ANEXO A – RETORNO DA PESQUISA AFUBRA
Correspondência recebida do Sr. Heitor Petry, em nome da Afubra.
A cultura do fumo implantada na região sul do Brasil e em alguns outros estados tem
tradição centenária. Ao longo deste período teve seus momentos críticos e evidentemente
superados e funcionando hoje sobre os alicerces do sistema integrado, um modelo brasileiro
que teve sua origem na fumicultura servindo posteriormente de modelo para outras atividades
como a suinocultura, avicultura, etc. No momento enfrenta uma forte crise que teve como
integrantes câmbio desfavorável para a exportação ( 85% da produção é voltada ao mercado
internacional), adversidades climáticas que influenciaram na qualidade, adesão do Brasil a
Convenção Quadro Internacional que estabelece restrições a produção a ao cultivo de tabaco,
perda do padrão de qualidade dado muito a ampliação brusca da produção brasileira buscando
absorver (o que é positivo) mercados ocupados pela Zimbawe, Malawe e outros que tiveram
grandes reduções dado aos problemas internos (étnicos-políticos) mas que pela avidez de
cada grupo em absorver este flanco de mercado trouxe contratempos ao sistema integrado
pela criação de uma espécie de mercado paralelo, grandes problemas relacionados a questões
tributárias (ICMS entre estados que os governos não conseguem compensar pelo efeito
cascata da Lei Kandir que estabelece isenção de ICMS para exportação de fumo e que não é
compensado pela UNIÃO aos estados e por conseguinte há dificuldade do Estado do RS
ressarcir às empresas o ICMS que elas recolhem sobre o fumo trazido de Santa Catarina e
Paraná), grande endividamento dos pequenos produtores, entre outros que poderiam ser
citados.
CENÁRIO FUTURO – A tendência para os próximos cinco anos, segundo o que
ouvimos e analisamos, retrata ainda uma perspectiva de permanência da atividade da
fumicultura apesar das fortes e cada vez mais intensas campanhas anti-tabagistas. O setor está
bem estruturado, há mercado que deverá permanecer mas entendemos que haverá uma
estabilização do volume de produção, ou seja, sem novas ampliações de áreas de
investimentos de expressão no campo. De outra parte, deverá se intensificar ações voltadas a
qualidade do produto (mais valorização a um padrão de qualidade) tentando recuperar o que
se perdeu e com isto garantir a fatia no mercado mundial. Há fortes indícios de uma tendência
para alterações no pacote tecnológico, ou seja, substituição de alguns produtos utilizados
como insumos na produção de fumo como objetivo de reduzir residuais químicos na mesma
linha de outros produtos agropecuários de exportação. È de destacar que algumas empresas
fazem referência a uma possível redução na área nas próximas safras, outras dão sinais de
crescimentos muito modestos, donde concluí-se que em média deverá ocorrer uma estagnação
com valorização das regiões com tradição no cultivo. Sobremodo torcemos para que
governantes não interfiram negativamente no setor que garante renda a quase 200 mil famílias
em sua maioria de pequenos agricultores, afora os milhares de trabalhadores na indústria e os
indiretos, enfim, todos do setor que ainda acreditam que o trabalho dignifica a vida em nosso
país. Sempre defendemos a fumicultura pois se há mercado não há porque não supri-lo.
Heitor Petry - Afubra
Em 16.06.2006
petry@afubra.com.br