Download PDF
ads:
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AQÜICULTURA
CRESCIMENTO COMPENSATÓRIO DO CAMARÃO-
BRANCO Litopenaeus vannamei (Boone, 1931) NO
EXTREMO SUL DO BRASIL.
GERALDO KIPPER FOES
RIO GRANDE, RS
2008
Fundação Universidade Federal do Rio Grande
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ii
Programa de Pós-Graduação em Aqüicultura
CRESCIMENTO COMPENSATÓRIO DO CAMARÃO-
BRANCO Litopenaeus vannamei (BOONE, 1931) NO
EXTREMO SUL DO BRASIL.
Geraldo Kipper Foes
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Aqüicultura como parte
dos requisitos para obtenção do grau de
Mestre em Aqüicultura pela Fundação
Universidade Federal do Rio Grande.
Orientador: Dr. Wilson Wasielesky Jr.
Rio Grande, RS, Brasil.
Fevereiro de 2008
ads:
iii
ÍNDICE
Páginas
DEDICATÓRIA
iv
AGRADECIMENTOS
v
RESUMO
vi
ABSTRACT
viii
INTRODUÇÃO
1
OBJETIVOS
8
MATERIAIS E MÉTODOS
8
RESULTADOS
13
DISCUSSÃO
18
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
23
iv
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha família e aos
amigos, que de maneira direta ou indireta
colaboraram na sua elaboração.
A Ciência serve apenas para se
verificarem as descobertas do instinto.
Jean Cocteau
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço imensamente à minha querida esposa Verônica e amada filha Verena
pelo apoio, compreensão e companheirismo nesta nossa nova empreitada.
Aos meus queridos pais, Neidi e Hélio, estando longe na distância, estão muito
perto nos meus pensamentos e orações, e meus irmãos também.
Meu agradecimento especial aos meus segundos pais, Leda e Obede,
incansáveis, generosos e amigos, que nos deram e dão apoio desde sempre e também
neste momento muito importante para a família. E meu agradecimento também à
Carmem Lúcia. Agradeço o apoio e amizade de meus sobrinhos, cunhados e amigos.
Meu agradecimento especial ao Prof. Wilson Wasielesky Jr. pela amizade
demonstrada, confiança depositada, pelo profissionalismo aliado ao companheirismo e
pelas boas risadas, além do futebol. Agradeço à equipe do Projeto Camarão, Dariano
Krummenauer, Msc. Eduardo Ballester, Dr. Luis Poersch, Charles Fróes, Márcio
Miranda, Diana Murti, Cíntia Nakayama, Adriana Silva, Tatiana, Gabi, Talibã, demais
estagiários e aos funcionários da EMA, Hermes Terra, Gilnei, Linamara, Getúlio,
Zezinho, Sandro; Marcelo e também a todos os colegas do Programa de Pós-Graduação
em Aqüicultura, e alunos de graduação da FURG.
vi
RESUMO
O presente trabalho avaliou a ocorrência de crescimento compensatório do camarão-
branco Litopenaeus vannamei submetido a longo período de berçário em elevada taxa
de estocagem e exposto às baixas temperaturas de final de inverno e começo de
primavera, no sul do Brasil. Camarões foram criados em dois sistemas de cultivo
diferentes: o tratamento denominado “crescimento compensatório” (CC) avaliou
desempenho de crescimento dos camarões mantidos em berçário durante 145 dias, em
densidade de estocagem de 2000 camarões /m² durante o inverno num tanque de 20
sem sistema de aquecimento; e o tratamento controle, aqui denominado “crescimento
normal” (CN) onde os camarões foram mantidos em um tanque berçário idêntico, na
mesma densidade, mas por um período de 16 dias, no final da primavera, quando a
temperatura aumentou. A sobrevivência e o peso médio depois do período de berçário
foi respectivamente 79,7% e 0,64 0,31g para o tratamento CC e de 93,0% e 0,36
0,09g para o tratamento CN. Os camarões foram então transferidos para quatro viveiros
de engorda, revestidos por PEAD (duas repetições por tratamento) e criados por 101
dias até a colheita. Durante o período de engorda, a cada 18 dias, cinqüenta indivíduos
foram coletados aleatoriamente de cada viveiro e foram pesados individualmente em
balança com precisão de 0,01g. Na despesca, a biomassa final de cada viveiro foi
anotada e 100 camarões de cada viveiro foram individualmente pesados para determinar
o peso final e a taxa de sobrevivência. Adicionalmente, a taxa específica de crescimento
(TEC), a taxa de crescimento semanal (TCS) e percentagem de crescimento semanal
(PCS) foram calculadas para cada viveiro. Os dados coletados foram submetidos à
análise estatística de comparação de médias (teste-T). Os resultados mostraram que os
camarões criados no tratamento CC alcançaram um peso médio final significativamente
maior (p<0,05) que os camarões do tratamento controle (CN). A TEC na primeira
biometria foi significativamente maior nos camarões criados no tratamento CC,
posteriormente os camarões do tratamento controle tiveram maior TEC. Os resultados
do experimento demonstram claramente que camarões mantidos em um longo período
de tempo no berçário, em altas densidades de estocagem e expostos a baixas
temperaturas mostraram crescimento compensatório durante o início do período de
engorda. Os resultados podem ajudar no aprimoramento das práticas de manejo
vii
empregadas em fazendas de produção de camarões através da melhor utilização de suas
instalações.
viii
ABSTRACT
The present work evaluated the occurrence of compensatory growth of the white shrimp
Litopenaeus vannamei submitted to long nursery culture period at high stocking density
and exposed to winter and early spring low temperatures, in Southern Brazil. Shrimp
were reared in two different culture systems: the treatment denominated
“compensatory" growth (CC) evaluate the growout performance of shrimp nursed
during 145 days at density of 2000 shrimp/m
2
during winter season in a 20m² nursery
tank without heating system; in the control treatment, here denominated “normal
growth” (CN) shrimp were reared in an identical nursery tank at the same density, but
for a period of 16 days during late spring, when temperature is warmer. Shrimp survival
and mean weight after nursery period was respectively 79.7% and 0.64 0.31g for
treatment CC and of 93% and 0.36 0.09g for treatment CN. Shrimp were then
transferred to four lined growout ponds (two replicates per treatment) and reared during
101 days until harvest. During growout, about every 18 days, fifty shrimp were
randomly sampled from each pond and their wet weight was individually measured to
the nearest 0.01g. At harvest, final biomass from each pond was measured and 100
shrimp from each pond was individually weighted to determined mean final weight and
estimate survival. Additionally, specific growth rate (SGR), weekly growth rate (WGR)
and weekly percent growth (WPC) was calculated from each replicate pond. Statistical
analysis of the collected data was performed using t-test (p<0.05). Results showed that
shrimp reared in the treatment CC achieved a significantly higher mean final weight
(p<0.05) than shrimp from the control treatment CN. The SGR at the beginning (first
two and a half weeks) of the experiment was also significantly higher for shrimp reared
in the CC treatment; afterwards, shrimp from the control treatment had a higher SGR.
The results of the experiment clearly demonstrated that shrimp reared for a longer
nursery period at high densities and exposed to lower temperatures showed a
compensatory growth during the beginning of the growout phase. These results can help
management practices employed in shrimp farms through better use of facilities.
1
INTRODUÇÃO
A contribuição da aqüicultura no fornecimento mundial de organismos
aquáticos cresce anualmente de maneira significativa. Em 1970, a aqüicultura
participava com apenas 3,9% da produção total em peso da pesca e aqüicultura, no ano
2000 estes valores estavam em 27,1% da produção total e a 32,4% em 2004. Este
crescimento tem sido mais rápido que qualquer outro setor de produção de alimentos de
origem animal. Em percentagem, a taxa de crescimento anual da aqüicultura tem sido de
8,8% desde 1970, enquanto que no mesmo período de tempo, as capturas pesqueiras
cresceram somente 1,2% e os sistemas terrestres de produção de carne cresceram 2,8%.
O aumento da produção da aqüicultura é muito superior ao crescimento demográfico
visto que seu suprimento médio anual per capita aumentou de 0,7 kg em 1970 para 7,1
kg em 2004. Em valores de biomassa, a produção mundial da aqüicultura cresceu
notavelmente, passando de um milhão de toneladas no começo da década de 1950 para
59,4 milhões de toneladas em 2004, totalizando um valor de 70,3 bilhões de dólares
(FAO 2007). Entretanto, o cenário mundial da pesca marinha e da pesca continental é
mais preocupante. Por exemplo, a maior parte das populações das dez principais
espécies de peixes marinhos capturados, as quais representam 30% das pescarias
mundiais, se acham plenamente explotadas, ou sobre-explotadas, não devendo esperar
que suas capturas aumentem de forma importante. No geral, mais de 75% das
populações ícticas mundiais que se tem avaliação estão plenamente explotadas ou
sobre-explotadas (ou esgotadas e recuperando-se do esgotamento). Isto indica que
provavelmente alcançamos o potencial máximo da captura de peixes silvestres nos
oceanos do mundo, sendo necessária uma ordenação mais prudente e controlada da
pesca mundial. A situação da pesca continental é ainda mais dramática, pois das vinte e
uma espécies normalmente capturadas, dez espécies estão consideradas vulneráveis ou
em perigo de extinção e, em relação às onze espécies restantes, os dados disponíveis
foram insuficientes para determinar sua situação ou não se fez nenhuma avaliação (FAO
2007).
O crescimento da aqüicultura, entretanto pode ter conseqüências dúbias,
podendo por um lado, diminuir o esforço de pesca, mas por outro lado aumentar o
perigo da sobre-explotação dos estoques de espécies forrageiras para a obtenção de
2
farinha de pescado, ingrediente necessário à fabricação de ração para as espécies
cultivadas, principalmente as mais carnívoras como os salmonídeos e determinadas
espécies de camarões (Naylor et al. 1998). A aqüicultura também pode indiretamente
diminuir as pescarias, por outros motivos: através da destruição de áreas de mangue,
coleta de sementes selvagens, disseminação de doenças provenientes de organismos
cultivados para populações nativas, lançamento de efluentes, eutrofização de corpos de
água adjacentes aos empreendimentos, etc. (Boyd 2003).
Estudos são realizados, em todos os setores da aqüicultura, com objetivo de
minimizar os potenciais impactos negativos da atividade, de maneira a aumentar a sua
sustentabilidade. O desenvolvimento de melhores técnicas de manejo dos organismos
cultivados, por exemplo, pode contribuir para a sustentabilidade da atividade aquícola,
tanto ambiental, como técnica e econômica.
As semanas iniciais após a estocagem nos viveiros de engorda são as mais
críticas em termos de sobrevivência das pós-larvas. Conseqüentemente o
desenvolvimento de técnicas de manejo que permitam estocagens de indivíduos
saudáveis e maiores, melhorando a sobrevivência dos organismos durante os estágios
iniciais, pode aumentar a produtividade nos sistemas de cultivo. Tradicionalmente, os
camarões são produzidos por estocagem direta de pós-larvas, recebendo a denominação
de “sistema de engorda monofásico” (STERN & LETELLIER 1992). Este sistema é o
mais difundido, pois é o menos custoso pela sua simplicidade e menor necessidade de
mão-de-obra. também outra técnica, muito difundida, a qual consiste na estocagem
de pós-larvas em sistemas transitórios de cultivo, por um curto período de tempo,
seguido de transferência para viveiros de engorda. Esse sistema de cultivo que incorpora
uma transferência de camarões de um tanque berçário para o viveiro de engorda é
denominado “sistema bifásico de engorda” (New & Rabanal 1985; Lawrence & Huner
1987).
O princípio básico do berçário intensivo é a utilização de tanques onde as pós-
larvas são mantidas em altas densidades populacionais, durante o tempo necessário para
que elas atinjam um determinado tamanho ou uma condição fisiológica tal que lhes
permitam alcançar taxas de sobrevivência e de crescimento na fase de engorda,
superiores àquelas obtidas com o povoamento direto (Barbieri e Ostrensky 2002).
um terceiro sistema, denominado “cultivo trifásico” no qual após os juvenis passarem
3
pelo berçário, são transferidos para um “viveiro-berçário”, praticamente idêntico ao
viveiro de engorda, porém com menores dimensões e com o sistema de drenagem
obrigatoriamente mais eficiente e projetado para recapturar os camarões. Nesse sistema
os camarões são estocados em densidades muito mais elevadas que as utilizadas durante
a engorda, chegando de 50 a 200 camarões/m² (Barbieri e Ostrensky 2002) ou até 400
camarões/m² (experiência pessoal). Entretanto, a operação de despesca e transferência é
complexa e envolve muitos riscos, sendo assim uma prática pouco utilizada.
As vantagens da utilização de berçários são várias, tais como: nos cultivos em
clima temperado, os berçários podem servir para estender o período de cultivo
adiantando o início do ciclo na primavera, pois os berçários normalmente são
construídos dentro de estufas, as quais mantêm a água aquecida. Este procedimento
pode adiantar em um ou dois meses a primeira safra, aumentando a possibilidade para
produção de duas safras por ano (Griffin et al. 1981; Clifford 1985). Mesmo que o
objetivo seja apenas uma safra, a estocagem de camarões maiores pode aumentar a
sobrevivência, possibilitar uma previsão mais exata da quantidade de organismos no
viveiro e colher indivíduos com maior peso médioe com tamanho mais uniforme no
final da safra, aumentando assim a produtividade (Sadeh et al. 1986; Sturmer &
Lawrence 1987; Sandifer et al. 1988). O berçário proporciona a transferência de
camarões com tamanhos mais robustos e uniformes para os viveiros de engorda, devido
ao menor tamanho da estrutura e à maior freqüência de fornecimento de ração,
aumentando o acesso dos indivíduos ao alimento, possibilitando maior uniformidade na
colheita e aumentando o preço de venda. Possibilita também melhor utilização da infra-
estrutura da fazenda, pois permite a contagem mais eficiente dos organismos que serão
transferidos para os viveiros de engorda, diminuindo a possibilidade de subutilização do
espaço físico e de equipamentos. O berçário também pode diminuir o tempo de cultivo
no viveiro de engorda, pois uma parte do ciclo é realizada no berçário. Ajuda também
na prevenção contra a utilização de pós-larvas de má-qualidade, pois se pode monitorar
a sobrevivência e o desempenho zootécnico das larvas antes do povoamento (Samocha
& Lawrence 1992; Barbieri e Ostrensky 2002).
Em relação à biossegurança, os berçários têm sido recomendados como um
componente crítico para minimizar o risco de introdução de doenças, podendo ser
usados também como método de diminuição das perdas de safras por doenças (Samocha
4
et al. 2000; Fegan & Clifford 2001). Os motivos para esta recomendação são vários, tais
como: melhor administração dos riscos, pois as larvas são mantidas em espaços
reduzidos possibilitando um controle mais efetivo sobre todas as variáveis envolvidas
no processo produtivo, possibilidade do fornecimento de dietas especiais (contendo
promotores de crescimento, imuno-estimulantes e probióticos), diminuição do
desperdício de alimento; facilitação da limpeza e desinfecção ou quarentena das larvas
(Hirono 1983; Pretto 1983; Seidman & Issar 1988; Fast 1991; Sturmer et al. 1992). Por
exemplo, a sobrevivência de Litopenaeus vannamei criados em viveiros infectados com
o vírus da mancha branca foi em torno de 16% maior quando os viveiros foram
estocados com juvenis criados em berçários biosseguros que quando pós-larvas foram
povoadas diretamente (Samocha et al. 2000). A racionalidade desta estratégia é
baseada, em parte, com a observação de que algumas espécies de peneídeos se tornam
menos suscetíveis a certos patógenos virais com a idade (Brock et al. 1997; Spann et al.
2000). Em áreas de produção com água de baixa salinidade, a aclimatação das pós-
larvas da salinidade do laboratório de origem, geralmente oceânica, para os viveiros de
engorda, também pode ser um componente decisivo na produtividade, podendo essa
aclimatação ser executada paralelamente ao sistema de berçário (McGraw et al. 2002).
Na questão econômica, entre os desafios colocados para os administradores, está a
necessidade de produções constantes e previsíveis. Uma produção consistente está
freqüentemente baseada numa estimativa apurada das densidades populacionais nos
viveiros. A densidade utilizada nos cálculos necessários para ajustes no manejo durante
o período de engorda é freqüentemente prevista baseada em alguns valores: densidade
inicial de estocagem, sobrevivência estimada, quantidade de alimento fornecido e
também nas biometrias periódicas (Garza de Yta 2004). Povoamento inadequado pode
promover estimativas errôneas de densidade, afetando a taxa de crescimento, através do
fornecimento inadequado de ração, comprometendo a sobrevivência e crescimento dos
camarões, assim como o tempo de cultivo, a produtividade final e o custeio da safra.
Havendo a intensificação das densidades de estocagem no berçário, que é a
essência desse sistema, existe a necessidade da adaptação do manejo e da preparação
das estruturas necessárias para o uso dos berçários, tendo como conseqüência:
investimento financeiro para construção dos berçários e equipamentos necessários para
sua utilização; aumento da complexidade das operações de manejo e aumento da
5
utilização de mão-de-obra, devendo ser considerados nos custos de produção.
também o aumento do estresse dos animais devido à maior manipulação, principalmente
na transferência do berçário para os viveiros de engorda, possibilitando o aumento da
mortalidade e o forte canibalismo que normalmente ocorre em algumas espécies de
crustáceos quando mantidas em altas densidades (Karplus et al.1998; Barbieri e
Ostrensky 2002).
A diminuição do tempo de cultivo no viveiro de engorda devido à utilização
do berçário, além dos motivos mencionados, pode ser decorrente de outros fatores,
como: conforto pela diminuição acentuada da densidade populacional do berçário para o
viveiro de engorda; colonização de um ambiente com melhor qualidade de água e do
fundo; normalmente a presença de sedimento permite o enterramento dos camarões;
presença de cadeia alimentar natural. Estes motivos proporcionam o crescimento
acelerado dos camarões principalmente nas primeiras semanas após serem transferidos
para o viveiro definitivo. Este fato é conhecido como “crescimento compensatório”, um
termo comumente utilizado quando os animais retornam às condições adequadas de
alimentação após um período de desnutrição ou restrição alimentar, resultando em um
impulso de crescimento rápido. A sua ocorrência é conhecida em uma grande variedade
de organismos, inclusive seres humanos, animais domésticos e aves (Wilson & Osbourn
1960; Mersmann et al. 1987; Summers et al.; 1990). Os motivos prováveis para explicar
o “crescimento compensatório” nos organismos são vários, por exemplo: (1)
Mortalidade tamanho-dependente: as taxas de mortalidade em ambientes aquático são
inversamente proporcionais ao tamanho. Em populações de peixes, a mortalidade em
algumas estações pode ser inversamente relacionada com o tamanho, particularmente
devido a que indivíduos pequenos acumulam relativamente menores reservas de
energia; (2) Seleção de presa tamanho-dependente: peixes principalmente são
predadores limitados pelo tamanho da sua boca, conseqüentemente seus hábitos
alimentares são fortemente influenciados pelo seu tamanho; (3) Mudanças
ontogenéticas tamanho-dependentes: durante ontogenia pode haver transições críticas
em que há dependência do tamanho do indivíduo para se realizarem. O crescimento
compensatório permitiria para um indivíduo alcançar o referido tamanho, apesar de
experimentar um período anterior de depressão de crescimento; (4) Sucesso reprodutivo
6
tamanho-dependente: a fecundidade de organismos aquáticos, principalmente peixes
teleósteos, depende do tamanho de seu corpo (Ali et al. 2003).
O mesmo autor reporta que o aumento da taxa de crescimento logo após o
período de estresse é resultado de algumas estratégias adotadas pelos organismos:
consumo maior de alimento durante o período pós-estresse (hiperfagia), aumento da
eficiência alimentar (melhor digestão e absorção de nutrientes), redução dos custos
metabólicos e diminuição da locomoção.
Desde a década de 1970, os estudos sobre o crescimento compensatório em
animais aquáticos tornaram-se um tema destacado, pois este crescimento possui, além
de importância ecofisiológica, implicações para a aqüicultura, tais como: potencial para
diminuição da quantidade de alimentação fornecida e custos de mão-de-obra, redução
da emissão de efluentes durante o período de restrição de alimentação, melhorando a
conversão alimentar quando o fornecimento de ração é normalizado, conseqüentemente
melhorando a eficiência da produção (Quinton & Blake 1990; Jobling et al. 1994;
Hayward et al. 1997).
Os camarões normalmente permanecem no berçário por períodos
relativamente curtos, que normalmente oscilam entre uma semana e um mês, tempo
necessário para que atinjam maior tamanho, ou que as condições ambientais estejam
satisfatórias para a transferência ao viveiro de engorda. No entanto, por vários motivos,
pode haver a necessidade dos camarões permanecerem um período de tempo maior no
berçário, tais como: quarentena de biossegurança devido à importação de organismos;
dificuldade na comercialização da safra, impedindo ou tornando antieconômica a
retirada dos camarões em tamanho comercial; aparecimento de doença na região ou na
própria fazenda; baixas temperaturas na época da transferência; estratégia para
aquisição e transporte de pós-larvas, podendo ser mais vantajoso economicamente
adquirir maior quantidade de camarões e mantê-los na fazenda, entre outros.
Quando o berçário intensivo prolonga-se por um período de tempo muito
superior ao esperado, o temor que os animais percam o vigor de crescimento, por
ficarem muito tempo adensados, ou por suportarem condições ambientais inadequadas
por longo período de tempo, não sendo então vantajosa a sua utilização posterior.
Portanto, a presente dissertação teve a finalidade de fornecer subsídios sobre a
7
ocorrência de crescimento compensatório em viveiros de engorda de camarões mantidos
em altas densidades, por longo período de tempo e em condições de temperatura baixa.
8
OBJETIVOS
Avaliar a capacidade de crescimento compensatório e a taxa de sobrevivência,
em viveiros de engorda, utilizando sistema semi-intensivo sem renovação de água, de
camarões armazenados em berçário por um prolongado período de tempo, comparando-
os com camarões armazenados em berçário por um intervalo de tempo rotineiramente
utilizado.
MATERIAIS E MÉTODOS
O experimento foi realizado nas instalações da Estação Marinha de
Aquacultura “Professor Marcos Alberto Marchiori” (EMA), pertencente ao
Departamento de Oceanografia da FURG, situada na cidade do Rio Grande, estado do
Rio Grande do Sul, Brasil.
Os camarões Litopenaeus vannamei utilizados para o estudo de crescimento
compensatório” (CC) foram adquiridos da empresa Aquatec, situada no estado do Rio
Grande do Norte, no dia 15 de junho de 2006. Os camarões chegaram ao laboratório no
estágio larval de náuplius. Depois do período de larvicultura, no dia primeiro de agosto,
as pós-larvas (PL 35) foram transferidas para um tanque berçário, construído em
alvenaria, com área de 20 m², em uma densidade de estocagem de 2000 camarões/m²
(Figura 1) baseados no trabalho de McAbee et al. (2003). O berçário não contou com
nenhum sistema de aquecimento, sendo influenciado por variações diárias de
temperatura. A taxa de renovação diária de água foi de 25%, e o arraçoamento ad
libitum. Em cada tanque berçário foram colocadas duas bandejas de alimentação, nas
quais foram colocadas 20% da quantidade de alimento fornecido. Havendo sobras de
ração entre uma alimentação e outra, a quantidade fornecida era diminuída. Os
camarões permaneceram neste berçário até o dia 23 de dezembro, do mesmo ano,
totalizando 145 dias, quando então foram transferidos para os viveiros de engorda. A
sobrevivência final do berçário foi de 79,7% e o peso médio foi 0,64 g.
Os camarões utilizados para o controle ou “crescimento normal” (CN) também
foram provenientes da empresa Aquatec, chegando à EMA em fase de náuplius no dia 5
de novembro de 2006. Depois do período de larvicultura as PLs 25 foram transferidas
9
para um berçário intensivo idêntico ao do CC, na mesma densidade de 2000
camarões/m², no dia 7 de dezembro. Os juvenis permaneceram estocados no berçário
intensivo por dezesseis dias, na tentativa de aproximação dos pesos médios dos
camarões entre os tratamentos. A taxa de renovação foi similar ao do CC, e o
fornecimento de ração foi ad libitum, similar ao outro berçário. A sobrevivência dos
camarões no berçário na data da transferência foi de 93% e peso médio de 0,32g.
Os camarões foram transferidos para os viveiros de engorda no dia 23 de
dezembro, permanecendo até o dia 3 de abril de 2007.
Figura 1. Tanques utilizados para acondicionamento dos camarões durante o
período de berçário.
Os camarões foram transferidos para quatro viveiros escavados, cada viveiro
área de 500m² e fundo revestido com polietileno de alta densidade (PEAD), também
conhecido como “geomembrana
®
tendo poro objetivo evitar a percolação para o
subsolo da água marinha (Figura 2). Cabe ressaltar que após o enchimento, não houve
renovação de água nos viveiros durante todo o experimento, apenas reposição da água
perdida por evaporação e também não houve utilização de aeração artificial para
melhoria da qualidade da água.
10
Figura 2. Viveiros de cultivo utilizados no período de engorda, pertencentes à
Estação Marinha de Aquacultura, da FURG.
O delineamento experimental foi constituído por dois tratamentos:
“crescimento compensatório (CC)” e “crescimento normal (CN)”, tendo duas repetições
para cada tratamento. Os viveiros foram povoados com densidade de 20 camarões/m
2
(10.000 indivíduos por repetição), e foram escolhidos aleatoriamente.
Durante o período de engorda, os valores de temperatura, oxigênio dissolvido,
pH e salinidade foram monitorados duas vezes ao dia, pela manhã (às 7:30h) e à tarde
(17:00h), utilizando um aparelho multi-parâmetros YSI 556 (Yellow Springs
Instruments, Yellow Springs, OH, EUA). A transparência foi medida uma vez por dia,
às 17:00h, utilizando um disco de Secchi. Os valores de amônia total foram monitorados
quinzenalmente, através do método de UNESCO (1983).
Durante o período amostral, os camarões foram alimentados duas vezes ao dia,
com ração contendo 35 % de proteína bruta (Guabi Potymar 35), sendo utilizada taxa
de arraçoamento correspondente a 4% do peso total da biomassa estimada ao dia, até o
70° dia, quando então a taxa de arraçoamento diminuiu para 3% do peso total da
biomassa. Esta quantidade fornecida de alimento teve o objetivo de manter a qualidade
da água nas melhores condições físico-químicas possíveis, pois os viveiros operaram
em sistema de renovação limitada de água e não foram utilizados equipamentos
aeradores para incorporação de oxigênio.
As biometrias foram efetuadas a cada dezoito dias aproximadamente, quando
cinqüenta indivíduos por viveiro foram amostrados aleatoriamente, pesados
11
individualmente utilizando balança digital com precisão de 2 casas decimais (Balanças
Marte, modelo AS 1000 C) e em seguida repostos aos viveiros de origem. Nesta
oportunidade a quantidade de ração fornecida foi ajustada de acordo com o peso médio
dos indivíduos. Na biometria final, cem indivíduos de cada repetição foram
selecionados aleatoriamente e pesados individualmente. Foram analisados o peso final,
a taxa de crescimento semanal, a biomassa produzida, a sobrevivência final, a taxa
específica de crescimento, a percentagem de crescimento semanal e a taxa de conversão
alimentar aparente.
Cálculo dos dados:
Para o cálculo da taxa de crescimento semanal (TCS) foi utilizada a fórmula:
TCS = (P
F
P
I
) / (T / 7)
Onde: P
F
= peso final, P
I =
peso inicial e T = intervalo de tempo entre
biometrias sucessivas (dias).
Na determinação da taxa de sobrevivência final (S) foi utilizada a seguinte
fórmula:
S (%) = (NFC / NIC) x 100
Onde: NFC = número final de camarões, NIC = número inicial de camarões.
Para determinação da percentagem de crescimento semanal (PCS) foi utilizada
a fórmula:
PCS (% x semana
-
¹) = 100 x (P
f
P
i
) / (T
F
T
I
) / 7
Onde: P
f
= biometria, P
i
= biometria anterior, T
F
= data da biometria, T
I
= data
da biometria anterior.
Para estimar a biomassa total de camarões produzidos (BTP) foi utilizada a
fórmula:
BTP = (GP x NTIS)
Onde: GP = ganho de peso = (peso final peso inicial) e NTIS = número total
de indivíduos sobreviventes.
Para estimar a produtividade (biomassa de camarões produzidos/m²) foi
utilizada a fórmula:
PR = BTP / área de fundo do viveiro em m²
12
A taxa de conversão alimentar aparente foi calculada através da seguinte
fórmula:
TCA = QRF / BTP
Onde: QRF = quantidade de ração fornecida e BTP = biomassa total
produzida.
Além dos dados acima, para uniformizar os dados de crescimento dos
camarões, visto ter havido diferença estatística significativa (p<0,05) nos pesos médios
iniciais entre os tratamentos, foi utilizada a “taxa específica de crescimento em peso
úmido” (TEC), a qual possui a seguinte fórmula:
TEC: (% dia
-1
) = 100 x (ln P
F
ln P
I
) / T
Onde P
F
e P
I
são o peso vivo final e peso vivo inicial (g) dos camarões dentro
de um intervalo de tempo (dias).
Os valores de peso final, taxa de crescimento semanal, biomassa produzida,
sobrevivência e conversão alimentar nas repetições de cada tratamento foram analisados
através do teste “t” de Student.
13
RESULTADOS
RESULTADOS DO PERÍODO DE BERÇÁRIO:
Depois de 145 dias de permanência no berçário, o peso médio dos camarões
do tratamento crescimento compensatório (CC) passou de 0,03g para 0,64g, com
crescimento semanal de 0,03 g, sobrevivência de 79,7%, taxa de conversão alimentar de
1,5, taxa específica de crescimento de 2,11% por dia e produtividade de 1,02 kg/m²
(tabela 1). A temperatura média da água durante o período de berçário foi de 18,9°C,
sendo a temperatura mínima de 9,5°C e a máxima de 24,1°C. A salinidade média para
ambos os tratamentos foi 29.
Os camarões do tratamento crescimento normal (CN) permaneceram no
berçário por dezesseis dias, passando de um peso médio inicial de 0,03g para 0,36g,
com crescimento de 0,14g por semana, sobrevivência de 93%, conversão alimentar de
1,3, taxa específica de crescimento de 15,53% ao dia e produtividade de 0,67 kg/m²
(tabela 1). No berçário dos camarões do tratamento CN, a temperatura média da água
durante o período foi de 22,9°C, sendo a temperatura mínima de 21,3°C e máxima de
24,1°C.
Os resultados finais do período de berçário para ambos os tratamentos podem
ser observados na tabela 1.
Tabela 1. Resultados finais, no período de berçário, para os tratamentos crescimento
compensatório (CC) e crescimento normal (CN).
Período de berçário
CC
CN
Dias de berçário
145
16
Peso médio inicial (g)
0,03
0,03
Peso médio final (g)
0,64 ± 0,31
a
0,36 ± 0,09
b
Sobrevivência (%)
79,7
93,0
Crescimento semanal (g)
0,03
0,14
TEC (% dia
-1
)
*
2,11
15,53
Produtividade (kg/m²)
1,02
0,67
TCA**
1,5
1,3
Taxa específica de crescimento (% de crescimento ao dia). *
Taxa de conversão alimentar. **
14
RESULTADOS DO PERÍODO DE ENGORDA:
Durante o período de engorda, os valores dios dos parâmetros físico-
químicos da água não apresentaram diferenças significativas (p<0,05) entre os
tratamentos, sendo estes valores apresentados na tabela 2.
Tabela 2. Valores médios, mínimos e máximos dos parâmetros de qualidade de água
para os tratamentos crescimento compensatório (CN) e crescimento normal (CC).
CC
CN
Média
Mín.
Máx.
Média
Mín.
Máx.
Temperatura manhã (°C)
24,90 ± 1,65
21,51
28,9
24,83 ± 1,61
21,47
28,12
Temperatura tarde (°C)
27,21 ± 1,80
22,75
31,8
27,46 ± 1,77
23,29
31,33
Oxigênio dissolvido manhã (mg/l)
5,76 ± 2,17
2,06
8,35
5,81 ± 1,56
4,13
8,59
Oxigênio dissolvido tarde (mg/l)
8,19 ± 2,45
3,54
12,46
8,18 ± 1,54
5,06
10,91
pH manhã
7,99 ± 0,20
7,55
8,31
8,14 ± 0,25
7,65
8,45
pH tarde
8,12 ± 0,18
7,77
8,46
8,29 ± 0,23
7,87
8,65
Salinidade
34 ± 2,58
32
38
36 ± 2,46
32
37
Transparência (cm)
45 ± 21,18
20
100
51 ± 27,25
20
100
Amônia total (mg/l)
0,46 ± 0,32
0,15
1,26
0,52 ± 0,46
0,15
1,15
Após 101 dias de cultivo, o peso médio dos camarões do tratamento
crescimento compensatório (CC) passou de 0,64g para 8,46g. O peso médio dos
camarões do tratamento crescimento normal (CN) aumentou de 0,36g para 6,72g. A
sobrevivência no tratamento CC foi 76,0% e no tratamento CN foi 75,9%. O
crescimento semanal dos camarões do tratamento CC foi de 0,54g/semana, os camarões
do tratamento CN, tiveram crescimento semanal de 0,44g/semana.
Como houve diferença significativa (p<0,05) no peso médio inicial de cada
tratamento, utilizou-se a taxa específica de crescimento (TEC) com o objetivo de
uniformizar os dados e permitir a comparação entre o crescimento dos camarões. Os
valores da TEC mostraram crescimento não significativo dos camarões do tratamento
CN, com crescimento diário de 4,09% e os camarões do tratamento CC tendo
crescimento médio diário de 4,02%.
A diferença de produtividade entre os tratamentos foi significativa (P<0,05),
tendo o tratamento CC produtividade média de 1287 kg/ha, e o tratamento CN
produtividade média de 1015 kg/ha. A taxa de conversão alimentar do tratamento CC
foi maior que a conversão do tratamento CN.
15
Os resultados finais do período de engorda podem ser visualizados na tabela 3.
Tabela 3. Resultados finais, no período de engorda, para os tratamentos crescimento
compensatório (CC) e crescimento normal (CN).
Período de engorda
CC
CN
Dias de cultivo
101
101
Peso médio inicial (g)
0,64 ± 0,31
a
0,36 ± 0,09
b
Peso médio final (g)
8,46 ± 0,16
a
6,72 ± 0,41
b
Sobrevivência nos viveiros (%)
76,0 ± 9,4
75,9 ± 13,9
Crescimento semanal (g)
0,54 ± 0,01
a
0,44 ± 0,03
b
TEC (% dia
-1
) *
4,02 ± 0,30
4,90 ± 0,05
Produtividade (kg/ha)
1287 ± 184
a
1015 ± 125
b
T.C.A.
1,66 ± 0,09
a
1,5 ± 0,22
b
*Taxa específica de crescimento. Letras diferentes indicam diferenças significativas
(p<0,05) entre os tratamentos.
Observam-se diferenças significativas (p<0,05) nos pesos médios em todas as
biometrias executadas, e também na biometria final, tendo os camarões do tratamento
CC, nesta biometria, um valor 25% maior (P<0,05) que o peso médio dos camarões do
tratamento CN. Os valores de cada biometria podem ser visualizados na figura 5.
Figura 5. Pesos médios e desvio-padrão dos camarões criados em viveiros durante 101
dias. Letras diferentes nas colunas indicam que foi verificada diferença significativa
(p<0,05) entre os tratamentos.
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
0 18 39 61 79 90 101
dias de cultivo
peso médio (g)
CC
CN
a
b
a
a
a
a
a
a
b
b
b
b
b
b
16
Os valores de crescimento semanal também tiveram diferenças significativas
entre tratamentos, bem como as produtividades finais, devido principalmente às
diferenças dos pesos médios nas biometrias parciais e na biometria final. As taxas de
conversão alimentar também tiveram diferenças significativas entre os tratamentos.
A figura 6 ilustra os valores da percentagem de crescimento semanal dos
camarões em cada biometria, em relação ao peso médio inicial, durante o período de
engorda. Observa-se que a percentagem de crescimento semanal dos camarões do
tratamento CC foi superior apenas na primeira biometria, porém o crescimento foi
significativamente inferior na segunda e da terceira até o final do período de engorda, as
percentagens de crescimento semanais se mantiveram praticamente idênticas.
Figura 6. Percentagem de crescimento semanal e desvio-padrão, em relação ao peso
médio inicial, dos camarões nos tratamentos ao longo do período de engorda.
A “taxa específica de crescimento” (TEC) determina a percentagem diária de
crescimento dos camarões em cada tratamento durante o período de engorda. Observa-
se uma taxa de crescimento maior para o tratamento CC apenas no início do período de
engorda, porém a partir da segunda biometria a taxa de crescimento para o tratamento
CN tornou-se superior, mantendo-se assim até o final do ciclo de cultivo. Os dados
podem ser visualizados na figura 7.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
140%
18 39 61 79 90 101
dias de cultivo
% cresc. sem./biometria
CC
CN
17
Figura 7. Taxa específica de crescimento (TEC) e desvio-padrão, em percentagem de
crescimento dos camarões por dia, para os tratamentos CC e CN, ao longo do período
de engorda.
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
18 39 61 81 92 101
dias de cultivo
TEC (% / dia)
CC
CN
18
DISCUSSÃO
Na América Latina, os camarões normalmente permanecem nos berçários
aproximadamente dez a vinte dias (Garza de Yta 2004). No presente trabalho, os
camarões pertencentes ao tratamento CC permaneceram no berçário durante 145 dias,
tempo muito superior aos berçários utilizados comercialmente.
A temperatura média durante o período do berçário para o tratamento CC foi
de 18,9°C, valor muito inferior da faixa ideal, que para a espécie oscila de 28 a 32°C
(Van Wik & Scarpa 1999). Os camarões peneídeos são estenotérmicos, tendo poucas
espécies prosperando abaixo da temperatura mínima de 15°C. O limite máximo situa-se
em torno de 35°C (Dall et al. 1990)
A sobrevivência dos camarões no período de berçário pode ser considerada
elevada (79,7%), levando em consideração o longo tempo de cultivo, a alta densidade
de estocagem e também as baixas temperaturas suportadas pelos camarões durante todo
o período. Normalmente, a sobrevivência em berçário, varia entre 70-80% (Stern &
Letellier 1992), até valores de 89-93% (MOSS & MOSS 2004). Em relação ao
crescimento dos camarões no período de berçário, a temperatura teve possivelmente um
importante efeito, podendo ser evidenciado pela grande diferença na taxa específica de
crescimento (TEC) entre os tratamentos, CC (2,11% ao dia) e CN (15,53% ao dia). Kumlu
& Kir (2005) estudando consumo alimentar em relação a muda e sobrevivência de
Penaeus semisulcatus durante o inverno, observaram uma tendência decrescente na
TEC com a diminuição da temperatura de 22 para 14°C. Resultados similares foram por
Hennig & Andreatta (1998) para Farfantepenaeus paulensis. Villarreal & Llamas
(2005), analisando o efeito da temperatura no desenvolvimento larval do camao
Farfantepenaeus californiensis, concluíram que a durão de cada estágio larval foi
inversamente relacionada com a temperatura. Outro fator que pode afetar negativamente
o crescimento e a sobrevivência dos camarões no berçário é a densidade elevada, que
normalmente resulta em uma combinação de vários fatores, entre os quais: diminuição
na disponibilidade de espaço, diminuição nas fontes de alimentação naturais, aumento
de comportamentos adversos como canibalismo, maior degradação da qualidade da
água e acúmulo de sedimentos indesejáveis (Arnold et al. 2006; Kumlu & Kir 2005).
No presente estudo, a densidade populacional elevada no berçário aparentemente não
19
afetou drasticamente a sobrevivência, mas pode ter contribuído para o baixo
crescimento dos camarões.
Os peneídeos, como outros crustáceos, aumentam de tamanho em uma série de
passos: um rápido crescimento por meio da ecdise seguido por um período de pouco ou
nenhum crescimento até a próxima ecdise. O crescimento também é dependente do
sexo, tamanho e também por fatores ambientais, tais como qualidade do alimento e
quantidade, densidade populacional, luz, temperatura e salinidade (Dall et al. 1990).
Os camarões do tratamento CN permaneceram no berçário por apenas
dezesseis dias, sendo cultivados em temperatura mais elevada que o tratamento CC,
refletindo desta maneira os resultados de sobrevivência e principalmente crescimento,
como demonstra a TEC com valor de 15,53% ao dia.
Durante o período de engorda, os valores dios dos parâmetros físico-
químicos da água não tiveram diferenças significativas entre os tratamentos. Os valores
se apresentaram dentro da faixa recomendada para o cultivo e provavelmente não
tiveram influência decisiva nos resultados finais dos tratamentos (Van Wik & Scarpa
1999).
A sobrevivência final no período de engorda para cada tratamento pode ser
considerada normal, pois a mortalidade média foi de 1,38% por semana. Barbieri &
Ostrensky (2002) reportam sobrevivência em torno de 63% de L. vannamei
(mortalidade de 2,6% por semana) para viveiros de cultivo semi-intensivo, através de
povoamento direto, em 100 dias de cultivo.
O crescimento durante a engorda pode ser considerado abaixo do normal, pois
podemos encontrar valores em sistemas semi-intensivos de 0,94g por semana (Sandifer
et al. 1993) e até 2,2g por semana em sistemas intensificados (Sandifer et al. 1987). Nos
mesmos viveiros utilizados no presente trabalho, porém sem geomembrana
®
, Peixoto et
al. (2003) comparando desempenho entre espécies em sistema semi-intensivo (15
camarões/m²) encontraram valores de 0,84g/semana para L. vannamei e 0,78g/semana
para F. paulensis. Um dos motivos que podem explicar o resultado do presente estudo:
ausência da biota bentônica dos viveiros, pois estes foram revestidos com
geomembrana. Anderson et al. (1987) observaram que os organismos bentônicos podem
contribuir com até 77% do crescimento de L. vannamei. A quantidade de ração
fornecida pode ter sido ligeiramente inferior ao necessário. A quantidade sugerida para
20
a faixa de tamanho no período de engorda seria de 10% da biomassa ao dia no início do
ciclo, diminuindo até 4% da biomassa diária no final do ciclo (Jory 2001). Esta
diminuição da quantidade fornecida de alimento teve o objetivo de manter a qualidade
da água nas melhores condições físico-químicas possíveis, pois os viveiros operaram
em sistema de renovação limitada de água e não foram utilizados equipamentos
aeradores para incorporação de oxigênio. No entanto, a escolha de um sistema de
produção com renovação limitada apresenta várias vantagens sobre os sistemas
tradicionais baseados em renovação de grandes volumes de água: reduz os impactos
ambientais devidos a descarga de efluentes; protocolos de biossegurança podem ser
implementados para manejar possíveis vetores de doenças, fornece a possibilidade de
montar empreendimentos de cultivo longe das regiões costeiras e diminuem os custos
de energia elétrica (McAbee et al. 2003).
Os valores de taxa de crescimento normalmente costumam ser expressos em
gramas por semana, facilitando o gerenciamento das fazendas de cultivo de camarões,
pois podem ser facilmente convertidas para uma determinada unidade de referência. Em
todas as biometrias, os pesos médios dos camarões apresentaram diferenças
significativas (p<0,05) para cada tratamento. Apesar dos pesos médios serem diferentes
no início do experimento, é uma prática comum os autores utilizarem camarões de
diferentes classes de tamanho em seus experimentos. Willians et al. (1996) realizaram
experimentos de crescimento em P. setiferus e de P. monodon, com duração de 50 dias,
utilizando camarões com peso médio inicial de 0,24 e 0,12 g respectivamente, Zelaya et
al.(2007) em experimento de engorda com L. vannamei estocados com três diferentes
idades, utilizou camarões com 0,001g, 0,01g e 0,016g, utilizando estocagem direta, 14
dias de berçário e 21 dias de berçário respectivamente. Portanto, no presente trabalho o
ideal teria sido que ambos os tratamentos tivessem exatamente o mesmo peso médio no
início do experimento. No entanto, não foi possível uma espera maior, pois haveria o
risco da perda da época ideal de cultivo dos camarões nos viveiros, sendo que o período
final da engorda coincidiria com a diminuição acentuada da temperatura no outono que
normalmente ocorre no extremo sul do Brasil.
Com o sentido de refinar as informações obtidas no experimento, foi utilizada
a percentagem de crescimento semanal (PCS) dos camarões, cujos valores forneceram
melhor compreensão em relação ao ganho de peso em cada tratamento. Utilizando este
21
cálculo, foi observado maior crescimento do tratamento CC na primeira biometria. No
entanto, na segunda biometria, diferente do que mostra o gráfico dos valores de peso
médio, a percentagem de crescimento dos camarões do tratamento CN foi superior, e da
terceira biometria até o final, as percentagens de crescimento foram idênticas entre os
tratamentos.
Com o objetivo de complementar a análise dos resultados, além da utilização
dos valores de peso médio e percentagem de ganho de peso, foi utilizada a “taxa
específica de crescimento”, a qual forneceu a percentagem de crescimento diária dos
camarões, em cada tratamento. Esta taxa é utilizada normalmente para estudos de
crescimento compensatório após restrição alimentar e realimentação e também restrição
protéica (Wu et al. 2001; Wu & Dong 2002); avaliação de taxas de crescimento em
viveiros de cultivo (Ostrensky & Pestana 2000); estudos para avaliação de crescimento
e sobrevivência em climas temperados (Kumlu & Kir 2005). Os valores da taxa
específica de crescimento (TEC) foram maiores na primeira biometria para o tratamento
CC. A partir da segunda biometria até a biometria final, os valores de crescimento
diário foram superiores para o tratamento CN, sendo a diferença média final menor que
1%. Esse resultado corresponde a que Wu et al. (2001) encontraram estudando o efeito
do crescimento compensatório de F. chinensis em regime de restrição alimentar, no qual
logo após aumentar a oferta de alimento, depois de um período de restrição alimentar, a
TEC do tratamento “crescimento compensatório” aumentou significativamente em
relação ao tratamento controle.
Os resultados alcançados demonstraram a ocorrência do crescimento
compensatório, tendo os camarões do tratamento CC uma taxa de crescimento superior
ao tratamento CN no início do período de engorda, embora posteriormente a taxa de
crescimento tenha diminuído. Em crustáceos, que possuem um exoesqueleto grande e
sem capacidade de expansão, o crescimento é essencialmente um processo descontínuo.
uma sucessão de mudas (ou ecdises) separada por períodos de intermuda durante
todo o período de vida (Hartnoll 1982). O consumo dos camarões é muito afetado pelo
período de muda, caracterizado perda de apetite antes e logo após a troca do
exoesqueleto (Wu et al. 2001). Então parece ser razoável deduzir que a duração do
período de crescimento compensatório seja interrompida por um período de jejum, para
a realização da ecdise.
22
Os resultados revelam também a importante capacidade que L. vannamei possui
de mesmo após um longo período de confinamento, em densidades elevadas e em
condições de baixas temperaturas, quando colocado em um novo ambiente menos
estressante, reagir e apresentar crescimento comparável aos indivíduos povoados
diretamente.
Este procedimento de estocagem em berçário pode ser utilizado futuramente
para o acondicionamento de camarões por longos períodos de tempo e em densidades
elevadas, sendo que as baixas temperaturas e altas densidades podem servir de
ferramentas para a diminuição da taxa de crescimento e manter a biomassa do sistema
controlada. Os resultados também confirmam a possibilidade da manutenção de lotes de
camarões em sistemas de berçários e possivelmente fracionar a estocagem. Com isso,
torna-se possível para um produtor adquirir pós-larvas e iniciar uma seqüência de
cultivos em diferentes datas, o que pode ser uma importante estratégia em termos
comerciais.
23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALI, M, A NICIEZA & RJ WOOTTON. 2003. Compensatory growth in fishes: a
response to growth depression. Fish and Fisheries. Vol. 4: 147-190.
ANDERSON, RK, PL PARKER & A LAWRENCE. 1987. A C
13
/C
12
tracer study of
the utilization of presented feed by a commercially important shrimp. Journal of the
WAS. Vol. 18 (3): 148-155.
ARNOLD, SJ, T MELONY, MJ SELLARS, PJ CROCOS & GJ COMAN. 2005.
Response of juvenile brown tiger shrimp (Penaeus esculentus) to intensive culture
conditions in a flow through tank system with three-dimensional artificial substrate.
Aquaculture. Vol. 246: 231 238.
ARNOLD, SJ, MJ SELLARS, PJ CROCOS & GJ COMAN. 2006. Intensive production
of juvenile tiger shrimp Penaeus monodon: An evaluation of stocking density and
artificial substrates. Aquaculture. Vol. 261: 890896.
BARBIERI, R & A OSTRENSKY. 2002. Camarões Marinhos Engorda. Aprenda
Fácil Ed. Viçosa. Vol. 2. 370 pág.
BOYD, C. 2003. Guidelines for effluent management at the farm level. Aquaculture.
226: 101-112.
BROCK, JA, RB GOSE, DV LIGHTNER & K HANSON. 1997. Recent developments
and an overview of Taura Syndrome of farmed shrimp in the Americas. In: TW Flegel
& IH MacRae, editors. Diseases in Asian aquaculture III. Fish Health Section, Asian
Fisheries Society, Manila. Philippines. Pág: 275-284.
CLIFFORD, HC. 1985. Semi-intensive shrimp farming. In: GW Chamberlain, MG
Haby and RJ Miget, editors. Texas shrimp manual, an update on current technology.
Texas A&M University System, College Station, Texas, EUA. Pág: 13-40.
24
CLIFFORD III, HC, 1998. Manejo de piscinas sembradas com camarón azul
Litopenaeus stylirostris. In: Jory, DE, editor. Proceedings, First Latin American Shrimp
Farming Congress. Grupo de Ferias, Congressos y Eventos, Panamá.
DALL, W, BJ HILL, PC ROTHLISBERG & DJ STAPLES. 1990. Biology of the
Penaeidae. JHS Blaxter & AJ Southward (eds). Advances in Marine Biology, vol 27.
Academic Press, New York, 489 pág.
FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nation). 2007. El estado
mundial de la pesca e acuicultura 2006. Fisheries Department Trends in Global
Fisheries Production. Disponível na internet em http://www.fao.org.
FAST, AW. 1991. Marine shrimp growout conditions and strategies: a review and
prognosis. Rev. Aquatic. Sci. Vol. 3: 357-399.
FEGAN, DF & HC CLIFFORD III. 2001. Health Management for viral diseases in
shrimp farms. In: CL Browdy and DE Jory, editors. The New Wave, Proceedings of the
Special Session on Sustainable Shrimp Culture, Aquaculture 2001. World Aquaculture
Society, Baton Rouge, Louisiana, EUA. Pág. 168198.
GARZA DE YTA, A, DB ROUSE & DA DAVIS. 2004. Influence of Nursery Period
on the Growth and Survival of Litopenaeus vannamei Under Pond Production
Conditions. Journal of the WAS. Vol. 35(3): 357-365.
GRIFFIN, WL, JS HANSON, RW BRICK & MA JOHNS. 1981. Bioeconomic
modeling with stochastic elements in shrimp culture. Journal of the World Mariculture
Society. Vol. 12: 94103.
HARTNOLL, RG. 1982. The Biology of Crustacea. Embryology, Morphology and
Genetics. Growth. Pp. 111196 in DE Bliss, ed. in chief. Vol 2. LG Abele, ed.
Academic Press, New York, EUA.
HAYWARD, RS, DB NOLTIE & N WANG. 1997. Notes: use of compensatory growth
to double hybrid sunfish growth rates. Transactions of the American Fisheries Society.
Vol. 126: 316322.
25
HENNIG, OL & ER ANDREATTA. 1998. Effect of temperature in an intensive
nursery system for Penaeus paulensis (Pérez Farfante, 1967). Aquaculture. Vol.164 (1-
4): 167-172.
HIRONO, Y. 1983. Preliminary report on shrimp culture activities in Ecuador. Journal
of the World Mariculture Society. Vol. 14:451-457.
JOBLING, M, OH MELØY, JD SANTOS & B CHRISTIANSEN. 1994. The
compensatory growth response of the Atlantic cod: effects of nutritional history.
Aquaculture International. Vol. 2: 7590.
JORY, D, TR CABRERA, DM DUGGER, D FEGAN, PG LEE, AL LAWRENCE, CJ
JACKSON, RP McINTOSH & J CASTAÑEDA. 2001. A global review of shrimp feed
management: status and perspectives. In: CL Browdy and DE Jory. The New Wave,
Proceedings of the Special Session on Sustainable Shrimp Culture, Aquaculture 2001,
The World Aquaculture Society, Baton Rouge, LA, EUA. Pág: 104152.
KARPLUS, I, M ZORAN, A MILSTEIN, S HARPAZ, Y ERAN, D JOSEPH & A
SAGI. 1998. Culture of Australian Red-claw Cray- fish (Cherax quadricarinatus) in
Israel III. Survival in earthen ponds under ambient winter temperatures. Aquaculture.
Vol.166: 259-267.
KUMLU, M & M KIR. 2005. Food consumption, molting and survival of Penaeus
semisulcatus during over-wintering. Aquac. Research. 36: 137-143.
LAWRENCE AL. 1985. Marine shrimp culture in the Western Hemisphere. In: PC
Rothlisberg, BJ Hill & DJ Staples, editors. Second Australian National Prawn Seminar.
22-26 October 1984. Cleveland, Queensland, Australia. Pág: 327-336.
LAWRENCE AL & JV HUNER. 1987. Penaeid shrimp culture in the United States: a
brief overview stressing species, seed production and growout. In: CJ Sinderman,
editor. Reproduction, maturation and seed production of culture species. United States
Department of Commerce, NOAA Technical Report, National Marine Fisheries Service
47. Pág: 31-41.
26
MCABEE, BJ, CL BROWDY, RJ RHODES & AD STOKES. 2003. The Use of
Greenhouse-Enclosed Raceway Systems for the Super-Intensive Production of Pacific
White Shrimp Litopenaeus vannamei in the United States. Global Aquaculture
Advocate. Vol. 6(4).
MCGRAW, WJ, DA DAVIS, D TEICHERT-CODDINGTON & DB ROUSE. 2002.
Acclimation of Litopenaeus vannamei post larvae to low salinity: influence of age,
salinity endpoint, and rate of salinity reduction. Journal of the WAS. 33: 78-843.
MERSMANN, HJ, MD MACNEIL, SC SEIDMAN & WG POND. 1987.
Compensatory growth in finishing pigs after feed restriction. J. Anim. Sci. Vol. 64: 752
764.
MOSS, K & S MOSS. 2004. Effects of Artificial Substrate and Stocking Density on the
Nursery Production of Pacific White Shrimp Litopenaeus vannamei. Journal of the
WAS. Vol. 35(4): 536-542.
NAYLOR, RL, RJ GOLDBURG, JH PRIMAVERA, N KAUTSKY, MCM
BEVERIDGE, J CLAY, C FOLKE, J LUBCHENCO, H MOONEY & M TROELL.
2000. Effect of aquaculture on world fish supplies. Nature. 45: 1017-1024.
NEW, MB & HR RABANAL. 1985. A review of the status of penaeid aquaculture in
South East Asia. In: PC Rothlisberg, BJ Hill e DJ Staples, editors. Second Australian
National Prawn Seminar, Cleveland, Queensland, Australia, 22-26 de outubro de 1984.
Pág. 307-326.
OSTRENSKY, A & D PESTANA. 2000. Avaliação das taxas de crescimento de
Farfantepenaeus paulensis (Pérez-Farfante, 1967) em viveiros de cultivo. Archives of
Veterinary Science. Vol. 5: 5-15.
PEIXOTO, S, W WASIELESKY & L LOUZADA. 2003. Comparative analysis of pink
shrimp Farfantepenaeus paulensis and pacific white shrimp, Litopenaeus vannamei,
culture in extreme southern Brazil. Journal of Applied Aquac. Vol. 14(1/2): 101-111.
27
PRETTO, RM. 1983. Penaeus shrimp pond grow-out in Panama. JP McVey & JR
Moore, editors. CRC handbook of mariculture, vol. 1. Crustacean aquaculture. CRC
Press, Boca Raton, Florida, EUA. Pág: 169-178.
QUINTON, JC & RW BLAKE. 1990. The effect of feed cycling and ration level on the
compensatory growth-response in rainbow-trout, Oncorhynchus mykiss. Journal of Fish
Biol. Vol.37: 3341.
SADEH, A, CR PARDY, WL GRIFFIN & AL LAWRENCE. 1986. Uncertainty
consideration resulting from temperature variation on growth of Penaeus stylirostris in
ponds. Texas Journal of Science. Vol. 38: 159173.
SAMOCHA, TM & AL LAWRENCE. 1992. Shrimp nursery systems and management.
In: J Wyban, editor. Proceedings of the Special Session on Shrimp Farming. World
Aquaculture Society, Baton Rouge, Louisiana, EUA. Pág: 87105.
SAMOCHA, TM, J CORDOVA, T BLACHER & A WIND. 2000. High-density
nursery of Litopenaeus vannamei in white spot infected area utilizing raceway system
with limited water discharge in Ecuador. Global Aquaculture Advocate. Vol. 3: 6668.
SANDIFER, PA, JS HOPKINS & AD STOKES .1987. Intensives culture potential of
Penaeus vannamei. Journal of the WAS. 18(2): 94-100.
SANDIFER, PA, JS HOKINS & AD STOKES. 1988. Intensification of shrimp culture
in earthen ponds in South Carolina: progress and prospects. Journal of the WAS. 19(4):
218-226.
SANDIFER, PA, JS HOPKINS, AD STOKES & CL BROWDY. 1993. Preliminary
comparisons of the native Penaeus setiferus and Pacific Penaeus vannamei white
shrimp for pond culture, in South Carolina, USA. Journal of the WAS. 24(3): 295-303.
SEIDMAN, ER & G ISSAR. 1988. The culture of Penaeus semisulcatus in Israel.
Journal of the WAS. Vol. 19: 237-247.
28
SPANN, KM, RA DONALDSON, JA COWLEY & PJ WALKER. 2000. Differences in
the susceptibility of some penaeid prawn species to gill-associated virus (GAV)
infection. Disease of Aquatic Organisms. Vol. 42: 221-225.
STERN, S & E LETELLIER. 1992. Nursery systems and management in shrimp
farming in Latin America. In: J. Wyban, editor. Proceedings of the Special Session on
Shrimp Farming. World Aquaculture Society, Baton Rouge, Louisiana, EUA.
STURMER LN, TM SAMOCHA & AL LAWRENCE. 1992. Intensification of Penaeid
Nursery systems. Edited by AW Fast and LJ Lester, editors. Marine Shrimp Culture:
Principles and Practices. Elsevier Science Publishing Company, Elsevier, New York,
EUA. Pág: 321-344.
STURMER, LN & AL LAWRENCE. 1987. Intensive pond management strategies for
nursery production of Penaeus vannamei juveniles. Journal of the WAS. Vol.18 (1):28A
(Abstract).
SUMMERS, JD, D SPRATT & D ATKINSON. 1990. Restricted feeding and
compensatory growth for broilers. Poult. Sci. Vol. 69: 18551861.
UNESCO. 1983. Chemical methods for use in marine environmental monitoring
Intergovernmental Oceanographic Commission. Manual and Guides 12 Paris. France.
VAN WIK, P & J SCARPA. 1999. Water Quality Requirements and Management. In: P
Van Wyk et al. (editores). Farming Marine Shrimp in Recirculating Freshwater
Systems. Tallahassee, Florida, EUA. Florida Department of Agriculture and Consumer
Services. Pág: 141-162.
VILLARREAL, H & AH LLAMAS. 2005. Influence of temperature on larval
development of pacific brown shrimp Farfantepenaeus californiensis. Aquaculture.
249: 257-263.
WILLIANS, AS, DA DAVIS & CR ARNOLD. 1996. Density-dependent growth and
survival of Penaeus setiferus and Penaeus vannamei in a semi-closed recirculating
system. Journal of the WAS. Vol. 27(1): 107-112.
29
WILSON, PN & DF OSBOURN. 1960. Compensatory growth after undernutrition in
mammals and birds. Biological Review. Vol. 35: 324363.
WU, L, S DONG, F WANG, X TIAN & S MA. 2001. The effects of previous feeding
regimes on the compensatory growth response in Chinese shrimp Fenneropenaeus
chinensis. Journal of Crustacean Biology. Vol. 21(3): 559-565.
WU, L & S DONG. 2002. Effects of protein restriction with subsequent realimentation
on growth performance of juvenile Chinese shrimp Fenneropenaeus chinensis.
Aquaculture. Vol. 210: 343-358.
WYBAN, J, WA WALSH & DM GODIN. 1995. Temperature effects on growth,
feeding rate and feed conversion of the Pacific white shrimp Penaeus vannamei.
Aquaculture. 138: 267-279.
ZELAYA, O, DB ROUSE & DA DAVIS. 2007. Growout of pacific white shrimp
Litopenaeus vannamei stocked into production ponds at three different ages. Journal of
the WAS. Vol. 38. N° 1: 92101.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo