26
"gentio", do índio; da fundação do Imperial Colégio de D. Pedro II, de onde o ideário
imperial se difundia para as elites com o início do ensino de história na Corte; e da criação
do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - IHGB, em 1838.
Criando instituições, difundindo novas idéias e valores, redigindo livros,
imprimindo jornais, rindo com as comédias de Martins Pena, emocionando-se
com os romances de folhetim, seguindo os cursos jurídicos e os das faculdades
de medicina, entre muitas outras atividades, os dirigentes imperiais
possibilitavam a civilização da boa sociedade, ao mesmo tempo em que eram
conformados por sua própria obra (MATTOS, 2000, p.45).
Dessa forma, podemos estabelecer uma reflexão entre continuidades e rupturas que
existem entre o Império do Brasil, quando uma disciplina voltada para a moral, para a
religião e o civismo foi construída e o período da ditadura militar iniciada em 1964,
quando a Educação Moral e Cívica foi implantada obrigatoriamente em todas as escolas do
país através de um Decreto-Lei. A tarefa de construir um Estado, ao mesmo tempo em que
o povo é construído por ele, foi um exemplo que permaneceu para os dirigentes brasileiros,
do Império à República. A formação do Estado, as Leis, os movimentos sociais, enfim, a
dinâmica da nação esteve relacionada com projetos do Estado desde o período imperial e
esteve presente de maneira concreta durante a ditadura militar. Vejamos um exemplo, o
papel do professor. Segundo Selma Rinaldi de Mattos:
As tarefas de instruir os cidadãos, difundir as Luzes, impor uma disciplina,
fortalecer o sentimento patriótico e velar pelos preceitos morais - a tarefa de
formar um povo, em suma - davam especial relevo aos professores, naqueles
tempos de construção do Estado Imperial e de constituição de uma nova classe
senhorial (MATTOS, 2000, p. 53-54).
Assim, visando os objetivos descritos acima, foram criadas as escolas normais em
Niterói, em 1835, na Bahia, em 1836, no Ceará, em 1845 e em São Paulo, em 1846,
destacando assim a importância da Instrução na formação da nação. Assim, também, os
dirigentes militares do regime iniciado em 1964 tinham especial atenção aos professores na
formação moral do país, voltada para o desenvolvimento e para a segurança nacional,
contra a "subversão da ordem".
Tanto no Império, quando estava em relevo a manutenção do monopólio de terras,
do trabalho escravo e da Monarquia, como durante a ditadura militar, quando os objetivos
eram os ideais de desenvolvimento dependente e de segurança nacional, o papel do
professor foi essencial para que o Estado pudesse fazer a tentativa de colocar seu projeto
nação em prática, mesmo com resistências. O professor é aquele que, em sala de aula, dá
vida aos manuais didáticos e aos métodos, estabelece o "lugar" que o aluno ocupará no