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Também no setor publico, alertou Sidgwick, a importância da ética não deveria ser
subestimada. Qualquer que seja o partido no poder, a atividade governamental depende
da existência de pessoas privadas que busquem a realização de objetivos públicos. Tais
pessoas existem, mas a escassez de “moralidade política” impõe sérios limites.
Deve-se ressaltar, no entanto, que as investigações iniciais sobre a influência da
educação sobre o crescimento econômico iniciaram-se efetivamente, de forma mais
sistemática, durante os anos 60 com as publicações de Schultz (1963)
3
, sobre o valor
econômico da educação e Becker (1964)
4
com a teoria do Capital Humano. As
diferenças observadas no crescimento do produto e a absorção efetiva de fatores de
produção têm sua explicação atribuída às melhorias observadas no fator trabalho que
elevam sua capacidade produtiva e geram os aumentos de produtividade
5
, os quais se
refletirão, em ultima instância, nos aumentos de bem-estar da população. A partir de
então, o conceito de investimento em capital humano passou a ser incorporado na
literatura do crescimento iniciada por Solow (1957).
Quando relacionamos a corrupção ao capital humano podemos perceber a relação
inversa entre eles
6
, mais especificamente, quando mais capital humano menor é o índice
de criminalidade
7
, “ainda que crimes do coralinho branco exijam níveis educacionais
mais elevados” conforme Lochner (2004)
8
.
desonesto que emprega trabalho e capital na produção da aparência ilusória de utilidade e o comerciante que estraga os seus artigos
adulterando-os diminuem a produção [...] Mesmo no desempenho das funções industriais comuns com as quais se ocupa a ciência
econômica, os homens não são influenciados apenas pelo motivo do auto-interesse, como os economistas tem algumas vezes
assumido, mas também, e de forma extensiva, por considerações morais. .”. Sidgwick, H. apud Giannetti; Principles of political
economy 1883.
3
Schultz, T. W., The Economic Value of Education, 1963.
4
Becker, Gary S., 1964, Human Capital; The University of Chicago Press e Human Capital: A theoretical and empirical analysis
with special reference to education. Nova York: NBER, 1964.
5
“Em primeiro lugar, é preciso incentivar um aumento da produtividade, que é fator essencial de crescimento econômico. Em
segundo lugar, é preciso que as instituições incentivem a distribuição de riqueza entre todos os níveis sociais. É mais ou menos o que
Taiwan e Coréia quando se desenvolveram. Criaram instituições que fomentam o desenvolvimento não só entre grupos de alta renda,
mas também entre grupos de baixa renda. Para tanto, incentivaram investimentos em educação e coisas assim, tornando os grupos de
baixa renda mais produtivos”. North, Douglas. Jornal Valor Econômico. 29 de Abril de 2005.
6
“Em alguns países em desenvolvimento, as pessoas sugerem que a educação fere o crescimento apenas porque quanto mais
formadas (educadas), mais corruptas serão. Mas é preciso que existam sistemas que garantam que pessoas com boa formação
trabalhem em prol da economia, em benefício dela, e não façam parte da corrupção governamental [...].”. Hanuschek, Eric. Jornal
Valor Econômico. 10 de novembro de 2005.
7
“Diferentemente do crime comum, o organizado tende a ser pró-cíclico vale dizer: se a economia vai bem o crime organizado vai
melhor ainda. Boa parte do notável crescimento do crime organizado global na segunda metade dos anos 90, explica-se pelo boom
econômico do período e ineficácia das organizações de controle do crime, da lei e das instituições [...]. O crime organizado possui
quatro características básicas: (i) ele é irmão siamês da corrupção da justiça, da polícia, do sistema prisional e da política; (ii) tende a
aumentar com o crescimento econômico; (iii) gera um Estado primitivo, ou seja, paralelo e tirânico e, por fim, (iv) a médio prazo, se
não é controlado, domina o sistema político por meio de financiamento de campanhas”. Silva, Marcos Fernandes Gonçalves da. “ A
economia e a política do crime organizado”. Jornal Valor Econômico, 31 de janeiro de 2002, pág. A10.
8
Lochner, Lance. Education, Work and Crime: A Human Capital approach (May 2004). NBER working paper.