De há muito, os seres humanos possuem tal visão, haja vista os
currículos da velha China, incluindo, na escola elementar, o ensino da
leitura, da escrita e do cálculo, e o Egito, admitindo nas "'casas de
instrução", a linguagem, a escrita, o cálculo e o culto, na primeira fase. Os
fenícios, dominados pelo princípio da utilidade, bipartem a educação em
física e intelectual, diversamente dos judeus, que se mantêm no plano da
educação intelectual, e aproximados dos gregos, no que concerne à dupla
valorização do plano físico e intelectual. Na antiga Roma, a ludimagister
ministra uma educação elementar que abrange leitura, escrita e rudimentos
de cálculo, enquanto sob o império de Carlos Magno, imposta a
obrigatoriedade do ensino, que devia ser ministrado em língua nacional,
preserva-se nas escolas presbiterianas (elementares) o mesmo currículo de
Roma que, numa educação já cristã, o amplia pela inclusão de geografia e
ciências naturais.
Na América, em uma das Ordenações Reais sobre Educação, impõe-se
o ensinar a aprender a ler, escrever e aprender o catecismo.
Não pretendemos, e não seria o caso, escrever uma história da
organização dos currículos; levantamos alguns dos mais antigos, a fim de
tomar os pontos primários de concordância, para, a partir delas, tentar
compreender o que se pretendia e pretende das crianças e dos jovens.
Destacamos então: tem havido sistematicamente a intenção de que se
saiba ler, escrever e contar, embora variem os objetivos e os métodos de
"fazer aprender". Poder-se-ia dizer que esses três elementos, comuns à
maioria dos currículos da fase de escolaridade inicial, sofrem um processo
de ampliação nas escolas secundárias ou litterator, e constata-se ainda que
acompanham uma ordenação em complexidade crescente, envolvendo a
faixa etária de 7 a 14 anos ou de 7 a 12 anos, em média.
Um dos primeiros currículos, senão o primeiro, a levantar, de modo
consciente ou inconsciente, a diferenciação entre ensinar e aprender foi o
implantado na América pela Ordenação Real, e isto coloca um ingrediente
novo no trabalho de educação, por deixar supor uma riqueza no ato de
aprender, muito mais que no de ensinar, embora ligue o primeiro a problema
de fé e o segundo, a questão de desenvolvimento intelectual.
Mais um elemento dessa análise valeria ressaltar: movidos por ideais
diversos, usando de mais ou menos rigor, adotando métodos diversificados,
a humanidade tem conseguido o aperfeiçoamento individual, possibilitando
o acesso aos valores sociais e a conseqüente conquista de uma compreensão
do mundo e de uma concepção de vida. A orientação que se imprime no
trabalho escolar é que poderá
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