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Presidente da República
João Baptista de Oliveira Figueiredo
Ministro da Educação e Cultura
Eduardo Mattos Portella
Secretário-Geral
João Guilherme de Aragão
Secretária de Ensino de 1º e 2º Graus
Zilma Gomes Parente de Barros
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CONTROVÉRSIAS NA HISTÓRIA DO BRASIL
- Edição do Professor -
Elaboração de:
Maria Amélia Azevedo Goldberg
Adalberto Marson
Flávio Venâncio Luizetto
Izabel Andrade Marson
Maria Cristina Zanetti Luizetto
Maria Ligia Coelho Prado
Regina Helena Zerbini Denigres
Sandra Maria Zákia Lian Sousa
BRASÍLIA- 1980
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
SECRETARIA DE ENSINO DE 1? E 2? GRAUS
"Controvérsias na História do Brasil"
(série Ensino regular, t ed. do Professor)
Fase. 1 A escravidão negra na colônia
(série Ensino regular, 3)
Fase. 2 - A extinção do tráfico de escravos no Século XIX
(série Ensino regular, 6)
Fase. 3 As tentativas de industrialização no Século XIX
(série Ensino regular, 5)
É proibida a reprodução total ou parcial
deste livro, salvo com autorização da Secretaria
de Ensino de lº e 2º Graus do Ministério da
Educação e Cultura, detentora dos direitos
autorais.
Foram depositados cinco exemplares deste
volume no Conselho Nacional de Direitos Auto-
rais e cinco exemplares na Biblioteca Nacional.
Brasil. Ministério da Educação e Cultura.
Secretaria de Ensino de 1? e 2? Graus.
Controvérsias na História do Brasil; edição do professor por Maria Amélia
Azevedo Goldberg, Adalberto Marson, Flávio Venâncio Luizetto, Izabel
Andrade Marson, Maria Cristina Zanetti Luizetto, Maria Ligia Coelho Pra-
do, Regina Helena Zerbini Denigres, Sandra Maria Zákia Lian Sousa. Bra-
sília, 1980 (Ensino regular, 6).
APRESENTAÇÃO
De uma forma ou de outra, alunos e professores estão preocupados com a
escola de 2? Grau dos anos 80.
Há vários níveis de preocupação. Há os que se limitam a denunciar as defi-
ciências desse nível de ensino, seja numa perspectiva estritamente psicopedagógica,
seja numa perspectiva mais ampla de natureza sócio-política.
Há os que sonham um tanto idilicamente, seja com a volta a um passadoo
muito remoto, seja com a escola do futuro, radicalmente distinta da que hoje
existe.
Finalmente existem aqueles que se preocupam com a transformação do que
existe e fazem propostas concretas de aperfeiçoamento da escola de 2? Grau.
0 presente programa instrucional se insere nesta última linha de preocupa-
ções. Sua importância decorre das decisões básicas que orientaram sua elaboração:
- um Programa que procura tratar temas controversos de História do Brasil;
- um Programa queo tem a pretensão de ser um "pacote autoritário" no
qual o papel de alunos e professores esteja completamente definido;
- um Programa que pretende ser flexível.
Suas unidadesom uma ordem pré fixada e nemo pouco esgotam to-
das as possíveis controvérsias da História do Brasil. Cada professor, em sua escola
poderá fazer a sua unidade, sobre um tema controverso que domine bem.
Todas essas decisões refletem um compromisso básico com dois princípios:
1?) o de que é fundamental fazer com que o aluno de 2? Grau aprenda a
pensar;
2?) o de que essa aprendizagem é uma tarefa cooperativa da qual alunos e
professores deverão participar.
Os materiais instrucionais poderão mostrar um caminho:o poderão jamais
ter a pretensão de serem o caminho, descoberto por uma equipe de iluminados
especialistas e, consequentemente, válidos para todos os alunos e todos os profes-
sores.
Esse é o grande mérito do presente Programa, elaborado pelo Departamento
de Pesquisas Educacionais da Fundação Carlos Chagas (São Paulo) com o patro-
cínio da Secretaria de Ensino de 1? e 2? Graus do Ministério da Educação e Cul-
tura, que hoje se divulga.
Inova sem deixar de ser modesto. Desafia sem deixar de oferecer uma res-
posta.
Esperemos que ele traga em si a boa semente...
SUMÁRIO
A página dos PORQUÊS 7
Nosso recado 11
FASCÍCULO 1: A escravidão na colônia 15
- A página dos COMOS:
1 Uma explicação necessária 15
2 Como deve ser conduzido o Programa 16
- Roteiro A: "EIS A QUESTÃO" 21
- Roteiro B: "E ELES RESPONDERAM!" 35
- Roteiro C: "MAS OUTROS CRITICARAM" 53
- Roteiro D: "E AGORA É SUA VEZ!" 63
FASCICULO 2: A extinção do tráfico de escravos no Século XIX 73
- A página dos COMOS:
1 - Uma explicação necessária 73
2 Como deve ser conduzido o Programa 75
- Roteiro A: "EIS A QUESTÃO" 79
- Roteiro B: "E ELES RESPONDERAM!" 89
- Roteiro C: "MAS OUTROS CRITICARAM" 113
- Roteiro D: "E AGORA Ê SUA VEZ!" 125
FASCICULO 3: As tentativas de industrialização no Século XIX 135
- A página dos COMOS:
1 Uma explicação necessária 135
2 Como deve ser conduzido o Programa 137
- Roteiro A: "EIS A QUESTÃO" 141
- Roteiro B: "E ELES RESPONDERAM!" 157
- Roteiro C: "MAS OUTROS CRITICARAM" 179
- Roteiro D: "E AGORA É SUA VEZ!" 193
PROVA DE HISTÓRIA DO BRASIL 201
GABARITO DA PROVA DE HISTÓRIA DO BRASIL 223
A PÁGINA DOS PORQUÊS
1? - POR QUE é um Programa inovador?
Trata-se de um Programa inovador porque tem as seguintes características
principais:
A Está organizado em três unidades, relativamente independentes entre
si, cada uma delas versando sobre um tema que é objeto de contro-
vérsia na bibliografia de História do Brasil.
B - Cada unidade é apresentada sob a forma de um FASCÍCULO destinado
ao ALUNO.
C - A EDIÇÃO DO PROFESSOR inclui na "PÁGINA DOS COMOS",
orientação sobre a condução das atividades que compõe cada FASCÍ-
CULO; inclui também a reprodução dos FASCÍCULOS do aluno, os
gabaritos para a correção das tarefas, um exemplar da prova e seu res-
pectivo gabarito.
D - Cada FASCÍCULO compreende quatro ROTEIROS de ESTUDO que o
aluno deve cumprir, trabalhando individualmente de preferência. Esses
ROTEIROS formam um "caminho de aprendizagem" que começa com
o conhecimento da pergunta geradora da controvérsia, prossegue com a
compreensão das várias respostas que estão no núcleo da controvérsia,
passa pela crítica das mesmas para chegar à oportunidade de o aluno
tomar uma posição face à controvérsia.
E - Prevê a realização de um Fórum de Debates, como uma atividade ter-
minal e necessária, a ser desenvolvida com a classe toda, após o comple-
tamento individual dos ROTEIROS de ESTUDO e respectiva correção
pelos alunos.
F - É flexível no sentido de que suas unidades, além de serem relativamente
independentes entre si, podem ser usadas como materiais suplemen-
tares, de enriquecimento, a outras programações de História do Brasil.
Para adotar qualquer Unidade do Programa basta ao professor assegu-
rar-se de que os alunosm os pré-requisitos indicados na Unidade.
G - Trata-se pois de um Programa de História do Brasil que, embora sendo
compatível com os programas existentes, discrepa deles no sentido de
pretender levar o aluno a formar a ideia de que a HISTÓRIA de nossa
terrao é um campo sem luta, um terreno pacífico. Ao contrário, o
que se pretende é que o aluno de 2ºgrau tenha consciência de que a
HISTÓRIA DO BRASIL é controversa e mais ainda: de que ele, aluno
de 2ºgrau, pode entender essa controvérsia e até mesmo tomar posição
nela.
Por isto, cada Unidade apoia-se em um conjunto de textos que tratam, a seu
modo, da questão central geradora do problema a ser resolvido. Eles estão distri-
buídos numa sequência baseada em critérios definidos, onde se começa por uma
abordagem genérica, com as explicações geralmente aceitas, e se faz gradualmente
uma ampliação da temática até que se chegue a uma abordagem específica, mais
rigorosa, capaz de dar uma visão dinâmica do problema histórico levantado.
A linha desta sequência levará a um processo de conhecimento que caminha
em sentido progressivo. Porém, é bom ressaltar queo se trata simplesmente de
uma complementação de um texto pelo que vem adiante. Em cada texto surgirão
informações novas, como também interpretações diferentes, ou explicações mais
completas. Haverá, assim, a possibilidade de reformulação, da interpretação ante-
rior, de tal forma que no estudo do último texto poder-se-á fazer uma superação
de certos modos de ver e estudar a História.
- POR QUE é importante um Programa de HISTÓRIA DO BRASIL que tem
na controvérsia seu ponto central?
Porque é a controvérsia que estimula a discussão dos temas da História do
Brasil. Porque o aluno de 2ºgrauo deve ser um mero "consumidor" de uma
História do Brasil já feita e acabada.
Porque, tomar partido numa controvérsia de História do Brasil é uma forma
de perceber que a História está sendo escrita e que se pode e deve participar desse
processo de escrevê-la e acima de tudo, de escrevê-la bem.
Porque, finalmente, o debate, a discussão é uma verdadeira "escola de racio-
cínio": tomar uma posição, argumentar a favor da mesma é desenvolver uma verda-
deira "ginástica do pensamento crítico" cuja validade ultrapassa os próprios limites
em que for exercida.
3? - POR QUE a preocupação de mostrar várias interpretações de um mesmo
tema?
O recurso ao "método da controvérsia" quer destacar a importância da inter-
pretação no conhecimento histórico, como parte integrante de qualquer raciocínio,
mesmo daqueles que se dizem puramente "factuais". Certamente, terá validade a
interpretação que apresentar um critério justificado, coerente e atualizado nas infor-
mações. A escolha de uma determinada interpretação deve basear-se na conclusão
de que há uma insuficiência nas outras respostas.
Com isso, fica esclarecida a necessidade de se fazer uma opção quando se es-
tuda a História, e o professor deve encarar naturalmente os problemas que daí
decorrem. Foram selecionados neste Programa, alguns temas básicos da História
do Brasil, que sempreo margem a juízos apressados ou estão intimamente ligados
a preconceitos. Ao fazerem sua opção, o professor e o aluno revolverão muitos dos
valores que impregnam sua vivência, o que só deve ser entendido como o grande
enriquecimento da vida individual, pelo estudo da História.
4? - POR QUE um PROGRAMA abrangendo estes temas da HISTÓRIA DO BRA-
SIL?
A Escravidão Negra na colônia
A Extinção do Tráfico de Escravos no Século XIX
As Tentativas de Industrialização no Século XIX
POR QUEo temas:
a) controversos na bibliografia especializada e didática
b) razoavelmente conhecidos entres
c) tradicionalmente abordados a partir de certos "mitos" consagrados, isto é,
a partir de certas crenças aceitas sem crítica ou resistentes a ela.
Acompanha o Programa uma proposta de avaliação, sob a forma de prova.
que também versa sobre um tema que é objeto de controvérsia na bibliografia de
História do Brasil. Partindo da pergunta geradora o aluno deverá demonstrar que é
capaz de identificar diferentes respostas à questão que está no núcleo da contro-
vérsia e deverá, finalmente, tomar uma posição pessoal face a ela. A orientação
para a aplicação da prova e seu respectivo gabarito é apresentado no final deste
manual.
Acompanha também o Programa, os gabaritos de cada uma das tarefas pro-
postas nos FASCÍCULOS, impressos em folhas isoladas, que deverão ser distri-
buídos aos alunos após a realização de cada tarefa.
NOSSO RECADO
é breve! Estamos preocupados com o que você, aluno de 2ºgrau, tem aprendido
sobre a História do Brasil. Por isso, elaboramos um Programa de estudos, denomi-
nado Controvérsias na História do Brasil.
O que é uma controvérsia?
É um tema para o qual os especialistaso interpretações diversas e até
certo ponto - antagónicas e conflitantes. A finalidade principal do Programa é
mostrar a você que:
a História do Brasil tem uma série de pontos que estão longe de serem pací-
ficos;
esses pontosm sendo objeto de discussão-crítica, por parte dos estudiosos;
3º você pode e deve participar dessa discussão porque a História do Brasil lhe
pertence: é sua História, também.
Para atingir essa finalidade, o Programa foi organizado de forma a compre-
ender os três FASCÍCULOS seguintes:
nº 1 - A Escravidão Negra na colônia
nº 2 - A Extinção do Tráfico de Escravos no Século XIX
nº 3 — As Tentativas de Industrialização no Século XIX.
Como se, cada um deles trata de um tema essencial mas controverso, da
História do Brasil. Embora sejam independentes entre si, os FASCÍCULOS foram
numerados em sequência, por se referirem respectivamente aos três períodos prin-
cipais de nossa História: COLÔNIA - IMPÉRIO - REPÚBLICA.
Isto quer dizer que, para estudar o FASCÍCULOnº 2, é preciso conhecer o
tema donº 1, e, para o caso donº 3, conhecer os temas donº 1 enº 2. É bom
saber que em História damos muito valor à localização dos acontecimentos e das
mudanças no tempo. Por isso, precisamos sempre relacionar o tema estudado a
um conjunto de situações anteriores que ajudam a compreendê-lo melhor.
Em cada FASCÍCULO, você encontrará quatro ROTEIROS DE ESTUDO:
ROTEIRO A - "Eis a questão!"
Nele você familiarizar-se-á com a pergunta que está na origem da contro-
vérsia.
ROTEIRO B - "E eles responderam!"
Nesse roteiro, você vai ver como "eles" (isto é, os estudiosos da História do
Brasil) responderam de maneira diversa à questão levantada produzindo as dife-
rentes alternativas de resposta que estão no próprio núcleo da controvérsia.
ROTEIRO C - "Mas outros criticaram!"
Aqui você vai ver como o núcleo da controvérsia se amplia, através da intro-
dução de um elemento novo: a crítica dos historiadores que fizeram o "balanço"
das respostas dadas e que avaliaram o peso das mesmas.
ROTEIRO D - "E agora é sua vez!"
Nesse Roteiro você terá, finalmente, a oportunidade de externar seu ponto-
de-vista, de se colocar pessoalmente face à controvérsia e de defender suas posi-
ções.
Como porém toda controvérsia pede DISCUSSÃO, os quatro Roteiros de
Estudoo preparatórios a um "FÓRUM DE DEBATES", isto é, a uma aula de
discussão com a classe toda, na qual, sob a orientação do professor, todos terão a
oportunidade de expor seus pontos-de-vista e de argumentar na defesa dos mes-
mos.
Como o próprio nome indica um ROTEIRO DE ESTUDO é um "guia", ca-
paz de orientar o caminho da aprendizagem a ser percorrido por você, trabalhando
sozinho, de preferência.
Se, porém,o se dispuser a cumprir todas as tarefas previstas em cada Ro-
teiroo haverá caminho da aprendizagem para você. Nosso recado termina, lem-
brando-lhe os versos que dizem:
"Caminhante,
o há caminho,
Se faz o caminho
Ao andar!..."
FASCÍCULO
A ESCRAVIDÃO NEGRA NA COLÔNIA
A página dos COMOS
FASCÍCULO 1: A ESCRAVIDÃO NEGRA NA COLÔNIA
1 Uma explicação necessária
Para que possa enfrentar as atividades propostas no FASCÍCULO 1 que com-
e o Programa "Controvérsias na História do Brasil" é indispensável que o aluno
disponha de um repertório de competências relacionadas à compreensão de temas
de História do Brasil e História Geral tais como:
A expansão comercial europeia dos séculos XV e XVI (especialmente a
portuguesa) / O mercantilismo e o sistema colonial (especialmente as
características referentes a Portugal e ao Brasil) / A atuação das ordens
religiosas no início da colonização brasileira (especialmente a Companhia
de Jesus) / Condições da colonização na região sul do Brasil / Visão geral
da colonização em outras partes da América (tipos de colonização) /
Fatores do êxito da empresa açucareira (técnicas de produção, mercado,
financiamento, mão-de-obra) / O comércio colonial e a importância do
tráfico de escravos (O papel dos holandeses nesse comércio).
Os temas acima apresentados podem ser estudados em:
ARRUDA, José Jobson. História Moderna e Contemporânea.o Paulo,
Ed. Ática, 1977.
TEIXEIRA, F. e DANTAS, J. Estudos de História do Brasil - colônia.o
Paulo, Ed. Moderna, v. 1, 1971.
Caso os alunoso disponham de tais competências, acerca desses temas, pos-
sivelmente, terão dificuldades de enfrentar um Programa que foi elaborado a partir
de controvérsias existentes na História do Brasil, exigindo deles, inclusive, uma
tomada de posição. Tais cuidados deverão ser considerados para que os alunos te-
nham um aproveitamento mais completo do problema histórico escolhido para a
controvérsia eo simplesmente limitado ao que poderia ser o debate de um pro-
blema isolado.
INTENÇÃO
PEDAGÓGICA
MATERIAL QUE
VAI UTILIZAR
ATIVIDADE ESPERADA DO PROFESSOR
EM SALA DE AULA
INTRODUÇÃOE
ROTEIROS DE
ESTUDO DO
FASCÍCULO I
- Identificar características e objeti-
vos do Programa
-
Identificar
como
está
organizado
o FASCÍCULO 1
- Identificar as principais propostas
contidas em cada um dos Roteiros
e respectiva função
- Identificar o papel de aluno em
cada Roteiro
FASCÍCULO 1 (Edição do Aluno)
P-7
- Apresentar o Programa ao Aluno
- Introduzir o FASCÍCULO 1
- Solicitar a leitura individual do texto "Nosso Recado"
- Esclarecer as dúvidas apresentadas pelos alunos
NOSSO
RECADO"
- Situar-se no contexto histórico a
que se refere a controvérsia - ob-
jeto do FASCÍCULO 1
- Familiarizar-se com a pergunta
que está na origem da controvér-
sia (QUESTÃOC-ERADORA)
FASCÍCULO 1 (Edição do Aluno)
p. 10
FASCÍCULO I (Edição do Aluno)
p.
11
a 16
Gabarito do Questionário 1
FASCÍCULO 1 (Edição do Aluno)
p.19
- Solicitar a leitura individual do texto "0 que é para fazer"
- Esclarecer as dúvidas apresentadas pelos alunos
- Solicitar a realização individual das atividades proposta no Roteiro A:
- OBSERVAR
- LER
- RESPONDER O QUESTIONÁRIO 1
- Supervisionar o trabalho dos alunos
- Fornecer o gabarito do QUESTIONÁRIO 1 a cada aluno a medida que fo-
rem terminando
- Solicitar que os alunos corrijam suas próprias respostas
- Esclarecer as duvidas
apresentadas
pelos alunos
- Solicitar leitura atenta da QUESTÃO-GERADORA da controvérsia, ressal-
tando que a questão será o aspecto fundamental a ser estudado no FASCÍ-
CULO 1
ROTEIRO A:
"EISA
QUESTÃO!"
FASCÍCULO 1 (Edição do Aluno)
p.22
- Solicitar a leitura individual do texto "O que é para fazer"
- Esclarecer as dúvidas apresentadas pelos alunos
ROTEIRO B:
"F. ELES
- Identificar diferentes respostas
dadas por historiadores a QUES-
TÃOCíERADORA
FASCÍCULO 1 (Edição do Aluno)
p.
23
a
26
Gabarito do Questionário 2
- Solicitar a realização individual das atividades propostas no Roteiro B:
- LER O TEXTO 1
- RESPONDER O QUESTIONÁRIO 2
- Supervisionar o trabalho dos alunos
- Fornecer o gabarito do QUESTIONÁRIO 2 a cada aluno, â medida que fo-
rem terminando
- Solicitar que os alunos corrijam suas próprias respostas
- Esclarecer as dúvidas apresentadas
2 Como deve ser conduzido o Programa
O Programa deverá ser desenvolvido obedecendo à
sequência
proposta em
cada
FASCÍCULO;
apresentamos no quadro a seguir algumas
sugestões
sobreis
atividades a serem condu-
zidas pelo professor em cada momento do Programa, relacionando-as com a intenção pedagógica que está por trás de cada um dos Roteiros de Estudo do FASCÍCULO 1.
INTENÇÃO
PEDAGÓGICA
MATERIAL QUE
VAI UTILIZAR
ATIVIDADE ESPERADA DO PROFESSOR
EM SALA DE AULA
INTRODUÇÃO 1
ROTEIROS DE
ESTUDO DO
FASCÍCULO 1
- Explorar os
carros
e os porques
FASCÍCULO 1 (Edição do Aluno)
p.
28 a 31
Gabarito do Questionário 3
- Solicitar a realização individual das atividades propostas no Roteiro B:
- LER O TEXTO 2*
- RESPONDER O QUESTIONÁRIO 3
- Fornecer o gabarito do QUESTIONÁRIO 3 a cada aluno, à medida que fo-
rem terminando
- Solicitar que os alunos corrijam suas próprias respostas
- Esclarecer as dúvidas apresentadas
ROTEIRO B:
"E ELES
RESPONDERAM!"
de cada
resposta
dada por diferen-
tes historiadores
FASCÍCULO 1 (Edição do Aluno)
p.
33 a 35
Gabarito do Questionário 4
- Solicitar a realização individual das atividades propostas no Roteiro B
- LER 0 TEXTO 3*
- RESPONDER O QUESTIONÁRIO 4
- Fornecer o gabarito do QUESTIONÁRIO 4 a cada aluno, â medida que fo-
rem terminando
- Solicitar que os alunos corrijam suas próprias respostas
- Esclarecer as dúvidas apresentadas
-
Identificar
críticas
ãs respostas da-
das por historiadores (e já estuda-
das)
- Identificar respostas à QUESTÃO-
GERADORA e que procuram su-
perar as críticas levantadas
FASCÍCULO 1 (I dição do Aluno)
p. 38
FASCÍCULO 1 (Edição do Aluno)
p.
39
a
42
Gabarito do Questionário 5
- Solicitar a leitura individual do texto "O que c para fazer"
- Esclarecer as dúvidas apresentadas pelos alunos
- Solicilitar a realização individual das atividades propostas no Roteiro C:
- LER 0 TEXTO 4 *
- RESPONDER 0 QUESTIONÁRIO 5
- Fornecer o gabarito do QUESTIONÁRIO S a cada aluno, à medida que fo-
rem terminando
- Solicitar que os alunos corrijam
suas
próprias
respostas
Esclarecer as dúvidas apresentadas
ROTEIRO C:
"MAS OUTROS
CRITICARAM!"
FASCÍCULO 1 (Edição do Aluno)
p. 46
- Solicitar a leitura individual do texto "0 que é para fazer"
- Esclarecer as dúvidas apresentadas pelos alunos
ROTEIRO D:
"E AGORA É
Organizar em um QUADRO-SIN-
TESE as diferentes respostas da-
das pelos historiadores à QUES-
TÃO-GERADORA e respectivas
críticas
- Identificar onde está o núcleo da
controvérsia nas diferentes posi-
ções (respostas) dos historiadores
FASCÍCULO I (Edição do Aluno)
p.47
Gabarito do MAPA DA CONTRO-
VÉRSIA
- Solicitar a realização individual da atividade proposta no Roteiro D:
PKI-.ENCHER O QUADRO-SINTESE (MAPA DA CONTROVÉRSIA)
- Fornecer o gabarito do QUADRO-SINTF.SF a cada aluno, à medida que fo-
terminando
- Solicitar que os alunos corrijam suas próprias respostas
- Esclarecer as dúvidas apresentadas
- Selecionar c indicar a
resposta
considerada mais adequada à
QUESTÃO-GERADORA
Levantar argumentos ã favor da
posição adotada
FASCICULO 1 (Edição do Aluno)
p. 49 e 50
- Solicitar a
realização
individual
da
atividade
proposta no Koiciro D
- TOMAR POSIÇÃO
INTENÇÃO
PEDAGÓGICA
MATERIAL QUE
VAI UTILIZAR
ATIVIDADE ESPERADA DO PROFESSOR
EM SALA DE AULA
ROTEIROS DE
ESTUDO DO
FASCÍCULO 1
- Defender com argumentos válidos
a posição tomada face ã contro-
vérsia
- Atacar com argumentos válidos as
posições adversárias
Valorizar a controvérsia como um
"método de estudo" c uma forma
de conceber a própria História.
FASCICULO 1 (Edição do Aluno)
p.
50
Realizar o FÓRUM DE DEBATES obedecendo os seguintes passos.
- ORGANIZAR A CLASSE EM GRUPOS:
Constituir Untos grupos quantas forem as posições (respostas) apre-
sentadas à QUESTÃO-GERADORA (compete ao professor classifi-
car estas respostas)
- PREPARAR OS GRUPOS PARA A DEFESA DA POSIÇÃO TOMADA
E 0 QUESTIONAMENTO ÃS DEMAIS POSIÇÕES:
Solicitar que os grupos se reunam a fim de se prepararem para desem-
penhar o papel de Debatedores. Para isso. deverão:
a) sistematizar os argumentos em favor da posição tomada;
b) elaborar
perguntas a serem propostas aos outros grupos afim de
questionar as posições deles. (Cada grupo deverá conhecer previa-
mente as posições dos demais)
- REALIZAR O FÓRUM DE DEBATES PROPRIAMENTE DITO:
- Dispor os alunos na sala, de forma a facilitar a realização do debate
- Iniciar o debate solicitando que cada grupo:
1) exponha
sua posição aos demais grupos;
2) proponha
questões aos outros grupos;
3) responda as questões que lhe foram propostas pelos demais gru-
pos. (Cada grupo deverá receber uma questão de cada vez c pro-
curar responder imediatamente após a apresentação da pergunta)
- COORDENAR 0 DE BATE. garantindo que a classe atende ao solicitado.
OBSERVAÇÃO: Caso a classe tenha chegado a uma única posição competirá
ao professor
assumir
uma
posição
contrária e
participar
do
debate na qualidade de DEBATEDOR.
Avaliar o debate procurando discutir aspectos positivos e
negativos observados e enfatizando a importância c o sig-
nificado da discussão de controvérsias em História (espe-
cialmente do Brasil).
ROTEIRO D:
E AGORA É
SUA
VEZ!"
Os TEXTOS que compõem o FASCÍCULO 1 foram retirados de:
Texto 1: HOLANDA, Sérgio Buarque de (e outros), História do Brasil.
o Paulo, Ed. Nacional, v. 1, p. 38-39.
Texto 2: LOBO, R. Haddock, História do Brasil - ciclo colegial, 4º ed.,
o Paulo, Duas Cidades, s.d., p. 41, 59,85.
Texto 3: FURTADO, Celso, Formação Econômica do Brasil. R. J., Fundo
de Cultura, 1964. Cap. I, p. 21.
Texto 4: MENDES Jr., RONCAR1, MARANHÃO, História - Texto e Con-
sulta. 1 - colônia, 2 ed.o Paulo, Ed. Brasiliense, 1977.
Uma recomedação final
A condução satisfatória da Unidade do Programa - "Escravidão Negra na
colônia" - exige como requisitos básicos que o professor, antes de ir à sala de aula:
a) esteja bastante familiarizado com as várias abordagens mais ou menos re-
centes do tema, dentro da bibliografia especializada;
b) tenha tido o cuidado de ler atentamente todo o material contido no FAS-
CÍCULO 1 (Edição do Professor).
"EIS A QUESTÃO!"
ROTEIRO A
PARA FAZER SOZINHO DE PREFERÊNCIA!
/
O QUE É PARA FAZER
1 - OBSERVAR atentamente as GRAVURASnº 1 e 2: elas mostram situa-
ções específicas do negro e do índio na época do Brasil -
colônia.
2 - LER com cuidado a BREVE NOTÍCIA que está no verso de cada gravu-
ra: ela diz algum coisa sobre o autor da mesma, sobre a obra de que
foi retirada, sobre a época a que se refere etc.
3 - RESPONDER com muita atenção ao QUESTIONÁRIOnº 1 que vem após
as gravuras: ele permitirá a você relembrar um pouco do
que já sabe sobre a condição do negro e do índio no Brasil-
Colônia.
4 - CONFERIR seus ACERTOS e ERROS recorrendo ao GABARITO que
seu professor possui.
5 - MEDITAR um pouco sobre a QUESTÃO-GERADORA da controvérsia
que você vai estudar neste Fascículo.
GRAVURA 1 - ALDEIA DE TAPUIOS
Fonte: Rugendas, J.M. - Viagem Pitoresca através do Brasil
BREVE NOTICIA
(1802-1858) Pintor alemão, veio ao Brasil em duas ocasiões: em 1825,
como integrante da expedição cientifica de Langsdorff, naturalista
russo, tendo percorrido o interior do Brasil; e em 1846, quando perma-
neceu no Rio de Janeiro e Pernambuco. Viajou também pela Itália e
outros países da América do Sul. Faleceu na Alemanha, deixando,
além desta obra, mais de 3 mil desenhos e esboços de suas impressões
de viagens.
A Viagem pitoresca através do Brasil foi publicada primeiramente em
Paris, em 1827. O Autor reuniu os escritos, desenhos, aquarelas e qua-
dros a óleo feitos em sua primeira viagem, um testemunho muito rico
das condições do Brasil de então, a paisagem, os costumes rurais e ur-
banos, a atividade econômica, os tipos sociais. Destavam-se as cenas
da vida cotidiana, os costumes dos índios e as situações desumanas da
escravidão.
Trata-se do fim do Primeiro Reinado, quando o país iniciava sua fase in-
dependente e a sociedade permanecia ainda rural e mais intensamente
escravista, apesar de aumentarem as ligações com a Europa e o mundo
ocidental.
Reproduz uma cena da vida rural, pondo em relevo um grupo de índios
já quase civilizados, sob orientação de um missionário. E bom exemplo
da imagem romântica que os europeus faziam do Brasil: a atração pela
natureza tropical e a visão idealista do índio como um "bom selvagem"
que leva uma vida pacata no meio da natureza.
O Autor:
A Obra:
A Época:
A Gravura
GRAVURA 2 - CASTIGO PÚBLICO NA PRAÇA DE SANTANA
Fonte: Rugendas, J.M. - Viagem Pitoresca através do Brasil
BREVE NOTICIA
O Autor: (1802-1858) Pintor alemão, veio ao Brasil em duas ocasiões: em 1825,
como integrante da expedição científica de Langsdorff, naturalista
russo, tendo percorrido o interior do Brasil; e em 1846, quando perma-
neceu no Rio de Janeiro e Pernambuco. Viajou também pela Itália e
outros países da América do Sul. Faleceu na Alemanha, deixando,
além desta obra, mais de 3 mil desenhos e esboços de suas impressões
de viagens.
A Obra: A Viagem pitoresca através do Brasil foi publicada primeiramente em
Paris, em 1827. O Autor reuniu os escritos, desenhos, aquarelas e qua-
dros a óleo feitos em sua primeira viagem, um testemunho muito rico
das condições do Brasil de então, a paisagem, os costumes rurais e ur-
banos, a atividade econômica, os tipos sociais. Destacam-se as cenas
da vida cotidiana, os costumes dos índios e as situações desumanas da
escravidão.
A Época: Trata-se do fim do Primeiro Reinado, quando o país iniciava sua fase in-
dependente e a sociedade permanecia ainda rural e mais intensamente
escravista, apesar de aumentarem as ligações com a Europa e o mundo
ocidental.
A Gravura: Retrata com realismo uma cena da vida urbana relativa à escravidão,
que tanto chocava os europeus que viajavam pelo Brasil. A violência do
castigo forma um contraste com a indiferença dos demais que simples-
mente assistem ao espetáculo. De todos os quadros que Rugendas de-
senhou sobre a escravidão, é neste que mais revelou sua revolta e indig-
nação.
QUESTIONÁRIOnº 1
1 Como descrever as diferenças entre a situação do negro e do índio tal como
foi retratada nas GRAVURASnº 1 e 2?
2 Por que motivo o negro está sendo castigado? Você observa a mesma situação
com o índio?
3 Além de índios e negros, você nota a presença nessas gravuras de outros ele-
mentos? Quaiso eles em cada gravura e o que estão fazendo?
4 - A partir dessas observações, você acha que só o negro foi escravizado?
GABARITO - QUESTIONÁRIOnº 1 (*)
1 As GRAVURASnº 1 e 2, apesar de serem do mesmo Autor e da mesma épo-
ca,o bem diferentes. A GRAVURA n° 1 mostra um cenário do interior do
Brasil, em que um grupo de indígenas está sendo catequizado por um missio-
nário. Observe a presença da civilização dos brancos: as construções, as ferra-
mentas, as roupas, o próprio missionário e os trabalhadores negros no fundo.
O importante é que o índio está em liberdade. Já a GRAVURAnº 2 apresen-
ta uma cena da vida urbana, um castigo em praça pública do Rio de Janeiro.
A atenção se volta para a condição dos negros escravos, submetidos aos cas-
tigos, cercado pelos edifícios, meios de transporte e tipos sociais da cidade.
A escravidão é o tema principal deste cenário.
2—0 castigo era frequentemente aplicado aos escravos que fugiam do cativeiro
ou praticavam alguma irregularidade (roubo, por exemplo). A gravurao dá
o motivo, que aliás poderia ser o simples capricho do senhor, mas evidencia
o seu lado aviltante, desumano, o sentido de um espetáculo de advertência,
que atrai muitas pessoas.
Na GRAVURAnº 2, pelo contrário, o índio está numa situação bem melhor,
protegido pelo missionário. Vive em contacto com a natureza, conserva al-
guns de seus costumes (enfeites e o trabalho em comum, por exemplo) eo
exerce uma atividade importante para os donos das terras. Veja, no segundo
plano, que os trabalhoso executados por negros.
3 - Sim. Na GRAVURA n° 1, nota-se a presença do missionário branco e, ao fun-
do homens e mulheres de cor negra trabalhando.
Na GRAVURAnº 2, há uma variedade de tipos sociais da paisagem urbana no
início do Século XIX (no Rio de Janeiro): padres, militares, funcionários-
blicos, aristocratas (na carruagem).o facilmente identificados pela sua cor
(brancos), suas roupas e atitudes. E há outras figuras de negros e mulatos,
com trajes e ocupações diversas, muitos deles na condição de escravos, e ou-
tros livres, como o feitor que está aplicando o castigo.
4 - Sim, a partir das observações extraídas das gravuras. Percebe-se que o índio
o foi escravizado por dois motivos:
19 está sob a proteção do missionário (portanto, da Igreja).
29 vive no meio da natureza, em organização tribal, e tem-se a impressão
de que é impróprio ("vive na inocência") ao trabalho obrigatório.
(*) Este gabarito deverá ser fornecido em tantas vias quantos forem os alunos.
"QUESTÃO-GERADORA"
POR QUE FOI INTRODUZIDA
A ESCRAVIDÃO NEGRA NO
BRASIL-COLÔNIA?
ROTEIRO B
E ELES RESPONDERAM!
PARA FAZER SOZINHO DE PREFERÊNCIA
O QUE Ê PARA FAZER
1 - LER cuidadosamente o TEXTOnº 1.
2 - VERIFICAR o significado dos TERMOS DIFÍCEIS e que estão no roda-
.
3 - RESPONDER ao QUESTIONÁRIOnº 2 que vem após o texto.
4 - CONFERIR os ACERTOS e ERROS através do GABARITO do pro-
fessor.
5 IMPORTANTE repetir essas operações para cada um dos três textos.
TEXTOnº 1
"O pau-brasil, tirado das matas brasileiras, foi o nosso primeiro produto de
valor comercial, explorado pela Europa, na primeira metade do Século XVI. Era
encontrado nas matas do litoral, desde a baía do Rio de Janeiro até a altura do cabo
deo Roque. (...)
(...)
A extração da madeira era feita por índios. Buscavam o pau-brasil nas matas,
derrubavam as árvores, cortavam os troncos em pedaços e os levavam para as fei-
torias. Ficavam empilhados nos pontos mais procurados pelos navios. (...) Como a
extração da madeira era feita pelos índios, e eram os índios que conheciam as ma-
tas, os portugueses os obrigaram a fazer esse trabalho, escravizando-os. Foi uma das
razões pelas quais os índios passaram a odiar os brancos e a se revoltar.
(...)
Com o grande desenvolvimento da cultura açucareira, começou a faltar gente,
a faltar mão-de-obra. Os portugueses tentaram continuar a servir-se dos índios, mas
esteso estavam acostumados a trabalhos agrícolas e detestavam permanecer por
longo tempo executando o mesmo serviço.o resistiam ao trabalho obrigatório:
ou morriam ou fugiam, indo reunir-se a índios inimigos. Os jesuítas, por sua vez,
contribuíram para uma falta ainda maior da mão-de-obra, atraindo os índios para
as missões
1
.
Missões: Aldeias organizadas pelas ordens religiosas (franciscanos, beneditinos e principal-
mente jesuítas), logo no início da colonização, a fim de promover a catequese dos índios.
Sob a direção dos missionários, os nativos trabalhavam na agricultura e exploração dos re-
cursos naturais. No Século XVII, as missões jesuíticas espalhadas pelo vale do rio Amazonas,
dos rios Paraná-Paraguai e no Maranhão, formavam um verdadeiro "império", com uma
população de milhares de indígenas e uma vida cultural e econômica intensa.
Por essas razões, a Coroa portuguesa, que estava interessada no aumento da
produção do açúcar, favoreceu a importação de escravos negros da África. Em prin-
cípios do Século XVI foi iniciado o comércio de escravos para o Novo Mundo.
A Espanha os introduziu na América espanhola (Antilhas) e Portugal no Brasil.
A partir de 1549, foram importados negros em maior quantidade, para as ca-
pitanias da Bahia e de Pernambuco; eram vendidos aos lavradores e aos senhores de
engenho a preços vantajosos para os comerciantes, que os traziam da África. Com os
lucros da venda do açúcar, os senhores comprovam mais escravos, aumentando a
produção do engenho.
A utilização dos escravos africanos deu resultados. Os negros eram mais resis-
tentes do que os índios, já estavam habituados aos trabalhos agrícolas e acostuma-
dos à escravidão, que existia na África. A região norte se desenvolveu muito, com o
braço do negro escravo. Esse foi um dos motivos do seu rápido enriquecimento e do
empobrecimento da região sul. As capitanias do sulo puderam comprar escravos
negros, porque custavam caro. E continuaram a servir-se do indígena, tendo necessi-
dade de ir buscá-lo cada vez mais no interior".
QUESTIONÁRIOnº 2
1 - Como o Autor explica a introdução da escravidão pelos colonos portugueses
no Brasil?
2 Por que o índio se adaptou à escravização durante a extração do pau-brasil,
maso nos trabalhos agrícolas da cultura açucareira?
3 - Por que deu certo a utilização do escravo africano?
4 Qual foi a atuação dos jesuítas e da Coroa portuguesa em relação ao problema
da mão-de-obra (indígena e africana)?
5 Por que as capitanias do Nordeste se desenvolveram mais que as do Sul?
Solicite agora o GABARITO do QUESTIONÁRIOnº 2, a seu professor.
Verifique seus ACERTOS e ERROS.
Nos casos dos ERROS, procure entender bem porque errou e qual seria a res-
posta certa.
Se tiver dúvidas recorra a seu professor.
Guarde seu GABARITO no envelope que se encontra no final do FASCÍ-
CULO.
GABARITO - QUESTIONÁRIOnº 2 (*)
1 Pelo grande desenvolvimento da cultura açucareira. Esse tipo de agricultura
exigia um trabalho mais organizado e constante que a extração do pau-brasil.
Para um aumento na produção de açúcar, era necessário um grande número
de mão-de-obra.
2 Na fase do pau-brasil, o índio exercia uma atividade simples, a que já estava
habituado (a coleta da natureza), com certa liberdade. Suportava as tarefas de
cortar e trazer a madeira, apesar de obrigados a isso como escravos. Na agri-
cultura, viam-se numa situação mais complicada, estranha a seus hábitos;
morriam com facilidade, por falta de resistência, ou fugiam para as matas.
3 Por dois motivos:
19- os negros já estavam acostumados ao trabalho agrícola e à escravidão nas
suas regiões de origem (África);
29 a riqueza propiciada pela venda do açúcar permitia que se pagasse o preço
alto dos escravos.
4 - Através das missões, os jesuítas impediam que os colonos aprisionassem os
índios, daí agravar-se a falta de gente para o trabalho. A Coroa portuguesa
desejava aumentar a produção de açúcar que lhe traria benefícios, daí procu-
rar resolver o problema da mão-de-obra permitindo a importação de escra-
vos africanos para o Brasil.
5 Na região Nordeste foi possível implantar a cultura açucareira; o enriqueci-
mento permitiu o emprego de escravos negros, que custavam caro. No Sul,
deu-se o contrário: as dificuldades econômicas obrigaram os colonos a utilizar
o trabalho indígena e também a penetrarem cada vez mais pelo interior à pro-
cura de novos cativos.
(*) Este gabarito deverá ser fornecido em tantas vias quantos forem os alunos.
TEXTOnº 2
"Um dos aspectos mais dolorosos da História do Brasil foi o trabalho escravo,
introduzido em nossas terras desde a época da descoberta.o constituímos, deve-
se lembrar, uma exceção nesse particular. Nas colônias francesas, inglesas, espanho-
las e de outras nações o mesmo sistema era empregado. Um dos principais pretextos
para a utilização dos escravos era a afirmação de que os homens de raça brancao
seriam capazes de realizar pesados serviços braçais em nosso clima. Com este argu-
mento e outros semelhantes, os colonos aprisionavam os índios e os obrigavam a
trabalhos a que eleso estavam habituados. Algumas ordens religiosas, notadamen-
te a dos jesuítas, procuraram lutar contra a escravização, despertando com essa ati-
tude a hostilidade dos colonos. Certas pessoas aconselharam a importação de cati-
vos africanos que, apesar de seu preço elevado, foram introduzidos em regular
número nas lavouras da Bahia e do Nordeste, na segunda metade do século XVI.
Vieram de Portugal ordens severas, proibindo a escravização dos índios. Os
colonos portugueses, entretanto, sempre arranjavam pretexto para burlar as proibi-
ções, ora aproveitando-se de leis que lhes permitiam proteger os naturais da terra,
ora provocando conflitos, pois era-lhes permitido transformar em escravos os
prisioneiros feitos em guerras justas. O próprio prestígio dos jesuítaso os impediu
de agir dessa maneira pouco humana.
(...)
Sempre necessitavam as nossas lavouras do braço escravo, e alegando esse
pretexto recorriam os colonos ao apresamento dos indígenas. Estes últimos, é
verdade, foram sendo gradualmente substituídos por cativos de origem africana,
principalmente nas regiões do Nordeste, onde as culturas proporcionavam lucros
substanciais. Nas vilas do Sul, porém, muito mais pobres,o era possível pagar os
elevados preços exigidos para os escravos negros, e por isso ali continuou a ser
praticada, em grande escala, a caça aos índios. Nessa ocupação se especializaram os
moradores deo Paulo.
(...)
Na época da descoberta do Brasil a escravidão era normalmente praticada em
diversas populações africanas que tinham contacto com os portugueses e outros eu-
ropeus. Quando se iniciou o movimento visando substituir, em toda a América, os
trabalhadores índios pelos resistentes escravos negros, o comércio destes últimos
já era bastante ativo no litoral da África. Os próprios reis, ou chefes de tribos desse
continente, frequentemente ofereciam à venda os prisioneiros de guerra, e, às vezes,
pessoas do próprio povo. À medida que o apresamento de escravos se tornava mais
rendoso, ia aumentando o número de expedições especialmente destinadas a trazer
os cativos aos portos de embarque. E algumas cidades chegaram a experimentar
notável prosperidade, graças ao desumano comércio.
(...)
O transporte de pessoas destinadas ao trabalho forçadoo se fez apenas pa-
ra o Brasil. Foi praticado por todas as nações da Europa que possuíam colônias,
tais como a Inglaterra, França e Espanha. Era, naquelas épocas, um sistema que
muita gente condenava, mas que dava grandes lucros e por isso os governos o per-
mitiam e até o estimulavam".
QUESTIONÁRIO N° 3
1 - Segundo o Autor, o emprego do trabalho escravo foi uma inovação de Por-
tugal na colonização do Brasil?
2 Por que motivos recorreram os colonos ao trabalho escravo do índio e do ne-
gro?
3 - Como se explica a introdução no Brasil de negros africanos para serem escra-
vos?
4 - Por que o índio continuou a ser escravizado em maior número nas capitanias
do Sul?
5 Quais as dificuldades encontradas pelos colonos para escravizar o índio? Po-
demos dizer que eles desistiram dessa tentativa?
Solicite agora o GABARITO do QUESTIONÁRIOnº3, a seu professor.
Verifique seus ACERTOS e ERROS.
No caso dos ERROS procure entender bem porque errou e qual seria a res-
posta certa.
Se tiver dúvidas, recorra a seu professor.
Guarde seu GABARITO no envelope que se encontra no final do FASCÍ-
CULO.
GABARITO - QUESTIONÁRIOnº3 (*)
1 Não. A Inglaterra, a França e a Espanha empregavam a escravidão em suas
colônias e praticavam o tráfico de escravos negros. Na época do descobri-
mento do Brasil, a escravidão também já existia na África: os chefes das tri-
bos vendiam os prisioneiros de guerra e gente de seu próprio povo.
2 Por dois motivos. Primeiro: o preconceito de origem racial, segundo o qual os
brancoso serviam para o trabalho braçal num país de clima tropical, o que
era um pretexto para justificar a utilização de escravos. Segundo: a necessi-
dade de mão-de-obra para a lavoura.
3 Há quatro argumentos nesta explicação:
19 a falta de resistência física e também de hábitos nos trabalhos agrícolas,
entre os índios;
29 — a defesa dos índios feita pelas ordens religiosas (principalmente os jesuí-
tas) e a proibição determinada pela Coroa contra a escravização indíge-
na;
39 - a existência da escravidão entre as populações africanas;
49 a existência de um comércio de escravos organizado que dava lucros a
seus intermediários (chefes tribais, comerciantes e os governos euro-
peus) interessados em trazer cativos africanos para a América.
4 Porque aí os colonoso podiam pagar o preço elevado dos escravos africa-
nos. A caça ao índio foi praticada em larga escala, no que se especializaram os
paulistas.
5 Enfrentaram dificuldades de dois tipos:
19 a atuação dos religiosos defensores da liberdade dos índios;
29 as ordens de Portugal proibindo a escravização dos nativos.
Mas os colonoso desistiram e utilizavam o pretexto de proteger os índios,
isto é, levavam-nos ao trabalho como se fossem "civilizá-los". Havia também
o pretexto da guerra justa como forma de burlar a lei. Provocavam uma guerra
contra alguma tribo e, justificando a defesa contra a ameaça de índios inimi-
gos, reduziam à escravidão os índios aprisionados.
(*) Este gabarito deverá ser fornecido em tantas vias quantos forem os alunos.
TEXTOnº 3
Maso bastavam a experiência técnica dos portugueses na fase produtiva e a
capacidade comercial e o poder financeiro dos holandeses para tornar viável a em-
presa colonizadora agrícola das terras do Brasil. Demais, existia o problema da mão-
de-obra. Transportá-la na quantidade necessária da Europa teria requerido uma in-
versão demasiadamente grande, que provavelmente tornaria antieconômica toda a
empresa. As condições de trabalho eram tais que somente pagando salários bem
mais elevados que os da Europa seria possível atrair mão-de-obra dessa região. A
possibilidade de reduzir os custos, retribuindo com terras o trabalho que o colono
realizasse durante um certo número de anos,o apresentava atrativo ou viabilida-
de, pois, sem grandes concentrações de capital, as terras praticamenteo tinham
valia econômica. Por último, havia a considerar a escassez de oferta de mão-de-obra
que prevalecia em Portugal, particularmente nessa etapa de magnífico florescimen-
to da empresa das índias Orientais. Sem embargo, também neste caso uma circuns-
tância veio facilitar enormemente a solução do problema. Por essa época os portu-
gueses eram já senhores de um completo conhecimento do mercado africano de
escravos. As operações de guerra para captura de negros pagãos, iniciadas quase
um Século antes nos tempos de Don Henrique, haviam evoluído num bem organi-
zado e lucrativo escambo que abastecia certas regiões da Europa de mão-de-obra
escrava. Mediante recursos suficientes, seria possível ampliar esse negócio e orga-
nizar a transferência para a nova colônia agrícola da mão-de-obra barata, sem a qual
ela seria economicamente inviável
1
. "
A ideia de utilizai a mão-de-obra indígena foi parte integrante dos primeiros projetos de co-
lonização
2
. O vulto dos capitais imobilizados que representava a importação de escravos afri-
canos só permitiu que se cogitasse dessa solução alternativa quando o negócio demonstrou
que era altamente rentável. Contudo, ali onde os núcleos coloniaiso encontravam uma
base econômica firme para expandir-se, a mão-de-obra indígena desempenhou sempre um
papel fundamental.
2
Projeto de colonização: O Autor refere-se aqui à iniciativa tomada pelo governo de Portugal
de colonizar o BrasÚ, mediante a instalação de empreendimentos organizados, com núcleos
e outras atividades economicamente lucrativas para a Metrópole.
QUESTIONÁRIOnº 4
1 Que fatores impediram a utilização de trabalhadores brancos (europeus) na
lavoura colonial do Brasil?
2 Qual a relação apresentada no texto entre os portugueses e o tráfico negreiro?
3—0 texto dá elementos para você compreender por que o índioo foi escravi-
zado?
Solicite agora o GABARITO do QUESTIONÁRIOnº4, a seu professor.
Verifique seus ACERTOS e ERROS.
No caso dos ERROS procure entender bem porque errou e qual seria a res-
posta certa.
Se tiver dúvidas recorra a seu professor.
Guarde seu GABARITO no envelope que se encontra no final do FASCÍ-
CULO.
GABARITO - QUESTIONÁRIOnº4 (*)
1 Há quatro fatores:
19 os gastos de transporte;
29 a necessidade de pagar altos salários que atraíssem a vinda desses euro-
peus;
39 a distribuição de terras a esses trabalhadores, o que era impossível numa
empresa colonial que iria se basear na grande propriedade e enorme apli-
cação de capital (lavoura de exportação dos engenheiros de açúcar);
49- a falta de mão-de-obra em Portugal, devido -a atração das riquezas das
índias Orientais.
2 Os portugueses tinham intensas relações comerciais com a África e já desde
o Século XV (época de D. Henrique) aprisionavam ou adquiriam escravos ne-
gros para vendê-los em certas regiões da Europa.
3 Sim, através de dois elementos:
1º os portugueses conheciam o mercado africano de escravos;
2º os recursos propiciados pela empresa açucareira permitia a compra des-
ta mão-de-obra. Por isso, o trabalho indígena se tornou fundamental
somente nos núcleos coloniais queo tinham base econômica firma
para se expandir.
(*) Este gabarito deverá ser fornecido em tantas vias quantos forem os alunos.
ROTEIRO C
"MAS OUTROS CRITICARAM"
PARA FAZER SOZINHO DE PREFERÊNCIA!
O QUE É PARA FAZER
1 - LER o TEXTOnº4 com toda atenção.
2 - VERIFICAR o significado dos TERMOS DIFÍCEIS e que se encontra
explicado no rodapé.
3 - RESPONDER o QUESTIONÁRIOnº 5: ele conduzirá você ao levanta-
mento de CRÍTICAS a algumas respostas apresentadas à
QUESTÃO-GERADORA que você está estudando.
4 - CONFERIR seus ACERTOS e ERROS, recorrendo ao GABARITO que
está com seu professor.
TEXTOnº 4
O NEGRO: BASE DA COLONIZAÇÃO
Embora o índio tenha sido um elemento importante para a construção da colônia nos seus primeiros tempos, o negro logo o suplantou, constituindo o trabalho
de africanos e seus descendentes o pilar mais sólido sobre o qual se erigiu a socie-
dade brasileira.
Em alguns pontos do território, o índio chegou a ser mais fundamental que o
negro, como mão-de-obra. Emo Paulo, até ao final do Século XVII, quaseo
se encontravam pretos, e os documentos da época que usavam o termo "negros"
referiam-se na verdade a índios, pois a palavra foi comumente utilizada para desig-
nar quaisquer elementos das raças dominadas. Nos primeiros tempos do Rio de Ja-
neiro, até à segunda metade do Século XVII, a mão-de-obra nativa era também am-
plamente predominante e sua escravização chegou a despertar polémicas e confli-
tos entre os colonos e algumas autoridades eclesiásticas.
O mesmo se deu nas regiões setentrionais do Brasil, Maranhão e Pará, onde o
tráfico negreiro só se tornou regular nas últimas décadas do Século XVIII. Lá tam-
m o índio foi muito utilizado, de maneira quase exclusiva, tornando-se objeto de
acirradas disputas entre jesuítas e colonos.
Mas o predomínio do escravo negro foi total nas grandes áreas açucareiras
da Bahia e da Zona da Mata nordestina, generalizando-se mais tarde para todas as
às de economia exportadora do Brasil.
Devido a esse predomínio, alguns autores chegaram a ensaiar uma pseudo-ex-
plicação para a "preferência" dada ao negro como trabalhador. Analisaram tais au-
tores as características físicas e culturais dos elementos das raças subordinadas, de
maneira claramente racista, para chegar à conclusão ou de uma pretensa "superiori-
dade" do negro no eito, ou de uma suposta "indisposição" cultural do índio para o
trabalho da lavoura. Como se o trabalhoo fosse escravo e os índios pudessem
"escolher" a atividade para a qual estivessem mais aptos...
Os progressos atuais da antropologia já atiraram ao limbo todos esses racio-
cínios, que aliás nem teriam sido feitos se se tratasse realmente de um trabalho his-
toriográfico profundo eo de manifestações da ideologia do colonialismo: bastaria
aos historiadores do início do Século verificar o alto grau de aperfeiçoamento técni-
co e de produtividade do trabalho atingido pelos guaranis das reduções jesuíticas
platinas (já nessa época razoavelmente estudadas), parao formularem ideias sobre
o "despreparo" ou "indolência" dos índios para a atividade regular.
Realmente essenciais para explicar o uso do africanoo as estruturas e as
práticas do mercantilismo
1
portugueses na época do início da colonização. Desde os
meados do Século XV os portugueses haviam estabelecido um comércio crescente
de negros escravos para o reino, e depois também para as ilhas do Atlântico africano
que se dedicavam ao cultivo de cana e outros artigos. Esse tráfico, contando com
praças comerciais poderosas, com um fornecimento regular de negros, com grandes
somas investidas, dá grandes lucros ao mercantilismo luso, do qual era peça essen-
cial. No início do Século XVI ele se voltou decisivamente para a América, dirigin-
do-se às Antilhas e a outros pontos do Novo Mundo. A existência desse rendoso trá-
fico foi, sem dúvida, a razão para o uso em larga escala do escravo africano nas la-
vouras brasileiras, cuja própria existência foi determinada pelo mercantilismo luso,
tendo portanto que se subordinar aos mecanismos deste.
Mercantilismo: É a política econômica adotada pelos Estados Modernos europeus entre os
Séculos XV e XVIII. Corresponde à época do capitalismo comercial, e apresentou varia-
ções especiais em cada país. Ãs doutrinas e as práticas mercantilistas visavam fortalecer o Es-
tado e a riqueza nacional. Suas características básicas são: a valorização dos metais preciosos
como a fonte essencial de riqueza; o incentivo às exportações e à produção de valor comer-
cial (por exemplo, açúcar e vinhos) para obter um saldo favorável na balança comercial; o
protecionismo à economia nacional, através de monopólios e barreiras alfandegárias; o con-
trole do Estado sobre as atividades econômicas; a proteção aos comerciantes nacionais atra-
s de privilégios especiais; a formação de impérios coloniais.
QUESTIONÁRIOnº 5
1 Para o Autor, qual é o fator que explica a introdução da escravidão negra na
colônia?
2 Neste texto, você nota diferenças entre o índio e o negro?
3 - Pela leitura do texto, o trabalho do índio chegou a ser mais importante que
o do negro?
4 Quais as críticas feitas pelo Autor às chamadas "pseudo-explicações" do pro-
blema da escravidão?
5 Essas críticas podem ser dirigidas às interpretações contidas nos textos já
estudados?
Solicite, a seu professor, o GABARITO do QUESTIONÁRIOnº 5.
Verifique seus ACERTOS e ERROS.
No caso dos ERROS, procure entender bem porque errou e qual seria a res-
posta certa.
Guarde seu GABARITO no envelope que se encontra no final do FASCÍ-
CULO.
GABARITO - QUESTIONÁRIOnº 5 (*)
1o as estruturas e as práticas do mercantilismo português no Século XVI.
A colonização do Brasil foi realizada para trazer lucros aos interesses comer-
ciais portugueses. O tráfico negreiro, que vinha sendo praticado regularmen-
te desde o Século XV, era uma peça essencial desses interesses. Portanto, a in-
trodução da escravidão negra na lavoura colonial brasileira se deve à pressão
desses mecanismos da política mercantilista que garantia um comércio rendo-
so.
2 Não. Tanto o índio quanto o negroo tratados como raças dominadas sub-
metidas à escravidão, sendo o nome "escravo" atribuído a um e a outro. Suas
características étnicas e culturaiso justificam maior ou menor "adaptabi-
lidade" ao trabalho compulsório.
3 - Sim. O índio predominou no início da colonização. Em certas regiões, como
o Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão e Pará, o trabalho indígena continuou
fundamental até o Século XVIII, diminuindo quando o tráfico de escravos
africanos se tornou regular nessas regiões.
4 Três críticaso apresentadas.
1ºcrítica: por ser uma explicação claramente racista, aquela que justifica a
escravidão das raças dominadas esquecendo que essaso escolheram essa
forma de trabalho mas foram obrigadas e mantidas sob controle;
2ºcrítica: por ser uma explicação baseada nas características físicas e cultu-
rais, aquela que sustenta a ideia preconceituosa de que o negro era predispos-
to para o (superior ao) trabalho braçal, enquanto o índio desivalorizava o
trabalho (por uma suposta indisposição cultural);
3ª crítica: por ser uma explicação parcial, aquela queo reconhece a efi-
ciência comprovada da organização social dos índios guaranis que, nas mis-
sões jesuítas, desenvolveram a técnica e a produtividade eo se mostraram
indolentes ou despreparados ao trabalho regular.
5 - Sim, em relação a quatro aspectos.
19—0 despreparo cultural e a falta de resistência física do índio nos traba-
lhos agrícolas (TEXTOSnº 1 e 2);
(*) Este gabarito deverá ser fornecido em tantas vias quantos forem os alunos.
29- a predisposição do negro à escravidão, por existir um comércio de es-
cravos na África (TEXTOnº 1);
39 a pouca importância dada aos mecanismos da política mercantilista, que
efetivamente decidiu o modo da colonização do Brasil e, consequente-
mente, explica a introdução de escravos africanos. Os TEXTOSnº 1 e
3 explicam a QUESTÃO-GERADORA apenas nos aspectos internos
(falta de mão-de-obra para a lavoura), como se a colônia estivesse resol-
vendo por sua conta os problemas da colonização. O TEXTOnº 2 faz
um meio termo: destaca a falta de mão-de-obra mas também o interesse
dos traficantes de escravos em trazer este comércio para o Brasil e a
América em geral;
49 a ideia parcial de que a escravização do índio existiu apenas nas capita-
nias do Sul (TEXTOSnº 1 e 2). Como vimos, ela vigorou até o Século
XVIII em muitas outras regiões.
"E AGORA É SUA VEZ!"
ROTEIRO D
PARA FAZER SOZINHO DE PREFERÊNCIA!
O QUE É PARA FAZER
1 - PREENCHER o QUADRO-SINTESE chamado o Mapa da Controvérsia
porque ele permitirá a você construir um "mapa" de todas
as respostas que já foram dadas à QUESTÃO-GERADORA
e de suas respectivas críticas. Permitirá principalmente iden-
tificar com toda clareza onde está o "X da controvérsia", is-
to é, quais as respostas que conflitam com as outras e por-
que.
2 - CONFERIR seus ACERTOS e ERROS, recorrendo ao GABARITO em
poder de seu professor.
3 TOMAR POSIÇÃO face à controvérsia, isto é, decidir se por esta ou aque-
la resposta à QUESTÃO-GERADORA e acumular ar-
gumentos para defendê-la mais tarde.
Solicite o GABARITO do QUADRO-SINTESE a seu professor.
Verifique seus ACERTOS e ERROS.
. No caso dos ERROS, procure entender bem porque errou e qual seria a res-
posta certa.
Se tiver dúvidas recorra a seu professor.
Guarde seu GABARITO no envelope que se encontra no final do FASCÍ-
CULO.
GABARITO - QUADRO-SINTESE (*)
"RESPOSTAS"
TEXTOnº 1 por falta de mão-de-obra
pela inadaptação do ín-
dio
pela aptidão do negro
TEXTOnº 2 por falta deo -de-obra
pela desvalorização do
trabalho entre os
brancos
pela existência do co-
tio de escravos
TEXTOnº 3 pela impossibilidade de
introduzir assalaria-
dos europeus
pelo conhecimento dos
portugueses do co-
mércio de escravos
"CRÍTICAS"
visão preconceituosa (diferenças
raciais)
explicação interna (desconheci-
mento do mercantilismo)
explicação interna:o destaca
os mecanismos mercantilistas
explicação interna:o destaca
os mecanismos mercantilistas
0 "X da Controvérsia" está nas:
Explicações baseadas em diferenças raciais
(visões preconceituosas)
Explicações baseadas em questões internas
(visão isolada da colônia)
QUADRO-SINTESE: O MAPA DA CONTROVÉRSIA
(*) Este gabarito deverá ser fornecido em tantas vias quantos forem os alunos.
Analise bem o QUADRO-SÍNTESE tal como você o preencheu e corrigiu
depois:
A - Pensando bastante no que você indicou como sendo o "X da controvérsia".
B Fazendo um bom balanço das respostas dadas à QUESTÃO-GERADORA e
respectivas críticas:
selecione a seguir aquela que você acha ser a resposta mais adequada à
QUESTÃO-GERADORA e indique-a na página seguinte;
imagine depois que você está num tribunal e que precisará defender a
"sua" resposta. Relacione, na página seguinte, o maior número possível
de argumentos em defesa dessa "sua" posição.
"Minha" posição ou "minha" resposta à QUESTÃO-GERADORA da contro-
vérsia:
Argumentos a favor da "minha" posição:
EM TEMPO!
Agora que você chegou a um ponto-de-vista pessoal sobre a controvérsia pre-
pare-se para defendê-lo no FÓRUM de DEBATES do qual irá participar com a clas-
se toda e conforme orientação a ser dada por seu professor.
FASCÍCULO
A EXTINÇÃO DO TRÁFICO DE ESCRAVOS
NO SÉCULO XIX
A página dos COMOS
FASCÍCULO 2
A EXTINÇÃO DO TRÁFICO DE ESCRAVOS NO SÉCULO XIX
1 Uma explicação necessária
Para que possa enfrentar as atividades propostas no FASCÍCULO 2 que com-
e o Programa "Controvérsias na História do Brasil" é indispensável que o aluno
disponha de um repertório de competências relacionadas à compreensão de temas
de História do Brasil e História Geral tais como:
1 - A escravidão negra na colônia, (principalmente o mercantilismo e o sis-
tema colonial - as características referentes a Portugal e ao Brasil).
2 - A Revolução Industrial na Inglaterra, (principalmente as novas caracte-
rísticas da sociedade do capitalismo industrial).
3 A crise do antigo sistema colonail: o impacto da Revolução Industrial,
a economia do comércio livre, o esgotamento do mercantilismo e as ten-
sões internas nas colônias.
4 - A ascensão do liberalismo na Europa do século XIX. (principalmente
o sentido das ideias liberais e dos regimes constitucionais. Tomar
como o exemplo o caso da Inglaterra).
5 - A economia brasileira na primeira metade do século XIX. (panorama
geral sobre: as principais atividades, a preservação das características
coloniais, a presença da Inglaterra, as dificuldades financeiras, a expan-
o cafeeira, e o problema da mão-de-obra).
6-0 processo de independência do Brasil, (especialmente a situação de
Portugal, da Inglaterra e do Brasil em conjunto, bem como os tratados
e acordos realizados até 1850).
7-0 regime político brasileiro durante o Império, de 1822 a 1850. (carac-
terísticas gerais sobre: o liberalismo brasileiro, os partidos políticos, as
principais mudanças do regime).
Os temas acima apresentados podem ser estudados em:
MENDES JR, A. (e outros) Brasil História: texto e consulta.o Paulo, Brasiliense,
v. 2, 1977. Império, 6
a
Parte, Introd., itens 1, 2, 3 e 4, pp. 3943. Indicado
para os temas? 2 e 3. (segue em Anexo uma cópia da parte indicada).
BURNS, E.M. História da civilização ocidental. 2
a
ed. Porto Alegre, v. 2, 1959.
(Cap. 23 e 24). Indicado para os temasnº 2 e 4.
TEIXEIRA, F.M.P. e DANTAS, J. Estudos de história do Brasil.o Paulo, Ed. Mo-
derna, v. 2, 1974. Império e República (Cap. 1, 2 e 3, pp. 4-90). Indicado pa-
ra os temasnº 5,6 e 7.
Sugere-se também a consulta dos livros de onde foram retirados os textos
apresentados neste FASCÍCULO.
Caso os alunoso disponham de tais competências acerca desses temas, pos-
sivelmente, terão dificuldades de enfrentar um Programa que foi elaborado a partir
de controvérsias existentes na História do Brasil, exigindo deles, inclusive, uma to-
mada de posição.
Tais cuidados deverão ser considerados para que os alunos tenham um
aproveitamento mais completo do problema histórico escolhido para a controvérsia,
eo simplesmente limitado ao que poderia ser o debate de um problema isolado.
INTENÇÃO
PEDAGÓGICA
MATERIAL QUE
VAI UTILIZAR
ATIVIDADE ESPERADA DO PROFESSOR
EM SALA DE AULA
INTRODUÇÃO E
ROTEIROS DE
ESTUDO DO
FASCICULO 2
- Identificar características e objeti-
vos do Programa
-
Identificar
como
está
organizado
FASCÍCULO 2
- Identificar as principais propostas
contidas cm cada um dos Roteiros
c respectiva função
- Identificar o papel de aluno em
cada Roteiro
FASCÍCULO 2 (Edição do Aluno)
Apresentar o Programa ao Aluno
- Introduzir o FASCÍCULO 2
- Solicitar a leitura individual do texto "Nosso Recado"
- Esclarecer as dúvidas apresentadas pelos alunos
"NOSSO
RECADO"
- Situar-se no contexto histórico a
que se refere a controvérsia - ob-
jeto do FASCÍCULO 2
- Familiarizar-sc com a pergunta
que está na origem da controvér-
sia (QUESTÃO-GERADORA)
FASCÍCULO2 (Edição do Aluno)
p. 10
FASCÍCULO 2 (Edição do Aluno)
p. 11 a 13
Gabarito do Questionário I
FASCÍCULO 2 (Edição do Aluno)
p. 15
- Solicitar a leitura individual do texto "0 que é para fazer"
- Esclarecer as dúvidas apresentadas pelos alunos
- Solicitar a realização individual das atividades proposta no Roteiro A:
- OBSERVAR
- LER
- RESPONDER O QUESTIONÁRIO 1
Supervisionar o trabalho dos alunos
- Fornecer o gabarito do QUESTIONÁRIO I a cada aluno à medida que fo-
rem terminando
- Solicitar que os alunos corrijam suas próprias respostas
- Esclarecer as dúvidas apresentadas pelos alunos
- Solicitar leitura atenta da QUESTÃO-GERADORA da controvérsia, ressal-
tando que a questão será o aspecto fundamental a ser estudado no FASCÍ-
CULO 2
ROTEIRO A:
"EIS
A
QUESTÃO!"
FASCÍCULO 2 (Edição do Aluno)
p. 18
- Solicitar a leitura individual do texto "O que é para fazer"
Esclarecer as dúvidas apresentadas pelos alunos
ROTEIRO B:
"E ELES
- Identificar diferentes respostas
dadas por historiadores a QUES-
TÃO-GERADORA
FASCÍCULO 2 (Edição do Aluno)
p. 19 a 21
Gabarito do Questionário 2
Solicitar a realização individual das atividades propostas no Roteiro B:
- LER 0 TEXTO 1
- RESPONDER O QUESTIONÁRIO 2
Supervisionar o trabalho dos alunos
Fornecer o gabarito do QUESTIONÁRIO 2 a cada aluno, á medida que fo-
rem terminando
- Solicitar que os alunos corrijam suas próprias respostas
Esclarecer 3s dúvidas apresentadas
RESPONDERAM!"
2 - Como deve ser conduzido o Programa
O Programa deverá ser desenvolvido obedecendo a sequência proposta cm cada FASCÍCULO; apresentamos no quadro a seguir algumas sugestões sobre as atividades a serem condu-
zidas pelo professor em cada momento do Programa, relacionando-as com a intenção pedagógica que está por trás de cada um dos Roteiros de Estudo do FASCÍCULO 2.
INTENÇÃO
PEDAGÓGICA
MATERIAL QUE
VAI UTILIZAR
ATIVIDADE ESPERADA DO PROFESSOR
EM SALA DE AULA
INTRODUÇÃO E
ROTEIROS DE
ESTUDO DO
FASCÍCULO 2
Explorar os comos e os porques
FASCÍCULO 2 (Edição do Aluno)
p.
24
a 27
Gabarito do Questionário 3
- Solicitar a realização individual das atividades propostas no Roteiro B:
- LER 0 TEXTO 2 •
- RESPONDER O QUESTIONÁRIO 3
Fornecer o gabarito do QUESTIONÁRIO 3 a cada aluno, â medida que fo-
rem terminando
- Solicitar que os alunos corrijam suas próprias respostas
- Esclarecer as dúvidas apresentadas
ROTEIRO B:
"E ELES
RESPONDERAM!"
tes historiadores
FASCÍCULO 2 (Edição do Aluno)
p. 29 a 34
Gabarito do Questionário 4
- Solicitar a realização individual das atividades propostas no Roteiro B:
- LER O TEXTO 3
- RESPONDER O QUESTIONÁRIO 4
- Fornecer o gabarito do QUESTIONÁRIO 4 a coda aluno, â medida que fo-
rem terminando
- Solicitar que os alunos corrijam suas próprias respostas
- Esclarecer as dúvidas apresentadas
FASCÍCULO 2 (Edição do Aluno)
p. 38
Solicitar a leitura individual do texto "O que ê para fizer"
- Esclarecer as dúvidas apresentadas pelos alunos
ROTEIRO C:
"MAS OUTROS
- Identificar críticas às respostas da-
das por historiadores (e já estuda-
das)
Identificar respostas à QUESTÃO-
GERADORA e que procuram su-
perar as críticas levantadas
FASCÍCULO 2 (Edição do Aluno)
p. 39
a
45
Gabarito do Questionário 5
- Solicilitar a realização individual das atividades propostas no Roteiro C:
- LER O TEXTO 4*
- RESPONDER O QUESTIONÁRIO 5
- Fornecer o gabarito do QUESTIONÁRIO 5 a cada aluno, à medida que fo-
rem terminando
- Solicitar que os alunos corrijam suas próprias respostas
- Esclarecer as dúvidas apresentadas
- Organizar cm um QUADRO-SINT-
TESE
as diferentes
respostas
da-
das pelos historiadores à QUES-
TÃO-GERADORA e respectivas
críticas
Identificar onde está o núcleo da
controvérsia nas diferentes posi-
FASCICULO 2 (Edição do Aluno)
p.48
FASCÍCULO 2 (Edição do Aluno)
p.49
Gabarito do MAPA DA CONTRO-
VÉRSIA
- Solicitar a leitura individual do texto "O que é para fazer"
- Esclarecer
as dúvidas apresentadas pelos alunos
- Solicitar a realização individual da atividade proposta no Roteiro D:
- PREENCHER O QUADRO-SfNTESE (MAPA DA CONTROVÉRSIA)
- Fornecer o gabarito do QUADRO-SINTESE a cada aluno, à medida que fo-
ter minando
- Solicitar que os alunos corrijam suas próprias respostas
Esclarecer as dúvidas apresentadas
ROTEIRO D;
"E AGORA É
SUA VEZ!"
- Selecionar e indicar a resposta
considerada mais adequada â
QUESTÃO-GERADORA
- Levantar argumentos á favor da
posição adotada
FASCÍCULO 2 (Edição do Aluno)
p. 51 e 52
Solicitar a realização individual da atividade proposta no Roteiro (>
- TOMAR POSIÇÃO
INTENÇÃO
PEDAGÓGICA
MATERIAL QUE
VAI UTILIZAR
ATIVIDADE ESPERADA DO PROFESSOR
EM SALA DE AULA
INTRODUÇÃO E
ROTEIROS DE
ESTUDO DO
FASCÍCULO 2
- Defender com argumentos válidos
a posição tomada face à contro-
vérsia
- Atacar com argumentos válidos as
posições adversárias
- Valorizar a controvérsia como um
"método de estudo" e uma forma
de conceber a própria História.
FASCÍCULO 2 (Edição do Aluno)
P.S2
- Realizar o FÓRUM DE DEBATES obedecendo os seguintes passos:
- ORGANIZAR A CLASSE EM GRUPOS:
Constituir tantos grupos quantas forem as posições (respostas) apre-
sentadas à OUESTÃO-CERADORA (compete ao professor classifi-
car estas respostas)
- PREPARAR OS GRUPOS PARA A DEFESA DA POSIÇÃO TOMADA
E 0 QUESTIONAMENTO ÃS DEMAIS POSIÇÕES:
Solicitar que os grupos se reunam a fim de se prepararem para desem-
penhar o papel de Debatedorcs. Para isso. deverão:
a) sistematizar os argumentos em favor da posição tomada:
b) elaborar perguntas a serem propostas aos outros grupos afim de
questionar as posições deles. (Cada grupo deverá conhecer previa-
mente as posições dos demais)
- REALIZAR O FÓRUM DE DEBATES PROPRIAMENTE DITO:
- Dispor os alunos na sala, de forma a facilitar a realização do debate
- Iniciar o debate solicitando que cada grupo:
1) exponha
sua posição aos demais grupos;
2) proponha questões aos outros grupos:
3) responda
ãs questões que lhe foram propostas pelos demais gru-
pos. (Cada grupo deverá receber uma questão de cada vez c pro-
curar responder imediatamente após a apresentação da pergunta)
- COORDENAR O DEBATE, garantindo que a classe atende ao solicitado.
OBSERVAÇÃO: Caso a classe tenha chegado a uma única posição competirá
ao professor assumir uma posição contrária e participar do
debate na qualidade de DEBATEDOR.
Avaliar o debate procurando discutir aspectos positivos e
negativos observados c enfatizando a importância e o sig-
nificado da discussão de controvérsias cm História (espe-
cialmente do Brasil).
ROTEIRO D:
"E AGORA É
SUA
VEZ!"
* Texto 1: HOLLANDA, S.B. (e outros) História do Brasil.o Paulo, 2
a
ed., Ed. Nacional, v. 2, 1973. p. 39.
Texto2: LOBO, R. Haddock História do Brasil; ciclo colegial. 4
a
ed.o
Paulo, Duas Cidades, s.d., 2
a
Parte, capítulo 6, p. 202-203.
Texto 3: SOUTO MAIOR, A. História do Brasil, para o curso colegial. 4
a
ed.
o Paulo, Ed. Nacional, Unidade XVIII, p. 334-338.
Texto 4: FAZOLI Filho, A. História do Brasil.o Paulo, Ed. do Brasil, 1977,
p. 210-214 (Texto adaptado especialmente pelo próprio Autor).
Uma recomendação final
A condução satisfatória da Unidade do Programa - EXTINÇÃO DO TRÁ-
FICO DE ESCRAVOS NO SÉCULO XIX- Exige como requisitos básicos que o
professor antes de ir à sala de aula:
a) esteja bastante familiarizado com as várias abordagens mais ou menos re-
centes do tema dentro da bibliografia especializada;
b) tenha tido o cuidado de ler atentamente todo o material contido no FAS-
CÍCULO 2 (Edição do Professor).
"EIS A QUESTÃO!"
ROTEIRO A
PARA FAZER SOZINHO DE PREFERÊNCIA!
O QUE É PARA FAZER
1 - ANALISAR atentamente o QUADRO CRONOLÓGICO que vem a seguir.
Ele mostra as várias etapas de extinção do tráfico de escravos
na primeira metade do Século XIX, em que foi destacado o
problema particular do Brasil.
2 LER com cuidado cada uma das medidas tomadas a partir de 1807 pela
Inglaterra, e que atingiram em vários momentos Portugal e o Brasil.
Observe o período de tempo que foi necessário para resolver o pro-
blema e note também a insistência por parte da Inglaterra.
3- RESPONDER E JUSTIFICAR suas respostas às questões propostas no
QUESTIONÁRIOnº 1 que vem após o
QUADRO CRONOLÓGICO: ele permitirá
a você refletir um pouco sobre a importân-
cia do tráfico de escravos na época, e por-
que razão foi sendo extinto gradativamente.
4 - CONFERIR seus ACERTOS e ERROS, recorrendo ao GABARITO que está
com seu professor.
5 - MEDITAR um pouco a QUESTÃO-GERADORA da controvérsia que você
vai estudar neste FASCÍCULO.
QUADRO CRONOLÓGICO
SOBRE A EXTINÇÃO DO TRÁFICO DE ESCRAVOS
1807 - A Inglaterra elimina o tráfico de escravos africanos em todas as suas colônias.
1810 Portugal assina tratados com a Inglaterra, restringindo o comércio de escra-
vos apenas nos limites das possessões portuguesas.
1815 - O Congresso de Viena determina a extinção do tráfico negreiro acima da
linha do Equador.
1817 Portuga] assina um acordo com a Inglaterra em que permite às autoridades
inglesas vistoriar os navios portugueses que fizessem o comércio de escra-
vos ao Norte do Equador.
1826 - Inglaterra e Brasil realizam um acordo em que se estabelece um prazo de 3
anos para a extinção do comércio de escravos, a partir do qual seria consi-
derado pirataria.
1831 - O governo brasileiro introduz uma lei que declara serem livres todos os es-
cravos que entrassem no país. O comércio de escravos da África é consi-
derado ilegal.
1833 - A Inglaterra elimina a escravidão em todas as suas colônias.
1845 - O Parlamento inglês aprova uma lei (o Bill Aberdeen) que permite o apri-
sionamento de todo navio negreiro, em qualquer parte, o confisco de suas
cargas e o julgamento dos traficantes por tribunais ingleses.
1850- O governo brasileiro promulga uma lei (chamada Euzébio de Queirós,
nome de seu propositor) que proibe o tráfico de escravos da África para o
Brasil, com a aplicação de penalidades aos seus infratores.
QUESTIONÁRIOnº I
1 Que países se acham envolvidos na questão do tráfico de escravos e qual deles
mais se destaca?
2 Pode-se dizer que a extinção do tráfico e a extinção da escravidão fazem parte
de um mesmo processo?
3 A eliminação do tráfico negreiro se deve apenas à pressão da Inglaterra?
4 Por que você acha que demorou tanto tempo para se resolver a questão do
tráfico de escravos?
I
ACERTOS E ERROS
Solicite a seu professor o GABARITO do QUESTIONÁRIOnº 1.
Confira suas respostas.
Se tiver errado alguma pergunta, procure entender bem porque errou.
Se tiver alguma dúvida, procure seu professor.
Guarde depois seu GABARITO no envelope que se encontra no final do FAS-
CÍCULO.
GABARITO - QUESTIONÁRIOnº 1 (*)
1 - Estão envolvidos: Inglaterra, Portugal e Brasil. Indiretamente, as medidas
tomadas em 1815 e em 1845o a entender todos os países que praticassem
o comércio de escravos. Destaca-se a presença da Inglaterra.
2 - Sim. A campanha contra o tráfico aparece associada a uma intenção de elimi-
nar a escravidão. Observe-se: as medidas tomadas pela Inglaterra em 1807 e
em 1833, e a lei brasileira de 1831.
3 Sim, fica bem destacada a pressão da Inglaterra, através de diferentes modos.
As atitudes do governo brasileiro (bem como de Portugal) aparecem como
resultado desta pressão. Conclui-se daí que:
1?) a Inglaterra tinha grande interesse em abolir o tráfico negreiro; e
2?) a Inglaterra exercia enorme predomínio sobre os interesses de Portugal
e do Brasil.
4 - O motivo principal é que há um choque de interesses entre a Inglaterra e os
demais países. Lates resistem às tentativas inglesas e procuram adiar o máximo
a eliminação do tráfico. Os interesses em jogo eram muito grandes e isto fez
com que se demorasse quase meio século para resolver o problema, que era
essencial para a economia dos países escravistas.
(*)
Este gabarito deverá ser fornecido ern tantas vias quantos forem os alunos.
"QUESTÃO-GERADORA"
POR QUE SOMENTE NO SÉCULO XIX
FOI EXTINTO O TRÁFICO DE
ESCRAVOS NO BRASIL ?
"E ELES RESPONDERAM!"
ROTEIRO B
PARA FAZER SOZINHO DE PREFERÊNCIA!
O QUE É PARA FAZER
1 - LER cuidadosamente o TEXTOnº 1.
2 - VERIFICAR o significado dos TERMOS DIFÍCEIS e que estão no rodapé.
3 RESPONDER E JUSTIFICAR suas respostas às questões propostas no
QUESTIONÁRIO nº 2 quem após o
texto.
4 - CONFERIR os ACERTOS e ERROS através do GABARITO do professor.
5 IMPORTANTE repetir essas operações para cada um dos textos, observando
cuidadosamente a figura que é apresentada antes do
TEXTOnº 2.
TEXTOnº 1
O BILL ABERDEEN
A Inglaterra, movida por sentimentos de liberdade e de justiça, já havia aca-
bado com a escravatura em suas colônias (1838). Como vocês podem imaginar,
essas colônias ficaram praticamente sem mão-de-obra, diminuindo, assim, conside-
ravelmente, a produção açucareira. Outros interesses econômicos e políticos leva-
ram a Inglaterra a exercer pressões sucessivas sobre o Brasil, exigindo a extinção
do tráfico de escravos.
Um acordo entre Inglaterra e Brasil havia estipulado que o tráfico de escra-
vos deveria cessar até 1830.o tendo sido cumprido o acordo, durante o período
das regências foi votada uma lei (1831) que declarava livres todos os escravos
introduzidos no Brasil a partir dessa data. Essa lei tambémo foi cumprida. O
tráfico de escravos continuou, mesmo quando a marinha de guerra inglesa resolveu
dar caça e aprisionar os navios negreiros
1
que se dirigiam ao Brasil. As pressões da
Inglaterra tornaram-se cada vez mais fortes, até que em 1845 o Parlamento inglês
aprovou uma lei, chamada BillAberdeen, declarando ilegal o tráfico de escravos e
determinando que seus infratores, de qualquer nacionalidade, fossem julgados por
tribunais ingleses. A força do BillAberdeen, a caça intensiva aos navios negreiros
pela marinha de guerra inglesa, a simpatia crescente do povo pela causa abolicio-
nista foram abrindo, aos poucos, o caminho para a libertação total dos escravos.
Navios negreiros: navios que transportavam escravos vindos da África.
QUESTIONÁRIOnº 2
1 - O que levou a Inglaterra a agir contra a escravidão e o tráfico de escravos?
Havia motivos econômicos?
2 - Segundo o texto, pode-se dizer que a questão do tráfico negreiro era um con-
flito de nação contra nação (Inglaterra versus Brasil)?
3 Existia no Brasil algum interesse ou pressão interna para se abolir o tráfico
negreiro?
4 Por que, então, de acordo com o texto, foi abolido o tráfico de escravos no
Brasil?
Solicite agora o GABARITO do QUESTIONÁRIOnº 2, a seu professor.
Verifique seus ACERTOS e ERROS.
No caso de ERROS, procure entender bem porque errou e qual seria a res-
posta certa.
Se tiver dúvidas recorra a seu professor.
Guarde seu GABARITO no envelope que se encontra no final do FASCÍ-
CULO.
GABARITO - QUESTIONÁRIOnº 2 (*)
1 Foram sentimentos de liberdade e de justiça. O Autor menciona "outros
interesses econômicos e políticos", maso esclarece quaiso e de que
modo agiram.
2 Sim. É como se fosse uma guerra entre os dois países. Há vários exemplos
ilustrativos. O texto fala em: pressão da Inglaterra, leis do Parlamento inglês,
aprisionamento da marinha de guerra inglesa, julgamento nos tribunais in-
gleses.
3 - Não. Só se fala na pressão inglesa. Mesmo a lei brasileira de 1831 acabou
o sendo cumprida.
4 - Porque a Inglaterra, movida por sentimentos humanitários (liberdade e jus-
tiça), pressionou o Brasil através de uma série de acordos, leis e medidas
punitivas.
(*) Este gabarito deverá ser fornecido em tantas vias quantos forem os alunos.
'GRAVURA INGLESA DO SÉCULO XVIII mostrando o interior de um navio negreiro'
TEXTOnº 2
Campanha internacional contra o tráfico - Durante os Séculos XVI, XVII
e XVIII, todas as grandes potências europeias praticaram o tráfico, em escala
maior ou menor. De 1800 em diante, no entanto, as mudanças de condições eco-
nômicas fizeram com que algumas nações, especialmente a Inglaterra, tivessem
interesse em diminuir o número de escravos, substituindo-os por trabalhadores
livres que percebessem salários. Nessa época, com efeito, as indústrias, que antes
dependiam do trabalho manual, foram sendo mecanizadas. Em outras palavras,
muitos artigos que dantes eram fabricados vagarosamente, à mão, por operários,
passaram a ser produzidos, com extraordinária rapidez por máquinas complicadas
e caras, e havia interesse em aumentar o número de consumidores.
Além desse interesse econômico, havia por certo as preocupações de ordem
moral e humanitária, e tudo isso inspirou ao governo britânico uma eficiente cam-
panha antiescravagista. Dando o exemplo, a Inglaterra, em 1807, promoveu a
extinção do tráfico servil em suas colônias, e desde entãoo poupou esforços
para fazer que outras nações imitassem o seu procedimento.
Em 1815, por um acordo concluído em Viena, o tráfico foi definitivamente
proibido ao Norte do Equador. Considerando essa vitória apenas uma etapa, no ca-
minho da extinção absoluta, a diplomacia inglesa passou a exercer forte pressão
junto ao governo de outros países, e conseguiu de nossas autoridades, em 1831,
uma lei proibindo a importação de cativos da Africa.
Por muito tempo figurou como letra morta essa lei, pois o tráfico continuou
a se processar através de nossos portos. Puseram-se os britânicos, então, a agir com
uma determinação queo raro os levou a excessos. Seus "cruzeiros" procuraram
sistematicamente interceptar os navios negreiros, perseguindo-se até as proximi-
dades da costa brasileira. Surgiram sérios incidentes e a opinião pública encarou
com antipatia essa ação sobremaneira enérgica da grande nação estrangeira, consi-
derando-a um atentado à soberania nacional. Apesar da repressão britânica, entre-
tanto, prosseguia ativamente o desumano contrabando, e continuavam a ingressar
no Brasil, anualmente, dezenas de milhares de cativos.
O Bill Aberdeen - Em 1845, resolveu o governo inglês tomar medidas mais
drásticas. Pouco antes, o Brasil denunciara os tratados de comércio, tendo isso
causadoo pequeno descontentamento na Inglaterra. Esse fato, assim como a
inércia das autoridades brasileiras em face do tráfico, levaram o Parlamento britâ-
nico a aprovar um ato conhecido como o Bill Aberdeen, que declarava lícito e
legal o apresamento, em alto mar, de qualquer embarcação que conduzisse escravos
africanos.
Apesar dos protestos do Brasil, a perseguição aos tumbeiros
1
pela esquadra
britânica assumiu aspecto intransigente e agressivo, tendo sido os contrabandistas,
várias vezes atacados nas praias e até nos portos brasileiros.
O fim do tráfico - O único meio de resolvero deprimente situação cons-
tituía em abolir o tráfico de uma vez para sempre. Em 1850. a lei Eusébio de
Queirós permitiu ao governo tomar enérgicas providências, e, como muitos dos
principais traficantes eram estrangeiros,o foi difícil expulsá-los do país. As
próprias forças armadas nacionais aprisionaram diversos carregamentos de escra-
vos, e, em 1856, foi surpreendida a última tentativa de desembarque clandestino
em nossas costas. Assim se extinguiu o tráfico, que durante muito tempo consti-
tuíra rendoso negócio para um punhado de aventureiros, e queo poucos aborre-
cimentos e humilhações trouxera ao governo e ao povo do Brasil.
Tumbeiros: nome que se dava aos navios negreiros, devido à enorme mortandade de escravos
durante a viagem.
QUESTIONÁRIOnº 3
1 - Por que algumas nações européias iniciaram a campanha contra o tráfico de
escravos no começo do século XIX?
2 Qual foi a atitude do governo inglês para debelar o tráfico? Elas surtiram
efeito?
3 - Como agiu o governo brasileiro diante da pressão inglesa?
4 - O que levou o Brasil a extinguir o tráfico negreiro com a lei Euzébio de Quei-
s em 1850?
5 Que diferenças você percebe entre as razões apresentadas por este texto e o
anterior?
Solicite agora o GABARITO do QUESTIONÁRIOnº 3, a seu professor.
Verifique seus ACERTOS e ERROS.
No caso de ERROS procure entender bem porque errou e qual seria a res-
posta certa.
Se tiver dúvidas, recorra a seu professor.
Guarde seu GABARITO no envelope que se encontra no final do FASCÍ-
CULO.
GABARITO - QUESTIONÁRIOnº 3 (*)
1 Devido a 2 motivos:
1 ?) interesse econômico em aumentar o número de consumidores dos pro-
dutos industriais (ingleses, principalmente), através da ampliação do
trabalho assalariado;
2?) preocupações de ordem moral e humanitária, por se considerar o trá-
fico de escravos uma atividade desumana.
2 O governo inglês atuou de três maneiras:
) extinção do tráfico servil em suas colônias;
) proibição do tráfico ao norte do Equador;
) pressão junto aos governos de outros países escravistas, entre os quais o
Brasil. Esta pressão se fez através de certas leis e da ação repressiva da
marinha inglesa contra os chamados "tumbeiros".
No entanto, essas medidas nem sempre surtiram efeito. O comércio de escra-
vos continuou a ser feito através do contrabando.
3 Inicialmente, o Brasil teve que ceder à pressão inglesa, embora as leis adotadas
o tenham sido cumpridas (como a de 1831). A partir de 1845, com a pro-
mulgação do Bill Aberdeen, começou a haver uma reação contrária à excessiva
pressão inglesa, que provocava humilhações e ameaças à soberania nacional.
4 Foram os problemas políticos criados com a pressão da Inglaterra. O texto
destaca:
1) a reação da opinião pública e do povo brasileiro contra as agressões da In-
glaterra;
2) as providências do governo brasileiro em defesa da soberania nacional.
Lembre-se ainda que muitos traficantes eram estrangeiros, o que trazia
maiores aborrecimentos ao governo brasileiro.
5 O texto anterior referia-se apenas às preocupações humanitárias. Enquanto
o textonº 2 ressalta principalmente os motivos econômicos ligados à amplia-
ção do mercado consumidor.
(*) Este gabarito deverá ser fornecido cm tantas vias quantos forem os alunos.
TEXTOnº 3
1 - A INGLATERRA E A ABOLIÇÃO
O abolicionismo na Inglaterra fora iniciado por reformadores sinceros, imbuí-
dos de sentimentos de solidariedade humana, logo apelidados de "santos". Uns por
motivos religiosos, outros por pura filantropia, haviam todos pressionado o Parla-
mento com petições e manifestações de protesto contra o tráfico nefando. A extin-
ção do tráfico trouxe, porém, um imprevisto alarmante: escassez de braços nas
plantações de açúcar das colônias inglesas.
o somente se sentiam prejudicados os senhores de plantações açucareiras
nas Antilhas; o impacto atingia também os exportadores de mercadorias, comer-
ciantes, agentes e empresas de navegação. A Inglaterra promovendo a extinção do
tráfico em seus próprios domínios agiria contra seus próprios interesses.
A concorrência entre as duas colônias produtoras de açúcar, Jamaica (perten-
cente à Inglaterra) e o Brasil (colônia de Portugal) era renhida. A produção brasi-
leira, contudo, tinha a seu favor o fato de serem aqui as terras muito mais baratas.
Extinguindo-se a exploração do braço escravo na Jamaica, seria fatal o aumento
da produção brasileira e o oferecimento do açúcar, nos mercados internacionais, a
um preço com o qual os produtores e comerciantes ingleses jamais poderiam con-
correr.
Em face dessa situação os grandes grupos financeiros ingleses passaram a
trabalhar ativamente pela abolição da escravidão nas regiões que lhes faziam con-
corrência. Assim, a causa dos "santos" transformou-se em questão política e econô-
mica de grande importância para os financistas ingleses, interessados em salvar a
ameaçada economia de suas colônias.
2 - PRESSÕES INGLESAS
Diversas pressões foram exercidas pela Inglaterra, visando à abolição do trá-
fico. D. João VI conseguira, entretanto, com habilidade, astúcia e procrastinação
anular-lhes os efeitos. Em 1817, habilmente, o governo britânico fez com que
D. João VI se comprometesse, através de um acordo, a restringir parcialmente o
tráfico. Seria limitado às regiões ao Sul da linha equatorial o aprisionamento de
escravos, permitindo-se, ao mesmo tempo, que navios de guerra ingleses abor-
dassem em alto mar navios portugueses, suspeitos de conduzirem escravos oriundos
de regiões da África setentrional. Sendo estes encontrados, poderiam os navios
ser apresados e seus responsáveis conduzidos à presença de tribunais luso-britânicos,
especialmente organizados para o julgamento desses casos. Havia uma reciproci-
dade teórica nas disposições do acordo de 1817; navios de guerra portugueses
também poderiam fazer a mesma coisa com possíveis negreiros ingleses. Na
prática, porém, somente os navios portugueses é que recebiam a visita policiadora.
Como resultado das disposições do acordo de 1817, gerou-se o desumano costume
de lançarem os capitães negreiros toda sua carga humana ao mar, quando viam
aproximar-se uma belonave de Sua Majestade Britânica
1
.
Era sempre difícil provar-se esse crime ou a origem dos escravos encontrados
a bordo dos navios negreiros. Persistiu, assim, o tráfico, apesar das pressões inglesas.
Em 1823, quando se processavam as demarches diplomáticas visando ao reconheci-
mento de nossa Independência por parte da Inglaterra, o ministro inglês Canning
aproveitou a ocasião para condicioná-la à abolição do tráfico. D. Pedro e José Boni-
fácio pessoalmente estavam "convencidos da inconveniência do tráfico", porém
julgavam que a abolição deveria ser feita quando fosse aumentada a população bran-
ca do país e a agriculturao mais corresse perigo de um colapso econômico com
a supressão do braço escravo. Continuou, pois, o tráfico, durante o ano da Indepen-
dência entraram, oficialmente, no Brasil, 20483 escravos. Em 1823, no auge da
pressão inglesa, 29211. (...)
(...)
Continuaram entretanto os incidentes no mar, conseguindo finalmente a di-
plomacia inglesa impor ao Brasil o acordo de 1826, segundo o qual, "três anos após
a troca das ratificações, não seria mais lícito aos súditos do Brasil fazer o tráfico de
escravos da Costa d'África, sob qualquer pretexto ou maneira, sendo a continuação
desse comércio depois da dita época, considerada e tratada como pirataria".
O acordo de 1826o foi respeitado pelos comerciantes de escravos que con-
tinuaram a importá-los clandestinamente em grandes quantidades, dando novos
motivos para ameaças inglesas. Em 1831, o governo regencial promulgava, porém,
Os escravos eram jogados ao mar com pesadas pedras amarradas ao pescoço, para logo sub-
mergirem eo serem avistados a tempo pelos navios ingleses.
uma lei declarando livre todos os escravos que, a partir daquela data, entrassem no
Brasil. (...) Os interesses dos senhores de engenho e fazendeiros, no entanto, prevale-
ceram. A lei foi violadao repetidamente que, praticamente, pode-se dizer queo
foi cumprida: continuou-se a importar escravos.
Com a prevenção dos senhores de engenho e fazendeiros brasileiros contra os
ingleses, cresceu paralelamente o tráfico. Calcula-se em 50000 a média anual de es-
cravos introduzidos no Brasil a partir de 1840.
Agravaram-se, consequentemente, as realções do Brasil com a Inglaterra.
3 - O BILL ABERDEEN
Após a promulgação do BillAberdeen tornaram-se muito tensas as relações
entre o Brasil e a Inglaterra. A atitude do governo inglês era firme e inabalável, no
sentido da total abolição do tráfico. Navios ingleses varejavam o Atlântico apresan-
do até navios que, em águas territoriais brasileiras, em serviço de cabotagem, con-
duziam escravos de uma província para outra. É necessário que se registre, contudo,
que os escravos encontrados nos navios interceptadoso eram reconduzidos à
Africa. Eram levados pelos ingleses para suas colônias, nas quais, com a abolição,
havia grande falta de trabalhadores. Nas colônias inglesas seriam teoricamente livres,
porém, na realidade, submetidos a um regime de semi-servidão, em virtude do
pequeno salário a que teriam direito.
Os efeitos do BillAberdeen no tráfico negreiro foram radicais. Parao
comprometer mais a soberania do Brasil, e refletindo um movimento de opinião
pública que se formava contra a continuação do fornecimento de escravos africanos,
Eusébio de Queirós, ministro da Justiça, empreendeu uma campanha parlamentar
que o consagrou como um dos grandes políticos do Império. A 14 de outubro de
1850 era promulgada a lei que proibia o tráfico de escravos. Ficaria conhecida com
o nome de Lei Eusébio de Queirós e seria completada por uma outra, datada de 5
de junho de 1854, contendo também severas medidas policiais e judiciais contra o
infame comércio.
Alguns desembarques clandestinos ainda foram tentados. Praticamente,
porém, extinguira-se o tráfico.
QUESTIONÁRIOnº 4
1 Quais os problemas que a abolição do tráfico de escravos acarretou para a
Inglaterra e suas colônias?
2 - Esses problemas beneficiaram de algum modo a economia brasileira? Explique
as razões apresentadas pelo Autor.
3 - Como e por quem foi conduzido o movimento abolicionista na Inglaterra?
4-0 que levou o governo inglês a decretar o Bill Aberdeen em 1845?
5 Por que as medidas e leis de repressão ao tráficoo eram cumpridas intei-
ramente?
6 Como se explica a implantação no Brasil da lei de 1850?
7 Comparado aos textos anteriores, que elementos novos traz este texto para se
responder à QUESTÃO-GERADORA? ,
I
Solicite agora o GABARITO do QUESTIONÁRIOnº4, a seu professor.
Verifique seus ACERTOS e ERROS.
No caso de ERROS procure entender bem porque errou e qual seria a res-
posta certa.
Se tiver dúvidas recorra a seu professor.
Guarde seu GABARITO no envelope que se encontra no final do FASCÍ-
CULO.
GABARITO-QUESTIONÁRIOnº 4 (*)
1 - Acarretou 3 problemas:
) escassez de mão-de-obra nas plantações de cana-de-açúcar, das colônias
inglesas das Antilhas;
) prejuízos para os exportadores de mercadorias, comerciantes, empresá-
rios de navegação, todos ligados aos negócios coloniais;
) prejuízos para os interesses da própria Metrópole (Inglaterra).
2 - Sim, o açúcar brasileiro foi beneficiado com a desorganização da produção
antilhana e ganhou concorrência internacional. Razões apresentadas:
) as colônias das Antilhas diminuíram sua produção;
) no Brasil as terras eram abundantes e mais baratas, portanto, o açúcar
brasileiro tinha um preço mais barato no mercado internacional.
3 - Observamos duas fases no movimento abolicionista inglês:
) fase inicial: significou uma campanha reformista, baseada em motivos
religiosos e filantrópicos, em defesa da liberdade.
) fase posterior: significou a pressão dos interesses dos grandes grupos fi-
nanceiros ligados aos negócios do açúcar antilhano, que desejavam eli-
minar a concorrência dos países escravistas.
Daí vem a afirmação: a causa dos santos transformou-se em questão política
e econômica para os financistas ingleses interessados em salvar a ameaçada
economia de suas colônias.
4 Há duas preocupações:
) resolver definitivamente a questão do tráfico;
) aliviar a falta de braços nas colônias antilhanas (observe-se que os escra-
vos negros dos navios capturados eram levados às colônias inglesas como
trabalhadores assalariados).
(*) Este gabarito deverá ser fornecido em tantas vias quantos forem os alunos.
5 Por três motivos essas medidaso foram cumpridas inteiramente:
1?) motivo principal: o interesse dos fazendeiros e senhores de engenho
em manter a escravidão;
) a atitude cautelosa dos governos brasileiros, preocupados em evitar um
colapso econômico (observer-se a atitude de D. Pedro e José Beonifá-
cio);
) a existência do contrabando como forma de manter o comércio de es-
cravos da África.
6 - Explica-se por 4 fatores:
) o movimento da opinião pública brasileira contra a entrada de escravos
africanos;
) a ação da marinha inglesa no território do Brasil e no próprio comércio
interno de escravos;
) a defesa da soberania nacional;
) a campanha política do próprio Euzébio de Queiroz.
7 Há 4 elementos novos:
) a pressão da Inglaterra para a extinção do tráfico é uma questão de con-
corrência no mercado internacional do açúcar, em defesa das suas colônias;
) a extinção do tráfico e da escravidão provocou conflitos internos entre
grupos econômicos da Inglaterra e trouxe prejuízos;
) os escravos apreendidos no mar eram levados pela Inglaterra às suas colônias;
) havia no Brasil interesse em manter a escravidão (os fazendeiros e o pró-
prio governo) e, daí, oo cumprimento das leis contra o tráfico.
"MAS OUTROS CRITICARAM-
ROTEIRO C
PARA FAZER SOZINHO DE PREFERÊNCIA!
O QUE É PARA FAZER
1 - LER o TEXTOnº4 com toda atenção.
2 - VERIFICAR o significado dos TERMOS DIFÍCEIS e que se encontram
explicados no rodapé.
3 - RESPONDER o QUESTIONÁRIOnº 5: ele conduzirá você ao levanta-
mento de críticas e de algumas respostas à QUESTÃO-GE-
RADORA que você está estudando.
4 - CONFERIR seus ACERTOS e ERROS, recorrendo ao GABARITO que
está com seu professor.
TEXTOnº 4
O capitalismo industrial e a escravidão
Apesar das tradicionasi opiniões contrárias, o fim do escravismo
1
o se vin-
cula totalmente ao desenvolvimento da revolução industrial, como se fosse uma
questão de busca de novos mercados.
De fato, se o escravo, sem poder aquisitivo,o tenha condições de consumir
manufaturados, por outro lado, a economia brasileira continuava basicamente a
fornecer gêneros agrícolas a baixo preço para os países industrializados. Estes, aliás,
pouco se importando com o nosso consumo, permitiram-nos até uma balança de
comércio favorável, em vários períodos do Império.
Colocada a questão sob essa nova perspectiva, percebe-se que o capitalismo in-
dustrial podia admitir satisfatoriamente a manutenção do escravismo em regiões
onde este sistema de trabalho fosse necessário para a manutenção da economia agrí-
cola.
1
Escravismo: sistema econômico baseado no trabalho escravo.
Assim, para se compreender o fim do escravismo no mundo, deve-se enfocar
a concorrência entre as diferentes áreas de economia agrícola e a oposição entre
mercantilistas
2
e livre-cambistas
3
ingleses, os quais representavam, respectivamente,
os interesses agrícolas e os interesses industriais.
A Inglaterra e a questão de tráfico
A própria Inglaterra centro industrial - admitia o escravismo em suas colônias produtoras de gêneros de consumo.o podia, contudo, aceitar o monopólio
prática mercantilista - dessas regiões sobre o mercado metropolitano de açúcar,
na medida em que isso assegurava mercado estável e preços elevados a essas colônias, além de obrigar os industriais a pagar maiores salários aos trabalhadores. Os
gêneros agrícolas de outras regiõeso podiam ser comerciados livremente no reino
britânico e, com isso, os industriaiso conseguiam vender mais produtos a essas
regiões que só podiam pagar em gêneros agrícolas. Finalmente, deve-se considerar
que a Inglaterrao se beneficiava das constantes baixas da cotação do açúcar em
diversas regiões do mundo, pois, conforme leis aprovadas por seus plantadores desde
1739,o podia adquirir o açúcar proveniente de outras partes do mundo.
Dessa maneira, a extinção do tráfico de escravos, apoiada pelos industriais
ingleses,o representava qualquer atitude filantrópica, mas um meio de enfraque-
cer as regiões coloniais e anular as leis que davam a essas áreas o monopólio do
comércio de gêneros agrícolas.
Como primeira etapa de uma grande campanha, os industriais ingleses uniram-
se aos produtores das chamadas "zonas velhas" as produção açucareira antilhana,
os quais, interessados em valorizar a sua escravaria, concordaram, em 1807, em
aprovar o fim do tráfico de escravos para todo o Império britânico.
Mercantilistas: os partidários do mercantilismo, a política econômica adotada pelos Estados
europeus ocidentais, entre os Séculos XV e XVIII, que buscava principalmente o aumento
da riqueza nacional, o fortalecimento do Estado e o incentivo ao comércio através de Im-
périos coloniais e medidas protecionistas (como privilégios e monopólios).
Livres-cambistas: os partidários de livre-câmbio, isto é, uma política econômiica baseada na
livre concorrência entre produtores e consumidores, no mercado interno, sem restrições e
monopólios, e também no comércio livre entre as nações sem protecionismo e barreiras
alfandegárias. Corresponde à ascenção do capitalismo industrial no início do Século XIX,
liderado pela Inglaterra.
Somente em 1833, após uma série de reformas eleitorais, é que os industriais
conseguiram abolir o escravismo em todo o Império inglês. Isso representou um
rude golpe, inclusive para as chamadas "zonas novas" das Antilhas - Barbados,
Guiana Inglesa e Trinidade - cuja produção baixou a ponto deo conseguir aten-
der ao mercado de Londres, que, em 1836, permitia a entrada do açúcar das índias,
quebrando o monopólio dos produtores antilhanos.
Enquanto isso, a produção de outros países, entre os quais o Brasil, só seria
admitida para refinação e posterior exportação a outros mercados europeus. Desta
maneira, a Inglaterra acabou pagando por seu açúcar, em 1844, aproximadamente
5 milhões de libras a mais que todos os países da Europa continental.
o havia porque continuar mantendo o monopólio: a industrialização lhe
era contrária, bem como a própria população, e os agricultores se haviam enfra-
quecido no Parlamento. Assim, em 1846, foram revogadas as leis que reservavam os
mercados ingleses para os agricultores ingleses. O livre-câmbio que, no caso britâni-
co, atendia aos industriais, triunfava.
As condições para a extinção do tráfico de escravos no Brasil
Em 1844, a necessidade de obter novas fontes de renda levou o Império brasi-
leiro a promulgar as Tarifas Alves Branco, que levavam as taxas alfandegárias desde
2% até 60%. Apesar dissoo prejudicar substancialmente seu comércio, a Inglater-
ra encarou a atitude como uma demonstração de afronta a seus interesses.
Assim, completando o Bill Palmerston (que desde 1839 condenava os navios
negreiros), o Parlamento britânico decretou, a 8 de agosto de 1845, o Bill Aberdeen,
pelo qual os navios brasileiros podiam ser apreendidos ante a mais leve suspeita de
estarem participando do tráfico de escravos.
Contudo, julgar apenas a repressão britânica como responsável pelo fim do
tráfico é por demais simplista eo explica as condições estruturais para a lei de
1850: o período imediatamente posterior ao Bill Aberdeen fez quase triplicar a
entrada de escravos no Brasil.
4
Observem-se esses dados sobre a entrada de escravos no Brasil: 1845: 19453 peças; 1846:
50325; 1847: 56172; 1848: 60000; 1849: 54000; 1850: 23000; 1851: 3278;1852:700.
No entanto, a economia brasileira já podia dispensar o tráfico, cujo fim repre-
sentava para o Norte e o Nordeste, estagnados ou decadentes, uma possível valori-
zação de sua escravaria, a ser adquirida através do comércio inter-provincial pelo
centro-sul. Aliás, esta região já ensaiava introduzir o trabalho imigrante.
A lei de extinção do tráfico negreiro decorreu da luta entre os dois grandes
partidos do Segundo Reinado: o liberal, na oposição, que desde 1848 inscrevera em
seu programa a campanha de extinção do tráfico; e o conservador, que, preocupado
em se manter no poder,s o plano em ação. Mais uma vez, o partido da oposição
fornecia o programa para o que estava no governo.
Assim, a 14 de setembro de 1850, o ministro da Justiça, Euzébio de Queirós,
conseguiu a aprovação da lei que, anulando todas as determinações anteriores, im-
punha o fim do tráfico de escravos no Brasil.
Quatro anos depois, a 5 de julho de 1854, a lei Nabuco de Araújo determina-
va severas repressões aos contrabandistas, o que realmente se efetivou com respei-
to a dois pequenos desembarques surpreendidos em Pernambuco e no Espírito San-
to.
Portanto, a pressão inglesa, no máximo, desencadeou um processo já em ges-
tação.
QUESTIONÁRIO N° 5
1 - Por que, segundo o texto, a extinção do tráficoo foi uma consequência di-
reta da revolução industrial?
2 Como se explica a luta da Inglaterra pela abolição do escravismo?
3 - Qual era a origem do conflito entre mercantilistas e industriais na Inglaterra?
Quaiso os argumentos apresentados no texto?
4 - Como evoluiu o processo abolicionista na Inglaterra e de que modo os indus-
triais defenderam sua campanha?
5-0 que motivou o Império brasileiro a eliminar definitivamente o tráfico de
escravos?
6—0 que você encontrou de diferente neste texto? Através dele, que interpre-
tações podem ser criticadas?
Solicite, a seu professor, o GABARITO do QUESTIONÁRIOnº 5.
Verifique seus ACERTOS e ERROS.
No caso de ERROS, procure entender bem porque errou e qual seria a res-
posta certa.
Guarde seu GABARITO no envelope que se encontra no final do FASCÍ-
CULO.
GABARITO - QUESTIONÁRIOnº 5 (*)
1 - Devido a 3 fatores:
) a economia brasileira continuava basicamente a produzir gêneros agrí-
colas a baixo preço para o mercado externo;
) o mercado consumidor de manufaturados era restrito no Brasil, pois o
escravoo tinha poder aquisitivo;
) o capitalismo industrial admitia a manutenção do trabalho escravo nas
áreas agrícolas onde era necessário.
2 Há dois grandes conflitos a serem considerados:
) no contexto do mercado internacional, pela concorrência entre as di-
versas regiões agrícolas (coloniais ou independentes) baseadas na escra-
vidão;
) no âmbito interno da Inglaterra, pela oposição entre mercantilistas (in-
teresses agrários) e livre-cambistas (interesses industriais).
3 -- O conflito era devido à existência de monopólios da época mercantilistas, que
garantiam aos produtores do açúcar antilhano um mercado estável e preços
altos. Os industriais eram contra o monopólio por 2 motivos:
) tinham que pagar salários elevados;
)o podiam aumentar suas vendas aos países agrícolas do exterior, pois
os seus produtos (com os quais pagariam a compra de manufaturados
ingleses)o podiam ser vendidos na Inglaterra. A população também
era prejudicada pelos monopólios já que os produtos antilhanos tinham
preço alto, poro terem concorrentes dentro da Inglaterra.
4 - Os industriais procuraram o apoio de outros grupos sociais para vencer os mo-
nopolistas no Parlamento. A primeira etapa foi a abolição do tráfico, em
1807, graças ao apoio de produtores antilhanos interessados em aumentar o
preço de seus escravos. A segunda foi a extinção da escravidão, em 1833, o
que arruinou a produção antilhana e até favoreceu a entrada de açúcar da
índia. A terceira foi a eliminação das leis do protecionismo agrícola, com o
triunfo do livre-câmbio, em 1846.
(*) Este gabarito deverá ser fornecido em tantas vias quantos forem os alunos.
5 Há duas condições internas importantes:
) o interesse dos fazendeiros do norte e nordeste em valorizar seus escra-
vos que teriam maior procura no centro-sul;
2
a
) o mecanismo da política dos partidos, em que os conservadores deseja-
vam manter-se no poder e, para isso, colocar em prática uma reivindi-
cação de seus adversários (liberais).
6-0 texto apresenta uma interpretação diferente à nossa questão geradora, em
função dos seguintes elementos;
) a campanha contra o escravismo e o tráfico como parte de uma luta
contra os monopólios mercantilistas;
) o interrelacionamento de três fatores (a concorrência entre regiões açu-
careiras, os conflitos internos na Inglaterra e os interesses internos no
Brasil);
) a importância dos antagonismos de interesses dentro da Inglaterra, cen-
tro industrial do mundo, para se entender a pressão externa sobre ou-
tros países escravistas;
) as condições econômicas e políticas do Brasil já respondidas na questão
5.
Podem ser feitas críticas às interpretações que se baseiam:
1) na valorização do caráter filantrópico;
2) na busca de mercado consumidor em consequência da revolução industrial;
3) na pressão da Inglaterra como fator único.
"E AGORA É SUA VEZ!"
ROTEIRO D
PARA FAZER SOZINHO DE PREFERÊNCIA!
O QUE Ê PARA FAZER
1 - PREENCHER o QUADRO-SItlTESE: ele permitirá a você construir um
"mapa" de todas as respostas que já foram dadas à QUES-
TÃO-GERADORA e de suas respectivas críticas. Permitirá
principalmente identificar com toda clareza onde está o
"X da controvérsia", isto é, quais as respostas que conflitam
com as outras e porque.
2 - CONFERIR seus ACERTOS e ERROS, recorrendo ao GABARITO em
poder de seu professor.
3 TOMAR POSIÇÃO face à controvérsia, isto é, decidir-se por esta ou aque-
la resposta à QUESTÃO-GERADORA e acumular ar-
gumentos para defendê-la mais tarde.
Solicite o GABARITO do QUADRO-SlNTESE a seu professor.
Verifique seus ACERTOS e ERROS.
No caso de ERROS procure entender bem porque errou e qual seria a res-
posta certa.
Se tiver dúvidas recorra a seu professor.
Guarde o GABARITO no envelope que se encontra no final do FASCÍ-
CULO.
GABARITO - QUADRO-SÍNTESE
'X" DA CONTROVÉRSIA
uma campanha filantrópica ou realização de interesses econômicos.
ampliação do mercado consumidor ou concorrência entre regiões agrícolas
de várias partes do mundo.
abolição do trabalho escravo ou abolição de monopólios mercantilistas ain-
da existentes.
- apenas resultado da pressão inglesa ou combinação desta pressão com inte-
resses econômicos e políticos internos do Brasil.
TEXTO
TEXTO
2
TEXTO
3
- devido à pressão da Inglaterra,
movida por sentimentos humani-
tários (liberdade e justiça).
- devido ao interesse da Inglaterra
em ampliar o mercado consumi-
dor de manufaturados.
- devido às preocupações de ordem
moral e humanitária.
- devido aos interesses político-di-
plomáticos do Brasil (defesa da
soberania nacional).
- pela ação da campanha filantrópi-
ca na Inglaterra.
- devido à pressão dos financistas
ingleses: uma questão de concor-
rência no mercado do açúcar.
- pela reação interna no Brasil cm
defesa da soberania nacional (in-
teresse político-diplomático).
Explicação baseada em aspectos su-
perficiais.
o considera os motivos econômi-
cos e políticos.
o apresenta os interesses internos
(do Brasil).
Explicação insuficiente.
0 Brasilo tinha importância como
mercado consumidor.
o considera a concorrência entre as
colônias inglesas e o Brasil.
o apresenta a posição dos fazendei-
ros brasileiros diante da questão do
tráfico.
Explicação incompleta.
o considera a existência dos mo-
nopólios que protegiam os produtos
antilhanos.
o menciona os interesses dos in-
dustriais ligados ao livre-cambismo.
o apresenta a posição dos fazendei-
ros do Norte e Nordeste do Brasil
interessados na extinção do tráfico de
1850.
Analise bem o QUADRO-SÍNTESE tal como você o preencheu e corrigiu de-
pois:
A - Pense bastante no que você indicou como sendo o "X da controvérsia".
B - Fazendo um bom balanço das respostas dadas à QUESTÃO-GERADORA e
respectivas críticas:
selecione, a seguir, aquela que você acha ser a mais adequada à QUES-
TÃO-GERADORA e indique-a na página seguinte;
imagine depois que você está num tribunal e que precisará defender a
"sua" resposta. Relacione, na página seguinte, o maior número possível de
argumentos em defesa dessa "sua" posição.
"Minha" posição ou "minha" resposta à QUESTAO-GERADORA da contro-
vérsia:
Argumentos a favor da "minha" posição:
EM TEMPO!
Agora que você chegou a um ponto de vista pessoal sobre a controvérsia pre-
pare-se para defendê-lo no FÓRUM DE DEBATES do qual irá participar com a clas-
se toda e conforme orientação a ser dada por seu professor.
FASCÍCULO
AS TENTATIVAS DE INDUSTRIALIZAÇÃO
NO SÉCULO XIX
A página dos COMOS
FASCÍCULO 3
AS TENTATIVAS DE INDUSTRIALIZAÇÃO NO SÉCULO XIX
1 Uma explicação necessária
Para que possa enfrentar as atividades propostas no FASCÍCULO 3 que com-
e o Programa "Controvérsias na História do Brasil" é indispensável que o aluno
disponha de um repertório de competências relacionadas à compreensão de temas
da História do Brasil e História Geral tais como:
1 A extinção do tráfico de escravos no século XIX (A revolução industrial
na Inglaterra/ A ascenção do liberalismo na Europa do século XIX/ A
economia brasileira na primeira metade do século XIX/ O processo de
independência do Brasil e a evolução do Império de 1822 a 1850).
2 As transformações econômico-sociais da segunda metade do século XIX
(O café como principal produto de exportação/ A passagem do trabalho
escravo para o trabalho livre/ As relações entre imigração e abolição da
escravatura).
3—0 regime político brasileiro da consolidação do Império à proclamação
da República: as divergências crescentes entre mornarquistas e republi-
canos.
4 A urbanização no Brasil da segunda metade do século XIX, especial-
mente no Rio de Janeiro eo Paulo: o crescimento demográfico; as
relações cidade-campo; a modernização; as atividades comerciais e ma-
nufatureiras; os grupos sociais; a vida cultural.
Os temas acima apresentados podem ser estudados em:
- MENDES Jr., A. (e outros). Brasil História: texto e consulta.o Paulo,
Brasiliense, v. 2, 1977. Império p. 39 a 43 e 287 a 297. (Segue em Ane-
xo uma cópia das páginas 286 a 297 do texto citado).
- TEIXEIRA, F.M.P.e DANTAS, J. Estudos de História do Brasil.o Paulo,
Ed. Moderna, v. 2, 1974. Império e República, cap. 2,3 e 4.
- BURNS, E.M. História da Civilização Ocidental, 2
a
ed. Porto Alegre, v. 2,
1959. Cap. 23 e 24.
Sugere-se também a consulta dos livros de onde foram retirados os textos
apresentados neste FASCÍCULO, especialmente:
- LEITE, Miriam M. Introdução aos Estudos Sociais.o Paulo, Cultrix,
1972. Cap. 14.
Caso os alunoso disponham de tais competências acerca desses temas, pos-
sivelmente, terão dificuldades de enfrentar um Programa que foi elaborado a partir
de controvérsias existentes na História do Brasil, exigindo deles, inclusive, uma
tomada de posição. Tais cuidados deverão ser considerados para que os alunos te-
nham um aproveitamento mais completo do problema histórico escolhido para a
controvérsia eo simplesmente limitado ao que poderia ser o debate de um proble-
ma isolado.
INTENÇÃO
PEDAGÓGICA
MATERIAL QUE
VAI UTILIZAR
ATIVIDADE ESPERADA DO PROFESSOR
EM SALA DE AULA
INTRODUÇÃOE
ROTEIROS DE
ESTUDO DO
FASCÍCULO 3
- Identificai características e objeti-
vos do Programa
- Identificar como está organizado
o FASCÍCULO 3
- Identificar as principais propostas
contidas em cada um dos Roteiros
c respectiva função
Identificar o papel de aluno em
cada Roteiro
FASCÍCULO 3 (Edição do Aluno)
P-7
- Apresentar o Programa ao Aluno
- Introduzir o FASCÍCULO 3
- Solicitar a leitura individual do texto "Nosso Recado"
- Esclarecer as dúvidas apresentadas pelos alunos
"NOSSO
RECADO"
- Situar-se no contexto histórico a
que se refere a controvérsia - ob-
jeto do FASCÍCULO 3
- Familiarizar-se com a pergunta
que está na origem da controvér-
sia (QUESTÃOGERADORA)
FASCÍCULO 3 (Edição do Aluno)
p. 10
FASCÍCULO 3 (Edição do Aluno)
p.
11
a 20
Gabarito do Questionário 1
FASCÍCULO 3 (Edição do Aluno)
P-23
- Solicitar a leitura individual do texto "O que é para fazer"
- Esclarecer as dúvidas apresentadas pelos alunos
- Solicitar a realização individual das atividades proposta no Roteiro A:
- OBSERVAR
- LER
- RESPONDER 0 QUESTIONÁRIO 1
- Supervisionar o trabalho dos alunos
- Fornecer o gabarito do QUESTIONÁRIO 1 a cada aluno à medida que fo-
rem terminando
- Solicitar que os alunos corrijam suas próprias respostas
- Esclarecer as dúvidas apresentadas pelos alunos
- Solicitar leitura atenta da QUESTÃO-GERADORA da controvérsia, ressal-
tando que a questão será o aspecto fundamental a ser estudado no FASCÍ-
CULO 3
ROTEIRO A:
"EIS
A
QUESTÃO!"
FASCÍCULO 3 (Edição do Aluno)
- Solicitar a leitura individual do texto "O que c para fazer"
- Esclarecer as dúvidas apresentadas pelos alunos
ROTEIRO B:
"E ELES
- Identificar diferentes respostas
dadas por historiadores a QUES-
TÃO-GERADORA
FASCÍCULO 3 (Edição do Aluno)
p.
27 e 28
Gabarito do Questionário 2
Solicitar a realização individual das atividades propostas no Roteiro B:
- LER O TEXTO 1 •
- RESPONDER O QUESTIONÁRIO 2
- Supervisionar o trabalho dos alunos
Fornecer o gabarito do QUESTIONÁRIO 2 a cada aluno, â medida que fo-
rem terminando
Solicitar que os alunos corrijam suas próprias respostas
- Esclarecer as dúvidas apresentadas
2 Como deve ser conduzido o Programa
O Programa deverá ser desenvolvido obedecendo à sequência proposta em cada FASCÍCULO; apresentamos no quadro a seguir algumas sugestões sobre as atividades a serem condu-
zidas pelo professor em cada momento do Programa, relacionando-as com a intenção pedagógica que está por trás de cada um dos Roteiros de Estudo do FASCÍCULO 3.
INTENÇÃO
PEDAGÓGICA
MATERIAL QUE
VAI UTILIZAR
ATIVIDADE ESPERADA DO PROFESSOR
EM SALA DE AULA
INTRODUÇÃO E
ROTEIROS DE
ESTUDO DO
FASCÍCULO 3
Explorar os comos e os porquês
FASCÍCULO 3 (Edição do Aluno)
p.
30
a
35
Gabarito do Questionário 3
- Solicitar a realização individual das atividades propostas no Roteiro B:
- LER O TEXTO 2
- RESPONDER O QUESTIONÁRIO 3
- Fornecer o gabarito do QUESTIONÁRIO 3 a cada aluno, à medida que fo-
rem terminando
- Solicitar que os alunos corrijam suas próprias respostas
- Esclarecer as dúvidas apresentadas
ROTEIRO B:
E ELES
RESPONDERAM!"
de cada resposta dada por diferen-
tes historiadores
FASCÍCULO 3 (Edição do Aluno)
p. 37
a
40
Gabarito do Questionário 4
Solicitar a realização individual das atividades propostas no Roteiro B:
- LER O TEXTO 3
- RESPONDER 0 QUESTIONÁRIO 4
- Fornecer o gabarito do QUESTIONÁRIO 4 a cada aluno, à medida que fo-
rem terminando
- Solicitar que os alunos corrijam suas próprias respostas
Esclarecer as dúvidas apresentadas
FASCÍCULO 3 (Edição do Aluno)
p.
44
- Solicitar a leitura individual do texto "O que é para fazer"
- Esclarecer as dúvidas apresentadas pelos alunos
ROTEIRO C:
MAS OUTROS
CRITICARAM!"
- Identificar criticas as respostas da-
das por historiadores (e já estuda-
das)
FASCÍCULO 3 (Edição do Aluno)
p. 4S a 48
Gabarito do Questionário 5
- Solicilitar a realização individual das atividades propostas no Roteiro C:
- LER O TEXTO 4
- RESPONDER 0 QUESTIONÁRIO 5
- Fornecer o gabarito do QUESTIONÁRIO 5 a cada aluno, â medida que fo-
rem terminando
- Solicitar que os alunos corrijam suas próprias respostas
Esclarecer as dúvidas apresentadas
GERADORA c que procuram su-
perar as criticas levantadas
FASCÍCULO 3 (Edição do Aluno)
P-
Gabarito do Questionário 6
- Solicitar a realização individual das atividades propostas no Roteiro C:
- LER O TEXTO 5
- RESPONDER O QUESTIONARIO 6
Fornecer o gabarito do QUESTIONÁRIO 6 a cada aluno á medida que fo-
rem terminando
- Solicite que os alunos corrijam suas próprias respostas
- Esclarecer ai dúvidas apresentadas
FASCÍCULO 3 (Edição do Aluno)
p.54
- Solicitar a
leitura
individual
do texto "0 que é para
fazer"
- Esclarecer as dúvidas apresentadas pelos alunos
ROTEIRO D
"E AGORA É
SUA
VEZ!"
INTENÇÃO
PEDAGÓGICA
MATERIAL QUE
VAI UTILIZAR
ATIVIDADE ESPERADA DO PROFESSOR
EM SALA DE AULA
INTRODUÇÃO E
ROTEIROS DE
ESTUDO DO
FASCÍCULO 3
- Organizar em um QUADRO-SlN-
TESE as diferentes
resposta
da-
das pelos historiadores à QUES-
TÃO-OERADORA e respectivas
críticas
- Identificar onde está o núcleo da
controvérsia nas diferentes posi-
ções (respostas) dos historiadores
FASCÍCULO 3 (Edição do Muno)
p.55
Gabarito do MAPA DA CONTRO-
VÉRSIA
- Solicitar a realização individual da atividade proposta no Roteiro D:
- PREENCHER 0 QUADRO-SINTESE. (MAPA DA CONTROVÉRSIA)
- Fornecer o gabarito do QUADRO-SINTESE a cada aluno, à medida que fo-
terminando
- Solicitar que os alunos corrijam suas próprias respostas
Esclarecer as dúvidas apresentadas
ROTEIRO D:
"E AGORA É
SUA VEZ!"
Selecionar e indicar a resposta
considerada mais adequada à
QUESTÃO-GERADORA
levantar argumentos à favor da
posição adotada
FASCICULO 3 (Edição do Aluno)
p. 57
o
58
Solicitar a realização individual da atividade proposta no Roteiro D:
- TOMAR POSIÇÃO
Defenda
com
argumentos
válidos
a posição tomada face a contro-
vérsia
Atacar com argumentos válidos as
posições adversárias
Valorizar a controvérsia como um
"método
de
estudo"e
uma
forma
de conceber a própria História.
FASCÍCULO 3 (Edição do Aluno)
p. 58
Realizar o FÓRUM DE DEBATES obedecendo os seguintes passos:
- ORGANIZAR A CLASSE EM GRUPOS:
Constituir tantos grupos quantas forem as posições (respostas) apre-
sentadas à QUESTÃO-GERADORA (compete ao professor classifi-
car estas respostas)
- PREPARAR OS GRUPOS PARA A DEFESA DA POSIÇÃO TOMADA
E 0 QUESTIONAMENTO ÃS DEMAIS POSIÇÓES:
Solicitar que os grupos se reunam a fim de se prepararem para desem-
penhar o papel de Debatedores. Para isso. deverão:
a) sistematizar os argumentos em favor da posição tomada:
b) elaborar perguntas a serem propostas aos outros grupos afim de
questionar as posições deles. (Cada grupo deverá conhecer previa-
mente as posições dos demais)
- REALIZAR 0 FÓRUM DE DEBATES PROPRIAMENTE DITO:
- Dispor os alunos na sala, de forma a facilitar a realização do debate
Iniciar
o debate solicitando que cada grupo:
1) exponha
sua posição aos demais grupos:
2) proponha
questões aos outros grupos;
3) responda
às questões que lhe foram propostas pelos demais gru-
pos. (Cada grupo deverá receber uma questão de cada vez e pro-
curar responder imediatamente após a apresentação da pergunta)
- COORDENAR O DEBATE, garantindo que a classe atende ao solicitado.
OBSERVAÇÃO: Caso a classe tenha chegado a uma única posição competirá
ao professor assumir uma posição contrária e participar do
debate na qualidade de DEBATE DOR.
Avaliar o debate procurando discutir aspectos positivos e
negativos observados c enfatizando a importância e o sig-
nificado da discussão de controvérsias em História (espe-
cialmente do Brasil).
Texto 1: BANDECCHI, Brasil, História Econômica e Administrativa do Brasil,o
Paulo, Obelisco, 1967, p. 114.
Texto 2: GOMES, Paulo M. (e outros) História Geral da Civilização Brasileira, Belo
Horizonte, Livraria Lc Ed., 1878, p. 203.205.
Texto 3: MATTOS, Ilmar Rohioff de (e outros). Brasil, uma História Dinâmica,o
Paulo, Ed. Nacional, 1972. v. 2, p. 102-105.
Texto 4: LEITE, Miriam M. Introdução aos Estudos Sociais,o Paulo, Cultrix,
1972, p. 141-146.
Texto 5: MENDES Jr., A. (e outros). Brasil História: texto e consulta.o Paulo,
Brasiliense, v. 2, 1977, p. 296.
Uma recomendação final
A condução satisfatória da Unidade do Programa - "As tentativas de indus-
trialização no século XIX" exige como requisitos básicos que o professor, antes
de ir à sala de aula:
a) esteja bastante familiarizado com as várias abordagens mais ou menos re-
centes do tema, dentro da bibliografia especializada;
b) tenha tido o cuidado de ler atenciosamente todo o material contido no
FASCÍCULO 3. (Edição do Professor).
"EIS A QUESTÃO!"
PARA FAZER SOZINHO DE PREFERÊNCIA!
ROTEIRO A
O QUE É PARA FAZER
1 - OBSERVAR atentamente
as FIGURASnº 1 e 2 que retratam a vida urbana no-
culo XIX na Europa e no Brasil.
as FIGURASnº 3 e 4 que apresentam o interior de dois
ambientes de trabalho, respectivamente uma indústria
localizada na Inglaterra e uma oficina de sapateiros na
cidade do Rio de Janeiro.
2 - LER com cuidado a BREVE NOTÍCIA que está no verso de cada figura:
elas dizem alguma coisa sobre o Autor das mesmas, sobre a OBRA de
que foram retiradas e sobre a época a que se referem.
3 - RESPONDER com muita atenção o QUESTIONÁRIOnº 1 que vem após
as figuras: ele permitirá a você refletir sobre a situação da
indústria na Europa e no Brasil no Século XIX.
4 - CONFERIR seus ACERTOS e ERROS recorrendo ao GABARITO que seu
professor possui.
5 - MEDITAR um pouco sobre a QUESTÃO-GERADORA da controvérsia que
você vai estudar neste FASCÍCULO.
FIGURA 1: "O PORTO E AS FÁBRICAS"
Fonte: Eric J. Hobsbawm, "A Era das Revoluções" (1789-1848), Ed. Paz e Terra, 1977,
Rio de Janeiro, pág. 90/91).
BREVE NOTICIA
0 Autor: T. A. Prior.
A Obra:o foram encontradas informações.
A Época: Primeira metade do Século XIX.
A Figura: Vista do princípio da era industrial na Europa: a fumaça do progresso
paira sobre as fábricas e armazéns, invadindo os campos vizinhos en-
quanto que os navios a velao ancorados lado a lado com os primeiros
vapores.
(Retirado de Eric J. Hobsbawn, A Era das Revoluções (1789-1848), Ed.
Paz e Terra, 1977, Rio de Janeiro, p. 90-91).
FIGURA 2: VISTA DO PORTO E DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO (1890)
Fonte: "Conhecer", fascículo 37,o Paulo, Abril Cultural, 1977, pág. 299.
BREVE NOTÍCIA
O Autor:o foram encontradas informações.
A Época: Final do Século XIX.
A Figura: Vista do porto e da cidade do Rio de Janeiro, centro político e admi-
nistrativo, importante porto exportador de café.
O número de habitantes nesta época (1890) era de 450.000 habitantes.
(Retirada de: Conhecer, fascículo 37,o Paulo, Abril Cultural, 1977,
p. 299).
FIGURA 3: INTERIOR DE UMA OFICINA INGLESA EM 1858
Fonte: Delgado de Carvalho, "História Geral - Civilização Contemporânea" - Vol. IV, Dis-
trib. Record, s.d., págs. 288-289.
/
BREVE NOTÍCIA
O Autor:o foram encontradas informações.
Á Época: 1858.
A Figura: Apresenta o interior de uma oficina funcionando na Inglaterra em
1858. Note-se: o emprego da força mecânica e sua transmissão por meio
de faixas de couro em rotação; e o número de trabalhadores concentra-
dos no local. (Arquivo Bettmann).
(Retirado de Delgado de Carvalho, História Geral - Civilização Contem-
porânea - Vol. IX, Distrib. Record, s.d., p. 288-289).
FIGURA 4: "LOJA DE SAPATEIRO"
Fonte: J. B. Debret (Biblioteca Municipal deo Paulo)
BREVE NOTÍCIA
O Autor: João Batista Debret (1768-1848).
Nasceu em Paris e estudou arte com o célebre pintor francês, David.
Após a queda de Napoleão, na Europa, desiludido com a situação políti-
ca francesa e abatido com a morte do filho único, aceitou o convite de
Lebraton para vir ao Brasil. Chegando aqui, em 1816, aos 48 anos, dedi-
cou-se ao ensino de pintura. Seus trabalhos dessa época retrataram ce-
nas do cotidiano, especialmente da cidade do Rio de Janeiro, que se
transformaram em documentos valiosíssimos para o conhecimento da
realidade brasileira da primeira metade do Século XIX. Voltou a Paris
em 1831, onde faleceu em 1848.
A Obra: Sua obra mais importante, Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil (que
inclui a Gravuranº 3), mostra através de 156 estampas, cenas do Rio de
Janeiro e dos quatro Estados do sul que visitou. Compõe-se de 3 volu-
mes:
1 o primeiro descreve a vida e costumes dos índios.
2 o segundo apresenta cenas minuciosas da vida diária da sociedade
brasileira.
3 o terceiro refere-se, especificamente ao Rio de Janeiro: além de
retratos da família imperial e de personalidades, retrata a fauna
e a flora.
A Época: Primeira metade do Século XIX.
A Figura: Apresenta o interior de uma loja de sapateiros da cidade do Rio de Ja-
neiro.
Note-se: os instrumentos utilizados e o emprego da mão-de-obra escra-
va.
QUESTIONÁRIOnº 1
Observando atentamente as FIGURASnº 1 e 2 e lendo a BREVE NOTÍCIA
que as acompanha, responda:
1 - A que atividades econômicas podemos dizer que essas cidades se dedicam?
Que elementos visuais você utilizou para chegar a essa conclusão?
A partir dessa observação e das informações que acompanham as figuras, você
considera que há diferenças entre essas duas cidades? E qual seria a origem
dessas diferenças?
Observe atentamente as FIGURASnº 3 e 4 e leia a BREVE NOTICIA que as
acompanha:
3 - Para cada uma das figuras descreva:
as principais características do local
como é realizado o trabalho
qual a mão-de-obra utilizada.
Esforce-se poro ser um "mero copista": escreva seus próprios comentá-
rios.
A partir dessas características apontadas qual seria a atividade artesanal e qual
a atividade industrial?
Complete:
A ATIVIDADE ARTESANAL É A DA FIGURA
A ATIVIDADE INDUSTRIAL É A DA FIGURA
ACERTOS E ERROS
Solicite a seu professor o GABARITO do QUESTIONÁRIO n° 1.
Confira suas respostas.
Se tiver errado alguma pergunta, procure entender bem porque errou.
Se tiver alguma dúvida, procure seu professor.
Guarde depois seu GABARITO no envelope que se encontra no final do FAS-
CÍCULO.
GABARITO - QUESTIONÁRIOnº 1 (*)
1 - A cidade do Rio de Janeiro se dedica especialmente a atividades comerciais
e a cidade europeia, além destas, apresenta, também, atividades industriais.
Utilizaram-se os seguintes elementos visuais:
na cidade do Rio de Janeiro a atividade comercial pode ser notada pela
presença de navios ancorados e numerosos armazéns.
na cidade europeia além da atividade comercial, identificada pela presença
de armazéns e navios (a vela e a vapor) ancorados, pode ser notada a ativi-
dade industrial pela presença de numerosas fábricas com suas chaminés
fumegantes.
2 - Há diferenças. A cidade do Rio de Janeiro é um centro comercial, importante
porto exportador de café; a cidade europeia, além de centro comercial, cons-
titui-se também em centro industrial.
Note-se que, na época, na região do Rio de Janeiro predominam as atividades
agrárias e na Europa há um imenso desenvolvimento industrial.
3 - A FIGURAnº 3 nos indica que:
o local é amplo, comportando várias máquinas movidas mecanicamente e
grande número de trabalhadores (repare queo todos crianças);
os trabalhadores estão concentrados num local e todos realizam ao mesmo
tempo uma etapa da tarefa de produção;
a mão-de-obra utilizada é numerosa e provavelmente livre e assalariada.
A FIGURAnº 4 nos indica que:
o local é pequeno,o há máquinas, a força de trabalho utilizada é manual
eo mecânica, o produto é provavelmente vendido na própria oficina;
o número de trabalhadores é muito reduzido e provavelmenteo há di-
visão de tarefas;
a mão-de-obra utilizada é escrava.
4 - A atividade artesanal é a da FIGURA 4 e a atividade industrial é a da FIGU-
RA 3.
(*) Este gabarito deverá ser fornecido em tantas vias quantos forem os alunos.
"QUESTÃO-GERADORA"
POR QUE FRACASSARAM AS TENTATIVAS DE
INDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL
NO SÉCULO XIX?
"E ELES RESPONDERAM!"
ROTEIRO B
PARA FAZER SOZINHO DE PREFERÊNCIA \
O QUE É PARA FAZER
1 LER cuidadosamente o TEXTOnº 1.
2 - VERIFICAR o significado dos TERMOS DIFÍCEIS e que estão no rodapé.
3 - RESPONDER ao QUESTIONÁRIOnº 2 que vem após o texto.
4 - CONFERIR os ACERTOS e ERROS através do GABARITO do professor.
5 - IMPORTANTE repetir essas operações para cada um dos textos.
TEXTOnº 1
"A indústria propriamente dita, só começou a desenvolver-se na segunda me-
tade do Século XIX.
No princípio daquela centúria
1
houve iniciativas governamentais de organi-
zar-se empresas metalúrgicas emo Paulo e Minas, tendo D. João contratado téc-
nicos alemães (Varnhagen, pai do historiador, e Eschwege) para organizarem essa
importante iniciativa. Mas o fato é que o Brasil, como Portugal, preso à Inglaterra
por tratados de comércio, somente mais tarde teria condições de desenvolver-se
industrialmente.
O Tratado de 1810 era uma herança pesada e desinteressante.
Dos tempos coloniais vinham-nos proibições como a de fabricar sabão (Al-
vará de 5 de fevereiro de 1767), a de haver manufaturas no Brasil (Aviso Régio de
5 de janeiro de 1785) e a que impedia que os governadores recebessem em audiên-
cia pessoas cujas roupaso fossem feitas de pano importado de Portugal (Ordem
Régia de 5 de junho de 1802) etc.
De 1850 em diante as coisaso tomando outro sentido. A tranquilidade
que ia se implantando à medida que o Imperador crescia em idade e em poder,
a presença de um homem forte como Caxias, e, logo mais, o aparecimento de um
vulto empreendedor e progressista como Mauá, capaz de entender o sentido social
da riqueza e de promover iniciativas beneficiadoras do bem público e do povo, as
rupturas, embora lentas, dos liames que nos prendiam à Grã-Bretanha, tudo isso
ensejaria ao Brasil um passo firme na rota do progresso". (...)
"Mauá encarna um momento decisivo da nossa história econômica."
Centúria = século.
QUESTIONÁRIOnº 2
1 - Como o texto justifica a inexistência da industrialização antes de 1850?
2 Que fatoreso apresentados para explicar o desenvolvimento da indústria na
segunda metade do Século XIX?
3 Na perspectiva do autor qual o peso dos fatores externos?
4 - Qual o papel assumido por Mauá nesse contexto?
Solicite agora o GABARITO do QUESTIONÁRIOnº 2, a seu professor.
Verifique seus ACERTOS e ERROS.
No caso de ERROS, procure entender bem porque errou e qual seria a res-
posta certa.
Se tiver dúvidas recorra a seu professor.
Guarde seu GABARITO no envelope que se encontra no final do FASCÍ-
CULO.
GABARITO - QUESTIONÁRIOnº 2 (*)
1 - A inexistência da industrialização antes de 1850 é justificada por duas razões:
a) as proibições que pesavam sobre a produção manufatureira desde o século
XVIII;
b) o peso dos tratados comerciais que prendiam tanto o Brasil quanto Portu-
gal à Inglaterra e que tomavam a produção industrial desinteressante.
2o apresentados os seguintes fatores para explicar o desenvolvimento indus-
trial na segunda metade do século XIX:
a) tranquilidade na política interna representada pela maioridade e a presença
forte de Caxias;
b) aparecimento de homens progressistas e empreendedores, capazes de per-
ceber as novas possibilidades econômicas (exemplo: Mauá);
c) as rupturas, embora lentas, dos acordos comerciais que nos prendiam à
Grã-Bretanha.
3 Na perspectiva do autor, os fatores externos isoladamenteo representam
uma condição essencial para o nosso desenvolvimento industrial; estes (no
caso, os tratados com a Inglaterra) aparecem associados aos fatores internos,
sem os quaiso haveria condições para o desenvolvimento da industriali-
zação no Brasil.
4 Mauá representou um momento decisivo da nossa história econômica pois foi
capaz de entender as possibilidades de sua época e de promover iniciativas
que deram início ao desenvolvimento industrial.
(*)
Este gabarito deverá ser fornecido em tantas vias quantos forem os alunos.
TEXTO. 2
"Com a política econômica inaugurada pelo príncipe D. João, logo após sua
chegada em 1808, teve início o processo brasileiro de industrialização. Foi, real-
mente, através de certos aspectos dessa política e do movimento de criação de-
bricas que eles provocaram, que o país abandonou o quase anti-industrialismo colo-
nial e iniciou a série de "arrancadas" com que chegou à situação industrial de hoje.
A 1ºde abril de 1808, D. João abolia as posturas
1
restritivas de atividade
fabril, principalmente o alvará de 1785, que proibira as manufaturas
2
de tecidos.
Posteriormente, seriam tomadas, no interesse da indústria, diversas providências
governamentais, como o estímulo ao consumo de tecidos nacionais pelas tropas;
a isenção alfandegária para a exportação de produtos fabricados no país e a impor-
tação de máquinas e matérias-primas; a contratação de técnicos, e a concessão de
privilégios tributários
3
e auxílios financeiros às fábricas.
Dentre os empreendimentos industriais patrocinados, então, pelo governo,
devem-se destacar, por sua especial importância, três experiências pioneiras no
campo da siderurgia:
Posturas:o as medidas tomadas pelos governos ou autoridades municipais, estabelecendo
regras e normas de procedimento que devem ser rigorosamente cumpridas.
Manufaturas: formas de produção em que há uma especialização do trabalho, de acordo com
as várias etapas de realização de uma atividade, com a utilização de máquinas rudimentares,
mas ainda movidas pela força humana.
Privilégios tributários: significam a isenção ou diminuição do pagamento ao governo de cer-
tos tributos, impostos ou taxas, o que possibilitará uma diminuição de gastos para os indiví-
duos ligados a essas atividades privilegiadas.
a Fábrica Patriótica, estabelecimento particular, instalado pelo alemão Von Eschwe-
ge, nas proximidades de Congonhas do Campo (MG), e onde, em 1812, pela primei-
ra vez, no Brasil, se obteve o ferro fundido; a Real Fábrica do Morro de Gaspar
Soares, situada na localidade hoje conhecida como Morro do Pilar (MG), e que,
sob a direção do brasileiro Manuel Ferreira da Câmara Bittencourt e Sá (o Inten-
dente Câmara), produziu, em 1814, o primeiro ferro gusa
4
conseguido no país; a
Real Fábrica de Ferro deo João do Ipanema, próxima a Sorocaba (SP), cuja
produção efetiva se iniciou, em 1815, orientada pelo coronel alemão Frederico
Varnhagen.
Tais fábricas tiveram, no entanto, duração efémera, o mesmo acontecendo
com a maioria das outras que surgiram nessa ocasião. É que, ao lado do estímulo
governamental, atuavam empecilhos de natureza vária, sobressaindo-se, entre eles
a concorrência dos produtos ingleses, cuja importação, a baixo preço, era favo-
recida pelos tratados de 1810.
Renovados, em 1826/1827, por exigência britânica, em face do reconheci-
mento da Independência, esses tratados seguiram, ao longo da primeira metade
do Século XIX, exercendo sua influência impeditiva da industrialização do país.
Este, em 1849, possuía, ao todo, 35 fábricas.
A segunda "arrancada" industrialista brasileira ocorreu a partir de 1850 e
se deveu, basicamente, a dois fatores: o surgimento da Tarifa Alves Branco, ele-
vando o preço das mercadorias importadas, e a extinção do tráfico negreiro, libe-
rando os amplos capitais que se empregavam na importação de escravos.o se
pode, por outro lado, desligar o fenômeno das grandes rendas públicas e parti-
culares oriundas das já intensas exportações de café.
A fase então iniciada era de euforia empresarial. Intensificava-se o surgi-
mento de firmas dos vários ramos: comércio, atividade bancária, transportes
urbanos, ferrovias, navegação, seguros e serviços públicos, entre outros. Crescia
paralelamente o número dos estabelecimentos industriais. Ocorria o que os espe-
cialistasm chamado de "era Mauá".
Irineu Evangelista de Souza (1813-1889), Barão e Visconde de Mauá, iniciou
a vida como caixeiro de casa comercial, no Rio de Janeiro, e, nessa condição, veio
a ser empregado de uma firma inglesa, da qual acabou por ser tornar sócio, adqui-
rindo considerável fortuna e assimilando a mentalidade capitalista britânica. Viajan-
do pela Inglaterra, empolgou-se pela Revolução Industrial, cujo espírito tomou a
peito difundir no Brasil.
Ferro gusa: ferro já fundido mais ainda puro.
Em 1845, adquiriu os velhos estaleiros da Ponta da Areia, próximo a Niterói,
reformando-os e fazendo-os funcionarem a partir do ano seguinte, como um gran-
de centro de fundição e construção naval. Ali se fabricavam tubos para água e gás,
caldeiras, guindastes, engenhos e canhões, e se construíram, em 11 anos, mais de
70 navios, quase todos a vapor.
Em pouco tempo, seus empreendimentos iam muito além, incluindo bancos,
companhias de navegação, empresas de serviços públicos (bondes, iluminação, gás,
etc.) e fazendas, bem como a Estrada de Ferro Mauá, e operavam negócios no Bra-
sil, Inglaterra, França, Estados Unidos e países platinos. Apesar de poderoso, esse
império financeiro veio a ruir, vitimado por reduções das tarifas de importação e
por uma crise financeira de caráter geral. Negando-se o governo a ajudá-lo, ainda
que com um empréstimo, Mauá faliu, em 1878. Reabilitado, após pagar a quase
totalidade de suas dívidas, ele reiniciava suas atividades, quando de sua morte, em
1889.
Sua obra, no entanto,o se limitara a seus próprios empreendimentos e
atitudes pioneiras. Havia estimulado e financiado realizações alheias, públicas e
particulares, como a Estrada União e Indústria, várias estradas de ferro e a ligação
telegráfica com a Europa.
Havia, sobretudo, contribuído com seu exemplo, para ampliar os quadros do
empresariado nacional e para infundir-lhe autoconfiança e combatividade.
A expansão em número e o crescimento em autoconfiança e combatividade
permitiram, no caso dos industriais, um melhor aproveitamento das oportunidades
de progresso e condições de relativo sucesso na luta pelo protecionismo alfande-
gário
5
, contra o qual se levantavam, já no Império e mais ainda, na República Ve-
lha, os meios agrários e comerciais, interessados nas importações. Com isso, o cresci-
mento industrial brasileiro, apesar deo apresentar índices espetaculares tornou-se
constante e progressivo".
Protecionismo alfandegário: medida tomada pelo governo que aumenta as taxas sobre os
produtos importados, as quais se tornam mais caras para o consumidor. Há um estímulo pa-
ra a produção nacional que fica mais protegida da conferência externa. (Ver, no texto, a
Tarifa Alves Branco).
ESTABELECIMENTOS INDUSTRIAIS SURGIDOS ENTRE 1850 E 1910
Período
1850-1859
1860-1869
1870-1879
N9
24
54
125
Período
1880-1889
1890-1899
1900-1909
N?
398
924
2438
QUESTIONÁRIOnº 3
Que fatores contribuíram para o processo de industrialização na primeira me-
tade do Século XIX?
Qual a importância atribuída aos acordos comerciais realizados com a Ingla-
terra?
Baseando-se no que foi apresentado anteriormente, que novos elementoso
introduzidos para a compreensão da industrialização no Brasil a partir de
1850?
Por que ocorreu a falência do poderoso império de Mauá?
5 - Quais os grupos econômicos envolvidos na questão do protecionismo alfande-
gário? Havia uma oposição entre eles?
Solicite agora o GABARITO do QUESTIONÁRIOnº 3, a seu professor.
Verifique seus ACERTOS e ERROS.
No caso de ERROS procure entender bem porque errou e qual seria a res-
posta certa.
Se tiver dúvidas, recorra a seu professor.
Guarde seu GABARITO no envelope que se encontra no final do FASCÍ-
CULO.
GABARITO - QUESTIONÁRIOnº 3 (*)
1 - A política econômica levada a efeito por D. João VI é apontada como o
principal fator que contribuiu para a industrialização do Brasil na primeira
metade do século XIX. Podemos destacar as seguintes determinações desta
política:
a) abolição das medidas que restringiam a atividade fabril;
b) estímulo ao consumo de tecidos brasileiros pelas tropas;
c) isenção alfandegária para a exportação de produtos aqui fabricados e para
a importação de máquinas e matérias-primas;
d) contratação de técnicos, auxílios financeiros e privilégios tributários às
fábricas.
2 O autor atribui grande importância aos acordos comerciais realizados com a
Inglaterra. Considera que os produtos ingleses impediam a industrialização
brasileira, pois eram favorecidos pelos tratados comerciais (1810 e 1826/
1827) e assim faziam concorrência ao produto nacional.
3o introduzidos os seguintes elementos novos:
a) a questão das tarifas protecionistas (especialmente a Tarifa Alves Branco);
b) a extinção do tráfico negreiro que liberou capitais para serem investidos
na indústria;
c) os grandes lucros (públicos e privados) provenientes das exportações de
café, que também poderiam ser investidos na indústria.
4 É salientado, como principal fator responsável pela ruína de Mauá, a redução
das tarifas de importação, além de uma crise financeira geral.
(*)
Este gabarito deverá ser fornecido em tantas vias quantos forem os alunos.
5 - Os grupos envolvidos na questão do protecionismo alfandegário são:
a) os grupos agrários e comerciais contrários ao protecionismo alfandegário;
b) os grupos industriais favoráveis ao protecionismo.
O autor apresenta uma oposição de interesses entre os dois grupos: o primei-
ro, interessado na importação; e o segundo, preocupado com a concorrência
estrangeira.
TEXTOnº 3
"A cidade do Rio de Janeiro transformava-se, assim como outras regiões do
Império também. Criavam-se bancos, caixas econômicas, empresas industriais.
Surgiam companhias de navegação a vapor, companhias de seguro e companhias
de gás. Crescia o número de transportes urbanos, enquanto a rede ferroviária se
ampliava."
(...)
"Mas como foram possíveis tantas transformações emo pouco tempo?
Um dos nomes mais importantes ligados ao crescimento das atividades urba-
nas, em meados do Século passado, é o de Irineu Evangelista de Sousa, barão e
visconde de Mauá.
Em sua Autobiografia (relato da própria vida), ele nos explica uma das ra-
zões deste desenvolvimento:
Acompanhei com vivo interesse a solução desse grave problema [a extin-
ção do tráfico negreiro]. Compreendi que o contrabando não podia reer-
guer-se, desde que a "vontade nacional" estava ao lado do ministério que de-
cretava a supressão do tráfico. Reunir os capitais que se viam repentinamente
deslocados do ilícito comércio e fazê-los convergir a um centro onde pudes-
sem ir alimentar as forças produtivas do país, foi o pensamento que me surgiu
na mente, ao ter a certeza de que aquele fato era irrevogável.
Mas a proteção dada pelo governo do Império, a muitos dos empreendimen-
tos, também foi muito importante.
Aumentando as taxas alfandegárias da maior parte dos artigos importados, a
Tarifa Alves Branco (1844) incentivava a população brasileira a consumir os artigos
produzidos aqui, que se tornavam mais baratos.
A expansão do café também incentivava o surgimento dessas atividades. Para
exportar o café era preciso que as estradas fossem melhoradas, que fossem cons-
truídas rodovias e ferrovias. Os bancos e as caixas econômicas serviam para empres-
tar aos fazendeiros o dinheiro de que necessitavam para a plantação de novos cafe-
zais.
Os capitais disponíveis desde a extinção do tráfico negreiro, as medidas de
incentivo do governo imperial (como a Tarifa Alves Branco) e a expansão da la-
voura cafeeira criaram as condições para o surgimento de atividades econômicas
novas nas cidades brasileiras, em meados do Século passado.
O barão de Mauá, o conde de Figueiredo e o conde de Leopoldina foram
alguns dos que se dedicaram à criação de indústrias, bancos, ferrovias e outros
empreendimentos.
Muitos destes empreendimentos, todavia, tiveram pequena duração. A maior
parte das fábricas faliu, porque a maioria da populaçãoo tinha condições de
adquirir os artigos que produziam. Quando a Tarifa Alves Branco foi revista, os
produtos estrangeiros, sobretudo os ingleses, baixaram de preço, e voltaram a ter
a preferência dos consumidores brasileiros.
A economia brasileira dependia da alta ou da baixa do preço do café nos
Estados Unidos e na Europa. Em 1857 e 1864 houve crises (dificuldades) econô-
micas nessas regiões. Isto provocou a baixa do preço do café e a ruína de várias
empresas urbanas no Brasil."
QUESTIONÁRIOnº 4
1 Quais os fatores responsáveis pelas transformações na economia brasileira
da segunda metade do Século XIX?
2 Por que razão o protecionismo alfandegário erao importante para a sobrevi-
vência das indústrias nacionais? Qual o efeito sobre o mercado consumidor?
3 Como é explicada a falência das indústrias (as de Mauá, inclusive)? A expli-
cação dada é mais completa do que a estudada anteriormente?
4 Segundo o texto, havia oposição entre interesses agrários e atividades urba-
nas?
Solicite agora o GABARITO do QUESTIONÁRIOnº 4 a seu professor.
Verifique seus ACERTOS e ERROS.
No caso de ERROS procure entender bem porque errou e qual seria a res-
posta certa.
Se tiver dúvidas recorra a seu professor.
Guarde seu GABARITO no envelope que se encontra no final do FASCÍ-
CULO.
GABARITO - QUESTIONÁRIOnº 4 (*)
1 Os fatores responsáveis pelas transformações na economia brasileira da se-
gunda metade do século XIX foram:
a) os capitais disponíveis com a extinção do tráfico negreiro.
b) as medidas de incentivo do governo imperial, como a Tarifa Alves Bran-
co (1844), aumentando as taxas alfandegárias da maior parte dos pro-
dutos importados;
c) a expansão da lavoura cafeeira que incentivava a construção de rodovias
e ferrovias e a criação de bancos, caixas econômicas, etc.
2 As tarifas protecionistas provocaram uma alta nos produtos industriais
importados, tornando o preço dos produtos industriais nacionais mais compe-
titivos. Tal situação incentivou o mercado consumidor interno a comprar
produtos brasileiros.
3 A falência das indústrias (inclusive as de Mauá) é justificada da seguinte for-
ma:
a) a maioria da população brasileirao tinha condições de adquirir os arti-
gos que eram aqui produzidos;
b) a revisão e redução das Tarifas Alves Branco provocaram uma baixa nos
preços dos produtos importados;
c) as crises financeiras na Europa e Estados Unidos provocaram uma baixa
do preço do café e, consequentemente, a ruína de várias empresas ur-
banas.
Em relação ao texto anterior a explicação é mais completa, porque introduz
a noção de que a maior parte da população brasileirao tinha condições de
adquirir os artigos produzidos pelas indústrias nacionais.
4 - Não, para o autoro há oposição entre interesses agrários e atividades ur-
banas; a expansão das lavouras cafeeiras incentivou a criação de bancos,
estradas, etc.
(*) Este gabarito deverá ser fornecido em tantas vias quantos forem os alunos.
ROTEIRO C
"MAS OUTROS CRITICARAM
PARA FAZER SOZINHO DE PREFERÊNCIA!
O QUE É PARA FAZER
1 - LER o TEXTOnº 4 com toda atenção.
2 - VERIFICAR o significado dos TERMOS DIFÍCEIS que se encontra ex-
plicado no rodapé.
3 - RESPONDER o QUESTIONÁRIOnº 5 ele conduzirá você ao levanta-
mento de críticas a algumas respostas, apresentadas à
QUESTÃO-GERADORA que você está estudando.
4 - CONFERIR seus ACERTOS e ERROS, recorrendo ao GABARITO que
está com seu professor.
5 - IMPORTANTE repetir essas operações para o TEXTO n° 5.
TEXTOnº 4
"Durante todo o período colonial e até a Abolição do tráfico africano (1850),
o houve condições para a industrialização, embora se continue a ter notícias de
pequenas manufaturas de existência efémera, para um mercado local. Os capitais
existentes estavam aplicados em escravos e na produção agrícola. Era extrema-
mente reduzido o mercado consumidor os escravoso tinham capacidade aqui-
sitiva e a população livreo contava com recursos muito maiores. Os imigrantes,
atraídos para a colonização do sul do país, formavam núcleos de pequenos pro-
prietários que, inicialmente, procuraram ser auto-suficientes. A mão-de-obra conhe-
cida era a mão-de-obra escrava, cada vez mais insuficiente, em número e qualidade,
para a expansão das fazendas de café. O mercado consumidor dos produtos agrí-
colas brasileiros era constituído pelos países da Europa e depois, os Estados Uni-
dos, de onde a classe alta importava os produtos industrializados de que tinha
necessidade.
Serão os capitais fornecidos pelo comércio exterior do café que irão permi-
tir o início da indústria brasileira, de produtos para o consumo popular.
A segunda metade do Século XIX teve uma aparência de prosperidade, por
causa da aceleração com que ocorreram algumas transformações econômicas e
sociais. Antes de mais nada, o tráfico de escravos fora extinto, diversificando as
aplicações do capital existente.
Apesar dessas mudanças todas, e do aparecimento, de um empresário indus-
trial como o Visconde de Mauá, com iniciativas nos setores bancário, ferroviário,
industrial e de melhoramentos urbanos, ainda era a ordem agrária que determinava
a orientação política. Defendia-se a importação de produtos industriais. O mer-
cado era muito restrito, havia falta de meios de pagamento e a permanência do tra-
balho escravo aindao permitia uma passagem do artesanato e de manufaturas
esparsas para um processo real de industrialização
1
.
Como é possível verificar ao se estudar a história das cidades brasileiras, o
primeiro surto de industrialização ocorreu, nas principais, nos primeiros anos da
República.
O movimento fabril avolumou-se mais no Distrito Federal que emo Paulo,
mas também em Recife e Porto Alegre. Eram indústrias de alimentação e de te-
cidos, criadas principalmente para satisfazer o consumo interno. A mão-de-obra
livre, composta, depois de 1888, de imigrantes europeus, antigos escravos e a
baixa classe média urbana, constituíam agora um mercado interno que era preciso
suprir. Nas cidades, mais os imigrantes que os antigos escravos, passaram a formar
uma nova classe - o proletariado ou a mão-de-obra das indústrias.
Durante muito tempo, as tarifas protecionistas, que irão permitir a sobrevi-
vência da indústria nacional, decorreram mais de necessidades do Tesouro que de
uma política de industrialização. Até 1940, a indústria brasileirao se opôs às
importações pois servia uma classe social diferente da que consumia artigos impor-
tados. A indústria brasileira produzia artigos de consumo popular, de qualidade
inferior aos que eram importados para a classe alta".
Artesanato: forma de produção onde todas as etapaso realizadas manualmente pela mes-
ma pessoa que possui os instrumentos de trabalho.
Manufatura: existe uma maior especialização em relação ao artesanato; há introdução de
máquinas, mas a energia é ainda humana.
Indústria: forma de produção que se baseia na divisão do trabalho, no uso da máquina e
da força mecânica e no trabalho assalariado.
QUESTIONÁRIOnº S
1 Por queo houve condições para a industrialização no Brasil até o final do
Século XIX?
2 - Qual a posição do autor quanto ao problema do mercado consumidor interno
de produtos industrializados, no final do Século XIX?
3 - Qual o fator fundamental responsável pelo início do processo de industriali-
zação nacional?
4 As tarifas alfandegárias correspondem a uma política industrializante por
parte do governo brasileiro no Século XIX?
Através de que elementos o texto contraria as explicações anteriores (TEX-
TOSnº 1, 2 e 3)? Para cada elemento identificado mostrar o trecho do TEX-
TOnº 4 a que corresponde.
Solicite a seu professor o GABARITO do QUESTIONÁRIOnº 5.
Verifique seus ACERTOS e ERROS.
No caso de ERROS, procure entender bem porque errou e qual seria a res-
posta certa.
Guarde seu GABARITO no envelope que se encontra no final do FASCÍ-
CULO.
GABARITO - QUESTIONÁRIOnº 5 (
#
)
1o houve condições para a industrialização no Brasil, até o final do século
XIX, pelas seguintes razões:
a) escassez de capitais, aplicados, na época, na compra de escravos e na pro-
dução agrícola;
b) mercado consumidor reduzido (baixo poder aquisitivo da maioria da po-
pulação);
c) tendência para a auto-suficiência por parte dos pequenos proprietários
imigrantes do sul do país.
2 O autor faz uma distinção entre mercado de consumo popular e mercado
de consumo da classe alta; este era abastecido por produtos importados;
enquanto que o primeiro somente no final do século XIX, se constituiu
num mercado para certas indústrias nacionais (têxtil e alimentícia).
3 - O fator fundamentalo os capitais acumulados através do comércio expor-
tador de café.
4 - As tarifas alfandegárias, durante todo o século XIX e parte do século XX,
o fruto das necessidades do Tesouro Nacional, e não, resultado de uma
política deliberadamente industrializante.
5 - O texto apresenta os seguintes elementos que contrariam explicações ante-
riores:
a)o houve condições para a industrialização no Brasil até meados do
século XIX e "o primeiro surto industrial só ocorreu, efetivamente, no
começo da República";
b) nem sempre houve oposição entre os interesses agrários e os interesses
industriais: "os capitais fornecidos pelo comércio do café permitiram o
início da indústria brasileira"... "e até 1940 a indústriao se opunha
à importação de certos artigos consumidos pelas classes altas";
(*) Este gabarito deverá ser fornecido em tantas vias quantos forem os alunos.
c) as tarifas alfandegáriaso foram responsáveis diretamente pelo desen-
volvimento industrial,o apenas um elemento, que às vezes, contribuiu
para um surto industrial: "Durante muito tempo, as tarifas protecio-
nistas que irão permitir a sobrevivência da indústria nacional, decorre-
ram mais da necessidade do Tesouro que de uma política de industria-
lização";
d) o acúmulo de capitais provenientes da exportação do café na segunda
metade do século XIX é um dos fatores fundamentais para o início da
industrialização: "Serão os capitais fornecidos pelo comércio externo
do café que irão permitir o início da indústria brasileira, de produtos
para o consumo popular";
e) a falta de mercado consumidor internoo foi o maior obstáculo à indus-
trialização: "O mercado era muito restrito" (mas também) "... havia falta
de meios de pagamento, e a permanência do trabalho escravo aindao
permitia uma passagem do artesanato e da manufatura para um processo
real de industrialização";
f) a falência de Mauá deve ser entendida no contexto maior de sua época,
isto é, as condições econômicas, sociais e políticas do Brasil Império:
(Ver todo o parágrafo que começa: "A segunda metade... até ... industria-
lização").
TEXTOnº 5
"O Brasil possuía ainda uma estrutura sócio-econômica herdada da época co-
lonial, cujas bases estavam assentadas no trabalho escravo e na exportação de ma-
térias-primas e produtos primários para os grandes centros consumidores europeus;
além disso, o mercado interno aindao era suficientemente desenvolvido para
comportar o surgimento e o crescimento de uma indústria nacional. Mesmo as ini-
ciativas de Mauáo representaram mais do que um surto industrial,o chegando
a alterar os quadros de dependência que caracterizavam a nossa economia."
QUESTIONÁRIOnº 6
1 Que importância é atribuída às iniciativas de Mauá?
2 Por queo houve crescimento de uma indústria nacional no Século XIX?
3 Existe uma complementação entre os dois textos (4 e 5)? Em caso afirmativo
de que modo se dá essa complementação?
Solicite a seu professor o GABARITO do QUESTIONÁRIOnº 6.
Verifique seus ACERTOS e ERROS.
No caso de ERROS, procure entender bem porque errou e qual seria a res-
posta certa.
Guarde seu GABARITO no envelope que se encontra no final do FASCÍ-
CULO.
GABARITO - QUESTIONÁRIOnº 6 (*)
1 - O texto atribui pequena importância às inciativas de Mauá, apresentadas
apenas como surto industrial poiso alteraram o quadro de dependência
da nossa economia.
2 -o houve crescimento de uma indústria nacional no século XIX por dois
motivos:
a) o Brasil possuía ainda na segunda metade do século XIX uma estrutura
sócio-econômica herdada da época colonial cujas bases eram o trabalho
escravo e a produção de matérias-primas e produtos primários para expor-
tação;
b) o mercado internoo era suficientemente desenvolvido para comportar
o surgimento de uma indústria nacional.
3 - Os dois textos se complementam na medida em que ambos partem da mesma
ideia, isto é, da impossibilidade do desenvolvimento industrial brasileiro até o
final do século XIX, em razão da situação sócio-econômica da época.
(*) Este gabarito deverá ser fornecido em tantas vias quantos forem os alunos.
ROTEIRO D
E AGORA É SUA VEZ!
PARA FAZER SOZINHO DE PREFERÊNCIA
O QUE É PARA FAZER
1 - PREENCHER o QUADRO-SINTESE ele permitirá a você construir um "ma-
pa" de todas as respostas que já foram dadas às QUESTÃO-
GERADORA e de suas respectivas críticas. Permitirá princi-
palmente identificar com toda clareza onde está o X da con-
trovérsia isto é, quais as respostas que conflitam com as ou-
tras e porque.
2 - CONFERIR seus ACERTOS e ERROS, recorrendo ao GABARITO em
poder de seu professor.
3 TOMAR POSIÇÃO face à controvérsia, isto é, decidir-se por esta ou aquela
resposta à QUESTÃO-GERADORA e acumular argu-
mentos para defendê-la mais tarde.
QUADRO-SINTESE: O MAPA DA CONTROVÉRSIA
Solicite o GABARITO do QUADRO-SINTESE a seu professor.
Verifique seus ACERTOS e ERROS.
No caso de ERROS, procure entender bem porque errou e qual seria a res-
posta certa.
Se tiver dúvidas recorra a seu professor.
Guarde seu GABARITO no envelope que se encontra no final do FASCÍ-
CULO.
GABARITO - QUADRO-SINTESE (*)
"RESPOSTAS"
TEXTO 1
o fracassaram as tentativas de in-
dustrialização
TEXTO 2
- por falta de uma política governa-
mental industrializante (redução das
tarifas alfandegárias)
- devido a concorrência inglesa
- devido a crise financeira geral
TEXTO 3
- por falta de um mercado consumi-
dor interno
devido a concorrência inglesa (após
redução das tarifas alfandegárias)
devido a crise financeira
"CRITICAS"
-o houve industrialização no século
XIX
- centraliza a explicação nos indivíduos
-o faz referência ao contexto socio-
econômico nacional e internacional
- centraliza sua explicação na atuação
do governo como responsável pela
industrialização
- desconhece os mecanismos internos
e externos que impediram a indus-
trialização
- explicação incompleta e insuficiente
dos fatores internos e externos que
impediram a industrialização, por-
que:
-o apresenta a economia brasi-
leira como agrário-exportadora e
ainda "colonial"
-o mostra a escravidão, a falta
de capitais e o baixo nível tecno-
lógico (artesanato) como barrei-
ras à industrialização
-o mostra o interesse do gover-
no, na questão do protecionismo
alfandegário, em aumentar as ren-
das do Tesouro
-o explica de que modo a crise
financeira prejudicou a indústria
(*) Este gabarito deverá ser fornecido em tantas vias quantos forem os alunos.
"X" DA CONTROVÉRSIA
_ houve industrialização ou apenas surto industrial
_ razões do fracasso nas tentativas de industrialização:
falta de protecionismo ou mercado consumidor restrito
oposição entre interesses agrários e industriais ou vinculação entre os dois
setores (sendo o capital oriundo do café um fator essencial para a indús-
tria)
efeitos das crises financeiras ou as limitações de uma economia agrária
voltada para o mercado externo (situação tipicamente colonial e depen-
dente)
Analise bem o QUADRO-SINTESE tal como você o preencheu e corrigiu
depois.
A Pensando bastante no que você indicou como sendo o
"X" da controvérsia"
B Fazendo um bom balanço das respostas dadas à QUESTÃO-GERADORA e
respectivas críticas.
Selecione a seguir aquela que você acha ser a resposta mais adequada à QUES-
TÃO-GERADORA e indique-a na página seguinte.
Imagine depois que você está num tribunal e que precisará defender a "sua"
resposta. Relacione, na página seguinte, o maior número possível de argumentos em
defesa dessa "sua" posição.
Minha" posição ou "minha" resposta à QUESTAO-GERADORA da controvérsia.
Argumentos a favor da "minha" posição.
EM TEMPO!
Agora que você chegou a um ponto de vista pessoal sobre a controvérsia pre-
pare-se para defendê-lo no "FÓRUM DE DEBATES" do qual irá participar com a
classe toda e conforme orientação a ser dada por seu professor.
CONTROVÉRSIAS NA HISTÓRIA DO BRASIL
PROVA DE HISTÓRIA DO BRASIL
IDENTIFICAÇÃO
ALUNO:
SÉRIE: CLASSE: N9:
ESCOLA:
DISCIPLINA:
PROFESSOR:
DATA:
O QUE É PARA FAZER
1 - Preencha de forma clara e completa os dados de identificação na FOLHA DE
RESPOSTAS.
2 - Leia cuidadosamente a QUESTÃO-GERADORA que é apresentada inicial-
mente.
3 - Leia cada um dos textos apresentados. À medida que for lendo observe a ilus-
tração.
4 - Preencha o QUADRO-SINTESE, composto de 3 partes, chamado MAPA DA
CONTROVÉRSIA, onde você registrará todas as respostas que foram dadas
à QUESTÃO-GERADORA. Este mapa permitirá, principalmente identificar
com clareza onde está o X da controvérsia, isto é, quais as respostas que con-
flitam com as outras e porque.
5 - Finalmente você deverá TOMAR POSIÇÃO face à controvérsia, isto é, deci-
dir por esta ou aquela resposta à QUESTÃO-GERADORA, justificando sua
decisão.
Atenção!
Você deverá trabalhar individualmente e terá duas horas/aula para realizar
a prova.
Mãos à obra!
"QUESTÃO-GERADORA"
O QUE FOI A GUERRA DE CANUDOS
E POR QUE MOTIVOS OCORREU?
TEXTOnº 1
CANUDOS
O maior problema com que se deparou o governo de Prudente de Morais foi
a sangrenta campanha de Canudos. Surgira em 1893, no interior da Bahia, o cea-
rense Antonio Vicente Mendes Maciel, posteriormente conhecido pelo apelido de
Antonio Conselheiro. Apresentando-se como "profeta", pregava entre jagunços
(sertanejos analfabetos, esquecidos pelo Império) a restauração da monarquia e a
volta de D. Sebastião, rei de Portugal, que sairia das ondas do mar com todo o seu
exército
1
. Reunira Antonio Conselheiro em torno de sua personalidade messiâni-
ca
2
um grande número de seguidores que logo lhe atribuíram milagres extraordiná-
rios, estabelecendo-se nas margens do Vasa-Barris, vilarejo onde seria incontestável
a autoridade do "santo".
Enviou o governo da Bahia, em novembro de 1896, uma pequena força poli-
cial a Canudos, pois a agitação promovida por Antonio Conselheiro punha em so-
bressalto os comerciantes e fazendeiros das vizinhanças. (...)
Uma segunda expedição, em dezembro do mesmo ano, sob o comando do ma-
jor Febrônio de Brito, com 600 homens, foi derrotada pelos jagunços.
Compreendeu o governo que estava diante de um sério problema, sendo então
chamado a dirigir uma terceira operação militar contra Canudos, Moreira César. (...)
Havia-se espalhado no interior do Brasil um velho mito português: a volta de D. Sebastião,
rei de Portugal, morto em 1578, na batalha de Alcácer-Quebir, no norte da África.
Personalidade messiânica: a personalidade de alguém que se diz um "messias", o enviado de
Deus para salvar seus fiéis. Messianimos é uma doutrina religiosa cristão, de origem judaica,
baseada em previsões religiosas para o futuro, mas muito atuante no contexto social do pre-
sente. É uma atitude religiosa que tem sua origem em problemas sociais e econômicos, ge-
ralmente em momentos de crise ou extrema dificuldade, onde as pessoas marginalizadas se-
guem as pregações místicas de um chefe (o beato) a respeito de uma vida melhor no outro
mundo.
A derrotada da expedição de Moreira César agravara o problema; dera aos
jagunços de Antonio Conselheiro as bagagens e o armamento de uma brigada de
exército.
(...)
A quarta expedição militar contra Canudos foi organizada pelo ministro da
Guerra, marechal Carlos Machado Bittencourt, que partiu para a base de operações
na Bahia. Composta de 6 brigadas, perfazendo quase 6000 homens, seria comanda-
da por Artur Oscar de Andrade Guimarães que contava com artilharia de grosso ca-
libre, emborao fosse eficiente seu sistema de abastecimento. A fome, a sede, o
calor e a resistência fanática dos jagunços, que agora dispunham do armamento e
das munições tomadas às expedições anteriores, tornaram a última expedição contra
Antonio Conselheiro uma das mais dramáticas páginas da história republicana.
A 30 de setembro de 1897 foi desfechado o ataque final. Os jagunços, famin-
tos, sedentos e esfarrapados dedenderam palmo a palmo seus últimos redutos. A 5
de outubro pouco restava do arraial
3
sertanejo. Um incêndio, ateado com querose-
ne e dinamite pelas tropas regulares, destruíra os numerosos casebres que compu-
nham a estranha cidadela do sertão nordestino.
Antonio Conselheiro estava morto e com ele milhares de jagunços. Seu cor-
po foi identificado e degolado. Cruelmente foram tratados os prisioneiros. Aproxi-
madamente 800 foram decapitados pelos soldados.
Perderam o exército e as forças policiais cerca de 4000 homens para destruir
Canudos. Euclides da Cunha, que acompanhara a expedição como correspondente
de um jornal paulista, escreveria posteriormente "Os Sertões", obra queo só des-
creve magistralmente a campanha de Canudos, mas também revela o pobr3 e esque-
cido homem do interior do Nordeste brasileiro, perdido no seu mundo árido e calci-
nado.
Antonio Conselheiro fora considerado um "inimigo da República". Na ver-
dade vivera apenas um drama messiânico e dirigira com sua personalidade psicopá-
tica
4
o fanatismo religioso de uma pobre população, cujo atraso, evidentemente,
jamais permitiria a compreensão das diferenças entre república e monarquia.
À Campanha de Canudos poderia ter sido evitada com escolas, saúde pública,
ajuda econômica e assistência social. Preferiu-se a pior solução: o extermínio pelo
fogo de um pungente drama social.
Arraial: uma pequena aldeia, vilarejo.
4
Personalidade psicopática: a personalidade de alguém que sofre de doença mental.
TEXTO N? 2
CAMPANHA DE CANUDOS
Em 1896 um primeiro movimento político-religioso agitou o interior do
Estado da Bahia. Num pequeno lugarejo, às margens do rio Vasa-Barris, em Canu-
dos, Antonio Vicente Mendes Maciel, conhecido como Antonio Conselheiro,
reunira à sua volta numerosos seguidores, Alguns, a maioria, foram atraídos por cer-
tos ideais religiosos; outros pela ambição política. Antonio Conselheiro considerava-
se enviado de Deus e contava com a proteção de políticos influentes. Desejando a
volta da Monarquia, atacava a República, principalmente por ter ela decretado a
separação entre a Igreja e o Estado, e instituído o casamento civil.
Seu poder havia-se tornado grande que seus seguidores o obedeciam cegamen-
te, também na hora das eleições. Contra esse poder que aumentava dia a dia, agitan-
do o sertão baiano, o governo estadual, por duas vezes, enviou tropas para comba-
tê-lo, mas essas foram derrotadas pelos jagunços
1
.
Alarmado com a situação e com as derrotas sofridas pelas forças estaduais, o
governo federal, também por duas vezes, enviou tropas em maior número ao inte-
rior baiano. Mas somente a última expedição militar, poderosamente armada, con-
seguiu tomar o arraial de Canudos, destruindo-o completamente, matando todos os
jagumços e o próprio Antonio Conselheiro.
Jagunços: nome dado aos fanáticos seguidores de António Conselheiro. É também sinónimo
de capangas, isto é, indivíduo pagos por alguém para fazer parte de sua "força particular"
ou executar algum ato de violência.
TEXTOnº 3
A Guerra de Canudos aconteceu no sertão da Bahia entre 1896 e 1897.o
foi um fenômeno isolado: está ligado às condições econômicas do Nordeste.
A estrutura econômica do Brasil funcionava com base no latifúndio
1
, onde
predominava a lavoura monocultora, ainda muito precária tecnicamente. Com a
modernização da lavoura, após a introdução da usina, milhares de camponeses fo-
ram expulsos de suas terras.
A grande seca de 1877/1879 foi um dos motivos para a grande migração da
população nordestina para a Amazônia, onde foram explorar borracha. A carência
de mão-de-obra levou os latifundiários à super-exploração dos que restavam.
Face à miséria, à subnutrição e à hostilidade geográfica, os nordestinos só
tinham como saída a formação de grupos de jagunços e cangaceiros
2
ou, ainda, jun-
tarem-se em torno de líderes místicos para vencerem a miséria e a fome.
A busca de uma saída através do cangaço denuncia os grandes problemas so-
ciais ocasionados pelo latifúndio. O cangaceiro ou jagunço era orginalmente um
contratado pelos "coronéis"
3
para serviços de proteção. Após a formação dos gru-
pos, os cangaceiros passaram a agir de forma a contestar a ordem vigente, espalhan-
do terror entre os grandes proprietários. Essa atitudeo era consciente, era uma
forma de vencera miséria da maneira mais primária, ou seja, empregando a violência.
Latifúndio: propriedade rural de grande extensão, cuja maior parte aproveitávelo é apli-
cada à cultura ou utilizada em exploração económica.
Cangaceiros: nome dado aos salteadores e bandidos do sertão nordestino. Cangaço é o tipo
de vida e atuação dos grupos de bandidos.
Coronéis: eram os grandes proprietários de terra que dominavam a economia o poder polí-
tico e a população de uma determinada região ou município do interior. O coronelismo, sis-
tema baseado neste poder local, é uma herança da colônia e atingiu seu máximo predomí-
nio na Primeira República (1889-1930).
O misticismo
4
religioso era outra saída para a miséria. As condições materiais
e culturais das populações miseráveis levavam à criação de seitas religiosas que justi-
ficavam a luta pela salvação. Era a religiosidade popular que se opunha à religião
oficial, que de forma nenhuma atendia às suas necessidades mais imediatas, a fome,
por exemplo.
Por volta de 1893, reuniu-se no Arraial de Canudos, às margens do Rio Vasa-
Barris, um núcleo de fiéis, seguidores de Antonio Conselheiro, um beato que prega-
va a salvação para quem o seguisse. O Arraial cresceu rapidamente; em 1896, eram
20 mil os habitantes de Canudos: trabalhadores rurais que produziam em liberdade
e repartiam a colheita entre si. A fome os unia. A segurança do reduto era mantida
pelso ex-jagunços e ex-cangaceiros: a religião rústica de Antonio Conselheiro os
mantinha esperançosos de dias melhores.
A Igreja oficial perdia seus adeptos e os latifundiários, a mão-de-obra. O go-
verno da Bahia tentou dispersar o ajuntamento com duas expedições militares, mas
foram repelidos pelos estrategistas jagunços Pajeú eo Abade que dividiam o co-
mando do reduto com o Conselheiro.
A primeira expedição, composta de 100 homens, foi destroçada pelos fanáti-
cos, tendo sido comandada pelo tenente Manoel Pires Ferreira. A segunda, sob o
comando do Major Febrônio de Brito, com 550 soldados, foi derrotada.
A tática empregada pelos jagunços era a luta corpo a corpo, sendo que se
equipavam com as armas tomadas dos inimigos. (...)
As constantes derrotas militates explicavam-se pela falta de conhecimento da
região das caatingas
5
,o familiares aos do Arraial de Canudos. Associa-se a isso o
fato dos jagunços lutarem pela sobrevivência, pois que se tratava de uma "guerra
santa" e sua compensação era o reino dos céus para os que nela morressem. (...)
4
Misticismo: crença cega e sem contestação, baseada em pregações religiosas que levam as
pessoas a agirem dentro de um objetivo que deve ser atingido a qualquer custo.
s
Caatingas: vegetação rala do interior do Nordeste (sertão), uma região extremamente seca
e de difícil sobrevivência.
Foi organizada uma expedição de 6 mil homens e entregue o comando ao
General Artur Oscar. Numa investida contra o Arraial, a expedição ficou reduzida
a 2.500 homens.
Prudente de Morais ordenou ao Ministro da Guerra, Marechal Bittencourt,
que embarcasse para a Bahia e assumisse o controle direto das operações. Organiza-
ram-se serviços de transporte e abastecimento.
Após intenso bombardeiro de canhõs, o Arraialo resistiu ao ataque e caiu.
As tropas oficiaiso fizeram prisioneiros, todos foram degolados.
Guerra Santa: uma luta ordenada por Deus em benefício da religião, na qual haverá gran-
des recompensas para os que nela se empenharem.
TEXTOnº 4
Do campo viria o maior problema a ser enfrentado por Prudente de Morais:
a Guerra de Canudos.
Depois de peregrinar por várias províncias do Nordeste, sempre seguido por
uma multidão de penitentes', Antonio Vicente Mendes Maciel chegou à região do
rio Vasa-Barris, no sertão baiano. Chamavam-no de Antonio Conselheiro.
Dia a dia aumentava o número de seus fiéis. Eram eles sertanejos pobres ou
antigos moradores da área açucareira do Nordeste, que tinham abandonado a
região devido à decadência dos engenhos. Com suas famílias, esses fiéis, agregavam-
se ao grupo do Conselheiro, esperando alcançar a graça divina que poria fim aos seus
sofrimentos.
Quando, em 1893, os municípios foram autorizados pelo governo federal a
cobrar impostos, a fama do Conselheiro se alastrou: num dia de feira, ele recolhera
os editais de cobrança afixados e queimara-os!
Antonio Conselheiroo entendia a República: achava que ela era a culpada
pela miséria do sertanejo. A Repúblicao aceitava o Conselheiro: ele ameaçava as
suas leis.
Talvez até pretendesse restaurar a monarquia.
Uma primeira expedição - trinta policiais - foi enviada para dispersar os
fanáticos do Conselheiro. A resistência dos fiéis-foi violenta e a maior parte dos sol-
dados morreu. Antonio Conselheiro decidiu, então, fixar-se na região. Surgiu o
Arraial de Canudos.
Penitentes: aqueles que fazem penitência, a confissão e arrependimento de seus pecados. No
texto, o sentido é: os que padecem sofrimentos, infelizes, "mal aventurados".
O governo reagiu prontamente, enviado novas expedições. Novas vitórias
das forças de Antonio Conselheiro, com a dizimação das forças republicanas.
(...)
Na Capital Federal, dizia-se que os monarquistas auxiliavam aos fanáticos.
Ocorreram agitações nas ruas, sendo depredadas (destruídas) as redações dos jor-
nais monarquistas e assassinado o proprietário de dois deles.
Querendo por fim à luta nos sertões baianos, Prudente de Morais enviou para
a região um continggente do Exército ainda mais poderoso, sob a direção do pró-
prio Ministro da Guerra, Marechal Carlos Machado Bittencourt.
Em outubro de 1897, o arraial de Canudos foi arradado. 0 Conselheiro havia
morrido algum tempo antes.
Preencha o QUADRO-SÍNTESE (MAPA DA CONTROVÉRSIA) apresentan-
do a seguir, em três partes. Para isto você deverá:
19) registrar as respostas que foram dadas à QUESTÃO-GERADORA;
29) identificar e escrever onde está o X da controvérsia, isto é, quais as respostas
que conflitam com as outras e porque;
39) apresentar por escrito qual é a sua posição frente a controvérsia, isto é, res-
pondendo à QUESTÃO-GERADORA;
49) Justificar a posição tomada.
QUESTÃO-GERADORA: O que foi a GUERRA DE CANUDOS e por que motivo ocorreu?
ONDE ESTÁ O X DA CONTROVÉRSIA? JUSTIFIQUE.
(Analise os dados da Parte I, para responder)
CONTROVÉRSIAS NA HISTÓRIA DO BRASIL
GABARITO DA PROVA DE HISTÓRIA DO BRASIL
(Uso exclusivo do Professor)
A atividade de avaliação prevista consiste em uma prova que versa sobre um
tema que é objeto de controvérsia na bibliografia de História do Brasil: A Guerra
dos Canudos (1896-1897).
A aplicação da prova somente poderá ser feita após o aluno ter passado pelas
três apostilas que compõem o Programa "Controvérsias na História do Brasil".
A prova se propõe medir a habilidade xe:
localizar em cada texto os elementos que respondem claramente à QUES-
TÃO-GERADORA;
apresentar uma JUSTIFICATIVA a cada resposta encontrada, com base nos
argumentos fornecidos pelo texto;
fazer uma comparação entre as várias respostas;
escolher a resposta que será a mais correta à QUESTÃO-GERADORA e que
permitirá, também, uma crítica as demais interpretações.
Essa escolha deverá revelar: entendimento do assunto proposto na QUES-
TÃO-GERADORA, capacidade de comparação e crítica, clareza nas justificativas,
coerência entre as respostas dadas e as informações apresentadas nos textos.
A duração da prova é de 2 horas-aula.
Segue-se o respectivo GABARITO que deverá ficar restrito ao uso do profes-
sor.
As respostas apresentadas no gabarito correspondem às duas primeiras par-
tes da FOLHA DE RESPOSTAS. Em cada uma delas o professor deverá estabelecer
o número mínimo de elemento que precisarão ser considerados para julgar correta
a resposta do aluno.
Na parte III o professor deverá julgar as respostas levando em conta a capaci-
dade de comparação e crítica evidenciada e a clareza nas justificativas apresentadas.
Em cada uma das partes, o peso respectivo deverá ser estabelecido também
pelo professor.
GABARITO - AVALIAÇÃO: TEXTOS 1, 2
TEXTOS
1
2
RESPOSTAS À QUESTÃO-GERADORA
Foi um movimento religioso e social de caráter messiânico, diri-
gido pela personalidade psicopática de Antonio Conselheiro.
Motivos
1) o fanatismo religioso dos jagunços e sertanejos analfabetos que
acreditavam nas pregações de Conselheiro (a restauração da
Monarquia e a volta de D. Sebastião, Rei de Portugal);
2) o drama social dos sertanejos queo tinham escolas, saúde
pública, assistência social e ajuda econômica;
3) o temor dos comerciantes e fazendeiros das vizinhanças pela
agitação promovida por Conselheiro;
4) a atitude repressiva e violenta do governo federal que transfor-
mou o Conselheiro em "inimigo da República".
Foi um movimento político e religioso de tendência monarquista.
Motivos
1) ideais religiosos da maioria dos seguidores de Antonio Conse-
lheiro;
2) ambição política de outros participantes, inclusive do próprio
Conselheiro, que desejavam a volta da Monarquia;
3) a reação do governo estadual da Bahia e do governo federa]
diante da ameaça que o poder de António Conselheiro repre-
sentava.
GABARITO - AVALIAÇÃO: TEXTO 3
TEXTOS
3
RESPOSTAS À QUESTÃO-GERADORA
Foi um movimento de caráter religioso, originado pelas condi-
ções econômicas e sociais do Nordeste, em que jagunços, canga-
ceiros e moradores dos latifúndios se rebelavam contra a situação
de miséria e fome.
Motivos
1) a expulsão de camponeses dos latifúndios, devido à moderniza-
ção da lavoura canavieira, após a introdução das usinas;
2) os efeitos da seca de 1877/1879 levando à super-exploração
dos trabalhadores dos latifúndios;
3) a miséria, a subnutrição e a hostilidade do meio geográfico;
4) a formação de grupos de cangaceiros ou jagunços que recor-
riam à violência para atacar os grandes proprietários e para
vencer a miséria;
5) o misticismo religioso como uma das formas de superar as difi-
culdades na esperança de dias melhores;
6) a oposição da Igreja oficial, comprometida com os coronéis,
.e queo atendia às esperanças dos pobres;
7) a violência empregada pelo governo, em defesa dos fazendeiros
e da Igreja oficial.
Em resumo
Uma luta social, em que os camponeses e moradores pobres se
rebelavam contra a Igreja, os grandes proprietários e o governo,
sob a forma de misticismo e violência.
GABARITO - AVALIAÇÃO: TEXTO 4
TEXTOS
RESPOSTAS À QUESTÃO-GERADORA
Foi um movimento religioso e político, ligado à decadência dos
engenhos e às lutas entre monarquistas e republicanos.
Motivos
1) a situação dos sertanejos pobres ou moradores da região açu-
careira que abandonavam os engenhos em decadência;
2) a ligação dos fiéis e penitentes (sertanejos pobres) a Antonio
Conselheiro na esperança de ganhar uma graça divina que ali-
viasse seus sofrimentos;
3) a atitude de Conselheiro contra os impostos federais e deo
aceitação do novo regime (República);
4) a reação do governo federal que considerava o Conselheiro
uma ameaça às suas leis;
5) a ligação dos acontecimentos de Canudos com as lutas políti-
cas na Capital Federal, entre monarquistas e republicanos, em
que estes acusavam os monarquistas de auxiliar os fanáticos.
"X" DA CONTROVÉRSIA
A Guerra de Canudos foi:
Um acontecimento isolado ou um movimento ligado às condições econômicas
e sociais do Nordeste?
Uma revolta provocada pelas secas e a hostilidade geográfica do sertão nordes-
tino ou - devido principalmente às transformações econômicas, à concen-
tração de terra (latifúndio) e ao poder dos coronéis?
Uma guerra entre monarquistas e republicanos - ou - uma luta entre sertane-
jos pobres e grandes proprietários aliados à Igreja e ao governo?
Um movimento realmente monarquista, com auxílio dos inimigos da Repúbli-
ca—ou - uma revolta transformada pelo governo em ameaça à República e
suas leis?
Um movimento religioso contra o catolicismo ou - contra a Igreja oficial?
Uma consequência do fanatismo religioso de Antonio Conselheiro - ou
uma revolta que expressava, de forma mística e violenta, o descontentamen-
to da população pobre do sertão?
RELAÇÃO DOS TEXTOS DA PROVA DE AVALIAÇÃO
Textonº 1: SOUTO MAIOR, A. História do Brasil; para o curso colegial.o Paulo,
Ed. Nacional, 1967, p. 386-388.
Textonº 2: HOLANDA, S.B. de (org.). História do Brasil.o Paulo, Ed. Nacional,
1973, vol. 2, p. 72.
Textonº 3: SILVA, F.A., e BASTOS, P.I.A. História do Brasil.o Paulo, Ed. Mo-
derna, 1976, p. 180-182.
Textonº 4: MATTOS, L.L. (e outros). Brasil, uma história dinâmica.o Paulo,
Ed. Nacional, 1973, vol. 2, p. 178-180.
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