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que as classes pobres deixem de usar o transporte por razões de acesso limitados pela
renda. Isto resulta num impasse que concorre para uma série de decorrências. Uma
delas é a questão do equilíbrio financeiro do Sistema, onde as variáveis custo e receita
têm que manterem um equilíbrio que demonstre ser sustentável e por outro lado a
capacidade do sistema viário que vem alcançando picos de saturação ano a ano e que,
para compensar, os governos municipais têm que realizar inversões maciças na
construção de vias, viadutos, pontes, etc. O exemplo local é o sistema viário da zona
Sul do Recife, com destaque para o Bairro de Boa Viagem, que tem recebido
investimentos pesados no alargamento de vias, implantação de binários, implantação
de lombadas eletrônicas, pavimentação, construção de túneis, novas vias, alças de
viadutos, pontes e outros tipos de acessos.
TABELA 25 – EVOLUÇÃO NA QUEDA DA DEMANDA DE PASSAGEIRSO DO STPP/RMR
Ano
Passageiros
equivalentes
(média
mensal em
milhões)
Quilometragem
Total (média
mensal em
milhões)
Frota
média
diária
Viagens
(média
mensal em
milhares)
IPK
equival.
Passageiro/
veiculo
(média
mensal em
milhares)
Passageiro/viagem
(média mensal em
milhares)
1991
39,295 15,359 2,093 475,000 2,56 18,774 82,73
1992
34,479 16,078 2,211 491,667 2,14 15597 70,13
1993
33,984 16,133 2,195 493,333 2,11 15,482 68,89
1994
31,951 16,428 2,183 480,833 1,94 14,636 66,45
1995
33,566 15,974 2,341 517,500 2,10 14,338 64,86
1996
33,450 17,973 2,533 556,667 1,86 13,206 60,09
1997
30,333 18,300 2,603 592,500 1,66 11,653 51,20
1998
28,036 18,131 2,611 577,500 1,55 10,738 48,55
1999
26,783 18,721 2,566 578,333 1,43 10,437 46,31
2000
25,100 17,871 2,371 594,167 1,40 10,586 42,24
2001
23,098 17,098 2,343 575,833 1,35 9,858 40,11
2002
23,079 16,710 2,330 555,557 1,38 9,905 41,54
2003
23,183 16,684 2,299 566,552 1,39 10,086 40,92
FONTE: ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA EMTU/RECIFE / AGOSTO 2003
Como se verifica, entre 1991 e 2003, houve uma significativa queda de passageiros
transportados, cerca de 16 milhões em treze anos, o que dá um percentual em torno de
45% (quarenta e cinco por cento). A questão é que esta demanda se deslocou para
algum lugar. Havia um indício, como de fato foi provado, que a perda teria sido por
causa da entrada na cena urbana de um novo elemento a partir do início da década de
noventa, tão polêmico quanto qualquer outro que faz parte daquilo que inquieta o
gestor urbano, o transporte alternativo, como era conhecido pela população usuária e
que, para o gestor público era um clandestino ou na melhor das hipóteses não passava
de um informal. Tal fenômeno assolou todas as grandes cidades brasileiras e as ruas
se transformaram em praças de guerra.
A cidade do Recife chegou a ter 7.000 (sete mil) veículos de pequeno porte como
Vans, Bestas, Kombis, Micro ônibus e outros tipos de utilitários, inclusive com placas