Sabemos, então, que o fundamental para a reversão do paradigma tradicional é
entender a visão ampliada da saúde e utilizar a educação em saúde como um instrumento de
mediação e crescimento entre os sujeitos, onde o profissional tenha por objetivo ser um
facilitador, ajudando a população a analisar criticamente a sua condição de vida, para poder
transformar a realidade existente
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.
Um método revolucionário que alfabetizava em 40 horas, sem cartilha ou material
didático, foi criado por Paulo Freire. Sob a liderança de Moacir de Góis, em Natal (RN), no
ano de 1962, surgia a campanha De Pé no Chão Também se Aprende a Ler. Paulo Freire
achava que o problema central do homem não era o simples alfabetizar mas fazer com que o
homem assumisse sua dignidade enquanto homem. Ele concebe educação como reflexão
sobre a realidade existencial e deve articular com essa realidade as causas mais profundas dos
acontecimentos vividos, procurando inserir sempre os fatos particulares na globalidade das
ocorrências da situação. Para Paulo Freire o diálogo é o elemento chave onde o professor e
aluno sejam sujeitos atuantes, educação é sinônimo de conscientização. É reflexão rigorosa e
conjunta sobre a realidade em que se vive, de onde surgirá o projeto de ação. E, desta forma, o
surgimento de um homem detentor de uma cultura própria, capaz de fazer história. Com o
golpe militar de 1964, a experiência de Paulo Freire, já espalhada por todo o país, foi abortada
sob alegações inconsistentes como subversiva, propagadora da desordem e do comunismo. As
campanhas de alfabetização que tinham objetivos mais abrangentes do que a própria
alfabetização chegava ao seu fim, em 1964. Alguns trabalhos dispersos continuaram a ser
levados a efeito, mas a proposta de renovação humana estava prejudicada.
A educação em saúde deve ser capaz de formar o ser humano participante como
sujeito do seu processo histórico, como um ator social atuante na transformação de sua
realidade, relacionado a esse conceito citamos Freire
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,
“Quer dizer, mais do que um ser do mundo, o ser humano se tornou
uma presença no mundo e com os outros. Presença que, reconhecendo
a outra presença como um “não-eu” se reconhece como “si própria”.
Presença que pensa a si mesma, que se sabe presença, que intervém,
que transforma, que fala do que faz mas também do que sonha, que
constata, compara, avalia, valora, que decide, que rompe”.
Stainback e Stainback
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complementam dizendo que a educação é a maneira de
tornarmo-nos mais humanos. Ela afasta as pessoas da rotina, dirigindo-as a superar desafios e
a extrair as lições da experiência humana, no enfrentamento da realidade da vida. A educação