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7): “o mandala é basicamente representado como um círculo dentro de um quadrado [...] o
quadrado no mandala simboliza o finito, o nível pessoal e cartesiano de percepção dos
objetos. O círculo simboliza o infinito, o nível transpessoal”. O círculo também está
relacionado ao céu e o quadrado à terra
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O material necessário para a realização do mandala é um papel branco quadrado
(40x40cm), com gramatura variando entre 40 e 60 mg, um círculo de diâmetro de
aproximadamente 30 cm e giz pastel.
Neste contexto, que não é psicoterapêutico, mas visa acessar níveis transpessoais de
consciência, utilizou-se o tema da origem do universo como estímulo inicial, a fim de
provocar a emergência de conteúdos arquetípicos relacionados a este assunto tão intrigante,
que nos remete à origem de tudo o que existe, inclusive de nós mesmos.
A prática iniciou-se com exercícios corporais envolvendo as articulações, visando
aliviar tensões e liberar mais o corpo. Em seguida, ouviu-se música africana vibrante e se
estimulou a soltura corporal através de movimentos espontâneos, a fim de desformatar
posturas corporais cotidianas, por vezes reprimidas, e dinamizar a energia vital. Após esta
saturação corporal foi sugerido um exercício de relaxamento, por se entender que este é
necessário para promover diminuição na freqüência de ondas cerebrais, propiciando uma
maior abertura para os canais psíquicos inconscientes, transpondo as barreiras conceituais e
resistentes do estado de vigília. Este momento foi realizado com todos sentados, coluna ereta,
com o ambiente na penumbra. Sugeriu-se que fechassem os olhos para diminuir os estímulos
visuais, a fim de facilitar a relaxação físico-mental e seguissem o comando de voltar a atenção
para o corpo e a respiração.
O momento central desta prática é quando a facilitadora sugeriu que os alunos, os
quais ainda estavam de olhos fechados, observassem que imagem, ou imagens, emergiram à
mente quando ouviram as palavras 'Origem do universo'. Deu-se um tempo para que tais
imagens viessem à tona e, em seguida, pediu-se para que todos abrissem os olhos e, ao
encontrar o material de mandala à frente, a pessoa concentrasse a atenção no centro do círculo
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Como destaca Jafelice (2006c): “A circunferência está associada, em muitas culturas humanas, ao
celeste, ao divino, ao inacessível ao ser humano, representando, assim, a equanimidade, isotropia,
imutabilidade, perfeição, à qual aquela figura geométrica pode simbolicamente remeter, e o quadrado
costuma estar associado ao terrestre, ao humano, àquilo acessível, representando, então, as quatro
direções cardeais, anisotropia, mutabilidade, imperfeição (quebra), em parte também pelo contraste ou
antagonismo geométrico em comparação com a circunferência. Contudo, ambas as representações
abrigam um simbolismo organizador - que expressa uma unidade desdobrada na complementaridade
das duas representações -, criado em resposta às nossas necessidades de estrutura, orientação e
significado para os intermundos físico, psíquico, natural, cultural, enfim, para o que significa ser parte
imanente do cosmo”.