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Campus de Ilha Solteira
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
Culturas de cobertura, doses e tipos de calcário em superfície na
implantação do sistema plantio direto com a cultura da soja
irrigada.
JOÃO ALVES DA SILVA
Orientador: Prof. Dr. Edson Lazarini
Dissertação apresentada à Faculdade de
Engenharia da UNESP – Campus de Ilha
Solteira, para obtenção do título de Mestre em
Agronomia. Área de Concentração: Sistemas de
Produção.
Ilha Solteira – SP
Março, 2008
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FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação
Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação da UNESP - Ilha Solteira.
Silva, João Alves da.
S586c Culturas de cobertura, doses e tipos de calcário em superfície na implan-
tação do sistema plantio direto com a cultura da soja irrigada / João Alves
da Silva. -- Ilha Solteira : [s.n.], 2008
113 p.
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista. Faculdade de
Engenharia de Ilha Solteira. Especialidade: Sistemas de Produção, 2008
Orientador: Edson Lazarini
Bibliografia: p. 97-111
1. Solos – Correção. 2. Plantio direto. 3. Sorgo. 4. Milheto. 5. Cultivos
de cobertura. 6. Soja – Irrigação.
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Aos meus pais, Ari Antônio da Silva e Luzia Alves Souza da Silva, que
me educaram e deram a oportunidade para esta conquista, cujo exemplo de vida foi
e sempre será de fundamental importância para minha formação pessoal e
profissional,
DEDICO.
Com amor e carinho, à minha Esposa Fernanda, pelos incentivos, compreensão,
paciência e companheirismo em todos os momentos,
OFEREÇO.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, por sempre estar presente em minha vida, dando-me
sabedoria e orientação nos momentos mais difíceis.
Em especial ao Prof. Dr. Edson Lazarini, pela orientação, ensinamentos e
amizade que foram de fundamental importância para a realização deste trabalho.
Aos meus irmãos, Adriana e Emerson, meus sobrinhos, Lucas e Thiago e aos
meus cunhados Onias e Andréa, que estiveram sempre presentes nesta minha
trajetória. Obrigado pelos incentivos e dedicação.
Ao casal, Luis e Clotildes Gasche, pelo acolhimento, amizade e incentivos.
A todos Docentes desta unidade de ensino, pelos ensinamentos, amizade e
colaboração para minha formação profissional.
Aos amigos da República B.O, Danilo (Piqüi), José Aparecido (Russo),
Marcelo (Motoki), Tavares (Babésia), Guilherme (Migué) e a agregada Márcia
(Braba), pelo acolhimento, companheirismo e pela boa convivência.
Aos amigos de Botucatu – SP, Marquinho (D4) e Júlio (Grampola), que
mesmo à distância me incentivaram e apoiaram durante esta caminhada.
Aos técnicos de laboratório e funcionários da Fazenda de Ensino e Pesquisa
da FE/UNESP, pelo auxílio durante o curso, desenvolvimento desta pesquisa e
amizade.
Aos amigos de Três Lagoas - MS, Alexandre (Chutera) e Anderson pelo
companheirismo e apoio.
Enfim, a todos que direta ou indiretamente contribuíram para o
desenvolvimento deste trabalho e meu desempenho acadêmico.
CULTURAS DE COBERTURA, DOSES E TIPOS DE CALCÁRIO EM SUPERFÍCIE
NA IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA PLANTIO DIRETO, COM A CULTURA DA
SOJA IRRIGADA.
Autor: Engº Agrº João Alves da Silva
Orientador: Prof. Dr. Edson Lazarini
RESUMO
A cultura da soja vem sendo intensamente cultivada, no sistema plantio direto (SPD),
na região do Cerrado. O solo, de baixa fertilidade e elevada acidez, e as altas temperaturas
favorecendo a decomposição do material vegetal na superfície do solo, tem limitado o
estabelecimento do SPD nesta região. Sendo assim, é de grande interesse a busca de
alternativas que viabilizam a correção do solo e o incremento da palhada na implantação do
SPD. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar culturas de cobertura, tipos e doses
de calcário aplicadas na superfície do solo na implantação do SPD e seus efeitos na cultura da
soja e nos atributos químicos do solo. O experimento foi conduzido na Fazenda experimental
da UNESP – Campus de Ilha Solteira, localizada no município de Selvíria, MS em um
LATOSSOLO VERMELHO Distrófico irrigado por pivô central. A área anteriormente foi
cultivada com soja no sistema convencional. O sorgo e o milheto foram dispostos em faixa no
sentido longitudinal da área experimental para facilitar a semeadura, enquanto que os tipos de
calcário (PRNT de 100% e PRNT de 82%) e as doses (0,0, 0,25, 0,5, 1,0 e 2,0 vezes a
calculada para elevar o V% a 60) foram distribuídos inteiramente ao acaso no sentido
transversal da área. Foram avaliados os parâmetros de massa seca da parte aérea e
porcentagem de cobertura do solo proporcionada pelas culturas de cobertura, estado
nutricional das plantas de soja, características agronômicas da soja e atributos químicos do
solo. O sorgo produziu maior quantidade de massa seca proporcionando maior cobertura do
solo, porém a palhada de milheto foi mais duradoura na superfície do solo. A soja cultivada
em sucessão ao sorgo, apresentou menor crescimento vegetativo e redução no número de
vagens e massa de 1000 sementes. A aplicação superficial do calcário com PRNT de 100%
proporcionou aumento no número de vagens e na produtividade de grãos de soja. O aumento
das doses de calcário, independente da granulometria, foi diretamente proporcional à redução
dos teores de Fe, Zn e Mn nos tecidos foliares da soja. Em geral, a calagem superficial,
independente da dose e da granulometria, promoveu elevação dos teores de Ca, Mg e K, e
redução da acidez do solo nas camadas superficiais. A dose inteira (dose 1,0) do calcário com
PRNT de 82%, após 12 meses da aplicação, alterou beneficamente os valores de pH, K, Ca,
Mg, Al e V(%) na camada de 0,20 – 0,40m.
Palavras Chaves: Glycine max, Sorghum bicolor, Pennisetum glaucum, calagem e cobertura
do solo.
COVER CROP, LEVELS AND TYPES OF LIMESTONE IN THE NO-TILLAGE
SYSTEM ESTABLISHMENT WITH THE SOYBEAN CROP IRRIGATED.
AUTHOR: Eng
o
Agr
o
.João Alves da Silva
ADVISER: Prof Dr. Edson Lazarini
ABSTRACT
In Brazil, the soybean is intensively cropped under non-till system on the Cerrado
region. However the low fertility and pH values of the soil, and high air temperature
conditions increase the organic matter decomposition on the soil surface, limiting the non-till
system establishment. In this way, searches for alternatives that promote a good soil correction
with plant coverage enhancement for a non-till systems establishment are needed. The aim of
this work was to evaluate the cover crops, types and levels of limestone during a non-till
system establishment and its effects on soybean cropping and soil chemical characteristics.
The experiment was carried out at experimental farm of the UNESP, district of Selvíria, Mato
Grosso do Sul State in a distrofic red latosoil irrigated with a center pivot. Sorghum and millet
were disposed in a longitudinal strip direction from the experimental area to facilitate the
sowing while the limestone types (PRNT 100% and PRNT 82%) and the levels of input (0.0,
0.25, 0.5, 1.0 and 2.0 times the prescribed level to elevate the V% to 60) were randomly
distributed in a transversal way. The shoot dry mass production, the percentage of soil
coverage by crops cover, the nutritional and characteristics of soybean plants and the chemical
attributes of soil were evaluated. Sorghum showed high values of shoot dry mass than millet,
however, the millet dry mass was more enduring on soil surface. Soybean cropped in
succession to sorghum shown an decrease in vegetative growth, number of pods and fresh
mass of 1000 seeds. On the other hand, the superficial liming with PRNT 100% provided an
increase in the number of pods and consequently increases on yield of soybeans.
Independently of granulometry the increase in levels of inputted limestone was directly
proportional to decreasing on contents of Fe, Zn and Mn ions of soybean leaf tissues. In
general the superficial liming provided an increase on levels of Ca, Mg and K ions and
consequently reduction on soil acidity. The treatment with limestone PRNT 82% at level 1.0
of input showed positive changes on pH values and levels of K, Ca, Mg, Al and V(%) on the
layers from 0.20 to 0.40 m.
Keywords: Glycine max, Sorghum bicolor, Pennisetum glaucum, limestone and cover of soil.
SUMÁRIO
Página
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 10
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................................. 12
2.1 Sistema plantio direto................................................................................................... 12
2.2 Culturas de cobertura do solo....................................................................................... 14
2.3 Calagem no sistema plantio direto ............................................................................... 18
3 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................................... 23
3.1 Caracterização e localização da área experimental ...................................................... 23
3.2 Tratamentos.................................................................................................................. 23
3.3 Delineamento experimental e tamanho das parcelas.................................................... 25
3.4 Instalação e condução do experimento......................................................................... 25
3.5 Amostragens e avaliações............................................................................................. 27
3.5.1 Culturas de cobertura........................................................................................ 27
3.5.2 Cultura da soja.................................................................................................. 28
3.5.3 Análise química do solo ................................................................................... 29
3.6 Análise estatística......................................................................................................... 29
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 30
4.1 Culturas de cobertura do solo....................................................................................... 30
4.1.1 Massa seca da parte aérea................................................................................. 30
4.1.2 Porcentagem de cobertura do solo.................................................................... 33
4.2 Diagnose nutricional das folhas de soja ....................................................................... 35
4.3 Características agronômicas da soja............................................................................. 48
4.4 Características químicas do solo .................................................................................. 58
5 CONCLUSÕES..................................................................................................................... 96
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 97
APÊNDICE ............................................................................................................................ 112
10
1 INTRODUÇÃO
O Brasil possui uma área estimada em 46 milhões de hectares cultivadas com culturas
produtoras de grãos e deste total, 44,8% são cultivados com soja. Na safra de 2006/07 a
produção de soja no país atingiu aproximadamente 58,4 milhões de toneladas,
correspondendo a 44,3% da produção nacional, de acordo com estimativas realizadas pelo
Conselho Nacional de Abastecimento (CONAB) (2008). Cerca de 70% das terras cultivadas
com soja no país, estão sob sistema plantio direto (SPD), sendo 25% desta área localizada na
região do Cerrado (CERVI, 2003).
O SPD consiste em um sistema de cultivo, onde o revolvimento do solo ocorre apenas
na linha de semeadura, mantendo os resíduos culturais na superfície, resultando em inúmeros
benefícios ao solo. Entre estes benefícios, destaca-se a redução do impacto da gota da chuva,
maior disponibilidade de água e nutrientes para as plantas, além de melhorar as condições
químicas e físicas com o aumento da matéria orgânica. Sendo assim, o estabelecimento de um
esquema de rotação ou sucessão de culturas que proporcione acréscimos na quantidade de
resíduos vegetais depositados na superfície do solo, é essencial para sustentabilidade desse
sistema.
As altas temperaturas nas áreas de Cerrado, associadas à umidade favorecem a
decomposição da fitomassa depositada sobre o solo, dificultando a manutenção da cobertura
vegetal. Portanto, a introdução de espécies que produzam resíduos vegetais com
decomposição mais lenta em sucessão à cultura principal, é fundamental para se obter sucesso
na implantação e na manutenção do SPD.
Um outro aspecto a destacar, é que os solos do Cerrado caracterizam-se por apresentar
baixa fertilidade, alta acidez e teores de alumínio em níveis tóxicos, comprometendo a
produtividade das culturas. A calagem é a prática mais comumente utilizada para reduzir a
11
acidez e os teores de Al no solo, melhorando o ambiente para o desenvolvimento radicular,
além de promover maior disponibilidade de nutrientes para as culturas.
A implantação do SPD nesta região, geralmente é precedida da aplicação e
incorporação do calcário, visando obter um efeito mais rápido do insumo na correção do solo.
No entanto, o tráfego de máquinas aliado ao revolvimento do solo altera suas características
físicas, diminuindo a porosidade o que prejudica a infiltração de água, levando ao aumentando
do escorrimento superficial e facilitando a erosão. Uma outra desvantagem é o aumento dos
custos com as operações de incorporação do corretivo e preparo do solo.
Neste sentido, aumenta-se o interesse em buscar alternativas que viabilizam a
implantação do SPD com aplicação superficial do calcário, sem posterior incorporação. No
entanto, a calagem superficial proporciona uma reação mais lenta, devido ao menor contato
do corretivo com as partículas do solo, comprometendo sua ação em profundidade.
Levando em consideração que um dos fatores que viabilizam a reação do calcário é o
contato entre suas partículas com às do solo, levantou-se a hipótese de que a aplicação
superficial de um calcário mais reativo, ou seja, de granulometria menor, proporciona uma
melhor correção do solo em profundidade. Surgindo também, o interesse de avaliar, além da
dose recomendada, suas frações, com o intuito de verificar se a redução da quantidade de
calcário, acarretaria alterações significativas durante desenvolvimento do sistema.
Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar culturas de cobertura do solo,
tipos e doses de calcário aplicadas em superfície na implantação do SPD, e seus efeitos na
cultura da soja e nos atributos químicos do solo.
12
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Sistema plantio direto
A área ocupada pelo sistema plantio direto tem aumentado rapidamente no Brasil,
principalmente nos últimos anos. Na safra 2005/06 foram cultivados 25,5 milhões de ha sob
esse sistema, correspondendo a 53,3% da área nacional cultivada com culturas produtoras de
grãos (FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE PLANTIO DIRETO NA PALHA - FEBRAPDP,
2008).
Para Muzilli (1991), plantio direto é o processo de semeadura em solo não revolvido,
no qual a semente é colocada em sulcos ou covas, com largura e profundidade suficientes para
a adequada cobertura e contato das sementes com o solo. Atualmente, este conceito assume a
visão integrada de um sistema, envolvendo a combinação de práticas culturais ou biológicas,
tais como: o uso de produtos químicos ou práticas no manejo de culturas destinadas à
adubação verde, para a formação de coberturas do solo; a manutenção dos resíduos culturais
na superfície do solo; a adoção de métodos integrados no controle de plantas daninhas, através
de cobertura do solo e herbicidas, e; o não revolvimento do solo, exceto nos sulcos de
semeadura.
Em síntese, Oliveira e Freitas (1999) definem o plantio direto, como um sistema que
produz alimentos com alta qualidade, em quantidades adequadas, com o menor uso de
insumos, maximizando assim a rentabilidade econômica da empresa agrícola, necessitando
para tanto, a manutenção da palhada na superfície do solo, utilizar uma maior diversidade de
espécies (rotação de culturas) e evitar movimentação no perfil do solo.
A região dos Cerrados, composta por 207 milhões de hectares e caracterizada por
solos geralmente pouco férteis e com possibilidade de ocorrência de veranicos, tem
13
encontrado no plantio direto um sistema de manejo que possa superar as restrições impostas
pelo ecossistema e manter ou incrementar a produtividade das culturas, embora necessite
ainda de vários estudos para a obtenção de sucesso total com a adoção desta nova tecnologia
de produção (RESCK, 1998). Entretanto, a baixa quantidade de matéria orgânica (M.O.),
comum em solos de cerrado, principalmente nas camadas inferiores, assim como a baixa
CTC, altos teores de Al e a tendência em se acidificar em curto espaço de tempo, constituem-
se em alguns problemas para a execução do SPD. Contudo, esses problemas são contornáveis
com a realização de um manejo ideal, possibilitando às plantas explorarem maior volume de
solo, possuírem certa tolerância à seca e recuperar os nutrientes lixiviados (SPEHAR;
LANDERS, 1997).
O SPD é o sistema mais apropriado para a produção agrícola em clima tropical,
promovendo a melhoria das condições físicas e químicas do solo, reduzindo o tráfego de
máquinas, mão de obra e o consumo de combustível. Além destas vantagens, proporciona
melhoria nas condições ambientais pela redução da erosão e do uso de agroquímicos. Uma
outra vantagem deste sistema é o uso de culturas para a manutenção da cobertura do solo,
(IAPAR, 2001), que melhora a estruturação do solo, beneficiando a formação de galerias
oriundas da decomposição de raízes e da microfauna, pela qual caminharia a matéria orgânica
e com ela o P orgânico e inorgânico (RAIJ, 1991, CHEPKWONY et al., 2001).
A principal característica desse sistema de cultivo é a manutenção dos resíduos
vegetais na superfície do solo que é responsável por grande parte dos benefícios verificados
nesse sistema. A presença desses resíduos na superfície promove maior proteção contra o
impacto direto das gotas de chuva, favorece a infiltração, reduz perda de água por escoamento
superficial e perda de solo e nutrientes por erosão (HERNANI et al., 1999). A rotação de
culturas com inclusão de plantas de cobertura, conciliando o retorno econômico com a
preservação da capacidade produtiva do solo, têm grande importância para garantir a
sustentabilidade do sistema. Assim, o uso de espécies que possuem o sistema radicular
agressivo pode permitir a continuidade desse sistema sem interrupções, mesmo quando ocorre
a compactação superficial do solo (AMARAL et al., 2004).
De acordo com Franchini et al. (2000), o sucesso do SPD está diretamente relacionado
com as alterações na dinâmica de decomposição dos resíduos vegetais. As características do
não revolvimento do solo, da decomposição do material vegetal na superfície e do cultivo
diversificado de espécies por meio da rotação de culturas provocam alterações nas
características do solo diferentemente daquelas observadas quando se cultiva o solo em
sistemas com o revolvimento do mesmo (COSTA, 2000). O não revolvimento do solo leva a
14
decomposição mais lenta e gradual do material orgânico, tendo como conseqüência alterações
físicas, químicas e biológicas do solo que irão repercutir na fertilidade e na produtividade das
culturas (HOLTZ; SÁ, 1995).
Segundo Kluthcouski et al. (2000), a grande evolução na adoção do sistema plantio
direto observada nos últimos anos no Cerrado brasileiro, deu-se graças à solução parcial ou
total dos problemas de primeira geração, tais como a formação e manutenção de cobertura
morta, correção das propriedades físicas e químicas do perfil do solo, mecanização da
semeadura e manejo das plantas daninhas. Entretanto sobre as condições climáticas reinantes
neste ecossistema, tem sido difícil a formação e principalmente a manutenção de volume de
palhada, em quantidade suficiente para proteger plenamente a superfície do solo.
Para as condições de solos tropicais, como os do Cerrado, um manejo mais adequado é
fundamental, visto que o clima favorece a rápida decomposição dos restos culturais existentes
sobre o solo, devendo-se, portanto, atentar para a quantidade e à durabilidade dos resíduos
vegetais produzidos pelas espécies antecessoras à cultura principal (ALVES et al., 1995).
2.2 Culturas de cobertura do solo
No sistema plantio direto, a sucessão de culturas comerciais com espécies para
cobertura vegetal do solo é importante para a implantação e a continuidade de sistemas
produtivos sustentáveis, mediante eficiente ciclagem de nutrientes (BORKERT et al., 2003).
O sucesso do SPD está no fato de as palhadas acumuladas por culturas de cobertura e restos
culturais de lavouras comerciais criarem ambientes favoráveis à recuperação e à manutenção
da qualidade do solo. A adaptação de plantas mais aptas ao sistema de rotação e à cobertura
de solo torna o sistema agrícola sustentável e favorece o meio ambiente (MENEZES, 2002).
Conforme Pöttker e Ben (1998), a cobertura morta existente sobre o solo no SPD é
responsável pela proteção dos agregados do solo contra os efeitos erosivos da chuva, redução
da evaporação e do escorrimento superficial, aumento da infiltração e do armazenamento da
água no perfil, aumento na agregação e na estabilidade de agregados do solo, manutenção de
temperaturas mais amenas das camadas mais superficiais do solo e impedimento de
germinação de plantas daninhas. O não revolvimento do solo e a presença de palhada na
superfície promovem uma decomposição mais lenta e gradual desse material, proporcionando
diversas conseqüências físicas, químicas e biológicas do mesmo, que irão refletir em sua
fertilidade e na produtividade das culturas (MUZZILI, 1986). Segundo Franchini et al. (2000),
15
os resíduos vegetais mantidos na superfície do solo funcionam como um reservatório de
nutrientes, que são liberados lentamente pela ação de microrganismos.
Carvalho et al. (1999) mencionam que a utilização de plantas de cobertura tem grande
contribuição para o manejo racional dos solos de Cerrado, principalmente pelo
enriquecimento de sua fração orgânica, aumento da atividade biológica, melhoria da
fertilidade e proteção contra erosão e a radiação solar intensa, comum na entre safra e no
início do período chuvoso dessa região, além de auxiliar na redução da oxidação da matéria
orgânica disponível nesses solos.
Na região do Cerrado, a persistência de palhadas para o plantio direto é dependente
das condições de umidade e temperatura elevadas em boa parte do ano, que resultam em
rápida decomposição da fitomassa depositada sobre o solo (CALEGARI et al., 1993).
Segundo Alvarenga et al. (2001), nessa região, mesmo quando a palhada é basicamente
constituída de gramíneas, a sua decomposição é mais rápida, de forma que a manutenção de
uma camada de cobertura de solo nesse ambiente torna-se uma atividade complexa, exigindo
conhecimento e experiência do produtor que adota o SPD. A velocidade de decomposição dos
resíduos culturais determina o tempo de permanência da cobertura morta na superfície do
solo. Quanto mais rápida for a sua decomposição, maior será a velocidade de liberação dos
nutrientes, diminuindo, entretanto, a proteção do solo. Por outro lado, quanto mais altos forem
os conteúdos de lignina e a relação C/N nos resíduos, tanto mais lenta será a sua
decomposição (FLOSS, 2000).
A taxa de decomposição dos materiais de cobertura depende da natureza do material
vegetal, do volume, da fertilidade do solo, do manejo da cobertura e das condições climáticas,
representadas, principalmente, pela pluviosidade e temperatura. Esses fatores, por sua vez,
afetam a atividade microbiológica do solo. Também não se pode ignorar a importância da
atividade da mesofauna numa etapa inicial de degradação física do material, expondo maior
superfície de contato ao ataque da biomassa microbiana (ALVARENGA et al., 2001).
As coberturas vegetais podem exercer efeitos positivos e negativos sobre o
desenvolvimento de plantas (SANTOS et al., 1998). A deposição periódica de resíduos
orgânicos na superfície favorece a acidificação do solo (CAIRES, 2000), pois continuamente
o material orgânico está sendo decomposto pelos microrganismos em ácidos orgânicos,
dióxido de carbono e água. O ácido carbônico formado reage com o Ca e Mg no solo para
formar bicarbonatos solúveis que são lixiviados, permanecendo prótons na camada superficial
como acidez potencial (BOLAN et al., 1991). Por outro lado, o acúmulo de matéria orgânica
pode exercer efeitos positivos sobre a acidez do subsolo (MIYAZAWA et al., 1993), pois
16
segundo Rheinheimer et al. (2000), a decomposição dos resíduos vegetais depositados na
superfície do solo deve originar compostos orgânicos hidrossolúveis, que complexam o Ca,
permitindo sua descida no perfil. Na camada subsuperficial, o Ca complexado é deslocado
pelo Al trocável, por formar complexos mais estáveis com o composto orgânico
hidrossolúvel, diminuindo a acidez e aumentando o Ca trocável na subsuperfície (CAIRES et
al., 1998). Além disso, com o passar do tempo, há elevação do teor de M.O. devido à menor
taxa de decomposição dos resíduos vegetais na superfície, resultando em aumento na CTC
(IGUE, 1984). Segundo Gonçalves et al. (1985) a elevação da matéria orgânica influi na
adsorção de P, a qual interage com os óxidos de Al e Fe resultando em redução dos sítios de
fixação, por causa do recobrimento da superfície desses óxidos por moléculas de ácidos
húmicos, acético e málico, ou pela formação de compostos na solução do solo. Ocorre, assim,
uma tendência de menor fixação e, portanto, maior aproveitamento pela planta do P oriundo
da adubação fosfatada. No entanto, segundo Andrade et al. (2003), esse efeito é temporário.
As espécies vegetais também são fundamentais na solubilização do P, principalmente
o P não-lábil, pois existem espécies que possuem capacidade de solubilizá-lo mediante a
exsudação de suas raízes, as quais contém ácidos orgânicos, e estes, por sua vez, agem na
dissolução do colóide, alimentando o P na solução do solo (CHIEN & MENON, 1995). A
menor ação de decomposição microbiana, decorrente do menor contato com o solo, permite
ocorrer produção contínua de ácidos orgânicos, o que beneficia a aplicação superficial do
calcário e fósforo, mediante a formação de complexos, reduzindo o alumínio e aumentando a
mobilidade de Ca e Mg, ficando esta ação restrita à camada de 2,5 cm do solo (AMARAL et
al., 2004).
As condições ambientais criadas pelo acúmulo de resíduos vegetais levam a crer que a
dinâmica dos nutrientes é diferente no SPD, mas de acordo com Bartz (1998), os princípios
básicos praticamente não diferem do convencional, havendo modificações apenas quanto à
velocidade e à intensidade das reações que controlam a disponibilidade da maioria dos
nutrientes no solo.
A escolha de espécies vegetais para introdução nos sistemas de culturas depende da
adaptação delas às condições de clima de cada região e do interesse do produtor (SILVA;
ROSOLEM, 2001). Segundo Alvarenga et al. (2001) e Chaves e Calegari (2001) as espécies
escolhidas devem crescer bem em condições de baixa a média fertilidade do solo, e devem ter
capacidade de adaptação a baixos valores de pH do solo (ERNANI et al., 2001). Segundo
Carvalho e Sodré Filho (2000), as espécies utilizadas como cobertura do solo na região do
Cerrado devem apresentar rusticidade, crescimento inicial rápido e alta produção de biomassa
17
na época da seca. A produção de fitomassa das espécies utilizadas como cobertura é
decorrente das condições climáticas, edáficas e fitossanitárias (AMADO et al., 2002) e
principalmente do seu sistema radicular. Quanto mais o sistema radicular penetrar no solo,
tanto maior será a produção de biomassa, além de promover a descompactação do solo.
Segundo Alvarenga et al. (2001), com a introdução do milheto, do sorgo granífero, do
sorgo forrageiro e, mais recentemente, o capim pé de galinha, houve aumento significativo da
expansão do sistema plantio direto na região do Cerrado. Estas espécies de cobertura
fornecem palhadas mais duradouras na superfície do solo que, com seus sistemas radiculares
agressivos, exploram um amplo perfil de solo, extraindo e reciclando nutrientes não
absorvidos pelas culturas anuais cultivadas no verão.
Magalhães et al. (2000) relatam que o sorgo é uma excelente alternativa como cultura
de cobertura de inverno no estabelecimento do SPD, por causa da sua resistência às condições
de déficit hídrico, com elevada capacidade de aproveitamento da água e conversão em
fitomassa seca. Segundo Mateus (2003), essa espécie produz altos níveis de massa seca (M.S.)
mesmo sob condições climáticas desfavoráveis para a maioria das culturas e reduz a
infestação de plantas daninhas na cultura da soja em plantio direto (MATEUS et al., 2004).
No período de inverno, no Mato Grosso do Sul, o milheto tem se constituído em uma
boa opção de cultivo (SALTON; KICHEL, 1997), assim como no restante de toda a região do
Cerrado, fornecendo quantidade razoável de M.S., que vem permitindo o sucesso na
semeadura direta da cultura posterior. No mesmo Estado, Pereira (1990) chegou a obter 9,2 t
ha
-1
de M.S. no florescimento, aos cinqüenta dias após a emergência. No entanto, segundo
Alvarenga et al. (2001), 6 t ha
-1
de massa seca na superfície é quantidade suficiente para se
obter boa cobertura do solo.
Cordeiro e Souza (1999) constataram que, além da elevada produção de massa seca, a
cobertura vegetal morta do milheto influenciou positivamente algumas características
agronômicas da cultura da soja e, em especial, a produtividade de grãos. Da mesma forma,
Delavale (2002), na implantação do SPD, verificou incremento significativo na altura de
plantas e na produtividade de soja, em função da cobertura vegetal de milheto. Silva (1998),
ao estudar a nutrição da soja em função da cultura anterior, obteve melhores resultados com
as gramíneas de verão milheto e sorgo, respectivamente, por apresentarem as maiores
capacidades de produção de M.S. da parte aérea e conseqüentemente maiores acúmulos de
nutrientes.
Pelá et al. (1999) avaliaram a resistência à decomposição de dez espécies de cobertura.
Os resultados obtidos mostraram que o milheto foi o material mais resistente, apresentando
18
uma porcentagem de perda, ao longo de 73 dias, de 44,4%. Kliemann et al. (2006) estudando
o comportamento de culturas de cobertura do solo, em relação às taxas de decomposição dos
resíduos, verificaram que as palhadas mais frágeis e menos persistentes, em ordem
decrescente foram: mombaça > sorgo > milheto > estilosantes > guandu > braquiária solteira
> braquiária consorciada.
Em estudo para avaliar a velocidade de decomposição da palhada de milheto e sorgo,
bem como o acúmulo de nutrientes na fitomassa e sua mineralização, Moraes (2001) observou
que a taxa média de decomposição da palhada é maior nos primeiros 42 dias e que a
mineralização dos nutrientes é mais acentuada nos primeiros 63 dias após a dessecação e
rolagem dos resíduos.
Estudando o desenvolvimento e a extração de nutrientes em diferentes espécies de
verão em função da compactação do solo, Pace et al. (1999) verificaram que o sorgo de Guiné
e o milheto foram as espécies com maior potencial para o manejo do solo com problemas de
compactação, pois apresentaram um crescimento radicular superior às demais, além de, em
média, produzirem duas vezes mais M.S. na parte aérea quando comparados ao girassol,
Crotalária juncea e Crotalaria spectabilis.
Para alcançar melhores resultados com o uso de plantas de cobertura, é de fundamental
importância considerar o nível tecnológico do agricultor, as condições edafoclimáticas e
conhecer com profundidade os inúmeros detalhes referentes às espécies de adubo verde,
visando obter algumas vantagens como: aumento de carbono orgânico no solo, suprimento de
nitrogênio, descompactação, diminuição de pragas e doenças, supressão de invasoras,
agregação do solo, etc. (CALEGARI, 2001).
Em diversas regiões do Brasil está iniciando-se a adoção do sistema plantio direto,
porém é pouco o conhecimento sobre plantas de cobertura que possam produzir quantidade de
matéria seca suficiente para o sistema, e, conseqüentemente, manter ou elevar a fertilidade do
solo e a produtividade das culturas comerciais. Portanto, há necessidade de se conhecer o
modo correto de aplicação desse sistema, em relação ao cultivo de gramíneas como plantas de
cobertura do solo (OLIVEIRA et al., 2002).
2.3 Calagem no sistema plantio direto
A calagem é uma prática essencial no caso da maioria dos solos ácidos brasileiros,
com elevados teores de alumínio e manganês e/ou baixos teores de cálcio e magnésio, a
omissão da mesma pode comprometer seriamente a produtividade e o uso eficiente de adubos
19
(CAMARGO et al., 1997), sendo uma prática agrícola que afeta positivamente várias
características químicas, físicas e biológicas do solo, os quais apresentam efeitos aditivos à
produtividade das culturas (QUAGGIO et al., 1993). Esta prática aumenta o pH do solo,
neutraliza o Al e Mn tóxico do solo, fornece cálcio e magnésio como nutrientes, além de
favorecer o desenvolvimento de bactérias como a Bradyrhizobium japonicum, fornecedoras
de nitrogênio para a cultura da soja, bem como tornar mais disponíveis no solo nutrientes
como o P, Mo, S e B (CAMARA, 2000).
A expansão do SPD tem gerado intenso questionamento na área de fertilidade do solo,
embora os corretivos e fertilizantes têm sido recomendados baseando-se em critérios adotados
para o preparo convencional. Rheinheimer et al. (2000) salientaram que para o sistema
convencional de cultivo ou quando da implantação do sistema plantio direto, a correção da
acidez pressupõe a incorporação do calcário ao solo através de aração e gradagens,
objetivando-se a obtenção do máximo contato entre as partículas do corretivo aos colóides do
solo.
Essa prática altera algumas características físicas do solo, diminuindo a porosidade, a
distribuição de tamanho e a estabilidade dos agregados, além de destruir os canais resultantes
do crescimento radicular e da atividade biológica, o que prejudica a infiltração de água,
aumentando o escorrimento superficial e facilitando a erosão (FUCKS et al., 1994). Isso é
preocupante, pois de acordo com Cargnelutti et al. (1996) são necessários cerca de três anos
de plantio direto para recuperar de 50 a 90% dos agregados destruídos pela mobilização do
solo.
O calcário, quando misturado ao solo e na presença de água, dissolve-se e o carbonato
de cálcio dissocia-se de acordo com a seguinte reação (BOHNENM, 2000, QUAGGIO,
2000).
CaCO
3
+ H
2
O Ca
2+
+ HCO
3
-
+ OH
-
Os produtos da dissolução do calcário reagem com os colóides do solo, e nessa reação
os íons Ca
2+
deslocam os íons Al
3+
ligado nas partículas coloidais para a solução de equilíbrio.
Enquanto isso, o pH do meio é aumentado, pois, os íons HCO
3
-
, provocam a dissociação dos
íons H
+
, formando água e gás carbônico. Com a elevação do pH, os íons Al
3+
hidratados,
sofrem hidrólise. Os íons H
+
, provenientes da hidrólise do Al
3+
são neutralizados por
hidroxilas oriundas da dissolução do calcário (QUAGGIO, 2000).
A reação do calcário é restrita a uma pequena distância do local da aplicação, assim, o
benefício máximo é obtido com a aplicação antecipada, distribuição uniforme e a mais
20
profunda incorporação (RAIJ et al., 1996), porém, isso não é possível no sistema plantio
direto, visto que não há o revolvimento do solo. A calagem superficial no SPD tem gerado
intenso questionamento quanto a eficiência ou não dessa prática (SÁ, 1995), pois os materiais
usados como corretivos da acidez na agricultura são pouco solúveis em água, e apresentam
baixa mobilidade no solo (CAIRES et al., 1998). Além do que, no SPD faltam informações a
respeito da reação do calcário na superfície do solo, bem como das conseqüências das
alterações das características químicas do solo, sobre a nutrição mineral e produção das
culturas (CAIRES et al., 1999). Este mesmo autor salienta ainda que no SPD, como a calagem
é realizada superficialmente, sem incorporação, espera-se que a ação do calcário seja muito
mais lenta e restrita às camadas superficiais do solo, o que torna a eficiência dessa prática
incerta.
No entanto, as evidencias quanto ação benéfica da calagem superficial, atuando nas
primeiras camadas abaixo da superfície do solo (0-5 e 5-10 cm), vêm sendo observadas em
diferentes condições de solo e clima. Assim, os trabalhos de Caires et al. (1996), Sá (1996),
Caires et al. (1998) e Pöttker e Ben (1998) confirmaram que o calcário em superfície corrige a
acidez, aumentando significativamente o pH e elevando os teores de Ca e Mg trocáveis do
solo até a profundidade de 5 cm e, em menor grau, na camada de 5-10 cm. Esses efeitos
podem ser explicados pela pequena mobilização do solo que ocorre somente na linha de
semeadura, possibilitando a incorporação do calcário nesta região e, com os repetidos ciclos
de cultivo podem auxiliar a movimentação descendente de suas partículas, mas não além da
profundidade da semeadura (RHENHEIMER et al., 2000). A atuação do calcário em
profundidade está atribuída à movimentação física de suas partículas no perfil do solo. A
porosidade devido aos canalículos de raízes mortas (OLIVEIRA; PAVAN, 1994), galerias
abertas pela macro e mesofauna do solo (SÁ, 1996) permitiriam o deslocamento das
partículas finas de calcário através do movimento descendente da água.
Uma outra possibilidade da ação do calcário aplicado em superfície nas camadas mais
profundas do solo foi relatada por Miyazawa et al. (1996) e Caires (2000). Estes autores
mencionam que a correção da acidez em subsuperfície está associada à reduzida taxa de
decomposição dos ligantes orgânicos presentes no material vegetal depositado na superfície
do solo. Estes ligantes, complexam o Ca trocável na superfície do solo, formando complexos
CaL
0
ou CaL
-
. A alteração da carga do Ca facilita sua mobilidade no solo. Como há maior
disponibilidade de água, os complexos Ca-orgânicos são lixiviados até as camadas mais
profundas, onde o Ca é deslocado pelo Al trocável do solo, porque os íons Al
+3
formam
complexos mais estáveis do que o Ca, diminuindo a acidez trocável e aumentando o Ca
21
trocável, podendo ocorrer também com o íon Mg. No entanto, o efeito do resíduo vegetal na
mobilidade dos produtos da dissolução do calcário no solo varia com a espécie da planta, com
as variedades de uma mesma espécie (MEDA et al., 2002) e com o estádio em que a planta é
manejada (FRANCHINI et al., 2003).
Sendo assim, inúmeras são as evidências à ação benéfica da calagem superficial
atuando abaixo da superfície do solo. Vários resultados de pesquisa têm demonstrado a
formação de uma frente alcalinizante, que avança lentamente, neutralizando a acidez de
subsuperfície, onde foram observados aumentos de pH, Ca trocável e redução do Al tóxico
(CAIRES et al., 1996, AMARAL, 1998, CAIRES et al., 1999, RHEINHEIMER et al., 2000,
FRANCHINI et al., 2000, CAIRES; FONSECA, 2000, MIRANDA et al., 2005, CAIRES et
al., 2006).
A redução do Al trocável e o aumento do pH e teores de Ca e Mg do solo, também foi
observada por Caires et al. (1999) até a profundidade de 0,40m em um LATOSSOLO
VERMELHO, 18 meses após aplicação superficial de calcário. Lima (2001) em um
NITOSSOLO VERMELHO Distrófico, verificou aumento do pH e da saturação por bases até
a profundidade de 0,40m, apenas 5 meses após aplicação superficial de calcário na
implantação do SPD.
O tempo de reação do calcário aplicado na superfície em plantio direto pode variar em
função da dose, das características químicas e físicas do solo, do manejo da adubação, do
sistema de rotação de culturas (manejo dos resíduos), da reatividade do calcário e da
precipitação pluvial (CAIRES, 2000, COSTA, 2000). Dessa forma, a eficiência do calcário
em superfície pode ser diferente, dependendo da região e da forma de cultivo.
Um outro ponto a ser destacado, que pode influenciar nos efeitos da calagem e na
velocidade de reação do calcário no solo, é a qualidade do corretivo. No Brasil são poucos os
trabalhos desenvolvidos sobre a ação dos corretivos em função da granulometria (RAIJ, 1977,
BELINGIERI et al., 1989, MELLO et al., 2003). O efeito da qualidade do calcário (PRNT) no
pH do solo sob condições de campo foi avaliado por Harby et al. (1979). De acordo com os
autores, calcário tendo um valor neutralizante e granulometria que forneça um valor de PRNT
de 50 % ou mais, é adequado para aumentar o pH em solos ácidos. Gonçalves (2003)
menciona que em sistema plantio direto, calcário com granulometria mais fina apresenta
maior reatividade que calcário com granulometria mais grosseira. No entanto, a velocidade de
reação do corretivo e o efeito residual são duas grandezas inversas, que se contrapõe. Os
materiais finamente moídos reagem rapidamente no solo, mas seu efeito é mantido por um
período mais curto do que de materiais mais grosseiros. Coelho (2004) relata que em alguns
22
casos, como em SPD já estabelecido, necessita de corretivos com maior reatividade (alto
PRNT), e em outras ocasiões, que visam efeito residual mais prolongado, há necessidade de
corretivos com granulometria mais grosseira. Mello et al. (2003) verificaram que a aplicação
de doses mais elevadas de calcário, com maior granulometria (PRNT 56%), mostrou efeito
residual prolongado para a correção da acidez do solo, em relação às doses do calcário mais
fino (PRNT 90%).
A eficiência da aplicação superficial de calcário em SPD pode ser verificada pelo
aumento na produtividade de grãos obtida por alguns autores. Caires et al. (2000) verificaram
aumentos de produtividade de soja em função da aplicação superficial de calcário em plantio
direto já estabelecido, enquanto que Barizon (2001) verificou o aumento na produtividade de
grãos de soja, com a calagem superficial na implantação do SPD. Sá (1997), ao estudar modos
de aplicação de calcário no plantio direto, encontrou resposta positiva no rendimento de grãos
de dois cultivares de soja para o calcário aplicado na superfície do solo, sendo, inclusive, as
produtividades obtidas no SPD maiores que as obtidas no preparo convencional. Caires et al.
(2001) constataram que a aplicação de calcário na superfície do solo em plantio direto,
melhorou a nutrição da soja, aumentando a produção de grãos, em decorrência da maior
disponibilidade e absorção de Mg e da redução dos teores foliares de Zn e Mn. Já Mello
(2001) e Lima (2004) com aplicação superficial de calcário na implantação do SPD
verificaram incrementos na produtividade do milho.
Estudos como o de Caires et al. (2000) demonstram a viabilidade da aplicação do
calcário em superfície no plantio direto sobre a produção acumulada de grãos de soja em um
sistema de rotação, provavelmente devido à adequada absorção de nutrientes pelas plantas, o
que poderia estar ocorrendo em virtude de uma maior umidade disponível no solo. No
entanto, a menor resposta das culturas à calagem no SPD, pode também estar relacionada com
o baixo efeito tóxico do Al decorrentes da formação de complexos orgânicos solúveis
presentes nos restos vegetais (MIYAZAWA et al., 1996), ou com o aumento na CTC do solo,
em virtude de um maior teor de matéria orgânica, que segundo Caires et al. (1998), pode
proporcionar a elevação na concentração de cátions trocáveis, mesmo em condições de alta
acidez.
23
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Caracterização e localização da área experimental
O experimento foi realizado, na fazenda experimental da UNESP - Campus de Ilha
Solteira, localizada no município de Selvíria – MS, apresentando como coordenadas
geográficas 20°22’ S e 51°22’ W e altitude média ao redor de 335 m. O clima da região é do
tipo Aw, definido como tropical úmido com estação chuvosa no verão e seca no inverno,
segundo a classificação internacional de Köeppen, apresentando temperatura, precipitação e
umidade relativa média anual de 24,5°C, 1370 mm e 64,8%, respectivamente (HERNANDEZ
et al., 1995).
O solo foi previamente classificado como Latossolo Vermelho Escuro álico, textura
argilosa, relevo moderadamente plano a levemente ondulado (DEMATÊ, 1980)
correspondendo ao LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico argiloso, segundo a
denominação do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMPRESA BRASILEIRA DE
PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA, 1999).
A área experimental estava sob pivô central e foi anteriormente cultivada com a
cultura da soja no sistema convencional.
3.2 Tratamentos
Os tratamentos utilizados foram duas culturas de cobertura do solo (milheto –
Pennisetum glaucum (L.) R. Brown e sorgo – Sorghum bicolor (L.)), duas granulometrias de
calcário (PRNT 100% e PRNT 82%) e quatro doses de calcário (0,25, 0,50, 1,0 e 2,0 vezes a
dose calculada para elevar o V% a 60), além da não aplicação do insumo (dose zero). As
24
doses de 0,25, 0,50, 1,0 e 2,0 corresponderam respectivamente a 189, 378, 756 e 1512 kg ha
-1
para o calcário com PRNT de 100% e 230,5, 461,0, 922,0 e 1844,0 kg ha
-1
para o calcário
com PRNT de 82%.
O resumo dos tratamentos e as características dos calcários utilizados encontram-se
nas Tabelas 1 e 2, respectivamente.
Tabela 1. Tratamentos utilizados no experimento.
Culturas de cobertura do solo Tipos de calcário Doses (kg ha
-1
)
Milheto Sem calcário 0,0
Milheto PRNT 100% 0,25 (189,0)
Milheto PRNT 100% 0,50 (378,0)
Milheto PRNT 100% 1,0 (756,0)
Milheto PRNT 100% 2,0 (1512,0)
Milheto PRNT 82% 0,25 (230,5)
Milheto PRNT 82% 0,50 (461,0)
Milheto PRNT 82% 1,0 (922,0)
Milheto PRNT 82% 2,0 (1844,0)
Sorgo Sem calcário 0,0
Sorgo PRNT 100% 0,25 (189,0)
Sorgo PRNT 100% 0,50 (378,0)
Sorgo PRNT 100% 1,0 (756,0)
Sorgo PRNT 100% 2,0 (1512,0)
Sorgo PRNT 82% 0,25 (230,5)
Sorgo PRNT 82% 0,50 (461,0)
Sorgo PRNT 82% 1,0 (922,0)
Sorgo PRNT 82% 2,0 (1844,0)
25
Tabela 2. Características dos calcários utilizados no experimento.
CaO MgO RE PN - Determinado PRNT
Amostra
(%)
Calcário 1 32,5 18,7 93,4 107,1 100,0
Calcário 2 32,2 13,9 74,8 109,4 82,0
3.3 Delineamento experimental e tamanho das parcelas
Visando facilitar a semeadura, as culturas de cobertura do solo foram dispostas em
faixas no sentido longitudinal da área experimental, com três faixas para cada cultura. As
doses e os tipos de calcários foram distribuídos ao acaso dentro de cada faixa. Sendo assim, o
delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com três repetições.
Cada faixa possuía dimensões de 3,5m de largura por 100,0m de comprimento,
totalizando uma área de 350 m
2
, enquanto que as parcelas ficaram com uma área de 35m
2
(3,5m x 10m).
3.4 Instalação e condução do experimento.
Antes da instalação do experimento, coletou-se na área experimental, amostras de solo
visando caracterizá-lo quimicamente. A amostra encaminhada ao laboratório foi composta de
vinte subamostras coletadas aleatoriamente em toda área experimental. As camadas de solo
amostradas foram 0,0 – 0,05, 0,05 – 0,10, 0,10 – 0,20, 0,20 – 0,40 e 0,0 – 0,20m. Os
resultados desta análise encontram-se na Tabela 3.
Através do resultado obtido na camada de 0,0 – 0,20m, realizou-se os cálculos para
determinação da dose (dose 1,0) de cada calcário a ser aplicada no solo, para elevar o V% a
60, conforme a metodologia de Raij et al. (1996). Os valores obtidos foram respectivamente,
756,0 e 922,0 kg ha
-1
para o calcário com PRNT de 100% e PRNT de 82%.
A distribuição das doses dos respectivos calcários foram realizadas no final do mês de
maio (31/05/2006). A aplicação foi realizada manualmente a lanço, sem posterior
incorporação, procurando-se evitar ao máximo a deriva do insumo.
26
Tabela 3. Caracterização química do solo da área experimental. Ano 2006.
Profundidade P resina M.O. pH K Ca Mg H+Al Al SB CTC V
m mg dm
-3
g dm
-3
CaCl
2
mmol
c
dm
-3
%
0,00 – 0,05 13 17 4,8 1,7 17 8 32 0 27 58 46
0,05 – 0,10 16 19 4,8 1,4 15 8 32 0 24 57 43
0,10 – 0,20 15 18 4,7 1,2 14 7 33 1 22 56 40
0,20 – 0,40 5 12 4,7 1,1 10 5 29 1 16 46 36
0,00 – 0,20 18 18 4,8 1,1 20 9 33 1 30 63 48
Logo após aplicação do calcário (06/06/06), realizou-se a semeadura mecânica do
milheto e do sorgo, visando cobertura do solo. Para isto, utilizou-se a semeadora/adubadora
da marca Baldan, modelo SPD-1600, provida de 6 linhas de semeadura espaçadas a 0,34m.
Para ambas culturas, adotou-se o mesmo espaçamento entre linhas (0,34m). A quantidade de
semente utilizada na semeadura do milheto foi de 20 kg ha
-1
da variedade BN-2, enquanto
que, para o sorgo semeou-se 8 kg ha
-1
do híbrido COBEXP04 da empresa Monsanto Imagine.
Não foi realizado nenhum tipo de adubação na semeadura das culturas de cobertura, ficando
apenas o residual dos cultivos anteriores.
No dia 25/10/06 manejou-se quimicamente o sorgo e o milheto com herbicida a base
de glyphosato na dose de 1188 g i.a. ha
-1
. Após dessecação, as plantas foram manejadas
mecanicamente com o implemento rolo faca. Foi necessário uma segunda dessecação, com o
mesmo herbicida, devido a rebrota das plantas, esta aconteceu após 25 dias (20/11/06) da
primeira aplicação.
No dia seguinte realizou-se a semeadura da cultura da soja com semeadora/adubadora
apropriada para o sistema plantio direto, com sistema da botinha na distribuição do adubo. A
emergência das plantas ocorreu no dia 27/11. Adotou-se o espaçamento de 0,45m na entre
linha com 16 sementes por metro. A adubação foi baseada nas recomendações de
Mascarenhas e Tanaka (1996), optando-se em utilizar 250 kg ha
-1
da fórmula 08-28-16 no
sulco de semeadura. No dia da semeadura realizou-se o tratamento e a inoculação das
sementes, conforme recomendações da EMBRAPA (2004). O tratamento foi realizado com o
fungicida carboxin-thiram na dose de 50 + 50 g i.a. 100 kg
-1
de sementes, e a inoculação foi
realizada com inoculante líquido, objetivando atingir 600 mil células/semente.
27
A variedade utilizada foi a Conquista recomendada para solos de média a alta
fertilidade dos Estados da BA, MG, GO, MT e MS. Apresenta ciclo médio (ao redor dos 135
dias), hábito de crescimento determinado, altura de planta variando de 0,75 a 0,90m, altura da
primeira vagem em torno de 0,15m, massa de 100 semente em torno de 16,7g, hipocótilo e
flor roxa e tegumento de coloração amarelada. O período favorável de semeadura compreende
entre os meses de outubro a dezembro, com densidade populacional variando de 260 a 360
mil planta ha
-1
.
O manejo das plantas daninhas foi realizado com aplicação dos herbicidas lactofen +
bentazon, respectivamente nas doses de 120 + 480g i.a. ha
-1
. Uma segunda aplicação foi
realizada devido brotação das culturas de cobertura, neste caso optou-se pela aplicação do
herbicida clethodim, fenoxaprop-P-ethil na dose de 40g i.a. ha
-1
. Para o controle de percevejos
e lagartas realizaram-se duas aplicações de inseticidas, utilizando-se o endossulfan na dose de
350g i.a. ha
-1
e o beta-cyflutrin + imidacloprid na dose de 50 + 6,25g i.a. ha
-1
. Realizou-se
ainda duas aplicações fúngicas preventivas, utilizando-se o epoxiconazole + pyraclostrobin na
dose de 33,3 + 12,5g i.a. e o tebuconazole na dose 75g i.a. ha
-1
.
3.5 Amostragens e avaliações
3.5.1 Culturas de cobertura
Quando as culturas estavam em pleno florescimento (19/09/06), realizou-se uma
amostragem da parte aérea para estimativa da massa seca. Para isso, coletou-se em cada
parcela 2 linhas de 0,5m de comprimento. As amostras foram acondicionadas em sacos de
papel e levadas à estufa de circulação de ar forçado a 60 – 70 ºC, até massa constante. Após
secagem o material foi pesado e estimou-se a massa seca da parte aérea por hectare, produzida
por essas culturas.
A avaliação da porcentagem de cobertura do solo proporcionada pelo milheto e pelo
sorgo foi iniciada logo após a semeadura da soja. As avaliações foram realizadas aos 3, 15 e
28 dias após semeadura da soja (DAS), na entre linha da cultura. Após os 28 DAS não mais
avaliou-se, pois a soja já cobria toda superfície do solo. Procurou-se realizar as leituras
sempre no mesmo local, para isso, em cada parcela, demarcou-se os locais de leitura com
duas estacas. A metodologia utilizada para determinação da porcentagem de cobertura do solo
foi a do ponto quadrado de Speeding e Large (1957).
28
3.5.2 Cultura da soja
Estado nutricional das plantas: no florescimento pleno da soja (estádio R2), coletou-
se na área útil de cada parcela a terceira folha totalmente desenvolvida a partir do ápice na
haste principal, conforme metodologia de Raij et al. (1996). No total, coletou-se
aleatoriamente em cada parcela 30 folhas, as quais foram levadas ao laboratório, lavadas com
água corrente e detergente a 1% e posteriormente em água destilada e deionizada. O material
foi acondicionado em sacos de papel e colocado para secar em estufa de circulação e
renovação de ar forçado a 60-70°C até massa constante. Após secas, as folhas foram moídas,
em moinho tipo Willey, para determinação dos teores de N, P, K, Ca, Mg, S, Fe, Mn e Zn,
segundo metodologia de Malavolta et al. (1997).
Características agronômicas: aos 129 DAS, quando as plantas estavam no estádio
R8 de desenvolvimento, realizou-se a colheita da soja. Para determinação da altura de planta,
altura de inserção da primeira vagem e número de vagens por planta coletou-se cinco plantas
seguidas em uma das linhas da área útil de cada parcela. A altura de planta e altura de
inserção da primeira vagem foi determinada, respectivamente, medindo-se do colo da planta à
extremidade apical e do colo da planta à inserção da primeira vagem. O número de vagens por
plantas foi obtido pela razão entre o total de vagens viáveis e o número de plantas amostradas.
Para estimativa da produtividade de grãos, coletou-se, dentro da área útil da parcela,
uma amostra com todas as plantas contidas em três linhas de três metros de comprimento.
Estas plantas, após secagem ao sol, foram trilhadas mecanicamente por uma trilhadora
estacionária e os grãos obtidos foram abanados para retirar as impurezas e acondicionados em
sacos de papel. Com auxílio de uma balança de precisão (0,01g), obteve-se a massa dos grãos
de cada amostra, sendo os dados transformados em kg ha
-1
. Logo após, retirou-se uma
amostra de grãos de cada saquinho para determinação da umidade (método da estufa - 105 ± 3
°C/24 horas), para posterior correção da massa da produção obtida à 13% de umidade (base
úmida).
Simultaneamente à avaliação de produtividade, realizou-se a determinação da massa
de mil grãos. Para isso, em cada amostra contou-se a respectiva quantidade de grãos, e com
auxílio de uma balança de precisão (0,01g) obteve-se a massa. O valor obtido também foi
corrigido para 13% de umidade.
A determinação do estande foi realizada no mesmo dia da colheita. Foram contadas
todas as plantas contidas em três metros de uma das linhas de cultivo na área útil da parcela.
29
3.5.3 Análise química do solo
Para caracterização química do solo, no dia 09/05/07 coletou-se amostras do solo de
cada parcela nas profundidades de 0,0 – 0,05, 0,05 – 0,10, 0,10 – 0,20 e 0,20 – 0,40 m. Com
auxílio de um trado de caneca, foram coletadas em cada parcela, cinco amostras simples por
camada de solo, para compor uma amostra. Após tradagem, procurou-se eliminar os primeiros
centímetros de solo da parte superior da caneca, para evitar contaminação. As amostras
compostas foram acondicionadas em sacos plásticos, identificadas e encaminhadas ao
laboratório, onde foram secas ao ar e peneiradas em malha de 2mm de espessura. De acordo
com a metodologia de Raij e Quaggio (1983), determinou-se o pH e os teores de M.O., P, K,
Ca, Mg, H+Al, Al e os cálculos para o V%.
3.6 Análise estatística
A análise estatística foi realizada através da análise de variância com aplicação do
teste “F”. As médias nos tratamentos culturas de cobertura do solo e tipos de calcário foram
comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, enquanto que, paras as doses
aplicadas utilizou-se a análises de regressão polinomial. Para isto, utilizou-se o programa
estatístico SANEST.
30
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de variância dos resultados em algumas avaliações apresentou interação
dupla significativa entre os tratamentos, nestes casos, as médias foram apresentadas nos
desdobramentos.
4.1 Culturas de cobertura do solo
4.1.1 Massa seca da parte aérea
Na avaliação de produção de massa seca da parte aérea pelas culturas de cobertura
do solo, verifica-se, na Tabela 4, que houve efeito significativo entre as culturas de
cobertura, tipos de calcário, doses de calcário e na interação entre tipos e doses de calcário.
Tabela 4. Valores de F e coeficiente de variação (CV%) obtidos na análise de variância
para produção de massa seca da parte aérea, em função do tipo de cultura de
cobertura, calagem e doses de calcário.
Causa da Variação Valor de F
Cobertura (Cob.) 51,73**
Calcário (Cal.) 8,86**
Doses (Dos.) 3,45**
Cob. x Cal. 0,28
ns
Cob. x Dos. 1,46
ns
Cal. x Dos. 4,48**
CV (%) 14,61
** e ns são, respectivamente, significativo a 1% e não significativo para o teste F de análise de variância.
31
Analisando a Tabela 5, verifica-se que o sorgo foi a cultura que apresentou maior
produção de massa seca na parte aérea. Porém, ambas culturas produziram valores muito
acima do proposto por Alvarenga et al. (2001), que é de 6 t ha
-1
para se obter uma boa
cobertura do solo. Como a área experimental estava sob pivô central, o suprimento hídrico
pode ter beneficiado o desenvolvimento das culturas e conseqüentemente acúmulo de massa
seca.
Normalmente nas áreas de Cerrado não há este suprimento hídrico, o que pode
acarretar valores de massa seca menores ao obtido neste trabalho, visto que, nesta época do
ano há uma grande escassez de chuvas nestas áreas. Em cultivo de verão onde a
disponibilidade hídrica é maior, Lima (2001) obteve 10 t ha
-1
de massa seca da parte aérea
com a cultura do milheto.
Tabela 5. Valores médios de massa seca da parte aérea (kg ha
-1
) das culturas de cobertura
do solo em sucessão a soja na implantação do sistema plantio direto. Selvíria –
MS, 2006.
Tratamentos Massa seca da parte aérea
Milheto 8350,5 b
Sorgo 10970,8 a
DMS Tukey (5%) 735,2
Médias seguidas de mesma letra, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
Com relação aos tipos de calcário e suas doses, verifica-se no desdobramento da
interação (Tabela 6), que quando não se aplicou calcário (dose zero) a produção de massa
seca foi semelhante para os dois tipos de insumo. Vale ressaltar que o pH do solo sem
correção era igual a 4,8 (Tabela 3), considerada acidez alta para Raij et al. (1996). No entanto,
as culturas de cobertura do solo apresentaram bom acúmulo de massa seca, o que evidencia
uma boa adaptação a este ambiente. Comportamento semelhante foi obtido por Ernani et al.
(2001), onde relatam que culturas de cobertura do solo na região do Cerrado devem ter
capacidade de adaptação a baixos valores de pH do solo. Já para as doses de 0,25 e 0,5 da
calculada, o calcário com PRNT de 100% proporcionou maior produção de massa seca em
relação ao calcário com PRNT de 82%. Isso provavelmente devido a reação no solo do
primeiro calcário ser mais rápida, beneficiada por suas características físicas (Tabela 2).
Esta maior reação proporcionou melhores condições ao solo para o desenvolvimento
das plantas e conseqüentemente maior acúmulo de massa seca. Este mesmo comportamento
32
não foi verificado com as doses 1,0 e 2,0. A maior quantidade aplicada do calcário com PRNT
de 82% pode ter sido suficiente para proporcionar efeitos semelhantes ao proporcionado pelo
calcário com PRNT de 100%.
Na Figura 1, encontra-se o efeito das doses em cada tipo de calcário e suas respectivas
equações. Levando em consideração o curto espaço de tempo entre a aplicação do insumo e a
semeadura das culturas de cobertura, verifica-se que as menores doses do calcário com PRNT
de 100% já foram suficientes para refletir efeitos no acúmulo de massa seca das culturas,
enquanto que, para o calcário com PRNT de 82%, para se conseguir efeito semelhante foi
necessário aplicação do dobro da dose calculada.
Tabela 6. Desdobramento da interação significativa entre tipos e doses de calcário, na
produção de massa seca da parte aérea (kg ha
-1
) das culturas de cobertura do solo
na implantação do sistema plantio direto. Selvíria – MS, 2006.
Calcário/Doses 0,0 0,25 0,50 1,0 2,0
PRNT 100% 9731,0 a 10890,6 a 12018,5 a 9060,7 a 9314,0 a
PRNT 82% 9362,2 a 8280,5 b 9216,0 b 8032,8 a 10700,2 a
DMS Tukey (5%)
Calcário d. Doses
1644,1
Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
y
PRNT100%
= 6050,4x
3
- 17889x
2
+ 11448x + 9563,3
R
2
= 0,9175
y
PRNT82%
= 1599,5x
2
- 2532x + 9317,8
R
2
= 0,7828
5000,0
7000,0
9000,0
11000,0
13000,0
15000,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Doses
MSPA (kg ha
-1
)
PRNT 100% PRNT 82%
Figura 1. Massa seca da parte aérea (MSPA) de culturas de cobertura do solo, em função de
doses e tipos de calcário aplicados na superfície do solo, na implantação do sistema
plantio direto. Selvíria – MS, 2006.
33
4.1.2 Porcentagem de cobertura do solo
Com relação à porcentagem de cobertura do solo, verifica-se na Tabela 6 que análise
de variância foi significativa apenas para o tipo de cobertura aos 3 e 15 DAS. Os demais
tratamentos não influenciaram nesta avaliação.
Os valores médios da porcentagem de cobertura do solo em função do tipo de
cobertura e tipo de calcário encontram-se na Tabela 7, enquanto que as médias obtidas pelas
doses estão apresentadas na Figura 2.
Tabela 6. Valores de F e coeficiente de variação (CV%) obtidos na análise de variância
para porcentagem de cobertura do solo, em função de culturas de cobertura,
calagem e doses de calcário.
Causa da Variação 3 DAS 15 DAS 28 DAS
Cobertura (Cob.) 4,34* 4,46* 1,33
ns
Calcário (Cal.) 0,52
ns
0,12
ns
0,03
ns
Doses (Dos.) 0,42
ns
0,61
ns
0,29
ns
Cob. x Cal. 0,80
ns
2,66
ns
2,45
ns
Cob. x Dos 0,23
ns
0,04
ns
0,16
ns
Cal. x Dos. 0,98
ns
0,51
ns
0,76
ns
CV (%) 13,42 13,90 13,73
* e ns são, respectivamente, significativo a 5% e não significativo para o teste F de análise de variância.
Devido a maior produção de massa seca da parte aérea, o sorgo proporcionou maior
porcentagem de cobertura do solo, diferindo significativamente do milheto aos 3 e 15 DAS. Já
na última avaliação (28 DAS) não houve mais diferença significativa entre as culturas de
cobertura, porém, aproximadamente 50% da superfície do solo nas entre linhas da soja,
estavam cobertas por palha. Levando em consideração que o sorgo proporcionou maior massa
seca da parte aérea, e que aos 28 DAS não havia mais diferença na porcentagem de cobertura
do solo proporcionada pelas culturas, pode-se inferir que a decomposição da palhada do sorgo
foi mais rápida que a do milheto. Pelá et al. (1999) avaliaram a resistência à decomposição de
dez espécies de cobertura. Os resultados obtidos mostraram que o milheto foi o material mais
resistente, apresentando uma porcentagem de perda, ao longo de 73 dias, de 44,4%.
34
Kliemann et al. (2006), avaliando o comportamento de oito culturas de cobertura do solo,
constataram que as palhadas mais frágeis e menos persistentes na superfície do solo, em
ordem decrescente foram: mombaça > sorgo > milheto > estilosantes > guandu > braquiária
solteira > braquiária consorciada.
Sodré Filho et al. (2004), estudando diversas culturas de cobertura do solo, constataram
que o milheto apresentou elevada taxa de cobertura do solo, em duas diferentes épocas do
ano, uma no período seco e outra no início das chuvas, onde as precipitações aliadas às altas
temperaturas favorecem a decomposição dos resíduos sobre o solo.
Os demais tratamentos não influenciaram na porcentagem de cobertura do solo,
variando, do início ao fim da avaliação, em torno de 70 a 50%, respectivamente.
Tabela 7. Valores médios da porcentagem de cobertura do solo obtida aos 3, 15 e 28 dias
após semeadura da soja (DAS), em função de culturas de cobertura do solo e tipos
de calcário, na implantação do sistema plantio direto. Selvíria – MS.
Tratamentos 3 DAS 15 DAS 28 DAS
Milheto 64,0 b 59,7 b 51,5 a
Sorgo 68,9 a 64,4 a 49,3 a
DMS Tukey (5%) 4,7 4,5 3,6
PRNT 100% 65,6 a 61,6 a 50,6 a
PRNT 82% 67,3 a 62,4 a 50,3 a
DMS Tukey (5%) 4,7 4,5 3,6
Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
35
0
10
20
30
40
50
60
70
Cobertura do solo (%)
3 DAS 15 DAS 28 DAS
0,00 0,25 0,50 1,00 2,00
Figura 2. Valores médios da porcentagem de cobertura do solo proporcionadas pelas culturas
de cobertura, aos 3, 15 e 28 DAS, em função de doses de calcário aplicadas na
superfície do solo, na implantação do sistema plantio direto. Selvíria – MS, 2006/07.
A permanência da palha na superfície do solo é de fundamental importância para a
manutenção do sistema plantio direto. Isso reforça a preocupação de produzir resíduos
vegetais com decomposição mais lenta, o que significa manter o resíduo sobre o solo por
maior período de tempo (CERETTA et al., 2002).
Mediante ao apresentado, constata-se que as culturas de cobertura são boas opções
para o cultivo antecessor à soja no SPD, porém evidencia-se que a decomposição da palhada
de milheto é mais lenta em relação à do sorgo, o que é vantajoso para a sustentabilidade do
sistema plantio direto.
4.2 Diagnose nutricional das folhas de soja
Na avaliação do estado nutricional das folhas de soja, verifica-se na Tabela 8 que o
tratamento culturas de cobertura proporcionou efeito significativo apenas para o
macronutriente S. Com relação aos demais tratamentos, o tipo de calcário proporcionou efeito
significativo apenas para o Zn e as doses para Mg e Fe. Interagindo os tratamentos, observa-se
36
que houve efeito significativo para os nutrientes P, Ca, Mg e Fe na interação entre culturas de
cobertura do solo e doses, e para Mg, Zn e Mn na interação entre tipos de calcário e doses.
Tabela 8. Valores de F e coeficiente de variação (CV %) para os teores nutricionais de macro
(N, P, K, Ca, Mg e S) e micronutrientes (Fe, Zn e Mn) encontrados nas folhas de soja,
em função de culturas de cobertura do solo, calagem e doses de calcário.
Causa de Variação N P K Ca Mg S Fe Zn Mn
Cobertura (Cob.) 2,2
ns
1,3
ns
0,8
ns
1,0
ns
1,2
ns
7,9
*
2,4
ns
0,6
ns
0,1
ns
Calcário (Cal.) 3,9
ns
0,1
ns
1,3
ns
0,5
ns
2,3
ns
2,2
ns
0,9
ns
7,1* 2,1
ns
Doses (Dos.) 1,2
ns
0,8
ns
1,4
ns
1,4
ns
5,6** 1,2
ns
4,5
** 2,2
ns
3,6
ns
Cob. x Cal. 1,6
ns
1,9
ns
0,2
ns
0,4
ns
0,9
ns
0,1
ns
0,4
ns
0,2
ns
3,5
ns
Cob. x Dos. 1,0
ns
2,8* 0,3
ns
5,0** 10,9** 1,0
ns
14,3** 1,7
ns
1,2
ns
Cal. x Dos. 0,3
ns
1,5
ns
2,1
ns
1,2
ns
6,3** 0,3
ns
1,2
ns
4,4** 2,7*
CV (%) 5,7 11,4 13,4 12,3 12,1 8,6 10,6 14,5 9,5
**, * e ns são, respectivamente, significativo a 1%, 5% e o significativo para o teste F de análise de variância.
Os valores médios para os teores dos macros e micronutrientes avaliados nas folhas de
soja, em função do tipo de cobertura do solo e tipo de calcário, encontram-se na Tabela 9.
Através dos resultados, verifica-se que nenhum destes tratamentos influenciou
significativamente no teor de nitrogênio na planta, assim como para as doses aplicadas na
superfície do solo (Figura 3). Por serem gramíneas, tanto o sorgo como o milheto, apresentam
alta relação C/N, o que retarda a degradação do material orgânico e, conseqüentemente,
liberação do pouco nitrogênio que há na palhada destas culturas para o solo, o que pode ter
influenciado na não resposta da soja para este tratamento. Sabe-se que a calagem exerce
efeitos benéficos na fixação de nitrogênio, associados principalmente pela maior
disponibilidade de Mo e redução da acidez do solo. Mesmo com aplicação de um calcário
mais fino (Tabela 9) e com o dobro da dose calculada (Figura 3), não se obteve diferença
significativa para o teor de nitrogênio na soja, quando comparado com a dose zero. No
entanto, os teores encontrados estão dentro da faixa considerada adequada para a cultura,
segundo Raij et al. (1996), que é de 40 a 54 g kg
-1
de M.S.
37
Tabela 9. Valores médios dos teores de N, P, K, Ca, Mg, S, Fe, Zn e Mn, nas folhas de soja em
função de culturas de cobertura do solo e tipos de calcário. Selvíria – MS, 2006/07.
N P K Ca Mg S Fe Zn Mn
Tratamentos
(g kg
-1
de M.S.) (mg kg
-1
de M.S.)
Milheto 46,3a -
(1)
19,4a - - 2,3b - 29,2a 160,8a
Sorgo 47,3a - 18,8a - - 2,5a - 30,1a 160,4a
DMS Tukey 5% 1,4 - 1,3 - - 0,11 - 2,24 7,98
PRNT 100% 47,5a 2,9a 19,5a 12,2a - 2,4a 100,0a - -
PRNT 82% 46,1a 2,9a 18,7a 12,0a - 2,4a 102,7a - -
DMS Tukey 5% 1,4 0,17 1,3 0,77 - 0,11 5,63 - -
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
(1)
Valores apresentados no desdobramento da interação.
40,0
41,0
42,0
43,0
44,0
45,0
46,0
47,0
48,0
49,0
50,0
Toer de N (g kg
-1
de M.S.)
0,00 0,25 0,50 1,00 2,00
Doses
Figura 3. Valores médios de N nas folhas de soja, em função de doses de calcário aplicadas na
superfície do solo na implantação do sistema plantio direto. Selvíria – MS, 2006/07.
Trabalhando com aplicação superficial de calcário em SPD, Caires e Fonseca (2000) e
Caires et al. (1998), também não encontraram efeito significativo para o teor de N nas folhas
de soja.
Com relação ao teor de fósforo, houve interação significativa entre os tratamentos
culturas de cobertura do solo e doses de calcário. No desdobramento da interação (Tabela 10),
38
analisando o tratamento cobertura do solo dentro de cada dose, verifica-se que não houve
efeito significativo nos teores deste elemento. No entanto, a análise de regressão realizada
para as doses, apontou efeito cúbico significativo quando interagidas com a cultura do sorgo,
como pode-se observar na Figura 4. Nota-se que, na área onde cultivou-se sorgo associado à
aplicação de 0,25 e 0,5 dose de calcário, houve um incremento do nutriente nas plantas de
soja. O maior acúmulo de massa seca e conseqüentemente maior cobertura do solo
proporcionada pelo sorgo, em relação ao milheto, pode ter beneficiado a ciclagem de
nutrientes durante o processo de decomposição da palhada. Um outro ponto a destacar, é que,
a melhor cobertura do solo proporcionada pelo sorgo, pode ter contribuído para uma maior
retenção de umidade no solo, beneficiando a reação do calcário. Caires e Fonseca (2000),
salientam que o plantio direto conserva a umidade nas camadas superficiais do solo,
favorecendo a absorção de nutrientes pelas plantas. Neste mesmo trabalho, os autores
ressaltam que a calagem proporciona aumento no pH do solo, ocasionando uma maior
solubilização do P ligado ao Fe e Al, tornando-o disponível às plantas. Vale ressaltar também
que no SPD há um acúmulo de matéria orgânica nas camadas superficiais do solo (0 – 0,10
m), fazendo com que as reações de fixação sejam minimizadas (COSTA, 2000), podendo
resultar em benefícios no aproveitamento de P pelas plantas (ALMEIDA et al., 2003).
Tabela 10. Desdobramento da interação significativa entre os tratamentos culturas de
cobertura do solo e doses de calcário para os teores de P (g kg
-1
de M.S.) nas
folhas de soja. Selvíria – MS, 2006/07.
Cobertura/Doses 0,0 0,25 0,50 1,0 2,0
Milheto 2,7 2,9 2,8 3,0 3,0
Sorgo 3,0 3,2 3,1 2,6 2,8
DMS Tukey 5%
Cob. d. dos.
0,4
39
y
sorgo
= 1,0358x
3
- 2,8018x
2
+ 1,3579x + 3,0048
R
2
= 0,9982
2,0
2,5
3,0
3,5
0,00,51,01,5
Doses
Teor de P (g kg
-1
de M.S.)
2,0
Milheto Sorgo
Figura 4. Análise de regressão para as doses de calcário associadas a culturas de cobertura do
solo, para os teores de P nas folhas de soja. Selvíria – MS, 2006/07.
Os valores médios obtidos em função de culturas de cobertura do solo e tipos de
calcário para os teores de potássio nas folhas de soja, estão apresentados na Tabela 9,
enquanto que os obtidos em função das doses de calcário, encontram-se na Figura 5. De
acordo com análise estatística, verifica-se que não houve diferença significativa entre os
tratamentos aplicados. No entanto, conforme os limites considerados adequados para a cultura
da soja, segundo Raij et al. (1996), os teores obtidos encontram-se dentro do recomendado. A
não resposta da soja, quanto aos teores foliares de potássio, em função da calagem no SPD,
também foi verificada por Caires et al. (1998), Caires & Fonseca (2000) e Caires et al.
(2003a). Em seus trabalhos, os autores justificam que este comportamento é devido à ausência
do efeito da calagem sobre os teores de potássio no solo. Pela análise de solo realizada antes
da instalação do experimento (Tabela 3), o teor de potássio na camada de 0 – 0,20m era de 1,1
mmol
c
dm
-3
, valor considerado baixo para Raij et al. (1996). No entanto, os 250 kg ha
-1
da
fórmula 08-28-16 aplicados no plantio, que adicionou ao solo 33,2 kg ha
-1
de potássio (0,42
mmol
c
de K dm
-3
de solo), foram suficientes para suprir as necessidades da planta, visto que
os tratamentos não influenciaram no teor do nutriente e a planta não apresentou sintomas de
deficiência.
40
15,0
16,0
17,0
18,0
19,0
20,0
21,0
Teor de K (g kg
-1
de M.S.)
0,00 0,25 0,50 1,00 2,00
Doses
Figura 5. Valores médios do teor de K nas folhas de soja, em função de doses de calcário
aplicadas na superfície do solo, na implantação do SPD. Selvíria – MS, 2006/07.
O desdobramento da interação significativa entre os tratamentos culturas de cobertura
do solo e dose de calcário para os teores de cálcio nas folhas de soja, está apresentado na
Tabela 11 e Figura 6. Os tipos de calcário não influenciaram na concentração de Ca na soja.
Analisando o efeito das culturas de cobertura dentro de cada dose (Tabela 11) verifica-se que
não houve diferença significativa no teor de cálcio na soja com aplicação das doses de
calcário. Com relação ao efeito das doses dentro do fator cobertura do solo, observa-se
(Figura 6) que, conforme aumenta-se a dose de calcário na presença do sorgo, há aumento
significativo do teor de Ca nas folhas de soja, enquanto que, onde cultivou-se milheto não se
verifica tal efeito. Conforme mencionado anteriormente, o maior acúmulo de massa seca e
maior cobertura do solo proporcionada pelo sorgo, pode ter contribuído na retenção de
umidade no solo, favorecendo a reação do calcário e conseqüentemente disponibilizando Ca
para a soja. Caires e Fonseca (2000) não constataram efeito nos teores de Ca na soja mediante
doses de calcário aplicadas em superfície. Já Miranda et al. (2005) constataram aumento no
teor de Ca na planta, tanto na aplicação superficial como na aplicação incorporada de calcário,
enquanto que, Caires et al. (2003a), comparando estas duas formas de aplicação, verificaram
maior concentração de Ca quando o calcário foi incorporado.
41
Tabela 11. Desdobramento da interação significativa entre os tratamentos culturas de
cobertura do solo e doses de calcário para os teores de Ca (g kg
-1
de M.S.) nas
folhas de soja. Selvíria – MS, 2006/07.
Cobertura/Doses 0,0 0,25 0,50 1,0 2,0
Milheto 12,8 12,1 12,5 11,8 12,5
Sorgo 11,7 12,2 11,6 12,4 13,7
DMS Tukey 5%
Cob. d. dos.
1,73
y
sorgo
= 0,98x + 11,585
R
2
= 0,849
10
11
12
13
14
15
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Doses
Teor de Ca (g kg
-1
de M.S.)
Milheto Sorgo
Figura 6. Análise de regressão para as doses de calcário associadas a culturas de cobertura do
solo, para os teores de Ca nas folhas de soja. Selvíria – MS, 2006/07.
Houve interação significativa entre os tratamentos tipos de calcário e culturas de
cobertura com as doses de calcário para os teores de magnésio nas folhas de soja. No
desdobramento das interações (Tabela 12), percebe-se que sem a realização da calagem (dose
zero) houve um incremento no teor de Mg nas folhas de soja, quando esta foi semeada sobre
palhada de sorgo, com isso, pode-se dizer que o sorgo é mais eficiente na ciclagem desse
nutriente quando comparado com o milheto. No entanto, com aplicação de calcário no solo,
esse mesmo comportamento só foi verificado quando se adicionou o dobro da dose
recomendada (dose 2,0). Nas demais doses (0,25; 0,50 e 1,0) não houve diferença
42
significativa entre os tratamentos para o teor de Mg na planta. O comportamento das doses
dentro de culturas de cobertura e tipos de calcário está demonstrado na Figura 7. Verifica-se
que para as culturas de cobertura do solo houve efeito cúbico significativo, onde com a
cultura do sorgo a maior concentração de Mg nas folhas de soja foi obtida quando não se
aplicou calcário (dose zero), havendo uma queda da concentração do nutriente com as
menores doses aplicadas, porém a partir da dose 1,0 observa-se incremento no teor do
elemento na planta. No cultivo sobre resíduos de milheto, percebe-se que houve um
comportamento contrário ao do cultivo sobre palhada de sorgo, onde com as menores doses
obteve-se maior concentração de Mg nas folhas de soja.
Com relação à interação entre os tipos e doses de calcário (Tabela 12), observa-se que
houve diferença significativa somente na dose 2,0, onde o calcário mais fino proporcionou
uma maior concentração de Mg na soja. Por ser de granulometria mais fina, há um melhor
contato entre as partículas do insumo com as partículas do solo, acelerando o processo de
reação. Isto provavelmente contribuiu para o incremento do elemento na planta, no entanto,
isto só foi possível com aplicação do dobro da dose de calcário recomendada. Na Figura 7 é
possível verificar que para o calcário com PRNT de 100%, houve um efeito quadrático
obtendo menores teores de Mg com a dose 1,0. Já em relação ao calcário com PRNT de 82%,
houve um decréscimo do teor do nutriente na planta conforme aumentou-se as doses
aplicadas.
Tabela 12. Desdobramento das interações significativas entre os tratamentos culturas de
cobertura e doses de calcário e tipos e doses de calcário para os teores de Mg (g
kg
-1
de M.S.) nas folhas de soja. Selvíria – MS, 2006/07.
0,0 0,25 0,50 1,0 2,0
Milheto 5,8 b 5,6 a 5,7 a 4,9 a 4,7 b
Sorgo 7,0 a 5,5 a 5,0 a 5,6 a 5,8 a
DMS Tukey 5%
Cob. d. Dos.
0,79
PRNT 100% 6,0 a 5,7 a 5,8 a 5,1 a 5,7 a
PRNT 82% 5,7 a 5,9 a 5,9 a 5,4 a 4,7 b
DMS Tukey 5% 0,79
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade, pelo teste de tukey.
43
(a)
y
sorgo
= -2,9811x
3
+ 9,7357x
2
- 8,1439x + 6,9936
R
2
= 0,9997
y
mil heto
= 0,7944x
3
- 2,0926x
2
+ 0,4814x + 5,7501
R
2
= 0,9561
3,50
4,00
4,50
5,00
5,50
6,00
6,50
7,00
7,50
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Doses
Teor de Mg (g kg
-1
de M.S.)
Milheto Sorgo
(b)
y
PRNT 82%
= -0,57x + 5,9075
R
2
= 0,9147
y
PRNT 100%
= 0,6968x
2
- 1,5471x + 6
R
2
= 0,9635
3,50
4,00
4,50
5,00
5,50
6,00
6,50
7,00
7,50
0,00,51,01,52
Doses
Teor de Mg (g kg
-1
de M.S.)
,0
PRNT 100% PRNT 82%
Figura 7. Análise de regressão realizada para as doses de calcário associadas a culturas de
cobertura(a) e tipos de calcário (b), para o teor de Mg nas folhas de soja. Selvíria –
MS, 2006/07.
Apesar dos efeitos significativos proporcionados pelos tratamentos, o teor do elemento
na planta manteve-se dentro do limite considerado adequado conforme citado em Raij et al.
(1996). Mesmo sem aplicação do insumo verificou-se que a planta não apresentou deficiência
do nutriente. Vale ressaltar que o solo na camada de 0 – 0,20m antes da instalação do
experimento apresentava teor de Mg igual a 9 mmol
c
dm
-3
(Tabela 3), valor considerado alto
para Raij et al. (1996).
A concentração de enxofre nos tecidos foliares da soja foi significativamente maior
quando cultivada sobre palhada de sorgo (Tabela 9). Como o sorgo produziu maior
quantidade de massa seca, em relação ao milheto, é possível que tenha disponibilizado maior
quantidade de enxofre para o solo durante o processo de decomposição da palhada.
Trabalhando com culturas de cobertura do solo, Oliveira et al. (2002) constataram que o sorgo
e o milheto acumulam maior quantidade de nutrientes na palhada a serem fornecidos ao solo
para o cultivo seguinte. Os tipos de calcário (Tabela 9) e as doses (Figura 8) aplicadas na
superfície do solo, não proporcionaram efeito significativo para o nutriente na planta. Com a
realização da calagem o teor de enxofre nas camadas superficiais do solo pode ser reduzido,
devido à liberação do sulfato adsorvido em decorrência do aumento do pH, com
movimentação deste para o subsolo, conforme constatado por Caires et al. (1999) e Caires e
Fonseca (2000). Os valores obtidos encontram-se dentro da faixa considerada adequada para a
cultura da soja, segundo Raij et al. (1996).
44
2,0
2,1
2,2
2,3
2,4
2,5
Teor de S (g kg
-1
de M.S.)
0,00 0,25 0,50 1,00 2,00
Doses
Figura 8. Valores médios de S nas folhas de soja, obtidos em função de doses de calcário
aplicas na superfície do solo, na implantação do SPD. Selvíria – MS, 2006/07.
Na Tabela 13, encontra-se o desdobramento da interação significativa entre os
tratamentos culturas de cobertura e doses de calcário, para o teor de ferro nas folhas de soja.
Verifica-se que onde não se realizou a calagem (dose zero) e cultivou-se o sorgo como cultura
de cobertura do solo, obteve-se uma maior concentração de ferro no tecido foliar da soja,
diferindo significativamente de onde se cultivou milheto como cultura de cobertura. Este
comportamento também foi verificado quando se aplicou no solo metade da dose de calcário
recomendada (dose 0,5). Nas demais doses (0,25; 1,0 e 2,0) não houve diferença significativa
entre as culturas de cobertura nos teores foliares de Fe na soja. A análise de regressão
realizada para as doses de calcário em cada tipo de cobertura do solo está apresentada na
Figura 9. É possível constatar que onde cultivou-se sorgo como cobertura do solo, houve uma
diminuição no teor Fe na soja, conforme aumentou-se a quantidade de calcário aplicada no
solo. Esta redução pode ter sido devido à menor disponibilidade de Fe no solo, pois com a
calagem, ocorre o aumento do pH do solo e conseqüentemente redução dos teores dos
micronutrientes Fe, Cu, Zn e Mn. Na presença do milheto como cobertura do solo, não houve
diferença significativa entre as médias obtidas, no entanto, estas médias encontram-se dentro
do limite considerado adequado para a cultura da soja, que é de 50 a 350 mg kg
-1
de M.S.,
segundo Raij et al. (1996).
45
Tabela 13. Desdobramento da interação significativa entre os tratamentos culturas de
cobertura e doses de calcário, para o teor de Fe (mg kg
-1
de M.S.) nas folhas
de soja. Selvíria – MS, 2006/07.
Cobertura/Doses 0,0 0,25 0,50 1,0 2,0
Milheto 94,8 b 95,8 a 89,9 b 91,9 a 87,1 a
Sorgo 110,8 a 105,9 a 110,3 a 103,3 a 98,5 a
DMS Tukey 5%
Cob. d. dos.
12,58
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
y
SORGO
= -5,87x + 110,16
R
2
= 0,822
80
90
100
110
120
130
140
150
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Dose
Teor de Fe (mg kg
-1
M.S.)
MILHETO SORGO
Figura 9. Análise de regressão realizada para as doses de calcário associadas a culturas de
cobertura do solo, para os teores de Fe nas folhas de soja. Selvíria – MS, 2006/07.
O teor de zinco nas folhas de soja não foi influenciado pelo tipo de cobertura do solo
(Tabela 9). No entanto, quanto aos tratamentos tipos e doses de calcário houve interação
significativa para o teor de Zn na soja. No desdobramento desta interação (Tabela 14),
verifica-se que não houve diferença significativa entre os tipos de calcário dentro de cada
dose aplicada no solo. Analisando o comportamento das doses em cada tipo de calcário,
observa-se na Figura 10, que em cada tipo de calcário o teor de Zn nas folhas de soja,
46
diminuíram significativamente conforme aumentou-se as dose aplicadas. Como descrito
anteriormente, a aplicação de calcário no solo aumenta o pH, diminuindo a disponibilidade
dos micronutrientes Fe, Cu, Zn e Mn. Esta pode ter sido a razão pela qual houve redução da
absorção do Zn pela soja, porém, não se observou sintomas de deficiência do nutriente. Os
valores obtidos estão dentro da faixa considerada adequada para a cultura da soja, que é de 20
a 50 mg kg
-1
de M.S., segundo Raij et al. (1996).
Tabela 14. Desdobramento da interação significativa entre os tratamentos tipos e doses de
calcário para os teores de Zn (mg kg
-1
de M.S.) nas folhas de soja. Selvíria – MS,
2006/07.
Calcário/Doses 0,0 0,25 0,50 1,0 2,0
PRNT 100% 34,3 32,1 30,0 29,1 27,3
PRNT 82% 33,0 30,8 31,0 31,0 28,0
DMS Tukey 5%
Cob. d. Dos.
3,02
y
PRNT 82%
= -2,06x + 32,305
R
2
= 0,8319
y
PRNT 100%
= -3,15x + 32,923
R
2
= 0,8428
20
25
30
35
40
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Doses
Teor de Zn (mg kg de M.S.)
PRNT 100% PRNT 82%
Figura 10. Análise de regressão para as doses de calcário associadas a tipos de calcário, para
os teores de Zn nas folhas de soja. Selvíria – MS, 2006/07.
47
Redução no teor foliar de Zn em soja, com aplicação superficial de calcário, também
foi observada por Caires e Fonseca (2000), Caires et al. (2001), Caires et al. (2003a), Caires et
al. (2006) e nos grãos por Caires et al. (2003b).
Comportamento semelhando ao Zn, também foi observado para o micronutriente Mn,
onde não se observou efeito significativo das culturas de cobertura na absorção deste nutriente
pela soja (Tabela 9), e os tratamentos tipos e doses de calcário interagiram significativamente
no teor do elemento na planta. No desdobramento da interação (Tabela 15), verifica-se que os
tipos de calcário não interferiram no teor de Mn nas folhas da planta, independente da dose
aplicada. No entanto, analisando as doses de cada tipo de calcário, verifica-se na Figura 11,
que as doses do calcário com PRNT de 82%, reduziram linearmente o teor de Mn nas folhas
de soja, enquanto que as doses do calcário com PRNT de 100% não influenciaram
significativamente no teor do nutriente na planta. Redução no teor de manganês em soja, em
virtude da aplicação de calcário na superfície do solo também foi verificada por Caires e
Fonseca et al. (2000), Caires et al. (2003a) e Caires et al. (2006). Estes autores mencionam
que a redução na absorção do nutriente foi em função do aumento do pH do solo. Mesmo
com a redução dos teores foliares de Mn, proporcionada pelas doses do calcário com PRNT
de 82%, nota-se que os valores obtidos estão acima do limite recomendado por Raij et al.
(1996), que é de 20 a 100 mg kg
-1
de M.S., no entanto, as plantas não apresentaram sintomas
visuais de toxidez de Mn. Por possuir uma granulometria mais grosseira, a ação no solo do
calcário com PRNT de 82% pode ser mais duradoura, podendo trazer a níveis adequados os
teores de Mn na planta, com o decorrer do tempo.
Tabela 15. Desdobramento da interação significativa entre os tratamentos tipos e doses de
calcário, para os teores de Mn (mg kg
-1
de M.S.) nas folhas de soja. Selvíria –
MS, 2006/07.
Calcário/Doses 0,0 0,25 0,50 1,0 2,0
PRNT 100% 165,8 170,0 160,3 166,8 160,0
PRNT 82% 168,5 174,6 165,3 162,3 147,7
DMS Tukey 5%
Cob. d. Dos.
17,85
48
y
PRNT 82%
= -11,92x + 172,62
R
2
= 0,8828
130
135
140
145
150
155
160
165
170
175
180
0,00,51,01,52
Doses
Teor de Mn (mg kg
-1
de M.S.)
,0
PRNT 100% PRNT 82%
Figura 11. Análise de regressão para as doses de calcário associadas a tipos de calcário, para
ao teor de Mn nas folhas de soja. Selvíria – MS, 2006/07.
A redução nos teores foliares dos micronutrientes avaliados em função das doses de
calcário aplicas na superfície do solo, indica que deve-se ter cuidados para estimativa da dose
a ser aplicada no sistema de plantio direto, pois o aumento do pH nas camadas superficiais do
solo proporcionado pela calagem (CAIRES; FONSECA, 2000, CAIRES et al., 2003a,
ALLEONI et al., 2005, MIRANDA et al., 2005), colabora para a redução na disponibilidade
destes nutrientes no solo, podendo chegar a limites que tragam deficiência para as culturas.
4.3 Características agronômicas da soja
O resultado da análise de variância realizada para as características agronômicas
avaliadas na cultura da soja, está apresentado na Tabela 16. Através dos resultados, verifica-se
que as culturas de cobertura do solo proporcionaram efeito significativo para altura de planta,
número de vagens por planta e massa de 1000 grãos, porém não houve reflexos na
produtividade de grãos. Quanto aos tratamentos tipos e doses de calcário, observa-se que estes
proporcionaram efeito significativo para produtividade de grãos e número de vagens por
planta, respectivamente. Houve interação dupla significativa entre os tratamentos culturas de
cobertura e doses e tipos de calcário e doses para as respectivas características agronômicas,
altura de vagens e número de vagens por planta. Nestes casos as médias foram apresentadas
no desdobramento da interação. Os valores médios obtidos para as características
agronômicas avaliadas em função dos tratamentos aplicados, encontram-se na Tabela 17.
49
Tabela 16. Valores de F e coeficiente de variação (CV%) obtidos na análise de variância para as características agronômicas da cultura da
soja, em função de culturas de cobertura do solo, tipos e doses de calcário aplicadas na superfície do solo na implantação do
SPD.
Causa de Variação Altura de planta Altura de vagem vagens/planta Estande Massa de 1000 sementes Produtividade
Cobertura (Cob) 12,15** 0,01
ns
5,73* 2,26
ns
6,64* 1,94
ns
Calagem (Cal) 0,01
ns
0,12
ns
1,75
ns
0,02
ns
0,55
ns
5,24*
Doses (Dos) 1,56
ns
1,51
ns
3,86** 0,19
ns
0,48
ns
0,35
ns
Cob x Cal 0,03
ns
3,31
ns
0,34
ns
0,39
ns
0,12
ns
1,88
ns
Cob x Dos 0,41
ns
3,91** 0,84
ns
0,50
ns
0,78
ns
0,67
ns
Cal x Dos 0,72
ns
0,73
ns
4,96** 2,11
ns
0,29
ns
1,55
ns
CV (%) 7,55 13,46 19,50 15,77 3,91 9,84
**, * e ns, são, respectivamente, significativo a 1%, 5% e não significativo pelo teste F.
50
Tabela 17. Valores médios de altura de planta, altura de inserção da primeira vagem, número de vagens por planta, estande, massa de 1000
sementes e produtividade de grãos de soja, em função de culturas de cobertura do solo, tipos e doses de calcário aplicadas na
superfície do solo, na implantação do SPD. Selvíria – MS, 2006/07.
Altura de Planta Altura 1ª Vagem Número de vagens/ Estande Massa de 1000 Produtividade
Tratamentos
(cm) planta (plantas ha
-1
) grãos (g) (kg ha
-1
)
Milheto 92,2 a -
(1)
62,7 a 281481 a 201,3 a 3924,0 a
Sorgo 86,1 b - 55,6 b 299259 a 196,1 b 3787,7 a
DMS Tukey 5% 3,51 - 6,01 23861 4,1 197,6
PRNT 100% 89,1 a 17,0 a - 291111 a 199,5 a 3967,9 a
PRNT 82% 89,2 a 16,8 a - 289629 a 198,0 a 3743,8 b
DMS Tukey 5% 3,51 1,18 - 23860 4,1 197,3
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
(1)
Médias apresentadas no desdobramento da interação.
51
Verifica-se que altura de planta foi maior quando a soja foi cultivada sobre palhada de
milheto, em relação ao cultivo sobre resíduos culturais de sorgo, apresentando
respectivamente, 92,2 e 86,1 cm de altura. Plantas muito altas podem ser prejudiciais no
momento da colheita de grãos, pois são mais suscetíveis ao tombamento. Os valores médios
encontrados estão acima do considerado adequado para a colheita mecânica, que é de 60 a 80
cm, segundo Yokomizo (1999), no entanto, não ocorreu problema de acamamento durante a
condução do experimento. Pelas características da variedade utilizada (Conquista), a planta
pode variar a altura de 75 a 90 cm, podendo ocorrer alterações conforme o ambiente de
cultivo. Carvalho et al. (2004) trabalhando com soja em sucessão a adubos verde, observaram
no segundo ano de cultivo, valores de altura de planta semelhantes ao deste trabalho (97,4
cm), quando cultivou-se soja após milheto, porém com variedade diferente (IAC 17).
Trabalhando com a variedade IAC 15-1, Delavale (2002) obteve plantas de soja mais altas
quando cultivadas sobre palhada de milheto (115,3 cm), com relação às plantas cultivadas
sobre palhada de aveia preta (103,4 cm). O tipo de calcário não influenciou nesta avaliação,
assim como as doses (Figura 12) aplicadas em superfície. Mesmo não havendo diferença
significativa entre as doses de calcário, percebe-se que há uma tendência de aumento no
tamanho da planta, conforme aumenta-se a quantidade de calcário aplicada.
80
82
84
86
88
90
92
94
96
98
100
Altura de planta (cm)
0,00 0,25 0,50 1,00 2,00
Doses
Figura 12. Valores médios de altura de planta, em função de doses de calcário aplicadas em
superfície, na implantação do SPD. Selvíria – MS, 2006/07.
52
O desdobramento da interação significativa entre os tratamentos culturas de cobertura
e doses de calcário, para a variável altura de inserção da primeira vagem, encontra-se na
Tabela 18. Verifica-se que quando não se aplicou calcário (doses zero) a altura da primeira
vagem foi significativamente maior quando a soja foi cultivada sobre palhada de sorgo. No
entanto, com a realização da calagem, houve um efeito inverso quando aplicou-se o dobro da
dose de calcário calculada. Observando o comportamento das doses associadas a cada tipo de
cultura de cobertura (Figura 13), percebe-se que quando cultivou-se soja sobre resíduos de
sorgo, ocorreu uma redução da altura da vagem conforme aumentou-se as doses de calcário.
Já o cultivo sobre resíduos de milheto, o aumento da altura da primeira vagem foi diretamente
proporcional ao aumento das doses de calcário.
O aumento na altura de inserção da primeira vagem é desejável, pois reduz as perdas
de grãos no momento da colheita mecanizada. Valores acima de 13 cm são considerados
adequados para a colheita mecanizada, segundo Queiroz et al., (1981). De acordo com
Medina (1994), entre os fatores que exercem influência direta nas perdas e na pureza dos
grãos na colheita mecanizada estão a altura das plantas e, principalmente, a altura de inserção
da primeira vagem. Mesmo havendo uma tendência de redução da altura de inserção da
vagem, na interação do sorgo com as doses de calcário, constata-se pelos valores obtidos, que
não houve limitações à colheita mecânica da soja. Avaliando a resposta da soja a diferente
cobertura vegetal e aplicação de calcário na implantação do SPD, Lima (2001) e Delavale
(2002), não encontraram efeito significativo destes tratamentos na altura de inserção da
primeira vagem.
Tabela 18. Desdobramento da interação significativa entre os tratamentos culturas de
cobertura e doses de calcário, para altura de inserção da primeira vagem (cm).
Selvíria – MS, 2006/07.
Cobertura/Doses 0,0 0,25 0,5 1,0 2,0
Milheto 15,2 b 16,0 a 16,1 a 17,5 a 18,9 a
Sorgo 17,9 a 16,8 a 16,8 a 16,8 a 15,1 b
DMS Tukey 5%
Cobertura d. Doses
2,6
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
53
y
milheto
= 1,83x + 15,368
R
2
= 0,9767
y
sorgo
= -1,18x + 17,565
R
2
= 0,8642
15,0
16,0
17,0
18,0
19,0
20,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Doses
Altura primeira vagem (cm)
Milheto Sorgo
Figura 13. Análise de regressão para as doses de calcário associadas a culturas de cobertura
do solo, para altura de inserção da primeira vagem. Selvíria – MS, 2006/07.
O número de vagens por plantas também foi influenciado significativamente pelo tipo
de cobertura do solo. Verifica-se (Tabela 17) que a soja cultivada sobre milheto obteve maior
número de vagens em relação à cultivada sobre sorgo. Delavale (2002) também observou
maior número de vagens por planta quando a soja foi cultivada sobre palhada de milheto, em
dois anos de cultivo, obtendo valores semelhantes ao deste trabalho (65,9). No entanto,
Carvalho et al., (2004) não observaram diferença significativa entre milheto e outras
coberturas do solo, para este componente de produção. Vala salientar que as variedades dos
dois trabalhos citados anteriormente foram diferentes à desta pesquisa.
Através dos resultados anteriores, observa-se que a soja cultivada sobre resíduos
culturais de sorgo, sofreu redução na altura de planta, altura de inserção da primeira vagem e
redução no número de vagens por planta. Apesar do sorgo ter produzido maior acúmulo de
massa seca e porcentagem de cobertura do solo, o que é vantajoso sob o ponto de vista de
conservação do solo e manutenção do SPD, a presença de seus resíduos influenciou
negativamente no desenvolvimento da soja. Há relatos de que soja cultivada em sucessão ao
sorgo, pode sofrer efeitos elelopáticos devido a substâncias exsudadas do sistema radicular
desta gramínea. Souza et al., (1999) verificando em soja o efeito do sorgoleone, composto
alelopático encontrado nos exsudados das raízes do sorgo, constatou fitotoxidade crescente à
medida que se aumentou a concentração do composto, a qual refletiu-se na redução do porte
da planta e um murchamento acentuado.
54
Ainda em relação ao número de vagens por plantas, na Tabela 19 encontra-se o
desdobramento da interação significativa entre os tratamentos tipos e doses de calcário.
Verifica-se que com a dose 1,0 o calcário com PRNT de 100% proporcionou à soja número de
vagens significativamente maior quando comparado ao calcário com PRNT de 82%. Nas
demais doses não houve diferença significativa para este componente de produção.
Observando o comportamento das doses em cada tipo de calcário (Figura 14), houve efeito
cúbico das doses do calcário com PRNT de 100%, verificando aumento do número de vagens
até a dose 1,0 com posterior decréscimo na dose 2,0. As doses do calcário com PRNT de 82%
não influenciaram significativamente no número de vagens. Por ser de granulometria mais
fina, é possível que o calcário de PRNT de 100% tenha reagido mais facilmente no solo,
proporcionando ambiente favorável ao desenvolvimento da soja até a dose recomendada (dose
1,0). Com excesso de calagem (dose 2,0), pode ter ocorrido alterações na fertilidade do solo,
principalmente na disponibilidade dos micronutrientes, que tenha afetado a produção de
vagens pela planta. Na análise dos tecidos foliares da soja, constatou-se redução nos teores de
Fe e Zn, conforme aumentou-se as doses de calcário, como pode ser observado nas Figuras 9
e 10, respectivamente. Isto provavelmente pode ter influenciado na redução do número de
vagens na planta.
Estudando o efeito da aplicação incorporada e superficial de calcário na implantação
do SPD, Delavale (2002) não observou diferença significativa entre os tratamentos para
número de vagens por planta, fato também observado por Lima (2001) quando estudou a
resposta da soja na presença ou ausência da aplicação superficial de calcário.
Tabela 19. Desdobramento da interação significativa entre os tratamentos tipos e doses de
calcário, para número de vagens por planta. Selvíria – MS, 2006/07.
Calagem/Doses 0,0 0,25 0,5 1,0 2,0
PRNT 100% 51,0 a 55,0 a 66,0 a 84,0 a 58,0 a
PRNT 82% 58,0 a 54,0 a 58,0 a 55,0 b 53,0 a
DMS Tukey 5%
Calagem d. Doses
13,0
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
55
y
PRNT 100%
= -38,65x
3
+ 87,463x
2
- 17,231x + 51,851
R
2
= 0,9811
0
20
40
60
80
100
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Doses
Número de vagens por plant
a
PRNT 100% PRNT 82%
Figura 14. Análise de regressão para as doses de calcário associadas a tipos de calcário, para o
número de vagens por planta. Selvíria – MS, 2006/07.
Com relação ao estande final, observa-se (Tabela 17) que as culturas de cobertura e os
tipos de calcário não influenciaram significativamente na população de plantas, assim como
as doses de calcário (Figura 15). Os valores obtidos, entre 280 e 300 mil plantas ha
-1
,
encontram-se próximos aos de Delavale (2002), que também não verificou diferença
significativa entre os tipos de cobertura do solo, porém, quando avaliou o estande em função
da aplicação de calcário, constatou no segundo ano de cultivo de soja, que a realização da
calagem, independe de ser superficial ou incorporada, promoveu uma maior população de
plantas em relação ao cultivo sem correção do solo, em condições de fertilidade do solo
semelhante à apresentada neste experimento.
A massa de 1000 grãos foi significativamente maior quando cultivou-se soja sobre
palhada de milheto (Tabela 17). Resultado também obtido por Delavale (2002) no segundo
ano de cultivo de soja sobre palhada de milheto, porém, com massa menor (136,4g) à obtida
neste trabalho. Em contraste a estes resultados, Carvalho et al. (2004) não constataram efeito
significativo neste componente de produção, quando cultivou-se soja, em dois anos
consecutivos, sobre diferentes resíduos culturais, obtendo em 100 sementes massa de 15,3 e
16,1g, respectivamente para o primeiro e segundo ano de cultivo sobre palhada de milheto.
Como relatado anteriormente, a soja cultivada sobre resíduos de sorgo pode ter sofrido efeito
elelopático, interferindo negativamente no desenvolvimento da planta e conseqüentemente no
acúmulo de massa nos grãos. Os tipos de calcário aplicados não influenciaram
56
significativamente na massa dos grãos, assim como as doses de calcário aplicadas na
superfície do solo (Figura 16).
250000
260000
270000
280000
290000
300000
Plantas ha
-1
0,00 0,25 0,50 1,00 2,00
Doses
Figura 15. Valores médios de estande obtidos em função de doses de calcário aplicadas na
superfície do solo, na implantação do SPD. Selvíria – MS, 2006/07.
150
160
170
180
190
200
210
Massa de 1000 sementes (g)
0,00 0,25 0,50 1,00 2,00
Doses
Figura 16. Valores médios de massa de 1000 sementes, obtidos em função de doses de
calcário aplicadas na superfície do solo, na implantação do SPD. Selvíria – MS,
2006/07.
57
Delavale (2002) também avaliou a massa de 1000 grãos mediante aplicação de
calcário incorporado, superficial antes e após manejo das culturas antecessoras à soja e sem
aplicação do insumo. Constatou que os modos de aplicação de calcário não influenciaram na
massa dos grãos, porém foram significativamente maiores em relação à testemunha,
demonstrando a resposta da soja à calagem independente da forma de aplicação.
Apesar da soja cultivada sobre palhada de sorgo ter apresentado menores valores de
altura de planta, altura de inserção da primeira vagem, número de vagens por planta e massa
de 1000 grãos, a produtividade de grãos obtida não diferiu significativamente da
produtividade obtida quando a soja foi cultivada sobre resíduos de milheto, como pode ser
observado na Tabela 17. O efeito negativo que o sorgo proporcionou nestas características
pode ter sido compensado pela população de plantas obtida. Mesmo não diferindo
significativamente, observando os valores de estande (Tabela 17), percebe-se que a soja
cultivada sobre palhada de sorgo apresentou maior número de plantas ha
-1
, superando a soja
cultiva sobre milheto em 17778 plantas ha
-1
. A diferença obtida pode ter suprido as possíveis
perdas decorridas, em função da redução do desenvolvimento da planta e conseqüentemente
de seus componentes de produção.
Com relação aos tipos de calcário (Tabela 17), a produtividade de grãos obtida com
aplicação do calcário com PRNT de 100% foi de 3967,9 kg ha
-1
, diferindo significativamente
da produtividade obtida com o calcário com PRNT de 82%, que foi de 3743,8 kg ha
-1
. Como
pode ser observado na Figura 14, as dose do calcário mais fino ocasionou aumento no número
de vagens por planta, o que possivelmente pode ter contribuído para o aumento na
produtividade de grãos, em função da aplicação deste insumo. Um outro ponto a destacar, é
que as doses do calcário de PRNT de 100% reduziram significativamente os teores de Mn nas
folhas de soja (Figura 11), o que pode ter contribuído para um melhor desenvolvimento da
planta e maior rendimento de grãos, visto que, os teores deste micronutriente estavam acima
do considerado adequado para a cultura. Por possuir característica física mais fina que o
calcário de PRNT de 82%, o calcário de PRNT de 100% possui uma maior área de contato
com o solo, possibilitando uma reação mais rápida e conseqüentemente estabelecendo um
melhor ambiente para o desenvolvimento da planta. Contudo, as doses de calcário aplicadas
na superfície do solo não diferiram significativamente entre si, no entanto, observando os
valores na Figura 17, mesmo não havendo diferença significativa, percebe-se que quando não
realizou a calagem (dose zero) obteve-se a menor produtividade. O tempo entre a aplicação do
calcário e o completo desenvolvimento da soja, pode ter sido insuficiente para que o efeito
das doses maiores refletisse na produtividade de grãos.
58
3500
3600
3700
3800
3900
4000
Produtividade (kg ha
-1
)
0,00 0,25 0,50 1,00 2,00
Doses
Figura 17. Produtividade de grãos de soja obtida em função de doses de calcário aplicadas na
superfície do solo, na implantação do SPD. Selvíria – MS, 2006/07.
Avaliando a cultura da soja em função da calagem superficial, incorporada e sem
aplicação de calcário na implantação do SPD, em solo com características químicas
semelhantes ao deste trabalho, Delavale (2002) verificou efeito da calagem na produtividade
de grãos somente no segundo ano de cultivo de soja, não obtendo diferença entre a calagem
superficial e incorporada, porém, diferindo de quando não realizou a correção do solo.
Ressalta-se que, apesar da acidez, o solo na camada de 0 – 0,20m (Tabela 3) não
apresentava teores tóxicos de Al
+3
e os teores de Ca
+2
e Mg
+2
eram suficientes para o
desenvolvimento da soja. Este pode ter sido o motivo pelo qual as doses de calcário não
diferiram da testemunha (dose zero), obtendo altas produtividades. Altas produtividades de
grãos de soja, na ausência de calcário, também foram verificadas em solos ácidos por Caires
et al. (1998, 2003a, 2006) e Moreira et al. (2001).
4.4 Características químicas do solo
A análise de variância realizada para os atributos químicos do solo (P, M.O., pH, K,
Ca, Mg, H+Al, Al e V%) avaliados nas profundidades de 0,0 – 0,05; 0,05 – 0,10; 0,10 – 0,20
e 0,20 – 0,40m, em função de culturas de cobertura do solo, tipos e doses de calcário,
encontra-se na Tabela 20.
59
Tabela 20. Valores de F e coeficiente de variação (CV%) obtidos na análise de variância para os valores de P, M.O., pH, K, Ca, Mg, H+Al, Al e V%, em
diferentes profundidades do solo, em função de culturas de cobertura, tipos e doses de calcário.
Causa de Variação P M.O. pH K Ca Mg H+Al Al V%
0,0 – 0,05 m
Cobertura (Cob.) 0,1
ns
11,1
**
1,6
ns
2,1
ns
0,3
ns
3,6
ns
1,7
ns
0,6
ns
2,9
ns
Calagem (Cal.) 0,9
ns
1,9
ns
1,0
ns
4,1
*
2,2
ns
0,5
ns
0,6
ns
0,6
ns
6,2
*
Doses (Dos.) 8,4
**
0,2
ns
7,0
**
0,8
ns
8,8
**
8,0
**
5,1
**
0,6
ns
14,2
**
Cob. x Cal. 10,8
**
0,1
ns
0,1
ns
1,4
ns
3,0
ns
8,2
**
0,1
ns
0,6
ns
1,5
ns
Cob. x Dos. 9,2
**
0,6
ns
1,1
ns
1,2
ns
0,6
ns
1,3
ns
1,2
ns
1,1
ns
2,2
ns
Cal. x Dos. 2,6
*
0,8
ns
1,7
ns
1,8
ns
3,5
*
3,0
*
1,1
ns
0,1
ns
2,8
**
CV (%) 17,7 18,1 7,1 26,7 17,3 16,4 19,9 27,6 7,3
0,05 – 0,10 m
Cobertura (Cob.) 0,1
ns
4,3
*
0,1
ns
3,7
ns
0,2
ns
0,1
ns
3,0
ns
0,1
ns
0,6
ns
Calagem (Cal.) 0,4
ns
0,6
ns
0,1
ns
7,9
**
0,1
ns
0,4
ns
0,3
ns
2,6
ns
0,1
ns
Doses (Dos.) 1,7
ns
0,2
ns
0,9
ns
6,3
**
2,3
ns
2,4
ns
0,4
ns
4,5
**
1,8
ns
Cob. x Cal. 0,1
ns
0,8
ns
1,5
ns
2,2
ns
1,6
ns
2,4
ns
1,0
ns
0,1
ns
5,3
*
Cob. x Dos. 2,6
*
1,1
ns
1,5
ns
0,1
ns
1,0
ns
1,8
ns
1,2
ns
0,1
ns
3,5
*
Cal. x Dos. 1,8
ns
0,7
ns
2,0
ns
2,7
*
2,0
ns
3,2
*
1,2
ns
1,2
ns
2,4
ns
CV (%) 24,8 16,6 9,2 21,1 25,3 20,8 21,8 15,5 10,7
0,10 – 0,20 m
Cobertura (Cob.) 0,9
ns
0,8
ns
1,2
ns
9,1
**
0,1
ns
8,1
**
4,1
*
3,6
ns
0,3
ns
Calagem (Cal.) 20,6
**
0,2
ns
4,1
*
6,3
*
0,2
ns
2,0
ns
13,8
**
3,1
ns
3,3
ns
Doses (Dos.) 9,8
**
1,3
ns
2,9
ns
10,6
**
0,6
ns
0,4
ns
3,0
*
5,0
**
0,9
ns
Cob. x Cal. 5,0
*
0,1
ns
1,6
ns
10,3
**
2,1
ns
0,1
ns
1,2
ns
4,1
**
2,5
ns
Cob. x Dos. 0,2
ns
2,5
ns
2,1
ns
4,1
**
2,9
*
1,3
ns
0,5
ns
5,3
**
1,5
ns
Cal. x Dos. 3,7
*
0,8
ns
2,1
ns
10,0
**
2,5
ns
4,8
**
0,5
ns
3,0
*
3,0
*
CV (%) 23,8 17,2 6,7 15,4 22,3 21,2 16,0 15,4 12,9
0,20 – 0,40 m
Cobertura (Cob.) 3,9
ns
4,3
*
0,1
ns
7,4
**
1,1
ns
0,1
ns
2,0
ns
0,1
ns
0,2
ns
Calagem (Cal.) 2,7
ns
0,1
ns
0,8
ns
9,0
**
0,2
ns
2,8
ns
0,4
ns
6,0
**
0,1
ns
Doses (Dos.) 3,2
ns
5,5
*
1,0
ns
3,2
*
5,9
**
4,4
**
5,9
**
7,3
**
3,1
*
Cob. x Cal. 5,3
*
0,9
ns
0,1
ns
8,1
**
1,1
ns
0,3
ns
11,3
**
0,1
ns
1,1
ns
Cob. x Dos. 0,5
ns
6,6
*
0,2
ns
3,5
*
2,1
ns
2,9
*
7,7
**
0,1
ns
3,8
**
Cal. x Dos. 5,9
**
2,4
ns
3,9
**
4,3
**
4,7
**
7,7
**
2,6
*
5,4
**
8,9
**
CV (%) 25,5 19,9 5,3 17,8 19,5 16,0 13,2 4,2 10,7
**, * e ns, são respectivamente, significativo a 1%, 5% e não significativo ao teste F de análise de variância.
60
Através destes resultados, verifica-se que para o elemento P, houve pelo menos uma
interação entre os tratamentos em todas camadas de solo avaliadas, sendo a camada
superficial (0,0 – 0,05m) a que mais sofreu efeito dos tratamentos. Analisando as médias
obtidas na profundidade de 0,0 – 0,05m (Tabela 21), constata-se que o teor de P no solo foi
significativamente maior quando cultivou-se milheto na presença do calcário com PRNT 82%
(10,2 mg dm
-3
), no entanto quando cultivou-se sorgo na presença do calcário com PRNT de
100% o teor de P no solo foi significativamente maior em relação ao milheto (9,8 mg dm
-3
).
Na interação culturas de cobertura e doses de calcário (Tabela 22), verifica-se que sem a
correção do solo (dose zero) o teor de P no solo foi significativamente maior na presença do
milheto, e com a realização da calagem, verifica-se que nas áreas onde cultivou-se sorgo
houve uma maior disponibilidade de P com as doses de 0,25 e 0,50, sendo superado pelo
milheto somente com a dose 2,0. O comportamento das doses em relação às culturas de
cobertura estão apresentados na Figura 18a. Como o sorgo apresentou maior produção de
massa seca em relação ao milheto (Tabela 5) e as maiores quantidades de massa seca foram
obtidas com as doses de 0,25 e 0,50 do calcário de PRNT 100% (Tabela 6), este acúmulo de
material orgânico na superfície do solo, proporcionado pela interação destes tratamentos, pode
ter beneficiado a disponibilidade do P no solo. A matéria orgânica tem a capacidade de
interagir com os óxidos de Fe e Al do solo, resultando em redução dos sítios de fixação, por
causa do recobrimento dos sítios destes óxidos por moléculas de ácidos húmicos, ocorrendo
assim uma menor fixação e conseqüentemente, maior disponibilidade de P no solo. Com
relação aos tipos de calcário e suas respectivas doses (Tabela 22 e Figura 18b), nota-se que
houve diferença entre os tipos de calcário apenas na dose 0,25, onde o calcário com PRNT de
82% promoveu maior disponibilidade de P no solo na camada de 0,0 – 0,05m. As doses em
cada tipo de calcário comportaram-se de forma semelhante, obtendo o menor valor na
ausência da calagem (dose zero). Mesmo ocorrendo incrementos nos teores de P no solo na
camada de 0,0 – 0,05m, os valores obtidos são semelhantes aos encontrados antes da
instalação do experimento nesta mesma profundidade (Tabela 3), porém, estes valores são
considerados baixos, segundo os limites apontados por Raij et al. (1996).
Na camada de 0,05 – 0,10m verificou-se apenas efeito da interação entre os
tratamentos culturas de cobertura e doses de calcário (Tabela 20). No desdobramento desta
interação (Tabela 23) constatou-se novamente que o sorgo proporcionou maior
disponibilidade de P em relação ao milheto, porém com a dose 1,0 de calcário. Com isto,
verifica-se que o efeito das doses de 0,25 e 0,50 na presença de sorgo limita-se na camada
61
superficial do solo (0,0 – 0,05m). As doses apresentaram efeito quadrático e cúbico,
respectivamente para as coberturas de sorgo e milheto (Figura 18c).
A análise de variância para os teores de fósforo na camada de 0,10 – 0,20m, apontou
efeito significativo para os tratamentos calagem, doses e para as interações entre cobertura do
solo e tipos de calcário, e tipos e doses de calcário. No desdobramento das interações (Tabela
24), verifica-se que com o calcário de PRNT de 100% houve diferença significativa na
disponibilidade de fósforo, entre os tipos de cobertura do solo, onde o sorgo proporcionou
maior teor do elemento no solo (7,2 mg dm
-3
), enquanto que com o calcário de PRNT de 82%
não se observou diferença entre as culturas de cobertura. Houve diferença entre os tipos de
calcário somente com as doses 0,5 e 2,0, onde o calcário com PRNT de 82% proporcionou
maiores teores de P no solo, 9,5 e 11,8 mg dm
-3
, respectivamente. As doses do calcário com
PRNT de 100% aumentaram significativamente o teor de P no solo, como pode ser observado
na Figura 18d, enquanto que com o calcário de PRNT de 82%, houve um efeito cúbico, onde
o maior teor foi obtido com a dose 2,0.
Efeitos semelhantes à camada de 0,10 – 0,20m foram verificados na camada de 0,20 –
0,40m (Tabela 20 e 25), porém a diferença significativa entre os tipos de calcário foi
observada com as doses 1,0 e 2,0, onde o calcário com PRNT de 82% proporcionou maiores
teores de P no solo, apresentando os respectivos valores, 2,8 e 3,0 mg dm
-3
. Quanto ao
comportamento das doses em cada tipo de calcário, não observou-se efeito significativo das
doses do calcário com PRNT de 100%, enquanto que as doses do calcário com PRNT de
82%, aumentaram linearmente a disponibilidade de P no solo nesta profundidade (Figura
18e).
Tabela 21. Desdobramento da interação significativa entre os tratamentos culturas de
cobertura e tipos de calcário para os teores de P (mg dm
-3
) no solo, na camada de
0,0 – 0,05 m. Selvíria – MS, 2007.
Cobertura/Calagem PRNT 100% PRNT 82%
Milheto 8,5 b B 10,2 a A
Sorgo 9,8 a A 8,8 b A
DMS Tukey 5%
Cob. d. Cal. 1,22
Cal. d. Cob. 1,22
Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre sai a 5% de probabilidade pelo
teste de Tukey.
62
Tabela 22. Desdobramento das interações significativas entre culturas de cobertura e doses, e
tipos e doses de calcário, para o teor de P (mg dm
-3
) no solo, na camada de 0,0 –
0,05m. Selvíria – MS, 2007.
0,0 0,25 0,50 1,0 2,0
Milheto 8,7 a 9,7 b 8,6 b 8,0 a 11,8 a
Sorgo 5,7 b 11,8 a 10,8 a 9,8 a 8,3 b
DMS Tukey 5%
Cob. d. Dos. 1,92
PRNT 100% 6,8 a 9,7 b 10,2 a 9,7 a 9,3 a
PRNT 82% 7,5 a 11,8 a 9,3 a 8,2 a 10,8 a
DMS Tukey 5%
Cal. d. Dos. 1,92
Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
Tabela 23. Desdobramento da interação significativa entre culturas de cobertura e doses de
calcário, e valores médios obtidos no tratamento calagem para os teores de P (mg
dm
-3
) no solo, na camada de 0,05 – 0,10 m. Selvíria – MS, 2007.
Cobertura/Doses 0,0 0,25 0,50 1,0 2,0
Milheto 5,8 a 6,8 a 7,5 a 5,5 b 6,8 a
Sorgo 5,5 a 6,0 a 7,2 a 8,3 a 6,2 a
DMS Tukey 5%
Cob. d. Dos.
1,90
PRNT 100% 6,7 a
PRNT 82% 6,4 a
DMS Tukey 5% 0,85
Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
63
Tabela 24. Desdobramento das interações significativas entre os tratamentos culturas de
cobertura e tipos de calcário, e tipos e doses de calcário para os teores de P (mg
dm
-3
) no solo, na camada de 0,10 – 0,20 m. Selvíria – MS, 2007.
0,0 0,25 0,50 1,0 2,0 Milheto Sorgo
PRNT 100% 5,4 a 6,5 a 6,0 b 6,8 a 8,5 b 5,7 b B 7,2 a A
PRNT 82% 6,8 a 6,5 a 9,5 a 7,2 a 11,8 a 8,9 a A 8,2 a A
DMS Tukey 5%
Cal. d. Dos 2,09
Cob. d. Cal. 1,32
Cal. d. Cob. 1,32
Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre sai a 5% de probabilidade pelo
teste de Tukey.
Tabela 25. Desdobramento das interações significativas entre os tratamentos culturas de
cobertura e tipos de calcário, e tipos e doses de calcário para os teores de P (mg
dm
-3
) no solo, na camada de 0,20 – 0,40 m. Selvíria – MS, 2007.
0,0 0,25 0,50 1,0 2,0 Milheto Sorgo
PRNT 100% 2,0 a 2,1 a 1,5 a 1,7 b 2,0 b 1,6 b B 2,5 a A
PRNT 82% 1,7 a 1,8 a 1,8 a 2,8 a 3,0 a 2,4 a A 2,3 a A
DMS Tukey 5%
Cal. d. Dos. 0,91
Cob. d. Cal. 0,58
Cal. d. Cob. 0,58
Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre sai a 5% de probabilidade pelo
teste de Tukey.
64
(a)
y
milheto
= 2,0069x
2
- 2,8493x + 9,3646
R
2
= 0,8207
y
sorgo
= 9,4438x
3
- 30,624x
2
+ 24,571x + 6,1259
R
2
= 0,8575
0
2
4
6
8
10
12
14
00,511,52
Doses
Teor P (mg dm
-3
)
Milheto Sorgo
(b)
y
PRNT 100%
= 4,7629x
3
- 15,833x
2
+ 13,822x + 6,8889
R
2
= 0,9806
y
PRNT 82%
= 8,1011x
3
- 22,779x
2
+ 14,573x + 7,9827
R
2
= 0,6728
0
2
4
6
8
10
12
14
0 0,5 1 1,5 2
Doses
Teor de P (mg dm
-3
)
PRNT 100% PRNT 82%
(c)
y
milheto
= 4,7421x
3
- 13,542x
2
+ 8,6616x + 5,7029
R
2
= 0,9369
y
sorgo
= -2,3583x
2
+ 5,224x + 5,2277
R
2
= 0,9456
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
00,511,52
Doses
Teor P (mg dm
-3
)
Milheto Sorgo
(d)
y
PRNT 100%
= 1,41x + 5,5825
R
2
= 0,9116
y
PRNT 82%
= 4,6865x
3
- 12,499x
2
+ 8,9675x + 6,3469
R
2
= 0,8202
0
2
4
6
8
10
12
14
0 0,5 1 1,5 2
Doses
Teor P (mg dm
-3
)
PRNT 100% PRNT82%
(e)
y
PRNT 82%
= 0,73x + 1,6725
R
2
= 0,8496
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
00,511,52
Doses
Teor P (mg dm
-3
)
PRNT 100% PRNT82%
Figura 18. Valores médios de P no solo, obtidos no desdobramento das interações
significativas entre os tratamentos culturas de cobertura e doses nas camadas de
0,0 – 0,05m (a), 0,05 – 0,10m(c) e 0,20 – 0,40m (e), e tipos e doses de calcário nas
camadas de 0,0 – 0,05m (b), 0,10 – 0,20m (d). Selvíria – MS, 2007.
Mediante os resultados apresentados, constata-se que tanto as culturas de cobertura do
solo, como os tipos e doses de calcário aplicadas na superfície do solo, influenciaram na
disponibilidade do P até a profundidade de 0,40m, porém na última camada avaliada o efeito
do calcário com PRNT de 82% é mais evidente. Efeito da calagem superficial na
disponibilidade de fósforo no solo até 0,40m de profundidade, também foi verificado por
65
Lima (2001), porém neste mesmo trabalho, o autor não constatou efeito das culturas de
cobertura do solo na disponibilidade do nutriente, assim como Moreti et al. (2007) até a
profundidade de 0,10m, no entanto, Corrêa et al. (2004) constataram incrementos nos teores
de P até a profundidade de 0,45m em solo sob vegetação de milheto. Vários são os autores
que não observaram efeito da calagem superficial na disponibilidade de P ao longo do perfil
do solo (CAIRES; FONSECA, 2000, CAIRES et al., 2003a, CAIRES et al., 2003b,
ALLEONI et al., 2005).
Em relação aos teores de M.O. no solo, a análise de variância (Tabela 20) apontou
efeito significativo do tratamento cobertura do solo nas camadas de 0,0 – 0,05 e 0,05 – 0,10m.
Nas demais profundidades, só ocorreu efeito significativo dos tratamentos na camada de 0,20
– 0,40m, onde ocorreu interação entre os tratamentos cobertura do solo e doses de calcário.
Na comparação das médias (Tabela 26) verifica-se que a cultura do milheto proporcionou
maior teor de M.O. nas duas primeiras camadas de solo avaliadas, apresentando teores de 15,0
e 12,6 g dm
-3
, respectivamente. Apesar da cultura do sorgo ter produzido maior quantidade de
massa seca (Tabela 5), isto não implicou em um maior acúmulo de M.O. no solo. O resultado
evidencia que a palhada do sorgo decompôs mais rapidamente que a palhada de milheto.
Analisando a Tabela 7, onde encontra-se a porcentagem de cobertura do solo proporcionada
pelas culturas de cobertura, verifica-se que já aos 28 DAS ambas culturas apresentavam
mesma porcentagem de cobertura do solo, tornando-se evidente que a decomposição da
palhada do sorgo foi mais rápida em relação ao milheto. Kliemann et al. (2006) constataram
que o sorgo foi menos persistente na superfície do solo em relação ao milheto, apresentando
maior perda relativa de massa seca. Pelá et al. (1999) avaliaram a resistência à decomposição
de dez espécies de cobertura. Os resultados obtidos mostraram que o milheto foi o material
mais resistente, apresentando uma porcentagem de perda, ao longo de 73 dias, de 44,4%.
As doses de calcário não proporcionaram efeitos significativos no teor de M.O. do
solo até a camada de 0,10 – 0,20m, como pode ser observado na Figura 19a. Através da
figura, constata-se que o teor de M.O. foi reduzindo conforme aumentou-se a profundidade
avaliada, isto devido ao não revolvimento do solo, mantendo o maior acúmulo de material
orgânico na superfície do solo. Na camada de 0,20 – 0,40m, verificou-se (Tabela 27) que a
dose 1,0 de calcário juntamente com o milheto proporcionou maior acúmulo de material
orgânico, diferindo significativamente do sorgo com a mesma dose aplicada. Na Figura 19b
verifica-se que as doses de calcário dentro da cultura do milheto apresentaram efeito cúbico,
onde o maior teor de M.O. foi obtido com a dose 1,0. Alleoni et al. (2005) verificaram que
aplicação superficial de calcário também não influenciou no teor de M.O. do solo em três
66
épocas avaliadas (6, 18 e 30 meses após aplicação do insumo). Contrastando com estes
resultados, Lima (2001), estudando o efeito da aplicação superficial de calcário na
implantação do SPD constatou que a calagem influenciou nos teores de M.O. até a
profundidade de 0,40m, obtendo maiores valores quando comparados com solo sem correção,
no entanto, quando comparou a influência de diferentes culturas de cobertura, entre elas o
milheto e o sorgo, não observou diferença significativa entre os tratamentos em nenhuma das
profundidades avaliadas.
Tabela 26. Teores médios de M.O. (g dm
-3
) do solo, nas camadas de 0,0 – 0,05; 0,05 – 0,10;
0,10 – 0,20 e 0,20 – 0,40m, em função de culturas de cobertura do solo, tipos de
calcário aplicados na superfície do solo. Selvíria – MS, 2007.
0,0 – 0,05 0,05 – 0,10 0,10 – 0,20 0,20 – 0,40
Tratamentos
(m)
Milheto 15,0 a 12,6 a 10,9 a -
(1)
Sorgo 12,8 b 11,5 b 10,4 a -
DMS Tukey 5% 1,32 1,04 0,96 -
PRNT 100% 14,4 a 12,2 a 10,8 a 7,7 a
PRNT 82% 13,5 a 11,8 a 10,5 a 7,6 a
DMS Tukey 5% 1,32 1,04 0,96 0,72
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
(1)
Médias apresentadas no desdobramento da interação.
Tabela 27. Desdobramento da interação significativa entre os tratamentos culturas de
cobertura e doses, para os teores de M.O. (g dm
-3
) do solo, na camada de 0,20 –
0,40m. Selvíria – MS, 2007.
Cobertura/Doses 0,0 0,25 0,50 1,0 2,0
Milheto 6,3 a 7,5 a 6,3 a 10,8 a 8,2 a
Sorgo 7,8 a 7,5 a 6,5 a 6,8 b 7,8 a
DMS Tukey 5%
Cob. d. Dos.
1,60
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
67
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Teor de M.O. (g dm
-3
)
0,0 - 0,05 0,05 - 0,10 0,10 - 0,20
Profundidade (m)
(a)
0,00 0,25 0,50 1,00 2,00
(b)
y
milheto
= -5,6215x
3
+ 13,753x
2
- 4,2444x + 6,668
R
2
= 0,8242
0
2
4
6
8
10
12
14
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00
Doses
Teor de M.O. (g dm
-3
)
Milheto Sorgo
Figura 19. Valores médios de M.O. do solo nas camadas de 0,0 – 0,05; 0,05 – 0,10 e 0,10 –
0,20m (a) em função de doses de calcário e desdobramento da interação entre os
tratamentos culturas de cobertura e doses de calcário na camada de 0,20 – 0,40m
(b). Selvíria – MS, 2007.
Na análise de variância realizada para os valores de pH do solo (Tabela 20), constata-
se que houve efeito significativo das doses de calcário na camada de 0,0 – 0,05m, dos tipos de
calcário na camada de 0,10 – 0,20m e interação significativa entre tipos e doses de calcário na
camada de 0,20 – 0,40m. As culturas de cobertura do solo não influenciaram
significativamente nos valores de pH do solo. Na Tabela 28 encontram-se os valores médios
de pH obtidos em função de culturas de cobertura e tipos de calcário. Comparando estes
valores com os obtidos na análise realizada antes da instalação do experimento (Tabela 3),
constata-se que mesmo não havendo diferença significativa entre os tratamentos nas duas
primeiras camadas avaliadas, houve redução da acidez do solo nestas camadas, demonstrando
os benefícios destes tratamentos para o solo. Heckler et al. (1998) mencionam que quando a
matéria orgânica do solo é mineralizada, transformando o material orgânico em substâncias
orgânicas (ácidos orgânicos e húmus) e mineralizadas (nitratos, fosfatos, sulfatos, formas
amoniacais, gás carbônico, água, etc.), há aumento das cargas negativas do solo e elevação do
pH. Com isto, a decomposição dos resíduos do milheto e do sorgo promoveu aumento no pH
do solo, passando de uma acidez considerada alta antes da instalação do experimento (pH =
4,8 na camada 0,0 – 0,05m) para uma acidez considerada média após aplicação destes
tratamentos (pH = 5,1 na camada de 0,0 – 0,05m), de acordo com os limites colocados por
Raij et al., (1996). Amaral et al. (2004) também constataram redução da acidez do solo em
função de resíduos vegetais na superfície do solo, porém este efeito foi mais evidente na
camada de 0,0 – 0,025m. Assim como as culturas de cobertura, a calagem promoveu este
68
mesmo efeito na camada superficial, demonstrando a eficiência de ambos calcário na redução
da acidez do solo nesta camada. No entanto, na camada de 0,10 – 0,20m, o calcário com
PRNT de 100% foi mais eficiente na redução da acidez do solo (pH = 4,6), diferindo
significativamente do calcário com PRNT de 82% (pH = 4,4). Como as partículas do primeiro
calcário são mais finas, isto pode ter permitido um melhor caminhamento do insumo no perfil
do solo, promovendo tal efeito.
Percebe-se que na camada de 0,0 – 0,05m que as doses de calcário promoveram um
aumento linear significativo dos valores de pH (Figura 20a). Este mesmo efeito não foi
observado nas camadas de 0,05 – 0,10 e 0,10 – 0,20m (Figura 20b), porém, mesmo não
significativo, observa-se um pequeno aumento do pH nestas camadas com adição de calcário
em relação à dose zero. Assim como na camada de 0,0 – 0,05m, nota-se que na camada de
0,20 – 0,40m o calcário com PRNT de 100% promoveu aumento significativo do pH do solo,
conforme aumentou-se as doses de calcário, porém de uma forma menos intensa (Figura 20c).
As doses do calcário com PRNT de 82% proporcionaram efeito cúbico, obtendo maior valor
de pH com a dose 1,0.
Tabela 28. Valores médios de pH do solo, nas camadas de 0,0 – 0,05, 0,05 – 0,10, 0,10 – 0,20
e 0,20 – 0,40m, em função de culturas de cobertura e tipos de calcário na
implantação do SPD. Selvíria – MS, 2007.
0,0 – 0,05 0,05 – 0,10 0,10 – 0,20 0,20 – 0,40
Tratamentos
(m)
Milheto 5,1 a 4,9 a 4,6 a 4,5 a
Sorgo 5,2 a 4,9 a 4,5 a 4,5 a
DMS Tukey 5% 0,19 0,24 0,16 0,12
PRNT 100% 5,2 a 4,9 a 4,6 a -
(1)
PRNT 82% 5,1 a 4,8 a 4,4 b -
DMS Tukey 5% 0,19 0,24 0,16 -
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
(1)
Médias apresentadas no desdobramento da interação.
69
(a)
y = 0,25x + 4,8725
R
2
= 0,9084
4,8
4,9
5,0
5,1
5,2
5,3
5,4
5,5
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00
Doses
pH do sol
4,0
4,1
4,2
4,3
4,4
4,5
4,6
4,7
4,8
4,9
5,0
pH do sol
0,05 - 0,10 0,10 - 0,20
Profundidade (m)
(b)
0,00 0,25 0,50 1,00 2,00
(c)
y
PRNT 82%
= -0,9855x
3
+ 2,6355x
2
- 1,3904x + 4,5243
R
2
= 0,9289
y
PRNT 100%
= 0,2x + 4,33
R
2
= 0,9259
4,0
4,2
4,4
4,6
4,8
5,0
5,2
5,4
5,6
5,8
6,0
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00
Doses
pH do sol
PRNT 100% PRNT82%
Figura 20. Valores médios de pH do solo nas camadas de 0,0 – 0,05m (a), 0,05 – 0,10 e 0,10 –
0,20m (b) e 0,20 – 0,40m (c), em função de doses de calcário aplicadas na
superfície do solo na implantação do SPD. Selvíria – MS, 2007.
Mediantes estes resultados, nota-se que a calagem superficial após 12 meses da
aplicação, proporcionou efeitos na acidez do solo até a profundidade de 0,40m, sendo seu
efeito mais intenso na camada de 0,0 – 0,05m. Resultados semelhantes também foram
verificados por Lima (2001) e Soratto (2005). Efeitos no pH do solo até a profundidade de
0,40m, em função do calcário aplicado em superfície, também foram verificados por Caires et
al. (2003a), porém, somente após 35 meses da aplicação. Diversos outros trabalhos
constataram efeitos no pH do solo com a aplicação de calcário em superfície, no entanto, estes
foram somente nas camadas superficiais, Caires e Fonseca (2000) até 0,10m de profundidade,
Ciotta et al. (2004) até 0,15m, Alleoni et al. (2005) até 0,10m, após 30 meses da aplicação e
Caires et al. (2006) até a profundidade de 0,10m.
Os teores de K no solo foram afetados pelos tipos de calcário na camada de 0 – 0,05m,
tipos e doses de calcário na camada de 0,05 – 0,10m havendo interação entre estes
tratamentos. Nas duas últimas camadas avaliadas (0,10 – 0,20 e 0,20 – 0,40m) houve
interação significativa entre todos tratamentos (Tabela 20). Analisando os valores da Tabela
30, verifica-se que o calcário com PRNT de 100% proporcionou maior teor de K no solo em
70
relação ao calcário mais grosseiro na camada de 0,0 – 0,05m, entretanto, nos dois tipos de
calcário os valores encontrados estão dentro da classe considerada alta (3,1 a 6,0 mmol
c
dm
-3
),
segundo Raij et al. (1996). Assim como as culturas de cobertura do solo, as doses de calcário
(Figura 21a) não proporcionaram efeito significativo nos teores de K na primeira camada de
solo avaliada. Mesmo não havendo diferença nos tratamentos verifica-se que os valores
obtidos também encontram-se dentro da classe de teores considerados altos.
Na camada de 0,05 – 0,10m verifica-se na Tabela 31, que houve diferença
significativa entre os calcários somente com a dose 0,25, onde o calcário com PRNT de 100%
proporcionou maiores teores de K. As culturas de cobertura do solo não proporcionaram
efeitos significativo nos teores do nutriente, nesta camada de solo. As doses de cada tipo de
calcário tiveram comportamento semelhantes na disponibilidade de K no solo (Figura 21b),
apresentando efeito quadrático. Nota-se que há um aumento no teor do elemento no solo até a
doses 1,0, ocorrendo um pequeno decréscimo com aplicação da dose 2,0.
No desdobramento da interação entre os tratamentos culturas de cobertura e calagem
para os teores de K na camada de 0,10 – 0,20m de solo (Tabela 32), verifica-se que com
aplicação do calcário mais fino, o milheto proporcionou maior teor do nutriente no solo,
diferindo significativamente do sorgo, enquanto que, com aplicação do calcário com PRNT de
82%, não houve diferença entre as culturas de cobertura na disponibilidade do elemento no
solo. Nesta mesma camada, na interação entre cobertura do solo e doses de calcário (Tabela
33), observa-se que houve diferença significativa entre as culturas de cobertura, na
disponibilidade de K no solo, quando aplicou-se as doses 0,50 e 2,0, onde o milheto
apresentou os maiores valores, no entanto, não houve diferença significativa entre as doses de
calcário aplicadas junto à esta cultura. Já na área cultivada com sorgo, a disponibilidade de K
foi inversamente proporcional ao aumento das doses de calcário (Figura 21c). Redução
significativa dos teores de K também foi verificada nesta camada de solo com aplicação dos
das doses do calcário com PRNT de 100%, onde as doses apresentaram efeito quadrático, já
as doses do calcário mais grosseiro não diferenciaram entre si (Figura 21d).
Na última camada de solo avaliada, constata-se na Tabela 34 que, com a aplicação do
calcário de PRNT de 100% houve uma maior disponibilidade de K na área onde cultivou-se
sorgo (1,1 mmol
c
dm
-3
), diferindo significativamente da área cultivada com milheto (0,8
mmol
c
dm
-3
), comportamento inverso ao obtido na camada de 0,10 – 0,20m. No entanto, na
área cultivada com milheto, obteve-se o mesmo teor de K, quando aplicou-se o calcário com
PRNT de 82% (1,1 mmol
c
dm
-3
). Na Tabela 35 verifica-se que quando não se realizou a
calagem (dose zero), a área cultivada com milheto foi a que menos disponibilizou K no solo,
71
igualando-se com os teores da área cultivada com sorgo a partir da aplicação da dose 0,50 de
calcário. Com aplicação das doses de calcário nas áreas cultivadas com milheto, houve uma
crescente disponibilidade de K até a dose 1,0, sofrendo uma pequena redução com aplicação
da dose 2,0 (Figura 21e). Com esta mesma dose e na mesma camada de solo, os teores de
M.O. foram maiores na área cultivada com milheto (Figura 19b), o que pode ter contribuído
na maior disponibilidade de K. Comparando as doses entre os tipos de calcário (Tabela 35),
percebe-se que nas doses de 0,50 e 1,0, houve diferença significativa para os teores de K,
obtendo maior disponibilidade com aplicação do calcário mais grosso. As doses deste calcário
proporcionaram um aumento significativo no teor de K no solo até a dose 1,0 (Figura 21f).
Tabela 30. Teores médios de K (mmol
c
dm
-3
) no solo, em função de culturas de cobertura e
tipos de calcário na camada de 0,0 – 0,05m. Selvíria – MS, 2007.
Tratamentos 0,0 – 0,05
Milheto 5,6 a
Sorgo 5,0 a
DMS Tukey 5% 0,74
PRNT 100% 5,7 a
PRNT 82% 4,9 b
DMS Tukey 5% 0,74
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
Tabela 31. Desdobramento da interação significativa entre tipos e doses de calcário, e valores
médios obtidos no tratamento culturas de cobertura para os teores de K (mmol
c
dm
-3
) no solo, na camada de 0,05 – 0,10 m. Selvíria – MS, 2007.
Cobertura/Doses 0,0 0,25 0,50 1,0 2,0
PRNT 100% 3,3 a 3,8 a 4,8 a 4,8 a 4,4 a
PRNT 82% 3,0 a 3,0 b 4,2 a 4,0 a 4,4 a
DMS Tukey 5%
Cob. d. Dos.
0,79
Milheto 3,3 a
Sorgo 3,0 a
DMS Tukey 5% 0,35
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
72
Tabela 32. Desdobramento da interação significativa entre os tratamentos culturas de
cobertura e tipos de calcário para os teores de K (mmol
c
dm
-3
) no solo, na camada de
0,10 – 0,20m. Selvíria – MS, 2007.
Cobertura/Calagem PRNT 100% PRNT 82%
Milheto 2,0 a A 1,6 a B
Sorgo 1,6 b A 1,6 a A
DMS Tukey 5%
Cob. d. Cal. 0,19
Cal. d. Cob. 0,19
Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si, a 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey
Tabela 33. Desdobramento das interações significativas entre culturas de cobertura e doses e
tipos e doses de calcário, para os teores de K (mmol
c
dm
-3
) no solo, na camada de
0,10 – 0,20m. Selvíria – MS, 2007.
0,0 0,25 0,50 1,0 2,0
Milheto 1,9 a 1,4 a 2,7 a 1,7 a 1,7 a
Sorgo 1,8 a 1,6 a 1,8 b 1,5 a 1,2 b
DMS Tukey 5%
Cob. d. Dos. 0,30
PRNT 100% 2,2 a 1,8 a 1,8 a 1,5 a 1,6 a
PRNT 82% 1,9 a 1,4 b 2,1 a 1,6 a 1,4 a
DMS Tukey 5%
Cal. d. Dos. 0,30
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey
73
Tabela 34. Desdobramento da interação significativa entre os tratamentos culturas de
cobertura e tipos de calcário para os teores de K (mmol
c
dm
-3
) no solo, na camada
de 0,20 – 0,40m. Selvíria – MS, 2007.
Cobertura/Calagem PRNT 100% PRNT 82%
Milheto 0,8 b B 1,1 a A
Sorgo 1,1 a A 1,1 a A
DMS Tukey 5%
Cob. d. Cal. 0,14
Ca.l d. Cob. 0,14
Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si, a 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey
Tabela 35. Desdobramento das interações significativas entre culturas de cobertura e doses e
tipos e doses de calcário, para os teores de K (mmol
c
dm
-3
) no solo, na camada de
0,20 – 0,40m. Selvíria – MS, 2007.
0,0 0,25 0,50 1,0 2,0
Milheto 0,8 b 0,8 b 1,1 a 1,2 a 1,0 a
Sorgo 1,1 a 1,2 a 1,1 a 1,1 a 1,2 a
DMS Tukey 5%
Cob. d. Dos. 0,22
PRNT 100% 0,9 a 1,1 a 0,9 b 0,9 b 1,1 a
PRNT 82% 1,0 a 1,0 a 1,2 a 1,2 a 1,1 a
DMS Tukey 5%
Cal. d. Dos. 0,22
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
74
4,0
4,2
4,4
4,6
4,8
5,0
5,2
5,4
5,6
5,8
6,0
Teor de K (mmol
c
dm
-3
)
0 0,25 0,5 1 2
Doses
(a)
(c)
y
sorgo
= -0,29x + 1,7975
R
2
= 0,8478
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
0 0,5 1 1,5 2
Doses
Teor de K (mmol
c
dm
-3
)
Milheto Sorgo
(d)
y
PRNT 100%
= 0,3752x
2
- 1,0238x + 2,1492
R
2
= 0,9272
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
00,511,5
Doses
Teor de K (mmol
c
dm
-3
)
Figura 21. Teores médios de K no solo em função de doses de calcário na camada de 0,0 –
0,05m (a), desdobramento da interação entre tipos e doses de calcário nas camadas
de 0,05 – 0,10m (b), 0,10 – 0,20m (d), 0,20 – 0,40 (f) e desdobramento da interação
culturas de cobertura e doses de calcário nas camadas de 0,10 – 0,20m (c) e 0,20 –
0,40m (e). Selvíria – MS, 2007.
Mediante ao apresentado, verificou-se que os tratamentos influenciaram no teor de K
ao longo do perfil avaliado, ocorrendo uma redução na disponibilidade do nutriente conforme
aumentou-se a profundidade, variando de teores altos, obtidos na camada superficial, até
teores considerados baixos, obtidos na camada de 0,20 – 0,40m.
2
PRNT 100% PRNT 82%
(e)
y
mil heto
= -0,3156x
2
+ 0,761x + 0,7446
R
2
= 0,8489
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
0 0,5 1 1,5 2
Dose
Teor de K (mmol
c
dm
-3
)
Milheto Sorgo
(f)
y
PRNT 82%
= -0,1767x
2
+ 0,4144x + 0,9769
R
2
= 0,7705
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
00,511,5
Dose
Teor de K (mmol
c
dm
-3
)
2
PRNT 100% PRNT 82%
(b)
y
PRNT 100%
= -0,8437x
2
+ 2,2701x + 3,2538
R
2
= 0,9623
y
PRNT 82%
= -0,6571x
2
+ 2,0652x + 2,8892
R
2
= 0,8547
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
00,511,5
Doses
Teor de K (mmol
c
dm
-3
)
2
PRNT 100% PRNT 82%
75
A maior concentração de K na superfície do solo, foi beneficiada tanto pela aplicação
de calcário como pelas culturas de cobertura. Este fato pode ser comprovado verificando a
análise do solo realizada antes da instalação do experimento (Tabela 3), onde o teor de K na
camada 0,0 – 0,05m era considerado baixo (1,7 mmol
c
dm
-3
), e no final do experimento o teor
do nutriente nesta mesma camada foi considerado como alto, independente do tratamento
aplicado. Bartz (1998) explica que como a maior parte do K nos tecidos vegetais está na
forma iônica, ou seja, não participa da formação de compostos orgânicos, este nutriente pode
ser extraído dos tecidos, tanto pela água da chuva, como pela própria umidade do solo, sem a
necessidade da mineralização dos resíduos orgânicos. Com isto, além das culturas de
cobertura do solo, os resíduos da soja também pode ter contribuído com o acúmulo deste
nutriente na superfície do solo, visto que, a análise do solo foi realizada após a colheita desta
leguminosa. Um outro ponto a ser destacado, é a redução das perdas de K por lixiviação
proporcionada pela calagem (CAIRES et al., 1998). Tal efeito pode estar relacionado à
alteração das cargas de cátions divalentes (Ca e Mg) pela formação de complexos com
ligantes orgânicos hidrossolúveis presentes nos restos das plantas (MIYAZAWA et al., 1996),
reduzindo a energia de ligação com o complexo de troca, favorecendo sua lixiviação e a
manutenção do K na camada superficial do solo (FRANCHINI et al., 2000). Outros autores
também verificaram o acúmulo de K na superfície do solo cultivado no sistema de plantio
direto, como Lima (2001), Delavale (2002) e Ciotta et al. (2004).
Com relação aos teores de Ca no solo, verifica-se na análise de variância (Tabela 20),
que na camada superficial do solo (0,0 – 0,05m) houve efeito significativo das doses de
calcário e da interação entre os tipos de calcário e doses, este mesmo efeito foi verificado na
camada de 0,20 – 0,40m. Na camada de 0,05 – 0,10m não verificou-se efeito dos tratamentos
no teor do nutriente no solo, enquanto que na camada seguinte (0,10 – 0,20m) houve efeito da
interação dos tratamentos culturas de cobertura e doses.
Analisando os dados da Tabela 36, verifica-se que a disponibilidade de cálcio
proporcionada entre os dois tipos de calcário aplicados no solo, só foi influenciada com
aplicação da dose 0,50, onde o calcário com PRNT de 100% disponibilizou mais Ca no solo.
Verificando o comportamento das doses de cada calcário, nota-se (Figura 22a) que ambos
calcário proporcionaram aumento significativo de Ca na camada de 0,0 – 0,05m de solo,
conforme aumentou-se a dose aplicada. As culturas de cobertura não influenciaram
significativamente no teor de Ca nesta camada de solo. Diversos trabalhos citam elevação nos
teores de Ca do solo sob influência da aplicação superficial de calcário (AMARAL;
76
ANGHINONI, 2001, CAIRES et al., 2003, MELLO et al., 2003, CIOTTA et al., 2004,
ALLEONI et al., 2005 e CAIRES et al., 2006).
Na camada de 0,05 – 0,10m nenhum dos tratamentos influenciou no teor de Ca no
solo, como pode ser observado na Tabela 37 e Figura 22b, porém constata-se redução nestes
valores, em relação à primeira camada avaliada.
Na camada 0,10 – 0,20m houve influência das culturas de cobertura do solo (Tabela
38), nota-se que quando não aplicou calcário (dose zero) a área cultivada com sorgo
apresentou maior disponibilidade de Ca no solo diferindo significativamente da área cultivada
com milheto, no entanto, com aplicação do calcário não se verificou diferença significativa
entre os tipos de cobertura, independente da dose aplicada. Não constatou diferença entre as
doses dentro de cada tipo de cobertura do solo (Figura 22c). Esta maior disponibilidade de Ca
proporcionada pelo sorgo, pode estar relacionada com o mecanismo de lixiviação proposto
por Miyazawa et al. (1996). Segundo Caires et al. (1998), os ligantes orgânicos liberados
complexam o Ca trocável da superfície do solo, formando complexos CaL
0
ou CaL
-
. A
alteração da carga Ca
2+
facilita sua mobilidade no solo. Na camada subsuperficial, o Ca dos
complexos Ca-orgânicos é deslocado pelo Al trocável do solo, porque os íons Al
3+
formam
complexos mais estáveis que o Ca
2+
, diminuindo a acidez trocável e aumentando o Ca
trocável.
Na última camada de solo avaliada, houve efeito semelhante ao da camada de 0,0 –
0,05m, porém, entre os tipos de calcário só houve diferença significativa quando aplicou-se a
dose 1,0, onde o calcário mais grosseiro disponibilizou mais Ca no solo (Tabela 39). Ainda
em relação ao calcário com PRNT de 82%, nota-se na Figura 22d, que as doses aplicadas
continuaram promovendo o mesmo efeito ao observado na camada superficial, enquanto que
com as doses do calcário mais fino houve uma redução dos teores de Ca no solo com a dose
1,0, ocorrendo um aumento somente com aplicação da dose 2,0. Com isto, pode-se dizer que
o calcário de PRNT de 82% contribui para uma maior disponibilidade de Ca ao longo do
perfil do solo. Como este calcário é de granulometria maior, sua reação no solo é mais
duradoura, refletindo seus efeito no perfil do solo por um maior período. Mello et al. (2003)
avaliando dois tipos de calcário (PRNT de 56% e PRNT de 90%) aplicados na superfície do
solo, também constataram após doze meses da aplicação, que o calcário mais grosso
continuou agindo na disponibilidade de Ca na camada de 0,10 – 0,20m.
77
Tabela 36. Desdobramento da interação significativa entre os tratamentos tipos e doses de
calcário, e valores médios obtidos no tratamento culturas de cobertura, para os
teores de Ca (mmol
c
dm
-3
) no solo, na camada de 0,0 – 0,05m. Selvíria – MS,
2007.
Calagem/Doses 0,0 0,25 0,50 1,0 2,0
PRNT 100% 18,6 a 19,0 a 21,4 a 22,6 a 24,6 a
PRNT 82% 15,6 a 15,8 a 16,8 b 19,0 a 23,0 a
DMS Tukey 5% 4,02
Milheto 20,2 a
Sorgo 19,8 a
DMS Tukey 5% 1,80
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
Tabela 37. Valores médios de Ca no solo, em função de culturas de cobertura e tipos de
calcário, na camada de 0,05 – 0,10m. Selvíria – MS, 2007.
Tratamentos Teor de Ca (mmol
c
dm
-3
)
Milheto 14,9 a
Sorgo 15,3 a
DMS Tukey 5% 2,0
PRNT 100% 15,0 a
PRNT 82% 15,3 a
DMS Tukey 5% 2,0
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
78
Tabela 38. Desdobramento da interação significativa entre os tratamentos culturas de
cobertura e doses de calcário, e valores médios obtidos no tratamento tipos de
calcário, para os teores de Ca (mmol
c
dm
-3
) no solo, na camada de 0,10 – 0,20m.
Selvíria – MS, 2007.
Calagem/Doses 0,0 0,25 0,50 1,0 2,0
Milheto 10,5 b 12,7 a 13,0 a 13,5 a 14,2 a
Sorgo 14,8 a 13,0 a 12,8 a 13,5 a 14,7 a
DMS Tukey 5% 3,43
PRNT 100% 13,4 a
PRNT 82% 13,0 a
DMS Tukey 5% 1,53
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
Tabela 39. Desdobramento da interação significativa entre os tratamentos tipos e doses de
calcário, e valores médios obtidos no tratamento culturas de cobertura, para os
teores de Ca (mmol
c
dm
-3
) no solo, na camada de 0,20 – 0,40m. Selvíria – MS,
2007.
Calagem/Doses 0,0 0,25 0,50 1,0 2,0
PRNT 100% 9,8 a 11,2 a 9,5 a 6,8 b 12,0 a
PRNT 82% 9,2 a 9,5 a 8,2 a 12,3 a 12,3 a
DMS Tukey 5% 2,27
Milheto 10,2 a
Sorgo 9,7 a
DMS Tukey 5% 1,01
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
79
(a)
y
PRNT 82%
= 3,88x + 15,13
R
2
= 0,9896
y
PRNT 100%
= 3,04x + 18,96
R
2
= 0,9186
0
5
10
15
20
25
30
0 0,5 1 1,5 2
Doses
Teor de Ca (mmol
c
dm
-3
)
PRNT100% PRNT82%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Teor de Ca (mmol
c
dm
-3
)
0 0,25 0,5 1 2
Doses
(b)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Teor de Ca (mmol
c
dm
-3
)
0,00 0,25 0,50 1,00 2,00
Doses
(c)
Milheto Sorgo
(d)
y
PRNT 100%
= 7,1715x
3
- 17,217x
2
+ 6,7689x + 9,966
R
2
= 0,969
y
PRNT 82%
= 1,79x + 8,7375
R
2
= 0,7398
0
2
4
6
8
10
12
14
16
00,511,5
Doses
Teor de Ca (mmol
c
dm
-3
)
2
PRNT100% PRNT82%
Figura 22. Desdobramento da interação significativa para os teores de Ca no solo entre os
tratamentos, tipos e doses de calcário nas camadas de 0,0 – 0,05m(a), 0,20 –
0,40m(d), culturas de cobertura e doses de calcário na camada de 0,10 – 0,20m(c)
e valores médios em função de doses de calcário na camada de 0,05 – 0,10m(b).
Selvíria – MS, 2007.
Pela análise de variância realizada para os teores de Mg (Tabela 20), constatou-se
efeito significativo dos tratamentos doses e das interações culturas de cobertura e calagem, e
calagem e doses de calcário, na camada de 0,0 – 0,05m, enquanto que, na camada
subseqüente, houve apenas o efeito significativo da interação calagem e doses. Na camada de
0,10 – 0,20m, houve efeito significativo do tratamento culturas de cobertura e da interação
entre calagem e doses de calcário. Na última camada avaliada, as doses de calcário
interagiram significativamente com as culturas de cobertura e com os tipos de calcário.
Na Tabela 40, verifica-se que na camada de 0,0 – 0,05m não houve diferença
significativa para os teores de Mg entre os tipos de calcários aplicados na área cultivada com
milheto, no entanto, na área cultivada com sorgo, o calcário com PRNT de 100%
proporcionou maior teor do nutriente. Analisando o efeito das culturas de cobertura, verifica-
se que houve diferença significativa entre estas na presença do calcário com PRNT de 82%,
onde o teor de Mg no solo foi maior com o milheto. Com relação às doses, verifica-se nesta
80
mesma tabela, que o efeito dos calcários só foi diferenciado, significativamente, quando
aplicou-se o dobro da dose calculada, obtendo maior disponibilidade de Mg com o calcário
mais grosso. Assim como o verificado para o teor de Ca, as doses dos calcários aplicadas na
superfície do solo, aumentaram significativamente o teor de Mg na superfície do solo, como
pode ser observado na Figura 23a.
Na camada de 0,05 – 0,10m verificou-se (Tabela 41) que o calcário com PRNT de
82% foi superior ao calcário mais fino com aplicação da dose inteira, mostrando melhor
eficiência na disponibilidade de Mg no solo em profundidade. Entre as doses do calcário mais
grosso, a dose 1,0 foi a que proporcionou maior disponibilidade de Mg (Figura 23b). Nesta
camada de solo, não se verificou efeito das culturas de cobertura.
A dose inteira do calcário mais grosso continuou sendo superior à do calcário mais
fino na camada de 0,10 – 0,20m (Tabela 42 e Figura 23c) e na camada 0,20 – 0,40m (Tabela
43 e Figura 23e) onde os teores de Mg se diferenciaram significativamente. Por ser de
granulometria maior, sua reação no solo é mais lenta, permitindo um efeito mais duradouro no
solo. Mediante a estes resultados torna-se evidente que o calcário mais grosso aplicado na
superfície do solo é eficiente na disponibilidade de Ca e Mg até a profundidade de 0,40m.
Mello et al. (2003) também constataram efeitos na disponibilidade de Ca e Mg no solo,
mediante aplicação superficial de calcário com granulometria mais grossa, porém esta
limitou-se até a profundidade de 0,10m. Vale ressaltar que o calcário mais grosso utilizado
pelos autores possuía PRNT de 56%, enquanto que o calcário mencionado neste trabalho era
de PRNT de 82%. Nas duas últimas profundidades as culturas de cobertura do solo também
influenciaram no teor de Mg, sendo o sorgo a cultura que proporcionou maior disponibilidade
do elemento no solo. Na camada de 0,20 – 0,40m (Tabela 43), o efeito foi semelhante ao
obtido para o Ca na camada de 0,10 – 0,20m (Tabela 38), porém verifica-se na Figura 23d,
que com aplicação das doses de calcário a cultura do milheto proporcionou aumentos na
disponibilidade do nutriente no solo. Como relatado para o nutriente Ca, o efeito em
profundidade proporcionado pelas culturas de cobertura, pode ser explicado pelo mecanismo
de lixiviação proposto por Miyazawa et al. (1996).
81
Tabela 40. Desdobramento das interações significativas entre os tratamentos tipos e doses de
calcário, e tipos de calcário e culturas de cobertura para os teores de Mg (mmol
c
dm
-3
)
no solo, na camada de 0,0 – 0,05 m. Selvíria – MS, 2007.
0,0 0,25 0,50 1,0 2,0 Milheto Sorgo
PRNT 100% 11,8 a 12,2 a 13,4 a 14,2 a 14,5 b 13,1 a A 13,7 a A
PRNT 82% 11,3 a 11,2 a 11,7 a 13,7 a 17,3 a 14,3 a A 11,7 b B
DMS Tukey 5%
Cal. d. Dos. 2,52
Cob. d. Cal. 1,59
Cal. d. Cob. 1,59
Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si a 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey.
Tabela 41. Desdobramento da interação significativa entre os tratamentos tipos e doses de
calcário, e valores médios obtidos no tratamento culturas de cobertura, para os teores
de Mg (mmol
c
dm
-3
) no solo, na camada de 0,05 – 0,10m. Selvíria – MS, 2007.
Calagem/Doses 0,0 0,25 0,50 1,0 2,0
PRNT 100% 8,0 a 9,0 a 8,7 a 9,3 b 9,5 a
PRNT 82% 7,3 a 8,8 a 8,3 a 11,6 a 8,7 a
DMS Tukey 5% 2,22
Milheto 9,2 a
Sorgo 9,2 a
DMS Tukey 5% 1,00
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
82
Tabela 42. Desdobramento da interação significativa entre os tratamentos tipos e doses de
calcário, e valores médios obtidos no tratamento culturas de cobertura, para os
teores de Mg (mmol
c
dm
-3
) no solo, na camada de 0,10 – 0,20m. Selvíria – MS,
2007.
Calagem/Doses 0,0 0,25 0,50 1,0 2,0
PRNT 100% 7,8 a 7,5 a 7,3 a 6,4 b 7,0 a
PRNT 82% 6,3 a 5,8 a 5,8 a 8,5 a 6,3 a
DMS Tukey 5% 1,69
Milheto 6,3 b
Sorgo 7,4 a
DMS Tukey 5% 0,76
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
Tabela 43. Desdobramento das interações significativas entre culturas de cobertura e doses de
calcário e tipos e doses de calcário, para o teor de Mg (mmol
c
dm
-3
) no solo, na
camada de 0,20 – 0,40m. Selvíria – MS, 2007.
0,0 0,25 0,50 1,0 2,0
Milheto 5,3 b 5,8 a 4,7 a 5,7 a 7,2 a
Sorgo 6,5 a 5,8 a 5,2 a 6,0 a 5,8 b
DMS Tukey 5%
Cob. d. Dos. 1,09
PRNT 100% 6,2 a 6,0 a 5,2 a 4,3 b 6,3 a
PRNT 82% 5,7 a 5,7 a 4,7 a 7,3 a 6,7 a
DMS Tukey 5%
Cal. d. Dos. 1,09
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey
83
(a)
y
PRNT 82%
= 3,22x + 10,625
R
2
= 0,9675
y
PRNT 100%
= 1,35x + 12,208
R
2
= 0,801
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
0 0,5 1 1,5 2
Doses
Teor de Mg (mmol
c
dm
-3
)
PRNT100% PRNT82%
(b)
y
PRNT 82%
= -2,8367x
2
+ 6,5807x + 7,0185
R
2
= 0,7478
0
2
4
6
8
10
12
14
00,511,5
Doses
Teor de Mg (mmol
c
dm
-3
)
2
PRNT100% PRNT82%
(c)
y
PRNT 82%
= -5,1998x
3
+ 13,485x
2
- 6,204x + 6,3715
R
2
= 0,9819
0
2
4
6
8
10
12
0 0,5 1 1,5 2
Doses
Teor de Mg (mmol
c
dm
-3
)
PRNT100% PRNT82%
(d)
y
mi lheto
= 0,8199x
2
- 0,7409x + 5,4246
R
2
= 0,8163
0
1
2
3
4
5
6
7
8
0 0,5 1 1,5 2
Doses
Teor de Mg (mmol
c
dm
-3
)
MILH ETO SORGO
(e)
y
PRNT 100%
= 1,8104x
2
- 3,734x + 6,4769
R
2
= 0,902
y
PRNT82%
= -3,9925x
3
+ 11,124x
2
- 5,8752x + 5,9065
R
2
= 0,812
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
00,511,52
Doses
Teor de Mg (mmol
c
dm
-3
)
PRNT100% PRNT82%
Figura 23. Valores médios de teores de Mg em função de tipos e doses de calcário nas
camadas de 0,0 – 0,05m(a), 0,05 – 0,10m(b), 0,10 – 0,20m(c), 0,20 – 0,40m(e) e
em função de doses de calcário e culturas de cobertura na camada de 0,20 –
0,40m(d). Selvíria – MS, 2007.
Na análise de variância (Tabela 20) constatou-se que na camada de 0,0 – 0,05m a
acidez potencial foi significativamente afetada pelas doses de calcário aplicadas na superfície
do solo, enquanto que na camada de 0,05 – 0,10m não constatou efeito de nenhum dos
tratamentos. Em relação à camada de 0,10 – 0,20m, constatou efeito isolado de todos os
tratamentos, sendo que, na camada seguinte (0,20 – 0,40m) houve interação dupla entre estes.
Na Tabela 44, encontram-se os valores médios de H + Al em função de culturas de
cobertura e calagem nas três primeiras camadas de solo avaliadas. Nota-se que só houve efeito
84
significativo entre os tratamentos na camada de 0,10 – 0,20m, onde verificou-se que entre as
culturas de cobertura, o milheto proporcionou menor teor de H + Al em relação ao sorgo,
apresentando teores de 20,2 e 21,9 mmol
c
dm
-3
, respectivamente. Já em relação aos tipos de
calcário, o menor teor de H + Al foi observado quando aplicou-se o calcário com PRNT de
82% (19, 4 mmol
c
dm
-3
). A não obtenção de resposta dos tratamentos nas duas primeiras
camadas de solo analisadas implica em dizer que, tanto os resíduos de sorgo ou milheto como
o calcário fino ou o grosso depositados na superfície do solo, são eficientes na redução da
acidez potencial até a profundidade de 0,05 – 0,10m. Isto pode ser comprovado mediante o
resultado da análise de solo realizada antes da instalação do experimento (Tabela 3).
Analisando os dados da tabela, verifica-se que o teor de H + Al nas camadas de 0,0 – 0,05m e
0,05 – 0,10m era de 32 mmol
c
dm
-3
, valor muito superior ao obtido nestas camadas após a
condução do experimento. A diferença significativa obtida entre o sorgo e o milheto e entre o
calcário fino e o grosso, na camada de 0,10 – 0,20m, demonstra a melhor eficiência do
milheto e do calcário de PRNT de 82% em corrigir a H + Al em profundidade. Em relação às
doses, verifica-se na Figura 24a, que houve diferença significativa entre as doses na camada
de 0,0 – 0,05m, obtendo menores valores de H + Al com as doses 1,0 e 2,0, enquanto que na
camada 0,05 – 0,10m (Figura 24b) não verificou-se efeito significativo entre as doses, porém
verifica-se também que com as duas últimas doses proporcionou menores valores de acidez
potencial. O efeito significativo das doses de calcário aplicadas na superfície do solo também
foi observado na camada de 0,10 – 0,20m (Figura 24c), onde notou-se uma redução linear de
H + Al conforme aumentou-se as doses aplicadas.
Na última camada de solo avaliada, verifica-se (Tabela 45) que o menor teor de H +
Al foi obtido quando cultivou-se milheto na presença do calcário com PRNT de 100% (17,3
mmol
c
dm
-3
) diferindo significativamente do sorgo (20,5 mmol
c
dm
-3
). O sorgo só
proporcionou menor valor de acidez potencial (19,0 mmol
c
dm
-3
), quando aplicou-se a dose
2,0 de calcário, diferindo significativamente do milheto (22,7 mmol
c
dm
-3
), como pode ser
observado na Tabela 46. Entretanto, os valores obtidos com esta dose (dose 2,0), foram
superiores em relação às demais, como pode ser observado na Figura 24e. Em relação aos
tipos de calcário, nota-se nesta mesma tabela, que não houve diferença significativa entre eles,
independente da dose aplicada, porém os menores teores de H + Al foram obtidos com a dose
1,0 (Figura 24d).
Os resultados obtidos aqui são condizentes aos obtidos para o pH (Tabelas 28 e 29 e
Figura 20) evidenciando que a calagem superficial e o acúmulo de resíduos vegetais na
superfície do solo são eficientes na correção da acidez do solo não só em superfície, mas
85
também em profundidade. Lima 2001 também constatou efeito da aplicação superficial de
calcário na redução da acidez potencial, após 12 meses da aplicação, até a profundidade de
0,40m. Trabalhos realizados por Cassiolato et al. (2000) e Franchini et al. (2001), com
extratos vegetais, mostraram que sua percolação por colunas de solo aumenta a eficiência da
calagem aplicada em superfície, sobre a correção da acidez de camadas subsuperficiais.
Para Rheinheimer et al. (2000) os efeitos da calagem em profundidade somente
ocorrem quando o pH (H
2
O) atingir valores entre 5,2 a 5,6. Nesta situação ocorre a formação
e migração de Ca(HCO
3
)
2
e Mg(HCO
3
)
2
para camadas mais profundas do solo, reduzindo
assim a acidez do subsolo. Considerando que os valores de pH (H
2
O) se correlacionam com
os de pH (CaCl
2
), e que são em média 0,5 – 1,0 unidades maiores (LUCHESE et al., 2001),
esta hipótese pode justificar a ação do calcário sobre a acidez do solo em profundidade, obtida
neste trabalho.
No SPD é possível que haja movimentação de partículas de calcário em profundidade,
através de canais formados por raízes mortas (PETRERE; ANGHINONI, 2001), além de
macrocanais biológicos (RHEINHEIMER et al., 2000) mantidos intactos, em razão da
ausência de preparo do solo. Como no presente trabalho, o SPD está em processo de
instalação, é pouco provável que o efeito em profundidade dos tratamentos tenha sido
provocado pelo caminhamento do calcário por estes canais.
Tabela 44. Valores médios de H + Al (mmol
c
dm
-3
) do solo, nas camadas de 0,0 – 0,05; 0,05 –
0,10; 0,10 – 0,20m, em função de culturas de cobertura e tipos de calcário. Selvíria
– MS, 2007.
0,0 – 0,05 0,05 – 0,10 0,10 – 0,20
Tratamentos
(m)
Milheto 16,0 a 18,7 a 20,2 b
Sorgo 17,1 a 20,6 a 21,9 a
DMS Tukey 5% 1,72 2,23 1,60
PRNT 100% 16,2 a 19,3 a 22,7 a
PRNT 82% 16,9 a 19,9 a 19,4 b
DMS Tukey 5% 1,72 2,23 1,75
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
86
Tabela 45. Desdobramento da interação significativa entre os tratamentos culturas de
cobertura e tipos de calcário para os teores de H + Al (mmol
c
dm
-3
) no solo, na
camada de 0,20 – 0,40m. Selvíria – MS, 2007.
Cobertura/Calagem PRNT 100% PRNT 82%
Milheto 17,3 b B 19,9 a A
Sorgo 20,5 a A 18,7 a A
DMS Tukey 5%
Cob. d. Cal. 1,86
Cal. d Cob. 1,86
Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si, a 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey
Tabela 46. Desdobramento das interações significativas entre culturas de cobertura e doses de
calcário, e tipos e doses de calcário, para o teor de H + Al (mmol
c
dm
-3
) do solo,
na camada de 0,20 – 0,40m. Selvíria – MS, 2007.
0,0 0,25 0,50 1,0 2,0
Milheto 15,3 a 17,0 b 20,0 a 18,2 a 22,7 a
Sorgo 18,0 a 20,2 a 19,2 a 17,7 a 19,0 b
DMS Tukey 5%
Cob. d. Dos. 2,95
PRNT 100% 16,2 a 20,5 a 20,7 a 18,7 a 19,5 a
PRNT 82% 17,2 a 20,5 a 18,5 a 17,2 a 22,2 a
DMS Tukey 5%
Cal. d. Dos. 2,95
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey
87
(a)
y = 7,9842x
3
- 22,57x
2
+ 11,82x + 17,059
R
2
= 0,9811
10
12
14
16
18
20
00,511,52
Doses
H + Al (mmol
c
dm
-3
)
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
H + Al (mmol
c
dm
-3
)
0,00 0,25 0,50 1,00 2,00
Doses
(b)
(c)
y = -2,25x + 23,088
R
2
= 0,8875
0
5
10
15
20
25
30
00,511,52
Doses
H + Al (mmol
c
dm
-3
)
(d)
y
PRNT 82%
= 6,3709x
3
- 15,756x
2
+ 7,8848x + 18,5
R
2
= 0,9003
y
PRNT 100%
= 10,611x
3
- 32,942x
2
+ 25,493x + 15,403
R
2
= 0,9632
0
5
10
15
20
25
00,511,5
Doses
H + Al (mmol
c
dm
-3
)
2
PRNT 100% PRNT 82%
(e)
y
milheto
= 6,7873x
3
- 19,947x
2
+ 16,599x + 14,977
R
2
= 0,9423
y
sorgo
= 5,495x
3
- 15,468x
2
+ 9,3684x + 18,183
R
2
= 0,8517
0
5
10
15
20
25
00,511,52
Doses
H + Al (mmol
c
dm
-3
)
MILHETO SORGO
Figura 24. Teores médios de H + Al nas camadas de 0,0 – 0,05m(a); 0,05 – 0,10m(b); 0,10 –
0,20m(c) e 0,20 – 0,40m (d, e), em função de doses de calcário aplicadas na
superfície do solo na implantação do SPD. Selvíria – MS, 2007.
A umidade retida na superfície do solo pela cobertura vegetal, beneficia a dissolução
do calcário no solo, favorecendo sua reação. Sendo assim, como a área experimental estava
sob pivô central, a disponibilidade hídrica associada às chuvas (Apêndice 1) ocorridas durante
a condução do experimento, pode ter facilitado o caminhamento dos produtos da dissolução
do calcário no perfil do solo. Rheinheimer et al. (2000) relata que a água enriquecida com os
produtos da dissolução do calcário, responsáveis pela neutralização da acidez e aumento dos
cátions de reação básica, permite maior atuação em profundidade.
88
Os tratamentos aplicados não influenciaram os teores de Al no solo na camada de 0,0
– 0,05m (Tabela 47 e Figura 25a), possivelmente pela baixa concentração deste na superfície
do solo. Na camada de 0,05 – 0,10m, verificou-se que houve uma redução significativa dos
teores de Al no solo, conforme aumentou-se as doses de calcário aplicadas (Figura 25b), os
demais tratamentos não influenciaram no teor do elemento no solo. Já na camada de 0,10 –
0,20m, a análise de variância (Tabela 20) detectou interação dupla entre os tratamentos.
Analisando os dados da Tabela 48, verifica-se que entre as culturas de cobertura do solo, o
milheto proporcionou menores teores de Al no solo (1,23 mmol
c
dm
-3
) quando na presença do
calcário com PRNT de 82%, enquanto que na presença do calcário mais fino, não verificou-se
efeito significativo das culturas de cobertura. Um outro ponto a destacar, é que na área
cultivada com sorgo, houve diferença significativa entre os tipos de calcário aplicados,
obtendo menor teor de Al com o calcário de PRNT de 100% (1,24 mmol
c
dm
-3
).
O desdobramento da interação entre as culturas de cobertura e doses, e entre calagem e
doses na camada de 0,10 – 0,20m está apresentado na Tabela 49. Nota-se que quando não
realizou a calagem (dose zero) o milheto proporcionou menor teor de Al no solo (1,27 mmol
c
dm
-3
), diferindo significativamente do sorgo (1,73 mmol
c
dm
-3
). Independente da dose
aplicada, não mais verificou-se este efeito entre as culturas de cobertura, evidenciando que a
palhada do milheto é mais eficiente na redução da acidez trocável em profundidade, em solos
sem correção. Nas áreas cultivadas com sorgo houve diferença significativa entre as doses de
calcário, ocorrendo uma redução no teor de Al no solo, até a dose 1,0 (Figura 25c). Entre os
tipos de calcário, só houve diferença significativa quando aplicou-se a dose 1,0, obtendo
menor teor de Al com o calcário mais grosso (1,05 mmol
c
dm
-3
), Figura 25d. Na última
camada avaliada, não verificou-se mais a diferença entre os tipos de calcário (Tabela 50),
porém, as doses do calcário mais grosso diferiram entre si (Figura 25e), sendo a dose 2,0, a
que proporcionou menor teor de Al no solo.
Conforme o apresentado, nota-se que os tratamentos influenciaram no teor de Al em
profundidade, no entanto, a redução foi mínima. Uma outra hipótese, ainda não mencionada
no trabalho, que pode explicar o efeito da calagem em profundidade, é o revolvimento do solo
provocado na linha de semeadura no momento do plantio, que desloca partículas de calcário
para camadas mais profundas do solo. Como no experimento ocorreram apenas duas
semeaduras (culturas de cobertura e soja) após a aplicação do calcário, é pouco provável que
houve deslocamento de calcário até a profundidade de 0,40m, proporcionada pelo
revolvimento do solo, na linha de semeadura.
89
Com isto, a melhor hipótese que explica o efeito dos tratamentos nos teores de Ca,
Mg, H + Al e Al, verificado neste trabalho, é o mecanismo de lixiviação proposto por
Miyazawa et al. (1996) associado à disponibilidade hídrica, visto que, não somente o calcário,
mas também os resíduos das culturas de cobertura interferiram nestes atributos do solo. Caires
et al. (2000) relata que a permanência de resíduos vegetais na superfície e a ausência do
revolvimento do solo reduzem a taxa de decomposição dos ligantes orgânicos por
microrganismos, sendo que com a disponibilidade de água, os compostos orgânicos podem
ser solubilizados e lixiviados.
Tabela 47. Teores médios de Al (mmol
c
dm
-3
) do solo, nas camadas de 0,0 – 0,05 e 0,05 –
0,10m, em função de culturas de cobertura e tipos de calcário na implantação do
SPD. Selvíria – MS, 2007.
0,0 – 0,05 0,05 – 0,10
Tratamentos
(m)
Milheto 0,14 a 0,61 a
Sorgo 0,13 a 0,61 a
DMS Tukey 5% 0,02 0,05
PRNT 100% 0,14 a 0,59 a
PRNT 82% 0,13 a 0,63 a
DMS Tukey 5% 0,03 0,05
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
Tabela 48. Desdobramento da interação significativa entre os tratamentos culturas de
cobertura e tipos de calcário para os teores de Al (mmol
c
dm
-3
) no solo, na camada
de 0,10 – 0,20m. Selvíria – MS, 2007.
Cobertura/Calagem PRNT 100% PRNT 82%
Milheto 1,25 a A 1,23 b A
Sorgo 1,24 a B 1,43 a A
DMS Tukey 5%
Cob. d. Cal. 0,15
Cal. d Cob. 0,15
Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si, a 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey
90
Tabela 49. Desdobramento das interações significativas entre culturas de cobertura e doses de
calcário, e tipos e doses de calcário, para o teor de Al (mmol
c
dm
-3
) do solo, na
camada de 0,10 – 0,20m. Selvíria – MS, 2007.
0,0 0,25 0,50 1,0 2,0
Milheto 1,27 b 1,12 a 1,35 a 1,23 a 1,23 a
Sorgo 1,73 a 1,31 a 1,17 a 1,10 a 1,37 a
DMS Tukey 5%
Cob. d. Dos. 0,23
PRNT 100% 1,37 a 1,17 a 1,17 a 1,28 a 1,25 a
PRNT 82% 1,57 a 1,27 a 1,35 a 1,05 b 1,35 a
DMS Tukey 5%
Cal. d. Dos. 0,23
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey
Tabela 50. Desdobramento da interação significativa entre os tratamentos tipos e doses de
calcário, e valores médios obtidos no tratamento culturas de cobertura, para os
teores de Al (mmol
c
dm
-3
) no solo, na camada de 0,20 – 0,40m. Selvíria – MS,
2007.
Calagem/Doses 0,0 0,25 0,50 1,0 2,0
PRNT 100% 1,72 1,73 1,80 1,77 1,70
PRNT 82% 1,70 1,80 1,87 1,80 1,70
DMS Tukey 5% 0,09
Milheto 1,75
Sorgo 1,75
DMS Tukey 5% 0,04
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
91
(b)
y = -0,0605x
2
+ 0,0659x + 0,6329
R
2
= 0,9139
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0 0,5 1 1,5 2
Doses
Teor de Al (mmol
c
dm
-3
)
0,10
0,11
0,12
0,13
0,14
0,15
0,16
0,17
0,18
0,19
0,20
Teor de Al (mmol
c
dm
-3
)
0 0,25 0,5 1 2
Dose
(a)
(e)
y
PRNT 82%
= 0,2191x
3
- 0,7627x
2
+ 0,6513x + 1,6954
R
2
= 0,9825
1,60
1,65
1,70
1,75
1,80
1,85
1,90
1,95
2,00
00,511,52
Doses
Teor Al (mmol
c
dm
-3
)
PRNT 100% PRNT 82%
(d)
y
sorgo
= 0,3526x
2
- 0,8071x + 1,5488
R
2
= 0,815
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
00,511,5
Doses
Teor de Al (mmol
c
dm
-3
)
2
PRNT 100% PRNT 82%
(c)
y
sorgo
= 0,4929x
2
- 1,1196x + 1,652
R
2
= 0,9061
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
00,511,52
Doses
Teor de Al (mmol
c
dm
-3
)
MILHETO SORGO
Figura 25. Teores médios de Al no solo nas camadas de 0,0 – 0,05m(a); 0,05 – 0,10m(b); 0,10
– 0,20m(c,d); 0,20 – 0,40m(e), em função de doses de calcário aplicadas na
superfície do solo na implantação do SPD. Selvíria – MS, 2007.
Com relação ao V(%), observa-se na Tabela 20 que os valores foram influenciados
pelos tratamentos de forma semelhante à verificada na SB, com exceção da camada 0,05 –
0,10m, onde verificou-se efeito das interações cobertura do solo e calagem, e cobertura do
solo e doses de calcário. A semelhança observada deve-se ao fato de que a saturação por bases
está diretamente relacionada aos valores de SB, tendo em vista que o V(%) é a porcentagem
de cargas negativas do solo que estão sendo ocupadas pelas bases trocáveis (K, Ca e Mg),
portanto, alterações na disponibilidade destas bases irá refletir no V(%) do solo.
Na Tabela 51, verifica-se que na camada de 0,0 – 0,05 m houve diferença significativa
entre os calcários para os valores de V(%). Nota-se que com as doses de 0,25 e 0,50 o calcário
92
mais fino proporcionou maiores valores de V(%), diferindo significativamente do calcário
mais grosso. Com as demais doses não observou-se tal efeito. No entanto, observa-se na
Figura 26a, que houve aumento significativo do V(%), conforme aumentou-se as doses de
calcário aplicadas, sendo este efeito mais evidente com aplicação do calcário com PRNT de
100%. A diferença obtida entre os calcários com a aplicação das menores doses,
possivelmente foi devido a granulometria dos insumos. Como o calcário de PRNT de 100%,
em sua maior parte, é constituído de partículas mais finas, é possível que a quantidade de
calcário aplicada tenha reagido no solo mais rapidamente em relação ao calcário com PRNT
de 82%.
No cálculo das doses de calcário a serem aplicadas no solo, pretendeu-se elevar o
V(%) a 60 conforme recomendações de Raij et al. (1996), entretanto, a dose única (dose 1,0)
que foi a calculada para atingir a saturação por bases desejada, ultrapassou o valor pretendido
em ambos calcário. A dose que mais se aproximou do valor desejado foi a 0,25 do calcário
com PRNT de 82%. Até mesmo onde não aplicou-se calcário, o valor do V(%) na camada de
0,0 – 0,05m foi superior a 60, induzindo a um possível efeito proporcionado pelas culturas de
cobertura do solo.
Na camada de 0,05 – 0,10m (Tabela 52), verificou-se menor valor de saturação por
bases (55%) quando na área cultivada com sorgo aplicou-se o calcário com PRNT de 82%,
diferindo significativamente da área cultivada com milheto (59,9 %). Em relação à aplicação
das doses, houve efeito significativo entre as coberturas do solo na presença da dose 0,25,
proporcionando maior valor de V(%) na área cultivada com milheto (63,2 %), diferindo da
área cultivada com sorgo (51,9 %). Entre as doses houve efeito significativo, quando estas
foram aplicadas na área com sorgo, onde ocorreu um aumento no V(%), conforme aumentou-
se as doses aplicadas (Figura 26b).
A saturação por bases na camada de 0,10 – 0,20m (Tabela 53) foi maior com a
aplicação da dose 1,0 do calcário com PRNT de 82%, atingindo aproximadamente o V(%)
desejado (60%). Entre as doses, nota-se na Figura 26c, que a dose 1,0 do calcário mais grosso
foi a que proporcionou maior V(%), obtendo um efeito quadrático. O efeito do calcário mais
grosso também foi verificado na camada de 0,20 – 0,40m (Tabela 53 e Figura 26d). Através
destes resultados, pode-se inferir que o calcário mais grosso proporciona melhores efeitos no
subsolo, mediante avaliação realizada após 12 meses. É possível que o calcário mais fino
tenha proporcionado efeitos semelhantes no subsolo, porém este deve ter sido menos
duradouro, devido sua reação no solo ser mais rápida. Mello et al. (2003), estudando o efeito
nos atributos químicos do solo decorrentes da granulometria de calcário (PRNT de 56% e
93
PRNT de 90%) constataram que doses mais elevadas de calcário com maior granulometria
mostrou efeito residual mais prolongado no solo.
Assim como na camada de 0,05 – 0,10m, a dose 0,25 proporcionou maior V(%), na
camada de 0,20 – 0,40m, na área cultivada com milheto (Tabela 54 e Figura 26e). Os resíduos
desta cultura em função das doses de calcário, aumentaram os teores de K e Mg nesta
profundidade, o que proporcionou este efeito no V(%) do solo, demonstrando ser uma
excelente opção como cultura de sucessão à soja no SPD, pois além de proporcionar boa
cobertura do solo, alterou positivamente os atributos químicos do solo, principalmente na
presença da calagem.
Tabela 51. Desdobramento da interação significativa entre os tratamentos tipos e doses de
calcário, e valores médios obtidos no tratamento culturas de cobertura, para os
valores de V(%) no solo, na camada de 0,0 – 0,05m. Selvíria – MS, 2007.
Calagem/Doses 0,0 0,25 0,50 1,0 2,0
PRNT 100% 67,0 a 68,6 a 70,3 a 73,4 a 74,5 a
PRNT 82% 64,6 a 60,9 b 61,7 b 75,0 a 77,3 a
DMS Tukey 5% 5,89
Milheto 70,6 a
Sorgo 68,4 a
DMS Tukey 5% 2,63
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
Tabela 52. Desdobramento das interações significativas entre os tratamentos culturas de
cobertura e doses de calcário, e culturas de cobertura e tipos de calcário para os
valores de V (%) no solo, na camada de 0,05 – 0,10m. Selvíria – MS, 2007.
0,0 0,25 0,50 1,0 2,0 PRNT 100% PRNT 82%
Milheto 58,0 a 63,2 a 54,2 a 62,3 a 54,0 a 56,8 a A 59,9 a A
Sorgo 55,7 a 51,9 b 56,0 a 61,0 a 60,9 a 59,2 a A 55,0 b A
DMS Tukey 5%
Cal. d. Dos. 7,21
Cob. d. Cal. 4,56
Cal. d. Cob. 4,56
Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si a 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey.
94
Tabela 53. Desdobramento da interação significativa entre os tratamentos tipos e doses de
calcário, para os valores de V(%) do solo, na camada de 0,10 – 0,20m. Selvíria –
MS, 2007.
Calagem/Doses 0,0 0,25 0,50 1,0 2,0
PRNT 100% 51,5 a 52,4 a 51,0 a 50,0 b 49,2 a
PRNT 82% 50,0 a 53,4 a 51,0 a 58,3 a 46,8 a
DMS Tukey 5%
Cal. d. Dos.
7,61
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
Tabela 54. Desdobramento das interações significativas entre culturas de cobertura e doses e
tipos e doses de calcário, para os valores de V (%) do solo, na camada de 0,20 –
0,40m. Selvíria – MS, 2007.
0,0 0,25 0,50 1,0 2,0
Milheto 49,6 a 49,8 a 41,5 a 45,8 a 49,8 a
Sorgo 51,3 a 40,4 b 47,2 a 47,2 a 47,5 a
DMS Tukey 5%
Cob. d. Dos. 5,84
PRNT 100% 52,0 a 46,9 a 43,9 a 39,5 b 50,4 a
PRNT 82% 46,9 a 43,2 a 44,8 a 53,5 a 50,0 a
DMS Tukey 5%
Cal. d. Dos. 5,84
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
95
(a)
y
PRNT 82%
= -23,135x
3
+ 65,542x
2
- 32,267x + 64,756
R
2
= 0,9982
y
PRNT 100%
= 3,74x + 67,955
R
2
= 0,8748
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
00,511,52
Doses
V (%)
PRNT 100% PRNT 82%
(b)
y
sorgo
= 3,36x + 54,6
R
2
= 0,803
40
45
50
55
60
65
70
0 0,5 1 1,5 2
Doses
V (%)
MILHETO SORGO
(c)
y
PRNT 82%
= -7,7995x
2
+ 14,536x + 49,285
R
2
= 0,7318
0
10
20
30
40
50
60
70
00,511,52
Doses
V (%)
PRNT 100% PRNT 82%
(d)
y
PRNT 100%
= 13,088x
2
- 28,084x + 54,277
R
2
= 0,9859
y
PRNT 82%
= -18,168x
3
+ 47,521x
2
- 21,908x + 46,073
R
2
= 0,9998
0
10
20
30
40
50
60
70
0 0,5 1 1,5 2
Doses
V (%)
PRNT 100% PRNT 82%
(e)
y
milheto
= 4,6253x
2
- 9,3997x + 50,135
R
2
= 0,7381
y
sorgo
= -12,678x
3
+ 39,361x
2
- 29,559x + 50,566
R
2
= 0,7187
0
10
20
30
40
50
60
00,511,52
Doses
V (%)
MILHETO SORGO
Figura 26. Valores médios de V(%) em função de doses e tipos de calcário nas camadas de
0,0 – 0,05m(a), 0,10 – 0,20m(c), 0,20 – 0,40m(d) e em função de doses e culturas
de cobertura nas camadas de 0,05 – 0,10m(b) e 0,20 – 0,40m(e). Selvíria – MS,
2007.
96
5 CONCLUSÕES
O sorgo produz maior massa seca da parte aérea e maior porcentagem de cobertura do
solo, em relação ao milheto;
A decomposição da palhada do milheto é mais lenta em relação à do sorgo;
Cultivo de soja em sucessão ao sorgo apresenta redução na altura da planta, na altura
de inserção da primeira vagem, no número de vagens e na massa de 1000 grãos;
Aplicação superficial de calcário com PRNT de 100%, na implantação do SPD,
proporciona aumento no número de vagens por planta e na produtividade de grãos de
soja, em relação ao calcário com PRNT de 82%;
Doses de calcário de 0,25, 0,50, 1,0 e 2,0 vezes o valor calculado para elevar o V% a
60 aplicadas na superfície do solo, independente da granulometria, reduz os teores de
Fe, Zn e Mn nos tecidos foliares da soja, após 9 meses da aplicação;
Calagem superficial na implantação do SPD, independente da dose e da granulometria
promove elevação dos teores de Ca, Mg e K e reduz a acidez do solo até a camada de
0,05 – 0,10m;
A dose inteira (dose 1,0) do calcário com PRNT de 82%, aplicada em superfície na
implantação do SPD, após 12 meses altera beneficamente os valores de pH, K, Ca,
Mg, Al e V(%) na camada de 0,20 – 0,40m;
Nas condições apresentadas, o milheto e a dose 1,0 (922 kg ha
-1
) do calcário com
PRNT de 82% são as melhores opções para a implantação do sistema plantio direto.
97
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112
APÊNDICE
113
0
5
10
15
20
25
30
35
mai/06
jun/06
jul/06
ago/06
set/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
Meses
Temperatura (ºC)
0
10
20
30
40
50
60
70
Precipitão (mm)
Chuva máx. C mín. TºC média
Apêndice 1. Temperaturas máxima, mínima e média e precipitação mensal durante o período
de condução do experimento. Selvíria, MS – 2006/07.
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