação entre o acesso às informações disponibilizadas e
veiculadas pelo programa e o exercício da dimensão política da cidadania por parte do público
por ele contemplado, com vistas a fornecer dados que fossem passíveis de generalizações e de
aplicações a outros programas similares ou que possibilitassem inferências em relação ao
contexto da situação analisada.
Por outro lado, a verificação das hipóteses de pesquisa foi levada a cabo com recurso a uma
análise comparativa que incorporou determinados procedimentos das pesquisas de caráter
experimental com esquema de prova simplificado. Importa salientar, no entanto, que tais
procedimentos foram adaptados aos objetivos da pesquisa, não significando por isto tratar-se
de uma pesquisa experimental, mas tão somente da adoção da estratégia de verificação
experimental no seu sentido lato.
Uma das características das pesquisas experimentais é que essas sempre buscam demonstrar a
relação de causa e efeito entre duas variáveis e, para tal, no caso de pesquisas com seres
humanos, um mecanismo tem sido o de formar grupos aleatórios, um deles sofrerá a ação do
evento que se considera como causa (grupo experimental), o outro não (grupo testemunha).
Mas para que esta comparação obtenha os resultados desejados, deve-se “isolar as variáveis
consideradas dos outros fatores que poderiam intervir no meio” (LAVILLE E DIONNE,
1999, p. 139), como por exemplo: idade, sexo, meio de origem, escolaridade, etc.
No nosso caso, o grupo experimental foi constituído pelos alunos participantes do PJ/2007 e o
grupo testemunha (aqui denominado grupo de controle) foi composto por igual número de
alunos das mesmas escolas, que não participaram do evento, tendo-se como referência a regra
de um para um, isto é, para cada aluno participante do PJ que respondeu ao questionário
um aluno, não participante, proveniente da mesma escola.
Porém, dizemos que adotamos apenas alguns procedimentos de uma pesquisa de caráter
experimental com esquema de prova simplificado porque:
78
1. atribuímos ao PJ o papel de mecanismo de intervenção junto ao grupo experimental,
mas o evento não foi criado pela pesquisadora para os fins da pesquisa como acontece
nas pesquisas experimentais;
2. não era possível, no nosso caso, isolar completamente a causa (fator) da modificação,
que o acesso à informação pode acontecer por outras vias que o a participação no
PJ. Para além disso, há que se considerar a existência de outros fatores, além do acesso
à informação, que podem contribuir para o exercício da cidadania;
3. também não seria possível manter sob controle todos os atributos e fatores suscetíveis
de explicar uma eventual diferença que viesse a ser notada ao final do PJ entre os
membros do grupo experimental e do grupo de controle, dada a impossibilidade de se
controlar as influências” sofridas pelos dois (2) grupos de modo que fossem iguais,
com exceção da participação ou não no PJ. Com isto, não pudemos cumprir, à risca, a
exigência da igualdade (equivalência) entre os grupos;
4. quando partimos a campo, o PJ/2007 já estava em estágio avançado, não sendo
possível realizar a medida inicial dos conhecimentos e informações acerca da
dimensão política da cidadania de que dispunham os alunos em análise (que neste caso
se realizaria por meio da aplicação de um questionário junto aos alunos participantes e
aos alunos do grupo de controle, antes do início daquela versão do PJ). Restou-nos,
portanto e somente, suprimir a medida preliminar e aplicar a medida final adotando,
assim, um esquema de prova simplificado.
Apesar desses constrangimentos, acreditávamos que a verificação da relação entre as duas
variáveis (acesso à informação versus exercício da dimensão política da cidadania) que nos
propúnhamos investigar seria exeqüível. Para minimizar seus efeitos buscamos incluir nos
instrumentos de medida final alguns recursos que nos permitiriam obter os dados que
responderiam ao nosso problema, quais sejam: a técnica da observação e as entrevistas.
Cabe destacar que, pelas razões anteriormente arroladas, propusemo-nos a problematizar não
a relação de causa-efeito, mas apenas a relação entre o acesso à informação e o exercício da
cidadania porque, logo de início, já tínhamos como pressuposto que “seria tão inútil quanto
redutor querer atribuir o fenômeno [do exercício da dimensão política da cidadania] a uma
causa isolada e imediata [no nosso caso, o acesso à informação]” (LAVILLE E DIONNE,
1999, p. 142).
79
Também sob essa égide foi que conjugamos a experimentação com a análise de dados
bibliográficos e documentais, como forma de identificar outras marcas da presença dos
indivíduos analisados que nos habilitasse a delinear seu perfil e chegar às respostas para
nossas questões de pesquisa.
3.2 Das técnica(s) e instrumentos de coleta de dados
Consoante demonstram diversos estudos realizados acerca das metodologias de pesquisa em
ciências humanas e sociais, e conforme reforçam Laville e Dionne (1999), os fenômenos
humanos não são facil e quantitativamente mensuráveis sem que, com isso, se perca sua
riqueza de detalhes e conteúdos, dada a sua complexidade e seus entrelaces.
Apesar disso, a pesquisa quantitativa tem a qualidade de servir de referência para o
estabelecimento de categorias de pesquisa e de critérios para julgá-las, mesmo que seja um
julgamento implícito (LAVILLE E DIONNE, 1999).
Por essa razão, na presente pesquisa, não descartamos a priori as técnicas e métodos
quantitativos. Preferimos, antes, aplicá-los quando pertinentes, combinando-os com os
métodos qualitativos. E para que isto fosse possível, realizamos uma conjugação de diferentes
técnicas e instrumentos de pesquisa.
Dada a necessidade de captar situações e fenômenos que não seriam facilmente obtidos
apenas por meio de perguntas fechadas, direcionadas a apenas um grupo envolvido nos
eventos que tencionávamos investigar, conjugamos três técnicas para a coleta de dados:
questionários com perguntas duplas (abertas e fechadas), distribuídos aos alunos do ensino
fundamental; entrevistas parcialmente estruturadas, dirigidas aos coordenadores do
projeto, aos professores do ensino médio e aos monitores/universitários; e observação não-
participante, mediante uma observação espontânea não-estruturada realizada durante os
eventos finais do PJ e durante a aplicação dos questionários e entrevistas.
Em virtude do nosso cronograma de pesquisa, não foi possível realizar a observação ao longo
de toda a programação do PJ/2007 (vide Anexo 1). Essa só teve lugar durante as atividades
80
finais do evento e estendeu-se por todo o período de coleta de dados, incluindo os momentos
de agendamento e aplicação de questionários e entrevistas. Dentre as atividades do PJ das
quais participamos como observadores incluem-se: a oficina de teatro, a reunião dos grupos
de trabalho (GT’s) e a sessão do Parlamento Jovem.
A aplicação da técnica de observação foi extremamente útil para nos situar e nos dar
condições para conhecer e emitir algum juízo sobre os atores. Durante as atividades das quais
participamos buscamos levar em consideração os acontecimentos, os comportamentos, gestos
ou palavras que poderiam ter sentido para a nossa preocupação de pesquisa.
Tomamos nota de algumas interações, estímulos, admoestações trocadas, gestos de
colaboração ou de rivalidade, maneira como os sujeitos se comportavam. E aliamos a isto,
sempre que nos foi possível, a gravação dos diálogos que nos facilitaram o trabalho de
elaboração dos relatórios de observação ao nos permitirem retornar ao momento em que os
fatos ocorreram.
Por fim, com a observação tornou-se possível entrar em contato com os comportamentos reais
dos atores e posteriormente compará-los com suas falas, com os comportamentos
verbalizados. E desta comparação obtivemos dados relevantes para nossa questão.
Os questionários foram dirigidos a todo o universo de alunos do Ensino Médio participantes
da quarta versão do PJ e sua aplicação ocorreu após o encerramento do PJ/2007, que se deu
com a Sessão do Parlamento Jovem, realizada em julho de 2007.
Conforme referimos anteriormente, além dos alunos do ensino médio participantes, também
foram envolvidos alunos não participantes e provenientes das mesmas escolas, para
composição do grupo de controle.
Para a aplicação dos questionários definimos como universo de alunos participantes, o
número de alunos cujos nomes constavam da lista de participantes dos grupos de trabalho
(GT’s)
9
por ser esta a última atividade antes da Sessão do Parlamento Jovem que encerraria o
PJ/2007.
9
A coordenação do PJ solicitou às escolas que remetessem, antes da reunião dos GT’s, realizada no dia 03 de
junho de 2007, uma listagem atualizada com os nomes dos alunos participantes a aquela data e que
compareceriam à reunião. A partir das listagens remetidas pelas escolas, chegamos ao total de 106 alunos.
81
Com este critério, esperávamos atingir o número real de alunos que participaram,
efetivamente, daquela versão. Todavia, posteriormente fomos informados de que a lista de
alunos participantes dos GT’s era, na verdade, a cópia fiel da lista de alunos inscritos para
participar do PJ inicialmente, o refletindo o número real de alunos que participaram do
início ao fim do evento.
Soubemos, ainda, que em algumas escolas, apesar de o número de alunos ter se mantido o
mesmo, houve uma certa rotatividade, de forma que alguns alunos que desistiram foram
substituídos por outros em meio ao processo.
No entanto, como as escolas não dispusessem de uma lista atualizada, restou-nos adotar como
universo de alunos participantes do PJ/2007 os cento e seis (106) que se encontravam
arrolados nas listas de alunos participantes dos GT’s remetidas pelas escolas, tendo-se em
conta, portanto, que este seria um número superior ao total de alunos participantes, de fato, de
todo o processo do PJ/2007.
Nossa opção inicial era de o trabalhar com amostragem de alunos do ensino dio, mas de
aplicar os questionários a todos os participantes do PJ/2007 e a igual número de alunos das
mesmas escolas, escolhidos aleatoriamente para compor o grupo de controle. Todavia, como o
número de cento e seis (106) alunos não correspondia ao universo real de alunos
integralmente participantes, dos 106 questionários foram respondidos cerca de cinqüenta por
cento (50%).
A seguir apresentamos o índice de questionários respondidos por escola (tabela 1) e o
mecanismo adotado para equiparar o grupo experimental e o grupo de controle para efeitos de
análise estatística dos dados (Tabela 1).
82
Tabela 1 - Índice de resposta aos questionários dirigidos aos alunos de ensino dio
participantes do Parlamento Jovem/2007 e aos alunos que compuseram o grupo de controle
Tipo de
escola
1
Nome da escola Alunos
participantes
dos GT´s
Total ideal de
questionários
a ser
respondido
2
Questionários
efetivamente
respondidos pelo
grupo
experimental
Questionários
efetivamente
respondidos
pelo grupo de
controle
Total real de
questionários
respondidos
Part. Col. Batista 23
46
17 16
33
Part. Col. Frei Orl. I 20
40
15 7
22
Part. Col. Frei Orl. II 20
40
6 6
12
Pub.
Est.
Col. M. Campos 11
22
9
3
3
3
12
Pub.
Mun.
Col. C. Líbano 9
18
5 3
8
Pub.
Mun.
IMACO 16
32
12
3
13
3
25
TOTAL
106
212
64
4
48
4
112
¹São três modalidades ou tipos de escola: as particulares (Part.), as públicas estaduais (Pub. Est.) e as públicas
municipais (Pub. Mun.)
2
O total ideal de questionários a serem respondidos refere-se à soma do total de alunos participantes dos GT´s e
do mesmo número de alunos pertencentes ao grupo de controle (alunos não participantes).
3
No caso do Colégio Milton Campos (Estadual Central) e do IMACO, diferentemente das demais escolas, o
número de alunos respondentes foi superior ao número de alunos participantes do PJ. O IMACO foi o único
Colégio em que o número de alunos do grupo de controle que se dispôs a responder aos questionários foi superior
ao dos alunos do grupo experimental.
4
O número ideal de questionários a serem respondidos era de 212. Deste total, mais de 50% (112 questionários)
foram atingidos. Porém, a distribuição não foi eqüitativa, já que o índice de respostas foi de 64 questionários para
o grupo experimental, contra 48 para o grupo de controle.
83
Tabela 2 - Mecanismo adotado para equiparar o número de questionários respondidos pelos
alunos do ensino médio pertencentes ao grupo experimental e ao grupo de controle, para efeitos
de análise estatística dos dados
Questionários a mais, respondidos
pelos alunos participantes do PJ ou
pelo grupo de controle e
eliminados para efeitos da análise
dos dados
Nome da escola Questionários
respondidos
pelo grupo de
experimental
Questionários
respondidos pelo
grupo de controle
Total real de
questionários
respondidos
Grupo
experimental
Grupo de
controle
Col. Batista 17 16 33 1 0
Col. Frei Orl. I 15 7 22 8 0
Col. Frei Orl. II 6 6 12 0 0
Col.Stº
Antônio
1
0 0 0 Não se aplica Não se aplica
Col. M. Campos 9 3 12 6 0
Col. C. Líbano 5 3 8 2 0
IMACO 12 13 25 0 1
Total 64 48 112 17 1
Total geral de questionários respondidos e eliminados 18
2
1
Por diversas vezes fomos obrigados a remarcar as visitas agendadas. Tal fato foi mais grave junto ao Colégio
Santo Antônio, no qual acabamos por o conseguir a adesão de nenhum dos alunos participantes do PJ, porque
estes se encontravam envolvidos com inúmeras outras atividades durante o período da coleta de dados. Por essa
razão, o Colégio Santo Antônio será o único participante do Parlamento Jovem/2007 a o se fazer representar
na presente pesquisa.
2
Para equiparar o número de questionários dos dois grupos para a análise comparativa, 18 questionários (9%)
foram eliminados, de tal forma que a análise foi feita com base em 47 questionários. Saliente-se, que a estimativa
da amostra foi feita com base em dados relativamente desatualizados e que o número real de alunos participantes
ao término do PJ foi menor do que cem (100). Com isto, pode-se dizer que nossa amostra foi constituída por
quase 50% dos alunos participantes do PJ/2007 e por igual número de alunos pertencentes ao grupo de controle.
Após todos os ajustes, nossa amostra final ficou composta por quarenta e sete (47) alunos no
grupo experimental e quarenta e sete (47) no grupo de controle, perfazendo um total de
noventa e quatro (94) questionários analisados.
As entrevistas, que também foram feitas após o encerramento do PJ/2007, foram dirigidas
à servidora da ALMG que compartilha a coordenação do projeto com a equipe de professores
da PUC/BH; a três (3) das quatro (4) professoras da PUC/BH; aos sete (7) professores do
ensino médio que acompanharam, efetivamente, os alunos participantes; e a três (3) dos
quatorze(14) monitores (estudantes do curso de Ciências Sociais da PUC/BH).
10
10
Cabe salientar que enfrentamos algumas dificuldades no agendamento, tanto com os professores e alunos do
Ensino Médio, como com os coordenadores da PUC, em virtude do fechamento de semestre que contribuiu,
aliás, para os baixos índices de respostas aos questionários por parte dos alunos do ensino médio de algumas
escolas. Por outro lado, também não foi possível realizar entrevistas com todos os professores da PUC/BH que
coordenam o projeto. Dos 4 (quatro) professores, entrevistamos 3 (três). Todavia, acreditamos que as 3 (três)
entrevistas foram suficientes para o alcance de nossos objetivos.
84
Com relação aos monitores, importa salientar que dos quinze (15) inscritos inicialmente para
participar do PJ/2007, um desistiu em meio ao processo. E dos quatorze (14) participantes do
início ao fim, os três (3) escolhidos para as entrevistas foram selecionados pelo seguinte
critério: um novato, um participante do PJ/2006 e do PJ/2007 e um veterano que participou
desde a primeira versão do PJ.
3.3 Coleta de dados em fontes bibliográficas e documentais
Os dados bibliográficos necessários à execução da pesquisa foram obtidos por meio da
literatura científica sobre os temas: cidadania, política e democracia. Estas fontes
bibliográficas permitiram-nos definir uma plataforma mínima de categorias de informação
para o exercício da dimensão política da cidadania.
Também ficou estabelecido que as fontes documentais, isto é, livros, cartilhas, folders, fitas
de vídeo, atas, relatórios, notas taquigráficas, boletins e outros textos disponíveis na Internet
ou em meio impresso, produzidos e distribuídos pelo programa, bem como os trabalhos
acadêmicos ou extra-acadêmicos caso publicados por alunos e professores da PUC/BH ou
pelo pessoal da ALMG acerca do PJ –, nos forneceriam subsídios para: compreender como o
projeto está estruturado; delimitar quais são as categorias de informações disponibilizadas
pelo programa por meio desse projeto; e apontar e avaliar as estratégias, táticas e mecanismos
pedagógicos/informacionais adotados pelo programa para disponibilizar, dinamizar, promover
e difundir essas informações.
3.4 Dos métodos e instrumentos de análise dos dados
A análise dos dados foi realizada pelo método de análise estatística nos casos cabíveis ou pelo
método de análise de conteúdo, quando os dados o exigiam; e sob dois ângulos: do ponto de
vista bibliográfico-documental e do ponto de vista dos atores intervenientes.
85
3.4.1 Dados de base bibliográfica-documental
Por meio dos dados documentais conjugados com os dados coletados junto aos atores
intervenientes foi possível descrever a forma como o projeto se foi estruturando ao longo do
tempo até alcançar a estrutura e organização atuais.
Foi por esta via que delimitamos algumas das informações que são disponibilizadas pelo
programa “Educação para a Cidadania”, apontamos e avaliamos as estratégias, táticas e
mecanismos pedagógicos/informacionais adotados pelo programa para disponibilizar,
dinamizar, promover e difundir essas informações. Esse também foi um dos caminhos que
utilizamos para identificar quais categorias de informação para o exercício da dimensão
política da cidadania são veiculadas pelo programa.
3.4.2 Dados obtidos junto aos atores intervenientes
No que concerne aos atores intervenientes, que se referir que, em virtude das contingências
de tempo para a análise do grande volume de dados que nos foi possível coletar, optamos por
priorizar a análise dos dados obtidos junto aos alunos e monitores, por acreditarmos serem
estes os dois grupos que responderiam diretamente ao problema de pesquisa que nos
propusemos. Quanto aos demais atores, não os abandonamos, mas a análise foi mais pontual e
periférica. Limitamo-nos também a fazer uma análise da posição dos atores não por escola,
mas pelo tipo de participação no PJ (como aluno, monitor, professor do ensino médio ou
coordenador)
Procedemos com a verificação dos dados realizando uma análise de conteúdo que comparava
a fala dos alunos com a dos monitores, em busca de pontos em comum e da presença das
categorias de informação para o exercício da dimensão política de cidadania.
Quanto às entrevistas, a análise foi feita a partir de uma escala dos assuntos mais relevantes
para os propósitos da pesquisa. Cada pergunta foi traduzida em um tópico e a partir daí
retiramos os trechos mais significativos nas falas de cada um dos entrevistados. As perguntas
que o foram respondidas pela grande maioria foram excluídas da análise neste momento,
não significando, todavia, que não possam vir a ser aproveitadas em outros estudos.
86
Por meio das anotações feitas durante a observação não-participante foi possível: apontar e
avaliar algumas das estratégias, táticas e mecanismos pedagógicos/informacionais adotados
pelo programa para disponibilizar, dinamizar, promover e difundir essas informações; e
identificar alguns dos fatores intervenientes que podem interferir na formação,
disponibilização e difusão das informações e influir no alcance dos objetivos do programa.
Quanto aos questionários, avançamos com a análise dos dados quantitativos, com recurso ao
software de análise de dados estatísticos SPSS (Statistical Package for the Social Sciences)
que nos permitiu realizar a análise das variáveis tanto de forma isolada quanto por meio de
cruzamentos.
Para os dados de caráter qualitativo adotamos as técnicas de análise de conteúdo,
empreendendo um estudo minucioso das palavras e frases constantes dos questionários,
procurando, como sugerem Laville e Dionne (1999, p. 214), lhes atribuir sentido, captar, suas
intenções e identificar, assim, atitudes, valores, representações, mentalidades e ideologias.
Trabalhamos com o recorte de estruturas sintáticas em alguns casos e com o recorte de temas,
isto é, fragmentos que traduziam conceitos pertinentes, tais como: dimensão política da
cidadania, exercício da cidadania e política.
Nesta etapa da análise dos dados, utilizamos a estratégia conhecida como pattern-matching
(LAVILLE E DIONNE, 1999), isto é, emparelhamento, porque procuramos emparelhar e
associar os dados recolhidos com a plataforma mínima de informações para o exercício da
dimensão política da cidadania por nós elaborada, buscando verificar se essas informações se
faziam presentes na fala dos alunos.
Após a tabulação dos dados quantitativos e análise dos qualitativos, realizamos a comparação
desses com os dados obtidos por meio das entrevistas e da observação não-participante a fim
de elaborar conclusões e inferências mais profundas em torno dos dados obtidos.
Dessa forma, a partir dos dados obtidos com a análise dos questionários foi que apontamos e
avaliamos as estratégias, táticas e mecanismos pedagógicos/informacionais adotados pelo
programa para disponibilizar, dinamizar, promover e difundir essas informações;
identificamos alguns dos fatores intervenientes que podem interferir na formação,
87
disponibilização e difusão das informações e influir no alcance dos objetivos do programa;
identificamos e contextualizamos de que forma as categorias de informação para o exercício
da dimensão política da cidadania são apropriadas pelo público participante das atividades
promovidas pelo programa; e levantamos algumas contribuições para o exercício da dimensão
política da cidadania advindas do acesso às informações disponibilizadas e difundidas pelo
programa.
Importa salientar que os questionários constituíram um dos instrumentos centrais para nossa
pesquisa, visto que, como esclarecemos, focalizamos nossa atenção nos alunos do ensino
médio e nos monitores.
Por seu turno, as entrevistas dirigidas aos coordenadores do PJ contribuiram para a análise das
estratégias, táticas e mecanismos pedagógicos/informacionais adotados pelo programa para
disponibilizar, dinamizar, promover e difundir essas informações.
Também por meio dessas entrevistas conseguimos identificar alguns fatores intervenientes
que podem interferir na formação, disponibilização e difusão das informações e influir no
alcance dos objetivos do programa e identificar quais e de que forma as categorias de
informação para o exercício da dimensão política da cidadania são apropriadas pelo público
participante das atividades promovidas pelo programa.
As mesmas entrevistas contribuíram, ainda, para um levantamento de possíveis contribuições
para o exercício da dimensão política da cidadania advindas do acesso às informações
disponibilizadas e difundidas por programas de educação para a cidadania, desenvolvidos por
órgãos públicos.
Podemos dizer que as entrevistas dirigidas aos monitores do PJ nos forneceram dados que vão
além daqueles obtidos com os coordenadores, porque esses tiveram não uma visão
administrativa do PJ, mas também uma experiência de campo muito mais profunda, já que são
eles que mantém, em grande medida, o contacto direto com os alunos das escolas do ensino
médio.
88
Os mesmos dados obtidos com as entrevistas realizadas com os coordenadores e com os
monitores do PJ foram obtidos com os professores do Ensino Médio, porém, sob um outro
ponto de vista.
Importa sublinhar que esta conjugação de métodos e técnicas aqui relatada influenciou em
grande medida no alcance dos resultados e na determinação do rumo das constatações a que
chegamos. Por outro lado, também em virtude dos variados métodos adotados, conseguimos
coletar um vasto volume de dados, todavia, em função do pouco tempo de que dispúnhamos,
não nos foi possível analisar todo ele em sua plenitude. Em virtude disto, sinalizamos para a
possibilidade de utilização desses dados em outros estudos que poderão acrescentar dados
novos ao trabalho até aqui empreendido.
89
CAPÍTULO 4
Educação e informação para a cidadania na ALMG: programas, projetos e ações
4.1 Participação popular, informação e educação para a cidadania: programas, projetos e
ações
A forte e marcante presença dos movimentos sociais que se fez sentir, especialmente na
década de 70, teve grande relevância no processo de redemocratização do país. Com a
Constituição Federal de 1988, todos os poderes do Estado sofreram grandes e significativas
transformações. Surge, por exemplo, um Ministério Público totalmente renovado e com
funções até então não previstas no ordenamento brasileiro.
Tamanhas mudanças refletiram-se imediatamente no estado de Minas Gerais e assim, após
promulgada a Constituição Estadual de 1989, uma nova Assembléia Legislativa passou a ser
formalmente garantida ao povo. Uma assembléia mais aberta à participação popular. A partir
de então, importantes inovações foram sendo implementadas, gradativamente, na ALMG.
Algumas dessas inovações, descritas a seguir, vêm tendo um impacto significativo em termos
de promoção da cidadania.
A criação da TV Assembléia, em 1995, foi um importante incremento feito na ALMG em
termos de informação para a cidadania, sendo esse o primeiro canal legislativo a entrar em
operação após a regulamentação da legislação sobre TV a cabo no Brasil.
Atualmente ela é sintonizada, em sinal aberto, por mais de 200 municípios do interior do
estado de Minas. Em cerca de 28 municípios, o sinal é distribuído exclusivamente pelo
sistema de cabo ou por cabo e canal aberto. Em Belo Horizonte, a transmissão em sinal aberto
ainda está em vias de ser efetivada.
A cobertura das atividades do Parlamento mineiro, que antes se restringia a duas horas e meia
da programação diária, hoje atinge 18 horas. o programas de entrevistas, debates e
telejornais, além da transmissão ao vivo das reuniões do Plenário e das comissões, de eventos
institucionais e da ampla cobertura das eleições em todo o Estado, com reportagens e análises
90
de especialistas sobre o panorama eleitoral. Além disso, a equipe da TV Assembléia também
elabora e publica notícias em formato impresso e via Internet acerca das atividades
transmitidas na programação televisiva.
11
Também em 1995 foi criado o Centro de Atendimento ao Cidadão (CAC) como um espaço
que presta serviços fundamentais relacionados com as atividades desenvolvidas pela ALMG,
tais como
12
:
A pesquisa aos bancos de dados por meio da Internet, nos quais é possível localizar os
projetos de lei em tramitação, toda a legislação estadual, a jurisprudência dos tribunais
superiores, regionais, federais e estaduais, fotos sobre todos os eventos e atividades
desenvolvidas pela instituição, etc.
O “Fale com as Comissões” que atende ao cidadão que queira reclamar do não
atendimento de seus direitos por órgãos ou instituições do Estado, encaminhando suas
propostas e denúncias para a análise dos deputados nas comissões permanentes da
ALMG.
A Livraria, na qual são postas à venda inúmeras publicações, dentre as quais, as
constituições Federal e do Estado (atualizadas); a “Revista do Legislativo”,
direcionada ao público formador de opinião, na qual autoridades, professores e
especialistas debatem os temais mais significativos para o estado de Minas; cartilhas
diversas sobre o funcionamento da ALMG como aquela que versa sobre a Comissão
de Participação Popular; a coleção Passo a Passo que traz temas como “Os controles
interno, externo e direto da Administração Pública”, “Participação Política”, entre
outros.
O Posto de identificação, que em parceria com a Secretaria de Estado da Segurança
Pública, facilita o acesso à emissão de carteira de identidade e atestado de bons
antencedentes.
O Procon Assembléia que trabalha na divulgação dos dispositivos do Código de
Defesa do Consumidor, com o objetivo de conscientizar o cidadão de seus direitos nas
relações de consumo e intermediar os problemas entre fornecedores e consumidores na
busca da solução.
11
Dados obtidos em http://www.almg.gov.br/not/bancodenoticias/Not_572170.asp. Acesso em 24 abr. 2007
12
Dados obtidos na cartilha Participação política publicada em 2003 pela ALMG (vide referências
bibliográficas).
91
A ouvidoria parlamentar incumbida de receber, examinar e encaminhar aos órgãos
competentes as reclamações ou representações de pessoa física ou jurídica referentes à
atuação parlamentar de membros da Assembléia; e propor medidas necessárias à
regularidade dos trabalhos legislativos e administrativos, bem como ao
aperfeiçoamento da organização da Assembléia.
No ano de 2003, em cumprimento do artigo 14 da Constituição Federal de 1988, foi criada,
por meio da Resolução 5212 e regulamentada pela Deliberação 2333 da ALMG, a
Comissão de Participação Popular (CPP), com o intuito de ampliar a participação direta do
cidadão nos trabalhos legislativos.
Sua missão é de ser o canal por meio do qual a sociedade pode apresentar propostas e
sugestões ao legislativo mineiro. No exercício de suas competências, a CPP: recebe e aprecia
sugestões para aprimorar os trabalhos legislativos; recebe e encaminha propostas de ão
legislativa (projetos de lei, emenda a projeto de lei em tramitação, requerimento de
informações oficiais a órgãos públicos e a autoridades, solicitação de audiência pública,
consulta popular, etc.); acompanha a tramitação de uma proposta de ação legislativa
apresentada pela sociedade; e promove estudos, pesquisas e debates ou realiza consulta
pública sobre assunto de interesse geral.
As propostas de ação legislativa podem ser encaminhadas à CPP por meio de entidade
associativa legalmente constituída, mas o leque, neste caso, é amplo, incluindo sindicatos,
ONG´s, associações profissionais e comunitárias, etc., com exceção apenas de partidos
políticos “com” representação na Assembléia Legislativa. as sugestões de aprimoramento
dos trabalhos legislativos podem ser apresentadas por qualquer cidadão ou entidade.
A Assembléia conta ainda, em sua estrutura, com a “Gerência-Geral de Projetos Institucionais
GPI”, que foi criada com a responsabilidade de promover, por iniciativa própria ou sob
demanda, diversos eventos e projetos institucionais como forma de promover a interlocução
da ALMG com a Sociedade Civil.
92
Dentre tais eventos e projetos estão: os ciclos de debates, os runs técnicos, os seminários
legislativos, as teleconferências, as audiências públicas regionais/orçamento participativo e o
projeto de interiorização
13
.
Os ciclos de debates têm por objetivo propiciar uma reflexão sobre temas de relevância na
conjuntura nacional, trazendo à ALMG parlamentares, especialistas e autoridades de
diferentes setores. Por meio de tais ciclos foram discutidos temas como: Privatização das
estatais; A Vale do Rio Doce na economia nacional; Direitos humanos; Reforma do Estado;
Lei de Responsabilidade Fiscal; O Brasil 500 anos depois; Penas alternativas; Alimentos
transgênicos; O processo legislativo e as leis de interesse do Judiciário; O Código do
Consumidor; Desverticalização da Cemig; Minas em defesa das águas (que incluiu uma série
de debates: Água e cidadania, Privatização de Furnas, Política nacional de saneamento e
Transposição das águas do Rio São Francisco); Regime tributário e as empresas mineiras;
Desenvolvimento social; Cotas para a população negra, entre outros.
As sínteses dos ciclos de debates são publicadas e distribuídas gratuitamente aos participantes
e aos meios e entidades vinculadas ao tema.
Os fóruns técnicos visam promover estudos de temas cujo grau de especificidade requer a
participação de especialistas e representantes de entidades civis e de órgãos públicos.
Durante cada fórum, o realizadas reuniões de grupos de trabalho encarregados do exame de
diferentes subtemas. A partir de ampla discussão, elaboram-se relatórios que o discutidos e
aprovados nos respectivos grupos. Os relatórios são consolidados em um único documento,
que registra propostas e análises dos aspectos debatidos. Esse documento é submetido à
discussão e votação em plenária final e, uma vez aprovado, passa a constituir subsídio à
atividade legislativa e às ações do executivo.
Dentre os fóruns técnicos que mais se destacaram nos últimos anos estão os que versaram
sobre: Orçamento e políticas públicas; Educação de jovens e adultos; Reforma
administrativa; Seguridade social do servidor público estadual; Alternativa para as políticas
13
Os dados acerca dos ciclos de debates, fóruns técnicos, seminários legislativos, teleconferências, audiências
públicas e projeto de interiorização descritos aqui foram retirados dos textos elaborados e distribuídos pela GPI
aos monitores da 4ª Edição do PJ (Arcos), durante a “Oficina de Funcionamento da GPI e Consultoria”.
93
públicas de desenvolvimento; Alternativas energéticas; Desenvolvimento econômico regional
e Preservação e desenvolvimento sustentável do Lago de Furnas.
Entre os resultados dos fóruns técnicos incluem-se: a criação da Secretaria de Estado do Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; a lei que dispõe sobre inspeção e fiscalização de
produtos de origem animal e a lei sobre uso, manejo e conservação do solo; a lei sobre
política cultural do Estado; a criação do Conselho Estadual de Cultura; e a proposta de
realização do Censo Cultural, pela Secretaria de Estado da Cultura.
Os seminários legislativos
14
, por sua vez, são eventos de grande porte sobre temas da
conjuntura e trazem para o Parlamento as diversas correntes de opinião existentes na
sociedade, promovendo discussões que resultam em documentos de subsídio à atividade
parlamentar.
A partir do surgimento da proposta de discussão de um tema, a ALMG convida para um
primeiro encontro órgãos públicos e entidades da sociedade civil que, em conjunto com
deputados e assessores da Casa, planejam as atividades preparatórias do seminário.
Executadas as atividades preparatórias e definida a pauta do encontro, formam-se Comissões
Técnicas Interinstitucionais, para discutir e desenvolver os subtemas propostos, produzindo,
cada uma, um relatório propositivo, que servirá de base para as discussões nos grupos de
trabalho.
As reuniões dos grupos de trabalho têm por objetivo a análise e o eventual aperfeiçoamento
desses relatórios propositivos, que se consolidam em um único documento, a ser submetido à
discussão e votação na plenária final. O documento final do seminário passa a constituir
subsídio para ações legislativas (emendas constitucionais, deliberações, projetos de lei,
requerimentos, entre outras).
Uma Comissão de Representação - eleita pelas entidades participantes do seminário -
supervisiona a sistematização do documento final, que contém as propostas aprovadas no
14
Para uma análise mais profunda acerca dos Seminários Legislativos promovidos pela ALMG, Cf. PRATA,
2007.
94
encontro, e acompanha a elaboração e a tramitação de um anteprojeto de lei sobre o tema,
fundamentado no referido documento.
Dentre os seminários legislativos realizados estão: Educação: a hora da chamada; Minas
Terra: política agrícola e agrária; Saneamento é básico; Moradia: alicerce da cidadania;
Águas de Minas; Reforma Agrária em Minas Gerais; Caminho das Minas – política de
turismo; Direitos humanos e cidadania; Desemprego e direito ao trabalho; Construindo as
políticas públicas de educação em Minas Gerais; 10 Anos do Estatuto da Criança e do
Adolescente; Voluntariado; Águas de Minas II, entre outros.
Várias leis resultaram dos seminários, dentre as quais, a da Política Estadual de
Desenvolvimento Agrícola (Lei 11405/94) e a da Política Estadual de Saneamento Básico
(Lei 11720/94). Além de leis, outros resultados também decorrem dos seminários. Em 1998,
por exemplo, o Seminário Legislativo Direitos Humanos e Cidadania elaborou e aprovou o
documento final contendo as diretrizes básicas para o Programa Estadual de Direitos
Humanos.
As teleconferências são a forma mais recente de interlocução entre a ALMG e a sociedade
civil. Transmitidas pela Embratel (Empresa Brasileira de Telecomunicações), foram criadas
para debater temas que, por sua importância e pelo interesse que despertam em amplos
segmentos da população, requerem um meio de transmissão que alcance todo o país.
Reúnem grandes nomes do pensamento político, econômico e social contemporâneo e
consistem em exposições transmitidas, ao vivo, pela televisão, seguidas de debates com o
público presente e com os telespectadores.
Dentre as teleconferências realizadas estão: Gestão de recursos para o ensino fundamental
nos municípios (Fundão); Novo Código de Trânsito Brasileiro; Planos e seguros privados de
assistência à saúde; Legislação eleitoral; Gestão democrática da escola; Segurança pública
– papel do Estado e da Sociedade Civil; e Dívida externa: o que fazer?
Instituídas pela Constituição Estadual de 1989, as audiências públicas regionais foram
implantadas pela ALMG em 1993 com o objetivo de dividir com as comunidades a tarefa de
95
planejar o desenvolvimento mineiro, particularmente no tocante à elaboração do Orçamento.
O resultado dessas audiências é a apresentação de propostas de caráter regional,
correspondentes às necessidades primordiais de cada região do estado. A idéia é semelhante à
do Orçamento Participativo (O.P.), cuja essência está em girar o pêndulo decisório de um
governo que decidi o que fazer com todo o orçamento para melhorar a vida dos cidadãos, para
um governo que consulta os próprios cidadãos acerca do que gostariam que fosse feito em sua
região.
Em termos de concretização das propostas, nem sempre os resultados são totalmente
satisfatórios. Em decorrência de problemas financeiros, por exemplo, as propostas eleitas
como prioritárias em 1999 e incluídas no Orçamento de 2000 e 2001 não foram executas.
Todavia, é inquestionável que as Audiências Públicas Regionais constituem uma das
experiências típicas do exercício democrático que se sustentam na parceria com a sociedade.
Por fim, o projeto de interiorização consubstancia uma séria de iniciativas empreendidas pela
ALMG nos últimos anos, no sentido de estender suas ações ao interior do Estado de Minas
Gerais. Esse processo, iniciado com encontros e audiências públicas esporádicas para atender
a demandas específicas, ganhou corpo com as Audiências Públicas Regionais que eram
realizadas em todas as regiões de planejamento do estado.
O estabelecimento de etapas de interiorização dos seminários legislativos Desemprego e
Direito ao Trabalho e Construindo as políticas públicas de educação em Minas Gerais deu
um novo impulso ao projeto em 1999. Essas etapas foram preparatórias para os seminários
propriamente ditos e, desde então, têm sido mantidas nos seminários promovidos
posteriormente dando início a um novo formato.
Como exemplo, em 2000 foi desenvolvido o Projeto Integra Minas que consistiu em reuniões
realizadas nas cidades-pólo do estado, nas quais foram promovidos debates sobre a legislação
eleitoral e segurança pública. Da mesma forma, em 2002, em preparação para o Seminário
Legislativo Águas de Minas II, foram realizados encontros regionais em 17 cidades onde se
localizam as principais bacias hidrográficas do estado.
96
4.2 A Escola do Legislativo e o programa “Educação para a cidadania
De tudo o que foi exposto até aqui, depreende-se que a ALMG tem se esforçado para tornar-
se uma instituição amplamente aberta à participação do cidadão, oferecendo um amplo leque
de opções que podem direta ou indiretamente, contribuir para formar e informar o cidadão
acerca do exercício da cidadania.
Mas embora a sociedade civil organizada, por iniciativa própria, ou a convite da ALMG,
tenha vindo a assumir um papel cada vez mais atuante e presente desde o momento em que os
primeiros canais acima mencionados foram criados, a experiência demonstra que, de forma
geral, tais mecanismos ainda são pouco conhecidos pela população mineira como um todo.
Por esta razão, dentre todas as inovações até aqui mencionadas, a Escola do Legislativo tem
um papel importante na tarefa de educar e informar para a cidadania ao trazer para dentro da
Assembléia, diferentes grupos e indivíduos, sejam estes integrantes da sociedade civil
organizada ou simples cidadãos.
Criada em 1992 com a missão de capacitar e formar integralmente os membros e servidores
do Legislativo mineiro, a fim de imprimir maior eficiência, eficácia e efetividade ao exercício
das atribuições institucionais, mais tarde a Escola acabou por estender suas ões a toda a
sociedade mineira.
Também como forma de divulgar e informar sobre os diferentes canais de participação cidadã
foi que a Escola lançou o programa de “Educação para a Cidadania” que inclui o cidadão
comum de todas as faixas etárias entre seu público alvo.
97
CAPÍTULO 5
Programa “Educação para a cidadania” como um dos espaços de (in)formação e
participação na ALMG: o projeto Parlamento Jovem
O programa “Educação para a cidadania” foi se construindo ao longo de um processo
inaugurado em finais da cada de 70 e início da década de 80. Nesta altura, as escolas se
dirigiam à ALMG para o asteamento da bandeira. Mas a concepção de um projeto com a
intenção de educar politicamente os cidadãos foi uma iniciativa empreendida pouco antes da
constituinte, conforme demonstra o depoimento da atual gestora do programa:
Eu estou aqui [na Assembléia] 25 anos. [...] Durante aquele processo da
Constituinte... ele foi fantástico! Ele foi muito rico!!! [...] muito do que a
Assembléia faz hoje é em decorrência daquele processo que nós vivemos e
vivenciamos, da sociedade vindo para a Assembléia. Aquilo mudou... então, hoje,
esses Seminários Legislativos que a gente faz, essas discussões que a gente
promove, elas vêm desse processo. E o “Educação para a Cidadania” ele foi
muito sedimentado nessa época. Nós fizemos então, durante a Constituinte, a
mini-constituinte, que foi com estudantes... e fomos preparando o espaço para
receber escolas. Às vezes acontecia assim. A gente tava na Assembléia e
aparecia uma escola: Gente, chegando uma escola! Às vezes o pessoal vinha
para conhecer o prédio da Assembléia. Então, nós começamos a ser pró-ativos.
Nós nos preparamos e começamos a convidar as escolas [...] e a ter pessoas
especializadas para as receberem. (Entrevistada J)
Assim, em 1995 o programa foi oficialmente lançado pela Escola do Legislativo, tendo como
um de seus objetivos difundir e veicular informações acerca do funcionamento, estrutura e
missão da ALMG, a fim de torná-la mais próxima da sociedade e dos cidadãos em geral.
Por outro lado e em resposta às pressões da sociedade civil, como vimos nos capítulos
anteriores, também é meta do programa dotar os cidadãos de conhecimentos e informações
que lhes permitam conhecer melhor a ALMG e o Legislativo e tornarem-se mais conscientes,
críticos e participantes do processo legislativo.
E é perseguindo tal meta que o Educação para a Cidadania” se dedica a esclarecer técnica e
politicamente o cidadão membro do poder legislativo, da sociedade organizada, ou cidadão
comum – acerca do processo legislativo como um todo, despertando-o e capacitando-o para o
exercício da dimensão política da cidadania. Para tal, busca fornecer formação e informações
98
sobre os mecanismos e as formas de participação nesse processo e no acompanhamento das
atividades do Poder Legislativo mineiro.
O programa promove várias e distintas atividades, quais sejam:
visitas orientadas;
projetos como o “Conexão Assembléia”, o “Parlamento Jovem” (PJ) e o Procon na
Escola”;
atividades e eventos de formação política abertos ao público em geral ou direcionados
a determinados segmentos da sociedade, com o objetivo de transmitir informações e
propor reflexões acerca de questões relacionadas à atuação dos Poderes Públicos, em
especial do Poder Legislativo, bem como acerca das formas de organização,
participação e interlocução da sociedade;
simulações das atividades da instituição (sessões plenárias e reuniões);
parcerias com instituições de ensino para promoção de atividades especiais;
e a produção de publicações e cartilhas em meio impresso, eletrônico e multimídia.
Nota-se, portanto, que o leque de ões dentro do programa é muito amplo. Em virtude disso
e como forma de ilustrar o volume e a variedade de atividades empreendidas pelo programa,
optamos por descrever, em linhas gerais, como são organizadas as visitas orientadas para, em
seguida, detalhar com maior profundidade o projeto Parlamento Jovem (PJ) que foi a
atividade escolhida para análise em nossa pesquisa.
Nas visitas orientadas, alunos da série do ensino fundamental até o ano do ensino médio
e estudantes universitários de escolas públicas e particulares, além de grupos de terceira idade
e alunos surdos, dentre outros, têm a oportunidade de conhecer o sistema de representação
política brasileiro e discutir, de acordo com a faixa etária, sobre as possibilidades de atuação
direta do cidadão.
Também são organizadas visitas para púbicos distintos dos três acima descritos. Em 2005, por
exemplo, a ALMG foi visitada por um grupo de 25 estudantes de direito estrangeiros, que
vieram de Maputo/Moçambique para conhecer as instituições judiciárias de Minas Gerais,
estendendo a visita ao Legislativo mineiro.
99
Apesar de não serem padronizadas e o cumprirem um protocolo rigoroso, geralmente as
visitas seguem um roteiro básico que contempla uma atividade cultural no teatro da
Assembléia como forma de descontrair os visitantes; em seguida, quando coincidência de
horários, acompanha-se uma sessão plenária ou de reunião das Comissões Técnicas. Na
impossibilidade de acompanhar uma dessas sessões, os visitantes o conduzidos ao plenário
para conhecer o local e receber informações sobre como se dão as reuniões e sessões e sobre a
forma de participação e o papel dos deputados. Eventualmente são distribuídas publicações ao
final da visita.
O ponto ápice geralmente tem sido o momento de conhecer o plenário. Os alunos têm a
liberdade de ver e tocar tudo o que está disponível no local. O teclado de controle eletrônico
dos votos instalado em cada uma das mesas dos deputados é motivo de muita curiosidade. A
grandiosidade e beleza do lugar também chamam a atenção.
Segundo a funcionária que costuma acompanhá-los, cada visita é diferente porque cada
escola, cada turma e cada aluno é diferente”. Algumas turmas o mais tímidas e limitam-se
a ouvir atentamente todas as informações. Mas a grande maioria vem com muitas
curiosidades e inquietações, chegando a fazer perguntas desconcertantes tais como: porque o
salário dos deputados é tão alto e eles costumam faltar tanto às sessões plenárias? Outros
querem saber como é que o cidadão comum pode participar durante as sessões plenárias e, ao
serem respondidos, alguns se mostram decepcionados por descobrirem que as reuniões e
sessões do parlamento são abertas a qualquer cidadão, mas que não se pode opinar porque
apenas os deputados têm direito à palavra.
Do ponto de vista da difusão e veiculação de informações, no caso das visitas orientadas o
programa “Educação para a Cidadania” trabalha essencialmente com informação oral, isto é,
não registrada, salvo raras exceções em que são distribuídas cartilhas ou outros materiais
impressos. Quanto ao conteúdo, as visitas orientadas disseminam informações mais gerais
sobre o funcionamento e estrutura da ALMG. Sua organização e formato não permitem
trabalhar com informações mais complexas e abrangentes, restringindo-se a apresentar o
espaço físico e esclarecer aos visitantes, minimamente, acerca de como funcionam as sessões
e reuniões no plenário.
100
5.1 O projeto Parlamento Jovem
O projeto Parlamento Jovem (PJ) foi concebido a partir da parceria firmada com a Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). A parceria foi viabilizada por meio do
projeto “Conexão Assembléia”
15
. Conseqüentemente, a coordenação do PJ é partilhada entre a
ALMG e a PUC Minas. Na ALMG, a funcionária que ocupa a função de coordenadora do
programa Educação para a Cidadania” é também a coordenadora do PJ. na PUC, o PJ é
coordenado pelas quatro professoras do curso de Ciências Sociais que participaram na sua
concepção.
O Projeto foi idealizado pelas professoras do Curso de Ciências Sociais da PUC que hoje
compõem a Coordenação juntamente com a Coordenadora do Programa “Educação para a
Cidadania”, mas enquanto para a ALMG o PJ é parte do Programa, para a PUC ele é um
projeto de extensão do Curso de Ciências Sociais.
Apesar de ter sido projetado pela PUC, o projeto se tornou real a partir de um trabalho e de
um esforço conjunto entre aquela e a ALMG, como podemos apreender com a fala de uma
das professoras do curso universitário:
pensamos numa extensão que motivasse e aglutinasse os alunos, [...] que
pudéssemos trabalhar na formação mais integral deles não no ensino, mas
imediatamente começar na extensão e pesquisa. [...] na equipe [...] quase todos
achavam que a área de política era a que haveria maior facilidade de se pensar
um projeto assim. [...] pensamos em alguma coisa ligada à cidade e aí pensamos
na câmara de vereadores, mas a câmara tem um perfil muito pouco estruturado,
perfil marcadamente clientelista... [...] nisso apareceu um folder da Assembléia
que falava do projeto [...] “Conexão Assembléia” [...] e por ser algo ligado com a
Assembléia, deixou-nos animados, porque ela é uma instituição mais estruturada
[...] Assim, devagar fomos acertando a parceria e o projeto foi sendo construído
[...] tínhamos um esboço dele mais alinhavado, submetemos ao debate deles,
fomos consertando e aí viramos uma só equipe de trabalho. (Entrevistada K)
15
O “Conexão Assembléia” é um dos projetos do Programa Educação para a Cidadania que se dedica a firmar
parcerias com instituições mineiras de ensino superior em projetos e ações de educação para a cidadania, com o
objetivo de contribuir para a melhor compreensão sobre: a organização do Estado e a atuação dos agentes
públicos ( agentes políticos e servidores públicos); o papel e a atuação do Poder Legislativo; as várias dimensões
da participação política numa sociedade democrática. A meta é desenvolver, junto à comunidade estudantil, uma
consciência crítica, solidária e construtiva, que incentive a participação política e influa na consolidação da
democracia brasileira. (Dados obtidos em: <http://www.almg.gov.br/escolalegis/escola_conexao.asp>. Acesso
em: 27 dez. 2006.)
101
A partir disso foram fixados como objetivos do projeto:1) Propiciar aos jovens estudantes
universitários e do ensino dio um espaço para reflexão sobre o papel do Poder Legislativo
Estadual e a importância da participação política numa sociedade democrática, estimulando o
seu envolvimento em situações práticas de pesquisa, debate, negociação e realização de
escolhas no contexto do Parlamento; e 2) Desenvolver junto ao corpo docente e discente do
Curso de Ciências Sociais, através de ações integradas com a Escola do Legislativo, um
processo de formação e capacitação para a construção de competência analítica sobre o
Estado e seus agentes, especialmente o Poder Legislativo Estadual;
De forma específica, o projeto visa mostrar como se o processo de representação
legislativa demonstrando na prática, todas as etapas e elementos que a compõem que vão,
desde a pesquisa, a escuta da opinião especializada, o debate e a negociação, até chegar à
formulação de uma lei.
Para atingir tais objetivos, dentre outras coisas, atribui-se aos alunos da PUC, ou seja, aos
monitores do PJ, o papel de mediadores e multiplicadores de conhecimentos. São
multiplicadores do conhecimento porque aquilo que sabem e aprendem, tanto no curso de
Ciências Sociais quanto por meio de mini-cursos e oficinas que fazem parte da programação
do PJ, eles devem repassar aos alunos do ensino médio por meio de oficinas que preparam e
ministram nas escolas. Ao mesmo tempo, são mediadores porque organizam os debates e
orientam os trabalhos dos alunos.
De acordo com um dos monitores entrevistados, o evento acaba por constituir um processo de
troca de informações e conhecimentos, mesmo que em princípio os monitores possuam uma
bagagem maior em relação aos alunos do Ensino Médio. Ele justifica ao afirmar que:
É claro que preparamos, mas somos completamente abertos a qualquer tipo de
opinião que eles tiverem [...] Se tiverem idéias a gente vai e faz. A gente está
ali mesmo mais para organizar, mediar. A gente é que vai trazer alguns materiais
para eles porque, que a gente tem um conhecimento maior com o que a gente
aprende no curso, a gente passa esse conhecimento para eles, direciona: olha,
dêem uma olhada nisto, neste ponto aqui... A gente também uma assistência, e
às vezes até puxamos a orelha quando a gente pode, quando deve. A gente
também tem que mantê-los na linha. Eu posso dizer que a gente é um pouco de
tudo, porque não temos um papel assim muito fixo, o nosso papel mesmo é de
acompanhá-los, monitorar e passar o que a gente pode para eles... (Entrevistado
I)
102
Até o momento foram realizadas quatro edições do PJ. A primeira, em 2004, contou com a
participação de duas escolas públicas e quatro privadas; a segunda (2005) recebeu nove (9)
escolas, quatro privadas e cinco públicas; da terceira (2006) participaram quatro (4) escolas
públicas e quatro (4) privadas; e na quarta (2007) se fizeram presentes três (3) escolas
públicas e quatro (4) privadas.
Ao rmino da primeira edição as instituições parceiras consideraram que os objetivos foram
plenamente alcançados e o projeto ganhou autonomia, deixando de ser uma ação dentro do
“Conexão Assembléia”, para ser incorporado à agenda institucional, tanto da PUC Minas,
quanto da ALMG.
Para os próximos anos, a coordenação do projeto vem trabalhando numa proposta de
“Parlamento Jovem Estadual”, com o intuito de estender a atividade a todo o estado para que
este não se restrinja apenas à capital mineira. Quando se decidiu por essa interiorização,
surgiu a necessidade de se fazer uma edição piloto que deu lugar a uma edição especial do PJ
na cidade de Arcos
16
.
No atual modelo, o projeto prevê a participação de, no máximo, oito (8) escolas do município
de Belo Horizonte e, em ntese, a seleção obedece aos seguintes critérios: 1) interesse pré-
manifestado pela escola: 2) ser escola de pequeno ou dio porte; 3) capacidade da escola
para oferecer a estrutura, materiais e equipamentos necessários (acesso ao computador e
Internet, papel, serviço de fotocópia, uma sala de aulas para a realização das atividades na
escola, um professor coordenador para acompanhar os alunos participantes, etc.); 4) equilíbrio
entre o número de escolas públicas e particulares; 5) equilíbrio entre escolas que tenham
participado na edição anterior e escolas novatas; e 6) possibilidade de se abranger por meio
das escolas, o maior número de regiões entre as nove (9) regiões administrativas do
município.
Quanto aos alunos participantes do evento, tanto os do ensino médio quanto os monitores da
PUC o indicados pelas respectivas unidades de ensino, sendo previamente estabelecido que
16
Essa edição foi realizada no segundo semestre de 2006, contando com a participação de duas (2) escolas
públicas e duas (2) privadas da cidade de Arcos, com a novidade de que os monitores não eram alunos do curso
de Ciências Sociais, mas de Direito. A cidade de Arcos foi escolhida por ter um campus da PUC e por possuir
uma boa estrutura e, segundo informações das coordenadoras do projeto, a experiência foi muito positiva e lhes
permitiu dimensionar as especificidades e os desafios do trabalho no interior do estado.
103
deverão participar cerca de vinte (20) alunos do curso de Ciência Sociais da PUC Minas que
atuam como monitores do projeto e até trinta (30) alunos de cada uma das escolas de ensino
médio.
Portanto, dentre os atores envolvidos em cada edição do PJ incluem-se: funcionários da
ALMG, professores universitários e monitores do curso de Ciências Sociais da PUC;
professores e alunos do Ensino Médio.
As atividades são distribuídas em duas etapas: a primeira pode ser chamada de etapa de
preparação e ocorre durante todo o semestre de cada ano (Agosto a Dezembro). A segunda
é a etapa de execução, que ocorre no semestre de cada ano. É nesta etapa que o PJ se
realiza de fato.
Na primeira etapa do PJ, os coordenadores da PUC procedem com a seleção das escolas do
ensino médio e também dos monitores. A seleção das escolas tem início em Agosto, quando é
feito um mapeamento. Em seguida são realizadas reuniões, contatos e visitas às escolas para
apresentação da proposta.
Segundo a coordenadora da ALMG, sempre a preocupação em se deixar claro para as
escolas que o projeto tem um caráter suprapartidário e que busca fornecer aos estudantes
uma formação política, independentemente de opção partidária, com vistas a prepará-los,
enquanto cidadãos, para a atividade coletiva.”
Para a seleção dos monitores as professoras que coordenam o PJ na PUC fazem uma
divulgação em todas as salas do período do curso, esclarecendo que se trata de um trabalho
voluntário e que qualquer um pode participar. A seleção se concretiza por volta do mês de
Outubro, quando é publicado um edital. Os candidatos inscritos participam de um mini-curso
teórico de 20 horas que contempla conteúdos sobre: cidadania, democracia e participação.
Ao término do mini-curso é feito um seminário no qual os professores observam e avaliam o
aproveitamento e o interesse do aluno. Por fim, o aluno deve escrever uma carta de intenções
que, combinada com a avaliação feita durante o seminário serve como instrumento de seleção.
104
Em concomitância com a seleção dos monitores e das escolas, também é feita a avaliação da
edição anterior. Para esta avaliação foram elaborados alguns instrumentos, dentre os quais
os questionários aplicados aos alunos participantes e a reunião de avaliação feita com todos os
monitores, os professores das escolas que acompanharam os alunos e os coordenadores do
projeto. A partir dos dados coletados por meio desses instrumentos são elaborados os
documentos acerca dos resultados alcançados, dos erros e acertos daquela edição.
As reuniões de avaliação de cada edição permitem que os erros sejam corrigidos e que sejam
inseridas algumas inovações nas edições seguintes. Por esta razão, até o momento, nenhuma
edição foi exatamente igual à outra.
A principal inovação implementada no PJ/2007 em relação às edições anteriores foi a da
inclusão da oficina de entrosamento dentre as atividades de capacitação, com o objetivo de
integrar os alunos de forma que esses passassem a se conhecer melhor, a dialogar com os
participantes de outras escolas e a conhecerem a realidade dos demais.
Um fato a ser salientado é que, a partir da avaliação da primeira edição, o projeto sofreu uma
alteração radical. Na primeira os alunos simularam uma audiência pública e uma reunião
ordinária da CPP. Eles foram divididos em três grupos o dos representantes das
organizações da sociedade civil, o dos deputados e o dos assessores parlamentares – e
discutiram proposições legislativas sobre dois temas: cotas para minorias nas universidades e
ações preventivas contra o uso de drogas.
Esse formato foi questionado durante a reunião de avaliação e ficou acordado que o formato
mais indicado seria o do Seminário Legislativo
17
.
A partir da segunda edição, com a decisão de que o PJ deveria ter o formato de um Seminário
Legislativo, sua dinâmica ficou mais definida sendo composta por três tipos de atividades: as
de formação política, as de capacitação e as de participação no Parlamento em si.
17
Ver Capítulo 4, p. 93.
105
A segunda etapa do PJ começa com uma reciclagem para os monitores selecionados, no início
do 1º semestre do ano seguinte, que inclui seminários, leitura de textos e oficinas. Só então os
estudantes da PUC começam o trabalho de monitoria junto às escolas.
Além da formação oferecida pela própria PUC, os monitores selecionados também participam
de mini-cursos oferecidos pela ALMG, nos quais se apresenta um panorama dos três poderes,
com um enfoque maior na estrutura e funcionamento do Legislativo.
É importante salientar que os alunos do curso de Ciências Sociais possuem uma bagagem
prévia acerca dos temas trabalhados no PJ, conforme esclarece uma das coordenadoras da
PUC:
nós temos na grade do curso oito (8) disciplinas de política então os meninos têm
uma formação de política e o projeto passa a ser uma execução, uma prática
política, então e tem uma vinculação com o ensino fortíssima.(Entrevistada K)
Na segunda etapa do projeto, os alunos do ensino dio também participam de uma série de
oficinas e alguns cursos. É também nesse momento que
eles escolhem o tema da edição, após ouvirem a opinião
de especialistas e de debaterem, defenderem ou tirarem
dúvidas sobre os dois temas concorrentes. O objetivo é
consolidar nos monitores e alunos do ensino médio uma
competência analítica sobre o Estado e seus agentes,
especialmente sobre o Poder Legislativo Estadual, bem
como muni-los com conhecimentos sólidos sobre o
formato e o funcionamento de um seminário legislativo.
Toda essa formação, que como vimos começa antes do início da edição do PJ, para os
monitores, estende-se ao longo de todo o evento e está organizada da seguinte maneira:
Atividades de Formação Política
Esta atividade, no caso dos
monitores da PUC, tem início na
primeira e se estende ao longo da
segunda etapa do PJ. Os monitores
Foto 2 - Oficina oferecida aos monitores pela ALMG:
“Organização do Estado e dos Poderes”
Fonte: Banco de fotos da ALMG
Foto 1 - Escolha do Tema do PJ/2007
Fonte: Banco de fotos da ALMG
106
Foto 3 - Oficina de funcionamento do GPI
oferecida aos monitores
Fonte: Banco de fotos da ALMG
Foto 4 – Oficina de Teatro: dinâmica
de relaxamento e concentração
Fonte: Blog do Parlamento Jovem
participam de cursos na PUC Minas e na Escola do Legislativo que incluem temas como:
Democracia, Cidadania, Organização e Funções do Poder Legislativo, Participação Política,
Mecanismos de Participação Política, dentre outros.
Os monitores selecionados para o PJ/2008, por exemplo, começaram a participar no segundo
semestre de 2007 dos mini-cursos e oficinas que incluíram, desta vez, os seguintes temas:
Democracia, cidadania, participação e Poder Legislativo; Organização e funções do Poder
Legislativo; Pesquisa do Processo Legislativo; Participação popular; Ética e sociedade
Brasileira; Legística; e Mobilização e reação.
Nota-se, portanto, que na quarta edição do PJ houve um incremento em termos de conteúdos
de formação política para os monitores da PUC. Quanto ao conteúdo, cabe mencionar que
tivemos acesso a alguns dos textos distribuídos aos monitores e percebemos que a literatura
inclui idéias como as de José Murilo de Carvalho e Evelina Dagnino
18
.
Os alunos do ensino médio, inscritos no projeto, começam a receber formação quando tem
início a edição do PJ. Eles participam de palestras sobre a dinâmica do Parlamento Jovem e
sobre o tema central daquela edição.
Atividades de Capacitação
Os monitores da PUC e estudantes do ensino médio participaram de oficinas de capacitação
na Escola do Legislativo, sobre os temas: Funcionamento da Gerência-Geral de Projetos
Institucionais (GPI); Funcionamento da consultoria temática da Assembléia Legislativa;
Dinâmicas de montagem e elaboração coletiva de documentos, e de redação; além das
oficinas oferecidas pela PUC Minas, de Retórica e Teatro. Acompanharam também mesa-
redonda sobre o tema daquela edição, com a participação de especialistas no assunto.
18
Foram distribuídos, dentre outros textos, os extratos do livro de CARVALHO (2005) e DAGNINO (1994).
107
Foto 7 – Reunião dos GT’s
Fonte: Blog do Parlamento Jovem
Nas escolas, os alunos participaram de oficinas dirigidas pelos monitores sobre: Cidadania;
Participação política; Retórica; e das oficinas temáticas do Parlamento Jovem. Iniciaram ainda
a identificação de propostas de ões para o Poder Público, que deverão constar do
documento final do Parlamento Jovem.
Sobre este ponto, importa referir que também tivemos acesso a alguns dos textos distribuídos
aos alunos do ensino médio e percebemos que estes têm um conteúdo variado e fornecem
noções gerais acerca da participação dos cidadãos e dos três poderes, especialmente o
Legislativo.
Atividades de Participação no Parlamento
Os monitores e alunos do ensino médio escolhidos para coordenarem a sessão final do
Parlamento Jovem participaram de treinamento sobre a dinâmica das reuniões. As propostas
de cada escola foram consolidadas pelos técnicos da Assembléia Legislativa em um
documento-base que foi distribuído aos estudantes, para que todos conhecessem as propostas
sugeridas por cada uma das unidades de ensino participantes.
Foto 6 – “Oficina de Redação”
Fonte: Banco de fotos
da ALMG
Foto 5 – Oficina de Teatro: técnica de teatro
improvisacional – discussão e elaboração das peças
apresentadas pelos grupos
Fonte: Blog do Parlamento
Jovem
108
Foto 9 – Reunião dos GT’s
Fonte: Blog do Parlamento Jovem
Foto 8 – Reunião dos GT’s
Fonte: Blog do Parlamento Jovem
A sessão final do Parlamento Jovem, realizada na Assembléia Legislativa, incluiu dois
momentos:
1) o dos Grupos de Trabalho (GT´s) nos quais os estudantes - do ensino médio e monitores -
se reuniram em grupos, na Escola do Legislativo, divididos em salas por sub-temas definidos.
O objetivo nesse dia era de se consolidar as propostas elaboras em cada escola, gerando o
documento que seria discutido na Sessão do Parlamento Jovem/2007;
2) o da Sessão do Parlamento Jovem, na qual eles se reuniram no Plenário da Assembléia
Legislativa, para apreciar e votar o documento final com as proposições de ações para o Poder
Público sobre a temática escolhida para aquela edição. O documento aprovado foi
encaminhado à Comissão de Participação Popular
19
que, assim como nas demais edições,
também se faz representar durante aquela Sessão.
19
Ver Capítulo 4, p. 91.
Foto 11 – Sessão do Parlamento Jovem 2007:
argumentação de um aluno em favor de uma proposta
Fonte: Blog do Parlamento Jovem
Foto 10 – Sessão do Parlamento Jovem 2007:
votação de uma das propostas
Fonte: Blog do Parlamento Jovem
109
Quanto à difusão e veiculação de informações, o PJ, diferentemente das visitas orientadas,
veicula grande volume, tanto de informação oral como registrada. A informação registrada,
nesse caso, encontra-se em vários suportes, destacando-se: papel, gravações em vídeo das
atividades desenvolvidas e Internet, na qual o projeto tem, não uma página dentro do site
institucional, como também um blog que é alimentado pela coordenadora do Projeto na
ALMG.
No blog são disponibilizadas diversas informações, dentre as quais: sobre a dinâmica do
evento, fotos e comentários sobre as atividades realizadas, agenda de atividades, as propostas
discutidas nos GT´s e na Sessão do PJ, o encaminhamento dado às propostas após o
encerramento de cada edição do PJ, textos e links para a página da Assembléia e outros sites,
dentre eles os de interesse sobre o tema de cada edição. Para além disto, soubemos por meio
dos alunos participantes do PJ/2007 que há também uma comunidade no Orkut sobre o
evento.
Ressalte-se, ainda, que todas as atividades desenvolvidas pelo PJ também o gravadas e
transmitidas pela “TV Assembléia”, mas, assim como ocorre com os demais eventos, a
maioria das gravações é editada e grande parte de seu conteúdo é suprimido, com exceção das
Sessões do Parlamento Jovem, que são o ponto ápice do evento. Essas têm cobertura completa
e são registradas em notas taquigráficas.
A informação oral circula entre os participantes do evento por meio de todas as atividades
desenvolvidas que incluem, como vimos: palestras, mesas de debates, visitas orientadas à
ALMG, oficinas e reuniões nas escolas para elaboração de propostas a comporem o
documento base, GT´s e Sessão do PJ propriamente dita.
Quanto ao conteúdo, o PJ se dedica a difundir e promover o acesso a uma diversidade de
informações, aprofundando-se no que se refere ao funcionamento da ALMG e apresentando
alguns dos serviços e canais de participação do cidadão, além de demonstrar, de forma
prática, parte da dinâmica da instituição.
Para além disto, o projeto se propõe a munir os participantes do evento com informações
acerca da realidade política, social e econômica que os cerca, conduzindo-os a um exercício
110
de reflexão, debate e crítica dos problemas, dilemas e impasses da sociedade. Este objetivo é
perseguido por meio da discussão em torno do tema base escolhido para cada edição.
O projeto também difunde informações sobre política, sobre o regime democrático, sobre o
processo legislativo e sobre a cidadania, portanto, temas relevantes para o exercício da
dimensão política da cidadania.
Por fim, também fazem parte do cabidal de informações difundidas e veiculadas pelo PJ
aquelas de cunho prático, que visam dotar os participantes de conhecimentos sobre redação,
retórica e expressão corporal.
5.2 Perfil das instituições e dos alunos participantes do PJ/2007
Assim como nas demais edições, o PJ/2007 iniciou com um número de alunos e monitores
que foi gradativamente diminuindo, assim como nas demais edições, até que permaneceram
apenas aqueles com elevado grau de interesse em participar.
À partida o evento contava com quinze (15) monitores da PUC e quase cento e vinte (120)
alunos do ensino médio provenientes de sete (7) colégios: quatro particulares (Colégio Batista
Mineiro, Colégio Frei Orlando Unidades I e II e Colégio Santo Antônio), um público estadual
(Colégio Milton Campos ou Estadual Central) e dois públicos municipais (Escola Municipal
Caio Líbano Soares e Colégio Municipal IMACO).
O evento foi composto, portanto, por alunos de ensino médio oriundos de escolas particulares
e cristãs e de escolas públicas e laicas.
Vejamos então qual é o perfil dos monitores, das escolas e dos alunos do ensino médio
participantes daquela edição.
111
5.2.1 Perfil dos monitores da PUC
Quinze (15) alunos do curso de Ciências Sociais foram selecionados para participarem da
quarta edição do PJ pelas professoras coordenadoras do projeto na PUC. Dentre esses, houve
uma (1) desistência.
Durante o trabalho de campo, dos quatorze (14) monitores participantes daquela edição foram
entrevistados três (3) selecionados pelo número de vezes que participaram do projeto, tendo-
se pré-definido que um (1) deveria estar a participar pela primeira vez, um (1) pela segunda e
um (1) deveria ter participado mais de duas (2) vezes.
que um monitor participou em mais de duas edições, restaram dois por escolher. A
seleção entre os que participaram uma ou duas vezes foi feita por indicação dos professores da
PUC.
Na altura da entrevista, o aluno que participou pela primeira vez tinha 19 anos e estava no
período; a que participou pela segunda vez tinha 20 anos e estava no período; e o aluno que
participou pela quarta vez também tinha 20 anos e estava a concluir o 3º período.
Tanto o monitor que participou pela primeira quanto o que participou pela quarta vez ficaram
sabendo do Parlamento Jovem ainda no ensino médio. O primeiro acabou escolhendo fazer
Ciências Sociais porque, entre outros motivos, gostou da proposta de participar do PJ que era
uma possibilidade oferecida aos alunos do curso na PUC. O segundo, cuja participação no PJ
se iniciou na edição, quando ainda era aluno do ensino dio, também confessou que sua
opção pelo curso de Ciências Sociais foi decorrente dessa participação.
5.2.2 Perfil dos colégios participantes
Colégio Batista Mineiro
Situado no bairro Floresta, um dos mais antigos e tradicionais da região leste da cidade de
Belo Horizonte, o Colégio Batista Mineiro foi fundado em 1918 e completa, em 2008, 90
anos, tendo marcado presença quase que desde a construção da nova capital mineira.
112
O colégio, que recebe alunos desde o berçário até o Ensino Superior, além de turmas de EJA,
faz parte do Sistema Batista Mineiro de Educação que possui unidades em vários estados
brasileiros. Em Minas Gerais o Sistema está presente em Belo Horizonte, Betim, Ouro Branco
e Uberlândia.
Trata-se de uma instituição confessional de origem cristã e orientação batista. E é esta
orientação que perpassa os valores que ela se propõe a ensinar.
O colégio mantém uma disciplina, rígida, firme, formativa e fundamentada, portanto, em
princípios cristãos, além de dispor de muitos e ricos recursos, tanto materiais quanto
humanos, para a consecução de seus objetivos.
Vários trabalhos e estudos ligados a questões do desenvolvimento da cidadania são
desenvolvidos e um dos mais evidentes é o “Congresso Criança Cidadã”, que acontece
cerca de sete (7) ou oito (8) anos no colégio e é oferecido ao longo de um ano aos alunos da
série do ensino fundamental. Durante o Congresso procura-se alertar a família para o seu
papel e o papel da escola no conhecimento dos direitos e para o fato de que esses direitos são
paralelos a deveres, compromissos e responsabilidades.
Além disto, o que se depreende da fala do professor entrevistado é que existe uma
preocupação constante em se aproveitar todas as oportunidades para trabalhar os conteúdos de
cidadania.
Como falei antes, temos projetos, por exemplo, temos agora uma viagem para São
Paulo. O objetivo é o desenvolvimento acadêmico, o é o desenvolvimento do
caráter e da cidadania. Então, aum projeto como este que aparentemente pode
ser muito forte no lazer... na preparação, primeiro dissemos que em qualquer lugar
que formos visitar, como o memorial do Rio Grande, a escola teve que fazer um
pagamento de caução e qualquer prejuízo causado deverá ser assumido por ela,
mas que queríamos que eles soubessem que não deveríamos chegar a tal ponto e
que teríamos que zelar pelo patrimônio. Então essas coisas que são aparentemente
simples, elas são levadas muito a sério (...). (Entrevistado B)
O Colégio participou pela segunda vez do PJ na edição de 2007 e, segundo o mesmo
professor, dos quase 2000 alunos do ensino médio, vinte e três (23) participaram do PJ/2007.
113
No PJ/2006 foram convidados os alunos que acabavam de ingressar no ensino médio e em
2007, o primeiro critério de seleção acabou por ser o mesmo. Como a maior parte dos alunos
participantes da edição anterior não poderia voltar a participar, ou porque ultrapassou o limite
de idade pré-definido pela coordenação do PJ, ou por que teve baixo rendimento escolar no
ano anterior, pensou-se em completar as vagas com alunos do ano. Porém, segundo o
professor entrevistado, os próprios alunos participantes do PJ/2006 sugeriram que o convite
fosse feito novamente aos alunos do 1º ano do Ensino Médio.
Foi feita uma divulgação do evento nas salas do ano pelos alunos participantes da edição
anterior e, em seguida, realizou-se a seleção dos participantes com base numa lista dos alunos
que tinham perfil mais aberto para oficinas. Esta lista foi elaborada pelos professores de artes
do 1º ano, a pedido do professor coordenador do PJ na escola, da seguinte forma:
(...) nós temos aqui no ano um projeto de artes que desenvolve isso muito no
aluno. E no Parlamento Jovem, na etapa de preparação, eles têm uma oficina de
teatro. E tendo essa oficina aqui na rotina do ano e por ter uma vez por
semana aulas visuais e aulas cênicas, então isso ajudou e muito. E isso também
contribuiu e muito para a forma de seleção aqui na escola. (Entrevistado B)
As maiores expectativas da escola com a participação dos alunos no evento eram no sentido
da aplicação do que eles vinham aprendendo (principalmente aqueles que estão na escola
desde as primeiras séries do Ensino Fundamental), dentro de um projeto de construção do
caráter e da ética; e também no sentido de que os alunos adquirissem maior desenvoltura por
se tratar de um projeto de vínculo com outros estudantes de realidades diferentes.
Quanto ao perfil sócio-econômico dos alunos, a escola recebe principalmente estudantes da
classe média. Grande parte reside no próprio bairro em que está situada a escola ou nos
bairros circunvizinhos.
O Colégio Frei Orlando Unidades I e II
O Colégio Frei Orlando foi criado pela Beneficência Franciscana
20
com o objetivo de facilitar
a educação de crianças de uma região específica, no caso, do Carlos Prates e bairros vizinhos,
situados na região noroeste de Belo Horizonte. Hoje a instituição possui uma boa infra-
20
A Beneficência Franciscana é uma entidade civil, sem fins lucrativos, de caráter beneficente, filantrópico,
educativo, cultural e de assistência social, que tem por finalidade principal a proteção à infância, à adolescência,
à velhice e a seus familiares, podendo, para isso, congregar as Unidades e Instituições por ela criadas, dentre as
quais estão o Colégio Frei Orlando Unidade Carlos Prates e o Colégio Frei Orlando Unidade Alípio de Melo.
114
estrutura e está bem alicerçada e por esta razão, recebe também alguns alunos de outras
regiões da cidade.
Baseando-se nos quatro pilares da educação determinados pela UNESCO aprender a
aprender, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser e na pedagogia
franciscana, que é uma pedagogia humanista e de vivência cristã, é que o colégio firma os
seus princípios de educação.
As unidades do bairro Carlos Prates (Unidade I) e do bairro Alípio de Melo (Unidade II)
trabalham com a mesma filosofia, o que as diferencia são os alunos. A unidade I é composta
por estudantes de bairros de classe média com um vel cultural mais elevado, enquanto
grande parte dos alunos do Alípio de Melo e entorno, que freqüentam a unidade II, são
provenientes de famílias “emergentes” que tiveram maior acesso à educação e cultura nas
últimas décadas. Registros históricos comprovam, por exemplo, que nas redondezas do Alípio
de Melo ainda era possível encontrar, na década de 80, criação de gado e outros animais de
pequeno porte.
Esta foi uma das justificativas apresentadas pela professora que acompanhou os alunos da
unidade I para que o colégio participasse do PJ/2007 com as duas unidades e que não se desse
a oportunidade a uma outra escola.
(...) os alunos são diferentes e aconteceu que não deu para participar em conjunto
com as duas unidades no projeto, e quer queira quer não ainda existe um ligeiro
diferencial entre as duas unidades.(Entrevistada D)
Tendo aberto sua matriz no bairro Carlos Prates, numa das regiões mais antigas da cidade e na
qual localizam-se importantes instituições de ensino como a PUC Minas e o Centro
Universitário Newton Paiva, o Colégio Frei Orlando começou com poucas classes do antigo
Curso Primário funcionando na cripta da igreja (Paróquia de são Francisco das Chagas), para
logo depois ganhar sua sede própria na qual permanece até hoje.
O Colégio foi oficializado em 1959 e implantou, em seguida ao primário, os cursos do ensino
fundamental (ginasial), ensino médio (cientifico) e normal (magistério). Novas salas,
laboratórios, biblioteca, quadras poliesportivas, salas de apresentação, projeção e vídeo,
central de processamento de dados foram então construídas e colocadas à disposição dos
alunos.
115
A segunda Unidade do Colégio foi aberta em 1992 e conta com infra-estrutura semelhante à
da Unidade I, tendo ambas participado pela primeira vez do PJ em 2007.
Os alunos participantes do PJ/2007 tanto na Unidade I quanto na Unidade II foram os do e
ano. Em função do pequeno número de alunos o houve nenhuma seleção em ambas as
unidades, todos os que se inscreveram puderam participar.
Os alunos da unidade I ficaram sabendo do PJ por meio da professora coordenadora do
projeto ou por meio dos colegas. os estudantes da Unidade II tomaram conhecimento a
partir da divulgação realizada no final de 2006, com o apoio das professoras da PUC que
foram à escola, fizeram uma palestra, exibiram um trecho do filme da edição anterior do
evento e esclareceram dúvidas dos alunos. Esta divulgação foi reforçada no início de 2007
pela professora coordenadora.
A Unidade I recebe, em média, 45 alunos por turma. Como são sete (7) turmas de ensino
médio no período da manhã, o número de alunos do ensino médio na unidade aproxima-se de
315. Por seu turno, a Unidade II tem cerca de 180 alunos matriculados no ensino médio.
Diferente das demais escolas, a Unidade I começou a participar com um número significativo
de alunos e com o passar do tempo, ao invés desse número baixar, aumentou. Isto porque, à
medida que iam saindo alguns alunos por diversos motivos, a escola permitiu que entrassem
outros que se mostravam interessados. Portanto, além da seleção inicial, houve também uma
seleção a posteriori, até que permaneceram aqueles que realmente estavam interessados.
Segundo a professora coordenadora da Unidade I, algumas perdas a considerar foram de
alunos do ano que, optando entre os estudos e o projeto, a preferência claro era a dos
estudos, porque este é um ano muito complicado para todos e mesmo querendo estar não
conseguiam muito por causa dos estudos.”
Outra peculiaridade do grupo dos alunos participantes naquela unidade, de acordo como a
mesma professora, foi que esse não se constituiu por alunos destaque em sala de aula
21
porque
21
A partir da fala da professora, chamou-nos a atenção o fato de o conceito de melhor aluno ou de aluno
destaque em sala de aula parecer estar mais ligado às maiores notas do que a uma postura crítica e de contestação
das estruturas.
116
o “bom aluno” na sala de aulas participa no desporto, na dança
22
... e neste
projeto não eram [necessariamente] os “melhores” alunos, mas os alunos que
mais criticavam e que mais se interessavam [em participar do PJ], então deu para
ver que existe uma nata daqueles que são fraquinhos mas que têm vontade de
crescer. (aspas nossas)
Na Unidade II houve apenas uma única desistência e outros dois alunos vieram integrar o
grupo ao longo do evento. Porém, de acordo com a professora que acompanhou as atividades
naquela unidade, dos cerca de 20 participantes, apenas uns 5 ou 6 estiveram de fato
comprometidos e empenhados.
Quanto às expectativas em relação à participação dos alunos por parte da escola, de acordo
com a professora coordenadora da unidade II, dentre outros benefícios esperava-se envolver e
motivar os alunos com baixo interesse pela sala de aula, acreditando-se que este aluno poderia
se interessar por uma atividade diferente, e que esta atividade diferente, fora dos portões da
escola, balizada por procedimentos pedagógicos mais diferenciados, ela poderia ser um
elemento de sedução e também de maior comprometimento mesmo com a sala de aula.
(Entrevistada F)
O Colégio Santo Antônio
O Colégio Santo Antônio, de todos, foi o único excluído desta dissertação, em virtude da
dificuldade em se aplicar os questionários junto aos sete (7) alunos daquele colégio que
participaram dos GT´s do PJ/2007. Assim, apesar de termos realizado a entrevista com a
professora que os acompanhou, optamos por descartá-la.
De qualquer forma, importa referir que o Santo Antônio é confessional de origem cristã e
orientação católica e, junto com os demais colégios particulares, contribuiu para que o
PJ/2007 fosse composto por mais de 50% de alunos oriundos de escolas particulares e cristãs.
22
Não ficou clara a ligação feita entre os melhores alunos e a participação no desporto e na dança, mas em
virtude do que observamos, parece-nos que os “melhores”alunos é que podem ou são convidados a participar
deste tipo de atividades. Daí a diferença observada pela professora com relação ao PJ, uma vez que a
participação nesse foi extensiva a todos os alunos que se interessaram.
117
O Colégio Milton Campos (Estadual Central)
Sesquicentenário, o Colégio Estadual Milton Campos, também conhecido como Estadual
Central, ou simplesmente como Estadual, é a maior escola estadual de Minas Gerais. Situado
na capital mineira, no Bairro de Lourdes, por ele transitam, diariamente, quase 5000
estudantes, divididos nos três turnos, sendo cerca de 1500 do ensino médio. Apesar da
localização numa região de classe média-alta, o colégio recebe alunos de várias regiões da
cidade.
A escola, que foi fundada em Ouro Preto, então capital de Minas, em 1854, surgiu com o
nome de Liceu Mineiro. Mais tarde foi transferida juntamente com a transferência da sede
administrativa do Estado para Belo Horizonte. Na nova capital, foram duas localizações
diferentes até chegar, na década de 50, ao atual endereço. O Colégio foi a primeira instituição
pública do Estado a oferecer o antigo 2º grau, hoje ensino médio.
O percurso histórico do colégio se confunde com o da educação em Minas Gerais e é marcado
por um ensino de excelência. Da mesma forma, a instituição sempre foi grande referência de
luta e foco de resistência dos estudantes e professores em defesa do ensino público.
Célebre por seu porte e tradição, nos últimos anos o colégio tem sofrido os mesmos golpes e o
sucateamento que as demais escolas da rede pública de ensino. Como exemplos, entre 2004 e
2005, o direito de uso de suas quadras foi vendido ao Minas Tênis Clube e algumas de suas
turmas foram fechadas.
Apesar disto, de acordo com o professor que acompanhou os alunos participantes do PJ/2007,
o colégio ainda pode ser considerado um dos melhores colégios estaduais de Minas Gerais,
um colégio que “... tem tudo, tem estrutura de escola particular, tem acesso a tudo.
Praticamente, tudo que eu quiser criar e usar de recurso tem.” (Entrevistado E)
Quanto à participação no PJ, a edição de 2007 recebeu alunos do colégio pela segunda vez. A
seleção para essa edição começou com uma divulgação nas salas de aula do ano do turno
da manhã. Esta divulgação foi feita pelo professor coordenador do projeto na escola,
acompanhado por uma aluna que havia participado na edição anterior e que já havia
118
manifestado o interesse em participar novamente e que se dispôs a fazer o seu relato da
experiência, a fim de sensibilizar os colegas para que participassem.
Como o foram convidados todos os alunos da escola, ficando excluídos à partida os do
turno da tarde e da noite, os alunos inscritos não ultrapassaram ao número limite do PJ, de 30
por escola. A grande maioria estava no ano, com exceção de alguns do 3º. Nenhum aluno
do 1º ano participou, já que esse só é oferecido à tarde.
As expectativas do colégio e dos professores com a participação dos alunos nas duas edições
eram
...de educar mesmo nesse sentido, de disseminar essa informação que muita das
vezes é tachada como chata, desinteressante, complicada, intocável talvez,
inatingível talvez... Ah! Eles ..., a gente não tem como interferir, não tem como
agir, não tem aonde nem como recorrer...(Entrevistado E)
A Escola Municipal Caio Líbano Soares
Apesar de sua localização no e andares do antigo prédio da FAFICH, no bairro Santo
Antônio, que se coloca entre os bairros de vel econômico mais elevado na cidade, a Escola
Municipal Caio Líbano Soares atende a um público disperso por toda a região metropolitana
de Belo Horizonte, sem se ater a uma comunidade ou bairro específico. Seus alunos vêm de
bairros próximos e distantes e, também, de municípios vizinhos como Contagem, Betim e
Sabará.
A escola fundada em setembro de 1991 foi inicialmente concebida para atender a uma
demanda interna da própria Prefeitura Municipal, cujos funcionários reivindicavam uma
escola na qual pudessem retomar os estudos. No início eram 10 turmas do ensino fundamental
no turno da noite, na modalidade de suplência e supletivo, passando, posteriormente, a atender
também ao ensino médio.
Com o decorrer dos anos, o funcionamento estendeu-se para os turnos da manhã e tarde. Hoje
a escola recebe quase 1500 alunos distribuídos pelos três turnos, na modalidade de Educação
de Jovens e Adulto (EJA), em coerência com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB)
119
Atualmente, outras escolas de Belo Horizonte vêm oferecendo ou amesmo reformulando o
seu ensino noturno para a EJA. A Caio Líbano, porém, foi a primeira a ser criada na Rede
Municipal para atendimento exclusivo ao público característico desta modalidade, formado
por jovens e adultos, trabalhadores do mercado formal e informal, desempregados que se
afastaram ou interromperam seus estudos por vários anos, jovens que o interromperam seus
estudos mas que foram excluídos de várias outras escolas por diversos motivos.
Além disto, a escola também tem a peculiaridade de possuir o maior número de alunos
(jovens e adultos) de inclusão social e/ou com necessidades especiais.
A partir da fala da professora que acompanhou os alunos da Caio Líbano pode-se perceber
que existe uma preocupação em se trabalhar os conteúdos de cidadania.
(...) todas as oportunidades que surgem para trabalhar sobre a cidadania são
trabalhadas. Agora mesmo nós passamos pelo dia 8 de Março, pelo dia da
mulher [...]. Então, o professor de Matemática fez um projeto incrível e
trabalhando todos os direitos da mulher, e como temos mulheres que são mães,
avós e até bisavós, foi um projeto incrível. Nós trouxemos pessoas de fora para
falar e foi muito bom. Ele trabalhou a legislação com os alunos e isso foi
envolvendo e contagiando outras pessoas e foi um trabalho muito bom. [...] isso é
sempre trabalhado, porque a maioria das nossas alunas e alunos do noturno são
adultos. Eles trabalham e a maior parte das mulheres são domésticas, o que nos
leva a trabalhar muito os direitos da mulher.
Quanto ao que a escola esperava com a participação dos alunos no PJ/2007, segundo a
professora que os acompanhou, A expectativa da escola e dos professores [...] era boa. [...]
Os professores esperavam que eles trouxessem alguma coisa, cada um para a sua turma.
Segundo a professora que acompanhou os alunos no PJ, o limite de idade imposto pelo
projeto acabou por selecionar os alunos participantes.
como a gente tem um número bem reduzido de adolescentes e jovens, então, no
início, acho que s tínhamos três só, pelo limite que era de 18 anos. Depois
conversei com a ######### [uma das coordenadoras do Parlamento Jovem na
PUC] e passaram para 21 anos, ainda continuamos com um número pequeno.
deixaram passar para 25 anos e aí o grupo aumentou um pouco. (Entrevistada A)
O Colégio Municipal IMACO
Fundado em Abril de 1954, o Colégio Municipal IMACO, mais conhecido como IMACO,
apenas, tem hoje mais de 50 anos. Situado dentro do Parque Municipal na região central de
Belo Horizonte, sua localização contribui para que seu corpo discente seja constituído por
120
alunos de vários bairros, tanto do centro quanto da periferia da cidade, bem como da grande
BH, de municípios como Santa Luzia, Contagem, entre outros.
O colégio foi aberto inicialmente como uma instituição de ensino superior e foi daí que veio a
sigla que compõe o seu nome: IMACO (Instituto Municipal de Administração e Ciências
Contábeis). Posteriormente foi criado o curso de ensino médio e profissionalizante em
Administração e Ciências Contábeis. Mais tarde, passou a oferecer apenas o curso
profissionalizante em ciências Contábeis e o ensino médio.
Por fim, o curso profissionalizante foi encerrado quando a prefeitura extinguiu esta
modalidade. Desde então o colégio se manteve apenas com o ensino médio, além de abrir
algumas turmas de ensino fundamental. Até 2006 possuía turmas de 7ª, e ensino dio.
Em 2007, voltou a abrir turmas de 6ª série como já fazia alguns anos atrás.
A escola recebe um número bastante elevado de alunos que gira em torno de 3000. São
aproximadamente sete (7) turmas do 1º, sete (7) do 2º e oito (8) do 3º ano do ensino médio em
cada um dos dois turnos (manhã e tarde). Entre as turmas de 7ª, 8ª, e ano, uma é
constituída por alunos com deficiência auditiva e também cerca de duas (2) ou três (3)
turmas de EJA à tarde e à noite.
O IMACO já foi um dos mais bem estruturados colégios municipais de Belo Horizonte, mas
hoje, apesar de ainda contar com uma boa infra-estrutura, também enfrenta as dificuldades
comuns ao sistema de ensino público. Ao que tudo indica, muitos de seus professores estão
desmotivados, desanimados e sobrecarregados com a realidade que se lhes impõe, conforme
se deduz dessas palavras da professora que acompanhou os alunos participantes do PJ:
Comecei a participar do projeto [Parlamento Jovem] porque tinha que ter uma
pessoa para se envolver e como ninguém se dispôs, então eu me dispus, apesar de
também não estar querendo [...], não porque não quisesse que o projeto viesse
para a escola ou porque tinha alguma idéia contrária, mas por falta de tempo e
excesso de trabalho.
As mesmas conclusões podem ser tiradas quando a professora comenta:
E hoje, como todas as escolas públicas nós estamos muito decadentes. Com este
problema de não repetência, a gente não pode suspender, expulsar aluno. Para
isto acontecer, é a maior burocracia. Eles também ficam com o ECA em cima. E
com isto tudo piorou bastante porque os meninos não têm limite. Qualquer coisa
121
que você fala com o menino ele vem para cima e isto para detonar o
professor.
O Colégio participou pela primeira vez do PJ em 2007 e as expectativas eram de que os
alunos tivessem uma boa participação, que eles tivessem um pouco de abertura para o
campo político”. (Entrevistada C)
Quanto a forma de seleção, uma das professoras da PUC esteve na escola e passou de sala em
sala explicando como era o projeto. Em seguida fazia circular uma folha de papel para que os
que se interessassem se inscrevesse. A partir dessa lista, os primeiros inscritos é que foram
selecionados para participarem.
5.2.3 Perfil dos alunos de ensino médio que compuseram o grupo experimental
(participantes do PJ) e o grupo de controle (não participantes do PJ)
Como vimos e em virtude da seleção dos alunos de ensino médio para participação no PJ ser
feita pelas próprias escolas, tal processo foi bastante distinto de um colégio para outro. Alguns
adotaram como critério a idade definida pela coordenação do PJ, outros, devido ao grande
interesse dos alunos, adotam critérios como: o ano do ensino médio que o aluno estava a
cursar, a inscrição e o rendimento escolar ou aptidões para oficinas. Outros, ainda, adotaram a
ordem de inscrição como critério ou não selecionaram, que o número de inscritos não
chegou a atingir o número máximo permitido.
Conforme explicamos em detalhes no capítulo 2, a constituição do grupo experimental foi
feita com base na lista de alunos que iriam participar dos GT´s encaminhada à ALMG dia(s)
antes do encontro. o grupo de controle foi constituído aleatoriamente, sob a orientação dos
professores coordenadores do Projeto nas escolas.
Assim, no Colégio Batista, tal como nas Unidades I e II do Frei Orlando e no Estadual
Central, cada aluno participante foi orientado para que trouxesse consigo um aluno não
participante.
122
No Caio Líbano, os alunos não participantes foram convidados aleatoriamente, minutos antes
da aplicação do questionário e sem nenhuma orientação prévia, logo após o intervalo do
recreio.
No IMACO, o convite também foi feito pela professora coordenadora no dia da aplicação dos
questionários, porém, o critério foi o de convidar nas salas dos alunos participantes. e os
alunos dessas salas que não haviam participado do PJ e que se dispuseram a responder ao
questionário compuseram o grupo de controle.
Quanto ao quesito idade, a maior parte dos alunos que compuseram tanto o grupo
experimental quanto o de controle estão na faixa etária dos 16 anos. No grupo experimental,
53% dos alunos têm essa idade contra 29,9% com 14 anos, 8,5% com 17, 6,4% com 18 e
2,1% com mais de vinte anos.
No grupo de controle, 63,8% dos alunos estavam com 16 anos quando responderam aos
questionários, 14,9% com 15, 10,6% com 17 anos, 2,1% tinham 18 assim como 2,1% tinham
menos de 15 e 6,4% tinham acima de vinte anos.
Quanto ao município onde residem os alunos do grupo experimental, Belo Horizonte,
Contagem, Ribeirão das Neves, Sabará e Santa Luzia foram representados, mas a maior
parcela dos alunos que compuseram o grupo reside em Belo Horizonte, conforme ilustrado no
gráfico.
Gráfico 1 – Municípios de proveniência dos alunos do grupo experimental
87,2
2,1
2,1
4,3
4,3
Belo Horizontte
Contagem
Ribeirão das Neves
Saba
Santa Luzia
Os alunos residentes em Belo Horizonte estão distribuídos, em ordem decrescente, pelas
regiões Leste, Noroeste, Nordeste e da Pampulha, mas vários bairros pertencentes a outras
regiões também foram representados por um único aluno que, no total, correspondem a 57%
do grupo experimental, conforme demonstra a tabela a seguir.
123
Tabela 3 Regiões Administrativas ou Municípios onde residem os alunos do grupo
experimental
Região administrativa ou
outros municípios
Bairro
Número de
alunos
%
% por região
administrativa ou
município
Leste Floresta
6 12,8
12,8
Nordeste Ipiranga
2 4,3
4,3
Caiçara
2 4,3
Noroeste
Carlos Prates
2 4,3
8,6
Pampulha Serrano
2 4,3
4,3
Contagem Pedra Azul
1 2,1
2,1
Sabará N. S. de Fátima
1 2,1
2,1
Santa Luzia Duquesa II
1 2,1
2,1
Ribeirão das Neves Kátia
1 2,1
2,1
Outros bairros*
27 57,4
57,4
Não informou o bairro
2 4,3
4,3
TOTAL
47 100,0
* Alto dos Pinheiros, Alípio de Melo, Barroca, Castelo, Céu Azul, Cidade Nova, Coqueiros, Coração Eucarístico, Esplanada,
Leblon, Minas Brasil, Nova Floresta, Nova Vista, Ouro Preto, Palmeiras, Paquetá, Parque Riachuelo, Renascença, Salgado
Filho, Santa Branca, Santo Antônio, São Francisco, São Gabriel, Tupi, União, Vila Clóris e Vila Leonina
A porcentagem dos alunos do grupo de controle residentes em Belo Horizonte foi a mesma
dos alunos do grupo de experimental, porém, apenas outros dois municípios foram
representados nesse caso, nomeadamente: Contagem e Sabará.
Gráfico 2 – Municípios de proveniência dos alunos do grupo de controle
87,2
6,4
6,4
Belo Horizontte
Contagem
Sabará
Dos alunos que residem em Belo Horizonte, a maior parte está na região Leste (25,6%)
principalmente no bairro Floresta (14,9%), que também é o bairro em que se localiza o
Colégio Batista Mineiro que contribuiu com o maior número de respostas aos questionários
(16 alunos).
O restante dos alunos respondentes do grupo de controle tem suas residências, por ordem
decrescente, assim distribuídas: Região administrativa da Pampulha (10%), Noroeste (8,5%) e
Nordeste (2,1%).
124
Para além desses, assim como no grupo experimental, um número considerável de bairros
de outras regiões administrativas de Belo Horizonte que foram representados por um aluno
respondente. Dezoito (18) alunos (38,3%) se enquadram neste último caso.
Tabela 4 – Regiões Administrativas ou Municípios onde residem os alunos do grupo de controle
Região administrativa
ou outros municípios
Bairro Número de
alunos
%
% por região administrativa
ou município
Nacional
1 2,1
Parque dos Turistas
1 2,1
Contagem
Ressaca
1 2,1
6,3
Cidade Nova
1 2,1
Floresta
7 14,9
Pompéia
2 4,3
Leste
Sagrada Família
2 4,3
25,6
Nordeste Ipiranga
1 2,1
2,1
Alípio de Melo
1 2,1
Caiçara
1 2,1
Noroeste
Carlos Prates
2 4,3
8,5
Castelo
4 8,5
Pampulha
Céu Azul
1 2,1
10,6
Sabará General Carneiro
3 6,4
6,4
Outros bairros*
18 38,3
38,3
Não informou o bairro
1 2,1
2,1
TOTAL
47 100,0
* Alípio de Melo, Barreiro de Baixo, Betânia, Boa Vista, Caiçara, Céu Azul, Concórdia, Conj. Sta. Maria, Dom Cabral,
Floresta, Funcionários, Goiânia, Jardim Vitória, Madre ertrudes, Palmares, Prado, Sagrada Família, Santa Mônica, Serra,
Silveira, Venda Nova, e Vera Cruz.
Algumas perguntas foram feitas aos alunos de ambos os grupos com a intenção de sondar se
esses eram politicamente engajados em outras atividades além do PJ e identificar, além dessa
fonte, outros tipos de fontes de informação para o exercício da dimensão política da cidadania
às quais eles tinham acesso.
Assim, ao serem inquiridos acerca do seu engajamento em algum movimento social, grupo de
interesse específico, organização não governamental, grêmio estudantil, associação de bairro,
sindicato dos trabalhadores, ou partido político, 72,8% dos alunos do grupo experimental não
estão engajados, dos quais, 66,6% disseram que não participam de nenhum e 6,2% não
responderam, contra 81,2% dos alunos do grupo de controle que também disseram que não
estão engajados, dos quais, 70,2% afirmaram não participar e 10,4% não responderam.
125
Um dado interessante é que, do grupo de controle, apenas 4 alunos (8,3%) participam de
grêmio estudantil contra 7 alunos (14,5%) do grupo experimental.
Nota-se, portanto, que o engajamento político dos alunos do grupo experimental é maior do
que o dos alunos do grupo de controle, que, no primeiro grupo, 26,9% dos alunos
afirmaram-se engajados enquanto no segundo, apenas 18,4% fizeram o mesmo.
Ainda nesse sentido, enquanto 30,7% do grupo experimental não soube dizer ou não
respondeu se alguém da família participava de algum movimento social, grupo de interesse
específico, organização não governamental, grêmio estudantil, associação de bairro, sindicato
dos trabalhadores, ou partido político, quase metade do grupo de controle (49,9%) não soube
dizer ou não respondeu a esta questão.
Da mesma forma, o número de alunos do grupo experimental que disse que ninguém de sua
família participava (30,7%), foi menor do que o de alunos do grupo de controle que fez a
mesma afirmação (38,6%).
Por fim, a percentagem do grupo de controle que possui membros de sua família engajados
foi de 11,1% enquanto no grupo experimental essa percentagem foi de 38,2%.
Ao procurarmos identificar outras fontes de informação acerca da dimensão política de
cidadania, obtivemos alguns dados interessantes dentre os quais destacamos aqueles relativos
à família. Assim, conforme demonstram as tabelas 5 e 6 , enquanto 51,1% dos alunos do
grupo de controle não discutem política com suas famílias e 29,8% não conversam sobre voto
e eleições em casa, apenas 17% dos alunos do grupo experimental não discutem política com
seus familiares e 10,6% não conversam sobre voto e eleições em casa.
Tabela 5 – Você discuti política com sua família?
GRUPO EXPERIMENTAL GRUPO DE CONTROLE
Nº de alunos % Nº de alunos %
Sim 39 83,0 23 48,9
Não 8 17,0 24 51,1
TOTAL 47 100,0 47 100,0
126
Tabela 6 – Você conversa sobre voto e eleições com sua família?
GRUPO EXPERIMENTAL GRUPO DE CONTROLE
Nº de alunos % Nº de alunos %
Sim 42 89,4 33 70,2
Não 5 10,6 14 29,8
TOTAL 47 100,0 47 100,0
Por outro lado, enquanto a maioria do grupo experimental (31 alunos) já ouviu falar sobre a(s)
Constituição(ções) em sua escola, quase a mesma quantidade dos alunos do grupo de controle
nunca ouviu falar ou não soube dizer (30 alunos), como confirma a tabela 7.
Tabela 7 – Alunos que já ouviram falar sobre a(s) Constituição(ções) na escola
Grupo Experimental Grupo de Controle
% %
Sim
31 66,0 17 36,2
Não
9 19,1 8 17,0
não sei dizer
7 14,9 22 46,8
Total
47 100,0 47 100,0
Como as diferenças percentuais entre os dois grupos foram bastante consideráveis, apesar de
os alunos serem provenientes das mesmas escolas, coloca-se a hipótese de que os do grupo
experimental, devido a um interesse nato por temas ligados à política, cidadania e
participação, tenham estado mais atentos quando a Constituição ou as constituições foram
mencionadas ou discutidas em suas escolas.
Também foi curioso notar que enquanto 30 alunos (63,8%) do grupo de controle não sabiam
dizer ou não tinham observado se a biblioteca de suas escolas possuiam a(s)
Constituição(ções), 35 alunos do grupo experimental (74,4%) demonstraram o mesmo,
conforme aponta a Tabela 8
Tabela 8 – Ciência da existência da(s) Constituição(ções) na biblioteca da escola
Grupo Experimental Grupo de Controle
Tem Constituição na biblioteca da sua escola?
% %
Sim
12 25,5 12 25,5
Não
0 0 5 10,6
Não sei dizer
34 72,3 30 63,8
Não respondeu
1 2,1 0 0
Total de alunos que não souberam dizer ou não observaram
35 74,4 30 63,8
Total
47 100,0 47 100,0
Após verificar que, em todas as escolas, no mínimo dois alunos afirmaram haver Constituição
na biblioteca, com exceção do Colégio Frei Orlando II, no qual nenhum aluno sabia dizer,
colocam-se ao menos duas hipóteses para explicar os baixos índices de conhecimento sobre a
127
disponibilidade ou não da(s) Constituição(ções) na biblioteca das escolas em ambos os
grupos: de um lado, a possibilidade de consulta dos textos constitucionais em outros locais
que não a biblioteca, como por exemplo via Internet; e de outro, a forte probabilidade de que
os alunos não tenham tido interesse espontâneo em ler a Carta Política e de que também não
tenham recebido nenhuma incentivo para tal.
Observamos também, por meio das tabelas 9 e 10, que no concernente aos representantes
políticos, os alunos do grupo experimental estão relativamente melhor informados, já que 97,9
% deles souberam dizer o nome do atual governador do Estado de Minas Gerais, contra
89,4% dos alunos do grupo de controle. Da mesma forma, 91,5% dos alunos do grupo
experimental disseram o nome ou a sigla correta do partido do atual Presidente da República,
contra 87,2% dos alunos do grupo de controle.
Tabela 9 – Qual é o nome do atual governador do Estado de Minas Gerais?
Grupo Experimental Grupo de Controle
% %
Não respondeu 0 0 3 6,4
Aécio Neves 46 97,9 42 89,4
Outros nomes 1* 2,1 0 0
Não sabia 0 0 2 4,3
Total 47 100,0 47 100,0
*O aluno respondeu Pimentel, que é o nome do atual prefeito da cidade de Belo Horizonte.
Tabela 10 – Qual é o partido do atual Presidente da República?
Grupo Experimental Grupo de Controle
Partido do atual Presidente da República
% %
Não respondeu 1 2,1 2 4,3
PT 43 91,5 41 87,2
Outros partidos 3* 6,4 4** 8,5
Total 47 100,0 47 100,0
*Dois (2) alunos citaram o nome do atual presidente no lugar do partido e um (1) respondeu “Partido
Trabalhista” e não “Partido dos Trabalhadores”.
** Dois (2) alunos citaram outros partidos que não o PT, 1 (um) citou o nome do atual presidente no lugar do
partido e um (1) respondeu “Partido Trabalhista” e não “Partido dos Trabalhadores”.
Por fim, quanto às eleições e ao exercício do voto enquanto uma das formas de participação
política, nota-se que o índice de alunos votantes nas últimas eleições foi aproximado, isto é,
6,4% (3 alunos) no grupo experimental e 10,6% (5 alunos) no grupo de controle. Recorde-se,
porém, que 3 (6,4%) dos alunos do grupo de controle tinham acima de vinte anos(portanto, o
128
voto já era obrigatório para eles), contra apenas um 1 (2,1) do grupo experimental, o que
justifica o número mais elevado de votantes no grupo de controle.
De qualquer forma, o que mais sobressai é o índice elevado de não votantes em ambos os
grupos (91,5% no experimental, e 89,4% no de controle), em consonância com os estudos
recentes que discutem os baixos índices de participação eleitoral dos jovens na faixa etária
entre 16 e 18 anos de idade (quando o voto ainda não é obrigatório).
Tabela 11 – Participação como eleitor nas últimas eleições
Grupo Experimental Grupo de Controle
Você votou nas últimas
eleições?
% %
Sim
3 6,4 5 10,6
Não
43 91,5 42 89,4
Não respondeu
1 2,1 0 0
Total
47 100,0 47 100,0
Tabela 12 – Razão pela qual não votou nas últimas eleições
Grupo Experimental
Grupo de Controle
Por que não votou?
% %
Não respondeu
5
10,6
2
4,3
não podia/não tinha idade 33
70,2
33
70,2
não possuía título de eleitor 2
4,3
5
10,6
Não era obrigatório
2
4,3
4
8,5
Não me interessou/não quis/preguiça 2
4,3
3
6,4
não me sentia preparado(a)
1
2,1
0
0
Nenhum dos candidatos me conveceu
2
4,3
0
0
Total 47
100
47
100
São significativas as razões apresentadas pelos alunos de cada grupo por não terem exercido o
seu direito de voto nas últimas eleições. Assim, dos quarenta e três (43) alunos do grupo
experimental que não votaram, trinta e três (33) justificaram-se dizendo que não podiam ou
que não tinham idade, dois (2) disseram que o possuíam título de eleitor, dois (2)
assumiram que não votaram porque não era obrigatório e outros dois (2) por que não lhes
interessou, ou por preguiça. Porém, um (1) disse que o se sentia preparado e 2 (dois)
afirmaram que os candidatos não lhes convenceram.
Em comparação, no grupo de controle as justificativas giraram em torno de não poderem ou
não terem idade (33 alunos), não possuírem o título de eleitor (5 alunos), não ser obrigatório
(4 alunos) e falta de interesse ou preguiça (3 alunos). Nenhum aluno do grupo de controle
129
afirmou não ter votado por não se sentir preparado ou porque os candidatos não lhe
convenceram.
Dois aspectos merecem destaque neste caso: o fato de os alunos do grupo de controle que não
votaram por não ser obrigatório ou por falta de interesse ou preguiça ser relativamente maior
em relação aos alunos do grupo experimental; e o fato de somente alunos do grupo
experimental terem apresentado, como justificativa, motivos que demonstram
responsabilidade e consciência de que o voto é algo sério ao responderem que não votaram
por não se sentirem preparados ou porque nenhum dos candidatos lhes convenceu.
Quanto aos motivos para a participação ou não no PJ/2007, quinze (15) alunos do grupo de
controle justificaram que não participaram porque não tomaram conhecimento, não tiveram
oportunidade ou foram impedidos de participar. Desses, dez (10) são alunos do Colégio
Batista, um (1) do Caio Líbano e quatro (4) do IMACO.
Como a pergunta permitia respostas múltiplas, os alunos também apontaram os seguintes
motivos para a sua não participação no evento:
Tabela 13 - Motivos apontados pelo grupo de controle para a não participação no PJ/2007
Nome da escola
Motivo
Frei
Orlando
I
Freio
Orlando
II
Est.
Central
Caio
Líbano
IMACO Colégio
Batista
Total
Não tomou conhecimento, não teve
oportunidade ou foi impedido de
participar
0 0 0 1 4 10 15
Ficaria cansativo conciliar o
Parlamento Jovem com as aulas
3 2 2 1 1 0 9
Falta de tempo 2 3 1 0 6 4 16
Dificuldade em assimilar e
compreender todas as informações
que seriam transmitidas
0 1 0 0 0 0 1
Desinteresse 3 1 0 1 3 2 10
Idade acima da permitida ou
residência distante dos locais dos
eventos
1 0 0 1 0 0 2
Chegou a participar mas teve que
sair
0 0 0 0 1 0 1
Cuida da avó que o pode ficar
sozinha em casa
0 0 1 0 0 0 1
TOTAL 40
130
Como se constata, os principais motivos para a não participação, além daqueles inicialmente
comentados são: a falta de tempo, apontada por dezesseis (16) alunos, nove (9) dos quais de
escolas particulares e sete (7) de escolas públicas, seguido pela falta de interesse, que foi a
razão apontada por dez (10) alunos, quatro (4) deles de escolas blicas e seis (6) de
particulares. O fato de ficar cansativo conciliar o PJ com as aulas também foi apontado por
cinco (5) alunos de escolas particulares e quatro (4) de escolas públicas.
Comprovou-se, ainda, que o fator idade foi impeditivo no Caio Líbano, sendo apontado por
um (1) dos três (3) alunos respondentes naquela escola. A distância do local dos eventos
também foi indicada como razão para a não participação por um (1) aluno do Colégio Frei
Orlando.
Saliente-se ainda, que apenas um (1) aluno do Colégio Frei Orlando – Unidade II não
participou por achar difícil assimilar e compreender as informações disseminadas pelo
projeto.
Por fim, dois alunos não puderam participar por dificuldades ou questões pessoais, um deles,
do Estadual Central e outro do IMACO.
No caso do grupo experimental, como a pergunta sobre o motivo que os fez participar do
Parlamento Jovem era aberta, as respostas foram agrupadas em nove blocos, conforme se
no quadro 4.
Quadro 4 – Motivos apontados pelo grupo experimental para a participação no PJ/2007
1. Para adquirir conhecimentos e informações
Para adquirir novos conhecimentos/busca de conhecimento/aumentar o conhecimento.
2. Para adquirir conhecimentos e informações sobre a ALMG e sobre o Poder Legislativo
Curiosidade sobre a Assembléia/ Para saber mais sobre o funcionamento do Parlamento/para conhecer os locais
onde as leis o formuladas e discutidas/para entender como funciona o Poder Legislativo/para saber como
funcionam as leis no plenário/para ver a plenária/ Conhecer o trabalho dos deputados.
3. Para adquirir conhecimentos e informações sobre a política, cidadania e democracia
Para aprender e entender mais sobre política/ Para saber mais sobre a política de nosso país/ Interesse pela
política/acho interessante os jovens se interessarem por política e o que está acontecendo e se colocarem em
relação a isso. Ampliar meus conhecimentos sobre política, cidadania e democracia.
4. Por ser uma oportunidade para participar politicamente praticando atos no âmbito da esfera pública
como um todo
Para exercer a participação política/exercer a virtude cívica/ter mais participação nas decisões da sociedade/ Para
praticar meu direito de cidadão/para exercer minha cidadania/Participar da política no meu estado (no estado de
Minas)/ Para ajudar a formar um Brasil melhor/ Para fazer algo por Minas.
5. Por ser uma oportunidade para participar politicamente praticando atos no âmbito da educação e da
escola
131
Porque achei interessante a idéia de nós alunos formularmos leis para melhorar a educação e a escola/ Para
elaborar projetos que melhorassem a qualidade do ensino da rede escolar/Para fazer a diferença, para que todos
os estudantes tenham direitos assim como a pequena parte da população tem/ Para expressar minha opinião sobre
questões diretamente ligadas a minha vida.
6. Por curiosidade ou pelo caráter de novidade do PJ
Curiosidade/Achei a proposta interessante/Ecletismo e desejo de experimentar um pouco de tudo/ Por ser uma
experiência nova/novidade/Achei interessante o projeto de elaborar leis/Interesse em participar.
7. Oportunidade de socialização
Para fazer amigos/conhecer novas pessoas com outras idéias/ convívio com pessoas diferentes.
8. Outros
Ampliar meus conhecimentos sobre Ciências Sociais/Para discutir idéias/Para aumentar meu senso
crítico/Porque uma gatinha me convidou, mas ela saiu do parlamento jovem/ Na época do convite queria seguir a
carreira política/ Oportunidade para crescer e pensar nos outros/ Para saber o que está acontecendo no mundo/
Porque sempre quis fazer algo para mudar essa “Constituição”.
9. Não respondeu
A partir dessa classificação, os dados foram tabulados conforme se apresentam na tabela
14:
Tabela 14 – Motivos apontados pelo grupo de experimental para a participação no PJ/2007
Motivo % de
alunos
1. Para adquirir conhecimentos e informações 12,1
2. Para adquirir conhecimentos e informações sobre a ALMG e o Poder Legislativo 10,6
3. Para adquirir conhecimentos e informações sobre cidadania, democracia e política 28,7
4. Por ser uma oportunidade para participar politicamente praticando atos no âmbito da esfera pública
como um todo
9,0
5. Por ser uma oportunidade para participar politicamente praticando atos no âmbito da educação e da
escola
6,0
6. Por curiosidade ou pelo caráter de novidade do PJ 18,1
7. Pela oportunidade de socialização 4,5
8. Outros 9,0
9. Não respondeu 1,5
Nota-se, portanto, que a maioria (28%) dos alunos do grupo experimental participou do
PJ/2007 com o interesse de adquirir conhecimentos e informações sobre cidadania,
democracia e política; mas um número bastante significativo (18,1%) também participou por
curiosidade ou pelo caráter de novidade do PJ.
Muitos alunos queriam adquirir conhecimentos e informações de uma forma geral (12,1%) e
boa parte estava interessada em adquirir conhecimentos e informações sobre a ALMG e o
Poder Legislativo (10,6%). Do total de alunos, apenas 9% se interessou pelo PJ porque viu
nele uma oportunidade para participar politicamente praticando atos no âmbito da esfera
pública como um todo e outros 6% para participar politicamente praticando atos no âmbito da
educação e da escola. Por fim, 4,5% participou pela oportunidade de socialização, 9% por
outros motivos e 1,5% não respondeu.
132
A partir desse conjunto de dados, pode-se inferir que, de forma geral, os alunos do grupo
experimental possuíam um interesse maior por política e cidadania em relação aos alunos
do grupo de controle, assim como detinham um leque de conhecimentos um pouco mais
elevado sobre questões ligadas à dimensão política da cidadania, tendo alguns deles inclusive
demonstrado conhecerem e estarem informados minimamente sobre a Assembléia Legislativa
e os deputados estaduais, antes mesmo de participaram do PJ.
133
CAPÍTULO 6
O Programa “Educação para a Cidadania” como fonte de (in)formação para a
participação política: limites e possibilidades
6.1 Parlamento Jovem: fonte de informação para o exercício da dimensão política da
cidadania
A partir da observação e dos dados coletados sobre o Parlamento Jovem 2007, pode-se dizer
que o programa “Educação para a Cidadania”, especificamente no que se refere ao PJ,
constitui uma fonte de informação para o exercício da dimensão política da cidadania pelos
aspectos que destacamos a seguir.
O PJ, da forma como se encontra estruturado hoje, acaba por contribuir na busca e obtenção
de informações em variados suportes e com conteúdos diversificados. Durante o PJ/2007, por
exemplo, observamos que foram distribuídos textos: 1) sobre cidadania, democracia,
participação política e política; 2) sobre o tema eleito para discussão durante aquela edição
(educação); 3) sobre o tema o eleito (meio ambiente); 4) sobre a estrutura e organização do
Estado; e 5) sobre como elaborar o documento base para a discussão nos GT´s e na Sessão
Plenária, ou seja, textos técnicos.
As informações também foram disseminadas e veiculadas oralmente, aliás, o maior volume
delas circulou dessa maneira, durante as discussões e oficinas nas escolas, na ALMG e nas
oficinas oferecidas na PUC.
Em acréscimo, os participantes também foram convidados a acessar uma série de outras
informações (inclusive fotos) disponibilizadas no site da ALMG e no blog do PJ, além de
outros sites com conteúdos relativos ao tema daquela edição.
Por meio dos questionários respondidos pelos alunos participantes foi possível notar que
apenas 70,2% dos 47 alunos participantes tomaram conhecimento da existência do blog e
desses, apenas uma (1) aluna o consultou para obter informações institucionais. Mas um dado
134
bastante elucidativo é o de que essa aluna que acessou o blog para obter informações
institucionais informou que quis participar do PJ para adquirir conhecimentos e saberes sobre
política, conhecer os locais onde as leis são formuladas e discutidas. Com este objetivo ela
chegou a consultar o blog entre 2 a 3 vezes.
Portanto, o blog inclui informações para a participação no governo da sociedade e defesa dos
direitos de cidadania, especialmente aquelas sobre o papel, a função, a estrutura e o
funcionamento das instituições do Estado, no caso específico, da ALMG.
Em contrapartida, quanto à leitura dos textos distribuídos ao longo do evento, 26,6% dos
alunos leram textos sobre o tema da edição de 2007 (educação), 50% leram sobre cidadania,
democracia, participação política e política, 8,3% sobre a estrutura e organização do Estado,
6,6% sobre o tema eliminado (meio ambiente) e 5% leram textos de suporte para a elaboração
do documento base do PJ.
Acerca dos textos de suporte para a elaboração do documento base é importante frisar que a
busca é feita sob a orientação dos monitores e em diversos suportes, conforme comprova o
depoimento de um dos monitores entrevistados:
Quanto a elaboração do documento base. A primeira coisa que começo a fazer
com eles [...] é a pesquisa do tema [...] Aí, além de mandarmos eles procurarem
materiais, também disponibilizamos alguns para eles. [...] Hoje em dia, com a
Internet, não existe dificuldade para encontrar material [...] A gente sugere o site
da Assembléia, o google, o jornal tal...mas dificuldade eles não têm não. [...] E
quando eles levam a sério e procuram eles acham muita coisa mesmo.
(Entrevistado I)
No concernente às categorias de informação para o exercício da dimensão política da
cidadania, propriamente ditas, observamos que as três classes descritas no primeiro capítulo:
1) informações para a defesa e exposição de posições e opções políticas; 2) informações para
a participação no sistema democrático e na escolha de representantes; e 3) informações para a
participação no governo da sociedade e defesa dos direitos de cidadania, o disseminadas e
veiculadas no PJ. Porém, algumas das categorias que fazem parte dessas classes são
veiculadas e disseminadas em maior profundidade que outras.
135
A classe de informações para a defesa e exposição de posições e opções políticas está
fortemente presente nas oficinas de teatro, retórica e expressão corporal e inclui as categorias
de informação voltadas à postura (expressão corporal) e aos mecanismos e instrumentos
adequados para que se alcancem os objetivos que se deseja e para cada tipo de exposição de
posições e de opção política. Isto é ilustrado pelo seguinte trecho:
Aristóteles, 2400 [a.C], vamos para trás, na Grécia. O quê que ele falava?
Ele falava: em política não existe aquele que sabe mais, ou que sabe menos. Por
que? Porque política trata-se do desejo, do desejo seu, meu. Eu, nós temos que
colocar esse desejo na mesa e discutir esse desejo. a gente precisa o que?
Aprender a argumentar, a dialogar, a colocar razões, né, colocar argumentos
para que o nosso desejo seja implantado, seja ouvido, seja discutido. (Fala do
Funcionário da ALMG durante a oficina de Teatro oferecida aos alunos do Ensino
Médio)
E mais adiante quando o mesmo funcionário diz:
...o jovem precisa aprender a conhecer as coisas para colocar as coisas de uma
forma legal e para fazer uma mudança substancial. E hoje nós vivemos num
mundo em que não se cabe mais a gente pensar em luta armada. A nossa luta
agora, a nossa força tem que ser o que? Verbal, argumentativa, dialogal né. Nós
temos que conversar e convencer o outro. Convencer desse desejo para melhorar
o mundo. (Fala do Funcionário da ALMG durante a oficina de Teatro oferecida
aos alunos do Ensino Médio)
Tais falas foram proferidas durante a oficina de teatro oferecida aos alunos de ensino médio,
que é uma das oficinas especialmente dedicadas a trabalhar com a classe de informações para
a defesa e exposição de posições e opções políticas, nota-se que as diferentes categorias de
informação pertencentes a essa classe estão presentes, especialmente aquelas acerca da
postura e dos mecanismos e instrumentos adequados para a apresentação de argumentos,
defesa e exposição de posições e opções.
Também a partir das falas dos três monitores entrevistados, nota-se que essa classe de
informações é amplamente contemplada nas oficinas de teatro, retórica e expressão corporal:
...começamos com a oficina de teatro para poder trabalhar a nossa expressão
mesmo e também para ajudar os alunos do ensino médio a se soltarem.[...] Essas
oficinas contribuíram para mim porque elas te ajudam a ganhar confiança e
favorecem uma facilidade no lidar com as palavras, com as expressões, porque
não é o que você fala, mas também como você fala influencia
bastante.(Entrevistado G)
136
A oficina que temos de retórica um conhecimento de como usar da linguagem
nos mais diferentes ambientes, então não é uma coisa de como manipular a sua
fala, ela é muito interessante nesse sentido de passar a possibilidade de adequar
a sua fala nos mais diversos ambientes [...] eles são jovens e não precisam falar
como pessoas mais velhas, mas devem saber ter uma postura mais bem
organizada, uma fala mais coerente. (Entrevistada H)
... a oficina de expressão corporal é de nos ajudar a soltar mais, de aprendermos
a falar melhor, lidar com a questão do corpo que eu acho muito importante
[...]Aprendemos, por exemplo, que a gente tem que saber adaptar a linguagem,
que temos de seguir algumas regras para cada lugar onde estivermos. Por
exemplo, aqui falamos de uma certa maneira entre nós. Nós com os monitores
falamos de uma maneira mais informal e eles pegam dessa maneira.
Principalmente jovem, que fala muita gíria. E quando a gente vai para dentro
da Plenária..., é diferente, é um ambiente mais formal. Ela ensina, por
exemplo, como que a gente pode firmar argumentos através da fala. Para mim
esta oficina é muito importante.(Entrevistado I)
Conclui-se, com isto, que as três oficinas fornecem informações acerca da expressão corporal
que ajudam os alunos a se soltarem, a ganharem confiança, a lidarem com as palavras, além
de indicarem as formas mais adequadas para se expressar conforme o ambiente ou o público a
que se dirigem.
Quanto aos alunos do ensino médio, quando convidados a citar três coisas que aprenderam na
oficina de expressão corporal eles mencionaram: “a me expressar mais e melhor”, “postura -
como me portar de acordo com o lugar e com as pessoas”, “desinibição corporal”, “expressão
facial” “relaxar/descontrair ao falar em público”, “olhar para um ponto fixo/estabilidade”,
“falar claramente/com mais transparência e facilidade/falar mais alto (em bom tom de voz
para ser ouvido)/falar mais devagar/objetividade na fala” “a completar a fala dos outros”,
“persuasão/argumentação/perspicácia/ordenação das idéias/defender minhas idéias”,
“improvisação/agilidade/capacidade de pensar e agir ou responder rápido”.
Para além dessas palavras que estão estreitamente ligadas, os alunos citaram outras
relacionadas à socialização como: “trabalho em equipe”, conversa em grupo”, e perder a
timidez/aproximar-me dos outros/criar vínculos com pessoas que não conhecia bem/conhecer
os outros/dialogar e interagir com outras pessoas”.
na oficina de teatro, muitos o participaram. E vários dos que participaram, quando
solicitados para que citassem três palavras das quais se lembravam quando se falava naquela
oficina não responderam. É interessante notar, todavia, que alguns mencionaram palavras
137
como “expressão corporal”, “comunicação” e desinibição”. Mas além dessas palavras,
também foram citadas palavras mais relacionadas ao trabalho em grupo, ao embate de idéias,
dentre as quais: “trabalho em grupo”, “equipe”, “entrosamento”, participação”, “debates”,
“discussão”, “idéias”, diálogo”. Um dos alunos citou planejamento” e outro citou
“organização”, mas a maior parte citou o lado lúdico e relaxante da oficina mencionando
palavras como “tranqüilidade”, relaxamento”, risos”, diversão”, “paciência”, silêncio”,
“calma” e “concentração”.
O que se apreende desse vasto universo de palavras e expressões é que, tanto a oficina de
expressão corporal quanto a de teatro conseguiram trabalhar uma série de aspectos com os
alunos, contemplando informações que podem contribuir para a aquisição ou consolidação de
conhecimentos para a defesa e exposição de posições e opções políticas, especialmente no
tocante à postura (expressão corporal) e retórica.
No concernente à classe de informações para a participação no sistema democrático e na
escolha de representantes, observa-se que as diferentes categorias de informação que a
compõem são abordadas ao longo do evento e que há uma preocupação em se munir os alunos
participantes com informações positivas acerca da Assembléia Legislativa e dos deputados de
forma geral, bem como com informações acerca do papel do deputado com o intuito de
desconstruir, em parte, o discurso recorrente da mídia acerca da conduta dos
representantes políticos.
Nota-se ainda, que algumas categorias pertencentes à classe de informações para a
participação no governo da sociedade e defesa dos direitos de cidadania também estão
presentes, especialmente aquelas voltadas para a importância e os objetivos da participação e
controle popular, especificamente no tocante à fiscalização do trabalho realizado pelos
deputados, conforme se apreende da fala da coordenadora do PJ na ALMG:
Os alunos costumam trazer questionamentos do tipo: “porque os deputados não
estão aqui?” Porque esta coisa de representação é uma coisa que a mídia coloca
muito. Representação não é só aqui no Parlamento que ela acontece. Aí eu
costumo falar com eles: é como se eu chegasse na escola de vocês e visse que
vocês não estão lá hoje e dissesse que vocês não estão estudando. Então, a
imprensa chega aqui, na sexta-feira à tarde... Eu acho que a imprensa tinha que
ser mais criativa! Mesmo porque, não faz sentido os deputados ficarem
encastelados aqui.[...] se eles ficarem aqui não vão ser reeleitos[...]também
existe uma certa injustiça. [em] falar que todo deputado é ladrão. [...]. Agora,
138
quando a gente fala: olha, tem políticos que são excelentes! E tem outros que não
são. Para você falar isto,[...] tem que identificar. Para você identificar, você tem
que ter trabalho. Numa escola, por exemplo, você tem alunos que são mais
empenhados e alunos que são menos [...]. Agora, tem o professor que vai
fiscalizar e vai dar nota [...] a mesma coisa nós temos que fazer com o nosso
representante.[...] Então, a questão do poder, de querer privatizar o que é
público, isso eu acho que no ser humano. [...] , o que acontece nos países
onde a corrupção é menor, né, eles têm um trabalho de fiscalização e um número
de auditores infinitamente maior do que o nosso. [...] tem que ver é a qualidade
das leis e investir mais é nessa parte da fiscalização né. Não a Assembléia,
mas também a população estar fiscalizando [...] Porque se existe corrupção, é
porque existe pouca gente fiscalizando. (Entrevistada J)
Também se comprova a preocupação e o anseio de se veicular e disseminar, através do PJ,
informações para a participação no governo da sociedade e defesa dos direitos de cidadania,
principalmente no que se refere às formas e mecanismos de participação por meio dos
recursos oferecidos pelo Estado e suas instituições, incluindo-se, neste caso, especificamente
as informações sobre o papel, a função, a estrutura e o funcionamento da ALMG. Tal
constatação pode ser apreendida a partir das seguintes afirmações de uma das coordenadoras
do PJ na PUC acerca dos objetivos que se deseja atingir com o projeto:
O grande objetivo é essa formação política do jovem [...] é um aprendizado de
como participar, de como intervir, de como dialogar com a instituição da
Assembléia.[...] até para desmistificar um pouco a questão da alienação, da
alienação da juventude... Porque o que nós temos percebido durante todas as
edições e que desmistifica um pouco a fala, principalmente da mídia, é essa
questão da alienação. A alienação ela está ligada à falta de conhecimento.
Porque o que é passado pela mídia o tempo todo é só o lado negativo da
experiência política, então, não só os jovens como todos querem distância mesmo.
A partir do momento que a gente começa e começamos nos gregos... a questão
da democracia nos gregos, e que eles vão conhecendo como é que se o
processo...[...] e que eles vão descobrindo que é um processo demorado, de
amadurecimento de uma proposta, de discussão da proposta [...], a partir do
momento que eles vão tomando esse conhecimento e como funciona, aí eles se
mostram muito interessados! [...] o que a gente percebe e é uma constatação
desde a primeira edição, é que essa relação do afastamento está muito ligada à
falta de conhecimento do próprio funcionamento do processo. [...] o objetivo
geral é esse, a formação política para eles serem mais propositivos, para terem
uma participação qualificada não apenas dizer que é ruim, que se envolvem
com política aqueles que querem ter proveito próprio.[...] Eles podem adizer
isso, mas a partir de uma argumentação, de um aprofundamento, de uma lógica e
de um conhecimento. Não é que a gente vai mostrar o lado bom, o lado bom...
podem até descobrir que é realmente isso, mas com um aprofundamento, uma
argumentação lógica e fundamentada, de alguém que conhece o processo...
(Entrevistada L)
139
Também nesse sentido, constata-se que o mesmo discurso está presente no ideário dos
monitores com um viés mais prático. Esses, a partir do contato direto que mantém com os
alunos do ensino médio afirmam que, de fato, o PJ promove a desmistificação da prática
política como algo enfadonho e desinteressante. Um dos monitores ao comentar o que
significava política para ele afirmou
...eu acho que foi muito bacana, no sentido em que você desmistifica,
principalmente com os meninos [alunos do ensino médio], aquela visão de que...
Ah! política é chata! Ah! Política não serve para nada e não influencia! Política é
só corrupção..., você desmistifica muito isso, com os alunos.(Entrevistado G)
Quanto às visitas orientadas que fazem parte da programação do PJ, um aspecto a destacar é
que apesar da preocupação constante em desconstruir a imagem negativa da instituição
continuamente veiculada pela mídia, isto não é feito por meio da criação de uma imagem
distorcida, uma versão “melhorada” dos deputados e da instituição em si. Durante as visitas, a
realidade institucional é mostrada tal como se de fato, deixando-se aos participantes a
liberdade de tirarem suas próprias conclusões a partir do que ouvem contraposto ao que vêem,
conforme comprova a fala da coordenadora do PJ na ALMG:
Então a visita é importante também para isto. Às vezes serve para piorar a
imagem que eles têm. Muitas vezes eles não gostam, eles criticam o que em.
Porque muitos vêm com uma idéia pré-concebida. Então, quando eles vêm e
pegam o plenário vazio, por exemplo, ou um deputado falando e outro
conversando, eles têm uma crítica imensa em relação a isto.Eles não gostam,
acham um absurdo. E eu digo: gente, mas é o Parlamento que nós temos! Eu vou
falar com eles: olha, fiquem bonitinhos porque os meninos estão aqui? Não. E se
formos observar, não é muito diferente do que acontece em sala de aula não, que
o professor tá falando e o aluno ta lá... sabe. “Ah! Mas eles ganham muito bem!”
eu digo: então troca! [...] nós temos deputados de todo tipo. [...] Então a gente
tem descoberto pessoas muito bacanas aqui. E tem parlamentares que a gente
fala assim:” Mas será que as pessoas não enxergam?”(Entrevistada J)
Dessa mesma fala, nota-se também que são veiculadas informações para a participação no
sistema democrático e na escolha de representantes, principalmente no tocante à relação de
responsabilidade, compromisso e controle que o cidadão pode e deve manter com os
deputados estaduais. A frase “Ah! Mas eles ganham muito bem!” eu digo: então troca!,
por exemplo, pode conduzir os alunos a refletirem acerca do seu dever de controlar e
fiscalizar a atuação dos deputados, bem como do seu direito de não reeleger, ou até mesmo de
requerer o afastamento daqueles representantes que o demonstrem cumprir seu papel
adequadamente.
140
Nota-se que um dos objetivos com a realização das visitas orientadas durante o PJ é, de fato, o
de disseminar e veicular informações para a participação no governo da sociedade e defesa
dos direitos de cidadania, especialmente no concernente às formas e mecanismos de
participação, deliberação e controle popular no governo da sociedade, com vistas a fomentar a
apropriação do espaço público conforme se percebe a partir da seguinte colocação da
coordenadora do projeto na ALMG:
É importante que eles vejam o espaço público. Porque saber: Ah! Um projeto de
lei, a tramitação de um projeto de lei, um seminário, eles acontecem em que
espaço dentro da ALMG? Então eles perceberem que eles podem se apoderar
deste espaço é muito importante!”Ah gente, então é aqui?! Que engraçado, isto é
muito fácil!” E eles comentam isso muito. “A Assembléia está sempre aberta?”
Tá, aberta!... Esse se apropriar do espaço público é importante. (Entrevistada
J)
Nesta mesma linha, a oficina do GPI, que faz parte das atividades direcionadas
exclusivamente aos monitores, também veicula informações que permitem aos participantes
conhecerem os espaços de participação popular dentro da ALMG.
E tem a oficina da GPI que é o órgão da Assembléia que faz e organiza os
seminários legislativos. [...] fazem esta oficina para mostrarem como é o trabalho
deles. Para a gente ter uma idéia também, porque como nós vamos fazer um
seminário, a gente tem que saber não o que ele possibilita, mas também como
ele é feito, como ele é organizado. (Entrevistado I)
Por meio do seguinte depoimento de um dos monitores, constatamos a preocupação em se
disseminar, junto aos alunos do ensino médio, informações para a participação política,
participação no governo da sociedade e defesa dos direitos de cidadania, especialmente
quanto ao dever e importância da participação:
Na discussão e ao repassar nas escolas os conteúdos de expressão corporal,
cidadania, participação e democracia, eu, [...] parti do pressuposto de que para
você entender a participação política, você deve entender em que contexto ela
está dada. eu fui muito no sentido de questioná-los sobre como que as coisas
estão colocadas hoje. E então, eu fiz um trabalho de discussão com eles, abrindo
o debate. [...] Por exemplo, sobre eleições no Brasil, a questão da virtude cívica.
Como é que a gente participa efetivamente? Será que a gente gosta de discutir
política, de falar o que faz, o que é..., ou será que a gente, além de falar disso,
participa também? Se propõe a assumir responsabilidades para alterar isso. Foi
procurando neste sentido de fazer com que eles percebessem que é muito fácil
você se dizer questionador e questionar, de fato. Mas é outra história é outra
direção você questionar e encaminhar uma ação política de fato. (Entrevistado G)
141
Por fim, de forma geral parece haver um consenso de que o PJ constitui uma fonte de
informação para o exercício da dimensão política da cidadania na medida em que dá a
conhecer a estrutura e funcionamento da ALMG, além de indicar formas de inserção e
participação dos cidadãos nos espaços oferecidos pela instituição. A esse respeito,
selecionamos um trecho de uma das entrevistas que reflete um sentimento que, de uma forma
ou de outra, mostrou-se recorrente nas falas de quase todos os professores do ensino médio:
acho que as expectativas da escola eram de educar mesmo nesse sentido, de
disseminar essa informação que muita das vezes é tachada como chata,
desinteressante, complicada, intocável talvez, inatingível talvez. “Ah! Eles lá, a
gente não tem como interferir, não tem como agir, não tem aonde nem como
recorrer...”. E um projeto como esse vem para mostrar que existe sim como
recorrer, participar, como influenciar ané, uma vez que abriu a Assembléia e
foi muito bacana esse aspecto, a casa foi aberta, o colégio do Legislativo também,
eles fizeram até um tour para conhecer todos os ambientes. Estiveram no
plenário, no plenarinho... e foi explicado nos mínimos detalhes como que tudo
funciona. E na plenária final eles ocuparam os lugares dos deputados, dos
parlamentares e de todos os políticos da forma clássica e participaram como se
fossem membros mesmo [...] e uma vez que o PJ existe com esse intuito ele
mais liberdade e encoraja mais os jovens para chegarem e exporem suas idéias e
influenciar né, interferir [...] E algo interessante e acho que lhes estimulou a
participar foi o de passar o poder de que vopode, você é um cidadão, está aí
na sua mão, vamos mudar, vamos criar, é para você, etc., (Entrevistado E)
Ainda no sentido de avaliar de que modo o programa “Educação para a Cidadania”, por meio
do projeto denominado Parlamento Jovem, constitui uma fonte de informação para o exercício
da dimensão política da cidadania, procuramos apontar os conteúdos presentes na fala dos
alunos do ensino médio que compuseram nosso grupo experimental, a fim de contrapô-las aos
argumentos e opiniões dos alunos do grupo de controle e aos depoimentos dos coordenadores
do PJ, dos monitores e professores do ensino médio apresentados até aqui.
Percebemos assim, que embora haja sinais claros de que o PJ veicula e dissemina informações
para a participação no governo da sociedade e defesa dos direitos de cidadania, o conteúdo
dessa classe de informações o está plenamente coberto pelo projeto. Como exemplo, por
meio das tabelas 15, 16 e 17 comparamos as respostas obtidas dos alunos do grupo
experimental e do grupo de controle acerca da Comissão de Participação Popular. Para tal
comparação, partimos do princípio de que, uma vez que tal comissão constitui parte
importante no processo do PJ, seria esperado que ao rmino do evento os alunos do ensino
médio participantes estivessem munidos com informações relevantes acerca do seu
funcionamento e formas de acesso por parte do cidadão.
142
Tabela 15 – Conhecimentos gerais acerca da Comissão de Participação Popular
Grupo
Experimental
Grupo de
Contole
Você já ouviu falar na comissão de participação popular?
% %
Sim 34 72,3 19 40,4
Não 13 27,7 27 57,4
Não Respondeu 0 0 1 2,1
Total de alunos 47 100 47 100
O que se evidencia a partir da tabela 15 é que os alunos do grupo experimental estão
relativamente mais informados acerca de uma das formas de participação política disponíveis
na ALMG que é a CPP, uma vez que, enquanto 72,3% deles disseram ter ouvido falar da
Comissão de Participação Popular, 57.4% dos alunos do grupo de controle afirmaram nunca
terem ouvido nada a respeito.
Não é possível afirmar que, dentre os alunos participantes que ouviram falar da Comissão,
todos o ouviram por meio do PJ, mas é uma possibilidade que a maioria tenha tomado
conhecimento por esta via e, neste caso, o indicativo é de que as informações disseminadas e
veiculadas pelo PJ favorecem a tomada de consciência sobre a existência de um dos
mecanismos de participação popular da ALMG – a CPP – por parte dos alunos participantes.
No entanto, a expectativa de que os alunos do grupo experimental fossem munidos com
informações relevantes acerca do funcionamento e formas de acesso àquela comissão não foi
plenamente satisfeita. Ao que tudo indica, a Comissão de Participação Popular é
apresentada superficialmente aos alunos do ensino médio durante o PJ. As informações sobre
as formas e mecanismos de participação, deliberação e controle popular no governo da
sociedade que ela oferece e possibilita à sociedade civil organizada e aos cidadãos de maneira
geral quase não são disseminadas ou veiculadas.
Tal interpretação decorre da observação das respostas dadas pelos alunos dos dois grupos
quando inquiridos acerca das competências da Comissão de Participação Popular. A pergunta
era de múltipla escolha, por esta razão um mesmo aluno podia indicar mais de uma
resposta.Vejamos o que a tabela 16 acrescenta nesse sentido:
143
Tabela 16 – Informações acerca das competências da Comissão de Participação Popular da
ALMG
Já ouviu falar na Comissão de Participação Popular
Grupo Experimental Grupo de Controle
O que compete a Comissão
23
Sim
não
Não
respondeu Total
Sim
Não
não
respondeu Total
Analisar sugestões para
aprimoramento dos trabalhos
legislativos
15
0 0 15
10
3 0 13
Elaborar leis de interesse da
sociedade mineira
22
2 0 24
8
2 0 10
Receber e encaminhar propostas
de ação legislativa
22
1 0 23
9
2 0 11
Promover estudos, pesquisas e
debates sobre assunto de interesse
geral
14
2 0 16
8
1 0 9
Acompanhar o andamento de
uma proposta de ação legislativa
sugerida pela sociedade
28
2 0 30
10
1 0 11
Aprovar leis aplicáveis ao estado de
Minas Gerais
10
0 0 10
6
2 0 8
Realizar consulta pública sobre
assunto de interesse da sociedade
mineira
16
1 0 17
6
0 0 6
Não sei
2
7 0 9
4
23 0 27
Total de respostas
129
15 0 144
61
34 0 95
Não respondeu
0
4 0 4
0
1 1 2
No grupo experimental, das 129 respostas dadas pelos alunos que afirmaram ter ouvido falar
da Comissão de Participação Popular para indicar as suas atribuições, 32 (24,8%) se referiam
a tarefas que não são de sua competência, quais sejam: elaborar leis de interesse da sociedade
mineira e aprovar leis aplicáveis ao estado de Minas Gerais. Também foi significativo que 2
(dois) alunos dos 34 que afirmaram conhecer a CPP no grupo tenham dito não saber quais são
as suas competências.
entre os alunos do grupo de controle que também ouviram falar da Comissão, das 61
respostas dadas para apontar suas incumbências, 14 (22,9%) atribuíam-lhe tarefas queo lhe
competem. Por outro lado, 4 (quatro) alunos dos 19 que tinham ouvido falar da Comissão
assumiram que não sabiam o que competia a ela.
O que se apreende desses dados é que, embora o grupo experimental tenham saído um pouco
mais informado acerca da CPP em relação ao grupo de controle, o nível de informações
23
As atividades negritadas na tabela são as que competem à CPP. Para mais detalhes sobre as competências das
Comissão, Cf. a página 83 do capítulo 4..
144
veiculadas durante o PJ ainda foi pequeno a esse respeito. Isto é especialmente demonstrado
quando comparamos as porcentagens das respostas incorretas acerca das incumbências da
comissão que foram muito próximas nos dois grupos.
Vamos agora analisar as resposta dadas acerca das condições de acesso à CPP para
apresentação de propostas de ação legislativa.
Tabela 17 Informações acerca das formas de participação popular na ALMG por meio da
Comissão de Participação Popular
Já ouviu falar na Comissão de Participação Popular
Grupo Experimental Grupo de Controle
Quem pode apresentar proposta
de ação legislativa à Comissão de
Participação Popular
24
Sim
não
Não
respondeu Total
Sim
Não
não
respondeu Total
Os deputados estaduais
13
6 0 19
4
6 0 10
Qualquer partido político
11
3 0 14
2
4 0 6
Qualquer cidadão
28
2 0 30
8
9 0 17
ONG´s, sindicatos, associações
profissionais e comunitárias
25
3 0 28
8
9 0 17
Não sei
3
3 0 6
6
13 0 19
Total de respostas
80
17 0 97
28
41 0 69
Não respondeu
0
2 0 2
1
1 1 3
Por meio da tabela 17 observamos que das 80 respostas dadas pelos alunos do grupo
experimental para indicar quem pode apresentar proposta de ação legislativa à CPP, 52 (65%)
estão incorretas que somente as entidades associativas legalmente constituídas m essa
prerrogativa, excluindo-se os partidos políticos que estejam representados na ALMG.
Por outro lado, o que qualquer cidadão pode apresentar à CPP o as sugestões de
aprimoramento dos trabalhos legislativos e não propostas de ação legislativa. Também cabe
salientar que 3 (três) alunos admitiram que não sabiam responder a questão.
Por sua vez, no grupo de controle, das 28 respostas dadas à questão (observe-se que o volume
de respostas foi bem menor em relação ao do grupo experimental), 14 (50%) estão incorretas.
Além disso, 7 alunos assumiram que não sabiam ou não responderam a questão.
Conclui-se, portanto, que neste ponto o grupo experimental está visivelmente mais
esclarecido, todavia, cabe sublinhar que 65% é um índice bastante elevado em termos de
24
A opção correta foi negritada na tabela. Para mais detalhes acerca das condições de acesso à CPP, Cf. página
83 do capítulo 4
145
respostas incorretas nesse grupo, especialmente se levarmos em consideração que tal
comissão constitui um dos mecanismos de participação popular na ALMG que tem maior
vínculo com as atividades desenvolvidas pelo PJ.
Por esta razão, ainda que os motivos para a elevada porcentagem de respostas incorretas possa
não estar necessariamente ligado a falta de informação, sinalizamos para a conveniência de
que se avalie a pertinência de se fazer circular um volume maior de informações acerca da
CPP entre os alunos do PJ.
Noutro sentido, procuramos também verificar junto aos dois grupos qual era o nível de
conhecimento e contato que esses possuíam com as Constituições Federal e Estadual ao
analisarmos as respostas à questão “Você já leu ou consultou a Constituição?”.
Assim, a partir da tabela 18, concluímos que a porcentagem de alunos do grupo experimental
que nunca leram ou consultaram nenhuma das Constituições (59,6%), apesar de ser
consideravelmente menor comparada ao percentual dos alunos do grupo de controle que
também nunca o fizeram (78,7%), ainda constitui um índice bastante elevado. Tal afirmação
suporta-se no princípio de que nas Constituições estão plasmados os direitos e deveres de
cidadania e que o conhecimento de seu conteúdo é condição fundamental para que qualquer
cidadão conheça bem tais direitos e deveres.
Neste sentido é que consideramos elevado o número de alunos do grupo experimental que
nunca leram ou consultaram as Constituições, tendo-se em conta que esses discutiram o tema
“educação” durante o PJ/2007, sendo esta uma ocasião oportuna para que fossem incentivados
a consultar, pelo menos, o que a Constituição Mineira diz sobre o assunto.
Tabela 18 – Você já leu ou consultou a Constituição?
GRUPO EXPERIMENTAL GRUPO DE CONTROLE
Nº de alunos % Nº de alunos %
Sim 18 38,3 7 14,9
Não 28 59,6 37 78,7
Não respondeu 1 2,1 3 6,4
TOTAL 47 100,0 47 100,0
Uma outra questão dirigida aos alunos dos dois grupos procurou identificar o grau de
informações que possuíam acerca do papel de cada um dos deputados estatuais e do tipo de
146
relação que o cidadão deve, ou não, estabelecer com os mesmos. Para a análise, dividimos as
respostas nas duas tabelas apresentadas a seguir:
Tabela 19 – Conhecimento acerca do papel dos deputados estaduais
Grupo
Experimental
Grupo de
Contole
Competências de um deputado estadual
Nº de
resposta
% Nº de
resposta
%
Conseguir emprego para alguém da família de um de seus eleitores 3 2,7 2 2,2
Obter bolsa de estudo em uma universidade particular para um
grupo de alunos carentes
21 19 12 13,4
Se posicionar a favor de um projeto de lei em tramitação 29 26,3 13 14,6
Elaborar projetos de lei 25 22,7 24 26,9
Realizar obras nos bairros de seus eleitores (ex.: água, luz, esgoto,
pontes, praças, escolas, etc.)
22 20 26 29,2
Todas as opções anteriores 4 3,6 1 1,12
Nenhuma das opções anteriores 3 2,7 10 11,2
Total de respostas 110 100 89 100
Não respondeu* 3 2,7 1 1,12
*Um dos alunos do grupo experimental que não respondeu justificou-se dizendo que o sabia qual é o papel do
deputado estadual.
A partir dessa tabela é possível notar que dentre as 110 respostas dadas pelos alunos do grupo
experimental, as corretas, nomeadamente, aquelas que atribuíram aos deputado o papel e a
prerrogativa de se posicionar a favor de um projeto de lei em tramitação (26,3%) e as que
conferem a ele a função de elaborar projetos de lei (22,7%), equivalem juntas a 49% das
respostas. as respostas incorretas, que incluem todas as demais, com exeção dos casos em
que não houve resposta, equivalem a 48,3% das 110 respostas. 3 alunos o responderam a
esta questão (2,7% das respostas), sendo que um deles justificou-se dizendo que não sabia
qual era o papel do deputado estadual.
Por sua vez, entre os alunos do grupo de controle, das 89 respostas dadas, apenas 37 (41,5%)
foram corretas, e 51 (57,38%) foram incorretas. Apenas 1 aluno não respondeu a questão
(1,12% das respostas).
Quanto às opções disponíveis como resposta correta, é lido comparar que apenas 13 alunos
do grupo de controle marcaram a primeira opção (se posicionar a favor de um projeto de lei
em tramitação) contra 29 alunos do grupo experimental. Por seu turno, 24 alunos do grupo de
controle marcaram a segunda opção correta (elaborar projeto de lei), contra 25 do grupo
experimental.
147
Conclui-se, portanto, que apesar de o grupo experimental apresentar um índice
comparativamente maior de respostas corretas em relação ao grupo de controle, também
apresentou percentuais bastante elevados de respostas incorretas. Tal dado é ainda mais
preocupante tendo-se em conta que esses alunos estiveram durante um período considerável
em contato direto com a instituição. Essa constatação pode estar a indicar uma necessidade,
dentre outras, de maior esclarecimento e informação dos alunos participantes acerca do papel
dos deputados estaduais.
Por outro lado e da mesma forma, também foi alarmante observar as respostas dadas pelos
dois grupos e que se encontram ilustradas na tabela 20, acerca do que consideram poder exigir
de seus representantes eleitos.
Tabela 20 – Relações que o cidadão deve ou não manter com os representantes eleitos
Grupo
Experimental
Grupo de
Contole
Se seu deputado estadual for eleito, que tipo de reivindicações
você pode fazer ao se dirigir a ele?
Nº de
respostas
% Nº de
respostas
%
Reivindicar que estes
consigam emprego para
alguém da família
3 3,8 2 3,9 Respostas que apontam para relações
de tutela, favor e clientelismo
Reivindicar que estes
obtenham bolsa de estudo
em uma universidade
particular para um grupo
de alunos carentes.
21 26,9 12 23,5
Subtotal 24 30,7 14 27,4
Reivindicar que se
posicionem a favor de um
projeto de lei em
tramitação
29 37,1 13
25,5
Respostas que apontam para relações
de responsabilidade e respeito pelo
que é de interesse público e de
controle e fiscalização dos atos dos
agentes políticos
Reivindicar que elaborem
projetos de lei
25 32 24 47
Subtotal 54 69,2 37 72,5
Total de respostas 78 100 51 100
Apesar de a maioria das respostas dadas pelo grupo experimental ter apontado para relações
de responsabilidade e respeito pelo que é de interesse público e de controle e fiscalização dos
atos dos agentes políticos (69,2% das respostas), o total de respostas dos alunos do grupo de
controle nesta mesma direção foi maior, atingindo a marca de 72,5%. Por outro lado, o total
de respostas dadas pelos alunos do grupo experimental que apontam para relações de tutela,
148
favor e clientelismo foi bastante elevado (30,7%), superando inclusive as respostas dadas no
mesmo sentido pelos alunos do grupo de controle (27,4%).
Destaque-se, pela respectiva gravidade, que tais dados merecem análises futuras, a fim de se
identificar as causas para o tipo de respostas dadas pelo grupo experimental, tendo-se em
conta os objetivos a que se propõe o projeto Parlamento Jovem, por um lado, e o tempo que
os alunos do grupo experimental permanecem envolvidos e participando de palestras e
oficinas na ALMG e sobre a ALMG por outro.
Ainda acerca da Assembléia Legislativa, procuramos sondar qual era o nível de
esclarecimento dos alunos dos dois grupos sobre o Poder ao qual ela pertence e percebemos
que no grupo experimental os alunos estavam mais esclarecidos neste aspecto, que 89%
responderam corretamente que a instituição pertence ao Poder Legislativo contra 74% do
grupo de controle que deram a mesma resposta.
Por outro lado, enquanto apenas 10,6 % dos alunos participantes do PJ não sabiam, não
responderem ou responderam incorretamente a questão, 25% dos alunos não participantes se
colocaram na mesma condição, conforme demonstra a tabela a seguir:
Tabela 21 – A qual Poder pertence a Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais
Grupo Experimental
Grupo de Controle
A ALMG pertence ao poder:
% %
Executivo 0 0 1 2,1
Legislativo 42 89,4 35 74,5
Judiciário 1 2,1 1 2,1
Não sei* 1 2,1 1 2,1
não respondeu 3 6,4 9 19,1
Total 47 100,0 47 100,0
Total de alunos que não sabiam, não
responderam ou responderam
incorretamente.
5 10,6 12 25,5
*O aluno do grupo de controle afirmou que não sabia o que é ALMG.
Também procuramos saber se durante o contato com a ALMG os alunos passaram a conhecer
melhor os representantes políticos nela atuantes naquele período. Duas perguntas foram feitas
neste sentido e estão ilustradas nas tabelas 21 e 22.
149
Tabela 22 – Qual é o nome do atual presidente da Assembléia Legislativa do Minas Gerais?
Grupo Experimental Grupo de Controle
Nome do atual presidente da ALMG
% %
não respondeu 20 42,6 27 57,4
Alberto Pinto Coelho 9 19,1 2 4,3
outros nomes* 0 0 2 4,2
não sabia 9 19,1 15 31,9
não se lembrava 9 19,1 1 2,1
Total 47 100,0 47 100,0
Tabela 23 – Qual é o partido do atual Presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais?
Grupo Experimental Grupo de Controle
Partido do atual presidente da ALMG
% %
Valid Não respondeu
11
23,4
23
48,9
PP 4
8,5
2
4,3
Outros partidos
16
34,0
3
6,4
Não sabia
16
34,0
19
40,4
Total
47
100,0
47
100,0
O que se nota é que uma das personalidades de maior destaque na Assembléia Legislativa não
se tornou uma figura bastante conhecida pelos participantes do PJ. Apesar de a porcentagem
de alunos do grupo experimental que souberam dizer o nome (19,1%) e o partido (8,5%) do
atual presidente da Assembléia, ser maior em relação à dos alunos do grupo de controle que
também sabiam o nome (4,3%) e o partido (4,3%), a maior parte do grupo não soube
responder a essas questões.
Cabe esclarecer que quando aplicamos o pré-teste, alguns alunos do grupo experimental o
sabiam responder a questão e ao aplicarmos o questionário definitivo, eles admitiram que
haviam feito uma pesquisa e que naquele momento sabiam informar tanto o nome quanto o
partido do atual presidente da ALMG. Portanto, a informação não decorreu de sua
participação no PJ mas de outras variáveis.
Procurarmos também identificar os sentimentos e impressões de ambos os grupos acerca da
instituição ao pedirmos que citassem três palavras das quais se lembravam quando se falava
em ALMG. Como as respostas e palavras foram muito variadas, agrupamo-las em blocos,
conforme se vê no Quadro 5.
150
Quadro 5 Palavras das quais se lembra quando se fala em Assembléia Legislativa do Estado de Minas
Gerais
1. Elementos físicos, estruturais e humanos da instituição
Poder, Legislador, Deputados, Vereadores, Parlamentares, Parlamento, Câmara/Câmara legislativa, Comissões,
plenária, Políticos, Deputado André Quintão, Av. Andradas, Bairro Santo Agostinho, Minas Gerais, Belo
Horizonte, Cadeiras legais, Espaço, Escola do legislativo, minha mãe trabalha lá
2. Dinâmica do Parlamento Jovem e/ou da instituição*
Ação, elaboração e aprovação de leis/Legislação, Debates, Defesas, Direito de voz, Discursos, Discussão,
Idéias/idéias novas/opiniões/ideais, escolha de propostas, Progresso, Proibições, normas, Projetos, Analisar,
Destaque, Esclarecimento, Participação, Parlamento Jovem, Pão de queijo, Relacionamento, Trabalho,
Organização, propostas/propor/sugestões, Reuniões, Reivindicação, Tramitação, votação, Votos, Liberação de
verba
3. Aspectos negativos relativos à instituição e aos agentes políticos
Ladrão, Falsidade, Mordomias, Opinião errada, Safado, Salários altos dos deputados, Baixos salários para a
população, Vagabundo , Burocracia/Demora, Promessas
4. Aspectos positivos relativos à instituição e aos agentes políticos
Honesto, Seriedade, Compromisso, Responsabilidade, Melhoria, Mudança, oportunidade, Ajuda, Algumas
soluções, aprimoramento, inclusão, Promover, Resultados/acontecer
5. Aspectos ligados ao Estado e à política de forma ampla
Cidadania, democracia, prefeitos, Constituição, Direito, Eleição, Estado, Povo, Público, Sociedade, Justiça,
Governo
6. Não respondeu
7. Não sabe
*No caso dos alunos do grupo de controle, as palavras referiam-se à instituição e não ao PJ, que estes não
participaram do evento. Todavia, como algumas palavras eram aplicáveis tanto à instituição quanto ao PJ,optou-
se por agrupá-las num único bloco.
À primeira vista o termo “pão de queijo” constante do bloco 2 pode parecer estranho, todavia,
este apareceu mais de uma vez nas respostas dos alunos participantes, numa clara alusão ao
momento que se seguia a todas as atividades e oficinas realizadas na ALMG ou na PUC,
quando todos recebiam um lanche que consistia num pão de queijo e um suco.
Tabela 24 – Palavras das quais se lembra quando se fala em Assembléia Legislativa do Estado de
Minas Gerais
Grupo
Experimental
Grupo de
Controle
Bloco de Palavras
% %
Relacionadas com os elementos físicos, estruturais e humanos da
instituição
23 30,6 13 18,5
Relacionadas com a dinâmica do Parlamento Jovem e/ou da instituição*
26 34,6 28 40
Relacionadas com os aspectos negativos relativos à instituição e aos
agentes políticos
6 8 5 7,1
Relacionadas com os aspectos positivos relativos à instituição e aos
agentes políticos
6 8 6 8,5
Relacionadas com o Estado e à política de forma ampla 9 12 5 7,1
Não citou nenhuma 0 0 2 2,8
Não respondeu 5 6,6 11 15,7
Total 75 100 70 100
A partir das respostas notamos que, estatisticamente, a maioria dos alunos de ambos os grupos
se recorda de aspectos relacionados à dinâmica da instituição (ou do Parlamento Jovem no
151
caso dos alunos do grupo experimental) quando se fala em ALMG, sendo que no grupo
experimental, a porcentagem foi de 34,6% enquanto no de controle, foi de 40%. Mas é
interessante notar que, como já era de se esperar, enquanto 30,6% dos alunos do grupo
experimental se recordam dos elementos físicos, estruturais e humanos da instituição, apenas
18,5% têm a mesma atitude no grupo de controle. O que pode ser um indicador de que o PJ
cumpre bem a tarefa de aproximar e tornar o espaço físico e as instalações da instituição
conhecidas pelos alunos participantes.
Também foi bastante elucidativo que 15,7% dos alunos do grupo de controle não tenham
respondido a esta questão contra apenas 6,6% dos alunos do grupo experimental e que 2,8%
do grupo de controle não tenham citado nenhuma palavra, o que pode indicar que esses não
possuem nenhuma lembrança ou conhecimento acerca da ALMG. Por fim, no que se refere às
palavras relacionadas com os aspectos positivos ou negativos relativos à instituição e aos
agentes políticos, as percentagens em ambos os grupos foram bem próximas.
Esse conjunto de dados nos leva a inferir que o PJ contribui para uma maior aproximação e
aquisição de conhecimentos práticos acerca da instituição por parte dos alunos que dele
participam, o que não impede que alguns desses alunos permaneçam com opiniões negativas
acerca da instituição demonstrando que, em última instância, cabe aos participantes se
apropriarem, avaliarem e decidirem acerca das informações disseminadas e veiculadas pelo
projeto.
Finalmente, na tentativa de verificar o conhecimento dos alunos de ambos os grupos acerca
dos deveres e direitos políticos do cidadão e das formas de participação política, foram
apresentadas algumas opções para que selecionassem aquelas que consideravam exemplos de
direitos e/ou deveres políticos do cidadão. As respostas são apresentadas a seguir:
Tabela 25 O que os alunos do grupo experimental e do grupo de controle consideram como
direitos e/ou deveres políticos
Grupo
experimental
Grupo de
Controle
Opções
% %
Candidatar-se a eleições, ser votado e votar 14 12,5 16 12,5
Defender uma idéia e propor alternativas 12 10,7 22 17,1
Acompanhar, avaliar e questionar a atuação dos representantes eleitos,
mesmo que não se tenha votado neles
16 13,2 25 19,5
Exercer uma função pública 7 6,2 11 8,5
152
Participar de uma associação de bairro ou grêmio estudantil 13 11,6 16 12,5
Fazer ou assinar abaixo-assinados 11 9,8 13 10,1
Participar em reuniões do Orçamento Participativo 10 8,9 11 8,5
Todas as alternativas anteriores 28 25 14 10,9
Não respondeu 1 0,8 0 0
Total 112 100 128 100
Foi interessante perceber que 25% dos alunos do grupo experimental, acertadamente,
consideram todas as opções como direito/dever político, enquanto apenas 10,9% do grupo de
controle são da mesma opinião.
Esta diferença entre os dois grupos não resulta apenas da participação e acesso às informações
disponibilizadas e veiculadas pelo PJ, mas pode-se inferir que esse exerce alguma influência
na consolidação de conhecimentos em torno dos direitos e deveres políticos dos cidadãos.
Um aspecto a ser destacado foi o fato de que vários alunos se dispuseram a participar do PJ
não para adquirir conhecimentos e informações sobre a ALMG e o Poder Legislativo, sobre
cidadania, democracia e política ou sobre como exercer a dimensão política da cidadania.
Muitos deles foram motivados pela curiosidade ou pelo caráter de novidade do PJ, ou ainda
pela oportunidade de socialização.
Todavia, ao serem convidados a citar um novo conhecimento ou informação que gostaram de
adquirir, quase metade mencionou aspectos relacionados à ALMG, cidadania, democracia,
política e dimensão política de cidadania (Vide Anexo 10). Como exemplo, um dos alunos do
Colégio Estadual Central que afirmara ter se disposto a participar do PJ para adquirir novos
conhecimentos e conhecer novas pessoas citou que o novo conhecimento ou informação que
gostou de adquirir foi sobre Participação política. Antes do PJ não sabia ao menos que
poderia exercer”.
Passemos então a alguns dados que nos permitirão empreender uma breve problematização
em torno da relação entre o acesso à informação disponibilizada pelo PJ e o exercício da
dimensão política de cidadania por parte dos alunos participantes. Esclarecemos, porém, que
em virtude do tempo que nos impunha nosso cronograma de trabalho, não nos foi possível
realizar uma análise mais aprofundada a esse respeito. Lançamos apenas algumas luzes em
volta da questão de forma que esta possa ser retomada adiante, em outros estudos.
153
A partir dos depoimentos dos professores do ensino médio, monitores da PUC e
coordenadores do PJ foi possível identificar alguns atos e ações relacionados à dimensão
política da cidadania e que foram empreendidos por alunos do ensino médio sob a influência
ou em decorrência das informações disseminadas e veiculadas no PJ. Dentre esses destacamos
os seguintes:
Quanto aos alunos do ensino médio, todos os monitores mencionaram uma mudança de
opinião ou de postura em relação à ALMG, aos deputados ou à política de forma geral.
Destacamos breves trechos das falas de dois deles:
...no começo os meninos falavam da participação popular, da Assembléia e
tinham um pouco aquela idéia de que... Ah! Deputado não trabalha, é tudo
safado... Aí, mais para o final, à medida que a gente foi estudando como que se
o trabalho na Assembléia de fato, como é organizado, como são geridas as
comissões, etc. no final você percebia, não sei se tolerância é a palavra correta...
acho que uma compreensão melhor dos mecanismos e o interesse de forma geral
por política fora. Cá fora mesmo. Aí eles começaram já a falar: Nossa! Nós temos
que criar um grêmio aqui na escola etc. e vai... Você vê os olhos deles até
brilhando sabe. (Entrevistado G)
Eu vi menino falar no começo que Nossa!Eu odeio política! Saiu do projeto e
aí você pergunta e... Ah! Eu continuo odiando, mas... esse negócio é muito
bacana sabe. Eu quero discutir mais esse negócio! (Entrevistado I)
A mesma impressão foi confirmada por vários professores do Ensino dio, como demonstra
a fala de um deles:
Uma [aluna] até falou: “puxa [professora], ser político trabalho, é difícil!”
Por que eles viram como é que é: discussão, propostas, se concorda, se não
concorda né... (Entrevistado C)
Um outro dado bastante relevante foi mencionado tanto pela coordenadora do PJ na ALMG
em uma das conversar informais que tivemos, quanto pelas coordenadoras na PUC. Trata-se
de uma clara demonstração de exercício da dimensão política de cidadania por parte dos
alunos de uma escola que participou de uma das edições do PJ anteriores à de 2007 e que foi
relatada nos seguintes termos:
...os alunos do Parlamento Jovem movimentaram uma escola toda e tiraram o
diretor. Eles começaram por fazer reuniões em pequenos grupos e depois fizeram
no recreio uma assembléia de denúncia e apontando que o papel do diretor era
esse, e tal... E como resultado do Parlamento, eles pegaram pela lei, pelos
direitos, pelo que estava contratado pelo Estado com a diretoria, qual que foi o
plano do diretor para ele entrar numa eleição e o que ele não tava cumprindo, a
ausência dele na escola... e eles pediram o impeachment do diretor. [...]E foi tão
154
bem argumentado e com a participação de todos os alunos da escola... eles
pararam! Pararam o recreio, foi maravilhoso! Recreio, os meninos com prato de
merenda ali comendo, assistindo, discutindo... [...] era uma escola da prefeitura.
(Entrevistada M)
Por outro lado, durante a observação não-participante foi possível notar que, tanto nos GT´s,
quanto na Sessão do Parlamento Jovem os alunos do ensino médio foram bastante críticos e
defenderam suas opiniões diante do grupo sem receios. Mesmo quando a maioria estava
contra. Tanto os alunos das escolas públicas quanto das particulares se manifestaram.
Também observamos que todos estavam bem à vontade e familiarizados com o ambiente
imponente do Plenário da ALMG e que, apesar de alguns terem transgredido algumas regras
ou terem demonstrado dúvidas acerca do ritual de um Seminário Legislativo, de uma forma
geral, todos estavam bem preparados para cumpri-lo, usando termos bem próprios do evento
como por exemplo o: “peço destaque”
25
.
Um dado a ser destacado é que nos GT´s, houve um grupo que se estendeu muito além do
horário em virtude da quantidade de participantes e de propostas. O mesmo aconteceu na
plenária final que acabou por durar cerca de 4 horas. E apesar disto, os alunos continuaram
defendendo suas posições e participando ativamente, mesmo com todo o sacrifício que o
exercício lhes exigia de ficar durante horas sem comer e com todo o cansaço decorrente do
esforço de defender, se opor, acatar ou não às propostas em debate.
Portanto, esses dois momentos do PJ (GT´s e Sessão do Parlamento Jovem), por si só, já
constituem uma forma de exercício da dimensão política de cidadania. Isto porque além dos
alunos serem levados a expor, defender e argumentar em favor de suas opções e posições, por
outro, tudo o que eles discutem tem um andamento posterior que se reflete, de alguma forma,
na sociedade mineira. No PJ/2007, por exemplo, várias das propostas constantes do
25
A Sessão do PJ cumpre as mesmas regras de um Seminário Legislativo, dentre as quais as seguintes: 1)
pode apresentar argumentos contra ou a favor de uma proposta os participantes que no início da sessão “pediram
destaque” para aquela proposta; 2) após aprovada a aglutinação, mudança, supressão, etc. de uma proposta, o
se pode recuar na decisão porque esta foi aprovada pela maioria do grupo; 3) toda proposta deve ter igual
número de intervenções a seu favor e contra ela. O que percebemos durante a Sessão do PJ/2007 (vide anexo 8)
foi que alguns alunos, apesar de terem pedido destaque, não souberam quando era o momento de apresentar sua
opinião ou posição acerca das propostas em discussão. Um exemplo disto se deu com as propostas 6 e 32 porque,
antes de serem discutidas, houve a sugestão e aprovação de aglutinação das mesmas. Quando um dos alunos se
apercebeu da aglutinação, tentou intervir para opinar sobre uma delas, mas já não era possível. Da mesma forma,
durante a discussão da proposta 15, como o despertou grande interesse nos alunos, vários pediram destaque e
apresentaram defesa, enquanto apenas um argumentou contra. A mesa foi obrigada a chamar a atenção para que
os alunos se organizassem e obedecessem o princípio da equidade.
155
documento final e encaminhadas a CPP foram aprovadas e todas as que foram aprovadas
receberam algum encaminhamento (Vide anexo 9). O mesmo aconteceu nos anos anteriores.
Por fim, e em acréscimo, também foram mencionados alguns fatos que comprovam que o
acesso às informações veiculadas no PJ contribuem para o exercício da dimensão política da
cidadania até mesmo por parte dos monitores da PUC. Alguns exemplos foram citados pelas
coordenadoras na ALMG e pelos próprios monitores, dentre os quais destacamos o seu
engajamento em alguma atividade política que antes criticavam e a opção por ingressar no
curso de Ciências Sociais:
coisas que vemos até em nossos alunos a questão, por exemplo, do preconceito
de alguns, por exemplo: Ah! No meu bairro tem o orçamento participativo mas é
uma bobagem! E agora ele envolvido, coordenando reuniões. (Entrevistada M)
O PJ teve uma grande influencia para que eu fizesse o curso de Ciências sociais.
(Entrevistado I)
Neste ponto cabe mencionar que foram citados vários exemplos de alunos do ensino dio
que, após participarem de uma das edições do PJ e em decorrência de tal participação,
optaram por fazer Ciências Sociais ou Direito.
6.2 Estrutura, organização, estratégias, táticas e mecanismos pedagógico-informacionais
presentes no Programa “Educação para a Cidadania”
Neste tópico procuramos responder minimamente
26
ao segundo dos dois problemas de
pesquisa que nos propusemos, quais sejam:
1) qual é a relação entre o acesso às informações disponibilizadas e veiculadas por
programas de educação para a cidadania desenvolvidos por órgão públicos e o exercício
da dimensão política de cidadania por parte dos cidadãos por eles contemplados?; e
2) De que modo tais programas podem se constituir como fontes de informação para o
exercício da dimensão política de cidadania?
26
Em virtude dos imperativos de tempo e de uma série de fatores alheios à nossa vontade surgidos no percurso
da análise dos dados, restringimo-nos apenas a alguns aspectos que achamos por bem destacar, ficando para um
outro momento um estudo mais acurado e aprofundado em torno dos dados por nós obtidos através das
entrevistas com os coordenadores, monitores e professores do ensino médio participantes do PJ/2007.
156
6.2.1 Estrutura e organização
A partir dos dados coletados foi possível identificar alguns aspectos relevantes no que tange à
estrutura e organização de programas de educação para a cidadania desenvolvidos por órgãos
públicos para que esses se constituam enquanto programas aptos a educar e informar para o
exercício da dimensão política da cidadania e para que busquem a excelência e a melhoria das
atividades empreendidas. Dentre tais aspectos, salientamos três:
1) A escolha ou a promoção de espaços para a realização das atividades pode contribuir e até
ampliar as possibilidades de se alcançar os objetivos traçados pelos programas. Como
exemplo, mencionamos dois casos citados por um professor do ensino médio e um monitor
participantes do PJ/2007:
No ônibus eles observavam [...], ouviam o bate papo dos outros alunos [...] e isso
foi muito enriquecedor para eles também. Perceberam que o jovem pode falar de
assuntos que são para adultos. Porque os alunos do Santo Antônio, às vezes,
porque têm uma família melhor estruturada, então conversam com seus pais e
familiares. [...] E os nossos alunos sentavam lá no fundo do ônibus (isso foi assim
desde o principio) e ficavam ouvindo as conversas calados, observando. E tudo
foi surtindo um efeito muito bom na cabecinha deles... (Entrevistada A)
no SEBRAI tinha uma pracinha e eu fui com eles para para quebrar a
monotonia de sala de aulas. Então, sempre que dá para fazer uma coisa diferente
eu tento fazer porque eu acho que eles aprendem muito mais. (Entrevistado I)
2) O estabelecimento de parcerias com instituições que tenham os mesmos objetivos ou
objetivos complementares aos do programa podem dar muito certo e contribuir efetivamente
para que se alcance patamares muito bons no desenvolvimento das atividades propostas,
desde que tais instituições tenham uma estrutura flexível e adequada aos propósitos de se
educar para a cidadania. Neste aspecto, a decisão de se estabelecer uma parceria entre a PUC
e a ALMG demonstra-se acertada mediante os depoimentos dos monitores e dos
coordenadores do PJ numa e noutra instituição:
Na minha opinião, a parceria entre a PUC e a Assembléia foi positiva por
favorecer [...] um espaço a mais de participação popular. Acho que poderia ser
da PUC com quem fosse que seria bom. Se fosse para favorecer a participação
popular de fato, seria ótimo, independente de quem fosse. (Entrevistado G)
...é algo muito positivo e que todo o curso precisa ter e foi algo muito arrojado
pois foi logo no inicio do curso que eles jogaram essa possibilidade desse
projeto e ele esta ai sólido [...] faz uma propaganda do curso, mostra serviço para
o curso. E a Assembléia também [...] ganha nesse quesito de participação popular
157
e ainda mais com relação a juventude né, que eu acho que pode ser uma canal
que você pode mudar a visão de uma sociedade através dessa categoria, em
especial, a juventude. Então é um ganho para ambos os lados e acredito que a
parceria tem funcionado bem.(Entrevistado H)
Quanto à parceria ALMG/PUC, olha, eu adoro! [...] É muito bom porque você
que é mesmo uma parceria. Se tem alguma dificuldade aqui eu coloco para elas e
com elas é a mesma coisa. È sempre um grupo procurando facilitar o trabalho do
outro. (Entrevistada J)
...é uma ótima parceria[...] E a Assembléia tem um corpo de funcionários muito
bom, principalmente os da escola do legislativo que também têm essa visão de
formação, visão pedagógica que é muito legal. E além disso tudo, a Assembléia
tem a Comissão de Participação Popular que é o nosso canal de interlocução,
para o encaminhamento das propostas, para que o trabalho dos meninos não caia
no vazio... então, essa parceria de ponta na execução que é o Curso de Ciências
Sociais de um lado, a Escola do Legislativo do outro, intermediada para entrada
das proposições para tramitação pela Comissão de Participação Popular, para o
objetivo do projeto é perfeito. Na própria Assembléia o projeto também é muito
bem quisto porque ele acaba por dar vida à Assembléia [...] encher uma plenária
de jovens é um desafio e de certa forma uma esperança de termos cidadãos mais
capacitados nisso para estarem acompanhando a condução das questões políticas
de importância para a sociedade de forma geral. (Entrevistada L)
A Assembléia, para além da questão do objetivo em comum, ela tem uma
estrutura muito boa para trabalhar, os profissionais estão dedicados ao projeto.
(Entrevistada M)
3) O tempo de duração e a variedade de atividades são componentes fundamentais para que o
processo de (in)formação se consolide. Neste quesito, o PJ mostrou-se bem estruturado, uma
vez que procura incluir diversas componentes de formação e informação num período de mais
de seis meses, que cada edição inicia-se com a formação dos monitores e culmina com a
Sessão do Parlamento Jovem. Como conseqüência, o que observamos ao final do evento,
tanto nos GT´s quanto na Sessão do Parlamento Jovem/2007 foi um elevado nível de
engajamento e participação dos alunos. Isto também foi salientado na fala de um dos
monitores:
Eu acho que isto tudo é conseqüência do processo. Não nas oficinas, mas no
processo, na medida que você vai... uma hora e meia em que você faz uma
discussão, por exemplo, sobre o contexto sócio-histórico do Brasil, por exemplo,
ele vai começar a ver algo que esta próximo dele. E na medida em que ele vê isso
ele vai se interessando pelo tema, e na medida em que ele se interessa ele vai
buscando informações e procura saber mais, ele ganha confiança. E quando ele
ganha essa confiança, participar tá resolvido.(Entrevistado G)
158
Os três aspectos acima mencionados constituem alguns dos requisitos a serem observados
para que programas de educação para a cidadania desenvolvidos por órgão públicos se
consolidem e constituam como fontes de informação para o exercício da dimensão política da
cidadania.
Acrescente-se ainda, que a revisão da estrutura e da forma de organização tem sido uma
prática permanente no programa “Educação para a Cidadania”. Nós não obtivemos dados que
comprovem a eficácia dos instrumentos adotados para tal, no entanto, a oferta de
possibilidades de discussão e reformulação das práticas correntes, bem como a abertura aos
diferentes atores envolvidos para a coleta de contribuições e sugestões constituem,
indiscutivelmente, formas bastante democráticas de se conceber e aperfeiçoar programas que
visam educar para a cidadania. Sinalizamos então para a pertinência de novos estudos que
avaliem a eficácia dos instrumentos e mecanismos adotados pelo programa “Educação para a
Cidadania”.
6.2.2 Estratégias, táticas e mecanimos pedagógico-informacionais
No concernente às estratégias, táticas e mecanismos pedagógico-informacionais,
selecionamos aqueles que identificamos no PJ e que julgamos aplicáveis, de forma geral, aos
programas de educação para a cidadania desenvolvidos por órgãos públicos que visam
disponibilizar, dinamizar, promover e difundir informações para a cidadania, fazendo o
exercício de retomar nosso referencial teórico para compará-las com os caminhos e
possibilidades apontados por Paulo Freire.
Como dissemos no capítulo 1, o método de alfabetização de adultos de Freire pode
perfeitamente ser adaptado aos propósitos dos programas de educação para a cidadania
desenvolvidos por órgãos públicos. Tomando o PJ como objeto de análise e aplicação,
notamos que o está prevista, na estrutura do projeto, a realização de pesquisa acerca dos
interesses e demandas dos alunos selecionados para participarem de cada edição e talvez esta
seja uma das razões para os elevados índices de desistências verificados ao longo de cada
edição.
159
Quanto à etapa de escolha dos temas geradores prevista no método de Freire, foi interessante
observar que de certa forma isto está previsto e contemplado como estratégia pedagógico-
informacional do PJ uma vez que os alunos elegem entre dois temas, aquele que será
discutido ao longo daquela edição. A escolha neste caso é precedida por uma mesa de debates
na qual os expositores trazem informações gerais acerca dos dois temas e os alunos têm a
oportunidade de expor suas opiniões e esclarecer dúvidas antes de votarem no tema de sua
preferência.
A prática tem se mostrado bastante profícua e acaba por envolver e comprometer os alunos,
logo à partida, com as atividades a serem desenvolvidas ao longo de todo o evento. O único
senão es no fato de os dois temas partirem dos coordenadores do PJ e não dos próprios
alunos.
Por outro lado e à luz do método paulofreiriano, importa reforçar que a seleção dos temas a
serem submetidos à escolha dos alunos para cada edição deve considerar sempre os critérios
semânticos e de poder de conscientização, isto é, tais temas devem ser capazes de gerar
reações sócio-culturais nos alunos participantes. Neste aspecto importa referir que os temas
sugeridos ao momento pela coordenação do PJ m sido bastante acertados, tendo-se em
conta o grau de envolvimento e o interesse demonstrado pelos alunos participantes de todas as
edições na discussão dos mesmos, conforme se percebe a partir das notas taquigráficas de
todas as Sessões do Parlamento Jovem até então realizadas.
Por fim, no tocante à criação de situações existenciais típicas na forma de desafio para os
participantes, assim como sugere Freire, a partir das entrevistas foi possível identificar que tal
prática está presente no PJ e que tem surtido efeitos bastante positivos. Como exemplo
citamos a fala de uma das monitoras ao descrever o processo de construção das propostas para
o documento base na escola que acompanhou:
... parecia um divã. Porque às vezes estávamos todos, a gente sentava em
círculo e cada um falava dos seus problemas enquanto aluno, da vida escolar,
porque saiu da escola e porque é que voltou e todos falavam e reclamavam dos
professores, tudo aquilo, uma vida sofrida, escola pública e eu lá... escutando...
então a gente fez, uma vez, através desse divã nosso a gente foi discutindo. Então,
o que é um aluno de qualidade? O que é uma escola de qualidade? E o que é
uma escola que faz sentido? E daí foram fazendo esse exercício a partir da
vivência deles e na outra semana olhamos para tudo aquilo e eu falei, gente
agora vamos olhar para tudo que vocês escreveram e vamos ver, em cima disto
160
tudo o que é que podemos fazer virar proposta. Aí começa outro exercício porque
uns estavam animados e outros estavam cheios de preguiça e aí cutuca o colega e
perde tudo e eu fico louca... Mas nesse esforço conseguimos elaborar onze
propostas e eu é quem tive de dar o trato final porque eles fizeram da seguinte
maneira: olha, é isso aqui que nós queremos e você leva isso aqui (que era a
folha da oficina de redação que eles fizeram) para casa e faz do jeito que está
aqui, igual a professora mandou. E daí eu escrevi, mas com todas as ordens que
eles tinham me dado. eu fiz, na outra semana levei e perguntei se era aquilo
que eles queriam e eles concordaram. Então fomos e entregamos e das onze
propostas que eles elaboraram [...] através das junções que fizemos nos sub-
grupos de trabalho e das alterações de texto e tudo isso, foram todas aprovadas
na plenária final. [...] Então [...] mesmo tendo sido um divã, através dele eles
mostraram uma coisa que era necessidade de todos os alunos.(Entrevistada H)
Percebe-se daí que houve um debate em torno de situações existenciais típicas e que tal debate
contribuiu para que o grupo se conscientizasse e percebesse as diferentes formas de
participação política, enfim, de exercício da dimensão política da cidadania.
A mesma fala também demonstra que monitores que atendem e se enquadram no papel do
educador delineado por Freire, na medida em que atribuem relevância ao conhecimento e
experiência de vida dos alunos do ensino dio no processo de ensino-aprendizagem,
estabelecendo uma relação não de um educador-transmissor e educandos-receptores de
informações, mas uma relação construída no diálogo, na participação e num processo de
educa-aprende, sem se furtarem da missão de informar, que detém conhecimento
considerável acerca das informações demandadas pelos alunos do ensino dio. O relato a
seguir, da mesma monitora, comprova tal assertiva:
Durante a etapa de elaboração do documento base que é uma construção dos
alunos junto com os monitores foi um pouco difícil porque eram só seis e ninguém
falava, então eu tinha que começar primeiro a falar do que eu achava para eles
começarem a entender do que é que estávamos a tratar para sair alguma coisa da
cabeça deles. Foram vários encontros dos quais, às vezes saiam coisas e às vezes
não. Mas eles começaram a perceber e eu jogava a parte da realidade deles e
perguntava: então, o que é que está faltando aqui na escola, como é vida escolar
de vocês. E nos íamos fazendo uma historia da vida de cada um dos alunos para
que eles pudessem entender o quanto eles precisaram pensar naquela
realidade.(Entrevistada H)
Quando a gente passa algum material para eles eles dão um pouco de trabalho.
Quando pergunto se leram não leram. Até eu fazia isto quando participei. Era
também um momento de ficar um pouco fora de sala. [...] então quando eles não
estão lendo eu mesmo pego e leio com eles apontando as partes importantes
sabe. (Entrevistado I)
161
Mas que se referir, que alguns fatores e condicionantes de rias procedências podem
influenciar na escolha e adoção de estratégias, táticas e mecanismos pedagógicos. Além disto,
observamos alguns entraves e constrangimentos decorrentes do fato de o PJ estar organizado
em duas etapas de (in)formação, a primeira dirigida aos monitores e a segunda que passa pela
multiplicação e replicação desse processo de (in)formação aos alunos do ensino médio pelos
monitores.
Observamos, daí, que as estratégias, táticas e mecanismos pedagógicos adotados nem sempre
são os mais acertados, uma vez que muitos dos monitores são ainda muito jovens, alguns um
pouco imaturos ou pouco preparados para assumirem o papel de educadores. E em acréscimo,
outros atores e os diferentes espaços utilizados ao longo do processo de (in)formação dos
alunos do ensino dio também podem provocar certos ruídos”, tais como: insegurança em
se assumir a missão e o papel de (in)formar, processo de formação e informação realizado
com base em improvisos e não de forma concatenada e lógica, dentre outros. Isto pode ser
confirmado a partir dos seguintes relatos de um dos monitores e de uma das professoras do
ensino médio:
Agora, quanto a didática, eu acho que a maioria trabalha com isto de improviso.
no SEBRAI, por exemplo, tinha 27 alunos. Às vezes eles queriam participar
mas tinham aula na mesma hora, entravam e saíam da sala toda hora. Um
entrava dois saíam... então, por mais que voprepare, você não sabe o que vai
encontrar . Você chega lá e não acontece do jeito que você planejou. [...]
Quanto às dificuldades que tive para exercer o papel de monitor. Acho que a
primeira foi essa de eu não ser muito organizado, porque existem coisas que
exigem organização. E outra coisa, assim, eu sou comunicativo, mas no começo
assim no primeiro parlamento que até participei, ainda como aluno, eu era um
pouco tímido, não falava tanto, tinha um pouco de medo, mal conversava com as
pessoas. (Entrevistado I)
um elemento que eu percebi que deixou cair um pouco a peteca [...] foi que a
busca por parte dos alunos da PUC de criar uma proximidade muito grande com
os alunos fez com que eles acabassem perdendo um pouco a perspectiva da
liderança de que eles estavam incumbidos naquele momento. E essa liderança
deveria buscar um comprometimento dos meninos, mas eu não percebi neles a
preocupação de criar este comprometimento nos meninos, de definirem as coisas
com maior precisão, de cobrarem. Eu acho que eles deixaram muito solto...
(Entrevistada F)
Quanto à forma de transmissão de informações para a construção de conhecimentos, também
foi possível notar a partir dos depoimentos dos monitores que essa se fora do modelo
centro-periferia e para além do modelo difusionista de informação, uma vez que os alunos do
ensino dio, além de receptores, também são geradores/transmissores de informações.
162
Enquanto o educador/gerador e transmissor de informações, também assume o papel de
receptor de informações. Como exemplos citamos as seguintes falas:
E eles também trouxeram muitos textos, colaboraram. Eu não consegui nem ler
todos os textos que eles me deram porque foi assim... cada dia vinha um com uma
nova descoberta e:”Nossa! Eu achei um texto aqui legal para caramba, toma!”
Aí eram uns calhamaços! (Entrevistado G)
Por fim e a partir do que nos foi possível analisar em torno das estratégias, táticas e
mecanismos pedagógico-informacionais presentes no PJ, consideramos que o programa
“Educação para a cidadania”, ao menos por meio daquele projeto, estimula e possibilita, de
diferentes formas, a capacidade de intervenção no mundo por parte dos alunos participantes,
não de forma voluntarista e inconseqüente, mas tendo sempre em consideração a existência e
a força dos condicionamentos na medida em que os faz vivenciar uma prática de discussão e
formulação de propostas, além do exercício do convencimento e da busca pela hegemonia e
consenso.
Da mesma maneira, embora não de forma sistemática, o programa “educação para a
cidadania” testemunho aos alunos do ensino médio de que os fatos sociais e econômicos
não se acham imunes de nossa ão sobre eles e de que podem ser transformados, conforme
demonstra a fala de um dos monitores:
Na discussão e ao repassar nas escolas os conteúdos de expressão corporal,
cidadania, participação e democracia, eu [...] parti do pressuposto de que para
você entender a participação política, você deve entender em que contexto ela
está dada. Aí eu fui muito no sentido de questioná-los (Entrevistado G)
Por outro lado, um esforço no sentido de se fazer com que os alunos do ensino médio
vivenciem um aprendizado e exercício da autonomia e aprendam que, por vezes é preciso
atender à autonomia dos demais, já que a autenticação da sua autonomia passa
necessariamente pelo acatamento da autonomia dos outros. Isto é ratificado pelo seguinte
relato:
...os meninos não tinham essa noção de que são cidadãos e de que podem
reivindicar por coisas que são de direitos deles e que eles ainda não adquiriram.
De que podem participar, que podem ser cidadãos plenos no sentido de terem
uma consciência do que é a sociedade em que eles estão vivendo e de quais são os
canais que eles devem usar para melhorar a própria vida da comunidade e a
própria vida deles individualmente. [...]E ver, no final [...] que [...] eles já
estavam muito mais maduros e quando foram escrever as propostas estavam
163
lembrando que não deveriam pensar na realidade deles, mas num contexto
muito maior. Porque as vezes coisas que estavam reivindicando muitos tinham
isso nas suas escolas mas eles não tinham e o contrário também... então iam
percebendo essa questão de que eles não são pessoas únicas e podem auxiliar
outras pessoas... (Entrevistada H)
Nota-se também que, em certa medida, o PJ constitui uma prática educativa que estimula a
curiosidade crítica e a busca pela razão de ser dos fatos. Exemplos claros de tais afirmações
encontram-se no depoimento a seguir:
Eu acho que na verdade a cidadania deve ser colocada no contexto social em que
a gente vive. Então eu acho que a cidadania hoje, ela é tida como você... não
cuidar daquilo que lhe é interessante, mas também procurar interagir na
sociedade. De forma que você tenha em mente outros grupos de participação e,
na minha opinião, valorizar aqueles que são excluídos dessa
participação.(Entrevistado G)
Por outro lado, com Paulo Freire concluímos que os programas de educação para a cidadania
têm também como missão buscar conscientizar as massas subalternas acerca da sua situação
de opressão e sensibilizar as classes dominantes acerca das atrocidades que podem realizar no
seu papel de opressoras, sem desconsiderar, no entanto, que somente os oprimidos poderão
romper com esta estrutura que desumaniza opressores e oprimidos e que, portanto, esses
devem ser conduzidos a perceber que a mudança depende da sua responsabilidade e
envolvimento total na luta pela transformação das estruturas e pela sua emancipação.
Nesse sentido, ao constatarmos uma certa preferência por parte de alguns coordenadores do
PJ, monitores e professores das escolas de ensino médio, no sentido de que a seleção dos
alunos participantes tome em consideração o interesse que esses demonstram naturalmente
por política e cidadania, já que a prática tem demonstrado que quando os alunos não possuem
tal interesse as atividades ficam comprometidas, o único porém que se impõe é que com tal
critério corre-se o risco de eliminar, justamente, uma parcela das classes subalternas que por
uma rie de motivos pode parecer ou dar a entender que o têm interesse ou preparo para
participar nas discussões de tais temáticas.
Todavia, o PJ/2007 também trouxe um exemplo que coloca em questão tal posicionamento.
Trata-se da participação dos alunos da escola Caio Líbano que, em princípio, foram
“capturados no corredor” sem que se avaliasse o seu interesse pelos temas e propostas do PJ.
164
E foi interessante observar que o resultado alcançado com esses alunos foi bastante rico,
apesar de todas as dificuldades enfrentadas ao longo do processo no sentido de envolvê-los e
cativá-los para a proposta do projeto.
165
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma das mais relevantes constatações a que chegamos foi a da diferença de posições,
motivações e intenções dos atores envolvidos no programa por nós analisado, em especial no
projeto Parlamento Jovem.
Assim, consideramos que os coordenadores do projeto o portadores de duas visões bastante
institucionais, uma no sentido de super-dimensionar o papel do programa, outra no sentido de
engrandecer e super-valorizar os resultados obtidos por meio desse no que se refere à
formação e conscientização dos alunos, tanto do ensino médio quanto dos estudantes
universitários.
Os alunos do ensino médio, por sua vez, são um grupo misto. Uma parte deles, de fato
assimila as informações e de algum modo demonstra uma mudança de opinião acerca da
ALMG e dos representantes políticos que nela atuam. Alguns inclusive realizaram ações
políticas de relevo em suas escolas, inspirados em parte pelo que aprenderam ao participarem
do projeto.
Em contrapartida, identificamos um número elevado de alunos que não está devidamente
esclarecido acerca do papel dos representantes políticos, especificamente falando nos
deputados estaduais. Vários deles demonstraram, inclusive, que estão propensos a manter
relações de tutela, favor e clientelismo com seus representantes eleitos. Outros permanecem
tal como chegaram, isto é: insatisfeitos com a política e descrentes nos representantes eleitos,
mantendo a visão da informação que é maciçamente divulgada pela mídia.
Uma das possibilidades que se coloca para tal comportamento nesses dois últimos grupos é
que o volume e as categorias de informações que passam a ter acerca da instituição e das
oportunidades que esta oferece em termos de participação popular e de defesa dos direitos de
cidadania permanece muito pequeno, que as categorias de informação que fazem parte das
classes 2 e 3 previstas no item 2.4 do capítulo 2 o abordadas apenas superficialmente,
conforme relatamos no capítulo 6.
166
Cabe aqui recordar a discussão de Chauí (1994) acerca do populismo na política brasileira e
retomar os conteúdos e informações que identificamos, a partir das colocações da autora nesse
sentido, como alguns daqueles que deveriam ser fornecidos por programas que trabalham com
a educação para o exercício da dimensão política da cidadania.
27
Todavia, um aspecto bastante relevante é a constatação de que muitos dos alunos do ensino
médio descobrem uma outra face da política que é a da discussão, da defesa de idéias, da
análise e crítica em torno dos problemas da sociedade. Isto é comprovado, também, pelas
respostas dadas quando inquiridos sobre que novo conhecimento gostaram de adquirir durante
o PJ (Vide anexo 10).
Os monitores, por sua vez, assumem um papel de mediadores no processo e têm uma função
crucial na tarefa de disseminar e difundir as informações que o projeto se dispõe a difundir.
Sua atuação é moldada por um certo deslumbramento com a proposta do projeto, mas ao
mesmo tempo por uma análise crítica do mesmo que a prática e o contato direto com os
alunos do ensino médio lhes impõe.
Assim, não apenas a bagagem intelectual, como também a pedagógica, a experiência de vida e
as visões de mundo de cada monitor, exercem grande influência e podem constituir um ponto
forte ou fraco do projeto no concernente ao alcance dos objetivos a que esse se propõe. Por
esta razão, sinalizamos para a necessidade de um acompanhamento, direcionamento e
avaliação rigorosos da participação e da ação dos monitores junto aos alunos do ensino médio.
Por fim, os professores do ensino médio também são peça importante nesse complexo de
atores e interventores. No entanto, o que se observa é que o seu papel não tem sido tão ativo e
comprometido, com exceção de algumas escolas. E talvez seja este um dos pontos vulneráveis
do projeto e que mereceria ser discutido em outros estudos. Isto porque, para que a prática
despertada e incentivada ao longo do PJ tenha continuidade, esta deve ser objeto de um
processo de educação continuada. E a escola é, por excelência, o local que reúne melhores
condições para tal.
27
Ver capítulo 1, p. 37.
167
Ao cabo desse estudo, conseguimos identificar mais uma categoria de informação e
acrescentar alguns elementos numa das categorias previstas no capítulo 2. O Quadro das
categorias de informação para o exercício da dimensão política de cidadania passa então a ser
composto da seguinte forma:
Quadro 6 Acréscimo às Categorias de informação para o exercício da dimensão política da
cidadania previstas no quadro 3
CLASSE CATEGORIA DE INFORMAÇÃO
1)INFORMAÇÃO PARA
A DEFESA E
EXPOSIÇÃO DE
POSIÇÕES E OPÇÕES
POLÍTICAS
1.1 A forma e a postura para a realização de demonstrações e defesa de
posições (expressão corporal)
1.2 Mecanismos e instrumentos adequados aos objetivos que se deseja com
cada tipo de exposição de posições e opções políticas (escrita ou fala,
dirigida a pequenos grupos ou a grandes públicos, o tipo de linguagem
adequada para cada público – retórica –, etc.)
1.3 Direitos e deveres concernentes à livre expressão de pensamento e prática
religiosa
2) INFORMAÇÃO PARA
A
PARTICIPAÇÃO NO
SISTEMA
DEMOCRÁTICO E NA
ESCOLHA DE
REPRESENTANTES
2.1 A importância e o papel da mediação política e das instituições políticas
sociedade civil e Estado – que a realizam
2.2
Os pontos críticos e as dificuldades do exercício da mediação política
(interesses contraditórios e diversidade de pensamentos)
2.3 Quesitos a se observar na escolha dos representantes políticos (populismo,
messianismo X responsabilidade, ética, etc)
2.4 Responsabilidade e consciência no exercício de uma função pública ou
política
2.5 O papel de cada um dos representantes políticos em cada um dos três
poderes e nas três esferas (municipal, estadual e federal)
2.6 Tipos de relação que o cidadão deve, ou não, estabelecer com os
representantes políticos (tutela, favor, clientelismo X responsabilidade,
compromisso e controle)
3) INFORMAÇÃO PARA
A
PARTICIPAÇÃO NO
GOVERNO DA
SOCIEDADE E
DEFESA DOS DIREITOS
DE CIDADANIA
3.1 Importância, objetivos, formas e mecanismos de participação, deliberação
e controle popular no governo da sociedade,
com vistas a fomentar a
apropriação do espaço público:
No nível micro (escola, bairro, cidade, etc.), ou macro (estado,
país ou em escala global)
Por meio dos recursos de participação oferecidos pela
sociedade civil (movimentos sociais, ONG´s, sindicatos ou
associações, partidos políticos, etc.)
Por meio dos recursos de participação oferecidos pelo Estado
e suas instituições (poder Executivo, Poder Legislativo e
Poder Judiciário na esfera municipal, estadual ou federal)
Incluem-se aqui as informações sobre o papel, a função, a
estrutura e o funcionamento dessas instituições
3.2 O dever e a importância da participação X os perigos da omissão e do
analfabetismo político
3.3 Consciência e responsabilidade no uso dos mecanismos de participação e
deliberação popular
Por último, importa salientar que em função de nosso cronograma de trabalho, não nos
dedicamos a uma análise minuciosa de todos os fatores positivos e negativos para a formação
168
e para a disponibilização e difusão de informações por meio de programas de educação para a
cidadania desenvolvidos por órgãos públicos. Restringimo-nos a relacionar alguns desses
fatores que extraímos das falas dos monitores, professores do ensino médio e coordenadores
do PJ. Deixamos assim algumas pistas para estudos posteriores acerca do tema, salientando e
citando os seguintes aspectos:
O grau de envolvimento e comprometimento das escolas no sentido de criar condições
mediante a disponibilização dos recursos e espaços para a consecução das atividades
pode ser um entrave para que programas de educação para a cidadania nos moldes do
projeto Parlamento Jovem cumpram seus objetivos;
A seleção prévia de alunos com real interesse em participar do projeto é uma etapa a
ser considerada, sob pena de se deparar adiante com um baixo nível de
comprometimento dos participantes. Por outro lado, tal seleção também deve ser
avaliada sob o prisma de que alguns alunos, por não se mostrarem tão participantes ou
interessados logo de início, podem ser impedidos de participar e tolhidos de ampliar e
despertar seu interesse pela política e pela cidadania;
A tendência de alguns alunos de se candidatarem para participar do projeto com outros
objetivos que não o de adquirir e trocar conhecimentos acerca da dimensão política da
cidadania pode ser um fator que dificulte o alcance de tal objetivo. Como exemplo
identificamos a busca por socialização e interesses relacionados ao libido (muito
comuns na idade dos alunos participantes).
As diferenças sócio-culturais entre os alunos, se o forem bem trabalhadas e até
minimizadas logo à partida, podem corroborar para que alguns desistam de participar
ao se sentirem inferiorizados em relação aos demais;
A concorrência de atividades do PJ com os horários de aulas e/ou dias de provas
constituiu, em alguns colégios, um fator que provoca a baixa participação e/ou impede
que os alunos compartilhem o conhecimento e as informações novas disseminadas
durante as oficinas em suas escolas;
Os professores do ensino médio, na maioria das vezes, o podem participar
efetivamente do PJ em virtude de muitas outras demandas que lhes são impostas na
escola. Isto pode ser um dos motivos que faça com que, apesar de algumas escolas
terem demonstrado incluir a prática de educação para a cidadania como uma meta
169
constante, nenhum projeto de continuidade das atividades desenvolvidas pelo PJ tenha
sido identificado;
O PJ constitui uma tarefa a mais para os alunos do ensino dio que muitas das vezes
demonstram dificuldades em gerir mais de uma tarefa concomitantemente;
Nas escolas as oficinas ficam prejudicadas quando não se oferecem as condições
mínimas, dentre as quais, a alimentação para os alunos participantes;
Questões burocráticas e financeiras próprias das instituições coordenadoras do PJ m
provocado certas dificuldades para a ampliação e execução do mesmo;
O despreparo pedagógico de alguns monitores também pode prejudicar o alcance dos
objetivos;
A ausência ou a adoção de poucos e/ou inadequados mecanismos para clarificar e
definir os papéis de cada um dos atores envolvidos no projeto pode constituir um
entrave para o bom andamento das atividades.
Dada a exigüidade do tempo, também não foi possível realizar uma análise mais aprofundada
acerca do conteúdo obtido por meio das entrevistas e questionários, bem como por meio das
fontes bibliográficas e documentais, ficando para um momento posterior a realização de
novos estudos nos quais se inclua a análise:
das notas taquigráficas;
do papel do professores do ensino médio enquanto continuadores/reprodutores do
projeto;
da fala dos alunos do ensino médio contraposta à dos seus professores;
da fala dos monitores (universitários) contraposta à dos alunos do ensino médio;
da fala dos monitores contraposta à dos professores do ensino médio;
da fala dos monitores contraposta à dos professores universitários que coordenam o
projeto;
da fala dos professores universitários que coordenam o projeto X professores do
ensino médio;
e da fala dos professores universitários que coordenam o projeto X funcionários da
ALMG.
O objetivo deste tipo de análise seria, dentre outros, de comparar os pontos de vista de um
grupo em relação aos demais. Poder-se ia trabalhar com tópicos centrais como o de cidadania
170
e política, por exemplo, para uma análise de conteúdo. Este tipo de análise permitiria, entre
outros aspectos, analisar a opinião de todos os atores e verificar, por exemplo, que conjunto
de concepções e visões dos coordenadores do programa aparecem também na fala dos alunos
do ensino médio.
À guisa de conclusão, salientamos que dentre as constatações a que chegamos está, por um
lado, o fato de que a apropriação da informação veiculada por programas de educação para a
cidadania não se de forma uniforme por parte do público-alvo e, por outro, que programas
de educação para a cidadania podem se constituir como fontes de informação e esforçarem-se
na busca por mecanismos que os tornem cada vez mais eficazes e condizentes com as
demandas informacionais do público a que se destinam, todavia, esses sempre sofrerão a
influência da diferença de posições, motivações e intenções dos atores envolvidos.
171
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179
ANEXOS
180
ANEXO 1
1
181
ANEXO 2
ROTEIRO DE ENTREVISTAS COM OS PROFESSORES DE ENSINO MÉDIO
DADOS GERAIS
Parte I – Dados pessoais
Nome completo:
Nome da escola:
Função que exerce:
Disciplina que leciona:
Parte II – Do engajamento no Parlamento Jovem
Como você ficou sabendo do Parlamento Jovem?
Como você começou a participar do Parlamento Jovem? Por iniciativa própria, por indicação, etc.
Parte III – Do engajamento da escola no Parlamento Jovem
Como a escola ficou sabendo do Parlamento Jovem?
Como a escola foi selecionada para participar do Parlamento Jovem?
Quantos alunos de ensino médio estão matriculados na escola? Desses, quantos participaram do Parlamento Jovem?
Qual foi a forma de adesão (todos que quiseram, sorteio entre os interessados, ordem de chegada, etc)? E por que?
Quem acompanhou os alunos em todas as atividades do Parlamento Jovem?
Quais foram os principais obstáculos enfrentados pela escola para a execução das atividades do Parlamento Jovem?
Quais eram as expectativas da escola e dos professores com a participação dos alunos no Parlamento Jovem?
Você considera que essas expectativas foram satisfeitas? Por que?
Na sua escola, os conteúdos sobre cidadania estão contemplados nos planos e currículo escolar em alguma disciplina?
Você conhece alguma lei que fale sobre a inserção de conteúdos de cidadania nos currículos escolares?
Parte IV – Da programação do “Parlamento Jovem”
De quais oficinas ou atividades você participou?
Quais foram os conteúdos transmitidos nessas oficinas e atividades?
Na sua opinião, como foi a participação dos alunos?
Você participou da mesa de debates sobre o tema do Parlamento Jovem/2007 na escola do Legislativo?
Na sua opinião, como foi a participação dos alunos?
Sua escola também participou em 2006?
Você notou ou tomou conhecimento de alguma mudança nos alunos do ensino médio que participaram daquela versão?
Que tipo de mudança? Você pode exemplificar com casos concretos?
Ao término da versão do Parlamento Jovem/2006 você sabe dizer se houve alguma atividade de continuidade com os
alunos participantes daquela versão?
ao longo do Parlamento Jovem/2007, você notou ou tomou conhecimento de alguma mudança nos alunos do ensino
médio participantes? Que tipo de mudança? Você pode exemplificar com casos concretos?
gostaria que sua escola participasse novamente no Parlamento Jovem? Por que?
2
182
ANEXO 3
ROTEIRO DE ENTREVISTAS COM OS MONITORES DO “PARLAMENTO JOVEM”
DADOS GERAIS
Parte I – Dados pessoais
Nome completo:
Sexo: ( ) M ( ) F
Idade:
Período:
Parte II – Do engajamento no “Parlamento Jovem”
Como você ficou sabendo do Parlamento Jovem?
Quantas vezes já participou do Parlamento Jovem?
gostaria de participar de outras versões do Parlamento Jovem? Por que?
Qual a sua opinião sobre a parceria da PUC com a ALMG?
Parte III – Da preparação para os monitores
De quais cursos ou oficinas de formação para os monitores você participou?
Quem ministrou essas oficinas e qual foi o conteúdo?
O conteúdo ministrado nessas oficinas e cursos foi suficiente para você desempenhar suas atividades juntos às escolas
ou você sentiu necessidade de complementar com outras informações?
Você participou da oficina de retórica na PUC?
Qual é o conteúdo dessa oficina? Você recebeu algum material impresso?
Que utilidade a oficina teve para você?
Você participou da oficina de funcionamento do GPI e Consultoria?
Qual é o conteúdo dessa oficina? Você recebeu algum material impresso?
Que utilidade a oficina teve para você?
Para você, o que é cidadania?
Para você, o que é política?
Parte IV – Da atuação como monitor
Qual é a função do monitor no Parlamento Jovem? Que tarefas ele desempenha?
Qual(is) escola(s) você monitorou?
Você participou da oficina de expressão corporal?
Qual foi o conteúdo e que tarefas você desempenhou nesta oficina?
Como foi a participação dos alunos de ensino médio nessa oficina? Fizeram perguntas ou sugestões, levantaram temas?
Você participou da oficina sobre democracia, cidadania e participação política?
Qual foi o conteúdo e que tarefas você desempenhou?
Como foi a participação dos alunos de ensino médio?
Você participou da oficina sobre tema específico realizada na(s) escola(s) que você monitorava?
Qual foi o tema? E quem ofereceu a oficina?
Que tarefas você desempenhou?
Como foi a participação dos alunos de ensino médio?
Você participou da oficina de entrosamento?
Qual foi o conteúdo e que tarefas você desempenhou?
Como foi a participação dos alunos de ensino médio?
Você participou da mesa de debates sobre o tema escolhido em 2007 na Escola do Legislativo?
Qual foi o conteúdo e que tarefas você desempenhou?
Como foi a participação dos alunos de ensino médio?
Você acompanhou a escolha dos redatores e dos coordenadores dos grupos de trabalho nas escolas?
como foi o processo de escolha dos redatores e dos coordenadores dos grupos de trabalho? (Foram muitos os
candidatos? Os alunos participaram ativamente? Os candidatos candidataram-se por iniciativa própria ou foram sugeridos
pelos colegas?)
Você acompanhou os alunos na formulação do documento base?
Qual o seu papel nesse processo?
3
183
Como os alunos formularam as propostas do documento base? Houve algum incentivo? Alguma orientação?
E como foi a participação dos alunos nesse processo? Eles participaram ativamente?
Você participou da oficina de redação?
O que é feito durante essa oficina?
Como foi a participação dos alunos nessa oficina?
Você participou da oficina de teatro?
Como você avalia a participação dos alunos nessa oficina?
Há alguma apresentação em Power Point ou documento impresso que tenha sido apresentado ou distribuído em todas as
oficinas?
Você tomou conhecimento de alguma desistência de alunos do ensino médio ao longo do Parlamento Jovem? Você
soube o motivo dessa(s) desistência(s)?
Ao longo do processo, você notou ou tomou conhecimento de alguma mudança nos alunos do ensino médio? Que tipo de
mudança? Você pode exemplificar com casos concretos?
Quais foram as maiores dificuldades que você enfrentou ao exercer o papel de monitor?
Você publicou ou conhece algum trabalho acadêmico publicado sobre o Parlamento Jovem?
4
184
ANEXO 4
ROTEIRO DE ENTREVISTA COM A COORDENAÇÃO DO PARLAMENTO JOVEM - ALMG
DADOS GERAIS
Parte I – Dados pessoais
Nome completo:
Formação:
Cargo e função que exerce na ALMG e na escola do Legislativo:
Parte II – Da concepção à formulação e planejamento do “Parlamento Jovem”
Quais foram as instituições e os idealizadores do Parlamento Jovem?
Qual era a intenção e a expectativa com este projeto?
Explique como as escolas foram escolhidas e convidadas em cada uma das versões já realizadas
Houve alguma mudança na estrutura e programação, de uma versão para outra?
Na sua opinião, quais são os principais obstáculos para a execução do Parlamento Jovem?
Qual a sua opinião sobre a parceria da ALMG com a PUC?
Os textos e materiais distribuídos aos alunos da PUC e do Ensino Médio são arquivados?
Fale em linhas gerais sobre o projeto de interiorização do Parlamento Jovem (idealização, estrutura e programação,
sujeitos envolvidos, público alvo, etc.)
Há trabalhos acadêmicos ou artigos publicados pelo pessoal da ALMG acerca do Parlamento Jovem?
Parte III – Da programação do “Parlamento Jovem”
Na programação do Parlamento Jovem/2007, quais foram as oficinas ministradas pelo pessoal da ALMG?
Quantas e quais pessoas da ALMG participaram dessas oficinas?
Quais eram os objetivos de cada uma dessas oficinas?
Qual foi o conteúdo ministrado ou a dinâmica de cada uma delas?
Quem foi(ram) o(s) responsável(is) por selecionar e organizar o conteúdo a ser ministrado ou a dinâmica dessas oficinas?
A coordenação da PUC teve alguma participação ou responsabilidade nessas oficinas?
alguma apresentação em Power Point ou documento impresso que tenha sido apresentado ou distribuído nessas
oficinas?
Os demais textos e materiais distribuídos aos alunos da PUC e das escolas de ensino médio estão arquivados?
Para você, o que é cidadania?
Para você, o que é política?
5
185
ANEXO 5
ROTEIRO DE ENTREVISTA COM A COORDENAÇÃO DO PARLAMENTO JOVEM - PUC
DADOS GERAIS
Parte I – Dados pessoais
Nome completo:
Formação:
Função que exerce na PUC e no Parlamento Jovem:
Parte II – Da concepção à formulação e planejamento do “Parlamento Jovem”
Quais foram as instituições e os idealizadores do Parlamento Jovem?
Qual era a intenção e a expectativa com este projeto?
Explique como as escolas foram escolhidas e convidadas em cada uma das versões já realizadas
Houve alguma mudança na estrutura e programação, de uma versão para a outra?
Na sua opinião, quais são os principais obstáculos para a execução do Parlamento Jovem?
Qual a sua opinião sobre a parceria da PUC com a ALMG?
Como os monitores são selecionados?
A procura por parte dos alunos da PUC tem sido grande? Por que?
Há um limite de vezes que o monitor pode participar?
Os textos e materiais distribuídos aos alunos da PUC e do Ensino Médio são arquivados?
Ao término de cada versão do Parlamento Jovem é oferecida alguma atividade de continuidade das atividades para os
monitores e alunos do ensino médio?
Fale em linhas gerais sobre o projeto de interiorização do Parlamento Jovem (idealização, estrutura e programação,
sujeitos envolvidos, público alvo, etc.)
Há trabalhos acadêmicos elaborados por alunos ou professores do PUC acerca do Parlamento Jovem?
Parte III – Da programação do “Parlamento Jovem”
Na programação do Parlamento Jovem/2007, quais foram as oficinas ministradas pelo pessoal da PUC?
Quantas e quais pessoas da PUC participaram em cada uma dessas oficinas?
Quais eram os objetivos de cada uma delas?
Qual foi o conteúdo ministrado ou a dinâmica de cada uma delas?
Quem foi(ram) o(s) responsável(is) por selecionar e organizar o conteúdo a ser ministrado ou a dinâmica dessas oficinas?
A coordenação da ALMG teve alguma participação ou responsabilidade nessas oficinas?
alguma apresentação em Power Point ou documento impresso que tenha sido apresentado ou distribuído nessas
oficinas?
Os demais textos e materiais distribuídos aos alunos da PUC e das escolas de ensino médio estão arquivados?
Para você, o que é cidadania?
Para você, o que é política?
6
186
ANEXO 6
QUESTIONÁRIO PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO PARTICIPANTES DO PARLAMENTO JOVEM
1. Em qual cidade e bairro você mora?
____________________________________________________________________________________________
2. Qual é o nome de sua escola?
____________________________________________________________________________________________
3. Quantos anos você tem?
a. ( ) 15 d. ( ) 18 g. ( ) abaixo de quinze. Quantos? ___________
b. ( ) 16 e. ( ) 19 h. ( ) acima de vinte. Quantos? ________________
c. ( ) 17 f. ( ) 20
4. Em que ano do ensino médio você está?
a. ( ) Primeiro c. ( ) Segundo
b. ( ) Terceiro d. ( ) Educação de Jovens e Adultos (EJA)
5. Se você lê ou assiste jornais, cite os nomes de dois deles:
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
6. Você discuti política com sua família?
a. ( ) sim b. ( ) não
7. Você conversa sobre voto e eleições com sua família?
a. ( ) sim b. ( ) não
8. Na sua escola, já falaram sobre a Constituição?
a. ( ) sim b. ( ) não c. ( ) não sei dizer
9. Tem Constituição na biblioteca da sua escola?
a. ( ) sim b. ( ) não c. ( ) não sei dizer
10. Você já leu ou consultou a Constituição?
a. ( ) sim b. ( ) não
11. Você sabe o que é cidadania?
a. ( ) sim b. ( ) não
12. Cite três palavras das quais você se lembra quando se fala em cidadania:
____________________________ / _________________________________ /______________________________
13. Você sabe quais são os direitos do cidadão brasileiro?
a. ( ) sim b. ( ) não c. ( ) alguns
14. Cite um direito do cidadão:
_______________________________________________________________________________________________
15. Você sabe quais são os deveres do cidadão brasileiro?
a. ( ) sim b. ( ) não c. ( ) alguns
16. Cite um dever do cidadão:
_______________________________________________________________________________________________
7
187
17. Dentre as opções abaixo, quais são exemplos de direitos e/ou deveres políticos do cidadão? Você pode
marcar mais de uma opção:
a. ( ) candidatar-se a eleições, ser votado e
votar
e. ( ) participar de uma associação de bairro ou grêmio
estudantil
b. ( ) defender uma idéia e propor alternativas f. ( ) fazer ou assinar abaixo-assinados
c. ( ) acompanhar, avaliar e questionar a
atuação dos representantes eleitos, mesmo
que não se tenha votado neles.
g. ( ) participar em reuniões do Orçamento Participativo
h. ( ) todas as alternativas anteriores
i. ( ) nenhuma das alternativas anteriores
d. ( ) exercer uma função pública
18. Voparticipa de algum movimento social, grupo, organização, associação ou partido político (em seu bairro, na
escola, no trabalho, etc...)? Caso afirmativo, selecione de qual(is) na lista abaixo:
a. ( ) associação de bairro b. ( ) Grêmio estudantil
b. ( ) sindicato de trabalhadores. Qual? ------------------
________________________________________
c. ( ) organização não governamental. Qual?
___________________________________
e. ( ) partido político. Qual?
____________________________________
d. ( ) grupo de interesse específico (Se possível,
mencione o grupo): ________________________
________________________________________ f. ( ) não participo de nenhum
19. Alguém de sua família participa de algum movimento social, grupo, organização, associação ou partido político?
Caso afirmativo, selecione de qual(is) na lista abaixo:
a. ( ) associação de bairro e. ( ) organização não governamental. Qual?
____________________________________
b. ( ) sindicato de trabalhadores. Qual? ------------------
________________________________________
f. ( ) partido político. Qual?
___________________________________
g. ( ) não sei dizer
h. ( ) ninguém de minha família participa
c. ( ) grupo de interesse específico (Se possível,
mencione o grupo): ________________________
________________________________________
d. ( ) Grêmio estudantil
20. Vo pretende participar, no futuro, de algum movimento social, grupo de interesse específico, organização,
associação ou partido político (em seu bairro, escola, trabalho, etc...)?
a. ( ) sim b. ( ) não c. ( ) talvez d. ( ) ainda não pensei no assunto
21. De qual movimento social, associação ou partido você pretende participar?
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
22. Cite até cinco nomes (ou siglas) de partidos políticos que você conhece:
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
23. Marque só uma resposta. A ALMG pertence ao poder:
a. ( ) Executivo b. ( ) Legislativo c. ( ) Judiciário
24. Você já ouviu falar na Comissão de Participação Popular da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais?
a. ( ) sim b. ( ) não
25. O que compete a essa Comissão? (você pode marcar mais de uma alternativa)
a. ( ) analisar sugestões para aprimoramento
dos trabalhos legislativos
e. ( ) acompanhar o andamento de uma proposta
de ação legislativa sugerida pela sociedade
b. ( ) elaborar leis de interesse da sociedade
mineira
f. ( ) aprovar leis aplicáveis ao estado de Minas
Gerais
c. ( ) receber e encaminhar propostas de ação
legislativa
g. ( ) realizar consulta blica sobre assunto de
interesse da sociedade mineira
d. ( ) promover estudos, pesquisas e debates
sobre assunto de interesse geral
h. ( ) não sei
26. Quem pode apresentar proposta de ação legislativa à Comissão de Participação Popular?(você pode marcar mais
de uma opção):
a. ( ) os deputados estaduais d. ( ) Organizações Não Governamentais (ONG’s), sindicatos,
associações profissionais e comunitárias
8
188
b. ( ) qualquer partido político e. ( ) não sei
c. ( ) você
27. Qual é o partido do atual Presidente da República?
_______________________________________________________________________________________________
28. Qual é o partido do atual Presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais?
_______________________________________________________________________________________________
29. Nas últimas eleições, o voto já era obrigatório para você?
a. ( ) sim b. ( ) não
30. Você votou nas últimas eleições?
a. ( ) sim. Quais eram os nomes dos seus
candidatos?________________________
______________________________________
______________________________________
b. ( ) não. Por que? __________________________
____________________________________________
____________________________________________
_____________________________________________
31. Cite três palavras das quais você se lembra quando se fala em políticos:
____________________________ / _________________________________ /______________________________
32. Cite três palavras das quais você se lembra quando se fala em Assembléia Legislativa de Minas Gerais:
____________________________ / _________________________________ /______________________________
33. Qual é o nome do atual presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais?
_______________________________________________________________________________________________
34. Qual é o nome do atual governador do estado de Minas Gerais?
_______________________________________________________________________________________________
35. Na sua opinião, se o seu candidato a deputado estadual for eleito, que tipo de reivindicações você pode fazer ao
se dirigir a ele? (você pode escolher mais de uma alternativa)
a. ( ) conseguir emprego para alguém de sua família d. ( ) elaborar projeto de lei
b. ( ) obter bolsas de estudo em uma universidade
particular para um grupo de alunos carentes
d. ( ) realizar obras em seu bairro (ex: água, luz,
esgoto, pontes, praças, escolas, etc.)
e. ( ) Nenhuma das opções anteriores c. ( ) se posicionar a favor de um projeto de lei em
tramitação
f. ( ) todas as opções anteriores
36. O que é política para você?
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
37. Durante o Parlamento Jovem, você leu algum dos textos que os monitores e os professores da PUC levaram para
sua escola?
a. ( ) sim b. ( ) não c. ( ) eu não recebi os textos
38. Cite o assunto de um desses textos:
_______________________________________________________________________________________________
39. Você sabe que o Parlamento Jovem possui um blog na Internet?
a. ( ) sim b. ( ) não
40. Marque a freqüência com que você consultou o blog do Parlamento Jovem nos últimos quatro meses:
a. ( ) diariamente b. ( ) mensalmente
c. ( ) de duas a três vezes por semana d. ( ) de uma a três vezes ao longo dos quatro meses
e. ( ) uma vez por semana f. ( ) nunca
g. ( ) a cada duas semanas
9
189
41. O que você consultou no blog?
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
42. Como você foi convidado(a) para participar do Parlamento Jovem?
a. ( ) por colega(s) d. ( ) pela escola
b. ( ) por professor(a) e. ( ) eu nunca fui convidado(a)
c. ( ) pela ALMG (Assembléia Legislativa de Minas Gerais)
43. Por que você quis participar do Parlamento Jovem?
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
44. Quantas vezes você já participou do Parlamento Jovem?
a. ( ) nenhuma
vez
b. ( ) 1 vez c. ( ) 2 vezes d. ( ) mais de 2 vezes
45. Você gostou de participar?
a. ( ) sim b. ( ) não c. ( ) em parte
46. Como você classifica o Parlamento Jovem?
a. ( ) ótimo b. ( ) bom c.( ) regular d.( ) ruim
47. Você participou da votação na PUC para escolha do tema de trabalho do Parlamento Jovem/2007?
a. ( ) sim b. ( ) não
48. O que te ajudou a escolher o tema no qual votou? (marque apenas uma das alternativas)
a. ( ) os textos distribuídos pelo pessoal do
Parlamento Jovem
d. ( ) os textos e as palestras
b. ( ) as palestras no dia da votação e. ( ) os textos, as palestras e conversas com os
amigos
c. ( ) conversas com os amigos f. ( ) Outros: ____________________________
49. Você participou da oficina de expressão corporal em sua escola?
a. ( ) sim b. ( ) não
50. Quem ofereceu a oficina?
a. ( ) o pessoal da ALMG b. ( ) os monitores da PUC c. ( ) os professores da PUC d. ( ) outros
51. Cite três coisas que você aprendeu nessa oficina:
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
52. Você participou da oficina sobre democracia, cidadania e participação política em sua escola?
a. ( ) sim b. ( ) não
53. Quem ofereceu a oficina?
a. ( ) o pessoal da ALMG b. ( ) os monitores da PUC c. ( ) os professores da PUC d. ( ) outros
54. Cite uma coisa que você aprendeu nessa oficina
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
55. Você participou da oficina de entrosamento no teatro da Assembléia Legislativa?
a. ( ) sim b. ( ) não
56. Quem ofereceu a oficina?
a. ( ) o pessoal da ALMG b. ( ) os monitores da PUC c. ( ) os professores da PUC d. ( ) outros
57. Cite três palavras que vêm a sua mente quando se recorda dessa oficina:
10
190
____________________________ / _________________________________
/______________________________
58. Você participou da mesa de debates realizada na Escola do Legislativo sobre o tema escolhido para o Parlamento
Jovem/2007?
a. ( ) sim b. ( ) não
59. Cite três coisas que você aprendeu nessa mesa:
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
60. Você participou da formulação do documento base em sua escola?
a. ( ) sim b. ( ) não
61. Cite uma das propostas que fez parte do documento base:
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
62. Você participou da oficina de redação na Escola do Legislativo?
a. ( ) sim b. ( ) não
63. Quem ofereceu a oficina?
a. ( ) o pessoal da ALMG b. ( ) os monitores da PUC c. ( ) os professores da PUC d. ( ) outros
64. O que você aprendeu nessa oficina?
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
65. Você participou da oficina de teatro na PUC?
a. ( ) sim b. ( ) não
66. Cite três palavras que vêm a sua mente quando se recorda dessa oficina:
____________________________ / _________________________________ /______________________________
67. Cite um novo conhecimento ou informação que você gostou de adquirir durante o Parlamento Jovem:
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
11
191
ANEXO 7
QUESTIONÁRIO PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO NÃO PARTICIPANTES DO PARLAMENTO JOVEM
1. Em qual cidade e bairro você mora?
____________________________________________________________________________________________
2. Qual é o nome de sua escola?
____________________________________________________________________________________________
3. Quantos anos você tem?
a. ( ) 15 d. ( ) 18 g. ( ) abaixo de quinze. Quantos? ___________
b. ( ) 16 e. ( ) 19 h. ( ) acima de vinte. Quantos? ________________
c. ( ) 17 f. ( ) 20
4. Em que ano do ensino médio você está?
a. ( ) Primeiro c. ( ) Segundo
b. ( ) Terceiro d. ( ) Educação de Jovens e Adultos (EJA)
5. Se você lê ou assiste jornais, cite os nomes de dois deles:
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
6. Você discuti política com sua família?
a. ( ) sim b. ( ) não
7. Você conversa sobre voto e eleições com sua família?
a. ( ) sim b.( ) não
8. Na sua escola, já falaram sobre a Constituição?
a.( ) sim b.( ) não c.( ) não sei dizer
9. Tem Constituição na biblioteca da sua escola?
a.( ) sim b.( ) não c.( ) não sei dizer
10. Você já leu ou consultou a Constituição?
a.( ) sim b.( ) não
11. Você sabe o que é cidadania?
a.( ) sim b.( ) não
12. Cite três palavras das quais você se lembra quando se fala em cidadania:
____________________________ / _________________________________ /______________________________
13. Você sabe quais são os direitos do cidadão brasileiro?
a.( ) sim b.( ) não c.( ) alguns
14. Cite um direito do cidadão:
_______________________________________________________________________________________________
15. Você sabe quais são os deveres do cidadão brasileiro?
a.( ) sim b.( ) não c.( ) alguns
16. Cite um dever do cidadão:
_______________________________________________________________________________________________
17. Dentre as opções abaixo, quais são exemplos de direitos e/ou deveres políticos do cidadão? Vopode marcar
mais de uma opção:
12
192
a.( ) candidatar-se a eleições, ser votado e votar e. ( ) participar de uma associação de bairro ou grêmio
estudantil
b.( ) defender uma idéia e propor alternativas f. ( ) fazer ou assinar abaixo-assinados
c.( ) acompanhar, avaliar e questionar a atuação
dos representantes eleitos, mesmo que não se
tenha votado neles.
g. ( ) participar em reuniões do Orçamento Participativo
h. ( ) todas as alternativas anteriores
i. ( ) nenhuma das alternativas anteriores
d. ( ) exercer uma função pública
18. Voparticipa de algum movimento social, grupo, organização, associação ou partido político (em seu bairro, na
escola, no trabalho, etc...)? Caso afirmativo, selecione de qual(is) na lista abaixo:
a.( ) associação de bairro d. ( ) Grêmio estudantil
b.( ) sindicato de trabalhadores. Qual? ------------------
________________________________________
e.( ) organização não governamental. Qual?
___________________________________
f. ( ) partido político. Qual?
____________________________________
c.( ) grupo de interesse específico (Se possível,
mencione o grupo): ________________________
________________________________________ g.( ) não participo de nenhum
19. Alguém de sua família participa de algum movimento social, grupo, organização, associação ou partido político?
Caso afirmativo, selecione de qual(is) na lista abaixo:
a.( ) associação de bairro e. ( ) organização não governamental. Qual?
____________________________________
b.( ) sindicato de trabalhadores. Qual? ------------------
________________________________________
f. ( ) partido político. Qual?
___________________________________
g. ( ) não sei dizer
h. ( ) ninguém de minha família participa
c.( ) grupo de interesse específico (Se possível,
mencione o grupo): ________________________
________________________________________
d.( ) Grêmio estudantil
20. Vo pretende participar, no futuro, de algum movimento social, grupo de interesse específico, organização,
associação ou partido político (em seu bairro, escola, trabalho, etc...)?
a.( ) sim b.( ) não c.( ) talvez d.( ) ainda não pensei no assunto
21. De qual movimento social, associação ou partido você pretende participar?
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
22. Cite os nomes (ou siglas) de partidos políticos que você conhece:
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
23. Marque só uma resposta. A ALMG pertence ao poder:
a.( ) Executivo b.( ) Legislativo c.( ) Judiciário
24. Você já ouviu falar na Comissão de Participação Popular da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais?
a. ( ) sim b. ( ) não
25. O que compete a essa Comissão? (você pode marcar mais de uma alternativa)
a.( ) analisar sugestões para aprimoramento dos
trabalhos legislativos
e. ( ) acompanhar o andamento de uma proposta
de ação legislativa sugerida pela sociedade
b.( ) elaborar leis de interesse da sociedade
mineira
f. ( ) aprovar leis aplicáveis ao estado de Minas
Gerais
c.( ) receber e encaminhar propostas de ação
legislativa
g. ( ) realizar consulta blica sobre assunto de
interesse da sociedade mineira
d.( ) promover estudos, pesquisas e debates
sobre assunto de interesse geral
h. ( ) não sei
26. Quem pode apresentar proposta de ação legislativa à Comissão de Participação Popular?(você pode marcar mais
de uma opção):
a.( ) os deputados estaduais d. ( ) Organizações Não Governamentais (ONG’s), sindicatos,
associações profissionais e comunitárias
b.( ) qualquer partido político e. ( ) não sei
13
193
c.( ) você
27. Qual é o partido do atual Presidente da República?
_______________________________________________________________________________________________
28. Qual é o partido do atual Presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais?
_______________________________________________________________________________________________
29. Nas últimas eleições, o voto já era obrigatório para você?
a.( ) sim b.( ) não
30. Você votou nas últimas eleições?
a. ( ) sim. Quais eram os nomes dos seus
candidatos?____________________________
______________________________________
______________________________________
b.( ) não. Por que? _____________________________
____________________________________________
____________________________________________
_____________________________________________
31. Cite três palavras das quais você se lembra quando se fala em políticos:
____________________________ / _________________________________ /______________________________
32. Cite três palavras das quais você se lembra quando se fala em Assembléia Legislativa de Minas Gerais:
____________________________ / _________________________________ /______________________________
33. Qual é o nome do atual presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais?
_______________________________________________________________________________________________
34. Qual é o nome do atual governador do estado de Minas Gerais?
_______________________________________________________________________________________________
35. Na sua opinião, se o seu candidato a deputado estadual for eleito, que tipo de reivindicações você pode fazer ao
se dirigir a ele? (você pode escolher mais de uma alternativa)
a.( ) conseguir emprego para alguém de sua família d. ( ) elaborar projeto de lei
b.( ) obter bolsas de estudo em uma universidade
particular para um grupo de alunos carentes
e. ( ) realizar obras em seu bairro (ex: água, luz,
esgoto, pontes, praças, escolas, etc.)
f. ( ) Nenhuma das opções anteriores c.( ) se posicionar a favor de um projeto de lei em
tramitação
g. ( ) todas as opções anteriores
36. O que é política para você?
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
37. Porque você não participou do Parlamento Jovem? (você pode marcar mais de uma alternativa).
a.( ) porque ficaria cansativo conciliar o Parlamento
Jovem com as aulas.
b.( ) por falta de tempo
c.( ) porque achei difícil assimilar e compreender todas as
informações que seriam transmitidas nele.
d. ( ) porque não me interessou
e. ( )Por outros motivos. Quais?
__________________________________
__________________________________
__________________________________
__________________________________
_________________________________
38. Durante o Parlamento Jovem, você leu algum dos textos que os monitores e os professores da PUC levaram para
sua escola?
a.( ) sim b.( ) não c.( ) eu não recebi os textos
39. Cite o assunto de um desses textos:
_______________________________________________________________________________________________
40. Você sabe que o Parlamento Jovem possui um blog na Internet?
a.( ) sim b.( ) não
41. Marque a freqüência com que você consultou o blog do Parlamento Jovem nos últimos quatro meses:
a.( ) diariamente e. ( ) mensalmente
14
194
b.( ) de duas a três vezes por semana f. ( ) de uma a três vezes ao longo dos quatro
meses
c.( ) uma vez por semana g. ( ) nunca
d.( ) a cada duas semanas
42. O que você consultou no blog?
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
15
195
ANEXO 8
EXTRATOS DAS NOTAS TAQUIGRÁFICAS DA
SESSÃO DO PARLAMENTO JOVEM/2007
A Coordenadora - Vocês poderão apresentar até quatro novas propostas por subtema. Precisamos de
17 assinaturas para que essas quatro propostas possam ser votadas posteriormente. Essas propostas
devem estar redigidas até às 16h30min e com as 17 assinaturas aqui na mesa para que possam ser
votadas.
PROPOSTA 2:
A Coordenadora - Proposta nº 2 - Inclusão, no currículo escolar do Ensino Fundamental, desde a 5ª
série, das disciplinas Filosofia e Sociologia, dando-se destaque ao conteúdo da cidadania moderna’ e
criando-se programas que preparem os professores do Ensino Fundamental para despertar esses
valores em seus alunos.” Há pedidos de destaque?
A estudante Maria Helena - Sou da Escola Municipal Imaco. Peço destaque.
O estudante Igor Moreira - Sou da Escola Municipal Caio Líbano Soares. Peço destaque.
A estudante Marina Rabelo - Sou da PUC Minas. Peço destaque.
A estudante Mariane Rodrigues - Sou do Colégio Estadual Central. Peço destaque.
A Coordenadora [...] Passaremos à discussão da Proposta 2. Chamo a Ana Helena, da Escola
Municipal Imaco, e o Elois, da Escola Municipal Caio Líbano Soares. Vocês pediram destaque,
portanto se encaminhem ao microfone.
A estudante Ana Helena - Sou do Imaco. Queria sugerir a supressão da Proposta 2, pois não gosto
da idéia de aluno de 5ª série ter aula de sociologia e filosofia. Se para esse aluno é difícil compreender
o Português, imaginem entender a sociedade em si. Queria suprimir a proposta ou mudar de para
série.
A Coordenadora (Carla Regina de Miranda) - Quem fará o encaminhamento contrário? Ela quer a
supressão da proposta.
A estudante Ana Helena - Ou então a modificação para a 8ª série.
A Coordenadora - Tem que escolher uma só.
A estudante Ana Helena - Então vou querer a modificação para a 8ª série.
A Coordenadora - Agora é a vez de quem quer a manutenção da proposta.
A estudante Mariane - Sou contra a inclusão das disciplinas Filosofia e Sociologia no ensino
fundamental, pois ele deve conter disciplinas preparatórias para o ensino médio. Sou a favor da
AnaHelena, pois essas disciplinas não devem ser trabalhadas no ensino fundamental, mas defendo a
inserção do conteúdo Cidadania Moderna no ensino fundamental e a consolidação da filosofia e da
sociologia no ensino médio. Portanto, sugiro uma alteração na proposta, que ficaria assim: “Inserção
do conteúdo Cidadania Moderna nos conteúdos já existentes e consolidação das disciplinas Filosofia e
Sociologia no ensino médio”.
A Coordenadora - A palavra está agora com pessoas que vão contra o que elas falaram.
O estudante Leandro - Sou da PUC Minas. Não sei se vocês têm conhecimento de que, algum
tempo, havia uma matéria chamada Estudos Sociais. Ainda vou mais além: com a implantação da
ditadura militar, foram eliminados muitos conteúdos que forneciam esse tipo de esclarecimento aos
estudantes. Algumas universidades de história, sociologia e filosofia foram cassadas por esclarecer
esses temas. Portanto, essas matérias são importantes para o jovem e podem falar sobre a sociedade,
que existem outras que falam de temas diversos.
A Coordenadora - Com a palavra, o próximo.
O estudante André Dell’Isola Denardi - Ela disse que a Sociologia e a Filosofia são matérias para a
8ª série. Bom, temos Matemática e Português desde a 1ª série e já estamos no ano do ensino médio.
A Matemática da 1ª série do ensino fundamental é igual à que temos no 2º ano do ensino médio? Não.
Pois, então, a Filosofia e a Sociologia que queremos na série não serão iguais às que teremos no
ensino médio. Quanto mais cedo colocarmos esses conteúdos no currículo dos meninos, mais cedo
criaremos cidadãos conscientes e responsáveis.
A Coordenadora - Já fora m feitas duas defesas e duas oposições, portanto peço que os outros voltem
a seus lugares. Temos muitas propostas a discutir, e nosso tempo está passando. Votaremos a
manutenção da Proposta nº 2 ou a sua modificação - no lugar de “5ª
16
196
série”, colocaríamos “8ª série”, com o texto que a colega apresentou para vocês. Quem deseja a
manutenção da Proposta 2 levante seu crachá. (- Pausa.) Tivemos 80 votantes a favor da
manutenção da Proposta nº 2, portanto ela foi aprovada. Em discussão.
PROPOSTAS 6 E 32
“Proposta 6 - Criação e legitimação dos espaços escolares para estimular a organização de
movimentos estudantis - grêmio estudantil, participação no colegiado”. Há pedidos de destaque?
O estudante Lucas Rocha - Sou da PCU Minas. Peço destaque.
A estudante Isabela Nobre - Sou do Colégio Freio Orlando,
Unidade I. Peço destaque.
A estudante Marina Raíssa - Sou da Escola Municipal Imaco.
Peço destaque.
O estudante Carlos Alexandro - Sou da PUC Minas. Peço destaque
A Coordenadora -“Proposta 32 - Regulamentação da reserva de 5% do espaço físico das escolas
estaduais para o funcionamento do grêmio estudantil”. Há pedidos de destaque?
A estudante Marina Rabelo - PUC Minas. Peço destaque.
A estudante Helena Souza - Colégio Santo Antônio. Peço destaque.
A estudante Débora Dutra - Estadual Central. Peço destaque.
O estudante Lucas - Colégio Frei Orlando. Peço destaque.
A estudante Ana Paula Marques - Colégio Frei Orlando, Unidade II. Peço destaque.
O estudante André de Souza - Colégio Santo Antônio. Peço destaque.
O estudante Lucas Rocha - PUC Minas. Peço destaque.
O estudante Leandro - PUC Minas. Peço destaque.
O estudante Carlos Alexandro - PUC Minas. Peço destaque.
A estudante Mariana Gomes - Colégio Frei Orlando, Unidade II. Peço destaque.
O estudante Pablo Figueiredo - PUC Minas. Peço destaque.
A estudante Taís Vilarino - Colégio Frei Orlando, Unidade II. Peço destaque.
A estudante Sayene - Colégio Frei Orlando, Unidade II. Peço destaque.
O estudante Lucas - Imaco. Peço destaque.
O estudante Witan - Imaco. Peço destaque.
A estudante Raíssa Soares - Colégio Batista. Peço destaque.
A estudante Ana Helena - Imaco. Peço destaque.
A estudante Amanda Graciano - Estadual Central. Peço destaque.
A Coordenadora [...] Agora, vamos para a Proposta 6, porque as outras não tiveram destaque e
já votamos em bloco. Pedimos aos que pediram destaque que se encaminhem para o microfone: Lucas,
da PUC; Isabela, do Frei Orlando; Marina, do Imaco; e Carlos, da PUC.
A estudante Marina - Quero a reformulação da Proposta 6, pois há um pequeno erro. Primeiro, é
preciso estimular os alunos a ter voz ativa para depois criar um espaço. Ficaria mais ou menos assim:
criação e legitimação dos espaços escolares estimulando jovens à organização de movimentos
estudantis como o grêmio estudantil e participação no colegiado.
A estudante Isabela - Quero pedir a aglutinação das Propostas nºs 6 e 32.
O estudante Lucas Rocha - Quando estava no ano do ensino médio, participei do grêmio do
Colégio Nossa Senhora das Dores, escola católica. Tínhamos uma sala cedida gentilmente pela
diretoria. Um dia, resolvemos pintá-la. Compramos tudo, pintamos a sala de vermelho. Ficou
superbacana. De repente, as irmãs foram brigar com a gente. Por quê? Qual a lógica? A organização
mais legítima do estudante para se organizar, debater e reivindicar é o grêmio, que ainda não tem
regulamentado um espaço físico. Proponho que o texto garanta um espaço adequado e fixo para
reuniões e atividades do grêmio estudantil. Assim, garantimos autonomia para que o estudante possa
de fato organizar-se, debater e propor mudanças.
O estudante Carlos Alexandro - Em apoio à colega, proponho aglutinação das Propostas nºs 6 e 32.
Já formulei e encaminharei à Mesa.
A estudante Marina - Proponho a manutenção da Proposta nº 6 e a supressão da Proposta nº 32.
O estudante Lucas Rocha - Lucas Rocha, da PUC. O Carlos, da PUC, também propôs a aglutinação
das Propostas nºs 6 e 32, não é? Ah, tá.
A Coordenadora - Como houve uma proposta de supressão da nº 32, queremos ouvir alguém que seja
favorável também à sua manutenção. Caso a proposta seja suprimida, não cabe discutir modificações.
Por favor, alguém para falar da supressão e outro para falar da manutenção.
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A estudante Taís - Sou do Colégio Frei Orlando II. A Proposta nº 32 fala em 5% do espaço físico
de escolas estaduais, e sugiro que se incluam também as escolas privadas.
A Coordenadora - André, faça a defesa da supressão, por favor.
O estudante André - Eu havia marcado destaque na Proposta 32 e iria pedir supressão, porque 5%
pode variar muito de uma escola para a outra. O Colégio Arnaldo, por exemplo, é muito maior que o
Colégio Santo Antônio. Algumas escolas terão um espaço muito grande e outras um espaço muito
pequeno para o grêmio. Não devemos colocar uma porcentagem.
A Sra. Presidente - Solicito que alguém faça a defesa da manutenção da Proposta nº 32.
O estudante Carlos - Sou da PUC Minas. Pior que o espaço ser pequeno ou grande, é não haver o
espaço. Sou a favor da manutenção da Proposta nº 32.
A Sra. Presidente - Em votação, a supressão ou manutenção da Proposta nº 32.
A estudante Mariana - Sou do Colégio Frei Orlando. Peço esclarecimento. Você disse duas vezes a
manutenção, mas não quis ouvir ninguém que propôs a supressão, e penso que deveria ouvir.
A Sra. Presidente - O André fez a defesa da supressão, e, antes também, quando estávamos
discutindo a Proposta nº 6, o colega já havia pedido a supressão.
A estudante Mariana - Você fala manutenção” e mudança” como se fossem palavras diferentes.
Para mim, é a mesma coisa.
A Sra. Presidente - Manutenção da proposta é fazer com que continue como se encontra no papel.
A estudante Mariana - Obrigada.
A Sra. Presidente - Em votação, a supressão da Proposta 32. Quem for favorável à supressão da
Proposta 32 levante os crachás. (- Pausa.) Em votação, a manutenção da Proposta 32. Quem for
favorável à manutenção da Proposta 32 levante os crachás. (-Pausa.) A Proposta nº 32, com 55
votos pela supressão, e 23 votos pela manutenção, foi suprimida. Em discussão, a Proposta 6, que
recebeu duas novas sugestões de redação.
O estudante Carlos - Sou da PUC Minas. Eu e outra colega apresentamos sugestão de aglutinação da
proposta e fizemos uma redação única. Mas, como foi votada a supressão da Proposta 32, estamos
apresentando uma mudança no texto da Proposta nº 6.
O estudante Lucas - Sou do Imaco e peço esclarecimento. Pedi destaque na Proposta nº 32. Não
poderei fazer a defesa do meu destaque?
A Sra. Presidente - Não, porque a proposta já foi suprimida.
O estudante Lucas - Mas propuseram aglutinação da Proposta nº 6 com a Proposta nº 32.
A Sra. Presidente - Ela não existe mais. Por isso votamos primeiramente a supressão, pois, se a
proposta é excluída, não cabe mais discussão.
O estudante Lucas - Como eles excluirão uma proposta sem que eu faça minha defesa?
A coordenadora - Nós chamamos a defesa.
O estudante Lucas - Não. Eles chamaram a defesa da aglutinação, e não da questão em si.
A coordenadora - Não. Vou esclarecer: a partir do momento em que houve o pedido de supressão da
Proposta 32, passamos à discussão da sua manutenção ou não. Então, houve a defesa daqueles que
queriam que a proposta ficasse no documento e daqueles que desejavam a sua supressão. Os dois lados
discutiram.
O estudante Lucas - Se eu quisesse apresentar uma mudança, como ficaria?
A coordenadora - Ela não é possível.
O estudante Lucas - Por isso quero que revoguem a proposta.
A coordenadora - O tema ainda continua contemplado porque não estamos discutindo o tamanho do
espaço, mas sim garantindo o espaço da Proposta nº 6.
O estudante Igor - Peço à Mesa que revogue a supressão da Proposta 32. Vocês são estudantes e
sabem que toda escola tem de ter um espaço público.
A coordenadora - A Proposta nº 6 contempla exatamente isso.
O estudante Lucas Rocha - Sou da PUC. Ao ler o subtema do qual faz parte a Proposta 32,
apresentei uma proposta, baseado na minha experiência. Logo após essa pintura trágica no grêmio, um
amigo de um grêmio de escola municipal apresentou-me uma lei municipal que regulamenta
exatamente 5% do espaço. Portanto parece-me que, apesar de termos eliminado a Proposta nº 6,
podemos reformulá-la e, juntos, apresentá-la para garantir, pelo menos, um espaço fixo ao grêmio.
A coordenadora - A única coisa extinguida e não mais contemplada na Proposta 32 foi os 5%. O
espaço está garantido na Proposta 6, e vamos discuti-la agora. Em momento algum, voltaremos às
propostas que foram votadas, pois não teremos tempo. Agora estamos discutindo a Proposta 6,
somente ela. Obtivemos quatro propostas de mudança no texto da Proposta nº 6. Lerei cada uma delas:
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“Proposta de Alteração nº 1 - A criação e legitimação dos espaços escolares, estimulando os jovens
à organização de movimentos estudantis - grêmio estudantil, participação no colegiado. Proposta de
Alteração nº 2 - Garantia de um espaço físico adequado, fixo, para a realização de reuniões e
atividades do grêmio estudantil. Proposta de Alteração 3 – Criação e legitimação dos espaços
escolares para estimular a organização de movimentos estudantis - grêmio estudantil, participação no
colegiado -, bem como a reserva do espaço físico das escolas estaduais para o funcionamento”. A
proposta original: “Criação e legitimação dos espaços escolares para estimular a organização de
movimentos estudantis - grêmio estudantil, participação no colegiado”. Vamos mudar o texto, votando
as propostas que nos foram encaminhadas.
A estudante Raíssa - Sou do Colégio Frei Orlando. Gostaria de pedir que, ao fazer as votações, a
Mesa seja mais clara.
A estudante Marina - Sou do Escola Municipal Imaco. As Propostas de Alteração nºs 1 e 2, que
foram lidas, podem ser aglutinadas?
A coordenadora - Os novos textos? Vamos votar primeiramente os textos, depois votamos a
aglutinação, senão podemos confundir.
O estudante Ian Naor - Sou da Escola Municipal Caio Líbano. Gostaria de pedir aos alunos e à Mesa
que evitem suprimir propostas, para não acontecer como o que aconteceu agora: um amigo quis falar
da Proposta nº 32 e não pôde. Ou seja, ou aglutina as propostas ou deixam como estão.
A coordenadora - Fizemos isso para agilizar o trabalho, pois eram duas propostas relacionadas. Para
evitar que ficássemos discutindo pontos que podemos agilizar, colocamos em votação a Proposta
32. Agora vamos votar se manteremos o texto da Proposta 6 da forma como se encontra, sem
alterações. A votação é para manter a redação do texto. Quem for favorável à manutenção do texto
como se encontra na Proposta 6, por favor, levante o crachá. Quem for contra a manutenção do
texto como se encontra na Proposta 6 levante o crachá. Então, faremos as modificações, que
vocês não concordam com a manutenção do texto como está. Lerei novamente as propostas de texto
que a Mesa recebeu. Proposta de modificação de texto 1: Criação e legitimação dos espaços
escolares, estimulando os jovens à organização de movimentos estudantis, grêmio estudantil,
participação no colegiado”. Proposta de modificação de texto 2: “Garantia de um espaço sico
adequado fixo para realização de reuniões e atividades do grêmio estudantil”. Proposta de modificação
de texto 3: “Criação e legitimação dos espaços escolares para estimular a organização de
movimentos estudantis, grêmio estudantil, participação no colegiado, bem como a reserva do espaço
físico das escolas estaduais para o funcionamento”. Uma sugestão: a Proposta nº 3 aglutina as
Propostas nºs 1 e 2. Poderíamos, então, votar pela mudança do texto para a proposta de texto 3. Li
as três propostas de texto enviadas para a Mesa, que a 3 contempla as outras duas propostas.
Então, para agilizar o processo, poderíamos votar pela mudança conforme contemplado na
Proposta nº 3.
Uma estudante - Peço à Mesa que leia novamente a Proposta nº 3.
A coordenadora - A Proposta 3, que contempla as duas outras propostas, é a seguinte: “Criação e
legitimação dos espaços escolares para estimular a organização de movimentos estudantis, grêmio
estudantil, participação no colegiado, bem como a reserva do espaço físico das escolas estaduais para o
funcionamento”.
A estudante Renata - Sou do Colégio Frei Orlando I. Gostaria de fazer uma observação: a Proposta nº
3 está-se referindo somente às escolas estaduais. Por que não incluímos todas as escolas privadas e
públicas, municipal e estadual?
Uma estudante - Outra coisa: a Proposta nº 2 fala em lugar fixo, e a nº 3 não fala.
A coordenadora “...espaço físico das escolas estaduais...”. Não fala.
O estudante Lucas Rocha - A Proposta 3, como ela disse, não fala de um lugar fixo. A nossa
preocupação seria, ao invés de a diretoria da escola reservar, na última hora, uma sala, garantir o
espaço fixo onde o estudante possa reunir-se. Penso que não cabe aglutinação.
A coordenadora - Votaremos, então, uma a uma. Quem for a favor da mudança do texto pelo texto da
Proposta nº 1 levante o crachá: “Criação e legitimação dos espaços escolares, estimulando os jovens à
organização de movimentos estudantis, grêmio estudantil, participação no colegiado”. Quem for a
favor da mudança do texto pelo texto da Proposta nº 2, levante o crachá: “Garantia de um espaço físico
adequado fixo para realização de reuniões e atividades do grêmio estudantil”. Quem for a favor da
mudança do texto pelo texto da Proposta 3 levante o crachá: “Criação e legitimação dos espaços
escolares para estimular a organização de movimentos estudantis, grêmio estudantil, participação no
colegiado, bem como a reserva do espaço físico das escolas estaduais para o funcionamento”. O texto
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da Proposta 6 será modificado, conforme a Proposta 2 enviada à Mesa: “Garantia de um
espaço físico adequado fixo para realização de reuniões e atividades do grêmio estudantil”.
PROPOSTAS 15
A Coordenadora - “Proposta 15 - Manifestação de apoio da Assembléia Legislativa ao Projeto de
Lei nº 1.029, em tramitação na Câmara Municipal de Belo Horizonte, e apelo às Câmaras dos
Municípios mineiros que possuam transporte coletivo para que legislem sobre o meio passe”.
pedidos de destaque?
O estudante Igor Moreira - Escola Municipal Caio Líbano, peço destaque.
O estudante André de Souza Machado Abreu Borges – Colégio Santo Antônio, peço destaque.
O estudante Henrique Leite - Colégio Estadual Central, peço destaque.
O estudante Lucas Araújo - Escola Municipal Caio Líbano, peço destaque.
A Coordenadora Agora vamos discutir a Proposta 15. Os alunos Igor, do Colégio Caio Líbano;
André, do Colégio Santo Antônio; Henrique, do Colégio Estadual Central; e Lucas Araújo, do Caio
Líbano, favor tomarem seus lugares próximos ao microfone.
O estudante Igor - Sou estudante do Colégio Caio Líbano. Essa questão do meio-passe é
imprescindível para que os alunos se transportem para as escolas. Isso é básico. Essa verba poderia
estar sendo aplicada em outros cursos ou até mesmo para uma alimentação melhor ou para uma cultura
melhor para cada aluno. Creio que cada aluno gaste cerca de R$80,00, por mês, com passagem. Por
ano, o gasto é muito alto, sendo que esse é um investimento que caberia ao governo fazer na educação,
e não aos alunos. Todas as Capitais, de todos os Estados brasileiros têm o meio-passe ou o Passe
Livre. A maioria têm Passe Livre. s, mineiros, somos os únicos do Brasil que não temos o Passe
Livre. Esse é o meu apelo. Espero poder aglutinar essa proposta com alguma outra que seja com ela
compatível. Não podemos deixar passar a oportunidade de aprovarmos essa proposta que vai
beneficiar todos. Deixo esse alerta. Vamos focalizar a atenção para essa idéia. Obrigado.
O estudante Lucas - Meu nome é Lucas. Sou da Escola Municipal Caio Líbano Soares. Meu colega
Ígor disse quase tudo o que eu queria dizer. Defendo a idéia do meio-passe porque a despesa com
passagem de ônibus - R$80,00 por mês - é muito puxada para a classe média baixa. Muito obrigado.
O estudante Henrique - Quero ressaltar que não cabe ao Estado estabelecer o Passe Livre, e sim ao
Município.
O estudante Lucas Felipe - Sou Lucas, da Escola Municipal Imaco. Ele disse que não é poder do
Estado definir o meio-passe, mas, se ler bem o texto, verá que se trata de manifestação de apoio.
Portanto ele não o leu corretamente. Gostaria que vocês dessem uma atenção especial a essa proposta
porque ela é importante para o nosso cotidiano. É um dinheiro bem investido. Esclareço que aquele
espaço destinado à mídia, que fica atrás dos ônibus, foi para pagar o meio-passe, que já é nosso direito.
Temos de lutar por ele.
A Coordenadora - Alguém é contra essa proposta? Até agora, três pessoas a apoiaram. Precisamos de
alguém que seja contrário a ela, para que haja votação.
Uma estudante - Vou ressaltar o que o Henrique falou sobre o âmbito estadual. Essa manifestação
deve existir sim, mas não cabe a esta plenária resolver isso agora. Quanto ao que você disse sobre o
espaço destinado à mídia, as empresas privadas é que o comandam, enão o governo. A minha proposta
é pela supressão.
O estudante Ígor - A idéia de afixar propaganda nos ônibus foi dos estudantes. Eles usaram a nossa
idéia, estão ganhando dinheiro, mas ainda não temos o passe.
O estudante Davidson Thiago da Cruz - Vocês solicitaram à Mesa que fosse o mais democrática
possível. Porém esse exercício da democracia também requer a participação de vocês. Três estudantes
defenderam a proposta, outro foi contra, e depois outro a defendeu.
Sendo assim, temos de fazer com que a democracia aconteça. Não é necessário apresentar outra defesa
porque já estamos esclarecidos acerca do assunto.
A Coordenadora - É sempre um a um. Não podemos permitir que um lado se manifeste mais que
outro, para que não haja desfavorecimento. Organizem a fala de vocês.
A estudante Marina - Gostaria de tirar uma dúvida. Não estou entendendo o termo “manifestação”.
Um estudante - Posso responder?
A Coordenadora - Sim.
Um estudante - Informaram-me que legislar sobre meio de transporte cabe ao Município. Como
estamos em um órgão estadual, podemos apenas apoiar essa idéia, e não legislar diretamente sobre a
matéria.
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A Coordenadora - Alguém pode defender a supressão dessa proposta, para que haja equilíbrio?
Uma estudante - Não sou contra a questão do Passe Livre, pois sou estudante como todos vocês.
Todavia a discussão está rendendo muito. Não cabe à Assembléia discutir isso, mas sim aogoverno
municipal. Então, peço a supressão porque essa proposta deveria ser priorizada, que não é uma
questão de âmbito estadual.
A coordenadora - Agora faremos a votação pela manutenção ou supressão dessa proposta. Quem for
favorável à supressão da proposta levante o crachá. (- Pausa.) Quem for favorável à manutenção
daproposta levante o crachá. (- Pausa.) A Proposta nº 15 está mantida, com 60 votos contra 26.
PROPOSTA 19
A Coordenadora - “Proposta 19 - Ampliação do fornecimento de merenda escolar nas escolas
públicas para os alunos do ensino médio e fiscalização da merenda, de forma a garantir sua qualidade
nutritiva”. Destaques?
A estudante Mariana Batista - Escola Estadual Central, destaque.
A estudante Amanda Oliveira - Colégio Frei Orlando, Unidade I, destaque.
A Coordenadora [...] Agora, vamos discutir a Proposta 19. Mariana Batista e Amanda, do
Colégio Frei Orlando I.
A estudante Mariana Batista - Na Proposta nº 19, eu queria que, em vez de ampliação, fosse
obrigação. Há escolas que têm a merenda. E quanto à fiscalização, além da qualidade, que se fiscalize
a verba que será investida nisso. É isso o que quero.
A Coordenadora - Com a palavra, Amanda.
A estudante Amanda - Também gostaria da mesma mudança exposta, mas proponho um novo texto.
(- Lê:) “Obrigatoriedade da distribuição, pela Secretaria de Educação, de merenda escolar gratuita na
rede pública para o Ensino Médio, em todos os turnos, garantindo sua qualidade nutritiva, com o
intuito de incentivar o comparecimento à escola e melhorar o rendimento no período em que o aluno
permanece em sala de aula.”
A Coordenadora - No seu texto, não a palavra “fiscalização”. Foi cortada. Mais alguém quer se
manifestar? Será colocada em votação a Proposta 19, com alteração do texto, conforme observado
pela colega Amanda.
Um estudante - Se for viável, eu queria que se acrescentasse a palavra “fiscalização” nesse texto.
A Coordenadora - Amanda, a Mesa pergunta se é possível acrescentar a palavra “fiscalização” na
proposta de texto que você nos enviou? Sim.
Um estudante - A Escola Municipal Caio Líbano Soares agradece.
A Coordenadora - O texto ficaria da seguinte forma: “Obrigatoriedade na distribuição, pela Secretaria
de Educação, de merenda escolar gratuita na rede pública para o Ensino Médio, em todos os turnos,
garantindo sua qualidade nutritiva, com o intuito de incentivar o comparecimento à escola e melhoria
do rendimento durante o período em que o aluno permanece em sala de aula. E fiscalização da
merenda de forma a garantir a sua qualidade nutritiva”. Vamos votar pela alteração da proposta nesse
texto que a Amanda apresentou.
A estudante Helena Santos - Sou do Colégio Santo Antônio. A proposta fala em incentivar os alunos
a ir para a escola por meio da merenda escolar. Acho que isso descaracteriza a escola. A escola tem
que ter merenda escolar, e aluno tem que ir para aprender, não para comer. Acho que uma escola
que...
A Coordenadora - Qual é a sua proposta?
A estudante Helena Santos - Não tenho proposta pronta sobre isso. Acho que o texto para essa
proposta não está bom.
A Coordenadora - Você é contra?
A estudante Helena Santos - Peço reformulação do texto dessa proposta. No início, acho que o texto
está bom, mas isso de atrair os alunos com a merenda...
A Coordenadora - Você gostaria de excluir a parte que fala sobre como manter os alunos na escola?
A estudante Helena Santos - É, não com a merenda. Creio que os alunos têm que ser mantidos por
outros motivos.
O estudante Ian Naor - Oponho-me ao que ela disse. Ela pode até ter razão.
A Coordenadora - Ian, duas defesas. Vamos votar a proposta como está, e também da forma
sugerida pela Amanda. Vou lê-las. A proposta original: “ampliação do fornecimento da merenda
escolar nas escolas públicas para os alunos do ensino médio e fiscalização da merenda de forma a
garantir sua qualidade nutritiva”. A proposta de mudança do texto é a seguinte: “obrigatoriedade da
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201
distribuição, pela Secretaria de Educação, de merenda escolar gratuita na rede pública para o ensino
médio, em todos os turnos, garantindo sua qualidade nutritiva, com intuito de incentivar o
comparecimento à escola e melhorar o rendimento durante o período em que o aluno permanecer em
sala de aula, e a fiscalização da merenda de forma a garantir sua qualidade nutritiva”.
A estudante Mariana Batista - Mariana, do Estadual Central. Em vez de colocar “fiscalização da
merenda” sugiro que troque por “fiscalização da verba destinada à merenda”.
A Coordenadora - Quem é favorável à manutenção do texto como se encontra no documento básico
levante o crachá. (- Pausa.) Quem é a favor da alteração, conforme enviado pela colega, levante o
crachá. ( - Pausa.) A Proposta 19 teve seu texto alterado nos moldes enviados pela colega, com o
acréscimo de fiscalização da verba da merenda.
O estudante André - Tenho uma dúvida. Haverá votação para tirar esse final?
A Coordenadora - Tem de haver, porque vocês manifestaram essa necessidade. Alguém que esteja a
favor da manutenção do texto como está e quem pretenda retirar manifeste-se rapidamente.
O estudante André - Serei breve. Acho que está descaracterizando a escola. Queremos uma escola de
qualidade. Uma escola na qual o aluno principalmente para comer não faz sentido. Não é de
qualidade. Vamos retirar essa parte, pois o restante está perfeito. Só retirar essa parte.
O estudante Igor Geraldo Fiúza Costa - Na elaboração dessa proposta, a idéia era a de fornecer a
merenda. Você acha que o aluno com fome vai prestar atenção na aula? Ele anda 1km, alguns no Vale
do Jequitinhonha, você acha que ele vai ficar com fome?
A Coordenadora - Quem é favorável à retirada dessa parte do texto - a merenda como incentivo à
permanência do aluno na escola - levante o crachá. (- Pausa.) Quem é favorável à manutenção levante
o crachá. (- Pausa.) O texto está aprovado mantendo a redação da merenda como incentivo à
permanência do aluno na escola.
PROPOSTA 21
A Coordenadora - “Proposta 21 - Doação e fiscalização de veículos para transporte escolar nas
áreas rurais do Estado, de forma a evitar a evasão escolar”. Há pedidos de destaque?
A estudante Hanna Kelly - Peço destaque.
A Coordenadora – [...] Com a palavra, a estudante Hanna, do Colégio Estadual Central.
A estudante Hanna - Peço a supressão da proposta porque muitas escolas já recebem verba para fazer
o transporte das crianças, a qual é usada inadequadamente. Houve o caso de uma escola que recebeu a
Van, mas o Prefeito desapareceu com o carro. A escola já recebe verba para isso.
A coordenadora - Quem se manifesta a favor da manutenção da Proposta nº 21?
O estudante Rafael - Sou do Colégio Frei Orlando I. está provado que a questão do transporte não
influencia na evasão escolar. Mas defendo o transporte de forma geral e a fiscalização do uso dos
veículos nas escolas rurais do Estado.
Um estudante - Quero mudar a proposta, que diz “doação e fiscalização de veículos para transporte
escolar nas áreas rurais do Estado, de forma a evitar a evasão escolar”. No meu ponto de vista, não
deve haver doação, mas sim obrigatoriedade do governo. Minha proposta é: “Ser obrigatoriedade do
Estado implantação e fiscalização nas escolas estaduais e municipais de veículos para transporte
escolar nas áreas rurais do Estado, de forma a evitar evasão escolar”.
A Coordenadora - Traga sua proposta. Em votação, a supressão ou a manutenção da Proposta 21.
Quem for favorável à supressão da Proposta 21 levante o crachá. (- Pausa.) Quem for favorável à
manutenção da Proposta nº 21 levante o crachá. (- Pausa.) A Proposta nº 21 foi mantida. Em votação a
modificação do texto para o seguinte: “Ser obrigatoriedade do Estado implantação e fiscalização nas
escolas estaduais e municipais de veículos para transporte escolar nas áreas rurais do Estado, de forma
a evitar evasão escolar”. Quem for favorável à mudança do texto levante o crachá. (- Pausa.) Quem for
contrário à mudança do texto levante o crachá. (- Pausa.) A proposta foi modificada para o texto: “Ser
obrigatoriedade do Estado implantação e fiscalização nas escolas estaduais e municipais de veículos
para transporte escolar nas áreas rurais do Estado, de forma a evitar evasão escolar”.
NOVAS PROPOSTAS
A Coordenadora - Passaremos à discussão das novas propostas, enquanto vocês terminam.
- Todas as propostas que estão com a Mesa foram apresentadas com 20% de assinaturas, portanto estão
aptas para discussão. Vamos prestar atenção na proposta seguinte.
22
202
[...]
A Coordenadora - A proposta que vou ler agora e que foi apresentada como nova proposta é a
seguinte: “Que a inscrição para a UFMG seja gratuita para alunos de escolas públicas e bolsistas de
escolas privadas”. Gostaria de ouvir uma defesa e um argumento contra a referida proposta.
O estudante Davidson Thiago da Cruz - Infelizmente, manifesto-me contrariamente a essa proposta,
não que discorde dela, mas pelo simples motivo de que ela não cabe no âmbito do Legislativo estadual,
por se tratar de matéria de alçada federal, visto que o que ela requer é isenção de pagamento de
determinadas pessoas no vestibular da UFMG. Não compete ao Estado legislar a respeito disso.
O estudante Igor Moreira - Discordo, apesar de o que o colega falou ter fundamento. Para se
conseguir a referida isenção, existe uma árdua burocracia. pessoas que, apesar de terem uma
razoável condição social, no momento de efetuar o pagamento não estão em condições de fazê-lo. Os
estudantes de escola pública têm esse direito, por isso é preciso legislar a esse respeito. Uma lei desse
tipo, com certeza, será aprovada. Devemos manter essa proposta de que os alunos do ensino público
devem, sim, ter o direito de estar isentos do pagamento da taxa de inscrição ao vestibular da Federal.
A Coordenadora - Quem é a favor da manutenção da proposta, como uma nova proposta, levante os
crachás. (- Pausa.) Os contrários à proposta, apresentada como nova, levantem os crachás. (- Pausa.)
De 45 votantes contra 29, a proposta foi recusada como proposta nova.
[...]
Proposta seguinte, que foi apresentada como nova: democratização da TV Assembléia, tornando-a um
canal aberto. Podem fazer as defesas.
O estudante Leandro - Sou da PUC Minas. Farei a defesa da proposta. Novamente, falo do pensador
Alex Tocqueville, que diz que, quando a democracia avança, a igualdade deve avançar junto. Quando
se fala em república, fala-se em coisa pública. Portanto gostaria de pôr a TV Assembléia como algo
público. Além disso, que os Municípios que não têm acesso direto à Assembléia possam acompanhar
as decisões que vigorarão em todo o Estado por meio desse canal.
A Coordenadora - Quem for contra a proposta manifeste-se, por favor!
A estudante Hanna - Não discordo dele, mas, no Parlamento passado, trouxeram essa proposta.
Propomos a mesma proposta que foi aceita, portanto não necessidade de enviar outra proposta
totalmente igual.
A Coordenadora - Então, a proposta foi contemplada. Quem for favorável à proposta levante o
crachá. (- Pausa.) Quem for contra a proposta levante o crachá. (- Pausa.) A proposta foi aceita com 41
votos a favor, e 39 contra.
DISCURSOS DO PRESIDENTE E DE UM DOS MEMBROS DA CPP
O Sr. Presidente (Deputado André Quintão) - Inicialmente, em nome da Comissão de Participação
Popular, da qual sou Presidente, Temos um documento com inúmeras propostas. Algumas dizem
respeito ao Orçamento do Estado, às prioridades do Estado em seu Plano Plurianual de Ação
Governamental, que é o planejamento de médio prazo do Estado, que sediscutido nesta Casa no
segundo semestre. Há algumas em tramitação e outras que já são objeto de lei aprovada na Assembléia
e que eventualmente o Estado ainda não cumpriu. proposições que dependem de outros órgãos. A
TV Assembléia, por exemplo, ser transformada em canal aberto é uma antiga reivindicação de
Deputadas e Deputados. É muito pertinente e depende de uma concessão do Ministério das
Comunicações. A Assembléia está em negociação com o Ministério para implementá-la. Assim, no
decorrer dos trabalhos propostas que eventualmente podem ser aceitas por um órgão público e
outras que dependem de outra esfera do governo, fugindo ao nosso controle. O que faremos agora com
o documento? Cada uma das propostas será analisada e receberá um parecer técnico da Assembléia e
de um relator da Comissão, em que será votada. propostas que serão transformadas em
requerimento para um órgão público, até para federais. Algumas podem se transformar em projeto de
lei, entre elas uma que obrigue as escolas estaduais, em seus projetos arquitetônicos, a reservar espaço
para o funcionamento dos grêmios estudantis. Essa questão é pertinente e pode virar lei.
[...] O Deputado Carlin Moura - Parabenizo a todos. Houve aqui um aprendizado enorme, e destaco
três aprendizados, pedindo que nos ajudem a reproduzi-los lá fora. Primeiro, não há democracia sem o
Parlamento. O Parlamento é a base da democracia. Segundo, e talvez mais importante, na democracia
aprende-se a ouvir o outro, que passa a ter papel fundamental no convívio democrático. Somos capazes
de enxergar em nós a verdade absoluta, mas, ao ouvir o outro, ajudamos a mudar o pensamento e a
construir uma sociedade mais solidária de convívio. Não democracia sem a opinião do outro. Por
23
203
fim, o terceiro aprendizado é que, além das quatro paredes deste Parlamento, existe algo maior, o
mundo, a sociedade civil. As propostas aprovadas aqui se tornarão realidade se tiverem a
capacidade de mobilizar a sociedade e ganhar seu apoio. Que viva a democracia e parabéns pelo
trabalh
24
204
ANEXO 9
PROPOSTAS DO PJ/2007 ACOLHIDAS E DESACATADAS PELA CPP
Participação Popular acolhe 19 propostas do Parlamento Jovem
A Comissão de Participação Popular da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, na reunião desta
quarta-feira (10/10/07), acolheu 19 das 27 Propostas de Ação Legislativas. de autoria do Parlamento
Jovem 2007. O programa é uma parceria da Escola do Legislativo e do Curso de Ciências Sociais da
PUC Minas para estimular o debate político entre estudantes mineiros. O tema para este ano foi
Educação - Inclusão e Qualidade. Todas as propostas acolhidas foram transformadas em requerimento,
que receberam parecer pela aprovação e serão encaminhados ao presidente da ALMG, deputado
Alberto Pinto Coelho, para o envio aos órgãos a que se referem, entre eles a Secretaria de Estado de
Saúde, da Educação, da Cultura, ao governador Aécio Neves, aos presidentes da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal.
Foram acolhidas as propostas 2/07, que obriga a implantação de atividades extracurriculares gratuitas,
como música, dança, pintura, teatro, esportes, eletrônica, mecânica, e corte e costura, nas redes de
ensino pública e privada; 4/07, que inclui no currículo escolar do Ensino Fundamental, as disciplinas
Filosofia e Sociologia; 5/07, que reformula o projeto Escola Viva/Comunidade Ativa, incluindo em
suas ações o ensino de cidadania para pais e alunos e o incentivo à participação familiar; 7/07, que
garante espaço físico, adequado e fixo, para a realização de reuniões do Grêmio Estudantil; 8/07, que
propõe avaliação contínua dos professores, com respeito à metodologia de ensino e ao conteúdo das
aulas; 9/07, que cria uma política salarial para os professores, mais coerente com a importância desses
profissionais.
Qualificação das escolas e dos profissionais da educação são priorizadas
Também foram acatadas as propostas 11/07, que propõe a destinação de verbas para as bibliotecas
escolares adquirirem livros e computadores e para criarem espaços destinados a salas de estudo e
oficinas de redação; 13/07 que autoriza a implementação, nas escolas públicas e privadas, de estrutura
adequada para os alunos com necessidades especiais; 14/07, que torna obrigatória a inclusão de alunos
com deficiência nas escolas públicas do Estado, com qualificação de profissionais e implantação da
Linguagem Brasileira de Sinais (Libras); 15/07, que amplia o Conselho Estadual de Defesa dos
Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (Conped); 16/07, que amplia a oferta, nas escolas
públicas, de cursos de alfabetização de jovens e adultos, podendo ser ministrados por alunos
universitários.
Foram acolhidas ainda as seguintes Propostas de Ações Legislativas: 17/07, que implementa, nas
escolas públicas e privadas, oficinas de educação ambiental para os Ensinos Fundamental e Médio;
18/07, que amplia e revitaliza os cursos técnicos profissionalizantes no Ensino Médio na rede pública e
privada; 19/07, que determina a distribuição obrigatória, pela Secretaria de Educação, de merenda
escolar gratuita para os alunos do Ensino Médio da rede pública; 20/07, que contém manifestação de
apoio da Assembléia Legislativa ao Projeto de Lei 1.029, em tramitação na Câmara Municipal de
Belo Horizonte, e apelo às câmaras dos municípios mineiros que possuam transporte coletivo para que
legislem sobre o meio passe; 22/07, que cria na mídia aberta, programas para formação do jovem, em
horário adequado; 26/07, que autoriza a contratação de profissionais das áreas de psicologia e
fonoaudiologia para atuarem em todas as escolas; 27/07, que destina verbas a bibliotecas escolares e
laboratórios, para adquirirem livros e materiais em geral; e 28/07, que propõe a melhoria da segurança
no ambiente escolar, por meio da contratação de profissionais qualificados nessa área.
Oito Propostas de Ação legislativa não foram acatadas
Não foram acolhidas as seguintes Propostas de Ação Legislativa: 12/07, que propõe a transformação
da TV Assembléia em canal aberto; 3/07, que cria, na grade curricular das escolas públicas, oficinas
pedagógicas para desenvolvimento de projetos interdisciplinares, 6/07, que cria um projeto destinado à
25
205
preparação dos jovens de comunidades carentes para ingressarem nas universidades; e 21/07, que
garante a implantação e fiscalização, pelo Estado, do serviço de transporte para as escolas estaduais e
municipais localizadas na área rural;
Também não foram acatadas as propostas 23/07, que autoriza a criação, pelas escolas, de projetos
pedagógicos a serem avaliados pelas Superintendências Regionais e pela Secretaria de Educação;
24/07, que propõe a otimização da burocracia dos serviços públicos, para agilizar a implementação de
projetos escolares; 10/07, autorizando a implementação de projetos que capacitem o professor para
promover o raciocínio crítico de seus alunos; e 25/07, que propõe aulas de reforço, em todo o sistema
de ensino, para melhorar o desempenho dos alunos com baixo rendimento escolar.
Presenças - Deputados André Quintão (PT), presidente; Eros Biondini (PHS), vice; Carlin Moura
(PCdoB); João Leite (PSDB); Domingos Sávio (PSDB); e Gustavo Valadares (DEM).
Fonte: http://www.almg.gov.br/not/bancodenoticias
Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação da ALMG (31) 2108 7715
26
206
ANEXO 10
ANÁLISES QUALITATIVAS DE PERGUNTAS ABERTAS
nas perguntas sobre quem ofereceu as oficinas de expressão corporal em sua escola, sobre democracia, cidadania e
participação política em sua escola, de entrosamento no teatro da assembléia legislativa e de redação na escola do
legislativo alguns alunos não responderam ou não identificaram corretamente as pessoas responsáveis pela oficina.
em quase todas as escolas, no momento de responder a esta questão, alguns perguntaram em voz alta: quem
ofereceu? qual foi esta oficina? a única em que eles não tiveram dúvidas foi a de redação.
___________________________________________________________________________
cite um novo conhecimento ou informação que você gostou de adquirir durante o parlamento jovem
1. aprendi mais sobre o que é política
2. o direito que a população tem de ir e participar das comissões de participação popular e atividades
realizadas pela almg
3. aprendi a debater e consigo hoje colocar melhor minhas idéias sobre política com mais sabedoria, se que
devo participar mais e melhor no meu país, preciso ser democrático
4. aprendi mais sobre política
5. não respondeu
6. passei a conhecer a almg
7. idéias dos novos colegas
8. conheci mais sobre política e sobre o governo do brasil
9. não respondeu
10. uma nova visão sobre política e participação
11. não respondeu
12. que nós devemos lutar pelos nossos direitos, que nós podemos fazer a diferença
13. que podemos influenciar e muito na política
14. que tudo é movido por interesse pessoal. até ao ajudar o outro as pessoas são movidas por interesse,
para elas se sentirem bem. para ajudar a si mesmas então, nem é preciso dizer. é a ordem natural das
coisas
15. que muitas das propostas passadas a almg podem virar lei
16. não respondeu
17. o parlamento foi uma forma diferente de estar diretamente ligada a uma realidade tão próxima que
muitas vezes consideramos tão distante por não vivenciá-la
18. me tornei uma pessoa mais crítica que analisa uma informação antes de aceitá-la
19. várias coisas sobre a história da política, geração de direitos, retórica, cidadania
20. vida de parlamentar é muito difícil pois defende os interesses da sociedade em que ele vive
21. descobri que sou capaz e posso participar dos assuntos políticos do estado, que não posso me
subestimar. participar, ter vida pública é ser cidadão
22. que não há uma burocracia enorme parra que o cidadão participe das questões políticas. basta se
interessar.
23. praticar a cidadania foi muito bom. aprendi que devemos sempre olhar pelos atos dos deputados
24. como eu posso exercer a cidadania no dia-a-dia
25. participação política. antes do pj não sabia ao menos que poderia exercer
26. obtive tanto conhecimento que não tenho nenhum mais importante para citar
27. as leis, o trabalho que temos para criação e aceitação das leis e outras coisas
28. mais conhecimentos sobre democracia, meus direitos e meus deveres
29. eu conheci como se faz propostas, aprendi a dialogar mais
30. que existe uma comissão de participação popular
31. que quando as diferenças nos inferiorizam temos de ser iguais, mas quando a igualdade nos
descaracteriza temos de ser diferentes
32. não respondeu
33. pequenas luzes podem se tornar grandes idéias, ou seja, se nós jovens nos unirmos podemos sim fazer
diferença lá na frente
34. antes eu via as coisas de um modo “conservador”, hoje meus interesses vão além do que está na mídia
35. que nós cidadãos “comuns” podemos participar (assistir) as reuniões do plenário! que a democracia
ainda não está presente como deveria estar
36. eu gostei porque eu tinha algumas dúvidas sobre como eram escolhidas as propostas e como era feito o
processo de decisão e depois para onde elas eram enviadas
37. cidadania, democracia, trabalho na assembléia...
27
207
38. que nós podemos “tudo”, é só querer. que nem tudo é o que parece e que a gente pode e deve cobrar
a quem nós elegemos.
39. descobri que na assembléia legislativa são efetuadas coisas de suma importância
40. a ciência de como funcionam as coisas dentro da assembléia legislativa
41. não respondeu
42. como os deputados fazem, trabalham decidindo as leis e sobre a democracia e cidadania
43. não respondeu
44. o desenvolvimento de projetos de lei
45. novos conceitos como democracia e cidadania
46. gostei de poder ir na assembléia na mesa de debates
47. aumentei meu vocabulário e meus conhecimentos gerais
cite uma coisa que você aprendeu na oficina sobre democracia, cidadania e participação política
1. o que é democracia. aprendi que todo cidadão deve cobrar dos políticos ações e promessas feitas
2. a virtude cívica e direitos comuns à população
3. democracia é um governo do povo onde todos têm o direito de participar
4. não respondeu
5. não respondeu
6. devemos lutar pelo que é de fato nosso direito
7. não respondeu
8. não respondeu
9. que nem tudo funciona como deveria funcionar e que existe muita coisa errada e a origem da
democracia
10. as formas de participação popular na democracia, a história da democracia, etc.
11. que se deve crescer o direito
12. a origem da democracia o seu desenvolvimento até hoje
13. não respondeu
14. que a democracia é o governo voltado para o bem, para o interesse do povo
15. não respondeu
16. democracia é o sistema político atual onde existem propostas e os cidadãos têm direito de votar no que
concordam
17. não respondeu
18. democracia é o governo do povo
19. virtude cívica, história da democracia
20. tenho poder e posso exercê-lo em prol da sociedade
21. que democracia é o governo do povo e que é de agrado da maioria
22. democracia, cidadania e participação política são fundamentais para o bom andamento da vida política e
social de onde vivemos
23. não respondeu
24. o que é e como funciona a democracia no brasil
25. cidadania e como exercer a participação política
26. direitos e deveres do cidadão
27. aprendi mais sobre o que é democracia
28. a respeitar a opinião do outro
29. que para exercer a democracia é necessário que se faça a sua democracia
30. que democracia é o povo no poder, que nós podemos fazer muito mais do que sabemos
31. não respondeu
32. democracia é um governo para todos
33. na democracia algo é elegido pela maioria
34. democracia – governo do povo para o povo
35. direitos e deveres
36. eu aprendi que eu devo lutar pelo meu direito e pelos meus ideais hoje, amanhã e sempre
37. democracia para ser exercida tem de ser justa e a democracia tem que abranger a todos
38. não respondeu
39. direitos humanos
40. não havia nada que eu já não soubesse
41. sobre a política, o lado bom da política
42. não lembro
43. não respondeu
28
208
44. o conceito de democracia e cidadania
45. conceitos sobre os temas trabalhados
46. aprendi a respeitar os direitos dos outros
47. desenvolver sobre os assuntos citados
o que é política para você?
grupo experimental
1. o ações sobre tudo aquilo que envolve a sociedade
2. é a forma de organização que um estado ou nação está submetida. através dessa forma de reger uma
população as principais decisões e estratégias de um governo são tomadas por uma pessoa ou um grupo
delas
3. o que todos podem participar mas nem todos participam
4. não respondeu
5. atualmente é uma forma fácil de ganhar dinheiro, mas tem como objetivo ajudar a melhorar o ambiente
da população
6. jeito de exigirmos nossos direitos mas que infelizmente hoje é corrupção
7. política é como filosofia, cada um tem uma certa idéia
8. não respondeu
9. um modo de fazer com que a democracia funcione de certa forma
10. é algo confuso, eu não sei se ela é boa ou ruim, se ajuda ou atrapalha a nossa vida. todas as decisões
dependem de muita politicagem, apoio de um, oposição de outro e eu não sei se isso funciona na hora
de escolher o que é melhor para a população (colégio batista, não discuti política com a família e nunca
consultou a constituição)
11. é o exercício da lei
12. é o modo de organização da democracia pois elegemos políticos para governar
13. é administrar bens do governo, a sociedade, fazendo leis ou atividades do poder executivo
14. é o meio pelo qual a sociedade é organizada. poder. a política é a expressão de um poder sobre um
grupo
15. um governo para a cidade, para as pessoas, justo, porém um pouco corrupto
16. é exercer nossas filosofias e preceitos para a sociedade e procurar alcançar um bom convívio em
sociedade
17. política é uma forma de organizar o povo e uma nação a fim de que quem está à frente se preocupe com
o bem estar de todos e se empenhe por um país melhor e mais igualitário
18. é a participação de todos visando o bem comum
19. maneira de organizar o estado e garantir direitos e deveres para cidadãos. forma de discutir assuntos que
dizem respeito à sociedade e suas necessidades
20. política para mim significa o poder da sociedade para decidir questões do mundo, de seus país, estado,
cidade, bairro, de uma forma desinteressada e que seja comum a todos
21. é o meio pelo qual se rege um povo de uma forma que seja comum a todos, que alcance a grande
maioria
22. política é a forma de organização de um país, estado, cidade, na qual o povo elege representantes para
governar em nome dele
23. é o ato de legislar melhorando e manuseando todo o país. infelizmente política lembra hoje de
corrupção
24. é administrar a sociedade representando cada cidadão
25. não respondeu
26. é um dos modos de se elitizar um país
27. é um estudo proporcionado para todos para reivindicarmos os nossos direitos e defendê-los
28. a política é constituída por pessoas que nós elegemos. portanto, política está ligada à comunidade,
sociedade na qual eu posso e devo fiscalizar.
(imaco. discuti política coma família e já leu ou consultou a constituição. alguém da família participa na
associação de bairro. quis participar do pj para adquirir conhecimentos, saber mais sobre política, conhecer
os locais onde as leis são formuladas e discutidas)
29. é saber fazer leis para uma sociedade mais justa. política para mim é não fazer algo para si mesmo e sim
para o todo. política é cidadania, é democracia, é fazer algo para o país e não essas ladroeiras de
corruptos e ladrões
30. um sistema no qual se pode melhorar a qualidade de uma cidade por exemplo
31. política é algo expressado por toda a população, no simples falar do governo, se reunir, decidir algo, no
simples momento do voto fazemos política.
29
209
(imaco. discuti política com a família. quis participar do pj para se informar melhor sobre política e
adquirir experiências novas)
32. uma forma de governo onde todos têm o direito de opinar nas decisões
33. é ministrar, governar para as pessoas
34. é um jogo positivista
35. é o modo pelo qual os representantes que elegemos trabalham, é fazer algo em relação a alguma coisa
36. é alguém que tem por obrigação defender os direitos do povo e o principal ele tem que ter caráter e
dignidade na hora de fazer suas escolhas
37. política se relaciona com elaborar leis que abrangem toda sociedade, buscando melhorar a igualdade
social e sobretudo melhorar a qualidade de vida para os brasileiros
38. é uma das melhores criações do homem e ao mesmo tempo a pior, pois desde o tempo que começaram a
inventar a política já tinha corrupção
39. tudo
40. algo complicado
41. é roubar o dinheiro do povo
(não discuti política com a família,não conversa sobre voto e eleições,nunca leu ou consultou a constituição,
quis participar do pj porque uma gatinha o convidou, citou como proposta a que versava sobre merenda
escolar nas escolas estaduais
42. é fazer leis para serem usadas e não ficaram só no papel, é democracia
43. não respondeu
44. é um meio de eleger representantes para o benefício do povo
45. é corrupção
46. é uma forma de governar um país, um estado...
47. é fazer leis, discutir vários assuntos para que se possa entrar em consenso, é melhorar a vida de muitas
pessoas
grupo de controle
48. modo de realizar algo, lembra-me poder, obedecer
49. quando um grupo de pessoas é eleito pela maioria para que, em acordo, tomem medidas que sejam pelo
bem comum
50. uma forma de exercer poder sobre as pessoas, influenciar
51. não gosto de política
52. é a organização que tem como objetivo melhorar a vida da população
53. é o direito de exercer sua cidadania
54. não respondeu
55. é uma forma de promover melhorias, organização e direitos
56. algo muito injusto
57. é o ato de comandar algo, política é uma ação que as pessoas fazem para melhorar apesar de ter muita
corrupção
58. é uma forma de realizar ações e melhorias para a população
59. no brasil é mais uma maneira de roubar
60. não sei
61. é o nome que se dá à organização de assuntos que retratam e fazem leis
62. é um conjunto de idéias analisadas e trabalhadas que podem se transformar em leis
63. é um campo muito “sujo” onde há corrupção, políticos ilegais, mas também tenho consciência de que
tem políticos mais honestos e que podem trazer uma melhor situação para o país
64. prefiro não opinar
65. é um modo de organizar a sociedade através de leis (direitos e deveres) mas que atualmente tem muitas
falhas e precisa ser direcionada por pessoas capacitadas e honestas para uma vida geral melhor
66. dever
67. é um sistema de coordenação de uma região em que a democracia prevalece e a vontade da maioria
68. um meio para que a população expresse seus desejos através dos governantes que elegeram
69. é a articulação usada pelas pessoas quando querem realizar algo a seu favor
70. não respondeu
71. é uma forma de governo (hierarquia) que rege a sociedade, governando o povo, impondo leis e
trabalhando o direito do povo
72. é o direito de exercer uma liderança para um bem maior de uma população em comum
73. é junção de propostas que buscam um consenso no intuito de trazer a melhor solução para todos
74. para mim é um grupo de pessoas que tentam ajudar nosso país, mas na verdade só piora
75. é aplicar leis no estado
76. discutir e debater e é também como se fazem as leis
77. ganância, confusão
30
210
78. política é uma forma de democracia, mas nos dias atuais não temos democracia e sim roubalheira
79. é uma besteira pois todos os candidatos não valem nada. se tivesse um que prestasse poderia pensar
diferente sobre política.
80. é eleger cargos para editar as leis do país e exercê-las em ou nos estados
81. melhoramento do país
82. hoje em dia política é corrupção, mentiras... enfim, mas tudo na vida tem exceções
83. fazer o certo para o povo
84. a responsabilidade de governar um, estado, cidade, etc. debate, propor leis, etc.
85. nada a declarar
86. é uma forma de se lidar com os poderes sem roubar. é uma forma de vida
87. para mim é marketing
88. a política começa em casa. a política é bom, existe no mundo todo
89. política é saber elaborar, analisar, propor e ajudar o país com justiça e com dignidade, criando projetos,
leis e organizações que nos ajudem.
90. política é quando o povo escolhe pessoas e assim essas pessoas representam o povo
91. é uma forma na qual se organiza o poder em uma sociedade
92. é como é organizada nossa sociedade através de leis, etc
93. política é a elaboração de leis que regem a sociedade
94. o debate de certos assuntos com o objetivo de melhoria para a cidade, estado, país,etc
31
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