a Fábrica Patriótica, estabelecimento particular, instalado pelo alemão Von Eschwe-
ge, nas proximidades de Congonhas do Campo (MG), e onde, em 1812, pela primei-
ra vez, no Brasil, se obteve o ferro fundido; a Real Fábrica do Morro de Gaspar
Soares, situada na localidade hoje conhecida como Morro do Pilar (MG), e que,
sob a direção do brasileiro Manuel Ferreira da Câmara Bittencourt e Sá (o Inten-
dente Câmara), produziu, em 1814, o primeiro ferro gusa
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conseguido no país; a
Real Fábrica de Ferro de São João do Ipanema, próxima a Sorocaba (SP), cuja
produção efetiva se iniciou, em 1815, orientada pelo coronel alemão Frederico
Varnhagen.
Tais fábricas tiveram, no entanto, duração efémera, o mesmo acontecendo
com a maioria das outras que surgiram nessa ocasião. É que, ao lado do estímulo
governamental, atuavam empecilhos de natureza vária, sobressaindo-se, entre eles
a concorrência dos produtos ingleses, cuja importação, a baixo preço, era favo-
recida pelos tratados de 1810.
Renovados, em 1826/1827, por exigência britânica, em face do reconheci-
mento da Independência, esses tratados seguiram, ao longo da primeira metade
do Século XIX, exercendo sua influência impeditiva da industrialização do país.
Este, em 1849, possuía, ao todo, 35 fábricas.
A segunda "arrancada" industrialista brasileira ocorreu a partir de 1850 e
se deveu, basicamente, a dois fatores: o surgimento da Tarifa Alves Branco, ele-
vando o preço das mercadorias importadas, e a extinção do tráfico negreiro, libe-
rando os amplos capitais que se empregavam na importação de escravos. Não se
pode, por outro lado, desligar o fenômeno das grandes rendas públicas e parti-
culares oriundas das já intensas exportações de café.
A fase então iniciada era de euforia empresarial. Intensificava-se o surgi-
mento de firmas dos vários ramos: comércio, atividade bancária, transportes
urbanos, ferrovias, navegação, seguros e serviços públicos, entre outros. Crescia
paralelamente o número dos estabelecimentos industriais. Ocorria o que os espe-
cialistas têm chamado de "era Mauá".
Irineu Evangelista de Souza (1813-1889), Barão e Visconde de Mauá, iniciou
a vida como caixeiro de casa comercial, no Rio de Janeiro, e, nessa condição, veio
a ser empregado de uma firma inglesa, da qual acabou por ser tornar sócio, adqui-
rindo considerável fortuna e assimilando a mentalidade capitalista britânica. Viajan-
do pela Inglaterra, empolgou-se pela Revolução Industrial, cujo espírito tomou a
peito difundir no Brasil.
Ferro gusa: ferro já fundido mais ainda puro.