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O quadro que se segue sintetiza a avaliação feita pela Ação Educativa, com apoio da ICAE e
da Oficina Regional de Educação para a América Latina e Caribe da Unesco sobre a EJA no
Brasil seis anos após a Conferência de Hamburgo. Di Pierro (2003), na avaliação feita sobre
os compromissos assumidos pelo Brasil por ocasião da V Confitea, conclue que o Brasil
ainda está longe de garantir a propalada educação para todos, principalmente no que se refere
a educação dos jovens e dos adultos. Mesmo considerando os índices de analfabetismo que
tiveram uma redução ao longo dos anos 1990, a EJA não deixou de ser um mecanismo de
correção de fluxo do sistema escolar, cumprindo a função supletiva que sempre marcou as
ações nesse campo educativo. A supletividade das ações de EJA no Brasil, ainda segundo a
avaliação da autora, tem sido mantida pelas precárias condições de financiamento destinadas
a essa modalidade da educação básica.
Compromissos assumidos A EJA na década de 1990
Melhoria das condições e da
qualidade da educação dos
adultos
Na década de 1990 observou-se um aumento das matrículas na
educação básica e a redução dos índices de analfabetismo.
Todavia, apesar disso, o Brasil está longe de atingir as metas
propostas pela Confitea, na Agenda para o Futuro.
Garantir o direito universal à
alfabetização e à educação
básica
A redução dos índices de analfabetismo de 14,7%, em 1996 para
12,4%, em 2001não se deve a implementação de políticas
públicas educacionais contínuas e adequadas para a população
jovem e adulta, e sim ao esforço de universalização do ensino
fundamental para crianças e adolescentes, acompanhado por
programas de correção de fluxo escolar e aceleração de estudos
para alunos com defasagem idade/série. O atendimento aos
jovens e adultos, no Brasil, representa apenas 4% da demanda
potencial para essa modalidade de educação.
Melhorar o financiamento da
educação de adultos
Evidencia-se na década de 1990 uma redução nos gastos com a
EJA, representando 1% da despesa total das três esferas do
governo com educação e cultura. Entre 1994 e 1998 a EJA
recebeu menos de 0,5% do gasto federal total com educação e
cultura. Em 2000 e 2001 houve uma melhora de 578%, nos
gastos da União com a EJA, creditados ao Programa Recomeço.
Melhorar as condições de
trabalho e as perspectivas
profissionais dos educadores
de adultos.
A formação de carreira específica para educadores de EJA não
tem se efetivado pela ausência de políticas de educação de
jovens e adultos nas redes públicas de ensino básico. Muitos
docentes que atuam com os jovens e adultos são, em geral, os
mesmos do ensino regular, que procuram adaptar a metodologia
utilizada com crianças e adolescentes aos alunos adultos. Muitos