bateu palmas no dia que ele disse lá na praça na festa de S. Benedito, no ano
que João Balão foi rei, que foi o último ano que essa festa foi separada, é
rico lá no Dom Bosco, no uísque, no filé mígnon, no tudo de bom...E os
pobres tomando coca-cola quente, que estava péssimo mesmo lá. Eu estive...
eu não fui no Dom Bosco. No Dom Bosco eu não fui, porque eu nunca
gostei também ficar assim. Acho que não ia sentir bem. Eu não cheguei de ir
no Dom Bosco. Lá no lazer da Lixeira eu fui, e era péssima qualidade da
comida, horrível, e a bebida quente. Mas nesse mesmo dia que o pessoal teve
por lá, Pe. Teodoro estava tão revoltado, que fez a procissão normal da rota
da procissão de S. Benedito. Depois que chegou aqui na praça, ele mandou
pôr S. Benedito no ombro e mandou entregar lá no lazer da Lixeira com todo
o povo acompanhando. Passou aqui nessa rua, foi nessa ou na Benedito de
Mello, eu não me lembro bem. Mas eu acho, acredito que foi nessa rua que
na época nem tinha asfalto. Era só aquele poeirão, aquelas madames,
aquilo... todos enchendo o pé de poeira, zangados, não tinha quem não
queria brigar com ele. Ele não estava nem aí, ele estava bufando também,
pois, quando ele zangava, ele zangava mesmo. Ele era bravo! Aí nós fomos,
foi todo mundo acompanhando S. Benedito com velas na mão, outros com
velas no prato. Nós andamos, andamos tanto que até eu que era jovem na
época fiquei cansada porque nós andamos a procissão inteira, saímos da
Igreja e fomos lá no lazer da Lixeira entregar S. Benedito lá. Até hoje eu não
entendi por que ele teve essa atitude de ir lá levar. Porque antes ele fez um
discurso que desse ano em diante a festa de S. Benedito ia ser lá na praça. Ia
ser uma festa popular onde todo povo pudesse festar. Eu acredito que foi
entre 81 e 82. Foi por aí, não deve ter sido antes 81 ou 82, nós ainda estava
no regime militar. Por isso, que eu falo, pra mim foi um ato de muita
coragem, assim de muita ousadia dele enfrentar aquela elite que mandava,
que até hoje manda (CADERNO DE CAMPO 1, 2005, p. 31-32).
O Livreto da Festa de S. Benedito (2001, p. 12-13), num breve relato
sobre a sua história, resgata a mudança do local e de sua organização, ocorrida em 1981:
Só em 1981, por força do Código de Direito Canônico, a Paróquia Nossa
Senhora do Rosário, chamada também de Paróquia Nossa Senhora do
Rosário e S. Benedito, assume toda a questão organizativa da festa através
do Conselho Paroquial, com os seguintes objetivos:
a) Celebrar a fé católica pela devoção a S. Benedito;
b) Manter e revitalizar a cultura e tradições da gente Cuiabana, quanto à
festa de São Benedito;
c) Constituir um espaço de confraternização e lazer de cunho religioso; d)
Proporcionar solidariedade e compromisso com as atividades paroquiais,
pautando-se pela opção preferencial pelos pobres; e) Arrecadar fundos para
investimentos paroquiais.
Essa mudança só foi introduzida a partir da Festa de 1982, pois a de 1981,
como já foi noticiado, ocorreu da forma como a Irmandade de S. Benedito havia organizado.
Segundo seu Nonô e outros entrevistados, em 1981, a Paróquia escolheu os
festeiros para 1982 entre as pessoas comprometidas com a devoção a S. Benedito. "Em 1982