Mas o Sol, que na Aurora do desfecho
Os párpados abrindo vos viu micho,
Por ser vosso talento de relexo
Logo disse não éreis vós o bicho,
Que vos sente nas ancas este sexo,
Que vos limpe essas barbas cum rabicho.
DESCREVE A VIDA ESCOLASTICA.
Mancebo sem dinheiro, bom barrete,
Medíocre o vestido, bom sapato,
Meias velhas, calção de esfola-gato,
Cabelo penteado, bom topete.
Presumir de dançar, cantar falsete,
Jogo de fidalguia, bom barato,
Tirar falsídia ao Moço do seu trato,
Furtar a carne à ama, que promete.
A putinha aldeã achada em feira,
Eterno murmurar de alheias famas,
Soneto infame, sátira elegante.
Cartinhas de trocado para a Freira,
Comer boi, ser Quixote com as Damas,
Pouco estudo, isto é ser estudante.
AO MESMO ASSUMPTO.
Devem de ter-me aqui por um Orate
Nascido lá na gema do Lubeque,
Ou por filho de algum triste Alfaqueque
Daqueles, que trabucarn lá em Ternate.
Porque um me dá a glosar um desparate,
E quer, que se lhe imprima com crasbeque;
Outro vem entonando como um Xeque,
E fala pela língua de um mascate.
Anda aqui a poesia a todo o trote,
E de mim corre já como um lambique
Não sendo eu destilador brichote.
Outro vem, que casou em Moçambique,
E vive co'a razão de vinho, e brote,
Que o Sogro deu, e o Clérigo Cacique.