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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
Arno Uszacki
A Economia do Município de Dom Feliciano:
Diagnóstico Preliminar e Cenário como Ferramenta
para Tomada de Decisão
Porto Alegre
2006
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
Arno Uszacki
A Economia do Município de Dom Feliciano:
Diagnóstico Preliminar e Cenário como Ferramenta
para Tomada de Decisão
Dissertação a ser apresentada ao Programa de Pós
Graduação em Economia da Faculdade de Ciências
Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul como requisito parcial para obtenção do título
de Mestre em Economia, modalidade
profissionalizante, com ênfase em Controladoria.
Orientador: Prof. Dr. Pedro Cezar Dutra Fonseca
Porto Alegre
2006
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DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
Responsável: Biblioteca Gládis W. do Amaral, Faculdade de Ciências Econômicas da
UFRGS
U88e Uszacki, Arno
A economia do município de Dom Feliciano : diagnóstico preliminar e
cenário como ferramenta para tomada de decisão / Arno Uszacki.
Porto
Alegre, 2006.
70 f. : il.
Ênfase em Controladoria.
Orientador: Pedro Cezar Dutra Fonseca.
Dissertação (Mestrado profissional em Economia) -
Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Ciências Econômicas,
Programa de Pós-Graduação em Economia, Porto Alegre, 2006.
1. Economia regional : Dom Feliciano (RS). 2. Indústri
Dom Feliciano (RS). 3. Dom Feliciano (RS) : Aspectos históricos. I.
Fonseca, Pedro Cezar Dutra. II. Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. Faculdade de Ciências Econômicas. Programa de Pós-
Graduação em
Economia. III. Título.
CDU 338.1
Arno Uszacki
A Economia do Município de Dom Feliciano:
Diagnóstico Preliminar e Cenário como Ferramenta
para Tomada de Decisão
Dissertação a ser apresentada ao Programa de Pós
Graduação em Economia da Faculdade de Ciências
Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul como requisito parcial para obtenção do
título de Mestre em Economia, modalidade
profissionalizante com ênfase em Controladoria.
Aprovada em 18 de setembro de 2006
Prof. Dr. Pedro Cezar Dutra Fonseca - Orientador
Prof. Gentil Corazza – PPGE/UFRGSUL
Prof. José Luiz dos Santos - UNIFIN
Prof. Paulo Schmidt – PPGE/UFRGSUL
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela minha vida e pela e particularmente por Sua infinita bondade em
conceder-me: o privilégio de integrar a lista dos aprovados no processo seletivo para o
Mestrado em Controladoria da UFRGS, forças para concluir as etapas do processo e
finalmente apresentar esta Dissertação.
Agradeço aos meus pais Henrique e Joana Uszacki, por seus ensinamentos e incentivos para
buscar novos horizontes.
Agradeço ao Professor Dr. Pedro Cezar Dutra Fonseca, que antes mesmo de orientar-me na
conclusão deste trabalho, foi meu professor e soube transmitir conhecimentos e convicção que
sempre é possível fazer o melhor.
Agradeço ao amigo de todas as horas Sérgio Sechinki, pelo incentivo e por me fazer
acreditar que sempre é possível.
Agradeço a Faculdade de Ciências Contábeis e Administrativas de Taquara pela confiança
que depositaram na minha pessoa.
Agradeço a Prefeitura Municipal de Dom Feliciano pelo apoio recebido
RESUMO
Nesta dissertação inicialmente foi realizado um estudo sobre as ferramentas utilizadas
pelas organizações para referendar seus planejamentos estratégicos, tecendo uma linha
comparativa entre aquelas ações que projetam o futuro com base em acontecimentos
passados e a criação de cenários prospectivos, método pelo qual são consideradas visões de
possíveis futuros e as implicações destas, na atividade empresarial.
Para alcançar o objetivo principal deste trabalho que é a avaliação do grau de
dependência da economia do município de Dom Feliciano em relação a indústria fumageira,
foi realizada uma pesquisa envolvendo uma amostra de 500 agricultores. A análise do
resultado desta pesquisa acrescido pelas informações constantes nos dados estatísticos
fornecidos pela Secretaria da Fazenda do município, identificam claramente a relação de
dependência e apontam para a necessidade de criação e implementação de ações preventivas
capazes de contornarem as possíveis turbulências identificadas na criação do cenário para o
setor fumageiro.
Palavras Chaves : Cenário. Dependência Econômica. Indústria Fumageira. Município de Dom
Feliciano.
ABSTRACT
This dissertation has as objetive an evatuation of the economical dependency to
the smoking industry, of Dom Feliciano town. Inittialy, the author presents results os studies
about tools used by organizations to verify is estrategic planning and for that, draw a
comparative between the actions that project the future based on past events and the creation
of prospective sceneries, which method is to consider possible future visions and its
implications.
The execution method of this work includes, beyond the bibliographic
research, interview proceedings with specialists, analysis and evaluation of the town history,
the utilization of different sources estatistical data and the research execution, which sample
involved 500 farmer from the region.
The analysis and the sceneries technique concludes enphasizing the
economical dependençy relation and shows the necessity of the creation and implementation
of preventive actions and/or economical focus change.
Keywords: Scenery. Economical dependency. Smoking Industry. Dom Feliciano town.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Produção média de fumo do Brasil e dos principais estados............................
34
Figura 2 – Produção de fumo no Brasil, por estado – 1998 até 2000................................
35
Figura 3 – Produção de fumo no Brasil, por estado - 2001 até 2003.................................
36
Figura 4 – Produção de fumo por município no RS – 1998 até 2000................................
37
Figura 5 – Produção de fumo por município no RS - 2001 até 2003.................................
38
Figura 6 Característica fundiária do Município de dom Feliciano..................................
47
Figura 7 Característica da posse das áreas de terras cultivadas.......................................
48
Figura 8 Pessoas que vivem na propriedade....................................................................
48
Figura 9 Fonte da renda das famílias...............................................................................
49
Figura 10 – Número de pessoas que trabalham na produção de fumo...............................
50
Figura 11 Utilização de o-de-obra terceirizada..........................................................
50
Figura 12 Composição da renda família.........................................................................
51
Figura 13 – Hábitos de consumo produtos produzidos na propriedade.............................
51
Figura 14 Sistema cooperativo........................................................................................
52
Figura 15 Alternativas de substituição da cultura do fumo.............................................
52
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Carga tributária incidente sobre a comercialização de cigarros e
assemelhados...........................................................................................
39
Tabela 2 Distribuição da Renda bruta sobre a comercialização de cigarros e
assemelhados...................................................................................................................
40
Tabela 3 Indicadores Econômicos de Município de Dom Feliciano......................
46
LISTA DE ABREVIATURAS
AFUBRA – Associação dos Fumicultores do Brasil
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
SAE – Secretaria de Assuntos Estratégicos
SINDIFUMO – Sindicato dos Fumicultores
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................
11
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA E OBJETIVOS.........................................................
11
2 JUSTIFICATIVA E METODOLOGIA ..................................................................
11
3 REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................................
13
3.1 AÇÃO ESTRATÉGICA...........................................................................................
15
3.2 INTELIGÊNCIA COMPETITIVA...........................................................................
16
3.3 APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL .............................................................
17
3.4 CENÁRIOS PROSPECTIVOS.................................................................................
18
3.4.1 O Que São Cenários.............................................................................................
19
3.4.2 Tipos de Cenários.................................................................................................
20
3.4.3 Técnicas e todos de Elaboração de Cenários................................................
22
3.4.4 Modelos para Construção de Cenários..............................................................
24
4 O MUNICÍPIO DE DOM FELICIANO..................................................................
27
4.1 O COMEÇO DA HISTÓRIA..... ..............................................................................
27
4.2
O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO E A INCERTEZA COM O
FUTURO.................................................................................................................
28
5 O FUMO E A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA INDÚSTRIA FUMAGEIRA....
30
5.1 AS ORIGENS E A EXPANSÃO DO CONSUMO..................................................
30
5.2 CARGA TRIBUTÁRIA............................................................................................
39
6 CENÁRIO PARA A INDÚSTRIA FUMAGEIRA..................................................
41
6.1 DEFINIÇÃO METODOLÓGICA ...........................................................................
41
6.2 PERSPECTIVAS PARA O SETOR.........................................................................
42
7 ANÁLISE DA ECONOMIA DO MUNICÍPIO DE DOM FELICIANO E A
IMPORTÂNCIA DA CULTURA DO FUMO NESTA REGIÃO............................
45
7.1 PESQUISA 45
8 CONCLUSÃO............................................................................................................
54
REFERÊNCIAS
............................................................................................................
57
APÊNDICE A Pesquisa Realizada .........................................................................
xx
APÊNDICE B Tabulação dos dados da Pesquisa....................................................
xx
APÊNDICE C Pesquisa de Opinião
..........................................................................
xx
ANEXO A Retorno da pesquisa AFUBRA..............................................................
xx
ANEXO B Retorno da pesquisa SINDIFUMO........................................................
xx
ANEXO C Correspondência recebida
......................................................................
xx
1 INTRODUÇÃO
A economia do município de Dom Feliciano é calcada na produção rural, com
exploração de propriedades de pequeno e médio porte. Não existem indústrias e poucos são os
estabelecimentos comerciais. A produção rural sempre foi o sustentáculo desta economia.
Com o surgimento da indústria fumageira na cada de setenta, houve uma migração para a
cultura do fumo, abandonando-se então o hábito da cultura diversificada, inclusive a produção
de subsistência, para tornar-se uma economia baseada na monocultura, neste caso, do fumo.
É certo que a economia do município sofreu considerável alteração a partir desta
prática, pois a possibilidade de comercialização de toda a safra propiciou um incremento no
nível de renda da população. Porém a concentração em um único tipo de cultura poderá trazer
conseqüências desfavoráveis, considerando que o objeto da produção sofre contínua restrição
por parte da sociedade.
Tem surgido uma polêmica em torno da dependência e da fragilidade do produtor para
enfrentar dificuldades referentes às oscilações dos preços do fumo, ocasionadas pela pressão
das agroindústrias, pelas variações da oferta internacional do produto, bem como pela
elevação dos preços dos insumos que são necessários à produção e, em sua maioria, estão
atrelados à variação cambial.
Muito se tem discutido sobre regiões monocultoras, especialmente sobre a
monocultura do fumo nas regiões sulbrasileiras. Vários aspectos estão sendo apontados no
que se refere à dependência da fumicultura nestas regiões, o que indica um elevado grau de
vulnerabilidade. Além disso, a questão da erradicação da produção do fumo, a partir da
assinatura da Convenção Quadro para Controle do Tabaco, que propõe a alteração da opção
pela cultura do fumo em um processo a ser implementado ao longo dos próximos vinte anos,
aponta como um processo irreversível.
Diante desse quadro, o objetivo principal do trabalho consiste em realizar um estudo
de caso sobre a economia do município de Dom Feliciano, mostrando seu grau de
dependência em relação às atividades fumageiras, de modo que se possa contribuir para a
construção da consciência dos possíveis reflexos que um desaquecimento na produção de
fumo possa causar na economia do município.
Para tanto, pretende-se realizar um estudo cuja abordagem não se restrinja a um
diagnóstico da economia do município, mas que possa auxiliar para a construção de cenários,
elencando alternativas possíveis para seu desenvolvimento.
Finalmente, como objetivo secundário o presente estudo deverá contribuir para
levantar alguns dados históricos e econômicos do município, a maior parte deles esparsos e
carentes de estudo sistemático, e que poderá auxiliar para futuras pesquisas.
O presente trabalho está estruturado da seguinte maneira:
No segundo capítulo serão apresentadas a justificativa e a metodologia, utilizada na
pesquisa.
No terceiro capítulo será elaborado um estudo sobre as diferenças e correlações entre:
Ação Estratégica, Inteligência Competitiva, Aprendizado Organizacional e Criação de
Cenários Prospectivos, importantes ferramentas utilizadas pelas organizações na elaboração
de seus planos para a permanência no mercado.
No quarto capítulo far-se-á síntese da história do município, sua situação geográfica,
população, origem e cultura.
O quinto capítulo enfoca o fumo e a evolução histórica da Indústria Fumageira.
Utilizando dados históricos e estatísticos, pretende-se mostrar alguns aspectos da história do
fumo, suas origens e como ocorreu a evolução da indústria fumageira.
O sexto capítulo propõe visualizar um possível cenário para a indústria fumageira,
tomando por base pesquisas bibliográficas, entrevistas e opiniões de pessoas ligadas à área .
O sétimo capítulo te como objetivo o estudo para identificar e avaliar o grau de
dependência da economia do município em relação à indústria fumageira. O estudo em
referência será baseado na interpretação dos dados da pesquisa realizada com produtores
rurais, e coleta de dados estatísticos, junto a Secretaria da Fazenda Municipal de Dom
Feliciano.
No oitavo capítulo, a conclusão com sugestões de alternativas visando maximizar as
potencialidades e utilizar os recursos disponíveis.
2 JUSTIFICATIVA E METODOLOGIA
Vive-se em um mundo instável, cheio de incertezas quanto ao rumo que as atividades
econômicas possam tomar, torna-se então importante uma reflexão que possa embasar
ações no sentido de antecipar-se ao futuro e conceber diferentes cenários possíveis, capazes
de promover o crescimento de uma determinada organização. Isso torna imprescindível que os
tomadores de decisão utilizem ferramentas para antecipar-se a situações que possam ocorrer
em seus ambientes de negócio, antevendo suas conseqüências e propondo alternativas para a
solução de problemas futuros.
Segundo Schwartz, a utilização de ferramentas tais como a criação de cenários tem-se
mostrado eficaz para oferecer as bases necessárias, para enfrentar os desafios, extraindo
vantagens em relação às oportunidades que se apresentam. Esta ferramenta pode ser usada por
“controllers” e administradores, nas mais diversas áreas de atuação, inclusive, para a gestão
da economia de um município, por exemplo.
Desse modo, as organizações, envolvidas por esse ambiente instável em função da sua
evolução rumo ao futuro, merecem o devido destaque no século XX, palco de grandes
acontecimentos e realizações em todos os campos científicos. A construção dos paradigmas
da Ciência da Administração, desde a Escola da Administração científica de Taylor e Clássica
de Fayol até nossos dias, tem ocorrido em ritmo de extrema velocidade.
Katz e Kahn (1987), ao elaborarem a teoria dos sistemas abertos, preconizam que as
organizações são revestidas de complexidade e que necessitam de flexibilidade para se
adaptarem às condições de mudanças requeridas pelo ambiente externo para continuarem sua
trajetória de continuidade e sucesso.
Hobsbawn (1995, p.15), ao abordar o tema, alerta: “Talvez a característica mais
impressionante do fim do século XX seja a tensão desse processo de globalização cada vez
mais acelerado e a incapacidade conjunta das instituições públicas e privadas, e do
comportamento coletivo dos serem humanos de se acomodarem a ele [...]”
Entender o futuro e tentar controlá-lo é o grande desafio das empresas, principalmente
na era do conhecimento e da inteligência competitiva. Falar sobre ele conduz o pensamento à
técnica de prospectar cenário e, conseqüentemente, as suas duas correntes principais: técnicas
de criatividade, avaliação e alocação de recursos (orçamentos) e técnicas de análise de
multicritérios.
Utilizando estas correntes, objetiva-se a construção de cenários para propiciar um
futuro mais imaginativo e flexível para as organizações.
Marcial e Grumbach (2002), explicam que os estudos prospectivos não objetivam
apenas prever o futuro, mas estudar as diversas possibilidades de futuros, preparando, assim,
as organizações para enfrentar ambientes competitivos, ou alertá-las para que revejam sua
trajetória, evitando, assim, possíveis crises e danos a probabilidade de sobrevivência.
Cabe lembrar que o estudo de cenários o deve ser confundido com previsões ou
projeções, pois esta cnica trata de um estudo criativo ou imaginativo sobre o futuro,
utilizando abordagens e metodologias próprias.
Em Schwartz (2002) observa-se que não a escolha de estratégias é a contribuição
que os estudos de cenários podem prestar às organizações. A unificação da linguagem
organizacional, o desenvolvimento de sua criatividade e até a criação de redes de
informações podem ser obtidos utilizando o estudo de cenários como ferramenta de
administração.
Assim, a criação de cenários permite às organizações, além da criação de possíveis
alternativas de futuro, o desdobramento de seus cenários e trajetórias para dessa forma
buscarem respostas rápidas às mudanças do ambiente, ajustando-se continuamente às
realidades e flexibilizando suas ações em busca do contínuo aperfeiçoamento.
Neste trabalho, como se mostrará adiante, optou-se pelo uso de entrevistas junto à
comunidade e utilização do banco de dados estatísticos disponíveis junto a Secretaria da
Fazenda Municipal do município de Dom Feliciano, para auxiliar na construção de
diagnóstico e apontar possíveis alternativas para a diversificação econômica local. Assim, não
se trata propriamente de utilizar a “ferramenta cenários” para uso interno de uma organização
ou empresa, mas ter como objetivo uma economia municipal, que posteriormente poderá ser
utilizada em planejamento empresarial.
3 REFERENCIAL TEÓRICO
O objetivo deste capítulo é a apresentar um estudo sobre as diferenças e correlações
entre:
3.1 AÇÃO ESTRATÉGICA
Porter assim conceitua estratégia A ação estratégica de uma empresa , consiste em
criar uma posição competitiva e sustentável difícil de imitar. Para tanto, a organização deve
definir uma oferta de produto ou serviço, que pode ser determinada por um custo menor, ou
por um valor diferenciado para o cliente.” (1992, p 28). A atenção para o macroambiente deve
ser o principal foco de atenções das organizações, contudo sem descuidar de suas atividades
diárias.
Conforme Campos (1998), atualmente, as equipes de planejamento voltam a buscar na
eficácia as oportunidades de vitalizar seus negócios e perpetuar a empresa, pois o problema
não é de planejamento estratégico e sim de gestão estratégica. E deve-se entender como
gestão estratégica: o planejamento, o controle, o plano de negócios e a visão prospectiva de
cenários.
Peter Drucker(2002), observou que a teoria econômica havia, por longo tempo, tratado
os mercados como forças impessoais, fora do controle de indivíduos e organizações. Esse
raciocínio tornou-se a base lógica determinante para a mudança da estratégia de negócios,
assim, usando conscientemente o planejamento estratégico formal, uma empresa poderia
exercer algum tipo de controle positivo sobre as forças de mercado. Kotler (2000) afirma que
a principal meta do planejamento estratégico é ajudar a selecionar e organizar seus negócios
de modo a manter-se saudável, mesmo que eventos inesperados afetem de maneira adversa
algum de seus negócios ou alguma de suas linhas de produto. Assim, podemos entender
planejamento estratégico como um mecanismo capaz de projetar para o futuro situações
passadas, sem contudo considerar as incertezas futuras e a concepção de alternativas para
enfrentar as adversidades.
A capacidade de criar alternativas para possíveis futuros, surpreender seus
concorrentes com opções variadas e eficazes e, paulatinamente, promover alterações em suas
estruturas para adequação destas inovações é o caminha que levará as organizações à
continuidade de seus negócios.
Na crença de que nem sempre eventos passados tenderão a repetir-se, base de
sustentação do planejamento estratégico,e na capacidade de delinear possíveis futuros, é que
se originaram os campos de inteligência competitiva e das técnicas de cenários prospectivos.
3.2 INTELIGÊNCIA COMPETITIVA
Para Tarapanoff et al.
[...] a Inteligência Competitiva remete-nos à capacidade das organizações de
monitorar informações ambientais para responder satisfatoriamente aos
desafios e oportunidades que se apresentam continuamente. Pode-se dizer
que a Inteligência Competitiva visa, principalmente, a imprimir um
comportamento adaptativo à organização, permitindo que esta mude e adapte
seus objetivos, produtos e serviços, em resposta às novas demandas do
mercado e mudanças macroambientais. (2000, p. 91)
Historicamente, a a década de 1960, a competitividade estava relacionada a
aspectos internos da empresa, como a análise de rentabilidade e da capacidade de produção.
Não havia neste período preocupação com a interação da organização em seu
macroambiente. Atualmente tem-se uma visão diferente de Inteligência Competitiva. Cardoso
define Inteligência Empresarial Estratégica ou Competitiva, como: “O conhecimento e a
antevisão do mundo ao redor do empreendimento, estruturados a partir das quatro funções
básicas da Inteligência Competitiva, quais sejam: análise,memória, rede e direção [...]”
(informação Verbal).
*
Assim, a função Análise é o diagnóstico das condições presentes e a
identificação de forças e tendências atuais do macroambiente obtidas a partir das informações
existentes nas fontes escritas e abertas e complementadas através da coleta e registro de
informações orais ou fechadas. A Função Memória é o responsável pela coleta, registro e
*
Informação fornecida por Walter F. Cardoso Junior no Curso de Inteligência Empresarial Estratégica,
do Programa de Pós-Graduação em engenharia de Produção, da Universidade Federal de Santa Catarina, em
Florianópolis no ano de 2001.
armazenagem de informações obtidas através da Função Análise. A Função Rede permite
que sejam acessadas pessoas detentoras de percepção acurada sobre o macroambiente em
estudo. E a Função Direção consiste no planejamento e coordenação do processo de
construção de cenários, se estiver a cargo da área de inteligência da empresa. Esta função é
vital no engajamento dos executivos da empresa no aspecto de colaboração e assimilação da
visão , garantindo assim que os cenários tenham conexões relevantes com a intenção
estratégica da organização.
Os estudiosos do tema “cenários” têm uma visão idêntica ao afirmar que existe uma
perfeita correlação entre tal tema e Inteligência Competitiva, pois se adequadamente
elaborados, os cenários serão excelentes indicadores para obtenção de resultados e realização
da missão da organização, somando conhecimento e antevisão do macroambiente que trará
influências para a vida da empresa.
3.3 APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL –
Fernandes (apud ANGELONI, 2002, p. 82) ressalta
[...] aprender é um processo que implica entendimento do passado para
evitar a repetição de erros - , a capacitação no presente e preparo para o
futuro. A aprendizagem é um processo de mudança resultante de prática ou
experiência anterior, que pode manifestar-se em uma mudança perceptível
de comportamento ou não.
O que é perceptível nas mutações ambientais e na consolidação da era da informação e
do conhecimento, que levam as organizações a uma reestruturação, objetivando a adequação
e permanência no mercado. O Aprendizado Organizacional prepara as pessoas para aceitarem
estas transformações através da assimilação do conhecimento e da mudança de seus
princípios. Este processo é importante por propor adaptar, transformar criar e recriar
processos e atividades, elementos importantes para a criação da vantagem competitiva.
Fernandes (apud ANGELONI, 2002), analisa o processo de aprendizagem sob dois prismas:
aprendizagem individual e aprendizagem organizacional. Segundo a autora, o aprendizado
individual é o processo pelo qual a pessoa assimila um novo dado, compara com suas
experiências anteriores, elabora suas conclusões e então passa para a ação. O aprendizado
organizacional é uma continuação do aprendizado individual, cuja característica principal é a
assimilação do novo conceito pela coletividade envolvida.
Uma empresa, para ser pró-ativa, necessita mudar e aprender continuamente novos
modos de agir. Da necessidade desta mudança, surge o termo “organização de aprendizagem”
que segundo Garvin (apud BATEMAN; SNELL, 1998), “[...] é uma organização que tem a
habilidade de adquirir e transferir conhecimento e de modificar seu comportamento para
refletir novos conhecimentos e insigts [...]
A criação de um sistema de aprendizagem organizacional” deve propiciar um clima
de menor rejeição a novos projetos onde em primeiro lugar individualmente e após
coletivamente as pessoas são convidadas a participar e a gerenciar o “novo” sentindo-se parte
integrante do processo.
3.4 CENÁRIOS PROSPECTIVOS
Peter Schwartz Presidente da Global Business Network, assim se refere; ao tratar de
cenários: “Análise de Cenários é uma ferramenta para nos ajudar a adotar uma visão de longo
prazo (com arte e criatividade), combinando com a prática da conversação estratégica, num
mundo de grande incerteza política, social, econômica e tecnológica [...]” (2003, p. )
Peter Schwartz, em seu livro “A Arte da Visão de Logo Prazo”, textualmente propõe:
Os cenários prospectivos aparecerem pela primeira vez logo após a II
Guerra Mundial, como um método de planejamento militar. A Força Aérea
dos EUA tentou imaginar o que oponente tentaria fazer, e preparou
estratégias alternativas. Nos anos 60, Herman Kanh, que fizera parte do
grupo da Força Aérea, aprimorou os cenários como ferramenta para uso
comercial. Porém os cenários atingiram uma nova dimensão no inicio da
década de 70 com a trabalho de Pierre Wack, que era planejador estratégico
nos escritórios de Londres da Royal Dutch/Schell, o grupo internacional de
petróleo, num novo departamento chamado de planejamento prospectivo.
(2000, p 18)
Podemos citar outros exemplos de utilização de cenários como cnica de
planejamento, a empresa química Alemã BASF tem seu planejamento estratégico formulado
através da criação de cenários. A BOEING também recorre a cenários de tráfego aéreo em seu
planejamento estratégico (PRESCOTT & MULLER, 2002).
No Brasil, a prática de elaboração de cenários é recente. Marcial e Grumbach (2002)
citam que as primeiras empresas a utilizarem cenários foram o BNDES, a Eletrobrás, a
Petrobrás e a Eletronorte, na década de 80, em função de operarem com projetos de logo
prazo. Também a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República,
iniciou em 1996 estudos que foram concluídos em 1997 e geraram “Cenários Extrapolatórios
do Brasil em 2020” e, em 1998, “Os Cenários desejados para o Brasil”.
No mundo acadêmico Buarque (2003) cita que os primeiros trabalhos foram do
Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro, chamado Manual de Técnicas de
Previsão, editado em 1976, também o livro do pesquisador e professor da Fundação Getulio
Vargas, Henrique Rattner, “Estudos do Futuro – introdução à antecipação tecnológica e
social,1979 e o trabalho de Helio Jaguaribe, intitulado “Brasil 2000”, em 1989.
3.4.1 O Que São Cenários
Schwartz escreve que os [...] cenários parecem um conjunto de histórias escritas ou
faladas, que são construídas delicadamente ao redor de enredos que destacam com ousadia os
elementos significativos de cenário mundial [...]” (2000, p. ).Ainda defende o autor que
cenários não são previsões, pois entende que não é possível prever o futuro com um razoável
grau de certeza. Dentro deste enfoque, Schwartz (2000) ensina que os cenários o sistemas
que ajudam as pessoas a aprender, pois apresentam imagens alternativas de futuros possíveis.
Para Porter(1985), cenários são utilizados em estratégias e consistem em visões sobre
o futuro que pode vir a ser. o se constituem em uma previsão, mas sim, em um possível
futuro que virá. O autor considera que as organizações tenham presente, no momento de
realizarem o planejamento, as forças que regem o mercado e defende ainda que os cenários
são ferramentas importantes para o entendimento e busca por novas tendências,
recomendando a construções de cenários alternativos como uma forma de análise.
Os cenários podem ser entendidos como uma possível visão do mundo na qual
encontramos alternativas para a tomada de decisão, tendo por base o conjunto de mudanças
propostas que permitem um maior controle da situação.
Rigland (2002) considera importante os seguintes aspectos na construção de um
cenário.
a habilidade de antecipar comportamentos no mundo real explorando as
barreiras ou mudanças em um ambiente externo, ou a relação entre as forças;
a criação de um modelo mental que permita uma visão de antecipação
ratificando ou não as evidências;
Schwartz (2000) indica que são oito as etapas para o processo de elaboração de
cenários:
identificação da questão principal;
identificação dos fatores-chaves (microambiente);
identificação das forças motrizes (macroambiente), classificadas em elementos
pré-determinantes e incertezas críticas;
ranking das incertezas críticas;
definição das lógicas dos cenários;
descrição dos cenários;
seleção de indicadores e sinalizadores principais;
análise das implicações e opções.
Neste aspecto, devemos ter presente a limitação do ser humano e sua incapacidade de
prever o futuro. Entretanto é possível que o homem teça conjecturas utilizando a maior
quantidade de variáveis possíveis e estabelecendo relação entre elas, objetivando estruturar as
incertezas do futuro. O estudo do futuro implica necessariamente em vencer três grandes
dificuldades:
a própria incerteza- deve ser estruturada;
a complexidade – deve ser reduzida;
organicidade- deve ser respeitada
A finalidade dos cenários não é projetar tendências. Deve-se procurar as
descontinuidades escondidas no futuro, que podem representar ameaças ou oportunidades a
serem aproveitadas. O método de criação de cenários deve evitar que se atribua ao futuro
expectativas de projeção do passado, pois este ato seria a projeção de continuidades, o que se
busca é exatamente o contrário, ou seja, pensar em um futuro com suas incertezas e
descontinuidades.
3.4.2 Tipos de Cenarios
Schwartz (2002), Porto, Nascimento e Buarque (2001) e Marcial e Grumbach(2002),
apresentam a classificação de cenários de acordo com os enfoques de probabilidade
em:
Projetivo - uma única visão de futuro para a organização. Este modelo é
aceitável em ambientes de pouca turbulência, onde não exista o rompimento
estrutural entre o passado e o futuro, destina-se à tomada de decisão de curto
prazo;
Extrapolativo usado em ambientes de relativa estabilidade política,
econômica e tecnológica. Muito utilizado até o inicio da década dos anos de
1970. Em ambientes de constante mutação, os erros de projeção tornaram-se
muito freqüentes ocasionado uma diminuição na utilização deste enfoque.
Prospectivo - procura identificar e captar rupturas e descontinuidades,
adaptando-se facilmente a ambientes de grandes modificações e com vistas ao
longo prazo.
Os modelos de cenários prospectivos, podem ser classificados quanto ao tipo em :
Tipo Exploratório Utiliza o todo de regressão, o qual apresenta restrições
devido a estrutura matemática dos modelos ergométricos.A tendência de
projetar no futuro as regularidades do passado faz com que este tipo de cenário
apresente uma visão de curto prazo e limitação em aceitar um futuro diferente
das realidades passadas. Pierre Wack (2001, p. ), afirma que os cenários
exploratórios descrevem mundos diferentes e o resultados diferentes do
mesmo mundo[...]”
Tipo normativo - Apresenta como característica principal a criação de futuros
desejados. O futuro projetado perpassa o caminho a ser percorrido com as
características da própria organização.
Tipo Combinado - Utiliza as duas cnicas anteriores, ou seja, é apresentado
como um misto entre o Tipo Exploratório e o Tipo Normativo.
Quanto à aplicação, os canários Prospectivos podem ser assim classificados segundo
Stollenwerk (apud MARCIAL; GRUMBACH, 2002):
Cenários Globais como visão macroeconômica, utilizado por instituições
governamentais e empresas multinacionais;
Cenários Focalizados utilizados para estudos regionais ou segmentação de
negócios;
Cenários de Projetos são os utilizados em processos decisórios que
envolvem investimentos os quais exigem longo período de maturação e
envolvem alto grau de incertezas com relação a possíveis futuros.
Elaborar cenários exige dos estrategistas muita pesquisa para qualificar as
informações e aguçar a capacidade de percepção de todos os envolvidos no processo. Ribeiro
(2001) argumenta que a utilização de cenários para elaboração de planejamentos representa
um passo à frente em relação às tradicionais metodologias de planejamento, pois agrega doses
de incertezas e descontinuidades em relação ao passado permitindo a formação de uma visão
compartilhada de negócios e onjetivos a serem alcançados.
A redução de dois erros bastante comuns na hora da tomada de decisão é
defendida por Ribeiro (2001). Segundo o autor, no momento da tomada de decisão através de
processos convencionais podemos pecar por falta ou por excesso de previsão de mudanças. A
metodologia de criação de cenários apresenta “imagens” alternativas de futuros possíveis,
considerando ainda as características dinâmica das mudanças em cada área. Ribeiro (2001)
aconselha, ainda a construção de cenários para planejamento onde seja desejado:
Identificar possíveis oportunidades de negócios;
Testar a estratégia em múltiplos cenários;
Monitoramento da execução da estratégia;
Pesquisar mudanças no ambiente para determinar quais as estratégias deverão
ser adaptadas ou alteradas para a sobrevivência dos negócios;
Reduzir as incertezas em relação à capacidade da liderança de promover
ajustes;
Incrementar a qualidade do pensamento estratégico, reduzindo assim
pensamentos rotineiros.
3.4.3 Técnicas e Métodos de Elaboração de Cenários
Existem várias técnicas ou métodos para elaboração de cenários, no entanto,
Schoemaker (apud MARCIAL; GRUMBACH, 2002.p. ), sinaliza que “[...] somente a análise
de múltiplos cenários é a ferramenta indicada para examinar incertezas e expandir o
pensamento das pessoas. A utilização de ferramentas simples, que possam ser facilmente
assimiladas pelos usuários é defendida por Godet; Roubelat (apud MARCIAL;
GRUMBACH, 2002).
Bethlem(2002) recomenda a utilização de técnicas “criativas” para identificar e
apresentar “futuros originais” ao invés de utilização de técnicas projetivas originárias da
análise de séries temporais passadas.
Marcial; Grumbach (2002) dividem as técnicas de cenários em três tipos:
A ) De ajuda à criatividade com a seguinte sub-divisão: - Brainstorming,
Sinética, Análise Morfológica e Questionários e Entrevistas
Brainstorming deve ser entendida como “[...] uma técnica de trabalho na qual a
intenção é produzir o máximo de soluções possíveis para um determinado
problema[...]”(Marcial; Grumbach, 2002, p. ).Estimular a imaginação com o objetivo de
obter novas idéias que servirão para o início de um processo ou para resolução de um
determinado impasse na realização de uma determinada tarefa.
Sinética é a técnica utilizada para a geração de idéias criativas sobre um determinado
problema, utilizando-se principalmente de analogias, com o objetivo de encontrar soluções ou
transferir conhecimentos e experiências sobre um determinado tema. Dois conceitos são
utilizados quando se emprega esta técnica: fazer o estranho familiar” e ‘fazer o familiar
estranho”, ou seja identificar semelhanças em situações diversas.
A Análise Morfológica busca explorar os possíveis futuros tomando por base o
estudo de todas as combinações resultantes da decomposição de um sistema.
Após, todas as soluções alternativas são sintetizadas efetuando-se combinações dos
atributos de diferentes possibilidades.
Questionários e Entrevistas - instrumentos de ajudas às técnicas anteriores utilizadas
na organização, objetivando democratizar as opiniões sobre o tema.
B) De avaliação cujo principal objetivo é estimular as mudanças de comportamento de
determinadas variáveis e suas repercussões num determinado sistema analisado. Apresenta a
seguinte sub-divisão : Método Delphi, todo dos Impactos Cruzados e Modelagem e
Simulação :
O Método Delphi - é uma técnica circular e interativa que objetiva encontrar o
consenso entre os especialistas e deverá ser buscado através de respostas a questionários e na
formulação de novas perguntas. A média das opiniões será o resultado final da aplicação deste
método.
O Método dos Impactos Cruzados objetiva a avaliação da influência que determinado
evento teria sobre a probabilidade de ocorrência em outros eventos.Em resumo, é o estudo de
probabilidade de os eventos selecionados ocorrerem e afetarem outros eventos dentro da
situação estudada.
O Método de Modelagem e Simulações o modelos matemáticos onde a variação
dos parâmetros do modelo em estudo apresentam alternativas que são selecionadas de acordo
com critérios previamente estabelecidos.
C) De Análise de Multicritérios o objetivo é facilitar a tomada de decisões
referente a um determinado problema, quando existem diversas opiniões sobre o tema,
priorizando ou reduzindo os fatores que devem ser tomados em conta.
Marcial e Grumbach (2002) identificam duas etapas para esta análise:
Primeiro classificam-se os diversos aspectos que vão compor as variáveis do
cenário;
Segundo – considerando níveis de concordância ou divergência, agregam-se as
classificações obtidas através da aplicação do Método de Concursos, de Patter
e do CPE, ou outra regra que permita comparar os diversos aspectos.
Os métodos acima identificados podem ser utilizados isoladamente ou em
combinações entre si, o desejo de maior detalhamento ou a maior complexidade do tema
estudo irá definir a melhor técnica s ser utilizada.
3.4.4 Modelos para Construção de Cenários
Para Marcial e Grumbach
Na prática para Godet e Roubelat (1996) não apenas um método de
construção de cenários, mas vários métodos. Porém o termo método de
cenário se aplicaria a uma abordagem que incluísse alguns passos
específicos, como análise de sistemas, retrospectivas, identificação das
variáveis, seu comportamento e relações, estratégia dos atores e elaboração
de cenários múltiplos. ( 2002, p. 69)
Conforme Marcial(1999), Bethlem(2002) e Marcial e Grumbach(2002), os métodos
de elaboração de cenário que possuem base conceitual, passos definidos e filosofia são os
seguintes:
1 – Método descrito por Michel Godet;
2 –Método descrito pela General Eletric;
3 – Método descrito por Peter Schwartz;
4 – Método descrito por Michel Porter;
5 – Método descrito por Raul Gruambach.
1 – Método descrito por Michel Godet
No “Manual de prospectiva estratégica: da antecipação a ão” descrito por Godet,
Marcial e Grumbach (2002) identificam as seguintes etapas:
a) Delimitação do sistema e do ambiente;
b) Análise estrutural do sistema e do ambiente, retrospectiva da situação
atual;
c) Seleção dos condicionamentos do futuro;
d) Geração de cenários alternativos;
e) Testes de consistência, ajuste e disseminação;
f) Opções estratégicas e planos sobre monitoração estratégica.
2 - Método descrito pela General Eletric - GE
A principal característica do método utilizado pela GE são a presença de metodologias
e abordagens complexas. A estrutura para utilização deste método é a abaixo identificada:
a) Etapa nº 01 – Preparação das bases
b) Etapa 02 Escolha e planejamento dos indicadores críticos da
prospecção da organização em estudo
c) Etapa 03 Levantamento e registro da trajetória do comportamento
passado de cada indicador escolhido
d) Etapa 04 Verificação dos eventos futuros potenciais e sua
consistência
e) Etapa 05 Análise de impactos cruzados. Prospecção de cada
indicador escolhido e seus valores no futuro
f) Etapa 06 Estruturação e modelagem final do(s) cenário(s)
prospectados
g) Etapa nº 07 – Elaboração de guias gerais para serem enviadas aos
setores competentes, objetivando a execução do que foi planejado.
3 Método descrito por Peter Schwartz - suas principais características são os
modelos mentais dos dirigentes, sua visão de mundo, preocupações e incertezas. Sua
metodologia está abaixo descrita.
a) Identificação da questão principal;
b) Identificação das principais forças do ambiente local ( fatores-chave)
c) Identificação das forças motrizes (macroambiente)
d) Priorizar os fatores-chave e forças motrizes
e) Seleção das lógicas dos cenários
f) Descrição dos cenários
g) Analise das implicações e opções
h) Seleção dos principais indicadores e sinalizadores
4 – Método de Cenários Industriais de Michel Porter a principal característica é o foco
para a industria. A elaboração de cenários por este método compreende as seguintes etapas:
a ) Propósito de estudo
b) Estudo histórico e da situação atual
c) Identificação das incertezas críticas
d) Comportamento futuro das variáveis
e) Análise de cenários e consistência
g) Concorrência
h) Elaboração das histórias de cenários
i) Elaboração das estratégias competitivas.
5 Método descrito por Raul Grumbach - sua principal característica consiste na
afirmativa de que existem vários futuros possíveis e que o futuro não será, necessariamente,
um seqüência do passado. O autor propõe quatro fases para a sua elaboração.
a) A definição do problema
b) A pesquisa ou o diagnóstico estratégico
c) O processamento dos dados
d) Sugestões sobre o que foi construído.
4 O MUNICÍPIO DE DOM FELICIANO
A colônia de São Feliciano, como era conhecida antigamente, foi fundada em 1890 e,
somente no ano seguinte o governo brasileiro mandou instalar ali as primeiras famílias
polonesas, compostas basicamente de agricultores, destinados ao cultivo da terra, em geral.
Todavia, os então imigrantes poloneses, traziam consigo as ferramentas para trabalharem em
terras e matas das encostas da Serra do Herval (que então pertencia à Encruzilhada do Sul),
notadamente ao longo do riacho denominado Sutil, afluente do Rio Camaquã.
Radicavam-se assim, as primeiras e modestas residências de alvenaria de tijolos, das
primeiras famílias, habitantes de Dom Feliciano, através das seguintes Linhas ou Colônias:
Evaristo Teixeira, Lopo Neto, Júlio de Castilhos, Federal, Amaral Ferrador, Cavadeira,
Laurentina Nova, perdiz, Corrêa neto, São Braz, Assis Brasil, Guaraxaim, Pinheiro, Umbu e
outras formando, então o que hoje é o Município.
Distante 176 km da Capital do Estado, a uma altitude de 154m, Dom Feliciano e
privilegiada de densa mata florestal e relevo acidentado, o que por sua vez conferem, aos
moradores e visitantes, uma belíssima paisagem típica e muito semelhante às paisagens
européias, o que seguramente era conferido pelos seus primeiros habitantes ou então, os
imigrantes poloneses.
Com história e situação idênticas aos outros tantos municípios do interior do Estado do
Rio Grande do Sul, Dom Feliciano, que conta atualmente com uma população de 14.375
habitantes, tem uma densidade demográfica de cerca de 11,38 habitantes por km2, o que ainda
lhe qualifica como um município eminentemente de características rurais.
cerca de 43 anos conquistou a condição de município emancipado, mais
precisamente a partir de 9 de dezembro de 1963. Apresenta uma superfície de 1.263 km2,
cujas cercanias incluem os municípios de São Jerônimo, Encruzilhada do Sul, Camaquã e
Amaral Ferrador, com dois acessos através da Cidade de Camaquã e por Encruzilhada do Sul
fora algumas alternativas vicinais ou estradas de produção.
O município inclui um pequeno centro urbano, no qual vive atualmente 31% da
população, que se ocupa com pequenos estabelecimentos comerciais, escolas e outros
pequenos negócios.
Na sua grande parte, o desenvolvimento sócio-econômico do Município de Dom
Feliciano se deu inicialmente com o trabalho na agricultura, através do cultivo de cereais
como milho, feijão, trigo e outros, isso graças às condições climáticas e às características dos
solos ( localidade de terra preta, bastante atraente para o cultivo de uma grande diversidade de
sementes).
As pequenas propriedades rurais que foram se constituindo, por volta de 1890, eram
originadas pelo movimento imigratório ocorrido em todo o Brasil. No caso de Dom
Feliciano, esse movimento provinha em geral, das aldeias e cidades localizadas no centro da
Polônia, em torno de Varsóvia tais como Kolisz, Plock, Lódz e outras, que naquela época
eram ocupadas pelos russos. Estes desde logo foram distribuídos em espaços, os quais,
pagavam de forma parcelada – como aliás aconteceu em muitos outros municípios do Estado.
Pelo que se dos antigos registros, as condições inicias foram penosas e às vezes
quase impossíveis de serem transpostas. O trabalho, dito braçal, não passava apenas pelo
entendimento das árduas colheitas, mas principalmente pela construção de tudo, já que, nada
existia no lugar.
Em 1963, por iniciativa de um pequeno grupo de tradicionais moradores, o então
distrito de Dom Feliciano recebia a autonomia sócio-política, passando a ser considerado
município.
Durante muitos anos, o município dependeu unicamente da economia doméstica das
pequenas propriedades que cultivavam cereais, tais como milho, feijão, e outros para a
própria subsistência. Por volta dos anos de 1970, com o impulso da cultura fumageira,
iniciada na região de Santa Cruz do Sul e que se estendeu por todo o Vale do Rio Pardo, Dom
Feliciano também iniciava sua trajetória no cultivo do tabaco.
Decorrente de sistemas muito bem implantados e resultados de políticas de mercado
muito bem articuladas pelas grandes companhias fumageiras, o município de Dom Feliciano,
logo se integrou à cultura, pois apresentava as condições consideradas para o fumo, tais como
a)a adequação das terras da região ao cultivo em estufa, com clima moderado e chuvas bem
distribuídas durante as fases do ano; b)a tradição familiar em pequenas propriedades; c)perfil
cultural dos agricultores dedicados, caprichosos; d)consolidação do cultivo e do comércio do
produto na região ; e)existência de estradas de produção.
Assim, os colonos de Dom Feliciano davam início a uma nova fase da sua história. De
fornecedores dos comerciantes, passam à condição de produtores da agroindústria, recebendo
todas as condições e insumos necessários para uma nova produção – o fumo.
Hoje, cerca de 2.485 famílias, instaladas em pequenas propriedades produzem cerca de
13.134 toneladas por ano de tabaco, gerando cerca de R$ 3.053.371,00 de impostos
arrecadados.
A dualidade de estilos de vida rural e urbana ainda caraterizam o município como
“celeiro”. Como dito anteriormente, os colonos, de fornecedores dos comerciantes que lhes
compravam a produção de milho, feijão e outros, passaram à ser produtores das grandes
agroindústrias fumageiras, mas com isto se deu início à perda de autonomia do processo de
trabalho dos produtores familiares e por conseqüência a vulnerabilidade sócio-econômica do
município, sob vários aspectos.
Isso vem ocorrendo à medida que as grandes empresas tabageiras, passam a fornecer,
como forma de adiantamento, as sementes e os fertilizantes, além de financiar a construção de
estufas. Esse processo, por sua vez, também representa, além do abandono das culturas que
deram origem ao município, uma intensificação de vários problemas, como é o caso de
desmatamento pela derrubada de florestas nativas, já que requer para a secagem das folhas de
fumo, a construção de estufas e o uso de lenha como combustível.
Além disso, se pode ainda incluir a assistência técnica oferecida pelas empresas em
troca da promessa de venda integral da produção, com exclusividade. O produtor se
compromete, primeiro moralmente, e mais tarde, contratualmente .Desta forma, as grandes
indústrias fumageiras vêm tomando as rédeas do processo produtivo e de desenvolvimento
econômico de Dom Feliciano, fazendo com que as relações de mercado fiquem cada vez mais
tumultuadas e reduzidas.
5 O FUMO E A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA INDÚSTRIA
FUMAGEIRA
O ritual dos índios de queimar e aspirar a fumaça daquela planta sagrada
viajou nas caravelas e ganhou o mundo.
1
Antes mesmo dos europeus chegarem ao Novo Mundo, o hábito de fumar já fazia
parte do cotidiano dos nativos da América. Tal hábito estava muito mais relacionado à crenças
do que ao prazer puro e simples de consumo.
O tabaco, planta originária dos Andes, acompanhou a migração dos índios por toda a
América Central até chegar ao Brasil.
Na época do descobrimento, o fumo já fazia parte dos rituais dos índios de todas as
tribos que entraram em contato com os descobridores. A fumaça obtida com a queima das
folhas era considerada a materialização milagrosa do hálito dos pajés. A novidade foi motivo
de comentários nas cortes européias, pois além de hábitos incomuns como andar sem roupas,
pintar a pele, lavar o corpo com freqüência, os habitantes da terra descoberta aspiravam
fumaça.
Em 1518, o missionário espanhol Romano Pane enviou ao Imperador Carlos V
sementes de tabaco, que foram cultivadas com todo o cuidado, daí resultando a primeira
plantação européia. Bem antes disso, marinheiros da esquadra de Cabral, já tinham levado
para o mar pedaços de fumo, utilizando-os de diversas maneiras, quer pulverizando seu
sobre feridas, uma vez que os índios reconheciam o poder cicatrizante do tabaco, ou então
fumando para diminuir o tédio e a melancolia que os longos períodos da viagem propiciavam.
1
Fragmento retirado do site http://www.souzacruz.com.br Acesso em: 14 mai. 2006.
A interação de Portugal com sua nova colônia, o Brasil, propiciou a expansão do
hábito de fumar. A tendência a acreditar em curas milagrosas é muito antiga. Assim, tão logo
foi difundido na Corte Portuguesa o poder curativo da planta utilizada pelos nativos da “nova
terra”, seu uso transformou-se em um grande sucesso. Porém, os dicos da época,
incomodados com a existência de um medicamento natural tão poderoso, mas totalmente
desconhecido da comunidade dica, cuja descrição e utilização não se enquadrava em suas
anotações, optaram por uma estratégia pouco ortodoxa, passaram a escrever tratados obre o
fumo, mesmo sem nunca terem visto uma folha sequer.
Assim, surgiu uma “literatura médica” empenhada em provar as diversas utilidades do
novo produto. Porém muitas vozes se levantaram contra a tendência de transformar todo o
conhecimento a respeito da medicina e de farmácia em uma “botica de uma droga só”, e a
calorosa discussão entre tabagistas e antitabagistas teve inicio.
O embaixador francês em Portugal, Jean Nicot, em contato com a grande novidade, na
corte portuguesa, “da erva que cura” enviou para a França uma partida de fumo com
instruções à rainha, Catarina de Médice, esposa de Henrique II, que vivia atormentada por
crises de enxaqueca. A rainha passou a cheirar o e a pitar pequenos cigarros, sendo logo
seguida por boa parte da corte.
Mais tarde, em suas publicações, o botânico De La Champ, batizou o tabaco,
cientificamente como Herba Nicotiana, dando o nome do embaixador a todo o gênero de
plantas ao qual o fumo pertence. Nesta mesma época a Espanha popularizava o rapé,
finíssimo extraído das folhas torradas e moídas e que era servido em ricas caixinhas de metal
e porcelana. Também nesta época o cachimbo era incorporado à imagem típica do inglês,
surgiam da adaptação do objeto tradicionalmente usado pelos índios norte-americanos que
aspiravam a fumaça pelo nariz, a partir de exóticos tubos em forma de Y.
Da grande aceitação pelos poderosos e viajando nos bolsos dos marinheiros que
atravessavam o globo, o fumo espalhou-se para a Holanda, a Alemanha, a Rússia e invadiu a
Ásia, via lcãs. O hábito passou dos moscovitas aos tártaros orientais, atingiu a África, a
Ásia Menor, a Grécia , a Hungria , a Polônia e todos os demais reinos do norte.
Em meados do século XVII o mundo inteiro fumava. E a Companhia Holandesa das
Índias Ocidentais tratou de dar novos mercados aos interesses do negócio. Com sua longa
experiência em monopólios, a poderosa Companhia organizou as rotas para que a Europa
passasse a receber fumo, principalmente a partir da Holanda, que o importava da Virginia, das
Antilhas e do Brasil, organizando então sua distribuição de acordo com os interesses
econômicos.
Até os últimos anos do século XVI o fumo era comercializado sob a forma de
escambo, onde o maior beneficiário era o colonizador e não o índio.
Os índios perceberam que estavam perdendo a terra, as riquezas e própria liberdade,
não tardaram a reagir. Iniciou-se então um período de longas batalhas que não tinham data
para terminar e que tiveram influência direta na produção de fumo.
As primeiras lavouras de tabaco formadas pelos colonos surgiram da necessidade de
garantir o consumo próprio, pois era preciso plantar o próprio fumo ou esquecer o cigarro.
A Europa estava a procura de fumo, então surgiram interessados na aquisição do
excedente da safra, novos comerciantes começavam a vislumbrar a possibilidade de grandes
lucros com este comércio.
Diferente da cana-de-açúcar, que era plantada em grande escala, a produção de fumo
ocupava áreas reduzidas, e era basicamente doméstica. Como a atividade não ocupava os doze
meses do ano, quase todos os produtores eram também senhores de engenho e criadores de
gado, e faziam da plantação do fumo um complemento da renda familiar.
A partir do século XVII surgiram produtores com maior capacidade. Em 1674, o
monopólio da metrópole foi garantido, através da criação da Junta de Administração do
Tabaco, juntamente com a criação da Junta de Administração teve inicio uma pesada
tributação sobre o fumo.
No período colonial, o Brasil estava proibido de ter fábricas em seu território, deveria
produzir matéria-prima e consumir produtos manufaturados da metrópole.Em 1808 com a
chegada da Corte Portuguesa ao Rio de Janeiro e o alvará de D. João VI, que abriu caminho
para o inicio de desenvolvimento industrial do país, na área da fumicultura, surgiram as
primeiras fábricas de rapé. Ao final do culo XIX o charuto ganhou notoriedade, ligado a
uma aura de masculinidade e modernidade e impôs-se ao consumo do rapé.
A indústria do charuto inteiramente artesanal não requer maquinaria e nem prédios
especiais, tampouco o emprego de muita mão de obra. A fabricação era caseira. A facilidade
da produção doméstica deu surgimento às primeiras cooperativas de produtores. Em 1842, os
alemães de São Leopoldo do Sul, ( RS ) uniram-se para comercializar sua produção.
Na Bahia, em 1851 surgiram as duas primeiras manufaturas. A partir de 1870 nomes
como a Danneman, Suerdieck, Pimentel e Companhia de Charutos Poock começaram a fixar
suas marcas no mercado, com a produção de 40 milhões de unidades/ano quase totalmente
consumida no mercado interno. Em meados do século XIX a produção subiu para 60 milhões
de unidades e no final do século chegou á casa 70 milhões.
Neste mesmo período o bito de fumar cigarros já existia, consistia em desfiar o
fumo de corda e enrolá-lo dentro de uma palha. Costume que viajava nas caravelas com os
portugueses.
No século XX, ocorreu a transformação do cigarro em indústria altamente produtiva.
No Brasil, até então, os poucos cigarros industrializados disponíveis eram importados e, por
conseqüência, caros.
O surgimento da indústria nacional cigarreira contribuiu para a queda do consumo de
charutos.
No Brasil a partir de 1850, várias províncias destacavam-se no cultivo de fumo, cada
qual com suas características regionais. Goiás, Minas Gerais e a Bahia produziam fumo
destinado à industria de charutos de coloração escura, enquanto no sul a produção de fumos
claros principais componentes do cigarro, cuja indústria estava em expansão.
Entre 1920 e 1925 a Bahia e o Rio Grande do Sul juntos representavam 52,27% da
produção nacional. Após cinco anos passaram a responder por 79,93% . Em 1930 a produção
dos dois Estados se igualava, a Bahia produzindo 39,9 mil toneladas de fumo escuro, e o Rio
Grande do Sul produzindo 30,34 mil toneladas de fumos claros. Porém uma diferença de
tecnologia na área de secagem foi fundamental para a alteração do cenário de produção entre
os dois Estados. Enquanto a Bahia continuava com a secagem ao sol e em galpões o Rio
Grande do Sul especializou-se na secagem em estufa, produzindo assim fumo de qualidade
superior. Os demais estados produziam apenas fumo em corda.
Conforme publicado no Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul – Economia.
2
O
Brasil é o segundo maior produtor mundial de fumo em folha, com participação de 14,1% da
produção mundial, em 2004 atrás somente da China que produz 36,5% do total produzido no
mundo.
2
Informação obtida do site http://www.scp.rs.gov.br/atlas/asp?menu=266 . Acesso em 20 set. 2005.
Conforme a mesma publicação o Estado do Rio Grande do Sul apresenta maior
produção de fumo em folha. Sua produção passou de 278.928 toneladas ou 48,8% da
produção nacional, no período de 1998 a 2000, para 320.034 toneladas ou 50,7% da
produção, no período de 2001 até 2003.
Figura 1 – Produção média de fumo do Brasil e dos principais estados.
Fonte: Atlas Socioeconômico Rio Grande do Sul – Economia - Informação obtida
do site http://www.scp.rs.gov.br/atlas/asp?menu=266 . Acesso em 20 set. 2005.
Figura 2 – Produção de fumo no Brasil, por estado – 1998 até 2000.
Fonte: Atlas Socioeconômico Rio Grande do Sul – Economia
Informação obtida do site http://www.scp.rs.gov.br/atlas/asp?menu=266 .
Acesso em 20 set. 2005.
Figura 3 – Produção de fumo no Brasil, por Estado - 2001 até 2003.
Fonte: Atlas Socioeconômico Rio Grande do Sul – Economia
Informação obtida do site http://www.scp.rs.gov.br/atlas/asp?menu=266 .
Acesso em 20 set. 2005.
Figura 4 – Produção de fumo por município no RS – 1998 até 2000.
Fonte: Atlas Socioeconômico Rio Grande do Sul – Economia
Informação obtida do site http://www.scp.rs.gov.br/atlas/asp?menu=266 .
Acesso em 20 set. 2005.
Figura 5 – Produção de fumo por município no RS - 2001 até 2003.
Fonte: Atlas Socioeconômico Rio Grande do Sul – Economia –
Informação obtida do site http://www.scp.rs.gov.br/atlas/asp?menu=266 .
Acesso em 20 set. 2005.
.
5.2 CARGA TRIBUTÁRIA
Em 1891, o Brasil, baseado na experiência de países como EUA, Inglaterra, França,
Rússia e Itália, resolveu estabelecer um imposto sobre o consumo de fumo, iniciava assim o
processo que estabeleceria o Imposto sobre Produtos Industrializados, considerado até os dias
de hoje o imposto mais representativo na comercialização de cigarros. Por esta normativa,
foram fixados valores que deveriam ser pagos por gramas de fumo comercializado, o
considerando a qualidade do produto, categoria comercializada ou o valor do produto. Assim,
um charuto de alta qualidade passou a custar mais 5%, enquanto que produtos mais simples
passaram a custar repentinamente mais 50% ou até 250% em relação ao preço praticado.
Pelo Decreto Lei 739 de 24/09/1938 foi alterada a base de incidência do imposto,
passando então a tributação a ser calculada com base nas tabelas de preços a varejo.
Conforme informações da Receita Federal, em 2004 a carga tributária incidente sobre
a comercialização de cigarros e assemelhados por tipo de tributo ou imposto estava assim
distribuída:
Carga tributária incidente sobre a comercialização de cigarros e assemelhados
Ano referência – 2004
Tabela 1 – C
arga
T
ributária
I
ncidente
sobre
a
comercialização de cigarros e assemelhados.
ESPECIFICAÇÃO %
IPI 27,67
ICMS INDUSTRIA 25,00
ICMS VAREJO 2,11
SELO DE CONTROLE 6,00
COFINS 3,54
PIS 0,90
SOMA 66,22
Fonte: Informação Obtida no site: http://www.rhp.com.br/tabaco/html/noti.html .
Acesso em 25 set. 2005.
Ainda, segundo a Receita Federal, a distribuição da renda bruta em 2004, referente a
comercialização de cigarros teve a seguinte distribuição:
Distribuição da renda bruta sobre a comercialização de cigarros e assemelhados
Período base – 2004
Tabela 2 – Distribuição da Renda bruta sobre a comercialização de cigarros e assemelhados
ESPECIFICAÇÃO %
GOVERNO/TRIBUTOS 46,40
INDÚSTRIA 21,30
PRODUTOR 26,40
VAREJISTA 5,90
TOTAL 100,00
Fonte: Informação Obtida no site: http://www.rhp.com.br/tabaco/html/noti.html .
Acesso em 25 set. 2005.
6 CENÁRIO PARA A INDÚSTRIA FUMAGEIRA
Utilizando referencial bibliográfico, o resultado de pesquisas, de entrevistas e opiniões
de pessoas ligadas à área, pretendemos neste capitulo elaborar um cenário prospectivo para a
indústria fumageira no Estado do Rio Grande do Sul.
6.1 DEFINIÇÃO METODOLÓGICA
Segundo Peter Shwartz (2002) existe uma crença de que a informação séria deve ser
demonstrada através de gráficos, números ou, em última análise, em linguagem didática.
Porém, o autor defende que as questões relativas ao futuro são complexas ou imprecisas para
serem abordadas através das linguagens convencionais dos negócios sugerindo, então, que na
construção de cenários seja utilizada a linguagem típica das histórias e dos mitos, pois,
transmitem significados que contribuem para explicar porque os acontecimentos futuros
podem ocorrer de outra forma.
Para o processo de construção de cenários, Schwartz (2000) destaca algumas
vantagens quando utilizamos histórias, pois estas abrem às pessoas possibilidades de análise,
permitem que as pessoas dêem significado próprio ao evento.
Para a realização deste trabalho, o objetivo da construção do cenário para a Indústria
Fumageira difere um pouco do objetivo que seria a construção de um cenário pela própria
indústria.
Se a empresa criasse um cenário para utilização interna, teria como objetivo o
embasamento de seu planejamento estratégico ou a tomada de decisões de longo prazo,
desenhando de alguma forma a visão de possíveis futuros em relação à sua atividade.
A construção do cenário em referência tem como objetivo lançar uma visão sobre o
futuro de um determinado segmento da economia, a indústria fumageira, para então verificar
quais as possíveis conseqüências que os fatos considerados trarão para outro setor, no caso, a
economia do Município de Dom Feliciano. Assim, os passos seguidos para a sua construção
foram dados de forma a alcançar este objetivo.
Tipo de cenário a ser construído:
Prospectivo - tentativa de identificar e capturar possíveis rupturas e
descontinuidades;
Modelo de cenário a ser construído:
Normativo – identificação de possíveis futuros;
Campo de Aplicação:
Cenário Focalizado – objetivo específico ou estudos regionais;
Técnica Utilizada:
Entrevistas ou questionários e utilização de notícias veiculadas na dia ou
artigos sobre o tema;
Método:
Pela característica de utilização e finalidade da construção deste cenário, o processo
de construção de cenários descrito por Raul Grumbach é o que melhor se aplica, pois este
método de construção de cenários auxilia na definição do problema, na elaboração do
diagnóstico e no processamento das informações e elabora sugestões.
6.2 PERSPECTIVAS PARA O SETOR
O confronto entre o bem e o mal, na encenação da peça teatral denominada “Cultivo
do Tabaco/Consumo de Cigarros”, continua sem tréguas, pois interesses diversos estão
sendo defendidos.O bem, neste caso representado pelos anti-tabagistas e o mal pelos
consumidores, na era inicial e atualmente, continuam os anti-tabagistas com suas convicções
na defesa de um mundo melhor e maior qualidade de vida e os consumidores na era industrial
com seus grandes aliados, representados pelas industrias fumageiras e os governos.
Conforme Beting (2006) citando o artigo de Brow (2000), defende que após um
século de incentivo ao fumo, o mundo as costas aos cigarros. No mesmo artigo são feitas
considerações sobre o futuro da indústria fumageira, considerando vários elementos de
convicção para a tomada desta postura. Entre os principais argumentos citados no artigo em
questão, a posição dos juizes ao julgarem ões responsabilizando as indústrias de fumo
pelos danos que o cigarro causa à saúde, a elevação dos preços dos cigarros para cobrirem
gastos com as indenizações, a posição dos governos em aumentarem alíquotas de impostos
com o objetivo de não perderem rendas pela possível diminuição no volume de cigarros
consumidos, a restrição de campanhas publicitárias que as indústrias estavam habituadas a
patrocinar, enaltecendo as virtudes de quem fuma, a proibição de fumar em alguns lugares
públicos, entre outros.
Os argumentos citados em 2000, hoje são uma realidade. Realidade esta muito mais
presente e intensificada com o advento da globalização do planeta, onde as informações
passam a ser divulgadas e podem ser acessadas em tempo real, elemento indispensável para
o fortalecimento de ações integradas de combate ao tabagismo. Por outro lado, os atores que
representam papeis de produtores e governo, convivem com outra realidade que não pode e
não deve ser desconsiderada.
Estamos falando de economia e finanças. Os números envolvidos neste processo são
gigantescos. Em termos de emprego 2.4 milhões de postos de trabalho o gerados nesta
atividade, considerando empregos diretos e indiretos, na lavoura e na indústria. O BNDES
coloca o setor do tabaco entre os 24 principais setores da economia nacional, considerando
para esta posição a capacidade de geração de empregos e o poder de formação de cadeias
produtivas com outros setores chaves multiplicando assim investimentos.
A contribuição nos impostos nacionais também é expressiva, cifras consideráveis são
arrecadas anualmente pelos governantes. O Brasil é o quinto no ranking das nações com
maior tributação sobre o produto. É inegável que a posição dos governos neste setor é
bastante delicada, pois de um lado, a necessidade de formar “caixa” para fazer frente aos
gastos públicos é vital, porém a imagem de uma administração, comprometida com os
interesses sociais, também deve ser defendida pelos governantes. Diante deste dilema, surge
uma nova realidade, afinal, de qual lado efetivamente os governantes irão se posicionar?
O jornalista Capozzoli, (2006) ressalta que: “O Estado mesmo tem uma parcela
múltipla e superposta de responsabilidades. Durante muito tempo se fez vista grossa ao
cigarro, lavando-se em conta os impostos arrecadados.”
Por outro lado os antitabagistas e outras organizações voltadas a preservação da saúde
têm conseguido grandes vitórias em suas ações. Conseguir que seja obrigatório colocar
advertências com relação ao malefício do tabaco à saúde, nas próprias carteiras de cigarros,
com absoluta certeza, de alguma forma irá despertar os fumantes para os riscos que tal vicio
acarreta.
A adesão de países à Convenção-Quadro, um tratado internacional liderado pela
Organização Mundial da Saúde que determina, entre outros pontos, a substituição gradual das
plantações de tabaco por outras culturas, e a aplicação desta convenção pelos países
signatários pode representar a médio ou longo prazo, o fim das lavouras de fumo.
Em artigo publicado no Jornal do Comércio, sob o título “Área com fumo pode recuar
10%.”, é analisada a possibilidade do setor fumageiro reduzir em até 10% a área cultivada,
na próxima safra (Área ....,2006). Entre as principais causas apontadas para a tendência, estão
fatores como a variação cambial e a ratificação da Convenção-Quadro, pelo Brasil, em 2005.
No mesmo artigo, o segundo diretor secretário da Associação dos Fumicultores do Brasil
(Afubra), Romeu Schneider, analisa que um impacto nesta ordem refletirá diretamente na
economia da região. “[...] alguns milhões de reais deixariam de circular [...]”, avalia.
Por último, em resposta à pesquisa realizada pelo autor, Carlos Sehn, Assessor da
Diretoria do Sindifumo, avalia que o setor está fazendo um ajuste (redução) estimado ao
redor de 10%, e então acontecerá uma estabilização na produção nos patamares ajustados.
(APÊNDICE B).
Considerando esses argumentos, identificamos a probabilidade de redução, no longo
prazo , na produção de fumo intensificada por campanhas antitabajistas e pressões crescentes
sobre diversos governos, inclusive por ligas de consumidores, fumantes passivos e
organizações não governamentais.
7 ANÁLISE DA ECONOMIA DO MUNICÍPIO DE DOM
FELICIANO E A IMPORTÂNCIA DA CULTURA DO FUMO
NESTA REGIÃO
Para identificar a importância da indústria fumageira na economia do município
de Dom Feliciano, foi realizada uma pesquisa de campo junto aos produtores rurais e outra
pesquisa utilizado o banco de dados estatísticos fornecidos pela Prefeitura Municipal, através
da divisão de finanças.
7.1 PESQUISA –
No livro Método e Técnicas de Pesquisa Social, Gil (1999), sustenta que em um
estudo de caso podemos utilizar pesquisas com propósito de explorar situações da vida real
cujos limites o estão bem definidos, pairando dúvidas sobre a real situação. Através da
pesquisa será possível investigar e explorar as relações em um determinado assunto.
Para atender este objetivo, definiu-se utilizar uma pesquisa exploratória, com a
elaboração de perguntas dirigidas especificamente a identificar a relação entre a economia do
município e a cultura de fumo.
No campo da educação, o município de Dom Feliciano está organizado sob a forma de
escolas-pólo. Este tipo de organização consiste em reunir alunos de várias comunidades,
chamadas Distritos, em um único local. Nestes estabelecimentos, destinados a atender às
comunidades rurais, são ministradas aulas a alunos de Ensino Fundamental.
Existem no município cinco escolas-pólo, que basicamente atendem toda a
comunidade rural. Aproveitando esta estrutura, foram entregues a cada estabelecimento 100
questionários. As Diretoras dos Estabelecimentos se comprometeram a enviar aleatoriamente
através dos alunos os questionários para serem respondidos pelas famílias. Os mesmos
deveriam retornar após dois dias.
Conforme o banco de dados estatísticos da Prefeitura, existem no meio rural 2.485
famílias. Assim, 500 pesquisas representam 20,12% da população.
Retornaram 445 questionários preenchidos, representando 17,91% da população e
89% dos questionários entregues.
O modelo do questionário aplicado, assim como os quadros com a tabulação das
respostas estão disponíveis no Apêndice B deste trabalho.
No Apêndice C encontramos a correspondência enviada pelo autor à pessoas ligadas à
área da fumicultura, bem como as respostas obtidas nos Anexos A, B e C.
Indicadores Econômicos do Município de Dom Feliciano
Período – exercícios 2002 a 2005
Tabela 3 Indicadores Econômicos de Município de Dom Feliciano
PERFIL SÓCIO ECONÔMICO DO MUNICÍPIO DE DOM FELICIANO
UTILIZANDO A BASE DE DADOS DA PREFEITURA MUNICIPAL
QUESITO INDICADOR EXERCÍCIOS
ÁREA CULTIVADA hectares 2002 2003 2004 2005
FUMO 5.052 6.077 6.627 6.780
R$
RECEITA DO
MUNICIPIO
TOTAL 7.011.284,
8.785.715,
9.034.566,
11.876.477,
FUMO 5.609.027,
7.028.572,
7.227.652,
9.501.181,
% 80% 80% 80% 80%
R$
RETORNO
ICMS
TOTAL 1.837.982,
2.337.076,
2.027.815
3.053.371,
FUMO 1.378.486,
1.752.807,
1.520.861,
2.290.028,
% 75% 75% 75% 75%
TONELADAS
PRODUÇÃO ANUAL
FUMO
11.286 10.021 14.623 13.134
FAMÍLIAS
NÚMERO DE
FAMILIAS
TOTAL 2.876 3.250 3.625 3.225
ÁREA RURAL
2.131 2.318 2.619 2.485
% 74% 71% 72% 77%
UNIDADES
ESTABELECIMENTOS
COMERCIAIS
TOTAL
402
ÁREA RURAL
214
UNIDADES
ESTABELECIMENTOS
INDUSTRIAIS
TOTAL
2
ÁREA RURAL
1
PERCENTUAL MÉDIO DE OCUPAÇÃO DE UMA PROPRIEDADE 60%
Fonte: Informação Obtida no site: http://www.rhp.com.br/tabaco/html/noti.html .
Acesso em 25 set. 2005.
.
A análise dos dados constantes no quadro acima auxilia a identificar o perfil
socioeconômico do Município, bem como ratificam as informações obtidas através da
pesquisa realizada.
Tomando por base o ano de 2005, como argumento, podemos destacar que 80% da
receita do município provém da exploração da cultura do fumo, que na principal receita da
Prefeitura, o retorno sobre o ICMS, é alimentado em 75% por esta cultura , que 77% da
população vive no meio rural, que 53% dos estabelecimentos comerciais estão localizados nos
distritos, e que dos únicos dois estabelecimentos industriais, um está localizado na zona rural.
Análise das respostas à entrevista com os fumicultores
1) Qual o tamanho desta propriedade?
Constatou-se que as propriedades com a 10 ha representam 34,9% da amostra e
com até 20 ha representam 25,3%. Portanto, tem se a característica fundiária do município.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1
até 10 ha
até 20 ha
até 30 ha
até 40 ha
mais de 40 ha
Figura 6 – Característica fundiária do Município de dom Feliciano.
Fonte: Dados coletados na pesquisa.
2) A área da propriedade explorada é:
Neste aspecto 70,7% da amostra revela que as famílias são donas da propriedade.
própria
alugada ou arrendada
Explorada em parceria
Figura 7 – Característica da posse das áreas de terras cultivadas
Fonte: Dados coletados na pesquisa.
3) Quantas pessoas vivem nesta propriedade?
Figura 8 – Pessoas que vivem na propriedade
Fonte: Dados coletados na pesquisa
A análise revela que as famílias, em média, têm entre quatro e seis pessoas, ou seja,
86,8% da amostra, caracterizando famílias numerosas.
4) Qual é a fonte de renda desta propriedade?
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1
duas
três
quatro
cinco
seis ou mais
A analise foi realizada tomando por base a soma de todas as respostas e identificou-
se que 58,3% da renda da amostra estudada provém do cultivo de fumo.
Fumo
Milho
Feijão
Gado ou Sno
Outras Atividades
Figura 9 – Fonte da renda das famílias
Fonte: Dados coletados na pesquisa.
5) Número de pessoas que trabalham na produção de fumo:
Contatou-se que entre em dia quatro pessoas da organização familiar trabalham no
cultivo do fumo.
0
5
10
15
20
25
30
35
1
duas
três
quatro
cinco
seis ou mais
Figura 10 – Número de pessoas que trabalham na produção de fumo
Fonte: Dados coletados na pesquisa.
6) Durante a safra de fumo esta família costuma contratar mais pessoas para trabalhar?
As respostas identificam que, às vezes 53,2% contrata mão-de-obra terceirizada e
37,5% nunca contrata. Estas respostas identificam que não existe oferta de emprego na região.
sempre
as vezes
nunca
Figura 11 – Utilização de mão-de-obra terceirizada
Fonte: Dados coletados na pesquisa
7)Se esta propriedade trabalha com a cultura de fumo, o que representa na sua renda
familiar?
As respostas apontam que 85% da renda da amostra estudada provém da cultura de
fumo, pois 20,9% informam que de 50% a 70% da renda provém da cultura de fumo, e 64,1%
dizem que de 70% a 90% obtém sua receita desta cultura.
0
10
20
30
40
50
60
70
1
menos de 50%
mais de 50% e menos
de 70%
mais de 70% e menos
de 90%
mais de 90%
Figura 12 – Composição da renda família
Fonte: Dados coletados na pesquisa.
8) Esta família compra alimentos que poderiam ser produzidos na propriedade? Ex.
compra leite, verduras, carne, feijão, etc...
A resposta a este quesito identifica que 48,1% da amostra estudada compra os
alimentos que poderiam ser produzidos na propriedade.
Sim
Não
Figura 13 – Hábitos de consumo produtos produzidos na propriedade
Fonte: Dados coletados na pesquisa.
9) Você ouviu falar em “cooperativas”? Você confia neste sistema de organização?
Embora 65,8% da amostra confirme que conhece e confia no sistema cooperativista,
outra boa parte 34,2% diz o conhecer e não confiar no sistema. Esta é sem dúvida uma
característica própria da colonização, cujo traço individualista e desconfiado, herdado dos
antepassados, ainda é bastante presente.
0
10
20
30
40
50
60
70
1
Sim
Não
Figura 14 – Sistema cooperativo
Fonte: Dados coletados na pesquisa.
10) O que esta família considera que poderia “dar certo” no município de Dom
Feliciano.
Várias alternativas foram propostas, o que identifica a receptividade e a a
conscientização, todavia a dispersão mostra que o nível de conscientização do problema não
implica em respostas consensuais quando se trata de encaminhar soluções.
Tambo de Leite
Criação de Peixes
Criação de Suínos
Cultura de Frutas
Hortifrutigranjeiros
Cultura de Flores
Outras Atividades
Figura 15 – Alternativas de substituição da cultura do fumo
Fonte: Dados coletados na pesquisa.
Pelo conjunto dos dados analisados pode-se afirmar que a economia do município de
Dom Feliciano, bem como a renda dos agricultores, o altamente dependente da cultura do
fumo.
8 CONCLUSÃO
Ao final deste estudo, reconhecemos a importância que pode representar a utilização
de cenários em estudos exploratórios, como ferramenta para a tomada de decisões.
Diferentemente dos demais mecanismos de administração, onde a tomada de decisões
está embasada em acontecimentos passados, a proposta de elaborar perspectivas futuras
rompe com o convencional e passa a preocupar-se com as incertezas futuras e com as
descontinuidades. Ao tomar esta postura, qualquer gestor estará antecipando-se a possíveis
turbulências e tomando as medidas cabíveis, no caso de ocorrerem as visões de possíveis
futuros negativos.
É certo que a atividade de criar cenários requer, por parte dos “futuristas”, uma
elevada dose de criatividade e astúcia, envolvendo o maior número de pessoas ligadas à
atividade ou até mesmo pessoas alheias ao processo, mas que de alguma forma possam
contribuir. Como também é certo que ao tomar esta postura a empresa estará “adiantada no
tempo”, o que lhe permitirá montar decisões estratégicas e ações eficazes que anulem ou
amenizem o impacto futuro, uma vez conhecido e que permite a continuidade de sua
existência.
Com relação ao município de Dom Feliciano, o estudo revela grande preocupação,
pois uma economia está altamente dependente de uma atividade que se mostra permeada de
incertezas e aponta, necessariamente, em uma posição otimista para a estagnação, ou, em caso
mais pessimista, para o inicio de uma desaceleração.
Em qualquer um dos cenários, a situação do município é desconfortável e, portanto, a
administração pode antecipar-se ao caos e procurar alternativas capazes de evitar o total
empobrecimento da população ou, ainda, em caso extremo, buscar a substituição gradativa
da cultura do fumo como atividade econômica principal, podendo assim, evitar a inviabilidade
administrativa por falta de perspectivas econômico-financeiras.
O item 10 da pesquisa realizada aponta algumas alternativas sugeridas pelos próprios
agricultores como forma de contornar o problema.
Oliveira (2005) em seu trabalho “Produção de Tabaco e Policultura: Um Estudo
Comparativo nos Três Estados do Sul do Brasil”, defende que a opção pela policultura
depende de um conjunto de fatores, entre os mais significativos, a disponibilidade para novos
investimentos e a existência de estruturas para escoamento da produção.
Alerta ainda a autora, que a condição para a existência de novos cenários deve passar
por estudos e pesquisas que considerem as peculiaridades dos agricultores, e neste caso,
fenômeno natural que bancou, por um longo período, a subsistência econômica do município
de Dom Feliciano.
Podemos considerar como totalmente procedentes os argumentos da autora, porém é
necessário que algo seja feito rapidamente, dada a velocidade com que estão ocorrendo as
mudanças.
Em primeiro lugar, uma ação de conscientização da população no sentido de voltar ao
hábito do cultivo para a subsistência, tentando de todas as formas que respostas como a da
questão 8 sejam negativas, o que se justifica pelo fato de que 48,1% da amostra pesquisada,
afirma que não produz, por exemplo, leite, verduras, e outros produtos.
Se ao invés de comprar produtos de consumo diário, o agricultor produzisse os
mesmos em sua propriedade, poderia economizar este valor e utilizá-lo em outra atividade ou
até iniciar uma poupança.
Outra atividade na área da conscientização poderia ser iniciada, quanto à qualidade de
vida do interior em relação à vida urbana. Através de diferentes demonstrações de
esclarecimento da comunidade, poderiam ser destacados os valores contemplados ao de se
viver com boa qualidade de vida, agregando-se a isto a necessidade de trabalhar o ano todo,
considerando que o ciclo da cultura de fumo é de seis meses do ano.
Ainda nesta linha de raciocínio, um posicionamento relativo à área financeira, mais
precisamente no que se refere a “orçamento familiar”, se faz necessário, pois não é raro ouvir
de agricultores que “não sobrou dinheiro, pois comprei um trator, reformei a casae que
“plantar fumo não dá dinheiro”.
A partir de diferentes análises, é evidente a necessidade de uma mudança cultural,
incluindo um forte trabalho de esclarecimentos conceituais, evidenciando e planificando
diferenças entre despesas, custos de produção e investimento. Sem sombra de dúvidas, isto
poderá ser muito útil e fará com que os produtores tenham uma visão real do custo de
produção e ainda possam investir em ativos que realmente contribuam para agregar valor à
produção, lhes assegurando com certa segurança, determinado fluxo de renda. Ações deste
tipo, com certeza não alterarão o curso de história, porém irão amenizar a crise ou o caos, em
curto prazo. Concomitante às atividades descritas, é importante que se inicie um estudo sério
e consciente sobre as incertezas do futuro.
Um trabalho especializado de consultoria, para análise técnica e profunda dos vários
aspectos e variáveis podelevar à criação de novos cenários e então, a sua implementação
gradativa, respeitando vocações, convicções e as liberdades individuais, com a formulação de
ações concretas, buscando a estabilidade e o crescimento econômico-financeiro de Dom
Feliciano, como município e fator de desenvolvimento do estado.
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tecnologia. São Paulo: Saraiva, 2002.
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Textos para Discussão, Brasília, n. 939, fev. 2003.
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APÊNDICE A
-
Pesquisa realizada com agricultores do Município de Dom Feliciano
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
MESTRADO EM ECONOMIA – ÊNFASE EM CONTROLADORIA
Mestrando – Arno Uszacki
Tipo: PESQUISA PERFIL ECONOMICO FAMILIAR
Objetivos Identificar o perfil econômico familiar do Município de Dom Feliciano, o grau de
dependência da economia em relação à cultura fumageira e analisar a viabilidade de substituição desta atividade
econômica.
1) Qual o tamanho desta propriedade, tem até:
( ) até 10 ha ( ) até 20 ha ( ) até 30 ha ( ) até 40 ha ( ) mais que 40 ha
2) A área da propriedade explorada é:
( ) própria ( ) alugada ou arrendada ( ) explorada em parceria
3) Quantas pessoas vivem nesta propriedade?
( ) duas ( ) três ( ) quatro ( ) cinco ( ) seis ou mais
4) Qual é a fonte de renda desta propriedade? ( podem ser marcadas mais de uma alternativa)
( ) fumo ( ) milho ( ) feijão ( )gado ou suíno ( ) outras atividades
5) Número de pessoas que trabalham na produção de fumo:
( ) duas ( ) três ( ) quatro ( ) cinco ( ) seis ou mais
6) Durante a safra de fumo esta família costuma contratar mais pessoas para trabalhar?
( ) sempre ( ) as vezes ( ) nunca
7) Se esta propriedade trabalha coma cultura de fumo, o que representa na sua renda familiar?
( ) menos que 50% ( ) mais que 50% e menos de 70% ( ) mais que 70% e menos de 90% ( ) mais
de 90%
8) Esta familiar compra de alimentos que poderiam ser produzidos na propriedade? (Ex. compra de
leite, verduras,carne, feijão, etc)
( ) sim ( ) não
9) Você já ouviu falar em “Cooperativas”? Você confia neste sistema de Organização?
( ) sim ( ) não
10) O que esta família considera que poderia “dar certo” no município de Dom Feliciano:
( ) tambo de leite ( ) criação de peixes ( ) criação de suínos ( ) cultura de frutas ( )
hortifrutigranjeiros (...) cultura de flores (...) Outras atividades
Quais?..............................................................................................................................
APÊNDICE B
TABULAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA
TABELA 1.
Fr %
Qual o tamanho desta
propriedade, tem até
até 10 ha
145 34,9
até 20 ha 105 25,3
até 30 ha 58 14,0
até 40 ha 38 9,2
Mais de 40 ha 69 16,6
Total 415 100,0
TABELA 2.
Fr %
própria 312 70,7
Alugada ou arrendada 79 17,9
explorada em parceria 50 11,3
A área da propriedade
explorada é:
Total
441 100,0
TABELA 3.
Fr %
Duas 4 ,9
Três 55 12,4
Quatro 106 23,8
Cinco 120 27,0
seis ou mais 160 36,0
Quantas pessoas
vivem nesta propriedade?
Total
445 100,0
TABELA 4.
Fr %
Fumo 684 58,3
Milho 152 13,0
Feijão 131 11,2
Gado ou
Suíno
125 10,7
Outras
Atividades
81 6,8
Qual é a fonte
de renda desta
propriedade?
Total 1173 100,0
TABELA 5.
Fr %
duas 75 18,2
três 123 29,8
quatro 99 24,0
cinco 67 16,2
seis ou mais 49 11,9
Número de pessoas
que trabalha
m na produção de
fumo:
Total 413 100,0
TABELA 6.
Fr %
sempre 40 9,3
as vezes 230 53,2
nunca 162 37,5
Durante a safra de
fumo esta família costuma
contratar mais pessoas para
trabalhar?
Total 432 100,0
TABELA 7.
Fr %
menos de 50% 25 6,1
mais de 50% e menos de
70%
85 20,9
mais de 70% e menos de
90%
261 64,1
mais de 90% 36 8,9
Se esta propriedade
trabalha coma cultura de fumo,
o que representa na sua renda
familiar?
Total
407 100,0
TABELA 8.
Fr %
Sim
211 48,1
Não
228 51,9
Esta familiar compra
de alimentos que poderiam ser
produzidos na propriedade?
(Ex. compra de leite,
verduras,carne, feijão, etc)
Total
439 100,0
TABELA 9.
Fr %
Sim 291 65,8
Não 151 34,2
Você já ouviu falar em
"Cooperativas"? Você confia
neste sistema de
Organização?
Total
442 100,0
TABELA 10.
Fr %
Tambo de Leite 95 23,9
Criação de Peixes 95 23,9
Criação de Suínos 122 30,7
Cultura de Frutas 120 30,2
Hortifrutigranjeiros
92 23,1
Cultura de Flores 21 5,3
Outras Atividades 25 6,3
O que esta
família considera
que poderia “dar
certo” no município
de Dom Feliciano
Total 398 100,0
APÊNDICE C – Pesquisa de opinião sobre cenário indústria fumageira
.............................
PESQUISA DE OPINIÃO SOBRE CENÁRIO INDÚSTRIA FUMAGEIRA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
MESTRADO EM ECONOMIA – ÊNFASE EM CONTROLADORIA
Mestrando – Arno Uszacki
Prezado(a) Senhor(a)
Sou Arno Uszacki, estou concluindo o Mestrado em Economia, Ênfase em
Controladoria na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Minha dissertação trata do estudo de cenários como ferramenta utilizada na tomada de
decisão empresarial.
A aplicação prática deste trabalho será através do estudo para avaliar do grau de
dependência da economia do município de Dom Feliciano, e a averiguação das possíveis
conseqüências que um possível desaquecimento da indústria fumageira possa trazer para a
economia do município.
Assim, devo “criar” um cenário prospectivo para a indústria fumageira e então avaliar
o efeito que este “possível futuro” trará para a economia do município em questão.
Considerando o que escreveu Peter Schwartz(2000), em seu livro A ARTE DE
VISÃO DE LONGO PRAZO, que Cenários são sistemas que ajudam as pessoas a
aprenderem através de imagens alternativas de possíveis futuros e que sua utilização como
ferramenta de trabalho não se constitui em um exercício de previsão, mas sim, em idealizar
um possível futuro.
Dentro deste enforque solicito sua colaboração em “criar” um cenário a respeito de
possíveis futuros para a indústria fumageira.
Com bases nas “visões de futuro” de profissionais ligados diretamente à área ou
atuantes em outros segmentos mas relacionados de alguma forma com o tema, criarei um
cenário para a indústria fumageira.
Agradeço sua atenção e colaboração e fico no aguardo de seu retorno, colocando-me à
disposição para outros esclarecimentos que se fizerem necessários.
Atenciosamente
Arno Uszacki
Tef. 51 – 3464.40.08
auss@terra.com.br
ANEXO A – RETORNO DA PESQUISA AFUBRA
Correspondência recebida do Sr. Heitor Petry, em nome da Afubra.
A cultura do fumo implantada na região sul do Brasil e em alguns outros estados tem
tradição centenária. Ao longo deste período teve seus momentos críticos e evidentemente
superados e funcionando hoje sobre os alicerces do sistema integrado, um modelo brasileiro
que teve sua origem na fumicultura servindo posteriormente de modelo para outras atividades
como a suinocultura, avicultura, etc. No momento enfrenta uma forte crise que teve como
integrantes mbio desfavorável para a exportação ( 85% da produção é voltada ao mercado
internacional), adversidades climáticas que influenciaram na qualidade, adesão do Brasil a
Convenção Quadro Internacional que estabelece restrições a produção a ao cultivo de tabaco,
perda do padrão de qualidade dado muito a ampliação brusca da produção brasileira buscando
absorver (o que é positivo) mercados ocupados pela Zimbawe, Malawe e outros que tiveram
grandes reduções dado aos problemas internos (étnicos-políticos) mas que pela avidez de
cada grupo em absorver este flanco de mercado trouxe contratempos ao sistema integrado
pela criação de uma espécie de mercado paralelo, grandes problemas relacionados a questões
tributárias (ICMS entre estados que os governos não conseguem compensar pelo efeito
cascata da Lei Kandir que estabelece isenção de ICMS para exportação de fumo e que não é
compensado pela UNIÃO aos estados e por conseguinte dificuldade do Estado do RS
ressarcir às empresas o ICMS que elas recolhem sobre o fumo trazido de Santa Catarina e
Paraná), grande endividamento dos pequenos produtores, entre outros que poderiam ser
citados.
CENÁRIO FUTURO A tendência para os próximos cinco anos, segundo o que
ouvimos e analisamos, retrata ainda uma perspectiva de permanência da atividade da
fumicultura apesar das fortes e cada vez mais intensas campanhas anti-tabagistas. O setor está
bem estruturado, mercado que deverá permanecer mas entendemos que haverá uma
estabilização do volume de produção, ou seja, sem novas ampliações de áreas de
investimentos de expressão no campo. De outra parte, deverá se intensificar ações voltadas a
qualidade do produto (mais valorização a um padrão de qualidade) tentando recuperar o que
se perdeu e com isto garantir a fatia no mercado mundial. Há fortes indícios de uma tendência
para alterações no pacote tecnológico, ou seja, substituição de alguns produtos utilizados
como insumos na produção de fumo como objetivo de reduzir residuais químicos na mesma
linha de outros produtos agropecuários de exportação. È de destacar que algumas empresas
fazem referência a uma possível redução na área nas próximas safras, outras dão sinais de
crescimentos muito modestos, donde concluí-se que em média deverá ocorrer uma estagnação
com valorização das regiões com tradição no cultivo. Sobremodo torcemos para que
governantes não interfiram negativamente no setor que garante renda a quase 200 mil famílias
em sua maioria de pequenos agricultores, afora os milhares de trabalhadores na indústria e os
indiretos, enfim, todos do setor que ainda acreditam que o trabalho dignifica a vida em nosso
país. Sempre defendemos a fumicultura pois se mercado não há porque não supri-lo.
Heitor Petry - Afubra
Em 16.06.2006
petry@afubra.com.br
ANEXO B – RETORNO DA PESQUISA SINDIFUMO
Correspondência recebida do Sr. Carlos Senh, em nome do Sindifumo
Atendendo sua solicitação para dissertação em Mestrado, apresentamos, a seguir, uma
posição e projeção futura sobre a produção de fumo no Sul do Brasil:
O Brasil é o maior exportador e segundo maior produtor de fumo do mundo, posição
esta alcançada devido ao grande crescimento que se observou nos últimos cinco anos. Isto foi
para aproveitar a oportunidade de demanda criada pela redução de produção no Zimbabwe e
nos EUA. Neste momento, em razão de problemas relacionados com a taxa cambial e
retenção de impostos pagos pelas empresas na transferência do produto de outros estados para
o RS, o setor está fazendo um ajuste (redução) estimado ao redor de 10%. Para os próximos
dois ou três anos, uma tendência de se ter uma estabilização na produção nos patamares
ajustados, sendo imprescindível a produção de fumos de boa qualidade, já que o Brasil é hoje
o maior produtor de fumos "flavor" que dão gosto ao cigarro.
Atenciosamente.
Carlos Sehn
Assessor da Diretoria do Sindifumo
ANEXO C
CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA DA SRA. LUCIANA
BERNARDETE DE OLIVEIRA
Atualmente muito se discute sobre regiões rurais monocultoras, especialmente sobre a
monocultura do fumo no Sul do Brasil. Vários aspectos estão sendo apontados no que se
refere à dependência dos agricultores a fumicultura. Por força disso, tem-se buscado debater a
questão da erradicação da produção do fumo a partir da Convenção Quadro, que entre outras
prerrogativas, propõe, a alteração desta cultura, o que levaria, a priori, a um impacto negativo
nesta região.
Observamos freqüentemente o surgimento de polêmicas em torno da dependência e da
fragilidade do produtor de fumo quanto às oscilações dos preços do produto, as variações em
sua oferta internacional, assim como, a elevação dos preços dos insumos necessários à
produção que, em sua maioria estão atrelados à variação cambial.
Segundo os dados observados de uma amostra de 780 agricultores familiares, ligados a
Afubra, nos três estados do Sul do Brasil, verificamos que várias alternativas de produção
se encontram nas propriedades, sejam produzidas pelos agricultores familiares por sua própria
necessidade, sejam produzidas por estímulo das empresas fumageiras, nas entressafras. O
quadro abaixo mostra as principais culturas e suas respectivas produtividades:
Tabela 1 - Principais culturas, com exceção do fumo nas unidades
familiares pesquisadas na Região Sul – 2002.
(CONTINUA)
Cultivo /Produção
animal
Hectares Produção anual
(kg)
Valor anual R$
Produção (kg)
Anual por
hectare (1)
Valor anual R$
por hectare
(2)
%
(3)
Arroz
175,021 806.270 272.878,00 4606,704 1559,12
13,5%
Batatinha
49,212 304.432 44.248,00 6186,133 899,13
7,8%
Cebola
41,228 492.125 99.558,00 11936,67 2414,86
20,9%
Feijão
974,427 537.517 544.212,00 551,6237 558,49
4,8%
Hortifrutig
ranjeiros
75,985 102.500 47.434,00 1348,95 624,25
5,4%
Mandioca
126,963 1.226.433 237.130,00 9659,767 1867,71
16,2%
Milho
2004,6 6.164.448 1.156.366,00 3075,153 576,86
5,0%
Soja
316,69 866.890 352.767,00 2737,346 1113,92 9,6%
(CONCLUSÃO)
Outras
99,143 333.037 114.057,00 3359,158 1150,43
9,9%
Avicultura
69.549 214.894 88.865,00 3,089822 1,23
0,0%
Bovinos
de corte
1.713 313.007 440.480,00 182,7245 257,14
2,2%
Bovinos
de leite (litros)
1.857 2.632.443,00 841.792,00 1417,578 453,31
3,9%
Piscicultur
a
167.065 181.389 386.853,00 1,085739 2,32
0,0%
Suínos
5.102 347.974 396.894,00 68,20345 77,79
0,7%
Outros
443 7.205 2.590,00 16,26411 5,85
0,1%
Total
11.562,40
100,0
Obs.: Tabela adaptada pela autora (colunas 1,2,3)
Fonte: NUPES/UNISC (2002)
A Tabela 1 mostra que os produtos alternativos ao fumo possuem um valor
anual médio baixo se compararmos com a produção de fumo. A produção de cebola possui o
maior valor anual por hectare, cerca de R$ 2.414,86, que é menos da metade do valor anual
por hectare de fumo R$ 5.890,82. Outras culturas como a mandioca e o arroz, também
encontram espaço significativo nas áreas pesquisadas.
Apesar do baixo valor anula médio, verificamos algumas peculiaridades quanto a
produção de produtos alternativos ao fumo nesses estados. É importante mencionar que essa
pesquisa procurou estabelecer a influência das variáveis infra-estrutura (indicada pelo total de
bens, total de benfeitorias e área da propriedade) e mão-de-obra (indicada pelo número total
de pessoas da família e grau de escolaridade), na policultura. Aliadas a estas variáveis
determinamos os indicadores do total de hectares destinados a policultura e da receita anual
provenientes da policultura, nas propriedades dos três estados, em conjunto e separadamente.
Os agricultores familiares do estado de Santa Catarina utilizam a prática do plantio de
produtos diferenciados, não só para o auto consumo, mas também para a comercialização, que
em média lhes proporciona uma renda adicional de cerca de R$ 4.850,00, muito próximo ao
recebido em média pelo fumo. Esse comportamento foi verificado nesse estado. No estado
do Paraná, os produtores utilizam uma boa extensão de área a policultura, cerca de 9,5
hectares, entretanto o que observamos foi que essa produção é praticamente toda para o auto
consumo. No estado do Rio Grande do Sul, essa área é a menor comparativamente aos demais
estados. Existe uma dedicação maior e quase que exclusiva ao fumo. produtos
diferenciados dessa monocultura, mas basicamente para o consumo da propriedade, o que é
vendido é cerca de 10% do que é recebido pelos agricultores de Santa Catarina.
A opção pela policultura depende de um conjunto de fatores. A observação, descrição e
análise dos elementos constitutivos da policultura mostraram, que existem diferenças
regionais no uso e disposição dos recursos. Verificando as diferenças entre os produtores nos
três estados, vemos que uma política de desenvolvimento deve considerar as especificidades.
Investimentos que se traduzem em renda ao agricultor, mecanismos de escoamento da
produção, taxas de retorno são incentivos comuns, porém devem ser diferenciados. Logo, a
condição essencial para a ocorrência (ou fomento) de novas opções de culturas pressupõe o
acionamento de políticas, pesquisas e mecanismos correspondentes.
Diferentemente do que vinha ocorrendo nas regiões monocultoras, abre-se a
possibilidade de se conferir um plano de ação às diferentes formas de organização das
comunidades, levando em consideração seu modo de se relacionar com o mercado, com sua
própria cultura e com a essência do produtor familiar.
A condição para a existência de novos cenários devem passar por estudos e
pesquisas que considerem as peculiaridades dos agricultores, e por estado. Notadamente se
verifica a intensão de se produzir produtos alternativos a monocultura do fumo, o que lhes
permitiria incremente de renda. No caso do Rio Grande do Sul, a proximidade as grandes
indústrias, inibe de certa forma as decisões desses agricultores na opção por produtos
alternativos, e as dificuldades para sua venda, também é motivo de dedicação exclusiva ao
fumo. Sem políticas de incentivo, como mencionado, o cenário permanecerá o mesmo, porém
o impacto da possível redução internacional do fumo e de sua produção, será sentido mais
fortemente por regiões que não se prepararem para novos comportamentos.
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