medo, aversão e preconceito. Refiro-me aos signos como distorções em guitarras, roupas pretas,
caveiras, cruzes com bordas coloridas, botas no estilo coturno, cruzes invertidas, gesticular com as
mãos a imagem de um chifre, baphomet
25
como o observado no show da Krisiun, tatuagens,
acessórios em formato circular e entrelaçados por pedras de metal e correntes do mesmo produto,
além de homens trajando longos casacos pretos que mais se assemelham a vestidos femininos.
Quando indaguei os participantes dos shows a respeito desses signos, as respostas que me foram
colocadas sugerem algumas possíveis interpretações para esta questão nos shows de Metal:
“Acho que é quase impossível você ir a um show de Metal e não se empolgar
fazendo os famosos ‘chifrinhos’! Isso faz parte do estilo, pelo fato de já estar
enraizado no meio underground. O mesmo acontece com as roupas: camisas pretas,
calças rasgadas, jaquetas jeans cheias de patches, colares, etc. Acho, também, que se
não tivessem essas coisas no meio Metal, seria até um pouco sem graça, não acha?
Agora, não confundir ‘caracterização do estilo’ com ‘moda’! Aí não dá! Porque têm
pessoas que acham que toda aquela indumentária é moda, tipo: ‘Ah, fulaninho tá
vestido todo de preto, então vou me vestir de preto também, pra entrar na onda!’.
Sem comentários! As roupas pretas dizem respeito à essência obscura que o estilo
‘Metal’ passa, essência essa que se nota nas letras das músicas. Peguemos como
exemplo o Black Sabbath. Naquela época (final dos 60’s e início dos 70’s) a
predominância era das bandas de rock progressivo, com todo o seu psicodelismo,
paz e amor, músicas que duravam o lado inteiro de um disco, etc. Surge então uma
banda que revoluciona os meios musicais, falando sobre ocultismo, misticismo,
guerras, deixando de lado o ‘paz e amor’ (sem deixar de lado o psicodelismo) e com
um som bem mais ‘pesado’. Pronto, o caldo tinha entornado! Foi o começo do fim!
Depois vieram Venom, Celtic Frost, Possessed, Slayer, Death e por aí
vai...”(Alfredo Júnior, 28 anos ,estudante de História).
“Se uma banda está fazendo bem o dever de casa em cima do palco, o público tende
a fazer esse sinal de aprovação, de que compartilha com a energia que está sendo
propagada e mostrando que aprova a atitude que está sendo tomada. Reflete bem o
sentimento de compartilha e confraternização comum entre os apreciadores da boa
música” (Naudiney Gonçalves, 26 anos, Historiador).
“Eu acho que é uma forma de expressar; pra mim, no meu caso, é uma maneira que
eu tenho de expressar a minha indignidade pra com essa sociedade hipócrita. Nessa
sociedade você tem de ser marionete e andar de acordo com o que eles impõem e
quando você é diferente você é visto como marginal que é dessa forma que as
pessoas que se vestem assim são chamadas. Exatamente pra ser oposto; já que as
pessoas pensam que somos marginais vamos nos opor a tudo isso. Faz parte do
Metal. É uma maneira de se você se identificar (com o estilo); não existe metaleiro
que não ande de preto, que não use tachinhas, cruz de metal. Pra mim eu uso que
faz parte da minha ideologia de vida e integra tudo isso. Ser roqueiro, ser metaleiro
não é só você ouvir uma musiquinha e ir embora; é você gostar e viver aquilo”
(Fátima Almeida, 43 anos, Massoterapeuta).
25
Ver algumas explicações em: http://www.espada.eti.br/n1601.asp; http://www.iot.org.br/baphomet.html;
http://paginas.terra.com.br/lazer/mundoeuro/baphomet.htm